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Tecnologia Dos Transportes

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2014

Tecnologia dos Transportes

Prof. Me. Celio Daroncho


FATEC Zona Leste
20/1/2014
FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1

ATENÇÃO !
Este Material é constantemente atualizado
com sugestões e correções feitas pelos alunos
Capítulo: Esclarecimento

da disciplina, assim sendo peço gentilmente o


favor de comunicar todos os erros encontrados
no mesmo, pois é do aprimoramento deste
material que os semestres seguintes terão
uma melhor eficácia. Agradeço desde já pela
colaboração.
celio.daroncho@fatec.sp.gov.br

Última atualização: Janeiro de 2014


1
FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1

Esclarecimento

Este material é advindo de diversos materiais entre livros, apostilas e publicações


diversas. O texto aqui publicado foi extraído, praticamente, na integra de algumas
destas publicações, conforme explicado no início de cada capítulo.

Este material destina-se, exclusivamente, ou uso acadêmico em sala de aula, pois


os materiais utilizados para compor o mesmo são de difícil aquisição por
encontrarem-se esgotados ou fora de catálogo ou por não serem mais
comercializados.

Este material não deve ser utilizado para qualquer citação futura, se isso for
necessário, a citação deve ser feita dando crédito aos autores originais dos textos,
pois os mesmo foram, em alguns poucos casos, atualizados, adaptados ou
somente reconfigurados conforme a necessidade da disciplina.

O material básico para a composição deste texto foi:


 ANDRADE, Jonas Pereira de. (1994) Planejamento dos Transportes.
EDUFPB.
 BRUTON, Michael J. (1979) Introdução ao Planejamento dos Transportes.
EDUSP. São Paulo.
 HUTCHINSON, B. G. (1979) Princípios de Planejamento dos Sistemas de
Transporte Urbano; Guanabara Dois; Rio de Janeiro.
 HUTCHINSON, B. G. (1990) Introduction to Transport Engineering and
Planning. Notas de aula; University os Waterloo, Waterloo - Canadá.
 KHISTY, C. J. (2003) Transportation Engineering: an Introduction.
Prentice Hall, São Paulo.
 MELLO, José Carlos. (1975) Planejamento dos Transportes de. McGraw Hill.
São Paulo.
 MORLOK, E. K. (1978) Introduction to Transport Engineering and Planning.
McGraw-Hill. Tokyo.
 RODRIGUES, Paulo Roberto Ambrosio. (1975) Introdução aos Sistemas de
Transportes no Brasil e à Logística Internacional. Aduaneiras. São Paulo.
 SETTI, José Reynaldo & WIDMER, João Alexandre. (1999) Apostila de
Tecnologia dos Transportes. 2ª edição. EESC/USP. São Paulo.
 SETTI, José Reynaldo. (2009) Apostila de Tecnologia dos Transportes.
Capítulo: Esclarecimento

EESC/USP. São Paulo.


 METRÔ-SP. Companhia do Metropolitano de São Paulo. (19??) Engenharia
de Tráfego. São Paulo.

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Índice

ESCLARECIMENTO 2

ÍNDICE 3

1 – ENGENHARIA DE TRANSPORTES 5

O SISTEMA DE TRANSPORTES E A SOCIEDADE 6


O CAMPO E A NATUREZA DA ENGENHARIA DE TRANSPORTES 6
DEFINIÇÕES 6
O CAMPO E A NATUREZA DA ENGENHARIA DE TRANSPORTES 6
O ENGENHEIRO DE TRANSPORTES 7
A ENGENHARIA DE TRANSPORTES E A ANÁLISE DE SISTEMAS 8
A ABORDAGEM SISTÊMICA 8
EXERCÍCIOS 10
EXERCÍCIO 1 10
EXERCÍCIO 2 10
EXERCÍCIO 3 10

2 – COMPONENTES DOS SISTEMAS DE TRANSPORTES 11

TECNOLOGIAS DE TRANSPORTES 12
COMPONENTES FUNCIONAIS DOS SISTEMAS DE TRANSPORTES 14
REDES DE TRANSPORTE 15
ELEMENTOS DA REDE 15
LINHAS DE F LUXO 17
ANÁLISE DA REDE 18
HIERARQUIA E CLASSIFICAÇÃO DE VIAS 21
EXERCÍCIOS 23
EXERCÍCIO 1 23
EXERCÍCIO 2 24
EXERCÍCIO 3 24
EXERCÍCIO 4 26

3 – FLUXO DE VEÍCULOS 29

INTRODUÇÃO 30
NÍVEL DE SERVIÇO E SERVENTIA 30
NÍVEL DE SERVIÇO 30
SERVENTIA 31
O DIAGRAMA ESPAÇO-TEMPO 32
Capítulo:

HEADWAY E GAP 33
COMPORTAMENTO DE UMA CORRENTE DE TRÁFEGO 33
VOLUME DE TRÁFEGO 34
3
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VELOCIDADE MÉDIA 35
EXEMPLO 35
CONCENTRAÇÃO (DENSIDADE) 36
EXEMPLO 37
RELAÇÃO FUNDAMENTAL DOS FLUXOS DE TRÁFEGO CONTÍNUOS 37
MODELO VELOCIDADE X DENSIDADE 37
MODELO VOLUME X DENSIDADE 38
MODELO VOLUME X VELOCIDADE 40
RELAÇÕES ENTRE VELOCIDADE, VOLUME E DENSIDADE 40
EXEMPLO 41
ANÁLISE DOS FLUXOS DE VEÍCULOS ATRAVÉS DA TEORIA DAS FILAS 41
ALGUMAS DEFINIÇÕES IMPORTANTES E PRÁTICAS 42
VOLUME DE TRÁFEGO 42
VELOCIDADE 43
CONTROLE DE FLUXO DE VEÍCULOS 43
EXERCÍCIOS 44
EXERCÍCIO 1 44
EXERCÍCIO 2 44
EXERCÍCIO 3 45
EXERCÍCIO 4 45

4 – FLUXO DE VEÍCULOS EM INTERSEÇÕES RODOVIÁRIAS 46

INTRODUÇÃO 47
CONTROLE DE TRÁFEGO POR SEMÁFOROS 47
INTERSEÇÕES SEMAFORIZADAS ISOLADAS 47
EXEMPLO 51
ANÁLISE DE CICLOS SATURADOS EM INTERSEÇÕES SEMAFORIZADAS ISOLADAS 52
DETERMINAÇÃO DO CICLO ÓTIMO DE UM SEMÁFORO 53
EXEMPLO 55
SISTEMAS DE INTERSEÇÕES SEMAFORIZADAS 56
EXERCÍCIOS 58
EXERCÍCIO 1 58
EXERCÍCIO 2 58
EXERCÍCIO 3 58
EXERCÍCIO 4 58
EXERCÍCIO 5 58
EXERCÍCIO 6 59
EXERCÍCIO 7 59
Capítulo: Índice

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1
Capítulo: 1 – Engenharia de Transportes

1 – Engenharia de Transportes

Engenharia de
Transportes Este material foi extraído, na íntegra, da apostila Tecnologia de
Transportes de autoria dos professores José Reynaldo Setti e
João Alexandre Widmer da Escola de Engenharia de São Carlos
(EESC) da Universidade de São Paulo (USP).
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Todo o crédito de elaboração deve ser dado aos mesmos.

O sistema de transportes e a sociedade


O papel dos sistemas de transporte no desenvolvimento da humanidade é de extrema
importância. Ele é uma parte indispensável da infraestrutura de qualquer região, e o grau
de desenvolvimento de uma sociedade está ligado diretamente ao grau de sofisticação do
seu sistema de transporte. Toda sociedade requer mobilidade para o seu funcionamento –
pessoas se locomovem dos locais de moradia para os locais de trabalho, insumos e bens
acabados são levados até seus consumidores, etc. De um ponto de vista amplo, as opções
de trabalho, lazer e consumo e o acesso à saúde, educação, cultura e informação de uma
sociedade dependem da qualidade do sistema de transportes à sua disposição.
O desenvolvimento de uma região está interligado com o grau de sofisticação do sistema
de transportes que a serve. O crescimento da agropecuária, da indústria e dos serviços
depende diretamente da amplitude dos mercados consumidores e da disponibilidade de
insumos. Um bom sistema de transportes garante o fornecimento de matérias – primas e
aumenta o mercado consumidor servido por elas, além de providenciar a ligação entre a
residência dos trabalhadores e seu local de trabalho.

O campo e a natureza da Engenharia de Transportes

Definições
O ITE (Institute of Transportation Engineers, entidade sediada em Washington, D.C.)
define Engenharia de Transportes como sendo a aplicação de princípios tecnológicos e
científicos ao planejamento, projeto funcional operação, administração e
gerenciamento de instalações para qualquer modo de transporte de forma que permita
a movimentação de pessoas e bens de modo seguro, rápido, confortável, conveniente,
e econômico com um mínimo de interferência com o meio ambiente natural. A
Engenharia de Tráfego, muitas vezes confundida com a Engenharia de Transportes, é
descrita como sendo o ramo da Engenharia de Transportes que lida com o planejamento
e projeto geométrico de redes viárias, terminais e áreas adjacentes, com o controle de
tráfego de veículos nestes locais e com o seu relacionamento com outras modalidades
de transporte [ITE, 1991, pág. A-30].

O campo e a natureza da Engenharia de Transportes


A Engenharia de Transportes é uma área de estudo multidisciplinar e um ramo
relativamente novo da Engenharia Civil, que usa técnicas e conceitos extraídos da
Economia, da Geografia, da Pesquisa Operacional, da Geopolítica, do Planejamento
Regional e Urbano, da Probabilidade e Estatística, da Sociologia e da Psicologia, além
do conjunto de conhecimentos comumente utilizado em Engenharia Civil. Ainda que o
projeto de veículos seja deixado à parte, exige-se um bom conhecimento das
características destes veículos para o projeto, análise e avaliação de sistemas de
transporte.
Capítulo: 1 – Engenharia de Transportes

A Figura 1 ilustra como estes campos do conhecimento interagem dentro da Engenharia


de Transportes. O eixo horizontal superior mostra a gama interdisciplinar da Engenharia
de Transportes; o eixo horizontal inferior mostra o campo de atuação da Engenharia
de Transportes; e o eixo vertical mostra o grau de envolvimento das várias áreas do
conhecimento que são usadas em Engenharia de Transportes. Os limites de atuação de
cada disciplina são, entretanto, difusos e é difícil dizer onde uma área termina e onde
outra começa. A especialização de engenheiros civis em transportes acontece, na maior
parte dos casos, em nível de pós-graduação; aos alunos de graduação é dada uma
visão geral dos problemas abordados em Engenharia de Transportes e das técnicas
utilizadas na sua solução.
O objetivo principal da Engenharia de Transportes é descobrir a melhor combinação
possível dos equipamentos (veículos, vias, terminais, etc.) e de formas alternativas
para sua operação numa determinada região. Se esta região for limitada, como por
exemplo, o movimento de minério de uma mina para um porto, o problema é
relativamente simples. Entretanto, a Engenharia de Transportes costuma lidar com
extensas regiões geográficas e movimentos de pessoas e cargas com vários propósitos
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FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1

diferentes. Um problema típico encontrado em Engenharia de Transportes é planejar o


desenvolvimento do sistema de transportes de uma região metropolitana, ou ainda,
planejar melhorias na rede de transporte interurbano de um estado ou região.

Figura 1 - O caráter interdisciplinar da Engenharia de Transportes (Kirsty, 1990 apud Setti, 1999)

O engenheiro de transportes
Ainda que se possa definir com precisão o que é a Engenharia de Transportes, é um
tanto quanto mais complicado definir o engenheiro de transportes, pois engenheiros
atuando nas mais variadas áreas consideram-se engenheiros de transportes. Em um
extremo têm-se os engenheiros civis (especializados em rodovias, ferrovias ou portos)
que, por estarem envolvidos no projeto de componentes dos sistemas de transportes
podem ser classificados como engenheiros de transportes. Entretanto, existem
engenheiros mecânicos, aeronáuticos e navais (incluindo os que projetam veículos) que
também se consideram engenheiros de transportes devido ao tipo de atividade que
exercem. Há ainda engenheiros eletrônicos ou de computação que, por estarem
envolvidos no controle dos veículos e no projeto e operação de sistemas de
comunicação entre veículos, poderiam ser igualmente considerados engenheiros de
transportes.
Estes engenheiros não preenchem toda a gama de atividades desenvolvidas no campo
da Engenharia de Transportes; outros profissionais, com as mais variadas formações
básicas (arquitetos, economistas, sociólogos, etc.) se dedicam a planejar melhorias de
sistemas de transportes urbanos e regionais - tais como: a construção de novas vias;
a ampliação de redes de transporte público; o controle de fluxos de tráfego nas vias
existentes; e a operação dos sistemas de transporte coletivo. Ainda que estas pessoas
não sejam engenheiros por formação, elas certamente desempenham atividades que
engenheiros de transporte poderiam desempenhar.
Muitos dos engenheiros de transporte e dos outros profissionais que trabalham no
campo da Engenharia de Transportes fazem parte de empresas de consultoria,
Capítulo: 1 – Engenharia de Transportes

planejamento e projeto. Nestas empresas, os problemas de transportes podem ser


abordados em vários níveis: trabalha-se tanto com planejamento macroscópico quanto
com o detalhamento de projetos, com a especificação de contratos de construção, com
a compra de equipamentos, com o planejamento e controle de obras e com outras
atividades relacionadas com o projeto e a construção de sistemas ou componentes dos
sistemas de transporte. Outros engenheiros de transporte trabalham para agências
governamentais ligadas aos sistemas de transporte, que se encarregam do
planejamento, construção e operação de uma ampla variedade de instalações das quais
consiste o sistema de transportes de um país ou região.
O campo da Engenharia de Transportes é amplo e engloba muitas formas diferentes de
atividade profissional. Ele não possui limitações geográficas não estando restrito a
áreas urbanas ou rurais nem a nações industrializadas ou em desenvolvimento: não
focaliza apenas um tipo particular de movimento (tal como o deslocamento de pessoas
ou de cargas): nem está limitado a uma modalidade particular.
São os engenheiros de sistemas de transportes (junto com economistas, advogados,
arquitetos, sociólogos, psicólogos, etc.) que tratam dos problemas amplos de onde,
7
FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1

quando e quais componentes de sistemas de transporte devem ser implementados em


determinados locais ou regiões. As questões relacionadas à integração de sistemas, à
forma de operá-los e aos preços que devem ser cobrados pelo seu uso são também
objeto de estudo dos engenheiros de sistemas de transporte.

A Engenharia de Transportes e a análise de sistemas


Pode-se então notar que, além da formação do engenheiro civil para exercer as funções
de engenheiro de componentes de sistemas de transporte, existe a necessidade que ele
adquira também um conhecimento adequado da análise sistêmica, através da qual pode-
se abordar problemas complexos de maneira mais eficiente. Existem três características
da maior parte dos sistemas de transportes que os fazem difíceis de serem analisados sem
uma abordagem sistêmica:
 O grande número de viagens individuais e despachos de carga na sua área de
influência;
 O número praticamente ilimitado de alternativas a serem analisadas, dada a grande
disponibilidade de tecnologias de transporte e os diferentes modos pelos quais elas
podem ser operadas a diferentes custos; e
 A variedade de objetivos para serem atingidos, que rotineiramente são difíceis de
serem medidos e que ultrapassam noções simples, tal como minimizar o tempo gasto
em viagens.

