RoseACoelho Corrigida
RoseACoelho Corrigida
RoseACoelho Corrigida
RIBEIRÃO PRETO
2019
PROF. DR. VAHAN AGOPYAN
Reitor da Universidade de São Paulo
RIBEIRÃO PRETO
2019
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
85 p.
Aprovado em:
Banca Examinadora
Sustainable leadership plays a central role in ensuring inclusive, stable global sustainable
development. In this sense, the initiatives proposed by the PRME aim to develop responsible
executive education in business schools, preparing students to act as responsible leaders.
Thus, this study aims to verify how Theory U applied in an undergraduate course develops
leadership, in a context of actions aimed at sustainability. In order to do so, this study uses a
qualitative and descriptive approach based on a single case study in a discipline of the Faculty
of Economics, Management and Accounting Sciences of Ribeirão Preto, one of the Brazilian
business schools that is a signatory of PRME. Data collection, materials developed in the
discipline, structured and semi-structured interviews were used to identify students'
perceptions about the teaching-learning process. This study identified that the approach
proposed in the discipline and the tools used in Theory U fostered the development of
responsible leadership.
Key words: Leadership Development, Theory U, Sustainability, PRME.
Lista de Figuras
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 19
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 23
2.1 COMPREENSÃO SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E
SUSTENTABILIDADE .......................................................................................................... 23
2.2 PRINCÍPIOS PARA EDUCAÇÃO EXECUTIVA RESPONSÁVEL - PRME ...... 27
2.3 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - ODS .................. 31
2.4 DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇA (LEADERSHIP DEVELOPMENT) 35
2.4.1 Formação de Líderes Sustentáveis .......................................................... 36
2.5 TEORIA U ............................................................................................................ 43
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS .................................................................................. 50
3.1 COLETA DE DADOS ............................................................................................. 51
3.2 INVESTIGAÇÃO DO CAMPO .............................................................................. 52
3.3 ANÁLISES DOS DADOS ....................................................................................... 54
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................ 56
4.1 COMPETÊNCIA DE PENSAMENTO SISTÊMICO. ......................................... 56
4.2 COMPETÊNCIA ANTECIPATÓRIA. ................................................................ 57
4.3 COMPETÊNCIA NORMATIVA. ........................................................................ 58
4.4 COMPETÊNCIA ESTRATÉGICA. ..................................................................... 59
4.5 COMPETÊNCIA INTERPESSOAL. ................................................................... 61
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 63
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 65
APÊNDICE 1 .......................................................................................................................... 72
QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS DOS ACADÊMICOS. ................... 72
APÊNDICE 2 .......................................................................................................................... 76
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM ESPECIALISTA. ............................................... 76
APÊNDICE 3 .......................................................................................................................... 78
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM ACADÊMICOS. ................................................ 78
APÊNDICE 4 .......................................................................................................................... 81
PROTOCOLO PARA O ESTUDO DE CASO. ............................................................. 81
APÊNDICE 5 .......................................................................................................................... 84
PROGRAMA DA DISCIPLINA.................................................................................... 84
19
1 INTRODUÇÃO
oportunidade que os ODS fornecem será uma prioridade fundamental para as escolas de
negócios na próxima década (MUFF; KAPALKA; DYLLICK, 2017).
O negócio principal (core business) de uma universidade é pesquisa, educação e
engajamento social (BAKER-SHELLEY; VAN ZEIJL-ROZEMA; MARTENS, 2017), dessa
forma, ao atuar ativamente através dos Princípios do PRME, as escolas de negócio estarão
alinhadas com o seu core business. Em termos de transformações organizacionais, buscando
a discussão da sustentabilidade em universidades, os acadêmicos, pesquisadores e
profissionais podem criar de forma colaborativa (cocriar) conhecimento em uma associação
de partes interessadas, através de um processo de aprendizagem organizacional e social.
Uma das formas para alcançar o objetivo do negócio principal da universidade é a
contribuição para a formação e desenvolvimento de líderes sustentáveis. A liderança
sustentável requer uma perspectiva de longo prazo na tomada de decisões; fomentando a
inovação sistêmica visando aumentar o valor do cliente; desenvolvendo uma força de trabalho
qualificada, leal e altamente engajada; e oferecendo produtos, serviços e soluções de
qualidade. O objetivo da liderança sustentável é manter as pessoas, os lucros e o planeta em
equilíbrio ao longo da vida da empresa e, assim, garantir que a empresa gere o capital social
necessário para enfrentar as crises. (GAYLE & BERGSTEINER, 2011).
Os trabalhos encontrados na literatura, a respeito da formação de líderes sustentáveis
(AITKEN; HIGGS, 2010; BLASS; HAYWARD, 2015; GERARD; MCMILLAN;
D‟ANNUNZIO-GREEN, 2017; SCHOLES et al., 2013), evidenciam o tempo de existência
do PRME, pois os trabalhos produzidos foram realizados majoritariamente a partir de 2007. A
necessidade de mais trabalhos práticos é evidenciada nos estudos de Hugé, Mac-Lean e
Vargas (2018) o qual dizem que, processos de mudanças baseados em sustentabilidade são
gradualmente escalonados, de iniciativas isoladas até ações coordenadas, envolvendo tanto
atores acadêmicos quanto não acadêmicos, dentro ou fora da instituição.
Dentro do panorama da educação superior, as escolas de negócios, engenharias e
demais departamentos tem um papel importante a desempenhar, uma vez que, contribuirão
para a transição para sustentabilidade, ao fomentar a combinação entre o conhecimento
técnico profundo e extensão de habilidades não técnicas (HUGÉ; MAC-LEAN; VARGAS,
2018). No estudo de Blass e Hayward (2015) defende-se o processo de pesquisa colaborativa
para explorar o papel futuro das escolas de negócios no desenvolvimento de líderes
globalmente responsáveis e a necessidade de se refletir sobre o processo de transformação
necessário nas escolas de negócios que queiram se adequar para alcançar a agenda 2030. A
liderança responsável é um elemento essencial para alcançar organizações sustentáveis o que
21
2 REFERENCIAL TEÓRICO
maioria dos entendimentos de sustentabilidade pode ser categorizada por sua dependência de
sobrevivência e dependência de recursos como elementos essenciais de definição (RATIU;
ANDERSON, 2015).
