Estupro Usado Como Arma de Guerra Por Israelenses Na Faixa de Gaza Durante A Primeira Intifada
Estupro Usado Como Arma de Guerra Por Israelenses Na Faixa de Gaza Durante A Primeira Intifada
Estupro Usado Como Arma de Guerra Por Israelenses Na Faixa de Gaza Durante A Primeira Intifada
Giuliana Redin2
Resumo
Abstract
This article aims to analyze the use of rape of Palestinian women as a weapon
of war by Israeli men in Gaza Strip during the first conflict. In order to
accomplish this goal, the conditions of women in Palestine about their
socioeconomic roles will be analyzed in order to understand the reasons for
sexual abuse being casted as an Israeli war tactic. Thus, the research is
conceived through a sociological and political feminist perspective, pointing out
factors that help to understand this phenomenon. The position of Israel against
international law and the discrepancy of international power between Israel and
Palestine were also be analyzed. From the data analysis, the article sought to
verify the motivations for the rape of Palestinian women be practiced as a
weapon of war by the Israelis to finally identify the goals of such crimes during
the conflict.
1
Graduanda do curso de Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Maria -
UFSM
2
Docente e orientadora da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM
1 Introdução
3
nas decisões e comportamentos de mulheres e homens palestinos, este momento
será importante para compreender as relações de poder estabelecidas na
sociedade e cultura palestinas.
Como sugere a escritora Mary Kaldor em seu livro New and Old Wars
(1998), o que entendemos por guerra, e o que líderes militares definem como
tal, é um fenômeno específico que tomou forma entre os séculos XV e XVIII na
Europa. Desde então, o ato da guerra têm passado por diversas fases, nas
quais diferem os tipos de política presente e de exército, bem como os
objetivos do conflito.
A guerra como ferramenta política pode ser descrita como uma atividade
social, pois ela envolve organização de indivíduos com o propósito de impor
violência física; implica na regulação de certos tipos de relações sociais e tem
uma lógica particular, devido às características próprias de cada tempo e cada
sociedade (KALDOR, 1998, p.15)
3
[Tradução livre] My central argument is that during the last decade of the twentieth century, a
new type of organized violence developed, especially in Africa and Eastearn Europe, which is
one aspect of the current globalized era. I describe this type of violence as ‘new war’ I use the
term ‘new’ to distinguish such wars from prevailing perceptions of war drawn from a earlier era
[...] I use the term ‘war’ to emphasize the political nature of this new type of violence, even
though [...] the new wars involve a blurring of the distinctions between war, organized crime and
large-scale violations of human rights (KALDOR, 1998, p.1).3
4
Desde o fim da Guerra Fria, a República Democrática do Congo passou por duas guerras que
já mataram 3,8 milhões de pessoas. E mesmo após a oficialização do fim da guerra no ano de
2003 o estado de violência permanece no país, tendo matado 1,6 milhão de pessoas. SILVA,
Igor Castellano. A Guerra e Construção do Estado na República Democrática do Congo.
2011.
5
Informações retiradas de artigo online das autoras. Disponível em: <http://www.dw.de/a-
guerra-sem-fim-no-leste-da-rep%C3%BAblica-democr%C3%A1tica-do-congo/a-17548768>.
Acesso em: 26 de setembro de 2014.
5
Nas tentativas constantes de atacar Ruanda a partir do Congo, esta
milícia comete atrocidades também contra a população local (SCHLINWEIN;
KRIPPALH, 2014). Entre essas atrocidades estão inclusos os casos de
violência sexual contra mulheres congolesas:
6
Informações retiradas de artigo online da autora. Disponível em: <
http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,estupro-vira-arma-de-guerra-no-congo-imp-
,1090073>. Acesso em: 27 de outubro de 2014
7
Há na ex-Iugoslávia três grupos oponentes: os sérvios, católicos ortodoxos, os croatas e
eslovênos, católicos romanos, e os bósnios, muçulmanos. Cada um quer seu próprio estado
independente e étnicamente homogêneo. Para isso, tentam à força estabelecer seu território e,
na medida do possível, expulsar ou até eliminar as minorias de outras religiões (FERREIRA,
1995).
8
Informações retiradas de artigo online do autor. Disponível em:
<http://www.fau.usp.br/docentes/depprojeto/j_whitaker/bosnia.html>. Acesso em: 22 de outubro
de 2014.
