Me 6863272 Cor
Me 6863272 Cor
Me 6863272 Cor
Pirassununga
2014
LUCIANA CRISTINA MACHADO
Pirassununga
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
DEDICO
Pai Nosso
(uma tradução do aramaico)
Faça sua luz brilhar dentro de nós, para que possamos torna-la útil
Faça-nos sentir a alma da Terra dentro de nós e a sabedoria que existe em tudo
Amém.
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos a DEUS acima de tudo, por me conceder esta preciosa
oportunidade, a todos os meus familiares, ao meu esposo Edílson José Guerra “Strangneurus
ranni”, verdadeiro idealizador do “Nariz de Ouro”, por todas as conversas “inúteis”, porém,
Martins da Silva (Doutorando), Heber Peleg Cornelio Santiago (Mestrando - Peru), Mirelle
Dogenski (Mestre), Paola Aparecida Maressa de Oliveira (Mestre), Robson Humberto Rosa
(Mestrando), Samira Souza Melo (Mestre), Alessandra Barros Verde (Iniciação Científica),
Ana Carolina Velho (Iniciação Científica), Camila Marques da Costa (Iniciação Científica),
Nieves (Estagiária – Colômbia), Luiz Tadeu Bertoldi (Iniciação Científica), Maria Villegas
pesquisa (e também por ser a patrocinadora oficial do meu fusquinha 1981!); Aos meus
colegas de trabalho Atanásio Serafim Vidane, Fábio Sérgio Cury, Paloma da Silva Reimberg
Animais Domésticos, me dando o suporte necessário para escrever esta dissertação, bem
como agradecer aos meus superiores diretos: Prof. Dr. Carlos Eduardo Ambrósio (Caju) e
Prof. Dr. Flávio Vieira Meirelles, por toda a colaboração e, acima de tudo, por
limpeza – Laboratório de Anatomia dos Animais Domésticos), cuja simpatia tornou meus
dias mais agradáveis; Aos amigos Volnei Brito e Julio Rafael Pelissari, que
decorrer desta jornada: Nero (Puma concolor), Sheetara (Leopardus tigrinus), Anubis
(Hypsiboas faber), Hazel (Felis catus), Dolly (Canis familiaris), Pandora (Canis familiaris),
se torna possível”.
Autor desconhecido
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo a utilização da tecnologia que emprega CO2 em estado
solutos sólidos, mas não tem sido aplicada na encapsulação de óleos essenciais. Os
estáveis. Foram utilizados nesta pesquisa, polímeros que são, normalmente, utilizados no
óleos essenciais encapsulados nestes materiais e ainda manter o custo do produto já que
polissacarídeos tem, relativamente, baixo valor comercial, quando comparado aos polímeros
que são empregados nos estudos que usam estes processos. Ensaios preliminares foram
Gum Ultra®, (gentilmente cedidos pela Corn Products, atual Ingredion Incorporated, Mogi
Guaçu, SP, BR) no intuito de selecionar o material de parede mais apropriado para a
de fluorescência confocal a laser) especialmente para Purity Gum Ultra®, a qual apresentou
comportamento desejável como estabilidade da dispersão preliminar e morfologia, em
definitivamente a eficiência da Purity Gum Ultra® como polímero mais apropriado como
agente encapsulante, e com isso foi demonstrada a eficiência da técnica proposta para esta
significativos na retenção do limoneno com até 86% quando a suspensão foi preparada
utilizando etanol (EtOH) e lecitina de soja como surfactante, sendo um relevante indicativo
utiliza CO2 supercrítico é considerado como “tecnologia limpa”, aliado a este solvente ser
além do emprego de baixa temperatura no processo (50 - 60o C), não houve necessidade do
This study aimed to use the technology that employs CO2 in supercritical state to study
supercritical technology has been used in impregnating particles, mostly of solid solutes, but
has not been applied to the encapsulation of essential oils. The studied processes RESS
in Saturated Gas) involving low temperatures, not allowing degradation of volatile and
polymers that are normally used in the conventional process of "aroma powder” were used
in this study. Even though it is insoluble or partially soluble in supercritical CO2 proven in
order to take advantage of the stability studies of encapsulated essential oils in these
materials and still keep the cost of the product as polysaccharides have relatively low value
when compared to the polymers that are employed in studies using these processes.
Preliminary tests were performed with different polymers : modified starch, dextrin,
maltodextrin and Purity Gum Ultra ® , ( kindly provided by Corn Products , Current
Ingredion Incorporated , Mogi , SP , BR ) in order to select the most appropriate material for
showed that there was possible impregnation and microencapsulation of limonene , observed
and recorded through analysis of microscopy (optical , electron and confocal) especially for
Purity Gum Ultra ® , which showed desirable behavior such as dispersion and stability of
primary morphology compared to other polysaccharides tested (dextrin, modified starch and
Ultra ® as the most appropriate polymer as agent encapsulating and it has been
demonstrated the efficiency of the proposed technique for this purpose. The technique
of up to 86% when the suspension was prepared using ethanol (EtOH) and soy lecithin as
that uses CO2 supercritical is considered “clean technology " due to the low toxicity of CO2
besides this solvent is considered abundant , inexpensive and environmentally safe . In this
study it was found that, in addition to using low temperature process ( 50 - 60º C ) , there
Figura 1. Esquema que representa o estado supercrítico para uma substância pura. (Fonte:
BRUNNER, 2005)................................................................................................................29
Figura 10. Curva padrão de limoneno para cálculo da concentração dos produtos extraídos
das partículas........................................................................................................................56
Figura 11. Reator ou vaso de dissolução com agitador e visor de safira onde se observam o
comportamento da mistura em contato com o CO2 supercrítico..........................................58
Figura 12. Separação de fases das dispersões preparadas com amido modificado, dextrina,
Purity Gum Ultra® e maltodextrina em EtOH hidratado em diferentes
proporções............................................................................................................................61
Figura 13. Estrutura observada na dispersão de Purity Gum Ultra® (EtOH a 85%) através
de microscópio óptico acoplado a câmera digital (aumento de 100
x)...........................................................................................................................................62
Figura 14. Visor de safira do vaso de mistura, no qual se observa visualmente a mudança
de fase no processo...............................................................................................................64
Figura 15. MEV do amido modificado puro sem tratamento e após diferentes condições de
P e T do CO2 supercrítico no PGSS (aumento de 1000 x)...................................................65
Figura 16. MEV da dextrina pura sem tratamento e após diferentes condições de P e T do
CO2 supercrítico no PGSS (aumento de 1000x)...................................................................66
