015 Principio Da Vulnerabilidade Perspectiva Atual e Funcoes No Direito Do Consumidor Contemporaneo
015 Principio Da Vulnerabilidade Perspectiva Atual e Funcoes No Direito Do Consumidor Contemporaneo
015 Principio Da Vulnerabilidade Perspectiva Atual e Funcoes No Direito Do Consumidor Contemporaneo
PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE:
PERSPECTIVA ATUAL E FUNÇÕES NO DIREITO
DO CONSUMIDOR CONTEMPORÂNEO
Bruno Miragem
1. INTRODUÇÃO
O direito do consumidor constrói-se em torno da vulnerabilidade. Só há razão
de haver um direito especial fundante de uma ordem pública de proteção, frente a
critério que legitime a diferenciação. A Constituição da República refere-se à defesa do
consumidor como direito fundamental (art. 5º, XXXII), porém não define quem seja o
consumidor, cujo conceito é confiado à conformação do legislador.1 A ordem jurídica
defende o consumidor porque reconhece a necessidade de fazê-lo, identificando sua
situação desigual em relação aos demais agentes do mercado (os fornecedores). Seu
propósito fundamental é promover o equilíbrio das partes na relação de consumo,
mitigando os efeitos de uma relação de subordinação estrutural do consumidor ao
fornecedor (igualdade) de modo a assegurar sua regular ação na realização de seus
interesses legítimos no mercado (liberdade). Das várias soluções percebidas a partir
do direito comparado, o direito brasileiro adotou uma relativamente ampla, admitindo
a pessoa física (natural) e a pessoa jurídica, como passíveis de serem qualificadas
como consumidoras (art. 2º do CDC).
A noção jurídica de vulnerabilidade tem origem e desenvolvimento, na expe-
riência brasileira, associada ao direito do consumidor. Não que antes dele, a proteção
da posição jurídica com menor poder fosse desconhecida, como bem demonstra o
reconhecimento da hipossuficiência do trabalhador como princípio fundante do
direito do trabalho desde meados do século passado. Seu reconhecimento pela teoria
do direito, em especial a partir das transformações do direito constitucional com a
consagração dos direitos fundamentais, permitiu que se admitisse uma proteção
1
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 8. ed. São Paulo: RT, 2019, p. 58 e ss.
Para os limites e diretrizes da conformação do legislador, veja-se: MÖLLERS, Thomas M. J.
Juristische Methodenlehre, 2. ed. Munique: Beck, 2019, p. 369.
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234 DIREITO DO CONSUMIDOR – 30 ANOS DO CDC
2
Veja-se: MARQUES, Claudia Lima; MIRAGEM, Bruno. O novo direito privado e a proteção dos
vulneráveis. 2. ed. São Paulo: RT, 2014, p. 10.
3
FIECHTER-BOULVARD, Frédérique. La notion de vulnerabilité et sa consécration par le droit.
In: COHET-CORDEY, Frédérique (org.). Vulnerabilité et droit: le developpement de la vulnerabilité
et ses enjeux en droit. Grenoble: Presses Universitaires de Grenoble, 2000. p. 14.
4
IANNI, Octavio. Raças e classes sociais no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2004. p. 23 e ss.
SKIDMORE, Thomas. Preto no branco. Raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. São
Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 80 e ss.
5
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 8. ed. São Paulo: RT, 2019, p. 198.
6
“O ponto de partida do CDC é a afirmação do Princípio da Vulnerabilidade do Consumidor,
mecanismo que visa a garantir igualdade formal-material aos sujeitos da relação jurídica de
consumo, o que não quer dizer compactuar com exageros que, sem utilidade real, obstem
o progresso tecnológico, a circulação dos bens de consumo e a própria lucratividade dos
negócios.” (REsp 586.316/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª Turma, j. 17/04/2007, DJe
19/03/2009).
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Cap. 8 • PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE 235
7
MARQUES, Claudia Lima; MIRAGEM, Bruno. O novo direito privado e a proteção dos vulne-
ráveis. 2ª. ed. São Paulo: RT, 2014, p. 200.