De acordo com Voltolini (2011), afirma que em um mundo em constante
transformação os líderes que tiverem princípios, compreensão da interdependência entre os
sistemas econômico, social e ambiental, e se basearem em valores éticos serão
imprescindíveis. Para Aleixo, Leal e Azeiteiro (2018), a integração da sustentabilidade no
meio acadêmico, nas Escolas de Negócios, a ainda não é tão bem compreendida. As Escolas
de Negócios devem ensinar a sustentabilidade como uma mudança organizacional
transformacional. As Escolas de Negócios têm um papel a desempenhar na criação de
experiências e aprendizagens transformadoras orientadas para a práxis, onde a investigação, a
educação, a aprendizagem e a capacitação são combinadas para resolver problemas de
sustentabilidade identificados pelas partes interessadas (ALEIXO; LEAL; AZEITEIRO,
2018).
desenvolve futuros gerentes responsáveis que conhecem e se preocupam com questões globais
de pobreza, saúde e comércio. (TYRAN, 2017)
Princípios para Educação Executiva Responsável (PRME) é um programa global das
Nações Unidas (ONU), de comprometimento voluntário, para as escolas de negócios e
instituições de ensino superior. Ao participar do PRME, a instituição manifesta a sua
resolução de que através da integração de valores universais em pesquisas e nos currículos, as
instituições acadêmicas, podem cooperar para um mercado global mais estável e inclusivo,
contribuindo para a construção de sociedades prósperas e bem-sucedidas (PRME, 2018).
Ao incluir em seus currículos e pesquisas a agenda de propostas voltadas para a
sustentabilidade, as instituições poderão levar os alunos a refletir sobre suas responsabilidades
como indivíduos, e posteriormente sobre suas responsabilidades corporativas. O PRME busca
estabelecer um processo de melhoria contínua entre as instituições de educação executiva, a
fim de desenvolver uma nova geração de líderes empresariais capazes de gerenciar os desafios
complexos enfrentados pelos negócios e a sociedade no século XXI (BLASS; HAYWARD,
2015).
Para a criação dos Princípios do PRME foi convocada uma Força-Tarefa do PRME
composta por 60 reitores, presidentes de universidades e representantes oficiais das principais
escolas de negócios e instituições acadêmicas. Esta força tarefa foi apoiada por cinco
associações acadêmicas: Association to Advance Collegiate Schools of Business (AACSB
International), European Foundation for Management Development (EFMD), Aspen Institute
Business and Society Program, Academy of Business in Society (ABIS) e Globally
Responsible Leadership Initiative (GRLI) e uma organização liderada por estudantes, Net
Impact (HAERTLE et al., 2017). Ao ter o cuidado de envolver profissionais do ensino, as
propostas estabelecidas têm mais chances de serem implantadas, pois se considerou a
realidade das instituições de ensino. Isso reflete o caráter integrador e de promover a
discussão proposta pelo PRME.
Nos últimos dez anos o PRME tornou-se a maior relação organizada entre as Nações
Unidas e as instituições acadêmicas relacionadas à administração, Escolas de Negócios e
universidades, e a iniciativa cresceu para mais de 767 signatários de mais de 85 países em
todo o mundo. O PRME é, em primeiro lugar, um apelo global à ação baseado em seis
Princípios. Uma das prioridades da iniciativa durante a próxima década é apoiar a realização
da agenda estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que foram
formalmente adotados pela ONU em setembro de 2015 (HAERTLE et al., 2017).
29
(Carrefour, Boralex), promove também um programa de rádio, no qual, ocorrem debates entre
representantes da sociedade, empresas e pesquisadores (AUDENCIA BUSINESS SCHOOL,
2016).
A Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto
(FEARP) da Universidade de São Paulo, localizada na cidade universitária em Ribeirão Preto
fundada em 1992, é membro do PRME desde 2012. A FEARP possui dois relatórios
divulgados em seu site institucional, os quais demonstram as ações já realizadas,
compromissos e o planejamento para os próximos anos para os 6 princípios propostos. Em
seu relatório divulgado em 2016 é exposto que durante os quatro anos de associação ao
PRME, o grupo de trabalho dedicado à implementação da iniciativa se esforçou para
disseminar os seis princípios do PRME mobilizando estudantes, professores e funcionários
em apoio à Educação para o Desenvolvimento Sustentável. Evidenciou-se que há muitas
resistências e dificuldades em tentar mudar a mentalidade de como realizar os negócios
“business as usual”, contudo foi percebido que o PRME e sua iniciativa transformadora
ganharam espaço, especialmente entre os estudantes de graduação.
ODSs propõem metas e desafios para todos os países, dado que o desenvolvimento
sustentável diz respeito a todo o planeta (MUKHI; QUENTAL, 2019). No quadro 4 abaixo
seguem os objetivos do milênio.
Os ODS prometem um novo tipo de governança que faz uso de metas globais não
juridicamente vinculantes estabelecidas pelos estados membros da ONU. A nova abordagem
da governança global através do estabelecimento de metas é amplamente separada do sistema
legal internacional. Embora os ODS estejam fundamentados no direito internacional, eles não
são juridicamente vinculantes, e o instrumento que os estabeleceu - uma resolução da
Assembleia Geral da ONU - não tem a intenção de conceder força legal imediata aos
objetivos (BIERMANN; KANIE; KIM, 2017). Os ODS propostos pela ONU baseiam-se em
duas frentes: transformação e integração. A transformação requer mudanças fundamentais na
maneira de realizar negócios, as quais atualmente deverão mudar, para obter sustentabilidade.