Figura 17. MEV da Purity Gum Ultra® pura sem tratamento e após diferentes condições
de P e T do CO2 supercrítico no PGSS (aumento de 1000x)...............................................67
Figura 18. MEV da maltodextrina pura sem tratamento e após diferentes condições de P e
T do CO2 supercrítico no PGSS (aumento de 1000x)..........................................................68
Figura 19. Estabilidade das dispersões de Purity Gum Ultra® e amido modificado
utilizando EtOH em diferentes proporções de hidratação (92,8% e 85%)...........................70
Figura 22. MEV em amostras de partículas formadas via PGSS que utilizaram amido
modificado como material de parede limoneno como núcleo, EtOH hidratado a 92,8% e
CO2 supercrítico (60oC e 120 bar) como solventes..............................................................74
Figura 23. MEV em amostras de partículas formadas via PGSS que utilizaram Purity Gum
Ultra® como material de parede, limoneno como núcleo, EtOH e CO2 supercrítico (60oC e
120 bar).................................................................................................................................76
Figura 24. MEV em amostras de partículas formadas via PGSS que utilizaram Purity Gum
Ultra® como material de parede, limoneno como núcleo e CO2 supercrítico (60oC e 120
bar) como solvente, aumentado em 100 e 600x...................................................................77
Figura 31. Micrografias confocal em micropartículas de Purity Gum Ultra® obtidas via
PGSS com o fluoróforo isotiocianato de fluoresceína em sua composição; A: partículas de
Purity Gum Ultra® obtidas via RESS/PGSS com limoneno, lecitina de soja, TIXOSIL®
com EtOH 85% e CO2 supercrítico (60oC e 120 bar) como solvente; B: partículas de Purity
Gum Ultra® obtidas via PGSS com limoneno, lecitina de soja, TIXOSIL® com EtOH
99,9% e CO2 supercrítico (60oC e 120 bar) como
solvente.................................................................................................................................85
Figura 32. Cromatogramas de Íons Totais (TIC) do etanol utilizado na lavagem das
microcápsulas para remoção do limoneno aderido. Microcápsulas de Purity Gum Ultra®
utilizando EtOH 85% na suspensão () e EtOH 99,9% ()..............................................87
Figura 34. Sobreposição dos Cromatogramas de Íons Totais (TIC) dos produtos de
hidrodestilação por extrator de Clevenger provenientes das microcápsulas de Purity Gum
Ultra® formadas em suspensão de EtOH 85% na suspensão () e EtOH 99,9%
().......................................................................................................................................90
Figura 35. Observação do diâmetro das partículas (em µm) através de análise de
distribuição do tamanho das partículas em amostras de Purity Gum Ultra® sem tratamento
(A), EtOH 85% (B) e EtOH 99,9%
(C).........................................................................................................................................94
1.INTRODUÇÃO 22
2. REVISÃO DE LITERATURA 29
2.1. Fluido Supercrítico 29
2.2. RESS (Rapid Expansion of Supercritical Solutions) 31
2.3. PGSS (Particles from Gas Saturated Solution or Suspension) 34
2.4. Polissacarídeos 35
2.4.1. Maltodextrina 36
2.4.3. Dextrina 38
3 OBJETIVOS 44
3.1. Objetivo geral 44
3.2.Objetivos específicos 44
4. MATERIAIS E MÉTODOS 46
4.1 Materiais 46
4.2 Métodos 46
4.2.1 Mistura e homogeneização das dispersões 46
4.2.2 Microencapsulação 48
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 58
5.1 Ensaios Preliminares 58
5.2. Formação de partículas via PGSS 71
5.3. Microscopia de varredura Confocal 78
5.4. Determinação do teor de Limoneno microencapsulado e caracterização do produto de
extração pela análise da composição volátil por GC/MS 85
5.5. Análise de distribuição do tamanho das partículas 93
5.6. Estudo térmico por DSC 95
6. CONCLUSÕES 100
1. INTRODUÇÃO
tecnologia empregada.
cooling, spray chilling, microencapsulação por extrusão, secagem por leito fluidizado,
coacervação), existe uma que vem sendo recentemente estudada, demonstrando resultados
processos, os que utilizam o CO2 supercrítico como solvente têm sido os mais empregados,
taxas de transferência de massa, além de ser um solvente com baixa toxicidade, abundante e
barato. Fluidos supercríticos têm sido utilizados para encapsular materiais termossensíveis
aplicáveis. A maior vantagem deste processo sobre o spray drying é a ausência de água, pois
o componente que será encapsulado não precisa estar disperso em uma solução aquosa e
A tecnologia supercrítica (TS) é uma poderosa técnica que vem sendo utilizada nos
estudos têm sido feitos recentemente para se descobrir novas aplicações industriais para essa
tecnologia. Vem sendo aplicada na produção industrial de café, chá e sementes de guaraná
O ponto crítico (PC) de cada substância é caracterizado por sua temperatura, pressão e
um líquido o que melhora sua função como solvente. Sua densidade relativamente alta provê
um bom poder de solubilização, enquanto que sua viscosidade relativamente baixa e sua alta
compostos com baixa polaridade. A forte dependência da solubilidade com a pressão (P) e
temperatura (T) é um fenômeno crucial explorado nos processos que empregam fluidos
supercríticos. Mudanças pequenas nos seus valores promovem grandes variações nas
(densidade, condutividade térmica, por exemplo) e por isso estas variáveis são diretamente
relacionadas com o processo. Demais variáveis tais como a geometria do leito, o número de
pode ser um ingrediente ativo de interesse como também um componente indesejável que
Diversos fluidos têm sido explorados como solventes para TS. Alguns deles são
às suas inúmeras vantagens frente aos outros. Seu ponto crítico, 31,06 o C e 73,8 bar, possui
valores relativamente baixos, o que também o faz ideal para processos que envolvem
compostos termossensíveis. O CO2 não deixa resíduos no extrato uma vez que ele é um gás
em condições ambientes. Além disso, a energia requerida para alcançar o estado supercrítico
com o CO2 é frequentemente menor do que a energia associada com o método convencional
Jung & Perrut (2001) e Yeo & Kiran (2005) descrevem as metodologias empregadas no
estudo de formação de partículas pelo emprego de fluido supercrítico e suas mais variadas
aplicações. Adotando as nomenclaturas apresentadas por estes autores, alguns dos principais
processos que têm sido empregados são o RESS (Rapid Expansion of Supercritical
(unidade de precipitação), fazendo com que cause uma nucleação extremamente rápida em
forma de pequenas partículas ou fibras e filmes quando a aspersão é direcionada sobre uma
superfície. A morfologia das cápsulas formadas irá depender da estrutura do material e dos
Outra técnica que pode ser aplicada na encapsulação por meio de CO2 supercrítico
líquido ou uma mistura liquefeita, seguido por uma rápida despressurização através de um
26
resulta na formação de partículas (YEO & KIRAN, 2005). Soluções aquosas também
podem ser processadas por PGSS; neste caso, a solução contendo o soluto será saturada
água e materiais inorgânicos podem ser geradas desta maneira (FAGES et al., 2004).
