Ingrid Caroline Da Silva
Ingrid Caroline Da Silva
Ingrid Caroline Da Silva
MARINGÁ
Estado do Paraná
Fevereiro - 2021
FONTES E NÍVEIS DE METAIS DE TRANSIÇÃO SOBRE A
ESTABILIDADE OXIDATIVA EM PET FOOD
MARINGÁ
Estado do Paraná
Fevereiro 2021
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Central - UEM, Maringá - PR, Brasil)
À minha família, pelo amor, carinho, compreensão e apoio, por seus exemplos de vida e
dedicação.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelas inúmeras vezes em que pensei não ser capaz, por se tornar meu único
refúgio e força.
Meus pais, Edson José e Teresinha Schmidt, pelo apoio e esforço para que eu chegasse
Meus irmãos, Karine Letícia e Guilherme Augusto, pelo apoio e horas de descontração,
Às minhas avós, Anna Hass Schmidt (in memoriam) e Terezinha Vieira Santos (in
memoriam), por todo cuidado e por depositarem toda sua confiança e amor em mim.
Ao meu orientador Prof. Dr. Ricardo Souza Vasconcellos, pela confiança, ensinamentos
e paciência. Pela dedicação e tempo despendido e todo suporte durante a realização deste
Aos meus amigos, que de alguma forma se tornaram essências não somente nas horas de
lições concedidas.
Osvaldo e Ulissses e ao coordenador Prof. Dr. Leandro pela ajuda, orientação e paciência.
à Pesquisa (Comcap) Versi, pela ajuda na execução deste trabalho, pela aprendizagem,
Ao Prof. Dr. Oscar e a Patrícia, pela disposição em ajudar e colaboração na realização das
análises.
Ao Prof. Dr. Aulus, Lucas e a Priscila, pela ajuda no preparo das rações e fase inicial de
experimentação.
Ao Prof. Dr. Vanderly, pela contribuição nas análises estatísticas e por ter despendido seu
Aos colaboradores e colaboradoras (gatos), pelo todo carinho, afeto e até os arranhões.
Página
I. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1. INTRODUÇÃO GERAL......................................................................................1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................................3
2.1. Oxidação lipídica...................................................................................................3
2.1.1. Controle da oxidação com antioxidantes......................................................5
2.1.2. Consequências da oxidação lipídica.............................................................7
2.1.3. Implicações da oxidação lipídica na palatabilidade......................................7
2.2. Fontes de Minerais.................................................................................................8
2.2.1. Metais de transição como catalisadores do processo oxidativo....................9
2.3. Efeitos da extrusão nas fontes lipídicas...............................................................11
2.4. Alterações no conteúdo lipídico durante o armazenamento................................12
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................13
4. OBJETIVOS GERAIS........................................................................................18
Página
TABELA 10. Índice de péroxido (mEq/1000g) das rações usadas para os testes de
palatabilidade em gatos...............................................................................41
LISTA DE FIGURAS
Página
FIGURA 4. Dispersão dos valores de peróxido de rações para gatos, avaliados durante
shelf-life de até 360 dias................................................................................39
CAPÍTULO I
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
animais. A maioria destas mudanças são iniciadas por espécies reativas ao oxigênio,
ocasionando a formação de vários produtos primários e secundários, como carbonilas,
peróxidos e hidroperóxidos (Andersson; Lingnert, 1999; Wagner; Elmadfa, 2001).
Nos organismos, a oxidação de lipídeos tem sido associada a vários estados
patológicos e a doenças, uma vez que a ingestão de alimentos oxidados apresenta risco de
toxicidade crônica (Kubow, 1992; Kehrer, 1993). As evidências sugerem que espécies
oxidantes participam do processo normal de envelhecimento e estão associados às doenças
relacionas com a idade, tais como câncer, aterosclerose e neurodegeneração, há ainda estudos
que reforçam que há associação entre a resposta celular às moléculas oxidantes, que estão
ligadas aos mecanismos que regulam a longevidade (Finkel; Holbrook, 2000; Guarente;
Kenyon, 2000).
Sabe-se que mesmo as rações sendo formuladas com ingredientes de composição
química conhecida, as condições do processo por extrusão podem modificar a estrutura química
de alguns nutrientes, e, até mesmo causar a perda completa de outros, todavia esses efeitos
ainda são pouco conhecidos pelos formuladores.
Os efeitos dos metais de transição sobre a oxidação lipídica no processo de extrusão e
vida de prateleira ainda são desconhecidos. Os minerais orgânicos são tecnologicamente
desenvolvidos em sua forma complexada a moléculas orgânicas, como aminoácidos ou
peptídeos, visando melhorar sua biodisponibilidade para os animais pela redução na competição
com outros minerais pela absorção intestinal. Contudo, os efeitos de fontes de mineirais
orgânicos na estabilidade oxidativa durante o processo de extrusão ainda são pouco conhecidos,
sendo possível que estas fontes reduzam a reatividade dos metais com as macromoléculas
oxidáveis no alimento quando comparadas às fontes inorgânicas, facilmente ionizáveis.
Desta maneira, pretende-se comparar as fontes de minerais, orgânicas ou inorgânicas,
sobre a oxidação lipídica de alimentos extrusados para gatos, durante o processamento das
rações por extrusão e vida de prateleira do produto acabado.
3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Sabendo que o processo de oxidação, uma vez iniciado, ocorre sempre de maneira
progressiva, alguns cuidados devem ser tomados de maneira a minimizar e garantir a
integridade do produto (Masuchi et al., 2008).
