Tese Final Simone José Aparecida Da Silva Santos
Tese Final Simone José Aparecida Da Silva Santos
Tese Final Simone José Aparecida Da Silva Santos
CURITIBA
2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER
DOUTORADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS
CURITIBA
2023
SIMONE JOSÉ APARECIDA DA SILVA SANTOS
CURITIBA
2023
S237a Santos, Simone José Aparecida da Silva
A aprendizagem da matemática por meio da produção
de histórias em quadrinhos / Simone José Aparecida da
Silva Santos. – Curitiba, 2023.
236 f. : il. (algumas color.)
CDD 371.334
Louvado seja Deus por este trabalho. Agradeço a Ele por permitir que pessoas
de muita luz caminhassem comigo neste percurso formativo, compartilhando
seus saberes e suas vivências.
Ao meu orientador Prof. Dr. Rodrigo Otávio dos Santos, que sempre esteve
disponível para me atender e disposto a me ajudar, obrigada pela atenção,
paciência e por permitir que caminhasse com liberdade na produção desta
pesquisa.
This thesis highlights the importance of teaching mathematics from problem situations
and is based on the following hypothesis: The use of comics in mathematics classes can
contribute to teaching and learning taking place from the students' social context. Its
main objective is: To show, through a book organized on Wattpad, that the comics
produced by students from the social context can contribute to the learning of
mathematics. And as specific objectives: To research the importance of learning theories
in teaching practice, with emphasis on those that address the student's interaction with
the environment in which he is inserted; Dialogue about the use of comics in
mathematics teaching, contemplating the problematization of issues present in the
students' social context; Check what Brazilian scientific research says about teaching
Mathematics through comics; Check which digital resources can be used to produce
comics in the classroom. The thesis, in addition to the descriptive memorial and the
introduction, is structured in seven chapters. In the first one, we dealt with the importance
of learning theories in teaching practice, with emphasis on those that address the
student's interaction with the environment. To do so, we dialogued with some authors
who deal with learning theories, teaching theories and education theories in the action
of teaching. In the second, we point out the need for the schools' pedagogical proposals
to be articulated to their reality, thus providing opportunities for the school community to
get to know their territories better. In the third, we show a state of knowledge about
teaching mathematics through comics. In the fourth we present reflections about the
insertion of comics in pedagogical practices. In the fifth we describe the production of
comics using digital resources. In the sixth, we show the analysis of the collected data.
Next, we present the product of this thesis and, finally, the final considerations. We
understand that the production of comics gave students the opportunity to mobilize many
operational schemes of cognition. Therefore, there were many contributions from comics
to learning, both by students and by the researcher. Through comics we can teach and
learn to read, write and tell many stories. In addition to learning about objects of
knowledge related to teaching mathematics, we hope that the production of these comics
has contributed to making learning mathematics more enjoyable, enabling students to
verify the different uses of mathematical knowledge in the most varied contexts . Finally,
we defend the following thesis: the production of comics based on problem situations
highlighted by students enhances the learning of mathematics. As it is a professional
doctorate, it is necessary to present a product, and the final product is the book “COMICS
IN MATHEMATICS”. It contains the comics produced by the students and is available at
the following electronic address: www.wattpad.com/myworks/317841437-quadrinhos-
na-matem%C3%A1tica.
MEMORIAL DESCRITIVO
Mesmo não tendo formação inicial para professora, eu já participava dos cursos
de formação continuada que eram oferecidos, tanto pela rede estadual quanto
pela rede municipal de educação. Ainda no ano 1990, a Secretaria Municipal
locou um ônibus e fomos para Sinop/MT, distante aproximadamente 400 km,
dormíamos em colchões no chão, nas salas das escolas.
No ano de 1992, minha professora de matemática do Ensino Médio da
Escola Estadual João Paulo I, Verinha, que também atuava na coordenação
dessa escola devido à falta de professores, me convidou para lecionar
matemática nas 5ª e 6ª séries. Muitos professores foram marcantes, pois além
de serem meus professores do Ensino Médio, eram parceiros de sala de aula.
