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Psicologia Social4

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Identidade e relações sociais

Prof. Lincoln Nunes Poubel

Descrição

Principais conceitos e teorias explicativas da formação identitária a


partir das relações interpessoais, intragrupais e intergrupais.

Propósito

Os conhecimentos sobre a formação e regência dos processos


constitutivos da identidade e relações sociais são fundamentais aos
profissionais da educação na elaboração de programas educacionais,
aos gestores organizacionais que gerenciam comportamentos dos
colaboradores e aos psicólogos psicoterapeutas na reabilitação dos
transtornos psicológicos de seus pacientes, sobretudo, para seu
ajustamento social.

Objetivos

Módulo 1

Indivíduo, fenômeno social, ideologia e


subjetividade
Identificar os processos de individuação e constituição do sujeito nas
relações sociais.

Módulo 2

Sexo, gênero e sexualidade

Reconhecer o funcionamento e a estruturação da fluidez sexual,


inerente à condição humana.

Módulo 3

Estudos sobre família

Reconhecer a família como ambiente de socialização e transmissão


cultural primária.

Módulo 4

Identidade social, movimentos sociais e


relação intergrupal

Identificar os conflitos inerentes às relações grupais como base dos


movimentos sociais.

meeting_room
Introdução
“O homem é um ser social”. A célebre frase de Aristóteles
ensejou a construção do campo de interesses chamado
Humanidades ou Ciências Sociais, que, em seu sentido amplo,
estuda a sociedade a partir da história. Em seu sentido estrito,
corresponde à Antropologia, Política, Sociologia e Psicologia
Social.

Ao definir o ser humano como um ente social, Aristóteles nos


despertou para a realidade de que os humanos são seres
gregários, cuja organização se dá em grupos, com a celebração
de valores comuns quanto à necessidade de conviver com as
diferenças, que seguem as mesmas normas e adotam padrões
comportamentais ou costumes. Dessa forma, o conceito de
sociedade é bastante abrangente, ao designar tanto a
humanidade como um todo como uma comunidade de
estudantes universitários, por exemplo.

Porém, não podemos esquecer que há a individualidade, definida


como o conjunto de características que identifica e distingue as
pessoas, conferindo-lhes particularidades e peculiaridades
únicas. Preservar a individualidade significa manter um raciocínio
crítico e julgamento independente e buscar um estilo de vida e
fontes de felicidade alinhada com os próprios valores.

Até meados do século XIX, não existia formalmente uma “ciência


da sociedade”. Foi com o surgimento da Revolução Francesa e,
principalmente, da Revolução Industrial, com reflexos no mundo
atual, que surgiu o que conhecemos como Sociologia. Sob o
advento dos métodos científicos, começaram a ser estudadas, de
modo mais sistemático, as formas de organização e as regras de
funcionamento das sociedades humanas, buscando leis que
regem as relações sociais.
1 - Indivíduo, fenômeno social, ideologia e subjetividade
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os processos de individuação e
constituição do sujeito nas relações sociais.

Indivíduo, identidade e subjetividade

O que é ser um indivíduo?


Para começarmos, veremos a seguir as definições acerca do que é um
indivíduo podem incluir:

check Aspectos estruturais biológicos, genéticos e


fenotípicos;

check Aspectos comportamentais públicos (atividades


fisiológicas, expressões faciais e corporais, ações
motoras e verbais);
check Aspectos privados (sensações, necessidades,
emoções, pensamentos).

Esses traços nos ajudam a enxergar e gostar (ou não) dos nossos
aspectos físicos e comportamentais.

É importante reconhecer que cada indivíduo é único por exibir


singularidades e um conjunto exclusivo de características
compartilhadas. Assim, podemos ter atitudes que não são encontradas
em outros sujeitos, como também temos aspectos comuns ao demais,
de maneira a reunirmos e concentrarmos essas características de um
jeito único.

Esse é o conceito de subjetividade: um indivíduo singular, único ou


peculiar na reunião de seus atributos físicos e comportamentais.

Os estudos sobre o indivíduo, a identidade e a subjetividade são


fundamentais dentro do campo da psicologia social e da sociologia. E,
ao abordar os fenômenos sociais, pode-se buscar pelas percepções,
crenças, valores, ideologias expressas nos discursos e práticas comuns,
mantidos geracionalmente entre os membros de um agrupamento.
Contudo, isso também o diferencia dos participantes desse coletivo,
bem como o transforma ao longo do tempo e das gerações. Diversos
contextos reúnem construções que demoram muito tempo para serem
transformadas, enquanto outros quebram paradigmas e sofrem
alterações mais rápida e facilmente, com impactos sobre a mudança
dos sujeitos.

Entendemos a identidade como o conjunto de


conceitos identificatórios das características e
atributos de um indivíduo, tanto idiossincráticos,
peculiares, singulares e exclusivos, enquanto outros
compartilhados com os grupos dos quais o indivíduo
participa e esteve em interação histórica.

À medida que a comunidade verbal modela termos classificatórios dos


comportamentos humanos (como carinho, agressão, por exemplo),
formamos nosso autoconceito, ao sermos rotulados por eles ou nos
autorrotulamos, observando nossas próprias atitudes (sou carinhoso,
sou agressivo). Perceba, então, que para aprender os vocábulos
autoidentificatórios, (por meio da alteridentificação), a formação da
identidade é mediada socialmente.

Em outras palavras, precisamos de uma comunidade que nos ensine a


falar sobre nós mesmos, apreciativa ou depreciativamente, justa ou
injustamente. Esse processo pelo qual aprendemos os papéis sociais e
construímos nossa identidade é chamado de socialização.

A identidade é um conceito em movimento, porque, à medida que novas


experiências e circunstâncias transformam nossos comportamentos,
nosso autoconceito também é modificado. Portanto, a identidade não é
fixa, podendo passar por mudanças ao longo dos contextos sócio-
históricos.
Dimensão social

O ser humano é um ser social e só existe na sua plenitude devido à sua


habilidade e necessidade de se estabelecer em um grupo social e
construir, junto a esse grupo, um conjunto de regras, símbolos e práticas
que o caracterizam como tal. Todo grupo possui regras próprias, e
podem ser seus valores, crenças, religião, identidade visual, roupas,
instrumentos musicais, música, dança, linguagem, objetivos, interesses.
Esse conjunto de normas é necessário para que se identifiquem, criem e
estabeleçam sua identidade social.

Um dos grandes fatores que determinam esse processo é a interação


social, definida como a ação social, mutuamente orientada, de dois ou
mais indivíduos em contato. Distingue-se da mera interestimulação, por
envolver significados e expectativas em relação às ações de outras
pessoas.

Podemos dizer que a interação social é a reciprocidade de ações entre


indivíduos. Assim, os membros de um grupo compartilham suas
tradições culturais e precisam se adaptar às suas regras, para
sobreviver ou ser aceito. Nesse sentido, o outro é de fundamental
importância ao nos apresentar:
Costumes

Ideologias

Tradições

Símbolos e significados

Esses e outros aspectos influenciam nossa personalidade,


(trans)formando nossa identidade.

Perceba também que, a cada interação social, assumimos um papel


diferenciado, como se fosse uma configuração do nosso perfil, caráter e
personalidade. Confira alguns exemplos de como nos comportamos em
algumas situações:
check Como filhos, quando estamos com nossos pais;

check Como maridos ou esposas, quando estamos com


nossos cônjuges;

check Como empregados, quando estamos com nossos


líderes e empregadores.

Esses papéis são assumidos também por aquilo que sabemos sobre as
pessoas com as quais iremos interagir. Papéis sociais são, então,
respostas tipificadas a expectativas tipificadas, uma vez que nos
preparamos para esperar do outro aquilo que seu papel deveria cumprir.
Nossa variabilidade comportamental é condicionada aos contextos
sociais e o contato com os agentes e suas propriedades serve de
estímulos para a neuroatividade comportamental estabelecida.