A mantença das características originais do alimento, durante processamento ou
armazenamento, continua sendo grande desafio para as indústrias (Lima; Bruno, 2007). Por este
motivo é importante conhecer os fatores que contribuem para a oxidação no intuito de se
estabelecer estratégias para mitigá-los. Assim, essas estratégias são construídas visando
estabelecer múltiplas características do produto, desde a embalagem até o uso de aditivo, os
quais vão minimizar a deterioração do alimento.
A escolha de matérias-primas refinadas, com teores baixos de umidade, com níveis
controlados de moléculas potencialmente pró-oxidantes, o armazenamento em baixas
temperaturas e em atmosfera inerte, o uso de compostos antioxidantes, embalagens estanques
e opacas à radiação ultravioleta entre outros, são adotadas de maneira a limitar o processo
oxidativo durante o processamento e armazenagem (Silva; Borges; Ferreira, 1999).
Dentre o conjunto de ações adotadas para garantir a vida de prateleira de um produto,
a adição de compostos antioxidantes é uma prática frequentemente, fato que justifica o interesse
de estudos e pesquisas acerca do mecanismo de ação e desenvolvimento de novos compostos
com capacidade antioxidante. O custo baixo de obtenção, facilidade de emprego, eficácia,
6
quelatados. Como alternativa, os minerais orgânicos podem também ser sintetizados através de
processos biossintéticos, como ocorre no uso de leveduras (Hyne; Kelly, 1995).
A origem do mineral, afeta significativamente o seu aproveitamento pelo animal, e
mesmo existindo divergências em relação a disponibilidade, as fontes de minerais mais usadas
são ainda as inorgânicas como óxidos, sulfatos, cloretos, carbonatos e fosfatos (França et al.,
2011), isso pode ser justificado pelo alto custo da forma orgânica, que impacta negativamente
a adoção de seu uso em larga escala.
Já em relação aos efeitos durante o processo de extrusão, a influência da fonte mineral,
ainda é incerta (Camire; Camire; Krumhar, 1990), sendo seus efeitos e estabilidade durante o
processo de extrusão e armazenamento pouco estudados. Pode ser que fontes orgânicas possam
reduzir a reatividade dos metais de transição com as macromoléculas oxidáveis presentes no
alimento, reduzindo assim o processo oxidativo quando em comparação a minerais inorgânicos.
Figura 1
Oxidação catalisada por metal de transição. 2A Metal Ferroso; 2B Metal Férrico (Frankel, 2005).
Em alimentos secos para gatos, os níveis mínimos recomendados de cobre (Cu), Ferro
(Fe), Manganês (Mn) e Zinco (Zn) são, respectivamente, de 6,7; 107; 6,7 e 100 mg/kg. Ao
mesmo tempo que são nutrientes considerados essenciais e necessários de estarem nas
concentrações adequadas nos alimentos, é comum ter teores de Ferro superiores a 300 mg/kg e
manganês também muito elevados, em função das suas altas concentrações em subprodutos de
origem animal. Desta forma, é possível que estes níveis mais elevados estejam atuando como
catalisadores oxidativos, reduzindo a vida de prateleira dos alimentos.
11
degradação térmica significativa dos lipídios, condições ideiais de processamento, devem ser
adotadas de modo a minimizar os efeitos adversos do processo na qualidade do produto final.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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18
4. OBJETIVOS GERAIS
CAPÍTULO II
Artigo redigido conforme as normas da revista Animal Feed Science and Technology.
20
Resumo
Minerais orgânicos ou quelatados, desenvolvidos tecnologicamente em sua forma complexada
a outras moléculas (aminoácidos ou peptídeos), vêm sendo estudados por sua melhor
disponibilidade em relação a fontes inorgânicas. Contudo, os efeitos de fontes de minerais
orgânicos na oxidação lipídica durante a extrusão ainda são pouco conhecidos. Portanto, o
objetivo deste estudo foi comparar as fontes de minerais (inorgânicas e/ou orgânicas) na
oxidação lipídica em alimentos extrusados para gatos adultos, durante a extrusão e shelf-life de
pet food. Para tal, foram formuladas 5 tratamentos, sendo uma dieta controle, e dietas
suplementadas com dois níveis das fontes inorgânicas e orgânicas dos minerais Ferro, Cobre e
Zinco. Tais tratamentos foram analisados com relação às concentrações de ácidos graxos e
residuais de antioxidante durante a extrusão e shelf-life das rações, índice de peróxido, atividade
de água e umidade durante o armazenamento. O teste de palatabilidade durante a shelf-life foi
realizado para verificar a percepção organolética dos gatos frente a alimentos com diferentes
fontes de minerais. Observou-se reduções significavas dos ácidos graxos palmítico (16:0),
oleíco (18:1n9); linoleíco (18:2n6), linolênico (18:3n3) e araquidônico (20:4n6) durante a
extrusão, bem como a redução na concentração de antioxidantes sintéticos de 49,72%; 35,04%;
38,56%, 33,61% e 33,14% para os tratamentos controle, MI-1, MI-2, MO-1 e MO- 2. Durante
a vida de prateleira, os níveis de metais de transição afetaram a estabilidade oxidativa. O índice
de peróxido para as dietas suplementadas com a fonte orgânica tendeu a crescimento menos
acentuado quando comparado a fonte inorgânica. A atividade de água aumentou durante a
estocagem das rações, seguindo o comportamento da umidade. Houve preferência pela dieta
suplementada com minerais orgânicas, no início e com 360 dias de armazenamento, quando
comparada à dieta controle e às dietas com minerais inorgânicos nos dias 90 e 360 de shelf-life.
