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CARTILHA - Travessia Do Luto

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travessia do LUTO

Um processo que não precisa ser solitário


O luto é uma jornada desafiadora e não precisa ser solitária.
Acreditamos que, quanto mais soubermos sobre este processo,
mais “tolerável” ele se torna. Acreditamos também que quanto mais
encararmos as nossas dores e histórias, mais fortes poderemos sair
deste marco em nossas vidas.
Nós aqui do inFINITO, em parceria com as líderes do Quatro Estações
Instituto de Psicologia, preparamos esta cartilha com muito carinho para
você e para as pessoas que julgue que também devam ter acesso a este
conteúdo.
Todos iremos passar por esta experiência em algum momento na nossa
vida, seja pela morte de uma pessoa amada, seja pelo rompimento de
relação afetiva importante, o final de um ciclo significativo. O luto é um
processo natural e bastante individual que ocorre por conta de um
rompimento de um vínculo afetivo importante.
Neste material você irá encontrar textos, reflexões, links de vídeos e
muito mais. É um material que pode ser consumido de uma só vez ou
se tornar uma fonte de consulta que você poderá revisitar quando
necessário.

Obrigado Gabriela Casellato,


Luciana Mazorra, Valéria Tinoco e
Mariana Sarkis do Quatro Estações
Instituto de Psicologia pela parceria de
sempre.

Obrigado Maju, Thana e todo time da


Lina pela produção da 5ª Semana do
Luto e deste material.

Obrigado a todas e todos que


revisitaram suas dores e dividiram suas
histórias que estão compartilhadas aqui.

Um abraço com carinho


Tom Almeida.
SUMÁRIO

Introdução 4
E por que seu luto não cabe em 5 fases? 5
Reações esperadas no processo de luto 6
O lado bom do luto 7
Perguntas frequentes sobre o luto 8
Todo luto é legítimo e merece acolhimento 10
Para enfrentar o luto de forma mais saudável é necessário 11
Permita-se ser humano 12
Texto Gabriela Casellato 13
Guia prático para auxiliar pessoas enlutadas 14
O que não dizer para uma pessoa enlutada? 15
Orientações de acolhimento para pessoas enlutadas 17
Como ajudar uma criança enlutada? 18
O luto pelo término de um relacionamento 19
O luto por animais de estimação 20
Precisamos falar sobre a perda gestacional 21
Os desafios do luto do homem 23
Finitude na comunidade LGBTQIA+ 24
Luto por suicídio 25
Como os rituais de despedida podem ajudar no processo de luto? 26
Como as homenagens póstumas podem ajudar pessoas enlutadas? 27
Receitas afetivas e luto 28
Episódios sobre luto no Podcast 29
Vídeos sobre luto no YouTube do inFINITO 30
Dicas de filmes, livros e músicas sobre o tema 31
Gravações da 5ª Semana do Luto 37
Aprendizados 5ª Semana do Luto - Luto por acidente 38
Aprendizados 5ª Semana do Luto - Luto antecipatório 39
Aprendizados 5ª Semana do Luto - Lutos vivenciados no parto 40
Aprendizados 5ª Semana do Luto - Relatos Clarissa Oliveira 41
Insights das especialistas na 5ª Semana do Luto 42
Carta para um falecido 44
Gravações das Semanas do Luto anteriores 46
Doações para o movimento 47
Para dar início às nossas conversas…

O QUE É O LUTO, AFINAL?


A experiência de perder alguém que amamos é uma das mais dolorosas
pela qual passamos. E, apesar de fazer parte do nosso ciclo de vida, a
morte nos assusta, nos fragiliza e, com muita frequência, não
encontramos espaço para expressar nossos sentimentos e pensamentos,
tão intensos e confusos.

Mas o luto não é só sobre morte.


O luto é um processo a ser vivenciado a partir do rompimento de um
vínculo afetivo importante para nós. Pode ser a perda de uma pessoa
amada e também refere-se a um evento significativo como a perda de um
emprego, uma separação, uma mudança de cidade, a amputação de um
membro, a morte de um animal de estimação, entre outros.
Esse rompimento terá grande impacto em nossas vidas, em nossos
sonhos, expectativas e na forma de levarmos nossas rotinas.
O luto nos coloca frente a uma série de mudanças.

É importante deixar claro que, embora seja bastante conhecida a teoria de


que o processo de luto seja formado por 5 fases distintas, na prática não
funciona assim.

O processo de luto é singular e é diferente


para cada indivíduo.
É um processo longo, não-linear e sem data marcada para dizer adeus.
E, de alguma forma, você sentirá as dores do luto de forma mais intensa
de tempos em tempos, como em datas comemorativas, por exemplo.

4
E por que seu luto não cabe em 5 fases?
Para entendermos melhor sobre o luto, precisamos deixar
para trás a ideia de que ele se encaixa em 5 fases.
Nenhum luto é igual e você não precisa colocar seus sentimentos
em padrões pré-estabelecidos: sinta como acha que deve sentir!

5
REAÇÕES ESPERADAS
NO PROCESSO DE LUTO

Há reações comuns e esperadas no processo de luto – sejam elas emocionais,


físicas, cognitivas ou comportamentais.

REAÇÕES EMOCIONAIS: choque, tristeza, culpa, raiva, hostilidade, solidão,


agitação, ansiedade, fadiga, anseio: desejo de estar com a pessoa amada;
desamparo e alívio.

REAÇÕES FÍSICAS: vazio no estômago, nó na garganta, hipersensibilidade ao


barulho, sensação de despersonalização. Falta de ar, fraqueza muscular, falta
de energia, boca seca, queixas somáticas, suscetibilidade a doenças, estresse
ou falta de cuidados com a saúde.

REAÇÕES COGNITIVAS: descrença, confusão, dificuldade de concentração,


pensamentos obsessivos, sensação de presença, alucinações.

REAÇÕES COMPORTAMENTAIS: distúrbios de sono, perda ou aumento de


apetite, aumento no consumo de psicotrópicos, álcool e fumo;
comportamento “aéreo”; isolamento social; evitar falar na pessoa que se foi;
procurar e chamar a pessoa; sonhar com o falecido; hiperatividade e
inquietação.

Essas são algumas considerações que podem vir a acontecer ou não –


dependerá de cada pessoa enlutada. Entretanto, quando esses sintomas
persistirem a ponto de não se conseguir levar a vida normalmente, o indicado
é buscar ajuda profissional com psicólogos e/ou psiquiatras especialistas em
luto.

É bom saber:
O Mapa de Saúde Mental do Brasil é
um site desenvolvido pelo Vita Alere
que reúne serviços públicos de saúde
mental disponíveis em todo território
nacional, além de serviços de
acolhimento e atendimentos
gratuitos ou voluntários realizados
por ONGs, instituições filantrópicas,
entre outros.

