Lipídios Aula
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Lipídios
João Pessoa/2023
➢ Lipídios
• A palavra lipídio deriva do grego lipos e significa gordura, que, por sua vez, pode ser definida
como uma classe de componentes solúveis em solventes orgânicos.
• A denominação dos AG é feita por meio de uma anotação abreviada, em que o primeiro número se refere aos
átomos de carbono da cadeia acil, seguido de dois pontos e, depois, outra cifra indicando o número dos
enlaces insaturados e um símbolo n- (u ou w), acrescido, ainda, pelo número de átomos de carbono a partir
do extremo metil da cadeia acil até o primeiro carbono das duplas-ligações.
Resumo dos tipos de AG alimentares
Ácidos graxos saturados Ácido esteárico (18:0)
Ácido palmítico (16:0)
Ácido mirístico (14:0)
Ácido láurico (12:0)
Ácido graxos monoinsaturados Ácido oléico (cis – 18:1)
Ácido elaídico (trans – 18:1)
Ácidos graxos poli-insaturados Ácidos graxo n-6 : ácido oléico (18:2)
Ácido graxo n-3: ácido linolênico (18:3)
Ácido graxo eicosapentaenoico EPA (20:5)
Ácido graxo docosaexaenoico (DHA) (22:6)
➢ Algumas estruturas químicas (estrutural e em linhas)
do TG.
RCO2H
• Exemplos de ácidos graxos saturados incluem o ácido esteárico, o palmítico, o mirístico, o láurico
e os ácidos graxos saturados de cadeia média.
➢ O processo de hidrogenação de óleos é utilizado pelas indústrias com a finalidade de aumentar sua
viscosidade, o que confere maior estabilidade à oxidação lipídica e reduz o tempo de cozimento.
➢ A quantidade de AG trans formados pode ser controlada pelo catalisador e pela temperatura. A maioria dos
AG trans é monoinsaturada, sendo o ácido elaídico o maior representante dessa classe de gordura.
➢A hidrogenação é utilizada com dois objetivos comerciais
•Primeiro: possibilita a conversão de todos os tipos de óleos vegetais e de origem animal em um único
produto uniforme e esse tipo de gordura demora mais tempo para estragar e ficar rançosa, dá textura
crocante e sequinha em muitos produtos industrializados, que agrada ao paladar.
•Segundo: aumenta o tempo de conservação dos produtos, principalmente nos climas tropicais, como o
do Brasil. Esses produtos têm prazos de validade bem longos, alguns mais do que um ano.
• Os AG poli-insaturados (PUFA) são AG essenciais ao organismo. A essencialidade depende da distância da primeira
dupla-ligação da terminação metil (grupamento CH3). Durante a formação dos AG no organismo humano, suas enzimas
de biossíntese podem inserir duplas-ligações na posição n-9 ou maior. Entretanto, essas enzimas não podem inserir
duplas-ligações em posições próximas ao grupo metil.
• Por isso, AG com duplas-ligações nas posições n-3 e n-6 são considerados essenciais para o ser humano, ou seja, devem
ser obtidos a partir da alimentação.
• Os AG das famílias n-3 e n-6 são obtidos pela dieta ou produzidos pelo organismo a partir dos ácidos linoleico e
alfalinolênico (ALA), a partir da ação de enzimas dessaturases, que atuam na oxidação de dois carbonos da
cadeia, originando uma dupla-ligação com a configuração cis.
• A atividade dessas enzimas diminui quando há fatores como tabagismo, consumo de álcool, diabetes, estresse,
ingestão elevada de gorduras trans e, principalmente, envelhecimento. No reino vegetal, o ácido linoleico é
sintetizado pela conversão em ALA com ação de enzimas Δ15 dessaturases.
▪ O ácido linolênico (n-3) é o precursor do AG n-3 e pode formar PUFA de cadeia longa: o ácido
eicosapentaenoico (EPA, 20:4n-3) e o ácido docosaexaenoico (DHA, 22:6n-3). O ALA, encontrado
principalmente em peixes marinhos e algumas plantas verdes, é precursor do EPA e do DHA em seres
humanos. No organismo, o ácido linoleico (n-6) pode formar o ácido araquidônico (AA) (20:4n-6),
precursor das prostaglandinas (PG), dos tromboxanos (TXA) e das prostaciclinas.
• Uma das funções do PUFA no organismo humano consiste em sua conversão enzimática em uma série de
metabólitos oxidados denominados eicosanoides (precursores de PUFA com 20 unidades de carbono em
sua cadeia).
➢ A deficiência do AG essencial n-6 pode relacionar-se com retardo de crescimento, lesões da pele,
insuficiência reprodutora, esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado) e polidipsia.
➢ A deficiência do AG n-3 não pode ser revertida pela adição de AG n-6 na dieta e vice-versa. Isso se deve à
interconversão entre os membros de cada família desses AG essenciais pelo alongamento da cadeia e/ou
inserção de insaturações na sua porção carboxiterminal. Portanto, não existe um AG essencial em
particular, mas duas classes de AG essenciais, sendo necessário suprir pela dieta ao menos um membro de
cada classe.