Conclui-se que o processo de extrusão causa alterações oxidativas significativas em pet food e
que esta não é influenciada pela fonte ou níveis dos metais de transição cobre, ferro e zinco.
Durante a vida de prateleira, os níveis de metais de transição afetam a estabilidade oxidativa
dos alimentos que pode ser controlada parcialmente pelo uso de fontes orgânicas de minerais.
Abstract
Organic or chelated minerals, technologically developed in their form complexed to other
molecules (amino acids or peptides), have been studied due to their better availability in relation
to inorganic sources. However, the effects of organic mineral sources on lipid oxidation during
extrusion are still little known. Therefore, the aim of this study was to compare minerals sources
(inorganic and/or organic) in lipid oxidation in extruded foods for adult cats, during extrusion
and shelf-life of pet food. For this, 5 treatments were formulated, being a control diet, and diets
supplemented with two levels of inorganic and organic sources of Iron, Copper and Zinc
minerals. These treatments were analysed in relation to the concentrations of fatty acids and
antioxidant residuals during extrusion and shelf-life of the diets, peroxide index, water activity
and humidity during storage. The palatability test during shelf-life was performed to verify the
organoleptic perception of cats in food with different mineral sources. There were significant
reductions in palmitic fatty acids (16:0), oleic (18:1n9); linoleic (18:2n6), linolenic (18:3n3)
and arachidonic (20:4n6) during extrusion, as well as a reduction in the concentration of
synthetic antioxidants of 49.72%; 35.04%; 38.56%, 33.61% and 33.14% for control, MI-1, MI-
2, MO-1 and MO-2 treatments. During shelf-life, the transition of metal levels affected the
oxidative stability. The peroxide index for diets supplemented with organic source tended to
have a less pronounced growth when compared to inorganic source. Water activity increased
during shelf-life, following humidity behaviour. There was preference for diet supplemented
with organic minerals, at the beginning and with 360 days of storage, when compared to the
control diet and diets with inorganic minerals on the 90th and 360th of shelf-life. It was
concluded that the extrusion process causes significant oxidative changes in pet food and that
it was not influenced by source or levels of the metals copper, iron and zinc transition. During
shelf-life, the transition of metal levels affected the oxidative stability of food, which can be
partially controlled by the use of organic mineral sources.
Keywords: fatty acids; peroxide index; inorganic minerals; organic minerals; residual
antioxity.
22
1. Introdução
A medida que aumenta a procura por animais de estimação, cresce a demanda pelos
produtos e serviços destinados a eles. No ano de 2019, o faturamento total do setor pet,
abrangendo os segmentos de pet service, pet care, pet vet e pet food foi de R$22,3 bilhões,
sendo o último a parcela de maior destaque, com 73,3% do faturamento total (ABINPET, 2019).
Com um mercado em constante crescimento, os consumidores de produtos destinados a
alimentação pet, buscam por alimentos de qualidade, que atendam as recomendações
nutricionais, apresentem boa aceitação pelos animais, vida de prateleira adequada, promovendo
seu bem-estar e proporcionando longevidade.
A tecnologia de extrusão termoplástica vem sendo empregada para a produção de
alimentos secos para animais de estimação há mais de 60 anos e graças a evolução de
maquinários e a sua versatilidade, ainda é responsável por 95% da produção dos alimentos
comercializados no Brasil. O processo consiste na moldagem da massa, composta por uma
mistura de ingredientes de origem vegetal e animal, que são forçados através de uma matriz,
em que são aliados os efeitos de cisalhamento entre o contato da massa com as partes do sistema
de extrusão, altas temperaturas, umidade e pressão, que como consequência promovem efeitos
importantes no produto acabado, como esterilização, redução de fatores antinutricionais,
melhora na digestibilidade, formação de sabor, entre outros. Apesar da extrusão ter muitos
benefícios na qualidade dos alimentos, algumas modificações ocorridas no processo são
consideradas deletérias, tais como complexações de nutrientes, perdas por oxidação ou
destruição de moléculas pelo calor, reduzindo seu valor nutricional (Brennan et al., 2011;
Sharma et al., 2014; Sá, 2015).
O pet food seco extrusado, no geral apresenta vida de prateleira (shelf-life) de doze a
dezoito meses, podendo este período ser reduzido ou prolongado conforme a influência de
alguns fatores, como qualidade de ingredientes, condições de processamento industrial,
características da formulação e embalagens, uso de aditivos antioxidantes e condições de
estocagem e transporte. A redução na vida de prateleira de um alimento, em geral, está
relacionada a deterioração microbiana ou oxidação que devidamente controladas favorecem o
shelf-life estendido do produto.
Sendo a principal causa de deterioração dos ácidos graxos, a oxidação pode causar
perdas durante o processamento do alimento quanto no armazenamento, tendo como principal
consequência a alteração do flavor original e o surgimento de odores e gostos associados a
rancidez, implicando diretamente no valor comercial e qualidade nutricional do alimento
23
2. Materiais e Métodos
O experimento foi realizado em duas etapas, sendo: i) avaliação dos efeitos das fontes
e níveis de minerais sobre a oxidação lipídica durante o processo de extrusão e, ii) avaliação da
vida de prateleira destes mesmos alimentos durante 12 meses.
As dietas foram extrusadas na Fábrica de rações da Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias da Universidade Estadual Paulista, Campus Jaboticabal (FCAV/UNESP), e as
análises foram realizadas no Laboratório de Análises de Alimentos e Nutrição Animal
(LANA/UEM), Laboratório de Análises Físico-Químicas em Águas e Alimentos da UEM
(CCQ/UEM) e Laboratório de Nutrição e Metabolismo de Felinos Domésticos (FEI/UEM).
