Tecnologia Dos Transportes
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Tecnologia Dos Transportes
ATENÇÃO !
Este Material é constantemente atualizado
com sugestões e correções feitas pelos alunos
Capítulo: Esclarecimento
Esclarecimento
Este material não deve ser utilizado para qualquer citação futura, se isso for
necessário, a citação deve ser feita dando crédito aos autores originais dos textos,
pois os mesmo foram, em alguns poucos casos, atualizados, adaptados ou
somente reconfigurados conforme a necessidade da disciplina.
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FATEC Zona Leste | Tecnologia dos Transportes | Prof. Celio Daroncho | 2014-1
Índice
ESCLARECIMENTO 2
ÍNDICE 3
1 – ENGENHARIA DE TRANSPORTES 5
TECNOLOGIAS DE TRANSPORTES 12
COMPONENTES FUNCIONAIS DOS SISTEMAS DE TRANSPORTES 14
REDES DE TRANSPORTE 15
ELEMENTOS DA REDE 15
LINHAS DE F LUXO 17
ANÁLISE DA REDE 18
HIERARQUIA E CLASSIFICAÇÃO DE VIAS 21
EXERCÍCIOS 23
EXERCÍCIO 1 23
EXERCÍCIO 2 24
EXERCÍCIO 3 24
EXERCÍCIO 4 26
3 – FLUXO DE VEÍCULOS 29
INTRODUÇÃO 30
NÍVEL DE SERVIÇO E SERVENTIA 30
NÍVEL DE SERVIÇO 30
SERVENTIA 31
O DIAGRAMA ESPAÇO-TEMPO 32
Capítulo:
HEADWAY E GAP 33
COMPORTAMENTO DE UMA CORRENTE DE TRÁFEGO 33
VOLUME DE TRÁFEGO 34
3
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VELOCIDADE MÉDIA 35
EXEMPLO 35
CONCENTRAÇÃO (DENSIDADE) 36
EXEMPLO 37
RELAÇÃO FUNDAMENTAL DOS FLUXOS DE TRÁFEGO CONTÍNUOS 37
MODELO VELOCIDADE X DENSIDADE 37
MODELO VOLUME X DENSIDADE 38
MODELO VOLUME X VELOCIDADE 40
RELAÇÕES ENTRE VELOCIDADE, VOLUME E DENSIDADE 40
EXEMPLO 41
ANÁLISE DOS FLUXOS DE VEÍCULOS ATRAVÉS DA TEORIA DAS FILAS 41
ALGUMAS DEFINIÇÕES IMPORTANTES E PRÁTICAS 42
VOLUME DE TRÁFEGO 42
VELOCIDADE 43
CONTROLE DE FLUXO DE VEÍCULOS 43
EXERCÍCIOS 44
EXERCÍCIO 1 44
EXERCÍCIO 2 44
EXERCÍCIO 3 45
EXERCÍCIO 4 45
INTRODUÇÃO 47
CONTROLE DE TRÁFEGO POR SEMÁFOROS 47
INTERSEÇÕES SEMAFORIZADAS ISOLADAS 47
EXEMPLO 51
ANÁLISE DE CICLOS SATURADOS EM INTERSEÇÕES SEMAFORIZADAS ISOLADAS 52
DETERMINAÇÃO DO CICLO ÓTIMO DE UM SEMÁFORO 53
EXEMPLO 55
SISTEMAS DE INTERSEÇÕES SEMAFORIZADAS 56
EXERCÍCIOS 58
EXERCÍCIO 1 58
EXERCÍCIO 2 58
EXERCÍCIO 3 58
EXERCÍCIO 4 58
EXERCÍCIO 5 58
EXERCÍCIO 6 59
EXERCÍCIO 7 59
Capítulo: Índice
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Capítulo: 1 – Engenharia de Transportes
1 – Engenharia de Transportes
Engenharia de
Transportes Este material foi extraído, na íntegra, da apostila Tecnologia de
Transportes de autoria dos professores José Reynaldo Setti e
João Alexandre Widmer da Escola de Engenharia de São Carlos
(EESC) da Universidade de São Paulo (USP).
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Definições
O ITE (Institute of Transportation Engineers, entidade sediada em Washington, D.C.)
define Engenharia de Transportes como sendo a aplicação de princípios tecnológicos e
científicos ao planejamento, projeto funcional operação, administração e
gerenciamento de instalações para qualquer modo de transporte de forma que permita
a movimentação de pessoas e bens de modo seguro, rápido, confortável, conveniente,
e econômico com um mínimo de interferência com o meio ambiente natural. A
Engenharia de Tráfego, muitas vezes confundida com a Engenharia de Transportes, é
descrita como sendo o ramo da Engenharia de Transportes que lida com o planejamento
e projeto geométrico de redes viárias, terminais e áreas adjacentes, com o controle de
tráfego de veículos nestes locais e com o seu relacionamento com outras modalidades
de transporte [ITE, 1991, pág. A-30].
Figura 1 - O caráter interdisciplinar da Engenharia de Transportes (Kirsty, 1990 apud Setti, 1999)
O engenheiro de transportes
Ainda que se possa definir com precisão o que é a Engenharia de Transportes, é um
tanto quanto mais complicado definir o engenheiro de transportes, pois engenheiros
atuando nas mais variadas áreas consideram-se engenheiros de transportes. Em um
extremo têm-se os engenheiros civis (especializados em rodovias, ferrovias ou portos)
que, por estarem envolvidos no projeto de componentes dos sistemas de transportes
podem ser classificados como engenheiros de transportes. Entretanto, existem
engenheiros mecânicos, aeronáuticos e navais (incluindo os que projetam veículos) que
também se consideram engenheiros de transportes devido ao tipo de atividade que
exercem. Há ainda engenheiros eletrônicos ou de computação que, por estarem
envolvidos no controle dos veículos e no projeto e operação de sistemas de
comunicação entre veículos, poderiam ser igualmente considerados engenheiros de
transportes.
Estes engenheiros não preenchem toda a gama de atividades desenvolvidas no campo
da Engenharia de Transportes; outros profissionais, com as mais variadas formações
básicas (arquitetos, economistas, sociólogos, etc.) se dedicam a planejar melhorias de
sistemas de transportes urbanos e regionais - tais como: a construção de novas vias;
a ampliação de redes de transporte público; o controle de fluxos de tráfego nas vias
existentes; e a operação dos sistemas de transporte coletivo. Ainda que estas pessoas
não sejam engenheiros por formação, elas certamente desempenham atividades que
engenheiros de transporte poderiam desempenhar.
Muitos dos engenheiros de transporte e dos outros profissionais que trabalham no
campo da Engenharia de Transportes fazem parte de empresas de consultoria,
Capítulo: 1 – Engenharia de Transportes
A abordagem sistêmica
A análise de sistemas é um método desenvolvido durante os últimos quarenta anos
para o estudo de problemas complexos como os de Engenharia de Transportes, através
do método científico. Um sistema é um grupo de componentes que interagem para
desempenhar uma tarefa ou atingir um objetivo pré-definido. Um exemplo de sistema
é uma rede viária. Que contém as vias, veículos e terminais. A via é um subsistema,
assim como o são os veículos e os terminais.
Uma meta é o estado final que se deseja atingir, e deve refletir o propósito ou função
a que o sistema deve servir [Wortman, 1976]. O sistema de transporte, por exemplo,
é um sistema que presta um serviço à sociedade; a meta deste sistema pode ser
definida em termos de dar mobilidade para algum tipo de função econômica, social ou
política. Muitas vezes. tem-se mais de uma meta. A meta, ou as metas, devem ser
definidas concomitantemente com o problema e o sistema propriamente ditos. A
definição de metas nesta etapa do processo dá uma ideia geral da forma pela qual o
sucesso das várias soluções possíveis para o problema será avaliado.
Para se alcançar uma meta, define-se um ou mais objetivos, que devem ser
mensuráveis e passíveis de serem atingidos. Considerando-se o sistema de transporte,
os objetivos estão relacionados com a implantação de sistemas de transporte
rodoviário, ferroviário, aéreo ou aquático, ou combinações destes que possam prover
Capítulo: 1 – Engenharia de Transportes
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vezes, a única alternativa disponível para a avaliação de alternativas e, por isso, são
largamente usados.