Uma característica especial do PGSS é que, além de ser útil na produção de partículas
supercrítico e de polímero sob elevada pressão, seguido pela despressurização rápida, pode
ser aplicada com sucesso para incorporar ingredientes ativos em partículas poliméricas
estudadas com intuito de se obter cápsulas contendo o material. O processo RESS foi
o CO2 supercrítico, como foi para a Purity Gum Ultra ou o amido modificado. Para os
que o óleo essencial se mantenha na cápsula e não seja solubilizado pelo CO2 em estado
supercrítico, optou-se por utilizar o limoneno como modelo já que é abundante, com custo
2.Revisão de
Literatura
29
2. REVISÃO DE LITERATURA
deste ponto existe a região supercrítica, sendo que as variações das propriedades
termodinâmicas nesta região podem ser intensas, causando diferentes efeitos em solutos e
Figura 1. Esquema que representa o estado supercrítico para uma substância pura. (Fonte:
BRUNNER, 2005).
solutos nos fluidos supercríticos tendem a ser maior que em solventes líquidos (GIBBS et
al., 1999) (Tabela 2). Dentre estes, o dióxido de carbono se destaca por ter temperatura
crítica relativamente baixa (31ºC), podendo ser empregado em processos nos quais se
Citando essas vantagens, Sutter et al., (1994), refere-se ao processo como “tecnologia
30
natural”, e justifica o uso do termo pela obtenção de extratos de alta qualidade, desprovidos
de resíduos tóxicos.
Gás
P=1 atm, T=15-30°C (0,6-2,0) x10-3 0,1-0,4 (0,6-2,0)x10-4
Liquido
P=1 atm, T=15-30°C 0,6-1,6 (0,2-2,0)x10-5 (0,2-3,0)x10-2
Fluido supercrítico
P≈Pc, T≈Tc 0,2-0,5 0,7x10-3 (1-3)x10-4
P≈4Pc, T≈Tc 0,4-0,9 0,2x10-3 (3-9)x10-4
Fonte: BRUNNER, 2005.
campos, tais como aplicações em alimentos, essas demandas são refletidas nas mudanças na
legislação, que se tornaram mais restritivas, com respeito à aplicação de produtos químicos
ser uma alternativa para a obtenção de microcápsulas com substâncias que necessitam de
previamente formadas como material de suporte. Desta maneira, é mais fácil de controlar as
propriedades do produto final, uma vez que a formação das partículas do material de suporte
partículas finas com uma distribuição de tamanhos estreita além da vasta gama de materiais
CO2 cita-se nos últimos anos vários estudos com otimização de processos de extração
(MARTÍN & COCCERO, 2012; POURASGHAR et al., 2012; STEVANUS et al., 2014), na
2012; YU et al., 2012) e outras aplicações (TURK & BOLTEN, 2010; ROMER &
solventes orgânicos compostas por drogas carregadas por polímeros para a liberação
técnicas de redução de tamanho convencionais, tais como moagem e trituração, podem levar
pequenas partículas. Além disso, a redução da pressão é uma perturbação mecânica que
características distintas do processo RESS, que pode ser projetado para produzir partículas
mecanicamente (por expansão rápida) (Figura 2), ao invés de termicamente como ocorre no
solvente. A utilização de solventes, com uma temperatura crítica moderada (por exemplo, o
possibilita a aplicação desta técnica para uma grande variedade de materiais (CHANG &
ORIEL, 1994).
realizados, como a precipitação de polímeros puros, partículas de polímeros com drogas para
suspensão de substrato (s) em um solvente, seguido de uma expansão rápida, com pressões
formadas (JUNG & PERRUT, 2001). Este processo não exige que o transportador ou o
fluido supercrítico deve ser altamente solúvel na fase líquida, o que torna o processo
adequado para polímeros, que geralmente absorvem uma grande quantidade de CO2. O
processo PGSS também pode ser utilizado com suspensões de substratos ativos em um
vasta aplicação, uma vez que a solubilidade de gases comprimidos em líquidos e sólidos é
2.4. Polissacarídeos
natureza sob as mais diversas formas, exercendo diferentes funções. Muitas vezes, podem
ser extraídos das raízes, dos tubérculos, dos caules e das sementes de produtos vegetais, nos
quais atuam como reserva de energia – como é o caso do amido, da inulina e dos
vegetais, onde contribuem para a integridade estrutural e para a força mecânica, formando
redes hidratadas tridimensionais – como é o caso das pectinas, em plantas terrestres, e das
mesmo os aromas mais delicados. Quando uma mistura é dissolvida para o preparo final do
produto, os aromas aprisionados nas microcápsulas são liberados (STEPHEN & CHURMS,
2.4.1. Maltodextrina
obtido da hidrólise do milho deve apresentar um valor de dextrose equivalente (DE) <20. Se
milho sólido (SHAHIDI & HAN, 1993). Segundo Ré (1998), amidos hidrolisados como
de ingredientes alimentícios, por spray drying, devido a sua solubilidade em fase aquosa e
baixa viscosidade.
emulsificante, por isso quando utilizados como agentes encapsulantes durante processos de
encapsulação por spray drying normalmente não apresentam boa retenção de componentes
voláteis. A razão atribuída à pobre retenção por esses agentes encapsulantes é a inabilidade
material ativo para efetivamente retê-lo durante o processo, enquanto a mesma perde água
O amido é um material abundante e barato. Por outro lado, a viscosidade das soluções
de amido é geralmente alta demais para a maior parte dos processos de encapsulação. Além
disso, o amido não possui grupos hidrofóbicos, não exercendo, portanto, praticamente
nenhum efeito estabilizante nas dispersões, a não ser pelo aumento da viscosidade
(REINECCIUS, 1991).
capacidade encontrada deste carboidrato ocorre devido à sua fração amilase, que é capaz de
Entretanto, devido à sua natureza hidrofílica, o amido e seus hidrolisados não possuem
que vem sendo desenvolvida há algum tempo com o objetivo de superar as limitações dos
amidos nativos e assim aumentar a utilidade e aplicabilidade deste polímero pelas indústrias.
géis e a adesividade; melhorar a textura das pastas ou géis e a formação de filmes; adicionar
ser modificado quimicamente por meio de hidrólise parcial, o que acontece quando há
reação do agente hidrofóbico com o CO2 sob condições pré-determinadas de temperatura (T)
e pressão (P). Com isso, o amido é atraído para a interface óleo-água de uma dispersão,
38
podendo assim ser utilizado como agente encapsulante. Um composto comumente utilizado
para ligação ao amido é o octenilsuccinato. O polímero assim produzido tem boa dispersão
1991).
2.4.3. Dextrina
hidrólise do amido. São amplamente empregadas nas indústrias devido à sua baixa
simples com um peso molecular relativamente baixo, que tem diferentes propriedades,
dependendo da sua composição química. Normalmente as dextrinas são secas para que
sejam mais fáceis de manusear e transportar. Como são solúveis em água, é muito fácil
produtos que variam de viscosidade, solubilidade em água fria, cor, conteúdo de redução e
Purity Gum Ultra® é um amido modificado inovador desenvolvido pela Ingredion, que
possui um poder de dispersão muitas vezes superior aos amidos comuns. Ele tem sido mais
39
2012).
