TCC 2016 1 PMToledo
TCC 2016 1 PMToledo
TCC 2016 1 PMToledo
Minas Gerais
Departamento Acadêmico de Engenharia Elétrica
Engenharia Elétrica
Belo Horizonte
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
2015
PAULA MURUEL TOLEDO
C O NC E P Ç Ã O DE UM SISTEMA RE S S O NAN T E P A R AE
T RA NS M I S S Ã O D E E NE RG I A S E M FI O
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
Agradeço aos meus pais por me darem todas as condições de chegar aonde cheguei; ao
Guilherme por todo o apoio e incentivo; e a todos que me ajudaram direta e indiretamente na
elaboração deste trabalho.
Resumo
i
Abstract
ii
Sumário
Resumo.................................................................................................................................................. i
Abstract ................................................................................................................................................ ii
Sumário .............................................................................................................................................. iii
Lista de Figuras ................................................................................................................................. v
Lista de Tabelas.............................................................................................................................. vii
Lista de Siglas ................................................................................................................................. viii
Capítulo 1 ......................................................................................................................................... 10
1.1. Relevância do tema em investigação ........................................................................................ 10
1.2. Objetivos do trabalho ..................................................................................................................... 11
1.3. Metodologia........................................................................................................................................ 12
1.4. Organização do trabalho ............................................................................................................... 12
Capítulo 2 ......................................................................................................................................... 13
2.1. Introdução .......................................................................................................................................... 13
2.2. Primeiras Propostas Para a Transmissão de Energia Sem Fio ....................................... 14
2.3. Transmissão por Micro-ondas .................................................................................................... 17
2.4. Satellite Power System .................................................................................................................. 20
2.5. Outros trabalhos utilizando micro-ondas .............................................................................. 23
2.6. Indução Magnética........................................................................................................................... 26
2.7. Laser ...................................................................................................................................................... 28
2.8. Energy Harvest System .................................................................................................................. 29
2.9. Piezoelétrico ...................................................................................................................................... 29
2.10. Witricity ............................................................................................................................................ 30
2.10.1. O experimento realizado pelo MIT ................................................................................................. 30
2.10.2. Pesquisas e estudos focados em aplicações de usos comerciais ........................................ 33
2.10.3. Projetos utilizando Bobinas Espirais Planares .......................................................................... 36
2.10.4. Métodos de Transmissão de Energia sem Fio ............................................................................ 37
2.10.5. Sistema de transmissão wireless com duas bobinas ressonantes ..................................... 41
iii
2.10.6. Configurações de sistemas de transmissão sem fios utilizando acoplamento
ressonante ............................................................................................................................................................... 42
2.11. Considerações finais ..................................................................................................................... 48
Capítulo 3 ......................................................................................................................................... 49
3.1. Introdução .......................................................................................................................................... 49
3.2. Cálculo dos Parâmetros do Sistema .......................................................................................... 50
3.2.1. Expressões para o cálculo da resistência ôhmica e parasita .................................................. 52
3.2.2. Expressões para o cálculo da capacitância parasita ................................................................... 53
3.2.3. Expressões para o cálculo da autoindutância das bobinas...................................................... 54
3.2.4. Expressões para o cálculo da indutância mútua .......................................................................... 55
3.3. Modelagem matemática do sistema.......................................................................................... 57
3.4. Considerações finais ....................................................................................................................... 59
Capítulo 4 ......................................................................................................................................... 60
4.1. Introdução .......................................................................................................................................... 60
4.2. Resultados para os cálculos dos parâmetros R, L, C e comparação com a medição
dos parâmetros ......................................................................................................................................... 60
4.3. Medição de frequência de ressonância e parâmetro 𝑺𝟏𝟏 ................................................ 63
4.4. Medição do sistema em aberto ................................................................................................... 65
4.5. Acréscimo de capacitância e medição de frequência de ressonância e parâmetro
𝑺𝟏𝟏 ................................................................................................................................................................. 70
4.6. Medições de circuito aberto para o protótipo com capacitor ......................................... 72
4.7. Montagem do sistema com capacitor e carga, e comparação com simulações
realizadas no MATLAB e ADS .............................................................................................................. 74
4.8. Considerações Finais ...................................................................................................................... 78
Capítulo 5 ......................................................................................................................................... 79
Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 81
iv
Lista de Figuras
Figura 2. 1- Tesla no Colorado Springs Laboratory, construído para suas pesquisas em transmissão sem fio
[5]. ..................................................................................................................................................................................................... 15
Figura 2. 2: Wardencliffe Tower [2]................................................................................................................................................ 16
Figura 2. 3: Sistema básico constituinte do helicóptero alimentado via micro-ondas [6]. ................................... 19
Figura 2. 4: Sistema de referência para a construção do SPC [11]................................................................................... 21
Figura 2. 5: Experimento MINIX de 1983 [15]. ......................................................................................................................... 23
Figura 2. 6: Sistema SHARP [17] ..................................................................................................................................................... 24
Figura 2. 7: Rover completamente autônomo e alimentado via laser. [29].................................................................. 28
Figura 2. 8: : Esquema da configuração realizada pelo MIT. A é uma única espira de cobre com raio de
25cm, que faz parte do circuito de condução que gera uma onda senoidal de 9.9MHz. S e D são as
bobinas transmissora da fonte (source) e a receptora (device). B é uma espira conectado à carga, no
caso uma lâmpada incandescente de 60W. Os Ks representam o acoplamento direto entre os objetos
apontados pelas setas. O ângulo entre as bobinas D e a espira A é ajustado para que o acoplamento
direto entre elas seja nulo. As bobinas S e D estão alinhadas coaxialmente. Assim como o
acoplamento entre B e A, e B e S é desprezível [33]. .................................................................................................. 31
Figura 2. 9: Comparação realizada pelos pesquisadores entre as eficiências teórica e experimental em
função da distância entre as bobinas [33]. ..................................................................................................................... 32
Figura 2. 10: Sistema utilizado para a alimentação sem fios de robôs para endoscopia [38]. ............................ 34
Figura 2. 11: Sistema de alimentação wireless para um veículo elétrico online na Córeia do Sul [28]. ......... 35
Figura 2. 12: Sistema utilizando FEM [41].................................................................................................................................. 36
Figura 2. 13: Esquema para um sistema de alimentação de uma carga móvel usando múltiplas bobinas
primárias [43]. ............................................................................................................................................................................. 37
Figura 2. 14: Circuito equivalente de um sistema de transmissão de energia sem fios [46]. .............................. 38
Figura 2. 15: Variação de eficiência e potência de saída do circuito equivalente da figura 2.15 [46]. ............ 39
Figura 2. 16 Sistema de duas portas [46] .................................................................................................................................... 40
Figura 2. 17: Circuito equivalente de um sistema de duas bobinas [46]. ..................................................................... 41
Figura 2. 18: Sistema com quatro bobinas [46]. ...................................................................................................................... 43
Figura 2. 19: Exemplos de arranjos de bobinas em dominó. (a) Linha reta. (b) Uma linha dividida em duas.
(c) Bobinas em círculo. (d) Duas linhas convergindo em uma [46]. ................................................................... 45
Figura 2. 20: Fotografia mostrando um sistema de bobinas ressonantes em cículo, alimentando uma
lâmpada fluorescente de 18W [46]. ................................................................................................................................... 45
Figura 2. 21: Esboço de bobina projetada para reduzir a resistência dos enrolamentos [46]. ........................... 46
v
Figura 2. 22: Sistema utilizando um circuito LC para fazer o casamento de impedâncias ao variar a
distância de transmissão [47]. ............................................................................................................................................. 47
Figura 3. 1: Sistema de transmissão sem fios investigado neste trabalho. .................................................................. 49
Figura 3.2: Representação da placa com os parâmetros de construção das bobinas idênticas. O parâmetro s
corresponde ao espaçamento entre as espiras condutoras da bobinas externa, 𝑟𝑜 é o raio externo da
bobina externa, 𝑟𝑖 é o raio interno da bobina externa, 𝑟𝑙 é o raio externo da bobina interna, 𝑊𝑙 é a
espessura da bobina interna e 𝑊𝑟 é a espessura da bobina externa.................................................................. 51
Figura 3.3: Seção de um par de condutores paralelos mostrando os componentes do capacitor parasita
entre o material isolante e o substrato da placa [55]. ............................................................................................... 54
Figura 3.4: Circuito equivalente do sistema............................................................................................................................... 57
Figura 4.1 Modelos de construção das placas. (a) Modelo a em que o ângulo interno foi mantido igual ao
ângulo externo. (b) Modelo b em que a espessura da tira foi mantida constante. (c) Modelo c em que
foi projetado o ângulo interno de 90°. .............................................................................................................................. 61
Figura 4.2. Gráfico da variação do parâmetro 𝑆11 para a placa do modelo a. ............................................................ 63
Figura 4.3. Carta de Smith da placa a. ........................................................................................................................................... 64
Figura 4.4. Imagem da Placa a utilizada no sistema. .............................................................................................................. 66
Figura 4.5. Esquema de ligação do sistema. ............................................................................................................................... 66
Figura 4.6. Gráfico da variação da tensão pela frequência com o circuito aberto..................................................... 67
Figura 4.7. Imagem do sistema montado em laboratório. ................................................................................................... 68
Figura 4.8. Gráfico da variação da tensão pela variação da distância em circuito aberto para a frequência
de ressonância de 118,3MHz. ............................................................................................................................................... 68
Figura 4.9. Gráfico da variação da tensão pela variação da distância em circuito aberto para a frequência
de 106.0MHz. ............................................................................................................................................................................... 69
Figura 4.10. Gráfico da variação da tensão pela frequência com o circuito aberto a uma distância de 6,2 cm.
............................................................................................................................................................................................................ 70
Figura 4.11. Gráfico da variação do parâmetro 𝑆11 em escala logarítmica em relação a variação de
frequência do sistema com o capacitor de 47nF. ......................................................................................................... 71
Figura 4.12 Carta de Smith da placa a com o capacitor de 47nF. ..................................................................................... 72
Figura 4.13. Esquema de ligação do sistema com o capacitor de 47nF em aberto. .................................................. 73
Figura 4.14 – Variação da Tensão com a frequência do sistema com o capacitor de 47nF em circuito aberto.
