Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

TCC BarrocoArdenteCara

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 40

6

O BARROCO ARDENTE: A CARA DO BRASIL.

Paulo Raphael Soares Pinheiro1


Paulorsp927@gmail.com
Rosa Maria Ramos Bentes2

RESUMO: O nosso objetivo nesse artigo é investigar a contribuição da


brasilidade, ou seja a ardência dentro do barroco e destacar que apesar de ser
um estilo europeu, ao chegar aqui no Brasil, vai receber as influências da
miscigenação, os traços do negro e do índio vão engrandecer e enriquecer essa
arte tão bela. Os estudos sobre a influência da miscigenação no estilo barroco e
o papel que o mesmo exerceu em ser esse elo de manifestação da cultura
Brasileira em construção, no qual os artistas brasileiros se apropriaram do estilo
como forma de manifestação cultural e artística. Iremos analisar também o papel
do barroco como “espelho” para os nossos artistas contemporâneos, analisando
as artes barrocas, elucidando a identidade brasileira dentro das artes e
equiparando-as com as artes que perpetuam os nossos dias, destacando a
contribuição do barroco e presença dele nas artes contemporâneas (arquitetura,
escultura, música e festas).
Palavras- Chaves: Barroco; Identidade, Ardente

ABSTRACT: Our objective in this article is to investigate the Brazilian


contribution, that is the ardence within the baroque and to emphasize that
although it is a European style, when arriving here in Brazil, it will receive the
influences of the miscegenation, the traits of the black and the will magnify and
enrich this beautiful art. The studies on the influence of miscegenation in the
baroque style and the role it played in being this link of manifestation of the
Brazilian culture under construction, in which the Brazilian artists have

1
Aluno do curso de graduação em Letras Língua Portuguesa na Universidade Federal do Pará - UFPA
2
Possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Pará(2002), especialização em língua
portuguesa pela Universidade Federal do Pará (2004) e mestrado em Letras pela Universidade Federal do
Pará (2010). Possui especialização em libras (língua brasileira de sinais) pela Faculdade Integrada (2014)).
Tem experiência na área de letras com ênfase em literatura. Atuando principalmente nos seguintes temas:
literatura portuguesa, literatura brasileira, literatura da Amazônia, Língua Portuguesa e narrativas orais.
7

appropriated the style as a form of cultural and artistic manifestation. We will also
analyze the role of the Baroque as a "mirror" for our contemporary artists,
analyzing the Baroque arts, elucidating the Brazilian identity within the arts and
equating them with the arts that perpetuate our days, highlighting the contribution
of the Baroque and his presence in the contemporary arts (architecture,
sculpture, music and parties).

Keywords: Baroque; identity; ardent.

INTRODUÇÃO
Na história literária do Brasil, os estilos de época aparecem sempre
subordinados à periodização da historicidade Europeia, em especial, à
portuguesa, geralmente, uma questão talvez por esse motivo mesmo aqui
relegada a um papel secundário nos estudos literários. O Barroco brasileiro já foi
apresentado por nossos historiadores e críticos de diversas maneiras:
Apenas como conjunto de manifestações (CANDIDO, 2000), sem constituir-se
em uma escola literária propriamente no Brasil, portanto descartada de nossa
história literária. Como sombra do Barroco europeu (BOSI, 1999), igualmente
sem status local de estilo de época. Como uma maneira de afirmar-se a
existência de um produto nacional, nossos primeiros escritores, a busca de
nossa identidade cultural (COUTINHO, 1981), deixando de lado as questões
estéticas e, portanto, as estilísticas.

O Barroco é um estilo que é um resultado de um processo histórico com


características definidas e, no Brasil, as características e o estilo do brasileiro
vão ser percebidos de uma forma muito peculiar, principalmente no que diz
respeito às contribuições do índio e do negro. A miscigenação vai ser uma
contribuição de muita riqueza para esse estilo, a mistura da cultura do índio e do
negro vão se cruzar e transformar essa arte em um estilo de características bem
brasileiras. Os artistas brasileiros se destacaram por definir um novo estilo de
barroco e inserirem dentro do barroquismo a identidade e a cara do povo
brasileiro na arquitetura, pintura, escultura, poesia, prosa, música e teatro,
propondo um estilo marcante nessas artes.
8

O objetivo deste artigo é de reafirmar a identidade e a cara do brasileiro


nas artes barrocas e com suas mãos e olhar miscigenado deu uma nova forma
e estilo para o barroco colocando elementos que faziam e fazem parte de nossas
raízes, esse estilo não só influenciou na construção, na manifestação de nossas
identidades outrora, como influencia até hoje e é essa questão que ser abordada
em nosso estudo. Iremos fazer uma comparação das artes barrocas genuínas
com as artes da nossa contemporaneidade e com isso verificar a existência de
elementos e características do barroco nelas.
É de muita valia para o ensino das artes procurar saber com mais clareza
esse conhecimento que tem um valor cultural inestimável, cabe-nos os
questionamentos e os ganhos que teríamos se compartilhássemos esse
conhecimento através desse trabalho. Temos um grande interesse em tornar
notório o conhecimento do barroco, e como o brasileiro deu um novo olhar para
esse estilo, incorporando elementos de nossa cultura fazendo dessa arte a cara
de um povo cheio de misturas e cores.
Trata – se de estudo relevante, pois contribuirá através do material que
será produzido e disponibilizado para estudos futuros na própria faculdade tendo
como foco as características e a identidade do brasileiro nessa arte que se
lançou além mar e, chegando ao outro lado do atlântico, ganhou novas formas,
a identidade de um povo “Brasileiro.”
Muito se sabe sobre o barroco, porém sempre que lemos algum escrito
sobre esse assunto nos defrontamos com as análises das obras e leituras de o
que o artista barroco queria expressar, quais as características presente na obra,
as figuras de linguagem, a dualidade entre o conceptismo e o cultismo, no
entanto, o nosso estudo vai muito além das características presentes nas artes
barrocas, nossa investigação vai além disso, vamos mostrar a presença da
identidade do brasileiro nesse estilo e a importância do artista brasileiro para o
enriquecimento dessa escola.

2 A GÊNESIS DO BARROCO NO BRASIL

O Barroco chega ao brasil onde o contexto cultural dos povos indígenas,


marcado pelo ritualismo e festividade, forneceu um pano de fundo receptivo. Vai
se materializar quando já se haviam passado cerca de cem anos de presença
9

colonizadora no território brasileiro; a população já se multiplicava nas primeiras


vilas e alguma cultura autóctone já lançara sementes. O Barroco não foi, assim,
o veículo inaugural da cultura brasileira; o Maneirismo cumpriu o papel de
iniciador, mas rapidamente a arte colonial o sucedeu num período em que os
residentes ainda lutavam por estabelecer uma relação de vivencia entre
colonizado e colonizador.
O berço do Barroco é a Itália, surge no século XVI, e estende-se a outros
países da Europa ocidental, até meados do século XVIII, é um estilo artístico,
com extravagância, exuberância e excesso de ornamento, é considerado um
movimento de oposição ao Renascimento. Os pesquisadores contemporâneos
mostraram através de suas pesquisas a verdadeira arte barroca brasileira, com
suas peculiaridades, que expressam a sua identidade, isso motivou a
pesquisadora Ana Palmira Casimiro ao escrever em seu artigo a arte barroca do
estado de Minas Gerais e da Bahia.

Na região mineradora, acompanhado o padrão português,


acontecia uma evolução/ transformação do estilo barroco para
chamado estilo rococó, sendo que muitos dos arquitetos eram
nativos da região. Essa evolução/ transformação é visível em
muitas plantas mineiras, como na igreja de Nossa Senhora do
Rosário dos Pretos (em Ouro Preto) e de São Pedro dos Clérigos
(em Mariana) (CASIMIRO, 2018, p.4).

Percebemos que Casimiro mostra o barroco brasileiro não como somente


um estilo artístico, mas um movimento sociocultural, onde se forma identidade
cultural com marcas bem definidas por brasileiros, mineiros e baianos; e
(REDIES, 2007), mostra o barroco brasileiro com influências europeias, em um
dos seus questionamentos coloca em pauta o ensino da literatura, onde o
professor não tem um material mais aprofundado do Barroco, (CASIMIRO,
2018), relatou a originalidade que é incontestável das igrejas mineiras,
principalmente as arquitetadas por Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido
como Aleijadinho e as pinturas do teto da Igreja de São Francisco que
apresentam as madonas-mulatas, pintadas pelo mestre Manoel da Costa Ataíde,
não tendo medo de ousar, quebrando o paradigma que só o branco é belo,
principalmente nos livros didáticos, não entram em pontos polêmicos em sua
abordagem que:
10

No ensino aos alunos do ensino médio, os professores encontram


nos livros didáticos um estudo simplificado do Barroco, que procura,
não entrar nos pontos polêmicos de sua abordagem. Tais materiais
consistem basicamente em manuais com as características
estéticas e o contexto histórico do Barroco europeu, além do estudo
dissociado dos autores brasileiros deste período (REDIES, 2007,
p.2).

