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Ebook - Fundamentos de Engenharia Ambiental - CENGAGE (Versão Digital)

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FUNDAMENTOS DE FUNDAMENTOS DE

Fundamentos de engenharia ambiental


ENGENHARIA AMBIENTAL ENGENHARIA AMBIENTAL
ORGANIZADORES ELIANA MENEZES DOS SANTOS ; FERNANDO PASINI.
ORGANIZADORES ELIANA MENEZES DOS SANTOS ; FERNANDO PASINI.

A área que estuda os impactos ambientais causados pela ação dos agentes
externos e como reduzi-los é a engenharia ambiental. Neste livro, você vai
aprender os fundamentos desse tema tão importante no estudo dessa área.
C

M Os autores reuniram aqui os fundamentos que norteiam a atuação dos


Y engenheiros em temas ligados ao meio ambiente e àqueles que deman-
CM dam conhecimento multidisciplinar relacionados à engenharia, biologia,
MY
ecologia, química, física e saúde pública.
CY

CMY
Com imagens, exemplos e uma linguagem clara, além de um conteúdo
K
apresentado de forma didática, esta obra é essencial para os estudantes de
vários ramos da engenharia e da ecologia e instiga a reflexão sobre diver-

GRUPO SER EDUCACIONAL


sas questões que são base para o debate atual sobre sustentabilidade e
meio ambiente.

ISBN 9786555580327

9 786555 580327 >


gente criando futuro
FUNDAMENTOS
DE ENGENHARIA
AMBIENTAL
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de
informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional.

Diretor de EAD: Enzo Moreira

Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato

Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes

Coordenadora educacional: Pamela Marques

Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa

Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha

Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi

Santos, Eliana Menezes.

Fundamentos de engenharia ambiental / Eliana Menezes dos Santos ; Fernando Pasini.


– São Paulo: Cengage, 2020.

Bibliografia.

ISBN 9786555580327

1. Engenharia ambiental. 2. Ecologia. 3. Engenharia civil. 4. Sustentabilidade. 5. Pasini,


Fernando.

Grupo Ser Educacional

Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro

CEP: 50100-160, Recife - PE

PABX: (81) 3413-4611

E-mail: sereducacional@sereducacional.com
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL

“É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com


isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns
anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também
passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o
aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino
Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil.

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec,


tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar
seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento
da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da
democracia com a ampliação da escolaridade.

Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar


as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-
lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no
contexto da sociedade.”

Janguiê Diniz
Autoria
Eliana Menezes dos Santos
GEngenheira Ambiental, especialista em Direito e Gestão do Meio Ambiente e MBA em Gestão Pública.
Analista ambiental em Industria química do grupo Hypermarcas, engenheira ambiental em construção
civil nas obras da Companhia Metropolitana de São Paulo – Metro. Tutora Presencial e online da
Univesp e Unifesp. Professora conteudista de cursos de Educação a Distância.

Fernando Pasini
Graduado em Engenharia Ambiental e Sanitária pela Universidade Federal de Santa Maria, Especialista
em Gestão, Licenciamento e Auditoria Ambiental pela Universidade Anhanguera e Mestre em
Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Santa Maria.
SUMÁRIO

Prefácio..................................................................................................................................................8

UNIDADE 1 - Engenharia e meio ambiente......................................................................................9


Introdução.............................................................................................................................................10
1 Introdução...........................................................................................................................................11
2 Noções de meio ambiente.................................................................................................................. 14
3 Poluição...............................................................................................................................................17
4 Resíduos..............................................................................................................................................18
PARA RESUMIR...............................................................................................................................24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................25

UNIDADE 2 - Noções de direito ambiental.......................................................................................27


Introdução.............................................................................................................................................28
1 Introdução ao direito ambiental......................................................................................................... 29
2 Legislação ambiental........................................................................................................................... 32
3 Legislação ambiental: poluição........................................................................................................... 34
4 Legislação ambiental: recursos naturais............................................................................................. 39
PARA RESUMIR...............................................................................................................................43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................44

UNIDADE 3 - Poluição ambiental....................................................................................................47


Introdução.............................................................................................................................................48
1 Introdução à poluição ambiental........................................................................................................ 49
2 Controle da poluição........................................................................................................................... 50
3 Impactos ambientais........................................................................................................................... 58
4 Estudo de impacto ambiental............................................................................................................. 61
5 Licenciamento ambiental.................................................................................................................... 62
PARA RESUMIR...............................................................................................................................64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................65
UNIDADE 4 - IInstrumentos e ferramentas de gestão ambiental.....................................................67
Introdução.............................................................................................................................................68
1 Conceitos introdutórios de Gestão Ambiental ................................................................................... 69
2 O Sistema de Gestão Ambiental ......................................................................................................... 72
3 Elementos do Sistema de Gestão Ambiental...................................................................................... 77
4 Auditorias ambientais ........................................................................................................................ 79
5 Certificações do Sistema de Gestão Ambiental................................................................................... 81
PARA RESUMIR...............................................................................................................................84
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................85
PREFÁCIO

Na unidade 1, a engenharia e meio ambiente será introduzida com temas


relacionados às questões ambientais que fundamentam o pensamento crítico
ambientalista, base para as legislações nacionais que tratam do tema. Os conceitos
referentes à poluição, meio ambiente e resíduos sólidos, um dos maiores problemas da
atualidade serão aprofundados também nesta unidade. Concluindo esta unidade, você
será capaz de ver por outro ângulo as questões ambientais, conseguindo compreender
a dimensão que uma intervenção tem no meio ambiente.

A segunda unidade apresentará as noções de direito ambiental, que abordará


os conceitos de lei, decreto, norma, portaria e instrução normativa, termos comuns a
vários ramos do direito, inclusive o direito ambiental. Os princípios que regem o direito
ambiental e estão pautados em diversas leis e na Carta Magna serão listados aqui, além
das principais leis que orientam o dia a dia do profissional de meio ambiente bem como a
fiscalização por parte dos órgãos responsáveis pelas emissões de autorizações e licenças.

A poluição ambiental será o tema da terceira unidade e seu conteúdo vai aprofundar
seus conhecimentos sobre a temática da poluição. Serão apresentados os temas
relacionados à conceituação básica sobre poluição ambiental, às técnicas e instrumentos
legais com a finalidade de promover o controle da poluição, aos impactos ambientais, às
justificativas da necessidade de fazer estudos sobre o impacto ambiental, e como fazê-lo,
além de explicar qual é o melhor procedimento para o licenciamento ambiental. Por fim,
trataremos da dinâmica da poluição, da importância da realização de um estudo de impacto
ambiental que seja condizente com a realidade e as etapas do licenciamento ambiental.

Na quarta unidade, estudaremos os instrumentos e ferramentas de gestão ambiental.


Neste ponto, trataremos dos conceitos introdutórios da gestão ambiental, das diversas
abordagens aplicadas nas organizações e as ferramentas aplicadas aos processos
produtivos ou prestações de serviço. Entenda ainda o funcionamento, o escopo e os
modelos de implantação do sistema de gestão ambiental. Os diferentes modelos de
relatório ambiental que representa uma comunicação ou divulgação de informações
ambientais entre a empresa e seus colaboradores ou a empresa e os órgão de fiscalização
serão abordados também, além de mostrar a diferença entre aspecto e impacto
ambiental, sua importância para o sistema de gestão ambiental e para as certificações
ambientais. Qual a importância das auditorias ambientais e quais seus benefícios para as
organizações serão questões respondidas para finalizar esta unidade.
UNIDADE 1
Engenharia e meio ambiente
Introdução
Olá,

Você está na Engenharia e Meio Ambiente. Conheça aqui as questões ambientais que dão
fundamento ao pensamento crítico ambientalista e às legislações nacionais que tratam do
tema. Compreenda também os principais conceitos referentes à poluição, meio ambiente
e resíduos sólidos, um dos maiores problemas da atualidade.

Bons estudos!
11

1 INTRODUÇÃO
A sociedade atual possui um comprometimento moral e ético com o meio ambiente e com
as futuras gerações. Isso tem ocorrido em forma de proteção, prevenção e planejamento das
intervenções ambientais, visto que tornaram-se corriqueiras as notícias de sérios desastres
causadores de danos ao meio ambiente nos últimos anos, sejam eles de origem natural como
tsunamis e tornados ou em tragédias anunciadas por negligência em obras civis. E essa pressão
social tem incorporado cada vez mais os princípios de sustentabilidade em nosso dia a dia.

O desenvolvimento econômico e tecnológico tem sofrido um avanço gritante nas últimas


décadas e essa consciência ambiental tem nos feito refletir sobre os custos que o meio ambiente
paga para que possamos usufruir do conforto tecnológico que nos é ofertado.

Hoje, sob diversos discursos, está na moda o diálogo sobre sustentabilidade e cuidados com
meio ambiente, mas nem sempre foi assim, para tratar da temática ambiental é necessário muita
cautela e entendimento de como ocorreu o avanço dessa consciência.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

1.1 Como tudo começou


Desde que o homem pré-histórico deixa de ser nômade e torna-se sedentário, seu estilo
de vida e suas necessidades mudaram. Agora concentravam-se em sociedades organizadas, e
por não poder se afastar muito do grupo buscou centralizar cada vez mais a caça, pesca, e a
agricultura, o que acabou promovendo o agrupamento social e em decorrência disso o acumulo
de seus resíduos orgânicos. Obviamente que a poluição citada é irrisória ao ser comparada com a
atual situação mundial, mas é importante para introduzi-lo à problemática.
12

À proporção em que as cidades foram crescendo (sem estrutura, diga-se de passagem), a


população e as demandas sociais aumentaram e os resíduos começaram a ser diversos, não
sendo mais apenas de origem orgânica.

Avançando na linha do tempo a corrida pelo desenvolvimento encabeçada pela produção


industrial em larga escala mudou completamente o estilo de vida das cidades. E em meio ao
fervor desenvolvimentista, tardou-se à reconhecer os danos que o meio ambiente estava
sofrendo (CALIJURI e CUNHA, 2013).

Muito em decorrência da exploração mineral e utilização de máquinas à vapor e à combustão.


Além disso na segunda revolução industrial também houve uma expansão de indústrias diversas
incluindo as do ramo químico, com a fabricação de aditivos, solventes, álcoois e controladores de
pragas como inseticidas, herbicidas e fungicidas.

Dentre os controladores de pragas merece grande destaque o DDT (diclorodifeniltricloroetano)


o qual é considerado o primeiro pesticida moderno. Ele foi desenvolvido por Paul Hermann
Müller, que em 1948 foi agraciado com o Prêmio Nobel de Medicina por tal feito. O DDT foi
fundamental para o controle do mosquito transmissor da Malária e também para o controle de
pragas agrícolas.

Um dos primeiros passos de expressividade em reivindicação à cuidados com o meio


ambiente data do início da década de 1960, quando depois de presenciados alguns eventos
críticos de degradação ambiental, grupos civis organizados reivindicaram nos Estados Unidos e na
Europa um maior controle sobre a poluição, o que culminou na realização de fóruns educacionais
ambientais e na criação do “Dia do Terra”, pela primeira vez comemorado em 22 de abril de 1970
(CALIJURI e CUNHA, 2013).

Na mesma época, em 1962, a bióloga Rachel Carson, embasada em diversos estudos que
relacionavam o uso do DDT à problemas de saúde em humanos e bioacumulação em animais
publicou o livro “A Primavera Silenciosa”, fazendo referência à morte de aves em decorrência
de exposição ao pesticida. O livro causou um alvoroço nos órgãos ambientais, que também já
pesquisavam sobre o tema. No material publicado a autora ainda enfatizava a necessidade de
proteger o meio ambiente para garantir a manutenção da saúde humana (CARSON, 2010).

De 1962 até os dias atuais, muita coisa mudou e essas mudanças começaram a se concretizar
após algumas reuniões governamentais. Em 1972 ocorreu em Estocolmo, na Suécia, a Conferência
das Nações Unidas que tratou sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Humano. Na
conferência foi redigida uma declaração da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o meio
ambiente, a qual cita: “Defender e melhorar o meio ambiente para as atuais e futuras gerações se
tornou uma meta fundamental para a humanidade” (ONU, 1972).
13

Ainda sobre a temática em 1987 foi lançado, pela ONU, o relatório Brundtland intitulado
Nosso Futuro Comum, que apresenta de forma polida o conceito de desenvolvimento sustentável
como sendo “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades” (ONU, 1987).

Nacionalmente, um passou importante foi a criação da Política Nacional do Meio Ambiente, Lei
Federal Nº 9433 de 1981 e a incorporação do Artigo 225, na Constituição de Federal de 1988, o qual
trata de forma específica do meio ambiente. O texto do artigo é categórico na indicação de que:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).

Dali por diante seguiram-se os esforços para reduzir a poluição global. Foram realizados
tratados, protocolos e acordos internacionais, como a Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio -1992 ou ECO -92), a Rio+5, a Rio+10 e a Rio+20, onde
o Brasil, por sua diversidade biológica e ecossistêmica, área territorial e volume de recursos
ambientais disponíveis, teve (e ainda tem) papel de destaque nas discussões. A figura a seguir
remete a algumas questões tema de debate na área de ambiental.

Figura 1 - Princípios para a sustentabilidade ambiental


Fonte: Trueffelpix, Shutterstock (2020).

#PraCegoVer: A imagem mostra um letreiro que apresenta a palavra sustentabilidade em


destaque e, abaixo dela, estão símbolos que representam atitudes sustentáveis: sociedade,
ambiente, economia, veículos (destaque para um ônibus), energia, redução de emissões de gás
carbônico e reciclagem.

Como forma de nortear a instalação de empreendimentos, com potencial de causar impacto


ao meio ambiente, o Brasil criou uma ferramenta administrativa, o licenciamento ambiental
(CONAMA 237/1997). Para tal as primeiras diretrizes foram publicadas no início da década de
1980, consolidando-se apenas no início dos anos de 1990. Destaca-se os estados do Rio de
Janeiro e São Paulo como pioneiros na formulação de diretrizes próprias para o procedimento
(GOTTI; SOUZA, 2017).
14

2 NOÇÕES DE MEIO AMBIENTE


O meio ambiente é extremamente diverso e dinâmico e caracterizá-lo não é uma tarefa fácil,
inclusive, para que seja possível é necessário que um grupo multidisciplinar de especialistas atue
em conjunto para criar um estudo realista do caso.

De forma grosseira podemos subdividir o meio ambiente em: Meio ambiente natural e Meio
ambiente antrópico (ou construído). No primeiro trata-se das condições naturais, sem influência
humana, e no segundo, os locais onde há influência direta do ser humano. Ainda, permeia por
esses meios a diversidade ecológica e sua interação, a diversidade social e suas necessidades e
movimentação econômica e valoração dos recursos ambientais.

