04 - Livros Poéticos
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LIVROS POÉTICOS
EDIÇÃO 2022
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IBADEG - Instituto Educacional e Teológico do Gama
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PALAVRA DO PRESIDENTE
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APRESENTAÇÃO
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SUMÁRIO
Introdução........................................................................................
.................... 05
Livro de
Jó......................................................................................................
......09
Livro dos
Salmos..............................................................................................
....17
Livro de
Provérbios........................................................................................
......30
Livro de
Eclesiastes........................................................................................
......36
Livro de
Cantares............................................................................................
.....43
Referências
Bibliográficas...................................................................................
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INTRODUÇÃO
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A sabedoria hebraica é uma categoria de literatura que não é
familiar à maioria dos cristãos atuais. Embora uma porção significante
da Bíblia seja dedicada aos escritos sapienciais, os cristãos,
frequentemente, entendem ou aplicam erroneamente esta matéria,
perdendo benefícios que Deus destinara para eles.
A sabedoria é um recurso útil para a vida cristã; no entanto,
quando é devidamente compreendida e usada. Quando é abusada, pode
oferecer uma base para comportamento egoísta, materialista, míope -
exatamente o oposto da intenção de Deus.
No Israel antigo, algumas pessoas se dedicavam não somente a
obter a sabedoria, como também a ensinar outras pessoas a obtê-la. Estes
instrutores da sabedoria eram simplesmente chamados “sábios”, embora
chegassem finalmente a ocupar uma posição na sociedade israelita e um
pouco paralela com aquela do sacerdote e do profeta (Jr 18:18).
Essa classe especial de sábios surgiu pelo menos no começo do
período do reinado de Israel e funcionava como ensinadores-
conselheiros para aqueles que procuravam sua sabedoria. Alguns foram
inspirados por Deus para ajudar a escrever porções do Antigo
Testamento.
Notamos que o sábio servia como um tipo de “pai substituto” para
a pessoa que da parte dele procurava a sabedoria. Até mesmo antes do
Êxodo, Deus fez com que José fosse um “pai” para o Faraó (Gn. 45:8) e,
mais tarde, a profetisa Débora é chamada “mãe” em Israel (Jz 5:7).
Sendo assim, frequentemente no Livro dos Provérbios vemos o mestre
sábio chamando seu aluno de “filho meu”.
Os pais enviavam seus filhos a serem educados nas atitudes e nos
estilos de vida sapienciais por tais mestres da sabedoria, e estes
instrutores ensinavam seus alunos como fariam com seus próprios filhos.
De acordo com The New Enciclopédia Britânica (A Nova
Enciclopédia Britânica), o livro de Jó é muitas vezes “contado entre as
obras-primas da literatura mundial”. Entretanto, o livro é muito mais do
que uma obra-prima literária. O livro de Jó exalta Deus e testifica da Sua
sabedoria e poder insondáveis (12:12, 13; 37:23).
Só neste livro, Deus é chamado de Todo-Poderoso trinta e uma
vezes, o que é mais do que em todo restante das Escrituras.
O relato exalta a Sua eternidade e posição enaltecida (10:5; 36:4,
22, 26; 40:2; 42:2), bem como Sua justiça, benevolência e misericórdia
(36:5-7; 10:12; 42:12).
Salienta a vindicação de Deus acima da salvação do homem
(33:12; 34:10, 12; 35:2; 36:24; 40:8). O Senhor Deus de Israel é indicado
como sendo também o Deus de Jó.
Este livro revela com a máxima clareza a questão primária
colocada diante do universo. Esclarece muito do que é dito em outros
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livros da Bíblia, especialmente em Gênesis, Êxodo, Eclesiastes, Lucas,
Romanos e Apocalipse. Compare Jó 1:6-12; 2:1-7 com Gênesis 3:15;
Êxodo 9:16; Lucas 22:31,32; Romanos 9:16-19 e Apocalipse 12:9;
também Jó 1:21; 24:15; 21:23-36; 28:28 com Eclesiastes 5:15; 8:11; 9:2,
3; 12:13, respectivamente.
O livro de Jó fornece as respostas a muitas perguntas da vida. É
seguramente parte integrante da inspirada Palavra de Deus, a qual
contribui muito no sentido de entendimento proveitoso.
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LIVRO DE JÓ
AUTOR E DATA
A FIDELIDADE DE JÓ
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do Senhor” (1.21). E ainda: “Se aceitamos de Deus os bens, não
deveríamos aceitar também os males?” (2.10).
Mas por que Deus o teria rejeitado? Jó se defronta aqui com um
mistério existencial. Com profunda experiência do amor divino, ele
ainda espera que Deus volte a manifestar-lhe sua benevolência.
“Mas poderá uma frágil criatura ter acesso ao Deus
transcendente e torná-lo propício? Jó apela à piedade divina, condizente
com o poder e a majestade do Altíssimo e, num gesto audaz, argumenta
com sua própria comiseração para com os fracos, num repto à divina
clemência”. (30.25).
Mas poderá o Altíssimo solidarizar-se com o “homem, nascido de
mulher, escasso em dias” (14.1), sem esmagá-lo? Quem poderia ver
Deus e viver? “Desvia-se dele os olhos e deixa-o em paz, para que se
alegre, como um assalariado, com o seu dia!” (14.6).
NATURALIDADE DE JÓ
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O livro prova também que Deus não é o causador do sofrimento,
das doenças e da morte dos humanos, e explica por que os justos são
perseguidos, ao passo que se permite que os iníquos e a iniquidade
continuem. Mostra que Deus está interessado em levar a questão em
litígio à sua solução final.
Este nos apresenta Jó, ‘homem inculpe e reto, que teme a Deus e
desvia-se do mal’. Jó é feliz, tendo sete filhos e três filhas. É um
proprietário de terras, rico no sentido material, possuindo numerosos
rebanhos e muitas manadas. Tem muitos servos e é “o maior de todos os
orientais” (1:1,3).Todavia, não é materialista, pois não se via em seus
bens materiais. É também rico em sentido espiritual, em boas obras,
sempre disposto a ajudar alguém aflito ou angustiado, ou a dar uma
vestimenta a alguém necessitado (29:12-16; 31:19,20). Todos o
respeitam. Jó adora o verdadeiro Deus.