8
MARQUES, Claudia Lima Marques. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. 8. ed. São
Paulo: RT, 2016, p. 324 e ss.
9
MARQUES, Claudia Lima Marques. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. 8. ed. São
Paulo: RT, 2016, p. 329.
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Cap. 8 • PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE 237
10
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 8. ed. São Paulo: RT, 2019, p. 200.
11
Assim, o nosso: MARQUES, Claudia Lima; MIRAGEM, Bruno. O novo direito privado e a proteção
dos vulneráveis. São Paulo: RT, 2012. Em relação à vulnerabilidade agravada dos deficientes,
veja-se: DENSA, Roberta. Direito do consumidor. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 18.
12
Assim sustentam Adalberto Pasqualotto e Flaviana Rampazzo Soares, atentando para
o fato de sob o conceito não se eliminar a noção de autodeterminação do consumidor:
PASQUALOTTO, Adalberto; SOARES, Flaviana Rampazzo. Consumidor hipervulnerável:
análise crítica, substrato axiológico, contornos e abrangência. Revista de Direito do
Consumidor, São Paulo, v. 113, p. 81-109, set.-out. 2017.
13
MARQUES. Contratos no Código de Defesa do Consumidor, 8. ed. São Paulo: RT, 2016, p. 338
e ss.
14
Sob distintos vieses, também na análise econômica do direito a referência a assimetria
informacional conduz a interações com as noções de racionalidade limitada e economia
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238 DIREITO DO CONSUMIDOR – 30 ANOS DO CDC
17
Sobre o tema, seja consentido remeter a: MIRAGEM, Bruno. Novo paradigma tecnológico,
mercado de consumo digital e o direito do consumidor. Revista de direito do consumidor,
v. 125. São Paulo: RT, set.-out./2019.
18
KLOEPFER, Michael. Informationsrecht. München: C.H.Beck, 2002, p. 128-129.
19
Refere-se aqui, à explicação de MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Código de Defesa do Con-
sumidor: o princípio da vulnerabilidade no contrato, na publicidade, nas demais práticas
comerciais (interpretação sistemática do direito). 3. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2009, p. 166 e ss.
20
Da variada bibliografia, remeta-se, por todos, ao conhecido trabalho de THALER, Richard
H.; SUSTEIN, Cass R. Nudge: improving decisions about health, wealth and hapiness. New
York: Penguin Books, 2008, em especial, p. 83 e ss. Especificamente em relação ao com-
portamento do consumidor, veja-se o texto de: TAHLER, Richard. Mental accounting and
consumer choice. Marketing Science, v. 4, n. 3, 1985 (Summer), p. 199-214.
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240 DIREITO DO CONSUMIDOR – 30 ANOS DO CDC
21
Simon, Herbert A. Rational choice and the structure of the environment. Psychological
Review, v. 63 (2). Washington: APA, 1956, p. 129-138.
22
MENDES, Laura Schertel. A vulnerabilidade do consumidor quanto ao tratamento de
dados pessoais. Revista de direito do consumidor, v. 102. São Paulo: RT, nov.-dez./2015, p.
19-43; MIRAGEM, Bruno. A Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018) e o direito do
consumidor. Revista dos Tribunais, v. 1009. São Paulo: RT, nov./2019.
23
Assim, a Súmula 479 do STJ: “As instituições financeiras respondem objetivamente pelos
danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no
âmbito de operações bancárias”.
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Cap. 8 • PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE 241
24
STJ, REsp 476.428/SC, rel. Min. Fátima Nancy Andrighi, j. 19.04.2005, DJU 09.05.2005. No
mesmo sentido: meu comentário sobre o julgado: MIRAGEM, Bruno. Aplicação do CDC na
proteção contratual do consumidor-empresário: concreção do conceito de vulnerabilidade
como critério para equiparação legal Comentário de jurisprudência. Revista de direito do
consumidor, v. 62. São Paulo: RT, abr.-jun. 2007 p. 259.
25
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 8. ed. São Paulo: RT, 2019, p. 247.
