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Exantema Varicela

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VARICELA (DUNCAN) (todas as lesões no mesmo estágio e com

tendência centrífuga).
ETIOLOGIA
Compromete também as mucosas, cujas
Doença infectocontagiosa aguda causada
lesões maceram, formando úlceras. Lesões
pelo herpes vírus Zoster varicellae. na córnea podem causar-lhe deformidades,
EPIDEMIOLOGIA com distúrbios da visão.

É normalmente benigna, porém bastante Há prurido constante e linfadenomegalia


contagiosa, transmitindo-se por gotículas generalizada. A varicela não deixa
de saliva ou pelo exsudato das lesões cicatrizes, a menos que haja contaminação
ativas. Não é contagiosa pelas crostas, bacteriana secundária das lesões ou
quando em sua fase inicial. O contágio se remoção precoce das crostas.
faz desde o pródromos até o não DIAGNÓSTICO
aparecimento de novas lesões.
É feito basicamente por meio de dados
O grupo etário mais afetado é o de crianças clínicos, pois o isolamento do vírus e os
entre os 5-9 anos de idade, mas pode testes sorológicos são caros e de difícil
acometer qualquer idade. Há 90% de
obtenção em nosso meio.
probabilidade de contágio ao primeiro
contato em pessoas suscetíveis. COMPLICAÇÕES

QUADRO CLÍNICO A complicação mais freqüente é a infecção


bacteriana secundária das lesões; outras
Após um período de incubação de 11-21
mais raras, em geral associadas ao uso de
dias (média de 14 dias), há um período corticóides ou imunodepressores, são
prodrômico de 24 horas com febrícula, pneumonia, púrpura, encefalite e síndrome
mal-estar e anorexia. de Reye.
A erupção apresenta-se com lesões TRATAMENTO
características: primeiro são máculas
eritematosas, que evoluem rapidamente O tratamento na maioria dos casos é
para maculopápulas e, após, para vesículas sintomático: cuidados higiênicos, aplicação
circundadas por mácula eritematosa, que de antipruriginosos locais (loções de
se rompem e apresentam crostas. O calamina) e administração de anti-
aparecimento de novas lesões ocorre por histamínicos e de antitérmicos. O AAS deve
6-7 dias. ser evitado por estar, no caso da varicela,
associado ao desencadeamento de
Máculas eritematosas  maculopápulas  síndrome de Reye.
vesículas circundadas por mácula
eritematosa  crostas. O aciclovir reduz a duração da febre e o
número de lesões se começado dentro de
Há vários tipos de lesões concomitantes, 24-48h do início da erupção, mas o seu uso
em vários estágios, com uma tendência não deve ser indicado de rotina para todos
centrípeta: mais no tronco do que nas os pacientes. Seu emprego pode ser
extremidades, o que a diferencia da varíola
justificado em pacientes acima de 18 anos,
em que a doença pode ser mais grave. Em
pacientes imunocomprometidos, o O período de incubação é de 10-25 dias,
aciclovir reduz a disseminação da doença e com uma média de 15 dias.
está formalmente indicado.
DIAGNÓSTICO
VARICELA (LOPES)
O diagnóstico da infecção por VZV, além de
O vírus varicela-zoster (VZV) é um DNA- definir a entidade patológica do paciente, é
vírus, da família Herpesviridae que, como importante para a introdução de terapia
outros herpesvírus, causa infecção primária antiviral e controle da transmissão. Três
com soroconversão seguida de infecção linhas de investigação são importantes
latente e permanente. Dessa forma, o VZV para a definição diagnóstica:
causa dois tipos de entidades clínica, a
varicela (catapora) ou o herpes zóster. História de exposição e manifestação
clínica do exantema
A varicela é uma doença exantemática Presença do vírus, antígenos virais ou
maculopapulovesicular causada pela lesão citopática relacionada ao VZV
Documentação de produção de anticorpos
infecção primária do VZV.
específicos contra o VZV
EPIDEMIOLOGIA

Geralmente, a varicela causa epidemia no Do ponto de vista prático, com freqüência


inverno e primavera em crianças de idade pode-se embasar apenas no diagnóstico
escolar e pré-escolar, com a maior clínico, especialmente quando do
incidência dos 5-9 anos de idade. aparecimento de casos secundários de
varicela e para herpes zóster. Entretanto,
Anticorpos adquiridos por via vertical outras doenças exantemáticas vesiculares,
protegem as crianças até os 6-9 meses de como impetigo e infecção pelo
vida e 90% dos adultos são soropositivos e cocksakievírus, devem ser excluídas, sendo
imunes. por vezes necessária a documentação
laboratorial para a definição exata.
A transmissão do VZV ocorre
principalmente por gotículas das secreções Os testes disponíveis são:
nasofaríngeas de pessoas infectadas (pelo
contato direto ou por correntes de ar), mas TESTE DE TZANCK: Visualização do efeito
citopático viral em células de esfregaço
também pode ocorrer mediante contato
das lesões
desprotegido com o fluido das vesículas. TESTE SOROLÓGICO: pesquisa de IgM e
IgG
O período de transmissão ocorre entre 48h
IMUNOFLUORESCÊNCIA: para pesquisa de
antes e 4 dias após o aparecimento do antígenos nas lesões e esfregaços de
exantema. Dessa forma, recomenda-se que nasofaringe
o paciente com suspeita de varicela seja PCR
isolado desde 48h antes do aparecimento
do exantema, se possível, até que todas as
lesões estejam sob forma de crostas. A CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
transmissão do vírus se mostra mais eficaz As lesões cutâneas iniciam-se como
na infecção primária. pápulas, que progridem em horas para
vesículas ovais e superficiais rodeadas por
um halo de eritema. São lesões icterícia raramente ocorre. A
pruriginosas. Lesões surgem em surtos e trombocitopenia leve também pode estar
aparecem progressivamente por 5-7 dias e presente.
é comum ocorrerem lesões em todos os
estágios em uma mesma área de pele. A PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO
cabeça e o tronco são acometidos Uma vacina com vírus atenuado foi
inicialmente e em maior intensidade, desenvolvida por pesquisadores japoneses
principalmente nas áreas com maior calor, em 1974.
pressão e umidade.
Uma dose de 0,5 mL, via subcutânea, deve
O fluido vesicular torna-se opaco em 2-3 ser administrada em dose única para
dias e a vesícula evolui para lesão com crianças até 12 anos de idade e em duas
crosta que se perde dentro de 5 dias, doses, em intervalo de 1 mês, em
podendo deixar cicatriz cutânea leve. Nas adolescentes e adultos. A vacina é
áreas com infecção secundária pode haver imunogênica em 98-99% das crianças após
cicatrizes mais proeminentes. uma única dose e em 94-99% dos
adolescentes e adultos após duas doses
com intervalo de 4-8 semanas.