Recusa a se prostrar diante do sol, da lua e das estrelas, como
fazem as nações pagãs, mas é fiel a Deus, mantendo a integridade ao seu
Deus e desfrutando uma relação íntima com Ele (29:7,21-25; 31:26,27;
29:4). Jó serve qual sacerdote para sua família, oferecendo regularmente
sacrifícios queimados, para o caso de terem pecado.
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ESBOÇO DO LIVRO DE JÓ
Aspectos da Exposição de Jó
14
A segunda fase começa com o capítulo 15. Em 19.25-27, Jó
chega à confiança na sua vindicação por parte de Deus, seu redentor
(compare 14.1, 7-12, 14; 16.19-21; e 17.10, 11, 13-16). No capítulo 21,
Jó aponta aos amigos certas contradições práticas referentes aos
argumentos deles (21.7-13, 14-18, 19, 22, 23-26, 27, 34).
A terceira fase começa no capítulo 22. Trata das respostas
dos amigos diante da confiança de Jó em Deus, e dos argumentos dele
contra eles.
Elifaz, o místico, torna-se raivoso (22.2-5, 21, 23). Jó
responde que deseja apresentar-se perante Deus (23.1-4, 10). Também
aponta para o fato de que muitas vezes os perversos não são castigados
(24.1-4, 18, 22, 25).
Bildade, o tradicionalista, fala em generalidades (capítulo
25). Uma das respostas de Jó, a do capítulo 31, reflete o mais avançado
código de ética no Antigo Testamento, o que deve ser comparado com o
de Jesus. Zofar, o dogmático, fica silencioso.
Já findada a terceira fase, levanta-se com o capítulo 32 um
quarto amigo, Eliú. Segundo alguns estudiosos, esse novo amigo pode
implicar adição ao corpo original do livro, pois conta de novo o começo.
Eliú é o teólogo jovem, do tipo que acha que tem todas as
respostas (32.6, 9, 10, 18-22; 33.5, 6, 8, 9, 12, 14, 26-33). Mas Jó adota a
postura de ignorá-lo, deixando o moço falar sozinho ainda mais (34.1,
2)- duas vezes sozinho- sem ouvir Jó responder (35.1 e 36.1).
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Agora é a hora de Deus falar (Jó 38.4-7)
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c) Em face do sofrimento de Jó, Deus superou o ponto de
vista tradicional referente ao sheol (11) por revelar vindicação da vida
após a morte.
d) Deus é amigo do homem.
Fiel a seu Deus, é ele exemplo de perseverança na provação
e figura de Jesus, o Servo Sofredor (Is 53). Ezequiel menciona Jó ao lado
de Noé e Daniel (Ez 14.14, 20), como homens de comprovada virtude e
perseverança na provação.
E o apóstolo Tiago escreve: “Ouvistes a respeito da
perseverança de Jó e conheceis o fim que lhe deu o Senhor” (Tg 5.11).
TIRANDO DÚVIDAS
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ATIVIDADES DE APOIO
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Os autores
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profundamente religioso, que organizou o canto litúrgico para solenizar
o culto divino, transladou a arca da aliança para Jerusalém, e
providenciou todo o material para a construção do templo.
Pelos muitos salmos de sua autoria, e por suas qualidades de “justo
perseguido, penitente reconciliado e figura do Messias”, a tradição lhe
atribui papel importante no incentivo à poesia lírica sacra e o considera
“pai espiritual dos salmistas”.
A maioria dos Salmos traz epígrafe referente à sua autoria certa ou
presumida, às circunstâncias de sua composição, e, ainda, à maneira de
cantá-los ao som de instrumentos musicais. Embora antiquíssimas, as
epígrafes são posteriores ao texto primitivo.
Dentre os 50 salmos, os cabeçalhos atribuem 73 a Davi, 11 aos
filhos de Coré (um deles, Salmo 88, também menciona Hemã), 12 a
Asafe (evidentemente, referindo-se à família de Asafe), 1 a Moisés, 2 a
Salomão e 1 a Etã, o ezraíta. Além disso, o Salmo 72 é “referente a
Salomão”, mas parece ter sido escrito por Salomão (72:1) ou por Davi
(72:20).
À base de Atos 4:25 e Hebreus 4:7, é evidente que os Salmos 2 e
95 foram escritos por Davi. Os Salmos 10, 43, 71 e 91 parecem ser
continuações dos Salmos 9, 42, 70 e 90, respectivamente. Portanto, os
Salmos 10 e 71 podem ser atribuídos a Davi, o salmo 43, aos filhos de
Coré; e o Salmo 91, a Moisés.
Há indícios de que o Salmo 119, talvez tenha sido escrito pelo
jovem príncipe Ezequias. Note os versículos 9, 10, 23, 46, 99, 100. Isso
deixa mais de 40 salmos sem menção ou indicação de um compositor
específico.
Os salmos individuais foram escritos durante um período de cerca
de mil anos, desde o tempo de Moisés até depois do retorno do exílio
babilônico. (Salmos 90; 126:1,2; 137:1,8).
a) Salmos de louvor
(8,19,29,33,104,105,111,113,114,117,135,136,145-150). Esses
hinos incentivam a adoração (105.1-6), seguida por razões pelo louvor a
Deus (105.7-44b) e finaliza com uma repetição, às vezes ampliada, da
chamada para adoração ou louvor (105.45c).
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oferta de louvor ou uma afirmação de intento para louvar a Deus (23,1;
116.1,2). Em seguida, vem uma descrição de dificuldades passadas
(23.2-4; 116.3-4) acompanhada por um retrato de como Deus é, e como
tinha livrado dessas aflições (23.2-5).
c) Salmos de Lamento
Uma maior dimensão de adoração israelita foi o lamento, aspecto
ausente, muitas vezes, nos cultos modernos, a despeito do profundo
senso de estar ferido ou em agonia, levado aos cultos por muitas pessoas.
