Caderno - Direito Penal
Caderno - Direito Penal
Caderno - Direito Penal
Fundamento democrático: é o povo que elege o representante que vai definir o que é
crime;
Fundamento jurídico: a lei deve existir antes de se punir alguém, pois cria um efeito
intimidativo.
FUNÇÕES DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: O princípio da legalidade possui quatro
funções fundamentais:
1 proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen nulla poena sine lege praevia);
( Principio da Anterioridade ou da Irretroatividade da lei Penal)
2 proibir a criação de crimes e penas pelos costumes (nullum crimen nulla poena sine
lege scripta);(Principio da Reserva legal ,A lei penal tem que ser escrita)
3 proibir o emprego de analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas
(nullum crimen nulla poena sine lege stricta);( Proibição da analogia in mallam partem)
4 proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum crimen nulla poena sine lege
certa). (Princípio da Taxatividade)
Princípio da taxatividade: a lei Penal deve ser clara e precisa, de forma que o
destinatário da lei possa compreende-la. sendo vedada, portanto, com base em tal
princípio, a criação de tipos que contenham conceitos vagos ou imprecisos. A lei deve
ser, por isso, taxativa.
Princípio da anterioridade da lei penal: uma pessoa só pode ser punida, se á época
do fato por ela praticado, já estava em vigor a lei que descrevia o delito. Assim
consagra-se a irretroatividade da lei penal.
Princípio da reserva legal: apenas a lei em sentido formal pode descrever condutas
criminosas. É vedado ao legislador utilizar-se de decretos, medidas provisórias ou
outras formas legislativas para incriminar condutas.
Não há crime nem pena sem lei escrita: Costume não cria, agrava e nem extingue
norma penal.
Não há crime nem pena sem lei estrita: o emprego da analogia somente é
permitido a favor do réu, jamais em seu prejuízo, seja criando tipos incriminadores,
seja agravando as penas dos que já existem.
O STF não admitiu o furto de energia elétrica nos casos em que há furto de sinal de
TV a cabo, pois não seria possível fazer analogia in malam partem.
Não há crime nem pena sem lei necessária: também advém do princípio da
intervenção mínima do Direito Penal.
- A lei penal pode ser classificada como:
Lei completa: não depende de complemento, seja valorativo (pelo juiz) ou normativo
(por outra norma). Exemplo: “matar alguém” é uma lei completa.
Lei incompleta: depende de complemento valorativo ou normativo.
Tipo penal aberto: a norma depende de um complemento valorativo dado pelo juiz.
Exemplo: crimes culposos, pois é o juiz que decide se houve imprudência.
Norma penal em branco: há a necessidade de um complemento normativo.
Portanto, é preciso que outra norma promova esse complemento. O preceito
primário não é completo, razão pela qual a doutrina subdivide essa norma penal em
branco em:
Própria, em sentido estrito ou heterogênea: o complemento normativo advém
de uma norma diversa do legislador. Exemplo: Portaria complementa o crime
de tráfico de drogas.
Imprópria, em sentido amplo, homogênea: o complemento normativo emana do
próprio legislador. A norma penal incompleta em branco imprópria pode ser:
Homovitelina: o complemento emana do mesmo diploma legal. Exemplo:
peculato é complementado pelo conceito de funcionário público do art. 327,
ambos do Código Penal;
Heterovitelina: o complemento emana de instância legislativa diversa.
Exemplo: o CP, quando fala em contrair casamento com impedimento, não
determina o que seria impedimento, de maneira que deverá se
complementar com o conceito previsto no Código Civil.
A doutrina ainda traz mais dois tipos de norma penal em branco: norma penal em
branco ao revés (sanção em branco); norma penal em branco ao quadrado
(complemento que tbm precisa de complemento).
A norma penal em branco pode ser de instâncias federativas diversas.
Norma penal em branco é passível de complemento internacional por uma
norma de Direito Internacional.
3. Princípio da Insignificância
Esse princípio surge como desdobramento do princípio da intervenção mínima e da
fragmentariedade.
Ainda que o legislador crie tipos incriminadores, é possível que no caso concreto a
lesão ao bem jurídico seja irrelevante. Nesses casos que estaremos diante do crime
de bagatela.
No caso do princípio da insignificância, há subsunção do fato à norma,
configurando a tipicidade formal. Todavia, não há tipicidade material.
Do ponto de vista da interpretação, o princípio da insignificância seria uma restrição
dada ao tipo penal. Ou seja, o tipo penal, neste caso, não é aplicado. E, por conta
disso, a conduta seria atípica.
Informativo 913-STF (05/09/2018) –Em regra, o reconhecimento do princípio da
insignificância gera a absolvição do réu pela atipicidade material. Em outras palavras, o
agente não responde por nada. Em um caso concreto, contudo, o STF reconheceu o
princípio da insignificância, mas, como o réu era reincidente, em vez de absolvê-lo, o
Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos, afastando o óbice do art. 44, II, do CP: Art. 44. As
penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando: (...) II – o réu não for reincidente em crime doloso; Situação concreta: Antônio foi
denunciado por tentar furtar quatro frascos de xampu de um supermercado, bens
avaliados em R$ 31,20. O réu foi condenado pelo art. 155 c/c art. 14, II, do CP a uma pena
de 8 meses de reclusão. Foi aplicado o regime inicial semiaberto e negada a substituição
por pena restritiva de direitos em virtude de ele ser reincidente (já possuía uma
condenação anterior por furto), atraindo a vedação do art. 44, II, do CP. Em razão da
reincidência, o STF entendeu que não era o caso de absolver o condenado, mas, em
compensação, determinou que a pena privativa de liberdade fosse substituída por
restritiva de direitos, afastando a proibição do art. 44, II, do CP. STF. 1ª Turma. HC
137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
28/8/2018 (Info 913).