6
bebês sérvios. Até hoje, apenas sete soldados enfrentaram um
julgamento sob a acusação de estupro (SUBI SHAH, 2014)9.
9
Informações retiradas de artigo online da autora. Disponível em:
<http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/06/corajosas-e-inocentes-o-estupro-em-zonas-de-
guerra/>. Acesso em: 6 de outubro de 2014.
7
conflito árabe-israelense de 1948, quando através de uma Resolução da
Organização das Nações Unidas (ONU) cria-se a Declaração de Independência
do Estado de Israel, tendo em conta a urgência de se criar uma nação judaica,
vista a destruição dos judeus europeus pela Alemanha nazista. A Declaração
foi feita um ano depois da Partilha da Palestina pela ONU (COHN-SHERBOK;
EL-ALAMI, 2005, p.64-65).
10
Intifada pode ser traduzida do árabe como sendo “revolta” ou “levante”.
8
Canal do Suez, pois os países contrários ao Egito o utilizavam para ter acesso
ao comércio oriental, isso não sendo mais possível, uma vez que o Canal fosse
de posse egípcia. O porto israelense de Eilat ficaria bloqueado, assim como o
acesso de Israel ao mar Vermelho, através do estreito de Tiran, no golfo de
Ákaba (NETO, 2010).
Onze anos depois, no ano de 1967, Nasser provoca uma crise com
a interdição do Canal de Ákaba aos navios israelenses, como forma de protesto
ao apoio dos EUA ao Estado de Israel. Sua ideia inicial era apenas conseguir
um acordo, mas o Ocidente não responde às suas provocações. Duas
semanas depois, ocorre a Guerra dos Seis Dias, quando Israel ataca o Egito, a
Síria e a Jordânia de surpresa. Israel domina o norte da Península do Sinai,
Jerusalém Oriental, Cisjordânia e Colinas de Golã (VISENTINI, 2012).
11
Informações retiradas do artigo online do autor. Disponível em: <
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=359> Acesso em: 18 de novembro
de 2014.
12
Hezbollah pode ser traduzido como "Partido de Deus". É uma organização xiita libanesa
apoiada pelo governo islâmico fundamentalista do Irã.
13
Movimento de Resistência Islâmica, criado por palestinos em 1987 quando se iniciou
a Primeira Intifada.
14
Organização formada por jovens palestinos no Egito desde 1980.
15
Al Qaeda pode ser traduzida como “A Base”. É uma organização muçulmana radical com
sede principal no Afeganistão.
10
ano de 1987 marcou o 20º aniversário da conquista por Israel da
Cisjordânia e da Faixa de Gaza (ALTMAN, 2014)16.
16
Informações retiradas de artigo online do autor. Disponível em:
<http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/max-altman-israel-nao-e-e-nao-pode-ser-o-estado-
judeu.html>. Acesso em: 28 de outubro de 2014.
17
Informações retiradas de artigo online das autoras. Disponível em:
<http://www.academia.edu/2183686/O_outro_lado_do_muro_uma_viagem_%C3%A0_Palestin
a>. Acesso em: 14 de outubro de 2014.
11
Entretanto, mesmo após o Primeiro-Ministro israelense Yitzhak Rabin
negociar a paz com Yasser Arafat, tanto israelenses quanto palestinos
continuam a realizar ofensivas uns contra os outros. Até que, em 1995, um
jovem judeu de extrema-direita que não aceitava o diálogo com os palestinos,
assassina Rabin. A partir daí, a direita ganha espaço no parlamento israelense,
o seu representante Benyamin Netanyahu vence as eleições de 1996, e
nenhum dos acordos prospera (CAMPAGNUCCI; CAMPAGNUCCI, 2011).
18
Informações retiradas do artigo online do autor. Disponível em:
<http://terrornapalestina.home.sapo.pt/Historia/11.htm>. Acesso em: 02 de outubro de 2014.
12
árabes seria notado em várias outras atrocidades sionistas após Deir Yassim 19
(GATTAZ, 2010).
