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Finalização Do TCC 2 - (Ias e Ellen)

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UNIÃO DAS FACULDADES CATÓLICAS DE MATO GROSSO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

ELLEN DO NASCIMENTO
IASMIN CARVALHO PINTO

USO EXCESSIVO DAS REDES SOCIAIS E SEUS IMPACTOS NA


SAÚDE MENTAL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DA TERAPIA
COGNITIVO COMPORTAMENTAL

CUIABÁ – MT
2022/2
ELLEN DO NASCIMENTO
IASMIN CARVALHO PINTO

USO EXCESSIVO DAS REDES SOCIAIS E SEUS IMPACTOS NA


SAÚDE MENTAL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DA TERAPIA
COGNITIVO COMPORTAMENTAL

Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao


curso de Psicologia da União das Faculdades
Católicas de Mato Grosso – UNIFACC – Campus
Cuiabá, requisito obrigatório para conclusão do
curso de graduação e obtenção do título de
Bacharel em Psicologia.

Orientador(a): Me. Pedro Ribeiro S. Mathias.

CUIABÁ – MT
2022/2
Último nome, Taffarel Eloi de (1° autor)

Título do Trabalho./ Taffarel Eloi de Moura– Cuiabá, 2021.

59f.:

Orientador: Prof. Dr. Genaro Zenaide Clericuzi.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) União das


Faculdades Católicas de Mato Grosso UNIFACC - Campus Cuiabá.

1. Adsorção 2. Argila bentonita 3. Banho finito 4. Isoterma 5. Modelo de


Freundlich I. Título.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na União das Faculdades


Católicas de Mato Grosso - UNIFACC - como requisito para conclusão
do curso de graduação como Bacharel em Psicologia. Qualquer citação
atenderá às normas éticas científicas.

_____________________________
Ellen do Nascimento
_____________________________
Iasmin Carvalho Pinto

Apresentado em: / / .

_____________________________________________
Orientador(a) Prof.ª. XXXXXXXXXXXXXX

_____________________________________________
1º Examinador Prof. Titulação. Nome

_____________________________________________
2° Examinador Prof. Titulação. Nome

____________________________________________
Coordenadora Prof.ª. Ma. Cinthya Cardozo da Silva Sposito
DEDICATÓRIA (ELLEN)

Dedico este trabalho a Deus, pois sem ele nada seria possível. Posteriormente, agradeço ao
meu irmão Murilo (in memoriam), que me ensinou como se reeguer diante das adversidades
da vida, visto que a sua passagem pela terra foi resiliência e de perdão. Também quero
dedicar este trabalho a minha amiga, Gleice (in memoriam), a qual durante a nossa jornada de
estudos deu apoio e auxílio nos meus trabalhos acadêmicos, mesmo sem ela saber que eu es-
tava em dia ruim, ela estendia a mão e conversava comigo todos os dias, me tirando daquele
lugar de esgotamento emocional. Sendo assim, sou eternamente grata.
DEDICATÓRIA(IASMIN)

Dedico este trabalho ao Deus da minha vida, sem ele jamais iria conseguir. Tenho a minha
eterna gratidão a amiga Gleice (in memoriam), pelo amor dedicado a mim. Agradeço a minha
parceira de trabalho, Ellen, por ser a minha inspiração, aos meus familiares e amigos e, em
especial, ao meu namorado pelo incentivo.
AGRADECIMENTOS (ELLEN)

Primeiramente а Deus, pоr ser essencial еm minha vida, autor dе mеυ destino, mеυ guia, so-
corro presente nа hora dа angústia, o maior mestre que existe.
A minha mãе Jacinta е аоs meus irmãos, “in memoriam”, Murilo, meu marido Paulo Marcos,
meus filhos Evillin, Paulo Filho e Hadassah e toda a minha família tios, sobrinhos e cunhados
(as) que fizeram de tudo para me ajudar a obter o diploma dos meus sonhos com tanto amor e
apoio.
Agradeço ao meu coordenador, Professor e orientador Pedro Ribeiro pela grande atenção
dispensada que se tornou indispensável para que o nosso projeto fosse concluído.
Agradeço à professora Elisangela por estar conosco do início ao fim durante a construção
deste projeto. Obrigado pela disponibilidade, sabedoria, as pontuais críticas e todo apoio e
incentivo necessários para conduzir e continuar este projeto.
Expresso minha gratidão a universidade FAUC/UNIFACC, pelo ambiente amigável e
flexível, que proporcionou experiências satisfatória, a todo corpo docente do curso de
psicologia, Carlos Damasceno, Maria de jesus, Leôncio, Carlos Balbino, Maria Helena
figueiredo, Danieli Gurka, Sabrina, me forneceram todas as bases necessárias para a
realização deste trabalho, profunda admiração pelo profissionalismo.
Ao Curso dе psicologia, е aos novos colegas cоm quem convivi nessa etapa ао longo desses
anos. foram experiências incriveis para minha formação acadêmica.
As minhas queridas amigas, Haellem Cruz e Iasmim quero agradecer pelo incentivo, força,
amor e assistência inabalável, Obrigado por todos os conselhos úteis e orientaçoes foram
palavras que me motivaram, as risadas, choros que compartilhei com voces durante esse mo-
mento difícil de vida academica, também me proporcionaram momentos unicos, Obrigado por
tudo. Este TCC também é de vocês anjas.
AGRADECIMENTOS(IASMIN)

Agradeço primeiramente a Deus, por ser o centro de minha vida e a luz que me guia.
Pois, é Ele quem me sustenta e me dá forças para superar as dificuldades. E a Virgem Maria
por ter me guiado até aqui, e por todas as graças recebidas durante esses anos.
Agradeço ao melhor orientador e professor Pedro Ribeiro, que foi importantíssimo
durante este período de elaboração do projeto, dando todo o auxílio necessário para ter um
melhor desempenho no meu processo de formação profissional e pessoal. Este trabalho não
seria possível sem ele, cuja dedicação, disposição e tamanho conhecimento, foram fundamen-
tais para a conclusão deste projeto.
Agradeço a professora Elisangela por estar conosco do início ao fim, durante a
construção desse projeto. Agradeço pela disponibilidade, inteligência, criticas, por todo apoio
e incentive que foram necessários para realizar e prosseguir essa pesquisa.
A todos os meus professores do curso de Psicologia da Fauc/Unifacc-MT por
transmitir grandes ensinamentos que me permitiram aprender, e se desenvolver
intelectualmente.
Aos meus pais, Edmundo e Rugina, quero agradecer por toda ajuda prestada, pela
confiança no meu progresso e pelo apoio emocional que serviram de alicerce para as minhas
realizações.
A minha irmã, Camila, a minha sobrinha, Rafaela, e meu cunhado, Rafael, que
sempre estiveram ao meu lado, me dando toda assistência, amor e alegria.
A minha querida avô Marly, e meu querido avô Raimundo (in memoriam), que
sempre me apoiaram em qualquer decisão, e me ensinaram valores importantes para toda a
vida.
Ao meu amigo e namorado, por sua paciência e cumplicidade em meus momentos de
desespero, por segurar a minha mão, por me manter firme em minha meta e me lembrar todos
os dias que eu sou capaz. Obrigada por todas as vezes em que contribuiu para a realização dos
meus sonhos, e esteve presente em todos eles.
Agradeço ao meu amigo Willian, pela amizade linda, por toda força e coragem que tem me
proporcionado dado nesses últimos meses.
As minhas amigas, Ellen, Jaqueline e Camila, com quem divido minhas alegrias e
angústias. Agradeço por vocês estarem sempre presente em todos os momentos da minha
vida, e por serem pessoas maravilhosas, que me incentiva, me dá forças e ensina a ser uma
pessoa melhor.
Á minha querida amiga, Gleice (in memoriam), que foi uma pessoa que me inspirou, me
ensinou sempre a ver ao lado bom da vida, e foi uma excelente amiga, que vou levar pra
sempre.
Enfim, agradeço minha família e meus amigos, por todo o carinho, força e
companheirismo ao longo deste percurso.
E o amor se esfriará, de quase todos (MT. 24.2)

“Estamos conectados, sempre conectados...