Como reagimos com base na expectativa sobre quem é aquela pessoa,


o que ela representa e o que deveria fazer, ficamos muito próximos das
idealizações e preconceitos sociais, uma vez que assumimos uma
postura baseada nas nossas crenças, valores e ideologias. Dados certos
atributos como aparência, etnia, roupas, atividades realizadas, criamos
em nosso imaginário os papéis sociais de pessoas que não
conhecemos e que não sabemos se ela os representa.

Socialização: um processo dinâmico


e contínuo

Socialização na construção da identidade


A socialização é um processo dinâmico e contínuo, com início na
infância e sem fim. A primeira etapa é a socialização primária, que dura
o período da infância e é fundamentalmente ligada à base familiar. É
nesse período que a criança aprende as primeiras regras sociais, como
a hora de comer, quem são seus pais, hierarquias, linguagem e
símbolos, sendo mais receptadora desses padrões.

Quando faltam, aos indivíduos, ambientes familiares com cuidadores


presentes, formando tais valores, déficits formativos podem
comprometer a capacidade da criança (e futuro adulto) de reger-se
pelas regras de certo e errado da comunidade.

Além disso, se os pais não se convertem na principal influência


formativa dos seus filhos, outros o serão.

Assim, os ambientes primários, sendo ou não a família, influenciam, por


meio da socialização, na construção da identidade.

Já a socialização secundária ocorre a partir da adolescência e segue até


o fim da vida. Nessa etapa, o jovem, e posteriormente o adulto, passa a
conviver com grupos de outros ambientes, como os que veremos a
seguir:

check Amigos;
check Vizinhos;

check Jogos;

check Esportes;

check Clubes;

check Escola;

check Religião;

check Trabalho;

check Organizações e instituições.

Essa etapa possui como característica a autonomia do indivíduo,


tornando-se cada vez mais ativo, fazendo escolhas nesse processo, e
assumindo papéis sociais diferentes e muito variados. Assim, interagem
então com outras pessoas que trazem diferentes histórias, conceitos,
linguagens, costumes, o que permite maior abundância e complexidade
de tais interações. Enquanto a interação social é o contato entre
indivíduos, a socialização é o aprendizado acumulado, a soma dos
valores e ideias ao perfil, caráter, personalidade do indivíduo. Ou seja, na
nossa identidade.

Instituições sociais na construção da


identidade
Vamos entender agora o que são instituições sociais e como elas
impactam na construção da nossa identidade.

Uma instituição social é uma estrutura organizada, de longa duração,


marcada por padrões de comportamentos delimitados por normas,
valores e práticas específicas, com suas finalidades próprias. Confira a
seguir alguns exemplos dessas instituições sociais:

Família

Escola
Igreja

Trabalho

Partidos políticos

Sindicatos e associações
Assim, a identidade social é a percepção sentimental harmoniosa ou
alegre de pertencer a determinado grupo específico, com o qual se
identifica por compartilhar com seus membros suas concepções,
práticas e símbolos. Ou seja, estamos ligados socialmente com quem
nos fornece identificação “tribal”. E como podemos pertencer
simultaneamente a diferentes grupos, podemos possuir diversas
identidades sociais.

Desenvolvemos uma identidade de classe, de credo, política, ideológica,


de gênero. Precisamos fazer parte desses modelos para construirmos
nossa própria identidade social e nos sentirmos pertencentes à
sociedade em que vivemos. Todos nós passamos por formação de
padrões, pois nos adaptamos aos grupos cujos membros desejamos a
aceitação. No fundo, queremos ser únicos e especiais, mas acabamos
sendo iguais e comuns, por nos submetermos às regras e padrões de
grupos. E mesmo possuindo uma identidade individual, ainda somos
uma representação do coletivo.

Se todas as nossas experiências de vida auxiliam na construção da


nossa identidade, se nós queremos e precisamos fazer parte de um
grupo social, então precisamos ser mais conscientes desse processo,
ter mais autonomia, questionando seus efeitos e a quais regras e
práticas iremos aderir, seja lá de qual grupo vier. E, para conquistar isso,
não devemos prejudicar os outros. Nossa autodeterminação precisa ser
superior às determinações de um sistema, instituição, grupo ou
autoridade, ultrapassando o limite padrão de submissão e conformismo,
para garantir mais autonomia e evolução.

Ideologia e fenômenos ou
comportamentos sociais

Conceituando ideologia

O que é uma ideologia e como ela se relaciona com o comportamento


social? Ideologia significa um conjunto de ideias, sendo um elemento
essencial para a compreensão das relações sociais. Ou seja, para
entendermos como interagimos e nos relacionamos, é importante
compreender que somos movidos por um processo ideológico.

Esse processo é exibido nos comportamentos de funcionários em


relação ao patrão e deste em relação a eles; como a escola se comporta
em relação ao aluno e este em relação a ela; como o Estado, na figura
de seus políticos e burocratas, se relaciona com os cidadãos e estes em
relação àqueles.

Conceituando, ideologia é o modo como cada grupo ou classe social


atribui significado e sentido à sua experiência no mundo e na relação
com os demais. É o conjunto de crenças e valores de um coletivo que
lhes diz o que é certo ou errado, bem e mal, justo ou injusto, necessário
e objetivo. De forma simplificada, é a nossa visão de mundo. Assim,
está profundamente vinculada às práticas culturais dos indivíduos em
coletividade. Como não há indivíduo isento de valores, não há
neutralidade nas relações diárias. Todos nós possuímos interesses
diretos relacionados às ideias que construímos e que nos são
apresentadas no processo da interação social.

Hegemonia

Quando uma ideologia, de um agrupamento mais poderoso, por seus


recursos, instrução, alcance de influência ou força coercitiva em
sociedade, se torna majoritária e se sobrepõe às de outros
agrupamentos minoritários ou menos poderosos, temos um fenômeno
social chamado hegemonia. Quando, então, um grupo menor ou menos
poderoso tem suas crenças, valores e visão de mundo destituídos e
substituídos pelo outro grupo, esse fenômeno social é chamado
alienação. Então, o alcance de uma hegemonia pressupõe uma
alternância alienante por meio da coerção ou convencimento.

Coerção refere-se a situações quando autoridades oprimem, ameaçam,


obrigam as pessoas a pensar e agir de determinado modo; e
convencimento refere-se a situações quando sistemas de comunicação
e incentivo induzem tais opiniões e práticas. Quando algo é feito
coercitivamente, os indivíduos tendem a reagir com estratégias de fuga-
esquiva, boicote, debates acalorados e enfrentamentos, passeatas,
ativismos e revoltas; e, quando feito da segunda forma, o acesso (a
outros grupos de influência com concepções diferentes, educação e
instrução, que aumentem a capacidade reflexiva dos indivíduos) pode
libertá-los da persuasão doutrinária, em um processo chamado de
contracontrole ou contra-hegemonia. São tentativas de derrubar uma
ideologia, uma visão de mundo que está prevalecendo e lhes afetando
negativamente de alguma forma.

video_library
Processo de socialização: indivíduo,
cultura e identidade
Neste vídeo, o especialista reflete, a partir da história, como o processo
de socialização relaciona-se à formação cultural e à identidade do
indivíduo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Vamos ler o texto de Bastos e Ribeiro (2019) e avaliar o conceito


tratado. “Não obstante, do ponto de vista da ciência moderna, o
sujeito é dissolvido em meio aos determinismos físicos, biológicos,
sociológicos ou culturais. ____________ não passa de contingência,
fonte de erros, que justificou a exclusão do observador da
observação, do pensador que constrói conceitos, da sua
concepção. Nas ciências humanas e sociais a concepção de sujeito
foi muitas vezes obliterada. No caso da Psicologia, chegou a ser
substituída por estímulos, respostas e comportamentos. Na
História, foi desconsiderada pelos determinismos sociais. Na
Antropologia, a ideia de sujeito foi enterrada pelo estruturalismo."
(FONTE: BASTOS, R.; RIBEIRO, J. P. Corporeidade/subjetividade na
psicologia clínica: tecendo fios teórico-epistemológicos para bordar
um complexo objeto de estudo. Psicologia USP, 2019, volume 30,
e19010).

