Livro 1.1

PSICOLOGIA
SOCIAL
Daiane Duarte Lopes

Objetos de estudo da
psicologia social
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar os modos de vínculo social.

Compreender o conceito de interdependência coletiva.
Explorar o conceito de encontro social.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar como a psicologia social dedica-se prio-
ritariamente ao estudo dos processos socioculturais, compreendendo o
indivíduo como integrante do social. A psicologia social estuda a interação
humana e seus fundamentos psicológicos, interdependência e influência
entre as pessoas, desse modo, analisa comportamentos, sentimentos,
atitudes e crenças de um indivíduo quando em interação com os outros.
2 Objetos de estudo da psicologia social
O vínculo social
Para compreendermos o indivíduo como um ser social, iniciaremos visuali-
zando-o em seu papel social, por exemplo: filho, pai, avô. Ou seja, papel social
é um conjunto de respostas de um indivíduo ao outro, que também responde.
A partir dessa relação se dá o estabelecimento do vínculo social, tais como
filho/pai, neto/avô. Veja a Figura 1:
Figura 1. Representação de família e os vínculos sociais prove-

nientes destas relações ao longo do desenvolvimento humano.
Fonte: Leremy/Shutterstock.com
Todo indivíduo nasce e vive dentro de um vínculo. Inicialmente, ainda

no útero materno, estabelece sua primeira relação. Cada relação vai cons-
tituindo um modo de pensar e de ser do indivíduo. Assim, o modo como
se desenvolve cada vínculo contribui para a percepção de si, individual e
social, ao longo da vida.
E por estar em constante vinculação, permanecerá sempre a possibilidade
de criar, estabelecer e reparar vínculos prévios com novos vínculos. O vín-
culo social é, então, estabelecido nas relações entre os indivíduos, de forma
contínua e integrada.
Objetos de estudo da psicologia social 3
Você poderia imaginar a existência e manutenção de uma vida sem outras pessoas?
As relações entre os indivíduos são uma necessidade à sobrevivência e ao bem-estar.
A vida humana é essencialmente uma vida social.
A interdependência coletiva
Todo indivíduo é interdependente, podendo influenciar e ser influenciado
de maneira recíproca pelo meio em que vive. O estudo das relações entre os
indivíduos e sua sociedade ou cultura continuamente esteve no centro das
preocupações da psicologia social.
A interdependência coletiva revela que, apesar das diferenças, os indivíduos
possuem socialmente uma forma de se comportar distinta da que revelariam se
estivessem isolados. Imerso na “massa”, o indivíduo se encontra sugestionado
por uma mente coletiva. Isso explicaria o motivo pelo qual muitas pessoas agem
em uma configuração diferente da que assumiriam se estivessem sozinhas.
O comportamento é baseado em um universo classificado, ou seja, desig-
namos nomes a diferentes elementos do meio e atribuímos significados. Isso
nos oferece expectativas sobre como agir.
Quando interagem, os indivíduos aprendem quais são os “símbolos” usa-
dos para representar posições dos componentes relativamente estáveis das
estruturas sociais. A partir de uma interpretação dos símbolos apresentados,
dispõem expectativas de comportamento compartilhadas e derivadas dos
papéis sociais existentes.
E desse processo se originam diversas configurações, como família, cidade,
estado, nações. Assim, a realidade social surge da interdependência das ações
entre os indivíduos.
O cientista social Gustave Le Bon (1841-1931) desenvolve essa tese em sua primeira
obra Psicologia das multidões. Na sequência aos seus estudos, manteve contato com o
psicanalista Sigmund Freud e, desse encontro, surgiu no alemão o conceito de “massa”,
que, por problemas de tradução, foi interpretado como “grupo”. Freud abordou-o em
seus escritos Psicologia de grupo em 1921.
O encontro social
Ao ler este livro, estamos nos encontrando. Essa constatação pode ser o ponto
de partida para o entendimento do conceito de encontro social para a psico-
logia social, que nasceu da união entre a psicologia e a sociologia (Fig. 2). O
encontro social atravessa todas as relações sociais e acaba por desencadear
alguns processos, entre os quais estão: a percepção social, a comunicação, as
atitudes, as mudanças de atitudes, os processos de socialização e a formação
de grupos sociais.
Figura 2. Interdependências coletivas e o encontro social simbolizados pelas