É necessário que haja uma preocupação no ensino mais aprofundado das


artes, através de uma metodologia que envolva o aluno no contexto cultural,
onde ele está inserido, para que possa conhecer, entender e reconhecer os
estilos, permitindo um olhar mais sensível para o mundo das artes.
Redies (2007), relata que a resistência ao recrudescimento3da posição da
Igreja católica levou o Cristianismo a uma divisão de forças, denominada de
Reforma, e à consequente reação da Igreja Católica, à Contrarreforma, mesmo
assim os católicos continuavam influenciando o cenário político, econômico e
religioso na Europa, e a arte Barroca floresce neste contexto e expressa todo o
contraste deste período: a espiritualidade e teocentrismo da idade média e o
antropocentrismo do Renascimento. A escola literária barroca é marcada pela
presença constante da dualidade. Antropocentrismo4versus teocentrismo5, céu
versus inferno, entre outras constantes.

A ideologia corrente do Barroco resultou do movimento espiritual


desencadeado pela Contra-Reforma, no intuito de reaproximar o
homem de Deus, o celestial e o terreno, o religioso e o profano,
conciliando as heranças medieval e renascentista. Daí o dualismo
e o contraste formarem o eixo espiritual ou ideológico do Barroco.
[...] A estrutura interna do Barroco é alimentada por esse dualismo,
por esse caráter contraditório. [...] Em todas as manifestações da
época misturam-se esses elementos, seja nas suas expressões
artísticas ou culturais, seja nos hábitos e maneiras de viver e agir,
seja na própria tessitura da vida social. (COUTINHO, 1986, p 21).

3
Ação ou efeito de recrudescer. Aumento com grande intensidade; recrudescência.
4
Ideologia, ou doutrina, de acordo com a qual o ser humano é o centro do universo, de tudo, sendo ele
rodeado por todas as outras coisas.
5
Crença, ou doutrina, segundo a qual Deus é centro do universo, de tudo o que existe.
11

Com o fim da Idade Média, deu-se a ascensão da burguesia e de seus


interesses mercantis, essa classe emergia do comércio e consequentemente
levava algumas cidades italiana a riqueza, essa riqueza permitiu o financiamento
juntamente com o clero para os artistas barrocos produzirem suas artes.
O Barroco chega ao Brasil no XVII, começa com o poema Prosopopéia
de Bento Teixeira em 1601, e atingiu o seu ápice na literatura com Gregório de
Matos e com o orador sacro Padre Antônio Vieira, nas artes plásticas foram
Aleijadinho e Mestre Ataíde, é um período histórico, é um movimento
sociocultural, onde se formulam novas maneiras de se entender o mundo, o
homem e Deus, essa nova compreensão introduzidas pelo espírito Barroco se
originou , pois, de um grande respeito pela autoridade da tradição clássica, e o
desejo de superação, com a criação de obras originais.
Após cem anos da presença colonizadora da corte portuguesa em seu
território, a população brasileira crescia e povoava pequenas vilas, Casimiro diz
que o ambiente nesse período era de pobreza e escassez, pouco os brasileiros
que tinham riquezas, surgindo um preconceito contra o estilo barroco brasileiro,
que comparado a outros de caráter erudito, cortesão, sofisticado, muito mais rico,
é acusado de pobre e incompetente. Mas é nesse ambiente de incertezas, que
surge artistas que dão um novo estilo uma nova cara para a arte barroca a cara
do brasileiro, uma arte genuína que pegou pra si todas as cores do brasil.

3 A ARDÊNCIA DO BARROCO, A MARCA DO BRASIL

Na formação da identidade brasileira o Barroco, enquanto arte e conceito


assumiu um papel preponderante. Os seus componentes estéticos foram
utilizados para compor uma linguagem autônoma baseada na imagem, servindo
como meio para a formulação de um discurso político-ideológico, visando facilitar
a comunicação entre conquistadores e conquistados, e posterior domínio
europeu sobre as populações nativas e os demais grupos étnicos incorporados
ao processo de formação do povo brasileiro. A arte colonial brasileira, resultado
do uso sistemático dessa linguagem, foi utilizada no século XVI como dispositivo
a serviço da Contrarreforma, mostrando-se particularmente eficiente enquanto
estratégia de aproximação e persuasão, propiciando a subjetivação de índios e
negros baseada em valores essencialmente brancos e europeus. Este trabalho
12

resgata o percurso do Barroco na história brasileira, enquanto arte, dispositivo e


conceito, considerando-o nos contextos históricos que precedem e sucedem o
descobrimento do Brasil, buscando elementos característicos cujos referenciais
presentes na arte barroca, propondo uma reflexão sobre o papel do Barroco
como chave na conformação da identidade cultural brasileira.

Entre as raízes remotas e os condicionamentos mais decisivos, está


por certo o barroco, não enquanto tão- só um estilo artístico, mas
sim como fenômeno de maior complexidade um estado de espirito
uma visão do mundo, um estilo de vida, de que as manifestações
da arte serão a expressão sublimadora. A colonização do Brasil e
mais do que ela a nossa estruturação como povo e o nosso
amanhecer de nação vinculam – se por fatores de vária ordem, à
singularidade histórica, filosófica, religiosa dos seiscentos e seus
desdobramentos. Buscando compreendê – lá e com ela o barroco,
estaremos obviamente caminhando para o desenho de uma
imagem mais nítida de nós mesmos, uma ideia mais correta de
nossa especificidade nacional. (Ávila Affonso, 1928, p. 12)

A identidade nacional é uma criação moderna. Começa a ser construída


no século XVIII e desenvolve-se plenamente no século XIX. Antes dessa época
não se pode falar em nações propriamente ditas, nem na Europa nem em outras
partes do mundo. Conta-se, como aprendemos em nossos livros de História do
Brasil, que D. João VI, ao deixar o Brasil, despediu-se de seu filho, dizendo:
“Pedro, se o Brasil vier a separar-se de Portugal, põe a Coroa sobre tua cabeça,
que hás de me respeitar, antes que algum aventureiro lance mão dela”. Observe-
se que D. João, como, aliás, qualquer outro rei europeu, não tinha nenhum
sentimento nacional, tinha um sentimento dinástico.

A identidade nacional é construída, dialogicamente, a partir de uma


Autodescrição da cultura. Dois grandes princípios regem as
culturas: o da exclusão e o da participação. Com base neles, elas
autodescrevem-se como culturas da mistura ou da triagem. A
cultura brasileira considerasse uma cultura da mistura. José Luiz
Fiorin, 2009)

o modernismo, que, como o barroco foi outro momento- ápice da


evolução das artes em nosso país, compreendeu bem a
importância da obra criativa do período colonial e, ao rever e
relançar criticamente o Aleijadinho, na verdade reencontrou com ele
a forma autenticamente brasileira de intuição estética – forma de
ser, de estar de criar que o artista mestiço expressará com
genialidade e que ressurgira para o artista moderno como elemento
e propulsor de toda uma potencialidade criativa (Ávila Affoso,
1928.p 33)
13

O artista Barroco brasileiro irá manifestar seus elementos que constituem


sua identidade dentro da arte, levando para o barroquismo a ardência a
brasilidade, artistas como Gregório, Ataíde e Aleijadinho irão transformar o
barroco em uma arte outrora de características europeia em um estilo
genuinamente brasileiro com a ardência tropical. Arte Barroca vai ser explorada
pelos críticos a partir das convenções e estudos de críticos que irão se debruçar
nas pesquisas e estudos sobre a formação do povo brasileiro como mencionado
acima e um desses estudiosos que se destacaram para essa real compreensão
de nosso povo é Gilberto Freire, com Casa Grande e Senzala (FREYRE, 1933)
, onde o mesmo irá demonstrar a formação e estrutura da sociedade brasileira,
e Sérgio Buarque de Holanda, em As raízes do Brasil ( HOLANDA, 1936), onde
vai contribuir de forma impecável para a compreensão de nossa história. Já na
literatura irá se destacar Araripe Júnior (JUNIOR, 1958:I; 1960: II; 1963: III 1970:
V), pelos seus ensaios e suas críticas literárias, principalmente sobre a história
do Brasil de sua contemporaneidade e de outras obras paralelas as suas obras.

3.1 “O PAU- BRASIL: DA MISCIGENAÇÃO AO BARROCO”.


Ao chegar no Brasil os portugueses, como bom exploradores saíram ,logo
atrás de riquezas a ser exploradas, não se depararam logo de início com ouro
nem pedras preciosas, as principais riquezas que os lusitanos começaram a
explorar era uma riqueza que os habitantes desse paraíso que viria a se chamar
ilha de vera cruz, e depois pela influência, da riqueza explorada de início, o pau-
brasil, passou a se chamar Brasil, essa árvore foi tão importante para a
identidade e estruturação do Brasil como um povo de misturas que os próprios
colonizadores para terem a riqueza em suas mãos, davam – se em casamentos
com as índias, para que através desses laços ganhassem mais confiança dos
nativos e a exploração do pau brasil estaria garantida e os lusitanos poderiam
desfrutar da tinta, e da madeira produzida por essa arvore.

