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Controle de Constitucionalidade

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Gabriely Sales da Silva

Jhenifer Neilane Pereira do Nascimento


Jéssica Marcris

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Trabalho apresentado para a Disciplina


de Direito Processual Constitucional,
pelo Curso de Direito do Centro
Universitário Aparício Carvalho -
FIMCA, ministrada pelo Prof. Luiz
Carlos F. Moreira.

Porto Velho/RO 2023


Controle de Constitucionalidade

1. Introdução

O controle de constitucionalidade é o instrumento de garantia da supremacia


das constituições, e tem o objetivo de verificar se os atos do executivo, legislativos e
jurisdicionais são compatíveis com a carta magna.

O controle é o remédio que visa restabelecer o estado de higidez


constitucional. Controlar a constitucionalidade, portanto, é examinar a adequação de
dado comportamento ao texto maior, mediante a análise dos requisitos formais e
materiais.

O controle de constitucionalidade é a análise de compatibilidade e adequação


de leis ou atos normativos frente à Constituição Federal, consistindo justamente na
aferição da validade da norma em face ao texto constitucional, impondo ao final, a
soberania da Carta Magna.

O autor Pedro Lenza salienta em sua obra O Direito Constitucional


Esquematizado, que os requisitos fundamentais e essenciais para o controle de
constitucionalidade fazem menção a uma constituição rígida e a atribuição de
competência a um órgão para resolver os problemas de constitucionalidade.

Há que se pontuar que, por ter uma dinâmica de alteração mais rígida, as
normas constitucionais são hierarquicamente superiores às demais espécies
normativas (leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas
provisórias, decretos legislativos e resoluções), caracterizando-se como parâmetro
de validade para as mesmas. Validando, neste aspecto, o princípio da supremacia
da constituição.

Neste sentido, segue Hans Kelsen ao dissertar que o ordenamento jurídico é


composto de normas que estão escalonadas em níveis hierárquicos distintos,
devendo as normas inferiores observarem e retirarem seu fundamento de validade
das normas superiores.

2. Controle de Constitucionalidade

O controle de constitucionalidade pode ser prévio ou preventivo, repressivo


ou posterior. Será prévio ou preventivo quando incidir na fase de elaboração, na
fase de projeto da lei ou do ato normativo e, será posterior ou repressivo, quando a
lei ou ato normativo já tenha passado pelas etapas de elaboração, publicação e
vacância.

Sendo prévio ou preventivo, incidirá na fase legislativa da lei ou ato


normativo, podendo ser político ou judicial. Será político quando realizado pelo
poder legislativo no âmbito da Comissão de Constituição e Justiça ou pelo
executivo, através do Veto. Será judicial quando excepcionalmente o STF, sai de
sua esfera normal judicante e passa a analisar o Mandado de Segurança impetrado
por parlamentar que visa tutela de direito público subjetivo com intuito de corrigir
possível violação às regras do processo legislativo. Frisasse neste sentido que, não
cabe ao judiciário, imiscuir-se em questões políticas ou de organização interna do
poder legislativo; sendo vedado o controle de constitucionalidade de atos interna
corporis.

Sendo posterior ou repressivo, quando a lei ou ato normativo sobre o qual se


insta a in(constitucionalidade) já encontra-se vigente em nosso ordenamento
jurídico, sobre o tema, discorre Pedro Lenza: “Vale dizer, os órgãos de controle
verificarão se a lei, ou ato normativo, ou qualquer ato com indiscutível caráter
normativo, possuem um vício formal (produzido durante o processo de sua
formação), ou se possuem um vício em seu conteúdo, qual seja, um vício material.
Mencionados órgãos variam de acordo com o sistema de controle adotado pelo
Estado, podendo ser político (Cortes ou Tribunais Constitucionais ou Órgão de
Natureza Política), jurisdicional (difuso ou concentrado), ou híbrido (há tanto o
político como o jurisdicional).” [6]
Ainda sobre o controle posterior, há que se mencionar o realizado pelo Poder
Legislativo, sendo exceção ao controle jurisdicional, à exemplo do disposto no artigo
49 da Constituição Federal:

“Art. 49. É de competência exclusiva do Congresso Nacional:

V – sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder


regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;”

3. Controle Difuso.

Será DIFUSO o controle, pela via de exceção ou defesa, possibilitando a


análise em um caso concreto por qualquer juiz ou tribunal, tendo origem no famoso
caso americano “Marbury x Madison”, podendo o judiciário deixar de aplicar a lei por
entendê-la inconstitucional, acentuando a supremacia da Constituição frente às
demais leis e atos normativos.

