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04 - Livros Poéticos

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IBADEG - Instituto Educacional e Teológico do Gama

LIVROS POÉTICOS

EDIÇÃO 2022

Pastor e Professor Antonio Veras de Sousa

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IBADEG - Instituto Educacional e Teológico do Gama

Todos os Direitos reservados pela lei dos Direitos Autorais


9610/98. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sob
quaisquer meios. (eletrônico, fotográfico e outros).
O conteúdo original da obra é de total e exclusiva responsabilidade
do autor.

Sobre o livro: Livros Poéticos


Categoria: (Ensino Teológico)
12ª Edição – Julho 2016
Tiragem: 500 Exemplares
Autoria e Pesquisas: Pr. Antônio Veras de Sousa
Revisão Teológica: Missª. Aeraclides Vieira de Sousa
Revisão Textual: Professora Clenilda Mendes Lopes Silva
Editoração: Pb. Antônio Marcos Veras de Sousa
Digitação: Alessandra Vieira de Sousa
Diagramação: HBL Editora
Formato: 14x 21 cm
Editora: HBL Editora
Telefone: (61) 3394-7846/ 3394-0557
Impresso em Brasília - Brasil

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PALAVRA DO PRESIDENTE

Tenho-me por privilegiado e escolhido de Deus ao receber a


incumbência de criar o IBADEG – Instituto Bíblico das Assembleias de
Deus do Gama, porque sei da importância que isto representa para o
seguimento Evangélico.
Chegamos para fazer a diferença na área do Ensino Teológico, não
somos apenas mais um Instituto no mercado, somos o IBADEG; tudo
aquilo que com certeza vai somar para a boa formação de obreiros e
líderes com o Ensino de qualidade em nível médio, em regime presencial
e à distância com baixo custo e comodidade, aproveitando o seu tempo
disponível.
A Bíblia afirma no livro do profeta Oséias 4.6 “O meu povo foi
destruído porque lhe faltou o conhecimento, porque tu rejeitaste o
conhecimento, também, eu te rejeitarei...”.
Por isso, gostaríamos de incentivá-los à busca do conhecimento
que é fundamentado para o bom desempenho das atividades ministeriais.
Para isso será necessário que você tenha vontade, persistência,
disciplina, e acima de tudo, disposição.

Egmar Tavares da Silva


Pastor Presidente

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Como Estudar Com


Aproveitamento Este Livro

1) O estudo da palavra de Deus deve ser precedido de uma oração,


na qual deve suplicar direção e iluminação do alto, através do Santo
Espírito de Deus, que pode vitalizar e capacitar a nossa mente.

2) Além da matéria a ser estudada com o livro-texto, tenha à mão


outros livros como fontes de consulta e referência.

* Bíblia, se possível em mais de uma versão;


* Dicionário Bíblico;
* Concordância Bíblica;
* Dicionário de Língua Portuguesa;
* Livro ou caderno de anotações.

3) a) Ao primeiro contato com a matéria, faça uma leitura geral e


não sublinhe nada. Não faça qualquer anotação. Procure conhecer
primeiro o conteúdo geral da matéria em estudo.
b) Tendo já feito um reconhecimento da matéria, agora sim, passe
ao estudo detalhado de cada lição, sublinhando palavras e textos chaves.
Faça anotações no caderno a isto destinado.
c) Ao final de cada texto feche o livro e tente memorizar o que foi
lido. Caso tenha alguma dificuldade volte ao livro texto.
d) Quando estiver seguro do seu aprendizado, passe a responder as
perguntas do questionário.
e) Confira suas respostas com a lição estudada, deixando em
branco o que não souber.
Não se esqueça; às vezes estudamos muito e aprendemos pouco ou
nada, porque não usamos critérios lógicos e racionais, colocando em
segundo plano os métodos mais fáceis.
Concluindo: Nada do que recomendamos acima, terá valia se o
aluno ao estudar cada matéria deste curso não levar em conta que
estamos tratando do Ensino Metódico da Palavra de Deus.

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APRESENTAÇÃO

A Bíblia registra em Provérbios 3:13, que feliz é o homem que


acha sabedoria e o homem que adquire conhecimento. Portanto, a
sabedoria entrará no teu coração e o conhecimento será agradável à tua
alma. Provérbios 2:10.
Qualquer estudo sobre os livros poéticos está fadado a provocar
comparações semelhantes (mesmo que os revisores teológicos se
resistam a colocar tão ferinamente as coisas).
O que é quase igualmente inevitável é a ofensa que qualquer
escritor que trate deste assunto corre o risco de fazer a muitos dos seus
leitores num ponto ou em outro, ao discutir as imensas questões
levantadas pelos livros históricos em cada página.
Dificilmente, pode haver outra parte das Escrituras sobre a qual se
tenham ocorrido tantas batalhas teológicas, científicas, históricas e
literárias, ou se tenham abrigado tão vigorosas opiniões.
Adquirir conhecimento não é tão fácil, como muitos pensam, pois
exige de cada um de nós disposição, uma boa parte de nossas vidas,
renúncia de algumas tarefas e até mesmo da nossa família.
São bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as
palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está
próximo.
Apocalipse 1:3.

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SUMÁRIO

Introdução........................................................................................
.................... 05
Livro de
Jó......................................................................................................
......09
Livro dos
Salmos..............................................................................................
....17
Livro de
Provérbios........................................................................................
......30
Livro de
Eclesiastes........................................................................................
......36
Livro de
Cantares............................................................................................
.....43
Referências
Bibliográficas...................................................................................
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INTRODUÇÃO

A poesia, especialmente na forma de cântico ou hino, ocupa um


importante lugar na literatura dos hebreus. Os judeus, evidentemente,
eram um povo amante da música e famoso por seus cânticos. Ezequias,
em 701 a.C., incluiu em seu tributo a Senaqueribe, músicos masculinos e
femininos.
Os exilados da Babilônia eram insistentemente convidados por
seus captores para que entoassem suas canções sobre cuja fama devem
ter ouvido (Sl 137:3).
Pouco resta de sua poesia secular, mas existem referências no
Antigo Testamento que parecem indicar que essa poesia era de
considerável volume.
O ‘Cântico da Fonte’ (Nm 21:17,18) era, provavelmente, um
cântico de trabalho ou coro usado na fonte ou pelos escavadores do
mesmo. Outras ocupações provavelmente tinham seus cânticos especiais
acompanhantes: a sega (Is 9:3) e a vindima em ocasiões especiais.
Entre os termos empregados para as composições poéticas,
podemos alistar: shir (com ou sem instrumento acompanhante); mizmôr,
‘salmo’ ou ‘hino’(com instrumentos); qïnâ, ‘elegia’ou ‘lamento’; tehillâ,
‘hino de louvor’; mãshãl, em adição a seu significado mais usual de
‘provérbio’, é um cântico satírico’.
A maior coleção de poesia hebraica em existência é o livro de
Salmos, e é justamente aqui que temos o mais rico material para o estudo
de formas poéticas. Todavia, não há consenso de opinião entre os
eruditos, quanto à natureza da poesia hebraica.
Alguns afirmam que num conjunto de escritos, tal como os Salmos
que abarcam muitos séculos, não se pode esperar nenhum sistema
uniforme. Outros afirmam que, sem conhecimento do pronunciamento
original, é impossível recuperar as formas originais.
Outros, ainda, pensam que a introdução posterior dos sinais
vocálicos talvez tenha provocado muitas inovações quanto à vocalização.
Outros levantam o problema da possibilidade de erros de transcrição.
Certamente, seria arriscado, na ausência de qualquer indicação de
padrões vocálicos e de acentuação, defender dogmaticamente qualquer
teoria sobre os princípios da prosódia hebraica.

A Sabedoria na Cultura Hebraica

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A sabedoria hebraica é uma categoria de literatura que não é
familiar à maioria dos cristãos atuais. Embora uma porção significante
da Bíblia seja dedicada aos escritos sapienciais, os cristãos,
frequentemente, entendem ou aplicam erroneamente esta matéria,
perdendo benefícios que Deus destinara para eles.
A sabedoria é um recurso útil para a vida cristã; no entanto,
quando é devidamente compreendida e usada. Quando é abusada, pode
oferecer uma base para comportamento egoísta, materialista, míope -
exatamente o oposto da intenção de Deus.
No Israel antigo, algumas pessoas se dedicavam não somente a
obter a sabedoria, como também a ensinar outras pessoas a obtê-la. Estes
instrutores da sabedoria eram simplesmente chamados “sábios”, embora
chegassem finalmente a ocupar uma posição na sociedade israelita e um
pouco paralela com aquela do sacerdote e do profeta (Jr 18:18).
Essa classe especial de sábios surgiu pelo menos no começo do
período do reinado de Israel e funcionava como ensinadores-
conselheiros para aqueles que procuravam sua sabedoria. Alguns foram
inspirados por Deus para ajudar a escrever porções do Antigo
Testamento.
Notamos que o sábio servia como um tipo de “pai substituto” para
a pessoa que da parte dele procurava a sabedoria. Até mesmo antes do
Êxodo, Deus fez com que José fosse um “pai” para o Faraó (Gn. 45:8) e,
mais tarde, a profetisa Débora é chamada “mãe” em Israel (Jz 5:7).
Sendo assim, frequentemente no Livro dos Provérbios vemos o mestre
sábio chamando seu aluno de “filho meu”.
Os pais enviavam seus filhos a serem educados nas atitudes e nos
estilos de vida sapienciais por tais mestres da sabedoria, e estes
instrutores ensinavam seus alunos como fariam com seus próprios filhos.
De acordo com The New Enciclopédia Britânica (A Nova
Enciclopédia Britânica), o livro de Jó é muitas vezes “contado entre as
obras-primas da literatura mundial”. Entretanto, o livro é muito mais do
que uma obra-prima literária. O livro de Jó exalta Deus e testifica da Sua
sabedoria e poder insondáveis (12:12, 13; 37:23).
Só neste livro, Deus é chamado de Todo-Poderoso trinta e uma
vezes, o que é mais do que em todo restante das Escrituras.
O relato exalta a Sua eternidade e posição enaltecida (10:5; 36:4,
22, 26; 40:2; 42:2), bem como Sua justiça, benevolência e misericórdia
(36:5-7; 10:12; 42:12).
Salienta a vindicação de Deus acima da salvação do homem
(33:12; 34:10, 12; 35:2; 36:24; 40:8). O Senhor Deus de Israel é indicado
como sendo também o Deus de Jó.
Este livro revela com a máxima clareza a questão primária
colocada diante do universo. Esclarece muito do que é dito em outros

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livros da Bíblia, especialmente em Gênesis, Êxodo, Eclesiastes, Lucas,
Romanos e Apocalipse. Compare Jó 1:6-12; 2:1-7 com Gênesis 3:15;
Êxodo 9:16; Lucas 22:31,32; Romanos 9:16-19 e Apocalipse 12:9;
também Jó 1:21; 24:15; 21:23-36; 28:28 com Eclesiastes 5:15; 8:11; 9:2,
3; 12:13, respectivamente.
O livro de Jó fornece as respostas a muitas perguntas da vida. É
seguramente parte integrante da inspirada Palavra de Deus, a qual
contribui muito no sentido de entendimento proveitoso.

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LIVRO DE JÓ

Um livro tido na mais alta estima e muitas vezes citado, todavia,


pouco entendido pela humanidade.
Por que foi escrito e que valor tem para nós hoje? A resposta é
indicada no significado do nome Jó: “Objeto de hostilidade”. Tudo foi
registrado (escrito), precisamente como Jó pediu, Jó 19:23-25.
O escritor cristão Tiago menciona o exemplo de perseverança de
Jó (Tg 5:11). Somente um exemplo da vida real e não um fictício teria
peso para convencer os adoradores de Deus de que é possível manter a
integridade sob todas as circunstâncias.
A autenticidade e a inspiração do livro de Jó são também provadas
pelos antigos hebreus, por sempre o terem incluído em seu cânon da
Bíblia, um fato notável, visto que o próprio Jó não era israelita. Além das
referências feitas por Ezequiel e por Tiago, o livro é citado pelo apóstolo
Paulo (Jó 5:13; 1Co 3:19). A prova poderosa da inspiração do livro é sua
surpreendente harmonia com os fatos provados da ciência.
Como se poderia saber que Deus “suspende a terra sobre o nada”,
quando os antigos tinham os conceitos mais fantásticos sobre como a
terra era sustentada? (Jó 26:7).

AUTOR E DATA

O livro não nos dá indicações certas do autor, nem do tempo em


que foi escrito. Embora muitos, atualmente, afirmem que foi escrito no
exílio ou em época pós-exílio (sexto a terceiro século a.C.),
tradicionalmente tem-se fixado a data na época dos patriarcas (século
XVI a.C., escrito por Moisés), ou nos dias de Salomão (século X a.C.,
escritor desconhecido).
As muitas outras descrições da terra e suas maravilhas são tão
exatas que só mesmo o Senhor Deus poderia ser o Autor e Inspirador do
livro de Jó.

A FIDELIDADE DE JÓ

Jó, fiel às suas convicções religiosas, aceitara, sem crítica, a


terrível provação: “O Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o nome

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do Senhor” (1.21). E ainda: “Se aceitamos de Deus os bens, não
deveríamos aceitar também os males?” (2.10).
Mas por que Deus o teria rejeitado? Jó se defronta aqui com um
mistério existencial. Com profunda experiência do amor divino, ele
ainda espera que Deus volte a manifestar-lhe sua benevolência.
“Mas poderá uma frágil criatura ter acesso ao Deus
transcendente e torná-lo propício? Jó apela à piedade divina, condizente
com o poder e a majestade do Altíssimo e, num gesto audaz, argumenta
com sua própria comiseração para com os fracos, num repto à divina
clemência”. (30.25).
Mas poderá o Altíssimo solidarizar-se com o “homem, nascido de
mulher, escasso em dias” (14.1), sem esmagá-lo? Quem poderia ver
Deus e viver? “Desvia-se dele os olhos e deixa-o em paz, para que se
alegre, como um assalariado, com o seu dia!” (14.6).