2.1 Meio ambiente: energia, ecologia e diversidade


A sustentação da vida no planeta terra decorre de uma cadeia energética, iniciada pela luz
do sol que, após ser filtrada pela camada de ozônio, irradia a superfície terrestre. As plantas
(seres autótrofos) possuem os cloroplastos, é neles que ocorre a fotossíntese, a qual é iniciada
e estimulada pela fase clara (decorrente da radiação solar). Como resultado da fotossíntese há a
produção de seiva elaborada, que serve de energia para os vegetais.

Os serem vivos relacionam-se entre si, inclusive servindo um de alimento a outro, essas
relações são caracterizadas por teias e cadeias alimentares e divididas em níveis tróficos. E é
nelas que podemos aplicar os princípios da 2ª Lei da Termodinâmica, a qual indica haver perda de
energia de um nível trófico ao seguinte. Portanto, nem toda energia do alimento é aproveitada
(CALIJURI, CUNHA; MOCCELLIN, 2013).

Essas interações entre seres vivos (meio biótico) são em suma estudadas pela Ecologia, ramo
da Biologia, a qual também às relaciona com as interações que ocorrem dos seres vivos com o
meio ambiente (meio abiótico). Essa importante área de estudo ainda engloba os desequilíbrios
que ocorrem devido às intervenções realizadas, introdução de poluentes ou espécies invasoras,
tudo isso avaliando em isolado os habitats e integrando as demais populações que por ventura
interajam por suas relações ecológicas. E para incrementar ainda mais, tudo isso corre em um
espaço geográfico com delimitações específicas que podem ser um bioma todo ou apenas uma
porção local isolada determinada para estudo.

Cada componente possui uma importância ecológica, os seres vivos prestam essenciais
serviços ecossistêmicos, como polinização, degradação do material orgânico, produção de
biomassa e matéria orgânica. Já os fatores abióticos, como a luz (ciclos claros e escuros) possibilita
a fotossíntese e estimula diversas reações nos vegetais, nos animais (o calor do sol) promove a
estabilização da temperatura corporal em organismos ectodérmicos (anfíbios, peixes e répteis
que dependem do ambiente para regularem a temperatura corporal).
15

Depois de realizar essa reflexão você já está pronto para conseguir compreender a
grandiosidade que fica subentendida no conceito de Meio Ambiente talhado pela Política
Nacional do Meio Ambiente (PNMA, Lei nº 6938/1981) que o descreve em seu art. 3º, inciso I
como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica,
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

2.2 Meio ambiente: recursos ambientais


Quando se trata de elementos ambientais utilizados com finalidade econômica, ou que
possam de alguma forma gerar valor em dinheiro costumamos caracterizá-lo como um Recurso
Ambiental. A Política Nacional do Meio Ambiente descreve como recursos ambientais: “a
atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo,
o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora”. Os quais dentro de suas características
específicas recebem valor monetário.

Para tal valoração há manuais específicos que indicam formas de realizar um estudo
aprofundado cientificamente embasado para indicar o quanto vale um recurso ambiental. Um
exemplo é a publicação de Mota (1997), que traz diversos exemplos de caso onde os estudos
foram aplicados.

2.3 O custo da água


Quanto aos recursos naturais, nacionalmente uma questão que merece destaque especial é a
gestão da água e sua utilização para fins econômicos a qual possui diretrizes bem definidas e em
algumas regiões do país possui cobrança pela sua utilização
16

FIQUE DE OLHO
A água consumida pela população é gratuita e o valor cobrado pela agência de saneamento
é referente ao processo de captação, tratamento e distribuição.
A Política Nacional dos Recursos Hídricos (PNRH - Lei 9433/1997) é a principal legislação que
a rege, e esse política indica ao pé da letra: em seu Artigo 1º, Inciso II, que “a água é um recurso
natural limitado, dotado de valor econômico”.

E devido a isso deve ser regulada a sua utilização, a fim de que todos os usuários utilizadores destes
recursos tenham compatibilidade com a qualidade e quantidade disponível, sem comprometer a
chamada vazão ecológica, que permite manutenção da vida aquática (Lei 9433/1997).

Nacionalmente, a outorga do direito de uso (art. 5º, Inciso III da PNRH) é o documento
que permite que o usuário utilize um dado volume, que nem sempre é o requerido, mas o
disponível. Alguns comitês de bacia (órgão que delibera regionalmente sobre a água de uma bacia
hidrográfica) podem criar taxas específicas por volume de água, de acordo com as deliberações
regionais. Ainda, a outorga pode ser reavaliada a qualquer momento e em casos de estiagem, os
usos prioritários são o abastecimento público e a dessedentação animal (Lei nº 9.433/97).

E para poder compreender a dinâmica nacional da água, anualmente a Agência Nacional de Águas
(ANA) lança a Conjuntura Nacional dos Recursos Hídricos. O documento publicado em 2019, referente
ao ano de 2019, apresentou, por exemplo, o volume total de água consumida por atividade.

Figura 2 - Total de água consumida no Brasil em 2018 por atividade


Fonte: ANA, 2019, p. 32 (Adaptada)

#PraCegoVer: A figura apresenta um infográfico que mostra o real consumo de água no Brasil ao
longo de 2018 e dividido por atividade: irrigação (66,1%), uso animal (11,6%), termelétricas (0,3%),
mineração (0,9%), indústria (9,5%), abastecimento urbano (9,1%) e abastecimento rural (2,5%).
17

Os dados levantados pela Agência Nacional de Águas têm indicado que a demanda por uso
de água no Brasil é crescente, com aumento estimado de aproximadamente 80% no total retirado
de água nas últimas duas décadas. Período caracterizado pelo intenso crescimento econômico
nacional. A previsão é de que, até 2030, a retirada aumente 26% (ANA, 2019).

No ano de 2018, a irrigação foi a atividade que mais consumiu água (66,1%), seguido pela
dessedentação animal (11,6%), utilização industrial (9,5%) e abastecimento público urbano (9,1%).

3 POLUIÇÃO
O meio ambiente é muito complexo e mesmo que não existisse o ser humano no planeta
terra, ainda assim ele eventualmente poderia estar poluído. Ou seja, causar poluição não é um
ofício restrito ao ser humano! Ela também ocorre naturalmente.

São tão diversos os impactos e as formas de ocorrência que por vezes torna-se até difícil
descrevê-los. Naturalmente podemos citar: um animal morto em processo de decomposição,
uma tempestade de areia, um vulcão em erupção, queimadas naturais, tsunamis, terremotos e
diversos outros fenômenos que alteram as condições inicias naturais do meio. No entanto, ainda
que estes possam causar grandes estragos, a nível global a poluição causada pelo homem é a que
possui maior potencial de degradar o meio ambiente.

Conceitualmente não há outra forma de iniciar essa temática se não expondo o texto da
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6938/1981), que traz dentre suas definições o conceito
de poluição como sendo:

Poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou


indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

Quem causa a poluição conceitualmente é chamado de poluidor, e para que assim possa ser
chamado, o poluidor deve ser uma pessoa física ou jurídica, e que independente de ser de direito
público ou direito privado ao ser constatado degradação ambiental será culpabilizado por tal
(PNMA, 6938/1981).
18

Sobre a culpabilização, a PNMA traz como o VII inciso do Artigo 4º, “a imposição, ao poluidor
e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário,
da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos”. Sendo esse um
objetivo fundamental da lei.

4 RESÍDUOS
Uma das formas mais agressivas de poluição ambiental moderna é a disposição final
inadequada de resíduos sólidos. Popularmente chamamos de lixo (resíduo) as sobras de um
processo produtivo, um material inservível e ainda dito sem valor. Mas não é bem assim.

A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS, 12305/2010) é a principal base legal sobre o
tema, ela estabelece algumas definições técnicas, e é fundamental que você às conheça e saiba
diferenciar para que não cometa equívocos em sua atuação profissional.

Dentre as definições contidas no art. 3º estão:

Uma das formas mais agressivas de poluição ambiental moderna é a disposição final inadequada
de resíduos sólidos. Popularmente chamamos de lixo (resíduo) as sobras de um processo produtivo,
um material inservível e ainda dito sem valor. Mas não é bem assim.

A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS, 12305/2010) é a principal base legal sobre o tema,
ela estabelece algumas definições técnicas, e é fundamental que você às conheça e saiba diferenciar
para que não cometa equívocos em sua atuação profissional.

Dentre as definições contidas no art. 3º estão:

FIQUE DE OLHO
Em 2010 entrou em vigor a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), a Lei Federal
nº 12.305. A criação e publicação dessa base legal está sendo essencial para que o Brasil
possa tornar cada vez mais sustentável seus processos produtivos e o estilo de vida da
população. Dentre os temas importantes ligado aos resíduos sólidos a PNRS indica a previsão
de terminar com os lixões, que são uma forma inadequada de disposição final dos rejeitos
que, gera danos imensuráveis ao meio ambiente, perdas econômicas e ao mesmo tempo
contribui para marginalização social.

Uma saída muito interessante abordada na PNRS diz respeito à responsabilização sobre a
destinação final, de forma que cita em seu artigo 3º, Inciso XVII, a responsabilidade compartilhada
sobre os resíduos durante o ciclo de vida do produto. Agora, quem fabrica, quem importa, quem
19

distribui, quem vende, quem consome e ainda quem é responsável pelo limpeza pública tem
responsabilidade sobre os resíduos gerados em todas as etapas.

Isso é sensacional porque agora estimula uma cadeia:

• O fabricante à produção sustentável, reduzindo ao máximo os resíduos criados direto na


fonte, utilização de materiais biodegradáveis e ecologicamente corretos;

• O importador a verificar os selos ambientais do produto, o ciclo de vida, os materiais que


o compõem e ainda sua obsolescência;

• O distribuidor a buscar formas que reduzam as perdas no processo e que tornem mais
eficiente o transporte;

• O vendedor a verificar a qualidade e procedência do produto, optar por materiais de


qualidade e com selo verde;

• O consumidor terá acesso a produtos menos agressivos ao meio ambiente, com qualida-
de e de fácil destinação final; e,

• O responsável pela limpeza pública e destinação final terá produtos selecionados, poden-
do encaminhar para reciclagem um volume maior e assim aumentar a vida útil do aterro
sanitário.

Mas é claro que tudo isso só irá ocorrer em concomitância com uma drástica mudança do
pensamento da população, imprescindível que hajam avanços em educação ambiental, para
criarmos uma sociedade ambientalmente engajada e consciente de suas atitudes.

Mas é claro que tudo isso só irá ocorrer em concomitância com uma drástica mudança do
pensamento da população, imprescindível que hajam avanços em educação ambiental, para
criarmos uma sociedade ambientalmente engajada e consciente de suas atitudes.

4.1 Tipos de resíduos


Se você olhar ao seu redor perceberá que está rodeado de materiais dos mais diversos,
produzidos com compostos químicos e ligas metálicas diversas, o que propositalmente torna
esses objetos de alguma forma melhores, ou quando à durabilidade, utilidade ou que seja apenas
pela estética.

Antes de continuar a leitura, reflita:

Em quantas divisões é que eles poderiam ser separados para que fossem adequadamente
descartados quando ao fim de sua vida útil?

Todos são resíduos domésticos?


20

Você conseguiria indicar o quanto agressivos ao meio ambiente eles serão quando
encaminhados para disposição final?

Para efeitos de lei, o art. 13º da PNRS segrega e classifica os resíduos basicamente quanto à
origem e à periculosidade.

Quanto à origem, são divididos em:

1 Resíduos domiciliares;

2 Resíduos de limpeza urbana;

3 Resíduos sólidos urbanos;

4 Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços;

5 Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico;

6 Resíduos industriais;

7 Resíduos de serviços de saúde;

8 Resíduos da construção civil;

9 Resíduos agrossilvopastoris;

10 Resíduos de serviços de transportes;

11 Resíduos de mineração.

Nessa aula recebem atenção especial os resíduos de construção civil, com os quais você vai
se deparar muito em sua atuação profissional, eles são definidos pela PNRS como “os gerados nas
construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes
da preparação e escavação de terrenos para obras civis” (BRASIL, 2010).

Já quanto à periculosidade são divididos basicamente em Resíduos perigosos que são os que
possuem características de “inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde
pública ou à qualidade ambiental” (BRASIL, 2010). E os não perigosos que são todos os demais.

Quanto à temática da classificação dos resíduos o Brasil dispõe da Norma Técnica 10004/2004,
da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que apresenta de forma detalhada uma classificação
mais robusta do que a citada pela legislação. Neste sentido, a subdivisão principal envolve
21

resíduos de classe I (perigosos) e resíduos de classe II (não perigosos: não inertes e inertes).

Os resíduos perigosos (classe I) seguem a lógica apresentada na lei, em que possuam em sua
composição elementos com características que o tornam potencialmente causador de risco à
saúde e/ou ao ambiente. Já os resíduos não perigosos (classe II) são divididos em não inertes (que
possuem como propriedade a biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água)
e inertes (que não possuem seus componentes solubilizados em água, em concentrações que
ultrapassem padrões de potabilidade da água, exceto quanto a cor, dureza, turbidez e sabor).

4.2 Gestão dos resíduos


A gestão dos resíduos começa na extração da matéria prima, passa pelo processo produtivo,
distribuição, comércio, aquisição, descarte, coleta, reciclagem, e destinação final. É uma cadeia
que envolve uma quantidade muito grande de atores. Assim, para melhorar a qualidade de vida
e estimular a sustentabilidade, a PNRS incorporou em ser art. 9o uma prioridade que deve ser
observada para efetivar a gestão dos resíduos:

Não geração

Refere-se a evitar que o material seja criado, de forma que se estimule design de produtos
multifuncionais, com longa vida útil e que utilizem materiais ecológicos na fabricação. A isso
também incorpora-se à compra consciente.

Redução

Estimula a compra consciente, sem exageros, que seja optado por produtos funcionais e
necessários.

Reutilização

Dá um novo destino ao produto, tornando-o novamente servível. Brechós e feiras de usados


são ótimos exemplos de formas de reaproveitamento de materiais.

Reciclagem

Reaproveita um material por meio de um processo de transformação, o vidro o plástico e


o alumínio são ótimos exemplos de materiais que podem transformar-se em diversos outros e
ganhar uma vida útil nova. No entanto para que isso seja possível é necessário que os resíduos
descartados estejam separados e a medida do possível limpos, assim possuem uma maior
viabilidade de reaproveitamento.