Complete a lacuna do texto com a abordagem correta desse


conceito, definido pela expressão:

A A Identidade

B A Subjetividade

C A Ideologia
D A Socialização

E O Relacionamento

Parabéns! A alternativa B está correta.

É importante reconhecer que cada indivíduo é único por exibir


comportamentos singulares e um conjunto exclusivo de
características. A subjetividade relaciona-se à especificidade,
singularidade e exclusividade de um conjunto de comportamentos e
atributos característicos e peculiares de um único indivíduo.

Questão 2

Entender o que é ideologia e que somos movidos por processos


ideológicos é essencial para uma melhor compreensão sobre as
relações sociais e suas interações. Podemos, portanto, definir a
ideologia como:

Um fenômeno social que ocorre quando um grupo


A menor ou menos poderoso tem suas crenças,
valores e visão de mundo destituída ou substituída.

Um fenômeno social que ocorre quando uma


ideologia se torna majoritária e mais poderosa, por
seus recursos, instrução, alcance de influência ou
B
força coercitiva em sociedade e se sobrepões às de
outros agrupamentos minoritários ou menos
poderosos.

Um conjunto de ideias, crenças e valores que diz o


que é certo ou errado, bem e mal, justo ou injusto. É
C o modo como cada grupo ou classe social atribui
significado e sentido a sua experiência na sua
relação com os demais e com o mundo.
D A opressão e ameaça de autoridades que obrigam
as pessoas a pensar e agir da maneira que elas
acreditam ser a única correta e aceitável.

É a interação social entre dois ou mais indivíduos. É


durante esse processo que os indivíduos assimilam
o aprendizado acumulado, juntamente com a soma
E
dos valores e ideias de perfil, caráter e
personalidade dos demais, perpetuando-o por
gerações.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A ideologia, diferentemente da alienação, da hegemonia, da coerção


e da socialização, refere-se a um conjunto de ideias e crenças que
afirma o que é certo ou errado, bem e mal, justo ou injusto. É o
modo como cada grupo ou classe social atribui significado e
sentido à sua experiência na sua relação com os demais e com o
mundo. No sentido da língua, e sua origem, o conceito de ideologia
pode ser entendido como um conjunto muito significativo de
valores, princípios e doutrinas. Poderia também significar o desejo
de pertencer a um grupo que possui um modo de viver e conviver,
como a escolha de um indivíduo na identificação de uma ideologia
política.

2 - Sexo, gênero e sexualidade


Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer o funcionamento e a estruturação da
fluidez sexual, inerente à condição humana

Quando sexo, gênero e sexualidade se


encontram

Revolução sexual

A discussão sobre sexo, sexualidade, orientação sexual e identidade de


gênero, ainda hoje, é bastante controversa e polêmica, sobretudo entre
os menos instruídos e familiarizados com os debates nas descobertas
científicas. Vamos entender as divergências e convergências entre
esses conceitos. Essa discussão é relativamente antiga, remontando
aos anos 1960.

O conceito mais básico, por onde começar essa compreensão, é o de


sexo. O termo foi utilizado para se referir à descrição anatômica,
portanto para identificação da natureza masculina ou feminina daqueles
que possuem genitais e estruturas corporais biológicos de macho ou
fêmea.

Esta é uma classificação binária que não admite fluidez e que vigorou,
solitariamente, durante a história da humanidade até meados dos anos
1950, com a revolução sexual. No entanto, ainda biologicamente,
devemos considerar os intersexuais ou hermafroditas, cuja mutação
genética lhes confere os dois órgãos sexuais. A fecundação de um
óvulo carregando um cromossomo Y foi vista, por muito tempo, como o
principal fator para determinar o sexo que um feto teria no futuro.
Aspectos genéticos da determinação e
diferenciação sexual

A ideia era de que um gene presente no cromossomo Y, conhecido


como SRY, codificaria uma proteína que estimula o desenvolvimento dos
testículos e, na ausência desse gene, o feto desenvolveria ovários. Mas
cientistas conseguiram identificar alguns genes que não só estimulam
diretamente os ovários, como também inibem o desenvolvimento dos
testículos, tais como o WNT4 e RSPO1. Pessoas com os cromossomos
X e Y que possuem cópias extras do WNT4 podem desenvolver
características inesperadas, como um útero ou tubos uterinos
rudimentares. Por outro lado, se o RSPO1 não estiver funcionando bem,
alguém com cromossomos XX pode desenvolver uma espécie de
“testovário”, ou seja, gônadas com áreas testiculares e ovarianas.

A determinação do sexo parece então resultar de uma complexa


interação entre as atividades de diferentes redes de genes e pequenos
detalhes nesse processo podem fazer a “balança” pesar mais para um
dos lados. Na verdade, essa balança pode acabar pesando um pouco
para cada lado: estima-se que 1 em cada 100 pessoas tende a possuir
alguma diferença em seu desenvolvimento sexual típico, podendo ir
desde a formação de mais de uma genitália, até mudanças bem mais
sutis e invisíveis a olho nu.

Pessoas com cromossomos XY podem desenvolver características


femininas se seus corpos não respondem da forma esperada à
testosterona, e alguém com dois cromossomos XX e um Y (XXY) pode
desenvolver a síndrome de Klinefelter, uma condição que leva a
testículos reduzidos e infertilidade.
Muitas mulheres com dois cromossomos XX podem desenvolver
diferenças mais sutis, tais como ovários policísticos e a produção
excessiva de testosterona, o que pode lhes masculinizar. Longe de ser
um processo simples e previsível, a determinação sexual pode levar
uma pessoa a várias trajetórias de desenvolvimento, que serão
indiferentes a qualquer tradição ou ideologia cultural humana.

Sexualidade e experiência humana

Construção social dos papéis sexuais

A primeira diferenciação que começa a ser estabelecida é a noção de


sexualidade. Ela diz respeito ao modo como os indivíduos vivenciam e
lidam com seus desejos e práticas sexuais.

Gênero seria a construção social dos papéis, gostos, interesses, valores,


modos de falar e vestir atribuíveis ao masculino e ao feminino, quando
convivemos e nos identificamos com pessoas detentoras de tais
características.
Assim, independentemente do sexo biológico, experiências positivas
que nutriram amor e admiração por um dos papéis, ao passo que
negativas nutriram ressentimento e desprezo pelo outro papel, podem
resultar no interesse, aproximação, convivência e identificação ou
desagrado, afastamento e dissociação identitária.

Positivas
Carinho, cuidados, proteção, sábia conversação.

Negativas
Abusos, depreciações, negligências e abandonos.

Portanto, todos passamos por processos de masculinização ou


feminilização quando aprendemos o que é ser homem ou mulher,
comportamentalmente falando. A identidade de gênero diz respeito ao
modo como o indivíduo se percebe, se enxerga, reconhece, identifica, se
sente e se aceita quanto aos atributos cognitivos e comportamentais,
tipicamente masculinos ou femininos, que desenvolveu, de maneira
independente do sexo anatômico. Aqui já há maior fluidez, porque uma
pessoa pode se ver das seguintes formas:

Atributos cognitivos
Conceitos, valores, atitudes, autoimagem e autoconceito.

Comportamentais
Modos de agir, falar, vestir, trabalhar, hábitos.

Com atributos tipificados como masculinos e se identificar


como homem (estando em alinhamento com o sexo biológico,
se denominando homem cisgênero, e em desalinhamento com
o sexo biológico denominando homem transgênero).