A abordagem sistêmica
A análise de sistemas é um método desenvolvido durante os últimos quarenta anos
para o estudo de problemas complexos como os de Engenharia de Transportes, através
do método científico. Um sistema é um grupo de componentes que interagem para
desempenhar uma tarefa ou atingir um objetivo pré-definido. Um exemplo de sistema
é uma rede viária. Que contém as vias, veículos e terminais. A via é um subsistema,
assim como o são os veículos e os terminais.
Uma meta é o estado final que se deseja atingir, e deve refletir o propósito ou função
a que o sistema deve servir [Wortman, 1976]. O sistema de transporte, por exemplo,
é um sistema que presta um serviço à sociedade; a meta deste sistema pode ser
definida em termos de dar mobilidade para algum tipo de função econômica, social ou
política. Muitas vezes. tem-se mais de uma meta. A meta, ou as metas, devem ser
definidas concomitantemente com o problema e o sistema propriamente ditos. A
definição de metas nesta etapa do processo dá uma ideia geral da forma pela qual o
sucesso das várias soluções possíveis para o problema será avaliado.
Para se alcançar uma meta, define-se um ou mais objetivos, que devem ser
mensuráveis e passíveis de serem atingidos. Considerando-se o sistema de transporte,
os objetivos estão relacionados com a implantação de sistemas de transporte
rodoviário, ferroviário, aéreo ou aquático, ou combinações destes que possam prover
Capítulo: 1 – Engenharia de Transportes

o grau de mobilidade requerido.


A escolha dos objetivos sugere, de certa forma, as medidas de eficácia (MDE) que serão
utilizadas para avaliar quanto cada ação alternativa satisfaz um objetivo. As
consequências das decisões tomadas, sejam elas em termos de benefícios perdidos ou
oportunidades não utilizadas, são avaliadas através de medidas de custo (MDC) ou
medidas de eficiência.
Um critério relaciona uma medida de eficácia com uma medida de custo através de
uma regra usada para a seleção de uma alternativa entre várias outras, cujos custos e
eficácia tenham sido previamente determinados. Um tipo particular de critério, o
padrão, é um objetivo fixo: o mais baixo (ou mais alto) nível de desempenho aceitável.
Uma comunidade possui um conjunto de normas, princípios ou padrões sociais que
governam o seu comportamento. A este conjunto de conceitos chamam-se valores,
que por serem partilhados por grupos de características similares são muitas vezes
chamados valores culturais ou sociais. Os valores fundamentais da sociedade incluem

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FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1

o desejo de sobreviver, a necessidade de se sentir parte de um grupo ou lugar, a


necessidade de ordem, e a necessidade de segurança.
Uma política de ação é um princípio que guia o curso escolhido para se atingir um
objetivo. A avaliação do estado de um sistema e a definição de alternativas para
mudança é chamada de definição de políticas de ação. O processo em si deve ser
controlado e dispor de retro alimentação (feedback) para que se possa alterar
hipóteses, objetivos e políticas adotadas.
Os passos na análise de um sistema são os seguintes:
1) Reconhecimento dos problemas e valores de uma comunidade:
2) Estabelecimento de metas;
3) Estabelecimento de objetivos;
4) Estabelecimento de critérios e padrões para avaliação das opções;
5) Definição de opções para se atingir os objetivos e metas estabelecidos;
6) Avaliação das opções em termos de eficácia e custos;
7) Questionamento dos objetivos e hipóteses adotados;
8) Exame de novas opções ou modificações nas opções já definidas;
9) Estabelecimento de novos objetivos ou modificações nos objetivos já definidos;
10) Repetição do processo até que uma solução que satisfaça simultaneamente os
critérios-padrão e conjunto de valores da comunidade seja obtida.
A avaliação das alternativas pode usar métodos matemáticos e modelos tais como
análise estatística, otimização, redes, modelos de filas, programação matemática,
pesquisa operacional, modelos físicos, etc. Por exemplo, pode-se tanto simular o
desempenho de um novo perfil de asa de uma aeronave em um computador como
também se pode medir seu desempenho num túnel de vento. Muitas vezes modelos
matemáticos são utilizados nos casos em que a experimentação com o sistema real é
impossível ou muito dispendiosa. Em outros casos, pode ser mais atrativo usar um
modelo reduzido do sistema real, ou mesmo o próprio sistema.
A engenharia usa uma variedade de modelos matemáticos para a solução de
problemas. Por exemplo, pode-se modelar o comportamento de uma viga
considerando-se as relações entre o tipo e posição dos seus apoios, a carga aplicada
sobre ela, o material de que ela é feita e suas características geométricas. O projetista
pode, então, decidir qual é a forma mais econômica de se construir a viga, dados a
carga e os vários tipos de material disponíveis.
Em Engenharia de Transportes, a abordagem é similar. No projeto de sistemas de
transporte, busca-se definir relações matemáticas que ajudem a esclarecer o
funcionamento das várias partes do sistema. Os modelos exprimem relações entre o
número de viagens e a localização dos centros de atividade entre os quais as pessoas
Capítulo: 1 – Engenharia de Transportes

desejam se movimentar (por exemplo, de casa para o trabalho) e as características


dos serviços de transporte oferecidos, tais como preço da passagem, tempo de viagem
e frequência de uma linha de transporte coletivo.
A modelagem de sistemas de transporte difere dos modelos matemáticos comumente
usados em engenharia porque estes últimos lidam com objetos inanimados que podem
ser facilmente manipulados num laboratório, enquanto que os modelos de sistemas de
transporte tratam tanto de sistemas socioeconômicos como tecnológicos. Assim sendo,
o processo normal de experimentação em laboratório não pode ser aplicado. Além
disto, a variabilidade natural do comportamento humano afeta muitos aspectos do
sistema de transporte, desde o controle de veículos individuais até as escolhas com
respeito ao destino de viagens e onde as pessoas moram e trabalham. Fatores de difícil
mensuração, tais como o grau de ruptura social introduzido numa região pela
construção de uma via elevada, o aumento dos níveis de ruído e poluição atmosférica,
impacto visual, aumentam ainda mais estas dificuldades. Por estas razões, a
modelagem de sistemas de transporte apresenta dificuldades que não existem quando
se lida com sistemas inanimados. Apesar disto, os modelos matemáticos são, muitas
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vezes, a única alternativa disponível para a avaliação de alternativas e, por isso, são
largamente usados.

Exercícios

Exercício 1
O prefeito de uma cidade contratou seus serviços de consultoria para analisar o
problema do melhor local para a implantação de (escolha o problema que corresponde
ao último algarismo do seu número de matrícula):
0 - Um aeroporto regional
1 - Um terminal rodoviário intermunicipal
2 - Um entreposto de distribuição de produtos agrícolas
3 - Um terminal rodoviário de cargas
4 - Um terminal intermodal rodovia/ferrovia
5 - Um terminal de ônibus urbanos
6 - Um posto do corpo de bombeiros
7 - Um ponto de táxi
8 - Os pontos iniciais e finais de uma linha de ônibus ligando dois bairros
9 - Um pronto-socorro
Descreva, através dos passos do enfoque sistêmico, como você pretende analisar o
problema na busca da melhor solução. Seja o mais específico possível.

Exercício 2
Identifique problemas relacionados com os seguintes sistemas de transporte numa
grande área metropolitana: rede viária, sistema de transporte coletivo por ônibus, vias
de circulação de pedestres, e sistema de informação aos motoristas (sinalização).
[Khisty, 1990]

Exercício 3
Quais são as diferenças básicas entre engenharia de transportes e engenharia de
tráfego? [Khisty, 1990]

Capítulo: 1 – Engenharia de Transportes

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Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes

2 – Componentes dos Sistemas de Transportes

Componentes dos
Sistemas de
Transportes
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Este material foi extraído, na integra, da apostila Tecnologia de


Transportes de autoria dos professores José Reynaldo Setti e
João Alexandre Widmer da Escola de Engenharia de São Carlos
(EESC) da Universidade de São Paulo (USP).
O material da apostila foi melhorado e acrescido com material
de Morlok (1978).
O crédito de elaboração deve ser dado aos autores da apostila
original, pois seu formato foi copiado e seguido.

Tecnologias de Transportes
A função dos sistemas de transporte é permitir que pessoas e bens se movimentem. Uma
série de tecnologias, que permitem deslocamentos mais rápidos sobre distâncias mais
longas, foram desenvolvidas ao longo do tempo pela espécie humana. Chamando as
pessoas ou bens sendo transportados por um modo qualquer de objeto do transporte,
pode-se enumerar os requisitos de uma tecnologia de transportes:
 Dar mobilidade ao objeto, isto é, permitir sua movimentação de um ponto a
outro;
 Controlar o deslocamento e a trajetória do objeto através da aplicação de forças de
aceleração, desaceleração e direção; e
 Proteger o objeto de deterioração ou dano que possa ser causado pela sua
movimentação.
A mais simples das tecnologias de transporte é o transporte a pé, que se baseia na
habilidade natural dos seres humanos em se locomoverem e na sua capacidade de
transportar pequenas cargas, nos seus braços ou em sacolas, mochilas, etc. Para aumentar
a velocidade de transporte, o ser humano pode correr; para se locomover num meio
líquido, ele tem que nadar – o que pode não ser tão simples se a pessoa estiver
transportando um objeto. A capacidade dos seres humanos se movimentarem no solo e na
água são formas naturais de transporte. Os animais, além de andar, correr e nadar, são
também capazes de voar. Podem-se desenvolver tecnologias de transporte baseadas nesta
capacidade de locomoção natural dos animais. A natureza é capaz de transportar objetos,
seja através do vento, da água (com objetos flutuando ou imersos) ou da força da
gravidade (partículas rolando num declive).
Dada a pequena capacidade de transporte das formas naturais de locomoção e dado o
pequeno nível de conforto que elas proporcionam, um grande número de tecnologias de
transporte foi desenvolvido ao longo do curso da história, quase todas baseadas num
refinamento de processos naturais. Por exemplo, animais são usados para transporte de
cargas e pessoas desde tempos imemoriais. Ou ainda, toras são transportadas através de

Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes


um curso d’água. No primeiro caso, a tecnologia de transporte é baseada na capacidade
natural dos animais de se locomoverem; no segundo, na capacidade de fluxos de água
arrastarem, consigo, objetos.
Apesar do grande número de processos naturais de transporte que existem na natureza,
eles não são suficientes para as necessidades da sociedade moderna. Desta forma, a maior
parte das tecnologias de transporte utilizadas atualmente foi criada pelo homem, ainda
que todas elas se baseiem em formas naturais de transporte. Alguns exemplos de
tecnologias correntes de transporte seriam:
Formas naturais de movimento
 Pessoas ou animais transportando objetos, com restrições de capacidade e
velocidade.
Técnicas desenvolvidas pelo homem
 Veículos com rodas ou esteiras que se deslocam sobre a superfície da terra: carro,
caminhão, trem, trator de esteiras;
 Veículos que flutuam no meio (ar ou água): navios, submarinos, Dirigíveis.
 Veículos que geram sustentação aero ou hidrodinâmica: aviões, helicópteros,
Aerobarcos.
 Veículos que se movem sobre solo ou água sustentados por um colchão de ar:
hovercraft.
 Veículos que se movem sobre vias especiais através de levitação magnética: trem
maglev.
 Veículos espaciais: naves e satélites artificiais movidos por foguetes.
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FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1

 Vias que dão mobilidade e controle ao próprio objeto ou sua embalagem: dutovias,
esteiras transportadoras, teleféricos, elevadores.
Entre as várias tecnologias disponíveis, talvez a mais difundida seja aquela que faz uso
dos veículos terrestres, que substituem os animais no transporte de pessoas e cargas. Eles
possuem rodas ou esteiras que dão-lhes mobilidade, um corpo que contém e protege a
carga, e um sistema de propulsão que controla seu movimento. Ainda que alguns destes
veículos possam se locomover em qualquer tipo de terreno (caso possuam esteiras), a
maioria deles trafega por caminhos previamente preparados (vias) que possuem uma
superfície regular e resistente. O uso de vias (estradas e ferrovias) reduz a potência
requerida para a movimentação do veículo, aumenta a sua capacidade de carga e diminui
os danos que podem ser causados à carga pelo transporte. Este fato levou ao
desenvolvimento de rodovias e ferrovias, que são vias preparadas para uso por certos tipos
de veículos.
A forma mais comum de propulsão de veículos terrestres equipados com rodas consiste
em aplicar uma força de rotação às rodas, com o atrito solo-roda produzindo uma força de
reação correspondente. A trajetória dos veículos pode ser controlada através de forças de
atrito, no caso de veículos rodoviários, e de forças de reação dos trilhos contra as rodas,
no caso de veículos ferroviários.
Mais recentemente, outras tecnologias para transporte terrestre foram desenvolvidas.
Essas tecnologias incluem aqueles veículos que geram mobilidade através da criação de
um colchão de ar sob o veículo, com pressão suficiente para elevá-lo acima da trajetória
desejada. Nos "hovercrafts", a tração e a direção do veículo são obtidas através de hélices
e lemes direcionais. Outros veículos usam levitação magnética para este fim. No caso de
veículos que trafegam sobre vias especiais, a propulsão é obtida através de motores
elétricos de indução linear e o veículo é guiado por forças magnéticas da via sobre o veículo
– por exemplo, o trem maglev (Japão), que ainda se encontra em estágio experimental.
As tecnologias para transporte em fluidos (ar e água) incluem aeronaves, dirigíveis, navios,
submarinos, aerobarcos, etc. Os veículos são mantidos no nível apropriado para sua
locomoção devido a sua “flutuabilidade” (por ex., barcos, navios, submarinos, dirigíveis e
aerobarcos em baixas velocidades) ou sustentação resultante do escoamento de fluido
sobre um aerofólio (em aviões) ou hidrofólio (por ex., aerobarcos em altas velocidades).
Em algumas situações particulares, utilizam-se veículos que deslizam sobre a via, devido
às características do material que a compõe. Este é o caso de plataformas industriais que
se deslocam sobre superfícies engraxadas ou com roletes e de trenós que se movem sobre

Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes


gelo ou neve. As formas de tração e direção destes veículos são bem variadas.
Um exemplo curioso de tecnologia de transporte é o de objetos que podem ser rolados ou
arrastados sobre a superfície da terra ou que podem flutuar e ser arrastados pela
correnteza de um rio. Estes objetos devem que ser tais que o processo de transporte não
os danifique irremediavelmente, como é o caso de toras de madeira.
O andar de pessoas e animais é semelhante ao transporte veicular, no que tange à
necessidade de vias apropriadas ao seu deslocamento. Caminhos que têm superfície
regularizada, nivelada e livres de obstáculos existem desde os primórdios da humanidade.
Os meios naturais de transporte de líquidos e gases foram também adaptados às
necessidades de transporte dos seres humanos. O problema principal destas tecnologias é
que as trajetórias naturais nem sempre coincidem com as rotas de transporte desejadas.
A construção de canais e dutovias permite fazer com que o movimento dos fluidos se dê
ao longo da rota projetada. A locomoção do objeto (que, no caso, se confunde com o
próprio veículo) processa-se através do efeito da força da gravidade. Nos trechos onde não
se pode usar a força da gravidade para a movimentação do objeto, usam-se estações de
bombeamento. Estas tecnologias usam condutos para conduzir líquidos (aquedutos,
oleodutos, sistemas de abastecimento de água, etc.), gases (gasodutos, sistemas de
distribuição de gás encanado) ou sólidos imersos em fluidos ("minériodutos", que
transportam um mistura de minério e água, e tubos pneumáticos usados para o transporte
de grãos).

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Existe ainda uma forma híbrida de transporte, que se situa entre o movimento discreto de
objetos em veículos e o movimento contínuo de gases e líquidos em dutos, onde a
mobilidade e a locomoção são fornecidas por um equipamento fixo que possui uma
superfície ou compartimento de carga móvel. As esteiras transportadoras, os teleféricos e
os elevadores são exemplos desta tecnologia.