Tratamento dos resíduos sólidos


22

Não se aplica aos resíduos sólidos urbanos e domésticos tradicionais (exceto aos orgânicos),
apenas segregação e disposição final adequada. No entanto, outros como os de serviços de saúde
precisam ser tratados antes de

dispostos em aterro, um exemplo é a incineração, onde o produto passa por um tratamento


térmico que o destrói. Mas é necessário muito cuidado, o tratamento térmico nem sempre é uma
boa opção, pelo dificuldade em encontrar-se a estequiometria correta dos elementos a serem
incinerados, muitos resíduos acabam apenas mudam de estado, do físico para o gasoso, ainda
assim sendo prejudiciais à saúde.

Disposição final ambientalmente adequada

São os rejeitos, que não possuem mais meios de ser reaproveitado. Neste caso, devem ser
encaminhados para uma disposição final correta, que vai acontecer em um aterro sanitário,
preparado para as características que esse rejeito apresenta.

Seguindo essa lógica, o país terá um avanço significativo na busca da redução da produção de
resíduos e consequentemente volume de rejeitos a serem encaminhados à destinação.

4.3 Formas disposição final de rejeitos resíduos


Os rejeitos ou, então, a parcela de materiais sólidos ou semi-sólidos que não possuem
mais formas de ser reaproveitado seve ser encaminhado para um local onde por conta de suas
características não apresentem dano ao meio ambiente e à sociedade. A disposição final pode
ocorrer em diferentes locais, os principais são caracterizados por Pejon, Rodrigues e Zuquette
(2013), como apresentado a seguir:

Lixão

É a forma incorreta de disposição final, um lixão não apresenta estrutura preparada para
evitar a contaminação que esse rejeito possa causar. O material é depositado a céu aberto, sem
qualquer proteção ao meio ambiente e à saúde pública. Além de que não há controle dos tipos
de resíduos dispostos nesse local.

Aterro controlado

É uma forma de aterro com menor proteção ambiental. O local é isolado, o material disposto
é controlado, não sendo aceito qualquer tipo de rejeito, no entanto geralmente não apresenta
impermeabilização do solo e drenagem de lixiviado e gases.

Aterro sanitário
23

É considerado um projeto de engenharia geotécnica. Antes de ser iniciado as obras é


necessário estudo de viabilidade da área, na implantação é realizada impermeabilização da
base e instalado sistemas de drenagem para retirada dos gases produzidos internamente e do
efluente líquido percolado (chorume). Ainda é necessário um tratamento adequado do lixiviado
e implantação de formas de controle da poluição, evitando que ocorram eventos adversos.

Ademais, podem ser citados outros tipos de aterros, como os industriais e de resíduos
perigos, ou que possuam finalidade específica, mas sempre com os devidos cuidados para evitar
problemas ambientais.

Ao final da vida útil o aterro passa a ser um passivo ambiental, uma área que continuará
requerendo diversos cuidados, monitoramento e formas de controle ambiental para identificar
caso ocorra um possível evento de poluição.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:


24

PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• conhecer o surgimento do pensamento ambientalista;

• entender a inter-relação que ocorre no meio ambiente;

• saber mais sobre os recursos ambientais;

• diferenciar os tipos de resíduos, quando à fonte e a periculosidade;

• conhecer as formas corretas de destinação e disposição final de resíduos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil 2019:
informe anual. Brasília: ANA, 2019. Disponível em: <http://conjuntura.ana.gov.br/static/
media/conjuntura-completo.bb39ac07.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR: 14001:2015. Sistemas de


gestão ambiental: requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 12 fev. 2020.

_____. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm>. Acesso em: 12
fev. 2020.

_____. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos


Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta
o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de
março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm>. Acesso em: 12 fev. 2020.

_____. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos


Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.
htm>. Acesso em: 12 fev. 2020.

CALIJURI, M. C. E.; CUNHA, D. G. F. Engenharia ambiental: conceitos, tecnologia e gestão,


Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

CALIJURI, M. C.; CUNHA, D. G. F; MOCCELLIN, J. Fundamentos ecológicos e ciclos natu-


rais. In: CALIJURI, M. C. E.; CUNHA, D. G. F. Engenharia ambiental: conceitos, tecnologia e
gestão, Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

CARSON, R. Primavera silenciosa. São Paulo: Gaia, 2010.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução nº 237, de 19 de dezembro de


1997. Estabelece o Sistema de Licenciamento Ambiental. Diário Oficial da União. Brasília,
DF: MMA, CONAMA, 19 dez. 1997. Disponível em: <http://www2.mma.gov.br/port/co-
nama/res/res97/res23797.html>. Acesso em: 12 fev. 2020.

GOTTI, I. A. E.; SOUZA, A. C. O. (org.) Gestão ambiental. Londrina: Educacional, 2017.

MOTTA, R. S. Manual para valoração econômica de recursos ambientais. IPEA, MMA,


PNUD, CNPq. Rio de Janeiro, 1997. Disponível em: <http://www.terrabrasilis.org.br/eco-
tecadigital/pdf/manual-para-valoracao-economica-de-recursos-ambientais.pdf>. Acesso
em: 12 de fev. de 2020.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Declaração da Conferência da ONU sobre o


Meio Ambiente. Estocolmo, Suécia, 1972. Disponível em: <https://www.un.org/ga/sear-
ch/view_doc.asp?symbol=A/CONF.48/14/REV.1>. Acesso em: 12 de fev. de 2020.

_____. Relatório da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento: nosso


futuro comum, 1987. Disponível em: <https://sustainabledevelopment.un.org/content/
documents/5987our-common-future.pdf>. Acesso em: 12 de fev. de 2020.

PEJON, O. J.; RODRIGUES, V, G. S.; ZUQUETTE, L. V. Impactos ambientais sobre o solo. In:
CALIJURI, M. C. E.; CUNHA, D. G. F (org.). Engenharia ambiental: conceitos, tecnologia e
gestão, Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
UNIDADE 2
Noções de direito ambiental
Introdução
Você está na unidade Noções de Direito Ambiental. Conheça aqui os conceitos de lei,
decreto, norma, portaria e instrução normativa, temos comuns a vários ramos do direito,
inclusive o direito ambiental. Entenda os princípios que regem o direito ambiental e estão
pautados em diversas leis e na Carta Magna. Princípios importante que norteia o trabalho
do profissional de meio ambiente, diante das suas obrigações legais e responsabilidades.

Aprenda sobre algumas das principais leis que orientam o dia a dia do profissional de meio
ambiente bem como a fiscalização por parte dos órgãos responsáveis pelas emissões de
autorizações e licenças.

Bons estudos!
29

1 INTRODUÇÃO AO DIREITO AMBIENTAL


O direito ambiental é um conjunto de regras, princípios, leis e normas que aborda as
interferências humanas no meio ambiente, com o propósito de assegurar a preservação
ambiental. Isso porque os recursos ambientais são considerados pela legislação brasileira um
bem de uso comum do povo.

Neste sentido, atuar na área ambiental não requer apenas conhecimento técnico. É preciso
avaliar dados confrontando-os com normas legais vigentes e, assim, tomar a decisão mais
assertiva. O conhecimento do profissional da engenharia ambiental é parte fundamental na
tomada de decisão diante, por exemplo, de conflitos de interesse que possam surgir mediante
um problema ambiental.

As normas legais ou mesmo técnicas contribuem com o dia a dia do profissional, pois
atribuem à atividade um fator comparativo ou, até mesmo, um parâmetro de atuação. Por isso,
é importante compreender as noções gerais de Direito para dar seguimento a esse propósito.

As leis, portanto, são criadas pelo Poder Executivo de cada esfera de governo por meio
dos representantes do povo: os vereadores, deputados e senadores. Assim, a lei consiste em
um conjunto de regras a serem seguidas para o bem da sociedade. Os decretos, por sua vez,
são criados apenas pelos chefes do executivo (presidente, governadores e prefeitos) e buscam
regulamentar o que diz a lei. São nos decretos que constam os detalhes para a execução da lei,
por exemplo.

Já as resoluções são criadas por diversas autoridades superiores, que não incluem os chefes
do executivo. Essas pessoas são responsáveis por regulamentar um assunto de competências
específica do departamento que a criou, como, por exemplo, as Resoluções do Conselho Nacional
de Meio Ambiente (Conama). É importante, no entanto, que todas essas resoluções estejam em
consonância com os preceitos estabelecidos na Constituição Federal, leis ou decretos.

As portarias são criadas pelos chefes e diretores de órgãos e tem como função instruir a
aplicação da lei. É o caso, por exemplo, das portarias emitidas pelo Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou pelo Ministério do Meio Ambiente.

Por fim, as instruções normativas são como normas complementares a uma portaria já criada.
30

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1.1 Hierarquia das leis


O Direito pode ser definido como um conjunto de leis que regem a conduta de uma sociedade,
estando este conjunto pautado em uma estrutura hierárquica que define quem é mais restritiva e qual
é mais abrangente, definindo-se assim as leis superiores e as inferiores. Riccitelli (2007) descreve que

o Direito é o elemento da ciência política e social que estuda, analisa, coordena e controla o
conjunto de leis, princípios, doutrina e jurisprudência de que se vale o poder competente (o Estado)
para atingir o bem-estar coletivo.

A lei mais importante do país é Constituição Federal de 1988, considerada a lei maior do
ordenamento jurídico nacional. Nenhuma lei que está abaixo dela pode contrariar os pressupostos
que ela estabelece: pode, apenas, complementá-la ou suplementá-la. De maneira didática, as
várias normas irão compor uma ordem similar a uma pirâmide, tendo a Constituição Federal no
topo e as demais na sequência, como podemos observar na figura a seguir:
31

Figura 1 - Pirâmide com o ordenamento jurídico brasileiro


Fonte: Elaborada pela autora (2020).

#PraCegoVer: A imagem apresenta as leis em estrutura similar a uma pirâmide, sendo


a Constituição Federal disposta no topo seguida das leis, decretos, resoluções e, na base, as
portarias e instruções normativas.

A importância do conhecimento dessa hierarquia está no fato que uma lei não pode ferir
os pressupostos estabelecidos na Constituição, com base no princípio da predominância do
interesse, podendo ser considerada inconstitucional. É previsto no ordenamento jurídico brasileiro
delimitações de competências entre os entes federados que a integra, essa organização político-
administrativo tem como objetivo a delimitação das ações de cada esfera, para tanto definiu-se que
alguns temas somente a União teria competência para legislar ficando a cargo de criar as normas
gerais e os Estado incumbidos de suplementá-la, outros temas é previsto aos Estados legislar a
competências residuais, ou seja não estejam vedadas pela Constituição, já no caso dos Municípios
ficaram responsáveis pelos assuntos de interesse local. Conforme previsto na Constituição:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (EC no 19/98 e EC no 69/2012)

IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão [..]

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados
os princípios desta Constituição. (EC no 5/95)

§ 1o São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição.

§ 2o Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
32

canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.

Art. 30. Compete aos Municípios: (EC no 53/2006)

I – Legislar sobre assuntos de interesse local;

II – Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber (BRASIL,1988).

2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
O Direito se divide em áreas, tais como constitucional, administrativo, civil, penal, comercial,
entre outras e o Direito ambiental faz parte dessa divisão. O termo meio ambiente possui na
legislação ambiental brasileira duas definições e/ou divisões. O meio ambiental natural é composto
por solo, água, ar, conforme prevê o art. 3° da Lei 6.938/81). Já o meio ambiente artificial é aquele
construído pela humanidade, como as edificações, e está estabelecido nos arts. 182 e 183 da
Constituição Federal de 1988.

2.1 Princípios do direito ambiental


Os princípios são a base do ordenamento jurídico. Em todos os ramos do Direito há princípios
que servem como alicerce das normas jurídicas. No direito ambiental não é diferente: muitos
deles, inclusive, tiveram origem no direito ambiental internacional e, também, dos acordos e
conferências internacionais.

Os princípios basilares mais importantes do direito ambiental são:

Princípio da precaução

Teve origem após a Conferência Eco 92, realizada no Rio de Janeiro, e trata da necessidade de
atuar com cautela nos casos em que ainda existam dúvidas e incertezas a respeito do dano que
determinado impacto possa causar em função do exercício de uma atividade.

Princípio da prevenção

Tem como objetivo impedir ou ao menos reduzir os danos causados por ocorrência de
poluição, pois existe comprovações cientificas acerca do risco certo, concreto e conhecido de
dano inerentes a certas atividades humanas.

Princípio do poluidor-pagador

Tem como objetivo internalizar as externalidades provocadas por alguma atividade empresarial,
a fim de minimizar ou mitigar os impactos negativos dela decorrente. Esse princípio requer atenção,
pois aqui não se tem a intenção de criar direito de poluir, apenas tem intenções preventivas do dano.
33

Portanto, o princípio do poluidor-pagador pode ser compreendido como a obrigação de internalizar


os custos ambientais na produção e que eles não sejam repassados a sociedade. O princípio de
poluidor-pagador e do usuário-pagador são citados no art. 4, parágrafo 7 da Lei 6.9838/81, que
impõe ao poluidor e ao predador a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao
usuário, a contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Princípio do usuário-pagador

Impõe valor ao recurso ambiental com o intuito de usá-lo de forma racional, evitando o
desperdício. Um bom exemplo é o pagamento pelo uso da água, por meio da emissão de outorga,
como previsto no art. 5, parágrafo 4 da Lei 9.433/97.

Princípio do protetor-recebedor

É o inverso do princípio do poluidor-pagador e consiste no recebimento de incentivos públicos


ou privados pelos serviços ambientais de preservação. Segundo Amado (2014), é necessária a
criação de benefícios em favor daqueles que protegem o meio ambiente com o desiderato de
fomentar e premiar essas iniciativas.

Princípio do desenvolvimento sustentável

Tem como objetivo integrar os aspectos econômicos, sociais e ambiental, utilizando os


recursos sem esgotá-los de forma a garanti-los às futuras gerações.

Princípio do limite

Entende-se como o estabelecimento de padrões de emissões que deve ser imposto pelo
Estado aos emissores, conforme previsto no art. 225, inciso I, parágrafo 5, da Constituição Federal.

Princípio da responsabilidade

Busca responsabilizar os culpados pelo dano causado, de forma a arcar com os custos de
reparação ou compensação da degradação que provocaram no meio ambiente, conforme
previsto no parágrafo 3º do art. 225 da Constituição Federal e no art. 14, parágrafo 1º da Lei nº
6.938/1981, que estabelece o poluidor é obrigado, independentemente da existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente.