19
Há 66 anos atrás, 9 de abril de 1948, os judeus sionistas instalados na Palestina deram início
ao processo de limpeza étnica e de genocídio do povo árabe palestino, por meio do massacre
da aldeia de Deir Yassin, quando cerca de 254 pessoas (homens, mulheres e crianças) foram
assassinadas por dois grupos terroristas sionistas: Irgun (do qual faziam parte os futuros
primeiros-ministros israelenses Menachen Begin e Yitzhak Shamir) e Gang Stern, sob ordens
do Hagannah (defesa, em hebraico), a maior milícia terrorista sionista em combate. MAALOUF,
Rames Philipe Deir Yassin: 66 anos da limpeza étnica e genocídio dos palestinos e a
fundação de Israel,. 2014)
20
Hamas é a sigla em árabe para Movimento de Resistência Palestina.
21
Informações retiradas do artigo online da autora. Disponível em:
<http://cebrapaz.org.br/site/component/content/article/42-rokstories/1073-a-guerra-imperialista-
de-israel-contra-o-povo-palestino.html>. Acesso em: 28 de setembro de 2014.
13
mísseis sobre civis é sempre um crime que deve ser punido
(MUDHOON, 2014)22.
22
Informações retiradas do artigo online do autor. Disponível em:
<http://www.dw.de/opini%C3%A3o-paz-em-gaza-depende-de-solu%C3%A7%C3%A3o-
pol%C3%ADtica-sustent%C3%A1vel/a-17820284>. Acesso em: 27 de outubro de 2014.
23
Informações retiradas do artigo online do autor. Disponível em:
<http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=661>. Acesso em: 25 de setembro de 2014.
14
Segundo Altman (2014), o direito de defesa que Israel proclama como
motivação para os ataques em Gaza não se mostram suficientes para legitimar
suas ações, pois nunca existiu autodefesa que justificasse mortes de mulheres,
crianças e ataques a edifícios das Nações Unidas: "o nome do que faz o
governo de Israel é crime de guerra" (ALTMAN, 2014).
15
3 A mulher Palestina no contexto sócio-político e religioso
24
Informações retiradas do artigo online da autora: Disponível em: <
http://revistaforum.com.br/digital/160/ok-mulheres-palestinas-violacao-com-marca-de-genero/>.
Acesso em: 10 de novembro de 2014.
25
Informações retiradas do artigo online da autora: Disponível em: <
http://revistaforum.com.br/digital/160/ok-mulheres-palestinas-violacao-com-marca-de-genero/>.
Acesso em: 10 de novembro de 2014.
16
quem transmite a moral aos filhos, enquanto o homem é o provedor do
sustento da família (OLIVEIRA, 2012).
26
Informações retiradas do artigo online da autora. Disponível em: <
http://www.cartacapital.com.br/internacional/a-mulher-deve-ter-direito-a-propria-vida201d-diz-
parlamentar-palestina-6754.html>. Acesso em: 12 de novembro de 2014.
17
Uma das únicas mulheres de seu vilarejo a obter um diploma
universitário, Abu Zaher é especialista também em democracia. Além
da sua briga diária para trabalhar em um Parlamento paralisado há
seis anos devido à ruptura entre o Fatah e o Hamas, sua maior luta é
para dar maior autonomia à mulher na sociedade palestina, onde o
grande abismo entre homens e mulheres, afirma ela, não tem origem
nos mandamentos religiosos, mas sim na herança histórica e cultural.
“A religião impede que a mulher continue a estudar e tenha um grau
de educação cada vez mais elevado? Não, a religião não diz isso. É a
sociedade quem diz”, explicou Abu Zaher. “A minha ambição é mudar
a sociedade na qual vivo, o jeito como as pessoas veem a mulher.
Não deveríamos apenas ter o direito de ter filhos e criá-los, mas
também o de termos nossa própria vida.” (GOMBATA, 2013).
18
(2002), a mulher muçulmana é quem frequentemente sofre com as leituras
errôneas do Alcorão e seus reflexos na sociedade e política.
19
poucos o alvo para justificar a discriminação do sexo feminino em países de
cultura árabe, através das interpretações equivocadas que visam alcançar os
interesses da classe dominante. Essas interpretações se refletem na sociedade
e acabam impondo uma condição inferiorizada da mulher palestina em relação
aos homens (EL SAADAWI, 2002, p.11).
27
Informações retiradas do artigo online da autora. Disponível em: <
http://revistageni.org/09/os-feminismos-no-oriente-medio/>. Acesso em: 17 de outubro de 2014.