Componentes Funcionais dos Sistemas de Transportes


Um sistema de transporte possibilita que um objeto seja movimentado de um local para
outro ao longo de uma trajetória, por meio de uma tecnologia, como as anteriormente
descritas. Neste contexto, objeto do transporte é pessoas ou cargas (que podem incluir
seres vivos), e a trajetória é o conjunto de pontos no espaço ao longo dos quais se deseja
mover o objeto.
Os componentes funcionais dos sistemas de transportes são:
 Veículos: o componente usado para movimentar pessoas e cargas de um local
para outro, por exemplo: carros, navios, trens, etc.;
 Vias: as conexões que unem dois ou mais pontos, por exemplo: estradas,
hidrovias, aerovias, canalizações, etc.;
 Terminais: os pontos onde as viagens se iniciam e terminam, como por exemplo,
aeroportos, portos, terminais de ônibus, estacionamentos, etc.;
 Plano de operações: o conjunto de procedimentos usados para se obter um
funcionamento adequado e eficaz do sistema de transportes.
Os veículos são utilizados, na maioria das tecnologias, para dar mobilidade ao objeto
sendo transportado ao longo de uma via. O veículo tem também a função de proteger o
objeto sendo transportado. O veículo pode incorporar um sistema de tração e direção
interno (como num carro ou caminhão) ou possuir um sistema de tração externo, por
exemplo: uma locomotiva rebocando um comboio de vagões ou um rebocador empurrando
um comboio de chatas. A Tabela 1 dá exemplos de veículos para várias tecnologias
diferentes.
Tabela 1 – Exemplos de veículos usados em sistemas de transporte
Tipo Veículos
Carro, caminhão, cavalo-mecânico, reboque, locomotiva,
Terrestres
vagão, trator, tanque de guerra, hovercraft, etc.
Navio, barco, rebocador, chata, aerobarco, hovercraft,
Hidroviários
submarino, etc.
Aéreos Dirigível, avião, helicóptero, foguete, etc.

Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes


Fonte: Widmer, 1987

Para melhorar a eficiência de um sistema de transportes, muitas vezes são utilizados


dispositivos de unitização de cargas, cujas funções são muito próximas daquelas dos
veículos, ou seja, conter e proteger os objetos sendo transportados. Um dispositivo de
unitização de carga, entretanto, não possui capacidade de locomoção nem mobilidade,
necessitando ser transportado em um veículo ou por uma via móvel. Entre os dispositivos
de unitização de cargas mais comuns estão os paletes, estrados de carga feitos de madeira,
metal ou outros materiais, aos quais a carga é fixada, e os contêineres, caixas fechadas
de metal, fibra, de metal e lona ou de qualquer outro material adequado, dentro dos quais
a carga é colocada. Os paletes e contêineres são construídos com dimensões tais que a
ocupação dos veículos é otimizada, o que pode não acontecer quando se carrega carga
solta de dimensões e formas variadas.
As vias são projetadas e construídas em função das características dos veículos que as
utilizam. Os veículos terrestres requerem uma superfície regular e resistente. para que
eles possam desenvolver velocidades altas com um mínimo de dano à carga. Para que o
peso do veículo (transmitido ao solo pelas rodas) não faça com que ele afunde, a via deve
ser mais resistente do que o solo natural. Em alguns casos, como no transporte ferroviário.
a via desempenha também o papel de controladora da trajetória do veículo.
As hidrovias são muitas vezes cursos d’água naturais, mas melhoramentos para aumento
da profundidade, transposição de desníveis, alargamento, etc. são comumente utilizados
para a sua melhoria. As aerovias são demarcadas por rádios-sinalizadores, que emitem
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sinais captados por instrumentos nas aeronaves, as quais podem então se deslocar com
segurança através de trajetórias pré-determinadas.
Como nem sempre é possível construir uma via que ligue cada par de pontos, entre os
quais se deseja transportar pessoas e objetos, muitos sistemas de transporte têm a forma
de redes de vias interligando vários pontos. Um exemplo de rede é o sistema viário urbano,
onde vias se cruzam em interseções. Interseções são componentes importantes do sistema
de transporte, já que é fundamental que algum tipo de controle do fluxo de veículos exista
ali, a fim de que não ocorram acidentes. Exemplos de interseções são cruzamentos de vias
urbanas, desvios de estradas de ferro de via simples e áreas terminais de redes aeroviárias.
Os terminais são os locais onde as viagens começam e terminam. Em outros casos, mais
de uma modalidade de transporte é requeri da para a realização de uma viagem. Nestes
casos, o transbordo, ou a mudança de modo, ocorre sempre num terminal. Mesmo dentro
de uma mesma modalidade, pode ser necessário transferir carga ou passageiros de um
veículo para outro. Os terminais podem ser edifícios especialmente projetados e
construídos para este fim, tais como aeroportos, estações de metrô, etc., ou podem ser
simplesmente um local pré-determinado onde uma viagem se inicia ou acaba, como um
ponto de ônibus num bairro residencial.
O plano de operação é o conjunto de procedimentos usados para manter um sistema de
transporte (que muitas vezes possui uma grande complexidade) operando
adequadamente. O plano de operações assegura que o fluxo de veículos, nas vias e
interseções, ocorra de forma ordenada e segura, que os terminais sejam operados de tal
forma que o fluxo de pessoas e cargas seja acomodado nos veículos, etc. Um plano de
operações pode ser tão simples quanto uma pequena tabela de horários de chegada e
partida, ou pode requerer um complexo sistema de aquisição de dados e controle de
semáforos em tempo real por computadores, num centro de controle de tráfego de uma
região metropolitana.
Redes de Transporte
Uma rede é uma representação matemática do fluxo de veículos, pessoas e objetos entre
pontos servidos por um sistema de transporte. Embora o termo rede frequentemente tenha
outros significados, nós focalizaremos principalmente no conceito matemático e seu uso
na análise de sistemas de transporte.

Elementos da rede
Uma rede se constitui de arcos e nós. Os nós são pontos notáveis no espaço, e os arcos

Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes


são as ligações entre os nós. Para entender melhor como uma rede de transporte é
definida, considere-se o mapa da Figura 2, que representa as ligações rodoviárias entre
algumas cidades.

Figura 2 – Ligações rodoviárias entre um grupo de cidades - mapa (adaptado de Setti, 1999)

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O diagrama da Figura 3 é a representação gráfica da rede que representa o sistema de


transporte rodoviário servindo essa região. Cada cidade é um nó, e cada ligação
rodoviária é um arco. Um arco pode conter fluxo de veículos nos dois sentidos ou
apenas em um sentido. Neste último caso, diz-se que ele é um arco direcionado. Cada
nó é identificado por um número (ou por uma sigla ou letra), e cada arco, pelo par de
nós por ele ligado. Desta forma, Cana Verde é o nó 1, Claraval, o nó 2, e assim por
diante, como mostra a Tabela 2. A ligação entre Claraval e Aguanil, o arco 2-3, é um
arco bidirecional; o arco 3-4 (Aguanil e Lambari) é um arco unidirecional.

No caso da rede da Figura 2 os nós foram nomeados com números, mas poderíamos
ter feito isso com o emprego de uma sigla, por exemplo, Cana Verde poderia ser CVD,
Claraval poderia ser CLV, Aguanil poderia ser AGN, Lambari poderia ser LBR, Coqueiral
poderia ser CQR e Juruaia poderia ser JRA. Ou ainda poderíamos utilizar outra
formatação para as siglas, o importante é ser de fácil entendimento e de se ter a Tabela
2 com o nó e sua respectiva descrição, ou nome.

Figura 3 – Representação gráfica de um sistema de


transporte rodoviário através de uma rede (Setti, 1999)

As redes além de poderem ser representadas graficamente, podem também ser


representadas matricialmente, conforme mostra a Figura 4, que contém a

Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes


representação matricial do sistema de transportes servindo a região mostrada na Figura
2. As linhas da matriz contêm os nós de origem e as colunas os nós de destino. Cada

1 se existe um arco i  j
elemento da matriz, mij que representa a existência de um arco que se inicia em i e

mij  
0 se nao existe um arco i  j
termina em j, pode assumir os seguintes valores:

Tabela 2 – Nós e arcos da rede de transporte


Nó Cidade Arco Ligação Tipo do arco
1 (CVD) Cana Verde 1-2 Cana Verde – Claraval bidirecional
2 (CLV) Claraval 2-3 Claraval – Aguanil bidirecional
3 (AGN) Aguanil 2-5 Claraval – Coqueiral bidirecional
4 (LBR) Lambari 3-4 Aguanil – Lambari unidirecional
5 (CQR) Coqueiral 3-6 Aguanil – Juruaia bidirecional
6 (JRA) Juruaia 4-6 Lambari – Juruaia bidirecional
5-6 Coqueiral – Juruaia bidirecional
Fonte: Setti, 1999

Os arcos bidirecionais são representados por mij = 1 e mji = 1, ao passo que um arco
unidirecional entre i e j é representado por mij = 1 e mji = 0. Note-se, entretanto, que
esta convenção não é universal.

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Destino
Origem 1 2 3 4 5 6
1 0 1 0 0 0 0
2 1 0 1 0 1 0
3 0 1 0 1 0 1
4 0 0 1 0 0 1
5 0 1 0 0 0 1
6 0 0 1 1 1 0
Figura 4 – Representação matricial de uma rede de transporte

A representação matricial permite um tratamento computacional sistematizado de


redes extremamente complexas, e permite também uma extensão do conceito para
armazenagem de características de cada arco: comprimento, tempo de viagem, volume
de tráfego, capacidade de tráfego, etc.
Adicionalmente a todas estas informações, para descrever as características espaciais
de um sistema de transporte, utilizamos o recurso de anotar algumas características
particulares desta ligação sobre o arco que liga os nós. As informações normalmente
adicionadas são o tempo de viagem, volumes de fluência, comprimento da via entre os
nós subsequentes. Em quase todas as aplicações estas características são associadas
com arcos somente. Assim sendo, um nó especifica uma característica particular que
os arcos não impunham a eles (por exemplo, uma cidade, um cruzamento de vias, um
terminal, etc.).
A associação de todas estas características somente com arcos e não com nós, pode
parecer estranho, mas é feito principalmente por razões matemáticas, para facilitar a
análise e simplificação da rede. Por exemplo, o tempo consumido quando viajamos por
uma via, para a representação deste tempo na rede, existem duas possibilidades: uma
consiste em somar o tempo gasto com uma viagem ao longo do caminho por arcos que
se dirigem da origem para o destino; outra consiste na divisão do tempo por cada arco
percorrido, o tempo de viagem seria, então, associado com cada um destes arcos, e se
desejarmos saber o tempo de viagem ao passar por um nó, bastaria somarmos o tempo
do arco que o precede.
A Figura 5 mostra a configuração de uma rede gerada para um cruzamento de duas
vias de mão dupla onde todas as conversões são permitidas. Para podermos diferençar
os diversos meios de passagem por ela (manobras) devemos utilizar um número
grande de arcos e nós (8 nós e 24 arcos). Os arcos curtos nas extremidades
representam a continuidade da via. Se retornos são proibidos, nenhum arco é mostrado

Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes


para esta situação.
Aproximação 4

Aproximação 4
1 2

8 3

Aproximação 3 Aproximação 3
Aproximação 1 Aproximação 1

7
4

6 5
Aproximação 2

Aproximação 2
Figura 5 – Representação detalhada de uma rede em um cruzamento de duas vias de mão dupla

Linhas de Fluxo
As linhas de fluxo representam o fluxo real, ou seja, o caminho, percorrido pelos
veículos na via. É a partir delas que faremos a sinalização horizontal da via (pintura),
pois indicam qual o caminho os veículos irão seguir e se serão necessárias mais ou

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maiores obras na via, como redução de calçadas e canteiros centrais, aumento da


largura das faixas, proibições de estacionar, parar, dentre outras.
Estas linhas devem ser feitas por faixa de rodagem e devem expressar a via como um
todo, embora sejam muito utilizadas para a análise de cruzamentos quando da inserção
de semáforos, rotatórias, proibição de conversões, preferências, etc.
Com o uso das linhas de fluxo poderemos verificar a existência de pontos de conflito,
que são locais onde duas correntes de tráfego acabam se interceptando, ou seja, uma
ira colidir com a outra, isso não necessariamente gerará acidentes, mas a incidência de
acidentes pode ser analisada com o uso destas. Além disso permitem que se verifique
o que irá acontecer com o transito ao se inserir uma mudança na via.
A Figura 6 mostra um exemplo de linhas de fluxo no cruzamento entre a rua A (mão
única) e a rua B (mão dupla), onde podemos ver que a rua A tem uma única faixa de
rolamento, já rua B tem duas faixas. Além disso podemos verificar todos os pontos de
conflitos existentes (mostrados pelas circunferências pretas). A partir disso podemos
verificar como ficaria o cruzamento com a inserção de um semáforo ou com a proibição
de conversão em uma das vias.

Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes

Figura 6 – Representação das linhas de fluxo (MEC - ENADE, 2003)

Análise da rede1
Um sistema de transporte é representado como uma rede que descreve os
componentes individuais do sistema e seu relacionamento com alguma característica
importantes deste. Algumas das mais importantes características dos sistemas são:
tempo de viagem, distância e custos.
A Figura 7 ilustra a rede metropolitana de uma determinada cidade, como pode ser
visto tanto as interseções quanto as cidades estão numeradas e nos arcos que ligam
estas, está anotado o tempo médio de viagem (em minutos) entre um ponto e outro.
Por exemplo, a viagem do nó 1 para o nó 8 será feita através dos arcos (1;10), (10:24),
(24:23) e (23:8) e o tempo de viagem será = 5 + 10 + 25 + 10 = 50 min.

1
Devemos salientar aqui que apesar de nos referirmos sempre a tempo, o caminho mínimo pode ser expresso pela
distância, custo, segurança, condição da via ou qualquer outro fator que se achar importante e que seja decisivo
para a tomada de decisão..
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Para este mesmo deslocamento, existem outros possíveis caminhos, tais como (1:11),
(11:20), (20:21), (21:22), (22:23) e (23:8). Assim sendo, é muito importante
especificar o caminho que foi utilizado.

Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes


Figura 7 – Rede de transporte da região metropolitana de uma determinada cidade

Entretanto, em casos onde o tempo difere entre rotas diferentes, os viajantes,


frequentemente, alteram a sua seleção. No transporte de carga, como no caso de
rodovias, ferrovias de longas distâncias ou outro modal diferente a rota é, geralmente,
selecionada para minimizar o tempo (custo) total do transporte. Em ambos os casos
(transporte de pessoas ou de cargas), o problema é o mesmo, achar o ponto que
ofereça o menor custo, ou a soma mínima de certos custos (ou tempos), associados
com os arcos que compõe o caminho a ser percorrido. Assim sendo, do ponto de vista
matemático estes problemas são essencialmente idênticos.
Um procedimento bastante simples foi desenvolvido para achar estes caminhos
mínimos na rede. Este método é chamado de árvore de caminho mínimo e é a aplicação
de um procedimento matemático chamado de Programa Dinâmico. O procedimento a
ser usado é bastante simples, vamos ver isso através de um exemplo, vamos usar a
rede da Figura 7 para este propósito. Nesta rede os tempos de viagem de rede são
associados por linhas. O problema proposto será encontrar o caminho mínimo partindo-
se do nó 1 para os demais nós (cidades) da rede com tempo mínimo de viagem.
Começamos no nó 1 e vamos analisando as possibilidades de caminho a partir do
mesmo. Neste caso podemos ir para o nó 10, para o nó 11 ou para o nó 12. Os tempos
para cada uma destas viagens serão, respectivamente, de 5, 12 e 13 minutos, e dai
para frente vamos repetindo o processo para cada um dos nós da rede.