Princípio participação comunitária ou cidadã

É entendido como o direito dos indivíduos na participação da tomadas de decisão em matéria


ambiental. Segundo Frederic (2013), as pessoas têm o direito de participar ativamente das
decisões políticas ambientais, em decorrência do sistema democrático semidireto, uma vez que
34

os danos ambientais são transindividuais.

Princípio da natureza pública

É o dever que o poder público tem de promover a proteção ambiental, segundo estabelecido
no art. 225 da Constituição Federal de 1988.

FIQUE DE OLHO
O Ministério do Meio Ambiente disponibiliza em seu endereço eletrônico um painel sobre
legislação ambiental, contendo uma relação com todas as leis, decretos, portarias, resoluções
e instruções normativas da esfera federal. O documento pode ser acessado no link: <https://
app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiZGEyMzBkMWYtNzNiMS00ZmIyL Tg5YzgtZDk5Z WE5ODU
4 Z D g 2 I i w i d C I 6 I j J i M j Y 2 Z m E 5 LT N m O T M t N G J i M S 0 5 O D M w LT Yz N D
Y3NTJmMDNlNCIsImMiOjF9>.

3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: POLUIÇÃO


Na Política Nacional de Meio Ambiente, o termo poluição está atrelado definido como

a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que diretamente ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia


em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

É importante conhecer o termo degradação da qualidade ambiental, de acordo com art. 3,


parágrafo III da Lei 6938/81, considera-se uma alteração adversa das características do meio
ambiente, no caso do termo poluição podemos entender como conceito mais específico e pontual.

Na ocorrência de um impacto negativo e geração de poluição o autor do feito poderá ser


responsabilizado nas três esferas (administrativa, civil e penal) que são independentes entre si.
Conforme estabelecido no art. 225, inciso 3, da Constituição Federal:

As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas


físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
35

danos causados (BRASIL,1988).

Portanto, na sanção administrativa poderá incorrer multa, advertência, embargo de obras


entre outros. No caso da responsabilização civil ambiental o poluidor será obrigado a reparar
o dano independente do fato de ainda não ter sido comprovado a culpabilidade do ato
danoso, nesse contexto pode-se exigir a reparação do dano por qualquer dos responsáveis do
empreendimento, caso haja mais de um, que inclui a chamada responsabilidade solidaria ou
tríplice responsabilidade, podendo ser composta pelo empreendedor, Estado e/ou profissional
de meio ambiente.

A responsabilidade penal, por sua vez, consiste em penalidades privativas de liberdade,


restritiva de direitos e multa para pessoa física e para os casos de pessoa jurídica são previstos
multa, suspensão de atividades, interdição, proibição de contratar ou obter contribuições do
Poder Público, entre outros. Amado (2014, p.632) explica que

considerando que a atuação da pessoa jurídica ocorre por intermédio das pessoas físicas que
a presentam, o STJ não vem acatando denúncia por crime ambiental apenas contra o ente moral,
pois “excluindo-se da denúncia a pessoa física, torna-se inviável o prosseguimento da ação penal, tão
somente, contra a pessoa jurídica. Não é possível que haja a responsabilização penal da pessoa jurídica
dissociada da pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio”.

Imagine, por exemplo, uma pessoa que adquire um terreno com árvores e resolve removê-
las para a construção de uma casa. Ela tem autorização regulamentada pelo licenciamento, mas
incorre em uma degradação amparada pela legislação, pois a documentação adquirida nos órgãos
competentes permitiu a remoção da vegetação dentro de padrões legalmente estabelecidos,
ausentando assim, o portador da licença a responsabilidade administrativa ou criminal de
agente causador do impacto. Segundo Amado (2014), mesmo a poluição licenciada não exclui a
responsabilidade civil do poluidor, na hipótese de geração de danos ambientais, pois esta não é
sancionatória, e sim reparatória.

FIQUE DE OLHO
A Advocacia Geral da União (AGU) disponibiliza, em seu canal oficial no Youtube, um vídeo
explicativo sobre responsabilidade civil por dano ambiental. O vídeo pode ser acessado no
link: <https://www.youtube.com/watch?v=DUiBdPwWDg8>.

Nota-se que as ações humanas geram impactos em suas mais diversas atividades e que para
tanto se faz necessário observar as legislações vigente, para reduzir os danos provocados no
36

meio ambiente e atender aos padrões estabelecidos pelo poder público com vistas a capacidade
de suporte do meio ao qual o impacto ocorrerá. Nesse sentido, o licenciamento ambiental
é considerado um instrumento relevante para a gestão pública e o cumprimento do controle,
fiscalização e proteção do meio ambiente.

Vamos, então, estudar algumas das leis mais importantes do direito ambiental.

3.1 Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981


A referida legislação criou, em 1981, a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), composta
por princípios, objetivos gerais e específicos, definições e instrumentos. Seu objetivo geral é a
preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícia à vida. Neste sentido,
estabeleceu, em seu conteúdo, diversos instrumentos como o estabelecimento de padrões de
qualidade, zoneamento ambiental, Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), licenciamento,
penalidades administrativas, cadastro técnico federal e instrumentos econômicos.

O estabelecimento de padrões de qualidade são fundamentais para garantir o cumprimento


da lei vigente, também é indispensável para a prevenção de poluição por meio de mecanismos
de comando e controle. De acordo com Frederic (2013, p.127) é possível a edição de padrões de
qualidade de acordo com cada recurso natural isoladamente, a exemplo do ar.

O instrumento de padrões de qualidade, anteriormente mencionado, não contempla a


aplicação pratica, ficando este a cargo das Resoluções Conama e Decretos suplementar de cada
ente federativo, nos casos de situações que se exigia aspectos mais restritivos. Lembrando sempre
da necessidade de harmonia entre as normas.

É importante destacar que a PNMA criou e regulamentou o Sistema Nacional de Meio Ambiente
(Sisnama), composto pelo órgão superior o Conselho de governo, o órgão consultivo e deliberativo
Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), o órgão central denominado Ministério de
Meio Ambiente, órgão executores o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), além
dos órgão seccionais de cada Estado e os órgãos locais municipais.
37

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

3.2 Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998


Conhecida também como Lei de Crimes Ambientais, a normativa dispõe sobre sanções
penais e infrações administrativas, tendo como principal objetivo a reparação do dano
ambiental. A lei é considera um importante marco na legislação brasileira, com ela as infrações
foram claramente definida, permitiu que a responsabilização da pessoa jurídica e quando esta
representar um impedimento para o ressarcimento dos prejuízos causados ao meio ambiente,
a lei traz a possibilidade da desconsideração da personalidade jurídica permitindo que o crime
possa ser imputado as pessoas físicas responsáveis pela empresa que provou o dano. Conforme
apresentado no art. 3 da Lei 9.605/98:

As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme disposto


nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou
contratual, ou seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras,
coautoras ou participes do mesmo fato (Brasil,1998).

A norma traz as infrações elencadas em cinco diferentes categorias, crimes contra a Fauna
do arts. 29 a 37, crimes contra a Flora do arts. 38 a 53, na seção III - Da Poluição outros Crimes
Ambientais composto pelos arts. 54 a 61, Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio
Cultural do arts. 62 a 65, Crimes contra a Administração Ambiental arts. 66 a 69.

É importante ressaltar que todos os artigos que compõem essa Lei são relevantes, entretanto
o profissional de meio ambiente deve atentar-se para os artigos que constituem a seção III –
Da Poluição e outros Crimes Ambientais, pois nesse trecho da lei estão descritos as infrações
cometidas por ausência ou ineficiência de controles ambientais em sistemas de produção,
tais como lançamento de residuos sólidos ou líquidos em desacordo com a legislação vigente,
38

lembrando que é nesse ambiente em que se encontrará alocado no dia a dia.

3.3 Lei 12.187, de 29 de dezembro de 2009


Criou a Política Nacional sobre Mudanças do Clima (PNMC), composta por princípios,
objetivos, diretrizes e instrumentos. A lei elenca os princípios da precaução, da prevenção, da
participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e das responsabilidades comuns.

A PNMC é diferente das demais normas do ordenamento jurídico brasileiro, pois ela representa
uma ação voluntária do Brasil, pois este não compõem a lista de países que deverão realizar a
redução de suas emissões de gases do efeito estufa, conforme consta no Anexo I do Acordo das
Nações Unidas, assinado em integrantes do anexo I do Protocolo Kyoto.

3.4 Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010


Instituiu a Política Nacional de Residuos Sólidos (PNRS), composta por princípios, objetivos,
instrumentos, diretrizes metas e ações que visam a gestão integrada e o gerenciamento do
resíduo sólido, não se aplicando aos rejeitos radioativos por possuírem norma própria.

A lei trouxe inovação ao ordenamento jurídico brasileiro, como, por exemplo, o conteúdo do
art. 6, parágrafo 7, que regulamenta a responsabilidade compartilhada entre poder público, setor
empresarial e sociedade pela destinação do resíduo.

Figura 2 - Pilha de resíduos em solo


Fonte: Nokuro, Shutterstock (2020).

#PraCegoVer: A imagem mostra uma pilha de resíduos em processo de decomposição


descartado em um terreno, sem o devido tratamento.

Outra novidade está no art. 7, parágrafo 2, que prioriza a não geração de resíduos e, caso
não seja possível, a redução dessa quantidade, de forma a garantir a reutilização, a reciclagem, o
tratamento e a disposição em solo. As etapas recomendadas pela PNRS são subsidiadas por leis e
39

resoluções distintas, tais como:

• Resolução Conama 401/2008

descarte de pilhas e baterias;

• Resolução Conama 452/2012

controle de importação de resíduos perigosos;

• Decreto 96.044/1988

transporte de produtos perigosos;

• Decreto 5.940/2006

Separação e destinação de recicláveis em instituição pública;

• Resolução Conama 358/2005

Tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde;

• Resolução 420 da Agência Nacional de Transporte Terrestre

Regulamenta transporte terrestre de produtos perigosos

4 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: RECURSOS NATURAIS


Entende-se por recurso natural todo os elementos encontrados na natureza e são essenciais
para sustentar a vida. As principais legislações que os envolvem são:

4.1 Lei 12.651, de 25 de maio de 2012


O antigo Código Florestal era regido pela Lei 4.771/65 que, em 2012 foi substituído pela Lei
12.651, considerado o atual e atual Código Florestal. É essa legislação que dispõe sobre a proteção
da vegetação nativa, classificando os espaços territoriais especialmente protegidos como:

Amazônia Legal;

Área de Preservação Permanente (APP);

Reserva Legal (RL);

Áreas de Uso Restrito.


40

É preciso atentar-se que as APP são faixas marginais de qualquer curso d’agua, mesmo que
a vegetação tenha sido removida por qualquer motivo ainda será considerada APP. O Código
Florestal delimitou em seu art. 4, parágrafo 1, a largura que mínima de vegetação para cada
tamanho dos corpos hídricos. Os tipos de APPs são faixas marginais, áreas de entorno de nascente,
encostas, restingas, manguezais, topos de morros entre outros.

4.2 Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997


A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), também conhecida como Lei das Águas,
tem por objetivo assegurar a disponibilidade de água às futuras gerações, a utilização racional
e integrada dos recursos hídricos e trabalhar na prevenção e defesa contra estiagens ou uso
indevido do recurso natural. A lei estabelece fundamentos essenciais que contribuem para
gerenciamento do recurso, conforme art.1 da Lei 9.433/97:

I – a água é um bem de domínio público;

II – a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III – em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a
dessedentação de animais;

V – a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de


Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VI – a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder
Público, dos usuários e das comunidades (BRASIL, 1997).

O gerenciamento descentralizado expresso na PNRH permite uma melhor participação de


todos os envolvidos no uso do corpo hídrico, essa premissa tornou a lei moderna dotada de
conceitos de sustentabilidade e participação equilibrada, no qual os integrantes dos comitês
e bacias hidrográficas podem atuar, mesmo com interesse distintos, escolhendo de forma
democrática o uso mais assertivo que será dado ao recurso.

É importante ressaltar que a gestão dos comitês é pautada nos instrumentos da própria Política
Nacional de Recursos Hídricos, expressos no art. 5, dentre eles podemos destacar a outorga
e a cobrança pelo uso da água. A outorga tem por objetivo assegurar o controle quantitativo
e qualitativo dos usos da água, evitar conflitos de interesse entre os usuários do recurso e ao
mesmo tempo garantir o direito de acesso à água.

A outorga é emitida pelo órgão gestor do recurso do estado ao qual o corpo hídrico se encontra
localizado, nos casos que o rio pertença a mais de um estado a autorização será emitida pela
Agencia Nacional das Águas – ANA, pois este recurso natural estará enquadrado como bem de
domínio da União. Os usos que dependem de outorga estão elencados no art.12 da lei 9.433/97:
41

derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo d’água para consumo final,
inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;

extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;

Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não,
com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;

aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;

Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um


corpo de água.

O instrumento denominado cobrança pelo uso da água tem por objetivo reconhecer a água
como um bem dotado de valor econômico e dessa forma incentivar o uso racional, além de obter
recurso financeiro a ser aplicado nos planos de recurso hídricos.

4.3 Lei 10.295, de 17 de outubro de 2001


Também conhecida como Lei de Eficiência Energética reflete uma preocupação brasileira em
alocar recurso de forma eficiente na produção de energia. Trata-se de um instrumento normativo
que traz a obrigatoriedade de o poder executivo estabelecer níveis máximos de consumo de
energia ou mínimos de eficiência energética. A lei foi regulamentada primeiramente pelo Decreto
4.059, de 19 de dezembro de 2001, e revogado pelo novo Decreto 9.864, de 27 de junho de 2019

Coube ao Decreto que regulamentou a Lei de Eficiência Energética a instituição de um Comitê


Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética, com função deliberativa e que é composto
por representantes do Ministério de Minas e Energia, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações
e Comunicações, Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério
da Economia, Agência Nacional de Energia Elétrica, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis e sociedade civil.

É imprescindível a gestão dos recursos energéticos do país, sendo necessário a adoção de


medidas que possibilitem realizar o mesmo trabalho com uso menor de energia, é importante
conhecermos as variáveis mais significativas que impactam no consumo de energia do país, para
que ações como criação e implantação de políticas públicas e investimento de recursos possam
ser realizadas.
42

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:


43

PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• conhecer as noções e conceitos preliminares utilizados em vários ramos do Direito,


tais leis, decretos, portarias e instrução normativa;

• aprender sobre a hierarquia das leis e como elas podem influenciar no cotidiano e
no controle de padrões de qualidade, quando aplicadas de forma incorreta;

• compreender alguns dos princípios basilares do direito ambiental que são funda-
mentais para o ordenamento jurídico e orientam o dia a dia e a tomada de decisão
do profissional de meio ambiente;

• estudar sobre a responsabilidade solidaria ou tríplice responsabilidade e sua reper-


cussão em todos os envolvidos em dano ambiental;

• compreender algumas das leis da esfera federal que norteiam a criação de leis esta-
duais ou municipais e todas devem estar em harmonia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMADO, F. A. T. Direito ambiental: esquematizado. 5 ed. São Paulo: Método, 2014.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Disponível em: <http://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 25 fev.
2020.