Exercícios
Exercício 1
O prefeito de uma cidade contratou seus serviços de consultoria para analisar o
problema do melhor local para a implantação de (escolha o problema que corresponde
ao último algarismo do seu número de matrícula):
0 - Um aeroporto regional
1 - Um terminal rodoviário intermunicipal
2 - Um entreposto de distribuição de produtos agrícolas
3 - Um terminal rodoviário de cargas
4 - Um terminal intermodal rodovia/ferrovia
5 - Um terminal de ônibus urbanos
6 - Um posto do corpo de bombeiros
7 - Um ponto de táxi
8 - Os pontos iniciais e finais de uma linha de ônibus ligando dois bairros
9 - Um pronto-socorro
Descreva, através dos passos do enfoque sistêmico, como você pretende analisar o
problema na busca da melhor solução. Seja o mais específico possível.
Exercício 2
Identifique problemas relacionados com os seguintes sistemas de transporte numa
grande área metropolitana: rede viária, sistema de transporte coletivo por ônibus, vias
de circulação de pedestres, e sistema de informação aos motoristas (sinalização).
[Khisty, 1990]
Exercício 3
Quais são as diferenças básicas entre engenharia de transportes e engenharia de
tráfego? [Khisty, 1990]
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Capítulo: 2 – Componentes dos Sistemas de Transportes
Componentes dos
Sistemas de
Transportes
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Tecnologias de Transportes
A função dos sistemas de transporte é permitir que pessoas e bens se movimentem. Uma
série de tecnologias, que permitem deslocamentos mais rápidos sobre distâncias mais
longas, foram desenvolvidas ao longo do tempo pela espécie humana. Chamando as
pessoas ou bens sendo transportados por um modo qualquer de objeto do transporte,
pode-se enumerar os requisitos de uma tecnologia de transportes:
Dar mobilidade ao objeto, isto é, permitir sua movimentação de um ponto a
outro;
Controlar o deslocamento e a trajetória do objeto através da aplicação de forças de
aceleração, desaceleração e direção; e
Proteger o objeto de deterioração ou dano que possa ser causado pela sua
movimentação.
A mais simples das tecnologias de transporte é o transporte a pé, que se baseia na
habilidade natural dos seres humanos em se locomoverem e na sua capacidade de
transportar pequenas cargas, nos seus braços ou em sacolas, mochilas, etc. Para aumentar
a velocidade de transporte, o ser humano pode correr; para se locomover num meio
líquido, ele tem que nadar – o que pode não ser tão simples se a pessoa estiver
transportando um objeto. A capacidade dos seres humanos se movimentarem no solo e na
água são formas naturais de transporte. Os animais, além de andar, correr e nadar, são
também capazes de voar. Podem-se desenvolver tecnologias de transporte baseadas nesta
capacidade de locomoção natural dos animais. A natureza é capaz de transportar objetos,
seja através do vento, da água (com objetos flutuando ou imersos) ou da força da
gravidade (partículas rolando num declive).
Dada a pequena capacidade de transporte das formas naturais de locomoção e dado o
pequeno nível de conforto que elas proporcionam, um grande número de tecnologias de
transporte foi desenvolvido ao longo do curso da história, quase todas baseadas num
refinamento de processos naturais. Por exemplo, animais são usados para transporte de
cargas e pessoas desde tempos imemoriais. Ou ainda, toras são transportadas através de
Vias que dão mobilidade e controle ao próprio objeto ou sua embalagem: dutovias,
esteiras transportadoras, teleféricos, elevadores.
Entre as várias tecnologias disponíveis, talvez a mais difundida seja aquela que faz uso
dos veículos terrestres, que substituem os animais no transporte de pessoas e cargas. Eles
possuem rodas ou esteiras que dão-lhes mobilidade, um corpo que contém e protege a
carga, e um sistema de propulsão que controla seu movimento. Ainda que alguns destes
veículos possam se locomover em qualquer tipo de terreno (caso possuam esteiras), a
maioria deles trafega por caminhos previamente preparados (vias) que possuem uma
superfície regular e resistente. O uso de vias (estradas e ferrovias) reduz a potência
requerida para a movimentação do veículo, aumenta a sua capacidade de carga e diminui
os danos que podem ser causados à carga pelo transporte. Este fato levou ao
desenvolvimento de rodovias e ferrovias, que são vias preparadas para uso por certos tipos
de veículos.
A forma mais comum de propulsão de veículos terrestres equipados com rodas consiste
em aplicar uma força de rotação às rodas, com o atrito solo-roda produzindo uma força de
reação correspondente. A trajetória dos veículos pode ser controlada através de forças de
atrito, no caso de veículos rodoviários, e de forças de reação dos trilhos contra as rodas,
no caso de veículos ferroviários.
Mais recentemente, outras tecnologias para transporte terrestre foram desenvolvidas.
Essas tecnologias incluem aqueles veículos que geram mobilidade através da criação de
um colchão de ar sob o veículo, com pressão suficiente para elevá-lo acima da trajetória
desejada. Nos "hovercrafts", a tração e a direção do veículo são obtidas através de hélices
e lemes direcionais. Outros veículos usam levitação magnética para este fim. No caso de
veículos que trafegam sobre vias especiais, a propulsão é obtida através de motores
elétricos de indução linear e o veículo é guiado por forças magnéticas da via sobre o veículo
– por exemplo, o trem maglev (Japão), que ainda se encontra em estágio experimental.
As tecnologias para transporte em fluidos (ar e água) incluem aeronaves, dirigíveis, navios,
submarinos, aerobarcos, etc. Os veículos são mantidos no nível apropriado para sua
locomoção devido a sua “flutuabilidade” (por ex., barcos, navios, submarinos, dirigíveis e
aerobarcos em baixas velocidades) ou sustentação resultante do escoamento de fluido
sobre um aerofólio (em aviões) ou hidrofólio (por ex., aerobarcos em altas velocidades).
Em algumas situações particulares, utilizam-se veículos que deslizam sobre a via, devido
às características do material que a compõe. Este é o caso de plataformas industriais que
se deslocam sobre superfícies engraxadas ou com roletes e de trenós que se movem sobre
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Existe ainda uma forma híbrida de transporte, que se situa entre o movimento discreto de
objetos em veículos e o movimento contínuo de gases e líquidos em dutos, onde a
mobilidade e a locomoção são fornecidas por um equipamento fixo que possui uma
superfície ou compartimento de carga móvel. As esteiras transportadoras, os teleféricos e
os elevadores são exemplos desta tecnologia.
sinais captados por instrumentos nas aeronaves, as quais podem então se deslocar com
segurança através de trajetórias pré-determinadas.
Como nem sempre é possível construir uma via que ligue cada par de pontos, entre os
quais se deseja transportar pessoas e objetos, muitos sistemas de transporte têm a forma
de redes de vias interligando vários pontos. Um exemplo de rede é o sistema viário urbano,
onde vias se cruzam em interseções. Interseções são componentes importantes do sistema
de transporte, já que é fundamental que algum tipo de controle do fluxo de veículos exista
ali, a fim de que não ocorram acidentes. Exemplos de interseções são cruzamentos de vias
urbanas, desvios de estradas de ferro de via simples e áreas terminais de redes aeroviárias.
Os terminais são os locais onde as viagens começam e terminam. Em outros casos, mais
de uma modalidade de transporte é requeri da para a realização de uma viagem. Nestes
casos, o transbordo, ou a mudança de modo, ocorre sempre num terminal. Mesmo dentro
de uma mesma modalidade, pode ser necessário transferir carga ou passageiros de um
veículo para outro. Os terminais podem ser edifícios especialmente projetados e
construídos para este fim, tais como aeroportos, estações de metrô, etc., ou podem ser
simplesmente um local pré-determinado onde uma viagem se inicia ou acaba, como um
ponto de ônibus num bairro residencial.
O plano de operação é o conjunto de procedimentos usados para manter um sistema de
transporte (que muitas vezes possui uma grande complexidade) operando
adequadamente. O plano de operações assegura que o fluxo de veículos, nas vias e
interseções, ocorra de forma ordenada e segura, que os terminais sejam operados de tal
forma que o fluxo de pessoas e cargas seja acomodado nos veículos, etc. Um plano de
operações pode ser tão simples quanto uma pequena tabela de horários de chegada e
partida, ou pode requerer um complexo sistema de aquisição de dados e controle de
semáforos em tempo real por computadores, num centro de controle de tráfego de uma
região metropolitana.
Redes de Transporte
Uma rede é uma representação matemática do fluxo de veículos, pessoas e objetos entre
pontos servidos por um sistema de transporte. Embora o termo rede frequentemente tenha
outros significados, nós focalizaremos principalmente no conceito matemático e seu uso
na análise de sistemas de transporte.