............................................................................................................................................................................................................ 73
Figura 4.15. Gráfico da variação da tensão pela variação da distância em circuito aberto com o capacitor de
47nF para a frequência de 38,0MHz. ................................................................................................................................. 74
Figura 4.16.. Esquema de ligação do sistema com capacitor de 47nF e carga. ........................................................... 75
Figura 4.17. Gráfico Carga x Rendimento com a frequência em 38MHz ....................................................................... 76
Figura 4.18. Gráfico Carga x Rendimento com a frequência em 38,0MHz. .................................................................. 76
Figura 4. 19. Gráfico do sistema com capacitor e carga. Eficiência pela variação da frequência. ...................... 77
Figura 4. 20 Gráfico do sistema com capacitor e carga. Eficiência pela variação da distância............................ 78
vi
Lista de Tabelas
vii
Lista de Siglas
viii
TULIP: Transport Urban, Individuel et Public
ix
Capítulo 1
Introdução
10
alimentação direta de interligações elétricas de juntas móveis ou girantes (como por
exemplo, robôs, máquinas de embalagem, máquinas de montagem, etc.) e a alimentação
de sistemas localizados em áreas de difícil acesso, como perfurações, mineração e
estações subaquáticas. A transmissão de energia sem fios também pode ser usada em
transportes, para a alimentação de baterias de veículos, além da alimentação de veículos
elétricos e outros sistemas elétricos que os compões. Outras aplicações podem ser
encontradas como o carregamento de sistemas eletrônicos militares de alta tecnologia e
a alimentação de implantes e sensores biomédicos.
Vários métodos de transmissão de energia sem fio são conhecidos. Talvez o exemplo
mais comum seja o da radiação eletromagnética com ondas de rádio. Apesar de ser
excelente para a transmissão sem fios de informação, ela não é eficaz para a transmissão
de energia. Como a radiação se espalha em todas as direções, a grande maioria da acaba
sendo desperdiçado no espaço livre.
Acoplamento magnético é particularmente adequado para aplicações cotidianas
devido ao fato de que a maioria dos materiais interage apenas muito fracamente com
campos magnéticos. Dessa forma interações com objetos estranhos são reprimidas,
assim também como a interação com organismos biológicos. Assim, este trabalho
explora a tecnologia de acoplamento magnético ressonante para transmissão de energia
sem fio.
11
•Realizar simulações computacionais de modo a avaliar o desempenho do
sistema considerando diferentes configurações e diferentes tipos de carga.
•Construir um protótipo com base nos resultados simulados para transmitir
energia sem fio para alimentação de cargas de baixas potências.
•Realizar medições que permitam a análise da funcionalidade, eficiência e
aplicabilidade do sistema.
1.3. Metodologia
2.1. Introdução
Até os dias de hoje, uma série de técnicas foram desenvolvidas com o propósito
de transmitir energia sem a utilização de cabos. Essas técnicas podem ser divididas em
três tipos: técnicas de campo-distante (far-field), métodos de transmissão de rádio
frequências difusas (RF broadcast) e técnicas de campo-próximo (near-field).
As técnicas de campo distante usam a propagação de ondas eletromagnéticas da
mesma forma em que ondas de rádio transmitem sinais. São utilizadas ondas
eletromagnéticas na faixa de frequência das micro-ondas e os lasers, na faixa de
frequência visível. Essa técnica é considerada radiativa e possui um menor decaimento
com a distância.
Os métodos de RF broadcast transmitem potência em padrões omnidirecionais,
possibilitando a transferência de energia em qualquer lugar da área de cobertura. O
método permite mobilidade, porém sua eficiência cai á medida que a densidade de
potência decresce, resultando em níveis recebidos de energia muito menores do que os
enviados. Esse meio de coletar energia através de fontes externas também é conhecido
como Energy Harvest.
As técnicas de campo próximo são as técnicas que utilizam acoplamentos
indutivos, em que uma bobina primária transfere energia para uma bobina secundária.
Essas técnicas são consideradas não radiativas e possuem decaimento muito rápido. São
utilizados dois métodos de técnicas de near-field. O primeiro método é por indução
magnética, processo similar ao dos transformadores. Através dele é possível transmitir
uma quantidade maior de energia ao ser comparado com os métodos anteriores, porém
ele está restrito á curtas distâncias, geralmente de alguns milímetros. O segundo método
é o mais recentemente desenvolvido e abordado neste trabalho. Ele utiliza bobinas
13
ressonadoras magneticamente acopladas, que possuem maior eficiência e permite
distâncias maiores do que o método tradicional por indução magnética.
Nesta seção, é abordada a trajetória histórica do desenvolvimento dessas técnicas
de transmissão de energia sem fios, desde os primeiros conceitos até as mais recentes
pesquisas.
14
investigavam o comportamento de correntes em alta frequência, ele percebeu que em
um ambiente fechado, podem ser produzidos campos magnéticos de intensidade
suficiente para alimentar tubos de vácuo sem a utilização de eletrodos [2]. Um ano
depois, 1891, Tesla apresentou seus primeiros resultados voltados para a transmissão
sem fio ao desenvolver a patente N° 454,622, "System of Electric Lighting” [3], na qual ele
fez um aprimoramento do transmissor de onda sem fio de rádio frequências de Hertz.
Em 1893 ele demonstrou a iluminação de lâmpadas fosforescentes sem a utilização de
cabos de energia em seu projeto na World's Columbian Exposition na cidade de Chicago
[4]
Apesar de seus experimentos anteriores, a primeira grande tentativa de Nikola
Tesla de transmitir energia sem o intermédio de fios condutores ocorreu no ano de
1899, em Colorado Springs. Ele construiu uma grande estrutura quadrada sobre a qual
estava posicionada, a 200 pés de altura, uma espira de cobre em formato esférico, de
três pés de diâmetro. Para alimentar sua espira, Tesla forneceu 300kW de potência em
baixa frequência, obtida da Colorado Springs Eletric Company. Segundo o próprio Tesla,
seu sistema transmitiu 100MV, operando em uma frequência de ressonância de 150kHz.
Foi possível visualizar longas descargas elétricas saindo da superfície da esfera (Figura
2.1), entretanto não há registro de quanto desta energia foi realmente radiada no espaço
e quanto pôde ser receptado em pontos distantes do transmissor [5].
Figura 2. 1- Tesla no Colorado Springs Laboratory, construído para suas pesquisas em transmissão
sem fio [5].
15
O trabalho mais conhecido de Tesla na área começou alguns anos antes em 1897,
quando ele apresentou as primeiras patentes sobre dispositivos que viriam a compor,
em 1901, a torre Wardenclyffe (Figura 2.2) [2]. O projeto da torre seria supostamente a
planta piloto para um sistema mundial de transmissão de energia sem fio. A ideia era
transmitir energia por meio de uma corrente elétrica que fluiria através da terra, entre
uma bobina transmissora e outra receptora. Ambas as estações transmissoras e
receptoras seriam construídas seguindo o mesmo modelo, uma bobina de grandes
dimensões dentro da estrutura de uma torre. O primeiro protótipo nunca foi terminado,
mas começou a ser construído em Shoreham, em Sulffolk Country Long Island, cerca de
60 milhas de Nova York. A torre de madeira possuía 187 pés de altura e seu topo
esférico possuía um diâmetro de 68 pés. Essas dimensões seriam adequadas para
transmitir originalmente de 200kW a 300kW [2]. Um segundo transmissor seria
construído provavelmente em algum lugar na Grã-Bretanha, talvez na costa oeste da
Escócia, perto de Glasgow ou para o sul, na Cornualha. Seu projeto não foi bem sucedido
devido ac problemas financeiros e destruído em 1917 durante a primeira guerra
mundial [5].
As tentativas de Tesla em transmitir energia sem fio estavam muito além das
tecnologias conhecidas na época e assim, o interesse em se transmitir energia sem fio se
perdeu por alguns anos. Apenas um experimento relevante foi realizado no início da
década de 30, no Westinghouse Laboratory pelo H.V.Noble e consistia na transmissão e
16
recepção de energia numa frequência de 100MHz entre dois dipolos idênticos, distantes
em 25 pés. Nenhuma tentativa foi realizada no intuito de focar a energia, mas foi
verificado que algumas centenas de watts foram transmitidas entre os dipolos, sendo
que esse experimento foi usado como modelo para a apresentação na Chicago Worlds
Fair nos anos de 1933 - 1934 [5].
19
O sucesso obtido na utilização da rectenna, fez com que, além de passar a ser
utilizada em diversas outras aplicações, ela se tornasse parte do sistema básico
constituinte do sistema de transmissão de energia via energia na faixa de micro-ondas.
Em 1975, a equipe de Brown e Richard Dickinson, trabalhando no Jet Propulsion
Lab, realizou um experimento que demonstrou a transferência de 30KW de energia em
corrente contínua a uma distância de 1milha, usando uma rectenna de 288 ft², na cidade
de Goldstone. Esse experimento, além de testar a possibilidade da transmissão de
energia sem fio fora de laboratórios, também demonstrou uma transferência de potência
de magnitude duas vezes maior que a obtida em laboratório. Fora transmitida energia
via micro-ondas com 84% de eficiência [5].
Essa demonstração foi determinante para estabelecer a confiabilidade da
transmissão de energia sem fios via micro-ondas, mas embora Brown tenha obtido
sucesso em suas pesquisas no ramo da WPT (Wireless Power Transfer), o sistema
possuía um tamanho e custos muito elevados para serem usados em aplicações práticas.
20
compostas de plástico reforçado com grafite e construído no espaço por um dispositivo
chamado de "feixe construtor" [11].