5. Princípio da Anterioridade
1. Tempo do crime
Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja
o momento do resultado: teoria da atividade (art. 4º, CP).
Art. 4º do CP- considere praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda
que outro seja o momento do resultado.
Quando o sujeito é inimputável pela menoridade no momento da ação e maior de 18
anos no momento do resultado, será punido com base no Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA).
Abolitio criminis
Quando a conduta criminosa é suprimida do ordenamento jurídico por meio de uma lei
penal. Nesse caso será uma lei penal benéfica que irá retroagir alcançando até
mesmo situações definitivamente julgadas.
Art. 2º, CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
É assentado que os efeitos extrapenais não são alcançados pela abolitio criminis visto
que o fato de uma conduta deixar de ser considerada um ilícito penal não significa que
ela tenha deixado de ser um ilícito civil podendo, portanto, a vítima cobrar as
indenizações do réu, pois a abolitio criminis não retira o caráter ilícito da conduta,
mas, tão somente, a ilicitude penal.
Para Flávio Monteiro de Barros, a natureza jurídica da abolitio criminis é de causa
extintiva da tipicidade. No entanto, em primeira fase não devemos seguir esta posição.
Isso porque o Código Penal estabelece que a abolitio criminis é causa extintiva
da punibilidade (art. 107, CP).
Continuidade típico-normativa
No princípio da continuidade normativo-típico, há a supressão formal, mas não
material do crime. Esse princípio se aplica nos casos em que uma norma penal é
revogada, mas sua conduta continua sendo criminosa no ordenamento.
Exemplo: Lei n.º 12.015/2009 – o crime de atentado violento ao pudor (art. 214) teve
sua conduta migrada para o delito de estupro (art. 213). Houve a supressão formal,
mas não a material. Não houve abolitio criminis, mas continuidade normativo-típica.
Retroatividade da jurisprudência
Entendimento que prevalece: a extra-atividade, ultratividade ou retroatividade da
jurisprudência não são admitidas. Só se admite a extra-atividade da lei.
Para a primeira fase do concurso adote que o entendimento que a JURISPRUDÊNCIA
NÃO RETROAGE PARA BENEFICIAR O RÉU.
Todavia, à luz dos ensinamentos do professor Rogério Sanches, não se pode negar a
possibilidade de retroatividade benéfica de jurisprudência de efeito vinculante, a
qual se dá através de súmula vinculante do STF, bem como quando há controle
concentrado de constitucionalidade. Nesses casos, a decisão terá efeito erga omnes.
Para primeiras fases, devemos marcar que jurisprudência não retroage, ainda
que para beneficiar o réu.
princípio da consunção;
princípio da alternatividade.
princípio da subsidiariedade;
princípio da especialidade;
Consunção: relação de condutas fins e meios (um delito é o meio para que se chegue
ao outro) ou mesmo de necessidade (um crime é uma fase para o outro, sendo
necessária sua execução para que se pratique o segundo tipo penal). Analisa o FATO,
a CONDUTA - um fato ABSORVE o outro. NÃO POSSUI PREVISÃO EXPRESSA NO
CP.
Alternatividade: Ocorre quando o crime possui vários núcleos, também chamados de
tipo misto alternativo. A prática de qualquer deles responsabiliza o agente por um
único delito (ex.: art. 33 da Lei de Drogas - tráfico: compra cocaína, transporta, guarda
e vende), será punido apenas 1x ainda que realize vários comportamentos.
Subsidiariedade: relação de tipos penais de maior e menor gravidade. Temos uma
norma menos grave (subsidiária), que descreve um crime autônomo, e uma norma
mais grave (primária), que descreve uma segunda conduta e que prevalecerá sobre
aquela. Analisa o TIPO PENAL - aqui o crime MAIS GRAVE PREVALECE.
subsidiariedade expressa: ocorre quando o próprio tipo penal traz a fórmula “se não
houver crime mais grave”;
subsidiariedade tácita: ocorre quando o tipo penal não traz a fórmula, mas é possível
perceber o caráter de subsidiariedade da norma.
3.3. Princípio da consunção
O princípio da consunção há uma absorção de um delito por outro (lex consumens
derogat legi consumptae). Ou seja, existe uma relação de fins e meios (um delito é o
meio para que se chegue ao outro) ou mesmo de necessidade (um crime é uma fase
para o outro, sendo necessária sua execução para que se pratique o segundo tipo
penal).
No princípio da consunção não necessariamente será aplicada a pena do crime
mais grave.
“O cotejo se dá entre fatos concretos, de modo que o mais completo, o inteiro,
prevalece sobre a fração. Não há um único fato buscando se abrigar em uma ou outra
lei penal caracterizada por notas especializantes, mas uma sucessão de fatos, todos
penalmente tipificados, na qual o mais amplo consome o menos amplo, evitando-se
que este seja duplamente punido, como parte de um todo e como crime autônomo.”
Cleber Masson.
LUTA
Analogia
Forma de integração
Não existe norma
Cria-se nova norma a partir de outra
Somente in bonam partem
Ex: isenção de pena para o cônjuge (e analogicamente para o companheiro)
(QUESTÃO CESPE) No concernente à interpretação e aplicação da lei penal, julgue o
itemseguinte: É vedada a aplicação analógica em normas penais incriminadoras. Nas
normas penais não-incriminadoras gerais, admite-se o emprego da analogia in bonam
partem.
(CORRETO)
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA
Forma de interpretação
Existe norma
Amplia-se o alcance
In bonam ou in malam partem
Ex: “arma”