Elementos da rede
Uma rede se constitui de arcos e nós. Os nós são pontos notáveis no espaço, e os arcos
Figura 2 – Ligações rodoviárias entre um grupo de cidades - mapa (adaptado de Setti, 1999)
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No caso da rede da Figura 2 os nós foram nomeados com números, mas poderíamos
ter feito isso com o emprego de uma sigla, por exemplo, Cana Verde poderia ser CVD,
Claraval poderia ser CLV, Aguanil poderia ser AGN, Lambari poderia ser LBR, Coqueiral
poderia ser CQR e Juruaia poderia ser JRA. Ou ainda poderíamos utilizar outra
formatação para as siglas, o importante é ser de fácil entendimento e de se ter a Tabela
2 com o nó e sua respectiva descrição, ou nome.
1 se existe um arco i j
elemento da matriz, mij que representa a existência de um arco que se inicia em i e
mij
0 se nao existe um arco i j
termina em j, pode assumir os seguintes valores:
Os arcos bidirecionais são representados por mij = 1 e mji = 1, ao passo que um arco
unidirecional entre i e j é representado por mij = 1 e mji = 0. Note-se, entretanto, que
esta convenção não é universal.
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Destino
Origem 1 2 3 4 5 6
1 0 1 0 0 0 0
2 1 0 1 0 1 0
3 0 1 0 1 0 1
4 0 0 1 0 0 1
5 0 1 0 0 0 1
6 0 0 1 1 1 0
Figura 4 – Representação matricial de uma rede de transporte
Aproximação 4
1 2
8 3
Aproximação 3 Aproximação 3
Aproximação 1 Aproximação 1
7
4
6 5
Aproximação 2
Aproximação 2
Figura 5 – Representação detalhada de uma rede em um cruzamento de duas vias de mão dupla
Linhas de Fluxo
As linhas de fluxo representam o fluxo real, ou seja, o caminho, percorrido pelos
veículos na via. É a partir delas que faremos a sinalização horizontal da via (pintura),
pois indicam qual o caminho os veículos irão seguir e se serão necessárias mais ou
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Análise da rede1
Um sistema de transporte é representado como uma rede que descreve os
componentes individuais do sistema e seu relacionamento com alguma característica
importantes deste. Algumas das mais importantes características dos sistemas são:
tempo de viagem, distância e custos.
A Figura 7 ilustra a rede metropolitana de uma determinada cidade, como pode ser
visto tanto as interseções quanto as cidades estão numeradas e nos arcos que ligam
estas, está anotado o tempo médio de viagem (em minutos) entre um ponto e outro.
Por exemplo, a viagem do nó 1 para o nó 8 será feita através dos arcos (1;10), (10:24),
(24:23) e (23:8) e o tempo de viagem será = 5 + 10 + 25 + 10 = 50 min.
1
Devemos salientar aqui que apesar de nos referirmos sempre a tempo, o caminho mínimo pode ser expresso pela
distância, custo, segurança, condição da via ou qualquer outro fator que se achar importante e que seja decisivo
para a tomada de decisão..
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Para este mesmo deslocamento, existem outros possíveis caminhos, tais como (1:11),
(11:20), (20:21), (21:22), (22:23) e (23:8). Assim sendo, é muito importante
especificar o caminho que foi utilizado.
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Devemos anotar ao lado de cada nó as informações que nos forem necessárias para
um bom entendimento. Estas informações são: o tempo de viagem total (a partir do
início – neste caso do nó 1); e o nó do qual viemos até chegar ao nó que estamos
analisando. Ao final deste procedimento teremos uma situação conforme a mostrada
na Figura 8.a, onde teremos para cada um dos nós o tempo de viagem quando partimos
do nó 1 e desta forma fica fácil analisar qual será o caminho mínimo para cada um dos
nós finas (cidades da rede).
Para sabermos o caminho a cada um dos nós, basta olharmos para o mesmo e ver de
qual nó nós viemos até chegar ao mesmo, faremos assim o caminho inverso, até
chegarmos ao nó 1. Por exemplo, para saber qual o caminho mínimo do nó 1 até o nó
4, devemos:
Olhar para o nó 4 verificar de onde partimos para chegar até ele, neste caso
veremos que a informação contida ao lado do nó nos diz que viemos do nó 16 (está
entre parêntesis na Figura 8.a).
Vamos então para o nó 16 e fazemos a mesma verificação, constataremos que para
chegar até o nó 16 viemos do nó 17.
Vamos então para o nó 17 e fazemos a mesma verificação, constataremos que para
chegar até o nó 17 viemos do nó 18.
Vamos então para o nó 18 e fazemos a mesma verificação, constataremos que para
chegar até o nó 18 viemos do nó 19.
Vamos então para o nó 19 e fazemos a mesma verificação, constataremos que para
chegar até o nó 19 viemos do nó 20.
Vamos então para o nó 20 e fazemos a mesma verificação, constataremos que para
chegar até o nó 20 viemos do nó 11.
Vamos então para o nó 11 e fazemos a mesma verificação, constataremos que para
chegar até o nó 11 viemos do nó 1, que é o nosso ponto inicial.
Desta forma para irmos do nó 1 ao nó 4 seguiremos o caminho 1–11–20–19–18–17–
16–4. E o tempo total de viagem será de 75 minutos, este valor está anotado ao lado
do nó 4 antes do parêntesis, e pode ser visto na Figura 8.a.
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A Figura 8.b mostra o resumo desta situação partindo-se de 1 até se alcançar todos os
nós da rede. A esta figura damos o nome de árvore de caminho mínimo partindo-se de
1. Devemos fazer isso para a origem em todos os pontos da rede e com destino a todos
os outros pontos da rede.
Estas informações podem também ser expressar através de uma matriz, este
procedimento facilita a análise computacional dos problemas. Esta matriz é muito
semelhante a uma matriz origem e destino, a iferença é que neste caso escrevemos o
tempo (custo) total de viagem na matriz. A Tabela 3 mostra a matriz gerada para a
situação anterior.
Tabela 3 – Matriz de caminho mínimo (tempo) para os nós de 1 a 9 (cidades)
Chegando-se ao nó
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 0 26 58 75 65 46 44 50 23
2 26 0 42 81 71 52 50 75 48
Partindo-se do nó
3 58 42 0 52 62 74 80 107 80
4 75 81 52 0 20 54 65 94 90
5 65 71 62 20 0 44 55 84 80
6 46 52 74 54 44 0 36 65 61
7 44 50 80 65 55 36 0 55 51
8 50 75 107 94 84 65 55 0 43
9 23 48 80 90 88 61 51 43 0
3. Um segmento de carro, em vias coletoras, que vai até uma via arterial;
4. Um segmento de carro, numa via arterial, que se inicia no cruzamento de uma via
coletora com a via arterial e vai até um dispositivo de entroncamento com uma
autoestrada;
5. Um segmento de transição, realizado num dispositivo de entroncamento que liga
uma via arterial com uma autoestrada;
6. Um segmento principal, que é realizado numa autoestrada;
7. Um segundo segmento de transição, realizado num dispositivo de entroncamento
que liga uma autoestrada com uma via arterial;
8. Um segmento de carro, numa via arterial, que se inicia num dispositivo de
entroncamento com uma autoestrada e vai até o cruzamento da via arterial com
uma via coletora;
9. Um segmento de carro, em vias coletoras;
10. Um segmento em vias locais;
11. Um segmento a pé, que termina no destino final.
Pode-se então notar uma hierarquia entre os vários tipos de vias tanto no que se refere às
suas características físicas, como também no que se refere ao tipo de uso (volume de
tráfego). As vias expressas servem para prover ligações rápidas e seguras entre pontos
distantes de uma região; as vias arteriais distribuem o tráfego que sai das vias expressas
pela cidade ou região. As vias coletoras penetram ainda mais nas zonas residenciais e as
vias locais provêm acesso a locais de trabalho ou moradia. Cada uma das etapas da jornada
é realizada num componente de características diferentes, tais como pavimento,
geometria, tratamento da região lindeira, etc.
Uma das maiores causas de obsolescência de vias ocorre devido à falta de reconhecimento
e adoção desta hierarquia. Por exemplo, a falta de vias coletoras em bairros residenciais
causa o aumento de tráfego de passagem em vias locais, criando problemas de segurança
de trânsito e desgaste precoce de pavimentos. Igualmente, artérias subdimensionadas
causam o "transbordamento" de tráfego para outras vias que não foram projetadas para
receberem aquele volume de tráfego. Outro exemplo são as faixas de aceleração e
desaceleração em dispositivos de entroncamentos em rodovias, cuja falta ou
subdimensionamento pode causar acidentes.