20
a parte mais importante e imprescindível do corpo da mulher, sendo
mais valiosa que os olhos, os braços e as pernas. Uma família árabe
não lamenta tanto a perda de um olho, como o faz com a perda da
virgindade. Na verdade, a morte de uma mulher é considerada
menos catastrófica que a ausência de seu hímen (EL SAADAWI,
2002, p.51)
El Saadawi (2002) afirma que interessa manter o status como está aos
homens que se privilegiam da situação, pois deles não se é exigido, por parte
28
El Saadawi expõe que a cirurgia da circuncisão no vocabulário árabe popular é chamada de
“operação de limpeza e purificação”, por assim a grande maioria das mulheres árabes acreditar
que funcione (EL SAADAI, 2002, p.60).
21
da sociedade, um comportamento de pureza que se relaciona de alguma forma
à sua sexualidade, ao passo que será assegurado o seu casamento com uma
mulher respeitável (EL SAADAWI, 2002, p.33).
Para a mulher palestina, não só o sexo consentido faz com que ela
perca a sua honra. A família da mulher será desonrada em qualquer situação
na qual ela perca a sua virgindade prematuramente ou tenha relações sexuais
com alguém que não o seu marido, ainda que isto tenha acontecido em uma
situação de abuso sexual. Por esta razão, o estupro é mantido em completo
sigilo enquanto for possível (EL SAADAWI, 2002, p.41).
Susan Brownmiller, afirma no seu livro Against Our Will: Men, Women
and Rape (1975), que mesmo que muitos autores tenham estudado sobre
29
[Tradução livre] Subsequently, a Trial Chamber of the Yugoslav Tribunal reverted to a more
mechanical and technical definition, holding rape to be ‘the sexual penetration, however slight:
(a) of the vagina or anus of the victim by the penis of the perpetrator or any other object used by
the perpetrator; or (b) of the mouth of the victim by the penis of the perpetrator’. The Elements
of Crimes lean towards the second of these approaches, but with some slight divergences: ‘The
perpetrator invaded the body of a person by conduct resulting in penetration, however slight, of
any part of the body of the victim or of the perpetrator with a sexual organ, or of the anal or
genital opening of the victim with any object or any other part of the body.’ (SCHABAS, 2004, p.
48).29
23
sexo e estupro com o passar dos anos - como Sigmund Freud, Alfred Adler,
entre outros -, nenhum deles direcionou a sua atenção à questão do estupro
como uma relação de poder entre homens e mulheres (BROWNMILLER,
1975).
30
Informações retiradas do artigo online da autora. Disponível em: <
http://noticias.bol.uol.com.br/internacional/2010/02/27/mulher-alema-escreve-livro-inedito-
24
Brownmiller (1975) afirma que uma regra simples na guerra é que, o
lado vitorioso é o lado que comete o estupro, e isso nada teria a ver com a
nobreza dos perdedores:
25
Em seu artigo O Gênero na Guerra: refletindo sobre o conflito Israel-
Palestina a partir da perspectiva de mulheres palestinas de Brasília (2007), a
autora Sônia Cristina Hamid reporta o relato de refugiadas palestinas sobre as
motivações da sua emigração ao Brasil. Para ela, há uma associação
permanente entre território e corpo feminino em situações de guerra, pois a
conquista territorial costuma ser seguida e expressa pela violência sexual
(HAMID, 2007, p. 142).
A autora relata falas das palestinas, onde fica claro o temor à violência
sexual sofrido principalmente por mulheres. A violência para o homem
palestino ocorria, obviamente, porém, a preocupação das mulheres, além da
violência física, se estendia também para a violência sexual (HAMID, 2007,
p.141).
26
O receio das mulheres palestinas em sofrer violência sexual vão além do
medo natural referente à dor e ao trauma. Como afirma Hamid (2007), o abuso
para essas mulheres traz outra grande consequência, que é a perda da sua
honra e do restante da sua família (HAMID, 2007, p. 143).
27
‘sensibilidade sexual’ dos palestinos tradicionalistas, para incitar as
ondas de emigração. Além dos bombardeios aéreos, um dos fatores
que forçou os árabes a deixar a margem leste do Jordão foi o desejo
de proteger a “honra” de suas mulheres. Torna-se portanto, fácil de
compreender por que alguns dos militantes árabes insistem em
trocar no dicionário árabe a palavra A’ard (honra) pela palavra Ard
(terra). (EL SAADAWI, 2002, p.17).
