Tese George Andrade Sodré - Versão Final
Tese George Andrade Sodré - Versão Final
Tese George Andrade Sodré - Versão Final
OFEREÇO
Aos meus irmãos Sérgio e Jeane, sobrinhos Renata e Filipe e cunhado Renato pela
ajuda e apoio.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Aos amigos Ronaldo Argolo, André Barreto, Olimpio, Basílio, Dan, Paulo
Marrocos, Fátima, Isabel, Raul Valle, Regina e Helena Serôdio pelo apoio e amizade.
SUMÁRIO
Página
RESUMO............................................................................................................. vii
SUMMARY.......................................................................................................... viii
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS..................................................... 1
Características gerais do cultivo de cacaueiro.............................................. 1
Multiplicação vegetativa de cacaueiro........................................................... 2
Substratos para produção de mudas............................................................. 3
Atributos físicos de substratos....................................................................... 4
Atributos químicos de substratos................................................................... 5
Manejo de substratos em recipientes............................................................ 7
Tegumento da amêndoa do cacau como substrato...................................... 8
Serragem como substrato............................................................................. 9
Areia como substrato.................................................................................... 10
Referências .................................................................................................. 12
CAPÍTULO 2 – CENTRIFUGAÇÃO: UM MÉTODO RÁPIDO PARA ESTIMAR
A ÁGUA RETIDA EM SUBSTRATOS........................................................... 18
Resumo......................................................................................................... 18
Introdução...................................................................................................... 19
Material e Métodos........................................................................................ 21
Resultados e Discussão................................................................................ 23
Conclusões.................................................................................................... 30
Referências .................................................................................................. 30
CAPÍTULO 3 – MÉTODO “POUR THRU” APLICADO A SUBSTRATOS
USADOS NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE CACAUEIROS......................... 33
Resumo......................................................................................................... 33
Introdução...................................................................................................... 34
Material e Métodos........................................................................................ 35
Resultados e Discussão................................................................................ 36
Conclusões.................................................................................................... 41
Referências.................................................................................................... 42
CAPÍTULO 4 – EFEITO DO COMPRIMENTO DA MINIESTACA NO
CRESCIMENTO DE MUDAS DE CACAUEIRO............................................ 44
Resumo.......................................................................................................... 44
Introdução...................................................................................................... 45
Material e Métodos........................................................................................ 46
Resultados e Discussão................................................................................ 48
Conclusão...................................................................................................... 52
Referências.................................................................................................... 52
CAPÍTULO 5 – SUBSTRATOS PARA ENRAIZAMENTO DE MINIESTACAS
DE CACAUEIRO........................................................................................... 55
vi
Resumo......................................................................................................... 55
Introdução..................................................................................................... 56
Material e Métodos........................................................................................ 57
Resultados e Discussão................................................................................ 59
Conclusões.................................................................................................... 63
Referências.................................................................................................... 64
CAPÍTULO 6 –. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DE SUBSTRATOS À BASE DE
SERRAGEM E AREIA E RECIPIENTES PARA CRESCIMENTO DE MUDAS
DE CACAUEIRO................................................................................................. 66
Resumo......................................................................................................... 66
Introdução...................................................................................................... 67
Material e Métodos........................................................................................ 69
Resultados e Discussão................................................................................ 71
Conclusões.................................................................................................... 78
Referências.................................................................................................... 78
CAPÍTULO 7 – IMPLICAÇÕES........................................................................... 81
vii
RESUMO - O objetivo geral deste trabalho foi preparar substratos com base
orgânica formada de composto do tegumento da amêndoa do cacau CTAC e
serragens, misturados à areia, e utilizá-los na produção de mudas de cacaueiro por
miniestaquia. Dessa forma, realizaram-se cinco experimentos. Inicialmente foram
determinados modelos para retenção de água usando os métodos do funil de tensão e
força centrífuga em equivalente de umidade e conclusão de que a centrifugação
expressa valores da retenção de água próximos ou iguais àqueles encontrados com o
funil. Em outro experimento sobre monitoramento químico verificou-se que a serragem
pode ser usada sem pré-lavagem enquanto o CTAC depende desta prática. Ao
comparar o crescimento de miniestacas com 4 e 8 cm de comprimento, enraizadas em
meio arenoso e transplantadas para sacos de polietileno de 3,4 dm3, verificou-se não
haver diferenças significativas entre os comprimentos testados. Outro trabalho cujo
objetivo foi verificar a influência de substratos no enraizamento dos clones CCN-51,
Cepec-2006, TSA -792 e TSH-1188, usando miniestacas de 4 a 6 cm de comprimento,
concluiu que a serragem para o clone TSA -792 e a mistura serragem + CTAC para
Cepec-2006 foram superiores ao TSH -1188 para a massa da matéria seca da parte
aérea. Finalmente, realizou-se trabalho de caracterização física e avaliação do efeito
de substratos à base de serragem e dois recipientes no crescimento de mudas de
cacaueiro, no qual verificou-se que o transplante para sacos de 840 cm3 possibilitou
maior crescimento das plantas comparado à manutenção em tubetes de 288 cm3 e que
a serragem do município de Una-BA, misturada na proporção serragem: areia em 4:1 e
2:1 (v:v), pode ser recomendada para produção de mudas do clone TSH 1188.