Via Local
Distribuição
Tr
an
Ac s iç
es ão
so Movimento Primário
Coletoras
Locais
Acesso
Figura 10 – Variação entre acessibilidade e mobilidade para os
vários tipos de vias [AASHTO, 1984]
Tabela 4 – Características dos níveis hierárquicos das vias urbanas
Nível de hierarquia Extensão (%)
Vias expressas 2-4
Artérias primárias e secundárias 6-12
Vias coletoras 20-25
Vias locais 65-75
Fonte: AASHTO, 1984
Tabela 5 – Características dos níveis hierárquicos das vias rurais
Nível de hierarquia Extensão (%) Volume de tráfego (%)
Exercício 1
Identifique os componentes funcionais das seguintes modalidades e sistemas de transporte
(veículo, terminal, via, plano de operações, tráfego, interseções, etc.):
a. Metrô
b. Táxi
c. Trem de subúrbio
d. Automóvel
e. Ônibus interurbano
f. Trator de esteiras
g. Caminhão
h. Avião
i. Rede de abastecimento de água
j. Navio
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Exercício 2
Para a figura com o conjunto de vias abaixo faça a identificação dos nós e dos arcos que interliguem
os cruzamentos, além disso faça as linhas de fluxo devendo obedecer ao esquema de direção expresso
na via. Todas as pistas possuem duas faixas de rolamento:
Exercício 3
Para a rede de transportes da
Figura 11 (representação gráfica), fazer:
a) A representação matricial (próxima página – Primeira tabela)
b) A árvore de caminho mínimo (em uma folha separada
c) A matriz origem e destino – Matriz OD (próxima página – Segunda tabela)
IND – Indianapolis
ALB – Albany LOU – Louisville
BAL – Baltimore NH – New Haven
BOS – Boston NY – New York
BUF – Buffalo PHL – Philadelphia
CHA – Charleston PIT – Pittsburg
CHI – Chicago POU – Poughkeepsie
CIN – Cincinnati RIC – Richmond
CLE – Cleveland SCR – Scranton
DET – Detroit WAS – Washington
HAR – Harrisburg WIL – Wilmington
Figura 11 – Rede de transporte rodoviário, simplificada, da costa leste dos Estados Unidos
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ALB BAL BOS BUF CHA CHI CIN CLE DET HAR IND LOU NH NY PHL PIT POU RIC SCR WAS WIL
ALB
BAL
BOS
BUF
CHA
CHI
CIN
CLE
DET
HAR
IND
LOU
NH
NY
PHL
PIT
POU
RIC
SCR
WAS
WIL
ALB BAL BOS BUF CHA CHI CIN CLE DET HAR IND LOU NH NY PHL PIT POU RIC SCR WAS WIL
ALB
BAL
Exercício 4
Para a rede da Figura 12, faça o que é pedido:
a) Considerando somente a origem em BRB, faça a árvore de caminho mínimo para a
rede
I. Você pode fazer a arvore completa, ou seja, partindo de todas as origens
para todos os destinos
b) Faça a representação matricial para a rede completa da figura
c) Faça a matriz OD somente para a origem em BRB
I. Você pode fazer a Matriz OD completa, ou seja, partindo de todas as origens
para todos os destinos
d) Caminho mínimo (rota) saindo de NAT e chegando em PAL, com o seguinte critério:
I. Passando, na melhor ordem, por BEL, CBA e POA (roteirização).
Observação:
As letras correspondem às cidades e os valores ao tempo de viagem entre cidades
consecutivas em horas.
CTB – Curitiba
FLP – Florianópolis
FOR – Fortaleza
FOZ – Foz do Iguaçu
– Goiânia
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27
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3
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos
3 – Fluxo de Veículos
Fluxo de
Veículos 29
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Introdução
O estudo da locomoção e do fluxo dos veículos deve-se iniciar pela parte individual do
mesmo, ou seja, o movimento de veículos individuais ao longo de uma via, ignorando-se
quaisquer restrições ao movimento que não aquelas impostas pelas características de
locomoção do veículo ou restrições da via sobre a qual ele circula, estudo este desenvolvido
pela física do movimento. Contudo, em quase todos os sistemas de transporte, o
movimento de um veículo é afetado pela presença de outros veículos que compartilham a
mesma via e o desempenho de cada veículo é limitado pela corrente de tráfego, podendo
ficar aquém do ótimo.
Conforme aumenta o volume de tráfego de uma via, a velocidade média dos veículos que
a utilizam se reduz; ou seja, a qualidade do serviço de transporte oferecido, conhecida
como o nível de serviço da via se reduz. Denomina-se capacidade de uma via o maior
volume de tráfego que ela pode suportar sem que o nível de serviço fique abaixo de um
padrão predeterminado. A capacidade e o nível de serviço de uma via estão diretamente
relacionados com a forma de controle dos fluxos de tráfego. Este capítulo e os seguintes
estudam o fluxo de veículos em vias, o controle destes fluxos e a capacidade das vias.
Nível de Serviço
O nível de serviço de uma via é uma medida qualitativa do efeito de um conjunto de fatores
que influem na velocidade e densidade do fluxo de tráfego. Neste conjunto de fatores
incluem-se: velocidade e tempo de viagem, interrupções no tráfego, liberdade de
manobras, segurança, conforto para condução de veículos, conveniência, e custos
operacionais. A definição dos seis níveis de serviço conforme o Highway Capacity Manual
[TRB, 1985] é feita da seguinte forma:
Nível de serviço A: Fluxo livre, usuários quase não são afetados pela presença de
outros veículos (Figura 13). A liberdade para cada motorista escolher a velocidade
de operação de seu veículo é praticamente ilimitada. O nível de conforto para o
motorista e passageiros é excelente.
Nível de serviço B: Fluxo estável (sem perturbações, tais como redução de
velocidade ou engarrafamentos), mas a presença de outros usuários na via começa
a ser notada (Figura 14). A liberdade para escolha da velocidade de operação de
veículos individuais não é quase afetada, mas a liberdade de movimento dentro do
fluxo de veículos é ligeiramente menor que no nível A. O nível de conforto ainda é
alto, porém menor que no nível de serviço A.
Nível de serviço C: Fluxo ainda estável, mas já no início da faixa de fluxos na qual
a operação de veículos individuais passa a ser afetada de forma significativa pelas
interações com outros veículos (Figura 15). A escolha da velocidade passa a ser
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos
Serventia
É a medida da habilidade do pavimento em servir o tráfego que utiliza a rodovia, ou seja,
está relacionada a qualidade da camada de rolamento do pavimento em si e não a
geometria da via ou suas características de uso. É estudada, dentro da Engenharia de
Transportes, pela gerencia de pavimentos.
A tendência mais recente tem sido a de se procurar quantificar, por meio de medidas e
ensaios adequados, uma escala arbitrária qualitativa baseada em ponderações de vários
tipos de usuários. Desta forma surgiu durante a realização do Ensaio AASHO (atualmente
AASHTO – American Association of State Highway and Transportation Officials) o conceito
de serventia.
O Índice de Serventia Atual (ISA) é baseado em uma escala qualitativa construída com a
opinião de vários usuários. A esta escala de opiniões foi associada uma escala numérica
de 0 a 5 (Figura 19), em que 0 indica um pavimento totalmente destruído ou inaceitável e
5 indica um pavimento perfeito. Definida a escala, foram desenvolvidos ensaios para a
medida de certas características associadas ao comportamento do pavimento e que
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos
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O diagrama Espaço-Tempo
Uma das ferramentas mais úteis para a análise de fluxos de veículos é o diagrama espaço-
tempo. O diagrama espaço-tempo é nada mais que um gráfico XY onde a posição de cada
veículo, ao longo de uma via, é plotada. O eixo das abscissas representa o tempo e o das
ordenadas, a distância, ou seja, a localização do veículo na via. Usualmente, num diagrama
espaço-tempo estão representadas as trajetórias de vários veículos, como mostra a Figura
20.
O diagrama espaço-tempo ilustrado na Figura 20, mostra as trajetórias de um conjunto de
trens operando num trecho de via. A separação vertical entre trajetórias num dado instante
(por exemplo, t1) mostra a distância entre trens sucessivos. A separação horizontal entre
trajetórias sucessivas num determinado ponto (por exemplo, dA) indica o intervalo de
tempo entre uma composição e outra. Para certas tecnologias de transporte, a distância e
tempos mínimos que separam veículos consecutivos são especificados ou incorporados no
sistema de sinalização e controle de veículos.