Os lamentos são estruturados em um ritmo específico, chamado de
‘quinah’, conseguido por um padrão de sílabas tônicas e átonas que
ajudam a expressar a tristeza sentida.
d) Há lamentos individuais
(13,22,28; 31.9-24; 35,38,41,68,71,86,102,109). A maioria dos
lamentos começa com pedido de livramento dirigido a Deus (22.1-
11;74.1).
O pedido é seguido por uma descrição das aflições sofridas
(22.12-18; 74.2-11), em conjunto com uma afirmação de confiança em
Deus (22.19; 74.12-17), e termina com outro pedido de livramento
(22.20,21; 74.18-23) acompanhado por uma promessa ou voto para
louvar a Deus quando o livramento vier (20.22).
e) Salmos Reais
Esses salmos são reconhecidos mais pelo seu conteúdo do que
simplesmente pela sua forma poética. Normalmente, registram alguma
experiência na vida de reis israelitas como sua coroação e os aniversários
(2, 72, 101, 110), casamento (45), intercessões antes e depois de batalhas
(18, 20, 21, 89, 144), ou subjugação de nações inimigas (2,68). Além dos
aspectos reais históricos refletidos, esses salmos foram usados como
veículos para a apresentação da esperança messiânica de seus inspirados
autores.
f) Salmos Litúrgicos
Os salmos litúrgicos foram obviamente confeccionados para
leitura ou canto público, usualmente de maneira antifônica em que duas
metades do grupo respondiam alternadamente ao ler ou cantar. Outra
prática foi usar uma série de perguntas e respostas, segundo a qual os
sacerdotes faziam perguntas, e a congregação oferecia respostas através
de recitação ou do cantar de um salmo, (Sl 136).
g) Salmos de Confiança
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Esses salmos fazem afirmações fortes de confiança pessoal em
Deus. (Salmos 23, por exemplo). São semelhantes às seções de
confiança nos salmos de lamento. A maioria dos cristãos encontra seus
salmos favoritos nesta categoria.
h) Salmos de Sabedoria
São Salmos usualmente identificados pelos seus fortes e curtos
ditos, semelhantes àqueles encontrados no livro de Provérbios. (Sl
1,32,34,37,49,73,112,119,127,128,133). Os interesses desses Salmos
são os mesmos compartilhados pelos livros de sabedoria como Jó,
Provérbios e Eclesiastes. De modo especial, tratam da questão de
retribuição divina e recompensas, e o problema da prosperidade do
ímpio.
i) Salmos Mistos
Muitos dos salmos são mistos, não cabendo plenamente em uma
categoria ou outra. (Sl 14, 25, 31, 32, 39, 40, 73, 78, 92, 94). Seções
específicas de tais salmos podem ser identificadas com uma das
categorias, enquanto outras de suas partes cabem em outras categorias.
A identificação dos tipos pode ser de ajuda na interpretação de sua
mensagem. O Salmo 19 serve de exemplo: 19.1-6 trata da revelação de
Deus proveniente da natureza, enquanto 19.7-14 celebra as qualidades da
Lei.
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e) Salmos referentes à Palavra de Deus: 19.7-14 e 119, sendo este
último um poema acróstico, desenvolvido usando o alfabeto hebraico
como esquema.
f) Salmos de angústia e sofrimento: 37, 42, 43, 49, 77, 90, 109 e
137.
g) Salmos de segurança: 3, 4, 11, 20, 23, 27, 31, 36, 46, 52, 57, 61,
62, 85, 91, 108, 121, 125 e 126.
h) Salmos de exuberante louvor: 87, 103, 107, 114, 139 e 150.
i) Salmos em celebração dos grandes atos de Deus: 78 e 105.
j) Salmos reais e messiânicos.
1) O rei de Israel como o ungido de Deus: 2, 20, 21, 45, 72 e
110.
2) O rei ideal como sacerdote de Deus: 110. (Cf. Zacarias 6.9-
15).
24
Compilação
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durante um período de uns 1.000 anos, começando no tempo de Moisés e
estendendo-se além do retorno do exílio babilônico.
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13) Foi glorificado e recebeu domínio sobre tudo (8:5-8).
14) Recebeu o reinado (2:6; Sl 110).
15) Destruirá as nações que lhe opõem (2:8, 9; 45:3-5).
16) Tem um casamento real; designará príncipes na terra (45:2, 6-
17).
17) Seu domínio sobre a terra será justo e compassivo (Sl. 72).
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dúvida, de inimigos, de perigos; mas há também os Salmos que falam de
alegria, conforto, certezas e comunhão.
Os salmistas são pessoas que têm comunhão com Deus e mostram
todo o seu relacionamento em forma de palavras. Foram tão profundas as
suas palavras que se tornaram Escritura Sagrada (...). Cabe agora
destacar aqueles ensinos que são principais no livro dos Salmos e que
devem ficar bem gravados em nossas mentes.
Os salmos não devem ser lidos apenas como belos poemas, mas
como mensagens de Deus para o nosso dia-a-dia tão conturbado pelos
acontecimentos. O mesmo Deus que inspirou os escritores poetas, irá
também fazer com que Sua mensagem seja praticada por nós.
Os Salmos falam sobre as Escrituras (1, 19, 119)
O crente deve se deixar guiar pela vontade de Deus. Essa, está
expressa nos ensinamentos das Escrituras. O Salmos 1 ensina que os que
querem ser felizes devem buscar meditação na Lei do Senhor, a sua
fonte, de dia e de noite.
Não devem ser os ímpios os nossos motivadores para a felicidade.
Quem buscar a plena realização como ser humano, deve procurar o
sentido da vida na Palavra de Deus. O Salmo 19 ensina as características
da Lei do Senhor e o que ele faz por nós. A palavra de Deus tem um
poder extraordinário para transformar vidas. Só quem faz dela a sua
companheira no dia-a-dia é que pode afirmar o quanto isso é verdade.