As células solares converteriam a energia solar em energia elétrica, em corrente
contínua, que seria conduzida até uma antena transmissora de micro-ondas, de
diâmetro de 1 km, montada no final da matriz fotovoltaica. Tubos transmissores de
micro-ondas (os klynstros) converteriam a corrente elétrica em potência de rádio
frequência de 2.45 GHz, que seria transmitida para terra. Na superfície terrestre estaria
posicionada uma rectenna que receberia a radiação eletromagnética e a retificaria para o
sistema elétrico como corrente contínua [11]. A rectenna possuiria um diâmetro de
cerca de 10km [10]. Seria também necessária uma área de proteção de 72km² ao seu
entorno, que garantisse a segurança e saúde de organismos vivos ao seu redor. A
densidade do feixe no centro da rectenna seria de 23mW/cm², chegando a uma
densidade de 0.1 mW/cm2 no limite final da área de proteção [11]. A Figura 2.4 ilustra o
sistema de referência descrito para a construção do SPC.
O projeto proposto pela NASA e pelo DOE para o sistema de referência poderia
fornecer, por combinação de receptor e transmissor, uma potência máxima de 5.0 MW.
Esse nível de potência foi escolhido por ser adequado para o sistema fornecer energia
com o menor custo. No entanto é possível fornecer outros níveis de potência, que seriam
definidos pelo projeto do sistema [11].
21
Á medida que as pesquisas progrediam, a possibilidade de vários outros modelos
de sistemas de energia usando satélites no espaço foram sugeridos, como um reator
nuclear em órbita com um transmissor de micro-ondas de energia para a terra.
Transmissores laser posicionados em satélites. Satélites refletores solares, que
funcionariam como espelhos, localizados na órbita da terra, refletindo a energia solar
diretamente para usinas de energia solar na terra. Outro possível conceito seria o de
retransmissão de energia, em que sistemas elétricos na superfície da terra ou em órbita
baixa da terra transmitiriam a energia para satélites geoestacionários por micro-ondas.
Esses satélites então retransmitiriam a energia via micro-ondas para outros lugares
definidos da terra [12]. As ideias foram avaliadas, porém vários problemas tornaram o
sistema SPC o mais viável, pelo menos até a presente data.
O sistema apresentado no primeiro projeto foi o passo inicial nas pesquisas em
sistemas que gerasse energia através da energia captada na órbita terrestre. Devido ao
elevado custo, o programa foi fechado, mas vários outros projetos de pesquisas foram
iniciados nos anos seguintes, tanto pela NASA quanto por outras agências e empresas de
outros países [5].
No começo dos anos 80, cientistas e engenheiros japoneses iniciaram suas
pesquisas em projetos similares ao SPC. Após a primeira fase de estudo conceitual, a
JAXA (Japan Aerospace Exploration Agency) propôs um modelo de SPS a 5.8 GHz e 1GW.
Um pouco diferente do projeto da NASA, ele é baseado em um sistema de espelhos
rotativos integrado a um painel composto por uma célula fotovoltaica em um lado e no
outro uma matriz de antenas de micro-ondas. Outros projetos similares foram propostos
pelo também japonês Institute for Unmanned Space Experiment Free Flyer (USEF) e pela
The European Space Agency (ESA) [12].
Em 1997 foi publicado um programa chamado de Fresh Look SPS, que incluía
aprimoramentos do projeto inicial, sendo o principal deles o conceito da Sun Tower SPS.
Este modelo seria um conjunto de média escala de sistemas de transmissão de energia
solar via micro-ondas, que transmitiria em 5.8 GHz a partir de uma órbita inicial de
100km da Terra e a um nível de potência de 200MW [11]. Nos anos seguintes outros
projetos da NASA foram criados de modo a viabilizar a transmissão via satélite,
incluindo o SSP Concept Def. Study de 1998, o SSP Exploratory Research and Technology
em 1999-2000 e o SSP Concept and Technology Maturation de 2001 – 2002. [12].
22
Os europeus também propuseram um projeto similar ao Sun Tower SPS da NASA,
em 2011, que foi denominado Sail Tower SPS. A tecnologia proposta por eles utilizaria
uma película fina e um mecanismo desenvolvido para velas solares de 150m x 150m. A
energia gerada nas velas seria transmitida para a antena onde micro-ondas na
frequência de 2.45 GHz, geradas em magnetos emitindo 400MW de potência [13].
As numerosas pesquisas em sistemas que utilizam satélites que captam a energia
solar serviram também para desenvolver os sistemas de WPT. A expectativa para a
construção de projetos do SPC se torne possível é para o ano de 2030 [13].
23
Analogamente, foi desenvolvido um sistema denominado SHARP (Stationary High
– Altitude Relay Platform), o primeiro avião sem combustível do mundo alimentado por
energia via micro-ondas a partir de terra, relatado em 1987 no Canadá [16]. Este sistema
é representado na Figura 2.6. O experimento empreendido foi a concepção de um avião
pilotado sem tripulação, projetado para retransmissão de sinais de comunicação. O avião
circulou lentamente a uma altitude de 21km por muitos meses fornecendo serviços de
vigilância e monitoramento. Com a finalidade de alcançar esse propósito, foi utilizada
uma rectenna montada na superfície inferior da aeronave, para receber a energia de
micro-ondas em uma frequência de 2,45 GHz e converter para corrente alternada,
alimentando o motor elétrico [17].
26
celulares, e carros elétricos desenvolvidos pela General Motors, que funcionavam com
carregadores wireless. Em 2002 começaram a circular em duas cidades italianas, Genoa e
Turin, uma frota de 31 ônibus elétricos funcionando a partir do mesmo princípio [23].
Nos últimos anos, outros projetos de alimentação de eletrônicos via wireless
foram surgindo. No ano de 2002 pesquisadores asiáticos propuseram a construção de
uma mesa acoplada com um sistema de indução magnética que poderia alimentar
qualquer aparelho posicionado sobre ela. Eles conseguiram alimentar duas cargas, de
15W e 35W, obtendo uma eficiência de 67.6% e 64.9%, respectivamente [24]. Entre os
anos de 2005 a 2009, as pesquisas realizadas no Japão pela Showa Aircraft Co.
resultaram em um sistema que utiliza 22kHz com uma potência máxima transmitida de
30kW, que obteve pela primeira vez uma eficiência prática muito alta, de 92% [15].
Após o ano de 2007, muitas empresas de comunicações começaram a investir nas
tecnologias de carregamento sem fio. Em 2008 foi fundado o WPC (Wireless Power
Consortium), um consórcio que reúne várias empresas com o objetivo de padronizar,
desenvolver e disseminar ao público em massa novos aparelhos que utilizam a
tecnologia de indução magnética desenvolvida por eles, que foi denominada de “Qi”.
Atualmente 201 empresas estão associadas ao consórcio, entre elas estão Nokia,
Panasonic, Toshiba Corporation, entre outras. Juntamente com o WPC, a Fulton,
desenvolveu um standard que pode trocar mensagens com dispositivos, usando a
mesma tecnologia de campos magnéticos acoplados que tem sido usada para aparelhos
carregáveis. Essas mensagens servem para identificar quais aparelhos são carregados
remotamente e informar dados como quanto de bateria ainda sobre nos equipamentos.
Em 2011 foram anunciados os primeiros celulares com a tecnologia Qi das marcas LG,
Verison e NTT Docomo [25]. Outro consórcio criado para difundir e estabelecer sua
tecnologia de carregamento wireless foi a Alliance for Wireless Power, em 2012. Ela é
liderada pelas marcas Samsung e pela Qualcomm, que adquiriu a empresa Wipower,
criada em 2004 e que utiliza em sua tecnologia o conceito de indução magnética [26]
A experiência de alimentar ônibus elétricos por acoplamento indutivo foi
repetida pela Hino Motors [27] e pela Showa Aircraft Industry. Eles demonstraram a
transferência de energia via um sistema híbrido de alimentação por indução magnética
para os veículos por um período de 15 dias em abril de 2009. [28]. Outras empresas ao
redor mundo também tem usado o acoplamento indutivo para a alimentação de veículos
elétricos, entre elas estão a HaloIPT Co., Evatran Co., and UniServices Co [15].
27
2.7. Laser
28
Experimentos recentes utilizando lasers comerciais, foram capazes de gerar mais
de 7.2 W na saída de potência fotovoltaica, a partir de um feixe de laser de 70W, sendo
que apenas 25W foi captado com sucesso no receptor. Isso corresponde a uma
densidade de 13.6W/cm² de área receptora, com uma eficiência de 28%. Apesar da
baixa eficiência, o resultado do experimento se mostrou muito promissor para
aplicações reais [30].
A transmissão de energia via laser ainda é considera imatura se comparada com
outros sistemas, como o via micro-ondas. Porém devido a avanços recentes na área de
lasers solares bombardeados, o potencial para o seu uso na integração entre espaço e
terra, baseado em usinas solares, abrem a possibilidade de que essa tecnologia seja
aprimorada no futuro [29].
A energia transferida sem fios também pode ser receptada e utilizada, são os
chamados sistemas de Energy Harvesting ou Energy Scavenging. Esse processo ocorre
quando a energia é derivada, colhida e armazenada a partir de fontes externas, como
energia solar, térmica, eólica, via gradientes de salinidade, energia cinética ou ondas
transmitidas de rádio. O dispositivo coletor de ondas de rádio difundidas é a rectenna,
que é usada tanto para MPT e WPT [15].
A Powercast Co. introduziu a tecnologia de reuso da energia de campos
eletromagnéticos de rádio frequência de baixo nível em 2007 no Consumer Electronics
Show. Ela conseguiu coletar energia para a operação em 850-950MHz, usando uma
potência de entrada de 26 dBm e 211 dBm, respectivamente [15].
Utilizando o mesmo princípio de transmissão sem fios, a empresa alemã EnOcean
lançou um interruptor que utiliza energia coletada pela luz solar, vibrações e outras
fontes, e um equipamento de rádio frequência que manda a informação para as
lâmpadas ligarem ou desligarem, o que apresenta uma forma diferente de transmissão
sem fios [31]. Atualmente, uma equipe da Intel, utilizando um canal de 48, 674 – 680M
tHz com uma antena Yagi – Uda conseguiu colher 60mW de potência [15].