Na tradição tribal, a única forma de se relacionar pacificamente com


estranhos era integrando-os numa relação de parentesco. Isso
ocorria mediante casamento com uma das mulheres da aldeia,
fazendo do branco um cunhado ou genro. E, futuramente, um tio,
um pai e um avô. Tal estratégia matrimonial não foi uma criação
14

europeia. Foi, sim, um acordo fortuito. Funcionou como um modo


de organizar a transição da produção coletiva para a de excedentes
regulares – o pau-brasil, sendo o principal interesse do lado
europeu – ou a prestação de serviços, como o reparo de naus em
troca de instrumentos de ferro e quinquilharias. Os casamentos de
aliança tiveram a mesma forma com todos os povos europeus que
mantiveram contato na área tupi-guarani. (Mary del Priore, 2016,
Pág. 27)

E ainda que os portugueses as tivessem como mancebas, contudo


astinham de praça nas aldeias dos índios ou fora delas, com mulher,
filhos e filhas porque para os índios isso não era pejo nem vergonha
e lhes chamavam temericô, a mulher de N, e a eles genros, e os
portugueses aos pais e mães, sogros e sogras e aos irmãos
cunhados, e lhes davam resgates, ferramentas e roupas etc., como
os índios a que chamam genros lhes vão roçar ou pescar algumas
vezes. (Anchieta)

A miscigenação no Brasil vai se desencadear também com a vinda dos


escravos africanos, onde milhares de africanos desembarcaram no Brasil, o
africano que vinha para o Brasil diferentemente dos demais países da América
eles tinham papéis importantes dentro da vida dos senhores de escravos, eram
participantes na formação da educação dos filhos dos senhores de escravos, no
caso a ama, dama de companhia, o cozinheiro, e nesse ambiente sempre havia
a relações sexuais forçada ou não. Quando nós falamos da miscigenação nos
vem à cabeça o branco com o índio, ou o branco com o negro, pensamento
errado, haja vista que ao estar no Brasil os africanos muitos se relacionaram com
nativos tanto já miscigenados pelo “branco” e índio, o branco e o negro e, índio
e negro. Essa mistura de povos deu-se o nome de mamelucos 6 , mulatos7 e
cafuzos8.

“E Nóbrega conta, chocado: “Não há nenhum que deixe de ter


muitas Negras (leia-se índias) por mancebas das quais estão cheios
de filhos e é grande mal.” Entre colonos solteiros ou casados que
tinham suas mulheres em Portugal não havia problema em
“abarregar-se com suas escravas gentias”. Os concubinatos
incomodavam mais à Igreja do que às autoridades. Mas eles foram
responsáveis pelas primeiras uniões e uma geração de mamelucos.
Deles, nasciam os “bastardos tidos com brasilas”, termo, no século
XVI, significando ao mesmo tempo ilegítimo e mameluco. As

6
Filho de branco com índio; indivíduo que possui uma ascendência indígena e branca; mestiço, mameluco.
7
Pessoa cuja ascendência provém da mistura entre brancos e negros; quem tem o pai negro e a mãe
branca, ou vice-versa. Quem expressa traços e características dessa mistura.
8
Aquele que provém da mistura de negro e índio; quem tem o pai negro e a mãe índia, ou vice-versa.
Mestiço de pele muito escura, quase negra, com cabelos lisos.
15

crianças nascidas destes “amancebamentos” eram chamadas


“curibocas”, na língua tupi”. (Mary del Priore, 2016, pág., 382)

“As africanas, por sua vez, vieram engrossar as “uniões à moda da


terra”. Os portugueses já estavam familiarizados com elas, pois,
desde o século XV eram enviadas para Portugal. Trabalhando como
escravas, em serviços domésticos e artesanais, acabavam se
amancebando ou casando com eles. No Brasil, as coisas não foram
diferentes. Daí as famílias de mestiços e mulatos. Da mesma
maneira que as uniões de brancos com índias, ou de brancos
pobres, as de brancos, mulatos e negros também não
pressupunham casamento oficial. As pessoas se escolhiam por que
se gostavam, passando a trabalhar juntas e a ter filhos”. (Mary del
Priore, 2016, Pág. 388)

As misturas de Brasil, África e Europa, não estavam apenas ligados em


relação a sexualidade, os povos vindos de vários lugares da África tinha seus
costumes, crenças e tradições culturais que foram preservadas até os nossos
dias graças as suas manobras de burlar os senhores de escravos e a própria
igreja. É nessa resistência que vai surgir varais manifestações culturais
manobradas, com referências a santos católicos, dentro da igreja e fora dela com
referências aos orixás dentro do terreiro, o mesmo aconteceu com os índios onde
vários praticantes das manifestações religiosas africanas incorporaram aos seus
orixás a figura de deuses indígenas. Acontecendo esse entrelaço do sincretismo
religioso, de cristão e povos pagãos.

“(...) dentro das igrejas, veneravam os santos católicos e, fora delas,


seus orixás. Nas festas dos santos e santas das irmandades dos
homens pretos e pardos, as tradições africanas se manifestavam.
Tornaram -se uma expressão do sincretismo religioso do Brasil
Colonial. Estas associações estão na origem do candomblé e outras
manifestações afro-brasileiras como o maracatu e o congado”.
(Mary del Priore, 2016, Pág. 438)

Essa mistura de culturas vai se perpetua nas nossas vivencias como


brasileiros, vamos herdar de nossos antepassados essas riquezas maravilhosas
que estão presentes em nossa, música, arquitetura, pintura, teatro, esculturas,
dança e no colorido da roupa.
No contexto do barroco as cores fortes e ardentes que foram tiradas das
plantas e arvores brasileiras vão dá uma alegria e exuberância, principalmente
na arquitetura, escultura e pintura, vamos perceber que dentro do barroco
16

brasileiro vamos ter as cores, como o amarelo e vermelho mais acentuadas, o


vermelho vindo do pau – brasil, vai arder, brasilizar o barroco.

“Do ipirapitanga, seu nome original, se extraía um pigmento capaz


de colorir tecidos e ser usado como tinta para pintura de telas e
papel, além de permitir a fabricação de móveis. O pau-brasil, assim
chamado pela cor de brasa em seu miolo (...)” (Mary del Priore,
2016, Pág. 27).

“Pois, se antes era a abençoada Terra de Santa Cruz que, só graças


ao nome, santificaria seus habitantes, doravante seria Brasil. E
Brazil vinha de brasa, de fogo, do vermelho de Satã e do inferno.
Lúcifer levara a melhor ao ver assim denominado o novo território”.
(Mary del Priore, 2016, Pág. 27).

O Barroco Brasileiro é toda essa envolvência de culturas e cores, a cultura


indígena, africana e a europeia são as grandes culpadas da existência desse
estilo tão rico e exuberante que é o barroco brasileiro; como diz Coutinho:

Mesmo sendo estrangeiro, o homem europeu, em solo americano,


deixava suas raízes e passava a ser um outro, condicionado à nova
realidade tropical: Esse homem novo, americano, brasileiro, gerado
pelo vasto e profundo processo aqui desenvolvido de miscigenação
e aculturação, não podia exprimir-se com a mesma linguagem do
europeu, por isso transformou-a, adaptou-a, condicionou-a às
novas necessidades expressionais, do mesmo modo que se
adaptou às novas condições geográficas, culinárias, ecológicas, às
novas relações humanas e animais, do mesmo modo que adaptou
seu paladar às novas frutas, criando, em consequência, novos
sentimentos, atitudes, afetos, ódios, medos, motivos de
comportamento, de luta, alegria e tristeza (COUTINHO, 2008, p. 20-
21).

O Barroco Brasileiro, então vai ser esses entrelaço de culturas de


pensamentos e de técnicas de arte, o africano vem com seu colorido, e com seu
tropicalismo se entrelaçar com o multicolorido dos Tupiniquins e com e com os
costumes já impostos pelos Europeus. O barroco brasileiro vai ser o estilo de
arte mais representativo de nossa cultura identitária.
17

4 CULTISMO E CONCEPTISMO

As tendências básicas do barroco são duas: cultismo e conceptismo.


Embora constituam estilos diferentes, podem ser identificadas num mesmo autor
ou até numa mesma obra. Há casos em que a distinção entre eles é muito difícil,
se não impossível.
O cultismo consiste na hipertrofia9da dimensão sensorial, sonoridade e
imagens, da obra literária. Os cultistas dão mais importância à forma externa que
o conteúdo de suas obras. Optam por um estilo rebuscado, de sintaxe difícil, o
emprego intenso de figuras de linguagem e imagens, assim relata Redies “o texto
barroco apoia-se em construções estilizadas para expressar a divisão interior do
artista. Nesse sentido, o uso de hipérboles, antíteses, paradoxos, metáforas em
profusão e hipérbatos (REDIES, 2007 p.9). Observe o texto abaixo como
exemplo:
O todo sem a parte não é o todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo.
Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.
(Gregório de Matos)

Disponível em: http://www.vidaempoesia.com.br/gregoriodematos.htm

O conceptismo consiste na hipertrofia da dimensão conceitual da obra


literária. Utilizando mais da razão que dos sentidos, o autor conceptista cria
raciocínio engenhosos, num referido jogo intelectual de paradoxos e sutilezas
lógicas o conceptismo é analítico.
Um exemplo:
"Mui grande é o vosso amor e o meu delito;
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito.
Essa razão me obriga a confiar

9
É o aumento do tamanho de um órgão.
18

Que, por mais que pequei, neste conflito


Espero em vosso amor de me salvar."
(Gregório de Matos)
Disponível em: http://gregmatoslirico.blogspot.com.br