➢ Fosfolipídios
• Os PL são compostos complexos, formados por glicerol, AG, base nitrogenada e fósforo. Derivam-se
do ácido fosfatídico, que é esterificado em uma molécula que contém nitrogênio, colina, serina,
inositol ou etanolamina.
➢Esteróis
▪ Constituem uma classe de lipídios derivados de um anel saturado de quatro membros. O colesterol é uma molécula
anfipática,* dispondo de um núcleo esteroide e uma cauda hidrocarbonada. É encontrado na dieta tanto na forma livre
quanto na esterificada a AG (ésteres de colesterol), particularmente o C18:2n-6.
• O colesterol desempenha outras funções no organismo, sendo precursor dos ácidos biliares, dos
hormônios esteroides e da vitamina D.
• Apesar de as plantas serem livres de colesterol, elas contêm fitosteróis, componentes quimicamente
relacionados com o colesterol. Os fitosteróis mais comuns são o betassitosterol, o campesterol e o
estigmasterol. Evidências sugerem que esses compostos inibem a absorção do colesterol. E, embora
encontrados em quantidades muito pequenas na dieta, podem ser comercialmente produzidos.
• Podem ser encontrados em alimentos vegetais ricos em lipídios, como nozes, amendoim e semente de
gergelim, além de legumes, frutas e grãos em geral. No entanto, as principais fontes de obtenção são as
frações insaponificáveis de óleos vegetais, especialmente óleo de soja, canola e girassol.
➢ Glicolipídios
• Componentes formados por uma base esfingosina e AG de cadeia muito longa (22 carbonos), fazem parte do
tecido nervoso e de certas membranas celulares, com o papel de transportar lipídios. Entre os glicolipídios,
incluem-se os cerebrosídios, que contêm galactose, e os gangliosídios, que apresentam glicose e um
composto complexo contendo aminoaçúcar.
➢ Isoprenoides
• Substâncias derivadas do isopreno, abrangem um grupo constituído por uma ou mais unidades de cinco
carbonos. Esse grupo inclui os óleos essenciais nas plantas e os pigmentos responsáveis pela transferência
de elétrons na fotossíntese (licopeno, carotenoides e grupo clorofila amarelo/verde).
• No hepatócito, são formadas LP de muito baixa densidade ricas em TG denominadas VLDL (do inglês,
very low density lipoproteins), que contêm apo B-100, C e E. A formação de VLDL inicia-se no retículo
endoplasmático e depende da presença adequada de lipídios, colesterol esterificado e TG. Dessa
maneira, quanto maior a oferta de AG livre, mais VLDL é produzida a partir da hidrólise dos TG nos
tecidos.
• As partículas de VLDL são menores que as dos QM por conterem menos TG. No entanto, as partículas
de VLDL têm tamanhos variáveis, conforme a quantidade hepática de TG disponíveis para sua síntese.
▪ Os quilomícrons são as lipoproteínas que transportam na circulação os lípidios da dieta absorvidos pelo
intestino delgado após o intenso processo de hidrólise dos triglicérides, fosfolípides e do colesterol, que
ocorre na luz intestinal sob catálise de lipases de origem pancreática.
• Sugere que os valores referenciais e de alvo terapêutico do perfil lipídico para adultos acima de 20 anos
sejam apresentados de acordo com o estado metabólico que antecede a coleta da amostra de sangue para
análise laboratorial, sem jejum e com jejum de 12 h.
• Essa atualização indica que valores plasmáticos de colesterol total ≥ 310 mg/100 mℓ (para adultos) ou ≥
230 mg/100 mℓ (crianças e adolescentes) podem ser indicativos de hipercolesterolemia familiar – a mais
comum entre as dislipidemias e seus portadores têm 20 vezes mais risco de morte precoce por doença
cardiovascular.
RECOMENDAÇÕES E FONTES ALIMENTARES
• Em 1998, a FAO/OMS recomendou que pelo menos 15% do valor calórico total de uma dieta (%VCT)
provenha das gorduras para adultos em geral – porcentagem que deve ser aumentada para ao menos 20% nas
mulheres em idade reprodutiva.
• Indivíduos ativos e não obesos poderiam obter até 35% do VCT em gorduras totais, sem ultrapassar o limite
de 10% de energia proveniente de AG saturados. Indivíduos sedentários deveriam limitar sua ingestão de
gorduras até 30% do VCT da dieta, também sem ultrapassar os 10% do VCT em gordura saturada. De acordo
com as Dietary Reference Intake (DRIs), o consumo total de gorduras deveria situar-se entre 20 e 35% do
VCT – intervalos semelhantes aos recomendados pela American Heart Association.
RECOMENDAÇÕES E FONTES ALIMENTARES
• O consumo de AG trans deve ser evitado, com limite máximo de ingestão até 1% das calorias totais da
dieta.