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Devemos anotar ao lado de cada nó as informações que nos forem necessárias para
um bom entendimento. Estas informações são: o tempo de viagem total (a partir do
início – neste caso do nó 1); e o nó do qual viemos até chegar ao nó que estamos
analisando. Ao final deste procedimento teremos uma situação conforme a mostrada
na Figura 8.a, onde teremos para cada um dos nós o tempo de viagem quando partimos
do nó 1 e desta forma fica fácil analisar qual será o caminho mínimo para cada um dos
nós finas (cidades da rede).
Para sabermos o caminho a cada um dos nós, basta olharmos para o mesmo e ver de
qual nó nós viemos até chegar ao mesmo, faremos assim o caminho inverso, até
chegarmos ao nó 1. Por exemplo, para saber qual o caminho mínimo do nó 1 até o nó
4, devemos:
 Olhar para o nó 4 verificar de onde partimos para chegar até ele, neste caso
veremos que a informação contida ao lado do nó nos diz que viemos do nó 16 (está
entre parêntesis na Figura 8.a).
 Vamos então para o nó 16 e fazemos a mesma verificação, constataremos que para
chegar até o nó 16 viemos do nó 17.
 Vamos então para o nó 17 e fazemos a mesma verificação, constataremos que para
chegar até o nó 17 viemos do nó 18.
 Vamos então para o nó 18 e fazemos a mesma verificação, constataremos que para
chegar até o nó 18 viemos do nó 19.
 Vamos então para o nó 19 e fazemos a mesma verificação, constataremos que para
chegar até o nó 19 viemos do nó 20.
 Vamos então para o nó 20 e fazemos a mesma verificação, constataremos que para
chegar até o nó 20 viemos do nó 11.
 Vamos então para o nó 11 e fazemos a mesma verificação, constataremos que para
chegar até o nó 11 viemos do nó 1, que é o nosso ponto inicial.
Desta forma para irmos do nó 1 ao nó 4 seguiremos o caminho 1–11–20–19–18–17–
16–4. E o tempo total de viagem será de 75 minutos, este valor está anotado ao lado
do nó 4 antes do parêntesis, e pode ser visto na Figura 8.a.

Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes

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Figura 8 – Caminho mínimo, partindo-se do nó 1 ao restante da rede (a e b)

A Figura 8.b mostra o resumo desta situação partindo-se de 1 até se alcançar todos os
nós da rede. A esta figura damos o nome de árvore de caminho mínimo partindo-se de
1. Devemos fazer isso para a origem em todos os pontos da rede e com destino a todos
os outros pontos da rede.
Estas informações podem também ser expressar através de uma matriz, este
procedimento facilita a análise computacional dos problemas. Esta matriz é muito
semelhante a uma matriz origem e destino, a iferença é que neste caso escrevemos o
tempo (custo) total de viagem na matriz. A Tabela 3 mostra a matriz gerada para a
situação anterior.
Tabela 3 – Matriz de caminho mínimo (tempo) para os nós de 1 a 9 (cidades)
Chegando-se ao nó
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 0 26 58 75 65 46 44 50 23
2 26 0 42 81 71 52 50 75 48
Partindo-se do nó

3 58 42 0 52 62 74 80 107 80
4 75 81 52 0 20 54 65 94 90
5 65 71 62 20 0 44 55 84 80
6 46 52 74 54 44 0 36 65 61
7 44 50 80 65 55 36 0 55 51
8 50 75 107 94 84 65 55 0 43
9 23 48 80 90 88 61 51 43 0

Analisando a matriz da Tabela 3 podemos facilmente notar que:


 A diagonal principal é zero, isso devido ao fato de o tempo (ou custo, etc.) de
viagem de um ponto até ele mesmo é, a princípio, zero (0).
 A parte inferior (abaixo da diagonal) nada mais é do que o rebatimento da parte
superior (acima da diagonal), pois o tempo (custo) para se ir de 1 a 8 deve ser o
mesmo gasto para se ir de 8 a 1.
 Podemos ver então que precisamos fazer somente metade da matriz e depois so
temos que rebater a mesma.
É importante percebermos que o melhor caminho para uma determinada rede,
indiferente do critério usado, pode depender muito das condições ou do período do dia
analisado. Por exemplo, no caso de redes por rodovias o tempo de viagem em qualquer

Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes


arco (segmento) é influenciado significativamente pelo volume de tráfego naquele arco,
desta forma o tempo de viagem irá aumentar com o aumento do volume. Durante o
meio da noite ou da madrugada o volume pode ser muito reduzido, e isso resultará em
tempos de viagem pequenos e consequentemente um diferente caminho mínimo.
Quando há o acúmulo de trafego, como por exemplo, num horário de pico, certos arcos
podem muito bem ser preteridos em função da utilização de outros arcos modificando-
se assim o tempo de viagem. Assim sendo, o caminho mínimo para uma rede pode em
feito em função do período do dia ou do dia em questão.

Hierarquia e classificação de vias


A classificação de sistemas de transporte em diferentes classes funcionais é útil para o
entendimento da complexidade do sistema total de transporte. Por exemplo, o emprego
de uma classificação funcional para rodovias pode facilitar uma comunicação mais clara
entre engenheiros, economistas, planejadores, etc.
Uma viagem contém uma série de segmentos distintos, ilustrados na Figura 9. Por
exemplo, uma viagem num sistema de transporte rodoviário contém os seguintes
segmentos [AASHTO, 1984]:
1. Um segmento a pé, que se inicia no ponto de origem e termina no terminal
(garagem ou estacionamento) onde o veículo se encontra, e que é realizado numa
calçada;
2. Um segmento de carro, em vias locais, que ligam o terminal a uma via coletora;
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3. Um segmento de carro, em vias coletoras, que vai até uma via arterial;
4. Um segmento de carro, numa via arterial, que se inicia no cruzamento de uma via
coletora com a via arterial e vai até um dispositivo de entroncamento com uma
autoestrada;
5. Um segmento de transição, realizado num dispositivo de entroncamento que liga
uma via arterial com uma autoestrada;
6. Um segmento principal, que é realizado numa autoestrada;
7. Um segundo segmento de transição, realizado num dispositivo de entroncamento
que liga uma autoestrada com uma via arterial;
8. Um segmento de carro, numa via arterial, que se inicia num dispositivo de
entroncamento com uma autoestrada e vai até o cruzamento da via arterial com
uma via coletora;
9. Um segmento de carro, em vias coletoras;
10. Um segmento em vias locais;
11. Um segmento a pé, que termina no destino final.
Pode-se então notar uma hierarquia entre os vários tipos de vias tanto no que se refere às
suas características físicas, como também no que se refere ao tipo de uso (volume de
tráfego). As vias expressas servem para prover ligações rápidas e seguras entre pontos
distantes de uma região; as vias arteriais distribuem o tráfego que sai das vias expressas
pela cidade ou região. As vias coletoras penetram ainda mais nas zonas residenciais e as
vias locais provêm acesso a locais de trabalho ou moradia. Cada uma das etapas da jornada
é realizada num componente de características diferentes, tais como pavimento,
geometria, tratamento da região lindeira, etc.
Uma das maiores causas de obsolescência de vias ocorre devido à falta de reconhecimento
e adoção desta hierarquia. Por exemplo, a falta de vias coletoras em bairros residenciais
causa o aumento de tráfego de passagem em vias locais, criando problemas de segurança
de trânsito e desgaste precoce de pavimentos. Igualmente, artérias subdimensionadas
causam o "transbordamento" de tráfego para outras vias que não foram projetadas para
receberem aquele volume de tráfego. Outro exemplo são as faixas de aceleração e
desaceleração em dispositivos de entroncamentos em rodovias, cuja falta ou
subdimensionamento pode causar acidentes.

Via Coletora Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes


Arterial Primária

Via Local
Distribuição

Tr
an
Ac s iç
es ão
so Movimento Primário

Arterial Principal - Freeway

Figura 9 – Hierarquia dos segmentos de uma viagem rodoviária [AASHTO, 1984]


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Uma via fornece uma combinação de duas características conflitantes: mobilidade e


acessibilidade. Acessibilidade porque é através da via que o acesso às origens e destinos
das viagens acontece; mobilidade porque é através de uma via que se percorre a distância
que separa a origem e o destino de uma viagem. Uma rua num bairro residencial dá acesso
às residências deste bairro – portanto, a acessibilidade supera em muito a mobilidade.
Uma autoestrada, na qual entrada e saída só se processam em dispositivos de
entroncamento espaçados de vários quilômetros, a mobilidade é total, e a acessibilidade é
nula. O gráfico da Figura 10 mostra a relação entre acessibilidade e mobilidade para os
vários níveis da hierarquia de um sistema rodoviário, e a Tabela 4 e a Tabela 5 mostram
as características, em termos de volume de viagens e extensão, de cada nível desta
hierarquia, para sistemas rodoviários rurais e urbanos.
Mobilidade
Arteriais

Coletoras

Locais

Acesso
Figura 10 – Variação entre acessibilidade e mobilidade para os
vários tipos de vias [AASHTO, 1984]
Tabela 4 – Características dos níveis hierárquicos das vias urbanas
Nível de hierarquia Extensão (%)
Vias expressas 2-4
Artérias primárias e secundárias 6-12
Vias coletoras 20-25
Vias locais 65-75
Fonte: AASHTO, 1984
Tabela 5 – Características dos níveis hierárquicos das vias rurais
Nível de hierarquia Extensão (%) Volume de tráfego (%)

Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes


Vias expressas 2-4 40-65
Artérias primárias e secundárias 6-12 65-80
Vias coletoras 20-25 5-10
Vias locais 65-75 10-30
Fonte: AASHTO, 1984
Exercícios

Exercício 1
Identifique os componentes funcionais das seguintes modalidades e sistemas de transporte
(veículo, terminal, via, plano de operações, tráfego, interseções, etc.):
a. Metrô
b. Táxi
c. Trem de subúrbio
d. Automóvel
e. Ônibus interurbano
f. Trator de esteiras
g. Caminhão
h. Avião
i. Rede de abastecimento de água
j. Navio

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Exercício 2
Para a figura com o conjunto de vias abaixo faça a identificação dos nós e dos arcos que interliguem
os cruzamentos, além disso faça as linhas de fluxo devendo obedecer ao esquema de direção expresso
na via. Todas as pistas possuem duas faixas de rolamento:

Exercício 3
Para a rede de transportes da
Figura 11 (representação gráfica), fazer:
a) A representação matricial (próxima página – Primeira tabela)
b) A árvore de caminho mínimo (em uma folha separada
c) A matriz origem e destino – Matriz OD (próxima página – Segunda tabela)

Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes

IND – Indianapolis
ALB – Albany LOU – Louisville
BAL – Baltimore NH – New Haven
BOS – Boston NY – New York
BUF – Buffalo PHL – Philadelphia
CHA – Charleston PIT – Pittsburg
CHI – Chicago POU – Poughkeepsie
CIN – Cincinnati RIC – Richmond
CLE – Cleveland SCR – Scranton
DET – Detroit WAS – Washington
HAR – Harrisburg WIL – Wilmington

Figura 11 – Rede de transporte rodoviário, simplificada, da costa leste dos Estados Unidos
24
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ALB BAL BOS BUF CHA CHI CIN CLE DET HAR IND LOU NH NY PHL PIT POU RIC SCR WAS WIL
ALB
BAL
BOS
BUF
CHA
CHI
CIN
CLE
DET
HAR
IND
LOU
NH
NY
PHL
PIT
POU
RIC
SCR
WAS
WIL

ALB BAL BOS BUF CHA CHI CIN CLE DET HAR IND LOU NH NY PHL PIT POU RIC SCR WAS WIL
ALB
BAL

Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes


BOS
BUF
CHA
CHI
CIN
CLE
DET
HAR
IND
LOU
NH
NY
PHL
PIT
POU
RIC
SCR
WAS
25
WIL
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Exercício 4
Para a rede da Figura 12, faça o que é pedido:
a) Considerando somente a origem em BRB, faça a árvore de caminho mínimo para a
rede
I. Você pode fazer a arvore completa, ou seja, partindo de todas as origens
para todos os destinos
b) Faça a representação matricial para a rede completa da figura
c) Faça a matriz OD somente para a origem em BRB
I. Você pode fazer a Matriz OD completa, ou seja, partindo de todas as origens
para todos os destinos
d) Caminho mínimo (rota) saindo de NAT e chegando em PAL, com o seguinte critério:
I. Passando, na melhor ordem, por BEL, CBA e POA (roteirização).
Observação:
As letras correspondem às cidades e os valores ao tempo de viagem entre cidades
consecutivas em horas.

CTB – Curitiba
FLP – Florianópolis
FOR – Fortaleza
FOZ – Foz do Iguaçu
– Goiânia

Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes


JPA
MAC – Maceió
MRG – Maringá
NAT – Natal
PAL – Palmas
POA – Porto Alegre
PPR – Ponta Porã
PVL – Porto Velho
REC – Recife
ARA – Aracaju RJN – Rio de Janeiro
BEL – Belém SAL – Salvador
BHT – Belo Horizonte SLS – São Luis
BRB – Brasília SLV – Santana do Livramento
CAC – Cáceres SPA – São Paulo
CBA – Cuiabá SRP – São José do Rio Preto
CGR – Campo Grande TER – Teresina
CMP – Campinas URG – Uruguaiana
COR – Corumbá VIT – Vitória

Figura 12 – Rede de transporte rodoviário, simplificada, do Brasil

26
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Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes

27
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Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes

28
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3
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

3 – Fluxo de Veículos

Fluxo de
Veículos 29
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Este material foi extraído, na integra, da apostila Tecnologia de


Transportes de autoria dos professores José Reynaldo Setti e
João Alexandre Widmer da Escola de Engenharia de São Carlos
(EESC) da Universidade de São Paulo (USP).
O crédito de elaboração deve ser dado aos autores da apostila
original, pois seu formato foi copiado e seguido.

Introdução
O estudo da locomoção e do fluxo dos veículos deve-se iniciar pela parte individual do
mesmo, ou seja, o movimento de veículos individuais ao longo de uma via, ignorando-se
quaisquer restrições ao movimento que não aquelas impostas pelas características de
locomoção do veículo ou restrições da via sobre a qual ele circula, estudo este desenvolvido
pela física do movimento. Contudo, em quase todos os sistemas de transporte, o
movimento de um veículo é afetado pela presença de outros veículos que compartilham a
mesma via e o desempenho de cada veículo é limitado pela corrente de tráfego, podendo
ficar aquém do ótimo.
Conforme aumenta o volume de tráfego de uma via, a velocidade média dos veículos que
a utilizam se reduz; ou seja, a qualidade do serviço de transporte oferecido, conhecida
como o nível de serviço da via se reduz. Denomina-se capacidade de uma via o maior
volume de tráfego que ela pode suportar sem que o nível de serviço fique abaixo de um
padrão predeterminado. A capacidade e o nível de serviço de uma via estão diretamente
relacionados com a forma de controle dos fluxos de tráfego. Este capítulo e os seguintes
estudam o fluxo de veículos em vias, o controle destes fluxos e a capacidade das vias.