2.9. Piezoelétrico
29
Diferente dos métodos abordados até o momento, o método que utiliza cristais
piezoelétricos fornecem uma opção para transferência de energia em situações em que a
energia não pode ser transferida eletromagneticamente. Cristais piezoelétricos como o
Quartzo, sal de Rochelle, berlinita (A1P04), Topázio, Turmalina, Dentina, Titanato de
bário (BaTi03), podem converter energia mecânica em energia elétrica e vice versa.
Existem dois tipos de efeito piezoeletrico:
Efeito piezoelétrico direto: ele é derivado de materiais gerando potencial elétrico
quando uma perturbação mecânica é aplicada.
Efeito piezoelétrico inverso: ocorre a deformação do material quando um campo
elétrico é aplicado.
Ondas ultrassônicas podem ser utilizadas de maneira a produzir vibrações vigorosas
a serem utilizadas nesse método. Os níveis de potência são da ordem dos miliwatts e a
distância em que essa energia pode ser transferida é relativamente baixa [30].
2.10. Witricity
30
através de seus campos magnéticos, em que foi possível verificar um regime fortemente
acoplado, mesmo quando a distância entre os ressonadores era muito maior do que o
tamanho destes, viabilizando uma eficiente transferência de energia [32].
O projeto do sistema consistiu em duas bobinas idênticas de cobre, S e D como
mostra a Figura 2.8, em que cada uma já era um sistema auto ressonante. Elas foram
construídas com comprimento de 20cm, condutor com espessura de 3mm e raio de
30cm [33]. A bobina A, de uma única espira, foi conectada a uma fonte de energia e
juntamente a bobina S formaram a unidade emissora. Essa unidade preencheu o
ambiente ao seu redor com um campo magnético oscilante não radiativo de frequência
da ordem de MHz. O campo então fez a mediação entre a troca de energia com a unidade
receptora, composta pela bobina D e a bobina de uma única espira B, conectada a carga
[32].
Figura 2. 8: : Esquema da configuração realizada pelo MIT. A é uma única espira de cobre com raio
de 25cm, que faz parte do circuito de condução que gera uma onda senoidal de 9.9MHz. S e D são as
bobinas transmissora da fonte (source) e a receptora (device). B é uma espira conectado à carga, no caso
uma lâmpada incandescente de 60W. Os Ks representam o acoplamento direto entre os objetos apontados
pelas setas. O ângulo entre as bobinas D e a espira A é ajustado para que o acoplamento direto entre elas
seja nulo. As bobinas S e D estão alinhadas coaxialmente. Assim como o acoplamento entre B e A, e B e S é
desprezível [33].
32
usando circuitos ressonantes simples, ficou claro que o acoplamento indutivo
ressonante é a melhor técnica de WPT para aplicações comerciais em médias distâncias.
O experimento realizado pela equipe do MIT em 2006 abriu as portas para novas
possibilidades de transmissão de energia sem fio. A Witricity deixou de ser um conceito
e se tornou uma empresa, que investe no desenvolvimento da tecnologia aplicada ao
mercado. Algumas das empresas que firmaram parceria com a Witricity são a Thoratec
Corporation, Alps, Darpa, MediaTek, IHI, Delphi, Schlumberger, entre elas estão empresas
voltadas ao ramo automobilístico, que são a Audi, Toyota Motor CO. e Mitshubishi Motors
[34].
Em 2008 pesquisadores da University of Wollongong, em Dubay, e da American
University of Beirut iniciaram pesquisas na utilização da Witricity para desenvolvimento
de técnicas para a alimentação sem fios de nós sensores, que tem como objetivo o de
sentir fenômenos ou detectar eventos e assim enviar os dados colhidos para uma
estação de informação. Esses sensores podem ser usados para monitoramentos de
vigilância em armazéns, fábricas e empresas, assim como em usos militares e para
monitoramento de fenômenos naturais como vulcões, terremotos ou derretimento polar
[35].
Empresas de comunicações também estão investindo em tecnologias baseadas no
conceito de acoplamento indutivo ressonante. No Mobile World Congress do ano de
2009, a empresa Qualcomm demonstrou o carregamento de celulares usando uma
frequência de acoplamento de 13.56MHz, e chamou essa tecnologia de “eZone” [15].
Após o desenvolvimento da Witricity, diversas pesquisas surgiram no intuito de
desenvolver técnicas para o carregamento de baterias de implantes e sensores
biomédicos. O problema encontrado por estes dispositivos é que a maioria dos
implantes comerciais utiliza uma bateria não carregável, capaz de armazenar uma
quantidade de energia suficiente para permitir que o aparelho funcione por alguns anos.
Isso requer uma bateria grande e pesada, levando a vários inconvenientes para a
realização de cirurgias, além dos altos custos. A utilização do carregamento sem fio
33
dessas baterias poderia solucionar alguns desses problemas, além de reduzir os custos
dos procedimentos cirúrgicos para esses implantes. Hoje já existem alguns dispositivos
como os implantes cocleares que começaram a utilizar a tecnologia [36] e [37].
Outra finalidade da Witricity também na área biomédica é a de alimentação de
robôs para endoscopia. As ferramentas tradicionais para a endoscopia são muito rígidas,
e por isso causam muita dor nos pacientes, além de necessitarem de manobras difíceis
com os aparelhos dentro do corpo do paciente. A utilização de robôs facilita a realização
dos exames, porém os robôs possuem cabos de alimentação para transmitir energia e
sinais de controle. Esses cabos limitam a capacidade de locomoção do robô dentro do
corpo do paciente, além de poder causar ferimentos devidos à rigidez de sua estrutura.
Tem sido utilizada então energia transferida via wireless para esses aparelhos. O
módulo acoplado que funciona como o receptor ao robô possui 10.5mm x 9.5mm, com
uma potência 480mW. A bobina transmissora fica localizada ao redor do tronco do
paciente [38]. A Figura 2.10 demonstra o sistema descrito.
Figura 2. 10: Sistema utilizado para a alimentação sem fios de robôs para endoscopia [38].
Assim como nos outros métodos de transmissão de energia sem fios, a técnica de
acoplamento ressonante também incentivou a indústria automobilística a desenvolver
suas próprias tecnologias. A técnica foi usada na Coréia como meio de alimentação de
um veículo elétrico online (OLEV), como pode ser visto na Figura 2.11. Para isso foi
fornecida potência de 60kW sem fios por linhas energizadas a uma frequência de 20kHz
com uma eficiência de 80% [28].
34
Figura 2. 11: Sistema de alimentação wireless para um veículo elétrico online na Córeia do Sul
[28].
35
2.10.3. Projetos utilizando Bobinas Espirais Planares
Como pôde ser visto, depois das pesquisas realizadas pelo MIT, o sistema
apresentado por eles passou por vários avanços e investimentos, atingindo um nível
global de conhecimento e fabricação. Diferentes trabalhos usam abordagens distintas
como meio de transmitir energia eficientemente. Um dos métodos estudados é o uso de
bobinas projetadas como espirais concêntricas, que apresentam as melhores
características para maximizar a eficiência na transferência de energia [40]. O uso de
bobinas espirais torna possível a construção destas por microstrip patch (caminhos de
micro tiras), usando a tecnologia de circuitos impressos. Uma linha de micro tiras é feita
em uma placa de material dielétrico, o substrato, em que em um lado é revestido por
metal. Atualmente, projetos utilizando este perfil de construção de bobinas estão em
fase de pesquisas, propondo métodos de cálculos para a determinação de parâmetros,
assim como diferentes critérios para a construção das bobinas.
Alguns trabalham exploram modelos matemáticos para a análise a definição de
parâmetro e eficiência do sistema. Uma das técnicas utilizadas para este propósito foi
iniciada pela equipe da The Hong Kong Polytechnic University em 2011, através do
método dos elementos finitos (FEM – Finite Element Method). Eles construíram uma
bobina baseada em um modelo retangular, considerado por eles o mais adequado para a
transferência de energia em distâncias médias, com o propósito de estudar o efeito de
desalinhamentos laterais e angulares entre as bobinas transmissora e receptora. A
Figura 2.12 demonstra este sistema [41]. Na prática, eles encontraram uma eficiência de
65% para defasamentos de 25° entre as bobinas [41]. Outros estudos também vêm sido
realizados pela mesma equipe utilizando o FEM [42].
36
Outro projeto de pesquisa foi feito pelos pesquisadores Duccio Gallichi Nottiani e
Fabio Leccese, da Universitá degli Studi Roma Ter, na Itália, em 2012. Eles abordaram a
possibilidade de utilizar um par de bobinas ressonantes com tamanhos diferentes, mas
que ainda conduzem a mesma frequência de ressonância, permitindo a suposição de
uma boa performance mesmo em um sistema composto com um transmissor fixo e um
receptor móvel [41].
Na transmissão via acoplamento indutivo, também tem sido exploradas
diferentes aplicações da tecnologia de bobinas planares impressas em microstrip patch.
Algumas dessas pesquisas investigam a aplicação na construção de desktops construídos
para carregar remotamente aparelhos posicionados em sua superfície [43]. Uma
pesquisa desenvolvida em 2008 pela National Changhua University of Education, de
Taiwan, explora o projeto de aparelhos carregadores via indução magnética para
dispositivos portáteis, utilizando duas bobinas acopladas móveis, com uma distância que
muda dependendo da aplicação. Outras pesquisas também têm sido desenvolvidas em
vários países como Coréia do Sul [44] e Espanha, na Universidad Carlos III de Madrid, que
utiliza de uma coleção de bobinas transmissoras fixas e uma bobina receptora móvel
(Figura 2.13) [45].
Figura 2. 13: Esquema para um sistema de alimentação de uma carga móvel usando múltiplas
bobinas primárias [43].