Para os testes com animais, o protocolo experimental foi submetido ao Comitê de Ética
no Uso de Animais (CEUA/UEM), sob o nº 2818200121.
24
2.1. Dietas
Foram formuladas cinco dietas para gatos adultos em manutenção, consistindo em uma
dieta controle (DC), sendo a esta dieta incluídos dois níveis de uma mistura comercial de Fe,
Cu e Zinco, nas formas inorgânica (MI-1 e MI-2) e orgânica (MO-1 e MO-2), resultando nos
tratamentos que seguem abaixo:
1. Dieta Controle (DC): formulada para atender os requerimentos nutricionais mínimos
descritos em European Pet Food Industry Federation (FEDIAF, 2018). A pré-mistura
de vitaminas e minerais desta dieta não teve as fontes de Fe, Zn e Cu, sendo as
concentrações destes minerais fornecidas apenas por meio dos ingredientes utilizados
na formulação;
2. Recomendação mínima de minerais inorgânicos (MI-1): Foi adicionada à DC a
recomendação mínima de acordo com FEDIAF (2018) com fonte inorgânica dos
minerais (6,7 mg / kg de cobre; 107 mg / kg de ferro e 100 mg / kg de zinco) em Matéria
Seca (MS);
3. Minerais inorgânicos duas vezes a recomendação mínima (MI-2): À DC foi acrescida
uma recomendação duas vezes maior que a recomendação da FEDIAF (2018) com
fontes inorgânicas (13,4 mg / kg de cobre; 214 mg / kg de ferro e 200 mg / kg de zinco)
em base de MS.
4. Mínimo de minerais orgânicos (MO-1): Foi incorporada à DC a recomendação mínima
da FEDIAF com fontes de minerais orgânicos (6,7mg / kg de cobre; 107mg / kg de ferro
e 100 mg / kg de zinco).
5. Minerais orgânicos duas vezes maior que a recomendação mínima (MO-2): Na DC foi
adicionada a recomendação da FEDIAF (2018) duas vezes maior, com as fontes
orgânicas (13,4 mg / kg de cobre; 214 mg / kg de ferro e 200 mg / kg de zinco) com
base na MS.
A inclusão dos ingredientes nos tratamentos experimentais e a composição química
analisada estão descritas na tabela 1.
25
Tabela 1
Tabela 2
Parâmetro
Controle MI 1 MI 2 MO 1 MO 2
Temperatura do Condicionador (ºC) 82,80 84,50 85,80 85,00 86,20
Produtividade (kg/h) 204,3 155,3 155,8 165,3 172,5
Temperatura da Extrusora (ºC) 138,5 134,8 133,5 135,3 132,8
Pressão da Extrusora (barr) 18,10 18,80 17,5 22,90 23,60
Densidade (g/l) 365,0 362,0 366,0 364,0 368,0
SME (Kw. T. h-1) 15,70 18,00 17,60 17,20 16,20
Teor de Umidade (%)
Saída do Condicionador 24,90 25,90 26,60 24,10 24,00
Saída da Extrusora 25,70 25,30 25,80 23,60 22,30
Saída do Secador 4,300 4,000 4,400 3,200 3,000
SME – Specific Mechanical Energy (Energia Mecânica Específica).
filtrados em membrana de 0,45 µm. A extração foi realizada em tubo Falcon, no qual foram
retirados 2 g de amostra de ração dissolvida em 10 mL de metanol. A mistura foi agitada durante
5 min. O solvente foi então evaporado em evaporador rotativo, a temperatura de
aproximadamente 40°C. Os extratos foram filtrados em membrana com poros de 0,45 μm antes
da injeção no cromatógrafo.
As condições cromatográficas foram: Vazão 1,2 mL / min. começando com 70:30 por
3 min, (v / v) acetonitrila-água (acidificado com ácido acético 5%, para pH 3,1), com a mesma
fase móvel a proporção passou para 80:20 por 5 min, retornando para as condições iniciais
70:30 por 4 min tempo de execução 12 minutos.
e cálculo da razão de ingestão (IR) entre as dietas em cada ensaio, ao final do dia, considerou-
se o consumo de ração A proporcional ao consumo total. O período de teste se fez em dois dias
por desafio, sendo o primeiro dia de adaptação.
O tamanho e cor dos potes eram iguais de maneira a eliminar qualquer possível
interferência por fatores externos ao alimento. Durante o período experimental, os gatos
recebiam o alimento diário em quatro refeições diárias, sendo duas pelo período da manhã nos
horários 08h e 10h e duas a tarde às 14h e 16h, período no qual os potes eram invertidos de
posição. Em cada refeição os gatos eram mantidos nas gaiolas por aproximadamente vinte
minutos.
Em que:
µ: uma constante comum a todos os tratamentos (média geral);
αi: efeito fixo do i-ésimo tratamento;
βl: efeito fixo da l-ésima quantificação;
bj0; bj1: efeitos aleatórios da j-ésima porção e j-ésima extrusão, bj0 iid ~ N (0; σ 2 u0) e bj1 iid ~
N (0; σ2 u11);
εij: o erro aleatório, εij iid ~ N (0, σ2).
Para análise dos índices de peróxido, os valores foram agrupados considerando fonte
do mineral (MI x MO), e níveis dentro da mesma fonte (MI 1 x MI 2; MO 1 x MO2)
considerando o período de shelf-life. O modelo foi então ajustado:
Em que:
β0; β2; β3; β4 :Efeito fixo;
ε: resíduo.
Os valores de umidade e atividade da água são apresentados na forma de análise
descritiva.