Nível de Serviço e Serventia

Nível de Serviço
O nível de serviço de uma via é uma medida qualitativa do efeito de um conjunto de fatores
que influem na velocidade e densidade do fluxo de tráfego. Neste conjunto de fatores
incluem-se: velocidade e tempo de viagem, interrupções no tráfego, liberdade de
manobras, segurança, conforto para condução de veículos, conveniência, e custos
operacionais. A definição dos seis níveis de serviço conforme o Highway Capacity Manual
[TRB, 1985] é feita da seguinte forma:
 Nível de serviço A: Fluxo livre, usuários quase não são afetados pela presença de
outros veículos (Figura 13). A liberdade para cada motorista escolher a velocidade
de operação de seu veículo é praticamente ilimitada. O nível de conforto para o
motorista e passageiros é excelente.
 Nível de serviço B: Fluxo estável (sem perturbações, tais como redução de
velocidade ou engarrafamentos), mas a presença de outros usuários na via começa
a ser notada (Figura 14). A liberdade para escolha da velocidade de operação de
veículos individuais não é quase afetada, mas a liberdade de movimento dentro do
fluxo de veículos é ligeiramente menor que no nível A. O nível de conforto ainda é
alto, porém menor que no nível de serviço A.
 Nível de serviço C: Fluxo ainda estável, mas já no início da faixa de fluxos na qual
a operação de veículos individuais passa a ser afetada de forma significativa pelas
interações com outros veículos (Figura 15). A escolha da velocidade passa a ser
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

determinada pela presença de outros veículos, e manobras dentro do fluxo de


veículos (ultrapassagens, mudanças de faixa, etc.) requerem substancial atenção
por parte dos motoristas. Há uma queda considerável de conforto dos motoristas e
passageiros.
 Nível de serviço D: Alta densidade, no limite do fluxo estável. A velocidade de
operação de veículos individuais e liberdade de manobra dentro da corrente de
veículos são severamente restritas (Figura 16). O nível de conforto dos motoristas
e passageiros é bem pobre. Pequenas variações no fluxo de veículos geralmente
ocasionam distúrbios na corrente de veículos, tais como paradas.
 Nível de serviço E: Fluxo muito próximo da capacidade. Todos os veículos
trafegam a uma velocidade baixa, mas relativamente uniforme. Manobras na
corrente de tráfego são difíceis e conseguidas apenas ao forçar-se um outro veículo
a ceder passagem (Figura 17). A operação de uma rodovia neste nível é instável,
30
FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1

pois pequenas perturbações (ex. uma freada brusca de um veículo) produzem


distúrbios significativos, que podem interromper o fluxo.
 Nível de serviço F: Fluxo forçado. Esta condição acontece sempre que a densidade
de veículos, em um certo ponto, ultrapassa a densidade de fluxo máximo, o que
provoca a formação de um congestionamento a partir deste ponto (Figura 18). A
operação dentro do congestionamento é caracterizada por ondas de tráfego cujo
movimento é intermitente.

Figura 13 – Nível de serviço A Figura 14 – Nível de serviço B Figura 15 – Nível de serviço C

Figura 16 – Nível de serviço D Figura 17 – Nível de serviço E Figura 18 – Nível de serviço F

Serventia
É a medida da habilidade do pavimento em servir o tráfego que utiliza a rodovia, ou seja,
está relacionada a qualidade da camada de rolamento do pavimento em si e não a
geometria da via ou suas características de uso. É estudada, dentro da Engenharia de
Transportes, pela gerencia de pavimentos.
A tendência mais recente tem sido a de se procurar quantificar, por meio de medidas e
ensaios adequados, uma escala arbitrária qualitativa baseada em ponderações de vários
tipos de usuários. Desta forma surgiu durante a realização do Ensaio AASHO (atualmente
AASHTO – American Association of State Highway and Transportation Officials) o conceito
de serventia.
O Índice de Serventia Atual (ISA) é baseado em uma escala qualitativa construída com a
opinião de vários usuários. A esta escala de opiniões foi associada uma escala numérica
de 0 a 5 (Figura 19), em que 0 indica um pavimento totalmente destruído ou inaceitável e
5 indica um pavimento perfeito. Definida a escala, foram desenvolvidos ensaios para a
medida de certas características associadas ao comportamento do pavimento e que
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

combinadas adequadamente por meio de uma equação experimental, fornecesse o índice


numérico correspondente à escala de opinião. Atualmente os ensaios utilizados ou as
medidas efetuadas dizem respeito principalmente à irregularidade longitudinal, intensidade
de trincamento e a profundidade média das trilhas provocada pelas rodas. Cabe salientar
que o valor considerado como mínimo aceitável na escala 0 a 5, varia também com o tipo
de pavimento e o tipo de estrada.

31
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Figura 19 – Escala de avaliação da serventia

O diagrama Espaço-Tempo
Uma das ferramentas mais úteis para a análise de fluxos de veículos é o diagrama espaço-
tempo. O diagrama espaço-tempo é nada mais que um gráfico XY onde a posição de cada
veículo, ao longo de uma via, é plotada. O eixo das abscissas representa o tempo e o das
ordenadas, a distância, ou seja, a localização do veículo na via. Usualmente, num diagrama
espaço-tempo estão representadas as trajetórias de vários veículos, como mostra a Figura
20.
O diagrama espaço-tempo ilustrado na Figura 20, mostra as trajetórias de um conjunto de
trens operando num trecho de via. A separação vertical entre trajetórias num dado instante
(por exemplo, t1) mostra a distância entre trens sucessivos. A separação horizontal entre
trajetórias sucessivas num determinado ponto (por exemplo, dA) indica o intervalo de
tempo entre uma composição e outra. Para certas tecnologias de transporte, a distância e
tempos mínimos que separam veículos consecutivos são especificados ou incorporados no
sistema de sinalização e controle de veículos.
Distância (km)

1 2 3 4
Y Z
dB
dmin

tmin
Separação

5
Espacial
GAP

Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

X
dA Separação
Temporal
HEADWAY

t1 t2 Tempo (min)
Figura 20 – Diagrama espaço-tempo para uma sequência de trens
Um diagrama espaço-tempo permite identificar a velocidade instantânea de cada veículo
em qualquer ponto da sua trajetória. Considere-se a velocidade instantânea do trem 3 no
dS ( X )
ponto X (ao passar pela estação A), que é a derivada da trajetória em X, v 3(X) = .
dt
32
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Se este trem continuasse a viajar nesta velocidade constante, ele chegaria à estação B no
tempo indicado por Y. Entretanto, pode-se ver que logo após passar pelo ponto X, o trem
3 reduz sua velocidade, indo passar pela estação B somente no ponto Z, levando para isto
(t2 – t1) minutos para viajar os (dB – dA) km que separam as duas estações.
O trem 4 passa pela estação A numa velocidade superior à do trem 3 e mantém esta
velocidade até que, para respeitar a distância de separação mínima entre trens (d min),
reduz sua velocidade e passa a viajar à mesma velocidade do trem 3. Isto faz com que a
separação temporal entre as duas composições também seja a mínima permitida, t min.

Headway e Gap
Pode-se usar o diagrama espaço-tempo da Figura 20 para definir dois parâmetros de
grande importância para a caracterização dos fluxos de veículos: o headway e o gap. O
headway é o intervalo de tempo que decorre entre a passagem de dois veículos sucessivo,
normalmente medido em função da passagem da roda dianteira ou do para-choque
dianteiro dos veículos por uma seção de controle. No diagrama espaço-tempo da Figura
20, o headway entre trens sucessivos é a distância horizontal que separa as suas
trajetórias. Note-se que o headway varia, conforme variam as velocidades dos trens.
O gap, ou espaçamento, é definido como a distância entre veículos sucessivos, medida de
um ponto de referência comum nos veículos, normalmente o para-choque traseiro. No
diagrama espaço-tempo da Figura 20, o espaçamento entre trens sucessivos é a distância
vertical que separa as suas trajetórias. Note-se que o espaçamento também varia ao longo
das trajetórias, em função da variação das velocidades dos trens.

Comportamento de uma Corrente de Tráfego


De todas as modalidades de transportes, os fluxos de veículos com controle menos
centralizado são os do transporte rodoviário. Cabe a cada motorista decidir a velocidade,
a rota, a posição no espaço, etc. do seu veículo sem estar sujeito a controles tão rígidos
quanto aqueles a que os aviões ou trens estão submetidos. Em função destes aspectos e
da enorme quantidade de carros e caminhões, o estudo do fluxo de veículos rodoviários é
tratado por um ramo especializado da Engenharia de Transportes, a Engenharia de
Tráfego. Os conceitos básicos da modelagem das correntes de tráfego, que é um dos
assuntos mais importantes dentro da Engenharia de Tráfego, são apresentados a seguir.
Da mesma forma que um rio é formado por um conjunto de moléculas de água que escoam
ao longo de certa trajetória, uma corrente de tráfego é composta por um certo número de
veículos que viajam por uma via. O comportamento desta corrente de tráfego, apesar de
ser função do comportamento de cada carro, é distinto e tem propriedades diferentes
daquelas dos veículos que fazem parte da corrente. À semelhança da Hidráulica, que
estuda os fenômenos ligados ao fluxo de água, sem se interessar pelos movimentos de
cada molécula, é conveniente estudar o comportamento das correntes de tráfego de forma
macroscópica, ignorando o que acontece com cada carro individualmente.
O fluxo de uma corrente de tráfego numa rodovia pode ser contínuo ou interrompido. Um
fluxo de tráfego contínuo é aquele em que não existem interrupções periódicas na corrente
de tráfego (tipo de fluxo encontrado em autoestradas e outras vias com acesso limitado,
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

onde não existem semáforos, sinais de parada obrigatória ou de preferencial à frente e


nem interseções em nível). Pode-se admitir fluxo contínuo em trechos de rodovias onde as
interseções em nível estejam separadas por distâncias consideráveis.
Os fluxos de tráfego interrompidos são encontrados nos trechos de vias onde existem
dispositivos que interrompem o fluxo de veículo periodicamente. O fluxo de veículos, neste
caso, não depende apenas da interação entre os veículos, mas também do intervalo entre
as interrupções do tráfego, como será visto adiante.
Os parâmetros que caracterizam uma corrente de tráfego podem ser divididos em duas
categorias: parâmetros macroscópicos e microscópicos. Os parâmetros macroscópicos
representam características do fluxo de veículos como um todo; os parâmetros
microscópicos caracterizam o comportamento de veículos individuais dentro do fluxo, em
relação aos outros veículos que compõem a corrente [McShane e Roess, 1990]. Os
33
FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1

parâmetros macroscópicos que descrevem um fluxo de tráfego são o volume, a velocidade


e a densidade (concentração).

Volume de Tráfego
O volume de tráfego numa certa via é definido como o número de veículos passando por
uma seção de controle durante um intervalo de tempo:

q
n
t
Equação 1 – Volume de tráfego

onde:
q = volume de tráfego;

t = intervalo de tempo.
n = número de veículos;

O volume é medido através de uma contagem, que pode ser automática ou manual. A
contagem pode se referir a uma única faixa de tráfego ou a todas as faixas de tráfego;
pode dizer respeito a um único sentido de tráfego ou aos dois sentidos de tráfego.

Figura 21 – Diagrama espaço-tempo para um grupo de veículos (Setti, 1999)

Considere-se o diagrama espaço-tempo mostrado na Figura 21. O volume no ponto d2, no


intervalo T = t3 – t1, é q = 4 veic/T. Se T = 4 min, o volume é q = 1 veic./min ou, em
unidades mais usuais na prática, q = 60 veic/h. Note-se que a determinação do volume
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

depende dos instantes em que a contagem se inicia e termina. Se a contagem fosse feita
no intervalo T' = t2 – t1, o volume seria q = 3/2,5 = 1,2 veic./min, ou 72 veic./h (sendo t2
– t1 = 2,5). Para evitar tais problemas, as contagens são sempre feitas durante intervalos
de tempo suficientemente longos.
A distribuição temporal do fluxo de veículos, ou seja, o tempo entre passagens de veículos
sucessivos pela seção de controle (headway) é também de interesse. A relação entre os
headways, hi, e a Equação 1 é tal que:

t   hi
n

i 1
Equação 2 –Intervalo de tempo

Onde:
34
FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1

t = intervalo de tempo;
n = número de veículos;
hi = i-ésimo headway.
Substituindo-se o valor de t da Equação 2 na Equação 1, tem-se que q 
h
n , mas como
n

i 1
i

h , é dado por h  1   hi , pode-se ver que o volume (ou fluxo) de


n
o headway médio,
n i 1
tráfego pode também ser expresso como:

q
1
h
Equação 3 – Volume de tráfego (outra maneira)

Onde:
q = volume de tráfego;
h = headway médio.
A relação mostrada na Equação 2 só é válida se a contagem se iniciar quando o primeiro
carro passar e terminar quando o último carro passar. Por isto é que as contagens devem
ser compostas por um número muito grande de carros. Neste caso, a imprecisão trazida
pelos intervalos inicial e final não afeta significativamente o volume.

Velocidade Média
A velocidade média de uma corrente de tráfego pode ser definida de dois modos. O primeiro
é a chamada velocidade média no tempo, u t , que é calculada pela média aritmética das
velocidades de veículos individuais, medidas em um certo ponto da via:

̅̅̅� = ×∑ �
�=1
Equação 4 – Velocidade média no tempo
Onde:
u t = velocidade média no tempo [km/h];
n = número de veículos;
ui = velocidade instantânea do i-ésimo veículo [km/h].

A segunda definição é a chamada velocidade média no espaço, u , que é baseada no tempo


necessário para um veículo viajar certa distância. A velocidade média no espaço é mais
útil para os estudos de tráfego e é expressa por:

̅= ×
∑��=1 �
Equação 5 – Velocidade média no espaço

Onde:
u = velocidade média no espaço [km/h];
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

L = comprimento do trecho em questão [km];


ti = tempo que o i-ésimo veículo gasta para percorrer a distância d [h].

Exemplo
Os diagramas espaço-tempo são particularmente adequados para a determinação das
velocidades médias no tempo e no espaço. Considerando-se o diagrama espaço-tempo
da Figura 22, pode-se determinar os tempos que cada carro levou para viajar no trecho
de 1,5 km, como mostra a Tabela 6. A partir destes tempos, pode-se calcular a
velocidade de cada veículo, como também é mostrado na Tabela 6.

35
FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1

Figura 22 – Diagrama espaço-tempo para um grupo de veículos numa rodovia (Setti, 1999)
Tabela 6 – Tempos que cada carro levou para viajar no trecho de 1,5 km
Veículo Tempo gasto Velocidade
3 2,6 min 34,62 km/h
4 2,5 min 36,00 km/h
5 2,4 min 37,50 km/h
6 2,2 min 40,91 km/h

A velocidade média no tempo, para esta corrente de tráfego, será:



, + , + , + ,9
̅̅̅� = ×∑ � = = , � /ℎ
�=1
A velocidade média no espaço, para a mesma corrente de tráfego, será:
� × ,
̅= × = × = , � /ℎ
∑��=1 � , + , + , + ,
Obs.: Os valores dos tempos foram escritos em minutos e foram
transformados em horas com a multiplicação por 60 (já
analisando-se as transformações matemática).

Como o exemplo acima mostra, a velocidade média no tempo é sempre superior à


velocidade média no espaço, exceto para os casos onde todos os veículos trafegam à
mesma velocidade, quando as duas velocidades médias são iguais.
As velocidades médias no espaço estão relacionadas com a densidade de veículos numa
via; as velocidades médias no tempo estão relacionadas apenas ao número de veículos
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

passando por uma seção de controle. Ou seja, faremos uso aqui somente da Velocidade
Média no Espaço.