5 AS PECULIARIDADES DO BARROCO ARDENTE


A Arte Barroca vai se estabelecer num contexto de luta e conquista, mas
não menos deslumbramento diante da paisagem paradisíaca. Vai ter um papel
de construção de uma arte ardente com propriedades e elementos que são a
cara do Brasil. A Arte Barroca vai se estabelecer como uma corrente estética e
espiritual cuja essência e vida está no contraste, no drama, no excesso, talvez
mesmo por isso pôde espelhar a magnitude continental da empreitada
colonizadora deixando um conjunto de obras-primas igualmente monumental. O
Barroco, então, confunde-se com, a formação de um Brasil de várias culturas de
varais gente, a misturas das culturas formando uma só identidade que vai se
materializar, se expressar nas artes.
É preciso lembrar que o contexto econômico, e social do Brasil é
completamente diverso daquele que se iniciou na Europa. Aqui o ambiente era
de pobreza e escassez. Por isso o Barroco Brasileiro, apesar de todo ouro
existente nas construções e monumentos, já foi acusado de pobre, quando
comparado com o Europeu, de caráter erudito, cortesão, sofisticado, muito mais
rico e, sobretudo branco. A participação do escravo, mestiço, é que o torna único
e inestimável.
O Barroco vai se manifestar no Brasil com certo atraso em relação à
Europa, e este “atraso’ que se perpetuou por toda sua trajetória, por vezes
ajudou a mesclar, de forma imprevisível, elementos estilísticos que se
desenvolviam localmente.
É do resultado de todos estes entrecruzamentos e mesclas de influências
aparentemente improváveis que nasceu o original e riquíssimo Barroco que hoje
se vê espalhado em praticamente todo o litoral do país, desde o extremo sul no
Rio Grande do Sul até o norte, tocando o Pará. Para dentro, o estilo derramou-
se por São Paulo e Minas Gerais, onde se exprimiu com uma elegância
característica, e alcançou o Centro-Oeste deixando rastros do barroco,
19

principalmente em Goiás. Tendo como principais representante artistas como,


Aleijadinho na arquitetura e na escultura, na pintura Mestre Ataíde e na literatura
Gregório de Matos, eles moldaram a arte europeia ao ambiente de um país
tropical colocando a expressão nativa, de brasilidade genuína.

O Barroco caracteriza-se, portanto, num período de dualidades; num


eterno jogo de poderes entre divino e humano, no qual não há mais certezas. A
dúvida é que rege a arte deste período. E nas emoções o artista vê uma ponte
entre os dois mundos, assim, tenta desvendá-las em suas representações.
Segundo CASIMIRO, o emocional se sobrepõe ao racional por isso encontramos
entre as principais cara a busca de efeitos decorativos e visuais, através de
curvas, contracurvas, colunas retorcidas; entrelaçamento entre a arquitetura e
escultura; violentos contrastes de luz e sombra; pintura com efeitos ilusionistas,
dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade
conseguida, então o Barroco já predominava no Brasil em todas as artes da
época, como na:

ARQUITETURA
No Brasil foram construídas a partir da segunda metade do século XVI, as
primeiras igrejas em Olinda e Salvador, as de pau-a-pique10, eram as mais
simples, cobertas com folhas de palmeiras. Ao passar dos anos foi construída a
primeira a exibir um estilo puro do Barroco, a Igreja de são Francisco em Cairú.

Imagem 1: igreja de São Francisco em Cairú – Bahia.


Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.070/368.

10
Parede feita de ripas ou varas entrecruzadas, e barro; taipa.
20

A fachada desta belíssima igreja foi criada pelo frei Daniel de São
Francisco, num esquema triangular, com volutas no frontão e nas laterais, foi
uma novidade para as pessoas de Cairú.

Em Minas Gerais, temos a igreja de Bom Jesus, esse santuário é


construído por uma igreja cujo adro11 estão esculturas de pedra sabão de doze
profetas: Isaías, Jeremias, Baruque, Ezequiel, Daniel, Oséias, Jonas, Joel,
Abdias, Habacuque, Amós e Naum. Cada um deles está em uma posição
diferente, fazendo gestos que se coordenam. O resultado disso é muito
interessante, pois o observador tem a forte impressão de que as figuras de pedra
estão se movendo, gesticulando e dirigindo-se aos ouvintes.

Imagem 1: santuário de Bom Jesus. Congonhas dos Campos em Minas Gerais.


Disponível em:http://revistasagarana.com.br/santuario-do-bom-jesus-de-matozinhos/

Nas arquiteturas analisadas, podemos verificar um predomínio de linhas


verticais e do arco barroco, bem como uma tendência, por meio de torres
elevadas, de o edifício erguer-se em direção ao céu. Além disso, no alto de todas
elas, está o símbolo maior do cristianismo, a cruz sagrada, podendo ser com
uma, duas ou até três travessas.
Mas a cima do mapa vamos ter a presença do barroco na igreja de santo
Alexandre em Belém do Pará:

11
Espaço, aberto ou fechado, que fica diante do portal de uma igreja.
21

Imagem 2: igreja de santo Alexandre, situada em Belém do Pará.


Disponível em: http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-362527-obras-tombadas-
sao-alvo-de-roubos.html

Com uma arquitetura riquíssima a Igreja se Santo Alexandre, é


considerada a principal obra arquitetônica do Norte do Brasil. Construída pelos
jesuítas com a ajuda dos índios, essa presença do nativo vai ser marcante na
construção da igreja. A igreja assim como todas as igrejas barrocas vai ter a sua
fachada, com frontão12, que vai ser formado por duas grandes volutas, que se
encontram no topo, onde há uma cruz, os contornos do frontão vai ser em formas
de curvas, as volutas13inferiores vão se sobrepor sobre as torres fazendo com
que fiquem em segundo plano, a parte central vai ser rodeada por duas torres,
características fortes do barroco. No interior, a igreja revela uma nave única com
quatro capelas laterais de cada lado, coberta com abóbada14 de madeira. Uma
grande sacristia encontra-se ao lado da capela central. Destacam-se no interior
da igreja as obras de arte em talha, ou seja, as esculturas são esculpidas na

12
Um frontão é um conjunto arquitetônico de forma triangular que decora normalmente o topo da
fachada principal de um edifício, sendo constituído por duas partes essenciais: a cimalha (base) e as
empenas (dois lados que fecham o triângulo). Provém da arquitetura clássica greco-romana.
13
A voluta é uma forma de ornamento em espiral, há séculos vem sendo utilizada em exemplos aplicados
na geometria, além de servir como objeto de adorno, no arremate de colunas, modilhões, mísulas e
outros. As colunas ornadas por essa forma tem origem no povo jônio, da Grécia antiga. É também um dos
símbolos da arquitetura dos períodos Maneirista e Barroco.
14
A abóbada é uma construção em forma de arco com a qual se cobrem espaços compreendidos entre
muros, pilares ou colunas. Compõe-se de peças lavradas em pedra especialmente para este fim,
denominadas aduelas, ou de tijolos apoiados sobre uma estrutura provisória de madeira, o cimbre.
22

madeira e depois revestidas a ouro do padre João Xavier 15 e sua oficina de


escultores indígenas, especialmente os dois magníficos púlpitos profundamente
decorados com anjinhos em uma composição inspirada na arte barroca.

PINTURA

A característica que mais se destaca em termos de pintura é a do jogo de


luz e sombra, a presença de um foco de luz sobre a figura principal da obra é
feita propositalmente para direcionar a atenção para a figura iluminada. A pintura
barroca é uma pintura realista, concentrada nos retratos no interior das casas,
nas paisagens nas naturezas mortas e nas cenas populares (barroco holandês).
Por outro lado, a expansão e o fortalecimento do protestantismo fizeram com
que os católicos utilizassem a pintura como um instrumento de divulgação da
sua doutrina. Como, por exemplo, a pintura das madonas mulatas no teto da
Igreja de São Francisco de Assis feita pelo mestre Manoel da Costa Ataíde.

Imagem 3: detalhe da pintura do teto da igreja de São Francisco de Assis, feita por
Mestre Ataíde. Ouro Preto Minas Gerais
Disponível em:http://www.acervobrasil.com/tag/mestre-ataide/

15
João Xavier Traer, nasci na Áustria. A ele são atribuídos os dois magníficos púlpitos da igreja de santo
Alexandre e do colégio, além de outros trabalhos.
23

O Mestre Ataíde pintou várias igrejas de Minas Gerais com um estilo


próprio e bem brasileiro. Usava cores vivas e alegres e gostava muito do azul.
Ataíde utilizava tanto a tinta a óleo (que era importada da Europa) como a
têmpera. Os pintores da época nem sempre podiam importar suas tintas. Faziam
então suas próprias cores com pigmentos e solventes naturais aqui da terra.
Entre outros, usavam terra queimada, leite e óleo de baleia, clara de ovo, além
de extratos de plantas e flores. E é claro criavam suas próprias receitas que eram
mantidas em segredo. Talvez por isso é que se diz que não existe, no mundo
inteiro, um colorido como o das cidades mineiras da época do barroco.
A pintura de Mestre Ataíde da santa mestiça no teto da igreja de São
Francisco de Assis, vai ser uma das a maiores representatividade da identidade
do artista barroco dentro da arte, quem sabe Ataíde ao desenhar a imagem da
imaculada esta associando a sua mãe, esta personificando a imagem das
mulatas, das esquecidas, Ataíde está dando espiritualidade para aquelas a
quem, a igreja e os religiosos a crucificavam, está levando para dentro das mais
nobres edificações a figura do negro, do índio, da mistura de culturas, está se
impondo como mestiço .Apesar da ênfase no sagrado, um tom profano. Esses
dois elementos se combinam na medida em que, por exemplo, são retratados,
na mesma igreja, um santo e um homem comum afligido pelas mazelas sociais.
O tom de ironia e crítica social, por exemplo, evidenciam o tema de forma muito
clara. Ataíde vai quebrar com a tradição, vai quebrar as fronteiras culturais,
fazendo o uso dessa quebra nas imagens de santos e anjos com características
de africanos.