SUMMARY - The objective of this work was to prepare substrates with an organic
base formed from composted cacao hulls (CTAC), and sawdust mixed with sand and to
use these in the production of cacao saplings from mini-cuttings. Five experiments were
conducted. In the first experiment, water retention curves were determined for the
substrates using two methods, tension funnels and centrifugation by moisture equivalent
method. It was found that centrifugation exhibits retention water values close to or equal
to those determined by the funnel method. The following experiment on the chemical
properties of substrates verified that sawdust could be used without pre-washing
whereas CTAC required rinsing. The comparison of the growth of mini-cuttings of 4
and 8 cm lengths rooted in a sandy medium and transplanted into polyethylene bags of
3.4 dm3 showed no significant differences between the two lengths tested. Other
experiment whose aim was to verify the influence of substrates on the rooting of clones
CCN-51, Cepec 2006, TSA 792 and TSH 1188, concluded that sawdust for clone TSA
792, and a mixture of sawdust and CTAC for clone Cepec 2006, performed better than
TSH 1188 in terms of aboveground dry biomass production. The last work on the
physical characterization and the evaluation of the effect of substrates and containers on
the growth of the cuttings showed that transplanting into bags of 840 cm3 enabled
greater growth compared to tubettes of 288 cm3. Furthermore, the sawdust derived from
the Una-BA district mixed in pure sand at a ratio 4:1 and 2:1 (v:v) could be
recommended for the production of cuttings of the clone TSH 1188.
observaram que o início da emissão das raízes ocorreu entre 20 e 30 dias após o
estaqueamento.
SENA-GOMES et al. (2000) testaram tipos de estaca (lenhosa e semilenhosa)
em clones resistentes à vassoura-de-bruxa e os resultados evidenciaram que o
genótipo tem forte influência na taxa de sobrevivência das estacas. Esses autores
também identificaram clones com taxas médias de enraizamento superiores a 70%
enquanto outros foram inferiores a 30%. Nesse contexto, HARTMAN et al. (1997)
sugeriram não ser viável economicamente a produção comercial em larga escala de
mudas clonais multiplicadas vegetativamente se o enraizamento estiver abaixo de 50%.
ALVIM (2000), discutindo aspectos fundamentais para o sucesso da
multiplicação vegetativa de cacaueiro no estado da Bahia, recomendou estudos para
determinar o grau de maturação e tamanho de estaca, substratos, reguladores vegetais
e nutrição mineral de plantas matrizes.
Com isso, os atributos específicos de cada substrato mineral ou orgânico cada vez mais
interessam aos cientistas, técnicos e produtores que trabalham com substratos.
No Brasil, diferentes matérias-primas de origem mineral e orgânica são usadas
puras ou em misturas para compor substratos para plantas. Como exemplo cita-se a
casca de arroz (in natura, carbonizada ou queimada), vermiculita, espuma fenólica,
areia, subprodutos da madeira como serragem e maravalha, fibra de madeira,
compostos de lixo domiciliar urbano e de restos de poda, xaxim e vermicomposto.
O uso de resíduos da agroindústria, disponíveis regionalmente como
componente para substratos, pode reduzir custos e minimizar a poluição decorrente do
acúmulo desses materiais no ambiente (FERMINO, 1996). Esse autor, trabalhando com
cascas de abacaxi, fibras, cascas e sementes de algodão, resíduos da indústria textil,
aguapé, bagaço de cana, maravalha e serragem de Pinus spp, encontrou grandes
diferenças nos atributos químicos e físicos dos materiais. MARTINEZ (2002) destacou
que, na busca de um bom substrato é muito importante atentar para a obtenção de
resultados técnicos e econômicos, mas com o mínimo de impacto ambiental.
No contexto do uso de resíduos regionais, na cacauicultura do estado da Bahia,
encontram-se dois resíduos orgânicos com potencial para uso como substrato na
produção de mudas de cacaueiros. Um deles é gerado na indústria de moagem de
amêndoas de cacau e denominado tegumento da amêndoa do cacau (TAC). Outro é a
serragem de madeira encontrada em grandes quantidades em antigas serrarias,
formando montes de coloração, variando de vermelho a marrom, e diferentes graus de
decomposição.
poroso. Segundo HANDRECK & BLACK (1999), a dimensão dos poros é importante
para estabelecer o quanto um substrato é capaz de regular o fornecimento de água e ar
às plantas.
A determinação da curva de retenção de água de um substrato é importante na
medida em que expressa o volume de água disponível às plantas dentro de cada faixa
de tensão (FERMINO, 1996). Quanto às faixas de disponibilidade de água para
substratos, DE BOODT & VERDONCK (1972) definiram-nas como: espaço de aeração
(espaço relativo de poros que liberam água a tensões até 10 hPa), água facilmente
disponível (volume de água retido entre tensões de 10 e 50 hPa), água tamponante
(volume de água retido entre 50 e 100 hPa) e água remanescente a 100 hPa (volume
de água retido a tensão de 100 hPa).
A definição de água facilmente disponível às plantas (AFD), segundo BURÉS
(1997), é arbitrária, pois as plantas respondem a um conjunto de características físicas,
químicas e biológicas do meio de crescimento e, portanto, não seria seguro classificar
substratos somente em função das características de retenção de água.
Outro fator importante que afeta a disponibilidade de água para as plantas é a
contração das raízes e do substrato com a secagem, o que tende a reduzir o contato
substrato-raiz, dificultando a absorção de água (KÄMPF, 2000a). Baixas temperaturas e
aeração deficiente também afetam a absorção de água pelas raízes (KRAMER &
BOYER, 1995).
adubos e corretivos. Esses autores também sugerem o uso da água como extrator de
nutrientes nos substratos em volumes fixos de 1:1,5 a 1:2,0 (v:v).
contexto, BURÉS (1997) enfatizou que o uso da serragem pura e de granulometria fina
como substrato poderá reduzir o nível de oxigênio disponível às plantas e desenvolver
processos anaeróbios de fermentação que geram ácidos orgânicos.