Distância (km)
1 2 3 4
Y Z
dB
dmin
tmin
Separação
5
Espacial
GAP
X
dA Separação
Temporal
HEADWAY
t1 t2 Tempo (min)
Figura 20 – Diagrama espaço-tempo para uma sequência de trens
Um diagrama espaço-tempo permite identificar a velocidade instantânea de cada veículo
em qualquer ponto da sua trajetória. Considere-se a velocidade instantânea do trem 3 no
dS ( X )
ponto X (ao passar pela estação A), que é a derivada da trajetória em X, v 3(X) = .
dt
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Se este trem continuasse a viajar nesta velocidade constante, ele chegaria à estação B no
tempo indicado por Y. Entretanto, pode-se ver que logo após passar pelo ponto X, o trem
3 reduz sua velocidade, indo passar pela estação B somente no ponto Z, levando para isto
(t2 – t1) minutos para viajar os (dB – dA) km que separam as duas estações.
O trem 4 passa pela estação A numa velocidade superior à do trem 3 e mantém esta
velocidade até que, para respeitar a distância de separação mínima entre trens (d min),
reduz sua velocidade e passa a viajar à mesma velocidade do trem 3. Isto faz com que a
separação temporal entre as duas composições também seja a mínima permitida, t min.
Headway e Gap
Pode-se usar o diagrama espaço-tempo da Figura 20 para definir dois parâmetros de
grande importância para a caracterização dos fluxos de veículos: o headway e o gap. O
headway é o intervalo de tempo que decorre entre a passagem de dois veículos sucessivo,
normalmente medido em função da passagem da roda dianteira ou do para-choque
dianteiro dos veículos por uma seção de controle. No diagrama espaço-tempo da Figura
20, o headway entre trens sucessivos é a distância horizontal que separa as suas
trajetórias. Note-se que o headway varia, conforme variam as velocidades dos trens.
O gap, ou espaçamento, é definido como a distância entre veículos sucessivos, medida de
um ponto de referência comum nos veículos, normalmente o para-choque traseiro. No
diagrama espaço-tempo da Figura 20, o espaçamento entre trens sucessivos é a distância
vertical que separa as suas trajetórias. Note-se que o espaçamento também varia ao longo
das trajetórias, em função da variação das velocidades dos trens.
Volume de Tráfego
O volume de tráfego numa certa via é definido como o número de veículos passando por
uma seção de controle durante um intervalo de tempo:
q
n
t
Equação 1 – Volume de tráfego
onde:
q = volume de tráfego;
t = intervalo de tempo.
n = número de veículos;
O volume é medido através de uma contagem, que pode ser automática ou manual. A
contagem pode se referir a uma única faixa de tráfego ou a todas as faixas de tráfego;
pode dizer respeito a um único sentido de tráfego ou aos dois sentidos de tráfego.
depende dos instantes em que a contagem se inicia e termina. Se a contagem fosse feita
no intervalo T' = t2 – t1, o volume seria q = 3/2,5 = 1,2 veic./min, ou 72 veic./h (sendo t2
– t1 = 2,5). Para evitar tais problemas, as contagens são sempre feitas durante intervalos
de tempo suficientemente longos.
A distribuição temporal do fluxo de veículos, ou seja, o tempo entre passagens de veículos
sucessivos pela seção de controle (headway) é também de interesse. A relação entre os
headways, hi, e a Equação 1 é tal que:
t hi
n
i 1
Equação 2 –Intervalo de tempo
Onde:
34
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t = intervalo de tempo;
n = número de veículos;
hi = i-ésimo headway.
Substituindo-se o valor de t da Equação 2 na Equação 1, tem-se que q
h
n , mas como
n
i 1
i
q
1
h
Equação 3 – Volume de tráfego (outra maneira)
Onde:
q = volume de tráfego;
h = headway médio.
A relação mostrada na Equação 2 só é válida se a contagem se iniciar quando o primeiro
carro passar e terminar quando o último carro passar. Por isto é que as contagens devem
ser compostas por um número muito grande de carros. Neste caso, a imprecisão trazida
pelos intervalos inicial e final não afeta significativamente o volume.
Velocidade Média
A velocidade média de uma corrente de tráfego pode ser definida de dois modos. O primeiro
é a chamada velocidade média no tempo, u t , que é calculada pela média aritmética das
velocidades de veículos individuais, medidas em um certo ponto da via:
�
̅̅̅� = ×∑ �
�=1
Equação 4 – Velocidade média no tempo
Onde:
u t = velocidade média no tempo [km/h];
n = número de veículos;
ui = velocidade instantânea do i-ésimo veículo [km/h].
Onde:
u = velocidade média no espaço [km/h];
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos
Exemplo
Os diagramas espaço-tempo são particularmente adequados para a determinação das
velocidades médias no tempo e no espaço. Considerando-se o diagrama espaço-tempo
da Figura 22, pode-se determinar os tempos que cada carro levou para viajar no trecho
de 1,5 km, como mostra a Tabela 6. A partir destes tempos, pode-se calcular a
velocidade de cada veículo, como também é mostrado na Tabela 6.
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Figura 22 – Diagrama espaço-tempo para um grupo de veículos numa rodovia (Setti, 1999)
Tabela 6 – Tempos que cada carro levou para viajar no trecho de 1,5 km
Veículo Tempo gasto Velocidade
3 2,6 min 34,62 km/h
4 2,5 min 36,00 km/h
5 2,4 min 37,50 km/h
6 2,2 min 40,91 km/h
passando por uma seção de controle. Ou seja, faremos uso aqui somente da Velocidade
Média no Espaço.
Concentração (Densidade)
O terceiro parâmetro que define um fluxo de tráfego é a concentração ou densidade2. A
concentração de uma corrente de tráfego, k, é definida como o número de veículos que
ocupam um trecho de via num determinado instante, ou seja:
�=
�
2
Estes dois termos são sinônimos no contexto da Engenharia de Tráfego, mas podem ter significados diferentes
em outros campos da Engenharia de Transportes. E são completamente diferentes na Química.
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Onde:
k = concentração [veic./km];
n = número de veículos;
L = comprimento do trecho [km];
Exemplo
A densidade do fluxo de tráfego representado no diagrama espaço-tempo da Figura 22
(exemplo anterior) será:
∑��=1 � , + , + , + ,
�= = = , ���/�
�×∆ , × ,
Relação Fundamental dos Fluxos de Tráfego Contínuos
Correntes de veículos trafegando por rodovias ou vias expressas com poucas interrupções
e são usualmente tratadas como fluxos contínuos de tráfego. Para a descrição do
comportamento de um fluxo contínuo de veículos, a relação básica entre volume,
velocidade (média no espaço) e densidade é dada por:
q uk
Equação 8 – Relação fundamental entre volume, velocidade e densidade
Onde:
q = volume de tráfego [veic/h];
u = velocidade média do fluxo de veículos no espaço [km/h];
k = densidade de tráfego (ou concentração) [veic./km].
Como será visto a seguir, a Equação 8 é o modelo geral usado para o desenvolvimento de
modelos específicos para o estudo de fluxos de veículos.
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uf
Velocidade
Concentração kj
Figura 23 – Modelo velocidade média versus concentração
modelo de Greenshields é dada por:
u u f 1
k
k
j
Equação 9 – Equação do modelo de Greenshields – velocidade X densidade
Onde:
u = velocidade média, no espaço, da corrente de tráfego [km/h];
uf = velocidade de fluxo livre [km/h];
k = concentração [veic./km];
kj = densidade de congestionamento [veic./km].
Como pode ser visto na Figura 23, para densidades de tráfego muito baixas, a
velocidade média do fluxo é u(k=0) = uf. Para concentrações próximas da densidade
de congestionamento, a velocidade do fluxo de tráfego tende a zero, u(k=kj) = 0.
k2
teremos:
q uf k
k j
Equação 10 – Equação do modelo de Greenshields – volume X densidade
Onde:
q = volume de tráfego [veic./h];
uf = velocidade de fluxo livre [km/h];
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos
k = concentração [veic./km];
kj = densidade de congestionamento [veic/km].
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A Figura 24 ilustra o aspecto geral da função expressa pela Equação 10. Um ponto
desta função é digno de nota: o ponto de fluxo máximo, qm, que representa o maior
volume de tráfego que pode ser suportado pela via. Este volume é chamado de
capacidade de fluxo de tráfego ou, mais comumente, capacidade da via. E podemos
dizer que neste ponto teremos o melhor uso da via, ou seja, teremos a melhor relação
geral entre as variáveis.