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A comunhão com Deus não é assunto só de livros sobre
meditação, como se fosse uma coisa possível somente aos outros e nunca
a nós. Os Salmos mostram como podemos ter comunhão com Deus.
As experiências do passado, na vida do salmista, em que
experimentou a presença de Deus, o fez forte para ter esperança no
futuro.
Os salmos mostram uma predileção muito grande pelo templo
como lugar em que se experimentava a comunhão com Deus, porque ele
representava a presença de Deus entre o seu povo.
Estar nele era estar com o Senhor. Sabemos que a adoração
verdadeira não depende só de um templo, mas não significa que o templo
não tenha importância nenhuma. A comunhão com Deus é expressa
também na comunhão com os irmãos. É preciso que a comunhão seja
constantemente alimentada através da oração e da meditação na Palavra
de Deus.
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Os Salmos profetizam a vinda do Messias (2, 45, 72, 89, 110)
O olhar do salmista está voltado para o futuro, quando Deus iria
irromper na história, cumprindo todas as Suas promessas.
O Messias fazia parte essencial dessa promessa, pois seria ele que
iria cumprir a vontade de Deus em relação a tudo aquilo que disse a
respeito do futuro de Seu povo e toda a humanidade.
O reino do Messias iria trazer a justiça e a paz entre os homens. A
esperança era que o estado de injustiça e opressão deixasse de existir, e o
Messias trouxesse, na Sua glória e poder, a harmonia entre os homens,
para que os aflitos, oprimidos e necessitados fossem libertos, supridos e
abençoados.
Os Salmos, então, contam a esperança de um futuro melhor para o
homem. Ensinam, porém, que o homem mesmo não fará isso; era preciso
alguém enviado por Deus para cumprir esse ideal.
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um parente, o emprego ou mesmo um bem. Estamos dispostos, como o
apóstolo Paulo, a dizer “em tudo daí graças”?
31
não deve ser o de fazer com que a pessoa apareça, mas o de glorificar a
Deus.
A vida cristã não é só louvor entre as quatro paredes da Igreja
(templo), mas é também o serviço aos que estão no vazio espiritual e
necessitados de ouvir a mensagem do Evangelho e de sua mão amorosa
que os tire da desgraça onde se encontram.
O mundo caminha rápido para o inferno, enquanto muitos de nós,
lentamente, pensamos que a vida cristã se resume em cânticos religiosos.
O louvor deve nos conduzir ao cumprimento da missão que temos.
Existem muitas pessoas que têm uma ideia muito errada da vida cristã
que somente participam do culto na hora do louvor. No momento em que
está havendo a pregação saem para fazer outra coisa. Este
comportamento é muito observado em congressos.
Está havendo um louvor genuíno? Se não está conduzindo os
ouvintes a servir cada vez mais, e melhor ao Senhor, alguma coisa está
errada.
32
os címbalos sonoros; louvai-O com címbalos altissonantes. Tudo quanto
tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor!”
TIRANDO DÚVIDAS
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Deus considera o não nascido como um perfeito ser humano. E
tomar deliberadamente a vida de um ser humano inocente é assassinato
altamente covarde, pois não há defesa.
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ATIVIDADES DE APOIO
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LIVRO DE PROVÉRBIOS
Data e autores
Conteúdo de Provérbios
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Contrasta isso com a falta de sabedoria e suas consequências: o
sofrimento e por fim a morte (1:28-32; 7:24-27; 8:36). Considerando a
infinidade de situações e possibilidades que se apresentam na vida,
fornece um estudo fundamental da conduta humana e de suas
consequências no presente e no futuro.
As palavras contidas em Provérbios 1:7 constituem o tema do livro
inteiro: “O temor de Deus é o princípio do conhecimento”. Em todas as
ações é preciso levar em consideração a visão de Deus a respeito.
Há advertências contra a má companhia, contra rejeitar a
disciplina de Deus e contra as relações ilícitas com mulheres estranhas
(1:10-19; 3:11, 12; 5:3-14; 7:1-27). Duas vezes, a sabedoria é descrita
como estando em lugares públicos, podendo ser assim obtida e estando
disponível (1:20, 21; 8:1-11).
Ela é personificada; fala com solicitude aos inexperientes e até dá
esclarecimentos sobre a criação da terra (1:22-33; 8:4-36). Que livro
notável é! Essa parte termina com o tema inicial, que “o temor de Deus é
o início da sabedoria” (9:10).
Do começo ao fim, argumenta que o reconhecimento de Deus em
todos os nossos caminhos, junto com nossa aderência à sua justiça, é o
caminho da vida, e pode resguardar-nos de tantas coisas indesejáveis.
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Que tesouro de conselhos a recorrer para orientação sadia sobre
assuntos do dia a dia! Para alguns, diversos desses itens podem parecer
sem importância, mas notamos aqui que a Bíblia não negligencia as
nossas necessidades, mesmo nas coisas aparentemente pequenas. Nisto,
o livro de provérbios é de valor inestimável.
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Na fase final, o acróstico faz uma descrição clássica da esposa
capaz. Descreve em pormenores, as qualidades dela, falando que ela é de
grande valor e inspira confiança e é uma recompensa para seu marido.
As qualidades dela incluem que é trabalhadeira, levanta-se cedo,
compra com discernimento, é bondosa para com os pobres, é precavida,
fala com sabedoria.
Também, ela é atenta, seus filhos a respeitam e seu marido a
louva. Acima de tudo, ela teme a Deus.
Álefe. Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede
o de rubis.
Bete. O coração do seu marido está nela confiado, e a ela nenhuma
fazenda faltará.
Guímel. Ela lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.
Dálete. Busca lã e linho e trabalha de boa vontade com as suas
mãos.
Hê. É como o navio mercante: de longe traz o seu pão.
Vau. Ainda de noite, se levanta e dá mantimento à sua casa e a
tarefa às suas servas.
Zain. Examina uma herdade e adquire-a; planta uma vinha com o
fruto de suas mãos.