Em estudo de caracterização física de substratos, FERMINO (1996) verificou que
a porosidade total da serragem foi de 92,1% e classificou-a como material
extremamente poroso. Esse autor também verificou que as densidades úmida e seca
eram respectivamente 343 e 154 g L-1.
Baixos índices de enraizamento e morte de mudas de eucalipto e Pinus
crescidas em substrato com serragens foram relatados por GOMES & SILVA (2004),
que atribuíram esses resultados a não compostagem prévia e à alta relação carbono/
nitrogênio (C/N) da serragem usada.
As características químicas da serragem variam segundo a espécie madeireira,
mas em geral o conteúdo de nutrientes é baixo e o pH varia entre 4,0 para serragem de
madeira recém processada até 6,0 para as mais envelhecidas (BURÉS, 1997). Quanto
à presença de sais solúveis e condutividade elétrica (CE), a serragem foi considerada
por GUERRINI & TRIGUEIRO (2004) como substrato de baixa salinidade.
A menos que tenha sido adicionado fertilizante ou contaminantes salinos à
serragem, dificilmente o valor da CE do meio será alterado. SODRÉ et al. (2005),
trabalhando com serragem e determinando a CE em soluções lixiviadas em volumes de
100 mL, verificaram que os valores de CE estiveram sempre abaixo de 0,6 dS m-1. Esse
resultado é próximo ao encontrado em outra serragem por FERMINO (1996), que foi de
0,7 dS m-1 com extração em água na relação 1:2,5 (v:v).
também aumenta o custo do transporte por estradas ou animais de serviço por longas
distâncias. Outro inconveniente é a baixa retenção de água. BUNT (1983) relatou que o
uso da areia reduz a porosidade total e o espaço de aeração dos substratos.
MARTINEZ (2002) recomenda que, para o uso da areia como substrato, essa
deverá apresentar granulometria compreendida entre 0,5 e 2,0 mm. Na indústria de
substratos sempre que se realizam misturas com areia deve-se especificar a
granulometria usada, pois materiais com diferentes tamanhos interferem de forma
diferenciada na capacidade de retenção de água das misturas.
As propriedades físicas da areia dependem basicamente da sua granulometria.
Como o tamanho das partículas não é sempre o mesmo, o uso de areia pode resultar
em empacotamento do substrato no recipiente de cultivo. Isto ocorre segundo BURÉS
(1997) porque as partículas mais finas enchem os espaços vazios entre as partículas
grossas, compactando o material e reduzindo a aeração.
A densidade das areias varia entre 1.350 e 1.800 kg m-3 e a porosidade, que é
quase exclusivamente entre partículas, é inferior a 50%. As areias grossas também não
são mais porosas do que as finas, uma vez que a porosidade depende do estado de
empacotamento das partículas que resulta do tamanho dessas e de como se
encontram distribuídas no meio (BURÉS, 1997).
Quando se mistura areia grossa em maiores proporções aos substratos, não se
melhora a aeração daqueles que apresentam alta capacidade de retenção de água
(FERMINO, 2002; MARTINEZ, 2002). Por outro lado, se a areia é fina, a retenção de
água aumentará como conseqüência da redução dos poros entre partículas.
Quimicamente as areias são consideradas praticamente inertes e a capacidade
de troca de cátions (CTC) é geralmente muito baixa. Areias que não contém carbonato
de cálcio geralmente apresentam CTC inferior a 2 cmolc dm-3 (BURÉS, 1997).
A presença de silte, argila e matéria orgânica envolvendo grãos de areia exerce
influência sobre a retenção de água. Para uso como substrato é recomendável que a
areia seja isenta ou contenha pequena porcentagem de argila. A presença de
carbonatos pode também interferir nas propriedades químicas fazendo com que o pH
seja elevado.
12
É também recomendável que toda areia usada como substrato seja previamente
lavada para retirada de minerais, pois se liberados de modo descontrolado, podem
alterar o crescimento e a produção das plantas cultivadas.
Referências
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16
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TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719 p.
Introdução
Material e Métodos
Para retirar a fração mais grosseira, tanto as serragens quanto a areia foram
inicialmente peneiradas em malha de 6 mm. Em seguida foram lavadas com água
destilada por 72 horas e posteriormente secas à sombra.
O CTAC e as serragens (SU e SC) foram misturados com areia nas proporções
volumétricas de material orgânico: areia 1:0, 8:1, 4:1 e 2:1. Essas misturas formaram 12
tratamentos (substratos) identificados pelas iniciais da origem do material orgânico,
seguido da proporção de areia. Como exemplo cita-se o substrato SU - 8:1, formado
por 8 partes de serragem originada do município Una e uma parte de areia.
Para determinação da retenção de água em funil foram usados funis de tensão
de 15 cm de diâmetro com base de placa porosa. Sobre a placa foram colocados anéis
de 100 cm3 preenchidos com os substratos. Os anéis tiveram o fundo vedado com
tecido preso por fita de borracha. Para centrifugação usou-se equipamento de
equivalente de umidade (EU) e como recipientes caixas de aço de 40 cm3 com fundo de
tela de 0,5 mm.