Associados ao fluxo máximo qm, existem ainda uma concentração, km, e uma velocidade
média no espaço, um. As equações que exprimem qm, km e um podem ser obtidas
2 k
derivando-se a Equação 10. Sabe-se que no ponto de fluxo máximo,
km j ,
k
2
Equação 11 – Concentração média
uf
Assim sendo, substituindo-se a Equação 11 na Equação 9, temos que:
um u f 1 j
2 k
k
j 2
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos
Ou seja, a velocidade média dos veículos numa via operando à capacidade máxima é
a metade da velocidade de fluxo livre.
Substituindo-se a Equação 11 e a Equação 12 na Equação 8 teremos o valor do fluxo
u f kj
máximo, ou capacidade, da via em questão:
qm um km
4
Equação 13 – Equação do fluxo máximo
A velocidade média do fluxo de tráfego pode ser determinada, para cada volume,
usando-se a relação fundamental (Equação 8) como mostra a Figura 24. Sabendo-se
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que u , então um m . Podemos notar também que a velocidade de fluxo livre, uf,
q q
k km
é aproximadamente a tangente à curva no ponto (0,0).
Observando-se o gráfico da Figura 24, podemos notar que para qualquer outro valor
do volume, que não seja o máximo, correspondem dois valores de concentração: um
menor que km e outro maior que km. Isto significa que uma certa via pode operar a um
volume de tráfego q1, menor que a capacidade em duas situações: uma onde o volume
passando pela seção de controle é pequeno devido ao baixo número de veículos, e
outra onde o volume passando pela via é baixo devido ao congestionamento existente.
No primeiro caso, a velocidade média da corrente de tráfego é alta (u’1 > um), pois os
motoristas têm liberdade para escolherem a velocidade de operação dos seus carros.
No segundo caso, a velocidade é baixa (u”1 < um), pois, estando a via congestionada,
os motoristas são obrigados a reduzir a velocidade.
de uma corrente de veículos, a Equação 9 é rearranjada de tal forma que:
k k j 1
u
u
f
Equação 14 – Rearranjo da Equação 9
Pela substituição da Equação 14 na Equação 8 obtemos a formulação do modelo:
q kj u
u2
uf
Equação 15 – Equação do modelo volume versus velocidade
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos
Esta função, assim como na relação anterior, será uma função parabólica como a
mostrada na Figura 25.
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qm
Volume
km kj
uf uf
Velocidade
um um
km kj qm
Concentração Volume
Figura 26 – Relação entre velocidade, volume e densidade
Exemplo
Supondo-se que um trecho de rodovia tem uma velocidade de fluxo livre de 100
km/h, densidade de congestionamento de 200 veic/km e que a relação velocidade-
densidade seja linear, pode-se calcular a capacidade da via, a densidade e a
velocidade correspondentes a este volume.
km km 100veic./ km
kj 200
2 2
O fluxo máximo (ou capacidade da via) pode ser determinado a partir da velocidade
100 200
de fluxo livre e da densidade de congestionamento, usando-se a Equação 13:
qm qm 5.000veic./ h
4
Finalmente, a velocidade média no espaço correspondente ao volume de tráfego
máximo é a metade da velocidade de fluxo livre, conforme mostra a Equação 12:
um um 50km / h
uf 100
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos
2 2
Volume de tráfego
O volume ou fluxo de uma corrente de tráfego rodoviário é o número de veículos que
passam por uma seção específica de via durante um certo período de tempo. O volume
de tráfego é uma variável importante para o projeto da via e dos sistemas de controle
de tráfego. Os seguintes termos são usados costumeiramente para se referir ao volume
de tráfego de uma via [Denatran, 1978]:
Volume anual: é o número de veículos que passam por um trecho de uma via
durante um ano. O volume anual é usado para análise de acidentes, estudos
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Velocidade
A velocidade média é a razão entre o espaço percorrido e o tempo gasto para percorrê-
lo e, geralmente, é expressa em [km/h]. Os seguintes termos são usados para se referir
à velocidade, em engenharia de tráfego [Denatran, 1978]:
Velocidade de projeto: é a maior velocidade com que um veículo pode percorrer
uma via em condições de segurança. É ela que determina o projeto geométrico da
via: raios de curvas horizontais e verticais, superelevações e distâncias de
visibilidade.
Velocidade de operação: é a mais alta velocidade com que um veículo pode
trafegar numa via sem exceder a velocidade de projeto.
Velocidade de percurso: é a velocidade observada em um determinado trecho da
via, e depende das condições da via, do trânsito, do veículo, do motorista, das
condições meteorológicas e da sinalização.
Velocidade instantânea: é a velocidade de um dado veículo num certo instante,
como por exemplo, a velocidade medida através de um radar.
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Exercícios
Exercício 1
Uma empresa de Engenharia de Tráfego precisa determinar a situação de uma determinada
via, via está com 13 km de extensão e velocidade máxima de 120 km/h. A empresa
observou o fluxo na via por 15 minutos e constatou a passagem de 14 veículos pela via,
cada um demorando um determinado tempo para percorrer a extensão total da via. O
pessoal de campo elaborou a Tabela 7 com as informações de contagem.
Desta forma, obtenha:
a) Volume
b) Densidade
c) Velocidade
d) Gráficos de relação
Tabela 7 – Contagem de veículos te tempos
Veículo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Tempo
8,0 7,5 6,9 14,2 12,4 11,8 9,1 8,5 9,0 12,1 13,7 9,8 11,3 12,0
(min)
Exercício 2
Uma concessionária ferroviária está analisando o fluxo de um determinado ramal para
determinar a situação do mesmo. No ramal a velocidade regulamentada é de 50 km/h e a
análise foi efetuada com o uso do sistema de controle da via, que gera um gráfico com a
posição dos veículos no tempo (diagrama espaço-tempo), este gráfico está expresso na
figura abaixo. A partir destes dados a empresa quer saber:
a) Volume;
b) Densidade;
c) Velocidade;
d) Densidade de Congestionamento;
e) Volume Máximo;
f) Gráficos de relação;
g) Situação atual da via.
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Exercício 3
Uma empresa de monitoramento viário está levantando dados de uma de suas vias. Neste
levantamento, feito em um período de 24,00 horas em um segmento de via de 18,00
quilômetros, a empresa obteve que o volume de veículos foi de 850,00 veículos por hora
a uma velocidade média de 69,15 quilômetros por hora. A empresa, com base em medições
anteriores, sabe que a via congestiona com 19,00 veículos pro quilômetros.
a) Quantos veículos passaram neste segmento durante a observação?
b) Qual a velocidade de fluxo livre da via?
c) Para qual velocidade está via deve ser regulamentada?
d) De que modo de transportes devemos estar falando?
Exercício 4
Uma medição, por 19,5 minutos, foi efetivada em um segmento de via, com velocidade
possível de 145 km/h, com 18.730 metros de extensão, nesta medição obtiveram-se os
dados contidos na tabela abaixo. Para estes dados obtenha:
a) Volume;
b) Densidade;
c) Velocidade;
d) Densidade de Congestionamento;
e) Volume Máximo;
f) Gráficos de relação;
g) Situação atual da via (explicada no gráfico).
Veículo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Temp (min) 8,0 7,5 6,9 14,2 12,4 11,8 9,1 8,5 9,0 12,1 13,7 9,8 11,3
Veículo 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Temp (min) 12,0 7,2 13,4 14,1 8,1 9,0 13,7 7,0 8,6 9,2 15,0 14,7 13,0
Capítulo: 3 – Fluxo de Veículos
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4
4 – Fluxo de Veículos em Interseções Rodoviárias
Introdução
As interseções são pontos críticos no sistema viário, pois possuem um grande potencial
para causar congestionamentos que vão afetar o desempenho global do sistema de forma
significativa. As interseções podem ser divididas em:
Não controladas;
Sinalizadas por placa de parada obrigatória e de preferencial;
Com rotatória;
Controladas por semáforos (samaforizadas).
Nas interseções semaforizadas, o direito de passagem é alternado para cada uma das vias
que se cruzam. Nas interseções controladas por sinal "PARE", o direito de passagem é da
via preferencial. Nas interseções não controladas, o capítulo que trata das normas gerais
de circulação e conduta no Código Brasileiro de Trânsito (art. 29, item III) define o direito
de passagem, como sendo a situação que:
“III – quando veículos, transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem de local
não sinalizado, terá preferência de passagem:
a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodovia, aquele que estiver
circulando por ela;
b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela;
c) nos demais casos, o que vier pela direita do condutor;”
A definição do tipo de controle mais adequado para cada interseção, ainda que de grande
importância, está além dos objetivos deste texto. O leitor interessado neste assunto pode
consultar manuais como TrafIic Engineéring Handbook do ITE [Pline, 1992] e o Manual de
Semáforos do DENATRAN [Denatran, 1979], ou livros de Engenharia de Tráfego, como
McShane e Roess [McShane e Roess, 1990], entre outros.