NATURALIDADE DE JÓ

Jó morava em Uz, localizada, segundo alguns geógrafos, no Norte


da Arábia, perto da terra ocupada pelos edomitas e a leste da terra
prometida à descendência de Abraão.
Os sabeus ficavam ao sul, os caldeus, a leste. (1:1,3,15,17). A
época da provação de Jó foi muito depois dos dias de Abraão, foi num
tempo em que não havia “ninguém igual a [Jó] na terra, homem inculpe
e reto” (1:8).
Este parece ser o período transcorrido entre a morte de José, um
homem de notável fé, e o tempo em que Moisés iniciou seu proceder de
integridade. Jó se distinguia na adoração pura durante este período em
que Israel estava contaminado com a adoração demoníaca do Egito.
Ademais, as práticas mencionadas no primeiro capítulo de Jó, e a
aceitar Deus como verdadeiro adorador, indicam os tempos patriarcais,
Jó 1:8; 42:16,17.
Jó não fazia parte da semente de Abraão, a quem foram dadas as
promessas do Reino. Contudo, o registro de sua integridade contribui
muito para tornar claro o entendimento dos propósitos referentes ao
Reino de Deus.
O livro é parte essencial do registro divino, pois revela a questão
fundamental entre Deus e Satanás, que envolve a integridade do homem
para com Deus como seu Soberano.
Mostra que os anjos, criados antes da terra e do homem, também
são espectadores e estão muito interessados nesta terra e no desfecho da
controvérsia (Jó 1:6-12; 2:1-5; 38:6-7). Indica que essa controvérsia já
existia antes dos dias de Jó, e que satanás é uma pessoa espiritual real.

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O livro prova também que Deus não é o causador do sofrimento,
das doenças e da morte dos humanos, e explica por que os justos são
perseguidos, ao passo que se permite que os iníquos e a iniquidade
continuem. Mostra que Deus está interessado em levar a questão em
litígio à sua solução final.

Preâmbulo do livro de Jó (1:1-5)

Este nos apresenta Jó, ‘homem inculpe e reto, que teme a Deus e
desvia-se do mal’. Jó é feliz, tendo sete filhos e três filhas. É um
proprietário de terras, rico no sentido material, possuindo numerosos
rebanhos e muitas manadas. Tem muitos servos e é “o maior de todos os
orientais” (1:1,3).Todavia, não é materialista, pois não se via em seus
bens materiais. É também rico em sentido espiritual, em boas obras,
sempre disposto a ajudar alguém aflito ou angustiado, ou a dar uma
vestimenta a alguém necessitado (29:12-16; 31:19,20). Todos o
respeitam. Jó adora o verdadeiro Deus.
Recusa a se prostrar diante do sol, da lua e das estrelas, como
fazem as nações pagãs, mas é fiel a Deus, mantendo a integridade ao seu
Deus e desfrutando uma relação íntima com Ele (29:7,21-25; 31:26,27;
29:4). Jó serve qual sacerdote para sua família, oferecendo regularmente
sacrifícios queimados, para o caso de terem pecado.

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ESBOÇO DO LIVRO DE JÓ

I – A COLOCAÇÃO HISTÓRICA DO PROBLEMA (1-2)

II – O DEBATE OCASIONADO PELO SOFRIMENTO (3-31)


a) A primeira fase (3-14)
b) A segunda fase (15-21)
c) A terceira fase (22-31)

III – O DISCURSO DE ELIÚ (32-37)

IV – DECLARAÇÕES DE DEUS DO MEIO DE UM


REDEMOINHO (38-42.6)

V – O FINAL FELIZ (42.7-17).

Aspectos da Exposição de Jó

Jó e seus três amigos representam dois pontos de vista


contrastantes sobre o sentido do sofrimento. Jó representa o homem justo
sofredor. Os seus amigos (2.11) representam as respostas religiosas da
época a respeito do sofrimento (4.7-9, 27; 8.5, 6, 21; 9.21; 12.4; 13.15;
16.17).
Elifaz se mostra um místico, afirmando ter recebido seu
argumento de “um espírito” em “visões noturnas” (4.12-21. Cf. 4.3,5-9;
5.8,17,19,24-29).
Jó queixa-se desse (7.1, 4, 5, 16, 20, tipo de questionamento (6.14,
15, 21, 24, 25, 28, 29). Jó leva a dor de seu fardo a Deus e contende com
Deus 21).
Bildade se revela um tradicionalista, repreendendo Jó com o
argumento, “indaga... da geração passada e considera o que seus pais
descobriram” (8.8. Cf. 8.1-6, 20). Jó diz que não é capaz de responder a
Deus (9.15. Cf. 9.1-3, 20, 27, 28, 32, 33).
Jó ainda protesta contra a severidade de Deus (10.1-3, 7, 15,
18, 20-22). A razão básica é que Jó não contava com a esperança
(revelação) de vida após a morte (14.1, 5, 10-14).
Zofar se evidencia ser um dogmatista: “... sabe, pois, que
Deus exige de ti menos do que merece a tua iniquidade” (11.6b; Cf.
11.1-6 e 11.13-16).
Jó mostra que conhece mais teologia do que seus amigos
(12.3, 11, 13; 13.2-4, 12, 15, 20, 23, 24; 14.10, 12-14, 19-21).

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A segunda fase começa com o capítulo 15. Em 19.25-27, Jó
chega à confiança na sua vindicação por parte de Deus, seu redentor
(compare 14.1, 7-12, 14; 16.19-21; e 17.10, 11, 13-16). No capítulo 21,
Jó aponta aos amigos certas contradições práticas referentes aos
argumentos deles (21.7-13, 14-18, 19, 22, 23-26, 27, 34).
A terceira fase começa no capítulo 22. Trata das respostas
dos amigos diante da confiança de Jó em Deus, e dos argumentos dele
contra eles.
Elifaz, o místico, torna-se raivoso (22.2-5, 21, 23). Jó
responde que deseja apresentar-se perante Deus (23.1-4, 10). Também
aponta para o fato de que muitas vezes os perversos não são castigados
(24.1-4, 18, 22, 25).
Bildade, o tradicionalista, fala em generalidades (capítulo
25). Uma das respostas de Jó, a do capítulo 31, reflete o mais avançado
código de ética no Antigo Testamento, o que deve ser comparado com o
de Jesus. Zofar, o dogmático, fica silencioso.
Já findada a terceira fase, levanta-se com o capítulo 32 um
quarto amigo, Eliú. Segundo alguns estudiosos, esse novo amigo pode
implicar adição ao corpo original do livro, pois conta de novo o começo.
Eliú é o teólogo jovem, do tipo que acha que tem todas as
respostas (32.6, 9, 10, 18-22; 33.5, 6, 8, 9, 12, 14, 26-33). Mas Jó adota a
postura de ignorá-lo, deixando o moço falar sozinho ainda mais (34.1,
2)- duas vezes sozinho- sem ouvir Jó responder (35.1 e 36.1).

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Agora é a hora de Deus falar (Jó 38.4-7)

“Onde estavas tu quando eu fundava a terra? Faze-mo saber,


se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes? Ou quem
estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou
quem assentou a sua pedra de esquina, quando as estrelas da alva
alegremente cantavam juntas e todos os filhos de Deus rejubilavam?”
Deus fala a Jó de um redemoinho (38-41). Ele faz uma série
de perguntas a Jó, desenhadas a convencê-lo de que não entende todos os
aspectos da questão do sofrimento do inocente (38.1-4; 40.1-5).
O pecado de Jó, embora cometido em meio à escuridão
espiritual e sofrimentos profundos, foi o de condenar o juízo de Deus, a
fim de justificar-se a si mesmo (40.8).
Deus recorda a Jó de que há muito mistério a respeito do
caminho soberano dEle, o Deus transcendente e Todo-Poderoso (40.15-
41.34). Jó, em face do seu sofrimento inocente e à luz da revelação da
grandeza misteriosa de Deus, atinge uma verdadeira humildade diante do
Todo Poderoso, mesmo que não entenda tudo a respeito de seu caso
(42.1, 3, 5, 6).
Vem uma síntese que revela como Deus repreende os três
primeiros amigos de Jó, numa palavra dirigida, e Elifaz, no sentido de
que não tiveram falado dele o que era reto, como tinha falado o seu servo
Jó.
Jó está orando por eles e, finalmente, Deus vindica o
sofrimento de Jó dobrando a sua prosperidade anterior. Isso se deu para
demonstrar aos amigos que Jó tinha estado certo em sua posição básica.
Se Jó tivesse morrido em agonia, a posição tomada pelos amigos de Jó
teria sido estabelecida.
Os pontos de vista sobre o sofrimento refletido no livro:
para os amigos, o sofrimento é castigo divino pelos pecados cometidos
(4.7-9; 8.4-7; 11.6).
Na fala anterior de Jó, o homem sofre por causa da
indiferença de Deus (13.22-24; 27.1, 2).
Na fala de Eliú, o sofrimento é um meio de castigo para
fazer os homens se voltarem para Deus (36.15).
No discurso de Deus, o sofrimento é para ensinar o homem
da sua insuficiência e fazê-lo voltar-se para Deus com fé (38.2, 18; 42.5).
Quatro lições importantes no livro de Jó:
a) O sofrimento inocente.
b) O sofrimento pode acontecer na vida de um crente
inocente em relação a um pecado grande e/ou oculto.

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c) Em face do sofrimento de Jó, Deus superou o ponto de
vista tradicional referente ao sheol (11) por revelar vindicação da vida
após a morte.
d) Deus é amigo do homem.
Fiel a seu Deus, é ele exemplo de perseverança na provação
e figura de Jesus, o Servo Sofredor (Is 53). Ezequiel menciona Jó ao lado
de Noé e Daniel (Ez 14.14, 20), como homens de comprovada virtude e
perseverança na provação.
E o apóstolo Tiago escreve: “Ouvistes a respeito da
perseverança de Jó e conheceis o fim que lhe deu o Senhor” (Tg 5.11).

TIRANDO DÚVIDAS

Pergunta. Jó 1.1: Se todos são pecadores, como Jó poderia ser


perfeito?

Resposta. A boa palavra dita a respeito de Jó não tinha um sentido


absoluto, como fica claro mais tarde por sua condenação (cap. 38) e pela
própria confissão de Jó: “Por isso, me abomino e me arrependo no pó na
cinza” (Jó 42.6). Além disso, Deus apenas proclamou a sua total isenção
de culpa perante os homens.

Pergunta. Jó 1.6: Como satanás poderia apresentar-se a Deus, se


ele tinha sido expulso do Céu?

Resposta. Satanás tinha sido oficialmente expulso do céu,


contudo, na verdade, ele ainda continuava tendo acesso à presença de
Deus, com o fim de acusar os santos. Em Zacarias 3.1, temos a visão de
Josué diante do Anjo do Senhor, e com satanás à sua direita para acusá-
lo, Ap 12.10.
Satanás é acusador. Em Ef 2.2, o príncipe da potestade do ar tem
tido a oportunidade de comparecer perante Deus com o propósito de
acusar de pecados os filhos de Deus. E é isso o que ele fez contra Jó.

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ATIVIDADES DE APOIO

Marque C para certo, E para errado

1.( ) A poesia, especialmente na forma de cântico ou hino, ocupa um


importante lugar na literatura dos hebreus.

2.( ) Os exilados da Babilônia não eram convidados por seus captores


para que entoassem suas canções, sobre cuja fama devem ter ouvido
(Sl 137:3).

3.( ) A maior coleção de poesia hebraica existente é o livro de


Provérbios.

4.( ) Alguns afirmam que num conjunto de escritos, tal como os


Salmos, que abarcam muitos séculos, não se pode esperar nenhum
sistema uniforme.

5.( ) A sabedoria é uma categoria de literatura familiar.

6.( ) O livro de Jó não esclarece muito do que é dito em outros livros


da Bíblia.

7.( ) O escritor cristão, Tiago, não menciona o exemplo de


perseverança de Jó.

8.( ) Jó não fazia parte da semente de Abraão, a quem foram dadas as


promessas do Reino.

9.( ) Muitos não respeitam. Jó Adora o verdadeiro Deus.

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LIVRO DOS SALMOS

Esse livro é uma coleção de 150 cânticos sacros do povo israelita.


Muitos deles trazem o título hebraico “mizmor”, que os LXX traduziram
por “salmo”, palavra de origem grega, que significa: cântico sacro
acompanhado de certo instrumento musical chamado saltério (de dez
cordas, Sl 144.9).
Nascidos do culto e para o culto, os Salmos celebram o mistério da
salvação, conhecido por experiência interior, mediante a oração e a
reflexão teológica sobre a história do povo eleito e de toda a
humanidade.
O salmista, mesmo que exponha diante do Deus de Israel uma
situação particular, sempre fala como membro de uma comunidade
religiosa, e seu hino ou súplica se apresenta sempre como celebração de
um momento específico da história da salvação, e, passa assim, à liturgia
do templo, como oração comunitária.

Quando surgiram os Salmos?