As professoras Délia Carlesso e Yayoe Taka issaka me ajudavam quando eu
tinha dúvidas no conteúdo que iria ensinar. Recordo-me da dificuldade que tinha
em ensinar regra de três composta e a querida professora “Yá” me ajudou a
compreender o processo de resolução, quando havia mais de duas grandezas
envolvidas na situação problema. Com estas professoras entendi que é
fundamental continuar aprendendo. Na profissão docente a ação de ensinar
requer compromisso com a aprendizagem contínua. Acredito que é essencial a
formação continuada, pois somos agentes da construção do nosso próprio
conhecimento.
Nos primeiros anos da minha profissão, completava a carga horária com
outras disciplinas além da matemática, algumas vezes com história, outras vezes
com geografia ou então arte, ensino religioso, ciências e uma vez com português.
Em relação a formação inicial e a formação continuada, Tardif (2010) as
concebe de forma articulada: a primeira corresponde ao período de aprendizado
nas instituições formadoras e a segunda se refere à aprendizagem no exercício
da profissão. Ele descreve que na formação profissional podem ser percebidas
pelo menos quatro fases:
motivar o estudante para que ele descubra o que a Matemática tem a ver com
isso (MATO GROSSO, 2023).
Deste modo, se faz necessário que eu continue estudando, para que eu
seja uma professora de matemática que contribua cada vez mais com as
aprendizagens dos estudantes.
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INTRODUÇÃO
Se ensinar é fazer aprender alguma coisa a alguém, por sua vez, o que é
a aprendizagem? Koll (2010), nos diz que a aprendizagem é um fenômeno do
dia-a-dia e não se aplica apenas às situações de sala de aula. Segundo a autora,
“aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações,
habilidades, atitudes, valores, etc. e a partir de seu contato direto com a
realidade, com o meio ambiente e com as outras pessoas” (p. 59).
Para nos ajudar a pensar um pouco mais sobre estas questões, traremos
para o diálogo alguns teóricos, iniciando com Paulo Freire, um importante
professor brasileiro, que escreveu com muito afinco sobre a proposta de trabalho
partir do estudo da realidade dos estudantes.
A epistemologia de Bachelard
Jean William Fritz Piaget, mais conhecido como Jean Piaget, nasceu na
cidade de Neuchâtel, na Suíça, no dia 9 de agosto de 1896. Faleceu em
Genebra, no dia 16 de setembro de 1980. Estudou biologia, na Suíça, e depois
se dedicou à área de Psicologia, Epistemologia e Educação. Atuou como
professor de psicologia na Universidade de Genebra, de 1929 a 1954. Em Paris,
numa escola do ensino fundamental, pesquisou o comportamento cognitivo das
crianças, verificando as regularidades nas respostas daquelas de mesma faixa
etária (RINALDI; SANTOS, 2011).
Piaget foi precursor da Epistemologia Genética1, teoria que defende que
o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento ao longo da vida. Seu
objetivo central foi o estudar a gênese dos processos mentais, ou seja, como
esses processos são construídos ao longo da vida do indivíduo. Para ele, o
conhecimento resulta de interações produzidas entre o sujeito e o objeto e a
troca entre sujeito e objeto se dá a partir da ação do sujeito. Sendo assim,
1
Para Moreira (1999, p. 101) a teoria de Piaget não é uma teoria de aprendizagem, mas uma teoria de
desenvolvimento mental. Segundo este autor, Piaget não enfatiza o conceito de aprendizagem, talvez por
não concordar com a definição usual de “modificação do comportamento resultante da experiência”. Para
Piaget, na assimilação o organismo se impõe ao meio, por isso prefere falar em “aumento de
conhecimento” e só há aumento de conhecimento quando o esquema de assimilação sofre acomodação.
39
O interacionismo de Vygotsky
é uma das condições para que a aprendizagem seja significativa, como veremos
na teoria ausubeliana.