A quantidade de substrato para ambos os métodos foi calculada através da
densidade úmida, determinada pelo método da autocompactação (FERMINO 1996). Os
anéis e caixas foram inicialmente colocados para saturar em bandejas plásticas por 24
horas e depois desse período foram retirados da água e pesados para cálculo da
porosidade total.
Os anéis foram transferidos para os funis e submetidos às tensões de 10, 50 e
100 hPa até atingir o ponto de equilíbrio que em geral ocorreu antes de 24 horas. Após
atingido o equilíbrio, os substratos foram retirados dos anéis, pesados e levados à
estufa a 105 oC para determinação dos teores de umidade e massa seca.
As caixas foram conduzidas para a centrífuga e submetidas às rotações de 250,
500 e 750 rpm durante quinze minutos. Após cada centrifugação as caixas foram
retiradas, pesadas e levadas à estufa a 105 oC para determinação dos teores de
umidade e massa seca.
Devido à impossibilidade de manter o aparelho de centrifugação com rotações
que correspondessem com exatidão aos mesmos valores de tensão aplicados no funil
(10, 50 e 100 hPa), optou-se por valores mais próximos e eqüidistantes (250, 500 e 750
23
Resultados e Discussão
Tabela 1. Porosidade total (PT), espaço de aeração (EA), água facilmente disponível
(AFD), água tamponante (AT) e água disponível (AD) em substratos à base
de composto, serragem e areia nas proporções material orgânico: areia. 1:0,
8:1, 4:1 e 2:1 (v:v).
Substratos Proporção PT EA AFD AT AD
substrato:areia
-----------------------------m3 m-3-----------------------------
SU
4:1 0,726 def 0,060 c 0,330 cd 0,040 ab 0,370 d
SC
4:1 0,833 b 0,093 abc 0,380 bc 0,086 a 0,466 b
CTAC
4:1 0,750 cd 0,070 c 0,170 e 0,023 b 0,193 f
(a) (b)
2 2
SU 1:0 = 0,9590 - 0,0141x + 0,00009x (R = 0,98**) SU 1:0 = 0,8509 - 0,0008x + 0,0000003x2 (R 2 = 0,94**)
1,2 1,2
SU 8:1 = 0,8587 - 0,0150x + 0,00009x2 (R2 = 0,99**) SU 8:1 = 0,8618 - 0,0008x + 0,0000001x2 (R 2 = 0,90**)
SU 4:1 = 0,8465 - 0,0136x + 0,00008x2 (R 2 = 0,99**) SU 4:1 = 0,7546 - 0,0007x + 0,0000001x2 (R 2 = 0,89*)
1,0 SU 2:1 = 0,8006 - 0,0175x + 0,00011x2 (R 2 = 0,99**) 1,0 SU 2:1 = 0,7724 - 0,0008x + 0,0000002x2 (R 2 = 0,89*)
0,8 0,8
-3
-3
CRA m m
CRA m m
3
3
0,6 0,6
0,4 0,4
0,2 0,2
0,0 0,0
1,2 SC 1:0 = 0,9590 - 0,0141x + 0,00009x2 (R 2 = 0,98**) 1,2 SC 1:0 = 0,9669 - 0,0009x + 0,0000001x2 (R2 = 0,88*)
SC 8:1 = 0,8587 - 0,0150x + 0,00009x2 (R 2 = 0,99**) SC 8:1 = 0,8800 - 0,0010x + 0,0000003x2 R 2 = (0,91**)
SC 4:1 = 0,8465 - 0,0136x + 0,00008x2 (R 2 = 0,99**) SC 4:1 = 0,8616 - 0,0009x + 0,00000003x2 (R 2 = 0,92**)
1,0 SC 2:1 = 0,8006 - 0,0175x + 0,00011x2 (R 2 = 0,99**)
1,0 SC 2:1 = 0,8133 - 0,0011x + 0,0000002x2 (R 2 = 0,88*)
0,8 0,8
-3
-3
CRA m m
CRA m m
3
0,6 0,6
0,4 0,4
0,2 0,2
0,0 0,0
CTAC 1:0 = 0,6681 - 0,0064x + 0,00004x2 (R2 = 0,93**) CTAC 1:0 = 0,6982 - 0,0007x + 0,0000005x2 (R 2 = 0,99**)
1,2 1,2
CTAC 8:1 = 0,6969 - 0,0055x + 0,00003x2 (R2 = 0,98**) CTAC 8:1 = 0,7142 - 0,0005x + 0,0000002x2 (R 2 = 0,96**)
CTAC 4:1 = 0,7490 - 0,0070x + 0,00004x2 (R 2 = 0,99**) CTAC 4:1 = 0,7637 - 0,0005x + 0,0000002x2 (R2 = 0,94**)
1,0 CTAC 2:1 = 0,6990 - 0,0105x + 0,00007x2 (R 2 = 0,99**) 1,0 CTAC 2:1 = 0,7103 - 0,0007x + 0,0000002x2 (R 2 = 0,89*)
0,8 0,8
-3
-3
CRA m m
CRA m m
3
0,6 0,6
0,4 0,4
0,2 0,2
0,0 0,0
0 10 50 100 0 250 500 750
Tensão em cm de coluna de água (hPa) Rotações em rpm
Figura 1. Curvas de retenção de água para umidade volumétrica de substratos submetidos às tensões 0,
10 , 50 e 100 (hPa) (a) e centrifugados nas rotações 250, 500 e 750 rpm (b). Local de origem
das serragens: Municípios Una (SU) e Camacan (SC). CTAC: composto do tegumento da
amêndoa do cacau. Proporções de material orgânico: areia. 1:0, 8:1, 4:1 e 2:1 (v/v). *, **
significativos a 5,0 e 1,0 % de probabilidade.