Com atributos tipificado como femininos e se identificar como


mulher (estando em alinhamento com o sexo biológico, se
denominando mulher cisgênero, e em desalinhamento com o
sexo biológico denominando mulher transgênero).
Combinados de atributos masculinos e femininos
intercambiáveis em função do contexto com o qual está
interagindo, necessidades afetivas e emotividade transitória e
se declarar intergêneros ou andrógenos.

Sem reunir atributos suficientes de nenhuma das categorias e


se declarar agênero.

Orientação sexual

Orientação sexual é um termo repleto de controvérsias porque é a


evolução do antigo termo escolha sexual, que sugere uma deliberação
quanto às características físicas e comportamentais pelas quais o
indivíduo irá se atrair. A bem da verdade, o termo orientação sexual
ainda não resolve por completo essa falácia, posto que poderia ser
argumentado que “orientar-se para” é ainda uma deliberação. Na
verdade, o desejo sexual é a excitação reflexa responsiva a estímulos,
no caso, as propriedades corporais e comportamentais masculinas e/ou
femininas, como todo reflexo emocional, uma atividade autonômica em
resposta a estímulos incondicionados ou condicionados sócio-
historicamente. Sendo, portanto, o termo mais ajustado e para qual a
nomenclatura deverá evoluir, responsividade sexual. Assim, podemos
denominar da seguinte maneira as formas que os indivíduos responde
excitatoriamente a outras pessoas:

Homossexual
Quem responde excitatoriamente aos atributos do mesmo
gênero.
Heterossexual
Quem responde excitatoriamente aos atributos do gênero oposto.

Bissexual
Quem responde a ambos os atributos.

Assexuado
Quem não se excita ou atrai por qualquer atributo.

Todos esses aspectos da identidade humana são formas como os


indivíduos vivenciam suas experiências subjetivas e desenvolvem o
conjunto de características que compõe suas personalidades, derivando
de um combinado entre maior ou menor grau de neurossuscetibilidade
geneticamente predisposta, que epigeneticamente é ativado ou inibido
pelas experiências e identificações socioafetivas, mas também capaz
de modelar nossos comportamentos e condicionar repertórios e
responsividades independentemente.

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Sexualidade: comunicação do
indivíduo consigo mesmo e com o
outro
Neste vídeo, o especialista reflete sobre a evolução histórica da
sexualidade, com destaque para a interação social, a comunicação e o
autoconhecimento.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A discussão sobre sexo, sexualidade, orientação sexual e


identidade de gênero é ainda hoje bastante controversa e polêmica,
sobretudo entre os menos familiarizados e pouco instruídos sobre
as novas descobertas científicas. Sobre o conceito de sexo,
classifique as afirmativas como (V) verdadeiras ou (F) falsas.

( ) Sexo é o termo para se referir à descrição anatômica, portanto,


para identificação da natureza masculina ou feminina daqueles que
possuem genitais e estruturas corporais de macho ou fêmea
biológicos, respectivamente.
( ) O termo foi utilizado para se referir à descrição anatômica,
portanto, para identificação da natureza masculina, para aqueles
indivíduos que possuem genitais e estruturas corporais de fêmeas
biológicas, ou femininas, para aqueles que possuem genitais e
estruturas corporais de machos biológicos.

( ) Relaciona-se à construção social dos papéis, gostos, interesses,


valores, modos de falar e vestir atribuíveis ao masculino e ao
feminino, com os quais nos identificamos durante a convivência
com pessoas detentoras de tais características.

( ) É o modo como o indivíduo se percebe, se enxerga, se


reconhece, se identifica, se sente e se aceita quanto aos atributos
cognitivos (conceitos, valores, atitudes, autoimagem e
autoconceito) e comportamentais (modos de agir, falar, vestir,
trabalhar, hábitos), tipicamente masculinos ou femininos, que
desenvolveu, independentemente do sexo anatômico.

( ) Relaciona-se à ideia de que um gene presente no cromossomo


X, conhecido como SRY, codifica uma proteína que estimula o
desenvolvimento dos testículos e, na ausência desse gene, o feto
desenvolve ovários.

Marque a resposta que contém a sequência correta:

A V– F – F – F – F

B V– F – V – F – V

C F–F–V–F–F

D V–V–V–V–V

E F–V–F–V–F

Parabéns! A alternativa A está correta.

A única afirmativa verdadeira aborda que o termo sexo foi criado


para se referir à descrição anatômica, portanto, para identificação
da natureza masculina ou feminina daqueles que possuem genitais
e estruturas corporais de macho ou fêmea biológicos,
respectivamente. A construção social dos papéis, gostos,
interesses, valores, modos de falar e vestir atribuíveis ao masculino
e ao feminino, com os quais nos identificamos durante a
convivência com pessoas detentoras de tais características, define
o gênero. O modo como o indivíduo se percebe, se enxerga, se
reconhece, se identifica, se sente e se aceita quanto aos atributos
cognitivos (conceitos, valores, atitudes, autoimagem e
autoconceito) e comportamentais (modos de agir, falar, vestir,
trabalhar, hábitos), tipicamente masculinos ou femininos, que
desenvolveu, independentemente do sexo anatômico, é
denominado identidade de gênero. Os conceitos de “sexo” e
“gênero” são importantes porque revelam, em parte, a oposição
histórica entre natureza e cultura e a dicotomia entre ciências
humanas e biociências.

Questão 2

Como todo reflexo emocional é uma atividade autonômica em


resposta a estímulos incondicionados ou condicionados sócio-
historicamente, o termo mais ajustado e para o qual a nomenclatura
para identificação quanto às características físicas e
comportamentais pela qual o indivíduo irá se atrair deverá evoluir é:

A Responsividade sexual

B Orientação sexual

C Identidade de gênero

D Cisgênero

E Transgênero

Parabéns! A alternativa A está correta.

O desejo sexual é a excitação reflexa responsiva a estímulos das


propriedades corporais e comportamentais masculinas e/ou
femininas. Adicionalmente, todo reflexo emocional é uma atividade
autonômica em resposta a estímulos incondicionados ou
condicionados sócio-historicamente. Assim, o termo mais ajustado
e para o qual deverá evoluir o que se chamava escolha sexual e hoje
orientação sexual é responsividade sexual.

3 - Estudos sobre família


Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a família como ambiente de
socialização e transmissão cultural primária.

Origem e constituição histórica da


família

Etimologia de família

A palavra família deriva do vocábulo famulus, do latim, que significa


conjunto das posses de alguém, o que inclui escravos e parentes. Então,
o conceito originalmente não é como usamos hoje e ia além dos laços
consanguíneos, passando por todos aqueles que viviam sob o domínio
de um senhor.
É a instituição social mais antiga entre os humanos e está presente em
todas as organizações culturais. Uma instituição social é aquele
conjunto de normas interrelacionadas que têm como ponto de partida
valores compartilhados pelos indivíduos e que lhes garante segurança e
estabilidade para viver.

Toda sociedade tem instituições sociais, responsáveis pela manutenção


e transmissão da ordem social vigente por meio dos seus códigos e
tradições. Tradicional é aquilo que, repetido, deu certo e sobreviveu ao
teste do tempo. O que não quer dizer que deu certo em sua plenitude e
que é perfeito, mas que se tornou o modelo mais eficaz nos contextos
históricos em que se desenvolveu e foi experimentado
comparativamente com outros arranjos.

Família: uma instituição social

A família é considerada uma instituição social porque é uma forma


socialmente reconhecida de relacionamentos entre indivíduos, que
supre as necessidades sociais como reprodução e construção de um
ambiente de socialização primária, por meio do qual concepções, regras
e práticas culturais são transmitidas.