Quem sabe alguns estudantes ainda não aprenderam o que era esperado
que aprendessem nesta etapa da vida, porque não despertamos neles, o
entusiasmo mencionado por Dewey:
tanto, precisamos “entender onde a gente mora, que relações predominam ali,
que tipo de vida impõe, para saber até que ponto queremos seguir trilhas prontas
ou inventar as nossas”, como recomenda Mosé (2014). E viver implica em
estabelecermos “metas, abrir trilhas, produzir contornos, conceitos; viver é criar
valores”. Portanto, o aprender deve estar vinculado ao criar. “Aprender criando
é a regra, porque do contrário não é aprendizado, é treinamento; não há troca,
há imposição” (p. 83). Concordamos com a autora quando afirma que a escola
deve ser cada vez mais um espaço aberto vinculada à cultura, espaço de
conexão, de ligação e inclusão:
desta forma encontramos 1065 trabalhos publicados. Por sua vez, utilizando os
descritores: “Histórias em quadrinhos” AND “Matemática”, o resultado foi de 83
trabalhos, dos quais todos são dissertações. Para refinar o resultado
selecionamos os trabalhos publicados a partir de 2016 e encontramos 51
pesquisas.
Da mesma maneira verificamos quais relacionavam, no título ou no
resumo, os dois descritores destacados. Por sua vez, na BDT da Capes 05
trabalhos foram selecionados e estão indicados no Quadro 2 (foram excluídas
as que já se encontram no Quadro 1).
Algumas pesquisas não foram relevantes para este estudo, pois não
tratavam sobre o ensino da Matemática em seu contexto, ou seja, abordavam
sobre o ensino das Ciências da Natureza (Química, Física e Biologia), sendo
assim, não fazem parte do extrato desta pesquisa.
Também foram excluídas desta análise as pesquisas que não possuíam
divulgação autorizada, no caso a dissertação intitulada “Média Aritmética: O uso
das histórias em quadrinhos no ensino da matemática” publicada por Queiroz,
em 2019 e “Interdisciplinaridade, modelagem matemática, tecnologias e escrita
no ensino e aprendizagem de função do 1º grau”, publicada por Amorim, em
2016.
maioria das vezes são utilizadas com a finalidade de contribuir para melhorar a
leitura e escrita de textos que se utilizam de elementos verbais e não-verbais.
Também evidenciam que por meio das HQs os processos de ensino e
aprendizagem da Matemática podem se dar de maneira divertida e atrativa para
os estudantes. Outro aspecto considerado pelos pesquisadores são as
possibilidades de atividades interdisciplinares, ou seja, com as HQs podemos
dialogar sobre variados temas, sendo assim, são aplicáveis em todas as áreas
do conhecimento.
68
3
https://abpeducom.org.br/educom/conceito/
69
4
Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/521244.
70
O autor explana que a partir daí, ficou mais fácil para as histórias em
quadrinhos serem encaradas em sua especificidade narrativa e analisadas sob
uma ótica própria e mais positiva, favorecendo a aproximação das histórias em
quadrinhos das práticas pedagógicas.
Gonçalo Junior (2004) comenta que Adolfo Aizen, depois que a Ebal
estava bem encaminhada, decidiu se aproximar dos críticos dos quadrinhos para
lhes mostrar o quanto havia de ideias preconcebidas, pelo menos em relação
aos quadrinhos que ele editava.
Uma leitura crítica possibilitou a Eco (1984, p. 176) realizar uma análise
descritiva sobre as "estruturas" do quadrinho. “Mas insistir nessa ordem de
considerações impediria identificar o valor de tais estruturas em relação a um
contexto cultural mais amplo”. Segundo o autor, uma definição das estruturas,
“não pode ser mais que uma operação introdutória a outros níveis de
investigação”.
Eco (1984) ao examinar uma vasta produção sobre os elementos de
iconografia, comenta que na história em quadrinhos, estes elementos se
realizam com o recurso constante a uma simbologia figurativa elementar,
imediatamente compreendida pelo leitor. Cita vários processos de visualização
da metáfora ou da similitude, como exemplo: ver estrelas, ter o coração em festa,
sentir a cabeça rodar, roncar como uma serra, dentre outras tantas expressões.
A mesma categoria, pertencem as gotinhas de saliva que exprimem
concupiscência, a lampadazinha acesa que significa "tive uma ideia", etc. Mas,
esses elementos iconográficos compõem-se numa trama de convenções e se
constituem num verdadeiro repertório simbólico da história em quadrinhos “que
nos permite falar de uma semântica dos quadrinhos” (ECO, 1984, p. 143).