Os Salmos surgiram em épocas diversas. Alguns, mais antigos,


foram reformulados de acordo com as novas circunstâncias históricas de
Israel. Os Salmos, esparsos ou agrupados em pequenas coleções – de
Coré (42-49, 84-85, 87-88), de Asafe: (73-83), da realeza de Deus (96-
99), de peregrinação (120-134), o tríplice “Hallel” (113-118, 136, 146-
150), etc. –, foram recolhidos por duas grandes escolas: javista (de Javé
= do Senhor) e eloísta de (Eloim = de Deus), em três coleções maiores:
coleção javista (3-41), coleção eloísta (42-83) e nova coleção javista (90-
150), e finalmente, talvez no século V a.C., reunidos em coleção única.
Algumas razões litúrgicas, provavelmente, determinaram a divisão
artificial do Saltério em cinco partes (1-42, 43-72, 73-89, 90-106, 107-
150). Adotamos a numeração do Saltério hebraico, incluindo entre
parênteses a numeração divergente das traduções grega e latina que
unem os Salmos 09 e 10 (9) e desdobram o Salmo 147 (146-147).

Os autores

Entre os diversos autores, destaca-se, como salmista, o rei Davi


(século X a.C), exímio poeta e músico, e grande profeta, homem

20
profundamente religioso, que organizou o canto litúrgico para solenizar
o culto divino, transladou a arca da aliança para Jerusalém, e
providenciou todo o material para a construção do templo.
Pelos muitos salmos de sua autoria, e por suas qualidades de “justo
perseguido, penitente reconciliado e figura do Messias”, a tradição lhe
atribui papel importante no incentivo à poesia lírica sacra e o considera
“pai espiritual dos salmistas”.
A maioria dos Salmos traz epígrafe referente à sua autoria certa ou
presumida, às circunstâncias de sua composição, e, ainda, à maneira de
cantá-los ao som de instrumentos musicais. Embora antiquíssimas, as
epígrafes são posteriores ao texto primitivo.
Dentre os 50 salmos, os cabeçalhos atribuem 73 a Davi, 11 aos
filhos de Coré (um deles, Salmo 88, também menciona Hemã), 12 a
Asafe (evidentemente, referindo-se à família de Asafe), 1 a Moisés, 2 a
Salomão e 1 a Etã, o ezraíta. Além disso, o Salmo 72 é “referente a
Salomão”, mas parece ter sido escrito por Salomão (72:1) ou por Davi
(72:20).
À base de Atos 4:25 e Hebreus 4:7, é evidente que os Salmos 2 e
95 foram escritos por Davi. Os Salmos 10, 43, 71 e 91 parecem ser
continuações dos Salmos 9, 42, 70 e 90, respectivamente. Portanto, os
Salmos 10 e 71 podem ser atribuídos a Davi, o salmo 43, aos filhos de
Coré; e o Salmo 91, a Moisés.
Há indícios de que o Salmo 119, talvez tenha sido escrito pelo
jovem príncipe Ezequias. Note os versículos 9, 10, 23, 46, 99, 100. Isso
deixa mais de 40 salmos sem menção ou indicação de um compositor
específico.
Os salmos individuais foram escritos durante um período de cerca
de mil anos, desde o tempo de Moisés até depois do retorno do exílio
babilônico. (Salmos 90; 126:1,2; 137:1,8).

CLASSIFICAÇÃO DOS SALMOS: TÓPICO 1

a) Salmos de louvor
(8,19,29,33,104,105,111,113,114,117,135,136,145-150). Esses
hinos incentivam a adoração (105.1-6), seguida por razões pelo louvor a
Deus (105.7-44b) e finaliza com uma repetição, às vezes ampliada, da
chamada para adoração ou louvor (105.45c).

b) Salmos de Ações de Graças


Esses se baseiam na necessidade de expressar gratidão a Deus, por
bênçãos específicas concedidas. (Sl
23,30,32,34,40.110,66,92,107,116,138-139,146). Iniciam-se com uma

21
oferta de louvor ou uma afirmação de intento para louvar a Deus (23,1;
116.1,2). Em seguida, vem uma descrição de dificuldades passadas
(23.2-4; 116.3-4) acompanhada por um retrato de como Deus é, e como
tinha livrado dessas aflições (23.2-5).

c) Salmos de Lamento
Uma maior dimensão de adoração israelita foi o lamento, aspecto
ausente, muitas vezes, nos cultos modernos, a despeito do profundo
senso de estar ferido ou em agonia, levado aos cultos por muitas pessoas.
Os lamentos são estruturados em um ritmo específico, chamado de
‘quinah’, conseguido por um padrão de sílabas tônicas e átonas que
ajudam a expressar a tristeza sentida.

d) Há lamentos individuais
(13,22,28; 31.9-24; 35,38,41,68,71,86,102,109). A maioria dos
lamentos começa com pedido de livramento dirigido a Deus (22.1-
11;74.1).
O pedido é seguido por uma descrição das aflições sofridas
(22.12-18; 74.2-11), em conjunto com uma afirmação de confiança em
Deus (22.19; 74.12-17), e termina com outro pedido de livramento
(22.20,21; 74.18-23) acompanhado por uma promessa ou voto para
louvar a Deus quando o livramento vier (20.22).

e) Salmos Reais
Esses salmos são reconhecidos mais pelo seu conteúdo do que
simplesmente pela sua forma poética. Normalmente, registram alguma
experiência na vida de reis israelitas como sua coroação e os aniversários
(2, 72, 101, 110), casamento (45), intercessões antes e depois de batalhas
(18, 20, 21, 89, 144), ou subjugação de nações inimigas (2,68). Além dos
aspectos reais históricos refletidos, esses salmos foram usados como
veículos para a apresentação da esperança messiânica de seus inspirados
autores.

f) Salmos Litúrgicos
Os salmos litúrgicos foram obviamente confeccionados para
leitura ou canto público, usualmente de maneira antifônica em que duas
metades do grupo respondiam alternadamente ao ler ou cantar. Outra
prática foi usar uma série de perguntas e respostas, segundo a qual os
sacerdotes faziam perguntas, e a congregação oferecia respostas através
de recitação ou do cantar de um salmo, (Sl 136).

g) Salmos de Confiança

22
Esses salmos fazem afirmações fortes de confiança pessoal em
Deus. (Salmos 23, por exemplo). São semelhantes às seções de
confiança nos salmos de lamento. A maioria dos cristãos encontra seus
salmos favoritos nesta categoria.

h) Salmos de Sabedoria
São Salmos usualmente identificados pelos seus fortes e curtos
ditos, semelhantes àqueles encontrados no livro de Provérbios. (Sl
1,32,34,37,49,73,112,119,127,128,133). Os interesses desses Salmos
são os mesmos compartilhados pelos livros de sabedoria como Jó,
Provérbios e Eclesiastes. De modo especial, tratam da questão de
retribuição divina e recompensas, e o problema da prosperidade do
ímpio.

i) Salmos Mistos
Muitos dos salmos são mistos, não cabendo plenamente em uma
categoria ou outra. (Sl 14, 25, 31, 32, 39, 40, 73, 78, 92, 94). Seções
específicas de tais salmos podem ser identificadas com uma das
categorias, enquanto outras de suas partes cabem em outras categorias.
A identificação dos tipos pode ser de ajuda na interpretação de sua
mensagem. O Salmo 19 serve de exemplo: 19.1-6 trata da revelação de
Deus proveniente da natureza, enquanto 19.7-14 celebra as qualidades da
Lei.

CLASSIFICAÇÃO DOS SALMOS: TÓPICO II

Alguns expositores preferem dividir os salmos em categorias,


baseadas tanto nos temas tratados neles como na sua aplicação atual. O
que segue representa tal abordagem:
a) Salmos de adoração referentes ao culto a Deus:
26,73,84,100,116, 122 são exemplos.
b) Salmos que falam da natureza em relação a Deus: 8, 19.1-6;
65.9-13; 29; 104 e 147.8-18 são os principais.
1) Deus e os céus, Sl 119.1-6.
2) Deus e a tempestade, Sl 29.
3) Deus e a terra, Sl 65.9-13.
4) Deus e o homem, Sl 8.
c) Salmos a respeito do caráter dos justos: 1, 15, 24, 50, 75, 82,
101, 112, 127, 128, 131 e 133.
d) Salmos penitentes: 6, 25, 32, 38, 39, 40, 51, 102 e 130.

23
e) Salmos referentes à Palavra de Deus: 19.7-14 e 119, sendo este
último um poema acróstico, desenvolvido usando o alfabeto hebraico
como esquema.
f) Salmos de angústia e sofrimento: 37, 42, 43, 49, 77, 90, 109 e
137.
g) Salmos de segurança: 3, 4, 11, 20, 23, 27, 31, 36, 46, 52, 57, 61,
62, 85, 91, 108, 121, 125 e 126.
h) Salmos de exuberante louvor: 87, 103, 107, 114, 139 e 150.
i) Salmos em celebração dos grandes atos de Deus: 78 e 105.
j) Salmos reais e messiânicos.
1) O rei de Israel como o ungido de Deus: 2, 20, 21, 45, 72 e
110.
2) O rei ideal como sacerdote de Deus: 110. (Cf. Zacarias 6.9-
15).

24
Compilação

Visto que Davi compôs muitos salmos e organizou os músicos


levitas em 24 grupos de serviço, é razoável concluir que ele tenha
começado uma coleção desses cânticos a serem usados no santuário (II
Sm 23:1; 1Cr 25:1-31; II Cr 29:25-30).
Depois disso, devem ter sido feitas outras coleções, como se pode
deduzir das repetições encontradas no livro. Comp. Sl 14 com 53; 40:13-
17 com 70; 57:7-11 com 108:1-5.
Diversos peritos acreditam que Esdras foi o responsável pelo
arranjo do livro dos Salmos na forma final.
Há evidência de que o conteúdo do livro dos Salmos já estava
estabelecido bem cedo. A ordem e o conteúdo do livro, na Septuaginta,
concordam basicamente com o texto hebraico.
Portanto, é razoável que o livro dos Salmos já estivesse completo
no quinto século a.C., próximo do início do trabalho da tradução do
hebraico para o grego.
Um fragmento do texto hebraico, em uso no terceiro ou quarto do
primeiro século a.C., que contém o Salmo 150:1-6, é logo seguido por
uma coluna em branco. Isso parece indicar que este antigo manuscrito
hebraico terminava o livro dos Salmos neste ponto, e assim também
corresponde ao texto massorético.

Preservação Exata do Texto


O Rolo do Mar Morto dos Salmos oferece evidência da
preservação exata do texto hebraico. Embora seja uns 900 anos mais
antigo do que o geralmente aceito texto massorético, o conteúdo desse
rolo (41 salmos canônicos, inteiros ou em parte), corresponde
basicamente ao texto em que se baseia a maioria das traduções.
O professor J. A. Sanders observou: “A maioria [das variações] é
ortográfica e só importa para os peritos interessados em indícios quanto à
pronúncia do hebraico na antiguidade e em assuntos deste tipo. Algumas
variações se recomendam, de imediato, como aprimoramento do texto,
em especial, as que oferecem um texto hebraico mais claro, porém,
fazem pouca ou nenhuma diferença quanto à tradução ou à
interpretação.”
The Dead Sea Psalms Scroll (O rolo do Mar Morto dos Salmos),
1967, p. 15.

DESTAQUES DOS SALMOS


Compilação de 150 cânticos sagrados, muitos deles baseados nas
experiências pessoais de Davi e de outros servos de Deus. Composto

25
durante um período de uns 1.000 anos, começando no tempo de Moisés e
estendendo-se além do retorno do exílio babilônico.

Expressões de agradecimento e de louvor a Deus

1) Pela grandiosidade do Seu nome (99:3; Sl. 113; 148:13,14).


2) Por suas grandiosas obras criativas (Sl 33:1-9; Sl 148:1-12).
3) Por ele ser o Grandioso Pastor (Sl. 23).
4) Por ele atender orações (21:1-7; Sl. 28; Sl. 116; 118:21).
5) Por ele ser o que é (Sl. 50; 95:1-7; 96:4-13; Sl. 97; Sl. 150).
6) Por libertar de inimigos e de circunstâncias aflitivas (Sl. 18; Sl.
30; Sl. 107; Sl. 140; Sl. 149).
7) Por Seus julgamentos justos (67:3,4; Sl. 98).
8) Por Suas qualidades pessoais (57:9-11; Sl. 92; Sl. 100; 108:1-4;
Sl. 117; 138.1,2).
9) Por Suas abundantes previsões (37:25; 67:5-7; 145:15, 16).
10) Induzidas por Seus tratos passados com o Seu povo. (Sl. 66,
Sl. 81; Sl. 105; Sl. 106; Sl. 126; 136:10-24; Sl. 147).

Petições de misericórdia e ajudas dirigidas a Deus


1) De libertação de inimigos (Sl. 3-5; Sl. 7; Sal. 12; Sl. 13; Sl. 17;
Sl. 31; Sl. 59).
2) De perdão de pecados (19:12, 13; 25:7, 11; Sl. 32; 51:1, 2, 7-15;
Sl. 130).
3) De orientação na conduta (119:124;125;143:8, 10).
4) De amparo em doença e aflição (41:1-4).
5) De favor ao sofrer aflição (6:2, 9; 9:13, 14; Sl. 123).

Profecias cumpridas no Messias


1) Ele era da linhagem real de Davi (89:3, 4, 29, 36, 37; 132:11).
2) Consumia-o o zelo pela casa de Deus (69:9).
3) Falava usando ilustrações (78:2).
4) Foi traído por um associado íntimo (41:9; 55:12-14).
5) Indicou-se a maneira em que seria executado (22:16).
6) Foi vituperado e injuriado (22:6-8; 69:9).
7) Lançaram sortes sobre a Sua vestimenta (22:18).
8) Deram-lhe vinagre para beber (69:21).
9) Nenhum osso Seu foi quebrado (34:20).
10) Foi levantado do Seol (16:10).
11) A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a principal do
ângulo (118:22).
12) Ascendeu ao alto, provendo dádivas em forma de homens
(68:18). Comp. Ef 4.7-16.