Como instituição social, é historicamente construída, portanto, não é


estática, mudando sua configuração ao longo do tempo e das gerações.
Atualmente, não está limitada à consanguinidade e relações de família,
heterossexualidade e derivação reprodutiva, condições e hierarquias
socioeconômicas.
A seguir, confira o que configura uma família:

check União;

check Respeito;

check Amor;

check Compartilhamento;

check Suporte mútuo.

A Constituição Federal de 1988 promoveu profundas mudanças na


concepção do conceito família. O matrimônio deixa de ser a única forma
aceita de constituição familiar. Anteriormente, um grupo constituído de
pai, mãe e filho(s) precisava passar por casamento civil e religioso. A
constituição, então, reconhece e legitima famílias com base nos laços
de afetividade, do companheirismo e do respeito.
O papel da família

Diferentes concepções de família

As funções básicas de uma família, qualquer que seja sua composição,


dependem da criação de um ambiente de cuidados, proteção, afeição,
regras e valores civilizatórios da cultura vigente, transmitindo-os durante
o processo de socialização de novos membros. Pode ser definida, então,
como uma comunidade formada por indivíduos unidos por laços
naturais, afinidades e afetividade, ou por vontade expressa, que vivem
em uma unidade doméstica.

Nesse sentido, diferentes concepções de família emergiram, como:

Nuclear, matrimonial ou tradicional expand_more

Decorre do casamento como ato formal, litúrgico e é composta


por pai, mãe e filho(s). Surgiu no Concílio de Trento em 1563, por
meio da contrarreforma da Igreja Católica.

Informal expand_more

Formada pela união estável, ou seja, quando duas pessoas


decidem viver juntas sem quaisquer formalidades, nem civil, nem
religiosa.

Monoparental expand_more

Formada quando apenas um dos pais arca com cuidados e


responsabilidades do(s) filho(s). Amparada pelo artigo 226 da
Constituição Federal que prevê que a família é a comunidade
formada por qualquer dos pais e seus descendentes.

Reconstruída ou recombinada expand_more


Aquela em que os parceiros unidos vieram de divórcios e
trouxeram seus descendentes.

Ampliada expand_more

Refere-se àquela em que pais, avós e outros parentes ou afetos


vivem juntos.

Homoafetiva expand_more

Decorre da união de pessoas do mesmo sexo, homem ou mulher,


e que se unem para a constituição de um vínculo familiar,
também reconhecida pelo Estado brasileiro.

Eudemonista expand_more

Decorrente da convivência de pessoas por laços afetivos e


solidariedade mútua, como é o caso de amigos que vivem juntos
no mesmo lar, rateando despesas, dividindo tarefas,
compartilhando alegrias e tristezas, como se fossem irmãos.

Unitária expand_more

Aquela em que, mesmo morando sozinho, o indivíduo vive em


um entorno com indivíduos com quem socializa, compartilha e
sente-se unido.

Novos arranjos familiares


É importante observamos algumas questões quando falamos de novos
arranjos famíliares. Confira a seguir algumas situações:
Novos arranjos de conjugalidade poligâmicos, seja poligênico (um
homem com mais de uma mulher) ou poliândrico (uma mulher
com mais de um homem), legalizados em muitos países;
Considerável aumento no número de divórcios;
Crescente nas atividades femininas extralar, o que significa maior
autonomia das mulheres em relação aos homens e, no caso das
famílias, da esposa frente ao marido, muitas vezes, tornando-se a
renda principal da casa;
Desenvolvimento de práticas contraceptivas e a legalização da
interrupção voluntária da gravidez (aborto) em muitos países, com
graduais diminuições de fecundidade e baixo índice de renovação
de gerações;
Diferentes formas de conjugalidade e vivências da sexualidade
entre casais;
Altos índices de violência intrafamiliar;
Quantidade de abandono de incapazes;
Negligência com as responsabilidades parentais.

Podemos nos perguntar: a família está em crise e deteriorando ou está


sendo remodelada e diversificada? A remodelação ou diversificação
familiar, como instituição social, melhorará ou irá piorar a sociedade? As
respostas para essas perguntas não estão dadas e só o tempo dirá.

video_library
Evolução histórica do conceito de
família
Neste vídeo, o especialista reflete sobre a evolução do conceito de
família enquanto fenômeno social e sua relação com a história da
civilização.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Vamos ler esse texto de Feitosa e Ferreira (2016) e reconhecer um


conceito que se refere a uma instituição social: “Onde se estabelece
a socialização, local onde se exercita a cidadania e aonde se dá o
desenvolvimento individual e grupal de seus membros,
independentemente dos arranjos apresentados ou das novas
estruturas que vêm se formando. Sua dinâmica é própria, afetada
tanto pelo desenvolvimento de seu ciclo vital, como pelas políticas
econômicas e sociais” (FONTE: FEITOSA, E. M.; FERREIRA, G. N. A
Abordagem Participativa na Gestão Escolar: Um Olhar para a
Democratização. Revista Internacional de Debates da
Administração & Públicas - RIDAP, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 57–70, 2016).
Sobre qual conceito o texto está se referindo?

A Socialização primária

B Matrimônio

C Família

D Poligamia

E Sociedade

Parabéns! A alternativa C está correta.

O conceito de família refere-se à instituição social mais antiga entre


os humanos. Originalmente, ele ia além dos laços consanguíneos,
referindo-se a todos aqueles, incluindo escravos e parentes, que
viviam sob o domínio do senhor. A família é considerada uma
instituição social, porque é uma forma socialmente reconhecida de
relacionamentos entre indivíduos, que supre as suas necessidades
sociais, como reprodução e construção de um ambiente de
socialização primária, por meio da qual concepções, regras e
práticas culturais são transmitidas.

Questão 2

Quando duas pessoas do mesmo sexo se unem para formar um


núcleo familiar, forma-se uma família:

A Reconstruída

B Monoparental

C Poligâmica

D Homoafetiva

E Tradicional

Parabéns! A alternativa D está correta.

O ambiente familiar deve ser de cuidados, proteção, afeição, regras


e valores civilizatórios. O que configura uma família é a união,
respeito, amor, compartilhamento e suporte mútuo. A família
homoafetiva decorre da união de pessoas do mesmo sexo, homem
ou mulher, e que se unem para a constituição de um vínculo
familiar.
4 - Identidade social, movimentos sociais e relação intergrupal
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os conflitos inerentes às relações
grupais como base dos movimentos sociais.

Sociedade e identidade social

Construção da identidade social

Se lhe perguntassem quem você é, a resposta poderia parecer óbvia e


talvez você respondesse declarando seu nome. Ele lhe identifica dentro
da sociedade. Mas a identidade social não se limita ao registro social,
tal qual expresso nos documentos de identificação, e, portanto, não é
única. Ela depende do grupo social ao qual pertencemos.

Exemplo
Dentro do grupo familiar, podemos ser identificados como o filho, o
irmão, o pai, ou a mãe. Dentro da sociedade, você pode ser o médico, o
professor, o agricultor.

Então, nossa identidade social depende das relações sociais que


mantemos com as demais pessoas, ou seja, nossa comunidade,
incluindo nisso as funções que exercemos em relação a ela.

A identidade social é criada nas relações sociais que temos, formadas


ao longo da vida. Obviamente, podemos passar de uma identidade
social para outra, de acordo com os grupos a que pertencemos e
funções que exercemos neles. Assim, em alguma medida e em algum
ponto do nosso desenvolvimento, poderemos até escolher nossa
identidade social, como quando escolhemos nossa profissão e o que
vamos entregar de valor para a sociedade com as competências que
iremos desenvolver.

A família exerce a primeira grande influência na construção da nossa


identidade social, ao ensinar como devemos nos vestir, com o que e
como brincar, que expressões e expressivos iremos usar e faz isso de
forma natural e imperceptível ou inconsciente. Mas a essa influência
será adicionada outra ou substituída, pelo menos parcialmente, por
outros grupos como professores da escola, líderes e membros da
religião, amigos.