6
O lado bom do luto
Tradução livre do texto de Phi Dang
retirado do perfil do Instagram @thephidang

“Estilhaçado em pedaços, quebrado como um mosaico – existe beleza no seu


luto e existe beleza na sua dor. Não vai ser bonito sempre, mas com as areias
passageiras do tempo e a suavização da tristeza, há uma pérola da verdade.
Existe vida após a morte e luz do sol depois da chuva. Você vai senti-las no
sal das suas lágrimas e nas cores sangrando do céu. Você vai senti-las no
derretimento de invernos rigorosos e na manhã de primavera. Você vai senti-
las na luz suave do sol na sua pele e no vento que desliza. Você vai senti-las
no poderoso rugido do oceano e nas marés que viram. Você vai senti-las em
todo lugar que for, porque elas estão sempre com você.

Eu sei como é quando parece que a dor vai te engolir por inteiro.
Eu sei como é quando a dor parece insuportável, que não pode haver luz no
fim do túnel.
Eu sei como é se sentir tão dolorosamente solitário, apesar de estar em um
lugar cheio de pessoas com muito amor e apoio ao seu redor.
A dor, a mágoa, o luto, a tristeza que não vão embora vão te ensinar a viver
com esses sentimentos. Você vai segurá-los com braços abertos em um
espaço gentil.
Você vai entender o sentimento que tudo é bonito porque fala com a
profundidade do seu amor com o ente querido que se foi, permeando cada
centímetro da sua alma.
Você vai desaprender linhas do tempo – tudo acontece no seu próprio
tempo. Não pode ser evitado, não pode ser apressado.
Você vai desaprender tudo o que você achou que sabia e conhecer o maior
presente e a maior verdade de todos: o amor.”

7
Perguntas frequentes sobre o luto

O luto revela tanto a força de nossos vínculos, quanto nossa


capacidade de adaptação e enfrentamento das perdas e
adversidades, não devendo ser suprimido. Ou seja, ele precisa ser
sentido para que se ressignifique a vida a partir de uma perda
importante.

1.Antes de tudo… o que é o luto?


É um processo de adaptação após perdermos algo ou alguém que
era importante para nós. Durante este processo, um novo sentido
para a vida precisa ser descoberto e construído.

2.Toda perda implica um processo de luto?


Sim. Ele é um processo de vivenciar e elaborar uma perda que
acontece sempre que nossa vida é afetada pelo término de uma
relação, situação, projeto, sonho.

3.Quais as reações mais comuns no processo de luto?


Elas podem ser emocionais, físicas, cognitivas e comportamentais -
podendo durar dias ou até meses. Sentimentos como choque,
tristeza, culpa, raiva, hostilidade, solidão, ansiedade são bastante
comuns. Vazio no estômago, aperto no peito, nó na garganta,
descrença, confusão, distúrbios de sono, perda ou aumento de
apetite e aumento de psicotrópicos também podem se apresentar.

4.Quando ele termina?


Não é possível precisar em termos de tempo. Ele é um processo a
longo prazo e que não acontece de forma linear; sendo comuns e
esperados, os episódios de “recaída” - por isso, o ritmo e o jeito de
cada pessoa enlutada deve ser respeitado e compreendido.

8
A elaboração do luto sempre
se dá nesses dois movimentos:
olhar para a perda, mas
também seguir com a vida.

Luciana Mazorra
Todo luto é legítimo
e merece acolhimento
Viver às sombras dos lutos sem tocar no assunto pode ser
muito mais difícil do que se imagina. Todas essas dores
devem ser expressas e acolhidas para que os sentimentos
possam ser reorganizados dentro de nós e consigamos
seguir em frente - apesar das perdas.

10
Para enfrentar o luto de forma
mais saudável
é necessário:
(essas são formas indicadas por especialistas,
mas, mais uma vez, lembre que você é único!)

Permitir-se sentir e transbordar os


sentimentos: guardá-los pode trazer
ainda mais sofrimento e dúvidas

Ter uma rede de apoio fortalecida com


pessoas que possam te acolher nos momentos
de vulnerabilidade, sem julgamentos

Respeitar seu tempo para voltar à rotina


Cuidar da saúde física e mental


Buscar ajuda com psicólogos especialistas,


caso o sofrimento esteja muito intenso

11
12
13
GUIA PRÁTICO PARA AUXILIAR
PESSOAS ENLUTADAS

Você, provavelmente, já deve ter passado pela situação embaraçosa onde não sabia muito bem o
que dizer para uma pessoa querida enlutada. Evitou o contato visual, parou de mandar
mensagens frequentes, mudou o caminho no corredor do trabalho… Mesmo sem saber o que
fazer, é comum que tenhamos a vontade de ajudar – o problema é que não sabemos muito bem
como fazer isso, por que não somos ensinados a lidar com esse tipo de circunstância.

Trouxemos um pouquinho de informação e carinho de como oferecer suporte legítimo para


pessoas enlutadas. Vale lembrar que são apenas ideias: você deve usá-las como base e adaptar
conforme achar necessário e adequado conforme as demandas da pessoa!

Diante a uma perda, muitas vezes ficamos sem palavras para demonstrar todo o nosso carinho e
apoio. Quando pensamos nisso, normalmente nos vêm à mente aquelas frases prontas como
“meus sentimentos” ou “meus pêsames”. Essas expressões são tão comuns que se tornaram
quase impessoais: é como se fossem ditas no automático, por pura formalidade.

O que você pode dizer ao invés de falar “meus pêsames”:

Sinto muito pela sua dor


Deve estar doendo demais e sinto muito por isso
Não tenho muito o que dizer, apenas que te amo e vou ficar aqui pertinho de você
Eu te amo e estou aqui para você
Eu sinto muito. Meu coração, minhas preces e minha energia estão aí com você
Espero que você consiga viver o seu luto como tem que ser. Estarei ao seu lado sempre

PARA AJUDAR DE VERDADE UMA PESSOA ENLUTADA,


PRECISAMOS DEIXÁ-LA EXPRESSAR A SUA DOR.
Esse é um momento muito delicado, por isso, só devemos oferecer o nosso apoio se estivermos
disponíveis a ouvir sem julgamentos.

O que você pode fazer:

Esteja presente, mas sem cobranças ou expectativas


Ofereça-se para fazer tarefas simples do dia a dia
Seja um bom ouvinte
Ouça, acolha e reconheça as dores da pessoa enlutada
Tenha paciência, compaixão e fuja de conselhos genéricos
Convide-a para fazer alguma atividade que ela goste como assistir a um filme ou dar um
passeio
Abra espaço para uma conversa sobre quem partiu, revivendo as boas lembranças

MUITAS VEZES, AS PESSOAS SÓ PRECISAM DO CONFORTO DE UM ABRAÇO.