(SALGADO, 2007). A lecitina de soja contém fosfatidilcolina, sendo esta uma mistura de
fosfolipídeos naturais constituídos por uma extremidade polar, formados por um grupo
colina, e um grupo fosfato ligados à porção hidrofóbica, duas longas cadeias acílicas de 16 a
22 carbonos, por ligações ésteres com o glicerol (Figura 4). As cadeias acílicas podem
conter uma ou mais insaturações. Devido à estrutura polar-apolar, ou seja, anfifílica, essas
determinadas aplicações esses produtos requerem graus de pureza específicos. Com esta
40
desenvolvida nas últimas décadas, originando muitas patentes e publicações (Zhang et al.,
2.6. Limoneno
insaturação e uma undade metil alílica exocíclica. O limoneno é um líquido com odor de
limão e, é uma substância sensível a degradação, como por exemplo, a luz e oxigênio; sua
A principal fonte natural do limoneno é o óleo essencial de laranja (Citrus sinensis L.),
com teor acima de 90% deste monoterpeno. Outras fontes desta substância são o óleo de
limão e o óleo de lima (BAUER & GARBE, 1985). Quanto ao processo de oxidação que
pode ocorrer no limoneno, existem vários estudos na literatura. Westing et al. (1988)
observaram que a concentração de 1,2 – epóxido de limoneno e carvona podem ser bons
oxidação sensorialmente. Desta forma, essa concentração estabelece o fim da vida útil para o
Substâncias como o álcool perílico, aldeído e ácido perílico são naturalmente formados,
em pequenas quantidades, em óleo de limão e óleo “perilla”, portanto não servem como
indicadores de oxidação. Por outro lado, são utilizadas como flavorizantes e antimicrobianos
2.7. TIXOSIL®
atende totalmente aos requisitos das mais rígidas regulamentações internacionais. Quando
agentes terapêuticos e pode ser usado tanto em gel transparente quanto em gel colorido,
para secagem com spray e produção de creme dental (RHODIA SOLVAY GROUP, 2013).
3.Objetivos
44
3 OBJETIVOS
parede.
4.Materiais
e
Métodos
46
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Materiais
Incorporated, Mogi Guaçu, SP, Brasil (Figura 5): Maltodextrina, dextrina, amido modificado
Figura 5. Polímeros testados como agente encapsulante (dextrina, amido modificado, Purity
Gum Ultra® e maltodextrina).
4.2 Métodos
agente a ser encapsulado em 10, 20 e 30% do agente encapsulado (limoneno). Esta condição
foi adotada considerando o trabalho de Bertolini (1999), que foi escolhido como parâmetro
47
apresentou em sua constituição 100g de CO2 (80%) e 25g de EtOH, (20%) perfazendo um
total de 100% de solventes. Também se levou em consideração que ao ser acrescido o anti-
adotada (30%), propostos por Bertolini (1999) seria alterada. Dessa forma, esta massa de
EtOH hidratado em diferentes concentrações (99,9%, 92,8%, 85% e 80%). Estas misturas
foram feitas para cada um dos diferentes polímeros (amido modificado, dextrina, Purity
tempo de 3 min, da mesma forma como feito por Bertolini (1999) (Figura 6).
4.2.2 Microencapsulação
from Gas Saturated Solution or Suspension), são constituídos por três etapas básicas. A
partículas estáveis e uniformes fossem formadas, sendo utilizado tanto para o processo
uniformes.
mestrado foi o estudo feito por Bertolini (1999), que analisou a encapsulação e a
(RESS/PGSS).
limoneno e o surfactante. Nesta etapa utilizou-se um microscópio óptico (Bel View 6.2.3.0,
Milan, IT) com câmera digital de 1.3 mega pixels acoplada em objetiva com o aumento de
material de núcleo foram fixadas em lâminas empregando-se óleo de silicone como agente
Kyoto, Japão), a partir da fixação das amostras em um filme dupla face de carbono para
análise, o que possibilitou a observação da morfologia das partículas e sua comparação com
O EDS (Energy Dispersive X Ray Detector, conhecido também como EDX ou EDS) é
feixe de elétrons incide sobre um mineral, os elétrons mais externos dos átomos e os íons
espectro de raios-X. Um detector instalado na câmara de vácuo do MEV mede esta energia
químicos que estão presentes e assim identificar em instantes quais minerais constituem a
O uso em conjunto do EDS com o MEV é de grande importância, uma vez que o MEV
emitida pela luz). O EDS permite imediata identificação da constituição da amostra já que
nas partículas geradas via RESS/PGSS. Os espectros foram obtidos em 30 s com voltagem
profundidade, células, tecidos vivos e tecidos fixados, sem coloração prévia ou não
(Claxton et al., 2005). Nesta técnica, o material é escaneado com uma série de muitos e
estreitos feixes de luz, denominados também de cortes ópticos, sendo as imagens destes
imagens obtidas de planos focais específicos ou cortes ópticos são transferidas para um
O microscópio Confocal utiliza como fonte de luz o laser. Seu sistema óptico é o
em pequenos pontos incididos pelo laser (Alberts et al., 1994). A Figura 8 ilustra o
funcionamento da microscopia eletrônica Confocal, na qual pode ser observada que a luz
emitida pela fonte laser ultrapassa uma pequena abertura incidindo em direção a um
espelho dicroico. A reflexão do laser por este espelho é dirigida em um plano local
de fluorescência que for proveniente de pontos distintos do plano focal (luz fora de foco)
eletrônico Confocal Upright Zeiss Axio Examiner (ZEISS, Jena, GE) com um sistema de
varredura acoplado ZEISS LSM 780, com laser de 405 a 633nm, sendo os de 458, 488 e 514
nm com laser de Argônio; 405, 561, 594 e 633 nm com diodo, do Instituto de Biofotônica
foram testados a 405 nm com UV, 458, 488 e 514 nm com Argônio, 561 nm, 594 nm e 633
nm com diodo (HeNe). O laser a 488 nm foi o utilizado nestas análises por apresentar a
utilizadas para a investigação da estrutura interna das partículas. A detecção foi realizada
700 nm. A metodologia utilizada foi embasada nos estudos de Paramita et al. (2012). As
53
lâminas para microscopia foram preparadas, colocando uma pequena quantidade de amostra
(pó) e recobertas com lamínula. As amostras de Purity Gum Ultra® e de amido modificado
Thermal Analysis, New Castle, USA). Os dados coletados pela análise de DSC foram
dinâmica de ar e de nitrogênio (N2), com vazão de gás da ordem de 45 mL/ min, sob pressão
Clevenger (Figura 9A). Esta técnica teve por objetivo comprovar o aprisionamento do óleo
Para tanto, uma quantidade de 10g de cada amostra de microcápsulas formadas via
por 1 min., a amostra foi filtrada à vácuo. O EtOH permeou pela membrana de filtração
reduzida de 0,22µm (Millipore®, Merck, Darmstadt, GE). Esta solução de EtOH contendo
54
limoneno aderido à superfície das cápsulas foi acondicionada em frasco headspace envolto
GC/MS.
