5685-Texto Do Artigo-18048-1-10-20210925
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ISSN 2596-1640
RESUMO
A Borracha natural é proveniente da coagulação de látices da seringueira, sendo um polímero obtido
mediante polimerização do monômero 2-metil-1,3-butadieno. A extração da borracha natural trouxe
grande poder econômico para o Brasil, principalmente na região amazônica sendo utilizada na produção
de vários artefatos, mas logo se observou que em temperaturas elevadas ela apresentava amolecimento e
congelamento em baixas temperaturas. Por volta de 1939 o inventor Goodyear descobriu que o tratamento
com enxofre, denominado vulcanização provocava uma melhora nas propriedades químicas e físicas da
borracha. Atualmente, após o processo de obtenção do látex, é realizado um preparo do mesmo por meio
de aditivos químicos, o que torna a borracha um material de grande aceitação industrial, por adquirir
propriedades como resistência a deformação a altas e baixas temperaturas, além de resistência a abrasão e
a compressão. O aumento em sua produção e pesquisas químicas surgiram as borrachas sintéticas, a
tornando um polímero de grande interesse industrial. A maior parte da produção de borracha é destinada à
fabricação de pneus, e seu descarte tem provocado problemas ambientais que podem ser amenizados com
a reciclagem e reaproveitamento de pneus usados.
Palavras-chave: Polímero. Borracha. Vulcanização.
INTRODUÇÃO
Dentre todos os tipos de materiais poliméricos as borrachas possuem uma
estrutura química que lhe confere propriedades únicas como: elasticidade, flexibilidade,
METODOLOGIA
As origens da borracha natural
A borracha natural é o produto sólido obtido pela coagulação de látices de
determinados vegetais, sendo o principal a Hevea brasiliensis. Essa matéria prima
vegetal, proveniente da planta conhecida vulgarmente como seringueira (SANTOS,
2007, p.32).
A seringueira já era conhecida dos indígenas da América Central e do Sul. Eles a
chamavam de “cahuchu” que significa “pau que chora”, devido à exsudação de uma
secreção, após incisão na casca, denominada látex.
Bolas de borracha encontradas em um sítio arqueológico mesoamericano
próximo de Veracruz, no México, datam de algum momento entre 1.600 e 1.200 a.C.
Em 1495, Cristovão Colombo em sua segunda viagem ao Novo Mundo observou índios
brincando com bolas feitas com resina vegetal. Assim, Colombo levou um pouco desse
novo material para a Europa.
Em 1735 Charles - Marie de la Condamine foi o primeiro a fazer um estudo
cientifico sobre a borracha, que ele conhecera durante viagem ao Peru. Ele observava os
índios coletando seiva branca e pegajosa da árvore, defumavam-na e moldavam-na
numa variedade de formas para fazer vasilhas, bolas, chapéus e botas. La Condamine
aproveitou a oportunidade para explorar a selva sul americana e retornou a Paris, com
várias bolas da resina coagulada da árvore da borracha, que durante a viagem de navio
fermentaram chegando a Europa, como uma massa inútil e malcheirosa (COUTEUR,
2006, p. 131).
Em 1770 o químico inglês Joseph Priestley descobriu que a substância podia ser
usada para apagar traços feitos a lápis, a borracha recebeu então o nome de “Índia’s
Rubbers” que significa “Raspados da Índia” o que reforçou a ideia errônea de que a
borracha vinha da Índia.
Figura 3 - Representação de cadeias macromoleculares (a) Cadeia sem ramificações (b) Cadeia com
ramificações (c) Cadeia reticulada
Nomenclatura de polímeros
Três diferentes sistemas são empregados pra designação de polímeros. Baseiam-
se na origem do polímero, isto é, na nomenclatura dos monômeros que foram
empregados na sua preparação; na estrutura do mero, isto é, na unidade química que se
repete ao longo da cadeia macromolecular; ou em siglas, baseadas em abreviações do
nome dos monômeros escritos em Inglês.
O sistema de denominação com base na origem do polímero estabelece que, para
os homopolímeros, basta colocar o prefixo poli, seguido do nome do monômero. Para
um copolímero coloca-se o prefixo copoli, seguido dos comonômeros, separados por
barras e contidos entre parênteses.
A denominação segundo a estrutura do mero, é o mais empregado; por exemplo,
ao invés de polieteno e polipropeno, são usados os termos polietileno e polipropileno,
pois em química orgânica a terminação ileno caracteriza um grupamento divalente em
dois átomos de carbono vicinais.
Uma vez originada a cadeia polimérica a terminação é a fase final onde ocorre à
desativação da cadeia propagante, pode ser conseguida mediante reações com espécies
químicas ativas ou inertes, ocasionando o término do crescimento.
Quando a interrupção do crescimento é causada pela reação de dois centros
ativos, o processo é chamado de combinação. Quando é causada pela transferência de
um átomo de hidrogênio de uma cadeia para outra cadeia em crescimento, saturando-se
uma extremidade e criando-se uma dupla ligação na extremidade da outra cadeia, o
processo é chamado de desproporcionamento. Quando o centro ativo passa para uma
molécula de polímero inativa, o processo denomina-se transferência de cadeia; o centro
Aceleradores
Os vulcanizados apresentavam coloração intensa, indesejada migração do
enxofre para a superfície (afloramento) e exibiam muita pouca resistência ao
envelhecimento. Além dos diferentes tipos de ligações cruzadas com enxofre, os
vulcanizados apresentavam uma grande proporção de modificações na cadeia principal
tais como: ciclizações sulfídícas, insaturações conjugadas, e isomeria cis/trans da dupla
ligação. Para evitar tais desvantagens adicionam-se aceleradores aos vulcanizados.