37
Atualmente, muitas frentes de pesquisas concentraram o foco na utilização das
bobinas de geometria espiral, utilizando o acoplamento magnético ressonante. Dois
conceitos básicos são utilizados na transferência de energia sem fios: o princípio de
máxima transferência de potência e o princípio de máxima eficiência.
Figura 2. 14: Circuito equivalente de um sistema de transmissão de energia sem fios [46].
38
Figura 2. 15: Variação de eficiência e potência de saída do circuito equivalente da figura 2.15 [46].
𝑖 2 ×𝑅𝑙 𝑅𝑙 (2.1)
𝜂𝐸 = = = 0,5,
𝑖 2 ×𝑅𝑠 +𝑖 2 ×𝑅𝑙 𝑅𝑠 + 𝑅𝑙
𝑏 𝑆 𝑆12 𝑎1 (2.2)
( 1 ) = ( 11 ) × (𝑎 ),
𝑏2 𝑆21 𝑆22 2
2
𝜂𝐸 ∝ 𝑘12 (2.3)
41
Isso implica que a eficiência cai rapidamente com o aumento da distância de
transmissão:
1 (2.4)
𝑘12 = ,
2(𝑑 ⁄√𝑟1 𝑟2 )3
O sistema com quatro bobinas é o descrito na Seção 2.10.1, utilizado pela equipe
do MIT. O emprego da bobina conectada á fonte DS (drive source) e da bobina conectada
á carga DL(drive load) oferece dois coeficientes de acoplamento extras para o casamento
de impedâncias, entre DS e a bobina ressonadora transmissora MT (main transmitter), e
entre DL e a bobina ressonadora receptora MR (main receiver). Esses dois coeficientes
extras ao serem comparados com o sistema de duas bobinas, provem uma maior
liberdade para estender a distância de transmissão ao minimizar o coeficiente de
acoplamento entre as bobinas transmissora e receptora. O uso das bobinas drive
também permite que as conexões do sistema sejam realizadas ou modificadas, sem
alterar a frequência de ressonância das bobinas MT e MR, além de prover um forte
acoplamento mútuo entre as bobinas drive e main, devido a pequena distância entre
42
elas. O problema desse projeto é que a eficiência do sistema pode ficar limitada a 50%
[46]. A Figura 2.18 mostra o sistema utilizado neste experimento.
É um sistema que tem sido estudado atualmente, ainda em estágio inicial. Ele é
projetado para distribuir as bobinas ressonantes em várias formas de dominó. O sistema
trabalha em acoplamento magnético de campo próximo, e alcança níveis máximos de
eficiência em frequências da ordem de kHz [46].
Ao posicionar os ressonadores em pequenas distâncias, podem ser obtidos forte
acoplamento mútuo e alta eficiência. Atualmente, foram testados sistemas em dominó
em linhas retas, curvas, circulares e em formato de Y [Figura 2.19]. Uma característica
desses sistemas é de que o fluxo de potência pode ser controlado com grande
flexibilidade, além de que os caminhos de potência podem ser quebrados ou
recombinados. Uma das aplicações desse sistema é a alimentação sem fios de braços
robóticos feitos de um composto não ferromagnético, melhorando o desempenho do
robô ao eliminar cabos de alimentação [46].
Se supercondutores forem usados de maneira a formar um guia condutor de
energia sem fios, o sistema de ressonadores em dominó pode oferecer uma estrutura
fisicamente flexível, com simples espaços entre os ressonadores adjacentes.
Devido ao uso de múltiplos ressonadores, o acoplamento cruzado entre eles não
pode ser desprezado. Esse efeito pode modificar a frequência ótima do sistema, para
uma diferente da frequência natural de ressonância do sistema. Como o sistema de
ressonadores em dominó opera sob o princípio da máxima eficiência de energia, ele é
adequado para aplicações de potência relativamente alta.
Sistemas dominó em círculos, como visualizado na Figura 2.20, exibem um
comportamento interessante, pois os caminhos do fluxo de potência estão tanto no
sentido horário, quanto no sentido anti- horário, esse comportamento tem sido estudo a
partir do princípio da superposição [46].
44
Figura 2. 19: Exemplos de arranjos de bobinas em dominó. (a) Linha reta. (b) Uma linha dividida
em duas. (c) Bobinas em círculo. (d) Duas linhas convergindo em uma [46].
45
resistência devido aos efeitos pelicular e de proximidade aumentam com a frequência de
operação. Alguns pesquisadores têm desenvolvido um novo esboço espacial da bobina
para reduzir a resistência dos enrolamentos. Esse projeto é baseado em um traçado
superficial em espiral, como mostrado na Figura 2.21 [46].
Figura 2. 21: Esboço de bobina projetada para reduzir a resistência dos enrolamentos [46].
46
energia quando a distância é variada, é possível inserir no sistema um circuito LC para
minimizar a reflexão para a fonte (Figura 2.22), melhorando assim a eficiência da
potência. Utilizando o circuito inserido, o sistema é voltado ao estado de ressonância,
para a nova distância, ao fazer o casamento das impedâncias com a ajuda de capacitores
variáveis dentro da rede de sintonização. O processo pode ser feito automaticamente ao
inserir um acoplador direcional e uma unidade micro controladora no lado transmissor
[47].
Figura 2. 22: Sistema utilizando um circuito LC para fazer o casamento de impedâncias ao variar a
distância de transmissão [47].
47
podem possuir geometrias distintas, mantendo somente a mesma frequência de
ressonância. A vantagem desse sistema é que a bobina receptora possui um
posicionamento flexível, desde que próximo da matriz, aumentando a distância de
alcance e possibilitando a alimentação de várias cargas ao mesmo tempo, inclusive
cargas móveis [49].
Um fator que não foi muito investigado até hoje é a utilização de múltiplos
transmissores e receptores distintos em uma área confinada, que faz com que ocorra
acoplamento eletromagnético entre as bobinas. Esse acoplamento pode degradar a
eficiência de transmissão de energia e o alcance do sistema. Através de simulações foi
possível verificar que baixas frequências podem ser afetadas com a adição de outros
dispositivos de WPT, aumentando a frequência ótima de ressonância, mesmo se as
frequências auto ressonantes das bobinas forem ajustadas para um valor baixo [50].
48
Capítulo 3
3.1. Introdução
O sistema escolhido para estudo neste trabalho é o sistema com quatro bobinas,
proposto pelo experimento do MIT em 2006 e descrito na seção 2.10.6.1. Um sistema
típico é composto por uma bobina drive source, que corresponde à bobina de uma única
volta conectada à fonte de tensão, uma bobina ressonante transmissora main
transmitter, uma bobina ressonante receptora main receiver e uma bobina drive load
conectada à carga.
O sistema pode ser visualizado na Figura 3.1:
49
pequenas mudanças na disposição dos fios podem induzir capacitâncias parasitas não
calculadas no projeto. Além disto, sistemas 3D também possuem a dificuldade de serem
inseridos em dispositivos eletrônicos pequenos e dispositivos médicos. Assim,
comparado com bobinas em estrutura 3D, bobinas em espiral impressas PSCs (Printed
Spiral Coils), representam uma maneira mais efetiva para esses sistemas, pelo pequeno
modelo e sistema mais fácil de fabricar. Apesar disto, poucos estudos foram realizados
para investigar PSCs em sistemas de transmissão de energia sem fios [52]. Considerando
estas e as demais vantagens já relatadas, do sistema de PSCs, foi escolhido para este
trabalho.
Figura 3.2: Representação da placa com os parâmetros de construção das bobinas idênticas. O
parâmetro s corresponde ao espaçamento entre as espiras condutoras da bobinas externa, 𝑟𝑜 é o raio
externo da bobina externa, 𝑟𝑖 é o raio interno da bobina externa, 𝑟𝑙 é o raio externo da bobina interna, 𝑊𝑙 é
a espessura da bobina interna e 𝑊𝑟 é a espessura da bobina externa.
51
3.2.1. Expressões para o cálculo da resistência ôhmica e parasita
𝑙
𝑅𝑑𝑐 = 𝜌𝑐 𝑤.𝑡𝑐 , (3.2)
𝑐
52
𝑅𝑠 = 𝑅𝑑𝑐
𝑡𝑐
−𝑡𝑐 , (3.3)
𝛿.(1−𝑒 𝛿 )
𝜌 (3.4)
𝑐
𝛿 = √𝜋.𝜇.𝑓 ,
𝜇 = 𝜇𝑟 . 𝜇0 , (3.5)
53
O cálculo da capacitância parasita da PSC foi feita como descrito em [55]. Um
capacitor parasita em forma de placa é formado entre os lados da espira e o espaço entre
os traços condutores.
54
Para obter a autoindutância das bobinas, foi feito em [58] a aproximação dos
lados das espirais por tiras simétricas de equivalente densidade de corrente. Utilizando
simetria e o fato de tiras de corrente ortogonais possuem indutância mútua nula, o
cálculo se restringe ao cálculo da autoindutância de uma tira e a indutância mútua entre
tiras de corrente opostas. Estas autoindutâncias são avaliadas usando os conceitos de
distância média geométrica, distância média aritmética e média aritmética do quadrado
da distância. As autoindutâncias L de PSCs retangulares podem ser calculadas pela
equação 3.9.[58]
𝐿=
1.27𝜇0 𝑛2 𝑟𝑚
[ln (
2.07
) + 0.18𝜑 + 0.13𝜑 2 ], (3.9)
2 𝜑
De acordo com [54], a equação de Neumann simplificada pode ser utilizada para
determinar a indutância mútua 𝑀, entre indutores planos. Porém, como em [52], o
projeto realizado neste trabalho utiliza a bobina MT e a DS, assim como a bobina MR e a
DL, em mesmos planos, impressos no mesmo substrato (Figura 3.2), assim a distância
entre essas bobinas é zero, e ao aplicar a equação simplificada de Neumann ocorre um
erro das indutâncias mútuas entre as bobinas DS e MT, e entre as bobinas MR e DL.
Dessa forma, a equação (3.10) de [54] é expandida até a trigésima ordem, como sugerido
em [52], para uma avaliação mais precisa da indutância mútua e para reduzir o seu erro.