redondo de 500 mL, contendo 150 mL de água desmineralizada (MilliQ®, Darmstadt, GE)
e uma pequena quantidade de esferas de vidro para evitar a formação de espuma durante o
massas da fase leve (contendo o limoneno) em balança analítica (Shimadzu, AUG 220,
2010 Plus, Shimadzu, Tokyo, JP) foi utilizada na quantificação do limoneno encapsulado.
Nesta análise, utilizou-se uma coluna capilar Rtx®-5MS (30 m × 0,25 mm id × 0,25 µm df,
5% difenil/ 95% dimetilpolisiloxano) (Restek, New York, USA) e hélio, como gás de arraste
a uma pressão interna de 60 psi. Injetou-se 5µL do vapor de limoneno formado no frasco de
análise por headspace, o qual foi aquecido em um forno acoplado ao sistema de injeção do
equipamento mantido à 70o C por 10 min, sendo agitado à 250 RPM durante 5s com
intervalos de 2s. A razão de divisão ou razão de split foi de 1: 20. A temperatura do forno foi
regulada de forma a se obter uma rampa linear de 60 a 246°C em uma gradiente de 3°C/min
varredura de massas foi de 50 a 500m/z. O tratamento dos espectros foi feito através do
software GC/MS solutions ver. 2.5, que possui como base de dados às bibliotecas NIST 08 e
NIST 08s.
derivado da lavagem superficial ou removido das cápsulas, foi feita por normalização
1 a 120 mg/g), estas soluções (5 mL) foram acondicionadas em frascos headspace, os quais
56
foram submetidos à 70oC por 10 min sob agitação, como descrito anteriormente. O vapor
gerado (5µL) foi injetado nas mesmas condições de análise das amostras. A área dos picos
do limoneno extraído foi comparada com aquelas das soluções de limoneno, expressas em
A equação gerada pela regressão linear da curva padrão, que relaciona a concentração
de limoneno com a área dos picos foi empregada no cálculo das concentrações. Vale
salientar que todas as análises (amostras e padrão) foram feitas por headspace.
Figura 10. Curva padrão de limoneno para cálculo da concentração dos produtos extraídos
das partículas.
[1]
5.Resultados
e
Discussão
58
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
100 bar; 50°C e 120 bar; 60°C e 100 bar; 60 °C e 120 bar) a uma rotação de 1.250 rpm
processo de 45 min. e tempo de despressurização de 1 min. foram definidos com base nos
resultados de trabalhos de outros autores (BERTOLINI, 1999; YEO & KIRAN, 2005;
Figura 11. Reator ou vaso de dissolução com agitador e visor de safira onde se observam o
comportamento da mistura em contato com o CO2 supercrítico.
59
utilizado neste experimento para adequar alguns deles aos objetivos propostos. A partir das
bombeado para o sistema até que se atingisse a pressão escolhida. A massa média de CO2
Conhecer a massa de CO2 se fez necessária ao balanço de massa para que se mantenha
massa de polissacarídeo.
polissacarídeo empregado na solução (Tabela 3). Atentou-se para manter a massa de CO2
60
para cada ensaio específico nos experimentos subsequentes. Garantido o balanço de massa,
Figura 12.
Tabela 4. Tempo (em segundos) para que a decantação ou separação de fases da suspensão
fosse observada após a homogeneização. Misturas com diferentes polissacarídeos e EtOH
hidratado em diferentes proporções.
Polímero EtOH EtOH EtOH EtOH EtOH
(99,9%) (92,8%) (85%) (80%) (70%)
Dextrina 3 15 15 40 35
maior período sem que fosse observada a separação de fases e aglomeração. Em todas as
Purity Gum Ultra®, o tempo de desestabilização da dispersão aumentou quanto maior foi à
aglomeração instantânea a partir da mistura com etanol hidratado a 80% (Tabela 4). Com
polímeros testados.
61
Figura 13. Estrutura observada na dispersão de Purity Gum Ultra® (EtOH a 85%) através
de microscópio ótico acoplado a câmera digital (aumento de 100x).
observado para a dextrina e Purity Gum Ultra® em algumas condições (Figura 12). Estes
testes preliminares foram feitos com intuito de empregar uma suspensão mais homogênea
estariam propiciando uma melhor interação das partículas sólidas dispersas no etanol
polímero Purity Gum Ultra® com limoneno em aumento de 100x (Figura 13).
mistura
Nestes ensaios preliminares, notou-se que durante a pressurização do sistema, até que
ele atingisse as condições do processo, que o polímero sob agitação dentro do vaso de
condição não foi mais observado “visualmente” a diferenciação das fases (Figura 14B).
evidenciado. Com esta observação empírica, mesmo que visual, constatou-se que
Estes ensaios preliminares tiveram como intuito a observação visual de uma possível
temperatura (Figura 11). Além disso, avaliou-se a estrutura dos materiais (polissacarídeos)
que mudanças físicas ocorreram durante o contato entre o polímero e o solvente (CO2
solubilidade dos polímeros no CO2 supercrítico não foi medida, duas considerações foram
64
feitas. Os polissacarídeos, como o amido, por exemplo, são hidrofílicos e não interagem
com o CO2, no entanto, os amidos modificados sofrem alterações em sua estrutura o que os
tratados como polissacarídeos que interagiram com o CO2. A partir destas observações
CO2 que também têm sido empregados na formação de micropartículas, como por
de quitosana foram formados via processo supercrítico, no qual a quitosana passou por
vários tratamentos preliminares e ao final o CO2 supercrítico foi utilizado para a remoção
contato com o CO2 supercrítico. Os polissacarídeos tiveram sua estrutura modificada pelo
processo.
Sem tratamento
Sem tratamento
Figura 16. MEV da dextrina pura sem tratamento e após diferentes condições de P e T do
CO2 supercrítico no PGSS (aumento de 1000x).
67
Sem tratamento
Figura 17. MEV da Purity Gum Ultra® pura sem tratamento e após diferentes condições
de P e T do CO2 supercrítico no PGSS (aumento de 1000x).
68
Sem tratamento
Figura 18. MEV da maltodextrina pura sem tratamento e após diferentes condições de P e
T do CO2 supercrítico no PGSS (aumento de 1000x).