28
-3
1,0 1,0
(Umidade volumétrica) curva m m
3
0,8 0,8
0,6 0,6
0,4 0,4
0,2 0,2
0,0 0,0
-3
1,0 1,0
(Umidade volumétrica) curva m m
0,8 0,8
0,6 0,6
0,4 0,4
0,2 0,2
0,0 0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
3 -3 3 -3
(Umidade volumétrica) EU m m (Umidade volumétrica) EU m m
Conclusões
Referências
CASSEL, D.K.; NIELSEN, D.R. Field capacity and available water capacity. In: KLUTTE,
A. (Ed.). Methods of soil analysis: part 1. Physical and mineralogical methods. 2. ed.
Madison: American Society of Agronomy, 1986. p. 901 – 926,
Introdução
SILVA FILHO, 2004). Esses autores enfatizaram que os íons responsáveis pela
elevação da CE podem ou não serem nutrientes para as plantas.
Na análise química de substratos, a água é o principal extrator usado. As
medidas de pH e CE normalmente são realizadas após extração aquosa nas
proporções substrato:água 1:1,5; 1:2,0 e 1:5,0 ou extrato de saturação (BATAGLIA &
FURLANI, 2004). De acordo com esses autores, os métodos não destrutivos para
monitorar quimicamente os substratos, são ferramentas seguras para tomada de
decisão na irrigação ou fertirrigação.
O “Pour Thru”, método desenvolvido por CAVINS et al. (2000), é classificado
como método não destrutivo e consiste em determinar pH e CE no lixiviado obtido, uma
hora após a irrigação das plantas em recipientes cultivados com substratos. Devido à
facilidade de uso, o custo reduzido de equipamentos e o curto tempo para tomada de
decisões, o método “Pour Thru” é adotado por viveiristas de diferentes cultivos para
decidir o momento correto de fertirrigar.
Este trabalho teve como objetivo aplicar o método “Pour Thru” em substratos
usados na produção de mudas de cacaueiros.
Material e Métodos
madeira (SER), fibra de coco (FC), casca de arroz carbonizada (CAC) e vermiculita
(VER).
Tubetes plásticos de 288 cm3 (volume usado para produção de mudas no IBC)
foram preenchidos com os substratos que tiveram as quantidades calculadas a partir da
densidade úmida, determinada no momento do enchimento, pelo método da
autocompactação (FERMINO 1996). Para evitar a perda de substrato, no fundo dos
tubetes foram colados botões plásticos de 1,2 cm de diâmetro com quatro furos.
Os tubetes foram colocados sobre potes de vidro de 200 mL e receberam
inicialmente 100 mL de água desionizada, deixando-se drenar por um período inicial de
14 horas. A primeira coleta foi denominada de primeira solução lixiviada. Após a coleta
da primeira solução lixiviada, o mesmo procedimento foi realizado mais nove vezes a
intervalos de uma hora, recolhendo-se separadamente o volume lixiviado.
Após a coleta de cada solução lixiviada, determinou-se o pH, a CE e os teores de
sódio e potássio. As análises para cada substrato foram realizadas com três
replicações.
A análise estatística foi realizada com a correlação entre os valores médios da
CE e teores de sódio e potássio encontrados em cada solução lixiviada.
Resultados e Discussão
5
pH
4
0
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª
número da lixiviação
Figura 1. Valores médios de pH encontrados na solução lixiviada de substratos usados para produção de
mudas de cacaueiros. Plantmax (Pmax); Composto do tegumento da amêndoa do cacau (CTAC);
Serragem (SER); Fibra de coco (FC) Casca de arroz carbonizada (CAC) e Vermiculita (VER).
substrato comercial Plantmax® e 4,8 e 3,3 vezes superior a 2,0 dS m-1 (Figura 2). Esse
último valor representa o limite superior de CE adotado por viveiristas para mudas de
cacaueiros.
Valores de CE superiores a 6,0 dS m-1 em fibra de coco verde oriundo de região
costeira também foram encontrados por JASMIM et al. (2006). Esses autores
trabalharam com fibra que apresentou teores totais de sódio de 29,6 g kg-1 e verificaram
que a lavagem retirou esse elemento com facilidade.
Verificou-se que, a partir da segunda solução lixiviada, o valor da CE foi reduzido
(Figura 2). Essa redução foi mais rápida para a FC que, embora inicialmente superior
aos demais substratos, teve o valor da CE próximo a 2,0 dS m-1 já na segunda solução
lixiviada. Entretanto, isso não ocorreu no CTAC que necessitou de quatro lixiviações
para atingir 2,0 dS m-1.
8
CE dS m -1
0
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª
número da lixiviação
Figura 2. Valores médios de Condutividade elétrica CE em solução lixiviada de substratos utilizados para
produção de mudas de cacaueiros. Plantmax (Pmax); Composto do tegumento da amêndoa do
cacau (CTAC); Serragem (SER); Fibra de coco (FC) Casca de arroz carbonizada (CAC) e
Vermiculita (VER).
39
36
27
K mmol L-1
18
0
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª
número da lixiviação
Figura 3. Valores médios do potássio em solução lixiviada de substratos utilizados para produção de
mudas de cacaueiros. Plantmax (Pmax); Composto do tegumento da amêndoa do cacau
(CTAC); Serragem (SER); Fibra de coco (FC) Casca de arroz carbonizada (CAC) e Vermiculita
(VER).