Não tenha medo de questionar a pessoa enlutada qual a melhor forma de você auxiliar neste
momento.

14
O QUE NÃO DIZER PARA
UMA PESSOA ENLUTADA?

Perder alguém que amamos muito está entre as coisas mais difíceis (e inevitáveis, né?) da vida.
Neste momento tão doloroso, o apoio de pessoas queridas é sempre importante, mas, muitas
vezes, ouvimos palavras e a expressão de sentimentos que podem ser até frios ou indiferentes,
não é?
Mas podemos mudar essa história se começarmos essa transformação por nós mesmos na forma
que acolhemos pessoas enlutadas. O segredo é sermos inteiramente genuínos e adaptarmos
nossas mensagens de carinho de acordo com a história dessa pessoa – e sua relação com quem
partiu.

TODA DEMONSTRAÇÃO DE AFETO É VÁLIDA NESTE MOMENTO.


Não existe um manual de instruções de como devemos agir ou não, mas algumas reflexões são
válidas.

"Isso acontece com todos em algum momento”. A frase pode até ser verdadeira, mas não é
capaz de amenizar a dor da pessoa enlutada.
"Você pode casar ou ter filhos novamente”. Embora a intenção seja boa, ela soa como se as
pessoas fossem facilmente substituíveis.
"Foi melhor assim.” Perder alguém nunca é bom, não é? Por mais que a pessoa que partiu
estivesse em sofrimento, a morte nunca é fácil para quem fica.
"Ele/ela descansou.” Pode ser que em um contexto de doença a frase faça sentido, mas entes
queridos que ficam sequer gostariam que a pessoa amada estivesse sofrendo.
"Eu imagino o que você esteja sentindo.” Por mais que você já tenha passado por um luto, ele
nunca é igual para ninguém.

O que você pode dizer:

"Sinto muito pela sua perda, 'fulano' era uma pessoa muito querida por todos”.
"Não consigo imaginar o quão difícil está sendo, mas lembre que não está só, conte comigo”.
"Sinto muito pelo seu sofrimento”.
"Ele/ela era uma pessoa muito amada. Seguirá viva dentro de nós.”
"Lembra quando… (você pode trazer um momento bom e alegre para ajudar na elaboração do
luto da família).”
"Fico à disposição para te ajudar no que for preciso. Não deixe de me procurar.”
"Há algo que eu possa fazer para ajudar na sua rotina ou em questões burocráticas?”
"Você deve sentir muita falta dele/dela.”

ABRA ESPAÇO PARA QUE A PESSOA FALE SOBRE OS SEUS SENTIMENTOS.


OUVIR É MAIS IMPORTANTE DO QUE FALAR, NESSE CASO.
Se mesmo assim, as palavras não forem suficientes, lembre-se que o silêncio também fala:
um abraço reconfortante pode ser uma forma intensa e verdadeira de demonstrar o seu apoio.

15
O melhor preparo para o
luto é que a sociedade esteja
aberta para acolher e
trabalhar esse sofrimento.

Valéria Tinoco
Orientações de
acolhimento
para pessoas enlutadas

Via:

17
18
O LUTO PELO TÉRMINO
DE UM RELACIONAMENTO

Se você já nos acompanha há algum tempo, deve saber que a questão do luto não se refere somente à
morte de uma pessoa amada. O processo do luto acontece com o rompimento de um vínculo de amor e
afeto importante, ou seja, ele também está ligado ao término de um relacionamento amoroso (você
provavelmente já deve ter passado por isso, não é?).

MUITAS VEZES PASSAMOS POR ESTE PROCESSO DE DOR SEM NOMEÁ-LO


CORRETAMENTE: É LUTO!

E luto precisa ser válido. A maior dor do enlutado é não ter sua dor validada.
Seja um casamento de décadas, um namoro de alguns anos, meses ou uma história significativa sem
rótulos clássicos ou quantidade de tempo legitimado, o luto vai se apresentar, pois se há sentimento
envolvido, há dores da perda, independente de quem tenha partido o rompimento (ou o motivo). Em uma
relação amorosa, cria-se uma proximidade, uma rotina, laços e planos para o futuro. E quando há esse
rompimento, há o desabamento de um mundo presumido. O conceito de mundo presumido é bastante
particular. É a construção de um universo de acordo com nossas experiências, valores e sonhos… é o
entendimento de como somos. Nele estão as pessoas que amamos, em um lugar seguro e protegido: mas
quando alguém se vai, parte desse mundo presumido desaba.

O PROCESSO DE LUTO NADA MAIS É DO QUE A RECONSTRUÇÃO DO MUNDO


PRESUMIDO.

Nas últimas semanas, a mídia foi bombardeada pela notícia do término do casamento de doze anos da
cantora colombiana Shakira e do jogador de futebol, Gerard Piqué. Não muito depois, Shakira lançou uma
música repleta de indiretas referentes ao acontecimento que logo estourou no Spotify. Enquanto alguns a
acusam de “marqueteira”, é possível fazer uma análise de que essa foi uma das maneiras que ela encontrou
de lidar com o fim do relacionamento. Trouxe esse caso para ilustrar o fato de que cada pessoa busca
diferentes ferramentas de enfrentamento- e que todos nós já passamos ou iremos passar por
rompimentos afetivos em nossas vidas (nem os famosos estão imunes, né?).

Sendo assim, é importante permitir-se nomear o processo do luto e sentir a dor para que seja possível se
reconstruir. Nesse contexto, conecte-se a uma rede de apoio fortalecida, reencontre-se com você mesmo
(a) e respeite o tempo. Ignore comentários que tentem minimizar a sua dor, como “ele/ela não te merecia”,
logo você encontra outra pessoa”… eles de nada servem. Sabemos que não é bem assim, não é?
Só você sabe o que sente e o tamanho deste sentimento. O luto vem repleto de sentimentos
contraditórios: tristeza, alivio, raiva, alegria, negação, novos sonhos e possibilidades, aceitação e por aí vai.
Muita gente foge desse enfrentamento, substituindo o vazio da dor com amores passageiros, trabalho em
excesso, álcool em demasia.. Isso não vai dar certo!

O IDEAL É BUSCAR UM EQUILÍBRIO SAUDÁVEL PARA LIDAR COM ESSA PERDA, AFINAL,
ESSE TIPO DE ATITUDE NÃO RESOLVE OS PROBLEMAS A LONGO PRAZO.

As perdas fazem parte da nossa vida e estarão sempre presentes ao longo da nossa jornada. Somos seres
sociais e devemos nos abrir para novas experiências, relações e possibilidades, sabendo viver o fim de um
ciclo para o início de outro.