69
Na análise da MEV dos polissacarídeos puros antes e após o contato com o CO2
supercrítico (Figuras 15 e 16) constatou-se que houve variação nas suas características
físicas. Ocorreu micronização das partículas de amido modificado (Figura 14) quando
tamanho das partículas e uma aglomeração mais acentuada. Para a dextrina (Figura 16)
tamanho e forma das partículas antes e após ser submetida ao tratamento PGSS com CO2
supercrítico.
observadas nas amostras submetidas às condições de 60°C e 120 bar, com agitação de 45
min. no reator.
Com base nos resultados obtidos a partir da realização destes ensaios preliminares,
constatou-se que o amido modificado (Figura 15) e a Purity Gum Ultra® (Figura 17)
sofreram interação com o CO2 mais evidentes, diferentemente do que pôde ser observado
não ser a micronização da maltodextrina (Figura 18). Esta interação com o CO2 utilizado
70
no processo pelos polímeros Purity Gum Ultra® e amido modificado, são justificadas pela
preparadas com os polímeros Purity Gum Ultra® (dispersão mais estável com EtOH
hidratado 85%, sem separar fases por 40s) apresentaram melhores resultados, sendo o
estável com EtOH hidratado 92,8% , por 10s). O comportamento apresentado pelo
A Purity Gum Ultra® ainda apresentou estabilidade em dispersão preparada com EtOH
hidratado a 92,8%, mas a separação de fases foi mais acelerada (10s), o que não aconteceu
com o amido modificado para esta mesma hidratação no etanol. Ao se preparar a solução
mistura não homogênea mesmo durante a vigorosa agitação orbital (vortex) (Figuras 19 e
20).
Figura 19. Estabilidade das dispersões de Purity Gum Ultra® e amido modificado
utilizando EtOH em diferentes proporções de hidratação (92,8% e 85%).
71
PGSS, delinearam-se novos ensaios, os quais foram realizados com o intuito de verificar
qual o polímero mais adequado para utilização como agente encapsulante. A morfologia
demais polímeros (dextrina e maltodextrina), bem como por apresentarem dispersões mais
estáveis, com tempo de homogeneidade maior, evitando a separação de fases quase que
instantânea ocorrida para os outros polímeros. Os ensaios passaram então a ser feitos com
Purity Gum Ultra® e amido modificado, desta forma estes dois polímeros foram estudados
via PGSS. Dispersões preparadas com amido modificado (utilizando-se EtOH hidratado a
homogeneizada no vaso de mistura deveria sair para a câmara de expansão juntamente com
o solvente (CO2 supercrítico), no entanto isso não ocorreu. Assim que o sistema foi
modificou fazendo com que não fosse possível sua coleta pelo bico aspersor na câmara de
totalmente aderido ao reator (Figura 21). Este aglomerado apresentou aparência elástica,
85% e 92,8% nas mesmas condições realizadas com dispersões de amido modificado
equipamento. Nos ensaios nos quais foram utilizados dispersões com cada um dos
99,9%, a amostra não aglomerou. Assim, a dispersão não foi desestabilizada nesta fase do
PGSS este comportamento é coerente já que Varona et al., (2010) sugerem para esse
em pequenos frascos devidamente identificados, envoltos com papel alumínio para impedir
Gum Ultra® como material de parede e limoneno como núcleo. Com o emprego desta
submetidos ao PGSS com CO2 supercrítico (60o C e 120 bar) geraram, após a
despressurização, uma pasta que em poucos segundos enrijeceu. Para que tomasse uma
74
aparência livre de solvente e com aspecto de trituração possível, estas pastas foram
colocadas em dessecador durante sete dias. Este material foi triturado manualmente em
aquelas que possuíam diâmetros de até 30 µm. Vale ressaltar que o odor de limoneno era
volátil já que o material antes da trituração, quando no dissecador, não exalava odor.
amido modificado como material de parede, limoneno como núcleo, EtOH hidratado a
92,8% e CO2 supercrítico (60oC e 120 bar) como solvente, mostrou que o material formado
conformação bem diferenciada das partículas de amido modificado puro, antes e após ter
sido submetido ao PGSS, no entanto este tipo de análise, embora permita a micrografia de
material, da impregnação.
Figura 22. MEV em amostras de partículas formadas via PGSS que utilizaram amido
modificado como material de parede limoneno como núcleo, EtOH hidratado a 92,8% e CO2
supercrítico (60oC e 120 bar) como solventes.
Nos ensaios realizados utilizando Purity Gum Ultra® como material de parede,
EtOH hidratado a 85% o material formado foi semelhante ao amido modificado. A pasta
que 30 µm foram analisadas por MEV. Estas partículas também tinham aparência maciça
com pequenos poros nos quais se considera que o limoneno foi impregnado (Figura 22).
Forte odor exalado durante a maceração de partículas quando possui voláteis como
impregnado.
Especificamente para a Purity Gum Ultra® optou-se por fazer uma mistura utilizando
EtOH absoluto (99,9%). Embora a mistura inicial tenha demonstrado uma rápida separação
de fases, decidiu-se por averiguar como seria o material formado após agitação no reator
do PGSS a 1.250 rpm com CO2 supercrítico. Partículas de polímeros esféricas e uniformes
despressurização rápida no vaso de mistura quando EtOH 99% foi empregado na dispersão
(Figura 23), nota-se que as partículas continuaram com suas características esféricas com
diferentes tamanhos (Figura 17), algumas rompidas e umas menores que as outras. Não se
soja. O mesmo comportamento foi observado quando se optou por não utilizar EtOH
(Figura 23), neste caso a mistura foi feita no próprio vaso de mistura com agitação de
1.250 rpm por 45 min., utilizando como solvente somente o CO2 em estado supercrítico
(60o C e 120 bar). Para estes dois casos, o material obtido era constituído de partículas com
coloração uniforme (pó branco) com liberação de limoneno quando esmagado. Outra
constatação da mudança na estrutura do polímero Purity Gum Ultra® após o processo via
76
encapsulação via PGSS utilizando Purity Gum Ultra® como agente encapsulante, foram
Figura 24. MEV em amostras de partículas formadas via PGSS que utilizaram Purity Gum
Ultra® como material de parede, limoneno como núcleo e CO2 supercrítico (60o C e 120
bar) como solvente, aumentado em 100 e 600x.
Na análise de MEV das partículas formadas via PGSS utilizando Purity Gum Ultra® e
TIXOSIL® não foi possível detectar a presença da sílica, como se constata nas Figuras 23
e 24. A análise de EDS, por indicar os componentes presentes na amostra, pôde demonstrar
selecionou-se uma imagem (Figura 25B) em conformação esférica, mas com aspecto
diferente das demais, na qual foi detectado grande presença de silício em sua composição,
o que está indicado pelo espectro que acompanha a imagem (Figura 25).
78
modificado e Purity Gum Ultra®, já que a MEV propicia as micrografias das partículas,
(Purity Gum Ultra® e amido modificado) até que fluorescência fosse observada, o que
79
ocorreu para uma faixa de comprimento de onda entre 405 a 508. No entanto,
Figura 26. Intensidade da resposta das amostras à emissão do laser para diferentes
comprimentos de onda. Amostra de partículas de Purity Gum Ultra® obtidas via PGSS,
apresentando melhor resultado em emissões com laser de diodo em torno de 488nm.