E integração, uma vez que, nenhum setor da sociedade conseguirá obter a transformação
sozinha. Assim sendo, a natureza complexa dos desafios para obtenção de sustentabilidade
requer a integração de atores, disciplinas e perspectivas.
O ambiente de aprendizagem se beneficiaria com a incorporação de uma abordagem
transformadora, a fim de desencadear seu potencial transformador. O valor integrativo está
aqui constituído pela conscientização criada e a confiança construída quando um grupo
diversificado de atores, disciplinas e perspectivas são reunidos em diálogo para explorar um
problema comum (LARSSON; HOLMBERG, 2018). Para alcançar o progresso em ajudar as
sociedades a se tornarem mais orientadas para a sustentabilidade, os líderes das universidades,
os professores e os estudantes em todo o mundo, são levados a trabalhar em conjunto para
desenvolver sociedades sustentáveis (RAMOS et al., 2015).
De acordo com a Organização das Nações Unidas ONU, “os ODS devem ser
implementados por todos os países do mundo durante os próximos 15 anos, até 2030”. O
desenvolvimento sustentável abrange o triple bottom line. Os 17 ODS podem ser organizados
33
nessas três categorias amplas, sabendo que o sucesso em qualquer uma dessas três categorias
certamente dependerá do sucesso das três. Além disso, o triple bottom line depende de uma
quarta condição: boa governança nos níveis local, nacional, regional e global (MUKHI;
QUENTAL, 2019).
Cada objetivo tem metas específicas a serem atingidas até 2030. Os objetivos, que
para serem atingidos necessitam da participação de diversos atores (governo, setor privado,
sociedade civil), são os 17 conforme descritos abaixo:
Embora os 17 ODS sejam apoiados por mais 169 alvos concretos, existem diversos
desafios para a implementação dos mesmos, muitos desses alvos permanecem relativamente
vagos. Por essa razão, em primeiro lugar, o sucesso dos ODS permanecerá ou diminuirá com
a capacidade de medir o progresso genuíno. É importante concretizar os ODS o máximo
34
podem ser sustentados ao longo do tempo, mas faltam as ferramentas para avaliar a
conveniência de diferentes sistemas. A pesquisa de responsabilidade oferece orientações e
significados normativos para diferentes sistemas e mudanças de sistemas. A sustentabilidade
descreve e prevê potencialmente diferentes sistemas e mudanças de sistemas;
responsabilidade prescreve os sistemas preferidos. A sustentabilidade ajuda a ampliar um
entendimento generalizado das complexas relações entre economia, sociedade e meio
ambiente, mas não pode julgar moralmente a mudança dos sistemas. Para essa avaliação
normativa, os pesquisadores de responsabilidade oferecem as ferramentas necessárias.
A literatura sobre responsabilidade social corporativa em torno da liderança
sustentável defende a incorporação das práticas em toda a organização. O conceito pode ser
visto como aplicando os fundamentos da sustentabilidade para a organização, indivíduos e
seus seguidores. A liderança sustentável deve honrar o passado e o presente para desenvolver
o futuro; portanto, adotar os princípios da sustentabilidade. Posteriormente, as organizações
devem adotar as lições do passado para moldar o desenvolvimento futuro, o que,
indiscutivelmente, cria um ambiente sustentável dentro da organização. Isso se estende ao
desenvolvimento de processos organizacionais, bem como ao desenvolvimento das
considerações das partes interessadas (GERARD; MCMILLAN; D‟ANNUNZIO-GREEN,
2017).
Para o desenvolvimento da liderança responsável, é necessário fomentar as
capacidades intelectuais para refletir, sintetizar e integrar informações de negócios locais e
globais de forma independente, o que leva a uma nova interpretação de dados concretos e
emocionais (HIND; WILSON; LENSSEN, 2009). As visões evolucionistas da liderança
sugerem que a liderança evoluiu de um papel mais dominante para uma posição mais
cooperativa (NICHOLS, 2016).
Segundo Scharmer (2010, p.4) líderes são todos aqueles que estão envolvidos em
desenvolver ou mudar seu futuro, independentemente de suas posições formais nas
organizações. Voltolini (2011, p.78) afirma que “ninguém nasce líder em sustentabilidade,
mas pode se tornar um”.
Os futuros líderes, em sociedade pública, privada e civil, em grande parte, são
educados por nossas universidades. Uma universidade possui a capacidade de liderança,
empreendedorismo institucional e inovação sócio técnica, que legitima a relação entre pessoas
37
O termo ''sistema complexo'' tem sido usado como uma noção aberta para incluir
dados qualitativos, dados quantitativos, narrativas, descrições complexas, etc. A capacidade
de analisar sistemas complexos inclui compreender, verificar empiricamente e articular sua
estrutura, componentes chave e dinâmicas. A capacidade de analisar baseia-se no
conhecimento sistêmico adquirido, incluindo conceitos como estrutura, função, relações de
causa e efeito, mas também percepções, motivos, decisões e regulamentos; "clássicos"
revisados por pares, como o Relatório de Avaliação Ecossistêmica do Milênio, bem como
métodos e metodologias, como modelagem qualitativa e quantitativa. Em geral, essas
habilidades são especificamente adaptadas para abordar questões chave de sustentabilidade,
incluindo integridade, civilidade e governança de sistemas.
A competência estratégica é a capacidade de projetar e implementar coletivamente
intervenções, transições e estratégias de governança transformadoras em direção à
sustentabilidade. Essa capacidade, conforme definição feita por Wiek, Withycombe e Redman
(2011), requer uma compreensão íntima de conceitos estratégicos como intencionalidade,
inércia sistêmica, dependências de trajetória, barreiras, portadores, alianças etc.;
conhecimento sobre viabilidade, eficácia, eficiência de intervenções sistêmicas, bem como
potencial de consequências não intencionais.