Hete. Cinge os seus lombos de força e fortalece os braços.
Tete. Prova e vê que é boa sua mercadoria; e a sua lâmpada não se
apaga de noite.
Jode. Estende as mãos ao fuso, e as palmas das suas mãos pegam
na roca.
Cafe. Abre a mão ao aflito; e ao necessitado estende as suas mãos.
Lâmede. Não temerá, por causa da neve, porque toda a sua casa
anda forrada de roupa dobrada.
Mem. Faz para si tapeçaria; de linho fino e de púrpura é a sua
veste.
Num. Conhece-se o seu marido nas portas, quando se assenta com
os anciãos da terra.
Sâmeque. Faz panos de linho fino, e vende-os, e dá cintas aos
mercadores.
Ain. A força e a glória são as suas vestes, e ri-se do dia futuro.
Pê. Abre a boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua
língua.
Tsadê. Olha pelo governo de sua casa e não come o pão da
preguiça.
Cofe. Levantam-se seus filhos, e chamam-na bem-aventurada;
como também seu marido, que a louva, dizendo:
Rene. Muitas filhas agiram virtuosamente, mas tu a todas és
superior.
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Chim. Enganosa é a graça, e vaidade, a formosura, mas a mulher
que teme ao Senhor, essa será louvada.
Tau. Dai-lhe do fruto das suas mãos, e louvem-na nas portas as
suas obras.
TIRANDO DÚVIDAS
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ATIVIDADES DE APOIO
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LIVRO DE ECLESIASTES
O nome do livro
É chamado Koheleth na Bíblia Hebraica, e este título foi tirado da
sua sentença inicial: “Palavras de Koheleth, filho de Davi, rei de
Jerusalém”. É designado “Eclesiastes” na Septuaginta e na Vulgata.
Koheleth vem de uma raiz verbal que significa “chamar”, no sentido de
“convocar” uma congregação, por implícito, para lhe pregar.
É um substantivo comum ao invés de nome particular. Uma vez
levando-se em conta o contexto histórico, “O Pregador” não teria sido
igual ao pregador cristão, senão em sentido basilar.
A natureza do livro
Os rabinos debatiam a autoridade do livro por acharem que
aparenta algumas contradições e uma perspectiva humanista e quase
cínica. Assim, o livro teve grande dificuldade para ser aceito no cânon
judaico.
O veredicto afirmativo do mestre Hillel, em cerca de 15 a.C.,
finalmente venceu a postura contrária do mestre Shammai. Líderes
cristãos, por sua vez, debatiam seu lugar no cânon pelo menos até o
tempo de Teodoro de Mopsuéstia em aproximadamente 400 d.C. (44).
O povo, entretanto, tanto judeu como cristão, o tinha aceitado,
porque falava aos seus sentimentos humanos, experimentado de vez em
quando, de ceticismo e contradições (45). Infelizmente, o povo, às vezes,
se mostra mais sensível à verdade do que os líderes religiosos.
“O livro de Eclesiastes é um monólogo dramático, apresentando as
complicadas experiências da vida; estas vozes estão em conflito, porém
apresentam ou retratam o conflito de uma simples alma em guerra
consigo mesma (...). Assim, o livro (...) é deliberadamente de uma
confusa intenção, porque é o quadro de experiências confusas de uma
alma dividida contra si mesma”.
O propósito do livro
43
É de se questionar “que proveito tem o homem, de todo o seu
trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?” (1.3). Ele questiona as
respostas comumente dadas à indagação, indicando suas experiências em
tais aproveitamentos da vida terrena. Ele anuncia desde o início a sua
conclusão quanto ao valor permanente dos alvos normalmente
procurados pelos homens: “(...) tudo é vaidade” [literalmente que indica
futilidade] (1.2).
Mas, mesmo assim ele afirma no fim que o melhor proveito é
temer a Deus e guardar os mandamentos dele (12.13). Dessa maneira, o
sábio autor indica que, embora o homem inteligente levante questões
sobre o que Deus está fazendo e o que a vida vale, o homem realmente
sábio reconhece que os caminhos de Deus são, em última análise, altos
demais para o entendimento dos homens, e esses, portanto, não têm
capacidade para julgar a Deus.
O livro de Eclesiastes foi escrito com um objetivo elevado. Na
qualidade de líder de um povo dedicado a Deus, Salomão tinha a
responsabilidade por meio dos conselhos sábios contidos em Eclesiastes.
Em Ec 1:1, ele se refere a si mesmo como o “congregante”. No
hebraico, esta palavra é Qo•hé•leth, e na Bíblia hebraica o livro recebe
esse nome.
A Septuaginta dá o título de Ek•kle•si•a•stés, que significa “um
membro de uma eclésia (congregação; assembleia)”, do qual deriva o
nome português Eclesiastes. Entretanto, a tradução mais apropriada de
Qo•hé•leth é “O Congregante”, e esta designação é também mais
adequada para Salomão. Expressa o objetivo de Salomão ao escrever
esse livro.
Em que sentido foi o Rei Salomão um congregante, e a que
congregou pessoas? Ele foi o congregante de seu povo, os israelitas, e
dos companheiros destes, os residentes temporários. Congregou todos
esses para a adoração ao Senhor seu Deus.
Antes, ele havia construído o templo de Deus, em Jerusalém e, na
ocasião da dedicação desse templo, ele havia convocado ou congregado
todos eles para a adoração do Senhor Deus (1 Reis 8:1). Agora, por meio
de Eclesiastes, procurava congregar o seu povo para obras dignas,
desviando-o das obras vãs e infrutíferas deste mundo, (Ec 12:8-10).
Embora não se diga especificamente que Salomão foi o escritor,
diversas passagens são bem conclusivas nesse sentido. O congregante se
apresenta como “filho de Davi”, que ‘veio a ser rei sobre Israel, em
Jerusalém’. Isso só poderia se aplicar ao Rei Salomão, pois os seus
sucessores, em Jerusalém, reinaram apenas sobre Judá.
