Ercgp 09122015
Ercgp 09122015
Ercgp 09122015
João Pessoa- PB
2015
ELAINE RAYANE CAVALCANTI GOMES PORCIÚNCULA
João Pessoa-PB
2015
P834s Porciúncula, Elaine Rayane Cavalcanti Gomes.
75f.: il. -
Orientadora: Márcia Queiroz de Carvalho Gomes.
Aprovado em ___/___/___
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Profa. Dra Marcia Queiroz de Carvalho Gomes – UFPB
Orientadora
___________________________________________
Profa. Ma. Valéria Leite Soares - UFPB
Examinadora
_____________________________________________
Profa. Ma. Joana Rostirolla Batista de Souza – UFPB
Examinadora
DEDICATÓRIA
A minha avó Cordulina e minha mãe Anita, por serem exemplo de vida, por
me incentivarem e me apoiarem em todos os momentos.
Aos meus irmãos Hênila e Edirson, e meu querido sobrinho Yan, por estarem
sempre ao meu lado, me ajudando nos momentos mais difíceis.
Aos meus amigos e colegas de turma, por todos os momentos que passamos
juntos. Obrigada por mesmo em meio as diferenças estarem dispostos a ajudar uns
aos outros. Sem vocês teria sido difícil chegar até aqui.
A todos os professores que participaram do meu processo de formação
profissional e pessoal. Agradeço pelas oportunidades e por todos os conselhos.
This work entitled "Sleep and academic life: implications for the daily lives of
students" aimed to evaluate the influence of sleep quality in college students daily life
and their perception about the impact on their work performance. The research
population were students from different periods of Occupational Therapy course at
the Federal University of Paraíba. Data collection took place in two moments: the first
was held through an electronic questionnaire with structured questions and Sleep
Quality Index in Pittsburgh (PSQI-BR), sent to students via the Internet. In the
second moment it conducted a focus group with six students from different periods,
selected at random. As this is a qualitative and quantitative research, data collected
through the questionnaire and the Sleep Quality Index Pittsburgh (PSQI-BR) were
statistically analyzed using the total sample (n = 110), processed through Microsoft
Excel 2013. The analysis of data collected through the focus group was held in a
simple descriptive manner. We found, using the global PSQI score-BR that 56.96%
of the students presented bad sleep quality on the previous month and 40.51%
presented sleep disorder. These data when associated with perceptions of students
through focus group strengthen this result. Therefore, for thore students, the pattern
of sleep interferes on their work performance mainly in activities relating to education,
leisure and social participation.
Gráfico 2. Distribuição percentual dos estudantes por estado civil e número de filhos.
Gráfico 10. Distribuição percentual dos alunos segundo o uso das horas diárias
dedicadas a cada área de ocupação.
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12
2. REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................. 14
2.1 O SONO ....................................................................................................... 14
2.2 A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DO SONO NO DESEMPENHO
ACADÊMICO ......................................................................................................... 17
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................... 20
3.1 TIPO DE ESTUDO ....................................................................................... 20
3.2 ÁREA E POPULAÇÃO DE ESTUDO ........................................................... 20
3.3 AMOSTRAGEM ........................................................................................... 20
3.4 COLETA DE DADOS ................................................................................... 20
3.5 ANÁLISE DOS DADOS................................................................................ 22
3.6 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ........................................................................ 22
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 23
4.1 PERFIL DA POPULAÇÃO ESTUDADA ....................................................... 23
4.2 PADRÕES DO SONO DOS ESTUDANTES APÓS INGRESSO NA
UNIVERSIDADE .................................................................................................... 26
4.3 QUALIDADE DO SONO DOS ESTUDANTES ............................................. 30
4.4 INTERFERÊNCIA DA QUALIDADE DO SONO NO DESEMPENHO
ACADÊMICO ......................................................................................................... 38
4.5 ESTRATÉGIAS PARA ADAPTAÇÃO À ROTINA ACADÊMICA .................. 40
4.6 INTERFERÊNCIA DA QUALIDADE DO SONO NAS ÁREAS DE
OCUPAÇÃO .......................................................................................................... 41
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 45
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47
APÊNDICE A- QUESTIÓNARIO PARA AVALIAÇÃO DO PERFIL OCUPACIONAL
DOS ESTUDANTES DE TERAPIA OCUPACIONAL DA UFPB ................................ 52
APÊNDICE B- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .............. 67
ANEXO A- INDÍCE DE QUALIDADE DO SONO DE PITTSBURGH (PSQI-BR)....... 70
12
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 O SONO
O sono é uma área de ocupação tão importante quanto a AVD, AIVD, trabalho,
educação, lazer, participação social. Contudo, esta pode ser em muitos casos,
negligenciada e gera complicações a saúde e bem-estar do indivíduo. Por isso, a
partir de agora vamos adentrar um pouco mais no universo do sono.