26
13) Foi glorificado e recebeu domínio sobre tudo (8:5-8).
14) Recebeu o reinado (2:6; Sl 110).
15) Destruirá as nações que lhe opõem (2:8, 9; 45:3-5).
16) Tem um casamento real; designará príncipes na terra (45:2, 6-
17).
17) Seu domínio sobre a terra será justo e compassivo (Sl. 72).

Doutrinas bíblicas básicas que constam


do livro dos Salmos

1) Identidade e qualidades do verdadeiro Deus. (78:38, 39; 83:18;


86:15; 90:1-4; 102:24-27; Sl. 103; Sl. 139).
2) Soberania de Deus (11:4-7; 24:1; Sl. 29; Sl. 44; Sl. 47; Sl 48; Sl
76; Sl. 93).
3) Santificação do nome de Deus (Sl. 79; Sl. 83).
4) Todos os homens são pecadores (14:1-3; 51:5; 53:13).
5) A tolice da idolatria (115:4-8; 135:15-18).
6) A condição dos mortos ( 6:5; 88:10-12; 115:17; 146:4).

Conselho inspirado para nos ajudar a obter a


Aprovação de Deus
1) Temer a Deus e obedecer a Seus mandamentos (112:1-4; Sl.
128).
2) Cultivar alta estima pelas pronunciações de Deus, por Sua lei
(1:2; 19:7-11; Sl. 119).
3) Confiar em Deus (9:10; 115:9-11; Sl. 125;149:5-7).
4) Esperar pacientemente que Ele aja (Sl. 42; Sl. 43).
5) Empenhar-se pela paz e pela justiça (34:14, 15).
6) Ter vivo apreço por estar com o povo de Deus, estar na sua
casa (Sl 84; Sl 122; Sl 133).
7) Evitar más associações (1:1; 26:4, 5; 101:3-8).
8) Ensinar aos filhos sobre o agir de Deus (78:3-8).
9) Falar a verdade; evitar a calúnia e os juramentos falsos (15:2, 3;
24:3-5; 34:13).
10) Manter a palavra, mesmo quando isso mostre ser mau para a
própria pessoa (15:4).
11) Evitar o mau uso do dinheiro (15:5).
12) A generosidade resulta em bênção para o doador (112:5-10).
13) Louvar a Deus publicamente (26:7, 12; 40:9).

Principais ensinos dos Salmos


Uma das características mais edificantes do livro dos Salmos é sua
visão de Deus. Há momentos que os Salmos falam de dor, de tristeza, de

27
dúvida, de inimigos, de perigos; mas há também os Salmos que falam de
alegria, conforto, certezas e comunhão.
Os salmistas são pessoas que têm comunhão com Deus e mostram
todo o seu relacionamento em forma de palavras. Foram tão profundas as
suas palavras que se tornaram Escritura Sagrada (...). Cabe agora
destacar aqueles ensinos que são principais no livro dos Salmos e que
devem ficar bem gravados em nossas mentes.
Os salmos não devem ser lidos apenas como belos poemas, mas
como mensagens de Deus para o nosso dia-a-dia tão conturbado pelos
acontecimentos. O mesmo Deus que inspirou os escritores poetas, irá
também fazer com que Sua mensagem seja praticada por nós.
Os Salmos falam sobre as Escrituras (1, 19, 119)
O crente deve se deixar guiar pela vontade de Deus. Essa, está
expressa nos ensinamentos das Escrituras. O Salmos 1 ensina que os que
querem ser felizes devem buscar meditação na Lei do Senhor, a sua
fonte, de dia e de noite.
Não devem ser os ímpios os nossos motivadores para a felicidade.
Quem buscar a plena realização como ser humano, deve procurar o
sentido da vida na Palavra de Deus. O Salmo 19 ensina as características
da Lei do Senhor e o que ele faz por nós. A palavra de Deus tem um
poder extraordinário para transformar vidas. Só quem faz dela a sua
companheira no dia-a-dia é que pode afirmar o quanto isso é verdade.

Os Salmos ensinam a confiança no Senhor (37, 40, 73)


A resposta à insegurança no mundo de hoje está em confiar no
Senhor. Em muitos momentos, passamos por sérios questionamentos
sobre o valor e o futuro da vida. Muitas vezes, nós perguntamos a nós
mesmos se vale a pena viver.
Quando tudo parecer perdido, há uma esperança: a confiança em
Deus. Os salmistas dos Salmos 37 e 73 passaram por momentos difíceis,
em que colocaram em dúvida a justiça de Deus, porque os ímpios
estavam prosperando, e nada parecia deter a sua impiedade. Enquanto
isso, os justos estavam sofrendo.
Só a confiança em Deus pôde responder à indagação deles. Eles
viram que estar com Deus, mesmo com o pouco, era muito mais, em
termos de qualidade, do que os ímpios tinham. A confiança no Senhor
não só nos ajuda a atravessar o presente, como também nos dá esperança
para o futuro.

Os Salmos mostram que é possível ter comunhão com Deus


(27, 42, 86)

28
A comunhão com Deus não é assunto só de livros sobre
meditação, como se fosse uma coisa possível somente aos outros e nunca
a nós. Os Salmos mostram como podemos ter comunhão com Deus.
As experiências do passado, na vida do salmista, em que
experimentou a presença de Deus, o fez forte para ter esperança no
futuro.
Os salmos mostram uma predileção muito grande pelo templo
como lugar em que se experimentava a comunhão com Deus, porque ele
representava a presença de Deus entre o seu povo.
Estar nele era estar com o Senhor. Sabemos que a adoração
verdadeira não depende só de um templo, mas não significa que o templo
não tenha importância nenhuma. A comunhão com Deus é expressa
também na comunhão com os irmãos. É preciso que a comunhão seja
constantemente alimentada através da oração e da meditação na Palavra
de Deus.

Os Salmos afirmam que a força está no Senhor (80, 106-109,


125)
Deus é louvado pelo seu poder! Ele pode todas as coisas e quer
que nós também tenhamos poder para viver e vencer os obstáculos.
Quando nos sentimos fracos, é Ele que vem ao nosso encontro e reabilita
as nossas forças.
Quantas vezes nos sentimos sem qualquer força em nós mesmos!
Qual o segredo para sairmos dessa condição? É buscar no Senhor a
força. Se o erro foi nosso para estarmos nessa situação, o caminho é a
confissão e aceitarmos a correção de Deus, pois Ele corrige a quem ama.
Reconhecer que Deus é o único que pode nos dar a força, é ser
humilde em saber que nada podemos por nós mesmos. Chega de orgulho
espiritual! Não podemos nos sentir autossuficientes e esquecermos que
tudo depende do Senhor. Precisamos buscá-Lo continuamente em
oração, pois só assim é que teremos vitórias na vida espiritual.

Os Salmos declaram que Deus é Rei (95-99)


Declarar que Deus é Rei, é tornar-se um súdito dele! Ele é o dono
de todas as coisas e, em majestade, reina sobre a terra. Ele está no
controle de tudo, e nada escapa à sua vontade. No Salmos 96, todos os
moradores da terra são conclamados a louvá-lo porque Deus é Rei.
O Seu reino é de domínio eterno, e a ele todos devem se submeter.
Se ele é Rei, é digno do maior tributo que é o louvor de um coração
sincero e contrito. Esse tipo de louvor nasce de um coração que pertence
a alguém que deu a própria vida ao Senhor. O sacrifício de si mesmo é o
que Deus pede como tributo.

29
Os Salmos profetizam a vinda do Messias (2, 45, 72, 89, 110)
O olhar do salmista está voltado para o futuro, quando Deus iria
irromper na história, cumprindo todas as Suas promessas.
O Messias fazia parte essencial dessa promessa, pois seria ele que
iria cumprir a vontade de Deus em relação a tudo aquilo que disse a
respeito do futuro de Seu povo e toda a humanidade.
O reino do Messias iria trazer a justiça e a paz entre os homens. A
esperança era que o estado de injustiça e opressão deixasse de existir, e o
Messias trouxesse, na Sua glória e poder, a harmonia entre os homens,
para que os aflitos, oprimidos e necessitados fossem libertos, supridos e
abençoados.
Os Salmos, então, contam a esperança de um futuro melhor para o
homem. Ensinam, porém, que o homem mesmo não fará isso; era preciso
alguém enviado por Deus para cumprir esse ideal.

Os Salmos realçam a necessidade de confissão (32, 51, 130)


O pecado é tratado com a devida seriedade, pois é o principal
empecilho à plena comunhão entre o homem e Deus. Há um ensino
firme a respeito da atitude certa para com o pecado, o qual deve ser
analisado na sua raiz, para se entender as causas, para se poder atacar os
seus efeitos.
Quando descobrimos que a causa está em nós, a atitude certa é
confessá-lo a Deus e buscar o perdão que ele nos oferece. Não podemos
deixar o pecado tomar conta de nós, pois isso gera um prejuízo pessoal
muito grande.
Além da confissão, é preciso desenvolver um estilo de vida cristã
que nos afaste do pecado. Esse estilo consiste em buscar um espírito
puro e estável, viver no Espírito e testemunhar dos feitos de Deus em
nossas vidas. Só uma vida dedicada a Deus é sensível para com o
pecado.

Os Salmos enfatizam a gratidão (116, 144-150)


Há muita ênfase, nos salmos, numa vida de ação de graças pelo
que Deus faz por nós. A ingratidão é pior do que amnésia, pois não é só
questão de esquecimento, mas de atitude de coração.
O ingrato pensa que o que fizeram por ele não foi mais que
obrigação. Engana-se e perde as bênçãos. Cada um de nós, ao olhar para
trás, verá muitas ocasiões em que Sua mão agiu para o nosso bem.
Perceberemos mais ainda: foi a mão de Deus.
Quando chegamos a essa conclusão, só temos uma coisa a fazer:
agradecer. Há muita insensibilidade entre os crentes. É frequente, nos
momentos felizes da vida, se ver pessoas agradecendo, mas isso não é
tão frequente assim quando os momentos são difíceis, quando se perde

30
um parente, o emprego ou mesmo um bem. Estamos dispostos, como o
apóstolo Paulo, a dizer “em tudo daí graças”?

Os Salmos ensinam que estamos sob a proteção de Deus (23,


91, 121, 136)
O Salmo 23 fala do Senhor como Pastor que conduz nossas vidas
sempre por um caminho seguro e protegido.
O Salmo 91 fala da constante proteção de Deus sobre nós.
Sabemos que estamos sujeitos a doenças, a acidentes e outros
acontecimentos, mas estes não têm o poder de nos destruir, porque quem
tem o senhorio sobre nós, nossa vida, é o Senhor, e isto é que faz a
diferença.
Muitas pessoas não sabem lidar com doenças, acidentes,
tribulações, etc. Pensam que estas coisas acontecem por causa direta do
pecado não confessado.
Deus realmente pune o pecador, mas há muitas pessoas que
sofrem sem que a causa seja esta. Muitas coisas acontecem para o nosso
amadurecimento espiritual e devemos até por isso dar graças a Deus.

Os Salmos evidenciam uma vida de santidade (15, 82, 128)


A santificação é ensinada em toda a Bíblia. A vida de santidade
deve ser buscada por todo crente sincero. Não é a santidade de regras
humanas, mas de estilo de vida obediente a Deus.
Os Salmos, principalmente o 15, não falam de uma lista
interminável de deveres e obrigações para se obter a santidade, mas
falam de uma vida em que as nossas relações evidenciam a
transformação que aconteceu dentro de nós.
A santidade deve evidenciar em todas as áreas de nossas vidas:
familiar, profissional, sentimental, social, etc. Ela não deve ser mostrada
só nas horas de culto.

Os Salmos ensinam uma vida de serviço a Deus (24, 100, 122,


134)
Somos chamados à adoração no Salmo 100! Depois da adoração
vem o serviço com alegria. O sentimento de obrigação no serviço não
condiz com a vida cristã. O crente deve se entregar a uma vida de
utilidade aos outros. Ninguém é convidado para ficar apenas para ser um
espectador de ‘camarote’.
Há muitas razões para não fazermos isso e uma delas é a
necessidade de obediência a Deus que nos manda usar o dom que
recebemos para a edificação da Igreja do Senhor. O objetivo do serviço

31
não deve ser o de fazer com que a pessoa apareça, mas o de glorificar a
Deus.
A vida cristã não é só louvor entre as quatro paredes da Igreja
(templo), mas é também o serviço aos que estão no vazio espiritual e
necessitados de ouvir a mensagem do Evangelho e de sua mão amorosa
que os tire da desgraça onde se encontram.
O mundo caminha rápido para o inferno, enquanto muitos de nós,
lentamente, pensamos que a vida cristã se resume em cânticos religiosos.
O louvor deve nos conduzir ao cumprimento da missão que temos.
Existem muitas pessoas que têm uma ideia muito errada da vida cristã
que somente participam do culto na hora do louvor. No momento em que
está havendo a pregação saem para fazer outra coisa. Este
comportamento é muito observado em congressos.
Está havendo um louvor genuíno? Se não está conduzindo os
ouvintes a servir cada vez mais, e melhor ao Senhor, alguma coisa está
errada.

Os Salmos ensinam a grandeza de Deus (135, 139, 145, 148).


Devemos reconhecer que diante de Deus somos pequenos e
necessitados. Somente a sua misericórdia é a causa de estarmos onde
estamos. Ele é grande e devemos reverenciá-Lo por isso.
A Sua grandeza, contudo, não impede a Sua aproximação de nós.
Ele vem ao nosso encontro para nos salvar e dar a vida abundante que
precisamos. Estas são mensagens mais tocantes dos salmos:
a) Deus está atento a tudo que acontece conosco e está próximo de
nós, mesmo sendo Ele exaltado em majestade e grandeza.
b) Não precisamos ficar fazendo exercícios de meditação para
chegarmos ao êxtase com a finalidade de atingirmos as alturas da sua
presença, pois Ele vem ao nosso encontro.
c) Ele responde as orações que fazemos em nome de Jesus.