_____. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm>. Acesso em: 25
fev. 2020.

_____. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos


Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta
o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de
março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm>. Acesso em: 25 fev. 2020.

_____. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá
outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.
htm>. Acesso em: 25 fev. 2020.

_____. Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009. Institui a Política Nacional sobre


Mudança do Clima - PNMC e dá outras providências. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12187.htm>. Acesso em: 25 fev.
2020.

_____. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos


Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/
l12305.htm>. Acesso em: 25 fev. 2020.

_____. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação


nativa; altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de
1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro
de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de
agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em: 25 fev. 2020.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ). Conheça a hierarquia das leis brasileiras.


Portal do CNJ, 2018. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/cnj-servico-conheca-a-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

hierarquia-das-leis-brasileiras/>. Acesso em: 25 fev. 2020.

RICCITELLI, A. Direito constitucional: teoria do estado e da Constituição. 4 ed. Barueri:


Manole, 2007.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). Lei municipal sobre meio ambiente deve respeitar
normas dos demais entes federados. Portal do STF, 5 mar. 2015. Disponível em: <http://
www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=286695>. Acesso em:
25 fev. 2020.
UNIDADE 3
Poluição ambiental
Introdução
Você está na unidade Poluição Ambiental. Conheça aqui os conceitos básicos que
envolvem a poluição ambiental e as técnicas e instrumentos legais que buscam fazer o
controle da poluição e dos impactos ambientais. Descubra a importância dos estudos de
impacto ambiental e como eles devem ser feitos de forma condizente com as etapas do
licenciamento ambiental.

Bons estudos!
49

1 INTRODUÇÃO À POLUIÇÃO AMBIENTAL


Você já percebeu a inter-relação que os sistemas ambientais possuem?

O meio ambiente pode ser dividido de diversas formas e uma das mais comuns é o solo, a
água, o ar e os organismos vivos. No entanto, quando se trata de poluição ambiental, o meio é
dinâmico e a poluição que incide sobre um ponto que, em pouco tempo, pode afetar também
outros locais.

Como o solo é a interface entre todos os componentes, se ele sofrer com poluição e um
composto volátil, por exemplo, logo a qualidade do ar também será afetada. O mesmo acontece
com o curso hídrico: sempre que um poluente persistente o alcançar, outro sistema ambiental
com características totalmente diferentes também acabará afetado.

Assim, toda a ação para que um evento de poluição não ocorra ou já tenha acontecido deve
estar baseada em leis e normas legais que tratam especificamente da prevenção e da remediação
da poluição. As principais são:

• Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981);

• Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/1997);

• Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010);

• Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) n° 237/1997, que trata do


licenciamento ambiental;

• Resolução do Conama nº 420/2009, que trata da poluição do solo e gerenciamento de


áreas contaminadas;

• Resolução do Conama nº 357/2005 e Resolução do Conama nº 430/2011, que tratam da


qualidade da água e

• lançamento de efluentes;

• Resolução do Conama nº 149/2018, que dispõem sobre os padrões de qualidade do ar,


dentre outras com conteúdo específico e aprofundamentos.

Um meio ambiente saudável e equilibrado é direito do cidadão brasileiro. Essa temática está
escrita de forma expressa no art. 225 da Constituição Federal de 1988, fazendo referência ao
direito que os cidadãos brasileiros possuem de estar e viver em um ambiente sadio e que lhes
promova a qualidade de vida. Para isso, todos os entes são atores na promoção da preservação e
da defesa do meio ambiente.

Mas para que essa previsão se torne possível, o país lança mão de alguns meios governamentais
50

de regulação da poluição e dos impactos causados pelas atividades humanas, que são estudados
mais adiante.

2 CONTROLE DA POLUIÇÃO
Segundo o art. 3º, inciso III da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), poluição é
definida como a

degradação ambiental resultante de atividades que de forma direta ou indireta prejudique a


saúde, a segurança, o bem-estar da população, ou que criem condições adversas às atividades sociais
e econômicas, que afetem desfavoravelmente a biota, que prejudiquem as condições estéticas ou
sanitárias do meio ambiente ou que lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos (BRASIL, 1981).

É, portanto, uma transgressão aos limites estabelecidos por lei. Assim, como forma de realizar
um controle mais efetivo que eventos que possam causar poluição, a PNMA propõe alguns
instrumentos de gestão, que estão previstos no art. 9º:

I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

II - o zoneamento ambiental;

III - a avaliação de impactos ambientais;

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;

V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia,


voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias


à preservação ou correção da degradação ambiental (BRASIL, 1981).

Ela também institui o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão consuntivo
e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). Neste sentido, pertencem
ao Sisnama todos os órgãos que tratam da temática ambiental, regulamentados pelo Decreto
99.274/1990.

2.1 Princípios do direito ambiental


Os princípios de direito ambiental que norteiam as ações que dizem respeito à temática
ambiental servem para expressar o compromisso que todos devem ter com os cuidados ao meio
ambiente. Segundo Silva (2016), são eles:

• Princípio ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da


pessoa humana;
51

• Princípio do desenvolvimento sustentável;

• Princípio da ubiquidade ou princípio da cooperação;

• Princípio da participação ou democrático;

• Princípio da educação ambiental;

• Princípio do poluidor-pagador;

• Princípio da prevenção;

• Princípio da precaução;

• Princípio do usuário-pagador;

• Princípio da responsabilidade ou da responsabilização;

• Princípio da obrigatoriedade da intervenção estatal na defesa do meio ambiente;

• Princípio do equilíbrio resultado global;

• Princípio do limite;

• Princípio da função socioambiental da propriedade;

• Princípio da solidariedade intergeracional;

• Princípio da natureza pública da proteção ambiental.

É por meio de tais princípios que todos podem ter consciência da sua responsabilidade
compartilhada, dos seus direitos e deveres, das sanções que serão aplicadas quando houver
transgressão da lei e da importância que a ação governamental possui na hora de garantir a
segurança ambiental, a sanidade do meio e a saúde pública.

Porém, nem sempre os devidos cuidados são tomados, o que acaba resultando em um crime
ambiental. A ação humana é responsável, hoje, por interferir nos principais meios de manutenção
da vida – o ar, a água e o solo -, promovendo a sua degradação.

Então, para dar diretrizes a casos assim foi instituída a Lei nº 9.605/1998, a chamada Lei de
Crimes Ambientais, que trata das transgressões à lei, das multas e das formas de se recuperar o
dano causado.

2.2 Controle da qualidade do ar


A qualidade do ar depende de diversos fatores, como, por exemplo, o volume e a carga
poluidora das emissões locais e regionais, a localização geográfica do ponto de interesse e a
52

dinâmica atmosférica a que está submetido tal local.

Caso a dinâmica atmosférica e a geografia local não sejam favoráveis à dispersão de poluentes,
o ponto torna-se um local de fragilidade necessitando que a gestão pública crie diretrizes mais
restritivas às emissões, pois um volume menor de poluentes pode causar um grande problema
local. No entanto, quando se trata de um ponto onde há boa dispersão de poluentes há
possibilidade da gestão pública manter a vazão indicada na instância superior, sem alterações.

É importante lembrar que um poluente atmosférico não precisa necessariamente ser um


gás, o material particulado, a fuligem, fumaça e diversas partículas em suspensão também
são caracterizados como poluentes. A lei que trata nacionalmente da poluição atmosférica é a
CONAMA 491 de 2018, ela indica parâmetros para os seguintes poluentes:

• material particulado;

• dióxido de enxofre;

• dióxido de nitrogênio;

• ozônio;

• monóxido de carbono;

• partículas totais em suspensão (PTS);

• chumbo.

Há algumas formas de classificar os poluentes atmosféricos, que podem ser divididos em


naturais e antrópicos, e primários e secundários.

Os poluentes naturais referem-se a situações em que, naturalmente, há elevação da


concentração de poluentes atmosféricos. É o caso, por exemplo, de vulcões em erupção,
queimadas naturais, tempestades de areia, pólen e a atividade dos animais.

Os poluentes antrópicos, por sua vez, são aqueles provocados em decorrência das atividades
do ser humano, como a queima incompleta de combustíveis e a produção industrial com
combustão ou que possui gases diversos como subproduto.

Já os poluentes primários são emitidos direto da fonte, seja ela móvel (veículos) ou fixa
(chaminé), como é o caso do dióxido de enxofre, o dióxido de nitrogénio e o monóxido de
carbono. Por fim, os poluentes secundários são aqueles formados na atmosfera em decorrência
de reações químicas entre poluentes. Um exemplo é o ozônio que surge a partir da reação entre
compostos que estão na atmosfera e o auxílio de um catalizador natural, a radiação solar (GOTTI;
SOUZA, 2017).
53

A poluição do ar é um problema tão sério que o Brasil possui uma resolução que trata de forma
específica sobre o seu controle: a Resolução nº 5/1989 do Conama. Essa normativa cria o Programa
Nacional de Controle de Qualidade do Ar (Pronar) e separa as áreas urbanas em classes para que, em
cada uma, haja um padrão de concentração de gases específico. Uma área verde de preservação, por
exemplo, é classificada como de Classe I e fica sujeita a padrões primários mais restritivos. Já um centro
urbano pode ser enquadrado como de Classe II ou III, que fica sujeito a um padrão mais permissivo.

Figura 1 - Poluição das cidades


Fonte: Tatiana Grozetskaya, Shutterstock (2020).

#PraCegoVer: A imagem mostra as chaminés de algumas fábricas lançando fumaça e


provocando a poluição do ar.

Como forma de realizar um controle efetivo da poluição atmosférica, Dersídio (2012) cita
alguns tópicos que devem ser observados pelo poluidor e pela gestão pública:

• Criação de um planejamento territorial e zoneamento das atividades;

• Promoção da eliminação e minimização de poluentes, de acordo com as possibilidades;

• Tratamento dos poluentes direto na fonte de geração;

• Utilização de técnicas que promovam a diluição dos poluentes;

• Investimento em equipamentos de controle de poluentes.

Nestes casos, é preciso utilizar a tecnologia adequada para cada processo industrial, de
forma a manter a produção e provocar um lançamento mínimo de efluentes gasosos. Em geral,
quando veem uma chaminé lançando gases ao longo, as pessoas costumam pensar que se trata
de poluição, mas, na verdade, o processo pode envolver a geração e o tratamento prévio desses
gases. Afinal, atualmente há processos e equipamentos no mercado que são extremamente
eficientes no controle da poluição atmosférica.
54

2.3 Controle da qualidade da água


Os sistemas ambientais constituídos majoritariamente de água são extremamente complexos
e sensíveis, os ciclos naturais que a água realiza a expõe a uma quantidade muito grande
poluentes, mas também favorecem a sua mistura (POZZA e SANTOS, 2015).

A qualidade da água é determinada pela quantidade e diversidade de substâncias químicas


orgânicas e inorgânicas ali presentes. Assim, Pozza e Santos (2015) afirmam que as características
da água podem ser divididas em:

Características químicas

alcalinidade, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Demanda Química de Oxigênio (DQO),


dureza, metais, nutrientes, Oxigênio Dissolvido (OD), Potencial Hidrogeniônico (pH), praguicidas
(agrotóxicos), radioatividade e salinidade;

Características biológicas

algas e coliformes;

Características físicas

cor, sabor, odor, temperatura e turbidez.

Definidos os parâmetros básicos para diferenciar as águas é possível enquadrá-las de


acordo com suas características, definir padrões de potabilidade e apontar a concentração e as
características ideias para que um efluente deva ter para que possa ser lançado no corpo hídrico
que se deseja.

Quanto à qualidade das águas superficiais utilizadas para o abastecimento público, a Portaria
nº 2.914/2011, do Ministério da Saúde, é quem, nacionalmente, estabelece parâmetros para
o consumo humano. E as resoluções do Conama nº 357/2005 e 430;2011 é que tratam da
classificação dos cursos d’água e indica diretrizes para o enquadramento, ainda ela estabelece
parâmetros e condições para o lançamento de efluentes. Sempre incentivando que o efluente
possua a menor carga poluidora possível.

Para que seja possível reduzir a carga poluidora dos efluentes líquidos é importante que eles
passem por um sistema de tratamento. A imagem a seguir mostra uma planta de tratamento de
efluentes domésticos em funcionamento, com capacidade de reduzir significativamente a carga
poluidora do efluente.
55

Figura 2 - Vista aérea de uma estação de tratamento de efluentes domésticos


Fonte: Kekyalyaynen, Shutterstock (2020).

#PraCegoVer: A imagem mostra uma fotografia aérea dos detalhes de uma planta de
tratamento de efluentes domésticos, com destaque para tanques aeróbicos, anaeróbicos e
reatores biológicos.

Nacionalmente, a Agência Nacional de Águas (ANA) é o órgão regulador dos recursos hídricos.
Criado pela lei nº 9.984/2000, o orgão atua diretamente em assuntos que tratam de regulação,
monitoramento, aplicação da lei e planejamento dos recursos hídricos e trabalha para exigir o
cumprimento dos objetivos e diretrizes da Política Nacional dos Recursos Hídricos (PNRH).

Como forma de realizar o controle, planejamento e a gestão dos recursos hídricos, a ANA,
todos os anos, lança a Conjuntura Anual dos Recursos Hídricos, um material de divulgação sobre
a situação das águas no país, no ano em que a conjuntura se refere. Além desse, o órgão também
produz uma série de publicações diversas baseadas no Sistema de Informação de Recursos
Hídricos (SNIRH). Entre elas:

Definição e aplicação de padrões de qualidade da água;

Detalhamento das prioridades e dos usos dos recursos hídricos;

Flexibilidade e adaptabilidade dos padrões de qualidade variando de acordo com o caso;

Cobrança dos padrões de lançamento;

Estabelecimento de critérios para o lançamento de efluentes;

Priorização de cuidados às fontes de poluição;

Tratamento conjunto, desde que viável técnica e economicamente;


56

Efetivação do controle preventivo;

Controle e cobrança dos prazos para implantação dos sistemas de tratamento;

Desenvolvimento de tecnologia no campo do tratamento de resíduos;

Integração e coordenação das atividades entre os órgãos públicos;

Criação de canais de Informação com comunidade.

Embora o país conte com legislações, normas técnicas e/ou pesquisas que buscam melhorar
os cuidados com a água, nem sempre os esforços conseguem ser efetivos.