Os resultados do teste de palatabilidade foram analisados conforme metodologia
descrita por Pires et al. (2020) considerando como significativo o poder de teste superior a 0,70,
que foi calculado considerando tamanho da amostra (n) usada por desafio, diferença nas
preferências (delta), desvio padrão (DP) e o nível de significância a 5%.
3. Resultados
Tabela 3
Perfil de ácidos graxos (mg/g de gordura) na dieta Controle e contendo diferentes níveis de minerais inorgânicos
(MI-1 e MI-2) ou orgânicos (MO-1 e MO-2) antes ou após a extrusão
MI *
Controle MI 1 MI 2 MO 1 MO 2 Média EPM
MO
Ácido Graxo 16:0
Antes 235,4 Aa 214,4 Ae 226,7 Ac 231,4 Ab 219,9 Ad 225,6 2,403
Depois 222,7 Ba 210,3 Bc 200,5 Be 202,9 Bd 214,2 Bb 210,1 2,528
Média 229,1 212,4 213,6 217,2 217,1 217,8 <0,0001
EPM 3,175 1,025 6,550 7,125 1,425
Ácido Graxo 18:1n9
Antes 302,6 Ac 303,6 Ab 304,3 Ab 301,6 Ad 311,2 Aa 304,7 1,074
Depois 224,3 Bc 223,9 Bc 230,0 Bb 235,7 Ba 215,6 Bd 225,9 2,124
Média 263,5 263,8 267,2 268,7 263,4 265,3 0,121
EPM 19,58 19,93 18,58 16,48 23,90 19,69
Ácido Graxo 18:2n6
Antes 269,9 Ad 268,9 Ad 278,4 Aa 274,8 Ab 274,4 Ab 273,28 1,099
Depois 218,6 Ba 207,9 Bc 211,7 Bb 218,1 Ba 196,1 Bd 210,5 2,604
Média 244,3 238,4 245,1 246,5 235,3 241,9 0,829
EPM 12,83 15,25 16,68 14,18 19,58
Ácido Graxo 18:3n3
Etapa 1 1,181 Ab 0,866 Bc 1,424 Aa 1,193 Ab 1,129 Ab 1,159 0,056
Etapa 2 1,129 Aa 1,110 Aa 1,006 Bbc 0,946 Bc 0,899 Bcd 1,018 0,028
Média 1,155 0,988 1,215 1,070 1,014 1,088 0,001
EPM 0,013 0,061 0,105 0,062 0,057
Ácido Graxo 20:4n6
Etapa 1 4,410 Aab 4,500 Aa 3,860 Acd 3,920 Abcd 3,820 Ad 4,102 0,092
Etapa 2 3,040 Bb 2,560 Bd 2,890 Bc 3,750 Aa 2,980 Bbc 3,044 0,123
Média 3,725 3,530 3,375 3,835 3,400 3,573 0,519
EPM 0,343 0,485 0,243 0,043 0,210
EPM – Erro padrão da média; MI * MO – interação entre as fontes de minerais; Letras maiúsculas diferentes na
coluna diferem estatisticamente; Letras minúsculas diferentes na linha diferem estatisticamente.
A B
C D
Figura 2
Concentração de ácidos graxos na mistura pré-extrusão (1) e pós-extrusão (2) nos tratamentos
experimentais. 2A ácido graxo palmítico; 2B ácido graxo oleico; 2C ácido linoleico; 2D ácido graxo
linolênico; 2D ácido graxo araquidônico.
Tabela 4
Controle MI 1 MI 2 MO 1 MO 2 Média DP P
BHA 42,83 33,15 42,52 38,16 35,07 38,35 3,881 0,081
BHT 50,98 35,39 37,98 32,78 32,78 37,98 6,778 0,081
Total 49,72 35,04 38,56 33,61 33,14 38,01 6,154 0,081
DP – Desvio Padrão; BHA – hidroxianisol-butilado; BHT – hidroxitolueno butilado.
P significativo <0,05.
Tabela 5
Perfil de ácidos graxos na Dieta Controle e contendo diferentes níveis de minerais inorgânicos (MI-1 e MI-2) ou
orgânicos (MO-1 e MO-2) durante shelf-life.
A B
C D
Figura 3
Comportamento de ácidos graxos durante a shelf-life. 3A ácido graxo palmítico; 3B ácido graxo oleico; 3C
ácido linoleico; 3D ácido graxo linolênico; 3D ácido graxo araquidônico.
Tabela 6
Controle MI 1 MI 2 MO 1 MO 2 Média DP P
Dia 180
BHA 59,99c 55,41d 60,37c 64,71b 67,28a 61,55 4,107 0,012
d c d b
BHT 30,77 33,60 26,24 39,06 45,25a 34,98 6,604 0,009
Total 34,08c 36,37c 29,86d 42,43b 48,66a 38,28 6,591 0,009
Dia 360
BHA 50,89bc 52,52b 49,61c 59,55ª 52,32b 52,98 3,448 0,017
BHT 27,05bc 28,92b 19,00c 37,16ª 40,60a 30,55 7,656 0,015
Total 29,76b 31,92b 22,24c 40,10ª 42,43a 33,29 7,298 0,014
DP – Desvio Padrão; BHA – hidroxianisol-butilado; BHT – hidroxitolueno butilado.
P significativo <0,05.
Para MI 1:
Peróxido = 0,503179 + 0,023229 * Período
Para MI 2:
Peróxido = (0,503179 + 1,526617) + (0,023229 – 0,000120) * Período
Para MO 1:
Peróxido = 0,430459 + 0,012183 * Período
Para MO 2:
Peróxido = (0,430459 + 0,201894) + (0,012183 + 0,005966) * Período
elevado (P=0,0208). Para a fonte orgânica, houve interação entre nível e período e desta forma,
os coeficientes angulares foram diferentes entre si, mostrando maior acréscimo no peróxido em
cada período no tratamento MO-2 em relação ao MO-1 (P=0,00499).