É uma característica do livro dos Salmos, textos terminarem


com a expressão: “Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao
Senhor!” (Sl.150:6). Toda a nossa vida deve ser uma expressão de louvor
a Deus que tudo é e tudo faz pelos Seus servos.

O salmista exorta toda criatura a louvar ao Senhor


“Louvai ao Senhor! Louvai a Deus no Seu santuário; louvai-o no
firmamento do seu poder. Louvai-o pelos seus atos poderosos; louvai-O
conforme a excelência da Sua grandeza. Louvai-o com o som de
trombeta; louvai-O com o saltério e a harpa. Louvai-O com o adufe e a
flauta; louvai-O com instrumento de cordas e com flautas. Louvai-o com

32
os címbalos sonoros; louvai-O com címbalos altissonantes. Tudo quanto
tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor!”

TIRANDO DÚVIDAS

“Selá”. Essa muito controvertida palavra é empregada 71 vezes no


livro I, 33 no livro II, 20 no III e 4 no V. não foi empregada no livro IV
(Salmos 90 a 106). É sempre encontrada no final de um versículo, exceto
em quatro, mas J. W. Thirtle acha que ela é usada para notificar o
princípio de uma nova seção ou estrofe de um hino. Não se tem certeza
de seu significado. Pode derivar de “Salah”, para levantar a voz.
A opinião de Delitzsch é que deve ser “um interlúdio tocado por
instrumento de corda”.

Áquila pensa que o seu significado seja “sempre para todo o


sempre”. O parecer de Jerônimo é que deve ser “amém” ou “paz”
(Shalom). Afirmam os eruditos que o termo “Selá” pode ser uma pausa
ou um interlúdio, ou para os instrumentos musicais ou para solene
reflexão dos que declamam.

Pergunta: Salmos 44.23: Deus dorme?

Resposta. O salmista usou o verbo dormir como uma figura de


linguagem que se refere ao fato de que Deus vinha atrasando no Seu
juízo, não mostrando até àquele momento sinal algum de atividade (cf.
Sl 44.9-10).

Pergunta: Salmos 139.13-16: Com base nesta passagem, pode-se


concluir que a Bíblia considera o aborto como um assassinato?

Resposta. Sim. Muitas outras passagens reforçam esta posição.


Aquele que ainda não nasceu é intimamente conhecido por Deus e
recebe o chamado de Deus. Em Jeremias 1.5, Deus diz: “Antes que eu te
formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísse da madre,
te consagrei, e te constitui profeta às nações.” Nesse caso, o que ainda
não nasceu é referido como pessoa (Sl 51.5).
Aquele que fere um feto recebe a mesma punição do que fere um
adulto. Em outra parte (veja os comentários de Êxodo 21.22-23), a
mesma punição é dada pelo mal causado à mulher ou à criança que está
em gestação.

33
Deus considera o não nascido como um perfeito ser humano. E
tomar deliberadamente a vida de um ser humano inocente é assassinato
altamente covarde, pois não há defesa.

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ATIVIDADES DE APOIO

Marque C para certo, E para errado

( ) O salmista, mesmo que exponha diante do Deus de Israel uma


situação particular, sempre fala como membro de uma comunidade
religiosa.

( ) Alguns salmos mais antigos, foram reformulados de acordo com


novas circunstâncias históricas de Israel.

( ) Os Salmos de confiança: esses Salmos fazem afirmações fortes de


confiança pessoal em Deus.

( ) Alguns expositores preferem dividir os Salmos em categorias


baseadas tanto nos temas tratados nele e como na sua aplicação atual.

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LIVRO DE PROVÉRBIOS

Provérbio (do hebraico “mãshãl”) é uma palavra de significado


muito mais amplo e dimensão mais religiosa do que sugere sua tradução.
Mãshãl designa uma sentença que tem o poder de produzir uma realidade
nova, ou de fazer reconhecer uma experiência vital do povo ou dos
sábios, e de impô-la como realidade válida.
Todas essas sentenças que se expressam em forma poética para
facilitar sua retenção na memória, chamam a atenção para a
engenhosidade de sua forma ou para a profundidade de seu conteúdo: um
refrão popular, uma máxima sentenciosa, um raciocínio perspicaz, uma
parábola, uma alegoria, um enigma.
Em sua forma lapidar, pode adotar o tom de exortação ou de
simples reflexão, e conter um ensinamento religioso ou um dado da
experiência humana.

Data e autores

Os Provérbios são resultados de longo processo de compilação. Se


bem que o título geral do livro atribui sua autoria a Salomão,
considerado “o sábio” por antonomásia (1Rs 5.9-14), o que o livro
realmente oferece é um apanhado da doutrina sapiencial israelita e não-
israelita, abrangendo um período de vários séculos.
O próprio texto atribui algumas seções a autores posteriores a
Salomão, e há indícios literários e temáticos de que a primeira e as duas
seções finais são pós-exílicas. Com a indicação da data de composição
dessas seções mais recentes, tem-se igualmente, a data aproximativa da
redação final de todo o livro, possivelmente, antes do final do século IV
a.C.

Conteúdo de Provérbios

Primeira fase (1:1-9:18)


É um poema contínuo, composto de curtos discursos, como de um
pai para seu filho, que recomenda a necessidade de sabedoria para guiar
coração, a pessoa inteira no seu íntimo, e para orientar seus desejos.
Ensina o valor da sabedoria e as bênçãos decorrentes dela: a felicidade, o
prazer, a paz e a vida (1:33; 3:13-18; 8:32-35).

36
Contrasta isso com a falta de sabedoria e suas consequências: o
sofrimento e por fim a morte (1:28-32; 7:24-27; 8:36). Considerando a
infinidade de situações e possibilidades que se apresentam na vida,
fornece um estudo fundamental da conduta humana e de suas
consequências no presente e no futuro.
As palavras contidas em Provérbios 1:7 constituem o tema do livro
inteiro: “O temor de Deus é o princípio do conhecimento”. Em todas as
ações é preciso levar em consideração a visão de Deus a respeito.
Há advertências contra a má companhia, contra rejeitar a
disciplina de Deus e contra as relações ilícitas com mulheres estranhas
(1:10-19; 3:11, 12; 5:3-14; 7:1-27). Duas vezes, a sabedoria é descrita
como estando em lugares públicos, podendo ser assim obtida e estando
disponível (1:20, 21; 8:1-11).
Ela é personificada; fala com solicitude aos inexperientes e até dá
esclarecimentos sobre a criação da terra (1:22-33; 8:4-36). Que livro
notável é! Essa parte termina com o tema inicial, que “o temor de Deus é
o início da sabedoria” (9:10).
Do começo ao fim, argumenta que o reconhecimento de Deus em
todos os nossos caminhos, junto com nossa aderência à sua justiça, é o
caminho da vida, e pode resguardar-nos de tantas coisas indesejáveis.

Segunda Fase (10:1-24:34)


Encontramos aqui uma variedade de máximas seletas,
independentes, que aplicam sabedoria aos problemas complexos da vida.
Ensinando-nos as aplicações corretas, tem por objetivo promover maior
felicidade e vida agradável. O restante desta parte (13:1-24:34) faz
lembrar as normas de Deus, a fim de agirmos com perspicácia e
discernimento.
Uma enumeração da grande variedade de situações que os
humanos têm de enfrentar, mostra o amplo alcance dos assuntos tratados
nesse livro.
São de máximo proveito os conselhos bíblicos sobre seguintes
temas: Altercações, argúcia, assistência a pai e mãe, associações,
autodomínio, bebidas inebriantes, bondade, calar-se, conceito do homem
sobre o que é reto, confiança, contendas, contentar-se com o necessário
para a vida, dar presentes, disciplina e educação dos filhos, edificar a
família, emprestar, fingimento, fiador, fraude, humildade, inveja, isolar-
se, lucro injusto, luxo, manter a palavra, meditação, mostrar favor aos
atribulados, necessidade de ser vagaroso em irar-se, oração, orgulho,
parcialidade, presunção, qualidades de uma esposa, resposta branda,
revide, suborno, termos de propriedades, tomar empréstimo, trapaça,
vaidade, verdadeiro companheirismo, zombaria.

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Que tesouro de conselhos a recorrer para orientação sadia sobre
assuntos do dia a dia! Para alguns, diversos desses itens podem parecer
sem importância, mas notamos aqui que a Bíblia não negligencia as
nossas necessidades, mesmo nas coisas aparentemente pequenas. Nisto,
o livro de provérbios é de valor inestimável.

Terceira Fase (25:1-29:27)


Recebemos conselhos edificantes sobre alguns assuntos, tais
como: honra, paciência, inimigos, como lidar com os estúpidos, como
divertir-se, lisonja, ciúme, ferimentos causados por um amigo, fome,
calúnia, cumprir responsabilidades, juros, confissão, consequências do
domínio de um governo mau, arrogância, bênçãos decorrentes dum
governo justo, delinquência juvenil, relacionamento com servos,
perspicácia e visão.

Quarta Fase (30:1-33)


Trata-se da “mensagem poderosa” atribuída a Agur. Depois de
humilde reconhecimento de sua própria pequenez, o escritor faz alusão à
incapacidade do homem de criar a terra e as coisas que há nela. Diz que
a Palavra de Deus é refinada e é um escudo. Pede que seja afastada dele
a palavra mentirosa e que não lhe sejam dadas nem riquezas, nem
pobreza.
Descreve, em seguida, uma impura, orgulhosa e gananciosa
geração que amaldiçoa os próprios pais. Quatro coisas que não disseram
“Basta!” são identificadas, bem como quatro coisas que são
maravilhosas demais para compreender: A sepultura, a madre estéril, a
terra, que se não farta de água, e o fogo, que nunca diz: Basta.
Os olhos que zombam do pai ou desprezam a obediência da mãe,
corvos do ribeiro os arrancarão, e os pintãos da águia os comerão
(30:15, 16). Fala-se da atitude imprudente da mulher adúltera que afirma
não ter pecado.
Daí há quatro coisas que a terra não pode suportar, quatro coisas
pequenas, mas instintivamente sábias, e quatro coisas que se sobressaem
na sua locomoção: “Porque o espremer do leite produz manteiga, e o
espremer do nariz produz sangue, e o espremer da ira produz
contenda”, 30:33.

Quinta Fase (31:1-31)


Eis outra “mensagem poderosa” do rei Lemuel. É composta em
dois estilos diferentes de escrita.
A primeira fase anuncia a ruína à qual se pode chegar por meio de
uma mulher má; adverte como a bebida inebriante pode perverter o
julgamento; e exorta que se faça julgamento justo.

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Na fase final, o acróstico faz uma descrição clássica da esposa
capaz. Descreve em pormenores, as qualidades dela, falando que ela é de
grande valor e inspira confiança e é uma recompensa para seu marido.
As qualidades dela incluem que é trabalhadeira, levanta-se cedo,
compra com discernimento, é bondosa para com os pobres, é precavida,
fala com sabedoria.
Também, ela é atenta, seus filhos a respeitam e seu marido a
louva. Acima de tudo, ela teme a Deus.
Álefe. Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede
o de rubis.
Bete. O coração do seu marido está nela confiado, e a ela nenhuma
fazenda faltará.
Guímel. Ela lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.
Dálete. Busca lã e linho e trabalha de boa vontade com as suas
mãos.
Hê. É como o navio mercante: de longe traz o seu pão.
Vau. Ainda de noite, se levanta e dá mantimento à sua casa e a
tarefa às suas servas.
Zain. Examina uma herdade e adquire-a; planta uma vinha com o
fruto de suas mãos.
Hete. Cinge os seus lombos de força e fortalece os braços.
Tete. Prova e vê que é boa sua mercadoria; e a sua lâmpada não se
apaga de noite.
Jode. Estende as mãos ao fuso, e as palmas das suas mãos pegam
na roca.
Cafe. Abre a mão ao aflito; e ao necessitado estende as suas mãos.
Lâmede. Não temerá, por causa da neve, porque toda a sua casa
anda forrada de roupa dobrada.
Mem. Faz para si tapeçaria; de linho fino e de púrpura é a sua
veste.
Num. Conhece-se o seu marido nas portas, quando se assenta com
os anciãos da terra.
Sâmeque. Faz panos de linho fino, e vende-os, e dá cintas aos
mercadores.
Ain. A força e a glória são as suas vestes, e ri-se do dia futuro.
Pê. Abre a boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua
língua.
Tsadê. Olha pelo governo de sua casa e não come o pão da
preguiça.
Cofe. Levantam-se seus filhos, e chamam-na bem-aventurada;
como também seu marido, que a louva, dizendo:
Rene. Muitas filhas agiram virtuosamente, mas tu a todas és
superior.

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Chim. Enganosa é a graça, e vaidade, a formosura, mas a mulher
que teme ao Senhor, essa será louvada.
Tau. Dai-lhe do fruto das suas mãos, e louvem-na nas portas as
suas obras.

TIRANDO DÚVIDAS

Pergunta. Provérbios 22.6: Como esse verso pode ser verdadeiro,


já que a experiência nos ensina que as crianças, com frequência,
abandonam os princípios em que foram educadas?

Resposta. De modo geral, é uma verdade que a educação diligente


de pais piedosos influencie os filhos a seguirem nessa linha nos anos
posteriores. Entretanto, pode haver muitas outras circunstâncias,
características pessoais e problemas que trabalhem contrariamente à
educação que a criança recebeu.
O provérbio encoraja os pais a que cumpram com diligência suas
responsabilidades, confiando o futuro na graça e na soberania de Deus.
Mesmo se desviando do caminho direito, continua tendo o ensino
gravado na alma e pronto a motivar a pessoa a voltar para a verdade.

Pergunta. Provérbios 12.21: Deus sempre poupa o justo de


desgraça?