19
O LUTO POR
ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

Para tutores de animais de estimação, pensar na morte do pet é algo muito difícil. Afinal, o
bichinho se torna parte da rotina e da família – a convivência é diária, a preocupação com o seu
bem-estar é constante e a troca de carinhos também. Esses animaizinhos trazem inúmeros
benefícios para os seres humanos, como a melhora da qualidade de vida e auxílio no tratamento
de transtornos mentais como ansiedade e depressão.
A relação de afeto criada com um pet é muito pura e verdadeira. Mas, na maioria dos casos, o
sofrimento ao perdê-lo é visto como algo exagerado e não justificável (até mesmo pelo próprio
dono).

O LUTO POR UM ANIMAL DE ESTIMAÇÃO PODE SER MUITO SEMELHANTE A


PERDA DE UMA PESSOA AMADA.

O luto não refere-se somente à morte de alguém. Ele pode ser vivido no rompimento de um
relacionamento, na perda de um emprego, na mudança de cidade e, também, com a morte dos
melhores amigos de quatro patas.

DESSA FORMA, TODOS OS LUTOS DEVEM SER RESPEITADOS, VALIDADOS E


MERECEM ESPAÇO PARA SEREM DISCUTIDOS, SEM COMPARAÇÕES OU
JULGAMENTOS DE OUTROS.

Os rituais de despedida também são parte importante do luto por animais. Por meio desses
rituais, é possível iniciar um processo de adaptação para a vida sem a presença do bichinho.
Inclusive, muitas funerárias já disponibilizam o plano pet, com opções de cremação, homenagens
e cerimônias de despedida especiais.
Viver o luto pela morte de um pet é fundamental para que os donos possam elaborar aquela
perda e aceitar a mudança em suas vidas. É necessário que a pessoa viva a sua dor e que,
também, os outros ao seu redor tenham compreensão e não minimizem a situação com frases do
tipo: “Mas é só um cachorro, porque você está sofrendo tanto? É só arrumar outro!”. Entender e
respeitar o fato de que o dono passa por um processo de luto doloroso é uma maneira de melhor
acolhê-lo e ajudá-lo durante esses momentos.

E como agir após a perda de um pet?

Permita-se viver a sua dor: não esconda os seus sentimentos ou sinta-se culpado por viver o
luto.
Crie um ritual de despedida: se for do seu interesse, entre em contato com algum serviço de
memorial pet, ou prepare uma celebração em casa mesmo.
Respeite o seu luto: o luto não tem um “tempo limite” ou simplesmente desaparece após
semanas ou meses. Portanto, tenha paciência e respeite este momento.
Se você sentir que não está conseguindo enfrentar o momento sozinho, procure
acompanhamento psicológico.
20
PRECISAMOS FALAR SOBRE
A PERDA GESTACIONAL

Complexa, difícil, dilacerante e, muitas vezes, não validada pela sociedade: estamos falando sobre a perda
gestacional. O luto gestacional acontece na interrupção da gravidez antes das 20 semanas de gestação:
quando o bebê não vem ao mundo por fatores genéticos, idade materna, entre outros motivos médicos
diversos.

O QUE SERIA UMA CELEBRAÇÃO DA VIDA, TORNA-SE UM ENCONTRO NADA AMIGÁVEL – E


REPENTINO – COM A MORTE.

Quando essa perda ocorre, diversos lutos se apresentam. O luto pela morte do bebê. O luto pelos sonhos
e expectativas criadas.

Por mais que familiares, amigos próximos e pais estejam diretamente envolvidos e ligados a essa perda, ela
pode ser muito mais difícil para quem gesta o filho dentro de si. Certamente, essa conexão é capaz de
trazer dores e sentimentos mais intensos – só quem sentiu/sente sabe. E o corpo, que estava se
transformando para receber o bebê também sofre, podendo deixar marcas não só emocionais, como
físicas.

Não há palavras ou conselhos suficientes para reconfortar, mas precisamos falar mais abertamente sobre
isso, para que saibamos respeitar, reconhecer e acolher esses lutos. Quando tivermos que lidar com
pessoas que passaram por essa perda, devemos estar mais atentos e ter mais compaixão: colocar-se no
lugar do outro e não diminuir a sua dor.

Passe longe de frases como:


“Logo você engravida de novo.”
“Que bom que foi no início, assim você sofre menos.”
“Deus quis assim”.

Acolher é fundamental. Troque frases prontas e deveras ofensivas por:


“Sinto muito por isso. Se quiser, estou aqui para te ouvir.”
“Não consigo imaginar o quão doloroso está sendo. Te desejo dias melhores.”
“Espero que você fique bem.”

Não precisa de um discurso pronto ou de frases elaboradas: o importante é mostrar o seu carinho de
forma genuína.

Culpa, isolamento e outros sentimentos negativos podem se manifestar: é esperado nesse tipo de
situação. Ter uma rede de apoio fortalecida para esse momento se torna fundamental para encarar o
processo de luto. Assim como em outros tipos de luto, talvez a intervenção profissional possa ser um
caminho saudável para que a vida possa ser reconstruída a partir desse evento tão difícil. Cabe aos
profissionais de saúde que acompanham a família agirem com mais sensibilidade e compaixão. Colocar-se
no lugar do outro também faz parte de um roteiro médico que, muitas vezes, é tão burocrático.

Se você já passou por essa situação, sentimos muito, de verdade, pelas suas dores. Que seja possível
seguir em frente com força, coragem e a compreensão de que o amor que se sente pela criança que não
pode vir ao mundo é um sentimento seu e de mais ninguém. Não deixe que qualquer pessoa seja capaz de
invalidar a sua perda.
21
Às vezes, quando sentimos
a falta de alguém, parece
que o mundo inteiro está
vazio de gente.

Gabriela Casellato
OS DESAFIOS DO
LUTO DO HOMEM

O luto do homem pode ser um dos mais desafiadores, pois a sociedade ainda não dá espaço para
acolher e reconhecer esse luto. O luto, por si só, já apresenta particularidades de pessoa para
pessoa, mas na questão do homem enlutado, as consequências ficam ainda mais evidentes.

Ainda vivemos em uma cultura predominantemente machista onde padrões são impostos e
esperados para os indivíduos do sexo masculino: muitos meninos são criados a partir da ideia de
que é preciso esconder suas fragilidades, de que homem não chora. A invalidação de sentimentos
pode trazer dificuldades de expressar os sentimentos e consequências irremediáveis para o
futuro.

No contexto da perda de uma pessoa amada, muitas vezes não há espaço para que o homem
sinta as dores decorrentes do fato: é um luto silencioso e velado, podendo gerar ainda mais
sofrimento.

Veja bem a seguinte situação:


Vamos supor que um casal esteja enlutado pela morte de alguém muito próximo. Espera-se que a
mulher sofra mais, sinta mais, enquanto o homem carrega o papel de ser o “forte”, de segurar a
família e de resolver questões burocráticas.

