Crimes Contra A Família - TRABALHO
Crimes Contra A Família - TRABALHO
Crimes Contra A Família - TRABALHO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................2
2 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS TRANFORMAÇÕES DO CONCEITO DE
FAMÍLIA....................................................................................................................2
3 OS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA......................................................................4
3.1 CRIMES CONTRA O CASAMENTO 4
3.1.1 Bigamia.....................................................................................................................4
3.1.2 Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento...............................4
3.1.3 Conhecimento prévio de impedimento.................................................................4
3.1.4 Simulação de autoridade para celebração de casamento.................................4
3.1.5 Simulação de casamento.......................................................................................4
3.2 CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO 5
3.2.1 Registro de nascimento inexistente......................................................................5
3.2.2 Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de
recém-nascido....................................................................................................................5
3.2.3 Sonegação de estado de filiação..........................................................................6
3.3 CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR 7
3.3.1 Abandono material...................................................................................................7
3.3.2 Entrega de filho menor a pessoa inidônea...........................................................9
3.3.3 Abandono intelectual.............................................................................................10
3.4 CRIMES CONTRA O PÁTRIO PODER, TUTELA E CURATELA 12
3.4.1 Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonegação de incapazes..............12
3.4.2 Subtração de incapazes.......................................................................................13
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................14
5 BIBLIOGRAFIA...................................................................................................14
1 INTRODUÇÃO
13
GRECO, Curso de Direito Penal p. 645
Há no artigo 4 modalidades de prática do delito: em primeiro lugar o ato
de dar parto alheio como próprio, ou seja, situação na qual um sujeito ativo
necessariamente do sexo feminino atribui a si a maternidade de filho de
outrém; no segundo caso, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, vez que se
trata da conduta de registrar como seu o filho de outrém. A terceira conduta,
também delito comum como a quarta, consiste na ocultação do recém nascido
para que não seja registrado e por último, se criminaliza a substituição de um
nascido por outro, a fim de suprimir ou alterar seu direito ao estado civil.
O parágrafo único fala em forma privilegiada ou até mesmo em perdão
judicial nos casos em que o crime “é praticado por motivo de reconhecida
nobreza”, ressaltando que é impositivo ao juiz apreciar essa especificidade do
crime em concreto na aplicação da pena.
GRECO ainda aponta a possibilidade de erro de proibição nos casos em
que a intenção do autor com o registro era a de promover a adoção da criança.
Cabe ao juiz, no caso concreto, analisar se as condições sociais, de cultura ou
instrução permitiam ao autor ter conhecimento ou não da ilicitude do fato
praticado.
A exclusão da questão do âmbito penal, entretanto não resolve o
problema gerado pelas “adoções à brasileira” no caso concreto. Coube então
ao direito civil, tentar regularizar a temática.
Segundo Maria Berenice Dias “ há uma prática disseminada no Brasil,
de o companheiro de uma mulher perfilhar o filho dela, simplesmente
registrando como se fosse seu descendente. Ainda que este agir constitua
crime contra o estado de filiação, pela motivação afetiva que envolve essa
forma de agir é concedido o perdão judicial” 14. No entanto, em muitas situações
havendo rompimento do vínculo entre o casal, o pai buscava se furtar da
obrigação de pagar alimentos por meio de uma ação anulatória de paternidade.
A jurisprudência, consiente da voluntariedade do ato, passou a considerá-lo da
mesma forma que a adoção, como irreversível.
14
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. São Paulo- SP : Revista dos Tribunais, 2013. P.
509
Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de
assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou
atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado
civil:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
15
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao código Penal , v. VIII p. 398.
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do
cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o
trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos,
não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao
pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou
ascendente, gravemente enfermo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a
dez vezes o maior salário mínimo vigente no País.
16
GRECO, Curso de Direito Penal . p. 666.
pestar auxílio, seja no caso de doença física ou psíquica.
GRECO17 fala em tipo misto cumulativo e alternativo, podendo em
algumas hipóteses o agente praticar mais de uma conduta típica e responder
por duas infrações penais (por exemplo deixando de pagar pensão ao filho e
não o socorrendo em caso de doença grave), ou praticar duas condutas típicas
e responder por uma única infração penal (caso do pai que deixa de prover os
meios necessários para subsistência justamente por deixar de pagar a
pensão).
O abandono material é exemplo de crime próprio tanto no que diz
respeito ao sujeito ativo quanto ao passivo. Se inclui também na classificação
dos crimes de perigo concreto ou seja, aqueles que “exigem a efetiva produção
do perigo para o objeto de proteção, de modo que a ausência de lesão do bem
jurídico pareça meramente acidental”18. Trata-se de crime doloso, de iniciativa
pública condicionada, de modalidade omissiva própria e portanto, sem
possibilidade de tentativa. Aponta-se também a justa causa como elemento
negativo do tipo, que ao ser constatada pelo juiz no caso concreto exclui a
tipicidade da conduta.