ESCULTURA

Na ladeira em frente à igreja de Bom Jesus Congonhas dos Campos em


Minas Gerais, foram construídas seis capelas, três de cada lado. Em cada uma
delas, um conjunto de estátuas de madeira em tamanho natural narra um passo
da paixão de cristo, predominam as linhas curvas, os drapeados das vestes e o
uso do dourado. Os gestos e os rostos das personagens revelam emoções
violentas e atingem uma dramaticidade desconhecida no Renascimento. Na
escultura, grande parte das obras barrocas fazem alguma referência as histórias
24

bíblicas, vão privilegiar ao usos de materiais como barro cozido, cedro e pedra-
sabão16.

Imagem 4: Oração no Horto das oliveiras – Aleijadinho.


Disponível em:https://br.pinterest.com/pin/356628864216784261/

Imagem 5: Caminho para o Calvário – Aleijadinho.


Disponível em:
http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/03/30/interna_gerais,365039/obra-de-aleijadinho-
conta-historia-da-paixao-de-cristo-em-congonhas.shtml

16
Esteatito (também pedra de talco ou pedra-sabão) é o nome dado a uma rocha metamórficatalco,
compacta, composta sobretudo de talco (também chamado de esteatite ou esteatita) mas contendo
muitos outros minerais como magnesita, clorita, tremolita e quartzo, por exemplo. É uma rocha muito
branda e de baixa dureza, por conter grandes quantidades de talco na sua constituição. A pedra-sabão é
encontrada em cores que vão de cinza a verde. Ao tato, dá uma sensação de ser oleosa ou saponácea,
derivando-se daí sua designação de pedra-sabão. Existem grandes depósitos, de valor comercial no Brasil,
em maior escala no estado de Minas Gerais
25

Imagem 6: Momento da Crucificação – Aleijadinho

Disponível em:https://cronicasdumasviagens.wordpress.com/tag/aleijadinho/

Nas esculturas deste conjunto escultórico destaca-se sempre a figura de


Cristo. Observe o gesto de atenção e expectativa no momento da oração do
horto na das oliveiras na figura 4, a aparência de perplexidade e dor no caminho
para o calvário na figura 5 e a expressão do sofrimento final no momento da
crucificação na figura 6.

Imagem 7: Nossa Senhora do Leite, entrega o acervo do Museu


de Arte Sacra (MAS)Belém, (Foto: Rodolfo Oliveira/Ag. Pará)

Disponível em: http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-362527-obras-


tombadas-sao-alvo-de-roubos.html
26

Acima a imagem de nossa senhora do leite peça do museu de arte sacra


de Belém (MAS17) que também é um prédio barroco que foi construído pelos
jesuítas e índios; observamos uma imagem de Nossa Senhora do Leite, na
representação de Maria amamentando Jesus, observamos à questão do seio de
Maria, que era um tema escandaloso pela Igreja Católica e apesar da crítica a
está imagem ela conseguiu chegar até nos dias de hoje. Essa imagem sacra vai
refletir a identidade de nossa arte barroca as peculiaridades e originalidade da
arte Brasileira deste período. Executadas em barro cozido ou em madeira
policromada e dourada, essas imagens não tinham, com efeito, outros
comprometimentos que não fossem a visão pessoal do artista. A arte barroca
presente na cidade de Belém, vai ser menos luxuosa que nos demais estados
do Brasil, vai ter muita influência indígena, os índios vão ter papel importante na
criação das obras principalmente na criação do museu e na igreja de São
Francisco, hoje atual igreja de Santo Alexandre a igreja sofreu muitas
modificações ao longo dos séculos, mas sem perder sua identidade barroca,
uma das principais artes do museu ainda esta as imagens de roca, que eram
imagens de procissões que não possuíam sexo, então durante a temporada de
procissões, elas eram vestidas de acordo com o santo que se queria
homenagear.

17
O Museu de Arte Sacra é composto pela Igreja de Santo Alexandre e pelo antigo palácio episcopal
(originalmente Colégio de Santo Alexandre). Os dois edifícios foram construídos para compor um
conjunto, no qual a igreja era o centro irradiador, como foi exemplar da arquitetura jesuítica no Brasil. A
igreja teve o início da sua construção por volta de 1698 e inauguração a 21 de março de 1719. É composta
por nave única, transepto e oito capelas laterais. A sacristia localiza-se no braço esquerdo da nave. A
decoração é caracterizada pela arte barroca, com forte acento tropical, destacando-se as peças
produzidas pelos jesuítas e pelos índios. Além da função litúrgica, a igreja também funciona como espaço
cênico-musical para espetáculos teatrais e recitais, além de ser objeto museal, fazendo parte do roteiro
de visitação do museu. O acervo do Museu de Arte Sacra do Pará compõe-se por imaginárias datadas dos
séculos 18 e 19 e objetos litúrgicos, somando cerca de 320 peças expostas no primeiro pavimento do
palácio episcopal e no corpo da igreja.
27

Imagem8: imagem de santos de roca; museu de arte sacra de Belém.

Disponível em:http://www.culturapara.art.br/museus_galerias.htm

POESIA
Conflito espiritual: O homem barroco sente-se dilacerado e angustiado
diante da alteração dos valores, dividindo-se entre o mundo espiritual e o mundo
material. O conflito entre vida e morte, entre o sagrado e o profano,
peculiaridades vistas na poesia Barroca.

Ao lado da morte, o supremo tema do barroco, figuram também a


representação e a descrição do martírio e da penitência, em que se
acentuam no mártir os transes de dor e prazer, de tranqüilidade e
êxtase, de arrependimento e alegria, de vergonha e esperança, de
medo e beatitude, a refletir o estado de tensão e violência interiores
da alma (...). (COUTINHO, 1986, p.22).

As figuras que melhor expressam esse estado de alma são a antítese e o


paradoxo:

"Nasce o sol, e não dura mais que um dia,


Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, porque não dura?
28

Como a beleza assim se transfigura?


Como o gosto da pena assim se fia?
Começa o Mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância."
(Gregório de Matos)
Disponível em:http://www.jornaldepoesia.jor.br/gregoi10.html

Gregório de matos vai ser o precursor da poesia genuinamente brasileira,


suas obras vão ser bem marcadas pelo estilo da época, vai fazer o uso dos jogos
de palavras e ideias, fazendo o uso dos elementos genuinamente brasileiro; vai
ser o precursor do barroco no Brasil,sua poesia de cunhos sexuais e de protesto
vão mostrar a cara da nossa arte, vai incorporar elementos de nossa cultura
nessa arte que combinou muito com nosso calor, cor, expressividade e mistura
de cultura de vários povos que povoaram o Brasil, que aqui deixaram a sua
cultura e suas raízes se sustentam até hoje.

Daí Gregório de Matos preferir muitas vezes, especialmente em sua


obra satírica e graciosa, o recurso sem peias do trocadilho ao
processo mais engenhoso da paronomásia, a incorporação ao seu
vocabulário poético de termos afro-indígenas ainda plasmantes de
sentidos em vez do contumazes cultismos de origem grega ou
latina, o uso contundente do palavrão em lugar do eufemismo
acautelar (Ávila Affoso I, 1928. p. 36).

Nesse fragmento vamos perceber a ardência do barroquismo brasileiro, o


sincretismo religioso vai ser aflorado dentro desses versos, ao dizer que filho do
espirito santo e bisneto de um caboclo, Gregório vai incorporar a literatura
elementos de mestiçagem do cruzamento de culturas, de povos. Percebe
também um elemento comum em sua obra que é a sátira; principalmente a
sociedade, religiosos e aristocratas Baianos. Para Araripe Junior “Ninguém
hauriu o Brasil tão fortemente”, rico, variado, cheio de termos tropicais (...)
contém dois terços, pelo menos, dos vocábulos de origem africana e tupi (...)”
(ARARIPE JUNIOR, 1690, P. 473 e 476)

A vós, merda dos fidalgos,


29

A vós, escória dos Godos,


Filho do Espírito Santo,
E Bisneto de um caboclo.
(Gregório de Matos)
Disponível em:http://www.jornaldepoesia.jor.br/gregoi10.html

Gregório vai do profano ao sagrado, no fragmento a seguir vamos ver a


sexualidade aflorada dentro da poesia, o poeta Barroco vai usar elementos da
natureza e atribui – los a partes do corpo humano masculino e feminino, pica em
lugar de beija, pica é, a representação vulgar do órgão sexual masculino, e
passarinho, o órgão sexual feminino. A flor vai significa a pureza, o desejo por
ela. O profano vai está presente na relação estabelecida entre a Freira e
Gregório. A troca dos vocábulos de beija- flor, em pica-flor, enfatiza a relação
sexual, o poeta e a freira, o pecador e a religiosa.

Se Pica-flor me chamais,
Pica-flor aceito ser,
mas resta agora saber,
se no nome, que me dais,
meteis a flor, que guardais
no passarinho melhor!
se me dais este favor,
sendo só de mim o Pica,
e o mais vosso, claro fica,
que fico então Pica-flor
(Gregório de Matos)

Disponível em:http://www.jornaldepoesia.jor.br/gregoi10.html

A poesia barroca de Matos, está articulada com a mistura do, índio, negro
e europeu. Uma poesia, portanto, que reflete bem o barroco, esse
entrecruzamento, de costumes, cultura. Além disso, a poesia gregoriana também
reflete o Barroco tropical, Ardente um Barroco do cruzamento de pares da
mutações, dos trópicos entrelaçam aos do colonizador. Gregório redefine, no
Brasil, um estilo poético que veio com o colonizador, mestiço; incorpora a sua
tropicalidade na poesia Barroca.