A B
Figura 4
Dispersão dos valores de peróxido de rações para gatos, avaliados durante o período de armazenamento
de até 360 dias. 4A Dispersão de peróxido MI 1 x MI 2; 4B Dispersão de peróxido MO 1 x MO2;
Dispersão de peróxido MI x MO.
40
Tabela 7
Índice de peróxido estimados (mEq/1000g) nas dietas experimentais durante a vida de prateleira
Controle MI 1 MI 2 MO 1 MO 2
Dia 0 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
Dia 45 0,000 1,096 3,070 0,979 1,449
Dia 90 0,863 2,141 4,110 1,527 2,266
Dia 135 1,496 3,186 5,150 2,075 3,082
Dia 180 1,427 4,232 6,189 2,623 3,899
Dia 225 1,306 5,277 7,229 3,172 4,716
Dia 270 1,631 6,322 8,269 3,720 5,533
Dia 315 3,005 7,367 9,309 4,268 6,349
Dia 360 2,640 8,413 10,349 4,816 7,166
Tabela 8
Valores de atividade da água e umidade (%) das dietas experimentais durante a vida de prateleira
Controle MI 1 MI 2 MO 1 MO 2
Atividade de água
Dia 0 0,45 0,41 0,43 0,37 0,37
Dia 45 0,58 0,52 0,5 0,48 0,46
Dia 90 0,56 0,53 0,51 0,51 0,50
Dia 135 0,56 0,54 0,54 0,52 0,55
Dia 180 0,56 0,55 0,54 0,54 0,54
Dia 225 0,58 0,55 0,55 0,54 0,54
Dia 270 0,57 0,52 0,51 0,51 0,51
Dia 315 0,54 0,52 0,52 0,50 0,49
Dia 360 0,60 0,60 0,60 0,59 0,59
Umidade (%)
Dia 0 4,50 4,26 4,04 3,29 3,02
Dia 45 5,74 5,26 4,89 4,72 4,51
Dia 90 5,70 5,72 5,39 5,21 4,88
Dia 135 5,92 6,17 5,74 5,46 5,62
Dia 180 5,80 5,99 5,62 5,16 5,38
Dia 225 6,18 5,86 5,93 5,48 5,73
Dia 270 5,53 5,77 5,44 5,26 5,44
Dia 315 5,49 5,28 5,28 4,91 5,29
Dia 360 6,76 6,76 6,85 6,73 6,53
41
É possível notar que houve preferência pela dieta suplementada com minerais
orgânicos, em relação à Controle logo no início de armazenamento (Dia 0) e com 360 dias de
shelf-life, e as dietas com minerais inorgânicos nos dias 90 e 360, considerando o poder do teste
superior a 0,7, conforme método validado por Pires et al., 2020.
Tabela 9
Preferência alimentar de gatos nos desafios de palatabilidade durante o shelf-life das dietas experimentais.
Os índices de peróxido das dietas usadas nos testes de palatabilidade nos respectivos
períodos de avaliação se encontram na Tabela 10.
Tabela 10
Índice de péroxido (mEq/1000g) das rações usadas para os testes de palatabilidade em gatos.
4. Discussão
A extrusão é um processo versátil, com diferentes combinações de parâmetros de
processo como temperatura, velocidade da rosca da extrusora e do alimentador, de maneira a
desenvolver diversos produtos de valor agregado (Dalbhagat; Mahato; Mishra, 2019; Liu et al.,
2011). O controle desses parâmetros se fez necessário para evitar a perda das características
nutricionais e sensoriais do produto alimentício.
Durante a extrusão ocorrem modificações estruturais, químicas e funcionais nos
ingredientes, promovendo a gelatinização do amido e solubilidade de fibras, desnaturando
proteínas, e facilitando a oxidação lipídica e vitamínica, podendo complexar alguns nutrientes
e como consequência modificar a biodisponibilidade dos nutrientes (Riaz, 2007; Alam et al.,
2016).
Pouco se conhece sobre as alterações que ocorrem nos ácidos graxos durante a
extrusão. É possível que o processamento, cause a complexação de alguns nutrientes ou que
ocorra mudanças químicas, como hidrogenação, isomerização, polimerização e oxidação de
lipídios. Tais alterações, podem fazer com que ocorram modificações na estabilidade oxidativa
e no valor nutricional do produto final (Rockey; Plattner, 1995).
Pode ser que o processo de extrusão tenha complexado parte do teor de lipídios das
dietas, podendo ter contribuído com a redução significativa durante o processo, mesmo que este
efeito tenha sido amenizado pela hidrólise ácida das amostras, antes da análise de
cromatografia, a metodologia não recupera todo o percentual da gordura.
Mesmo com o uso de antioxidantes, as reduções nos níveis de ácidos graxos na
extrusão foram significativas. Esta redução dos compostos antioxidantes foi mais marcante,
mostrando que estes são consumidos para proteger os lipídeos da oxidação. Compostos
antioxidantes agem quelando as espécies reativas, formando produtos inativos. Desta forma,
caso o antioxidante já tenha sido completamente utilizado, o radical peróxido irá remover o
hidrogênio presente no ácido graxo insaturado, formando um hidroperóxido e mais um radical
livre, até que toda a gordura tenha sido oxidada (Baller et al., 2018).