2.4 Controle da qualidade do solo


Ao contrário do que se pensa, o solo não é um meio inerte. Pelo contrário: ele é extremamente
dinâmico e abriga um volume imenso de organismos, macro e microscópicos.

A preservação da qualidade do solo, assim como a dos outros compartimentos do sistema


terrestre (hidrosfera e atmosfera), é de extrema importância para a manutenção da vida no
planeta. As principais funções do solo são definidas na Resolução do Conama nº 420/2009, como:

I - servir como meio básico para a sustentação da vida e de habitat para pessoas, animais, plantas
e outros organismos vivos;

II - manter o ciclo da água e dos nutrientes;

III - servir como meio para a produção de alimentos e outros bens primários de consumo;

IV - agir como filtro natural, tampão e meio de adsorção, degradação e transformação de


substâncias químicas e organismos;

V - proteger as águas superficiais e subterrâneas;

VI - servir como fonte de informação quanto ao patrimônio natural, histórico e cultural;

VII - constituir fonte de recursos minerais; e

VIII - servir como meio básico para a ocupação territorial, práticas recreacionais e propiciar outros
usos públicos e econômicos (BRASIL, 2009).

O solo, por ser interface entre hidrosfera e atmosfera, pode atuar como um meio de
transferência ou de retenção de poluentes para os corpos hídricos superficiais ou subterrâneos,
e esse potencial vai depender de algumas características do solo, como a permeabilidade e a
afinidade eletroquímica que ele terá com alguns poluentes conferindo-lhe a capacidade de
retenção (POZZA; SANTOS, 2015).
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Portanto, é fundamental se sejam realizar estudos que tratem da capacidade de retenção de


poluentes do solo, de forma que quando ocorra um evento localizado de contaminação, como por
exemplo um acidente com uma carga de combustíveis, os técnicos que realização a recuperação
da área, sejam rápidos e efetivos na aplicação de técnicas para remediação.

Para Dersídio (2012), quando há a finalidade de controlar a poluição do solo, é imprescindível


que se tenha uma postura preventiva baseada na escolha de técnicas adequadas, na aplicação
correta e na escolha de locais adequados para as atividades desejadas. Para isso, o autor,
considera necessário atentar-se a:

O uso do solo na região

de forma a verificar quais atividades são bem aceitas no solo e quais as plantas são adaptadas
à região.

A topografia

um local íngreme, uma encosta ou um vale requerem cuidados muito mais restritivos no uso
e ocupação do que áreas de campo.

O tipo de solo

cada solo possui características que são resultantes do processo de formação que o originou,
de forma que solos ácidos precisam da aplicação de um tamponante para a produção agrícola,
solos arenosos possuam uma drenagem muito rápida em comparação com os argilosos e assim
por diante.

A vegetação

deve ser atentado à vegetação endêmica que vive ali, as leis que regem a proteção da flora
como o Código florestal, Amazônia Legal e lei da mata atlântica. Os quais estabelecem usos
prioritários em algumas áreas e proíbem outros não condizentes com as características locais.

A possibilidade de ocorrência de inundações

Áreas que costumeiramente sobre com alagamento e inundações naturais não devem ser
utilizadas para moradia, devem receber um uso social, como áreas de contenção de cheias. No
meio rural devem ser drenados em épocas de cheias e dependendo do caso a água ser utilizada
na agricultura.

As características do subsolo

A contaminação dos aquíferos é uma problemática que precisa ser enfatizada, por ele
58

estar “escondido” por vezes esquecemos de dar a devida atenção. As águas subterrâneas são
fundamentais para a país e precisar que sejam aplicados meios de prevenção da poluição.
Requerer um laudo geológico da área que se deseja utilizar por parte do órgão ambiental é um
meio de conhecer a geologia e o subsolo local e assim definir possibilidades de uso.

A proximidade de cursos d’água

Os cursos d’água superficiais estão expostos à diversos poluentes e sua dinâmica interliga de
forma rápida locais distantes portanto é fundam tal cuidados parar que não haja contaminações
em cursos d’água. Além disso os cursos d’água possuem interligação com a água subsuperficial.

Como forma de regar o uso e ocupação do solo, o Estatuto das Cidades, Lei nº 10.257/2001
obriga os gestores municipais a separarem as áreas industriais, comerciais e residenciais dentro
do ambiente urbano, de forma que o ordenamento urbano seja efetivo na redução do desconforto
ambiental e desequilibro da saúde.

2.5 Monitoramento
A forma mais eficiente de determinar a sanidade de um sistema ambiental e potencial de
degradação de uma atividade ou processo é o monitorar o ambiente. O monitoramento ambiental
tem capacidade de fornecer as informações necessárias para planejar e executar um programa
efetivo focado no gerenciamento ambiental (POZZA; SANTOS, 2015).

No entanto, para que consiga expressar a realidade vivenciada, o monitoramento deve


oferecer um programa de amostragem, que seja capaz de apontar a frequência com que acontece,
um cronograma, a metodologia de coleta, a forma de preservação de uma amostra e o número de
repetições. Além disso, deve envolver ainda um processo de aprofundamento no conhecimento
do meio a ser avaliado, dos parâmetros medidos e também do entorno e seus habitantes (fauna
e flora circundantes).

3 IMPACTOS AMBIENTAIS
Toda intervenção no meio natural causa um impacto ambiental, que deve ser mensurado
quanto ao potencial lesivo dos diversos componentes e elementos locais e/ou regionais afetados.
Isso permite identificar tudo aquilo que, de fato, ocorreu.

Um impacto não precisa ser necessariamente antrópico. Na prática, tsunamis, furações,


vulcões e até fortes chuvas também possuem força para causar impactos. A diferença é que eles
não podem ser controlados, enquanto os antrópicos sim, uma vez que são frutos de ações que
podem ser planejadas e executadas de forma minimamente lesiva.
59

Portanto, é necessário que as atividades de maior potencial poluidor estejam de acordo com
as normativas nacionais que regulam o uso e ocupação do meio ambiente e também, sejam
periodicamente avaliadas e ao fim das atividades cuide-se dos passivos gerados.

Os impactos ambientais podem assumir várias faces e podem ser bons ou ruins à população,
à economia e ao meio ambiente. Tais impactos podem ser classificados como:

Impacto direto

É o impacto causado diretamente, possui uma causa definida, é um efeito a uma perturbação.
Esse tipo de impacto pode ser ainda chamado de impacto primário.

Impacto indireto

Não se relacionam prontamente a uma ação, mas sim, mas sim ocorrem em virtude dela,
como uma cadeia de impactos.

Impacto local

É um impacto de pequenas proporções, e afeta apenas uma região delimitada.

Impacto regional

É um efeito de maiores proporções, afetando uma área definida que por vezes acaba criando
diversos impactos secundários.

Impacto estratégico

Ocorre quando é realizada alguma intervenção em que propositalmente o impacto ocorra,


geralmente ele possui importância coletiva e costuma ser realizada para o benefício da população.

Impacto imediato

É dito imediato quando o efeito surge no instante da ação.

Impacto a médio e longo prazo

Manifesta-se depois de decorrido certo tempo após a ação;

Impacto temporário

Ocorre quando o efeito permanece por um tempo determinado, depois o sistema ambiental
volta a fluir normalmente.
60

Impacto permanente

Não param de manifestar efeitos em um horizonte temporal conhecido, após a execução da ação.

Além disso, ainda podem ser listados como impactos antrópicos no solo, água e ar:

• a mortandade de organismos vivos;

• a chuva ácida;

• os problemas de saúde decorrentes do exposição à água, ar ou alimento contaminado;

• o agravamento do efeito estufa;

• a eutrofização das águas;

• a depleção da camada de ozônio;

• a esterilidade dos solos;

• a salinização dos solos e das águas;

• a contaminação dos aquíferos.

A imagem a seguir retrata um exemplo dos impactos produzidos pelo descarte incorreto dos
resíduos sólidos, que acabam chegando aos rios e desregulando todo o sistema ambiental aquático

Figura 3 - Poluição urbana


Fonte: Strahil Dimitrov, Shutterstock (2020).

#PraCegoVer: A imagem mostra um rio tomado por resíduos sólidos que foram descartados
de forma incorreta, provocando uma poluição visível.

Para evitar que ocorram tais impactos, a PNMA institui como um de seus instrumentos o
licenciamento ambiental e a avaliação de impacto ambiental.
61

4 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL


A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) ocorrerá por meio de um Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) e de um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). A Resolução do Conama
237/1997 explicita, no art. 3º, que, em alguns casos, será obrigatório apresentar um EIA/RIMA no
processo de licenciamento ambiental.

A AIA é regulamentada pela Resolução do Conama 1/1986, cujo art. 6º define o conteúdo
mínimo que deve ter um EIA:

Diagnóstico ambiental

deverá abordar a área de influência do projeto, analise dos recursos ambiental e interações,
além de apresentar a descrição detalhada do meio físico, biológico e socioeconômico.

Análise dos impactos ambientais do projeto e desuas alternativas

identifica a previsão de magnitude dos prováveis impactos, distinguindo os positivos,


negativos, diretos, indiretos, de curto, médio e longo, o grau de reversibilidade, as propriedades
cumulativas, o ônus e os benefícios sociais envolvidos.

Definição das medidas mitigadoras dos impactosnegativos

define estratégias, cronogramas e medidas mitigatórias para amenizar os impactos negativos


que serão inevitáveis de acontecer.

Elaboração do programa de acompanhamento emonitoramento

cria um programa permanente de monitoramento dos impactos positivos e negativos que


ocorrerão, nesse programa devem ser indicados fatores e parâmetros a serem mensurados.

Nesse contexto das exigências legais, é fundamental que o estudo cumpra com sua função, de
forma a representar o mais fiel possível o que ocorre diante da implantação do projeto. Isso deve
ocorrer para prevenir a população de impactos inesperados e para culpabilizar o empreendedor
de danos causados sem o devido conhecimento do órgão ambiental e sem que sejam tomadas as
devidas medidas de controle, minimização e mitigação.

Além do EIA/RIMA, o órgão ambiental pode solicitar também outros documentos para
complementar as informações presentes no licenciamento ambiental e comprometer o
empreendedor das suas obrigações enquanto utilizador dos recursos naturais (SILVA, 2016). São
exemplos:
62

Plano de Controle Ambiental (PCA);

Relatório de Controle Ambiental (RCA);

Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD);

Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV).

5 LICENCIAMENTO AMBIENTAL
O licenciamento ambiental é abordado no art. 9, inciso 4, da PNMA, que o trata como um de
seus instrumentos. Assim, para aplica-lo, a Resolução do Conama nº 237/1997 parametriza e cria
diretrizes para esse procedimento administrativo.

O licenciamento ambiental é, basicamente, dividido em três tipos de licenças. São elas:

Licença prévia (LP)

É a licença que vai permitir que o empreendedor realize os devidos estudos de viabilidade,
dentre os quais, de acordo com a obra ou atividade que se deseja o órgão ambiental irá direcionar
as obrigatoriedades que devem haver no material a ser apresentado pra análise dos técnicos
responsáveis pelo licenciamento. Se emitida essa licença aprovará a localização e concepção do
empreendimento.

Licença de instalação

É o segundo passo no processo de requerimento. Após aprovada e emitida a LP, o requerente


deverá apresentar ao órgão ambiental todos os estudos solicitados referentes ao planejamento,
execução e projeto civil que a obra ou atividade requeira. Emitida a LI, então o empreendedor
poderá iniciar as obras de instalação.

Licença de operação

É a última licença a ser emitida antes de iniciar o funcionamento da atividade. Para que
seja protocolado seu pedido o empreendimento já deve ter passado pela LP e LI, e ainda ter
concluído as obras de instalação necessárias à operação do empreendimento. A licença de
operação irá permitir o funcionamento da atividade, nessa fase serão definidos os planos de
controle/monitoramento ambiental, regularidade de monitoramento e validade da licença.
Somente depois de aprovadas as três licenças é que o empreendedor pode iniciar as atividades
produtivas. Em algumas situações, no entanto, as licenças emitidas podem ser revogadas caso
sejam constatadas irregularidades por parte do empreendedor. E, ao final da validade da licença
de operação, o empreendedor novamente deverá dar entrada no órgão ambiental com um
63

pedido de renovação de licença.

Renovação de licença de operação (RLO)

É o momento em que o órgão ambiental irá reavaliar as condicionantes do processo, verificar


os monitoramento e relatório emitidos no período da vigência da LO, e se estiverem de acordo ira
expedir uma RLO, permitindo mais uma vez a operação, com uma nova validade.

FIQUE DE OLHO
Além das licenças tradicionais ainda existem outros tipos, que variam de acordo com o porte,
potencial poluir, caráter temporário ou que visam regularizar obras já em funcionamento
(que, por desconhecimento do proprietário, não passaram pelo processo tradicional de
licenciamento ambiental. As principais são:

- Licença de regularização de operação: visa regularizar empreendimentos que estavam


operando sem licença ambiental.

- Autorização ambiental: é emitida para empreendimentos de caráter temporário e curto


espaço de tempo, sem necessidade de instalação permanente.

- Licença ambiental simplificada: é emitida para obras de pequeno porte e com baixo
potencial poluidor.

O procedimento de licenciamento ambiental é uma estratégia fundamental para garantir


o desenvolvimento sustentável e a soberania ambiental nacional, de forma a compatibilizar as
atividades com as áreas e os anseios da população. Isso promove um desenvolvimento capaz de
controlar as agressões ao meio ambiente e promover a responsabilização necessária dos entes
envolvidos.
64

PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• conhecer a dinâmica ambiental, e compreender que ela deve ser considerada ao


avaliar um evento de poluição;

• refletir sobre os impactos que ocorrem no solo, na água e no ar em decorrência das


atividades humanas e conhecer os seus meios de controle;

• entender melhor a importância do monitoramento ambiental como forma de identi-


ficar os eventos de poluição que ocorrem em um sistema ambiental;

• conhecer o estudo da avaliação de impacto ambiental;

• conhecer de forma detalhada o procedimento administrativo de licenciamento am-


biental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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informe anual. Brasília: ANA, 2019. Disponível em: <http://conjuntura.ana.gov.br/static/
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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 23
dez. 2019.

_____. Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990. Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de


abril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente
sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 07/06/1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/
Antigos/D99274.htm>. Acesso em: 23 dez. 2019.

_____. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm>. Acesso em: 25
fev. 2020.

_____. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos


Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta
o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de
março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm>. Acesso em: 25 fev. 2020.

_____. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá
outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.
htm>. Acesso em: 25 fev. 2020.

_____. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos


Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/
l12305.htm>. Acesso em: 25 fev. 2020.