Mas o que seria o sono? De acordo com Furlani e Ceolin (2005, p. 320),
podemos compreender o sono como: “um processo fisiológico e comportamental
que obedece a um ritmo circadiano e sofre influência de fatores endógenos, sociais
e ambientais”.
No início dos estudos sobre o sono acreditava-se que este estava relacionado
apenas a um período de repleta inatividade. Porém, com a descoberta das ondas
cerebrais superficiais através do EEG (eletroencefalograma) pelo psiquiatra alemão
Berguer, pode-se observar que esse período anteriormente caracterizado por
completa inatividade, estava relacionado a um estado de intensa atividade cerebral
(MARTINEZ,1999). Em 1953 Aserinsk e Kleitman, descobriram que em uma parte do
sono ocorria um período que apresentava movimentos oculares rápidos, associados
a algum sonho. Então, esta descoberta possibilitou a diferenciação das fases do
sono, quais foram denominadas: sono REM (Rapid Moviment Eyes) e sono NREM
(No Rapid Moviment Eyes) (MARTINEZ, 1999; MARTINEZ, 2000; BERTOLAZI,
2008; FERNANDES, 2006).
A fase do sono NREM é distribuída em quatro estágios, que acontecem de
modo crescente. O estágio 1 é compreendido como o sono leve, neste estágio
podemos ainda acordar facilmente uma pessoa. O estágio 2 é compreendido pelos
cientistas pelo verdadeiro início do sono. Os estágios 3 e 4 são as fases do sono
mais profundo, onde se torna mais difícil despertar uma pessoa. A fase sono REM, é
caracterizada pela presença de movimento oculares rápidos e conhecida como o
período em que ocorrem os sonhos. Esta representa cerca de 10 a 20 por cento do
tempo total do sono (MARTINEZ, 1999; FERNANDES, 2006; MARTINEZ, 2000;
BERTOLAZI, 2008).
15
Durante a noite de sono uma pessoa pode apresentar vários ciclos de sono
REM-NREM, podendo variar de um período de aproximadamente 90 a 110 minutos
cada (MARTINEZ, 1999).
Com relação à fisiologia do sono podemos compreender que este tem origem
no SNC (Sistema Nervoso Central), tendo como regulador específico do processo
sono-vigília o núcleo supraquiasmático do hipotálamo. Diversas funções essenciais
para o funcionamento do nosso organismo continuam ocorrendo durante o período
do sono, intensificando a certeza de que, mesmo que esse período se apresente por
certa quietude corporal, apresenta uma intensa atividade cerebral (MARTINEZ,
1999).
O ciclo regulador do processo sono-vigília irá variar de acordo com a influência
de fatores endógenos e exógenos. Tendo como principal regulador o ciclo claro-
escuro, podendo também sofrer interferência de rotinas e horários (MARTINI et al.,
2012).
Muito se questiona sobre a quantidade de horas necessárias de sono por noite.
Porém, é muito mais importante saber a qualidade do sono, do que a quantidade de
horas dormidas. Isso porque, cada indivíduo necessita de horas diferentes de sono
para restaurar suas energias físicas e mentais. Então, para constatarmos se o sono
diário possui qualidade, torna-se fundamental saber se este ocorre normalmente ou
se está sofrendo alguma perturbação. (MARTINEZ, 1999).
De modo geral, o padrão do sono varia de acordo com a idade. Crianças
necessitam de mais horas de sono do que os adultos e esse padrão tende a diminuir
com o avançar da idade. Além dos fatores fisiológicos, outros diversos fatores
podem interferir na qualidade do sono, tais como: temperatura, ambiente,
iluminação, som, dor, uso de medicações (MULLER; GUIMARÃES, 2007).
Algumas pessoas podem apresentar irregularidades no ciclo sono-vigília, o que
para Muller e Guimarães (2007, p. 520) pode “acarretar alterações significativas no
funcionamento físico, ocupacional, cognitivo e social do indivíduo, além de
comprometer substancialmente sua qualidade de vida.”.
Para Antunes et al., (2008, p. 52):
2012), bem como ações em conjunto com os professores, para que se possa pensar
em meios para favorecer a aprendizagem seguindo o projeto pedagógico do curso.
20
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.3 AMOSTRAGEM
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
48,62%
43,12%
5,50%
0,92% 1,83%
85,45%
25
20
15
10
5
0
Até um salário…
De 1 - 2 salários…
De 1- 2 salários…
De 2 - 3 salários…
Até um salário…
De 2 - 3 salários…
Até um salário…
De 1 - 2 salários…
De 1- 2 salários…
De 2 - 3 salários…
Até um salário…
De 1 - 2 salários…
De 1- 2 salários…
De 2 - 3 salários…
40,00%
30,00%
20,91%
20,00% 14,55%
10,91%
10,00%
2,73%
0,00%
Amigos Outros Pais Parentes Unipessoais
conteúdo pronto para ele, mas terá sim um facilitador no processo de aprendizagem,
mostrando as possibilidades para aquisição de conhecimento. Porém, a escolha
sobre o melhor caminho para trilhar será do próprio aluno (TEIXEIRA et al., 2008;
EURICH; KLUTHCOVSKY, 2008, p. 212).