C s
g
c
Equação 16 – Capacidade de uma aproximação
Onde:
C= capacidade da aproximação semaforizada [veic./h];
s= fluxo de saturação [veic./h];
g= tempo de verde efetivo [s];
c= comprimento do ciclo [s].
O fluxo de saturação, s, de uma aproximação é o volume máximo que pode passar pela
interseção, a partir daquela aproximação, se o semáforo permanecesse continuamente
aberto para esses veículos e se a fila para entrar na interseção nunca terminasse. O
fluxo de saturação é o volume que corresponde ao headway mínimo observado entre
os veículos que partem da fila formada por um semáforo.
Aproximação 1
Aproximação 2
Figura 27 – Cruzamento de duas vias de mão única, controlado por semáforo
g G A p
efetivo é dado por:
Onde:
G = tempo durante o qual a luz verde está acesa [s];
A = tempo durante o qual a luz amarela está acesa [s];
p = tempo perdido no início do verde e no final do amarelo [s].
O período de tempo perdido em cada ciclo, p, é causado pela demora dos motoristas
reagirem à mudança da indicação semafórica e o tempo necessário para os veículos
que estão no cruzamento liberarem completamente a interseção [Denatran, 1979].
Estes tempos podem ser medidos in situ e sua soma é da ordem de 4 segundos.
O tempo de vermelho efetivo, r, é o tempo em que os carros não podem cruzar a
r cg
interseção e pode ser calculado por:
Ou seja, é a diferença entre o tempo de ciclo (c) e o tempo de verde efetivo (g).
A relação volume/capacidade é a razão entre o volume de uma aproximação V, e a sua
capacidade, C. Se a relação V/C ≥ 1, diz-se que a aproximação está saturada (o que
corresponde ao caso da fila onde ≥ 1). Neste caso, se o volume na aproximação se
mantiver, o comprimento da fila cresce continuamente. Na maior parte dos casos V/C
≥ 1 só ocorre esporadicamente, durante alguns minutos; a capacidade de uma
aproximação é sempre maior que o volume, na maior parte do tempo.
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t
t
as
s
rtid
Pa
g ada
Che
t0
r g
Tempo
Vermelho
Verde
Figura 28 – Representação gráfica de um modelo D /D /1 de um cruzamento semaforizado
c; a capacidade é g. A Figura 28 mostra que g > c para todos os ciclos, ou
Durante um ciclo de comprimento c, o número de veículos que chegam à interseção é
seja, não existe fila no início do ciclo, pois a fila se dissipa antes do final do verde
efetivo.
Tomando-se o início do ciclo como o instante em que se inicia o vermelho efetivo, nota-
se que não existe fila inicial, pois a curva de chegadas coincide com a curva de partidas.
estando fechado não impede que veículos cheguem à aproximação a uma taxa : a fila
na interseção) e a curva de partidas é uma linha horizontal de comprimento r. O sinal
tem r veículos ao final do vermelho efetivo. A fila atinge seu comprimento máximo,
Qmax r
Qmax, no instante em que o sinal muda do vermelho para o verde:
É fácil notar que neste instante também ocorre a maior espera no sistema, Wmax, que
Wmax r
é:
estão na fila do semáforo começam a se movimentar, partindo a uma taxa > . Como
No instante em que a indicação de fase muda de vermelho para verde, os veículos que
r
to r t o t o
partem mais veículos que chegam a fila irá se dissipar após certo período de tempo to:
Equação 21 – Período de tempo necessário para dissipar a fila
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Ao final de t0, a fila deixa de existir e a curva de chegadas volta a ser coincidente com
a curva de partidas, até o final do ciclo. A parcela do ciclo onde existe fila, Pq, pode
r t0
ser determinada por:
Pq
c
Equação 23 – Parcela de ciclo onde existe fila
Note que a curva de partidas nunca pode ficar à esquerda da curva de chegadas, pois
isto significaria que alguns carros partiriam do semáforo antes de terem chegado ao
cruzamento. As duas curvas são coincidentes após t0, o que significa que os veículos
que chegam ao cruzamento após t0 não são afetados pelo semáforo.
A espera total num ciclo (Wtotal) pode ser calculada pela área entre a curva de chegadas
r t0 r t0 r t0 t0
e a curva de partidas, como mostra a Figura 28:
Wtotal
r t0
2 2
Wtotal r t0 t0
r r2
r t0 Wtotal
2
2 1
Wtotal
2
Equação 24 – Espera total (primeiro passo)
Wtotal r 1
W
r2
A Equação 26 pode ser simplificada e reescrita como:
Wtotal
2 1
Equação 27 – Espera total
A espera média por veículo, por ciclo, ( W ) é o quociente entre a espera total e o
r2
número total de veículos que passam pela aproximação durante o ciclo, ou seja:
2 1 r2
W W W W
2 1 c 2 c 1
r2
c c
Wtotal 1
50
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r t0
PS
c
Equação 29 – Proporção de veículos que parar no cruzamento
A fila média pode ser determinada pelo quociente entre a espera total no ciclo e o
comprimento do ciclo:
q
Wtotal
c
Equação 30 – Fila média
Devemos notar que esta formulação só se aplica a ciclos onde a capacidade supera o
c
volume de tráfego da aproximação analisada, ou seja, onde o índice de
1.
g
congestionamento
Exemplo
Sendo um cruzamento equipado com semáforo de tempo fixo, com tempo de ciclo
é 80 seg. O verde para esta aproximação tem 25 seg; o tempo de amarelo é 3 seg
e o tempo perdido por ciclo é 4 seg. O fluxo de saturação desta aproximação é de
2.800 veic./h e o volume de tráfego observado é de 600 veic./h. Sendo assim,
pode-se determinar:
g G A p g 25 3 4 g 24seg
a) O tempo de verde efetivo.
r c g r 80 24 r 56seg
b) O tempo de vermelho efetivo.
c 13,33
g) Grau de congestionamento.
0, 71 1
g 18, 67
Como < 1, podemos utilizar as equações anteriormente vistas. Se isso não
ocorresse estas equações não seriam válidas (cruzamento estaria
congestionado).
0,167
h) A taxa de ocupação.
0, 215
0, 778
r 0, 215 56
i) O tempo necessário para a fila se dissipar.
to 15,33
1 1 0, 215
j) A proporção do ciclo onde existe fila.
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r t0 56 15,33
Pq 0,89 (89%)
c 80
Wmax r 56seg
l) O tempo máximo de espera.
Wtotal 333,57veic.seg
2 1 2 1 0, 215
n) A espera média por veículo.
W 24,97 seg
c 0,167 80
Wtotal 333,57
r t0 0,167 56 15,33
o) A proporção de veículos que param no cruzamento.
PS 0,89 (89%)
c 0,167 80
p) A fila média.
q 4,17veiculos
Wtotal 333,57
c 80
Análise de ciclos saturados em interseções semaforizadas isoladas
Como todo motorista já deve ter percebido, a ocorrência de ciclos saturados em
c
cruzamentos semaforizados não é um fenômeno incomum. Um ciclo saturado é aquele
1.
g
onde o volume de chegadas é maior que o volume de partidas, ou seja,
Como c > g , a fila não vai se dissipar totalmente ao final do ciclo, ficando uma
fila residual no início do ciclo seguinte. Na vida real, um ciclo saturado acontece toda
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24
1°cilco 2°cilco 3°cilco
16 C(t) t0
12
D(t)
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Vermelho Tempo (seg)
Verde
Figura 29 – Modelo D/D/1 para três ciclos saturados de um cruzamento controlado por semáforo de tempo fixo
i
Si
ésima aproximação é veic./ seg . A taxa de ocupação em cada aproximação
i
3.600
i
i
é .