Cada grupo desses e tantos outros irão contribuir de uma forma mais
intensa ou não para a construção da nossa identidade.

Você já parou para observar e pensar o quanto do seu comportamento,


gostos, valores, objetivos de vida foram influenciados por alguém ou
algum grupo? Pense nisso: não somos únicos por reunir características
exclusivas, mas por reunir, em exclusividade, um conjunto de
características compartilhadas. Isso mostra a formação da nossa
identidade social a partir dos relacionamentos. Torna-se muito
importante, portanto, escolher bem o grupo social ao qual iremos
pertencer. Lembre-se dos muitos ditados antigos que afirmam isso:
“diga-me com quem andas e te direi quem és”, “quem com porcos se
mistura, farelo come”, “você é a média das pessoas com quem convive”,
“convivência gera semelhança”.

Movimentos sociais e cidadanias

Movimentos sociais são ações coletivas de um grupo social organizado,


que busca alguma(s) transformação(ões) ou manutenção da sociedade.
É um agrupamento de indivíduos que demanda, defende, luta por
alguma causa ou objetivo. Também busca, às vezes, alterar algumas
questões políticas, sendo possível pensar dois tipos de movimentos
sociais. Confira a seguir:

Grupos de transformação
Voltados para modificar algum aspecto social.

Grupos de conservação
Ativistas pela manutenção de um aspecto social.

Por exemplo, as manifestações sobre o aborto, que encontram os dois


tipos de movimento: os que lutam pela descriminalização, ou seja,
alterar a lei que torna o aborto crime e, assim mudar a sociedade; e um
outro grupo que luta pela manutenção dessa lei.

A seguir, você verá que podemos dividir também os movimentos sociais


em outros dois tipos:

Movimento social estrutural expand_more

Reivindica objetivos que exigem mudanças na estrutura da


sociedade, sendo mais organizado, com liderança clara,
reuniões, sede para encontros e demandas que não são
resolvidas de uma hora para a outra, requerendo planejamento
de atividades e objetivos de longo prazo, como o movimento
feminista, o movimento negro, o movimento trabalhista.
Conjuntural expand_more

Está relacionado ao contexto ou conjuntura da sociedade num


dado momento, surgindo espontaneamente sem muita
organização e de curto prazo, tentando alcançar seu objetivo de
forma imediata, como as manifestações populares por causa
dos aumentos tarifários dos ônibus, por exemplo.

É importante também levar em consideração a questão da cidadania e o


quanto ela se relaciona com os movimentos sociais. Na verdade, a
função dos movimentos sociais seria justamente garantir os direitos
civis e políticos. Portanto, está relacionado com a cidadania porque, ao
pensar nesse conceito, ela significa a participação política. Dentro de
uma democracia, quanto maior a cidadania, maior a participação
política.

E o movimento social é uma forma de participar ativamente da


sociedade por meio de uma ação política que vai além do voto. Mesmo
porque, estando inseridos em um contexto de uma cidadania
representativa, não votamos diretamente a favor ou contra uma lei,
como acontece em plebiscitos.
Elegemos um representante que desenvolve projetos de leis e vota por
nós. Logo, quem irá garantir que nossos interesses sejam realmente
representados? Então, a participação política não pode se resumir ao
voto, precisando se estender em movimentos sociais que realizam esse
papel.

A cidadania é base para uma democracia, que não sobrevive sem ela. E
uma democracia é caracterizada pelo conflito: justamente a
possibilidade de haver uma oposição de interesses e ideias e a abertura
para a luta por esses interesses e ideias.

História dos movimentos sociais

Marcos históricos dos movimentos sociais

Os movimentos sociais ainda podem ser classificados de acordo com


seu marco histórico. Os tradicionais são aqueles pertencentes ao
século XIX, quando iniciaram esse processo; e os movimentos sociais
novos, que iniciaram a partir do século XX. Até o século XX, temos uma
revolução e um capitalismo industrial, em que os trabalhadores eram
extremamente explorados naquele cenário, com muita pobreza e
nenhum direito trabalhista. Os movimentos sociais começam a surgir a
partir desses trabalhadores, que se organizam por meio de sindicatos e
passam a se manifestar, sobretudo por meio de greves. Quando
pensamos nesses movimentos do século XX, isso nos remonta a uma
questão de classe. Ou seja, existe uma perspectiva classista desses
movimentos sociais desse período porque, basicamente, é um conflito
de interesses entre o proletariado ou classe operária e entre os
burgueses ou classe proprietária (dos recursos e meios de produção).
Já em relação aos movimentos sociais novos, que surgiram a partir do
século XX, estão mais relacionados com as questões da identidade e
minorias. O termo minorias se refere àquela parte da sociedade, não
necessariamente a menor parte em número de membros, mas que não
possui voz. Ou seja, dentro das esferas de poder, ela constitui a minoria.

Por exemplo, as mulheres, que constituem maioria em número na


sociedade, mas que, se formos analisar sua quantidade em cargos de
liderança e autoridade, são minoritárias. E, a partir do século XX,
passam a existir lutas por maior expressividade política, maior
expressividade de voz.

Assim, esses movimentos estão relacionados com esse tipo de questão


identitária, como os movimentos feministas, negro, LGBTQIA+.

Mas vamos com calma nesse tipo de questão porque não quer dizer que
os tipos de movimentos novos não apresentem perspectivas classistas.
Colocando como exemplo o movimento feminista, há diferentes tipos
que lutam por questões distintas. Por exemplo, existe o movimento
feminista liberal, que está relacionado à ideologia liberal, que parte da
reinvindicação de mulheres da classe média e alta, cuja opressão que
vivem é diferente da opressão das mulheres pobres.

Então, aumento de salário é uma preocupação do feminismo liberal


encampado por mulheres burguesas?

Não costuma ser uma preocupação delas e, nesse sentido, podemos


dizer que há um feminismo relacionado à classe social e que também é
classista.
Mais ainda, e se essas mulheres, além de sofrerem preconceitos e
opressões por serem mulheres, também sofrerem racismo, preconceito
e opressão porque são negras? Então, será que a(s) luta(s) será(ão) a(s)
mesma(s)? Assim, podemos pensar num movimento que seja feminista,
por lutar contra a opressão à mulher, mas também luta contra a
opressão de classe e luta contra a opressão racial. Veja como essas
questões são delicadas e se misturam, de tal forma que não dá para
dizer que a perspectiva classista sumiu e não existe de forma alguma.

Legitimidade dos movimentos sociais


Vamos discutir agora uma questão mais polêmica, que é a legitimidade
dos movimentos sociais. Temos que pensar isso de uma forma mais
consistente, pois há aqueles que simplificam essa questão atacando os
manifestantes de criminosos, baderneiros e desordeiros, sem ao menos
compreender o que mobiliza esses grupos, sem entender as causas
dessas mobilizações.

Como podemos refletir se o movimento social é legítimo ou não? Vamos


usar como premissa a Constituição de 1988, que irá nos orientar sobre
que é legal e o que é ilegal.

Manifestações não são apenas legais, mas, como vimos, dentro de uma
democracia são desejáveis, devido à participação política. Entretanto, há
questões para se aprofundar, dependendo do movimento social que
abordamos.
Vamos analisar o Movimento Sem Terra (MST) ou dos Trabalhadores
Sem Teto (MTST). É um movimento que luta pelo direito social de
moradia. Quando dizemos que eles lutam pelo direito social de moradia,
estamos falando que lutam por um direito, algo que está na Constituição
como um direito.

Só isso já traz uma perspectiva de legitimação do movimento. É


polêmico porque podemos discutir a qualidade da lei que, ao declarar
algo como direito, não torna um bem ou serviço menos escasso e
disponível em quantidade suficiente para prover toda a população,
tampouco torna o Estado um provedor absoluto, visto que os recursos
são produto dos impostos e o dinheiro arrecadado para a assistência
estatal também não é ilimitado.