_____. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria n. 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe


sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo
humano e seu padrão de potabilidade. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html>. Acesso em: 22 de fev. de 2020.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

_____MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Resolução n. 430, de 13 de maio de 2011.


Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera
a Resolução no 357, de 17 de março de 2005. Disponível em: <http://www2.mma.gov.
br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646>. Acesso em: 22 de fev. de 2020.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução nº 237, de 19 de


dezembro de 1997. Estabelece o Sistema de Licenciamento Ambiental. Disponível em:
<http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html>. Acesso em: 22 de
fev. de 2020.

_____. Resolução nº 420, de 28 de dezembro de 2009. Dispõe sobre critérios e valores


orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e
estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas
substâncias em decorrência de atividades antrópicas. Disponível em: <http://www2.
mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=620>. Acesso em: 22 de fev. de 2020.

_____. Resolução nº 491, de 19 de novembro de 2018. Dispõe sobre padrões de


qualidade do ar. Disponível em: <http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
cfm?codlegi=740>. Acesso em: 22 de fev. de 2020.

_____. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos
de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Disponível
em: <http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459>. Acesso em:
22 de fev. de 2020.

_____. Resolução nº 1, de 23 de janeiro de 1986. Estabelecerem as definições, as


responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação
da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do
Meio Ambiente. Brasília, DF: MMA, CONAMA, 01 jan. 1986. Disponível em: <http://
www2.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html>. Acesso em: 22 fev. 2020.

DERISIO, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental. 4 ed. São Paulo: Oficina de


Textos, 2012.

GOTTI, I. A. E.; SOUZA, A. C. O. Gestão ambiental. Londrina: Editora e Distribuidora


Educacional S.A., 2017.

POZZA, S. A.; SANTOS, C. G. P. Monitoramento e caracterização ambiental. São Carlos:


EdUFSCar, 2015.

SILVA, T. F. D. Direito ambiental. 1 ed. Rio de Janeiro: SESES, 2016.


UNIDADE 4
Instrumentos e ferramentas de
gestão ambiental
Introdução
Você está na unidade Instrumentos e Ferramentas de Gestão Ambiental. Conheça aqui
os conceitos introdutórios da gestão ambiental, as diversas abordagens aplicadas nas
organizações e as ferramentas aplicadas aos processos produtivos ou prestações de
serviço. Entenda ainda o funcionamento, o escopo e os modelos de implantação do
sistema de gestão ambiental. Aprenda os diferentes modelos de relatório ambiental que
representa uma comunicação ou divulgação de informações ambientais entre a empresa e
seus colaboradores ou a empresa e os órgão de fiscalização. Conheça também a diferença
entre aspecto e impacto ambiental, sua importância para o sistema de gestão ambiental e
para as certificações ambientais. Entenda a relevância periódica das auditorias ambientais
e os seus benefícios para as organizações.

Bons estudos!
69

1 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS DE GESTÃO


AMBIENTAL
Os acidentes ambientais no Brasil e no mundo levaram alguns setores da sociedade civil a
questionarem o modelo de produção. Esses questionamentos promoveram vários protestos
e pressões sobre setores da economica mundial, demonstrando que a temática ambiental é
assunto do presente e das futuras gerações.

Por este motivo, as empresas passaram a se adaptar às novas exigências e o mercado passou
a ser cada vez mais competitivo diante de um consumidor mais consciente, ao passo que a
sociedade empresarial desenvolveu novos instrumentos que subsidiasse melhorias no sistema
produtivo que incluísse a temática ambiental e práticas.

1.1 As abordagens da gestão ambiental


Na busca por modificar antigos hábitos empresariais no modo de produzir, foram introduzidas
novas ferramentas na linha de produção que proporcionasse uma melhor eficiência com redução
de insumos, bem como a diminuição ou mitigação dos impactos provocados ao meio ambiente.
O conceito de reduzir, reutilizar e reciclar, comumente conhecido como 3R, é um exemplo típico
de ferramenta de gerenciamento ambiental.

É possível realizar um comparativo entre as diversas ferramentas e adotar a que melhor atende
as necessidades da organização, tudo depende da abordagem que será adotada, podendo ser:

Abordagem de comando e controle (ou controle de poluição)

é a gestão que atende apenas aos dispositivos legais ou manifestações de reclamações de


uma comunidade. Esse método consiste em atender atitudes reativas ou ações corretivas.

Abordagem prevenção a poluição

busca trabalhar a fonte de geração do problema, com o intuito de reduzir desperdício de


recurso ou ter que atuar em ações corretivas de impacto ambiental, como, por exemplo, reduzir
o consumo de água em determinado processo produtivo.

Abordagem estratégica

é utilizada em organizações que pensam em competitividade de mercado, que buscam


certificações e esperam inserir o conceito de meio ambiente na política da empresa.
70

1.2 As ferramentas da gestão ambiental


Existem diversos modelos e ferramentas de gestão ambiental que podem ser utilizados nas
organizações. A escolha dependerá do nível de desenvolvimento sustentável ou conscientização
ambiental em que a empresa se encontra e também a que está disposta a implantar.

O ecodesign é um modelo que agrega os aspectos ambientais, buscando reduzir o uso de


recursos naturais, seja por meio da projeção do ambiente ou de produtos. O modelo aborda
diferentes fases do projeto iniciando pelo planejamento, passa pela produção e vai até consumo.
Essa atividade exige a participação de vários departamentos que incluem o gestor de meio
ambiente, do setor de custos, do marketing e do desenvolvimento, por exemplo. Segundo o
Ministério do Meio Ambiente (2020), o ecodesign envolve aspectos como:

• Escolha de materiais de baixo impacto ambiental;

• Eficiência energética;

• Qualidade e durabilidade;

• Modularidade (objetos com peças intercambiáveis)

• Reutilização e reaproveitamento.

A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é empregada, muitas vezes, em produtos, sendo considerada
a técnica que consiste em mensurar os aspectos ambientais e os impactos ambientais de todas as
fases do processo produtivo. Por este motivo, é comumente conhecida como avaliação “do berço
ao túmulo” indo desde a extração da matéria-prima até o descarte após o uso. Os requisitos
mínimos e a estrutura que devem ser utilizadas para a implantação da ACV do produto podem ser
obtidos seguindo os preceitos da NBR ISO 14040:2001.

A educação ambiental é um mecanismo importante de conscientização e de transformação


de hábitos. Quando empregada em organizações empresariais, contribui para mudar o
comportamento dos funcionários na relação com meio ambiente, seja dentro ou fora das
dependências da empresa. Essa mudança poderá surtir efeitos como o controle de poluição da
instituição.
71

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

Figura 1 - Educação ambiental reflete fora das dependências da empresa


Fonte: Jose y yo Estudio, Shutterstock (2020).

#PraCegoVer: A imagem mostra uma mulher parada na areia de uma praia, com o mar ao fundo,
segurando um grande saco preto de lixo.

Já a produção mais limpa (P+L) é considerada como estratégia da gestão ambiental pelo Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Isso porque busca aumentar a eficiência no uso das
matérias primas, água e energia, empregando conceitos de não geração, minimização ou reciclagem.

FIQUE DE OLHO
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) disponibiliza
em seu endereço eletrônico um guia orientar os empresários a aplicarem uma produção mais
limpa que ajuda a repensar a geração de resíduos nas organizações. O documento “Faça você
mesmo” está disponível gratuitamente no link: <https://cebds.org/publicacoes/guia-para-
producao-mais-limpa-faca-voce-mesmo/?gclid=Cj0KCQiAhojzBRC3ARIsAGtNtHUf0yUGL9teg
Q7m5RgFzHe08vCNRec9iklopHJraIkHZRxFrENC8sIaAqgzEALw_wcB#.XmqAeahKg2x>.
72

A rotulagem ambiental é uma espécie de certificação voluntária que incentiva as empresas a


considerarem, na produção, o ciclo de vida do produto e os requisitos estabelecidos em um dos
três tipos de rotulagem ambiental previstos pela NBR ISO:

Rotulagem tipo I

Programas de Selos Verdes, descrita na ABNT NBR ISO 14024:2004;

Rotulagem tipo II

Auto declarações ambientais, prevista na NBR ISO 14021:2017;

Rotulagem tipo III

Declarações ambientais: princípios e procedimentos, estabelecidas na NBR ISO 14025:2015,

A logística reversa é um ramo da logística que aborda a trajetória inversa do produto pós-
consumo. Neste caso, o consumidor final é considerado a origem, passando pela empresa
produtora até o descarte final ou reciclagem. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),
definida pela Lei 12.305/2001, define logística reversa como o

nstrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações,


procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e restituição dos resíduos sólidos ao setor
empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou e outros ciclos produtivos, ou outra destinação
final ambientalmente adequada.

A devolução das embalagens de defensivos agrícolas utilizadas por produtores rurais brasileiros,
para que a empresa possa descarta-las corretamente, é um exemplo de logística reversa.

FIQUE DE OLHO
O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV) disponibiliza em seu
endereço eletrônico o passo a passo para o descarte das embalagens vazias de aditivos
agrícolas. O documento pode ser acessado no link: <https://www.inpev.org.br/logistica-
reversa/passo-a-passo-destinacao/>.

2 O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL


O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é considerado por muitos como uma estrutura, capaz
de dar subsídios à empresa na tomada de decisão diante dos impactos ambientais que sua
73

atividade causa. A ideia é introduzir um equilíbrio entre o uso do recurso natural e da atividade
economica produtiva de bens e serviços. Segundo Barbieri (2007, apud CURY, p. 120, 2011), o
SGA é definido como

a articulação de funções administrativas e operacionais para amenizar ou impedir impactos


negativos das atividades econômicas sobre a natureza.

2.1 O ciclo PDCA e o Sistema de Gestão Ambiental


O ciclo PDCA - ou SDCA, que, no inglês, significa plan (planejar), do (fazer), check (verificar)
e action (agir) - é uma metodologia adotada na gestão da qualidade. Conhecido também como
Ciclo Deming, o PDCA é composto por quatro passos de ações a serem seguidas - todas previstas
em sua própria sigla originária:

• Planejar (plan)

é o escopo que define problemas e analisa o processo.

• Fazer (do)

é o ato de executar as ações que garantem a prática daquilo que foi planejado.

• Verificar (check)

é o acompanhamento das ações realizadas conforme o planejado.

• Agir (action)

é a correção e os ajustes das ações, caso seja necessário fazer novos planos.
74

Figura 2 - Ciclo PDCA


Fonte: Elaborada pela autora (2020).

#PraCegoVer: A imagem apresenta as ações de planejar, fazer, checar e agir dispostas em círculo,
estabelecendo uma relação continua entre elas e representando o Ciclo PDCA.

Ao longo dos tempos, o conceito do Ciclo PDCA foi introduzido na gestão ambiental para
proporcionar formalização e agilidade ao controle de processos ambientais. Isso acontece por
meio das normas ISO de gestão ambiental. Na ISO 14001, por exemplo, os requisitos no formato
da técnica PDCA podem ser observados da seguinte maneira:

• Planejar (plan)

é composto pela política ambiental da empresa, pelo levantamento dos aspectos e impactos
de cada área, pelos requisitos legais a serem cumpridos e pela definição de objetivos e metas.

• Fazer (do)

estabelece quais processos precisam ser melhorados e quais recursos serão necessários para
implantação do SGA e delimita quem será o responsável de cada ação. Itens como controle da
documentação e da comunicação entre os setores e a implementação dos controles operacionais
são definidos nesta etapa.

• Verificar (check)

compõe a etapa da medição, do monitoramento e da avaliação das conformidades e não


conformidades realizadas nos setores, obrigando a manutenção do controle e do registro de
75

cada ação conforme e/ou não conforme. É aqui que se faz uso de auditorias internas como uma
ferramenta importante para a análise dos processos diante da política implantada.

• Agir (action)

realiza uma avaliação mais crítica de todo o processo que foi implantado na ISO 14001. Por
isso, recebe o nome de crítica da direção

2.2 Relatórios ambientais


As comunicações internas ou externa realizadas por meio digital ou eletrônico para divulgar
os levantamentos dos aspectos ambientais, identificar os impactos ambientais dos setores que
compõem o empreendimento, promover as ações de capacitação e educação ambiental dos
funcionários e/ou da comunidade do entorno e tornar público o plano de metas de ações futuras
que serão implantadas na empresa são exemplos de relatório ambiental.

O mesmo acontece com a divulgação de notícias sobre a gestão ambiental ou sobre o plano de
metas de instituições governamentais, como o exemplo a seguir feito pela prefeitura de São Paulo:

Estado divulga nesta quinta o resultado do Programa Município VerdeAzul

A previsão do Município de São Paulo, em seu Plano de Metas, é avançar duzentas posições no
ranking, que avalia os municípios quanto à eficiência da gestão ambiental.

O desempenho da capital paulista no Programa Município VerdeAzul - PMVA, uma iniciativa


do governo estadual para estimular boas práticas em sustentabilidade nas cidades paulistas, será
conhecido amanhã, 5 de março, na sede do Governo do Estado. A expectativa é positiva, já que os
objetivos traçados em seu Plano de Metas 2019/2020 busca melhorar a posição de São Paulo em
duzentas colocações. Os resultados preliminares, conhecidos em junho de 2019, indicam uma evolução
bem acima dessa meta.

A cerimônia a ser realizada no Palácio do Governo culmina as ações da cidade na retomada de


seu protagonismo ambiental. Ao longo de 2019, diversas ações foram conduzidas entre as diferentes
unidades da Prefeitura e da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), relacionadas às 85
tarefas da agenda ambiental proposta para a obtenção do Selo Verdeazul. O desempenho da cidade
em cada uma das diretivas é convertido em pontuações, que por sua vez definem sua colocação no
Ranking Ambiental do Estado (SÃO PAULO, 2020).

O relatório ambiental poderá ser um ato voluntário de divulgação de informação ou


poderá ser uma exigência legal do licenciamento, por exemplo. Os assuntos abordados no
relatório ambiental poderão retratar apenas as questões voltadas para meio ambiente ou
poderá representar uma gestão integrada e trará aspectos sociais, de segurança, economica e
outras áreas. A periodicidade de emissão dos relatórios dependerá do destinatário a quem se
espera informar (o público interno da organização) ou externo (grupos específicos ou órgão de
76

fiscalização), é comum a emissão mensal do relatório, entretanto quando se trata de obrigação


legal será estabelecido o prazo pelo órgão licenciador.