PROSA
Sermão de Santo Antônio
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal
da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção;
mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício
30

de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? (...) Enfim, que havemos de pregar
hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de
ouvintes: ouvem e não falam. Uma só cousa pudera desconsolar o Pregador, que é serem gente
os peixes que se não há-de converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase
se não sente (...) Suposto isto, para que procedamos com clareza, dividirei, peixes, o vosso
sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender-
vos-ei os vossos vícios. (...)
Fragmento do Sermão de Santo Antônio (Padre Antônio Vieira)
Disponível em: https://pastorchicco.wordpress.com/2008/11/11/sermao-de-santo-antonio/

É certo que Vieira soube, com mestria que remarcará por igual todo
o seu sermonário, desmatar o estilo dos excessos decorativos,
aclará-lo da tonalidade ofuscante da imagem culta e rebuscada,
mas sem com isso violentar a estrutura do sermão, a sua natureza
de artificio construído segundo o jogo retórico que ele procurará
todavia tornar mais tenso pela precisão semântica e o rigor do
amarramento sintático, mais eficaz como processo persuasório pela
técnica de recorrência iterativa da linguagem. (Ávila Affoso I, 1928,
P .102)

Vieira vai ter como critica nesse sermão a corrupção, vai usar das figuras
de linguagens, como a metáfora comparando os vícios dos colonos com várias
espécies peixes para criticar a corrupção existente por meios dos colonizadores
e dos próprios membros de sua paróquia, vai criticar a relação de poder dos
colonos para com os índios onde eles vão se se aproveitar da condição do nativo,
para os escraviza - lós e impor seus costume e poder. Vai fazer de seus sermões
arma para combater o protestantismo, mas com vária críticas, também para a
coroa e a igreja. Nesse sermão vamos perceber muito o uso da alegoria,
principalmente na comparação das espécies de peixes com os corruptos.

Outro grade escritor da prosa barroca que vai ser Sebastião da Rocha
Pita, sua obra mais famosa é, A História da América Portuguesa, publicada pela
primeira vez em 1730, foi, durante muito tempo, considerada a primeira História
do Brasil digna desse nome. Isto é, o primeiro relato sobre a maior parte da então
colônia portuguesa desde a chegada dos lusitanos, em 1500, até as vésperas
de sua publicação, em 1724. Trata-se de um documento essencial para a
compreensão da forma como nós, brasileiros, ainda hoje enxergamos nossa
existência como nação.
Do Nôvo-Mundo, tantos séculos escondido e de tantos sábios caluniado, onde não
chegaram Hanão com suas navegações, Hércules Líbico com suas colunas, nem Hércules
31

Tebano com suas empresas, é melhor porção o Brasil; vastíssima região, felicíssimo terreno, em
cuja superfície tudo são frutos, em cujo centro tudo são tesouros, em cujas montanhas e costas
tudo são aromas, tributando os seus campos o mais útil alimento, as suas minas o mais fino
ouro, os seus troncos o mais suave bálsamo, e os seus mares o âmbar mais seleto, admirável
país, a todas as luzes rico, onde, prodigamente profusa, a natureza se desentranha nas férteis
produções, que em opulência da monarquia e benefício do mundo apura a arte, brotando as suas
canas espremido néctar, e dando as suas frutas sazonadas a ambrósia de que foram mentida
sombra o licor e vianda que aos seus falsos deuses atribuía a culta gentilidade.
Em nenhuma outra região se mostra o céu mais sereno, nem madruga mais bela a
aurora: o sol em nenhum outro hemisfério tem os raios tão dourados, nem os reflexos noturnos
tão brilhantes; as estrelas são as mais benignas e se mostram sempre alegres; os horizontes,
ou nasça o sol, ou se sepulte, estão sempre claros; as águas, ou se tomem nas fontes pelos
campos, ou dentro das povoações nos aquedutos, são as mais puras; é, enfim, o Brasil terrenal
paraíso descoberto, onde têm nascimento e curso os maiores rios; domina salutífero clima;
influem benignos astros, e respiram auras suavíssimas, que o fazem fértil e povoado de inúmeros
habitadores, posto que, por ficar debaixo da tórrida zona, o desacreditassem e dessem por inabi-
tável, Aristóteles, Plínio e Cícero; e com os gentios os padres da Igreja, Santo Agostinho e Beda,
que, a terem experiência deste feliz orbe, seria famoso assunto das suas elevadas penas, aonde
a minha receia voar, posto que o amor da Pátria me dá asas, e a sua grandeza me dilata a esfera.

(História da América Portuguesa, liv. 1. °, pp. 1-4). Seleção e Notas de Fausto Barreto e Carlos
de Laet. Fonte: Antologia nacional, Livraria Francisco Alves).
Disponível em: http://www.consciencia.org/sebastiao-da-rocha-pita

Nos fragmentos acima vamos ter uma características marcantes dos


escritores Brasileiros que é a exaltação do Brasil, das suas belezas naturais e
principalmente do cotidiano do nativo, os escritores brasileiros querem fazer
conhecida as terras Brasís, em um contexto de formação de um país de uma
identidade, Rocha vai ser um exponente desse ser brasileiro, dessa busca de
auto afirmação como brasileiro, de exposição da nossa brasilidade em
construção, essa ânsia de afirmação de pertencimento que vai levar para dentro
da Arte Colonial, a figura, a cara, a cor, a mistura do brasileiro

MÚSICA

Da produção musical brasileira só sobreviveram obras notáveis a partir do


final do século XVII, ou seja, quando o barroco já estava dando lugar à escola
32

neoclássica18. Testemunhos não deixam dúvida sobre a intensa atividade


musical brasileira desde o início do barroco especialmente no nordeste, com a
Cantada Acadêmica Heroe, egregrio, douto´peregrino.

“E bem que quis a mísera fortuna, que vos fosse molesta e que importuna a hospedagem, senhor
desta Bahia. Sabem os Céus e testemunha sejam, que dela os naturais só vos desejam faustos
anos de vida e saúde, de próspera alegria, pela afável virtude de vossa generosa urbanidade,
com que a todas honrais, desta cidade!

Heroe, egregio, douto, peregrino, também conhecida como Cantata


Acadêmica ou Recitativo e Ária para José Mascarenhas, é a mais antiga peça
de música vocal profana com texto em português já encontrada no Brasil.
Foi composta em 1759 por um compositor desconhecido, às vezes sendo
atribuída ao padre Caetano de Melo de Jesus.
Disponível em:
http://www.musica.ufrj.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1146:a-musica-
colonial-do-nordeste-em-concertos-ufrj&catid=100:temporada-2012&Ite

TEATRO

As peças de Anchieta, evidenciam as características do teatro religioso


Barroco. Vai ser o principal representante dessa arte, com seus escritos, tanto
religiosos como profanos vai nos deixar um legado de peças teatrais que até hoje
encantam por tal técnica, seus autos vão se apresentar com matéria religiosa e
profana, sugerido pelas histórias bíblicas, perseguições aos cristãos, e os
hábitos e costumes da colônia, vai exaltar também a colonização portuguesa e
o valor da catequização. Anchieta vai ser um exemplo significativo na expressão
literária de sua época pois vai retratar a condição e espaço dos habitantes do
Brasil.

18
Valorização de temas e padrões estéticos da arte clássica antiga. Heróis e seres da mitologia grega, por
exemplo, foram temas recorrentes nas pinturas e esculturas neoclássicas. Na literatura, os textos
apesentam como características principais a síntese, clareza e perfeição gramatical, em contraste com os
rebuscamentos, dramaticidades e complexidades do barroco.
33

Auto de São Lourenço - Cenas do Martírio de São Lourenço


Primeiro ato, cantam:
Por Jesus, meu salvador,
Que morre por meus pecados,
Nestas brasas morro assado
Com fogo do meu amor
Bom Jesus, quando te vejo
Na cruz, por mim flagelado,
Eu por ti vivo e queimado
Mil vezes morrer desejo
Pois teu sangue redentor
Lavou minha culpa humana,
Arda eu pois nesta chama
Com fogo do teu amor.
O fogo do forte amor,
Ah, meu Deus! com que me amas
Mais me consome que as chamas
E brasas, com seu calor.
Pois teu amor, pelo meu
Tais prodígios consumou,
Que eu, nas brasas onde estou,
Morro de amor pelo teu.
(Auto de São Lourenço: José de Anchieta)
Disponível em: http://www.virtualbooks.com.br/v2/ebooks/pdf/00069.pdf

6 O Barroco Na Contemporaneidade Brasileira


O barroco pegou tanta a brasilidade que podemos encontrar até hoje
muitas peculiaridade dentro de nossas artes atuais. Vamos ter a influência do
barroco em todas as nossas artes, a primeira manifestação de nossa cultura em
artes vai se sobrepor até hoje, comas suas influencias e beleza. Vou destacar
essa influência na arquitetura, música, festas religiosas e profanas.