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242 DIREITO DO CONSUMIDOR – 30 ANOS DO CDC
26
RODRIGUES JÚNIOR, Otávio Luiz; LEONARDO, Rodrigo Xavier; PRADO, Augusto Cézar
Luckasheck. A liberdade contratual e a função social do contrato: alteração do art. 421-A
do Código Civil. In: MARQUES NETO, Floriano de Azevedo; RODRIGUES JÚNIOR, Otávio Luiz;
LEONARDO, Rodrigo Xavier. Comentários à Lei da Liberdade Econômica: Lei 13.874/2019. São
Paulo: RT, 2019, p. 309 e ss.
27
STJ, AgRg no AREsp 735.249/SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, 3ª Turma, j. 15/12/2015,
DJe 04/02/2016.
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Cap. 8 • PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE 243
a atividade do adquirente deve ser grave, a ponto de reduzir seu poder de negociação
com o cocontratante, situação que se relaciona também a restrições ou obstáculos a
outros competidores no mercado, capazes de oferecê-los em condições comparáveis.
A aplicação desses critérios pelo intérprete, contudo, nem sempre levará a
conclusões unânimes. Assim por exemplo: no caso de uma revendedora de veículos
que tenha feito publicidade de seus produtos, oferecendo para contato telefones que
deixam de funcionar por falha da prestação de serviço pela operadora de telefonia,
existiria de vulnerabilidade decorrente do custo de troca da operadora e/ou dos
números de contato anunciados, ou o risco de frustração dos negócios projetados?
Embora destacando o caráter essencial do serviço para o exercício da atividade
empresarial em questão, o STJ entendeu que não era o caso de ter sido demonstrada,
só por isso, a vulnerabilidade da revendedora de veículos.28
A identificação destes novos critérios para o reconhecimento da vulnerabilidade
e, especialmente, suas vicissitudes frente à realidade fática, tornam mais relevante
o exame do conceito não apenas em razão do seu significado abstrato (princípio de
vulnerabilidade), mas da forma como se apresenta em situações concretas, de modo
a legitimar a aplicação do CDC, e a interpretação e suas normas.
28
STJ, REsp 1195642/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, j. 13/11/2012, DJe 21/11/2012.
29
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 8. ed. São Paulo: RT, 2019, p. 230. Antonio
Herman Benjamin, em conhecido trabalho anterior ao CDC, definiu consumidor como sen-
do “todo aquele que, para seu uso pessoal, de sua família, ou dos que se subordinam por
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244 DIREITO DO CONSUMIDOR – 30 ANOS DO CDC
pelo CDC para sua definição é a destinação final do produto ou serviço objeto da
relação de consumo. Desde sempre, contudo, este critério expresso na definição
legal de consumidor (art. 2º do CDC), foi objeto de interpretações divergentes em
soluções tópicas.30 A iniciativa de sistematização, pela doutrina, de critérios para
concreção do conceito de destinatário final (destinatário final fático, econômico ou
fático e econômico), não logrou afirmar uma unidade de sentido para o intérprete,
submetendo-se também a soluções tópicas que, não raro, com recurso ao princípio
da vulnerabilidade para consagrar certo entendimento.
Em síntese, o destinatário final fático seria aquele que, ao utilizar ou fruir do
produto ou serviço, exaure sua própria integridade e/ou utilidade; o destinatário
final econômico, ao consumir, retira o produto ou serviço do mercado, sem voltar a
recolocá-lo como objeto de novas relações jurídicas; o destinatário fático e econômico
reuniria os dos critérios anteriores. A distinção mais utilizada para fins didáticos, neste
último caso, seria a que distinguiria consumo e insumo, para excluir este último, já que
embora possa haver o exaurimento da integridade ou utilidade do bem, ela ocorre para
promover/viabilizar certa atividade com fins econômicos.31 O exemplo da mercancia,
no qual o empresário compra para revender, é insuficiente para esclarecer os concei-
tos. Uma visão mais estrita de destinação final exclui qualquer insumo da atividade
com fins econômicos – o que, a rigor, se projeta tanto em relação às pessoas naturais
quanto às pessoas jurídicas. Em relação a estas últimas, inclusive, não apenas o que
diz respeito, diretamente ao objeto da sua atividade (e.g. as mercadorias adquiridas
para revender), mas também quaisquer outros produtos e serviços adquiridos para
estruturar ou manter a atividade (desde os balcões para a exposição da mercadoria,
até o serviço de energia elétrica necessário para o contato com clientes).