Doença leve pode ocorrer em 12-20% dos


pacientes vacinados após 5-10 anos de
vacinação.

A vacinação pré-exposição é recomendada


para todas as crianças entre 12 meses e 12
anos de idade, com história negativa para
varicela e para mulheres em idade fértil e
Febre elevada pode encontrada nos
soronegativas. De um modo geral, está
primeiros 4 dias de exantema. Casos
contra-indicada em pacientes
secundários podem ser mais graves que o
imunodeprimidos, mas pode ser
caso-índice e a densidade do exantema
administrada em alguns casos, como em
determina a gravidade da varicela.
crianças que usaram pulsoterapia com
Na ocorrência de mucosite, além do esteróides ou crianças com leucemia
exantema, lesões orais e sintomas, como linfoblástica, nos intervalos entre cursos de
disúria, estão presentes. Sempre ocorre quimioterapia, desde que o número de
pneumonite de células gigantes nesses linfócitos seja superior a 1.200/mm3.
pacientes, que não maioria das vezes é
A imunização em crianças infectadas pelo
assintomática. O risco maior de sintomas
HIV é segura se os níveis linfocitários
respiratórios ocorre em tabagistas,
estiverem em torno de 25-30% ou mais.
gestantes e imunodeprimidos. As infecções
Pacientes com alergia aos componentes da
bacterianas secundárias devem sempre ser
vacina, que englobam neomicina,
descartadas nesses casos sintomáticos.
glutamato e gelatina, não devem recebê-la,
A elevação discreta das transaminases é assim como gestantes.
comum, principalmente em adultos, porém
hepatite clinicamente evidente com
O uso da vacina está aprovado no Brasil, Na varicela, o aciclovir oral reduz a febre e
mas a mesma não faz parte do calendário a quantidade e duração das vesículas,
vacinal com doses fornecidas pelo porém o tratamento não é recomendado
Ministério da Saúde. em todas as crianças saudáveis menores de
12 anos, crianças com dermatites crônicas,
PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO distúrbios pulmonares e uso crônico de
A imunoglobulina anti-VZV (VZVIG) salicilatos ou corticosteróides. Em pessoas
hiperimune é derivada do plasma de saudáveis maiores de 12 anos, o
pacientes com altos títulos de anticorpos tratamento está indicado, pois nesse grupo
anti-VZV e pode ser utilizada para prevenir parece reduzir o risco de complicações.
a doença ou garantir um quadro clínico O início do tratamento deve idealmente
mais leve. Pode ser administrada por até 7- ser nas primeiras 48h do início das lesões.
10 dias após o contato de risco em A dose deve ser de 800mg, 5 vezes ao dia,
pacientes não imunes, porém, a melhor durante 5-7 dias.
resposta ocorre se administrada dentro de
48-96h do contato. Em pacientes imunodeprimidos deve-se
administrar aciclovir IV. A dose
A dosagem recomendada de recomendada é de 10mg/Kg a cada 8h, em
imunoglobulina intramuscular é 125 1 hora de infusão, durante 7 dias.
unidades/10Kg de peso, com o máximo de
625 unidades. Está indicada em pacientes Além de todo o tratamento específico,
suscetíveis com alto risco de complicações muitas vezes, o tratamento sintomático
dentro de 96h após exposição: com analgésicos e anti-histamínicos são
necessários. O uso de agentes antipiréticos
Pessoas com imunossupressão congênita está indicado durante a febre com exceção
ou adquirida
de salicilatos em razão da sua associação
Gestantes não imunes expostas a varicela
ou herpes-zóster disseminado com a síndrome de Reye.
Neonatos, cujas mães desenvolveram
ACICLOVIR:
varicela 7 dias antes ou após o parto
Pacientes saudáveis, maiores de 12 anos
Neonatos prematuros com peso menor de
48h após início das lesões
1.000g expostos a casos de varicela
DOSE: 800mg, VO, 5x/dia, 5-7 dias
IMUNODEPRIMIDOS: 10mg/Kg, IV, 8/8h,
em 1 hora de infusão, 7 dias
O aciclovir pode ser administrado
ACD CAIO GUEDES DE SOUSA
profilaticamente com contatos domiciliares
e em instituições. A dose e o tempo de MEDICINA UNP2007
profilaxia devem ser definidos melhor em
estudos controlados.

TRATAMENTO

As drogas antivirais comercialmente


disponíveis, que foram aprovadas para o
tratamento da VZV, englobam o aciclovir,
fanciclovir e valaciclovir.

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