Para controle da oxidação lipídica em alimentos, os antioxidantes têm a função de
inativar os radicais livres, por meio dos doadores de hidrogênio e elétrons, podendo atuar de
forma secundária na complexação de íons metálicos, inativação de espécies reativas de
oxigênio, transformação de hidroperóxidos em espécies não radicalares (Araújo, 2011).
Os antioxidantes BHA e BHT possuem nomes, estruturas e atividade semelhantes,
todavia, o BHA é mais estável sendo mais efetivo em elevadas temperaturas quando em
comparação ao BHT, que apresenta efeito protetor menor nessas condições. Por isso, é comum
43
seu uso associado. O BHA irá agir sequestrando radicais peróxidos ao passo que o BHT agirá
como regenerador de radicais BHA (Araújo, 2011).
O processo oxidativo durante a extrusão pode ser minimizado também através do
controle dos parâmetros de extrusão. Ribeiro (2018), ao avaliar os efeitos dos parâmetros de
extrusão na oxidação de ácidos graxos, observou que no condicionador não houve redução do
ácido linoleico, conforme o emprego de diferente energia mecânica específica (EME) durante
o processo. Todavia, ocorreu redução importante na extrusora, e na saída da extrusora, sendo a
maior concentração do ácido graxo em questão, quando foi adotado menor EME. Já no secador,
a concentração do ácido linoleico reduziu conforme o aumento da EME.
Os metais de transição já foram descritos como catalisadores da oxidação de lipídios,
fato este que explica a correlação negativa que ocorre entre o conteúdo mineral e a estabilidade
oxidativa de um alimento (Miller; Buettner; D’ Aust, 1990). Todavia, no presente estudo, o
efeito dos metais de transição como catalisadores do processo oxidativo durante a extrusão, não
foi percebido, podendo ser justificado pelo curto período do processo de extrusão e a presença
de concentrações adequadas de antioxidantes em todos os alimentos, que eventualmente
mascararam o efeito catalítico desses metais.
Neste estudo, mesmo que tenha ocorrido reduções significativas nos teores de ácidos
graxos durante o processo de extrusão, não houve efeito das fontes e níveis de minerais, uma
vez, que a dieta controle, cujo teor de metais de transição era mais baixo, também apresentou
essa redução. Ribeiro (2018) verificou que esta redução pode ser superior a 50% quando estes
ácidos graxos não estão protegidos por antioxidantes, demonstrando a necessidade de proteção
de moléculas lipídicas por antioxidantes em alimentos extrusados.
Alimentos para cães e gatos, apresentam prazo de validade normalmente de 12 meses,
todavia, este período pode ser estendido por até 18 meses (Brasil, 2009). Para que o tempo de
prateleira do alimento seja aceitável, e estejam em boas condições para consumo, é necessário
atentar para alguns fatores, como a atividade de água, umidade e os parâmetros oxidativos, tal
como índice de peróxido.
Os principais fatores que favorecem a oxidação dos ácidos graxos, são a temperatura
e a característica destes ácidos graxos, como tamanho da cadeia e número de duplas ligações.
O teor de água, parece ser também relevante, uma vez que a concentração de água no alimento
interfere na reação hidrolítica (Siger; Michalak, 2016).
Houve reduções significativas dos ácidos graxos durante o shelf-life nos diferentes
tratamentos, contudo, não se pode concluir qual fonte foi mais eficaz na preservação dos ácidos
graxos. Compostos pró-oxidantes, como os metais de transição, além de iniciar o processo
44
oxidativo, catalisam sua progressão, seja pela interação direta com ácidos graxos insaturados,
gerando a formação de hidroperóxidos, ou pela formação de espécies reativas (Chaiyasit et al.
2007).
As reduções foram mais evidentes para os ácidos graxos linoleico (18:2n6), linolênico
(18:3n3) e araquidônico (20:4n6) sendo de 18,90%; 15,62% e 62,63% respectivamente. Estes,
por se tratarem de ácidos graxos poli-insaturados, apresentam estrutura lipídica mais
susceptível à oxidação, uma vez, que é conhecida a relação entre o grau de insaturações e a
propensão a oxidação (Cosgrove; Church; Pryor, 1987).
A redução de antioxidantes foi menos acentuada que os antioxidantes, evidenciando o
que o efeito protetor e relevante dos antioxidantes em pet food. Compostos antioxidantes atuam
protegendo os lipídios dos iniciadores da oxidação ou interrompendo a fase de propagação, o
principal mecanismo de ação é a inativação de radicais livres de lipídios, diminuindo a produção
de espécies reativas, interrompendo a fase de propagação da autoxidação lipídica (Gordon,
2004).
O índice de peróxido é um método analítico que permite medir os hidroperóxidos,
formados no início da oxidação, comumente usados pelas indústrias. O método se baseia na
oxidação do íon de iodeto, medindo o iodo produzido a partir da decomposição do iodeto de
potássio pelos peróxidos (Shahidi; Zhong, 2005). O teor máximo sugerido para pet food é de
10 mEq/kg (ABINPET, 2019).
Através das equações ajustadas pelo modelo estatístico, foi possível estimar o período
que levaria para que cada tratamento atingisse o padrão permitido, sendo que com 360 dias de
vida de prateleira, a dieta com inclusão de minerais inorgânicos, duas vezes a recomendação da
FEDIAF (2018), já estaria inapta para consumo, enquanto a dieta com suplementação de
minerais na forma orgânica atingiria o limite apenas com 516 dias de shelf-life. Fato que
comprova que as fontes orgânicas podem prevenir a formação de compostos resultantes da
oxidação lipídica durante armazenamento.