As espécies definidas na classificação tradicional, contudo, não são utilizadas
isoladamente para delimitação do conceito de consumidor. Não faltam situações
difíceis, sobretudo quando examinadas apenas sob o critério de destinatário final
expresso na lei. Uma sociedade simples com dois sócios advogados, que adquira um
32
CALAIS-AULOY, Jean; STEINMETZ, Frank. Droit de consommation. 7. ed. Paris: Dalloz, 2006,
p. 11 e ss.
33
Não se deixe de notar, contudo, que o controle das cláusulas contratuais, especialmente
à luz da boa-fé objetiva é assegurado já há muitos anos pelo direito alemão (ao menos
desde a lei das condições gerais dos contratos – AGB-Gesetz, de 1976), hoje definido no
§305 do BGB.
34
A crítica ao recurso excessivo aos princípios e os seus diferentes significados é talvez,
hoje, tão abundante na literatura jurídica quanto a posição que sustenta a importância e
protagonismo de sua aplicação. Resume o argumento a expressão de Lênio Luiz Streck,
fundado em Larenz, para quem a aplicação do princípio deve ser uma solução para o sis-
tema e não contra o sistema: STRECK, Lênio Luiz. Verdade e consenso. 3. ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2009, p. 498.
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246 DIREITO DO CONSUMIDOR – 30 ANOS DO CDC
35
ESSER, Josef. Grundsatz und Norm in der richterlichen Fortbildung des Privatrechts, 4. impres-
são, Tübingen, 1990, p. 51.
36
LARENZ, Karl. Metodologia da ciência do direito. Trad. José Lamego. 3. ed. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 1997, p. 599.
37
A dimensão de peso dos princípios resulta da influente contribuição de Ronald Dworkin, no
direito anglo-saxão, e recepcionada no direito brasileiro. DWORKIN, Ronald. Taking Rights
Seriously. Cambridge: Harvard University Press, 1978, p. 26. Na mesma linha o entendimento
de ALEXY, Robert. Zum Begriff des Rechtsprinzips, Argumentation und Hermeneutik in der
Jurisprudenz. Beiheft I: Rechtstheorie. Berlin: Duncker und Humblot, 1979, p. 59-87. Para a
conhecida sugestão sobre a “ponderação de bens”. LARENZ, Karl. Metodologia da ciência
do direito, p. 574 e ss.
38
FIGUEROA, Alfonso García. Principios y positivismo jurídico. Madrid: CEPC, 1998, p. 192-193.
39
ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Trad. Ernesto Garzón-Valdez. Madrid:
CEPC, 2002, p. 86.
40
FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação.
8. ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 306.
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Cap. 8 • PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE 247
caput, ou das regras de equiparação (em especial, o art. 29 do CDC). A segunda para
interpretação das normas do CDC, fixando seu sentido de modo a otimizar a proteção
dos consumidores vulneráveis. A terceira para diferenciação, especialmente, quanto
ao resultado da aplicação, de modo a assegurar que expresse a maior efetividade para
o consumidor e ao mesmo tempo rejeite aquele incompatível com este fim (como por
exemplo, que subverta a distribuição ordinária dos riscos em um contrato paritário)
ou seja contrário a um interesse legítimo do consumidor.
41
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 8. ed. São Paulo: RT, 2019, p. 243.
42
STJ, REsp 476.428, Rel. Min. Fátima Nancy Andrighi, 3ª Turma, j. 19.04.2005, DJU 09.05.2005;
AgRg no AREsp 735.249/SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, 3ª Turma, j. 15.12.2015, DJe
04.02.2016.
43
STJ, AgInt no AREsp 383.168/RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, 4ª Turma, j. 24/09/2019, DJe
02/10/2019.
44
STJ, AgRg no AREsp 735.249/SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, 3ª Turma, j. 15/12/2015,
DJe 04/02/2016.
45
STJ, AgRg no REsp 1.321.083/PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª Turma, j. 09.09.2014,
DJe 25.09.2014; REsp 861.711/RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª Turma, j.