A fala de alguns estudantes que participaram do Grupo focal e responderam o
questionário evidenciam bem como essas mudanças são percebidas por eles:
“(...) o início foi mais pesado, apesar de ter os horários mais lentos, a questão de não ter isso
[rotina acadêmica] é um pulo de uma coisa pra outra completamente diferente.” (Estudante do 8º
período)
““(...) O primeiro período deu para levar... no segundo período ... começaram as aulas a tarde, e
eram cadeiras que eu considerava bem pesadas. O quarto período foi a primeira vez que eu virei
mesmo o dia sem dormir... o quinto... começou ... a questão de atendimento, você atendia em um
dia e já tinha que preparar as atividades para o outro dia...” (Estudante do 7º período)
“(...) o ensino médio de escola particular é totalmente diferente de uma universidade.” (Estudante
do 1º período)
“... A universidade é uma realidade totalmente diferente daquela que tínhamos antes de adentrá-
la. É necessário uma dedicação e uma responsabilidade muito maior para conseguir
desempenhar tudo adequadamente...” (Estudante do 5º período)
Outro fator desta nova realidade é à saída da casa dos pais, por optarem por
um curso em local distante de sua origem. Esta escolha resultará na aquisição de
mais responsabilidades para este jovem, tendo em vista que além de ser
responsável por gerir seu tempo de estudo, terá também que gerir sua
renda/mesada, a organização do ambiente que mora, bem como todos os demais
aspectos relacionados a sua nova rotina, tais como preparo de alimentação, roupa
para lavar, horários de lazer e de sono, etc. (TEIXEIRA et al., 2008). Como revelam
estes alunos:
“... Eu morava em outra cidade, tinha um contexto totalmente diferente do que encontrei aqui,
convivia com outras pessoas (mais próximas), tinha uma rotina totalmente diferente.” (Estudante
do 5º período)
28
“... o cotidiano da faculdade é agitado, e para quem mora fora de casa se torna ainda mais
complicado...” (Estudante do 4º período)
“Antes estudava apenas um horário e agora o tempo é integral, o que modificou bastante minha
rotina. Antes eu estudava pela manhã, dormia a tarde, tinha um grande tempo para estudar em
casa, coisa que agora não tenho.” (Estudante do 5º período)
“Eu estudei todo o ensino médio pela manhã, e criei o habito de dormir a tarde. Quando entrei na
universidade o primeiro período foi tranquilo porque a maioria das aulas era só pela manhã, só
que depois começou as minhas aulas a tarde e eu ficava com dor de cabeça e dava sono na
hora da aula. Então eu dormia quando chegava em casa e depois é que ia fazer as atividades.
Demorou para eu me acostumar e hoje eu consigo passar a tarde sem dormir e só ir dormir à
noite. Mas eu tive que ir me acostumando aos poucos.” (Estudante do 7º período)
“A universidade pra mim nesse horário integral foi e é bem complicado. Esse tempo foi bem difícil
e o sono altamente afetado. É uma noite de sono onde eu acordo, necessito descansar e não
consigo porque eu sei que tenho diversas tarefas a fazer. Pois além da universidade, eu
trabalho.” (Estudante do 8º período)
"...o que eu acho que interferiu mais ...no meu sono foi a questão de eu ter que passar o dia aqui
e fazer essas atividades da universidade a noite ...eu não tinha costume de ficar muito tempo no
computador, então o computador me deixava um pouco excitada ...mentalmente.” (Estudante do
8º período)
70%
60%
50%
40%
30%
20%
13,76% 11,93%
10%
0%
< 5 horas > 7 horas 5-7 horas
“Então o sono pra mim não é tanto um problema, porque eu não durmo muito. Pra mim uma noite
de cinco, seis horas... é o suficiente. Então o sono eu acho que não me atrapalha durante as
minhas atividades da universidade. Porque eu não sou como o povo diz: feita de sono (risos)... O
sono tem que ser reparador...” (Estudante do 7º período)
30
“Acordo muito cedo, durmo muito tarde, e não tenho mais tempo livre pra viver e socializar. Mas
estou satisfeita com o curso.” (Estudante do 4º período)
“... sono/descanso não supre as necessidades fisiológicas, pois sempre parece insuficiente.