Ele é considerado uma figura de apoio, impedida de sentir.


É urgente a construção de pontes e conexões para validar as emoções dos homens.
É urgente abrir um espaço de escuta, de acolhimento, de compaixão.

O que é possível fazer para mudarmos esse cenário?


Se você é homem enlutado:

Permita-se sentir suas dores


Converse sobre o que está sentindo com as pessoas que ama
Divida as questões burocráticas com os outros integrantes da família
Se for preciso, busque orientação profissional

Se você é familiar de um homem enlutado:

Ouça, acolha e mostre que você está disposto a ser uma rede de apoio
Não julgue suas dores
Esteja presente e divida as tarefas relacionadas à morte da pessoa amada

23
LUTOS NÃO RECONHECIDOS:
FINITUDE NA COMUNIDADE
LGBTQIA+

Elaborar o luto e vivê-lo de maneira individual é fundamental. Dentro da comunidade LGBTQIA+,


em muitos casos, essa vivência não ocorre pelo fato de relacionamentos homoafetivos nunca
terem sido manifestados publicamente, temendo o julgamento da sociedade. Muitos homens e
mulheres perdem os seus parceiros(as) e não se permitem viver o luto em sua totalidade, já que o
relacionamento sempre foi sigiloso e suas dores são vistas como impróprias e “desnecessárias”.
Perder uma pessoa amada traz à tona muitas feridas e, em relacionamentos LGBTQIA+, expõe a
crueldade e intolerância que ainda persistem.

EM UM MUNDO EM QUE A LGBTFOBIA FAZ TANTAS VÍTIMAS, PESSOAS QUE VIVEM


RELACIONAMENTOS HOMOAFETIVOS SÃO PRIVADAS DE VIVEREM O SEU LUTO.

Suas vivências são apagadas por não se adequarem aos padrões, não sendo consideradas morais
e corretas – muitas vezes pela própria família. De acordo com estudo de Bristowe et al. (2016), a
rede de apoio de casais homossexuais está ligada mais fortemente aos vínculos dentro da
comunidade LGBTQIA+ do que aos vínculos familiares.
A falta de legitimação de qualquer relacionamento que não siga o padrão heteronormativo
oprime e obriga indivíduos LGBTQIA+ a passarem pelo processo de luto sem nenhum amparo.
Outros aspectos legais também estão envolvidos, como a exclusão em rituais fúnebres e cuidados
especializados.

Pelo olhar dos Cuidados Paliativos, existem 5 tipos de dores que a comunidade LGBTQIA+
enfrenta que englobam o luto:

Sofrimento físico: a expectativa de vida da população LGBTQIA+ é abaixo dos 40 anos. Por
isso, muitos acabam morrendo de forma repentina, sem conseguir pensar sobre a finitude.
Sofrimento social e emocional: O preconceito causa medo e solidão. Muitas pessoas
escondem os seus relacionamentos por medo do julgamento. Ao chegar na terceira idade, o
medo é de serem abandonadas e encararem a morte de forma muito solitária.
Sofrimento espiritual: Várias crenças não aceitam a diversidade sexual. Quando se deparam
com o fim da vida, muitas pessoas se sentem culpadas e questionam a sua existência.
Sofrimento familiar: Muitas famílias ignoram a existência de relacionamentos LGBTQIA+,
ignorando as vontades e desejos do parceiro do paciente.

A iniciativa Luto sem Armário tem o objetivo de prestar apoio aos enlutados que fazem parte da
população LGBTQIA+ de forma gratuita. Os encontros acontecem online com até 5 participantes.
ONGs como essa são de extrema importância, mas não descartam a necessidade de
acompanhamento psicológico profissional para o enlutado.

24
Luto por suicídio
Se você conhece alguém que perdeu uma pessoa amada para o
suicídio, saiba que o seu suporte pode ser muito importante nesse
momento de tanta dor. Caso esteja disposto a oferecer o
acolhimento genuíno, te convidamos a ler esse conteúdo para que
você possa ajudar um sobrevivente a restabelecer um novo
significado para a vida.

25
COMO OS RITUAIS DE
DESPEDIDA PODEM AJUDAR
NO PROCESSO DE LUTO?

Provavelmente você já deve estar familiarizado com os tradicionais rituais de despedida que incluem
velórios e cemitérios, não é mesmo? Eles fazem parte da nossa cultura (principalmente devido aos
tradicionais rituais católicos), mas, ainda assim, carregam certo desconforto e frieza para as pessoas
enlutadas que ficam. E, inclusive, muitos “fogem” desse rito por despertar somente sentimentos negativos
ligados à morte – principalmente por questões de negação e medo.
Diante disso, os Rituais de Despedida se tornam uma forma muito sensível e importante para honrar a
memória da pessoa amada que partiu: de que forma seu ente querido gostaria de ser homenageado? Do
que essa pessoa gostava?

COMO PERSONALIZAR UMA DESPEDIDA QUE ESTEJA DE ACORDO COM O LEGADO DE QUEM SE FOI?
O processo do enfrentamento do luto é único e não há uma receita pronta de como lidar com os
sentimentos que vem à tona. Entretanto, algumas ferramentas podem ajudar as pessoas enlutadas neste
processo, fazendo com que ele seja mais leve e saudável.
E os Rituais de Despedida são uma dessas maneiras.

Eles ajudam a concretizar a perda


Fazem com que as pessoas enlutadas não se sintam tão sobrecarregadas
Honram a memória de quem partiu
Trazem conforto emocional as pessoas enlutadas
Auxiliam enlutados a expressarem seus sentimentos

SÃO VERDADEIRAS DECLARAÇÕES DE AFETO E DE AMOR INFINITO.

Os Rituais de Despedida ainda colaboram na elaboração de um luto mais saudável, sendo um espaço social
em que as pessoas enlutadas possam compartilhar seus sentimentos sem julgamentos. Também auxiliam
no entendimento das emoções e fortalecem as lembranças dos bons momentos vividos, simbolizando o
movimento do seguir em frente.
E como realizá-los?

Antes de tudo, é necessário olhar para a história de quem se foi. Identificar seus gostos e
particularidades, de como gostariam de ser lembrados e de que forma as memórias podem ser
resgatadas de forma carinhosa e respeitosa.
Reúna as pessoas que realmente eram importantes.
Ofereça uma refeição para essas pessoas queridas – por que não cozinhar o prato favorito de quem se
foi?
Coloque as músicas favoritas da pessoa amada para tocar: peça para amigos e familiares ajudarem a
construir uma playlist.
Faça um mural de fotos felizes e espalhe-as pelo local da despedida.
Organize um discurso e convide outras pessoas a compartilharem suas palavras também.
Planeje uma despedida on-line com quem não pode estar presente no momento.