A competência antecipatória é a capacidade de analisar, avaliar e elaborar
coletivamente “imagens” ricas do futuro relacionadas a questões de sustentabilidade e
estruturas de solução de problemas de sustentabilidade. O termo “fotos” foi usado (similar a
“histórias” ou “imagens”) como uma noção aberta para incluir informações qualitativas,
informações quantitativas, narrativas, imagens etc. A capacidade de analisar imagens do
futuro inclui a capacidade de compreender e articular sua estrutura, componentes chave e
dinâmicas; a capacidade de avaliar refere-se a habilidades comparativas relacionadas ao
"estado da arte"; finalmente, a capacidade de elaborar integra habilidades criativas e
construtivas (WIEK; WITHYCOMBE; REDMAN, 2011).
A competência normativa é a capacidade de mapear, especificar, aplicar, conciliar e
negociar coletivamente valores, princípios, metas e objetivos de sustentabilidade. Essa
capacidade permite, em primeiro lugar, avaliar coletivamente a sustentabilidade dos estados
atuais e/ou futuros dos sistemas sócio ecológicos e, segundo criar e elaborar coletivamente
visões de sustentabilidade para esses sistemas. Essa capacidade é baseada em conhecimento
normativo adquirido, incluindo conceitos de justiça, equidade, integridade sócio ecológica e
ética; bem como métodos e metodologias, como avaliação multicritério e visão estruturada.
No geral, essas habilidades são adaptadas para abordar questões-chave de sustentabilidade,
40
incluindo a integridade dos sistemas sócio ecológicos, equidade intra e inter gerações (WIEK;
WITHYCOMBE; REDMAN, 2011).
A competência interpessoal é a capacidade de motivar, capacitar e facilitar a pesquisa
de sustentabilidade colaborativa e participativa e a resolução de problemas. Essa capacidade
inclui habilidades avançadas de comunicação, deliberação e negociação, colaboração,
liderança, pensamento pluralista e transcultural e empatia. Todas essas habilidades são
particularmente importantes para a colaboração bem-sucedida entre as partes interessadas e
uma necessidade para a maioria dos métodos atribuídos a competências anteriores. A
capacidade de compreender, abraçar e facilitar a diversidade entre culturas, grupos sociais,
comunidades e indivíduos é reconhecida como um componente-chave dessa competência
(WIEK; WITHYCOMBE; REDMAN, 2011).
O desenvolvimento de comportamentos de gestão apropriados que permitam aos
líderes desenvolver e operar organizações sustentáveis está no centro dos debates sobre a
natureza e o caráter da responsabilidade corporativa (HIND; WILSON; LENSSEN, 2009).
Visser e Courtice (2011), ao apresentarem um modelo de liderança sustentável enfatizam que,
a mesma está repleta de paradoxos, uma vez que práticas que as empresas hoje empregam
poderão no futuro serem mal vistas, pois a paisagem competitiva muda e os desafios globais
evoluem, ou seja, empresas que foram elogiadas no passado como líderes de sustentabilidade
podem ser desacreditadas no presente e finalizam dizendo que, em última análise a liderança
sustentável para as empresas trata-se da sobrevivência da mesma, o mundo não aceitaria um
desastre ambiental, por exemplo. Ao longo deste processo, a teoria das organizações distingue
entre ambientes técnicos - onde as organizações são reconhecidas pela eficiência na realização
de certas atividades - e ambientes institucionais - em que o reconhecimento acontece
principalmente quando as práticas coincidem com normas e crenças tomadas como
apropriadas ou legítimas (SCOTT; MEYER, 1991). Uma organização pode operar em um
ambiente mais técnico ou institucional, dependendo de suas atividades. Existem organizações
altamente institucionalizadas - como escolas, polícias e igrejas - que estão mais preocupadas
com sua legitimidade do que com eficiência. As universidades – com seus programas de
formação de líderes sustentáveis – fazem parte deste grupo. Elas operam em ambientes sociais
que exigem mais pressão institucional e menos demandas técnicas.
As listas de competências para a sustentabilidade definidas na literatura, que
proliferaram nos últimos anos, são notavelmente semelhantes, independentemente de serem
conceituais ou empíricas, ou se focalizarem nos setores de ensino superior ou de negócios.
Todas elas tendem a incluir tanto as competências essenciais para a sustentabilidade quanto às
41
decisivas em tempo hábil, incluindo priorizar, fazer escolhas difíceis e lidar com dilemas. Ao
traduzir em ações a quarta competência, desafiar e inovar, o líder imagina possíveis soluções,
futuros ou alternativas, visualiza um fator por diversos ângulos e integra criatividade para
pensar e realizar. E, como última competência, pensar em longo prazo, o líder deverá utilizar-
se do pensamento e planejamento estratégico, pensando holisticamente, visualizando o todo,
orientado ao futuro. No estudo realizado por Hind, Wilson e Lenssen (2009) no qual
descrevem como uma característica crítica, que todos os gerentes devem possuir para integrar
a tomada de ações responsáveis em suas organizações, a de compreender o papel de cada ator
na sociedade (governo, empresas, parceiros sociais, organizações não-governamentais e
sociedade civil) e como eles interagem uns com os outros.
Nesse contexto a abordagem proposta por Voltolini (2011), uma análise livre a partir
do modelo proposto pelo pacto global da ONU, descreveu 20 atribuições para o líder em
sustentabilidade, as quais estão descritas resumidamente no quadro 4.
processo é uma estratégia vencedora que pode manter as pessoas motivadas e ajudar a
empresa a obter alto desempenho ambiental e lucros (SANKARAN; ROWE; CADY, 2017).
2.5 TEORIA U
o local de trabalho, indivíduos ou organizações que são mais relevantes para a respectiva
questão em que estão trabalhando (PRESENCING INSTITUTE, 2017).