Para compreender as orientações do MTST, a Constituição também diz


que todos temos direito à propriedade privada. E, aí, muita gente usa
esse argumento para deslegitimar o movimento, alegando que eles
invadem propriedades privadas. Mas, pela Constituição, a propriedade
privada tem o dever de ser usada socialmente. Portanto, alguém não
poderia ter uma propriedade ociosa, que não está sendo utilizada. O
MTST alega que só ocupa uma propriedade quando ela não é utilizada e
visando a uma utilização social, que garanta o direito social de moradia.

Muitas vezes, a mídia tenta mostrar esses manifestantes como


criminosos, mas esquece de falar de propriedades de pessoas muito
ricas que estão construídas em áreas ilegais, de proteção ambiental,
públicas ou que não pagam os devidos impostos de propriedade e uso.
E muitas das propriedades ocupadas estão em uma dessas condições.
É polêmico porque muitos argumentam que o direito de propriedades
adquiridas legalmente permite aos seus donos, também
constitucionalmente, dispor de seus bens como desejarem. Além disso,
bens e aquisições ilegais não se tornam legais porque foram
transferidos de donos através de outra violação legal, que são as
invasões delas.

Portanto, nesses casos, como exemplo, precisamos sempre nos


perguntar sobre o que está sendo invadido? Por que foi invadido? Em
que condições se encontra o imóvel? Quem invadiu? Para qual
finalidade? Quem irá garantir o atendimento dessa finalidade? Em que
medida está sendo a favor ou contra a constituição? Porque há
interesses que podemos desconhecer quando opinamos sem tais
conhecimentos factuais.

Relações interpessoais, intragrupos e


intergrupais

A união quanto aos seus semelhantes

O relacionamento interpessoal é a capacidade que o ser humano tem de


interagir com uma ou mais pessoas, seja no contexto familiar, escolar,
de trabalho e comunidade. O ser humano é um ser relacional, ou seja,
que sente a necessidade de se relacionar com outras pessoas, formar e
pertencer a grupos. No entanto, cada ser humano é dotado de intelecto,
capacidades e personalidades diferentes, e suas divergências podem
atrapalhar a comunicação, podendo gerar uma série de conflitos que
dificultam a convivência e até existência de determinado agrupamento
social.

Sendo assim, todo relacionamento interpessoal envolve troca, em que


os comportamentos de um indivíduo atendem às necessidades de
outro(s), reciprocamente. Quando essas trocas são mutuamente
provedoras e gratificantes, as relações são positivas e se fortalecem.

Quando os comportamentos dos indivíduos envolvidos não provêm das


necessidades um(ns) do(s) outro(s) ou são punitivos, os conflitos
surgem, a relação se torna aversiva, e rupturas e afastamentos podem
ocorrer.

Desde a Antiguidade, o homem vê-se atraído à união quanto aos seus


semelhantes. Esse impulso também se faz presente nas outras
espécies, especialmente nos mamíferos, como uma necessidade de
sobrevivência ante as circunstâncias externas. A seguir, confira dois
exemplos:

Exemplo

No Ocidente, Aristóteles idealizou uma sociedade estruturada


entre governantes, sacerdotes, guerreiros e escravos.
No reino animal, as abelhas se organizam em castas, estipulando
a função de cada uma visando a um bem comum, que é a
produção do mel, que, por sua vez, garante a manutenção da vida
dentro da colmeia.

Desse modo, as sociedades se apresentam fragmentadas, que para


muito além da intensidade das atividades marcadas na esfera interna do
grupo, ou seja, intragrupal, também se interrelacionam de modo
constante e, na maioria das vezes, dependem uns dos outros.

Na esfera intragrupal, a pertença, as sucessivas interações e seus


produtos se fazem em todos os aspectos do cotidiano, desde as mais
básicas às mais complexas formas de relacionamento. Na primeira
metade do século XX, configurou-se o corporativismo, ideologia que
propõe o alto aperfeiçoamento dos processos de desenvolvimento das
civilizações por meio da estratificação. O termo deriva
etimologicamente do latim corpus, que, em português, significa corpo, e
está atrelado à ideia de que cada grupo desempenha uma função
específica, tal qual os órgãos do corpo humano. A hipótese do
corporativismo é que a sociedade atingirá um pico de funcionamento
harmonioso, quando cada uma de suas divisões desempenhar
eficientemente suas funções designadas – como os órgãos de um
corpo, que contribuem individualmente com sua saúde e
funcionalidades gerais.

Comunicação entre os diferentes grupos

O corporativismo é uma ideologia que defende a organização da


sociedade por grupos corporativos, como associações agrícolas,
trabalhistas, científicas, militares e outras com base em seus interesses
comuns. Outrossim, o corporativismo tem como suporte básico a ideia
de um funcionalismo estrutural, ou seja, a dependência entre diferentes
setores ou grupos sociais.

Substancialmente, o corporativismo é caracterizado por concepções


que discorrem a organização de um tronco social, por meio de grupos
representativos subordinados ao Estado, compostos por setores com
anseios equivalentes e que, em tese, defrontam poucas restrições e se
mobilizam para interferir em políticas públicas, a fim de moderar as
seguintes esferas:

check Política;

check Econômica;
check Social.

Essas mobilizações envolvem negociações entre grupos de interesse


trabalhistas, mercadológicos e do governo, para estabelecer as
diretrizes e programas, tais como a conferência de preços, a luta de
classes e as diferenças ideológicas para a obtenção de benefícios em
seu favor e não do coletivo. Em um contexto geral, existe um conjunto
de corpos na sociedade, cada um com um modelo ideal de como a
sociedade deve funcionar para se tornar harmônica e grandiosa, que
querem influenciar para que ela alcance sua utopia.

Contudo, com o empregado como instrumento de centralização do


poder ao conter a força dos movimentos sindicais de oposição e
possibilitar ao governo controle de cima para baixo sobre a economia e
sociedade, no cenário atual, esse conceito adquire natureza facultativa e
desenvolve o neocorporativismo, marcado por pequenos e médios
grupos que se unem por meio de uma cooperativa, uma vez que,
individualmente, estão sujeitos a impasses logísticos que inviabilizam o
acesso aos mercados privados ou públicos.

No Brasil, existem 1600 cooperativas de agricultores familiares, das


quais 60% estão concentradas no Paraná, estado em que, no ano de
2018, geraram 83 bilhões de reais. Trata-se de pequenos agricultores
que se agrupam e se organizam para obterem:

Acesso a financiamentos;
Insumos;
Assistência técnica;
Poder e alcance dos processos.

No momento em que ocorre a comunicação entre os diferentes grupos,


então é estabelecida uma relação intergrupal, ou seja, uma série de
interações passíveis a conflitos, resultado do anseio dos indivíduos pelo
favorecimento do seu grupo em detrimento do anseio dos outros. Desse
modo, na esfera política, é inevitável que haja articulações, uma vez que,
em todo processo de negociação, é natural que ocorram as concessões.

No âmbito da governabilidade estatal, esse movimento de troca é uma


prática de longa data. E, no Brasil, compõe aquilo que é denominado de
presidencialismo de coalizão. Entretanto, ao tornar-se o principal
condutor do sistema, à medida que cresce a complexidade dos
governos, um sistema baseado em trocas pode ser considerado, no
todo, um processo perigoso. Pois, ao ultrapassar aquilo que não implica
acordos para aprovar pautas, programas e projetos de interesses
nacionais, as negociações assumem características do fisiologismo,
que se valem muitas vezes de práticas corruptas e põem à frente
interesses estritamente pessoais, bem como de determinados grupos
de pressão, que atribuem seu apoio independentemente da coerência
entre ideologias, somente objetivando benefícios em prol de si, bem
como ações possessórias do bem público administrativo.