Essas são apenas algumas sugestões, você pode (e deve!) personalizar como achar coerente! Ah, e esses
rituais não precisam acontecer somente na morte: eles podem seguir acontecendo em outras ocasiões
para honrar, matar a saudade e manter viva as lembranças do passado.

26
Como as homenagens póstumas podem
ajudar pessoas enlutadas?
As homenagens póstumas são uma maneira de seguir em frente após uma
perda significativa de uma pessoa amada. Elas nos colocam em contato
com nossos sentimentos e reconhecem a importância de quem partiu,
amenizando parte da dor de quem fica.
Sem contar que elas funcionam como uma maneira sensível de honrar a
história de quem já não está mais aqui.

27
Receitas afetivas
e luto
Mais do que nutrir, a comida tem
relação com nossas emoções: você,
provavelmente, já deve ter ouvido
por aí que ela é considerada uma
linguagem de amor. No processo de
enfrentamento de luto, cozinhar um
prato que lembre quem já partiu é
uma forma de se conectar com as
lembranças dessa pessoa.

28
Episódios sobre luto no Podcast
Conversas Sinceras Sobre Viver e Morrer
(clique nas imagens para abrir os episódios)

29
Vídeos sobre luto
no YouTube do inFINITO
(clique nos boxes para acessar os vídeos)

Luto, narrativas
Cores e dores
e construção de
do luto LGBT 60+
significado

Lideranças
A potência e
religiosas: morte
importância dos
e luto em cada
rituais de despedidas
tradição

Luto e Finitude e luto


espiritualidade LGBTQIA+

Lutos e lutas O luto do homem

Luto infantil e
pandemia

30
ARTE E LUTO
Dicas de filmes, livros e músicas sobre o tema
Via: 4 Estações Instituto de Psicologia
(clique nas capas para assistir aos trailers)

filmes
1. Uma viagem extraordinária (2014) por Jean-Pierre Jeunet

Aos doze anos de idade, T.S. Spivet é um garoto superdotado,


apaixonado por cartografia. Quando ele ganha um prêmio científico
prestigioso, o garoto decide abandonar sua família em Montana para
atravessar sozinho aos Estados Unidos, até chegar a Washington.
O único problema é que o júri não sabe que o vencedor ainda é uma
criança.
Disponível no: Prime Video

2.A Invenção de Hugo Cabret (2012) por Martin Scorsese

Paris, anos 30. Hugo Cabret (Asa Butterfield) é um órfão que vive
escondido nas paredes da estação de trem. Ele guarda consigo um robô
quebrado, deixado por seu pai (Jude Law). Um dia, ao fugir do inspetor
(Sacha Baron Cohen), ele conhece Isabelle (Chloe Moretz), uma jovem
com quem faz amizade. Logo Hugo descobre que ela tem uma chave
com o fecho em forma de coração, exatamente do mesmo tamanho da
fechadura existente no robô. O robô volta então a funcionar, levando a
dupla a tentar resolver um mistério mágico.
Disponível na: Globoplay

3.O rei leão (1994) por Roger Allers e Rob Minkoff

Clássico da Disney, a animação acompanha Mufasa (voz de James Earl


Jones), o Rei Leão, e a rainha Sarabi (voz de Madge Sinclair),
apresentando ao reino o herdeiro do trono, Simba (voz de Matthew
Broderick). O recém-nascido recebe a bênção do sábio babuíno Rafiki
(voz de Robert Guillaume), mas ao crescer é envolvido nas artimanhas
de seu tio Scar (voz de Jeremy Irons), o invejoso e maquiavélico irmão de
Mufasa, que planeja livrar-se do sobrinho e herdar o trono.
Disponível no: Disney +

31
filmes
(clique nas capas para assistir aos trailers)

4.Cartas para Julieta (2010) por Gary Winick

Sophie e Victor viajam à Verona palco da história Romeu e Julieta para


uma pré lua-de-mel. Só que Victor está mais interessado em fazer
contatos para seu futuro restaurante em Nova York, enquanto Sophie
se distrai com um grupo de voluntárias que responde cartas
endereçadas a Julieta, procurando conselhos amorosos. Enquanto ajuda
as voluntárias, ela encontra uma carta escrita em 1957 de uma senhora
chamada Claire. Sophie responde à carta. Claire acompanhada de seu
neto Charlie vão à Itália e tentam encontrar Lorenzo, o verdadeiro amor
de Claire.
Disponível na: Netflix, Star +, HBO Max e Globoplay

5.Em busca da luz (1988) por Mike Robe

Esta é a história de um jovem casal que lutou pela vida de Ben, seu filho
de oito anos. Claire Madison (Linda Hamilton) é uma jovem mãe com
três filhos hemofílicos. Ela e seu marido Greg (Richard Thomas), têm
tentado criar seus filhos dentro dos padrões mais normais possíveis.
Mas, suas vidas são viradas de cabeça-para-baixo quando Ben, seu filho
mais velho, fica doente durante as férias.

6.Querido estranho (2002) por Ricardo Pinto e Silva

Na noite em que é comemorado o aniversário de Alberto (Daniel Filho),


patriarca da família, é anunciado também o noivado de Zezé (Cláudia
Netto), sua filha mais nova. É quando Alberto decide ser este o
momento exato para expôr à família todas as dores e frustrações que
teve por colocar sua família acima de tudo, ignorando até mesmo os
desejos de seu coração.

32
filmes
(clique nas capas para assistir aos trailers)

7.O segredo dos seus olhos (2010) por Juan José Campanella

Benjamin Esposito (Ricardo Darín) se aposentou recentemente do cargo


de oficial de justiça de um tribunal penal. Com bastante tempo livre, ele
agora se dedica a escrever um livro. Benjamin usa sua experiência para
contar uma história trágica, a qual foi testemunha em 1974. Na época o
Departamento de Justiça onde trabalhava foi designado para investigar
o estupro e consequente assassinato de uma bela jovem. É desta forma
que Benjamin conhece Ricardo Morales (Pablo Rago), marido da
falecida, a quem promete ajudar a encontrar o culpado. Para tanto ele
conta com a ajuda de Pablo Sandoval (Guillermo Francella), seu grande
amigo, e com Irene Menéndez Hastings (Soledad Villamil), sua chefe
imediata, por quem nutre uma paixão secreta.
Disponível no: Prime Video

8.Eu, você e a garota que vai morrer (2016) por Alfonso Gomez-Rejon

Greg (Thomas Mann) está levando o último ano do ensino médio o mais
anonimamente possível, evitando interações sociais, enquanto, em
segredo, está fazendo animados filmes bizarros com Earl (RJ Cyler), seu
único amigo. Mas tanto o anonimato quanto a amizade dos dois é
abalada quando a mãe de Greg o força a fazer amizade com um colega
de classe que tem leucemia.
Disponível no: Star +

33
literatura
(clique nas capas para acessar o link dos livros)

1. A anatomia de uma dor: um luto em observação por C.S. Lewis

Escrito após a trágica morte de sua esposa como uma forma de sobreviver aos
“momentos insanos do meio da noite”, A anatomia de um luto é a reflexão
honesta de C.S. Lewis sobre as questões fundamentais da vida, morte e fé em
meio à perda. Esta obra contém as reflexões precisas e genuínas de Lewis sobre
aquele período: “Nada menos demoverá um homem ― ou pelo menos um
homem como eu ― de seu pensamento meramente verbal e de suas crenças
meramente nocionais. Ele tem de ser nocauteado antes de cair em si. Apenas a
tortura revelará a verdade. Somente sob tortura ele mesmo a descobre”.