18
16
14
Na em mmol L-1
12
10
0
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª
número da lixiviação
Figura 4. Valores médios do sódio em solução lixiviada de substratos utilizados para produção de mudas
de cacaueiros. Plantmax (Pmax); Composto do tegumento da amêndoa do cacau (CTAC);
Serragem (SER); Fibra de coco (FC); Casca de arroz carbonizada (CAC) e Vermiculita (VER).
Conclusões
Referências
HANDRECK, K.; BLACK, N. Growing media for ornamental plants and turf. Sydney
University of New South Wales Press, 1999. 448 p.
Introdução
Material e Métodos
partir do transplante das miniestacas (180, 210, 240, 270, 300 e 330 dias) e seis
repetições.
As miniestacas foram inicialmente enraizadas em areia e em seguida crescidas
em substratos. Foram usados ramos plagiotrópicos recém amadurecidos do clone
Trinidad Select Hybrid (TSH 1188), coletados de plantas matrizes mantidas em sacos
de polietileno de 22 dm3.
Para o enraizamento das miniestacas foram usados tubos de PVC de 20 cm de
diâmetro e 10 cm de altura, preenchidos com areia. Na análise física a areia apresentou
86% de areia grossa, 10% de areia fina e 4% de argila. Visando retirar sais
contaminantes e argila, a areia foi previamente imersa em água destilada por 72 horas
e em seguida seca à sombra. Para evitar perda de areia, os tubos tiveram as bases
revestidas com tela de polietileno de 1 mm de diâmetro, presa com tiras de borracha.
As miniestacas de 4 e 8 cm de comprimento foram retiradas da ponta dos ramos
das plantas matrizes. Inicialmente os ramos foram cortados transversalmente 2 mm
abaixo de uma gema foliar a partir do ápice e em seguida tiveram a primeira folha a
partir da base reduzida à metade e as demais em 20% do tamanho original.
As miniestacas foram inicialmente tratadas na base com ácido indol-butírico
(AIB) 6.000 mg kg-1, misturado em talco. Em seguida, foram inseridas na areia a 2 cm
de profundidade e conduzidas à câmara de nebulização. Para manter a atmosfera
saturada a 100% de umidade relativa na superfície da folha, as miniestacas foram
submetidas à nebulização por 15 segundos a cada 5 minutos entre as 6 e 18 horas e 15
segundos a cada hora das 18 às 6 horas do dia seguinte.
Quando verificada a presença de raízes e início das primeiras brotações, o que
ocorreu aproximadamente após 40 dias, as miniestacas foram transplantadas para
sacos de polietileno de 3,4 dm3 e transferidas para crescimento em casa de vegetação.
O substrato usado para crescimento foi formado da mistura de serragem e areia
na proporção volumétrica de oito partes de serragem e uma de areia. A serragem foi
coletada no município de Una-BA e encontrava-se armazenada por pelo menos cinco
anos, em montes ao ar livre. A serragem foi previamente passada em peneira de 6 mm,
imersa em água destilada por 72 horas, seca ao ar, e em seguida misturada à areia.
48
Resultados e Discussão
O modelo linear foi ajustado e significativo para altura da brotação, área foliar,
massa seca da parte aérea e massa seca das raízes totais em função do tempo após o
transplante. Aplicando o método proposto por REGAZZI (1996) e depois de verificada a
significância dos coeficientes de regressão, obteve-se um modelo comum para cada
comprimento (Figura 1). Na geração do modelo comum o programa usou o valor médio
encontrados para os dois comprimentos dentro de cada variável.
4cm = 3,6676x + 15,95 (R 2 = 0,85 ***) 4cm = 0,9549x + 1,6331(R 2 = 0,98 ***)
8cm = 2,8748x + 14,43 (R 2 = 0,82 ***) 8cm = 0,954998x + 1,9067 (R 2 = 0,97 ***)
Equação co mum = 3,2712x + 15,194 (R 2 = 0,73 *) Equação co mum = 0,954971x + 1,7716 (R 2 = 0,97 ***)
40 8
30 6
25 5
20 4
15 3
10 2
5 1
0 0
4cm = 187x + 400,47 (R 2 = 0,88 ***) 4cm = 0,1927x + 0,6557 (R 2 = 0,96 ***)
8cm = 195,39x + 426,64 (R 2 = 0,89 ***) 8cm = 0,187x + 0,8287 (R 2 = 0,84 ***)
Equação co mum = 191,97x + 13,56 (R 2 = 0,88 ***) Equação co mum = 0,190x + 0,741 (R 2 = 0,85 ***)
1.600 2,5
massa seca das raízes totais (g)
1.400
2,0
1.200
área foliar (cm2)
1.000 1,5
800
600 1,0
400
0,5
200
0 0,0
180 210 240 270 300 330 180 210 240 270 300 330
dias após o transplante dias após o transplante
Figura 1. Regressões lineares e modelos comuns para altura da brotação, área foliar, massa seca de
parte aérea e massa seca de raízes totais em função do tempo após o transplante de mudas
de cacaueiro produzidas a partir de dois comprimentos de miniestacas do clone TSH 1188. ***,
* significativos a 5 e 0,1 % de probabilidade.