Conectados com sensibilidade de sentir a dor do próximo. Estamos muito perto de quem está
longe. Estamos muito distantes de quem está ao nosso lado.
A vaidade nos cega de tudo que está acontecendo ao nosso redor. Estamos caminhando rumo
ao fim. Fim do amor ao próximo. Passamos maior parte do tempo curtindo coisas que na
verdade a gente nem curte. A tecnologia nos leva para uma verdadeira matriz. Um mundo
que não existe, nos fazendo ignorar a realidade do nosso lado. Mostramos ser, o que
realmente não somos. Gestos de carinho são chutados a todo tempo. Enquanto alguns estão
em cadeias físicas, muitos estão em cadeias virtuais, na palma da sua mão.
Tudo precisa ser capturado. Amamos o que é para usar. Mas usamos o que Deus fez para
amar. As rodas de amigos não existem mais. As pessoas necessitam estar conectado o tempo
inteiro. Quando se reúnem é apenas para compartilhar a vergonha e a dor do seu próximo.
Julgamos sem saber o que realmente se passa dentro de uma pessoa.
Como dizia Lulu “Assim caminha a humanidade. Hoje em dia até nos piores momentos as
pessoas precisam compartilhar um momento que era apenas para ser vivido.”
A cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no mundo, enquanto isso acontece, existem
milhões só esperando para poder compartilhar. Quem tem sido você?
O The Walking Dead já começou.”

Bruno Tavares
RESUMO
O desenvolvimento da tecnologia tem proporcionado novas realidades, novas formas de ser e
se comportar, além de influenciar as práticas de consumo.  A nova era digital se expandiu e
tornou-se cada vez mais necessário e presente na vida dos usuários, tornando-se uma
ferramenta única para fins de comunicação, entretenimento e relações sociais. Percebe-se que
a dependência digital é um dos impactos dos efeitos negativos do uso excessivo das redes
sociais. Já é possível constatar que o uso compulsivo dessa plataforma ocasiona mudanças em
toda sociedade, fazendo que seja necessário observar quais fatores contribuem para essas
alterações, preferencialmente os danos psicológicos e comportamentais. O presente trabalho
tem como objetivo geral identificar quais os impactos que as redes sociais têm sobre a saúde
mental das pessoas, e como isso pode afetar a vida do sujeito no decorrer do seu cotidiano. Os
objetivos específicos são: a) Analisar sobre os impactos das redes sociais na saúde mental: b)
Discutir sobre a importância do uso consciente da internet; c) Compreender o que é
dependência tecnológica. A abordagem mais utilizada como padrão totalmente eficaz para o
tratamento da dependência tecnológica tem sido a Abordagem Terapia Cognitivo
Comportamental (TCC). Dessa forma, a importância desta pesquisa permite analisar o que
tem ocorrido na sociedade e seu comportamento diante das redes sociais, fazendo com que o
leitor reflita sobre o assunto e de que maneira isso ocorre no próprio ambiente onde convive,
de modo que isso não venha causar danos à saúde psíquica. O método utilizado na pesquisa
foi a qualitativa, de natureza exploratória.   

Palavras-chave: redes sociais, uso excessivo, dependência tecnológica, saúde mental, psicologia.

ABSTRACT
The development of technology has provided new realities, new ways of being and behaving,
in addition to influencing consumption practices. The new digital age has expanded and has
become increasingly necessary and present in the lives of users, becoming a unique tool for
communication, entertainment and social relationships. It is noticed that digital dependence is
one of the impacts of the negative effects of excessive use of social networks. It is already
possible to see that the compulsive use of this platform causes changes throughout society,
making it necessary to observe which factors contribute to these changes, preferably
psychological and behavioral damage. The present work has as general objective to identify
the impacts that social networks have on people's mental health, and how this can affect the
subject's life in the course of his daily life. The specific objectives are: a) To analyze the
impacts of social networks on mental health: b) To discuss the importance of conscious use of
the internet; c) Understand what is technological dependence. The approach most used as a
fully effective standard for the treatment of technological dependence has been the Cognitive
Behavioral Therapy (TCC) Approach. In this way, the importance of this research allows
analyzing what has been happening in society and its behavior in the face of social networks,
making the reader reflect on the subject and in what way this occurs in the very environment
where they live, so that this does not happen. cause damage to mental health. The method
used in the research was qualitative, of an exploratory nature.

Keywords: Social networks, excessive use, technological dependence, mental health,


psychology.
LISTA DE TABELAS E FIGURAS (OPCIONAL)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS (OPCIONAL)

TCC – Terapia Cognitivo Comportamental


TiCs - Tecnologia da Informação e Comunicação
DI – Dependência de Internet
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO.......................................................................................................................7

2. METODOLOGIA...................................................................................................................9

3. DISCUSSÃO E
RESULTADOS...........................................................................................11

3.1. Redes Sociais e Saúde


Mental....................................................................................17

3.2. Uso Excessivo das Redes


Sociais...............................................................................20

3.3. Dependência de Internet.............................................................................................22

4. COMO DETECTAR PROBLEMAS NA SAÚDE MENTAL ATRAVÉS DE


POSTAGENS E COMPORTAMENTO NA
REDE.........................................................................................25

4.1. A Terapia Cognitiva Comportamental Aplicada a Dependência


Tecnológica...........26

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................30

6. REFERÊNCIAS....................................................................................................................32
7

1. INTRODUÇÃO

As redes sociais são uma série de plataformas digitais que permitem a ligação e
interação entre diferentes pessoas, bem como a disseminação ilimitada de informação. Musso
(2006, p.34) define rede social como “uma das formas de representação dos relacionamentos
afetivos, interações profissionais dos seres humanos entre si ou entre seus agrupamentos de
interesses mútuos.” Diante disso, pode-se complementar que é uma estrutura formada por
pessoas que visam estabelecer relacionamentos e se aproximarem com base em seus
interesses comuns, nesse sentido podem operar em diversos níveis, como entretenimento,
relacionamento e profissional. Através de redes sociais é possível realizar diversas ações.
Uma delas é o envio de mensagens instantâneas, ou seja, a comunicação em tempo real, e
também a divulgação de informações com aqueles que são “amigos” ou “seguidores”. Isto
dependerá da rede social específica e das suas características.
Algumas das redes sociais mais populares são Facebook, TikTok, Twitter e Instagram,
todas têm recursos exclusivos, mas a maioria conta também com elementos
semelhantes. Baseiam-se no acesso à Internet, que é uma rede de conexões globais que
permite o compartilhamento instantâneo de dados entre dispositivos eletrônicos. O número
de usuários ativos (os que acessam a rede regularmente) no mundo se aproximou da marca de
5 bilhões de pessoas em janeiro, de acordo com o Estudo Digital 2022: Global Overview
Report, publicado pelo site Datareportal. Isso representa quase 63% da população do mundo.
Segundo o estudo, somente no ano passado, 192 milhões de pessoas se tornaram usuários da
internet, um aumento de 4% em relação ao ano anterior. O relatório ressalva, porém, que esse
número pode ter sido maior ainda, considerando as restrições impostas pela pandemia da
covid-19. Os dados compilados pelo relatório apontam que um usuário típico de internet gasta
atualmente quase 7 horas por dia online. De acordo com os dados compilados pelo relatório, o
Brasil é um dos países onde as pessoas passam mais tempo na internet: 10 horas e 19 minutos
por dia. 

O grande crescimento exponencial da tecnologia beneficiou a sociedade, mas existem


consequências severas relacionadas a essa evolução. Com base em um estudo britânico de
2013, 51% dos indivíduos pesquisados admitiram sofrer de extrema ansiedade por tecnologia
quando separados de seus dispositivos, como smartphones ou tablets. À medida que as
pessoas se tornam cada vez mais conectadas tecnologicamente, alguns temem que estejam
perdendo aspectos importantes da experiência humana, tornando-se impacientes, impulsivos,
8