55
De acordo com [54], é possível estimar M entre indutores planos, é necessário
determinar todas as combinações de M, assumindo cada espira como um filamento
circular. No final, M total pode ser calculado ao somar todas as combinações de M. A
expressão é:
𝑤
𝑎𝑖 = 𝑟𝑒1 − (𝑛𝑖 − 1)(𝑤 + 𝑠1 ) − 2 , (3.12)
𝑤
𝑏𝑗 = 𝑟𝑒2 − (𝑛𝑗 − 1)(𝑤 + 𝑠2 ) − 2 , (3.13)
2𝑎 𝑏
𝑦𝑖𝑗 = (𝑎2 +𝑏𝑖2+𝑗 𝑧 2 ), (3.14)
𝑖 𝑗
em que 𝑟𝑒1e 𝑟𝑒2 são os raios externos das PSC e z é a distância entre as duas placas.
56
𝜌 = (4⁄𝜋)𝑛 e 𝑛 = 1 + 𝑟𝑚𝑖𝑛 ⁄𝑟𝑚𝑎𝑥 , (3.15)
57
𝐶1 , 𝑅2 , 𝐿2 São a capacitância intrínseca, a resistência e a indutância da bobina
MT.
𝐶2 , 𝑅3 , 𝐿3 são a capacitância intrínseca, a resistência e a indutância da bobina
MR.
𝑅4 𝑒 𝐿4 são a resistência e a indutância da bobina DL.
𝑅𝑙 é a resistência da carga.
𝑀𝑎𝑏 é a indutância mutua entre as bobinas a e b.
𝑗 é a unidade imaginária.
𝑤 é a frequência da fonte de tensão.
𝕀 = ℤ−1 𝕍, (3.20)
Assim:
58
(3.22)
−1
𝑅𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 + 𝑅1 + 𝑗𝑤𝐿1 𝑗𝑤𝑀12 𝑗𝑤𝑀13 𝑗𝑤𝑀14
𝐼1 1 𝑉𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒
𝐼 𝑗𝑤𝑀21 𝑅2 + 𝑗𝑤𝐿2 + 𝑗𝑤𝑀23 𝑗𝑤𝑀24
[ 0 ],
𝑗𝑤𝐶2
[ 2 ]=
𝐼3 𝑗𝑤𝑀31 𝑗𝑤𝑀32 𝑅3 + 𝑗𝑤𝐿3 +
1
𝑗𝑤𝑀34 0
𝐼4 𝑗𝑤𝐶3
0
[ 𝑗𝑤𝑀41 𝑗𝑤𝑀42 𝑗𝑤𝑀43 𝑅4 + 𝑗𝑤𝐿4 + 𝑅𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 ]
𝜂 = |𝑆12 |2 =
2
𝑉𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 ⁄𝑅𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎
. (3.23)
2
𝑉𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 ⁄4𝑅𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒
𝑍𝑖𝑛 = 𝑗𝑤𝐿1 +
(𝑤𝑀12 )2
. (3.24)
(𝑤𝑀23 )2
𝑍22 +
(𝑤𝑀34 )2
𝑍33+
𝑍44
59
Capítulo 4
4.1. Introdução
Nesta seção são analisados os resultados dos cálculos dos parâmetros circuitais
do sistema, de modo a possibilitar o estudo dos diferentes aspectos do desempenho do
modelo proposto. Os parâmetros R, L e C foram calculados a partir das grandezas
apresentadas na Tabela 3.1, que mostra as dimensões das bobinas, e das equações
apresentadas no Capítulo 3, nas seções 3.2.1, 3.2.2 e 3.2.3, que foram implementadas em
60
um código no software MATLAB. Os resultados destes cálculos estão dispostos na
Tabela 4.1.
Parâmetros Calculado
Os valores obtidos são bem próximos dos valores encontrados em [52]. Esses
resultados corroboram a modelagem matemática proposta neste trabalho. Com os
valores de R, L e C validados pela literatura, é construído o protótipo do sistema.
Um aspecto construtivo do modelo proposto para as espiras é que a espessura
dos ângulos internos não é determinada no projeto. Essa espessura possui o potencial de
influenciar nos parâmetros, devido à sensibilidade do sistema. Com o objetivo de
analisar a influência de diferentes curvaturas e espessuras dos traços condutores nos
ângulos internos do sistema, foram construídos três protótipos com ângulos internos
distintos. Os protótipos das placas são apresentados na Figura 4.1.
Figura 4.1 Modelos de construção das placas. (a) Modelo a em que o ângulo interno foi mantido
igual ao ângulo externo. (b) Modelo b em que a espessura da tira foi mantida constante. (c) Modelo c em
que foi projetado o ângulo interno de 90°.
61
CEFET-MG, os parâmetros R e L foram medidos para cada uma das placas. Os resultados
obtidos estão na Tabela 4.1.
Calculado Medido
Placa “a” Placa “b” Placa “c”
Resistência 𝑅𝑑𝑐 (Ω) 0,1006 0,0972 0,0961 0,1011
Auto Indutância L (𝜇𝐻) 1,9113 1,8766 1,8499 1,8713
Tabela 4.2. Valores dos parâmetros de R e L calculados e medidos para os três modelos de placas.
1 (4.1)
𝑓=
√𝐿 ∗ 𝐶
62
Dessa forma, foram obtidos os valores de 35,58 pF para a placa a, 35.17 pF para a
placa b e 35,52 pF para a placa c. Comparando com o valor calculado, de 231pF, a
capacitância das placas apresentou discrepância considerável. Isso ocorreu devido a
dificuldade encontrada para medir valores de capacitância, pela sensibilidade do
sistema a perturbações ao operar nessa faixa de frequência e por diferenças construtivas
do modelo teórico para os protótipos. Outro fator que dificulta a medição da
capacitância é que a sua modelagem é empírica, o que pode ocasionar incertezas de
medição.
Os valores medidos de frequência de ressonância pelo analisador de rede
também diferiram do valor utilizado como referência para o funcionamento do sistema e
que consta na bibliografia, de 13.8MHz [52]. Essa diferença pode influenciar
consideravelmente no funcionamento do sistema. Estes aspectos são analisados na
Seção 4.3.
63
O gráfico da Figura 4.2 mostra a variação do parâmetro 𝑆11 com a frequência, em
escala logatímica. As placas avaliadas apresentaram curvas muito similares, por essa
razão foi analisado somente os gráficos para a placa a, embora os valores para os três
protótipos de placa estejam na Tabela 4.3. Foi obtido para o parâmetro 𝑆11 para a placa
a, valores com vale em torno de -6,9171dB e frequência correspondente de
128,53876MHz. O parâmetro 𝑆11 representa o índice de reflexão de tensão na entrada
do sistema. Quanto mais negativo for o valor do parâmetro 𝑆11 , mais baixa é a reflexão
da tensão, o que significa que a tensão está sendo transmitida para a saída do sistema.
vale da Figura do Parâmetro 𝑆11 (Ponteiro 2 indicado nas Figuras 4.2 e 4.3), diferiu da
64
frequência de ressonancia da Carta de Smith (Ponteiro 1 indicado nas Figuras 4.2 e 4.3).
O que pode justificar tal diferença é que a impedância obtida para este sistema possui o
valor da parte real muito elevado, em comparação com o valor de impedância do
aparelho, de 50Ω. o que demonstra que não ocorreu o casamento da impedância de
entrada do sistema com a impedância do analisador de rede. Apesar disto, a impedância
obtida possui um valor imaginário muito pequeno, sendo predominante a parte real,
ocasionando assim a ressonância do sistema.
Esses parâmetros foram medidos para as demais placas b e c. Porém, a diferença
entre os valores medidos dos três protótipos foi muito pequena (Tabela 4.3), o que
mostra que para esse protótipo, as variações do ângulo interno foram muito pequenas, e
não influenciaram substancialmente na frequência de ressonância.
65
DS/DL
MT/MR
66
A unidade transmissora foi conectada a um gerador de sinais Rohde&Schwrz
SMB com capacidade de aplicar 100kHz a 20GHz. Foi aplicado 1V de tensão RMS, já que
este valor de tensão foi o máximo atingido para a faixa de frequência selecionada, 100 a
120 MHz. A unidade receptora foi conectada diretamente a um osciloscópio digital
Agilent Technologies DSO7032A, deixando assim o sistema em aberto.
O primeiro aspecto a ser analisado é a variação da tensão na unidade receptora
pela variação da frequência aplicada, mantendo-se a distância constante em 2,3 cm. A
Figura 4.6 mostra o gráfico com os resultados obtidos.
700
650
Tensão (mV)
600
550
500
450
400
100 102 104 106 108 110 112 114 116 118 120
Frequência (MHz)
Figura 4.6. Gráfico da variação da tensão pela frequência com o circuito aberto.
67
sem que a estrutura montada sofresse com interferências de diferentes
posicionamentos. A Figura 4.7 ilustra a montagem realizada.
450
400
350
Tensão (mV)
300
250
200
150
100
50
2 4 6 8 10 12 14
Distância entre as placas (cm)
Figura 4.8. Gráfico da variação da tensão pela variação da distância em circuito aberto para a frequência
de ressonância de 118,3MHz.
68
A Figura 4.8 mostra a variação de tensão obtida na unidade receptora, medida em
circuito aberto pelo osciloscópio. Nota-se que a tensão entregue ao sistema decai com o
aumento da distância como esperado.
Com o objetivo de avaliar o desempenho do sistema na frequência de 106,0MHz,
foi repetido o procedimento de afastar as placas, aumentando a distância entre elas,
enquanto a frequência é mantida constante. Os dados coletados foram transferidos para
uma rotina do MATLAB e o gráfico gerado pode ser visto na Figura 4.9.
Figura 4.9. Gráfico da variação da tensão pela variação da distância em circuito aberto para a frequência
de 106.0MHz.