2.3 Estrutura do Sistema de Gestão Ambiental


A estrutura que compõem o sistema de gestão ambiental é fundamental para a melhoria
contínua dos processos e a preocupação e responsabilidade da empresa com o meio ambiente.
A implantação do sistema de gestão ambiental requer o comprometimento de todos os setores e
responsáveis para que o sistema obtenha sucesso, para isso é necessário implantar:

Política ambiental

pode ser elaborada considerando as recomendações prevista na ISO 14001 que menciona a
necessidade de toda política ambiental empresarial conter os preceitos da missão, da visão, dos
valores e das crenças da organização.

Planejamento

é fundamental para que o sistema de gestão ambiental tenha sucesso, e para isso é necessário
o diagnostico ambiental prévio dos departamentos que compõem a organização, pois é com
esses dados que é possível identificar quais as atividades da empresa estão interagindo com o
meio ambiente.

Implementação e operação

é composta pelas ações planejadas, nesta etapa que se cria manuais, procedimentos,
identifica-se os aspectos ambientais.

Verificação e ação corretiva

é a fase engloba os indicadores, as auditorias ambientais as emissões de conformidade e não


conformidade, verifica-se aqui se os requisitos estabelecidos na política ambiental da empresa
estão sendo atendidas.

Revisão ou análise crítica

são encontros da alta direção é nele que se garante que existe um gestor responsável pela
implementação do sistema e assegura que o mesmo funcione, ao mesmo tempo assegura que a
alta direção conhece o processo e esta ciente da situação do sistema, e também podem definir
quais as prioridades serão atendidas, ajustar os recursos necessário e os planos para atender o
sistema de gestão ambiental.
77

3 ELEMENTOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL


Os elementos e princípios de um sistema de gestão ambiental pautados na NBR ISO
14004:2004 são instruções recomendadas pela norma para orientar atribuições voluntárias
ausentes de imposição legal. Assim, a própria norma traz recomendações como o desenvolvimento
e implantação de uma política ambiental, o cumprimento desses planos, o estabelecimento e o
desenvolvimento de capacitação e mecanismos que subsidiem a execução do plano e que busque
continuamente a melhoria das análises críticas ao seu sistema de gestão.

3.1 Identificação de aspectos e impactos


Os aspectos ambientais possuem receber diferentes definições, dependendo do autor, mas
pode ser resumido como algo ou elemento do sistema produtivo ou serviço de uma organização
que pode interagir com o meio ambiente, de maneira boa ou ruim. Esse elemento de interação
com o meio ambiente é a causa de certo impacto ambiental.

No caso dos impactos consideram-se os efeitos, as consequências ou a alteração do meio


ambiente negativas ou positivas devido à ação tomada por uma atividade humana ou organização
que resultará em um impacto. Imagine, por exemplo, que a prefeitura de uma cidade resolveu
construir um conjunto habitacional em um determinado local e, para isso, removeu a vegetação
da área escolhida, o que impermeabilizou o solo. Após a entrega do conjunto habitacional, o
bairro passou a sofrer com enchentes. Essas enchentes representam o impacto ambiental que
resultou do processo de impermeabilização do solo e da remoção de vegetação.

Segundo Sanchez (p.34, 2013), impacto ambiental é a alteração da qualidade ambiental que
resulta da modificação de processos naturais ou sociais provocadas por ações humanas. Portanto,
um desastre natural, como um tsunami, por exemplo, não é considerado impacto ambiental pois
não decorreu de uma atividade humana.

3.2 Avaliação dos Impactos ambientais (AIA)


A Política Nacional de Meio Ambiente dos Estados Unidos foi a primeira norma mundial a
utilizar o termo Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) em meados do ano 1969. A partir desse
marco, outras instituições governamentais passaram a utilizar o método dentro do seu Sistema
de Gestão Ambiental.

No Brasil, o termo foi inserido no ordenamento jurídico a partir da promulgação da Lei


6.938/1981, que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA). Entretanto, a AIA já vinha
sendo utilizada no licenciamento de hidrelétricas durante a década de 1970, pois os financiadores
dos projetos, em sua maioria, eram compostos por organismos internacionais que exigiam o uso
do instrumento para que o financiamento fosse liberado.
78

Figura 3 - Usina hidrelétrica de Itaipu


Fonte: Mykola Gomeniuk, Shutterstock (2020).

#PraCegoVer: A imagem mostra uma fotografia aérea da usina hidrelétrica de Itaipu, sediada no
Paraná, mostrando o seu reservatório e a sua barragem.

A PNMA trouxe alguns instrumentos com intuito de atingir seus objetivos legais, como é o caso,
por exemplo, da AIA e do licenciamento, previstos pelo art. 9º. Assim, a aplicação prática da AIA foi
observada a partir da promulgação da Resolução do Conama 1/1986 que estabeleceu definições,
diretrizes, responsabilidades e implementação por meio do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e
do Relatório de Impacto Ambiental (um resumo técnico do EIA em linguagem mais acessível). O
EIA/RIMA é exigido de acordo com a listagem das atividades de empreendimentos que constam
na referida resolução em conjunto com o órgão ambiental responsável pelo empreendimento.

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) conterá, no mínimo:

• o diagnóstico da área de influência do projeto (quanto ao meio físico, biológico e socioe-


conômico);

• a análise dos impactos ambientais e as alternativas possíveis;

• a definição das medidas mitigadoras para os casos de impacto negativo;

• a elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positi-


vos e negativos.

FIQUE DE OLHO
O Climatempo Meteorologia disponibiliza, em sua página no Youtube, a história da construção
da usina hidrelétrica de Itaipu e compensação ambiental que foi implantada na época. O
vídeo pode ser acessado no link: <https://www.youtube.com/watch?v=vq8BUGi_8N8>.
79

4 AUDITORIAS AMBIENTAIS
As auditorias ambientais são instrumentos da gestão ambiental e tem como objetivo avaliar
as atividades desenvolvidas em determinados setores da empresa, verificando-se o atendimento
de procedimentos, requisitos e preceitos estabelecidos anteriormente. As auditorias são também
consideradas um instrumento de melhoria contínua.

4.1 Tipos de auditoria


A realização de auditoria ambiental permite conhecer os passivos ambientais existentes na
organização e contribui com a coleta de informações transparentes nos casos de compra, venda
ou fusões com outras instituições. O resultado desses processos permite evidenciar os riscos
existentes em cada processo produtivo, identificando se as exigências legislativas estão sendo
atendidas e ajudando na tomada de decisão nos casos de setores com problemas.

A auditoria ambiental possui três classificações diversas: a aplicabilidade, o tipo e a execução.

A auditoria de aplicabilidade possui as seguintes subcategorias:

Auditoria de primeira parte

é quando a própria organização elege o funcionário que irá realizar a auditoria em setor
diferente do qual pertence. A ideia é melhorar a eficiência das atividades desenvolvidas na
organização por meio da análise dos seus sistemas e procedimentos.

Auditoria de segunda parte

é a auditoria realizada por outra organização que possa ser afetada pela forma como a
empresa auditada desenvolve suas atividades em matéria ambiental. Esse tipo de auditoria
ocorre nos casos em que existe ou existirá um vínculo como um contrato de fornecimento de
insumo ou prestação de serviço.

Auditoria de terceira parte

ocorre quando a organização pretende adquirir algum tipo de certificação e contrata outra
empresa especializada em auditorias para realizá-la.

A auditoria de tipo, por sua vez, está relacionada ao método de comparação e, portanto,
compara o desempenho da organização diante do critério adotado, que pode ser:

Auditoria de conformidade legal

será adotado como critério a legislação ambiental pertinente em todas as esferas


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governamentais a qual organização está inserida. Também verifica se a organização auditada


atende as normas legais.

Auditoria de desempenho ambiental

avalia o desempenho dos indicadores ambientais, como consumo de água, energia, emissão
de gases de efeito estufa e eficiência da estação de tratamento de efluente, entre outros, em
comparação com outras empresas do mesmo segmento.

Auditoria de sistemas de gestão ambiental

verificar se o próprio Sistema de Gestão Ambiental da organização está sendo atingido ou se


precisa de adequação.

Por fim, a auditoria de execução nada mais é do que a auditoria interna que está relacionada
com o uso dos próprios procedimentos, seja ele executado por funcionário da própria organização
auditada ou não. No caso de uma auditoria externa, quem a promove é uma instituição
independente com procedimentos diferentes do utilizado pela contratante.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

4.2 Os atores e as características da auditoria


Os atores envolvidos no processo de auditoria são:

• o cliente

é o contratante que está pagando para que o processo ocorra e o mais interessado no
resultado que será apresentado;

• o auditado
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pode ser a empresa ou o processo que será verificado pelos métodos promovidos;

• o auditor

é quem irá conduzir o processo de auditoria, em geral, um profissional qualificado e detentor


de conhecimento.

A auditoria precisa apresentar um planejamento prévio para ser realizada. Esse plano
deve conter os objetivos, o escopo, a definição dos critérios que serão utilizados e os recursos
necessários para que a auditoria ocorra. Segundo Little (1994, Apud Philippi Junior, Bruna e
Roméro, p. 937, 2014), um bom programa de auditoria precisa conter:

a) Objetivos explicitamente definidos;

b) Limites de escopo claramente definidos;

c) Abrangência que priorize unidades mais importantes, sem desprezar as demais;

d) Abordagem compatível com os objetivos;

e) Treinamento, experiência e habilidade dos profissionais que conduzem a auditoria;

f) Suporte gerencial e organização eficazes.

5 CERTIFICAÇÕES DO SISTEMA DE GESTÃO


AMBIENTAL
A certificação ambiental pode ser entendida como uma declaração formal de caráter
voluntário que comprova a credibilidade de uma empresa em matéria ambiental, após ter sido
certificada por empresa terceira idônea aos processos da organização auditada, caracterizando-
se assim que a organização atendeu aos dispositivos legais e possui comprometimento com o
meio ambiente.

Existem diversos benefícios elencado na obtenção da certificação ambiental, como o


aumento de competitividade no mercado, a garantia de implantação eficiente de sistema de
controle e o atendimento e satisfação do cliente. De acordo com Moraes (2004, p.84), a melhoria
do desempenho ambiental promove benefícios

no processo como a economia de material e recursos naturais, no produto como a redução


de custo, nos fornecedores, na satisfação do cliente, na imagem da empresa, e no aumento da
competitividade de mercado.
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5.1 O processo de certificação


A ISO 14001 é um dos instrumentos de certificação mais conhecido e implementado nas
organizações que se preocupam com a melhoria contínua de seus processos. As etapas de certificação
requerem o comprometimento de todos os setores da organização em que será implantado
a norma, pois o descumprimento dos requisitos estabelecidos pode gerar grandes prejuízos a
empresa, como o descrédito do consumidor. Segundo Oliveira (2017, apud Moraes, p.170, 2014),
existem aproximadamente 20 etapas a serem seguidas para ser alcançado a certificação.

De maneira sucinta e generaliza é possível afirmar que o processo de certificação é composto


por um diagnóstico prévio, planejamento, implementação, auditoria para a certificação e a
emissão do certificado.

No entanto, a certificação somente poderá ser realiza em organizações que já possuem o


sistema de gestão ambiental implantado e funcionando.

5.2 A ISO e as empresas certificadoras


ISO é a sigla de International Organization for Standardization, que, em português, significa
Organização Internacional de Padronização. Como o próprio nome esclarece, trata-se de um
órgão que promove a padronização de boas práticas da gestão, seja ela ambiental, de qualidade
ou de segurança, por exemplo.

A ISO é uma organização independente não governamental situada em Genebra, na Suíça,


e é responsável por desenvolver normas internacionais com o objetivo de facilitar as relações
comerciais entre os países. Todas essas normas costumam ser revisadas periodicamente como
forma de atualização de conceitos e/ou adaptação de alguma métrica.

As empresas certificadoras, por sua vez, são responsáveis por atestar que a organização
contratante atende os requisitos da norma e faz isso por meio da emissão de certificados. As
certificadoras possuem reconhecimento formal de órgão ou organismos nacionais que concedem
a elas a competência específica para realizar a certificação de organizações. No entanto, é
importante não confundir as certificadoras com consultoria – que responde pelo processo de
implementação dos requisitos exigidos na norma.
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Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:


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PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• conhecer as motivações que levaram a criação de ferramentas e instrumentos que


subsidiam a gestão e o gerenciamento ambiental em diferentes organizações.

• aprender que a gestão ambiental pode assumir diferentes abordagens (comando e


controle, prevenção a poluição e/ou estratégica) que serão implantadas de acordo
com a situação e nível de consciência ambiental que a organização se encontra;

• compreender o sistema de gestão ambiental e sua importância para a implantação e


conquista da certificação ambiental e como esse certificado poderá trazer benefícios
em diferentes setores tanto interno como externo;

• estudar a estrutura do Sistema de Gestão Ambiental e os elementos que o compõem;

• compreender o papel da auditoria no atendimento aos preceitos do sistema de


gestão ambiental, e no atendimento das normas legais a qual a empresa esta sujeita.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERTÉ, R.; SILVEIRA, A. L. Meio ambiente: certificação e acreditação ambiental. Curitiba:


Intersaberes, 2017.

CURY, D. Gestão ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Produção de consumo sustentável: Ecodesign.


Brasília: Ministério do Meio Ambiente, s./d. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/
informma/item/7654-ecodesign.html>. Acesso em: 3 mar. 2020.

MORAES, C. S. B.; PUGLIESI, É. Auditoria e certificação ambiental. Curitiba: Intersaberes,


2014.

PHILIPPI JUNIOR, A.; BRUNA, G. C.; ROMÉRO, M. A. Curso de gestão ambiental. 2 ed.
Barueri: Manole, 2014.

SANCHEZ, L. H. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2 ed. São Paulo:


Oficina de Texto, 2013.

SÃO PAULO. Estado divulga nesta quinta o resultado do Programa Município VerdeAzul.
Cidade de São Paulo, 4 mar. 2020. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/
cidade/secretarias/meio_ambiente/noticias/?p=294493>. Acesso em: 6 mar. 2020.
A área que estuda os impactos ambientais causados pela ação
dos agentes externos e como reduzi-los é a engenharia ambiental.
Neste livro, você vai aprender os fundamentos desse tema tão
importante no estudo dessa área.

Os autores reuniram aqui os fundamentos que norteiam a


atuação dos engenheiros em temas ligados ao meio ambiente e
àqueles que demandam conhecimento multidisciplinar relacionados
à engenharia, biologia, ecologia, química, física e saúde pública.

Com imagens, exemplos e uma linguagem clara, além de um


conteúdo apresentado de forma didática, esta obra é essencial para
os estudantes de vários ramos da engenharia e da ecologia e instiga
a reflexão sobre diversas questões que são base para o debate atual
sobre sustentabilidade e meio ambiente.

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