Resposta. A promessa em Provérbios é apenas geral, não


universal. Exemplo: a promessa de que os inimigos do justo com esse
serão reconciliados por Deus (Pv 16.7) e que com ele estarão em paz,
certamente não é universal.
Paulo agradou a Deus, contudo, os inimigos o apedrejaram (At
14.19). Certamente, Jesus agradou a Deus, porém, seus inimigos O
sacrificaram!
Não é prometido ao crente que ele não passará por nenhuma
tribulação. Com efeito, ele é advertido com as palavras de Jesus: “No
mundo tereis aflições” (Jo 16.33).
Deus, deliberadamente permitiu que Jó sofresse uma grande
tribulação (Jó 1); permitiu que um homem nascesse cego para a Sua
glória (Jo 9.3); e que o apóstolo Paulo fosse afligido por um espinho na
carne (2Co 12.7-9).
A promessa para o crente é que nenhum mal permanente ou
definitivo lhe acontecerá. Não há nenhum mal que nos assedie, o qual o
Senhor não possa transformar numa bênção ainda maior (Gn 50.20; Rm
8.28).

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ATIVIDADES DE APOIO

Marque C para certo, E para errado

( ) Os Provérbios são resultados de longo processo de compilação.

( ) Provérbio é um poema contínuo.

( ) As palavras contidas em Provérbios 1:7 nada têm a ver com o tema


do livro.

( ) Duas vezes, a sabedoria é descrita como estando em lugares


públicos.

( ) A sabedoria ao ensinar-nos as aplicações corretas, tem por objetivo


promover maior felicidade e vida agradável.

( ) Recebemos conselhos edificantes sobre a sabedoria.

( ) Os olhos que zombam do pai ou desprezam a obediência da mãe,


corvos do ribeiro os arrancarão, e os pintãos da águia não os comerão.

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LIVRO DE ECLESIASTES

Eclesiastes representa a sabedoria que busca o melhor proveito da


vida terrena, examina os caminhos variados, normalmente escolhidos
pelos homens, e faz uma avaliação deles. É um ensaio ao invés de uma
coleção de ditos.

O nome do livro
É chamado Koheleth na Bíblia Hebraica, e este título foi tirado da
sua sentença inicial: “Palavras de Koheleth, filho de Davi, rei de
Jerusalém”. É designado “Eclesiastes” na Septuaginta e na Vulgata.
Koheleth vem de uma raiz verbal que significa “chamar”, no sentido de
“convocar” uma congregação, por implícito, para lhe pregar.
É um substantivo comum ao invés de nome particular. Uma vez
levando-se em conta o contexto histórico, “O Pregador” não teria sido
igual ao pregador cristão, senão em sentido basilar.

A natureza do livro
Os rabinos debatiam a autoridade do livro por acharem que
aparenta algumas contradições e uma perspectiva humanista e quase
cínica. Assim, o livro teve grande dificuldade para ser aceito no cânon
judaico.
O veredicto afirmativo do mestre Hillel, em cerca de 15 a.C.,
finalmente venceu a postura contrária do mestre Shammai. Líderes
cristãos, por sua vez, debatiam seu lugar no cânon pelo menos até o
tempo de Teodoro de Mopsuéstia em aproximadamente 400 d.C. (44).
O povo, entretanto, tanto judeu como cristão, o tinha aceitado,
porque falava aos seus sentimentos humanos, experimentado de vez em
quando, de ceticismo e contradições (45). Infelizmente, o povo, às vezes,
se mostra mais sensível à verdade do que os líderes religiosos.
“O livro de Eclesiastes é um monólogo dramático, apresentando as
complicadas experiências da vida; estas vozes estão em conflito, porém
apresentam ou retratam o conflito de uma simples alma em guerra
consigo mesma (...). Assim, o livro (...) é deliberadamente de uma
confusa intenção, porque é o quadro de experiências confusas de uma
alma dividida contra si mesma”.

O propósito do livro

43
É de se questionar “que proveito tem o homem, de todo o seu
trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?” (1.3). Ele questiona as
respostas comumente dadas à indagação, indicando suas experiências em
tais aproveitamentos da vida terrena. Ele anuncia desde o início a sua
conclusão quanto ao valor permanente dos alvos normalmente
procurados pelos homens: “(...) tudo é vaidade” [literalmente que indica
futilidade] (1.2).
Mas, mesmo assim ele afirma no fim que o melhor proveito é
temer a Deus e guardar os mandamentos dele (12.13). Dessa maneira, o
sábio autor indica que, embora o homem inteligente levante questões
sobre o que Deus está fazendo e o que a vida vale, o homem realmente
sábio reconhece que os caminhos de Deus são, em última análise, altos
demais para o entendimento dos homens, e esses, portanto, não têm
capacidade para julgar a Deus.
O livro de Eclesiastes foi escrito com um objetivo elevado. Na
qualidade de líder de um povo dedicado a Deus, Salomão tinha a
responsabilidade por meio dos conselhos sábios contidos em Eclesiastes.
Em Ec 1:1, ele se refere a si mesmo como o “congregante”. No
hebraico, esta palavra é Qo•hé•leth, e na Bíblia hebraica o livro recebe
esse nome.
A Septuaginta dá o título de Ek•kle•si•a•stés, que significa “um
membro de uma eclésia (congregação; assembleia)”, do qual deriva o
nome português Eclesiastes. Entretanto, a tradução mais apropriada de
Qo•hé•leth é “O Congregante”, e esta designação é também mais
adequada para Salomão. Expressa o objetivo de Salomão ao escrever
esse livro.
Em que sentido foi o Rei Salomão um congregante, e a que
congregou pessoas? Ele foi o congregante de seu povo, os israelitas, e
dos companheiros destes, os residentes temporários. Congregou todos
esses para a adoração ao Senhor seu Deus.
Antes, ele havia construído o templo de Deus, em Jerusalém e, na
ocasião da dedicação desse templo, ele havia convocado ou congregado
todos eles para a adoração do Senhor Deus (1 Reis 8:1). Agora, por meio
de Eclesiastes, procurava congregar o seu povo para obras dignas,
desviando-o das obras vãs e infrutíferas deste mundo, (Ec 12:8-10).
Embora não se diga especificamente que Salomão foi o escritor,
diversas passagens são bem conclusivas nesse sentido. O congregante se
apresenta como “filho de Davi”, que ‘veio a ser rei sobre Israel, em
Jerusalém’. Isso só poderia se aplicar ao Rei Salomão, pois os seus
sucessores, em Jerusalém, reinaram apenas sobre Judá.
Além disso, conforme o congregante escreve: “Eu mesmo
aumentei grandemente em sabedoria, mais do que qualquer outro que
veio a estar antes de mim em Jerusalém, e meu próprio coração tem visto

44
muita sabedoria e conhecimento” (1:1,12,16). Isso se ajusta a Salomão.
Eclesiastes 12:9 nos diz que ele “ponderou e fez uma investigação cabal,
a fim de pôr em ordem muitos provérbios”.
O rei Salomão proferiu 3.000 provérbios (1Reis 4:32). Eclesiastes
2:4-9 fala do programa de construção do escritor; de seus vinhedos, dos
jardins e parques; do sistema de irrigação. de ter adquirido servos e
servas. de ter acumulado prata e ouro e de outras consecuções. Tudo isto
Salomão fez. Quando a rainha de Sabá viu a sabedoria, a prosperidade e
a organização de Salomão, ela disse: “Não se me contou nem a metade”.
1Reis 10:7. O livro identifica Jerusalém como o lugar da escrita,
ao dizer que o congregante era rei “em Jerusalém”. O tempo da escrita
deve ter sido perto do fim do reinado de 40 anos de Salomão, depois de
se ter empenhado nos numerosos empreendimentos referidos no livro,
mas antes de sua queda na idolatria.
Por volta desse tempo, ele já havia adquirido conhecimento
extensivo das atividades deste mundo e do empenho deste por vantagens
materiais. Nessa época, ele ainda estava no favor de Deus e sob Sua
inspiração.
Como podemos ter certeza de que Eclesiastes é ‘inspirado por
Deus’? Sem a mínima dúvida, defende a verdadeira adoração a Deus.
Encontramos ali repetidas vezes a expressão ha•‘Elo•him, “o verdadeiro
Deus”. Objeção talvez seja levantada dizendo-se que não há citações
diretas de Eclesiastes nos outros livros da Bíblia.
Contudo, os ensinamentos apresentados e os princípios expressos
no livro estão em perfeita harmonia com o resto das Escrituras. Eis o que
declara o Commentary de Clarke, Volume III, página 799: “O livro,
intitulado Koheleth, ou Eclesiastes, foi sempre aceito, tanto pela igreja
judaica como pela cristã, como tendo sido escrito sob inspiração do
Todo-Poderoso, e foi considerada devidamente parte do cânon sagrado”.

CONTEÚDO DE ECLESIASTES

A futilidade do modo de vida do homem (1:1-3:22)


As primeiras palavras ressoam o tema do livro: “’A maior das
vaidades’, disse o congregante, ‘a maior das vaidades! tudo é vaidade!’”
Que proveito tira o homem de toda a luta e labuta em que se empenha?
Gerações vêm e vão, os ciclos naturais seguem seu curso na terra, e “não
há nada de novo debaixo do sol” (1:2,3,9).
O congregante pôs o coração a buscar e perscrutar a sabedoria no
tocante às calamitosas atividades dos filhos dos homens, mas constata
que, na sabedoria e na estultícia, nos empreendimentos e no trabalho
árduo, no comer e no beber, tudo é “vaidade e um esforço para alcançar

45
o vento”. Ele chega a ‘odiar a vida’, a vida cheia de calamidades e de
empreendimentos materialistas, (1:14; 2:11, 17).
Para tudo há um tempo designado — sim, Deus fez tudo “bonito
no seu tempo”. Ele deseja que suas criaturas desfrutem a vida sobre a
terra. “Vim saber que não há nada melhor para eles do que alegrar-se e
fazer o bem durante a sua vida; e também que todo homem coma e
deveras beba e veja o que é bom por todo o seu trabalho árduo”. É a
dádiva de Deus. Mas, infelizmente, para o homem pecador e para o
animal há o mesmo evento consequente: “Como morre um, assim morre
o outro; e todos eles têm apenas um só espírito, de modo que não há
nenhuma superioridade do homem sobre o animal, pois tudo é vaidade”,
(3:1, 11-13, 19).

Conselhos sábios para os que temem a Deus (4:1-7:29)


Salomão congratula os mortos, porque estão livres de “todos os
atos de opressão que se praticam debaixo do sol”.
Daí, continua a descrever as obras vãs e calamitosas. Ele
aconselha também de modo sábio, dizendo que é “melhor dois do que
um”, e que o “cordão tríplice não pode ser prontamente rompido em
dois” (4:1, 2 , 9 ,12).
Ele dá bons conselhos ao povo de Deus ao se congregar: ‘Guarde
os seus pés, sempre que for à casa do verdadeiro Deus; e haja um
achegamento para ouvir’. Não seja precipitado em falar diante de Deus;
‘as suas palavras devem mostrar ser poucas’, e pague o que vota a Deus.
‘Tema o próprio verdadeiro Deus’.
Quando os pobres são oprimidos, lembre-se de que “alguém que é
mais alto do que o alto está vigiando, e há os que estão alto por cima
deles”. O simples servo, observa ele, terá sono doce, mas o rico está
preocupado demais para poder dormir. Contudo, nu ele veio ao mundo e,
apesar de todo o seu trabalho árduo, não pode levar nada do mundo, (5:1,
2, 4, 7, 8, 12, 15).
Um homem talvez receba riquezas e glória, mas que adianta viver
“mil anos duas vezes”, se não vir o que é bom? É melhor tomar a peito
as questões sérias da vida e da morte do que se associar como o estúpido,
“na casa de alegria”; com efeito, é melhor receber a repreensão do sábio,
pois como o estalar “de espinhos sob a panela é o riso do estúpido”.

A sabedoria é proveitosa. “Pois a sabedoria é para proteção, assim


como o dinheiro é para proteção; mas a vantagem do conhecimento é
que a própria sabedoria preserva vivos os que a possuem.” Por que,
então, se tornou calamitoso o caminho da humanidade? “O verdadeiro
Deus fez a humanidade reta, mas eles mesmos têm procurado muitos
planos.” (6:6; 7:4, 6, 12, 29).

46
O mesmo evento consequente para todos (8:1-9:12)
“Guarda a própria ordem do rei”, aconselha o congregante, mas
ele observa que, visto que a sentença contra o trabalho mau não é
executada prontamente, “o coração dos filhos dos homens ficou neles
plenamente determinado a fazer o mal” (8:2, 11).
Ele próprio gaba a alegria, mas há outra coisa calamitosa! Toda
sorte de homens segue o mesmo caminho — da morte!
Os vivos estão cônscios de que morrerão, os “mortos, porém, não
estão cônscios de absolutamente nada... Tudo o que a tua mão achar para
fazer, faze-o com o próprio poder que tens, pois não há trabalho, nem
planejamento, nem conhecimento, nem sabedoria no Seol, o lugar para
onde vais”, (9:5, 10).