50
(a) (b)
4 cm 4 cm
12,0 8 cm 1,8 8 cm
1,6
10,0
1,4
8,0 1,2
1,0
(cm)
6,0
(g)
0,8
4,0 0,6
0,4
2,0
0,2
0,0 0,0
dias após o transplante dias após o transplante
(c) (d)
600,0 0,5
4 cm 0,4
500,0 4 cm
8 cm 0,4 8 cm
400,0 0,3
0,3
(cm2)
300,0
(g)
0,2
200,0 0,2
0,1
100,0
0,1
0,0 0,0
180 210 240 270 300 330 180 210 240 270 300 330
dias após o transplante dias após o transplante
Figura 2. Incrementos da altura da brotação (a), massa seca de parte aérea (b), área foliar (c) e massa
seca de raízes totais (d) de mudas de cacaueiro produzidas a partir de dois comprimentos de
miniestacas do clone TSH 1188 e avaliadas em função do tempo após o transplante.
Verificou-se que a hipótese H0 não foi rejeitada (P<0,05) para todas as variáveis
(Tabela 1). A não rejeição da hipótese permite concluir que as equações comuns para
cada variável podem ser usadas como uma estimativa das duas equações envolvidas e
que não existem diferenças significativas entre os comprimentos testados.
Tabela 1. Análises de variância com o teste de hipótese H0: β 1 = β 2 (as equações são
idênticas) vs H1: β 1 ≠ β 2 (as equações não são idênticas), para cada
comprimento de estaca.
Fonte de GL Quadrados médios
variação
Altura da Área foliar Massa seca Massa seca das
brotação da parte aérea raízes totais
cm cm2 -------------g-------------
Parâmetro ( β ) 8 8,993 18.937,0 0,09140 0,01771
Conclusão
Referências
Introdução
Material e Métodos
Resultados e Discussão
Tabela 1. Valores dos quadrados médios obtidos na análise de variância para efeito de
quatro substratos1 usados no enraizamento de miniestacas de quatro clones
de cacaueiro2 por um período de 50 dias em câmara de nebulização.
Quadrados Médios
Causas da variação GL SOB2 MSB MSRP MSRT
Elevados valores de SOB também foram encontrados para o clone TSH 1188 por
SACRAMENTO & FARIA (2003), que usaram para enraizamento uma combinação do
substrato comercial Plantmax® e fibra de coco na proporção 1:1 (v:v). Esses autores,
usando a concentração de AIB 6.000 mg kg-1 e fertilizantes de liberação lenta no
plantio, verificaram porcentagem de sobrevivência de 98% após 78 dias. A SOB,
variando entre 90 a 100%, obtida no presente trabalho (Tabela 2), sem uso de
fertilizantes, sugere que até 50 dias não seja necessário realizar fertilização nos
substratos usados para enraizamento de miniestacas dos clones avaliados.
61
Não houve diferenças significativas entre os substratos para a massa seca das
raízes principais (MSRP) das miniestacas. Contudo, foram encontradas diferenças
entre os clones (Tabela 4). A MSRP do clone Cepec 2006 foi significativamente
superior, diferindo dos clones CCN 51 e TSH 1188, quando as miniestacas enraizaram
no substrato SERCTAC. O clone TSA 792 também apresentou MSRP superior ao TSH
1188 para o substrato serragem (SER) (Tabela 4). Esses resultados, que podem ser
atribuídos às diferenças no vigor entre clones de cacaueiro, corroboram com os
resultados de CHEESMAN & SPENCER (1936) e EVANS, (1953) e também estão de
acordo com SENA-GOMES et al. (2000), que verificaram diferenças significativas entre
clones quanto ao potencial de enraizamento.
resultado também pode indicar que o clone TSA 792 seja menos tolerante a variações
na CE em comparação com os demais clones.
Conclusões
Referências
Introdução
Nesse caso, para aumentar a drenagem e reduzir o acúmulo de água é necessário que
se façam misturas com materiais de maior diâmetro e que apresentem menor
capacidade de retenção de água.
Existem registros do uso de areia como componente de substratos para cultivo
de cacaueiro multiplicado vegetativamente há mais de meio século. Nesse contexto,
PIKE (1931) e FOWLER (1955) sugeriram o uso de areia e mistura areia + solo para
enraizamento e crescimento de mudas produzidas por estaquia.
A areia é considerada como fração da fase sólida e inorgânica do solo com
diâmetro compreendido entre 0,05 e 2 mm. De acordo com o United States Department
of Agriculture (USDA), citado por BRADY & WEIL (2000), a areia pode ser dividida em
classes: fina 0,05 - 0,25 mm e grossa 0,25 - 2 mm. A densidade da areia varia entre
1350 e 1800 kg m-3 e a porosidade, que é exclusivamente entre partículas, em geral é
inferior a 50% (BURÉS, 1997).
As principais vantagens do uso da areia como componente de substratos são o
baixo custo, a estabilidade física e a inatividade química, além da facilidade de limpeza
e de tratamento para desinfecção. Por outro lado, o inconveniente é a alta densidade,
que dificulta o manejo, e a baixa retenção de água e nutrientes. Na preparação de
substratos à base de areia é importante especificar-se a granulometria da areia usada,
pois, materiais com diferentes tamanhos interferem de forma diferenciada na
porosidade e na capacidade de retenção de água das misturas. Para emprego da areia
como substrato puro ou em misturas, MARTINEZ (2002) recomenda uma granulometria
compreendida entre 0,5 e 2 mm.
Entre os diferentes fatores que afetam o conteúdo de água nos substratos,
destaca-se o recipiente de cultivo (FONTENO et al., 1981). Nesse contexto, o tipo de
recipiente para crescimento de mudas de cacaueiro tem influência direta não só na
qualidade da muda como também na quantidade de substrato usado e ainda na mão-
de-obra para execução de tratos culturais, no espaço ocupado nos viveiros, na
facilidade de transporte para o campo e no custo final da muda.