Em seu livro Scharmer (2010, p. 298) evidencia a importância dos executivos, para
desempenharem seus papeis, saberem lidar com o futuro emergente, e propôe a criação de um
projeto em conjunto com 10 instituições globais, “para ajudar a próxima geração de
executivos a liderar companhias globais, ONGs e instituições internacionais para se
concentrar em alguns desafios globais futuros, desenvolver habilidades práticas de inovação
entre sistemas e prototipar essas ações em projetos práticos”.
Paulo Nigro, vice-presidente de uma consolidada empresa multinacional, que atuou
para rever processos visando sustentabilidade econômica e ético-socioambiental, em sua
entrevista para Voltolini (2011, p.164) ressalta que “bem cuidada, a questão ambiental
representa um campo de oportunidades para a empresa; mal cuidada, significa risco”.
Nesse sentido, foi encontrado um exemplo de aplicação da Teoria U em uma escola
de negócios brasileira. Nessa faculdade, foi implementada uma disciplina que emprega um
modelo transdisciplinar de ensino aprendizagem fundamentado na Teoria U e inspirado no
PRME. Esta disciplina gerou como impacto nos alunos, que após anos de formados,
mantiveram “um repertório linguístico capaz de expressar uma percepção ampliada de si, dos
outros e da realidade” e “a capacidade de atuação dos ex-alunos como agentes de mudança,
ainda que de forma contextualizada e em pequena escala”(AGUIAR et al., 2016).
Em seu livro Scharmer (2016), discorre o que considera significativo para um líder,
sobre sua condição interior, o local interno a partir do qual eles operam ou a fonte de quais
todas as suas ações se originam. Neste sentido, a essência da liderança é a percepção deste
ponto cego (blind spot), alterando este local interno de onde operamos tanto individualmente
quanto coletivamente.
Modelos de conversação generativa, tal como apresentado pela Teoria U, fornecem
estruturas de apoio para envolver estudantes, instrutores e facilitadores em modos cada vez
mais complexos de convergência e aprendizado juntos. Em uma conversa generativa, os
participantes se afastam de preceitos fragmentados. Em vez disso, eles constroem significados
compartilhados, exploram tópicos em profundidade e desenvolvem insights sobre a natureza
do processo de comunicação e aprendizagem, o que apoia o surgimento de um novo
pensamento criativo e conceitual. No geral, os modelos de conversação fornecem aos
facilitadores uma estrutura analítica que é útil para orientar e facilitar as conversas.
(CHAMPION; GUNNLAUGSON, 2018).
49
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Para evidenciar com clareza e de forma sintetizada a pesquisa, a fim de observar as conexões
entre “modelo de pesquisa, objetivos, questões e/ou hipóteses de pesquisa, procedimento e/ou
técnicas de análise dados” (TELLES, 2001, p.6) foi utilizada a matriz de Mazzon, também
conhecida por matriz de amarração, conforme quadro 5 abaixo.
De maneira geral, os estudos de caso utilizam como evidências seis fontes distintas:
documentos, registros em arquivo, entrevistas, observação direta, observação participante e
artefatos físicos (YIN, 2001). A coleta de dados no estudo de caso, para que o pesquisador
possa validar e estabelecer a validade do material deverá basear-se em três princípios (YIN,
2001):
- Utilizar várias fontes de evidência, garantindo triangulação de fonte de dados.
- Criar um banco de dados – dados e relatório,
- Manter o encadeamento de evidências.
Documentos como fonte de evidência, auxiliam a corroborar outras fontes de
evidência, bem como a realizar inferências. Caso seja observado que um documento contradiz
algum outro dado obtido, se faz necessária análise mais profunda. (YIN, 2001).
Para este trabalho foram utilizadas: documentos, questionário (levantamento formal)
e entrevistas semiestruturadas (focal). Para a análise documental foram utilizadas como fontes
da análise documental informações obtidas através do site da Escola de Negócios, relatórios
da Escola de Negócios relativos às ações realizadas no site do PRME, conteúdo programático
da disciplina e trabalhos realizados pelos alunos durante a disciplina.
52
Ademais dos alunos que foram entrevistados, também foram obtidas respostas
através de entrevista com especialista, membro participante de atividades dentro da Escola de
Negócios e da Universidade da qual a mesma faz parte, para compreender suas percepções e
avaliar o impacto da Teoria U nos alunos. Este foi escolhido para ser entrevistado por ter
participado da disciplina como doador de caso (case giver), o qual faz parte da
Superintendência de Gestão Ambiental da USP. A superintendência de gestão ambiental da
USP é uma entidade responsável por desenvolver ações para conservar os recursos naturais da
universidade, neste sentido, incentiva ações e projetos para um ambiente saudável, educando
visando à sustentabilidade.
A entrevista semi estruturada realizada com o especialista está presente no apêndice
2. A mesma foi desenvolvida a partir dos objetivos da pesquisa, se foram atendidos ou não, na
percepção do entrevistado. Foram utilizados os conceitos relativos à Teoria U,
desenvolvimento sustentável, princípios do PRME e desenvolvimento de competências
propostas por Wiek, Withycombe e Redman (2011).
Estas competências - pensamento sistêmico, estratégico, antecipatório, normativo e
interpessoal - foram escolhidas por englobarem conceitos abrangentes e por se relacionarem à
Teoria U em seus 3 elementos principais:
- compreensão e mudança de sistemas: competências sistêmica, estratégica
- método para implementação de mudanças baseadas na conscientização:
competências normativas, antecipatória e interpessoal.
- processo, princípios, práticas para mudança evolutiva da sociedade:
competências sistêmica, estratégica, antecipatória, normativa e interpessoal.
Neste trabalho, para a análise de dados, foi utilizada a análise de conteúdo. A análise
de conteúdo vem se mostrando como uma das técnicas de análise de dados mais utilizada no
campo da administração no Brasil, especialmente nas pesquisas qualitativas (MOZZATO;
GRZYBOVSKI, 2011).