Nenhum período da história da arte tem sido, como o do barroco,


aquinhoado nas últimas décadas com um tão amplo e diversificado
interesse crítico. Após quase dois séculos de incompreensão e
desapreço, em que experimentou até mesmo a sorte adversa de ver
converte-se em excentricidadade, para os padrões de gostos
vigentes por todo esse tempo, os elementos de estilo que e
representam a sua própria feição de plenitude criativa, o barroco
retoma criticamente o lugar que lhe é devido no processo de
evolução das formas artísticas (...) a obra do artista barroco deixa,
34

por essa via, a condição de mero objeto da atenção erudita, para


constituir – se em tema vivo da cultura. (Ávila Affoso I, 1928, p, 11
e 12)

Hoje muitas construções arquitetônicas vão ter a influência do barroco em


suas estruturas, a arquitetura colonial vai ser o marco para a atual arquitetura.
Nas construções de Oscar Niemeyer vamos perceber muita a influência do
barroco:

Imagem 9: Igreja de são Francisco de Assis em belo horizonte – Mina gerais


Disponível em: https://casavogue.globo.com/Arquitetura/noticia/2012/12/oscar-niemeyer-15-
maiores-obras.html
A igreja de são Francisco de Assis vai ser a representação maior das
características do barroco e uma delas que vão se sobressair é as curvas e a
geometria assimétrica, Oscar Niemeyer, vai se inspirar na arte colonial para
projetar essa arquitetura belíssima de Belo Horizonte, É considerada a obra-
prima do conjunto. Oscar Niemeyer vai ousar nessa construção, abandonando a
laje sobre colunas e criando uma abóbada parabólica em concreto. A abóbada
na capela da Pampulha seria ao mesmo estrutura e fechamento, eliminando a
necessidade de alvenarias. Inicia aquilo que seria a diretriz de toda a sua obra:
uma arquitetura onde será preponderante a plasticidade da estrutura de concreto
armado, em formas ousadas, inusitadas e marcantes, características fortíssimas,
as igrejas barroca também se caracterizam por associar a arquitetura sempre
35

com a escultura e pintura essa constante se perceberá na construção da


Pampulha, as pinturas com a releitura de Cândido Portinari da azulejaria.

Imagem 10: Igreja de são Francisco de Assis em belo horizonte – Mina gerais
Disponível em: http://www.mochilinhagaucha.com.br/2013/05/igreja-da-pampulha-belo-
horizonte.html

Imagem 11:igreja de são Miguel arcanjo em vila de Beja, distrito de Abaetetuba no Pará.
Disponível em: http://anajuliacarepa13.blogspot.com/2011/09/minha-ida-ao-cirio-da-vila-de-
beja.html
36

A igreja de são Miguel arcanjo vai ter uma influência muito forte da
arquitetura barroca, nela vamos ter a presença das torre, do frontão, das curvas,
a faixada muito parecida com a barroca, principalmente o frontão como foi dito e
as portas em curvas e a presença das duas travessas. A igreja foi construída
inicialmente por padres capuchinhos, porém só foi inaugurada 1884 por padres
jesuítas o distrito de Beja é mais antigo que a cidade de Abaetetuba, no início da
evangelização, a maioria da população era de indígenas e ex- escravos, que
forma um dos construtores braçal, da igreja, a igreja é tombada pelo patrimônio
Histórico

FESTAS
A festa do Triunfo Eucarístico foi realizada com pompa e ostentação, em
25 de maio de 1733, quando o Santíssimo Sacramento foi transferido da igreja
do Rosário para a matriz do Pilar de Vila Rica. Vai expressar a festividade e
alegria celebrando a riqueza do ouro de minas gerais. A festas barrocas, eram
espetáculos visuais: janelas adornadas com colchas de damasco e seda, flores,
alegorias, homens a cavalos luxuosamente vestidos. Já se via nela a
integralização das culturas, onde crianças mulatas saiam vestidas com riqueza
e requinte, tentando passar que todos participavam das riquezas das Minas.

“O primeiro documento impresso de interesse literário a reportar-se


as manifestações de um estilo de vida barroca na sociedade
mineradora do século XVIII é o Triunfo Eucarístico, opúsculo
publicado em Lisboa em 1734. Nele, Simão Ferreira Machado
descreve as festividade que no ano anterior, assinalaram a
inauguração da nova matriz de Nossa Senhora do Pilar, mandada
construir em Vila Rica pelos moradores do bairro de Ouro Preto, e
solene transladação para esse templo da Eucaristia,
temporariamente depositada na igreja de Nossa Senhora do
Rosário (Ávila Affoso II, 1928, P 49 e 50)

Esses tipos de manifestações vão se apresentar em nossos dias e uma


das principais festas religiosas e profanas que podemos destacar é o Círio de
Nossa Senhora de Nazaré em Belém do Pará, nessa procissão vamos ter a
presença do barroco descrita na festa do Triunfo Eucarístico, em outubro de
todos os anos os católicos de todo o Pará, param para ver a passagem de Nossa
Senhora de Nazaré, na passagem da imagem podemos ver as influencias das
37

festas barrocas, onde as pessoas enfeitavam as faixadas de suas casas para


ver a passagem das pessoas que levavam a simbologia católica do corpo de
cristo, no círio de Nazaré o espetáculo é a berlinda cheia de pompa e exagero
de ornamentos com ramos de flores, e a santa toda luxuosa e exuberante com
seu manto, que todo ano muda conforme o tema do círio, muito parecido com os
santos de roca.

Imagem: 12 Retirada de Nossa Senhora de Nazaré da Berlinda.


Disponível em:http://fundacaohemopa.blogspot.com/2010/10/cirio-de-nazare-fe-e-devocao.html

“Para quem longe do olhar do crítico ou do historiado da arte, se


cerca de fenômenos artísticos no interior da história da cultura no
Brasil, mais do que como um estilo arte o barroco se impõe como
um fato de civilização. Para além das periodizações canônicas
confinam em limites temporais razoavelmente determinados, ao
mesmo tempo em que insistem sobre suas variantes de época,
locais e sociais(...)” (Maluf Marcia, 2001, P. 01)

Outra grande representação da cultura popular brasileira, que podemos


destacar que tem bastante a influência das festas coloniais é o maracatu. É um
ritmo musical, dança e ritual de sincretismo religioso com origem no estado
brasileiro de Pernambuco, vai se manifestar em duas vertentes; Maracatu Nação
ou Maracatu de Baque Virado.
Um dos maracatus mais antigos é o Maracatu Elefante, fundado em 15 de
novembro de 1800 no Recife pelo escravo Manuel Santiago após sua insurreição
contra a direção do Maracatu Brilhante. A escolha do elefante como nome e
símbolo da agremiação deveu-se ao fato deste animal ser protegido por Oxalá,
um dos muitos orixás do candomblé. Uma das peculiaridades deste maracatu é
o costume de conduzir três calungas (bonecas negras) ao invés de duas como
38

é comum aos outros maracatus. São elas: Dona Leopoldina, Dom Luís e Dona
Emília, que representam os orixás Iansã, Xangô e Oxum, respectivamente. Outra
característica singular do Nação Elefante é o fato de ter sido o primeiro a ser
conduzido por uma matriarca, pois até então os maracatus sempre tinham sido
regidos por uma figura masculina.
Os cortejos de maracatu são uma tentativa de refletir as antigas cortes
africanas, que ao serem conquistados e vendidos como escravos trouxeram
suas raízes e mantiveram seus títulos de nobreza, para o Brasil. O cortejo é
composto por uma bandeira ou estandarte abrindo as alas. Logo atrás, segue a
dama do paço, que carrega a mística calunga, representando todas as entidades
espirituais do grupo. Atrás dela, seguem as Yabás (popularmente chamadas de
baianas) e, pouco depois, a corte, o rei e a rainha dos maracatus. Os títulos de
rei e rainha são passados de forma hereditária. Essa ala representa a nobreza
da Nação. De cada lado seguem as escravas ou catirinas, normalmente jovens,
que usam vestimentas de chitão19.
Mantendo o ritmo do desfile, seguem os batuqueiros. Os instrumentos são
diversos: alfaias, que são tambores, caixas ou taróis, ganzás e abês, esses
conduzidos por mulheres que vão à frente desse grupo e que fazem, do seu
toque, um show a parte.

A festa maior colonial, fazendo confluir, numa só imagem coletiva,


as desinências culturais do sagrado e profano, (...) da miscigenação
e do sincretismo místico que alimentaria, pujança tropical e
dionisíaca, a resistência das classes dominadas contra a coerção
de uma estrutura perversa que se consolidaria na sociedade
brasileira. Anulando, com a cenarização da vida social em rua
aberta e democrática, a distância entre o proprietário das minas e a
camada social negra ou mestiça, as barreiras entre a “casa grande
e a senzala”, o congraçamento festivo do Triunfo Eucarístico nos
prepara para entendermos a contradição brasileira e para
apreender, para além dela, a lição moderna de liberdade(...) (Ávila
Affoso I, 1928, p. 180)

O maracatu vai ser uma das maiores influências da cultura e religiosidade


de nosso país, vamos ter a mistura do religioso, profano características muito
fortes do barroco e uma das peculiaridade do maracatu é o sincretismo religioso
e cultural, onde nós vamos ter como a representação da família real luso-

19
Estampada de ramagens grandes.
39

brasileira e de orixás pertencentes a cultura afro- brasileira, ainda misturando -


se com as divindades da cultura indígena, esse entrelaçamento de culturas vai
resplandecer essa arte, esse movimento sócio- cultural que nos enche de
orgulho e pertencimento de que é nosso.