2. As intermitências da morte por José Saramago

As Intermitências da Morte é um livro do escritor português José Saramago


publicado em 2005. Sua frase inicial "No dia seguinte ninguém morreu" é ponto
de partida para ampla divagação sobre a vida, a morte, o amor e o sentido, ou a
falta dele, da nossa existência. Fiel ao seu estilo e ainda mais sarcástico e irônico,
Saramago vai além de reflexões existenciais, fazendo uma dura crítica a
sociedade moderna (o país da obra é fictício) ao relatar as reações da Igreja, do
Governo, do Clero, dos repórteres, dos filósofos, dos economistas, das funerárias,
casas de pensão, hospitais, seguradoras, das famílias com um moribundo em
casa, da máfia, etc.

3. Através do espelho por Jostein Gaarder

Cecília passa quase o tempo todo em seu quarto, deitada na cama. Ela está muito
doente, e sua doença não tem cura. Mas ela não está sozinha enquanto celebra o
Natal com sua família. A garota pode escrever todos seus pensamentos em seu
diário secreto, e pode contar com a companhia de um amigo inusitado que um
dia aparece em seu quarto, do nada. A história de Cecília não é só um mergulho
em sua vida ― é também uma preparação para a morte. Ela está morrendo como
quem viaja, prestando atenção em tudo. Através de seu olhar profundo, o lado
do espelho que não conhecemos se torna um pouco mais claro e menos
assustador.

4. Crônica de uma morte anunciada por Gabriel García Marquez

O livro é uma narrativa não-linear, contada por um narrador anônimo em forma


de rememorações. O livro subverte a tradicional narrativa de detetives ao
revelar, logo de início, pontos centrais ao crime: o real foco do livro é o motivo
que levou a cidade inteira a deixar que o crime ocorresse, sem tentativas sérias
de salvar ou sequer avisar a vítima, apesar de que se soubesse por toda parte que
o assassinato viria a acontecer muito em breve.

34
LITERATURA

A morte chega cedo


de Fernando Pessoa

A morte chega cedo,


Pois breve é toda vida O tempo
O instante é o arremedo de Mário Quintana
De uma coisa perdida.
O amor foi começado, A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em
casa.
O ideal não acabou, Quando se vê, já são seis horas!
E quem tenha alcançado Quando de vê, já é sexta-feira!
Não sabe o que alcançou. Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
E tudo isto a morte
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Risca por não estar certo Quando se vê passaram 50 anos!
No caderno da sorte Agora é tarde demais para ser reprovado...
Que Deus deixou aberto. Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu
nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo
caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que
eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta
devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo
de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que,
infelizmente, nunca mais voltará.

35
música
(clique nas imagens para ouvir)

1. Epitáfio 2. A carta 3. A Rita


Titãs Legião Urbana Chico Buarque

4. Fita Amarela 5. Gostava 6. Travessia


Noel Rosa tanto de você Milton Nascimento
Tim Maia

7. Abundantemente 8. Fico assim sem você


morte Adriana Calcanhoto
Luiz Melodia

36
GRAVAÇÕES DO EVENTO

37
O QUE APRENDEMOS COM CADA 28/3
ENLUTADO (A) NA 5ª SEMANA DO LUTO Luto por acidente

Qual o maior desafio neste


“Não perdi meu filho, processo de luto?
eu devolvi ele para Deus” “O maior desafio é o NUNCA MAIS.
Pollyana Scutti Cair na realidade de que nunca
mais vou ter meu filho aqui.”

Qual o seu maior aprendizado?


“A minha transformação é o maior aprendizado como ser humano, profissional,
filha, irmã, amiga. A maneira como eu vejo hoje o mundo.”

O que mais te ajudou/ajuda no processo de luto?


“Primeiramente, Deus: o que a gente falou da espiritualidade… A minha família,
meus amigos.”

O que mais te atrapalhou/atrapalha no processo de luto?


“Ainda não consegui perdoar a família do motorista que nunca entrou em contato
comigo, que nunca me desejou 'meus sentimentos'. Também é difícil aceitar estar
lutando por uma justiça que eles estão fazendo injustiças.”

Qual o maior desafio neste


“É preciso ter processo de luto?
coragem para viver.” “A presença da ausência
Virgínia Miranda de um filho é muito forte.”

Qual o seu maior aprendizado?


“Que a dor transforma.”

O que mais te ajudou/ajuda no processo de luto?


“A minha força. A minha essência também me ajuda, por ser uma pessoa
de natureza alegre.”

O que mais te atrapalhou/atrapalha no processo de luto?


“A saudade é nossa eterna companheira.”

38
O QUE APRENDEMOS COM CADA 29/3
ENLUTADO (A) NA 5ª SEMANA DO LUTO Luto antecipatório

Qual o maior desafio neste processo de luto?


“Eu escolhi ser feliz. “É difícil… são tantos desafios. Ver algumas coisas
Eu escolhi uma vida que ele não consegue fazer, aí você tem que
alegre.” estimular, você tem que ser forte. É um desafio
Sandra Nicastro constante. Mas a gente tem força pra isso."

Qual o seu maior aprendizado?


"É que a gente não precisa viver para ter as coisas. A gente precisa viver pra ser feliz,
viver os momentos especiais. Você não precisa querer ou almejar grandes coisas."

O que mais te ajudou/ajuda no processo de luto?


"O que me ajudou e me ajuda mesmo é minha família, as Redes Sociais… isso me
ajuda muito! Eu fico muito sozinha com ele, aí muitas amizades que encontrei me
preenchem."

O que mais te atrapalhou/atrapalha no processo de luto?


“Pessoas negativas… eu até saio de perto, por que eu não gosto!
Principalmente quando falam de um Marlon de antes.”