esquecidos e até narcisistas. É por isso que os especialistas estão questionando a dependência
da sociedade da tecnologia (KHAZAAL et al., 2012).
Independentemente de idade, sexo, etnia ou situação econômica, a maioria das pessoas
são usuários de smartphones. Cerca de 56% de toda a população mundial possuem um
smartphone. E esses equipamentos são usados em todos os lugares. É por isso que as pessoas
sentem tanta ansiedade quando os telefones são perdidos, danificados ou estejam fora de
alcance por alguns minutos. As tecnologias tornaram-se tão essenciais para a vida moderna
que muitos dependem delas para tudo (KING; DELFABBRO, 2014).
O uso tecnológico das redes sociais é muito útil e traz muitos benefícios para a
população, com fácil acesso à troca de informações de forma imediata. Contudo, o uso de
forma descontrolada, de acordo com Sá (2012), pode trazer prejuízos à vida afetiva do sujeito,
pois faz com que não consiga se desligar do mundo virtual, estimulando o isolamento social e
possíveis dificuldades no estabelecimento de um relacionamento.
Segundo Abjaude (2020) o uso excessivo para entretenimento por horas, e o tipo de
conteúdo publicado pode influenciar a vida social do sujeito, afetando seu comportamento,
sua socialização, suas emoções, o que acaba impactando a sua saúde mental e física, com o
aumento da prevalência de alguns transtornos psiquiátricos, incluindo sintomas depressivos,
ansiedade e baixa autoestima.
Há muitos impactos observados na relação entre redes sociais e saúde mental,
causados principalmente pela dependência das redes sociais. De acordo com Spritzer (2009) a
dependência de internet (DI) é um conceito relativamente novo na psiquiatria, caracterizado
principalmente pela incapacidade de controlar o próprio uso da Internet, que ocasiona ao
indivíduo um sofrimento intenso e/ou prejuízo significativo em diversas áreas da vida.
Os sujeitos que demonstram abuso no uso das tecnologias, enfrentam problemas
principalmente em longo prazo. Esses indivíduos colocam em risco várias áreas da vida com
uma série de sintomas cognitivos e comportamentais que resultam de sua dependência
(LEMOS; SANTANA, 2012). Nesse sentido, alguns autores dentro da abordagem da Terapia
Cognitivo Comportamental (TCC) mostram-se muito eficazes no tratamento de alguns
transtornos no que tange o tratamento da dependência tecnológica.
Assim, o presente trabalho tem como objetivo geral identificar quais os impactos que
as redes sociais têm sobre a saúde mental das pessoas, e como isso pode afetar a vida do
sujeito no decorrer do seu cotidiano, visto que o uso dessas plataformas tem gerado um hábito
comum, mas que pode acabar desencadeando a dependência e outros transtornos
psiquiátricos. E os objetivos específicos são: a) Analisar sobre os impactos das redes sociais
9

na saúde mental; b) Discutir sobre a importância do uso consciente da internet; c)


Compreender o que é dependência tecnológica.
A escolha do tema dessa pesquisa se deu após termos observados grandes avanços
tecnológicos e o amplo acesso à internet, principalmente, as mudanças que vem ocorrendo nos
hábitos desses usuários em relação ao uso excessivo das redes sociais, que podem ser
prejudiciais à saúde mental, onde passou a ser uma necessidade constante em usar esses meios
digitais.
Esta pesquisa visa contribuir com a população, frente a conscientização do uso
equilibrado da tecnologia, de modo que isso não venha causar danos à saúde psíquica, onde é
importante o sujeito saber distinguir a dependência do uso considerado normal ou quando o
uso da internet, do aparelho celular e das redes sociais está excessivo, tornando assim, uma
dependência ou vicio.

2. METODOLOGIA

O início do estudo foi executado com a formação teórica sobre o tema, iniciando-se
por uma pesquisa bibliográfica, de cunho qualitativo a respeito do fenômeno social das redes
sociais e seus impactos na saúde mental. Partindo de referências bibliográficas que buscam
abordar conceitos históricos e dados estatísticos anteriores e atuais.
Trata-se de uma pesquisa exploratória que segundo Gil (2017), estas tendem a ser
mais flexíveis em seu planejamento, pois pretendem observar e compreender os mais variados
aspectos relativos ao fenômeno estudado pelo pesquisador.
Ainda segundo Gil (2017), as pesquisas exploratórias mais comuns são os
levantamentos bibliográficos, porém, em algum momento, a maioria das pesquisas científicas
passam por uma etapa exploratória, visto que o pesquisador busca familiarizar-se com o
fenômeno que pretende estudar.
O estudo foi realizado e fundamentado através de fontes bibliográficas constituído por
meio de leitura em obras de conhecimentos científicos e técnicos, artigos, revistas, livros e em
sites sobre o tema com bases de dados tais como: Scielo, Pepsico, Lilacs, Biblioteca Virtual
DeCs Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), entre outros, no qual, trouxesse um melhor
apoio ao assunto abordado, viabilizando o acesso a um maior número possível de
informações.
Foram utilizados como critérios de inclusão e exclusão, onde no primeiro são
informadas as características essenciais para que o material seja incluído, e no segundo, as
10

características que fazem com que o material encontrado seja excluído. Dentro dos critérios
de inclusão, foram utilizados textos dispostos online para download e visualização de forma
gratuita, de maneira integral, em formato artigo, com idioma em língua portuguesa, tendo sido
publicados entre os anos 2007-2022. Para critérios de exclusão, foram dispensados os textos
que tivessem em língua estrangeira e, que não tivesse acesso liberado nas plataformas de
pesquisa utilizadas, que não atenderam aos critérios acima mencionados e nem relação com o
tema proposto. O Quadro 1 exibe os critérios de seleção utilizados nesta pesquisa.

Quadro 1. Critérios de seleção


ID Critérios de inclusão (CI)
CI 1 Aponta problemas psicológicos e ID Critérios de exclusão (CE)
tecnologia CE 1 Não está relacionado á
CI 2 Publicado entre 2006 a 2022 influência da tecnologia em
CI 3 Pesquisa com adolescentes/jovens problemas da saúde psicológica
CE 2 Resumo pouco compreensível
CI 4 Aborda o uso das redes sociais e
consequências do seu uso CE 3 Fuga completa ou parcial do
CI 5 Mostra a relação de tema proposto
jovens/adolescentes e adultos com as CE 4 Artigo não disponível para
tecnologias digitais leitura
CI 6 Aponta vícios tecnológicos CE 5 Artigo em língua estrangeira

CI 7 Fala sobre a saúde mental e uso das CE 6 Indisponível após etapa de


redes sociais/internet seleção por título/ resumo
CI 8 Apresenta pesquisas sobre a
dependência de internet

A coleta foi realizada entre os meses de junho a outubro de 2022 nas bases acima
mencionadas. A procura nas bases de dados ocorreu a partir do cruzamento dos Descritores
em Ciências da Saúde (DeCS). Os descritores utilizados para a pesquisa foram: redes sociais,
uso excessivo, dependência tecnológica, saúde mental e a palavra-chave: psicologia.
Durante a pesquisa foram encontrados 6.400 trabalhos (artigos, dissertações,
monografias, teses etc. Foi necessário dividir a fase de seleção em 2 etapas. Na primeira etapa,
os materiais foram selecionados por título e palavras-chaves, e alguns dos critérios de inclusão
e exclusão. Na segunda etapa os materiais foram separados pelos resumos, e foi possível
aplicar os critérios de seleção. O resultado desta etapa foi de 44 trabalhos elegidos. Este texto
foi elaborado com base na sistematização das informações em um esquema de tópicos, que
organiza a discussão e encaminha uma linha de pensamento para guiar o leitor a entender
melhor o assunto. O resultado final visa responder ao problema proposto sobre o uso
excessivo das redes sociais e seus impactos na saúde mental, dentro da revisão da literatura.
11

Quanto aos aspectos éticos, a pesquisa foi realizada respeitando todos os preceitos
éticos contidos na resolução 466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Pesquisa, que
determina os padrões a serem utilizados em pesquisa que de alguma forma envolva seres
humanos a Lei nº 9610/98 que regula os direitos autorais.
Para melhor demonstração e análise dos resultados encontrados será construído um
quadro sinóptico a fim de realçar/apresentar os autores, título, revista, e ano de publicação. O
quadro será composto com todos os artigos que se caracterizarem com os critérios de inclusão
e não estejam, de maneira concomitante, com os critérios de exclusão.

3. DISCUSSÃO E RESULTADOS

Em relação aos dados bibliográficos, apresentamos uma síntese dos dados obtidos.
Nessa síntese, buscamos agrupar os conceitos, objetivos em comum e convergência dos
estudos em relação ao impacto das redes socias na saúde mental.

Quadro 2 - Caracterização de Artigos Elegidos da Pesquisa Sobre o Uso Excessivo das


Redes Sociais e seus Impactos na Saúde Mental

Autor(es) Título Revista Ano

SANTANA, Dependência de jogos: a Revista Psiquiatria 2012


S,M.A. DE et al. possibilidade de um novo Clínica
diagnóstico psiquiátrico

AMARAL, I. & Redes Sociais no Twitter: a Interações sociedade 2010


SOUSA, H. emergência de uma nova e as novas
sociabilidade num novo modernidades
ecossistema de comunicação?
12

BIRMAN, J. Mal-estar na atualidade: a Pepsic 2007


psicanálise e as novas formas
de subjetivação

BLACHNIO, A. Uso da Internet, intrusão no Scielo 2015


et al. Facebook e depressão:
resultados de um estudo
transversal.

CECCARELLI, Perversões e suas versões Pepsic 2005


P. R.

CASH, Scottye J. Suicídio na adolescência: Pepsic 2013


et al. fatores de risco, depressão e
gênero

FARIA, N, G. Fiz logout do mundo: Universidade Federal 2015


dependência de redes sociais: do Rio de Janeiro
patologia moderna ou nova
forma de subjetividade.?