A espera veicular total no sistema é a soma das esperas totais em cada aproximação
(Equação 27):
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Wtotal W1 W2 W3 W4
1 r12 r 2 r 2 r 2
Wtotal 2 2 3 3 4 4
2 1 1 2 1 2 2 1 3 2 1 4
Equação 31 – Espera total no sistema saturado isolado
Aproximação 4
Aproximação 3
Aproximação 1
Aproximação 2
Figura 30 – Esquema de um cruzamento controlado por semáforos de tempo fixo
Supondo-se que conversões à esquerda não sejam permitidas e que haja apenas duas
fases, uma para as aproximações 1 e 3 e outra para as aproximações 2 e 4, têm-se
que r1 = r3 e r2 = r4. A Equação 31 se transforma em:
1 r12 2 r2 2 3 r12 4 r2 2
2 1 1 2 1 2 2 1 3 2 1 4
Wtotal
Se o tempo de ciclo (c) for previamente definido, teremos que r2 = c – r1, já que existem
c r1 c r1
apenas duas fases. Substituindo-se este valor (r2), na Equação 32 teremos:
1 r12 3 r12
2 4
2 1 1 2 1 2 2 1 3 2 1 4
2 2
1 r12 2 c 2 c r1 r1 3 r12 4 c 2 c r1 r1
Wtotal
2 1 1 2 1 2 2 1 3 2 1 4
2 2 2 2
Após isso, criamos uma constante ki para podermos simplificar a Equação 33, desta
ki
2 1
forma teremos que , e substituindo-se esta constante na Equação 33,
Wtotal k1 k2 k3 k4 r12 2 k2 k4 r1 c k2 k4 c 2
Equação 34 – Substituição de k1 na equação de espera total
O valor de r1 que minimiza a espera veicular total pode ser calculado derivando-se a
Equação 34:
2 k1 k2 k3 k4 r1 2 k2 k4 c
dWtotal
dr1
Equação 35 – Derivação da equação de espera total para encontrar o valor de r1 que minimiza a espera
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0 , portanto:
dWtotal
O ponto de mínimo é aquele onde
0 2 k1 k2 k3 k4 r1 2 k2 k4 c
dr1
r1
k2 k4 c
k1 k2 k3 k4
Equação 36 – Ponto de mínimo (minimização da espera total)
A Equação 36 só vale para cruzamentos onde existem apenas duas fases, sem
conversões à esquerda, aos quais possa se aplicar o modelo D/D/1.
Exemplo
O cruzamento esquematizado na Figura 30 é controlado por um semáforo de tempo
fixo. Não são permitidas conversões a esquerda; as duas vias têm mão dupla de
direção e o semáforo tem duas fases. As aproximações 1 (volume = 720 veicjh) e
3 (volume = 828 veic/h) compartilham a mesma fase; as aproximações 2 (volume
= 432 veic/h) e 4 (volume = 252 veic/h) compartilham a outra fase. O tempo
perdido em cada ciclo pode ser suposto nulo e o fluxo de saturação em todas as
aproximações pode ser considerado de 1.800 veic/h.
Partindo-se do pressuposto que o ciclo deve ter 80 seg de duração, pode-se
determinar os tempos de verde e vermelho efetivos que devem ser alocados a cada
fase para que a espera veicular total na interseção seja mínima.
As taxas de chegada para cada aproximação são:
1 0, 20veic./ seg
720
3.600
2 0, 23veic./ seg
828
3.600
3 0,12veic./ seg
432
3.600
4 0, 07veic./ seg
252
0,5veic./ seg
1.800
3.600
O grau de congestionamento para cada aproximação pode ser então determinado:
1 0, 40
0, 20
0,50
2 0, 46
0, 23
0,50
3 0, 24
0,12
0,50
4 0,14
0, 07
0,50
A espera veicular total é a soma da espera total em cada aproximação:
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1 r12 r 2 r 2 r 2
Wtotal 2 2 3 3 4 4
2 1 1 2 1 2 2 1 3 2 1 4
0, 20 r12 0, 23 r2 2 0,12 r32 0, 07 r4 2
2 1 0, 4 2 1 0, 46 2 1 0, 24 2 1 0,14
Wtotal
0
dWtotal
dr1
0 0,9986 r1 19,136
r1
19,136
0,9986
r1 19,16seg
Portanto, r1 = 19 seg e r2 = 80 – 19 = 61 seg o que significa que a fase 1 do
semáforo deverá alocar 61 seg de verde efetivo e 19 seg de vermelho efetivo às
aproximações 1 e 3. A fase 2 deverá alocar 19 seg de verde efetivo e 61 seg de
vermelho efetivo às aproximações 2 e 4.
toff 3, 6
Di
V
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Onde:
toff = offset [seg];
Di = distância entre o primeiro semáforo e o semáforo em questão [m];
V = velocidade da corrente [km/h].
O diagrama espaço-tempo da Figura 31 serve para ilustrar o conceito de sistema
progressivo. O tempo de ciclo, c, é pré-determinado e igual para todas as interseções,
c = 60 seg e a via tem mão única de direção. Se a velocidade escolhida para a artéria
é 40 km/h, a defasagem do semáforo 2 em relação ao semáforo 1 é
toff 2 3, 6 12,15seg .
135
40
do semáforo 5 é toff 5 3, 6 .
40
Como c < toff5, a defasagem é toff5 = 76,95 – 60 = 16,95 seg, medidas a partir do início
do ciclo do semáforo 1.
Na verdade, a banda de progressão da Figura 31 não é a única que existe. Dados um
ciclo e conhecidos os offsets, toffi, as velocidades da corrente que permitem o
aparecimento de uma onda verde são dadas por:
Vj 3, 6
Di
toffi
onde:
Vj = velocidade da corrente de tráfego [km/h];
Di = distância entre o primeiro e o i-ésimo semáforos [m];
toff = offset entre o primeiro e o i-ésimo semáforos [seg].
O método pressupõe o uso de um ciclo igual em todas as interseções. O Manual de
Semáforos do Departamento Nacional de Trânsito [Denatran. 1979] sugere o uso do
ciclo da interseção mais crítica.
32,10seg
225 11,85seg
9
3,75seg Velocidade de
90 8 progressão do
Distância entre semáforos (m)
270
28,36seg
3
180
12,15seg
2
135
1
Figura 31 – Diagrama espaço-tempo para uma via de mão única [Denatran, 1979]
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Exercícios
Exercício 1
Considerando-se um cruzamento isolado com 4 aproximações (Figura 32) onde esta
instalado um semáforo com tempo de ciclo de 180 segundos, sendo para a aproximação
1:
tempo de verde = 155 segundos;
tempo de amarelo = 5 segundos;
tempo perdido no ciclo = 2 segundos.
Este cruzamento tem um fluxo de saturação de 30.000 veículos por hora (nesta
aproximação), calcular a situação do mesmo para um fluxo observado de 25.700 veículos
por hora.
Exercício 2
Ainda referente ao exercício acima, para a aproximação 2, calcular o congestionamento,
sendo que esta tem uma saturação de 5.000 veículos por hora e foram observadas
chegadas de 40, 43, 38, 32, 30 e 25 veículos por ciclo.
Exercício 4
Um determinado semáforo possui um tempo de ciclo de 90 segundos, sendo 40% para a
luz verde, 45% para a luz vermelha e o restante para a luz amarela. Nesta aproximação,
o tempo perdido é estimado em 3 segundos. O fluxo observado na aproximação é de 1.700
veículos por hora e a mesma comporta até 3.000 veículos por hora. Assim sendo, faça a
verificação desta aproximação no cruzamento semaforizado.
Exercício 5
Uma via possui 15 cruzamentos semaforizados, a distância entre eles é de 87, 102, 254,
158, 82, 35, 90, 210, 200, 180, 100, 180, 290, 120 e 42 metros, nesta ordem. Assim
sendo, determina o funcionamento de uma onda verde nesta via para um ciclo semafórico
de 85 segundos.
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Exercício 6
A Engenharia de Tráfego de determinada cidade pretende inserir o conceito de onde verde
em uma de suas principais avenidas, a Figura 33 mostra o croqui da referida via. Segundo
estudos básicos definiu-se um tempo de ciclo de 95 segundos para os semáforos sendo
que o vermelho compreende 60% do ciclo semafórico, e pretende-se definir a via para uma
velocidade de 60 km/h. Desta forma, deve-se calcular os offsets e desenhar o diagrama
espaço tempo para a via.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Exercício 7
Um cruzamento, formado por 4 aproximações, possui chegadas, em cada aproximação, na
ordem, de 350, 600, 450 e 500 veículos por hora. Com a operação semafórica, com ciclo
de 120 segundos, verificou-se que o tempo perdido no início do ciclo é de 2 segundo para
as aproximações 1-3 e de 3 segundos para as aproximações 2-4. Neste cruzamento a
saturação é de 800 veículos por hora. Determinar o tempo de luz ótima para as 4
aproximações.
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