A análise de conteúdo pode ser feita através da análise por categorias temáticas ou
método de dedução frequencial. Neste estudo a análise de conteúdo foi feita por categorias
temáticas, realizada a partir dos temas que emergem do texto, classificando os elementos pelo
que eles possuem em comum (CAREGNATO; MUTTI, 2006).
55
Para Bardin (2010), a análise de conteúdo deve partir de uma organização, composta
de diferentes fases. Estas fases da análise de conteúdo organizam-se em torno de três etapas:
1. A pré-análise; 2. A exploração do material; e, por fim, 3. O tratamento dos resultados: a
inferência e a interpretação.
Durante a fase de pré-analise, é realizada a leitura do material, escolha dos
documentos e são formulados os objetivos (URQUIZA; MARQUES, 2017). Na segunda fase,
na qual ocorre à exploração do material, são identificadas as unidades de registro, visando
categorização por temas. E finalmente, na terceira fase, ocorre o tratamento dos dados
obtidos, no qual são realizadas inferências e interpretações (CAREGNATO; MUTTI, 2006).
Seguindo as diretrizes do protocolo de pesquisa para estudos de caso (Apêndice 4),
para esse estudo, foram compiladas algumas das atividades realizadas na disciplina, a partir
do conteúdo programático da mesma, bem como através de relatórios gerados pelos alunos.
Foi observado que ocorreram: leituras relacionadas ao tema “meio ambiente e
sustentabilidade”; entrevistas com especialistas engajados com o tema dentro da Escola de
Negócios; desenvolvimento de projetos relacionados ao tema da disciplina - sendo um projeto
visando ações pontuais e outro projeto coletivo mais amplo; apresentação da metodologia e
engajamento com as ferramentas da Teoria U (sensibilização através do diálogo com
profissionais e futuros líderes da Escola de Negócios, entrevista com parte interessada,
jornada de sensibilização, círculo de desenvolvimento e prototipagem). A disciplina foi
ministrada em dois momentos, noturno e diurno, com grupos diferentes de alunos. Os dados
coletados foram obtidos a partir das duas turmas.
Wiek, Withycombe e Redman, (2011), identificaram cinco competências essenciais
que podem levar aos resultados de aprendizagem desejados da educação para a
sustentabilidade: competência de pensamento sistêmico, competência antecipatória,
competência normativa, competência estratégica e competência interpessoal.
Estas competências foram utilizadas para categorizar o conteúdo no presente estudo,
ou seja, cada aspecto apreendido do material analisado foi relacionado a alguma das
competências chave.
56
De acordo com o material analisado foi possível verificar que esta competência foi,
na percepção dos envolvidos, desenvolvida durante o processo de execução da disciplina. Os
alunos se sentiram parte atuante, atores na construção da disciplina. Conforme fala de um dos
entrevistados: “o conteúdo apresentado na disciplina foi essencial para, principalmente,
quebrar pré conceitos estabelecidos pelo senso comum quanto ao tema. Dessa forma, pude
aumentar meu repertório relacionado ao assunto e analisar o desenvolvimento sustentável com
um viés organizacional muito positivo”.
O aprendizado ocorreu por meio de aulas que eram caracterizadas por permitir a
inserção do aluno como um colaborador de conteúdo, além de quebrar preconceitos
estabelecidos pelo senso comum quanto ao tema.
Foi possível observar que os alunos tinham uma visão limitada quanto ao conceito de
sustentabilidade, entendendo-a apenas como ligada ao meio ambiente, em uma das entrevistas
foi citado que “Sustentabilidade econômica, não é só voltada ao meio ambiente que a
sustentabilidade atua” (ENTREVISTA PESSOAL, 2019). Corroborando os resultados de
Fisher e McAdams (2015), à medida que o termo „sustentabilidade‟ ganha força dentro de
uma diversidade de programas e operações do campus é importante entender os aspectos mais
abrangentes da sustentabilidade - ambiental; comunidade, equidade e participação; inovação,
design e sistemas; e ecoeficiência e preocupações financeiras e econômicas.
Proporcionar aos alunos uma perspectiva robusta de sustentabilidade auxilia na
compreensão de um termo complexo e de uma ferramenta de solução de problemas (BRIAN
FISHER; MCADAMS, 2015). Em uma das entrevistas com os alunos, foi dito que a
sustentabilidade “pode ser um grande diferencial da empresa, diminuindo resíduos e
produzindo mais com menos, consequentemente gerando maior lucro”, o que exemplifica o
fato de que os alunos desta Escola de Negócios poderão repensar suas práticas no momento de
atuarem profissionalmente, por compreenderem a sustentabilidade também como um
diferencial competitivo das empresas e não apenas como algo distante de suas realidades.
Ficou evidente que alguns dos alunos não vivenciaram a experiência da mesma
forma. Entenderam apenas a disciplina de forma geral, conceitos e atividades em linhas
57
atuar para poder mudar este cenário, seja no âmbito nacional ou mundial, para um planeta ou
país mais sustentável, visualizando quais as práticas que deveriam que ter. As visões de
sustentabilidade são a capacidade de antecipar e prever os resultados de intervenções
aplicadas a problemas de sustentabilidade que podem exigir lidar com incertezas, e podem ser
apuradas a partir de experiências práticas (MEZA RIOS et al., 2018).
Esta atividade vai ao encontro do que foi proposto por Haney, Pope e Arden (2018),
o desenvolvimento de programas de aprendizado experiencial, que se baseiam em aproximar
os participantes de questões de sustentabilidade e em oferecer oportunidades de envolvimento
com uma ampla gama de pessoas com diferentes perspectivas. Seguindo o modelo proposto
por Scharmer (2016), de criar a percepção de um futuro que quer emergir, eles foram capazes
de criar soluções para problemas existentes e propostos nas práticas.