Com base nos resultados de índice de peróxido, pode-se notar os efeitos dos metais de
transição no processo oxidativo das rações, pois com 360 dias de prateleira, a dieta controle
apresentou índice de peróxido de 2,64 mEq/kg, enquanto estas concentrações foram em média
3,55 vezes superior nos tratamentos com minerais inorgânicos, independentemente do nível, e
2,26 vezes superior nos tratamentos com minerais orgânicos. Desta forma, estes achados
mostram a importância de se controlar os níveis de metais de transição nos alimentos de pet
food, e adicionalmente, quando usados na forma orgânica, esta pareceu ser mais efetiva na
prevenção da oxidação.
45
A umidade e a atividade de água são usadas pela indústria de pet food como maneira
de evitar contaminações microbiológicas, servindo como parâmetros de qualidade. Todavia,
não se recomenda que seja definido o teor de umidade isoladamente, pois a atividade de água é
tida como medida mais adequada, indicando a quantidade de água disponível para que ocorram
reações de degradação do alimento (Krabbe, 2009).
A água livre influencia a oxidação lipídica dos alimentos, intensificando a atividade
catalítica dos metais de transição, com isso, o risco de oxidação aumenta conforme ocorre
aumento da atividade de água e umidade do alimento (Food Ingredientes Brasil, 2014).
Para pet food a umidade geralmente é de no máximo 14% (FEDIAF, 2018), e a
atividade de água máxima recomendada de 0,65 para que microrganismos não se desenvolvam.
Estes teores podem variar conforme a composição química do alimento em questão e o
armazenamento (Park et al., 2008).
Estes achados, mostram que mesmo com 360 dias de shelf-life a umidade ainda se
encontrou dentro do ideal, assim como o valor de atividade de água, comprovando que as
rações, independente do tratamento, estavam aptas para o consumo considerando somente esses
parâmetros.
O aumento da umidade e da atividade de água mais acentuado nos dias 0 e 45 pode ser
justificado pela forma de armazenamento das rações antes do envase das amostras de shelf-life,
após o revestimento com óleo de frango e palatabilizante em pó, as rações ficaram em
bombonas plásticas durante sete dias para que a gordura fosse uniformemente distribuída na
ração, e pode ter contribuído com o aumento desses parâmetros durante este período.
Considerando que a palatabilidade é um ponto importante em alimentos para gatos,
uma vez, que se tratam de animais extremamente exigentes, com o olfato e paladar apurados,
neste teste, os animais conseguem diferir as alterações mesmo que pequenas nos graus de
oxidação das dietas, preferindo alimentos com menores índices de oxidação confirmada pela
análise de índice de peróxido. Podendo concluir então, que existe capacidade de detecção a
presença de processos oxidativos nas dietas experimentais, que se explica pela seletividade do
animais, com relação ao odor e ao sabor do alimento, pois os gatos apresentam tendência a
ingestão de produtos com odor e sabor já conhecidos, em contraste aos desconhecidos (Becques
et al., 2009).
Como resultado a ingestão de alimentos, os animais podem aprender a associar
determinados alimentos com as consequências sensoriais e fisiológicas que trazem (Stubbs;
Whybrow, 2004) fazendo com que os gatos tenham a preferência pelos alimentos com menor
grau de rancificação, considerando que alimentos oxidados trazem uma série de malefícios a
46
saúde deles. No entanto, considerando o índice de peróxido das rações usadas para o teste de
palatabilidade, a pequena diferença no grau de oxidação entre os tratamentos, não foi percebida
pelos animais.
No tempo zero de shelf-life, quando ambas dietas não apresentaram nenhum grau
oxidativo, os animais também tiveram preferência pela dieta suplementada com a fonte
orgânica, em frente a dieta controle, sendo ambas com a mesma inclusão de palatabilizante e
gordura, comprovando a maior palatabilidade dos minerais orgânicos.
Em teses de palatabilidade, observou-se que a adição em 2% do extrato de levedura ao
alimento completo seco extrusado conferiu maior palatabilidade, demonstrando preferência
pela dieta contendo este ingrediente na proporção de 67%:33% em contraste com a dieta
controle (Teshimaet al., 2007). Comprovando maior aceitabilidade de minerais orgânicos frente
aos inorgânicos.
Pode ser que o método de avaliação de vida de prateleira possa ter influenciado nos
resultados, pois o método convencional, em temperatura ambiente, reproduz melhor as
condições reais de armazenamento. Trabalhos já realizados, mostram que o efeito da
temperatura em compostos com potencial antioxidante é afetado, ou seja, a medida que se
aumenta a temperatura se reduz a capacidade antioxidante dos compostos (Paraginski et al.,
2015).
Os testes de shelf-life em tempo real, em temperatura ambiente se mostraram mais
eficientes ao analisar níveis crescentes de oxidação em dietas secas para pets, e se verificou que
os residuais de antioxidantes se mostram como melhores preditores de vida de prateleira em
comparação com o método de estufa (Chanadang; Koppel; Aldrich, 2016).
O método de avaliação de shelf-life em estufa, pode ter contribuído com a ausência de
diferenças significativas entre os tratamentos, pois não consegue reproduzir as condições reais
de armazenagem.
5. Conclusões
uso de fontes orgânicas destes elementos. Além de tudo, pode-se concluir que gatos preferem
alimentos com fontes de minerais orgânicos em comparação as fontes inorgânicas.
6. Agradecimentos
7. Referências
Alam, M. S.; Kaur, J.; Khaira, H.; Gupta, K. 2016. Extrusion and extruded products:
Changes in quality attributes as affected by extrusion process parameters: A Review.
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