FACHIN, O panoptismo de estar Instituto Humanitas 2017


Patrícia. constantemente conectado as Unisinos
redes sociais.
13

MAGAUD, e, et Cyberbullying naqueles com Psiquiatria de 2013


al. alto risco clínico de psicose Intervenção Precoce.

MOROMIZATO, O uso da Internet e das redes Scielo 2017


M. S.; et al sociais e a relação com os
sintomas de ansiedade e
depressão entre estudantes de
medicina

MOREIRA, Internet e os jovens: efeitos da Universidade da 2018


Solange Filipa dependência numa conjetura Beira Interior
Russo. atualista Ciências da saúde

MARQUES, Ana A(S) Droga(S) E A(S) Faculdade de 2008


Rita Valinho dos Toxicodependência(S): Economia da
Santos Representações Sociais E Universidade do
Políticas Em Portugal. Porto
FEP

ARANTES, T, P Vicio no Insta: Propriedades Avances em 2020


DE et al. psicométricas da Escala Psicología Latino
Bergen de adição ao Instagram Americana

ARAUJO, C,A.et Aspectos psicológicos do uso Pepsic 2023


al. patológico de internet
14

PEREIRA, L, B. Como as mídias sociais Pepsic 2020


et al. influenciam na saúde mental?

MOSMANN, C, Conflitos familiares e práticas Preditores de 2016


P. et al. educativas parentais como Dependência de
preditores de dependência de Internet
internet

FONSECA,P, Uso de redes sociais e solidão: Arquivos Brasileiros 2018


N.et al. evidências psicométricas de de Psicologia;
escalas

SOKOLOVSKY, Dependência de Internet: Rev Bras Psiquiatr. 2009


A,C,et al. perspectivas em terapia 2009;31(2):181-92
cognitivo comportamental

KALLAS, M, B, O sujeito contemporâneo, o Pepsic 2016


L et al. mundo virtual e a psicanálise

PIROCCA, Dependência de internet, Monografia do 2012


CAROLINE. definições e tratamentos: Instituto de
revisão sistemática da Psicologia
literatura

MACHADO, Os efeitos do uso excessivo Intercom - Sociedade 2019


M,S,M et al. das redes sociais: um estudo Brasileira de Estudos
com alunos de um curso de Interdisciplinares da
Jornalismo na cidade de Comunicação
Manaus

DAVIS, R,A. Um modelo cognitivo- Computadores do 2001


comportamental de uso comportamento
patológico de internet humano
15

SAMPASA - Sites de redes sociais e Pepsic 2015


KANYINGA, H.; problemas de saúde mental em
HAMILTON, H. adolescentes: o papel
A. mediador da vitimização do
cyberbullying.

Rodrigues, S, A et Como as mídias sociais Pepsic 2020


al. influenciam na saúde mental?

SÁ, G. M, et al. À frente do computador: a 2012


Internet enquanto produtora de Sociologia: Revista
dependência e isolamento da Faculdade de
Letras da
Universidade do
Porto

SCHREIBER, Cyberbullying: do virtual ao Pepsic 2021


Fernando, et al. psicológico.

RECUERO, R. Redes sociais na Internet Editora Sulina 2009

.YOUNG, Dependência de Internet: Artmed 2011


Kimberly S, et al. Manual e Guia de Avaliação e
Tratamento

MUSSO, P. Ciberespaço, figura reticular In Sociedade 2006


da utopia tecnológica midiatizada
16

MARTINS, D, A, Adolescentes internautas, Universidade de 2013


família e depressão: Estudo da Lisboa
relação entre a utilização da
internet e das redes Sociais, o
ambiente familiar e a
sintomatologia depressiva.

LEVY, E. S.; Uma segunda vida? Estudos da 2010


ARAÚJO, J. B, et Considerações sobre Psicanálise
al. relacionamentos virtuais,
desamparo e subjetivação
contemporânea.

LEMOS, I.L.; Dependência de Jogos Psiquiatria Clínica 2012


SANTANA, S.M. Eletrônicos: a Possibilidade de
um Novo Diagnóstico
Psiquiátrico

PANTIC, Igor et Associação entre redes sociais Scielo 2012


al. online e depressão em
estudantes do ensino médio:
visão da fisiologia
comportamental.

PONTES, Halley, Estudo Exploratório Sobre as Arquivos Psíquicos 2014


et al. Motivações Percebidas no uso
Excessivo da Internet em
Adolescentes e Jovens
Adultos

SILVA, T, O, et Os impactos sociais, Pepsic 2017


al. cognitivos e afetivos sobre a
geração de adolescentes
conectados às tecnologias
digitais.

SANTOS, M, F,T Cyberbullying na Universidade de 2015


et al. adolescência: perfil Lisboa
psicológico de agressores,
vítimas e observadores.
17

SILVA, J, H. A virtualização das relações e Centro Universitário 2016


a liquefação dos laços afetivos de Patos de minas.
sob a ótica de Zygmunt
Bauman

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Finalmente, desta revisão, resulta o encontro de cinco etapas: redes sociais e saúde mental,
uso excessivo das redes sociais, dependência de internet, como detectar problemas na saúde
mental através de postagens e comportamento na rede, e a terapia cognitivo comportamental
aplicada a dependência tecnológica.

3.1. Redes Sociais e Saúde Mental

As redes sociais podem funcionar como uma armadilha, facilitando a construção de


relações superficiais. A velocidade de acesso à informação faz com que as opiniões e
relacionamentos se construam e se desfaçam na mesma proporção. A busca pela vida online
costuma ser popularidade, aumentando o número de seguidores, aumentando o número de
visualizações de postagens e obtendo mais “curtidas”. Essa popularidade traz uma sensação
de segurança e felicidade, pois afasta o receio de ser descartado (SILVA, 2016). Bauman
(apud SILVA, 2016) discute a instabilidade dos relacionamentos e os chama de estado de
instabilidade relacional líquida. Ele aponta que essa característica de liquidez afeta a
subjetividade humana, visto que os indivíduos precisam se reinventar constantemente e estar
sempre atentos aos modismos sociais, pois devem ser uma mercadoria vendável perante à
sociedade, para não serem peças descartáveis.
Segundo Guerrero (apud FACHIN, 2017), as novas tecnologias da informação e
comunicação têm reforçado a ideia de panoptismo, que nas sociedades atuais se apresenta em
duas modalidades. A primeira se constitui na vigilância em que todos os cidadãos estão
sujeitos pelo poder político. A segunda é mais “sutil” e aceita pelas pessoas, e se define na
pulsão de estar sempre conectados, compartilhando fotos e informações sobre o que estamos
fazendo. Esse segundo tipo pode gerar um padrão de comportamento viciante e uma
dependência das redes sociais, razão pela qual é urgente analisar esse panoptismo que invade
as subjetividades na atualidade.
18

As plataformas sustentam um modelo de consumo que valoriza principalmente o


narcisismo, instigando a exposição de corpo perfeito, felicidade e sucesso, que, na maioria das
vezes, é apenas um recorte da vida da pessoa, compartilhado em busca de aprovação social.
Essas redes criam modelos de vidas perfeitas, que podem causar sentimentos de inferioridade
e frustração naqueles que não conseguem alcançar esse padrão. Dessa forma, esses fatores
contribuem para índices de depressão, ansiedade e baixa autoestima nos sujeitos expostos
desmedidamente às redes sociais (ABJAUDE et al., 2020).
Há também os casos de cyberbullying, em que o sujeito se aproveita do anonimato
para realizar uma prática sistemática de ações de violência psicológica, o que afeta a saúde
mental do sujeito exposto a esses atos de violência (ABJAUDE et. al., 2020). Além disso,
discursos de ódio direcionados a grupos minoritários podem desencadear problemas
emocionais importantes para vítimas e agressores (SCHREIBER, 2015). Calligaris (apud
PEREIRA, 2017) diz que nas redes sociais cria-se a possibilidade de expressar sentimentos de
profunda inimizade, dando-lhe uma dimensão pública, podendo receber aplausos pelos seus
amigos e seguidores, e se sentir de alguma forma validado.
Ao proporcionar acesso rápido e fácil a diversas informações, além de possibilitar a
aproximação dos sujeitos, a internet se tornou uma ferramenta indispensável. As redes sociais,
especialmente durante a pandemia de Covid19, foram a principal ferramenta para conectar
pessoas, além de servir como fonte de informação e válvula de escape para se distrair e
compartilhar sentimentos durante o período de isolamento. Contudo, o uso descontrolado das
redes ocasiona a chamada adicção por internet, que se caracteriza pelo padrão desadaptativo,
com prejuízos clinicamente consideráveis ou sofrimento emocional (MOROMIZATO et. al.,
2017).
Os problemas relacionados à saúde mental e comportamental são caracterizados pelas
alterações de pensamentos, comportamentos e humor, devido a uma disfunção desses fatores,
que atingem o funcionamento psíquico global. O uso das redes sociais é um hábito
relativamente recente, porém já é possível identificar a influência que esse hábito tem na vida
das pessoas (ABJAUDE et al., 2020).
Alguns estudos apontam que a adicção à internet não está precisamente relacionada
com o tempo gasto na internet, mas sim com o padrão desadaptativo desse uso. Os sintomas
incluem uso compulsivo da internet, tempo prolongado nas redes sociais, crença de que o
mundo é desinteressante sem a internet. Alguns indivíduos demonstram grande resistência e
raiva quando são direcionados ao seu dever ou impedidos de ter acesso à tecnologia (SILVA;
TING, 2014). Ou seja, quando o acesso é interrompido, o usuário apresenta-se “irritabilidade,
19