Qual o maior desafio neste


“Se ela partisse seria uma processo de luto?
dor só: que eu sei lidar, “Não saber dos direitos que a minha
que eu sei suportar.” filha tem. E quando corro atrás
Sharlene Maria dos Santos desses direitos, há uma burocracia
imensa por trás.”

Qual o seu maior aprendizado?


“A vida mudou de sentido. Quando ela nasceu, nasceu outra Sharlene, com uma
visão de mundo muito diferente, para melhor. Mudou a minha perspectiva de vida.”

O que mais te ajudou/ajuda no processo de luto?


“É ter informação! Quando alguém chega pra mim e me fala a verdade, quando é
sincero. Ouvir música me ajuda, tomar meu vinho me ajuda…quando eu me percebo,
quando eu me permito.”

O que mais te atrapalhou/atrapalha no processo de luto?


“O não reconhecimento do que eu passo - principalmente pessoas próximas
que não entendem.”

39
O QUE APRENDEMOS COM CADA 30/3
Lutos vivenciados
ENLUTADO (A) NA 5ª SEMANA DO LUTO no parto

“A gente teve uma Qual o maior desafio


rede de pessoas neste processo de luto?
muito amorosa.” “O silêncio das pessoas."
Clarissa Oliveira

Qual o seu maior aprendizado?


"Entender que as pessoas são diferentes e não lidam da mesma forma - mas
isso foi um processo."

O que mais te ajudou/ajuda no processo de luto?


"Quem se disponibilizou a estar ao meu lado no meu desconforto e quem
reconhece a minha maternidade: ter uma rede de pessoas amorosas comigo."

O que mais te atrapalhou/atrapalha no processo de luto?


“Ter a sensação de que a minha história traz desconforto para as pessoas.”

Qual o maior desafio neste


“Eu não sou mais a mesma processo de luto?
pessoa que eu era antes” “Tomar muitas decisões importantes
Jorge Klotz em um curto espaço de tempo.”

O que mais te ajudou/ajuda no processo de luto?


“Rede de apoio, fazer terapia e esportes.”

O que mais te atrapalhou/atrapalha no processo de luto?


“Acredito que as crises de ansiedade me atrapalham muito, porque
eu tenho responsabilidades que talvez antes eu não tivesse.”

40
O QUE APRENDEMOS COM CADA
ENLUTADO (A) NA 5ª SEMANA DO LUTO

Relatos da Clarissa Oliveira, que perdeu o filho Martin


com 40 semanas de gestação - ela esteve presente na
conversa "Lutos vivenciados no parto", do dia 30 de março.

Esses relatos são bastante fortes e potentes


e ainda contém fotos que podem ser sensíveis
para algumas pessoas.

CLIQUE PARA LER


"Relato de parto do Martin"

CLIQUE PARA LER


"O leite do Martin"

CLIQUE PARA LER


Artigo “O cultivo da consciência
prognóstica por meio da Prestação de
Cuidados Paliativos Precoces em
Ambulatório: Um guia de comunicação”
EM INGLÊS

41
INSIGHTS DAS ESPECIALISTAS
PRESENTES NA 5ª SEMANA DO LUTO

“É preciso ter coragem pra viver - independente


de passar ou não por uma perda.”

“Adaptar-se a viver sem uma pessoa querida é um desafio


que as pessoas buscam uma forma de sobreviver.”

“A dor é sempre evidente, não importa quanto tempo passou.”


“O processo de luto não tem a ver com a experiência de conseguir


parar de sofrer, mas sim encontrar um novo significado para a vida.”
Valéria Tinoco

Luto por Acidente “No luto por acidente, “bate” uma crença de que aquela morte não
deveria ter acontecido e isso traz elementos muito complexos: a busca
por um culpado, raiva… e as reações de luto são muito mais intensas.”

“O luto antecipatório acontece antes da perda em si - e não


só da morte. É um processo de construção de significado a partir
das experiências de perda.”
“O luto é subjetivo, individual e dotado de significados para cada pessoa.”
“Cada um de nós se relaciona com o mundo de uma forma. E quando
vem um processo de adoecimento, é colocado em “cheque” como a
gente se relaciona com esse mundo.”
“O luto antecipatório permite que os familiares e a pessoa doente Mariana Sarkis
possam absorver a realidade de forma gradual.” Luto Antecipatório
“No processo de luto há a reconstrução de identidade, relações
e significados. Esses processos transformam as pessoas.”

“Nenhuma dor da perda é mais ou menos difícil do que outra.”


“A pior dor que a gente pode viver é aquela


que a gente está vivendo.”

“A vida segue e a gente pode se reinventar -


e isso não quer dizer que o luto ficou para trás.”

“A gente esquece de perguntar para a pessoa


enlutada do que ela precisa.”
Gabriela Casellato

Lutos vivenciados “Como é complexa a possibilidade de você perder alguém


no parto que ama, que tem um vínculo significativo na nossa existência.
Mas é muito mais chocante quando essa perda acontece
em um momento impregnado de vida.”

42
Quanto mais repertório
tivermos sobre os lutos, mais
toleráveis e transformadores
eles serão.

Tom Almeida
CARTA PARA UM FALECIDO
Escreva para alguém que você amou e perdeu ou para
alguém que perderá em breve. Escreva com a intenção
de dizer “olá de novo”, ao invés de um adeus final.
Fale profundamente, com o coração, sobre o que é
importante no relacionamento. Considere o que o outro
deu a você, intencionalmente ou não, de valor duradouro.

Você também pode abordar as palavras que não foram


ditas, as perguntas que não foram feitas e os problemas ou
sentimentos perturbadores entre vocês que permanecem
sem solução. Se tiver dúvidas por onde começar, você pode
usar as sugestões abaixo para começar:

O que eu sempre quis te dizer é...


O que agora percebo é...
O que eu quero que você saiba sobre mim é...
O que você nunca entendeu foi...
O que mais me preocupa é...
A coisa mais importante que nunca discutimos foi...
O que me sinto mais culpado por isso...
Por favor, me perdoe por...
A única pergunta que eu queria fazer é...
Eu quero mantê-lo em minha vida por...

Depois de escrever a carta para o falecido, você pode


considerar esperar um dia e, em seguida, escrever uma
carta-resposta com as palavras do outro para você, talvez
iniciando uma correspondência contínua de conexão.

44
CARTA PARA UM FALECIDO

45
GRAVAÇÕES DAS SEMANAS DO LUTO
ANTERIORES:

Luto nas Luto Luto


periferias na escola LGBTQIA+

Desempacotando O luto no autismo


os lutos na visão dos pais

Luto antecipatório
O que é um luto O luto do cuidador no paciente
não reconhecido? informal oncológico

O luto das mães


de crianças O luto pela morte
desaparecidas de um pet

46
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a fortalecer ainda mais o
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são muito bem-vindas.

Para saber como doar,


envie um e-mail para
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47
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