Para Eco (1984, p. 171) os elementos semânticos dos quadrinhos são
formados por uma gramática de enquadramento. Descreve que desde desenhos
animados banais, praticamente bidimensionais, a certas construções
78
5
Fumetto é o nome pelo qual são conhecidos na Itália, as histórias em quadrinhos, em referência
ao aspecto dos balões usados para exibir os diálogos, que se parecem com fumaça saindo da
boca dos personagens (https://pt.wikipedia.org/wiki/Fumetto).
79
problemas e facilitar a execução de tarefas pelos usuários. Por sua vez, uma
plataforma digital é um ambiente on-line com variadas funcionalidades e que
conecta diversos usuários, promovendo interações de valor e pode ser usada
tanto no celular quanto no computador. Aplicativos e plataformas são produtos
digitais que tem como base softwares. Um software é uma sequência de códigos
que são escritos para serem recebidos e decifrados por computadores e seus
componentes, a fim de executar tarefas.
Algumas plataformas disponibilizam em seus ambientes virtuais suporte
para criação de Histórias em Quadrinhos. Elas contêm ferramentas com funções
específicas que auxiliam na elaboração dos quadrinhos, dentre elas:
personagens, objetos, cenários diversificados e balões. Para conhecer melhor
os recursos digitais para produção de Histórias em Quadrinhos, é fundamental
manuseá-los, explorar suas potencialidades e suas limitações. Deste modo,
fizemos alguns apontamentos acerca de algumas plataformas e alguns
aplicativos que permitem a criação de HQ.
Pixton
Storyboard That
Gacha club
O aplicativo Gacha Club é um jogo de RPG onde o usuário cria sua própria
história usando personagens de anime6. O app apresenta a versão Demo e a
completa. A versão Demo contém vários recursos de personalização e estúdio.
Nela podemos criar nossos próprios personagens e vesti-los, escolhendo a
roupa ideal, entre milhares de vestidos, camisas e penteados disponíveis.
Depois podemos criar a cena desejada, com plano de fundo e objetos a escolha.
Podem ser personalizados 10 personagens principais e 90 personagens extras
e escolher entre 600 poses diferentes. Também podemos mudar as cores,
ajustar o cabelo, olhos e itens para se adequar aos personagens. Escolher e
personalizar objetos de animais. Definir perfis personalizados para todos os seus
personagens. Importar e exportar os personagens de seus amigos (GACHA,
2022).
6
Anime é um tipo de desenho animado japonês com estética própria.
89
Witty Comics!
Jamboard
Canva
91
antiquada: “feita de couro curtido com uma costura bem grosseira. Na hora de
cabecear a bola, eis o maior problema, os cordões machucavam a testa dos
jogadores”. Além de discutir acerca dos tipos de materiais utilizados na
confecção da bola de futebol, também podemos observar como ela é feita. São
32 gomos, sendo composta de 20 hexágonos (polígono de 6 lados) e 12
pentágonos (polígono de 5 lados), porque são figuras que têm melhor forma de
encaixe. Estes dois polígonos são regulares. Um polígono regular é uma figura
plana fechada com lados iguais.
Lua como parte da missão Apollo 11 e assim descobriram que era habitável e
antes do nosso antigo lar Terra ser destruído, mudamos para cá”.
Quando a personagem afirma: “As crateras são um importante processo
geológico. Elas são formadas quando asteroides e cometas colidem com a
superfície lunar. Estima-se que existem 300.000 crateras com mais de 1km de
diâmetro, no lado que pode ser visto da Terra”, percebemos que o objeto do
conhecimento diâmetro novamente se fez presente. Na Geometria, diâmetro é
qualquer segmento de reta que toca uma circunferência em dois pontos e passa
pelo seu centro. É o maior segmento de reta possível que pode ser traçado numa
circunferência. Ele corresponde ao dobro do raio, que é a medida de um
segmento de reta do centro da circunferência a uma extremidade.
Figura 28 - HQ “A invasão!”
130
131
Figura 29 - HQ “A lua”
133
áreas do conhecimento e fortalecimento das relações entre áreas, ela não exclui
as disciplinas com suas especificidades próprias, construídas e sistematizadas
ao longo dos anos.
A autora acima citada mora com a avó desde os dois anos de idade.