nervosismo, ansiedade, angustia, transpiração e tremores quando são separados ou incapazes


de usar seu dispositivo digital. Através desses meios tecnológicos fazem com que essas
pessoas se sintam mais seguras, mais confiantes e menos ansiosas.
A adicção por internet já se relacionou a transtornos de ansiedade e de humor,
depressão, comportamento compulsivo, transtornos de personalidade, diminuição da
felicidade e vitalidade subjetivas, além de danos à saúde mental, geralmente podendo levar ao
suicídio (MOROMIZATO et. al., 2017).
Nomofobia é o desconforto ou a angustia ou fobia causada pelo medo de ficar
incomunicável sem o telefone celular, computador desconectado em estado off-line. (KING;
NARDI; CARDOSO, 2015 apud CAETANO; STEFFENS, 2017, p. 04).
Segundo a psicóloga Santos (2017) a patologia nomofobia pode desencadear
doenças como: a) síndrome do toque fantasma que é a sensação que o celular está vibrando no
bolso sem que ele esteja vibrando; b) náusea digital é a sensação de desorientação mental ou
enjôo e ânsia de vômito; c) transtorno de dependência da internet que é uma vontade
compulsiva de acessar a internet, mesmo que não saiba bem o que fazer ou o que procura,
como também d) a hipocondria digital que é quando a pessoa que possui essa doença acredita
que possui os mesmos sintomas de doenças que leu na internet. Também tem o efeito google
que é uma tendência que afeta o cérebro humano em reter menos informações, pois sabe que a
resposta está lá e não se preocupa em pesquisar, pois sabe que para obter a resposta é só clicar
(SANTOS, 2017).
Estudos recentes, apontados na matéria produzida pelo site de notícias de G1, alertam
que usuários compulsivos de redes sociais possuem probabilidade alta de desenvolver
depressão. O que se sabe atualmente é que o exagero aumenta a tendência à depressão, mas o
uso descontrolado das redes sociais não causaria o transtorno (G1 GLOBO, 2016). O
comportamento de dependência começa a se apresentar causando alterações da saúde e bem
estar físico, mental e social. Sendo considerado problema de saúde pública, a OMS conceitua
dependência como um:

Conjunto de fenômenos do comportamento, cognitivos e fisiológicos, que se


desenvolvem após o consumo repetido da substância em questão, entre os
quais se contam caracteristicamente os seguintes: um poderoso desejo de
tomar a droga, uma deterioração da capacidade para autocontrolar o
consumo da mesma, a persistência do uso apesar das consequências nocivas,
uma maior prioridade dada à utilização da droga que a outras atividades e
obrigações, um aumento da tolerância à droga e, por vezes, um estado de
abstinência por dependência física (MARQUES, 2008).
20

Essa definição é caracterizada para as dependências químicas, entretanto novos


distúrbios sem relação com qualquer substância têm surgido e similarmente podem ter
implicações nas diferentes dimensões do indivíduo (ZOU et. al., 2017). Moreira (2018) utiliza
o conceito “internet addiction disorder” para diferenciar o uso patológico da internet do uso
considerado normal. Apesar de bastante atual, a dependência da internet ainda não faz parte
do DSM-V, gerando uma possível subestimação dos casos (MOREIRA, 2018).

3.2. Uso Excessivo das Redes Sociais

O universo virtual é, possivelmente, o espaço de maior interação entre as pessoas, uma


vez que estão cada vez mais tempo na internet, o que pode levar ao seu uso excessivo. Através
das Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs), que são todos os meios técnicos
usados para tratar a informação e auxiliar na comunicação, o que inclui o hardware de
computadores, rede e tele móveis. a internet vem se tornando cada vez mais presente na vida
da sociedade contemporânea. A dependência de meios comunicativos, principalmente de
aparelhos celulares, tem crescido tanto quanto as TICs, e dentre os principais itens que podem
ser viciantes estão as redes sociais. Para Amaral (2010), o uso excessivo das redes sociais
caracteriza-se como uma inabilidade que o ser humano possui para reprimir e controlar
impulsos para usar a internet.
Quando se refere a frequência de uso, os brasileiros são campeões mundiais em tempo
gasto em redes sociais (CGQ.br, 2018). Segundo Pontes e Padrão (2014), o tempo de
utilização da internet pode influenciar na qualidade de vida, por isso, as vantagens desse
acesso relacionam ao equilíbrio de sua utilização. O médico psiquiatra do Hospital Israelita
Albert Einstein, Elton Kanomata (2018), explica que esse processo é um círculo vicioso e
quanto mais a pessoa se refugia nas redes sociais, mais reforça os seus problemas no mundo
real.
Foi realizada uma pesquisa realizada em 2017 pela Royal Society for Public Health
aponta que os britânicos entre 14 e 24 anos entendem que Facebook, Instagram, Snapchat e
Twitter têm efeitos prejudiciais sobre o seu bem-estar. Em média, eles informaram que essas
redes sociais deram a eles espaço extra para a autoexpressão e a construção de comunidades,
mas os jovens também afirmam que as plataformas exacerbaram a ansiedade e a depressão,
privaram-os do sono, os expuseram ao bullying e criaram preocupações sobre sua imagem
corporal e o medo de ficar desatualizado, caso fique sem acesso às redes.
21

O fato é que em casos de dependência tecnológica são marcados pelo uso frequente e
excessivo, muitas vezes há interação grupal, refletindo em sintomas cognitivos. Outro ponto
de congruência detectado por Abreu (2013) é que sujeitos com distúrbio de tecnologia
empregam parcela significativa de seu tempo utilizando esses equipamentos tecnológicos,
muitas vezes, conectados com a internet. Tratam-se de 8 a 10 horas diariamente, totalizando
mais de 30 horas semanais. Tal comportamento tende a afetar negativamente a execução de
outras funções, dentre elas, a manutenção do sono, a alimentação, o labor e a dedicação à
família.
Um estudo feito na Holanda, mostrou que 902 pessoas de 14 a 81 anos tem
prevalência de uso prejudicial de tecnologia, denominada pelos autores de tecnologia
problemática, era de 1,3% da amostra total. A prevalência foi de 3,3% entre adolescentes e
adultos jovens. Também se constatou que as pessoas que permanecem online passam mais
tempo nessa atividade do que outros usuários de tecnologias sem internet. Além disso, os
autores enfatizaram que os jogadores adolescentes do sexo masculino são mais vulneráveis ao
desenvolvimento de hábitos problemáticos de tecnologia (KHAZAAL,Y et al., 2012).
O pensamento catastrófico pode contribuir para o uso compulsivo da Internet ao
fornecer um mecanismo de escape psicológico para evitar problemas reais ou percebidos.
Estudos revelaram cognições desadaptativas específicas, como generalização ou
catastrofização excessiva e crenças centrais negativas que contribuem para o uso compulsivo
da tecnologia (CARVALHO; COSTA, 2014).
A exposição de jovens e adolescentes nas redes sociais exige uma série de cuidados e
limites dos pais e responsáveis. Segundo o Ambulatório Integrado dos Transtornos do
Impulso, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, o uso excessivo da
internet funciona como forma de aliviar a tensão e a depressão. É comum os dependentes
apresentarem autoestima rebaixada, timidez, baixa confiança em si mesmo e baixa pró-
atividade, ele começa a ter dificuldades de controlar o uso ou envolvimento com a rede e
passa a comprometer outras áreas de sua vida.
Em um artigo escrito para o The Atlantic, Jean Twenge (2017), professora de
psicologia da Universidade Estadual de San Diego, nos EUA, destaca que a taxa de suicídio
entre adolescentes é agora mais alta. Para a professora, a “geração dos iPhones 9” está à beira
da pior crise de saúde mental das últimas décadas e, no referido artigo, ela relaciona o uso
excessivo das redes sociais com a depressão. Essa necessidade de estar conectado às redes
sociais, muitas vezes leva a danos emocionais e físicos. Ansiedade, taquicardia, problemas
posturais e até distúrbios alimentares são algumas consequências físicas do vício, é o que
22

afirma Sylvia Van Enck, psicóloga do Grupo de Dependências Tecnológicas do Instituto de


Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq-USP), em entrevista ao site Só Biologia
(2018). Segundo Enck, a pessoa não percebe que a necessidade de estar conectado é cada vez
maior e, para obter o mesmo prazer, ela tem que usar cada vez mais igual a uma droga.Suzuki
et al. (2009) realizou uma pesquisa na Universidade Federal de São Paulo que detectou
algumas características associadas ao uso nocivo de tecnologias, como, inquietação, perda de
controle, problemas na família e na vida acadêmica, e até sinais de abandono.
Ademais, ao analisar os riscos do uso excessivo das tecnologias digitais, com foco
nas redes sociais virtuais, é possível destacar dois deles: cyberbullying (FRANCO e
ARAGÓN, 2015; RICE et al. 2015; MUSSIO, 2017; CANHÃO, 2016; MAGAUD et al.
2013; SANTOS, 2015, RADOVIC et al. 2017; SAMPASA-KANYINGA e HAMILTON,
2015) e depressão (MUSSIO, 2017; CANHÃO, 2016; MARTINS, 2013; BLACHNIO et al.
2015; SAMPASAKANYINGA; HAMILTON, 2015; RADOVIC et al. 2017; PANTIC et al.
2012; CASH et al. 2013) – também é acompanhada por características que direcionam a
indícios de depressão. Também foram citados o suicídio, além de tentativas ou possíveis
inclinações para o ato propriamente dito. Embora alguns autores tenham mencionado
cyberbullying e a depressão separadamente, Sampasa-Kanyinga e Hamilton (2015) afirmaram
que há uma relação entre as vítimas de cyberbullying e os sintomas depressivos.

3.3. Dependência de Internet

Conforme Young (1996), o termo dependência de internet (DI) foi pesquisado pela
primeira vez em 1996, sendo um estudo com mais de 600 casos de usuários que apresentaram
sinais clínicos de dependência por meio da versão adaptada dos critérios do DSM-IV para o
jogo de azar patológico. Dessa forma, os primeiros trabalhos para o desenvolvimento de
critérios de diagnósticos para a dependência de internet ou uso problemático com a internet
são introduzidos por três abordagens conceituais: vício comportamental por Griffiths (1999);
o modelo cognitivo e comportamental por Davis (2001) a qual relaciona com os impactos dos
pensamentos de um indivíduo em desenvolvimento de desadaptativos, sendo a dependência
das redes de computadores como generalizada; e o modelo de transtorno de impulsos por
Shapira et. al. (2003).
Atualmente, a literatura não tem um consenso sobre a terminologia apropriada para a
condição ou o comportamento do uso excessivo da internet, visto que Starcevic (2010)
23

denomina de “dependência da internet”. Vale ressaltar que o diagnóstico do vício é difícil de


ser detectado visto que o uso das redes de computadores é legítimo, particular ou em relação
de trabalho, ou seja, estas práticas justificam o comportamento dependente. Segundo Young
(2011), o melhor método para identificar o uso compulsivo da internet é a comparação com os
critérios com as outras dependências estabelecidas, por exemplo, os transtornos de controle
dos impulsos no Eixo I do DSM-IV.
Dessa forma, Young (1996) desenvolve oito critérios para diagnosticar a dependência
de internet, sendo eles: a preocupação excessiva com a internet; a necessidade de elevar a
quantidade de tempo conectado com a rede para manter a satisfação; exibir os esforços
repetidos a fim de diminuir o tempo de uso da internet; a presença de imitabilidade e/ou
depressão; apresentar labilidade emocional em ocasiões de restrição de usufruir da internet;
utilizar a rede online em tempo maior que o programado; por em risco pelo uso excessivo o
trabalho e as relações sociais; e mentir a terceiros sobre a quantidade de horas com o uso da
internet. Ou seja, estes critérios são diagnósticos práticos para verificar se o indivíduo é
dependente da ferramenta da rede de computadores.
Consequentemente, segundo Pirocca (2012), a dependência de internet é classificada
por dois tipos: específica e generalizada. A dependência específica relaciona com o uso
excessivo de determinados conteúdos da internet, por exemplo, jogos, negociações
comerciais, pornografia e outros. A dependência generalizada caracteriza pelo uso
multidimensional e excessivo da internet, com atribuições negativas aos usuários. De acordo
com Young et al. (2010), a dependência generalizada da internet proporciona uma sensação
de bem-estar ao usuário, com uma preferência pelo contato virtual que a relação social
presencial entre os seres humanos.
O uso excessivo da internet é um problema novo na sociedade. Com isso, crianças,
adultos e famílias são os principais agentes provocadores por esta dependência. Em
conformidade com Young e Abreu (2011), a Associação Psicológica Americana inclui a
dependência de internet no apêndice do DSM-V, ou seja, existe uma legitimidade clínico do
transtorno, com o favorecimento de estudos acadêmicos sobre o problema contemporâneo.
No ano de 1996, a doutora Kimberly Young fundou a primeira clínica particular para
tratamento de pessoas com dependência de internet, denominada de “The Centre of Online
Addiction Recovery”, com serviços de psicologia e de aconselhamento por telefone. No
mesmo ano, a psicóloga Maressa Orzack ofertou procedimentos destinados a dependência de
computadores, no Hospital Psiquiátrico McLean, em Massachusetts, sendo utilizado a Terapia
Cognitiva e Comportamental (TCC) como maneira de patologia (Pirocca, 2012). Consoante
24

com Flisher (2010), posterior as primeiras clínicas de atendimentos aos dependentes das redes
computacionais, outros consultórios especializados surgiram nos Estados Unidos, na Holanda,
na China e Coréia do Sul.
Dessa forma, Silva (2020) afirma que os usuários das redes sociais com dependência
de tecnologia demonstram um uso persistente e repetitivo de tecnologias, como efeito,
acarreta uma angústia entre os dependentes. Em um pequeno intervalo de tempo, os
dependentes de internet apresentam os seguintes sintomas: preocupações exageradas com as
redes sociais e meios de comunicação; a tecnologia é parte integrante da vida cotidiana; sinais
de abstinência ocasionadas por interrupções no uso de tecnologias; ocorrências de frustração,
ansiedade ou tristeza; falhas na tentativa de controlar a dependência tecnológica; falta de
interesse em atividades que não utilizam as ferramentas tecnológicas. Logo, Abreu et al.
(2013) afirmam que a tecnologia realiza um processo de desligamento dos indivíduos com
dependência desta ferramenta com os relacionamentos sociais, por exemplo, o trabalho e a
educação.
Vale destacar que a principal diferença entre o vício em internet com os vícios
psicoativos é a recompensa mínima e imediata que a inteligência computacional oferta, com a
mimetização e a estimulação em drogas ilícitas e licitas (SILVA, 2020). Sendo assim,
Ungerer (2013) comenta que a impulsividade é um fator de risco para o desenvolvimento da
dependência da internet, por trazer uma sensação prazerosa ao ser humano viciado.
Dessa maneira, Lemos e Gomes (2015) argumentam que a dependência em tecnologia
relaciona com os transtornos de controle de impulsos ou em comportamento viciante. Posto
isso, os distúrbios aditivos, conforme Pirocca (2012), assemelham-se as propriedades
neurobiológicas referentes as substâncias destinadas a tolerância, a abstinência e as
dificuldades em reduzir ou abandonar o uso exagerado de tecnologias. Para Alcântara (2013),
os indivíduos com pouca competência social estão ansiosos com as interações sociais, ou seja,
estas pessoas são atraídas pelo anonimato da tecnologia e as oportunidades ofertadas nos
relacionamentos virtuais através de circunstâncias menos ameaçadoras em comparação com
as relações presenciais.
O cérebro de um indivíduo dependente recebe estímulos decorrentes do excesso de uso
da tecnologia, automaticamente, o corpo cria substâncias similares aos viciados de substâncias
químicas (SILVA, 2020). Em conformidade com Chaput et al. (2011), as alterações nos
neurotransmissores da dopamina acarretam no aumento da atividade cerebral no lobo frontal,
ou seja, as mudanças cerebrais afetam o emocional dos usuários devido as funções do lobo
frontal em impedir pensamentos, distrações e emoções negativas. Consequentemente,
25

salienta-se que o distúrbio associa nas experiências e nos fatores situacionais desenvolvidos
pelo vício.
Com isso, Gama (2013) comenta que os indivíduos com problemas pessoais ou
mudanças drásticas da vida, por exemplo, um divórcio, uma perda de um familiar ou algo
semelhante, são mais propensos a absorver o mundo virtual repleto de fantasias e realidades
irreais. Desse modo, Youg e Abreu (2011) evidenciam que o aumento dos níveis de dopamina
no ciclo de dependência de tecnologia causa compulsões nos indivíduos.