Os alunos foram orientados a realizarem a prática da entrevista com partes
interessadas (stakeholder interview), nas quais alguns deles puderam conhecer mais sobre a
realidade local, com visões diferentes e que não atuavam no campo da administração. Para
Hind, Wilson e Lenssen (2009) para desenvolver lideranças responsáveis é necessário
promover as capacidades intelectuais de refletir, sintetizar e integrar informações de negócios
locais e globais de uma forma que leve a uma interpretação de dados factuais e emocionais.
em si não teve grande impacto, mas considero os aprendizados que tivemos a partir dele
muito significativos” (ENTREVISTA PESSOAL, 2019). Os alunos foram responsáveis,
dentro do escopo requerido pela disciplina, por delimitar o que iriam fazer nos projetos e a
viabilidade dos mesmos. Envolveram-se mais com o assunto e com o que estavam fazendo.
Uma ressalva deve ser feita, foram desenvolvidos e prototipados diversos projetos,
mas poucos foram implementados devido às agendas dos alunos e comprometimento
requerido. Dentre os projetos que realizaram todas as etapas, desde o processo de
amadurecimento da ideia, interação com as partes interessadas, observações de campo,
processo de prototipagem, avaliação dos resultados práticos obtidos e avaliação dos
aprendizados obtidos a partir da reflexão sobre a ação, os resultados foram favoráveis a novas
aplicações da Teoria U em alunos da graduação para o desenvolvimento de lideranças
sustentáveis.
Os alunos puderam reconhecer na escala de suas propostas, as dificuldades de
mentalidades, preconceitos que poderão ser encontrados e desenvolveram formas de dialogar
com diferentes partes interessadas, entendendo suas perspectivas e lidando com diversos
interesses. Os projetos representaram ciclos de experimentação, apuração e aperfeiçoamento,
o que é corroborado em relatórios gerados pelos alunos “Todo o projeto, portanto, refletiu
num ciclo de experimentação, apuração e aperfeiçoamento que envolveu os membros do
grupo de uma forma bastante inesperada”.
Os projetos desenvolvidos pelos alunos os impactaram como um todo, mesmo os
alunos que não participaram das atividades e apresentações dos outros grupos puderam
absorver de alguma maneira aquele conteúdo. Para muitos deles os resultados foram
satisfatórios e foi uma experiência marcante. Enfatizaram o fato de terem desenvolvido um
olhar mais analítico e sobre ideias sustentáveis diante de realidades cotidianas. Encontrando
novas perspectivas ou novas soluções consideradas sustentáveis perante o cotidiano, antes
imperceptíveis.
De acordo com a literatura, a sustentabilidade é uma abordagem holística que
procura integrar as disciplinas de maneiras significativas para gerar soluções para problemas
complexos em várias escalas (BRIAN FISHER; MCADAMS, 2015). Ao analisar a
abordagem proposta, se faz necessária a integração de outras áreas de estudo dentro da Escola
de Negócios, ligadas à finanças, marketing, para geração de projetos transdisciplinares, dessa
forma não ficando apenas ligado à disciplina e abordagens propostas na mesma.
61
comportamento ao ouvir ideologias, conceitos diferentes aos seus, como dito por um dos
alunos entrevistados “ser mais aberto e ter uma mente mais aberta”.
63
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Change Leadership Development. First Edit ed. Linacre House, Jordan Hill, Oxford OX2 8DP, UK
30 Corporate Drive, Suite 400, Burlington, MA 01803, USA: [s.n.].
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approach of the UN Sustainable Development Goals. Current Opinion in Environmental
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BLASS, E.; HAYWARD, P. Developing globally responsible leaders: What role for
business schools in the future? Futures, v. 66, p. 35–44, 2015.
BORGES, J. C. et al. Student organizations and Communities of Practice: Actions for the
2030 Agenda for Sustainable Development. International Journal of Management Education, v.
15, n. 2, p. 172–182, 2017.
BRIAN FISHER, P.; MCADAMS, E. Gaps in sustainability education: The impact of higher
education coursework on perceptions of sustainability. International Journal of Sustainability in
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ELKINGTON, J. 25 Years Ago I Coined the Phrase “Triple Bottom Line.” Here‟s
Why It‟s Time to Rethink It. Harvard Business Review, 2018. Disponível em:
<https://hbr.org/2018/06/25-years-ago-i-coined-the-phrase-triple-bottom-line-heres-why-im-
giving-up-on-it>. Acesso em: 01 de setembro 2019.
67
HIND, P.; WILSON, A.; LENSSEN, G. Developing leaders for sustainable business.
Corporate Governance: The international journal of business in society, v. 9, n. 1, p. 7–20, 2009.
LARSSON, J.; HOLMBERG, J. Learning while creating value for sustainability transitions:
The case of Challenge Lab at Chalmers University of Technology. Journal of Cleaner Production, v.
172, p. 4411–4420, 2018.
MUFF, K.; KAPALKA, A.; DYLLICK, T. The Gap Frame - Translating the SDGs into
relevant national grand challenges for strategic business opportunities. International Journal of
Management Education, v. 15, n. 2, p. 363–383, 2017.
MUKHI, U.; QUENTAL, C. Exploring the challenges and opportunities of the United
Nations sustainable development goals: a dialogue between a climate scientist and management
scholars. Corporate Governance: The international journal of business in society, p. CG-01-2018-
0028, 2019.
NICHOLS, A. L. What do people desire in their leaders? The effect of leadership experience
on desired leadership traits. Leadership and Organization Development Journal, v. 37, n. 5, p.
658–671, 2016.
O‟BRIEN, K. et al. You say you want a revolution? Transforming education and capacity
building in response to global change. Environmental Science and Policy, v. 28, p. 48–59, 2013.
SCOTT, W. R.; MEYER, J. W.. The organization of societal sectors. The New
Institutionalism in Organizational Analysis. p. 108-140. Chicago: University of Chicago Press,
2001.