Os aceleradores orgânicos aumentam a velocidade de vulcanização, permite o
emprego de temperaturas mais baixas e tempo de cura menor, é minimizadas a
degradação térmica e oxidativa. Além disso, o nível de enxofre pode ser reduzido e,
ainda assim, sem prejuízo para as propriedades físicas do vulcanizado. O resultado do
uso de acelerador é a redução do afloramento de enxofre e a maior resistência ao
envelhecimento. A possibilidade de reversão é reduzida. Vulcanizados transparentes ou
coloridos podem ser preparados.
Aceleradores baseados no 2-mercaptobenzotiazol (MBT) e seus derivados são
sem dúvida, a mais importante classe de aceleradores usados industrialmente. A figura
14 mostra a estrutura química do acelerador sulfinamida, derivada do MBT (COSTA,
2008).
Elastômero
Cargas
As cargas são adicionadas à borracha para proporcionar dureza, tenacidade,
rigidez, resistência à abrasão e baixar o preço do composto. As cargas influenciam no
aumento da viscosidade e da concentração da borracha.
O negro de carbono, vulgarmente conhecido como negro de fumo, é uma carga
preta reforçante, uma das cargas mais utilizadas.
Antioxidante
Os elastômeros vulcanizados, tal como a maioria dos materiais poliméricos,
apresentam um envelhecimento, ou seja, perda das propriedades físicas, que são
causadas por alterações químicas nas cadeias do polímero. O oxigênio é a causa
principal do envelhecimento, mas as exposições ao tempo e a temperaturas elevadas
também influem negativamente na cadeia. Para retardar ou evitar este fenômeno
utilizam-se antioxidantes, que são capazes de reagir com os causadores do
envelhecimento (ozônio, oxigênio, calor, luz e radiação), prevenindo ou diminuindo a
falha do polímero, aumentando o seu tempo de vida.
Os antioxidantes podem dividir-se em químicos e físicos. No primeiro grupo
têm-se três tipos de compostos usados: aminas secundárias, fenólicos e fosfitos. Em
geral as aminas tendem a alterar a cor e por isso são usadas em borrachas pretas. Os
antioxidantes fenólicos são usados em produtos manufaturados de cor clara. Por último,
os antioxidantes a base de fosfitos têm a sua maior aplicação como estabilizadores na
polimerização do SBR. Quanto aos antioxidantes físicos, eles são usados em produtos
manufaturados que, em serviço, sofrem pequenos ou nenhum movimento. São ceras que
migram para a superfície, formando uma camada protetora, evitando assim que a
superfície seja afetada pelo oxigênio, ozônio e outros oxidantes (GOMES, 2008).
Lastificantes
Contribui para a redução da viscosidade do composto, melhorando a
dispersibilidade e a incorporação das cargas durante a mistura, utilizados também para
diminuir a deformação à compressão, e melhorar a dureza.
Os plastificantes mais comuns são: óleos vegetais, ésteres e plastificantes
poliméricos (BERNARDI, 2008).
Propriedades da borracha
As propriedades especiais da borracha resultam da estrutura do polímero.
Para que um polímero se comporte como borracha ele deve estar no estado
amorfo, ou seja, quando moléculas se juntam de forma desordenada e as forças entre
elas são fracas que elas mudam facilmente de lugar, pois a cristalinidade restringe os
movimentos moleculares necessários para ocorrência da elasticidade, uma propriedade
única dos elastômeros. A figura 16 ilustra o estado amorfo e cristalino de um polímero
(ATKINS, 2007, p. 288; FERREIRA, 1999, p. 9).
Um elastômero pode ser esticado até oito vezes o seu cumprimento original e, no
entanto, retornar a forma original quando cessa a tensão distensora (ATKINS, 2007, p.
803).
Moléculas grandes e flexíveis tendem a se enrolar de uma maneira caótica. As
moléculas ficam desenroladas quando o material é esticado. Esse arranjo de moléculas
desenroladas tem uma geometria mais específica do que o enrolamento caótico e, por
isso, entropia muito menor. Assim, quando o material esticado é solto, a entropia
aumenta e a borracha se contrai (ALLINGER et al., 1976, p. 616).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde a descoberta da Hevea brasiliensis no Brasil, o país se desenvolveu no
plantio e cultivo da seringueira aprimorando as técnicas de obtenção e tratamento do
látex evitando a degradação por meio de microrganismos.
A borracha se distingue entre vários materiais poliméricos devido a suas
propriedades elásticas, o que proporciona maior diversidade de utilização.
A alta demanda por artefatos causou uma grande evolução na química da
borracha, como a descoberta das borrachas sintéticas e de aditivos químicos que
garantiram a resistência de suas cadeias poliméricas a altas e baixas temperaturas.
O principal aditivo descoberto foi o enxofre mediante o processo de
vulcanização, sendo que aceleradores e ativadores contribuíram para o melhor
desempenho do processo. Os aditivos como cargas, antioxidantes e plastificantes
proporcionam uma maior durabilidade ao vulcanizado.
Com o avanço tecnológico as perspectivas da borracha no Brasil são positivas. O
Brasil, berço do gênero Hevea brasiliensis, poderá aumentar significativamente o
REFERÊNCIAS
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