4. COMO DETECTAR PROBLEMAS NA SAÚDE MENTAL ATRAVÉS DE


POSTAGENS E COMPORTAMENTO NA REDE

Após a leitura dos trabalhos que faziam alguma de menção a esta questão, foram obtidos os
resultados exibidos no Quadro III.

Quadro 3 - Modos de Detectar Riscos/Problemas para a Saúde Mental


Detecção Nº de
citações
Passar mais tempo on-line, predisposição mais elevada para agredir e rendimento
1
acadêmico reduzido.
Perda da capacidade de se concentrar.
2
Longas sessões noturnas online; mentir para familiares e amigos sobre o número de
horas que passa conectado. 2

Interações sociais negativas; postar conteúdo negativo; podem utilizar emoticons em


2
uma conversação escrita para denunciar o seu estado emocional real.
Sintomas depressivos quando não tem o que postar. 2

Exibir comportamentos de risco. 2

Interage só via web; pode começar a desenvolver esquizofrenia por viver isolado. 2

Elevados problemas emocionais, usa a internet para regular o humor, ganhar apoio
4
social e liberar emoções.
Não consegue se desligar das redes sociais mesmo offline; o tempo dedicado à
4
ferramenta aumenta e o nível de controle que se tem sobre ela diminui.
Ansiedade por likes e comentários; fazem postagens sem pensar primeiro;
4
impaciência quando ficam sem acesso à Internet; apresenta abstinência e seus
efeitos; angústia e desconforto quando há impossibilidade de uso.
26

Uso compulsivo de internet; necessidade de estar conectado 24h por dia; são
4
obcecados e compelidos a checar constantemente o telefone; buscar rapidamente
conectar-se à Internet em qualquer lugar.
Maior dificuldade em superar desafios; são agressivos e socialmente dominantes. 4

Ter poucos ou nenhum amigo real; ver a comunicação on-line mais segura e menos
5
ameaçadora; se esconder no anonimato do cyberespaço.
Descrever métodos específicos de suicídio dentro do contexto de outros temas. 9

Realizar postagens narcisistas. 9

Oversharing (compartilhamento excessivo), postagens estressadas e posts de trigger


9
(acréscimo de contatos) de visualização.
Estão vulneráveis quanto a opinião dos outros; são dependentes de likes - sentem
9
necessidade de "curar" seus perfis.
Reclamar de problemas situacionais. 9

Fonte: Dados da pesquisa.

Entre o material analisado, nove apontaram que a maneira de detectar possíveis


problemas à saúde mental está voltada às alterações de humor e comportamento, junto à
grande necessidade de permanecer conectado mantendo seus perfis sempre atualizados e
buscando cada vez mais seguidores (YOUNG; ABREU, 2011; RADOVIC et al. 2017;
MUSSIO, 2017; SHERMAN et al. 2016; STEIN, 2013; CASH et al. 2013; FREITAS;
SANTO, 2015; MEDRANO et al. 2017; ROSEN et al. 2012).

4. 1. A Terapia Cognitivo Comportamental Aplicada a Dependência Tecnológica

Estudos apontam que a terapia cognitivo-comportamental (TCC) mostra resultados


satisfatórios no tratamento de distúrbios de controle de impulso e outras psicopatologias com
comportamentos aditivos, como o vício em tecnologias (KING; NARDI; CARDOSO, 2014).
A percepção dos eventos humanos é refletida no pensamento automático, este se trata de um
pensamento avaliativo rápido e conciso que ocorre naturalmente, dependendo da perspectiva
de uma situação específica. O conteúdo do pensamento automático surge da crença de que ele
pode ser funcional ou disfuncional e pode ser dividido em nuclear e mediado (BECK, 2013).
Quando se trata de intervenções psicoterapêuticas para vícios tecnológicos, nenhuma
forma particular de intervenção psicológica pode ser sugerida como sendo o padrão
totalmente eficaz para seu tratamento. No entanto, as abordagens mais frequentemente
27

investigadas têm sido a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a terapia de


aprimoramento motivacional (CARVALHO; COSTA, 2014). A crença nuclear, que
representa o nível mais básico de crença, é construída desde o início da infância e retrata uma
ideia rígida e profunda de si mesmo, outro e do mundo. No entanto, crenças intermediárias
estão se desenvolvendo, são influenciadas por crenças centrais e estão vinculadas às regras,
atitudes e suposições (BECK, 2013).
A intervenção psicoterapêutica também pode ser feita em dois contextos, sendo o
primeiro a abstinência total, e o segundo de uso controlado. Dadas às inúmeras vantagens e
utilizações positivas das tecnologias no dia a dia, é impraticável testar o modelo de
abstinência total (como no tratamento de transtornos por uso de substâncias), mesmo em
quem sofre de dependência de tecnológica. No início deve ser principalmente o uso moderado
e controlado. No modelo de abstinência, o indivíduo se abstém de uma determinada
ferramenta tecnológica e utiliza outras formas de interação. Esse modelo de abstinência é
recomendado para aqueles que tentaram e não conseguiram limitar o uso de um determinado
meio (STARCEVIC et al., 2011).
Indivíduos incapazes de interpretar uma determinada situação podem acabar tendo
pensamentos, sentimentos e comportamentos disfuncionais, porque a disfunção cognitiva os
impede de entender um evento. Assim, o objetivo dos terapeutas cognitivos comportamentais
visa trazer mudanças cognitivas, alterando o pensamento e sistema de crença de um indivíduo
para produzir mudanças emocionais e comportamentais duradouras. Em outras palavras, por
meio da intervenção, busca-se promover mudanças em suas crenças e pensamentos de uma
maneira que os indivíduos estejam cientes da situação e interpretem acontecimentos de forma
realista e adaptativa (BECK, 2013).
Aqueles que afirmaram que o vício tecnológico é mantido principalmente
cognitivamente acreditam que a terapia cognitivo-comportamental pode ser uma solução
possível. Esse vício é formado quando os pacientes sentem que não têm suporte social e
familiar, desenvolvendo assim as chamadas cognições desadaptativas (que são as avaliações
mentais ou filtros de interpretação) sobre si próprios e o mundo. As estratégias terapêuticas
incluiriam reestruturação cognitiva em relação às tecnologias que um indivíduo usa com mais
frequência, exercícios comportamentais e terapia de exposição, em que o indivíduo fica off-
line por períodos cada vez maiores (CARVALHO; COSTA, 2014).
A relação da Terapia Cognitiva Comportamental juntamente com a internet, busca a
prática do oposto, ou seja, incentiva a descoberta dos padrões de dependência tecnológica
pelos clientes e orienta a interrupção desses padrões, sugerindo novos comportamentos. Por
28