Reside no bairro Cidade Bela, aproximadamente 2 km da escola. Segundo ela:
“quando a bicicleta estraga e não tem dinheiro para arrumar, daí vou a pé”. A
estudante tem a pele escura e cabelo cacheados/afro. Usa tranças rastafari
feitas por ela mesmo. Suas características físicas são enaltecidas em sua HQ.
Outro exemplo onde as características físicas do estudante se
assemelham as do personagem está representado na HQ “Como são feitas as
paredes de alvenaria?”. Em sua história em quadrinhos o autor retrata um fato
vivenciado por ele quando morava em uma chácara e foi ajudante de um pedreiro
chamado Jadirson. Foi este fato que inspirou a construção da sua história em
quadrinhos (Figura 34).
Figura 41 - HQ “Fertilizantes”
os testes, num raio de 315 km” significa dizer que o alcance será de 630 km, pois
o raio é a metade do diâmetro de uma circunferência. O raio também pode ser
definido também como a distância do centro a um ponto qualquer da
circunferência. Outro elemento em destaque é a densidade, ou seja, a razão
entre a massa de um corpo e seu volume (Figura 46).
Concordamos com Rosa Neto (1998, p. 31) quando afirma: “Cada pessoa
constrói seus conceitos e esquemas de ação de acordo com suas interações, a
partir de suas necessidades e possibilidade”. Sendo assim, se faz necessário
proporcionar situações didáticas que oportunizem os estudantes serem
“desafiados em relação à resolução de situações-problema; às investigações
críticas; e à elaboração de estratégias que visam o aprender a aprender, ou seja,
aprender continuamente e produzir conhecimentos” (TEIXEIRA, 2014, p. 23).
invés da história inteira, haja vista a resolução da imagem ficar melhor nesta
disposição (Figura 56).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O principal objetivo desta tese foi mostrar, por meio de um livro organizado
no Wattpad, que as histórias em quadrinhos produzidas pelos estudantes a partir
do contexto social podem contribuir com a aprendizagem da matemática. Além
disso, pesquisamos sobre teorias de aprendizagem na prática docente, com
ênfase nas que abordam sobre a interação do estudante com o meio no qual
está inserido. Vale destacar que é por meio de nossa permanente ação
transformadora da realidade, que criamos histórias e nos fazemos seres
históricos sociais, conforme assinala Freire (2020).
Segundo Dewey (1979) a história da cultura nos ensina que os
conhecimentos científicos e as capacidades técnicas da humanidade se
desenvolveram a partir dos problemas fundamentais da vida. Para Bachelard
(1996) todo conhecimento é resposta a uma pergunta e se não há pergunta, não
pode haver conhecimento científico. Sendo assim, durante as aulas de
matemática, foi contemplado a problematização de questões presentes no
contexto social dos estudantes. Neste sentido, se fez necessário considerar,
problematizar e refletir acerca das ideias que os estudantes traziam consigo e
contribuir para melhorá-las.
A produção de histórias em quadrinhos possibilitou aos estudantes
observarem situações problemas e as descreverem. Eles dialogaram com
amigos, professores e familiares sobre os problemas evidenciados, pesquisaram
e leram a respeito da temática, compararam, identificaram, diferenciaram,
classificaram, fizeram operações numéricas e estimativas, localizaram-se no
tempo e no espaço, sintetizaram, conceituaram, interpretaram, fizeram escolhas
de personagens e cenários e justificaram essas escolhas, além disso,
sistematizaram o que aprenderam.
Concordamos com Smole (2001, p. 31) quando afirma que escrever pode
ajudar os estudantes a aprimorarem percepções, conhecimentos e reflexões
pessoais. Segundo a autora, ao produzir textos em matemática, o estudante
“tem oportunidades de usar habilidades de ler, ouvir, observar, questionar,
interpretar e avaliar seus próprios caminhos, as ações que realizou, no que
poderia ser melhor”. Ao produzir uma história em quadrinhos pode refletir sobre
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o próprio pensamento e ter maior consciência sobre aquilo que realizou, deste
modo, suas aprendizagens foram potencializadas.