O limoneno não possui fluorescência, tanto que tem sido utilizado como substituto da
este componente não estaria emitindo nenhum tipo de fluorescência na faixa que foi
80
A partir destas observações, verificou-se que, a partir das micrografias que as partículas
formadas via PGSS a partir dos diferentes polissacarídeos poderiam estar impregnando e/ou
encapsulando o Limoneno.
Na análise do amido modificado com limoneno, lecitina de soja, TIXOSIL®, sem EtOH
e CO2 supercrítico (60°C e 120 bar) como solvente apresentaram (Figura 28A),
levantar a hipótese de que o limoneno esta impregnado na superfície do polímero, visto aos
partículas de amido modificado com limoneno, formadas via PGSS com CO2 supercrítico
81
(Figura 28B). Para este caso especifico não se observa opacidade na estrutura superficial da
imagem e algumas regiões não fluorescentes das partículas podem ser inerentes ao núcleo
B
Figura 28. Micrografias de microscopia confocal de partículas de amido modificado a
488nm; A: partículas de amido modificado obtidas via PGSS com limoneno, lecitina de
soja, TIXOSIL® sem EtOH e CO2 supercrítico (60oC e 120bar) como solvente; B: partículas
de amido modificado obtidas via PGSS com limoneno, lecitina de soja, TIXOSIL®, EtOH
hidratado a 92,8% e CO2 supercrítico (60oC e 120bar) como solvente.
82
Na análise das partículas formadas a partir de Purity Gum Ultra® com limoneno o
que a encapsulação tenha ocorrido já que há opacidade em algumas regiões das partículas
como se fosse o núcleo completo com limoneno e a superfície fluorescente com a Purity
especificamente para as partículas formadas via PGSS com CO2 supercrítico utilizando na
dispersão EtOH hidratado a 85%, ocorreu impregnação já que na imagem (Figura 30C) não
há uma região de núcleo definida. Este comportamento diferiu do amido modificado já que a
impregnação foi observada nas partículas formadas via PGSS sem o EtOH como
certificar-se de que o núcleo das partículas de amido modificado e Purity Gum Ultra®
seria o limoneno, uma vez que o vazio de microcápsulas também pode gerar imagens
emissão variáveis entre 485 e 521 nm. Hidrofílico, ele confere à substância maior
observação. Assim, para que as microcápsulas fossem coradas sem correrem o risco de
material de parede (Purity Gum Ultra®) e a mancha escura que representaria o material
encapsulado (Figura 31). Algumas micrografias dão a impressão de que tenha ocorrido
C
Figura 30. Micrografias de microscopia confocal de partículas de Purity Gum Ultra® a
488nm; A e B: partículas de Purity Gum Ultra® obtidas via PGSS com limoneno, lecitina
de soja, TIXOSIL® sem EtOH e CO2 supercrítico (60oC e 120bar) como solvente; C:
partículas de Purity Gum Ultra® obtidas via PGSS com limoneno, lecitina de soja,
TIXOSIL®, EtOH hidratado a 85% e CO2 supercrítico (60oC e 120bar) como solvente.
85
A B
Figura 31. Micrografias confocal em micropartículas de Purity Gum Ultra® obtidas via
PGSS com o fluoróforo isotiocianato de fluoresceína em sua composição; A: partículas de
Purity Gum Ultra® obtidas via PGSS com limoneno, lecitina de soja, TIXOSIL® com
EtOH 85% e CO2 supercrítico (60oC e 120bar) como solvente; B: partículas de Purity Gum
Ultra® obtidas via PGSS com Limoneno, lecitina de soja, TIXOSIL® com EtOH 99,9% e
CO2 supercrítico (60oC e 120bar) como solvente.
visualizou-se a presença do limoneno nas partículas formadas. No entanto, não foi possível
PGSS para este fim. Ainda, considerando a baixa intensidade da fluorescência do amido,
aglomerante, EtOH hidratado 85% ou EtOH 99,9% com limoneno (30%) foram analisadas
com relação à eficiência da encapsulação. O processo PGSS à 60o C e 120 bar foi feito em
86
triplicata para estas suspensões. Uma quantidade maior de limoneno (30%, o que equivale
a 3g) foi necessária à mistura para que pudesse ser coletado após extração via
cápsulas (Tabela 5) indica que ao empregar EtOH hidratado (85%) na mistura propiciou o
EtOH puro na dispersão, o encapsulamento caiu para 42% de eficiência. Para ambos os
composto teve que ser separado da água após a hidrodestilação, o que pode acarretar na
presença de moléculas de água aderidas ao produto nesta separação, fato constatado, por
exemplo, em uma das medidas (Tabela 5) que gerou 3,1g sendo que o máximo de
limoneno adicionado à suspensão foi de 3g, outras investigações foram necessárias. Outra
lavagem das cápsulas, antes da extração via Clevenger, análises cromatográficas foram
feitas tanto no limoneno extraído das cápsulas quanto no etanol de lavagem das mesmas.
etanol utilizado na lavagem das cápsulas. A confirmação de que o único pico encontrado
Figura 32. Cromatogramas de Íons Totais (TIC) do etanol utilizado na lavagem das
microcápsulas para remoção do limoneno aderido. Microcápsulas de Purity Gum Ultra®
utilizando EtOH 85% na suspensão () e EtOH 99,9% ().
O teor de limoneno presente no interior das cápsulas formadas via PGSS com Purity
Gum Ultra®, lecitina de soja, TIXOSIL®, EtOH hidratado 85% e EtOH 99,9% com
limoneno (30%), avaliados por GC/MS é apresentado na Figura 32-1. Os produtos obtidos
as cápsulas obtidas utilizando EtOH (85%) quanto para a que utilizou EtOH (99,9%), que o
88
principal componente foi mesmo o limoneno, com outros pequenos picos interferentes não
identificados.
Logo na comparação dos TICs já se nota que a intensidade dos picos (eixo y) para o
limoneno da solução de etanol utilizada na lavagem das cápsulas (Figura 32) é muito
inferior àquela do limoneno extraído do interior das cápsulas (Figura 33). Mas de forma
limoneno no material extraído das cápsulas quando elaboradas com etanol 99,9% na
suspensão foi maior que quando se utilizou etanol 85%. A área de integração dos picos para
as análises realizadas em triplicata, tanto para a solução de etanol com o limoneno aderido à
superfície das cápsulas como para o limoneno extraído do núcleo via hidrodestilação são
cápsulas de Purity Gum Ultra® foi inferior àquela do interior das cápsulas, indicando que o
(x10,000)
1.00 68
0.75
93
0.50
53 79
%
100 68
93
67
50
79 121 136
53 92 107
77
51 58 108 115
0 83 102 123 138
50.0 55.0 60.0 65.0 70.0 75.0 80.0 85.0 90.0 95.0 100.0 105.0 110.0 115.0 120.0 125.0 130.0 135.0 140.0
Figura 32-1. Espectro de massa do limoneno e comparação de similaridade com o espectro da biblioteca NIST 08 e NIST 08s.