19
MIRABETE, Código Penal interpretado.p. 1423
20
GRECO , Curso de Direito Penal. p. 681
O artigo 246 trata de crime próprio, tanto no que tange ao sujeito ativo
quanto ao passivo, de caráter omissivo que consiste em deixar de prover
instrução primária para criança em idade escolar. O bem jurídico protegido é
portanto, o próprio direito a instrução fundamental do menor, que precisa ficar
tempo “juridicamente relevante” afastado da instrução. Não há na doutrina
qualquer tipo de indicação sobre a duração desse lapso temporal.
É necessária a configuração de dolo e o tipo, por ser omissivo puro, não
admite tentativa. Há o elemento normativo negativo na figura da justa causa,
presente na esmagadora maioria dos casos em que a omissão ocorre.
Considerando a realidade brasileira, a tipificação penal da conduta parece
bastante exagerada. Ainda que se trate de uma pena bastante diminuta,
entende-se que há formas mais inteligentes e justas de garantir que os pais se
empenhem em possibilitar a educação primária dos seus filhos. O Estado
poderia por exemplo, mobilizar seus esforços para garantir educação pública
de qualidade ao invés de se ocupar em criar tipos penais para a conduta
descrita.
Art. 247 - Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou
confiado à sua guarda ou vigilância:
I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com
pessoa viciosa ou de má vida;
II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe
o pudor, ou participe de representação de igual natureza;
III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;
IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração
pública:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
21
PRADO. Comentários ao Código Penal p. 717
Segundo o artigo 8º do Código de Processo Civil, os absolutamente
incapazes (menores de 16 anos) necessitam ser representados enquanto os
relativamente incapazes (entre 16 e 18 anos) precisam ser assistidos. O
Estado confere aos pais esse encargo, outorgando-lhes o chamado poder
familiar. Se por alguma razão, o menor deixa de estar sob o poder familiar dos
pais é preciso que alguém se responsabilize por ele. Essa pessoa é chamada
pelo direito civil de tutor, ou seja, aquele que “ocupa o lugar jurídico deixado
pelo vazio da autoridade parental” 22
na falta de ambos os pais.
A Curatela, por outro lado “é instituto protetivo dos maiores de idade,
mas incapezes”23 ou seja, aqueles que por algum motivo, seja em razão de
doença ou de deficiência mental não tem condições de zelar por seus próprios
interesses ou reger sua própria vida, recebem a assistência do chamado
curador.
É portanto o direito de tutores, curadores e detentores de poder familiar
de exercerem as atribuições para as quais foram designados que é violado nos
tipos penais que se seguem:
22
FACHIN, Luis Edson. Elementos críticos do direito de família. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. P. 250.
23
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. São Paulo- SP : Revista dos Tribunais, 2013. P.
652
tentativa enquanto a última é conduta omissiva, na qual consta elemento
negativo que exclui a tipicidade (justa causa) sem possibilidade de tentativa.
O bem jurídico protegido não é entretanto o incapaz, mas sim o exercício
mesmo do poder familiar, da tutela ou da curatela. O elemento subjetivo é
unicamente o dolo, e a competência para julgar esse delito é exclusiva dos
juizados especiais criminais. Como em todos os demais crimes contra a familia
que envolvam menores, a ação penal é pública incondicionada.
O artigo 249, por sua vez, tipifica não mais o induzimento à fulga mais
agora a efetiva subtração do menor ou interdito do âmbito de proteção do tutor,
curador ou detentor do poder familiar. Por esse motivo, a pena dobra ainda que
o parágrafo segundo fale em hipótese de perdão judicial.
Da mesma forma que o tipo anterior, o bem jurídico protegido é a
guarda dos menores ou interditos, o crime pressupõe a existência de dolo, e
admite tentativa. Também é exemplo de crime comum no pólo ativo como
reforça o parágrafo primeiro, que não exime de pena pai, tutor ou curador que
em algum momento não possui a guarda do incapaz. O polo passivo,
entretanto, é necessariamente menor de 18 anos ou interdito.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É perceptível que o conceito de família hoje recepcionado pela constituição não
corresponde ao apresentado e protegido pelo código penal. Uma interpretação
dos tipos penais em pauta à luz das novas pespectivas do direito de família
tornam boa parte do código desprovido de sentido e função. Há muitos tipos
com uma casuística rara e desimportante, enquanto problemas como possíveis
abusos do poder familiar não são mencionados pelo código. A proteção da
família vem mudando, saindo de um controle moral do Estado sobre as
relações interpessoais entre os componentes do núcleo e indo em direção à
preservação mais ampla possível dos interesses dos vulneráveis nela contidos.
O direito penal infelizmente, parece ser o último ramo a absorver essas
mudanças tão necessárias para a melhora nas relações constituintes de nossa
sociedade.
5 BIBLIOGRAFIA
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Volume III, 6ª edição. Niterói- RJ:
Impérius, 2009.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal interpretado. São Paulo- SP: Editora
Atlas, 2000.
SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro- RJ
Freitas Brastos, 2010.