Ao verificar o que dizem as pesquisas científicas brasileiras sobre o ensino
da Matemática por meio de História em Quadrinhos, constamos que as HQs são
um recurso didático com grande potencial para ser usado em sala de aula. No
entanto, na maioria das vezes são utilizadas com a finalidade de contribuir para
melhorar a leitura e escrita de textos que se utilizam de elementos verbais e não-
verbais. As pesquisas também evidenciaram que por meio das HQs os
processos de ensino e aprendizagem da Matemática podem se dar de maneira
divertida e atrativa para os estudantes. Outro aspecto considerado pelos
pesquisadores são as possibilidades de atividades interdisciplinares, ou seja,
com as HQs podemos dialogar sobre variados temas, sendo assim, são
aplicáveis em todas as áreas do conhecimento.
Além do mais, conferimos quais recursos digitais podem ser utilizados
para produção de histórias em quadrinhos em sala de aula, dentre os analisados
verificamos que a plataforma Pixton é uma boa possibilidade de escolha para os
estudantes produzirem suas histórias em quadrinhos. E a plataforma Wattpad
como uma forma de divulgação das HQs produzidas.
Entendemos que a produção das histórias em quadrinhos, oportunizou
aos estudantes mobilizarem muitos esquemas operativos de cognição. Portanto,
foram muitas as contribuições das HQs para as aprendizagens, tanto dos
estudantes quanto da pesquisadora. Por meio das HQs podemos ensinar e
aprender a ler, escrever e contar muitas histórias.
Além de aprender sobre os objetos do conhecimento relacionados ao
ensino da matemática, esperamos que a produção destas histórias em
quadrinhos tenha contribuído para que a aprendizagem da matemática
acontecesse de forma mais prazerosa, possibilitando aos estudantes verificarem
as diferentes utilidades dos saberes matemáticos nos mais variados contextos.
Finalizando este doutorado profissional apresentamos as histórias
produzidas pelos estudantes da Escola Estadual Manoel Bandeira localizada no
município de Alta Floresta, extremo norte de Mato Grosso. Elas foram
diagramadas na plataforma Wattpad. Como produto compartilhamos o livro
“QUADRINHOS NA MATEMÁTICA”, disponível no seguinte endereço eletrônico:
www.wattpad.com/myworks/317841437-quadrinhos-na-matem%C3%A1tica.
173
REFERÊNCIAS
BARKS, Carl. Tio Patinhas em: A lua de vinte e quatro quilates. Coleção
Carl Barks definitiva: vol. 22. Barueri, SP: Panini Brasil, 2021.
estudo de caso do Wattpad. Cad. Pesqui., São Paulo, v. 49, n. 173, p. 156-
182, jul./set. 2019. Disponível em
https://www.scielo.br/j/cp/a/JPWNBCsJFL9PsBwdHw5ntbb/?format=pdf&lang=
pt. Acesso em: 30 mai. 2022.
EISNER, Will. Narrativas Gráficas de Will Eisner. São Paulo: Devir, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 72. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2020.
ROSA NETO, Ernesto. Didática da Matemática. 11ª ed. São Paulo: Editora
Ática, 1998.
SANTOS NETO, Elydio dos. Dez considerações para professores que desejam
trabalhar com histórias em quadrinhos. In: SANTOS NETO, Elydio dos; SILVA,
Marta Regina Paulo da. Histórias em quadrinhos & educação: formação e
181
SANTOS NETO, Elydio dos; SILVA, Marta Regina Paulo da. Histórias em
quadrinhos & educação: formação e prática docente. São Bernardo do
Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2011.
SMOLE, Kátia Stocco. Textos em Matemática: Por Que Não? In: SMOLE, Kátia
Stocco. DINIZ, Maria Ignez. Ler, escrever e resolver problemas: habilidades
básicas para aprender matemática. Porto Alegre: Artmed, 2001.
SOUSA, Mauricio de. Revista Saiba mais. N 45. São Paulo: Panini, maio de
2011.
APÊNDICES
APÊNDICE 14 – HQ “O HELICÓPTERO!!”
202
APÊNDICE 20 – HQ “A INVASÃO!”
208
209
210
APÊNDICE 21 – HQ “A LUA”
211
APÊNDICE 28 - HQ “FERTILIZANTES”
218
APÊNDICE 37 - HQ “O SOL”
227
APÊNDICE 39 - HQ “DANÇA”
229
230