Além disso, conforme o congregante escreve: “Eu mesmo
aumentei grandemente em sabedoria, mais do que qualquer outro que
veio a estar antes de mim em Jerusalém, e meu próprio coração tem visto
44
muita sabedoria e conhecimento” (1:1,12,16). Isso se ajusta a Salomão.
Eclesiastes 12:9 nos diz que ele “ponderou e fez uma investigação cabal,
a fim de pôr em ordem muitos provérbios”.
O rei Salomão proferiu 3.000 provérbios (1Reis 4:32). Eclesiastes
2:4-9 fala do programa de construção do escritor; de seus vinhedos, dos
jardins e parques; do sistema de irrigação. de ter adquirido servos e
servas. de ter acumulado prata e ouro e de outras consecuções. Tudo isto
Salomão fez. Quando a rainha de Sabá viu a sabedoria, a prosperidade e
a organização de Salomão, ela disse: “Não se me contou nem a metade”.
1Reis 10:7. O livro identifica Jerusalém como o lugar da escrita,
ao dizer que o congregante era rei “em Jerusalém”. O tempo da escrita
deve ter sido perto do fim do reinado de 40 anos de Salomão, depois de
se ter empenhado nos numerosos empreendimentos referidos no livro,
mas antes de sua queda na idolatria.
Por volta desse tempo, ele já havia adquirido conhecimento
extensivo das atividades deste mundo e do empenho deste por vantagens
materiais. Nessa época, ele ainda estava no favor de Deus e sob Sua
inspiração.
Como podemos ter certeza de que Eclesiastes é ‘inspirado por
Deus’? Sem a mínima dúvida, defende a verdadeira adoração a Deus.
Encontramos ali repetidas vezes a expressão ha•‘Elo•him, “o verdadeiro
Deus”. Objeção talvez seja levantada dizendo-se que não há citações
diretas de Eclesiastes nos outros livros da Bíblia.
Contudo, os ensinamentos apresentados e os princípios expressos
no livro estão em perfeita harmonia com o resto das Escrituras. Eis o que
declara o Commentary de Clarke, Volume III, página 799: “O livro,
intitulado Koheleth, ou Eclesiastes, foi sempre aceito, tanto pela igreja
judaica como pela cristã, como tendo sido escrito sob inspiração do
Todo-Poderoso, e foi considerada devidamente parte do cânon sagrado”.
CONTEÚDO DE ECLESIASTES
45
o vento”. Ele chega a ‘odiar a vida’, a vida cheia de calamidades e de
empreendimentos materialistas, (1:14; 2:11, 17).
Para tudo há um tempo designado — sim, Deus fez tudo “bonito
no seu tempo”. Ele deseja que suas criaturas desfrutem a vida sobre a
terra. “Vim saber que não há nada melhor para eles do que alegrar-se e
fazer o bem durante a sua vida; e também que todo homem coma e
deveras beba e veja o que é bom por todo o seu trabalho árduo”. É a
dádiva de Deus. Mas, infelizmente, para o homem pecador e para o
animal há o mesmo evento consequente: “Como morre um, assim morre
o outro; e todos eles têm apenas um só espírito, de modo que não há
nenhuma superioridade do homem sobre o animal, pois tudo é vaidade”,
(3:1, 11-13, 19).
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O mesmo evento consequente para todos (8:1-9:12)
“Guarda a própria ordem do rei”, aconselha o congregante, mas
ele observa que, visto que a sentença contra o trabalho mau não é
executada prontamente, “o coração dos filhos dos homens ficou neles
plenamente determinado a fazer o mal” (8:2, 11).
Ele próprio gaba a alegria, mas há outra coisa calamitosa! Toda
sorte de homens segue o mesmo caminho — da morte!
Os vivos estão cônscios de que morrerão, os “mortos, porém, não
estão cônscios de absolutamente nada... Tudo o que a tua mão achar para
fazer, faze-o com o próprio poder que tens, pois não há trabalho, nem
planejamento, nem conhecimento, nem sabedoria no Seol, o lugar para
onde vais”, (9:5, 10).
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As atividades calamitosas são as que não levam em conta a Deus.
Um pai pode ajuntar riquezas para seu filho, mas um desastre destrói
tudo e nada lhe resta. Seria muito melhor providenciar uma herança
duradoura de riquezas espirituais. É calamitoso possuir uma abundância
e não poder usufruí-la. A calamidade sobrevém a todos os ricos do
mundo quando ‘se vão’, de mãos vazias, na morte. (5:13-15; 6:1,2).
Que é Eclesiastes? A palavra significa “homem de assembleia”,
podendo ser o homem que convoca uma assembleia religiosa (Números
10:7), ou aquele que é seu porta-voz ou pregador.
Nosso porta-voz não é um sacerdote que fizesse uso da lei, nem
um profeta que fizesse uso da palavra, mas um sábio que fazia uso do
conselho (Jeremias 18:18), grande parte de cuja obra se assemelha ao
livro dos Provérbios, do mesmo escritor.
De Ec 1:1 se deduz geralmente que se trata de Salomão, o
primeiro dos sábios de Israel (12:9, 11; também 1Reis 3:12; 4:29-34);
pelo menos, pensava-se que parte do livro refletia as experiências do
Sábio.
Entretanto, poderíamos perguntar se Salomão, o terceiro rei de
Israel, empregou alguma vez em sua história o tempo gramatical
pretérito para dizer: “Fui rei sobre Israel em Jerusalém”, (1:12).
Teríamos confessado como ele o fez, que a sabedoria “ainda
estava longe de mim?” (7:23) Quando esse pregador escreveu?
Evidentemente, quando a Nação de Israel vivia angustiada sob o jugo do
opressor (possivelmente a Pérsia, entre os anos 444 e 331 a.C.). Onde?
Perto da casa de Deus (5:1). Os conhecimentos do mundo demonstrados
no livro poderiam ter sido adquiridos ali mesmo em Jerusalém.