69
Este trabalho teve como objetivo realizar caracterização física e avaliar o efeito
de substratos à base de serragem e areia no crescimento de mudas obtidas de
miniestacas de cacaueiro, em tubetes e sacos de polietileno.
Material e Métodos
três repetições e três plantas por parcela, sendo colocada uma planta (miniestaca
enraizada) por recipiente.
Inicialmente, os substratos foram caracterizados quanto à granulometria em
peneiras de 0,25; 0,50; 1,0; 2,0 e 4,0 mm e determinadas as densidades úmida (DU) e
seca (DS) segundo HOFFMAN, descrito por FERMINO (1996), a densidade de
partículas (DP), o teor de matéria orgânica (MO) segundo ANSORENA (1994) e a
porosidade total (PT) conforme DE BOODT & VERDONCK (1972).
Para a produção das mudas foram usadas miniestacas de ramos plagiotrópicos,
do clone Trinidad Select Hybrid (TSH 1188). As plantas matrizes encontravam-se em
viveiro telado, vegetando numa mistura de fibra de coco e casca de Pinus 1:1 (v:v), em
sacos de polietileno de 22 dm3.
As miniestacas foram retiradas da ponta dos ramos das plantas matrizes e
tiveram comprimento variando de 4 a 6 cm. A base da miniestaca foi cortada
transversalmente 2 mm abaixo de uma gema foliar e em seguida a primeira folha da
base para o ápice foi reduzida à metade e as demais em 20% do tamanho original.
As miniestacas foram inicialmente tratadas na base com ácido indol-butírico
(AIB) misturado em talco 6000 mg kg-1 e em seguida, inseridas nos tubetes a 1,5 cm de
profundidade nos devidos tratamentos. Para manter a atmosfera saturada a 100% de
umidade relativa na superfície da folha, as miniestacas foram submetidas à nebulização
por 15 segundos a cada 5 minutos entre as 6 e 18 horas e 15 segundos a cada hora
das 18 às 6 horas do dia seguinte.
Quando se verificou a presença de raízes primárias e o início das primeiras
brotações, o que ocorreu aproximadamente aos quarenta dias, as miniestacas foram
retiradas da câmara de nebulização e transferidas para crescimento em casa de
vegetação, onde parte foi mantida nos respectivos tubetes e outra transplantada em
sacos de polietileno de 840 cm3, preenchidos com os mesmos substratos.
As aplicações de fertilizantes foram realizadas de acordo com MARROCOS &
SODRÉ (2004). Na primeira semana do período de crescimento, foram aplicados na
superfície dos tubetes e sacos 2,0 g dm-3 do fertilizante de liberação lenta (3-5 meses)
Osmocote® (22% N - 4 %P2O5 - 8% K2O) e 1,0 g dm-3 do fertilizante solúvel PG Mix
71
Resultados e Discussão
O teor de matéria orgânica (MO) e a porosidade total (PT) foram reduzidos pela
adição de areia. Resultados semelhantes foram verificados por BUNT (1983) e
HANDRECK (1983) em substratos à base de turfa e casca de Pinus. A redução da
porosidade pela adição de areia ocorre, segundo BURÉS (1997), porque a porosidade
de substratos depende mais do estado de empacotamento das partículas, que resulta
do tamanho dessas e de como se encontram distribuídas, do que da granulometria
individual de cada componente do substrato.
Tabela 3. Valores dos quadrados médios obtidos na análise de variância para efeito de
dois locais de origem de serragem1, dois recipientes2 e quatro proporções de
serragem: areia3, utilizados no crescimento de mudas de cacaueiro4.
Quadrados Médios
Origem da
ns
serragem (O) 1 235,021*** 1,803*** 5,867*** 0,018 288.216,6*** 26.462** 556,557***
1 2
Local de origem das serragens, municípios: Una (SU) e Camacan (SC). Recipientes: saco de polietileno de 840
3 3 3 4
cm e tubete de 288 cm . Proporções serragem e areia: 1:0, 8:1, 4:1 e 2:1 (v/v). Altura da planta (AP), diâmetro
do caule (DC), massa seca da parte aérea (MSPA) e das raízes (MSR), área foliar (AF), número de folhas
(NF) e relação (AF/NF). ns: não significativo a 5%. *, **, ***: significativos a 5,0 ; 1,0 e 0,1% de probabilidade.
CV (%): coeficiente de variação.
75
Tabela 4. Valores do diâmetro do caule (DC) e massa seca de parte aérea (MSPA)
de mudas de cacaueiro crescidas em serragens de duas origens e dois
tipos de recipiente.
Origem da serragem2 Tubete Saco Tubete Saco
DC MSPA
-------------- cm ------------- ----------------- g -----------------
Conclusões
Referências
BRADY, N.C.; WEIL, R.R. Elements of the nature and properties of soils. 12th ed. New
Jersey: Prentice–Hall, 2000. 559 p.
DRZAL, M.S.; CASSEL,D.K.; FONTENO,W.C. Pore fraction analysis: a new tool for
substrate testing. Acta Horticulturae, Wageningen, n.481, v. 1, p. 43-53, 1999.
79
LOURES, E. G. Produção de composto no meio rural. Viçosa: UFV, 1983. 12p. (Informe
Técnico, 17).
80
SAS INSTITUTE. SAS/STAT user’s guide: version 6.4. Cary, 1989. v.2, 1686 p.
CAPÍTULO 7 - IMPLICAÇÕES