Artigo de Opinião
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Quem já recebeu alguma mensagem via WhastApp informando que o governo vai confiscar a
caderneta de poupança ou que o Congresso vai votar um projeto que acaba com o 13º salário? Outro
conteúdo falso que “viralizou” no Facebook nos últimos tempos se refere ao auxílio-reclusão, que seria pago
diretamente ao criminoso, ou, ainda, que o benefício se multiplicava conforme o número de filhos do preso ou
da presa.
Muitas mensagens circulam pela internet e nem sempre elas são verdadeiras. Mas como pode o
cidadão comum distinguir, num volume pulverizado de informação, entre aquela confiável, verídica e
relevante, e aquela errônea, imprecisa e falsa? É evidente que essa questão está relacionada ao nível de
empoderamento do indivíduo, que varia de acordo com o grau de instrução, a consciência política e os
hábitos midiáticos de cada um.
Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Pew Research Center mostra que cresceu nos últimos
dois anos a influência das redes sociais na tarefa de manter os cidadãos informados. Os sites de notícias,
antes tradicionais fontes de informação, foram descritos no estudo como fontes secundárias, na hora de
saber sobre um assunto ou acontecimento.
As redes sociais podem impulsionar o engajamento cívico devido à sua flexibilidade ao permitir aos
usuários acessar informações sob demanda, receber notícias de maneira instantânea, aprender sobre
diversos temas, personalizar conteúdo de acordo com seus interesses e aprofundar a discussão em torno de
assuntos mais complexos.
Acesso à informação é um direito
No entanto, o potencial da internet para ampliar o grau de informação do indivíduo ainda é limitado por
fatores como o desinteresse da coletividade ou a inabilidade das pessoas em assimilar grandes volumes de
dados e relacionar fatos. Daí a importância de uma educação que subsidie o cidadão a entender a burocracia
governamental e o funcionamento do sistema político (conhecimento das regras gerais, familiaridade com as
estatísticas e as plataformas de governo). Só uma pessoa que reúna essas competências poderá
acompanhar e fiscalizar as políticas públicas implementadas pelos agentes públicos.
A desinformação, fruto da imprecisão, da mentira ou do ruído informacional, contribui para a
ignorância das pessoas e inviabiliza o debate democrático. Aliás, é preocupante quando observamos que
uma informação é manipulada simplesmente com o propósito de causar pânico ou revolta, com vistas a
beneficiar um segmento político. Não podemos nos esquecer também do triste episódio, ocorrido no ano
passado no Guarujá, em que uma mulher foi espancada até a morte após boato espalhado em rede social
que a acusava de sequestro e bruxaria.
Diante disso, é preciso verificar se a informação veiculada é de uma fonte confiável, como sites
institucionais, páginas de jornais conhecidos e blogues de profissionais respeitados. Também é importante
pesquisar se mais de uma fonte publicou a notícia, isso denota maior credibilidade à mensagem.Outro
aspecto relevante é identificar se o conteúdo divulgado não é oriundo de um site de notícias falsas ou de
conteúdo exclusivamente humorístico, como o Sensacionalista.
A informação tem relevância para o exercício pleno da cidadania e a formação de opinião. Por isso, o acesso
à informação é um direito que antecede os demais, pois quem está bem informado tem maiores
possibilidades de reivindicar outros direitos. As redes sociais oferecem oportunidades significativas para a
politização da sociedade e um maior engajamento do cidadão no processo de deliberação pública, mas é
preciso, antes de tudo, discernimento para não reproduzir o senso comum “viralizado” na internet.
Michel Carvalho da Silva é jornalista, professor e mestre em Ciências da Comunicação.
Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/redes-sociais/a-viralizacao-do-senso-com
Questões
1. Leia o título do texto que vamos ler. O que ele antecipa sobre o conteúdo do texto? A viralização do senso
comum, por Michel Carvalho da Silva:
A partir do título, podemos dizer que o texto vai tratar:
a. de um problema social ligado a um conhecimento superficial das coisas, ou de alguma coisa em
específico;
b. de que o senso acerca das coisas comuns está ganhando espaço;
c. do como a prática do senso comum viralizou e está ganhando cada vez mais adeptos na internet;
d. de como a educação está melhorando e de como as pessoas passaram a ter um senso comum.
2. A introdução de um artigo de opinião deve trazer o tema que é tratado pelo autor. Qual é o tema desse
texto?
3. Releia o segundo parágrafo e identifica a tese do autor.
4. Releia o terceiro parágrafo e identifique o tipo de argumentação utilizada:
a. Exemplificação.
b. Histórico.
c. Autoridade.
d. Comparação.
5. Releia o texto identifique o parágrafo que apresenta um argumento de exemplificação e escreva o exemplo.
6. Na conclusão do texto, o autor:
a. Exemplifica o que vem acontecendo na sociedade e aponta a educação como o caminho para resolver
o problema.
b. Retoma os argumentos sobre a importância da informação e das redes sociais para a politização da
sociedade e afirma que é preciso ter discernimento.
c. De forma indireta, fala da importância da educação e retoma a limitação da população que não tem
competência para filtrar a informação.
d. Compara a importância da informação com o papel das redes sociais no combate às fake news.
7. Apesar de dizer que “desinteresse da coletividade ou a inabilidade das pessoas em assimilar grandes
volumes de dados e relacionar fatos”, o autor, no sétimo parágrafo, orienta o leitor sobre como não ser
enganado por uma fake news. Que expressões ele utiliza para chamar a atenção para a importância de
certos procedimentos?
8. A coesão textual pode ocorrer dentro do parágrafo, como forma de amarração das ideias e encadeamento
delas, bem como entre parágrafos. Lembrando que o texto não é uma colcha de retalhos, ele é um todo
organizado que produz sentido. Aponte no texto, indicando o número do parágrafo, duas expressões que
conectam esses parágrafos com o que foi dito antes [no/nos parágrafo(s) anterior(es)].
9. Releia o parágrafo abaixo e grife as palavras ou as expressões que ajudam a evitar repetições e dar
coesão ao texto.
“Muitas mensagens circulam pela internet e nem sempre elas são verdadeiras. Mas como pode o cidadão
comum distinguir, num volume pulverizado de informação, entre aquela confiável, verídica e relevante, e
aquela errônea, imprecisa e falsa? É evidente que essa questão está relacionada ao nível de
empoderamento do indivíduo, que varia de acordo com o grau de instrução, a consciência política e os
hábitos midiáticos de cada um.”