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O Punk No Brasil-Mariane Velozo Silva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

INSTITUTO DE ARTES E DESIGN

MODA E SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

MARIANE VELOZO SILVA

ATIVIDADE 3

O PUNK NO BRASIL

JUIZ DE FORA

2021
INTRODUÇÃO

De acordo com a definição do dicionário, o punk trata-se de um “movimento contestador


reunindo jovens que exibem vários signos exteriores (cortes de cabelos, roupas) de
provocação e escarninho com relação à ordem social vigente.”

Da mesma forma em que contestava a ordem e os costumes em Nova York e no Reino Unido,
o movimento punk surge no Brasil como um afronte direto a Ditadura Militar vigente no país,
que teve seu início com o golpe de 1964. De início, no período final dos anos 70 e início dos
anos 80, São Paulo era considerada o lar dessa subcultura no país. No entanto, aos poucos o
punk conseguiu se expandir para outras regiões e teve o seu ápice no ano de 1982 através do
festival “O Começo do Fim do Mundo”, que reuniu simpatizantes do movimento de todo o
Brasil. As péssimas condições de trabalho, o desemprego, a censura e a repressão eram pautas
presentes nas letras de músicas, em cartazes de protestos e nas falas dos punks brasileiros.

Figura 1

Disponível em: https://tribunademinas.com.br/wp-content/uploads/2018/05/Charles-


apontando-o-dedo-do-meio.jpg)
COMPOSIÇÃO

Ainda no início da popularização do punk no Brasil, a despolitização e a falta de compreensão


do movimento colaboraram para um cenário de rivalidade entre gangues autodeclaradas punk.
Essas gangues se enfrentavam se espalhavam pelas cidades e vez ou outra se enfrentavam por
rivalidades triviais, as vezes apenas por um sentimento de bairrismo. No entanto,
posteriormente, os jovens punks passaram a ter uma ampla compreensão política e social da
situação do país e deixaram de ser apenas gangues violentas para tornarem-se rebeldes com
causa.

No Brasil, entre os adeptos ao movimento punk estavam principalmente jovens, universitários


e trabalhadores mal remunerado, geralmente moradores da periferia. Em uma reportagem feita
pela Uol, Clemente Nascimento, baixista da banda
Figura 2
punk Restos de Nada, disse:

“O punk, como movimento, veio das


periferias de São Paulo. Uma molecada de
13, 14, 15 anos, (...). A gente, quando
tinha emprego, era de office boy. Todo
mundo curtia rock, mas estava de saco
cheio do rock vigente, que era muito
chato. O progressivo tinha desconectado o
rock de suas raízes de rebeldia, das
músicas de dois minutos para agitar, de
falar o que o jovem das ruas sentiam.”
(NASCIMENTO, Clemente. 35 anos de
fúria. Uol, dezembro de 2017.)
Disponível em:
https://tribunademinas.com.br/wp-content/upl
oads/2018/05/0101.jpg

Além disso, o punk também sempre teve uma forte ligação com ideais anarquistas, socialistas
e anticapitalistas. O movimento também servia como uma resposta aos hippies e ao rock
progressivo, que pregavam uma passividade maior frente aos problemas reais da sociedade.
VESTIMENTAS E IDENTIDADE

O estilo punk de se vestir teve inspiração em diversas fontes diferentes, como por exemplo
bandas de rock dos anos 50 e bandas inglesas que ganharam destaque na cena underground. O
tradicional moicano foi uma inspiração nos índios norte-americanos e popularizou-se no final
dos anos 70. Além disso, por ser um movimento extremamente ideológico e politizado, o
punk tinha como objetivo transparecer sua indignação e rebeldia através de adereços, roupas,
penteados.

Outra cultura forte dentro do movimento era o que hoje popularizou-se como Do It Yourself
(DIY) que em português significa: Faça Você Mesmo. Dessa forma, era comum os próprios
punks personalizarem à mão suas roupas, pôsteres e flyers. Junto a isso, o movimento punk
trabalhava com a elaboração de revistas críticas conhecidas como Fanzines (Revistas de Fãs)
no qual era bastante comum o uso da técnica de recorte e colagem para denunciar alguma
situação específica. Durante a Ditadura Militar essas revistas eram utilizadas para criticar o
regime e apontar os crimes de censura e repressão.

Figura 3

Disponível em:
https://s2.glbimg.com/6n8jFUlKS78lBBjVDM74uaRnkL4=/512x320/smart/e.glbimg.
com/og/ed/f/original/2016/10/22/11.jpg
O PUNK NA MÚSICA

Figura 4

Durante ainda o período da Ditadura Militar, as bandas Restos de Nada e AI 5 introduziam o


punk brasileiro ao mundo da música
através de letras agressivas e que
externavam toda raiva em relação ao
cruel regime. Restos de Nada é
considerada a primeira banda de punk
rock do Brasil, foi formada em 1978
em São Paulo e era composta por Ariel
Uliana, Clemente Nascimento, Charles
e Douglas Viscaino. Já a banda AI 5,
cujo o nome faz uma alusão ao Ato
Institucional de nº 5 que foi
responsável pela censura e repressão,
Disponível em:
https://www.theaudiodb.com/images/media/artist/thumb/qxuwt também surgiu durante o mesmo
x1545058378.jpg
período e era formada pelos jovens
Sid, Ratto, Fausto e Luiz. Outras bandas como Aborto Elétrico (que anos depois se
desdobraria no famoso grupo Legião Urbana) e Plebe Rude também foram essenciais para a
disseminação da cultura punk no país.

Em 1992 acontece o festival Começo do Fim do mundo no qual diversas bandas de punk rock
ganharam uma certa notoriedade, como por exemplo o famoso grupo Ratos de Porão, Cólera e
Inocentes. Além disso, o festival foi extremamente importante para o movimento punk
brasileiro pois a partir dele, diversos outros festivais e shows menores foram sendo
organizados pelas diversas bandas existentes no país.

Uma curiosidade é que a prática do moshing, no qual o público presente no show forma uma
roda onde as pessoas se empurram umas nas outras, teve origem dentro do movimento punk.
Figura 5

Disponível em: https://www.monophono.com.br/wp-content/uploads/2020/07/CFM-2.jpg


REFERÊNCIAS

ZUCCOLOTTO, Pedro. O Punk no Brasil e sua relação com a Ditadura Militar. Medium, 13
de nov. de 2017. Disponível em < https://pedrozuccolotto.medium.com/o-punk-no-brasil-e-
sua-rela%C3%A7%C3%A3o-com-a-ditadura-militar-db179cf0b3fe>. Acesso em: 08 de set.
de 2021.

BIACHIN, Victor. O que foi o movimento punk?. SUPER Interessante, 04 de jul. de 2018.
Disponível em: < https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-o-movimento-punk/>.
Acesso em: 08 de set. de 2021.

RODRIGUES, Leonardo. 35 anos de fúria. UOL, São Paulo, 06 de dez de 2017. Disponível
em: <https://www.uol/entretenimento/especiais/punk-brasileiro.htm#35-anos-de-furia>.
Acesso em: 08 de set. de 2021.

CÉSAR, Rafael. Punk e Repressão: O movimento Punk no Brasil e sua repressão pelo Estado.
Whiplash, 02 de jul. de 2017. Disponível em:
<https://whiplash.net/materias/biografias/265499.html>. Acesso em: 07 de set. de 2021.

SALLUM, Erika. O movimento PUNK no Brasil. Folha de São Paulo, São Paulo, 28 de nov.
de 1996. Disponível em: <
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/11/28/caderno_especial/3.html

>. Acesso em: 07 de set. de 2021.

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