exemplo, se o paciente ficar online assim que chegar em casa do trabalho e permanecer online
até a hora de dormir, o psicólogo pode sugerir que ele faça uma pausa para jantar, assistir ao
noticiário e apenas em seguida, volte para o computador (ABREU, 2011).
King e Delfabbro (2014) observam aspectos cognitivos, comportamentais, emocionais
e motivacionais distintos para indivíduos com problemas associados ao uso de tecnologias. Os
autores englobam essas peculiaridades na tentativa de construir um modelo cognitivo-
comportamental para o uso nocivo de tecnologias. Ao analisar vários estudos, destacaram
uma percepção particular dos distúrbios das tecnologias.
Também é possível efetivar bloqueios externos, os sujeitos podem usar eventos ou
atividades reais para solicitar que façam o logoff. Por exemplo, o uso de um despertador para
funcionar como um aviso ao indivíduo de que é hora de desligar o computador e realizar
alguma outra atividade offline, como ir ao trabalho ou à escola (ABREU; GÓES, 2011). Para
isso, é preciso estabelecer metas específicas em relação ao tempo gasto online. Outro
exemplo, se o paciente permanece usando tecnologia o dia todo, aos sábados e domingos, uma
programação com breves sessões de uso seguidas de breves, embora frequentes, interrupções
podem ser planejadas.
King e Delfabbro (2014) aborda que para dependentes de tecnologias existe a crença
sobre recompensas e materialidade da tecnologia, nestes aspectos são inclusas percepções
relacionadas ao valor das recompensas e materialidade da tecnologia, relacionamentos
amorosos virtuais e obsessão pela tecnologia. Dessa forma, o indivíduo valoriza
indevidamente os itens e recompensas da tecnologia, até o ponto de reconhecê-los como mais
óbvios e mais importantes do que qualquer outra atividade em sua vida. Também é comum ao
dependente de tecnologia nutrir uma forte conexão emocional com seu aparelho ou meio de
acesso à tecnologia, percebendo-o como um amigo ou parte de si mesmo. Além disso, para
estes usuários é muito comum encontrar-se preocupados com o próximo acesso.
Também pode ocorrer a presença de abstinência de certas fontes de interação digital,
sendo estimulada a abstinência apenas daquelas tecnologias que o sujeito não consegue
controlar o uso. Isso significa que os indivíduos devem parar de navegar em determinados
sites ou mesmo em certos aplicativos que são mais atraentes para eles, interrompendo o uso
de tempos em tempos, mudando para formas alternativas, como enviar e receber e-mails,
pesquisa de notícias, fontes bibliográficas de seus trabalhos escolares e assim por diante
(ABREU, 2013).
King e Delfabbro (2014) também retratam as regras mal adaptativas e inflexíveis sobre
tecnologia, trata-se de justificativas que os indivíduos usam para continuar acessando seus
29

aparelhos, mesmo quando estão cientes do uso prejudicial de seu comportamento e os danos
que podem ser causados. Neste aspecto, frequentemente o uso exagerado da tecnologia é
justificado pelo fato de terem se empenhado muitos esforços para adquiri-la. Faz-se comum a
presença de tensão para o usuário quando este não se encontra em pleno acesso, crescendo um
sentimento de que algo esteja atrasado ou que o indivíduo é incapaz de alcançar seus
objetivos, metas e realizações na tecnologia.
Podem-se empregar também cartões de lembrete, como dicas visíveis que lembrem os
sujeitos dos custos de seu vício na tecnologia e os benefícios de quebrar o vício. Por exemplo,
um cartão contendo os cinco principais problemas causados pelo vício em tecnologia, bem
como, os cinco principais benefícios de reduzir o uso deve ser listado. Para tanto, é preciso
reconhecer os benefícios de abandonar o hábito, mostrando-lhes todas as atividades que
praticavam ou para as quais não encontram tempo por causa do vício em tecnologia. Outro
meio bastante empregado pela TCC são os grupos de apoio que são úteis porque muitos
dependentes em tecnologia usam-nas para compensar a falta de apoio social (YOUNG;
ABREU, 2011).
Os autores apontam que adiar ou priorizar o uso compulsivo de meios tecnológicos em
detrimento de outras atividades é muito comum. King e Delfabbro (2014) vincularam esse
grupo de cognições aos distúrbios de tecnologia. Também é comum o envolvimento excessivo
em tecnologias para atender às necessidades de auto-estima, nestes casos já são percebidos
sintomas de abstinência quando os meios de acesso ao mundo digital são retirados. Tais
sintomas de abstinência à tecnologia são descritos como irritabilidade, ansiedade e tristeza,
mas não há sinais físicos.
Aos usuários que buscam a tecnologia como fonte de auto-estima, é frequente a
presença de orgulho por si mesmo durante o uso de seus aparelhos. Inclusive, esses indivíduos
acreditam que experiências positivas são obtidas apenas através do acesso a mídias digitais, e
experiências negativas estão associadas à falta deste acesso. Existe a crença de se adquirir
autonomia através da tecnologia, além da sensação de que apenas o mundo virtual é seguro
(SILVA; TING, 2013).
Frequentemente, os indivíduos apresentam engajamento nas tecnologias como forma
de aceitação social, refere-se à crença de que as tecnologias dão a sensação de pertencimento
a uma comunidade online e superestimam seu relacionamento com o mundo real. As
percepções específicas que se enquadram nesse nível são o conceito individual de que apenas
as tecnologias ou pessoas envolvidas nelas podem entendê-lo. Em casos de jogadores online,
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estes acreditam que a melhoria de seu status ou nível no ranking atenderá às suas necessidades
sociais (KING; DELFRABBO, 2014).
Vive-se em uma era em que há um envolvimento consistente com a tecnologia,
culminando em uma dependência gradual dela. Há momentos em que é necessário usar a
tecnologia de maneiras significativas e produtivas, mas isso geralmente confunde a linha entre
a necessidade e o vício.
Young e Abreu (2011) também apontam a importância de questionar ao paciente sobre
o papel da tecnologia em sua vida pessoal e os motivos ocultos que o levaram ao vício. Além
disso, o terapeuta deve investigar a relação entre o dependente e seus laços sociais para
entender o papel desses laços. Em essência, a estratégia proposta fornece uma base terapêutica
que corrobora com o modelo proposto de comportamento cognitivo. Porque eles agem por
motivos individuais de mudança, buscando à modificação de pensamentos e crenças
desadaptativos associados ao comportamento obsessivo-compulsivo. Assim, a TCC usa
métodos para monitorar e controlar o comportamento e o uso da tecnologia a partir do
momento em que a situação é interpretada de maneira diferente.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho aborda as causas e os efeitos do uso excessivo das redes sociais, por meio de
levantamentos bibliográficos acerca do tema para compor a fundamentação teórica, a qual
analisa-se a frequência em que elas são utilizadas, além e depois, de padrões de
comportamento, com a inclusão dos aplicativos de mensagens instantâneas que
hipoteticamente pode se chegar a criar sérias dependências com respectivos danos:
irritabilidade, isolamento, ansiedade, distanciamento da sua vida real e a falta de controle e
entre outros. A fim de adiantar-se a um parâmetro sobre como esses recursos digitais afetam o
cotidiano e a vida social das pessoas.
Alguns dos impactos negativos mais comuns incluem os danos psicológicos como,
solidão, ansiedade e redução da autoestima, bem como a exposição a softwares maliciosos.
Atualmente, investigam-se fatores que influenciam o vício em mídias sociais e as estratégias
que as pessoas usam para regular seu comportamento. Essa realidade já ocasionou uma reação
nos desenvolvedores do Instagram, que em 2019, decidiram ocultar para terceiros o número
de likes em publicações. Eles entenderam que geraria uma certa comparação e competição
entre os usuários do Instagram. A plataforma entende que esse tipo de mudança poderia
ajudar as pessoas a focar menos nas curtidas e mais em contar suas histórias.
31

Deve-se observar que, embora nenhuma forma específica de intervenção psicológica


tenha sido proposta como um padrão totalmente eficaz para o tratamento do vício em
tecnologia, as abordagens mais utilizadas é a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e a
terapia de aprimoramento motivacional. Como o uso de tecnologia é essencial para a vida
diária, o uso controlado do tem precedência sobre a abstinência total como meta do tratamento
do vício em tecnologia do. Os tratamentos recomendados para o vício em tecnologia incluem
a substituição do uso excessivo por outras atividades que criam bem-estar, o uso de barreiras
externas, o estabelecimento de metas e a participação em grupos de apoio.
Apesar de cada vez mais pessoas terem problemas relacionados ao uso da tecnologia,
ainda não existe uma designação especifica para esse fator. Mesmo que não tenham estudos
que comprovem o método ideal para diagnosticar e tratar a dependência tecnológica, os
resultados da Terapia Cognitivo Comportamental direcionada voltada ao uso nocivo de
tecnologias tem sido eficaz, baseando-se em outras práticas clinicas psicopatologias de
dependência e controle de impulsos.
Por fim, verifica-se a importância do uso consciente da tecnologia para a nossa saúde
tanto física como psicológica, pois foram analisados os aspectos principais dos efeitos nocivos
das redes sociais, assim como vários grupos sociais que são constantemente afetados por ela,
com a criação assim de um material de suporte que poderá ser utilizado como referência para
outras pesquisas. O uso inconsciente da tecnologia/internet pode desencadear diversos
sintomas e até chegar em um quadro de dependência tecnológica, com o desenvolvimento de
diversas patologias chamada nomofobia e outros transtornos. Quando os usuários utilizam a
tecnologia/internet de forma consciente, existem benefícios de diversas informações e ampliar
nossa comunicação com o mundo, com a proporção de um melhor aproveitamento das redes
sociais.
32

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