Hamid (2010) não tem como intuito reduzir as razões do êxodo palestino
às ameaças ou à violência sexual propriamente dita. Inclui entre as fortes
motivações de fuga dos palestinos os bombardeios, tiroteios, agressão física,
precariedade da cidade e a discrepância de poder entre judeus e árabes, mas
dá ênfase à honra como fator decisivo no deslocamento dos palestinos
(HAMID, 2010, p.144).
Não estou falando sobre o que deve ou não deve ser feito. Eu estou
falando sobre os fatos. A única coisa que impede um homem-bomba
do Hamas é saber que se ele puxa o gatilho ou se explode, sua irmã
será estuprada. É isso. Essa é a única coisa que vai trazê-lo de volta
para casa, a fim de preservar a honra de sua irmã. Você tem que
entender a realidade da cultura em que vivemos. (O ACTIVISTA,
2014)32.
32
Informações retiradas de reportagem do site O Activista. Disponível em: <
http://www.oactivista.com/2014/07/estupros-nova-arma-do-genocidio-em-gaza.html> Acesso
em: 07 de novembro de 2014.
28
de batalha, o que dificulta a proteção de mulheres vítimas deste crime e a
punição dos criminosos.
Neste cenário, além do grande poderio que possui, Israel aparece como
Estado intocável perante o Direito Internacional e o Tribunal Penal
Internacional, condição que torna pouco provável a punição para tais crimes.
Esta condição é assegurada por Israel devido a sua aliança com os Estados
Unidos, país que parece proteger os israelenses, e consequentemente, os
crimes que eles cometem.
5 Considerações Finais
Esse tipo de violência passa a ser pensado a partir da ideia de que este
não ocorre por acaso – não é gratuito -, aparecendo como estratégia para
aterrorizar a população inimiga, bem como causar êxodos através do medo, em
conflitos como a Guerra do Congo, a Guerra da Bósnia e as guerras árabe-
israelenses.
29
Isto porque, a Palestina é um Estado no qual a questão de gênero é
muito delicada. A interpretação da religião pelos detentores de poder e grupos
dominantes, coloca a mulher em um estado de extrema vulnerabilidade, onde
para assegurar a honra e o respeito seu e do restante da sua família, ela
precisa garantir a sua virgindade até o casamento, e a sua exclusividade
sexual depois do casamento. Todo comportamento considerado adequado
para uma mulher palestina se conecta a sua sexualidade.
30
teve importante papel para que os palestinos decidissem pela migração.
Entretanto, dá-se ênfase ao estupro e à sua ameaça, pois este foi o principal
motivo do êxodo de muitos palestinos durante a Primeira Intifada.
Uma razão pela qual, apesar destes atos cometidos por oficiais
israelenses compreenderem crimes de guerra e crimes contra a humanidade,
Israel continuar os cometendo, é que, o apoio por parte dos Estados Unidos
permite uma imunidade de Israel perante o Direito Internacional e o Tribunal
Penal Internacional.
Referências Bibliográficas
31
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/8120/hoje+na+historia+1987++
comeca+a+primeira+intifada+na+faixa+de+gaza.shtml>. Acesso em: 28 de
outubro de 2014.
AZEEM, Sherif Abdel. Women in Islam. Cairo: Editora The Best of Speech
Society, 2010.
BROWNMILLER, Susan. Against Our Will: Men, Women and Rape. Nova
York: Editora Fawcett Books, 1975.
32
COLLARES, Valdeli Coelho. Faixa de Gaza e o Hamas no Imaginário Social:
A corrida pelo voto. Marília: Editoria Aurora, 2012.
EL SAADAWI, Nawal. A Face Oculta de Eva. São Paulo: Editora Global, 2002.
KALDOR, Mary. New and Old Wars: Organized Violence in a Global Era.
Stanford: Stanford University Press, 1998.
33
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maalouf&Itemid=203>. Acesso em: 20 de agosto de 2014.
34
SHAH, Subi. Corajosas e Inocentes: O Estupro em Zona de Guerra. New
Internationalist, 2014. Disponível em: <
http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/06/corajosas-e-inocentes-o-estupro-
em-zonas-de-guerra/>. Acesso em: 6 de outubro de 2014.
35