A quem se dirige o livro? Embora escrito em hebraico, os traços
distintivos de Israel são poucos. Nunca se emprega o nome de Deus
associado com o concerto ou aliança; Israel é mencionado uma única
vez. O autor fala aos filhos dos homens, e por fim à humanidade toda.
Apontado para a estultícia natural do homem e sua ignorância, prepara o
caminho para a sabedoria e para a luz do evangelho.
Por que esse livro consta do cânon? Os rabinos punham em dúvida
a consequência do escritor; porém, o livro já figurava em suas Bíblias.
Não vemos aqui um otimismo cego: existem muitíssimos problemas
sérios da vida para justificar otimismo.
Não vemos aqui, tampouco, um pessimismo cínico, visto que o
autor é crente no Deus da justiça (8:12, 13).
Temos aqui um penetrante realismo que faz frente à alegria e à
fúria, aos triunfos e às derrotas, um jogo de luz e sombras, e termina
afirmando que tudo é vaidade (1:2; 12:8). Contudo, paradoxalmente, a
vida toda do homem deve reverenciar e obedecer a Deus, uma vez que é
a ele que finalmente prestaremos contas (12:13, 14).
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A mensagem final do livro de Eclesiastes
TIRANDO DÚVIDAS
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IBADEG - Instituto Educacional e Teológico do Gama
ATIVIDADES DE APOIO
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IBADEG - Instituto Educacional e Teológico do Gama
LIVRO DE CANTARES
NOME DO LIVRO
TENTATIVAS DE INTERPRETAÇÃO
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Aliás, a sacralidade do matrimônio ultrapassa a mentalidade do
Antigo Testamento: tanto em Israel como em todo o Oriente antigo, o
matrimônio não era religioso nem público; era assunto privado entre
duas famílias. O Antigo Testamento trata dele apenas de passagem, com
toda a clareza, sem enigmas e sem mistério.
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Como em longa parábola, descreve-se ali o amor com a linguagem
figurada da aliança, para mostrar, como modelo de toda união conjugal,
o amor de Deus por Seu povo - Paulo falará do amor de Cristo por Sua
Igreja (Ef 5).
MENSAGEM TEOLÓGICA
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A experiência fundamentalmente humana do amor conjugal passa
a ter, em nível coletivo, o sentido de parábola da presença definitiva do
príncipe messiânico no meio de Seu povo na Terra Prometida.
As reiteradas descrições da mútua complacência dos noivos
manifestam na perspectiva da nova aliança, o retorno da vida natural e
feliz do povo de Deus.
O Cântico preconiza uma Era de Paz entre indivíduos e entre
povos, entre Israel e os pagãos, entre homens e animais.
Nesse ambiente de paz, o jardim tem especial significado (4.13),
rico em fontes, árvores frutíferas e ornamentais e plantas aromáticas,
suntuoso como um parque real persa, reservado ao príncipe e sua nobre
comitiva.
Ao abrir-se o jardim para o noivo, este se sente como um príncipe
magnífico como Salomão. Esse jardim, que lembra o paraíso da
felicidade inicial (Gn 2.8-25), é o ambiente próprio para os noivos,
singelamente descritos em sua nudez natural, manifestarem a suave
harmonia entre homem e mulher, na irresistível atração mútua,
profundamente arraigada na lei da recíproca complementação pessoal.
Assumindo-se um ao outro para serem “dois em uma só carne”
(Gn 2.24), a delicadeza e ternura da mulher não é fraqueza, nem a
robustez e valentia do homem é prepotência: se o homem é a segurança
da mulher, essa é a humanização do homem; juntos e unidos expressam a
plenitude da natureza humana. A missão de ambos é, em sua
diferenciação, plenamente humana e de igual dignidade.
No Cântico, a mulher não é escrava nem objeto de prazer do
homem, como entre os povos do antigo Oriente, mas, na versão do
Gênesis (2.23), é sua companheira a quem consagra toda a dedicação.
Sem necessidade de idealizar a mulher - como para corrigir sua “posição
inferior” e neutralizar a inconsciente discriminação - o autor caracteriza
o “eterno feminino” com a fisionomia conhecida pela experiência
humana de todos os tempos: por ela “o homem abandona pai e mãe para
unir-se à sua mulher” (Gn 2.24).
O amor conjugal é, na terra, o mais forte, triunfando até mesmo do
amor filial. No Cântico, o mistério homem/mulher é visto, não como
privilégio do estado paradisíaco, nem como exigência de uma carência
existencial, mas como lei perpétua, impressa na natureza humana, por
sábia disposição da bondade do Criador que, na aliança com o povo
eleito, revelou o modelo de todo amor.
O rei Salomão, de Jerusalém, foi o escritor desse cântico, segundo
indicado na introdução. Estava altamente qualificado para escrever este
supremamente belo exemplo de poesia hebraica (lReis 4:32).
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É um poema idílico, de grande significado e muito expressivo na
sua descrição de beleza. O leitor que puder visualizar o cenário oriental
apreciará isto ainda mais (Cântico dos Cânticos 4:11, 13; 5:11; 7:4).
A ocasião para a sua escrita era ímpar. O grande rei Salomão era
glorioso em sabedoria, forte em poder e deslumbrante em brilho de
riqueza material. Ele suscitou até mesmo a admiração da rainha de Sabá,
não conseguiu impressionar uma jovem simples do interior por quem se
enamorou. Por causa da constância de seu amor por um jovem pastor, o
rei não obteve êxito. Portanto, o livro bem poderia ser chamado de “O
Cântico do Amor Frustrado de Salomão”.
Deus o inspirou a compor esse cântico para o proveito dos leitores
da Bíblia das eras futuras. Ele o escreveu em Jerusalém. Talvez isso se
tenha dado por volta de 960 a.C., alguns anos depois de terminar a
construção do Templo.
Na época em que escreveu esse cântico, Salomão tinha "sessenta
rainhas e oitenta concubinas", ao passo que no fim do seu reinado
possuía "setecentas esposas, princesas e trezentas concubinas", (Cântico
dos Cânticos 6:8; 1Reis 11:3).