Concentração (Densidade)
O terceiro parâmetro que define um fluxo de tráfego é a concentração ou densidade2. A
concentração de uma corrente de tráfego, k, é definida como o número de veículos que
ocupam um trecho de via num determinado instante, ou seja:
�=

2
Estes dois termos são sinônimos no contexto da Engenharia de Tráfego, mas podem ter significados diferentes
em outros campos da Engenharia de Transportes. E são completamente diferentes na Química.
36
FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1

Equação 6 – Concentração de uma corrente de tráfego – estática

A concentração também pode ser determinada a partir de diagramas espaço-tempo da


seguinte forma:
∑��=1 �
�=
�×∆
Equação 7 - Concentração de uma corrente de tráfego –
dinâmica (através do diagrama espaço-tempo)

Onde:
k = concentração [veic./km];
n = número de veículos;
L = comprimento do trecho [km];

t = duração do intervalo de tempo [h].


ti = tempo gasto pelo i-ésimo veículo para percorrer o trecho [h];

Exemplo
A densidade do fluxo de tráfego representado no diagrama espaço-tempo da Figura 22
(exemplo anterior) será:
∑��=1 � , + , + , + ,
�= = = , ���/�
�×∆ , × ,
Relação Fundamental dos Fluxos de Tráfego Contínuos
Correntes de veículos trafegando por rodovias ou vias expressas com poucas interrupções
e são usualmente tratadas como fluxos contínuos de tráfego. Para a descrição do
comportamento de um fluxo contínuo de veículos, a relação básica entre volume,
velocidade (média no espaço) e densidade é dada por:
q  uk
Equação 8 – Relação fundamental entre volume, velocidade e densidade

Onde:
q = volume de tráfego [veic/h];
u = velocidade média do fluxo de veículos no espaço [km/h];
k = densidade de tráfego (ou concentração) [veic./km].
Como será visto a seguir, a Equação 8 é o modelo geral usado para o desenvolvimento de
modelos específicos para o estudo de fluxos de veículos.

Modelo Velocidade X Densidade


A observação da relação entre densidade e velocidade de um fluxo de tráfego é, talvez,
a forma mais simples de se iniciar o desenvolvimento de um modelo básico que
explique as relações entre as características de um fluxo contínuo de veículos.
Imaginando-se um via onde só existe um único veículo, a densidade do fluxo é muito
baixa, próxima de zero, e este veículo pode viajar à velocidade que seu motorista
desejar, está velocidade é chamada de velocidade de fluxo livre, uf. Esta até pode ser
a velocidade máxima permitida na via, mas neste caso a via estaria ociosa, trabalhando
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

com um pequeno volume de veículos.


Conforme aumenta o número de veículos na via, a densidade cresce e as velocidades
de operação de cada veículo diminuem, já que a presença de mais veículos requer
algumas manobras e maior cautela por parte dos motoristas. Se o número de veículos
na via continuar crescendo, ela se tornará tão congestionada que o tráfego irá parar (u
= 0) e a densidade será determinada pelo comprimento físico dos veículos e dos
espaços deixados entre eles. Esta condição de alta concentração é chamada de
densidade de congestionamento, kj.

37
FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1

uf

Velocidade

Concentração kj
Figura 23 – Modelo velocidade média versus concentração

Greenshields [Gerlough e Huber, 1975], um dos primeiros pesquisadores a estudar os


fluxos de tráfego rodoviário, propôs um modelo linear para explicar o processo descrito
acima, que está representado no gráfico da Figura 23. A representação matemática do

 
modelo de Greenshields é dada por:

u  u f  1  
 k
k
 j 
Equação 9 – Equação do modelo de Greenshields – velocidade X densidade

Onde:
u = velocidade média, no espaço, da corrente de tráfego [km/h];
uf = velocidade de fluxo livre [km/h];
k = concentração [veic./km];
kj = densidade de congestionamento [veic./km].
Como pode ser visto na Figura 23, para densidades de tráfego muito baixas, a
velocidade média do fluxo é u(k=0) = uf. Para concentrações próximas da densidade
de congestionamento, a velocidade do fluxo de tráfego tende a zero, u(k=kj) = 0.

Modelo Volume X Densidade


Baseando-se na suposição que uma função linear representa adequadamente a relação
entre velocidade e concentração, pode-se obter um modelo para exprimir a relação
entre o volume e a densidade de tráfego substituindo-se a Equação 9 na Equação 8,

 k2 
teremos:

q  uf k  
 k j 

Equação 10 – Equação do modelo de Greenshields – volume X densidade

Onde:
q = volume de tráfego [veic./h];
uf = velocidade de fluxo livre [km/h];
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

k = concentração [veic./km];
kj = densidade de congestionamento [veic/km].

38
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Figura 24 – Modelo volume versus concentração

A Figura 24 ilustra o aspecto geral da função expressa pela Equação 10. Um ponto
desta função é digno de nota: o ponto de fluxo máximo, qm, que representa o maior
volume de tráfego que pode ser suportado pela via. Este volume é chamado de
capacidade de fluxo de tráfego ou, mais comumente, capacidade da via. E podemos
dizer que neste ponto teremos o melhor uso da via, ou seja, teremos a melhor relação
geral entre as variáveis.
Associados ao fluxo máximo qm, existem ainda uma concentração, km, e uma velocidade
média no espaço, um. As equações que exprimem qm, km e um podem ser obtidas

 2 k 
derivando-se a Equação 10. Sabe-se que no ponto de fluxo máximo,

 uf  1    0 , e como a velocidade de fluxo livre, uf, temos, então, que:


 k j 
dq
dk 

km  j ,
k
2
Equação 11 – Concentração média

Desta forma, a concentração numa via operando à capacidade máxima é a metade da


densidade de congestionamento da mesma via.

  uf
Assim sendo, substituindo-se a Equação 11 na Equação 9, temos que:

um  u f   1  j  
 2 k
k
 j  2
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

Equação 12 – Velocidade média em uma via operando à capacidade

Ou seja, a velocidade média dos veículos numa via operando à capacidade máxima é
a metade da velocidade de fluxo livre.
Substituindo-se a Equação 11 e a Equação 12 na Equação 8 teremos o valor do fluxo

u f  kj
máximo, ou capacidade, da via em questão:

qm  um  km 
4
Equação 13 – Equação do fluxo máximo

A velocidade média do fluxo de tráfego pode ser determinada, para cada volume,
usando-se a relação fundamental (Equação 8) como mostra a Figura 24. Sabendo-se
39
FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1

que u  , então um  m . Podemos notar também que a velocidade de fluxo livre, uf,
q q
k km
é aproximadamente a tangente à curva no ponto (0,0).
Observando-se o gráfico da Figura 24, podemos notar que para qualquer outro valor
do volume, que não seja o máximo, correspondem dois valores de concentração: um
menor que km e outro maior que km. Isto significa que uma certa via pode operar a um
volume de tráfego q1, menor que a capacidade em duas situações: uma onde o volume
passando pela seção de controle é pequeno devido ao baixo número de veículos, e
outra onde o volume passando pela via é baixo devido ao congestionamento existente.
No primeiro caso, a velocidade média da corrente de tráfego é alta (u’1 > um), pois os
motoristas têm liberdade para escolherem a velocidade de operação dos seus carros.
No segundo caso, a velocidade é baixa (u”1 < um), pois, estando a via congestionada,
os motoristas são obrigados a reduzir a velocidade.

Modelo Volume X Velocidade


Para o desenvolvimento do modelo que explica a variação da velocidade com o volume

 
de uma corrente de veículos, a Equação 9 é rearranjada de tal forma que:

k  k j  1  
 u
u
 f 
Equação 14 – Rearranjo da Equação 9

Figura 25 – Modelo velocidade versus volume

 
Pela substituição da Equação 14 na Equação 8 obtemos a formulação do modelo:

q  kj   u  

u2
 uf 
Equação 15 – Equação do modelo volume versus velocidade
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

Esta função, assim como na relação anterior, será uma função parabólica como a
mostrada na Figura 25.

Relações entre velocidade, volume e densidade


A Figura 26 exibe graficamente as relações entre velocidade, volume e concentração e
suas interações.

40
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qm

Volume

km kj
uf uf
Velocidade

um um

km kj qm
Concentração Volume
Figura 26 – Relação entre velocidade, volume e densidade

Exemplo
Supondo-se que um trecho de rodovia tem uma velocidade de fluxo livre de 100
km/h, densidade de congestionamento de 200 veic/km e que a relação velocidade-
densidade seja linear, pode-se calcular a capacidade da via, a densidade e a
velocidade correspondentes a este volume.

Como a densidade correspondente ao fluxo máximo é a metade da densidade de


congestionamento Equação 11, temos que:

km    km  100veic./ km
kj 200
2 2
O fluxo máximo (ou capacidade da via) pode ser determinado a partir da velocidade

100  200
de fluxo livre e da densidade de congestionamento, usando-se a Equação 13:

qm   qm  5.000veic./ h
4
Finalmente, a velocidade média no espaço correspondente ao volume de tráfego
máximo é a metade da velocidade de fluxo livre, conforme mostra a Equação 12:

um    um  50km / h
uf 100
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

2 2

Análise dos fluxos de veículos através da teoria das filas


Um fenômeno facilmente observável na circulação viária é a formação de filas em
interseções e em pontos de estrangulamento nas vias. Estas filas ou congestionamentos
são um dos problemas mais constantes enfrentados pelos engenheiros de transportes,
responsáveis por uma parcela considerável do tempo total de viagem, além de também
serem um dos fatores mais preponderantes na redução do nível de serviço das vias.
A formação de filas não é uma exclusividade dos sistemas de transporte, como qualquer
pessoa que vive numa sociedade moderna sabe: pode-se encontrar filas em bancos, linhas
de fabricação e montagem, sistemas de computadores, hospitais, centrais telefônicas, etc.
Os sistemas de filas têm sido exaustivamente estudados com o objetivo de mitigar os
41
FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1

problemas inerentes a eles, o que levou à criação de um corpo de conhecimento


considerável, conhecido como Teoria das Filas. Os modelos de fluxo de veículos
apresentados no item anterior podem ser usados em associação com a Teoria das Filas
para analisar o comportamento dos fluxos de veículos nos pontos de estrangulamento,
permitindo avaliar a eficiência dos dispositivos e alterações projetados.
Um modelo de filas é determinado pelos seguintes parâmetros:
 Padrão de chegadas;
 Padrão de partidas;
 Número de faixas de tráfego (canais de atendimento);
 Disciplina da fila.
O padrão de chegadas pode ser determinado por um modelo de chegadas determinísticas
ou por um modelo de chegadas estocásticas que obedecem a uma distribuição de Poisson.
Se as chegadas ocorrem de forma determinística, os headways entre veículos são sempre
iguais. Se as chegadas forem poissonianas, os headways são distribuídos de acordo com
uma distribuição exponencial negativo. O padrão de partidas mostra como os veículos
saem da seção de controle, por exemplo, os headways entre veículos que passam por um
semáforo. Os padrões de partidas mais comuns são o determinístico (headways
constantes) e o exponencial negativo (headways aleatórios, distribuídos de acordo com
uma exponencial).
Um terceiro aspecto importante para os modelos de filas é o número de canais de
atendimento, por exemplo, numa agência bancária, o número de caixas ativos. Nos
sistemas de filas em interseções rodoviárias ou em trechos de vias, o número de canais é
quase sempre unitário, representando uma faixa de tráfego ou um conjunto de faixas de
tráfego. Contudo, pode-se encontrar várias situações onde o número de canais é maior
que um, como é o caso de uma praça de pedágio.
O último fator que define um sistema de filas é a disciplina da fila. Quando os clientes são
atendidos na ordem em que chegam ao sistema, diz-se que a disciplina é PEPS (primeiro
que entra, primeiro que sai) ou FIFO (do inglês "first in, first out"). Se os fregueses são
atendidos na ordem inversa das chegadas, isto é, o último que chega é o primeiro a ser
atendido, a disciplina é chamada UEPS ou, em inglês, LIFO ("last in, first out"). Para os
sistemas de filas encontrados no tráfego rodoviário, a disciplina PEPS é a mais comum.
Tradicionalmente, o sistema de notação dos modelos de fila é composto por duas letras e
um número, separados por barras, que indicam o processo de chegadas, o processo de
atendimento e o número de canais. A letra D é usada para representar headways de
chegada e de partida determinísticos. Portanto, D/D/1 é a notação de uma fila aonde os
veículos chegam à seção de controle a intervalos iguais e constantes e partem da seção
de controle a intervalos iguais e constantes, através de um único canal. Note que a notação
D/D/1 não Implica que o headway médio de chegada seja igual ao headway médio de
partida.
Para os casos onde os headways são distribuídos exponencialmente, usa-se a letra M:
M/M/1 é a notação de uma fila onde tanto os headways de chegada como os de partida
seguem uma distribuição exponencial negativa e existe apenas um canal de atendimento.
Usa-se a notação M/D/1 para indicar um sistema de filas onde os headways de chegada se
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

distribuem exponencialmente, os headways de partida são determinísticos e há um único


canal de atendimento.

Algumas definições importantes e práticas

Volume de tráfego
O volume ou fluxo de uma corrente de tráfego rodoviário é o número de veículos que
passam por uma seção específica de via durante um certo período de tempo. O volume
de tráfego é uma variável importante para o projeto da via e dos sistemas de controle
de tráfego. Os seguintes termos são usados costumeiramente para se referir ao volume
de tráfego de uma via [Denatran, 1978]:
 Volume anual: é o número de veículos que passam por um trecho de uma via
durante um ano. O volume anual é usado para análise de acidentes, estudos
42
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econômicos para a implantação de pedágios, e também para estudar as tendências


futuras de variação do volume de tráfego. O volume diário médio anual (VDMA) é
o volume anual dividido pelo número de dias no ano.
 Volume diário: é o número de veículos que passam por uma seção durante um
dia. O volume diário médio (VDM) de uma via é o número total de veículos que
trafegam pelo trecho em estudo durante um certo período de tempo dividido pelo
número de dias do período de estudo. O volume diário médio varia dentro da
semana, do mês e do ano. O volume diário médio é usado para avaliar a distribuição
de tráfego em um sistema viário, para medir a demanda de uma via, e para a
programação de melhorias.
 Volume horário: é o número de veículos passando por uma seção de via durante
uma hora. O volume horário máximo anual é o volume da hora mais congestionada
do ano. O volume da n-ésima hora é um volume horário que só é ultrapassado ou
atingido durante n horas em cada ano. Por exemplo, o volume da trigésima hora é
um volume de tráfego que só é igualado ou atingido durante 30 horas em um ano.
Normalmente, o volume da trigésima hora é definido como sendo o volume horário
de projeto; isto é, os estudos de capacidade das vias, o projeto geométrico e o
projeto dos sistemas de controle de tráfego baseiam-se neste valor.

Velocidade
A velocidade média é a razão entre o espaço percorrido e o tempo gasto para percorrê-
lo e, geralmente, é expressa em [km/h]. Os seguintes termos são usados para se referir
à velocidade, em engenharia de tráfego [Denatran, 1978]:
 Velocidade de projeto: é a maior velocidade com que um veículo pode percorrer
uma via em condições de segurança. É ela que determina o projeto geométrico da
via: raios de curvas horizontais e verticais, superelevações e distâncias de
visibilidade.
 Velocidade de operação: é a mais alta velocidade com que um veículo pode
trafegar numa via sem exceder a velocidade de projeto.
 Velocidade de percurso: é a velocidade observada em um determinado trecho da
via, e depende das condições da via, do trânsito, do veículo, do motorista, das
condições meteorológicas e da sinalização.
 Velocidade instantânea: é a velocidade de um dado veículo num certo instante,
como por exemplo, a velocidade medida através de um radar.

Controle de Fluxo de Veículos


Material disponível no anexo C. Para complementação de estudos.
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

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Exercícios

Exercício 1
Uma empresa de Engenharia de Tráfego precisa determinar a situação de uma determinada
via, via está com 13 km de extensão e velocidade máxima de 120 km/h. A empresa
observou o fluxo na via por 15 minutos e constatou a passagem de 14 veículos pela via,
cada um demorando um determinado tempo para percorrer a extensão total da via. O
pessoal de campo elaborou a Tabela 7 com as informações de contagem.
Desta forma, obtenha:
a) Volume
b) Densidade
c) Velocidade
d) Gráficos de relação
Tabela 7 – Contagem de veículos te tempos
Veículo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Tempo
8,0 7,5 6,9 14,2 12,4 11,8 9,1 8,5 9,0 12,1 13,7 9,8 11,3 12,0
(min)

Exercício 2
Uma concessionária ferroviária está analisando o fluxo de um determinado ramal para
determinar a situação do mesmo. No ramal a velocidade regulamentada é de 50 km/h e a
análise foi efetuada com o uso do sistema de controle da via, que gera um gráfico com a
posição dos veículos no tempo (diagrama espaço-tempo), este gráfico está expresso na
figura abaixo. A partir destes dados a empresa quer saber:
a) Volume;
b) Densidade;
c) Velocidade;
d) Densidade de Congestionamento;
e) Volume Máximo;
f) Gráficos de relação;
g) Situação atual da via.

Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

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Exercício 3
Uma empresa de monitoramento viário está levantando dados de uma de suas vias. Neste
levantamento, feito em um período de 24,00 horas em um segmento de via de 18,00
quilômetros, a empresa obteve que o volume de veículos foi de 850,00 veículos por hora
a uma velocidade média de 69,15 quilômetros por hora. A empresa, com base em medições
anteriores, sabe que a via congestiona com 19,00 veículos pro quilômetros.
a) Quantos veículos passaram neste segmento durante a observação?
b) Qual a velocidade de fluxo livre da via?
c) Para qual velocidade está via deve ser regulamentada?
d) De que modo de transportes devemos estar falando?

Exercício 4
Uma medição, por 19,5 minutos, foi efetivada em um segmento de via, com velocidade
possível de 145 km/h, com 18.730 metros de extensão, nesta medição obtiveram-se os
dados contidos na tabela abaixo. Para estes dados obtenha:
a) Volume;
b) Densidade;
c) Velocidade;
d) Densidade de Congestionamento;
e) Volume Máximo;
f) Gráficos de relação;
g) Situação atual da via (explicada no gráfico).

Veículo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Temp (min) 8,0 7,5 6,9 14,2 12,4 11,8 9,1 8,5 9,0 12,1 13,7 9,8 11,3

Veículo 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Temp (min) 12,0 7,2 13,4 14,1 8,1 9,0 13,7 7,0 8,6 9,2 15,0 14,7 13,0
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos

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4
4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias

Capítulo: 4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias


Fluxo de
Veículos em
Interseções
Rodoviárias
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Este material foi extraído, na integra, da apostila Tecnologia de


Transportes de autoria dos professores José Reynaldo Setti e
João Alexandre Widmer da Escola de Engenharia de São Carlos
(EESC) da Universidade de São Paulo (USP).
O crédito de elaboração deve ser dado aos autores da apostila
original, pois seu formato foi copiado e seguido.

Introdução
As interseções são pontos críticos no sistema viário, pois possuem um grande potencial
para causar congestionamentos que vão afetar o desempenho global do sistema de forma
significativa. As interseções podem ser divididas em:
 Não controladas;
 Sinalizadas por placa de parada obrigatória e de preferencial;
 Com rotatória;
 Controladas por semáforos (samaforizadas).
Nas interseções semaforizadas, o direito de passagem é alternado para cada uma das vias
que se cruzam. Nas interseções controladas por sinal "PARE", o direito de passagem é da
via preferencial. Nas interseções não controladas, o capítulo que trata das normas gerais
de circulação e conduta no Código Brasileiro de Trânsito (art. 29, item III) define o direito
de passagem, como sendo a situação que:
“III – quando veículos, transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem de local
não sinalizado, terá preferência de passagem:
a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodovia, aquele que estiver
circulando por ela;
b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela;
c) nos demais casos, o que vier pela direita do condutor;”
A definição do tipo de controle mais adequado para cada interseção, ainda que de grande
importância, está além dos objetivos deste texto. O leitor interessado neste assunto pode
consultar manuais como TrafIic Engineéring Handbook do ITE [Pline, 1992] e o Manual de
Semáforos do DENATRAN [Denatran, 1979], ou livros de Engenharia de Tráfego, como
McShane e Roess [McShane e Roess, 1990], entre outros.

Controle de tráfego por semáforos


O primeiro semáforo que utilizou luzes coloridas para controlar o fluxo de veículos foi

Capítulo: 4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias


instalado em Londres em 1868. James Hoge inventou o semáforo elétrico em 1913, sendo
que Cleveland (EUA) foi a primeira cidade a instalar esta invenção. Este dispositivo foi o
precursor do semáforo de três cores, que se tornou popular durante a década de 20 nos
Estados Unidos. A partir do invento de Hoge, os sinais luminosos passaram a ser cada vez
mais usados: Salt Lake City teve a primeira instalação de semáforos interconectados em
1917; o sistema de progressão semafórica foi proposto em 1922 e os primeiros semáforos
atuados pelo tráfego foram instalados em New Haven, East Norfolk e Baltimore em 1928.
Hoje em dia, a microinformática também fez avanços no campo do controle de tráfego e
os semáforos são equipados com microcontroladores e se comunicam com um computador
central via modem.
As interseções semaforizados podem ser isoladas, isto é, localizadas a tal distância umas
das outras que um semáforo não interfere na operação do semáforo seguinte, ou podem
estar controladas como um sistema, onde os semáforos são operados de forma
coordenada.

Interseções semaforizadas isoladas


O estudo das interseções semaforizadas é normalmente feito usando-se a Teoria das
Filas. Um modelo de filas bem simples (D/D/1) pode ser usado eficazmente para
analisar o fluxo de veículos num cruzamento controlado por semáforo, como o
mostrado na Figura 27. Ainda que modelos mais complexos possam ser usados, a
abordagem determinística serve para ilustrar os conceitos envolvidos de forma clara e
simples.
A capacidade de uma aproximação é dada por:
47
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C  s
g
c
Equação 16 – Capacidade de uma aproximação

Onde:
C= capacidade da aproximação semaforizada [veic./h];
s= fluxo de saturação [veic./h];
g= tempo de verde efetivo [s];
c= comprimento do ciclo [s].
O fluxo de saturação, s, de uma aproximação é o volume máximo que pode passar pela
interseção, a partir daquela aproximação, se o semáforo permanecesse continuamente
aberto para esses veículos e se a fila para entrar na interseção nunca terminasse. O
fluxo de saturação é o volume que corresponde ao headway mínimo observado entre
os veículos que partem da fila formada por um semáforo.

Aproximação 1

Aproximação 2
Figura 27 – Cruzamento de duas vias de mão única, controlado por semáforo

O comprimento do ciclo semafórico, c, é o intervalo de tempo necessário para completar


um ciclo, que é uma sequência completa de indicações semafóricas (vermelho, verde,
amarelo) para todas as aproximações. O tempo de verde efetivo é o tempo
efetivamente disponível para os veículos atravessarem a interseção. O tempo de verde

g  G  A p
efetivo é dado por:

Capítulo: 4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias


Equação 17 – Tempo de verde efetivo

Onde:
G = tempo durante o qual a luz verde está acesa [s];
A = tempo durante o qual a luz amarela está acesa [s];
p = tempo perdido no início do verde e no final do amarelo [s].
O período de tempo perdido em cada ciclo, p, é causado pela demora dos motoristas
reagirem à mudança da indicação semafórica e o tempo necessário para os veículos
que estão no cruzamento liberarem completamente a interseção [Denatran, 1979].
Estes tempos podem ser medidos in situ e sua soma é da ordem de 4 segundos.
O tempo de vermelho efetivo, r, é o tempo em que os carros não podem cruzar a

r cg
interseção e pode ser calculado por:

Equação 18 – Tempo de vermelho efetivo

Ou seja, é a diferença entre o tempo de ciclo (c) e o tempo de verde efetivo (g).
A relação volume/capacidade é a razão entre o volume de uma aproximação V, e a sua
capacidade, C. Se a relação V/C ≥ 1, diz-se que a aproximação está saturada (o que
corresponde ao caso da fila onde  ≥ 1). Neste caso, se o volume na aproximação se
mantiver, o comprimento da fila cresce continuamente. Na maior parte dos casos V/C
≥ 1 só ocorre esporadicamente, durante alguns minutos; a capacidade de uma
aproximação é sempre maior que o volume, na maior parte do tempo.

48
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Se um modelo D/D/1 for usado, a operação do cruzamento da Figura 27 pode ser

 – taxa média de chegadas [veic/seg];


representada graficamente conforme mostrado na Figura 28, onde:

 – taxa média de partidas ou de atendimento [veic/seg];


t – tempo total decorrido [seg];
to – tempo que a fila de carros que se formou durante o vermelho leva para se
dissipar, após o início do verde efetivo [seg];
g – tempo de verde efetivo [seg];
r – tempo de vermelho efetivo [seg];
c – duração do ciclo [seg].
Número acumulado de veículos

t


t
as

s
rtid
Pa

g ada
Che
t0
r g
Tempo
Vermelho
Verde
Figura 28 – Representação gráfica de um modelo D /D /1 de um cruzamento semaforizado

c; a capacidade é g. A Figura 28 mostra que g > c para todos os ciclos, ou
Durante um ciclo de comprimento c, o número de veículos que chegam à interseção é

seja, não existe fila no início do ciclo, pois a fila se dissipa antes do final do verde
efetivo.
Tomando-se o início do ciclo como o instante em que se inicia o vermelho efetivo, nota-
se que não existe fila inicial, pois a curva de chegadas coincide com a curva de partidas.

Capítulo: 4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias


Como a indicação de fase é vermelha, a taxa de partidas é nula (nenhum veículo entra

estando fechado não impede que veículos cheguem à aproximação a uma taxa : a fila
na interseção) e a curva de partidas é uma linha horizontal de comprimento r. O sinal

tem r veículos ao final do vermelho efetivo. A fila atinge seu comprimento máximo,

Qmax    r
Qmax, no instante em que o sinal muda do vermelho para o verde:

Equação 19 – Comprimento máximo da fila

É fácil notar que neste instante também ocorre a maior espera no sistema, Wmax, que

Wmax  r
é:

Equação 20 – Espera máxima no sistema

estão na fila do semáforo começam a se movimentar, partindo a uma taxa  > . Como
No instante em que a indicação de fase muda de vermelho para verde, os veículos que

r
  to     r  t o   t o 
partem mais veículos que chegam a fila irá se dissipar após certo período de tempo to:

 
Equação 21 – Período de tempo necessário para dissipar a fila

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Se definirmos a taxa de ocupação, , da aproximação como a razão entre a taxa de


  
 c  1  
 c  
chegadas e a taxa de atendimento, . Como . Substituindo-se

na Equação 21 por  teremos que:


 r
to 
1 
Equação 22 – Período de tempo necessário para dissipar a fila (alterado)

Ao final de t0, a fila deixa de existir e a curva de chegadas volta a ser coincidente com
a curva de partidas, até o final do ciclo. A parcela do ciclo onde existe fila, Pq, pode

r  t0
ser determinada por:

Pq 
c
Equação 23 – Parcela de ciclo onde existe fila

Note que a curva de partidas nunca pode ficar à esquerda da curva de chegadas, pois
isto significaria que alguns carros partiriam do semáforo antes de terem chegado ao
cruzamento. As duas curvas são coincidentes após t0, o que significa que os veículos
que chegam ao cruzamento após t0 não são afetados pelo semáforo.
A espera total num ciclo (Wtotal) pode ser calculada pela área entre a curva de chegadas

   r  t0    r  t0     r  t0   t0
e a curva de partidas, como mostra a Figura 28:

Wtotal  

 r  t0     
2 2

Wtotal    r  t0     t0 
r r2
  r  t0   Wtotal 
2


2  1   
Wtotal
2
Equação 24 – Espera total (primeiro passo)

r  r  r2   


Substituindo-se a Equação 21 na Equação 24, teremos que:

Wtotal   r      1  
     
W

Capítulo: 4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias


total
2 2
Equação 25 – Espera total (segundo passo)

Como      , a Equação 25 pode ser reescrita como:


r2    
Wtotal   1  
2        
Equação 26 – Espera total (terceiro passo)

r2
A Equação 26 pode ser simplificada e reescrita como:

Wtotal 
2  1   
Equação 27 – Espera total

A espera média por veículo, por ciclo, ( W ) é o quociente entre a espera total e o

r2
número total de veículos que passam pela aproximação durante o ciclo, ou seja:

2  1    r2
W W  W   W 
2  1      c 2  c  1   
r2
 c  c
Wtotal 1

Equação 28 – Espera média por veículo por ciclo

A proporção de veículos que param no cruzamento, PS, é dada por:

50
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   r  t0 
PS 
 c
Equação 29 – Proporção de veículos que parar no cruzamento

A fila média pode ser determinada pelo quociente entre a espera total no ciclo e o
comprimento do ciclo:

q
Wtotal
c
Equação 30 – Fila média

Devemos notar que esta formulação só se aplica a ciclos onde a capacidade supera o

 c
volume de tráfego da aproximação analisada, ou seja, onde o índice de

  1.
g
congestionamento

Exemplo
Sendo um cruzamento equipado com semáforo de tempo fixo, com tempo de ciclo
é 80 seg. O verde para esta aproximação tem 25 seg; o tempo de amarelo é 3 seg
e o tempo perdido por ciclo é 4 seg. O fluxo de saturação desta aproximação é de
2.800 veic./h e o volume de tráfego observado é de 600 veic./h. Sendo assim,
pode-se determinar:

g  G  A p  g  25  3  4  g  24seg
a) O tempo de verde efetivo.

r  c  g  r  80  24  r  56seg
b) O tempo de vermelho efetivo.

c) A taxa média de chegadas.

  0,167veic./ seg  Simples conversão de unidades.


600
3.600
d) A taxa média de partidas.

  0, 778veic./ seg  Simples conversão de unidades.


2.800
3.600

Capítulo: 4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias


  c  0,167  80  13,33veiculos / ciclo
e) Veículos que chegam à interseção em cada ciclo.

  g  0,778  24  18,67veiculos / ciclo


f) Veículos que podem passar pela interseção.

  c 13,33
g) Grau de congestionamento.

   0, 71  1
  g 18, 67
Como  < 1, podemos utilizar as equações anteriormente vistas. Se isso não
ocorresse estas equações não seriam válidas (cruzamento estaria
congestionado).

 0,167
h) A taxa de ocupação.

   0, 215
 0, 778

  r 0, 215  56
i) O tempo necessário para a fila se dissipar.

to    15,33
1   1  0, 215
j) A proporção do ciclo onde existe fila.

51
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r  t0 56  15,33
Pq    0,89  (89%)
c 80

Qmax    r  0,167  56  9,35veiculos


k) A fila máxima.

Wmax  r  56seg
l) O tempo máximo de espera.

r2 0,167  562


m) A espera total por ciclo.

Wtotal    333,57veic.seg
2  1    2  1  0, 215 
n) A espera média por veículo.

W   24,97 seg
  c 0,167  80
Wtotal 333,57

   r  t0  0,167   56  15,33
o) A proporção de veículos que param no cruzamento.

PS    0,89  (89%)
 c 0,167  80
p) A fila média.

q   4,17veiculos
Wtotal 333,57
c 80
Análise de ciclos saturados em interseções semaforizadas isoladas
Como todo motorista já deve ter percebido, a ocorrência de ciclos saturados em

 c
cruzamentos semaforizados não é um fenômeno incomum. Um ciclo saturado é aquele

  1.
g
onde o volume de chegadas é maior que o volume de partidas, ou seja,

Como  c >   g , a fila não vai se dissipar totalmente ao final do ciclo, ficando uma
fila residual no início do ciclo seguinte. Na vida real, um ciclo saturado acontece toda

Capítulo: 4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias


vez que um motorista leva mais de um ciclo para atravessar uma interseção.
Se o número de ciclos saturados for muito grande, a fila na aproximação aumenta
continuamente, o que significa que o sistema não foi projetado adequadamente. A
ocorrência de ciclos saturados durante pequenos períodos de tempo é inevitável em
interseções semaforizadas equipadas com controladores não atuados pelo tráfego e
não implica em falha geral do sistema, ainda que seja interessante reduzir ao máximo
a ocorrência de ciclos saturados.
A formulação desenvolvida anteriormente para interseções semaforizadas isoladas, só
pode ser aplicada a ciclos onde a capacidade é maior que o volume registrado na
aproximação (V/C < 1). Não obstante, um modelo D/D/1 também pode ser usado para
analisar períodos saturados de pequena duração, como mostra a Figura 29.