➢ Alimentos ultraprocessados apresentaram, no geral, características desfavoráveis quando comparados
aos processados. Maior participação de alimentos ultraprocessados na dieta determinou generalizada
deterioração no perfil nutricional da alimentação.
➢ Os indicadores do perfil nutricional da dieta dos brasileiros que menos consumiram alimentos
ultraprocessados, com exceção do sódio, aproximam esse estrato da população das recomendações
internacionais para uma alimentação saudável.
• Os AG saturados são encontrados tanto em gorduras animais quanto vegetais. O azeite de palma é rico em
ácido palmítico; a manteiga de cacau, em ácido esteárico; e os azeites tropicais, em ácido láurico. A
gordura da manteiga é rica em vários AG, enquanto o sebo de vaca contém quantidades iguais de ácido
palmítico e esteárico. Fontes alimentares com grande conteúdo de colesterol incluem fígado de frango e de
boi, gema de ovo, camarão, manteiga e outros produtos lácteos integrais.
• Os PUFA são encontrados em azeites/óleos vegetais. O AG n-6 é verificado no óleo de girassol, milho e
soja, enquanto o AG n-3 é abundante no azeite de oliva extravirgem e nos óleos de linhaça e canola. Os
óleos dos pescados marinhos apresentam um conteúdo alto de AG n-3 de cadeia longa.
• Os AG trans podem ser encontrados naturalmente em produtos derivados da carne e leite de animais
ruminantes. Entretanto, as principais fontes de AG trans na alimentação são os óleos vegetais
parcialmente hidrogenados, contribuindo com cerca de 80 a 90% de todos os isômeros trans provenientes
da dieta.
• Constituem fontes importantes de AG trans na dieta gorduras vegetais hidrogenadas, margarinas sólidas
ou cremosas, cremes vegetais, biscoitos e bolachas, sorvetes cremosos, pães, batatas fritas comerciais
preparadas em fast-food, pastelarias, bolos, tortas, massas ou qualquer outro alimento que contenha
gordura vegetal hidrogenada entre seus ingredientes.
• Os ácidos graxos poli-insaturadsos ômega e recebem muita atenção nas pesquisas científicas devido ao
seu papel na promoção da saúde na redução do risco de doenças.
• Esse grupo de ômega 3 inclui o ácido alfa-linolênico (ALA), ácido estearidônico (DAS), ácido
eicosapentanoico (EPA), ácido estearidônico (DAS), ácido eicasapentanoico (EPA), ácido
docosapentaenoico (DPA) e ácido docosahexaenoico (DHA). EPA e DHA acontecem normalmente nos
lipídios corporais de peixes gordurosos, no fígado de peixes brancos magros e no tecido adiposo de
mamíferos marinhos.
Fontes alimentares
• Óleo de fígado de bacalhau, cavalinha, salmão, sardinhas, assim como caranguejo, arenque, ostras,
camarão, dentre outras. Embora os organismos marinhos sejam as principais fontes de ômega 3,
algumas plantas também são boas fontes de ALA, um precursor na formação de EPA e DHA, como
linhaça, chia, canola, soja, assim como folhas verdes de vegetais (beldroega, couve, dentre outras).
• Algumas algas marinhas também são consideradas fontes de ômega 3, principalmente o DHA.
• Os ácidos graxos ômega 3, especialmente EPA e DHA, são sintetizados pelos fitoplânctons e algas, sendo
transferidos através da cadeia alimentar e acumulados em peixes.
• As propriedades antioxidantes e anti-inflamatória dos ácidos graxos ômega 3 fazem desse nutriente um
adjuvante importante em muiitas situações clínicas, como diabetes, inflamação, fibromialgia,
neurodesenvolvimento, dislipidemia, entre outras. Umas das aplicações mais estudadas do ômega 3 é o seu
papel na hipertrigliceridemia.
• Dentre os mecanismos associados ao ômega 3 pode-se citar iniibiação da síntese hepática de triglicerídeos,
diminuição da síntese e secreção de VLDL, além de aumento da betaoxidação e inibição da lipogênese
hepática.
• A suplementação de ômega 3 é normalmente indicada na prevenção e no tratamento de doenças
cardiovasculares.
• Na gestação, o ômega 3 e um nutriente muito importante. Acredita-se que, para facilitar o desenvolvimento
cognitivo da criança na infância, o terceiro trimestre seja o momento crítico para garantir níveis adequados
de DHA para a mãe.
• No exercício físico, o ômega 3 é também bastante estudado. Devido ao seu papel na cognição e pela sua
ação anti-inflamatória, o ômega 3 é um suplemento usado para reduzir a dor muscular tardia, contribuindo
para o processo de recuperação.
Referências
Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2017.
Cardoso, Marly Augusto, Scagliusi, Fernanda Baeza. Nutrição e dietética/ 2. ed. - Rio de Janeiro :
Guanabara Koogan, 2019.
SOUZA, M. L. R. de. Suplementação Nutricional: guia prático para o atendimento. Editora Ltda, Valéria
Paschoal, São Paulo, 2021.