O pico de tensão transmitida em 106,0MHz (Figura 4.9) foi mais elevado que o
obtido em 118,3MHz (Figura 4.8). Com o aumento da distância, a tensão entregue a
segunda placa decai, mas em média a tensão transmitida em 106,0MHz foi maior em
todos os pontos medidos como pode ser observado nas Figuras 4.8 e 4.9.
O fato do sistema possuir dois valorese de frequência de ressonância é conhecido
como frequency splitting. Este fenômeno normalmente ocorre quando a distância entre
as placas é muito pequena, e causa instabilidade de operação, o que prejudica o
funcionamento ótimo do sistema [46]. Partindo deste ponto, foram efetuadas novas
69
medidas, desta vez a uma distância maior, a fim de se mitigar os efeitos ocasionados pelo
frequency splitting. Os resultados podem ser observados na Figura 4.7.
180
160
Tensão (mV)
140
120
100
80
60
40
100 102 104 106 108 110 112 114 116 118 120
Frequência (MHz)
Figura 4.10. Gráfico da variação da tensão pela frequência com o circuito aberto a uma distância
de 6,2 cm.
A Figura 4.7, mostra que para a distância de 6,2 cm, o frequency splitting já não
ocorre, prevalecendo a frequência de 106 MHz como frequência de ressonância do
sistema. No entanto, a distancias maiores, o nível de tensão transmitido decai
consideravelmente.
70
Afim de baixar a frequência de ressonância, a capacitância medida de 35.58pF foi
desprezada, devido ao seu baixo valor, e foi adicionado um capacitor de valor comercial
de 2nF. Este capacitor, de acordo com a equação 4.1 descrita na Seção 4.2, é o suficiente
para baixar a frequência de ressonância para valores em torno de 20,0MHz. Dessa
forma, estes capacitores foram conectados em paralelo com as bobinas DS e DL e as
medições realizadas na Seção 4.4 foram novamente executas para essa nova
configuração.
Porém, na prática, este capacitor não foi suficiente para reduzir a frequência de
ressonância do sistema. Isso ocorreu provavelmente devido a diferenças construtivas
entre o modelo proposto e o fabricado. Dessa forma, foi conectado em paralelo com o
sistema dois capacitores de 47nF, o que reduziu o valor da frequência de ressonância
para 32,21MHz, como pode ser verificado no gráfico de variação do parâmetro 𝑆11 na
Figura 4.11 e na Carta de Smith na Figura 4.12.
Figura 4.11. Gráfico da variação do parâmetro 𝑆11 em escala logarítmica em relação a variação de
frequência do sistema com o capacitor de 47nF.
72
Figura 4.13. Esquema de ligação do sistema com o capacitor de 47nF em aberto.
700
Medido
650
600
550
Tensão (mV)
500
450
400
350
300
250
2.8 3 3.2 3.4 3.6 3.8 4 4.2 4.4 4.6 4.8
Frequência (Hz) 7
x 10
Figura 4.14 – Variação da Tensão com a frequência do sistema com o capacitor de 47nF em
circuito aberto.
73
O fato de adicionar o capacitor foi suficiente para que o pico de tensão ocorra em
uma frequência menor de 38,0MHz, entregando uma tensão de 0,66 V na bobina DL. O
efeito frequency splitting não foi observado nesta medição e os valores obtidos nesta
foram consideravelmente mais satisfatórios do que os medidos na Seção 4.2.
Com o intuito de avaliar a transmissão a diferentes distâncias, a frequência de
38,0MHz foi mantida constante e o espaçamento entre as placas foi aumentado. Os
dados medidos foram compilados em uma rotina do MATLAB, resultando no gráfico da
Figura 4.15.
Figura 4.15. Gráfico da variação da tensão pela variação da distância em circuito aberto com o capacitor de
47nF para a frequência de 38,0MHz.
74
Após a análise do protótipo sem carga na Seção 4.6, são realizas medições e
simulações para o sistema com carga, no intuito de analisar o rendimento alcançado
pelo sistema em algumas condições de operação. É importante analisar a potência
entregue a carga, avaliando o rendimento da transmissão e como ele se comporta com a
variação da frequência, distância e da própria carga.
O esquema de ligação do sistema pode ser visualizado na Figura 4.16.
75
70
Medido
65
60
55
Eficiencia (%)
50
45
40
35
30
25
20
20 40 60 80 100 120 140 160
Resistência (Ohm)
76
O gráfico da Figura 4.18 mostra que os resultados medidos diferiram dos
resultados obtidos pelas simulações. Os resultados dos softwares foram muito próximos,
com o pico de eficiência em 78,9% para o MATLAB e 79,7% para o ADS. A eficiência
obtida na medição teve pico em 61,3%. Uma possível justificativa para a diferença entre
esses resultados pode ser interferências na medição, e diferenças construtivas do
projeto. Os resultados simulados, além de apresentarem maior eficiência, também
apresentaram decaimento mais lento que o ocorrido na prática.
O segundo parâmetro avaliado foi a eficiência do sistema, com a carga mantida
em 55Ω, enquanto a frequência de operação foi variada, como mostra a Figura 4.19.
80
ADS
70 MatLab
Medido
60
50
Eficiencia (%)
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Frequência (Hz) 7
x 10
Figura 4. 19. Gráfico do sistema com capacitor e carga. Eficiência pela variação da frequência.
A eficiência medida pelos softwares MATLAB e ADS ficaram muito próximas, com
o valor de torno de 79,7% em 20,0MHz no ADS e 78,9 % 20,8MHz no MATLAB, sendo
que a diferença entre elas pode ter ocorrido devido a um erro numérico no cálculo
desenvolvido pelos softwares. O pico de eficiência medido foi de 68,3%, valor menor que
o obtido nas simulações. Apesar da discrepância entre os valores simulados e o obtido
na prática, o resultado ainda considerado satisfatório, devido à pequena margem de
diferença.
A variação da eficiência em relação á variação da distância foi avaliada no gráfico
da Figura 4.20.
77
Figura 4. 20 Gráfico do sistema com capacitor e carga. Eficiência pela variação da distância.
Conclusão
79
construção da bobina DS e DL, externas às bobinas MT e MR, o que pode levar a uma
melhora substancial do rendimento da transmissão.
Os resultados ficaram muito abaixo dos obtidos em [52], apesar da mesma
metodologia de construção das placas. O sistema de medição em [52] pode ter
influenciado nesses resultados, aumentando a qualidade dos resultados. Apesar dos
resultados não corresponderem aos esperados, o sistema funciona, comprovando a
aplicabilidade da modelagem em transmissão de energia sem fios.
80
Referências Bibliográficas
[2] – Nikola Tesla, My Inventions, Ben Johnston, Ed., Austin, Hart Brothers, 1982.
[4] – HEMANTH, K.S.; MOHAN, CH. V.; REDDY, M.V. Microwave Power
Transmission – A Next Generation Power Transmission System. IOSR Journal of
Electrical and Electronics Engineering (IOSR-JEEE), vol. 4. p. 24-28, Issue 5 JAN. /FEB.
2013.
[7] - SENNOUNI, M. A, Jamal ZBITOU, J., BENAISSA, A., LATRACH, M., Circular
Polarized Square Patch Antenna Array for Wireless Power Transmission. IEEE. 2013.
[8] – GLASER, P.E., Power From The Sun: Its Future. Science. Vol. 162. N° 3856,
NOV. 1968.
81
[9] – National Aeronautic and Space Administrations. Concept Development and
Evaluation Program. Satellite Power system. US Department of Energy and the National
Aeronautics and Space Administration. Reference System Report. Estados Unidos da
America. OUT. 1978.
[11] - National Security Space Office Interim Assessment. Space Based Solar
Power As an Opportunity for Strategic Security. OUT. 2007.
[12] - URSI White Paper on Solar Power Satellites (SPS). URSI White Paper on
Solar Power Satellites (SPS). 19 pag. OUT. 2005.
[13] - McSpadden, J. O., Mankins, J.C., Space Solar Power Programs and Microwave
Wireless Power Transmission Technology. IEEE Microwave Magazine. DEZ. 2002.
[14] – AKIBA, R.; MIURA, K.; HINADA, M.; MATSUMOTO, H.; KAYA, N. YSY- METS
Rocket Experiment. The Institute of Space and Austronautical Science. n. 652, SET. 1993.
[15] - Shinohara, N., Power Without Wires. IEEE Microwave Magazine. Pag 564 –
573. DEZ. 2011.
[17] – SCHLESAK, J. J., ALDEN, A., OHNO, T., A Microwave Powered High Altitude
Plataform. IEEE MTT-S Digest. p. 283 – 286. JUL. 1988.
[18] - DICKINSON, R. M.; MAYNARD, O. Ground based wireless and wired power
transmission cost comparison. Jet Propulsion Laboratory. California institute of
Technology. MAIO 1999.
82
[19] - SHINOHARA, N., Beam Efficiency of Wireless Power Transmission Via Radio
Waves From Short Range to Long Range, J. Korean Inst. Electromagn. Eng. Sci., vol. 10,
n°. 4, p. 224–230, NOV. 2011.
[20] - MITANI, T., YAMAKAWA, H., SHINOHARA, N., HASHIMOTO, K., KAWA- SAKI,
S., TAKAHASHI, F., YONEKURA, H., HIRANO, FUJIWARA, T, NAGANO, K., Ueda, H., Ando,
M. Demonstration experiment of microwave power and information transmission from
an airship, International Symposium of Radio System and Space plasma, p. 157 – 160.
DEZ. 2010,
[23] – MOSKVITCH, K., “Wireless charging - the future for electric cars?”, BBC
NEWS. Jul. 2011. Disponível em: < http://www.bbc.co.uk/news/technology-14183409>.
Acesso em Dez. 2013.
[24] - HATANAKA, K., SATO, F., MATSUKI, H., KIKUCHI, S., MURAKAMI, J.,
KAWASE, M., AND SATOH, T. Power Transmission of a Desk With a Cord-Free Power
Supply. IEEE TRANSACTIONS ON MAGNETICS, VOL. 38, N°. 5, p. 3329 – 3331.SET. 2002.