52
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24
1°cilco 2°cilco 3°cilco

Número acumulado de veículos 20

16 C(t) t0

12
D(t)

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Vermelho Tempo (seg)
Verde

Figura 29 – Modelo D/D/1 para três ciclos saturados de um cruzamento controlado por semáforo de tempo fixo

Determinação do ciclo ótimo de um semáforo


A alocação dos tempos de verde efetivo para cada uma das aproximações de um
cruzamento controlado por um sinal luminoso é um dos problemas mais antigos e
difíceis de serem resolvidos em Engenharia de Tráfego. Todo motorista já teve a
oportunidade de experimentar um número excessivo de paradas e tempos de espera
consideráveis em semáforos. Os fatores que dificultam a solução deste problema são:
 A variabilidade dos padrões de chegadas de veículos aos cruzamentos, que podem
se alterar significativamente durante períodos de tempo muito curtos;
 A definição da função objetivo para a minimização.
É fácil perceber como a taxa de chegadas de carros a um sinal luminoso varia: num
período relativamente curto pode-se observar ciclos onde um grande número de
veículos chega ao cruzamento e ciclos onde quase não há chegadas. O uso de

Capítulo: 4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias


detectores nos cruzamentos permite que o sinal seja atuado pelo tráfego, o que pode
reduzir a espera total. A definição da função objetivo é um dilema cuja solução ainda é
discutida pelos especialistas. Os tempos de verde efetivo podem ser alocados de duas
formas: para minimizar a espera ou o número de veículos que param no semáforo, ou
para maximizar o bem-estar econômico de todos os viajantes. A maximização do bem-
estar econômico considera que o bem-estar geral é maximizado se a espera total, o
grau de poluição, o tempo total de viagem, etc. estiverem num mínimo, ainda que
alguns motoristas sejam obrigados a parar muitas vezes ou sejam submetidos a longas
esperas em cruzamentos.
Foge dos nossos objetivos estudar em detalhes os vários métodos de otimização
semafórica. Para ilustrar os conceitos envolvidos no problema, demonstrar-se-á o
processo de otimização baseado na minimização da espera veicular total partindo do
pressuposto que a operação do semáforo pode ser representada por um modelo D/D/1.
Seja Si o fluxo de saturação [veic./h] e i a taxa de chegadas [veic./seg] na
aproximação i da interseção esquematizada na Figura 30. A taxa de atendimento na i-

i 
Si
ésima aproximação é veic./ seg . A taxa de ocupação em cada aproximação
i
3.600
i 
i
é .

A espera veicular total no sistema é a soma das esperas totais em cada aproximação
(Equação 27):
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Wtotal  W1  W2  W3  W4
1  r12  r 2  r 2  r 2
Wtotal   2 2  3 3  4 4
2  1   1  2  1   2  2  1   3  2  1   4 
Equação 31 – Espera total no sistema saturado isolado

Aproximação 4

Aproximação 3
Aproximação 1

Aproximação 2
Figura 30 – Esquema de um cruzamento controlado por semáforos de tempo fixo

Supondo-se que conversões à esquerda não sejam permitidas e que haja apenas duas
fases, uma para as aproximações 1 e 3 e outra para as aproximações 2 e 4, têm-se
que r1 = r3 e r2 = r4. A Equação 31 se transforma em:

1  r12 2  r2 2 3  r12 4  r2 2
   
2  1   1  2  1   2  2  1   3  2  1   4 
Wtotal

Equação 32 – Transformação da equação de espera total

Se o tempo de ciclo (c) for previamente definido, teremos que r2 = c – r1, já que existem

   c  r1     c  r1 
apenas duas fases. Substituindo-se este valor (r2), na Equação 32 teremos:

1  r12 3  r12
  2   4
2  1   1  2  1   2  2  1   3  2  1   4 
2 2

Capítulo: 4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias


Wtotal

1  r12 2   c  2  c  r1  r1  3  r12 4   c  2  c  r1  r1 
Wtotal    
2  1   1  2  1   2  2  1   3  2  1   4 
2 2 2 2

Equação 33 – Substituição de r2 na equação de espera total


Após isso, criamos uma constante ki para podermos simplificar a Equação 33, desta

ki 
2  1   
forma teremos que , e substituindo-se esta constante na Equação 33,

Wtotal  k1  r12  k2   c 2  2  c  r1  r12   k3  r12  k1   c 2  2  c  r1  r12 


teremos:
2 2

Wtotal   k1  k2  k3  k4   r12  2   k2  k4   r1  c   k2  k4   c 2
Equação 34 – Substituição de k1 na equação de espera total

O valor de r1 que minimiza a espera veicular total pode ser calculado derivando-se a
Equação 34:

 2   k1  k2  k3  k4   r1  2   k2  k4   c
dWtotal
dr1
Equação 35 – Derivação da equação de espera total para encontrar o valor de r1 que minimiza a espera
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 0 , portanto:
dWtotal
O ponto de mínimo é aquele onde

0  2   k1  k2  k3  k4   r1  2   k2  k4   c
dr1

r1 
 k2  k4   c
 k1  k2  k3  k4 
Equação 36 – Ponto de mínimo (minimização da espera total)

A Equação 36 só vale para cruzamentos onde existem apenas duas fases, sem
conversões à esquerda, aos quais possa se aplicar o modelo D/D/1.

Exemplo
O cruzamento esquematizado na Figura 30 é controlado por um semáforo de tempo
fixo. Não são permitidas conversões a esquerda; as duas vias têm mão dupla de
direção e o semáforo tem duas fases. As aproximações 1 (volume = 720 veicjh) e
3 (volume = 828 veic/h) compartilham a mesma fase; as aproximações 2 (volume
= 432 veic/h) e 4 (volume = 252 veic/h) compartilham a outra fase. O tempo
perdido em cada ciclo pode ser suposto nulo e o fluxo de saturação em todas as
aproximações pode ser considerado de 1.800 veic/h.
Partindo-se do pressuposto que o ciclo deve ter 80 seg de duração, pode-se
determinar os tempos de verde e vermelho efetivos que devem ser alocados a cada
fase para que a espera veicular total na interseção seja mínima.
As taxas de chegada para cada aproximação são:

1   0, 20veic./ seg
720
3.600
2   0, 23veic./ seg
828
3.600
3   0,12veic./ seg
432
3.600
4   0, 07veic./ seg
252

Capítulo: 4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias


3.600
A taxa de atendimento é a mesma para todas as aproximações:

  0,5veic./ seg
1.800
3.600
O grau de congestionamento para cada aproximação pode ser então determinado:

1   0, 40
0, 20
0,50

2   0, 46
0, 23
0,50

3   0, 24
0,12
0,50

4   0,14
0, 07
0,50
A espera veicular total é a soma da espera total em cada aproximação:

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1  r12  r 2  r 2  r 2
Wtotal   2 2  3 3  4 4
2  1   1  2  1   2  2  1   3  2  1   4 
0, 20  r12 0, 23  r2 2 0,12  r32 0, 07  r4 2
   
2  1  0, 4  2  1  0, 46  2  1  0, 24  2  1  0,14 
Wtotal

Wtotal  0,1667  r12  0, 2130  r2 2  0, 0789  r32  0, 0407  r4 2

Wtotal  0,1667  r12  0, 2130  80  r1   0, 0789  r12  0, 0407  80  r1 


Como r1 = r3, r2 = r4 e r2 = g – r1 = 80 – r1, temos que:
2 2

Wtotal  0, 4993  r12  19,136  r12  765, 44


Para achar o mínimo da função acima devemos usar a sua derivada:

0
dWtotal
dr1
0  0,9986  r1  19,136

r1 
19,136
0,9986
r1  19,16seg
Portanto, r1 = 19 seg e r2 = 80 – 19 = 61 seg o que significa que a fase 1 do
semáforo deverá alocar 61 seg de verde efetivo e 19 seg de vermelho efetivo às
aproximações 1 e 3. A fase 2 deverá alocar 19 seg de verde efetivo e 61 seg de
vermelho efetivo às aproximações 2 e 4.

Sistemas de interseções semaforizadas


Uma vez que os fundamentos do controle de interseções por semáforos foram
apresentados, é interessante apresentar um método para análise dos processos de
controle de conjuntos de interseções, já que é comum que numa via arterial as
interseções controladas por semáforos não estejam muito distantes umas das outras e
parece muito lógico que um grupo de semáforos em tais condições sejam estudados

Capítulo: 4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias


conjuntamente.
Observando-se uma via onde existem dois semáforos não muito distantes um do outro,
pode-se perceber que os carros que partem de um semáforo têm headways muito
pequenos e movem-se num pelotão. À medida que estes veículos viajam uma distância
crescente pela via, o pelotão se dissolve, já que os veículos de melhor desempenho ou
conduzidos por motoristas mais agressivos têm velocidade maior. Se a distância entre
o primeiro sinal e o segundo não for muito grande (menos de 300 m), os carros mais
rápidos não conseguem se afastar muito dos mais lentos, já que esta pequena distância
é viajada num tempo muito pequeno, e os carros chegam ao segundo sinal ainda
formando um grupo compacto.
Idealmente o segundo semáforo deveria ser operado de tal maneira que o tempo de
verde efetivo estivesse se iniciando no instante em que o líder do pelotão estiver
chegando ao cruzamento, de tal forma que o progresso do pelotão não fosse
interrompido ao longo da via. Desta forma, um carro trafegando pela via teoricamente
nunca teria que parar após encontrar um sinal verde. Este processo é denominado
"onda verde" ou sistema progressivo de coordenação de semáforos.
A obtenção de um sistema progressivo depende da escolha correta do "offset" ou
defasagem, que é o tempo que decorre entre o início do verde efetivo do primeiro sinal
e o início do verde efetivo do n-ésimo semáforo na via arterial. A determinação do
offset de cada semáforo depende da velocidade da corrente de tráfego e da distância
que separa os dois sinais. O offset pode ser determinado por:

toff  3, 6 
Di
V
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Equação 37 – Determinação do offset de uma corrente de tráfego

Onde:
toff = offset [seg];
Di = distância entre o primeiro semáforo e o semáforo em questão [m];
V = velocidade da corrente [km/h].
O diagrama espaço-tempo da Figura 31 serve para ilustrar o conceito de sistema
progressivo. O tempo de ciclo, c, é pré-determinado e igual para todas as interseções,
c = 60 seg e a via tem mão única de direção. Se a velocidade escolhida para a artéria
é 40 km/h, a defasagem do semáforo 2 em relação ao semáforo 1 é

toff 2  3, 6   12,15seg .
135
40

135  180  270  270   76,95seg


Os offsets dos semáforos 3 e 4 podem ser determinados de maneira similar. O offset

do semáforo 5 é toff 5  3, 6  .
40
Como c < toff5, a defasagem é toff5 = 76,95 – 60 = 16,95 seg, medidas a partir do início
do ciclo do semáforo 1.
Na verdade, a banda de progressão da Figura 31 não é a única que existe. Dados um
ciclo e conhecidos os offsets, toffi, as velocidades da corrente que permitem o
aparecimento de uma onda verde são dadas por:

Vj  3, 6 
Di
toffi
onde:
Vj = velocidade da corrente de tráfego [km/h];
Di = distância entre o primeiro e o i-ésimo semáforos [m];
toff = offset entre o primeiro e o i-ésimo semáforos [seg].
O método pressupõe o uso de um ciclo igual em todas as interseções. O Manual de
Semáforos do Departamento Nacional de Trânsito [Denatran. 1979] sugere o uso do
ciclo da interseção mais crítica.

32,10seg

Capítulo: 4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias


10

225 11,85seg
9
3,75seg Velocidade de
90 8 progressão do
Distância entre semáforos (m)

225 43,50seg tráfego


7 40km/h
29,10seg
160
6
135 16,95seg
5
270 52,65seg
4

270
28,36seg
3
180
12,15seg
2
135
1

Início e Fim de 1 ciclo – semáforo 1  Um ciclo igual a 60 seg Tempo (seg)

Figura 31 – Diagrama espaço-tempo para uma via de mão única [Denatran, 1979]

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Exercícios

Figura 32 – Cruzamento em análise

Exercício 1
Considerando-se um cruzamento isolado com 4 aproximações (Figura 32) onde esta
instalado um semáforo com tempo de ciclo de 180 segundos, sendo para a aproximação
1:
 tempo de verde = 155 segundos;
 tempo de amarelo = 5 segundos;
 tempo perdido no ciclo = 2 segundos.
Este cruzamento tem um fluxo de saturação de 30.000 veículos por hora (nesta
aproximação), calcular a situação do mesmo para um fluxo observado de 25.700 veículos
por hora.

Exercício 2
Ainda referente ao exercício acima, para a aproximação 2, calcular o congestionamento,
sendo que esta tem uma saturação de 5.000 veículos por hora e foram observadas
chegadas de 40, 43, 38, 32, 30 e 25 veículos por ciclo.

Capítulo: 4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias


Exercício 3
Uma equipe de engenharia de tráfego esta analisando o fluxo semafórico em um
cruzamento (Figura 32). Neste cruzamento foram feitas as seguintes observações:
Chegadas Aproximação 1 = 890 veic./h Tempo perdido = 3 seg
Chegadas Aproximação 2 = 930 veic./h Fluxo de saturação = 1.530 veic./h
Chegadas Aproximação 3 = 1.200 veic./h Tempo de ciclo = 95 seg
Chegadas Aproximação 4 = 1.360 veic./h
Com estes dados determinar os tempos de verde e de vermelho efetivos para as
aproximações.

Exercício 4
Um determinado semáforo possui um tempo de ciclo de 90 segundos, sendo 40% para a
luz verde, 45% para a luz vermelha e o restante para a luz amarela. Nesta aproximação,
o tempo perdido é estimado em 3 segundos. O fluxo observado na aproximação é de 1.700
veículos por hora e a mesma comporta até 3.000 veículos por hora. Assim sendo, faça a
verificação desta aproximação no cruzamento semaforizado.

Exercício 5
Uma via possui 15 cruzamentos semaforizados, a distância entre eles é de 87, 102, 254,
158, 82, 35, 90, 210, 200, 180, 100, 180, 290, 120 e 42 metros, nesta ordem. Assim
sendo, determina o funcionamento de uma onda verde nesta via para um ciclo semafórico
de 85 segundos.
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Exercício 6
A Engenharia de Tráfego de determinada cidade pretende inserir o conceito de onde verde
em uma de suas principais avenidas, a Figura 33 mostra o croqui da referida via. Segundo
estudos básicos definiu-se um tempo de ciclo de 95 segundos para os semáforos sendo
que o vermelho compreende 60% do ciclo semafórico, e pretende-se definir a via para uma
velocidade de 60 km/h. Desta forma, deve-se calcular os offsets e desenhar o diagrama
espaço tempo para a via.

Dist cia e tre se foros


100 145 300 195 75 154 218 87 293
Sentido
da via

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 33 – Croqui da avenida em estudo

Exercício 7
Um cruzamento, formado por 4 aproximações, possui chegadas, em cada aproximação, na
ordem, de 350, 600, 450 e 500 veículos por hora. Com a operação semafórica, com ciclo
de 120 segundos, verificou-se que o tempo perdido no início do ciclo é de 2 segundo para
as aproximações 1-3 e de 3 segundos para as aproximações 2-4. Neste cruzamento a
saturação é de 800 veículos por hora. Determinar o tempo de luz ótima para as 4
aproximações.

Capítulo: 4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias

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