14/04/2011, DJe 17/05/2011.
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Cap. 8 • PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE 249
46
STJ, RMS 27.541/TO, 2ª T., j. 18.08.2009, rel. Min. Herman Benjamin, DJe 27.04.2011.
47
STJ, AgInt no AREsp 1415864/SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, j. 04/05/2020, DJe
07/05/2020.
48
STJ, AgInt no AREsp 1476190/RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, 4ª Turma, j. 10/03/2020, DJe
17/03/2020; REsp 567.192/SP, Rel. Min. Raul Araújo, 4ª Turma, j. 05/09/2013, DJe 29/10/2014.
49
CANARIS, Claus Wilhelm. Pensamento sistemático e conceito de sistema na ciência do direito.
2ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996, p. 187 e ss.
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250 DIREITO DO CONSUMIDOR – 30 ANOS DO CDC
50
GRAU, Eros Roberto. Ensaio e discurso sobre a interpretação/aplicação do direito. São Paulo:
Malheiros, 2002, p. 19-21.
51
RÜTHERS, Bernd. Rechtstheorie. 3 Auf. München: C.H. Beck, 2007, p. 112.
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Cap. 8 • PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE 251
consumidor, senão a razão pela qual tenha adotado o comportamento, para o que o
reconhecimento da sua vulnerabilidade também implica a avaliação da capacidade
para adoção da conduta necessária para evitar o dano (e.g. pode ser que o consumidor
tenha agido de determinado modo, causando o dano, porque não lhe foi informado
o comportamento esperado, o qual também não tinha como prever). O mesmo se
diga nas situações em que consumidor não presta ao fornecedor informação rele-
vante, caso em que, reconhecida sua vulnerabilidade, perquire-se sobre a existência
de um dever de prestá-la ou de responder à pergunta que lhe tenha de ser feita (e.g.
a anamnese médica e o dever de declaração inicial do risco no seguro).
Ainda é de referir, neste caso, a interpretação do que se considere constrangi-
mento ou ameaça, elementos nucleares para caracterização da cobrança abusiva de
dívidas (art. 42 do CDC), cuja concreção deve ter em conta a condição específica
do consumidor.
No tocante à interpretação do contrato, o art. 47 do CDC define que “as cláusulas
contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”, regra que
é fundamentada no princípio da vulnerabilidade, ademais porque devem “ser postas
de modo a evitar falsas expectativas, tais como aquelas dissociadas da realidade, em
especial quanto ao consumidor desprovido de conhecimentos técnicos”.52
Um olhar contemporâneo da realidade do mercado de consumo e das normas
de proteção previstas pela legislação ao sujeito vulnerável na relação de consumo vem
sustentando uma heterogeneidade da posição do consumidor, a reclamar uma diferen-
ciação na sua proteção conforme as qualidades subjetivas que apresentam. Em breve
síntese, este argumento sustenta a necessidade de maior proteção a consumidores de
menor capacidade cognitiva, sobretudo devido a sua formação, e menor poder de
negociação, em relação a consumidores em melhor posição cultural ou econômica.
Ou, por outro lado, a diferenciação definida não mais por critérios subjetivos relativos
à pessoa do consumidor, mas a partir de situações especiais de risco.53
O propósito da diferenciação entre consumidores orienta-se, predominante-
mente, no reconhecimento de situações que apresentam características ainda mais
intensas de debilidade do consumidor, como ocorre na vulnerabilidade agravada
de determinados grupos (e.g. consumidores crianças, idosos, doentes, analfabetos).
Contudo, esta mesma diferenciação orientada a promover a efetividade da proteção
do consumidor (reconhecendo aspectos específicos da sua vulnerabilidade) pode
ser vista em sentido oposto, para reduzir o nível de proteção de consumidores que
alegadamente ostentem melhores condições de conhecimento e informação sobre
a relação de consumo, e defesa dos seus interesses. Neste caso, a versão de um con-
sumidor razoável e atento acaba sendo estabelecida para mitigar a proteção legal.