[25] – Qi: the global standard for wireless charging. Wireless Power Consortium.
Disponível em: < http://www.wirelesspowerconsortium.com/ >. Acesso em novembro
de 2013.
[26] – Alliance for Wireless Power. Disponível em: < http://www.rezence.com/ >.
Acesso em novembro de 2013.
83
[27] - Hino Report. Disponível em: <http://hino.dga.jp/i-viewer_s/?p_
no=7&m_p=20&p_id=1983&file_name=http%3A%2F%2Fwww. hino-
global.com%2Fpdf%2Fhinorep2007_e.pdf&t=HINO+Report& kw=IPT+hybrid.>. Acesso
em agosto de 2013.
[30] - RAIBLE, D. E., DINCA D., NAYFEH, T.H., Optical Frequency Optimization of a
High Intensity Laser Power Beaming System Utilizing VMJ Photovoltaic Cells, Space
Optical Systems and Applications (ICSOS), 2011 Inl. Conf. (IEEE, 2011), p. 232. MAR.
2011
[32] - PAWADE, S.; NIMJE, T.;DIWASE, D.; Goodbye Wires: Approach to Wireless
Power Transmission. International Journal of Emerging Technology and Advanced
Engineering. Vol. 2. ABR. 2012.
[33] - KURS, A., KARALIS, A., MOFFATT, R., JOANNOPOULOS, J. D., FISHER, P.,
SOLJAC, M. Wireless Power Transfer via Strongly Coupled Magnetic Resonances.
SCIENCE. VOL. 317. p. 83 – 86. JUL. 2007.
[34] – Witricity. Wireless Electricity Delivered Over Distance. Disponível em: <
http://www.witricity.com/>. Acesso em agosto de 2013.
[35] - WATFA, M. K., AL-HASSANIEH, H., SALMEN, S. The Road to Immortal Sensor
Nodes. IEEE ISSNIP DEZ. 2008.
84
[36] - YIN, N., XU, G., YANG , Q., ZHAO, J., YANG, X., JIN, J., FU, W., SUN, M., Analysis
of Wireless Energy Transmission for Implantable Device Based on Coupled Magnetic
Resonance. IEEE TRANSACTIONS ON MAGNETICS, VOL. 48, N°. 2, p. 723 – 726. FEV.
2012.
[37] - ZHANG, F., LIU, X., HACKWORTH, S. A., SCLABASSI, R.J., AND SUN, M.,
Wireless Energy Delivery and Data Communication for Biomedical Sensors and
Implantable devices. Laboratory for Computational Neuroscience, Departments of
Neurosurgery, Electrical and Computer Engineering, and Bioengineering, University of
Pittsburgh. EUA. MAR. 2009
[38] – YAN, G., YE, D., ZAN, P., WANG, K., MA, G., Micro-Robot for Endoscope Based
on Wireless Power Transfer. Shanghai Jiao tong University. International Conference on
Mechatronics and Automation. p 3577 – 3581. 5 – 8 AGO, Harbin, China. AGO. 2007
[39] - Yvkoff, L., Stanford pioneering a wireless electric highway. FEV. 2012.
CNET. Disponível em: < http://reviews.cnet.com/8301-13746_7-57370810-
48/stanford-pioneering-a-wireless-electric-highway/>. Acesso em janeiro de 2014.
[40] - NOTTIANI, D. G., LECCESE, F., A simple method for calculating lumped
parameters of planar spiral coil for wireless energy transfer. Department of Electronic
Engineering Università degli Studi RomaTre. IEEE. AGO 2012.
[41] - WANG, J., HO, S. L., FU, W. N., SUN, M., Analytical Design Study of a Novel
Witricity Charger With Lateral and Angular Misalignments for Efficient Wireless Energy
Transmission. IEEE TRANSACTIONS ON MAGNETICS, Vol. 47, N°. 10, p. 2616 – 2619.
OUT. 2011
[42] - WANG, J., HO, S. L., FU, W. N., SUN, M., Finite Element Analysis and
Corresponding Experiments of Resonant Energy Transmission for Wireless
Transmission Devices Using Witricity. IEEE AGO. 2010.
85
[43] - SONNTAG, C. L. W. , LOMONOVA, E. A. , DUARTE, J. L., VANDENPUT, A. J. A.
Specialized Receivers for Three-Phase Contactless Energy Transfer Desktop
Applications. Eindhoven University of Technology. P. 1 – 11. SEPT. 2007.
[44] - CHOI, B., NHO, J., CHA, H., AHN, T., CHOI, S., Design and Implementation of
Low-Profile Contactless Battery Charger Using Planar Printed Circuit Board Windings as
Energy Transfer Device. IEEE TRANSACTIONS ON INDUSTRIAL ELECTRONICS, Vol. 51,
N°. 1, p. 140 – 147. FEV. 2004.
[45] - FERNAINDEZ, C., ZUMEL, P., LAIZARO, A., BARRADO A., A simple approach
to design a contact-less power supply for a moving load. Universidad Carlos III de
Madrid. IEEE AGO. 2007.
[46] – HUI, S. Y. R., ZHONG, W., LEE, C. K., A Critical Review of Recent Progress in
Mid-Range Wireless Power Transfer. IEEE Transactions on Power Electronics, vol 29, n
9, SET 2014. p 4500 – 4511.
[47] – CHOI, H. J., AHN, E. H., PARK, S. Y., CHOI, J. R., Portable Battery Charging for
Enhanced Magnetic Resonance Wireless Power Transfer (WPT) System. Prime, Villach,
Austria. P 273 – 276. FEV. 2013
[48] – AHN, D., HONG, S., Effect of Coupling Between Multiple Transmitters or
Multiple Receivers on Wireless Power Transfer. IEEE Transactions on Industrial
Electronics, Vol 60, n 7, p 2602 – 2613. JUL 2013.
[49] – WANG, B., ELLSTEIN, D., TEO, K. H., Analysis on Wireless Power Transfer to
Moving Devices Based on Array of Resonators. 6th European Conference on Antennas
and Propagation (EUCAP). p 964 – 967. AGO 2011.
[50] – HWANG, H., LEE, B., MOON, J., PARK, S., JEONG, C. H., KIM, S. W.
Investigation of Wireless Power Transfer in Multi-Coil Environment. IEEE International
Conference on Consumer Electronics.. p 311 – 312. SET. 2014
86
[51] – WANG, B., TEO, K. H., Metamaterials for Wireless Power Transfer.
Mitsubishi Electric Research Laboratories. IEEE AGO. 2012.
[52] – JOLANI, F., YU, Y., CHEN, Z., A Planar Magnetically Coupled Resonant
Wireless Power Transfer System Using Printed Spiral Coils. IEEE Antennas and Wireless
Propagation Letters. SET. 2013.
[54] – RAJU, S., WU, R., CHAN, M., YUE, P. C., Modeling of Mutual Coupling
Between Planar Inductors in Wireless Power Applications. IEEE Transactions on Power
Electronics, Vol. 29, NO 1, p 481 – 490. JAN 2014,
[55] – JOW, U. M., GHOVANLOO, M., Design and Optimization of Printed Spiral
Coils for Efficient Transcutaneous Inductive Power Transmission. IEEE Transactions on
Biomedical Circuits and Systems, vol. 1, no. 3 , p 193 – 202. SET 2007
[57] – HUI, S. Y. R., HO, W. C., A New Generation of Universal Contactless Battery
Charging Platform for Portable Consumer Electronic Equipment. IEEE Transactions on
Power Electronics, vol. 20, no 3, p 620 – 627. MAIO 2005,
[58] – MOHAN, S. S., HERSHENSON, M. M., BOYD, S. P., LEE, T. H., Simple Accurate
Expressions for Planar Spiral Inductances. IEEE Journal of Solid-State Circuits, vol. 34,
no. 10, p 1419 – 1424. OUT 1999,
87
[59] – SU, Y. P., LIU, X., HUI, S. Y. R., Mutual Inductance Calculation of Movable
Planar Coils on Parallel Surfaces. Center for Power Electronics. City University of Hon
Kong., p 3475 – 3481. JAN. 2008
[60] – BABIC, S. I., SIROIS, F., AKYEL, C., LEMARQUAND, G., LEMARQUAND, V.,
RAVAUD, R., New Formulas for Mutual Inductance and Axial Magnetic Force Between a
Thin Wall Solenoid and a Trick Circular Coil of Retangular Cross-section, IEEE
Transactions on Magnectics, vol. 47, no. 8, p 2034 -2044, AGO 2011.
BIBLIOGRAFIA AUXILIAR
ZHANG, Y., ZHAO, Z., CHEN, K., Frequency Splitting Analysis of Magnetically-
Coupled Resonant Wireless Power Transfer. Energy Conversion Congress and
Exposiyion, , p 2227 – 2232. SET 2013
IMURA, T., HORI, Y., Maximizing air gap and efficiency of magnetic resonant
coupling for wireless power transfer using equivalent circuit and Neumann formula.
IEEE Transactions on Industrial Electronics, vol. 58, no. 10, JAN. 2011.
88
YUAN, Q., CHEN, Q., LI, LONG, SAWAYA, K., Numerical Analysis on Transmission
Efficiency of Evanescent Resonant Coupling Wireless Power Transfer System. IEEE
Transactions on Antennas and Propagation, vol. 58, no 5, p 1751 – 1758. MAIO 2010,
IMURA, T., HORI, Y., Maximizing Air Gap and Efficiency of Magnetic Resonant
Coupling for Wireless Power Transfer Using Equivalent Circuit and Neumann Formula.
IEEE Transactions on Industrial Electronics, vol. 58, no. 10, , p 4746 – 4752. OUT. 2011
ZHANG, F., HACKWORTH, S. A., FU, W., AND SUN, M., The Relay Effect on Wireless
Power Transfer Using Witricity. Departments of Neurosurgery and Electrical
Engineering, University of Pittsburgh. Pittsburgh, USA. AGO. 2010.
89