Nos tempos antigos, a canonicidade do Cântico de Salomão era
absolutamente incontestada. Muito antes de Cristo, era considerado
inspirado e parte integrante do cânon hebraico. Foi incorporado à
Septuaginta. Josefo o incluiu no seu catálogo dos livros sagrados.
Por conseguinte, tem as mesmas comumente citadas evidências de
autenticidade que quaisquer outros livros das Escrituras Hebraicas.
A canonicidade desse livro é, porém, contestada por alguns sob o
pretexto de que não há nele menção de Deus. O fato de não mencionar
Deus não desqualifica o livro, assim como a mera presença da palavra
“Deus” não o tornaria canônico. No entanto, no capítulo 8, versículo 6,
diz que o amor é “a chama do Senhor”.
Esse livro inquestionavelmente faz parte dos escritos aos quais
Jesus Cristo se referiu com aprovação, ao dizer: “Pesquisais as
Escrituras, porque pensais que por meio delas tereis vida eterna.”
(João.5:39) Além do mais, sua poderosa descrição da sublime qualidade
de amor mútuo, tal como existe em sentido espiritual entre Cristo e sua
“noiva”, distingue o Cântico de Salomão e lhe dá um lugar sem igual no
cânon da Bíblia, (Ap 19:7,8; 21:9).
A matéria do livro é apresentada na forma de uma série de
conversas. Há constante mudança de personagens. As pessoas que
desempenham o papel das partes faladas são Salomão, rei de Jerusalém,
um pastor, sua amada sunamita, os irmãos dela, as damas da corte
(“filhas de Jerusalém”) e as mulheres de Jerusalém (“filhas de Sião”).
(Cânticos 1:5-7; 3:5,11).
56
São identificadas por aquilo que elas próprias dizem ou pelas
palavras dirigidas a elas. O drama se desenrola perto de Suném onde
Salomão está acampado com sua comitiva da corte. Expressa um tema
comovente — o amor de uma jovem sunamita pelo seu companheiro
pastor.
Esse é o título que o próprio texto hebraico atribui a esse livro.
Significa o melhor ou o mais grandioso dos cânticos. Salomão escreveu
três mil provérbios e foram seus cânticos mil e cinco (lRs 4.32).
A jovem aparece nas tendas reais, onde o rei a introduziu, mas ela
só anseia ver seu amado pastor. Com saudades do seu amado, ela fala
como se ele estivesse presente. As damas da corte (“filhas de
Jerusalém”), que assistem o rei, olham curiosamente para a sunamita por
causa da sua tez morena e dizem: Você é adorável (1.9). Quão adoráveis
são suas faces e o seu pescoço (1.10).
Seus olhos são suaves como pombas (1.15). Ela explica que está
queimada do sol por cuidar dos vinhedos de seus irmãos. Daí, fala ao seu
amado como se ela estivesse livre, e pergunta onde o pode encontrar. As
damas da corte mandam-na ir pastorear o seu rebanho perto das tendas
dos pastores.
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“Sou apenas um açafrão da planície costeira”, diz ela. Seu amado
pastor a julga incomparável: “Como lírio entre as plantas espinhosas,
assim é minha companheira entre as filhas”, (2:1,2).
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a) Os teus olhos são como os das pombas (Ct 4.1a).
b) Os teus cabelos são como o rebanho de cabras (Ct 4.1b).
c) Os teus dentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas (Ct
4.2).
d) Os teus lábios são como um fio de escarlata (Ct 4.3a).
e) As tuas frontes são como a romã entre as tuas tranças (Ct 3b).
f) O teu pescoço é como a torre de Davi (Ct 4.4).
g) Os teus dois peitos são como dois filhos gêmeos da gazela (4.5).
h) Esposa minha! Melhores são os teus amores do que o vinho!
(4.10a).
i) Teu Perfume é mais fragrante dos que as finas especiarias! (Ct
4.10b).
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‘O que vê em mim?’ - Pergunta ela. Salomão tira partido de sua
pergunta ingênua e lhe diz quão bela ela é, dos pés à cabeça, mas a
donzela repele os avanços dele. Declara corajosamente sua devoção a
seu pastor, clamando para que ele venha.
Pela terceira vez diz às filhas de Jerusalém que estão sob
juramento de não despertarem nela um amor não espontâneo. Salomão a
deixa partir. Fracassou em conquistar o amor da sunamita.
Os irmãos dela veem ela se aproximar, mas ela não está sozinha.
Está “encostando-se no seu querido”. Ela relembra ter conhecido seu
amado debaixo de uma macieira e declara o seu inquebrantável amor por
ele.
São mencionados alguns comentários anteriores de seus irmãos
sobre a preocupação destes a respeito dela quando “pequena irmã”, mas
ela diz que revelou ser mulher madura e estável (8:8). Que seus irmãos
consintam agora no seu casamento.
O rei Salomão pode ficar com a sua riqueza! Ela se contenta com
o seu único vinhedo, pois ama alguém que lhe é exclusivamente querido.
No seu caso, seu amor é tão forte quanto à morte, e suas labaredas
como “a chama de Deus”. A insistência na devoção exclusiva, “tão
inexorável como o Seol”, triunfou e conduziu à elevação sublime de
união com seu amado pastor, (8: 5 ,6).
O livro de Cantares termina com um convite da sunamita ao seu
amado, lembrando os primeiros dias felizes de vida em comum.
Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu
braço, porque o amor é forte como a morte e duro como a sepultura o
ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, labaredas do Senhor. As muitas
águas não poderiam apagar esse amor, nem os rios afogá-la; ainda que
alguém desse toda a fazenda de sua casa por esse amor, certamente a
desprezariam.
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IBADEG - Instituto Educacional e Teológico do Gama
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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PACKER J. J. - MERRIL C. Tenney - WILLIAN; RHYMER,
Joseph. Atlas Ilus-
trado do mundo bíblico. São Paulo: Editora Círculo do
Livro S.A. 1985.
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