Exemplo deste argumento é a determinação, para o consumidor, de um ônus
de se informar. Reconhecida nos estudos mais recentes associados ao direito civil e
52
STJ, REsp 1344967/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, 3ª Turma, j. 26/08/2014, DJ
15/09/2014.
53
GRUNDMAN, Stefan. A proteção funcional do consumidor: novos modelos de consumidor à
luz de teorias recentes. Revista de direito do consumidor, v. 101. São Paulo: RT, set.-out./2015,
p. 17-42.
|
252 DIREITO DO CONSUMIDOR – 30 ANOS DO CDC
54
Veja-se, neste sentido, a excelente tese de: TOMASEVICIUS FILHO, Eduardo. O princípio da
boa-fé no direito civil. São Paulo: Almedina, 2020, p. 264-265.
55
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 8. ed. São Paulo: RT, 2019, p. 375.
56
GRUNDMAN, Stefan. Informação, autonomia da vontade e agentes econômicos no direito
dos contratos europeu (2002). Revista de direito do consumidor, v. 58. São Paulo: RT, abr.-
-jun./2006, p. 275-303.
57
TOMASEVICIUS FILHO, Eduardo. O princípio da boa-fé no direito civil. São Paulo: Almedina,
2020, p. 268-269.
58
Conforme jurisprudência ao “impõe ao fornecedor uma obrigação de diligência na ativida-
de de esclarecer o consumidor, sob pena de desfazimento do negócio jurídico ou de res-
ponsabilização objetiva por eventual dano causado, ao passo que, num sistema jurídico
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Cap. 8 • PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE 253
brasileiro, o próprio CDC não permite esta conclusão segundo o conteúdo expresso
de suas normas, ademais interpretadas de acordo com o princípio da vulnerabilidade.
A questão se resolve é no tocante ao conteúdo e o modo de prestação da infor-
mação pelo fornecedor. Conforme quem seja o consumidor ao qual ela se destina, e às
circunstâncias em que é prestada, poderá haver distintos graus de intensidade quanto
ao que se exija do comportamento do fornecedor – não do consumidor. Afinal, o
reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor não impõe que a lei identifique,
em abstrato, dever de que possua informação sobre a relação de consumo ou seu
objeto, tampouco um ônus específico de obter a informação. O grau de vulnerabili-
dade do consumidor modula o dever de informar do fornecedor. Não significa que
se deixe de exigir ao consumidor dever ou ônus de informar conforme a natureza
do contrato celebrado (e.g. dever de declaração inicial do risco, ou de informar seu
agravamento no seguro; ônus de informar ao médico o que lhe for perguntado para
permitir diagnóstico). Por fim, refira-se que a rejeição de um ônus de se informar do
consumidor, em razão do reconhecimento de sua vulnerabilidade, não se deve colocar
no plano da dicotomia entre o comportamento de boa-fé e de má-fé, tampouco se
confunde com a negligência deliberada do consumidor, que permite ser aferida no
caso concreto e cotejada – uma vez mais – com o conteúdo e modo de cumprimento
do dever de informar do fornecedor.
A eficácia do princípio da vulnerabilidade na interpretação da lei não se res-
tringe a determinação do sentido da norma a partir de seus propósitos originais. A
interpretação compreende também a tarefa de atualização da lei, ou seja, o desenvol-
vimento do Direito que se dá em consonância com seus princípios fundantes, muitas
vezes “motivado precisamente pela aspiração a fazer valer estes princípios em maior
escala do que aconteceu na lei”.59
A atualização do sentido e alcance da lei, por intermédio da função interpretativa
do princípio da vulnerabilidade, tem especial relevância frente às transformações do
mercado de consumo promovidas pelo desenvolvimento da internet – o mercado
de consumo digital. O reconhecimento de uma vulnerabilidade digital informa a
interpretação e aplicação das normas do CDC às relações de consumo pela internet.