A sabedoria prática e a obrigação do homem (9:13-12:14)


O congregante cita outras calamidades, como a “estultícia ... em
muitas posições elevadas”. Apresenta também muitos provérbios de
sabedoria prática e declara que mesmo “a juventude e o primor da
mocidade são vaidade”, a menos que se acate a verdadeira sabedoria. Ele
declara: “Lembra-te, pois, do teu grandioso Criador nos dias da tua idade
viril.” De outra forma, a velhice resultará meramente em a pessoa
retornar ao pó da terra, isto acompanhado das palavras do congregante:
“A maior das vaidades!... tudo é vaidade”.
Ele próprio sempre ensinou ao povo o conhecimento, pois “as
palavras dos sábios são como aguilhadas”, impelindo às obras corretas.
Mas, quanto à sabedoria do mundo, ele adverte: “De se fazer muitos
livros não há fim, e muita devoção a eles é fadiga para a carne.”
Daí, o congregante leva o livro ao seu grandioso clímax, fazendo
um resumo de tudo o que considerou sobre a vaidade e sobre a
sabedoria: “A conclusão do assunto, tudo tendo sido ouvido, é: Teme o
verdadeiro Deus e guarda os seus mandamentos. Pois esta é toda a
obrigação do homem. Pois o próprio verdadeiro Deus levará toda sorte
de trabalho a julgamento com relação a toda coisa oculta, quanto a se é
bom ou mau”, (10:6; 11:1, 10; 12:1, 8-14).
Longe de ser um livro pessimista, Eclesiastes está cravejado de
brilhantes gemas de sabedoria divina. Quando Salomão enumera as
muitas consecuções que ele chama de vaidade, não inclui a construção
do Templo de Deus, sobre o monte Moriá, em Jerusalém, nem a
adoração pura a Deus, tampouco diz que a vida, que é uma dádiva de
Deus, seja vaidade; ao contrário, mostra que o objetivo era que o homem
se regozijasse e fizesse o bem (3:12, 13; 5:18-20; 8:15).

47
As atividades calamitosas são as que não levam em conta a Deus.
Um pai pode ajuntar riquezas para seu filho, mas um desastre destrói
tudo e nada lhe resta. Seria muito melhor providenciar uma herança
duradoura de riquezas espirituais. É calamitoso possuir uma abundância
e não poder usufruí-la. A calamidade sobrevém a todos os ricos do
mundo quando ‘se vão’, de mãos vazias, na morte. (5:13-15; 6:1,2).
Que é Eclesiastes? A palavra significa “homem de assembleia”,
podendo ser o homem que convoca uma assembleia religiosa (Números
10:7), ou aquele que é seu porta-voz ou pregador.
Nosso porta-voz não é um sacerdote que fizesse uso da lei, nem
um profeta que fizesse uso da palavra, mas um sábio que fazia uso do
conselho (Jeremias 18:18), grande parte de cuja obra se assemelha ao
livro dos Provérbios, do mesmo escritor.
De Ec 1:1 se deduz geralmente que se trata de Salomão, o
primeiro dos sábios de Israel (12:9, 11; também 1Reis 3:12; 4:29-34);
pelo menos, pensava-se que parte do livro refletia as experiências do
Sábio.
Entretanto, poderíamos perguntar se Salomão, o terceiro rei de
Israel, empregou alguma vez em sua história o tempo gramatical
pretérito para dizer: “Fui rei sobre Israel em Jerusalém”, (1:12).
Teríamos confessado como ele o fez, que a sabedoria “ainda
estava longe de mim?” (7:23) Quando esse pregador escreveu?
Evidentemente, quando a Nação de Israel vivia angustiada sob o jugo do
opressor (possivelmente a Pérsia, entre os anos 444 e 331 a.C.). Onde?
Perto da casa de Deus (5:1). Os conhecimentos do mundo demonstrados
no livro poderiam ter sido adquiridos ali mesmo em Jerusalém.
A quem se dirige o livro? Embora escrito em hebraico, os traços
distintivos de Israel são poucos. Nunca se emprega o nome de Deus
associado com o concerto ou aliança; Israel é mencionado uma única
vez. O autor fala aos filhos dos homens, e por fim à humanidade toda.
Apontado para a estultícia natural do homem e sua ignorância, prepara o
caminho para a sabedoria e para a luz do evangelho.
Por que esse livro consta do cânon? Os rabinos punham em dúvida
a consequência do escritor; porém, o livro já figurava em suas Bíblias.
Não vemos aqui um otimismo cego: existem muitíssimos problemas
sérios da vida para justificar otimismo.
Não vemos aqui, tampouco, um pessimismo cínico, visto que o
autor é crente no Deus da justiça (8:12, 13).
Temos aqui um penetrante realismo que faz frente à alegria e à
fúria, aos triunfos e às derrotas, um jogo de luz e sombras, e termina
afirmando que tudo é vaidade (1:2; 12:8). Contudo, paradoxalmente, a
vida toda do homem deve reverenciar e obedecer a Deus, uma vez que é
a ele que finalmente prestaremos contas (12:13, 14).

48
A mensagem final do livro de Eclesiastes

Todo o livro de Eclesiastes deve-se interpretar segundo o contexto


desse seu penúltimo versículo. Salomão começou com uma avaliação
negativista da vida como vaidade, algo irrelevante, mas ele conclui com
um sábio conselho, indicando aonde se pode encontrar o sentido da vida.
No temor de Deus, no amor a Ele e na obediência aos Seus
mandamentos, temos o propósito e a satisfação que não existem em nada
mais.

TIRANDO DÚVIDAS

Pergunta. Eclesiastes 1.9-10: Não é falsa a afirmação de que não


há nada novo debaixo do sol?

Resposta. É claro que há novas invenções e que Deus faz novas


coisas. Não é disso que Salomão está falando, mas de como o ser
humano pode se satisfazer “debaixo do sol” (v. 8). Todos os meios
normais – do vinho, da riqueza, da sabedoria, das obras (Ec 2) – já foram
tentados e demonstraram-se deficientes.

Pergunta. Eclesiastes 11.9: O jovem deve andar segundo o seu


caminho ou segundo o caminho de Deus?

Resposta. Primeiro: alguns sugerem que nesse texto temos um


exemplo de ironia, significando, portanto, que o jovem não deveria ir
segundo o caminho de Deus.

Segundo: tomando o texto de modo literal, o conselho não é


desprovido de qualificação, uma vez que Salomão acrescenta
rapidamente: “Sabe, porém, que por todas estas coisas trará Deus o
juízo”.
Neste sentido, o conselho de Salomão parafraseado fica assim:
“Divirta-se, faça o que seu coração desejar; mas, ao mesmo tempo, tenha
em mente que você terá de prestar contas a Deus por tudo o que fizer”.

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ATIVIDADES DE APOIO

Marque C para certo, E para errado

( ) Eclesiastes representa a sabedoria que busca o melhor proveito da


vida terrena.

( ) O livro é ensaio, ao invés de uma coleção de ditos.

( ) Os rabinos debatiam a autoridade do livro, por acharem que


aparenta algumas contradições e uma perspectiva humanista e quase
cínica.

( ) O povo, entretanto, tanto judeu como cristão, não o tinha aceitado,


porque falava aos seus sentimentos humanos.

( ) O homem questiona as respostas comumente dadas à indagação,


indicando suas experiências em tais aproveitamentos da vida terrena.

( ) O congregante pôs o coração a buscar e perscrutar a sabedoria no


tocante às calamitosas atividades dos filhos dos homens. Mas constata
que, na sabedoria e na estultícia, nos empreendimentos e no trabalho
árduo, no comer e no beber, tudo é “vaidade e um esforço para alcançar
o vento”.

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LIVRO DE CANTARES

“O mundo inteiro não era digno do dia em que este sublime


Cântico foi dado a Israel”. Assim expressou o “rabino” judeu Akiba, que
viveu no primeiro século da Era Cristã, a sua admiração pelo Cântico de
Salomão.
O título do livro é uma forma abreviada das primeiras palavras: “O
cântico superlativo, que é de Salomão”.
No texto hebraico, é literalmente o “Cântico dos cânticos”,
denotando excelência superlativa, similar à expressão “o céu dos céus”
para os mais altos céus (Dt 10:14).
Não se trata de uma coleção de cânticos, mas de um só cântico,
“um cântico de extrema perfeição, um dos melhores que já existiram ou
que foram escritos”.

NOME DO LIVRO

1. Título em hebraico: Shir ha-shirim, um superlativo absoluto que


poderíamos chamar de “Cantíssimo”.
2. Título na Septuaginta: Asma Asmaton
3. Título em Latim: Canticum Canticorum
4. Em português: Cântico dos Cânticos ou Cantares.

TENTATIVAS DE INTERPRETAÇÃO

As várias interpretações do Cântico mostram que seu sentido não é


nada óbvio, e a perplexidade dos intérpretes prova a impossibilidade de
exaurir toda a riqueza desse poema.

a) A interpretação naturalista. Explica o Cântico no sentido


literal, como expressão do amor natural e humano, com características
bastante realistas. O Cântico seria, pois, uma coleção de cantiga, de
amor, ao estilo dos poemas amorosos da poesia egípcia antiga ou da
poesia oriental mais recente. Do ponto de vista moral, seria a exaltação
da santidade do amor, da fidelidade conjugal e da monogamia.
Entretanto, ele não visa ao ensinamento moral que dele se pretende tirar.

52
Aliás, a sacralidade do matrimônio ultrapassa a mentalidade do
Antigo Testamento: tanto em Israel como em todo o Oriente antigo, o
matrimônio não era religioso nem público; era assunto privado entre
duas famílias. O Antigo Testamento trata dele apenas de passagem, com
toda a clareza, sem enigmas e sem mistério.

b) A interpretação alegórica. Assinala, também, nas


manifestações de amor dos noivos, um sentido figurado, de ordem
espiritual, revelando Deus como Esposo da Nação de Israel. O livro todo
seria alegórico, sem nenhum suporte de sentido literal próprio - caso
único em toda a Bíblia.
Mas como elucidar o sentido de todos os aspectos alegóricos, para
aplicá-los à realidade espiritual e sobrenatural, se no Cântico, ao
contrário do que sucede nos livros proféticos, o esposo não é Javé, mas,
simbolicamente, o rei Salomão?

c) A interpretação tipológica. Atribui ao Cântico um sentido


religioso simbólico: o amor de Salomão pela filha do Faraó - ou o amor
conjugal em geral - estaria como imagem do mútuo amor e da aliança
entre Deus e Seu povo, prefigurando a mística união de Cristo com Sua
Igreja. Mas tal interpretação não tem base na Bíblia, nem na tradição
exegética, porém, esta é a que se usa nos meios evangélicos e teológicos.

d) A interpretação cultual: considera o Cântico um livreto de


liturgia pagã da Mesopotâmia ou de Canaã, em honra a um deus que
morre, ao procurar, no reino dos mortos, a sua amante, a deusa do amor e
da guerra. A boda sacral (hierogamia) entre o rei e a grã-sacerdotisa seria
um símbolo do retorno anual da fecundidade aos campos. Assim, o
erotismo não teria mais seu fim em si mesmo, mas estaria a serviço de
uma causa religiosa: unir a terra ao céu. Mas não há, na tradição do
Antigo Testamento, vestígios de que tenha sido praticado em Israel tal
drama litúrgico, que só pode ser reconstruído por analogia com a prática
vigente entre povos pagãos.

e) A interpretação generalizante. Tomando em conta alguns


elementos das interpretações precedentes, admite o sentido literal
próprio.
Demitizando a liturgia pagã da hierogamia, o Cântico mostra que a
função do amor é unir, não a terra ao céu, mas duas pessoas que Deus
criou para se completarem. A descrição do amor humano, tendo como
fim a plena união e complementação dos esposos, seria um comentário
poético de Gn 2.24. O Cântico tem, em seu sentido literal, caráter
espiritual e místico.

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Como em longa parábola, descreve-se ali o amor com a linguagem
figurada da aliança, para mostrar, como modelo de toda união conjugal,
o amor de Deus por Seu povo - Paulo falará do amor de Cristo por Sua
Igreja (Ef 5).

MENSAGEM TEOLÓGICA

O Cântico, mais que qualquer outro livro da Bíblia, desafia a


argúcia do intérprete para a captação de sua mensagem teológica, que
deve ser buscada, sem subjetivismos, no conteúdo, estrutura e linguagem
do livro e em seu contexto histórico.
Respondendo a uma situação concreta do povo de Israel no
período pós-exílico, o Cântico adquire, por seu contexto histórico,
significado particular. Um estudo mais aprofundado revela que esse
poema exprime, em forma lírica, o que os profetas anunciavam em seus
vaticínios a respeito do retorno feliz do povo exilado para a terra de seus
antepassados.
A desesperançada lamentação pela ruína daquela Nação ameaçava
levar os israelitas à apostasia e sua consequente assimilação pelos povos
pagãos. Urgia levantar o ânimo do povo com nova esperança de
repatriação dos exilados e de restauração do reino de Israel.
A mensagem profética visava a coesão interna dos exilados como
condição e garantia de sobrevivência do povo. Por falta de perspectiva
histórica para o futuro próximo, “os profetas apelavam para a esperança
messiânica”.
Ansiosos por vê-Ia realizada, apresentavam-na como próxima, no
intuito de reavivar as aspirações do povo, sua fé e seu sentimento
nacionalista: uma nova aliança entre Deus e o povo eleito (Ez 34),
inaugurará uma Era de Equidade e paz em Israel para uma nova
sociedade teocrática, fundada por um príncipe da dinastia davídica,
portadora das promessas divinas.
Os reinos do Sul e do Norte estarão novamente unidos sob a égide
de um único Pastor (Ez 37). Com a repatriação dos exilados, as cidades
serão reconstruídas, renascerá a vida e a alegria da atividade pastoril, e a
harmonia e a felicidade do povo ecoarão em cantos nupciais (Jr 33).
O Cântico procura representar essa nova aliança e esse tempo
messiânico, não sob a forma de ideias abstratas, mas como encontro
amoroso de um par humano em ambiente que lembra o paraíso.
Seu ponto de partida é o sentimento de amor de um jovem casal de
namorados que, paulatinamente, envolve o leitor em seu romance
apaixonado, e o dispõe a sacrificar quaisquer valores que possam
interferir em sua incondicional adesão ao Amor absoluto.