90
Figura 33. Cromatogramas de Íons Totais (TIC) dos produtos de hidrodestilação por
extrator de Clevenger provenientes das microcápsulas de Purity Gum Ultra® formadas em
suspensão de EtOH 85% e 99,9%.
Figura 34. Sobreposição dos Cromatogramas de Íons Totais (TIC) dos produtos de
hidrodestilação por extrator de Clevenger provenientes das microcápsulas de Purity Gum
Ultra® formadas em suspensão de EtOH 85% na suspensão () e EtOH 99,9% ().
91
água contendo o limoneno após a extração do interior das cápsulas. A massa encapsulada
nas partículas formadas com Purity Gum Ultra® com EtOH 85% e 30% limoneno foi de 1,6
encapsulada com Purity Gum Ultra® e EtOH puro na suspensão, a massa foi de 2,6 g o que
equivale a 86% (Tabela 7). Este resultado obtido demonstrou que se compararmos as
o que foi estudado por Bertolini (1999), o valor de retenção para o volátil limoneno (86%) é
significativo e estão próximos dos valores máximos de retenção de limoneno obtidos por
Bertolini (1999), que corresponde a 91%. Este resultado é um indicativo de que o processo
92
Purity Gum Ultra® com 0,40 ± 0,11 0,00316 15,97 ± 4,59 ≈ 1,60
EtOH 85% e 30% limoneno
Purity Gum Ultra® com 0,51 ± 0,10 0,00403 26,17 ± 3,22 ≈ 2,60
EtOH 99,9% e 30%
limoneno
encapsuladas com o polissacarídeo comercial Purity Gum Ultra® com etanol EtOH 99,9%
partir da mistura contendo Purity Gum Ultra® com EtOH hidratado a 85%. As massas de
partículas antes e após o processo de encapsulação via PGSS (60o C, 120 bar) sofreu uma
comparação das partículas do polissacarídeo sem sofrer tratamento via PGSS (Figura 35 A)
supercrítico possui bicos aspersores por onde passam as microcápsulas para serem
com espessuras de 2, 4 e 6 µm. Estes diferentes diâmetros podem ser variáveis de acordo
com o tamanho de partícula desejado. Neste trabalho, empregou-se o anel de safira com
hidratado, na despressurização a alta viscosidade promovida pela água que ficava aderida
ao polímero, causou entupimento e, desta forma, a coleta das micropartículas precisou ser
umedecida pela água incorporada, foi feita no próprio vaso de mistura do equipamento.
94
Quantidade de partícula 9
8
7
normalizada (%)
6
5
4
3
2
1
0
1 10 100
Tamanho de partícula (µm)
500
Quantidade de partícula
400
normalizada (%)
300
200
100
0
1 10 100
Tamanho de partícula (µm)
2,5
Quantidade de partícula
2
normalizada (%)
1,5
0,5
0
1 10 100
Tamanho de partícula (µm)
Figura 35. Observação do diâmetro das partículas (em µm) através de análise de
distribuição de tamanho das partículas em amostras de Purity Gum Ultra® sem tratamento
(A), EtOH 85% (B) e EtOH 99,9% (C).
95
A obstrução do bico aspersor de 6µm não ocorreu com as partículas preparadas com
Purity Gum Ultra® quando dispersa em etanol puro (EtOH 99,9%). Esta suspensão
porém houve um pouco de obstrução durante a passagem pelo bico aspersor, por este
motivo nota-se uma maior porcentagem de partículas com menores diâmetros na análise de
amostras: Purity Gum Ultra® sem tratamento, EtOH 85% e EtOH 99% (Figura 35C).
constitui uma poderosa ferramenta para a análise de interações entre soluto encapsulado e
partículas, onde um valor alto de entalpia de fusão sugere alta organização no retículo
cristalino, isto porque a fusão de um cristal altamente organizado (cristal perfeito) requer
mais energia para superar as forças de coesão do retículo cristalino do que um cristal pouco
ordenado ou amorfo. Além disto, com essa técnica é possível observar o comportamento
Gum Ultra®, a mistura de Purity Gum Ultra® em suspensão com EtOH hidratado 85% e
30% de limoneno antes de ser submetida ao processo PGSS e as microcápsulas obtidas via
Para a lecitina de soja não foi possível detectar tais propriedades térmicas,
Ultra®) (Figura 36). Já, ao analisar a Purity Gum Ultra® pura, na suspensão com EtOH
85% e Limoneno 30% na suspensão e as partículas derivadas desta suspensão via PGSS,
mais coerente.
comportamento das substâncias analisadas (Figura 36), observou-se que cada amostra
assim dispersa quando misturada aos demais componentes sólidos constituintes das
97
comportamentos distintos a partir dos diferentes picos gerados nas transições endotérmicas,
das amostras.
amostras de Purity Gum Ultra® sem tratamento, Purity Gum Ultra® - pura e microcápsulas
de Purity Gum Ultra® via processo PGSS, onde estas exibiram picos diferentes. Durante a
98
corrida da análise de DSC, foram observados que tais picos tiveram suas posições originais
invertidas e, ao mesmo tempo em que era observada a formação de novos picos, outros
6.Conclusões
100
6. CONCLUSÕES
Este trabalho visou demonstrar as vantagens do uso da tecnologia que emprega fluido
processo de encapsulação via PGSS utilizando CO2 supercrítico, na definição dos polímeros
mais adequados a ser empregado como material de parede, sendo a partir dos dados obtidos
Este estudo teve como principal objetivo a produção de dispersões que estabilizassem as
misturas de agente encapsulante e o volátil a ser encapsulado de maneira a garantir que estes
voláteis não seriam solubilizados durante o processo PGSS. Testou-se também a formação
solvente. Para esta situação especifica considerou-se que o CO2 em condições supercríticas
despressurização rápida.
polímero mais apropriado como agente encapsulante, e com isso foi demonstrada a
puro) em comparação aos métodos convencionais como o que foi estudado por Bertolini
(1999), o qual apresentou 91% de eficiência para o mesmo volátil. Este foi o principal
custo como agente encapsulante, são outras relevantes vantagens apontadas neste trabalho.
102
via PGSS é viável e aplicável. Considerando-se que os materiais aqui empregados (Purity
Gum Ultra®, lecitina de soja e sílica TIXOSIL®) são insolúveis em CO2 supercrítico e
estado supercrítico;
dissertação de mestrado;
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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avaliações, plantão de dúvidas, atividades realizadas em sala de aula e aulas ministradas pela
aluna PAE;