Sendo assim, as diversas interações sociais experimentadas pelos


indivíduos resultam na sua percepção de pertencimento perante a
certos grupos da sociedade. Esse sentimento culmina na identidade
social, que, se inexistente, culmina na alienação ou mesmo a morte do
indivíduo.

Na natureza, são necessárias a integração e a constituição de grupos


para fins sobrevivência, tais como o apuramento ao longo do tempo das
práticas para obtenção de alimento ou de proteção a ameaças externas.

video_library
Lutas sociais: cidadania,
representatividade e democracia
Neste vídeo, o especialista reflete sobre a cidadania e a democracia,
com destaque para a importância das lutas sociais na garantia de
acesso aos direitos, no aprimoramento da democracia e na participação
ativa no processo político.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A identidade social não se limita apenas ao seu nome ou ao seu


registro social. Isso porque a identidade social:

Depende das relações sociais que mantemos com


A os demais, em nossa comunidade, incluindo as
funções que exercemos em relação a ela.

É um conjunto de ideias, crenças e valores que diz o


que é certo ou errado, bem e mal, justo ou injusto. É
B o modo como cada grupo ou classe social atribui
significado e sentido a sua experiência na sua
relação com os demais e com o mundo.

Relaciona-se à especificidade, singularidade e


exclusividade de um conjunto de comportamentos e
C
atributos característicos e peculiares de um único
indivíduo.

Não depende das relações sociais que mantemos


D com as demais pessoas, ou seja, nossa
comunidade.

Sofre influência apenas da formação genética.


Nesse sentido, a família ou qualquer outro grupo ao
E
qual pertencemos, em nada interferem na formação
da nossa identidade.

Parabéns! A alternativa A está correta.

A identidade social depende do grupo social ao qual pertencemos.


Por exemplo, dentro do grupo familiar podemos ser identificados
como o filho, o irmão, o pai, a mãe. Dentro da sociedade como
médico, o professor, o agricultor. Portanto, a nossa identidade
social depende das características distintivas do carácter de uma
pessoa ou de determinado grupo. Essas características resultam de
uma multiplicidade de interações que o indivíduo vai mantendo com
o meio social em que se encontra inserido.

Questão 2

Movimentos sociais podem ser:

Os movimentos sociais que exigem mudanças na estrutura da


sociedade. Esses tendem a ser mais organizados, porque
requerem planejamento e estratégias de longo prazo. Por
exemplo, os movimentos feministas.

Os movimentos sociais menos organizados, pois estão


relacionados ao contexto ou à conjuntura da sociedade em
um dado momento. Por exemplo, os movimentos contra o
aumento da tarifa de ônibus.

A partir das definições supracitadas, podemos conceituar esses


movimentos sociais como:

A Movimentos sociais conservadores

B Movimentos sociais tradicionais

C Movimentos sociais de transformação

D Movimentos sociais trabalhistas


E Movimentos sociais feministas

Parabéns! A alternativa C está correta.

Os movimentos sociais de transformação lutam por mudanças na


sociedade. Eles ainda podem ser de dois tipos: estruturais e
conjunturais. O estrutural é um movimento que quer conquistar
coisas a longo prazo (por exemplo, o engajamento dos movimentos
que lutam pelo fim do racismo). O conjuntural é um movimento que
surge devido a uma demanda específica e tem curto prazo (por
exemplo, as manifestações que encontramos sobre reinvindicações
de saneamento em comunidades e falta de água sistemática).

Considerações finais
Como vimos, os relacionamentos e questões sociais, bem como
processos de formação da identidade, são fenômenos multifatoriais e
de surpreendente natureza. O tempo todo somos convocados pela
sociedade a utilizar nossa individualidade e alteridade para lidar com a
diversidade. Pois, apesar das raízes biológicas comuns enquanto
espécie, nós, humanos, desenvolvemos uma variedade de valores,
costumes e modos de vida.

Pudemos constatar que cada um desses processos sociais não podem


ser reduzidos apenas aos seus componentes e efeitos imediatos, posto
que a modificação exercida pelas interações humanas ao longo da
história são cruciais, não somente para uma formação saudável ou
patológica dos indivíduos, mas também como potencial harmonizante e
próspero da sociedade ou resultante em sua degradação e colapso.

Então, agora que você domina mais sobre as características das


relações interpessoais, a extensão dos processos grupais e
funcionamentos, bem como seus impactos individuais e coletivos,
poderá principalmente avaliar o quanto tem explorado desses conceitos
para conhecer a realidade, resolver problemas e coordenar decisões.
headset
Podcast
Neste podcast, o especialista irá demonstrar como o conhecimento
histórico auxilia na compreensão do homem enquanto ser social que
constrói seu tempo a partir de suas ações, pensamentos e sentimentos.

Explore +
Para se aprofundar sobre o assunto discutido, recomendamos a leitura
dos seguintes artigos, nos quais você encontrará um material rico e
cheio de informações:

CABECINHAS, R. Representações sociais, relações intergrupais e


cognição social. Paidéia (Ribeirão Preto) [on-line]. 2004, v. 14, n. 28.

PINHEIRO, F., FERNANDES, I. F. e ALMEIDA, M. H. T. de. O bolso ou a


ideologia? Determinantes da opinião dos brasileiros sobre globalização
e livre comércio. Opinião Pública [on-line]. 2021, v. 27, n. 2.

SIMÕES, P. M. U., RESNICK, R. e RODRIGUES, C. M. L. Infâncias e


estudos culturais: um diálogo sobre identidades e culturas. Pro-
Posições [on-line]. 2021, v. 32.

SPINELLI, E. M. Comunicação, Consumo e Educação: alfabetização


midiática para cidadania. Intercom: Revista Brasileira de Ciências da
Comunicação [on-line]. 2021, v. 44, n. 3.

SILVA, P. C. G.; SOUSA, A. P. de S. Língua e Sociedade: influências


mútuas no processo de construção sociocultural. Revista Educação e
Emancipação, [S. l.], n. 1, p. 260–285, 2017.
Referências
ABRAMIDES, M. B.; DURIGUETO, M. L. (Orgs.) Movimentos Sociais e
Serviço Social: uma relação necessária. São Paulo: Cortez, 2014.

ACOSTA, A. R.; VITALE, M. A. F. Família: redes, laços e políticas públicas.


3. ed. São Paulo: Cortez, 2007.

ALTHUSSER, L. P. Aparelhos ideológicos de Estado. 7. ed. Rio de


Janeiro: Graal, 1998.

BACH, J. M. O futuro da família: tendências e perspectivas. Petrópolis:


Vozes, 1983.

BUTLER, J. P. Problemas de gênero: feminismo e subversão de


identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

CARVALHO, M. C. B. (Org.). A família contemporânea em debate. 3. ed.


São Paulo: Cortez, 2000.

CHAUÍ, M. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1991.

FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de


Janeiro: Graal, 1988.

LANE, S. M. T.; CODO, W. G. Psicologia Social: o homem em movimento.


São Paulo: Brasiliense, 1997.

LAGO, M. C. de S. Modos de vida e identidade: sujeitos no processo de


urbanização da Ilha de Santa Catarina. Florianópolis: UFSC, 1996.

MALDONADO, M. T. Casamento, término e reconstrução: o que


acontece antes, durante e depois da separação. 7. ed. rev. e ampl. São
Paulo: Saraiva, 2000.

MONEY, J.; TUCKER, P. Os papéis sexuais. São Paulo: Brasiliense, 1981.

MONTAÑO, C.; DURIGUETO, M. L. Estado, Classe e Movimento Social.


Biblioteca Básica do Serviço Social, v. 5. São Paulo, Cortez: 2010.

ROUGHGARDEN, J. Evolução do gênero e da sexualidade. Londrina:


Planta, 2005.

SAWAIA, B. B. Comunidade como ética e estética da existência: uma


reflexão mediada pelo conceito de identidade. Psykhe, v. 8. n. 1, 1999.
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