Um exemplo diz respeito mesmo à noção de publicidade na internet. O CDC, ao
ser editado, dispôs sobre a publicidade, sem defini-la expressamente. Concentrou
sua disciplina em quatro aspectos principais: a) sua eficácia vinculativa (art. 30); b)
o dever de sua identificação para o consumidor (art. 36); c) a proibição da publici-
dade enganosa e abusiva (art. 37); e d) a imposição do ônus da prova sobre a vera-
cidade da informação para o fornecedor (art. 38).60 O desenvolvimento da internet,
contudo, transformou o modo como se realiza a publicidade neste meio, seja por
uma maior simbiose entre o conteúdo informativo e de entretenimento próprio do
meio e mensagens publicitárias (publicidade clandestina), seja como a expansão da
denominada publicidade testemunhal, pela qual celebridades ou pessoas que tenham
reconhecida credibilidade ou apreço social testemunham, expressamente ou de modo
implícito, sobre vantagens relativas a produtos ou serviços que anunciam.
A publicidade testemunhal sempre levantou dúvidas sobre a extensão da
responsabilidade daqueles que dela participavam atestando qualidade e demais
atributos de produtos e serviços anunciados.61 No caso da internet, contudo, obser-
va-se uma articulação entre a noção tradicional de publicidade testemunhal – na
qual alguém participa, episodicamente, exclusivamente para atestar a qualidade
do produto ou serviço (e.g. celebridades, atores, esportistas reconhecidos) – com
a organização de um modelo de divulgação de produtos e serviços pela própria
pessoa que presta não só o testemunho expresso ou tácito, mas dirige a comu-
nicação com o público, orientada a esta promoção. Trata-se do fenômeno dos
influenciadores digitais (digital influencers), que registram perfis em redes sociais
(Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, etc.), desenvolvendo estratégias para
conquista de seguidores e manifestação de apreço (likes, curtidas) a mensagens
publicadas (posts) ou vídeos, com o objetivo de aumentar seu reconhecimento e
capacidade de influência no ambiente digital como um todo. Em determinadas redes
sociais há, inclusive, a remuneração do digital influencer conforme o número de
acessos ao conteúdo que publica, por vezes associado à veiculação de publicidade
tradicional. Todavia, em boa parte dos casos, a publicidade de produtos e serviços
é organizada a partir de relação entre o próprio digital influencer e o fornecedor,
sem intermediação da plataforma.
Em outros sistemas jurídicos, sinaliza-se que a importância dos digital influen-
cers no mercado de consumo digital é acompanhada pela insuficiência das normas
existentes para sua disciplina,62 levando à construção, pela via interpretativa, de um
dever de correção (duty to trade fairly) aplicável de modo geral, a todas as pessoas
envolvidas na atividade de marketing dos influenciadores digitais.63 Isso é especial-
mente relevante no tocante a influenciadores digitais cuja atuação se direcione a
crianças. Nestes casos, inclusive, tais influenciadores tanto podem ser adultos quanto
crianças que testemunham a qualidade e demais atributos positivos de produtos e
serviços divulgados e direcionados para influenciar outras crianças, sem a aparência
61
Sustentando sua responsabilidade, ao considera-las integrantes da cadeia de forneci-
mento: SCARTEZZINI GUIMARÃES, Paulo Jorge. A publicidade ilícita e a responsabilidade
civil das celebridades que dela participam. São Paulo: RT, 2001. p. 152 e 195; RIZZATTO
NUNES, Luiz Antônio. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: Saraiva,
2000, p. 454; FERNANDES NETO. Direito da comunicação social. São Paulo: RT, 2004, p.
231-232.
62
RIEFA, Christine; CLAUSEN, Laura. Towards fairness in digital influencers’ marketing practices.
Journal of European Consumer and Market Law, issue 2/2019, München: C.H. Beck, 2019, p.
66 e ss.
63
RIEFA, Christine; CLAUSEN, Laura. Towards fairness in digital influencers’ marketing practices,
p. 73.
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Cap. 8 • PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE 255
64
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 8. ed. São Paulo: RT, 2019, p. 352. Exami-
nando a publicidade clandestina e subliminar na internet, veja-se: BRITO, Dante Ponte de.
Publicidade subliminar na internet. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017, p. 189 e ss.
65
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 8. ed. São Paulo: RT, 2019, p. 357.
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256 DIREITO DO CONSUMIDOR – 30 ANOS DO CDC
66
STJ, REsp 932.557/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, j. 07/02/2012, DJe 23/02/2012.