“engrenagens” de funcionamento e trocas de conhecimento desencadeados
pelas relações.
Fonte: Ligthspring/Shutterstock.com
Na Figura 3, podemos ver como um processo pode desencadear e, ao

mesmo tempo, ser desencadeado por outro. A seguir você pode acompanhar
uma descrição detalhada das características de cada processo.
Percepção
social
Grupos
Comunicação
sociais
Encontro
social
Processo de
Atitude
socialização
Mudança
de atitude
Figura 3. O encontro social.
Percepção social
Ocorre quando percebemos o outro. Por meio dessa percepção, formamos um
conceito sobre o outro. Por exemplo, ao vermos alguém com um jaleco branco,
pensamos que este pode ser um trabalhador da área da saúde.
Comunicação
É a forma como nos expressamos, permitindo trocas de informações. Além da
comunicação verbal, temos a comunicação por expressão de face, movimentos,
desenhos, escrita, música e sinais.
Atitude
Para a psicologia social, as atitudes se formam a partir de crenças, valores
e opiniões. As atitudes são desencadeadas com base na percepção social,
para então ser organizada em ideias que serão colocadas em prática. A essa
“prática” denominamos atitudes.
Mudança de atitude
As mudanças de atitudes ocorrem quando modificamos nosso modo de pensar
em relação a crenças, valores e opiniões. A partir dessa mudança de pensa-
mento, surgem novas necessidades sobre alguns de nossos conceitos, iniciando
novas atitudes.
Processo de socialização
A socialização permite ao indivíduo o desenvolvimento da sua personalidade
bem como sua admissão na sociedade. Dessa forma, a socialização é um
processo infindável e se realiza por meio da comunicação.
Grupos sociais
É um conjunto de indivíduos que, embora possam ter opiniões e percepções
diferentes, são movidos por objetivos comuns, desenvolvendo ações em relação
a esse objetivo.
Proposta de exercício:
1. Feche os olhos.
2. Pense, neste momento, nos vínculos que você tem.
Nos vínculos com sua família, com amigos e no trabalho. Pense em como uma
relação pode ter lhe preparado para a próxima. Pense também em como as relações
atuais podem lhe auxiliar a entender as relações do passado.
ÁLVARO, J. L.; GARRIDO, A. Psicologia social: perspectivas psicológicas e sociológicas.

São Paulo: McGraw-Hill, 2006.
FERREIRA, M. C. A psicologia social contemporânea: principais tendências e Perspectivas
Nacionais e Internacionais. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 26, n. esp., p. 51-54, 2010.
FURTADO, O.; BOCK, A. M.; TEIXEIRA, M. L. Psicologias: uma introdução ao estudo da
psicologia. São Paulo: Saraiva, 2002.
LANE, S.; BURIHON, B. (Org.). Novas veredas em psicologia social. São Paulo: Brasiliense,
1995.
LANE, S. T. M.; CODO, W. (Org.). Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo:
Brasiliense, 1984.
MCDAVID, J. W.; HARARI, H. Psicologia e comportamento social. Rio de Janeiro: Interci-
ência, 1980

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Todo indivíduo nasce e vive dentro de um vínculo. Inicialmente, ainda

Figura 2. Interdependências coletivas e o encontro social simbolizados pelas

Na Figura 3, podemos ver como um processo pode desencadear e, ao

Figura 3. O encontro social.

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Na Figura 3, podemos ver como um processo pode desencadear e, ao

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