UNDP. UNDP Support to the Implementation of the 2030 Agenda for Sustainable
Development, 2016. Disponível em:
https://www.undp.org/content/dam/undp/library/SDGs/SDG%20Implementation%20and%20UNDP_P
olicy_and_Programme_Brief.pdf. Acessado em: janeirode 2019.
VOLTOLINI, R. Conversas com Líderes Sustentáveis. 1 ed. São Paulo: SENAC, p.252,
2011.
70
APÊNDICE 1
QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS DOS ACADÊMICOS.
Olá, meu nome é Rose Augusta Coelho, sou mestranda da FEARP, e este
questionário visa levantar dados para minha pesquisa sob orientação do Prof. Rogério Calia.
Você foi escolhido por ter participado da disciplina RAD2212 Meio Ambiente e
Sustentabilidade. Assim, gostaria de poder contar com a sua ajuda ao responder o
questionário. Após finalizar o tratamento e análise das respostas obtidas, serão elaborados os
resultados da pesquisa sem identificação do participante.
Orientações para responder o questionário:
Este questionário está estruturado em duas seções, seção 1: caracterização da
disciplina e conteúdo, 2: competências adquiridas.
O tempo estimado para responder o questionário é de apenas 10 minutos.
Agradeço a colaboração e atenção. Se houver eventuais dúvidas, sugestões ou
esclarecimentos, favor entrar em contato pelo e-mail: augustacoelho@usp.br.
Seção 2 – Competências.
b) Observar.
Discordo totalmente Discordo Indiferente Concordo Concordo totalmente
c) Sentir.
74
d) Presencing (Presenciar).
Discordo totalmente Discordo Indiferente Concordo Concordo totalmente
e) Crystalizing (Cristalizar).
Discordo totalmente Discordo Indiferente Concordo Concordo totalmente
f) Prototipar.
Discordo totalmente Discordo Indiferente Concordo Concordo totalmente
g) Realizar.
Discordo totalmente Discordo Indiferente Concordo Concordo totalmente
75
76
APÊNDICE 2
APÊNDICE 3
APÊNDICE 4
APÊNDICE 5
PROGRAMA DA DISCIPLINA
Administração
Objetivos
• Apresentar os principais problemas ambientais, suas causas, possíveis mitigações e uso sustentável dos
recursos naturais.
• Discutir os conceitos de sustentabilidade e as diversas estratégias para alcançá-la, por meio de planejamento,
ações e monitoramento.
Programa Resumido
Poluição e degradação ambiental. Gestão do meio ambiente. Conceitos de sustentabilidade. Gestão ambiental.
Programa
• Sociedade, desenvolvimento e impactos ambientais
• A formação mundial do pensamento ambientalista
• O uso sustentável dos recursos
• Gestão de Recursos Hídricos
• Gestão de Resíduos Sólidos
• Gestão da Qualidade do Ar
• Energias alternativas
• Desenvolvimento Sustentável
• Sustentabilidade Empresarial
• Sustentabilidade Urbana
• Sustentabilidade Rural
• Sustentabilidade Industrial
• Indicadores de sustentabilidade
• Princípios de Gestão Ambiental
• Legislação, licenciamento e certificação ambiental
• Eco Eficiência
• Responsabilidade Sócio-ambiental
• EIA – Estudo de Impacto Ambiental
• RIMA - Relatório de Impacto Ambiental
• Marketing verde e produtos orgânicos
• Créditos de Carbono
• Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE – Bovespa
Avaliação
Método
No desenvolvimento do curso haverá a utilização de uma variedade de recursos didáticos, incluindo aulas
expositivas, trabalho teórico-prático de pesquisa, estudos de casos, exercícios de fixação, leitura de
textos, filmes e palestras com profissionais envolvidos com as questões de sustentabilidade.
Critério
A critério do professor ministrante.
Norma de Recuperação
Estará apto a efetuar a prova de reavaliação o aluno que obtiver como média final na disciplina uma nota
igual ou superior a três (3,0) e inferior a cinco (5,0), e tiver, no mínimo, 70% (setenta por cento) de
freqüência às aulas. O cálculo de uma média aritmética simples será feito com a nota da prova de
reavaliação e a média final obtida pelo aluno na disciplina. Se esta média resultar em nota igual ou
superior a cinco (5,0), o aluno será aprovado.
85
Bibliografia
Bibliografia Básica:
ANDRADE, R.O.B.; TACHIZAWA, T.; CARVALHO, A.B. Gestão Ambiental: Enfoque Estratégico Aplicado ao
Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: MAKRON Books, 2002, 232p.
BRAGA, B.et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Prentice Hall, 2002, 305 p.
Bibliografia Complementar:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001 – Sistemas de gestão ambiental –
Especificação e diretrizes para uso. Rio de Janeiro, 1996a.
______.NBR ISO 14004 – Sistemas de gestão ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e
técnicas de apoio. Rio de Janeiro, 1996b.DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e
Sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2006.
DONAIRE, D. Gestão Ambiental na Empresa. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1999.
HARRINGTON, H.J; KNIGHT, A. A implementação da ISO 14000. São Paulo: Atlas, 2001.
KINLAW, D. C. Empresa Competitiva & Ecológica. São Paulo: Makron Books, 1997.
SACHS, I. Estratégias de Transição para o Século XXI. São Paulo: Studio Nobel, 1993.
SOUZA, M.P. Instrumentos da Gestão Ambiental: Fundamentos e Prática. São Carlos: Riani Costa, 2000.
SOUZA, Rafael (org.). Aquecimento Global e Créditos de Carbono. São Paulo: Quartier Latin, 2007.
TACHIZAWA, Takechy. Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Corporativa: estratégias de negócios
focadas na realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2002, 381 p.
VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.
• VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 2. ed. Belo
Horizonte: UFMG, 1996.
• WILLARD, Bob. Como fazer a empresa lucrar com sustentabilidade. São
Paulo: Saraiva, 2014.