67
STJ, REsp 1196951/PI, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, j. 14/02/2012, DJe 09/04/2012.
68
STJ, REsp 938.979/DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, j. 19/06/2012, DJe 29/06/2012.
69
STJ, REsp 761.557/RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, 3ª Turma, j. 24/11/2009, DJe 03/12/2009.
70
STJ, AgInt no AREsp 1212302/PR, Rel. Min. Raul Araújo, 4ª Turma, j. 21/11/2019, DJe
19/12/2019.
71
STJ, REsp 684.613/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, j. 21/06/2005, DJ 01/07/2005.
72
STJ, REsp 1785802/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, 3ª Turma, j. 19/02/2019, DJe
06/03/2019.
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Cap. 8 • PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE 257
73
MIRAGEM, Bruno. Eppur si muove: diálogo das fontes como método de interpretação
sistemática no direito brasileiro. In: MARQUES, Claudia Lima (Org.) Diálogo das fontes: Do
conflito à coordenação de normas do direito brasileiro. São Paulo: RT, 2012, p. 67 e ss.
74
MARQUES, Claudia Lima. Teoria do diálogo das fontes hoje no Brasil e seus novos desafios:
uma homenagem à magistratura brasileira. In: MARQUES, Claudia Lima; MIRAGEM, Bruno
(Orgs.) Diálogo das fontes: novos estudos sobre a coordenação e aplicação de norma no direito
brasileiro. São Paulo: RT, 2020, p. 17 e ss.
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258 DIREITO DO CONSUMIDOR – 30 ANOS DO CDC
4. SÍNTESE CONCLUSIVA
O princípio da vulnerabilidade – ou do reconhecimento da vulnerabilidade do
consumidor, conforme expresso no art. 4º, I, do CDC – consiste na base do sistema de
proteção do consumidor, ao tempo em que justifica sua própria existência e informa
a interpretação e aplicação de suas normas. O desenvolvimento do direito brasileiro
afirmou que o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor implica que tanto
seja presumida em relação às pessoas naturais – variando quanto ao critério para
sua identificação –, quanto deva, em relação às pessoas jurídicas, ser identificada a
partir do exame da situação específica (vulnerabilidade in concreto).
Ao mesmo tempo, a interpretação do que se considere vulnerabilidade in con-
creto, ao lado dos critérios tradicionais para sua aferição (vulnerabilidade técnica,
jurídica, fática e informacional), coloca em relevo outros, em razão das transformações
do mercado de consumo e o advento do mercado de consumo digital (vulnerabilidade
digital), bem como pelo desenvolvimento judicial do direito. Caso em que o refina-
mento de seus conceitos serve para delimitar o âmbito de incidência das normas de
proteção do consumidor (vulnerabilidade por dependência).
Desempenha, o princípio da vulnerabilidade, três funções essenciais para o
direito do consumidor brasileiro: a) a função de delimitação conceitual, que visa
circunscrever o âmbito de incidência do CDC, em especial no tocante às pessoas
jurídicas; b) a função interpretativa, que informa a interpretação das normas do
CDC, em especial para efeito de assegurar sua finalidade de proteção do consumidor
vulnerável; e c) a função diferenciadora, pela qual rejeita-se aplicação incompatível
com o fundamento das normas de proteção do consumidor (reequilíbrio de relações
desiguais), assim como distingue, qualitativamente, entre os próprios interesses
protegidos (vulnerabilidade existencial e vulnerabilidade patrimonial), para efeito,
inclusive, de melhor seleção dos seus instrumentos de tutela.
A eficácia e efetividade das normas de direito do consumidor pressupõem, no
sistema jurídico brasileiro, a correta interpretação e aplicação do princípio da vul-
nerabilidade. Trata-se de seu fundamento ético-jurídico, cujas funções asseguram
sua precisão conceitual e atualização normativa frente à evolução da realidade social
(transformações do mercado de consumo), ao mesmo tempo em que permitem o
desenvolvimento do direito pela via da interpretação e aplicação de suas normas.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Cap. 8 • PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE 259
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Cap. 8 • PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE 261