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A experiência fundamentalmente humana do amor conjugal passa
a ter, em nível coletivo, o sentido de parábola da presença definitiva do
príncipe messiânico no meio de Seu povo na Terra Prometida.
As reiteradas descrições da mútua complacência dos noivos
manifestam na perspectiva da nova aliança, o retorno da vida natural e
feliz do povo de Deus.
O Cântico preconiza uma Era de Paz entre indivíduos e entre
povos, entre Israel e os pagãos, entre homens e animais.
Nesse ambiente de paz, o jardim tem especial significado (4.13),
rico em fontes, árvores frutíferas e ornamentais e plantas aromáticas,
suntuoso como um parque real persa, reservado ao príncipe e sua nobre
comitiva.
Ao abrir-se o jardim para o noivo, este se sente como um príncipe
magnífico como Salomão. Esse jardim, que lembra o paraíso da
felicidade inicial (Gn 2.8-25), é o ambiente próprio para os noivos,
singelamente descritos em sua nudez natural, manifestarem a suave
harmonia entre homem e mulher, na irresistível atração mútua,
profundamente arraigada na lei da recíproca complementação pessoal.
Assumindo-se um ao outro para serem “dois em uma só carne”
(Gn 2.24), a delicadeza e ternura da mulher não é fraqueza, nem a
robustez e valentia do homem é prepotência: se o homem é a segurança
da mulher, essa é a humanização do homem; juntos e unidos expressam a
plenitude da natureza humana. A missão de ambos é, em sua
diferenciação, plenamente humana e de igual dignidade.
No Cântico, a mulher não é escrava nem objeto de prazer do
homem, como entre os povos do antigo Oriente, mas, na versão do
Gênesis (2.23), é sua companheira a quem consagra toda a dedicação.
Sem necessidade de idealizar a mulher - como para corrigir sua “posição
inferior” e neutralizar a inconsciente discriminação - o autor caracteriza
o “eterno feminino” com a fisionomia conhecida pela experiência
humana de todos os tempos: por ela “o homem abandona pai e mãe para
unir-se à sua mulher” (Gn 2.24).
O amor conjugal é, na terra, o mais forte, triunfando até mesmo do
amor filial. No Cântico, o mistério homem/mulher é visto, não como
privilégio do estado paradisíaco, nem como exigência de uma carência
existencial, mas como lei perpétua, impressa na natureza humana, por
sábia disposição da bondade do Criador que, na aliança com o povo
eleito, revelou o modelo de todo amor.
O rei Salomão, de Jerusalém, foi o escritor desse cântico, segundo
indicado na introdução. Estava altamente qualificado para escrever este
supremamente belo exemplo de poesia hebraica (lReis 4:32).

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É um poema idílico, de grande significado e muito expressivo na
sua descrição de beleza. O leitor que puder visualizar o cenário oriental
apreciará isto ainda mais (Cântico dos Cânticos 4:11, 13; 5:11; 7:4).
A ocasião para a sua escrita era ímpar. O grande rei Salomão era
glorioso em sabedoria, forte em poder e deslumbrante em brilho de
riqueza material. Ele suscitou até mesmo a admiração da rainha de Sabá,
não conseguiu impressionar uma jovem simples do interior por quem se
enamorou. Por causa da constância de seu amor por um jovem pastor, o
rei não obteve êxito. Portanto, o livro bem poderia ser chamado de “O
Cântico do Amor Frustrado de Salomão”.
Deus o inspirou a compor esse cântico para o proveito dos leitores
da Bíblia das eras futuras. Ele o escreveu em Jerusalém. Talvez isso se
tenha dado por volta de 960 a.C., alguns anos depois de terminar a
construção do Templo.
Na época em que escreveu esse cântico, Salomão tinha "sessenta
rainhas e oitenta concubinas", ao passo que no fim do seu reinado
possuía "setecentas esposas, princesas e trezentas concubinas", (Cântico
dos Cânticos 6:8; 1Reis 11:3).
Nos tempos antigos, a canonicidade do Cântico de Salomão era
absolutamente incontestada. Muito antes de Cristo, era considerado
inspirado e parte integrante do cânon hebraico. Foi incorporado à
Septuaginta. Josefo o incluiu no seu catálogo dos livros sagrados.
Por conseguinte, tem as mesmas comumente citadas evidências de
autenticidade que quaisquer outros livros das Escrituras Hebraicas.
A canonicidade desse livro é, porém, contestada por alguns sob o
pretexto de que não há nele menção de Deus. O fato de não mencionar
Deus não desqualifica o livro, assim como a mera presença da palavra
“Deus” não o tornaria canônico. No entanto, no capítulo 8, versículo 6,
diz que o amor é “a chama do Senhor”.
Esse livro inquestionavelmente faz parte dos escritos aos quais
Jesus Cristo se referiu com aprovação, ao dizer: “Pesquisais as
Escrituras, porque pensais que por meio delas tereis vida eterna.”
(João.5:39) Além do mais, sua poderosa descrição da sublime qualidade
de amor mútuo, tal como existe em sentido espiritual entre Cristo e sua
“noiva”, distingue o Cântico de Salomão e lhe dá um lugar sem igual no
cânon da Bíblia, (Ap 19:7,8; 21:9).
A matéria do livro é apresentada na forma de uma série de
conversas. Há constante mudança de personagens. As pessoas que
desempenham o papel das partes faladas são Salomão, rei de Jerusalém,
um pastor, sua amada sunamita, os irmãos dela, as damas da corte
(“filhas de Jerusalém”) e as mulheres de Jerusalém (“filhas de Sião”).
(Cânticos 1:5-7; 3:5,11).

56
São identificadas por aquilo que elas próprias dizem ou pelas
palavras dirigidas a elas. O drama se desenrola perto de Suném onde
Salomão está acampado com sua comitiva da corte. Expressa um tema
comovente — o amor de uma jovem sunamita pelo seu companheiro
pastor.
Esse é o título que o próprio texto hebraico atribui a esse livro.
Significa o melhor ou o mais grandioso dos cânticos. Salomão escreveu
três mil provérbios e foram seus cânticos mil e cinco (lRs 4.32).

A sunamita no acampamento de Salomão (1:1-14)

A jovem aparece nas tendas reais, onde o rei a introduziu, mas ela
só anseia ver seu amado pastor. Com saudades do seu amado, ela fala
como se ele estivesse presente. As damas da corte (“filhas de
Jerusalém”), que assistem o rei, olham curiosamente para a sunamita por
causa da sua tez morena e dizem: Você é adorável (1.9). Quão adoráveis
são suas faces e o seu pescoço (1.10).
Seus olhos são suaves como pombas (1.15). Ela explica que está
queimada do sol por cuidar dos vinhedos de seus irmãos. Daí, fala ao seu
amado como se ela estivesse livre, e pergunta onde o pode encontrar. As
damas da corte mandam-na ir pastorear o seu rebanho perto das tendas
dos pastores.

Salomão entra em cena

Não está disposto a deixá-la partir. Ele exalta a beleza dela e


promete adorná-la com “argolinhas de ouro” e “botõezinhos de prata”.
Mas a sunamita resiste aos avanços dele e deixa-lhe saber que o único
amor que ela sente é pelo seu amado, 1:11. Em contraste com suas
roupas humildes de pastora, ela seria adornada com jóias de ouro e prata.

O amado pastor aparece (1:15-2:2)

O amado da sunamita consegue penetrar no acampamento de


Salomão e a encoraja. Ele lhe expressa todo o seu amor. A sunamita
anseia que seu querido fique perto dela, e quer ter o simples prazer de
viver unida com ele nos campos e nos bosques.

A sunamita é uma moça modesta

57
“Sou apenas um açafrão da planície costeira”, diz ela. Seu amado
pastor a julga incomparável: “Como lírio entre as plantas espinhosas,
assim é minha companheira entre as filhas”, (2:1,2).

A donzela sente saudade de seu pastor (2:3-3:5)

Separada de novo de seu amado, a sunamita mostra quanto o preza


acima de todos e diz às filhas de Jerusalém que elas estão sob juramento
de não tentarem despertar nela um amor não desejado por outro. A
sunamita relembra o tempo em que seu pastor respondeu à sua chamada
e a convidou a passear nas colinas na primavera.
Ela o revê subir os montes, pulando de alegria. A sunamita o ouve
gritar para ela: “Levanta-te, vem, ó companheira minha, minha bela e
vem”.
Mas, seus irmãos, que duvidavam da sua constância, zangaram-se
e ordenaram-lhe trabalhar na guarda dos vinhedos. Ela declara: “Meu
querido é meu e eu sou dele”, e implora-lhe que se apresse a vir para
junto dela, (2:13,16).
A sunamita descreve sua detenção no acampamento de Salomão.
De noite, na cama, sente saudades de seu pastor. Novamente lembra as
filhas de Jerusalém que estão sob juramento de não despertarem nela um
amor não desejado.

A sunamita em Jerusalém (3:6-5:1)

Salomão retorna com grande pompa a Jerusalém, e o povo admira


o seu cortejo. Nessa hora cruciante, o amado pastor não abandona a
sunamita. Ele segue a sua companheira que está usando um véu e entra
em contato com ela.
Ele encoraja a sua amada com palavras de ternura. Ela lhe diz que
quer libertar-se e abandonar a cidade; ele então cai num êxtase de amor,
e diz: “Tu és inteiramente bela, ó companheira minha” (4:7).
Um simples olhar dele para ela faz o coração dele bater mais
rápido. Suas expressões de afeto são melhores do que o vinho, sua
fragrância é como a fragrância do Líbano, e a sua pele é como um
paraíso de romãs. A moça convida seu amado a vir ao ‘jardim dele’ e ele
aceita.
As amistosas mulheres de Jerusalém os encorajam, dizendo:
“Comei, companheiros! Bebei e embriagai-vos com expressões de
afeto!”, (4:16; 5:1).

À noite de núpcias (4.1-10; 5.1)


Conforme expressado pelo marido à sua esposa, ele a louva.

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a) Os teus olhos são como os das pombas (Ct 4.1a).
b) Os teus cabelos são como o rebanho de cabras (Ct 4.1b).
c) Os teus dentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas (Ct
4.2).
d) Os teus lábios são como um fio de escarlata (Ct 4.3a).
e) As tuas frontes são como a romã entre as tuas tranças (Ct 3b).
f) O teu pescoço é como a torre de Davi (Ct 4.4).
g) Os teus dois peitos são como dois filhos gêmeos da gazela (4.5).
h) Esposa minha! Melhores são os teus amores do que o vinho!
(4.10a).
i) Teu Perfume é mais fragrante dos que as finas especiarias! (Ct
4.10b).

Conforme o dito pela esposa a seu marido (Ct 4.16)

Ela insta com ele a desfrutar de sua dose de amor. Levanta-te,


vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, para que se
derramem os seus aromas. Ah! se viesse o meu amado para o seu jardim
e comesse os seus frutos excelentes!

O sonho da donzela (5:2-6:3)

A sunamita conta às mulheres da corte, um sonho em que ouve


alguém bater. Seu amado está lá fora e pede-lhe que o deixe entrar: Mas
ela está deitada. Quando finalmente se levanta para abrir a porta, ele
desaparece no meio da noite. Ela sai para procurá-lo, mas não o
encontra.
Os vigias a maltratam. Ela diz às damas da corte que estão sob
juramento de dizer a seu amado, se o encontrarem, que ela desfalece de
amor. Elas lhe perguntam o que faz com que ele seja tão notável. Ela
responde com uma descrição encantadora dele, dizendo que ele é
“deslumbrante e corado, o mais conspícuo de dez mil” (5:10). As damas
da corte lhe perguntam aonde ele foi. Ela responde que foi pastorear
entre os jardins.

Salomão descreve a beleza de sua esposa (6:4-8:4)

O rei Salomão se aproxima da sunamita. Novamente lhe diz quão


bela ela é, mais bela do que “sessenta rainhas e oitenta concubinas”, mas
ela o rejeita (6:8) Só está ali porque uma incumbência de serviço a levou
perto do acampamento dele.

59
‘O que vê em mim?’ - Pergunta ela. Salomão tira partido de sua
pergunta ingênua e lhe diz quão bela ela é, dos pés à cabeça, mas a
donzela repele os avanços dele. Declara corajosamente sua devoção a
seu pastor, clamando para que ele venha.
Pela terceira vez diz às filhas de Jerusalém que estão sob
juramento de não despertarem nela um amor não espontâneo. Salomão a
deixa partir. Fracassou em conquistar o amor da sunamita.

O retorno da sunamita (8:5-14)

Os irmãos dela veem ela se aproximar, mas ela não está sozinha.
Está “encostando-se no seu querido”. Ela relembra ter conhecido seu
amado debaixo de uma macieira e declara o seu inquebrantável amor por
ele.
São mencionados alguns comentários anteriores de seus irmãos
sobre a preocupação destes a respeito dela quando “pequena irmã”, mas
ela diz que revelou ser mulher madura e estável (8:8). Que seus irmãos
consintam agora no seu casamento.
O rei Salomão pode ficar com a sua riqueza! Ela se contenta com
o seu único vinhedo, pois ama alguém que lhe é exclusivamente querido.
No seu caso, seu amor é tão forte quanto à morte, e suas labaredas
como “a chama de Deus”. A insistência na devoção exclusiva, “tão
inexorável como o Seol”, triunfou e conduziu à elevação sublime de
união com seu amado pastor, (8: 5 ,6).
O livro de Cantares termina com um convite da sunamita ao seu
amado, lembrando os primeiros dias felizes de vida em comum.
Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu
braço, porque o amor é forte como a morte e duro como a sepultura o
ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, labaredas do Senhor. As muitas
águas não poderiam apagar esse amor, nem os rios afogá-la; ainda que
alguém desse toda a fazenda de sua casa por esse amor, certamente a
desprezariam.

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IBADEG - Instituto Educacional e Teológico do Gama

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1994.

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