Quando este controle difuso for realizado por juízo de primeiro grau
(monocrático), da sentença proferida, cabe recurso de apelação ao tribunal, no
prazo de 15 (quinze) dias úteis – art. 219 CPC – neste caso, quando o controle de
constitucionalidade for apreciado pela segunda instância, será necessário observar
a cláusula de reserva de plenário, também conhecida como “full bench”, que dá
maior simbolismo à declaração de inconstitucionalidade, disposta no artigo 97 da
Constituição Federal. Segue o codificado:

“Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”.

Frisasse que, para a declaração de inconstitucionalidade em segundo grau,


há que se observar o disposto no artigo 97 CF/88.

No entanto, se o pleno ou órgão especial do tribunal, que seja competente


para julgar o recurso, já tiver, em momento distinto, se manifestado sobre a matéria
será, excepcionalmente neste caso, afastada a necessidade de observância dessa
condição de eficácia jurídica, qual seja, a cláusula de reserva de plenário.

Neste sentido, pode-se dizer que os órgãos fracionários (turmas, câmaras e


seções) não poderão declarar a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos.
Poderão, entretanto, aplicar a interpretação conforme a Constituição aplicando o
juízo de recepção ou não recepção de direito pré-constitucional.

Nesta perspectiva, Alexandrino e Vicente Paulo argumentam, com


fundamento em julgado do STF, que a simples aferição de recepção ou não
recepção constitucional de leis ou atos normativos editados anteriormente à Carta
Magna, também dispensam a submissão à clausula de reserva de plenário, isso
porque para estes casos, não haverá juízo de inconstitucionalidade mas apenas
juízo de recepção.

A respeito da possibilidade da modulação de efeitos, passível a utilização,


por analogia, do art. 27 da Lei 9868/99, em que pese ser a matéria abaixo transcrita
utilizada em ação direta de constitucionalidade e em ação declaratória de
constitucionalidade. Vejamos:

“Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo


em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o
Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir
os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu
trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.” (g.n)

Em ato contínuo, sendo a decisão proferida em controle difuso, inter partes,


alcançará apenas as partes deste processo, não vinculando os demais órgãos do
Judiciário. Neste sentido, a norma, em que pese ter sido declarada inconstitucional
naquele caso específico, continuará válida em nosso ordenamento jurídico a menos
que, de acordo com o disposto no art. 52, inciso X da CF/88, suspenda o Senado
Federal, mediante Resolução regulamentada no art. 386 de seu Regimento Interno,
a lei que foi declarada inconstitucional no controle difuso. Vejamos:

“Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


X – suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal”

Havendo a suspenção pelo Senado Federal, a decisão passará a ser erga


omnes, valendo-se a partir do momento em que for publicada na Imprensa Oficial. A
doutrina entende que, neste caso, será um ato discricionário (de acordo com a
oportunidade e conveniência) e, de natureza política. Ou seja, o Senado Federal
não é obrigado a suspender qualquer lei que seja declarada inconstitucional pelo
STF. Porém, uma vez que decide por suspendê-la, esse ato será irretratável.

Por fim, ainda sobre o controle difuso, salienta-se que, em sede de ação civil
pública, a questão de controle de constitucionalidade não poderá ser objeto principal
da ação. Ou seja, não se pode ajuizar uma ação civil pública com o intuito de ter
declarada ou não a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. Dessa forma, o
controle deverá ser arguido em questão prejudicial de forma incidental, uma vez que
as decisões proferidas em ação civil pública tem, em regra, efeito erga omnes e,
desta feita, sendo possível a declaração de inconstitucionalidade como objeto
principal, ocasionaria a usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal.

4. Controle Concentrado.

O controle concentrado é o controle abstrato, “concentrado” em um único


tribunal (STF), que busca examinar a constitucionalidade de uma lei ou ato
normativo em tese. Não há um caso concreto aqui.

Esse controle se dará por meio de ações específicas, são elas:

ADI (ação direta de inconstitucionalidade – art. 102, inciso I, alínea “a” da


CF/88), espécie de controle concentrado no STF que visa declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual que contraria a
CF/88 (não se aplica a lei ou ato normativo municipal). Os legitimados a propor a
ação em comento estão descriminados em rol taxativo no art. 103 da CF/88.

Importante salientar que, quando se fala em parâmetro de controle, refere-se


a todas as normas constantes do texto constitucional, não havendo a necessidade
de ser explícita no texto da Constituição, ou seja, normas implícitas, assim como
alguns princípios, também serão parâmetros para a realização deste controle.
Sabido porém que, a norma, objeto de controle, deverá ser pós-constituição de
1988, ou seja, norma anterior a CF/88 não será objeto de ADI.

ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental – art. 102, §1º


da CF/88), introduzida pela EC n. 03/93, com procedimento regulamentado pela lei
9.882/99, representa uma das formas de exercício do controle concentrado de
constitucionalidade e tem como principal objetivo, assim como todas as ações de
controle de constitucionalidade, a prevalência da rigidez constitucional e a
segurança jurídica. O objeto da ADPF são os atos do Poder Público, que violem ou
ameacem violar preceito fundamental (art. 1º, caput, da Lei 9.882/99). São
legitimados a propor ADPF os mesmo legitimados a propor a ADI genérica,
relacionados no art. 103, incisos de I a IX, da Constituição, observada a pertinência
temática quando for o caso.

ADO (ação direta de inconstitucionalidade por omissão – art. 103,§2º da


CF/88), instrumento efetivo de controle concentrado, a ADO, inovação da CF/88,
visa combater a inefetividade de normas constitucionais de eficácia limitada. Desta
forma, codifica o artigo mencionado: “Declarada a inconstitucionalidade por omissão
de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder
competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão
administrativo, para fazê-lo em trinta dias”. Possui os mesmos legitimados das
ações anteriormente elencadas, ou seja, o rol está previsto no artigo 103 da CF/88.

ADI interventiva (art. 36, inciso III da CF/88) apresenta como um dos
pressupostos para que haja decretação de intervenção federal ou estadual nos
termos da Carta Magna, art. 34. Codifica o artigo 18 da CF/88 que a organização
político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos da
Constituição. Apesar de serem autônomos, os entes da Federação têm que
obedecer aos princípios e regras da CF/88 a fim de manter o equilíbrio federativo.
Neste sentido, se houver risco à manutenção do equilíbrio federativo, é possível a
utilização da intervenção codificada no artigo 34, e, para a utilização deste
mecanismo, necessária a ADI interventiva com a finalidade de proteger a estrutura
constitucional federativa contra atos irregulares de unidades federadas. A
legitimidade ativa, neste caso, será do Procurador Geral da República. Julgada
procedente a ação, o STF requisitará que o Presidente da República decrete a
intervenção.

Por fim, a ADC ou ADECON (ação declaratória de constitucionalidade – art.


102, inciso I, alínea “a” da CF/88), busca-se através dessa ação, a declaração de
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal uma vez que a presunção de
constitucionalidade é relativa. Buscando, desta forma, uma presunção de
constitucionalidade absoluta. Segundo Pedro Lenza: “Em síntese, a ADECON busca
afastar o nefasto quadro de insegurança jurídica ou incerteza sobre a validade ou
aplicação de lei ou ato normativo federal, preservando a ordem jurídica
constitucional”.[8] Os legitimados, após a EC nº. 45/2004, passaram a ser os
mesmos da ADI ou seja, os codificados no art. 103 da CF/88.

Em suma, no controle concentrado, não há que se observar qualquer


interesse subjetivo, haja vista não haver partes envolvidas no processo, nem
tampouco um caso concreto onde o controle se faria de modo incidental. Neste
sentido, ao contrário do controle difuso, o controle concentrado abstrato possui
natureza objetiva.

5.Conclusão.

Conclui-se que o controle de constitucionalidade nada mais é do que a


análise de compatibilidade e adequação de leis ou atos normativos frente a
Constituição Federal, consistindo justamente na aferição da validade da norma em
face ao texto constitucional. Assim, através do controle de constitucionalidade, seja
ele difuso ou concreto, seja via incidental ou principal, é que se garante, sob
diversos prismas, a conciliação de lei ou ato normativo frente à Constituição Federal
vigente, impondo ao final, a soberania da Carta Magna.
6. Referências

[1] LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 13ª edição, editora:


Saraiva, p.149.

[2] KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito, Martins Fontes, São Paulo, 1987,
p. 240.

[3] MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO,


Inocência Mártires. Curso de Direito Constitucional. São Paulo, 5ª edição, Saraiva,
2010, p.1057.

[4] LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 13ª edição, editora:


Saraiva, p.162.

[5] CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da


Constituição. 7.ed., ver. Coimbra: Almedina. p. 1321.

[6] LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 13ª edição, editora:


Saraiva, p.170.

[7] LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 13ª edição, editora:


Saraiva, p.179.

[8] LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 13ª edição, editora:


Saraiva, p.267.

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