Imagem 13: cortejo de maracatu


Disponível em: http://maracatu.org.br/o-maracatu/breve-historia/

MÚSICA

Em nossos dias muitas das nossa músicas vão ter uma forte influência da
poesia barroca, principalmente a poesia de Gregório de matos. Em seu disco
Transa, lançado em 1972, Caetano vai musicalizar um poema de Gregório de
Matos, o que implica no ato antropofágico e na intercomunicação entre os
artistas de ontem e hoje.
As aproximações entre o homem de hoje e o Barroco vão além de
uma simples sintonia de sensibilidade, motivada pelo recurso a
formas afins de expressão estética. A identidade com o Barroco,
ainda que revelada mais obviamente no plano da atitude artística,
transcende, a nosso ver, a uma questão de similaridade de
linguagem, de forma, de ritmo, para refletir de modo mais profundo
uma bem semelhante tensão existencial. O homem Barroco e o do
século XX são um único e mesmo homem agônico, perplexo,
dilemático, dilacerado entre a consciência de um mundo novo –
ontem revelado pelas grandes navegações e as ideias do
humanismo, hoje pela conquista do espaço e os avanços da técnica
– e as peias de uma estrutura anacrônica que o aliena das novas
evidências da realidade – ontem a contrarreforma, a inquisição, o
absolutismo, hoje o risco da guerra nuclear, o subdesenvolvimento
das nações pobres, o sistema cruel das sociedades altamente
industrializadas vivendo aguda e angustiosamente sob a órbita do
40

medo, da insegurança, da instabilidade, tanto o artista Barroco


como o moderno exprimem dramaticamente o seu instante social e
existencial, fazendo com que a arte também assume formas
agônicas, perplexas, dilemáticas.(Affonso Ávila, 1928, p. 21-22)

“Triste Bahia” é um daqueles poemas que, a começar pelo primeiro


conjunto de palavras, traz um novo olhar sobre a cidade, num campo de visão
que se distancia mas também se aproxima. Ancorado na questão do comércio
de açúcar na Bahia, o poema vai se desenrolando como um descenso que parte
da riqueza para a pobreza, do elogio para o escárnio. Vê-se um Gregório de
Matos indignado com o comércio exercido pelos portugueses em terras baianas;
critica o mesmo exercício feito desde o descobrimento daquelas terras, a troca
das riquezas brasileiras por migalhas:

Triste Bahia! Oh quão dessemelhante


Estás, e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vejo eu já, tu a mim abundante.

A ti tocou-te a máquina mercante,


Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado
Tanto negócio, e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente


Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sangaz Brichote.

Oh se quisera Deus, que de repente


Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!
(Gregório de Matos Guerra)

Triste Bahia! Ó quão dessemelhante


Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado,
Rica te vejo eu já, tu a mim abundante.
Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
41

a ti tocou-te a máquina mercante,


que em tua larga barra tem entrado,
a mim vem me trocando, e tem trocado,
tanto negócio e tanto negociante.

Triste, ó quão dessemelhante, triste...


pastinha já foi à áfrica,
pastinha já foi à áfrica
pra mostrar capoeira do Brasil.
Eu já vivo tão cansado
de viver aqui na terra.
(Caetano Veloso)
Disponível em:https://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/triste-bahia.html

Araripe Júnior (1910) afirma que, embora não podendo provar a influência
de Gregório por via documentária, é incontestável que essa influência seja
percebida pela imitação de seu modo de poetar. Nos remete que em toda a
literatura Brasileira vamos ter a influência de algum escrito de Gregório. Caetano
Veloso vai figurar como um desses amantes da poesia de Gregório Caetano sob
influência de Gregório, vai compor um disco inspirado em Triste Bahia,
confirmando a afirmação de Araripe (1910), transpassa as gerações, está no
ontem mas também no hoje, iluminando os artistas de nossa contemporaneidade
Acima esta parte da música de Caetano Veloso que vai expor assim como
Gregório a crítica social do governo para com os moradores da Bahia, vai expor
em sua música a cultura baiana, fazendo referência aos ritmos da cultura da
Bahia, que tem muita característica africana e ao mesmo tempo fazendo
referências a Maria, ou talvez a Iemanjá, essa mistura de cultura sincrética revela
a dimensão que é a arte barroca, que vai do sagrado ao profano de Gregório a
Caetano.
Outra música que vai ter toda essa mistura de barroco e atualidade é a
música Brasís de Seu Jorge, nela vamos ter a interpretação do artista em vários
tipos de “Brasis” vai ter essa ardência do barroco brasileiro, a mistura das
culturas africanas, europeias e indígenas, vamos ter o jogo de ideia alegórica, a
antítese vai está muito presente, nesse jogo de coisa boas e ruins, de rico e
pobre, de negro e branco, de índio e branco, vai retratar a sátira da grande
diferença social do brasil.
42

Tem um Brasil que é próspero


outro não muda
Um Brasil que investe
outro que suga
um de sunga
outro de gravata
tem um que faz amor
e tem o outro que mata

Brasil do ouro, Brasil da prata


Brasil do Balacouchê, da mulata

Tem o Brasil que é lindo


outro que fede
o Brasil que dá
é igualzinho ao que pede

Pede paz, saúde, trabalho e dinheiro


Pede pelas crianças do país inteiro

Tem um Brasil que soca


outro que apanha
um Brasil que saca
outro que chuta
Perde e ganha, sobe e desce
Vai à luta, bate bola
porém não vai a escola
Brasil de cobre, Brasil de lata

É negro, é branco, é nissei


é verde, é indio peladão
é mameluco, é cafuso, é confusão

Oh Pindorama quero seu Porto Seguro


Suas palmeiras, suas pêras, seu café
suas riquezas, praias, cachoeiras
quero ver o seu povo de cabeça em pé
(Seu Jorge)
Disponível em: https://www.vagalume.com.br/seu-jorge/brasis.html
43

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em decorrência de tudo que foi discutido neste artigo, tivemos bons


resultados os quais nos permitiram concluir com presteza e objetividade, a
importância da identidade brasileira para a arte Barroca. Entendemos que o
Barroco é libertação do espaço, é libertação mental das regras dos tratadistas,
das convenções, da geometria elementar. É libertação da simetria, do
perfeccionismo clássico, da antítese entre espaço interior e exterior. Nesta
vontade de libertação, o barroco assume um significado do estado psicológico
de liberdade e de uma atitude criativa liberta de preconceitos intelectuais e
formais. O Barroco não é apenas um estilo de arte, mas um estilo de vida, o
despertar da identidade do homem. No Brasil ele vai se aflorar mais ainda, o
artista Barroco brasileiro vai pegar essa arte e colocar todos os elementos que
mais marcam nossa identificação como brasileiros, como negros, brancos e
índios, é no barroco que o brasileiro vai se descobrir como sociedade, como
nação, é no barroco que vamos nos conhecer, fazer nossa história acontecer, o
artista barroco não vai apenas desenhar, esculpir, talhar, poetizar. Ele vai
estabelecer uma nova forma de ver a arte, de usar a arte para refletir não só seu
estado de espirito e angustia, mas sim suas identidades e contexto- sociocultural.
Vimos que o Barroco Brasileiro vai ser conhecido como Ardente porque
vai incorporar dentro das artes as raízes o espirito, a cor do brasileiro, vai
transportar a cultura pra dentro da arte.
44

8 REFERÊNCIAS:
ARARIPE JUNIOR, T. de A. Obra Critica de Araripe Júnior. (Dir., de A.
Coutinho) 1ª. Ed. Rio de Janeiro: Casa de Rui Barbosa: MEC, 1958:I; 1960: II;
1963: III 1970: V.

ARARIPE JÚNIOR, T. A. Gregório de Mattos. 2. ed. Rio de Janeiro; Paris:


Livraria Garnier Irmãos, 1910 (Literatura Brazileira).

ÁVILA, Affonso, O Lúdico e as Projeções do Mundo Barroco I. Editora


perspectiva, 1928 – São Paulo.

ÁVILA, Affonso, O Lúdico e as Projeções do Mundo Barroco II. Editora


perspectiva, 1928 – São Paulo

BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura brasileira. 36 ed. São Paulo:


Cultrix,1999.

CANDIDO, Antônio. Formação da Literatura brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia


Ltda., 2000.

CASIMIRO, Ana Palmira. A redescoberta do Barroco Brasileiro e os desafios


da pesquisa em um arquivo colonial, 2018.

COUTINHO, Afrânio. Conceito de Literatura brasileira. Petrópolis: Vozes,


1981.

COUTINHO, Afranio.(Org.) A literatura no Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio,


1986.

PRIORE, Mary del Histórias da gente brasileira: volume 1: colônia / Mary del
Priore. – São Paulo : LeYa, 2016.
45

GILBERTO FREYRE, 1933. Casa- Grande & Senzala (Formação da Família


Brasileira sob o regime de Economia Patriarcal). Rio de Janeiro: maia &
Smith. 517 p. – São Paulo: Editora Record, 2000, 39ª ed.

MALUF, Marcia, 2001, O Aspecto Barroco das Festas Populares; REVISTA


OLHAR, ANO 03. Nº 5-6. JAN-DEZ 2001

REDIES, Amarildo. Delimitação estética e histórica de Barroco, 2007.

SERGIO BUARQUE DE HOLANDA, 1936. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro:


José Olímpio.

ROCHA, Sebastião Pita, Historia da America Portugueza, desde o ano de mil


e quinhentos do seu descobrimento, até o de mil e setecentos e vinte e quatro
(Lisboa: Officina de Joseph Antonio da Silva, Impressor da Academia Real,
1730).
http://www.culturapara.art.br/museus_galerias.htm

http://maracatu.org.br/o-maracatu/breve-historia/

http://www.naldoaraujo.blogspot.com/2009/09/ sao-miguel- arcanjo.html? m =1

Você também pode gostar