Meus dias parecem curtos demais para tantos afazeres.” (Estudante do 4º período)
38%
46% Boa
Muito Boa
Muito Ruim
7%
9% Ruim
75 a 84% 10,00%
65 a 74% 1,25%
>85% 73,75%
<65% 15,00%
último mês. Este dado é superior ao encontrado no estudo de Cardoso et al. (2009)
com estudantes de medicina, no qual 8,7% (n=24) da população fez uso de
medicação para dormir. Almeida et al. (2011) corrobora com o dado de Cardoso et
al., pois de acordo com seus resultados apenas 7% (n=18) utilizou medicamento no
último mês para dormir.
O dado obtido em nossa pesquisa nos faz refletir sobre quais motivos estão
prejudicando o sono natural, sem o uso de medicamentos. Pois estes dados
demonstram que mais da metade dos alunos de Terapia Ocupacional ao menos
uma vez na semana teve dificuldade para dormir, necessitando assim fazer uso de
alguma medicação para favorecer o sono.
50,00%
40,51%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
2,53%
0,00%
Boa Qualidade Presença de Distúrbio do Sono Qualidade Ruim
Teixeira et al (2008) sinalizam que nos primeiros períodos dos cursos ocorre a
transição e adaptação dos estudantes a rotina estabelecida pela universidade. Essa
fase é fundamental para a definição da permanência na graduação e do sucesso
acadêmico. Os autores abordam a importância do papel do professor nesse
processo de transição, o qual trará experiências que contribuirá para formação
profissional e pessoal. Percebendo o estudante para além da academia, na sua vida
pessoal e social, o professor auxiliará e favorecerá sua aprendizagem. Como
comenta uma estudante, referindo-se a momentos de sonolência durante a aula:
“Por mais que a aula seja interessante, a voz do professor vai lhe ninando e você vai
viajando... Aí tem professor que entende e começa a conversar com a gente.” (Estudante do
7º período)
“Então o professor está dando aula e você está dormindo. Não é porque você quer, mas o
organismo... primeiro período principalmente, e se a aula for bem calma ou se você não
estiver entendendo...” (Estudante do 8º período)
Através dos relatos dos estudantes constatamos que no decorrer dos períodos
eles conseguem ir se adaptando melhor à rotina acadêmica. Distribuindo melhor
seus horários, visando promover um bom rendimento acadêmico.
“Antes de entrar para a universidade a vida era bem mais tranquila. Tinha muitas atividades
para serem feitas, só que não com tanta cobrança... A minha quantidade de sono diminuiu, só
que eu não me sinto tão cansada como antes. Eu durmo menos, mas eu consigo nesse
período que eu durmo descansar, e antes eu precisava de mais tempo pra descansar pra
poder me sentir como eu estou me sentindo hoje, mais tranquila.” (Estudante do 7º período)
“[O ingresso à universidade] Modificou totalmente meu padrão de sono. Só que eu acho que
houve um tipo de adaptação lá do primeiro, segundo período para agora. Eu consegui
organizar melhor meu tempo, eu me adaptei a rotina acadêmica.” (Estudante do 7º período)
Notamos que existem períodos que exigem mais dos alunos, devido à carga
horária de disciplinas obrigatórias e componentes flexíveis. Estas exigências
acabam sobrecarregando os alunos, pois são muitas tarefas e com datas
estabelecidas, muitas vezes, para dar conta dessas demandas, acabam privando o
sono para conseguir cumprir os prazos.
Quando questionados sobre o que sacrificariam caso tivessem alguma
atividade para executar, seja essa relacionada ao ambiente acadêmico, às relações
familiares ou às atividades pessoais, obtivemos as seguintes falas:
“... acho que depende da ocasião. Tipo, se for só um cinema que eu posso deixar para ir num
horário que eu não estiver com muito sono. Mas se for tipo, sei lá, um aniversário, um
casamento, uma data muito importante, pra mim e para as pessoas que eu gosto, eu deixo de
dormir...” (Estudante do 7º período)
“Depende do prazo. Se eu sei que é daqui a dois dias e eu sei que vou ter horários outros
horários livres, eu durmo... [Mas] se eu tiver que fazer, eu faço.” (Estudante do 7º período)
“Eu acho que isso vai depender da atividade. Não tem nada fixo... Quem sabe um dia eu
possa passar a noite acordada, se eu tiver alguma coisa para entregar no outro dia, mas não
é aquela coisa engessada” (Estudante do 7º período)
40
Essas falas revelam que o sono não é prioritário, ele é o mais sacrificado diante
de compromissos sociais ou de estudo. Mesmo sabendo da importância de uma boa
noite de sono, os estudantes preferem muitas vezes privar ou fragmentar o sono, ao
invés de outras ocupações. Como estudantes de Terapia ocupacional eles têm
consciência da importância do equilíbrio ocupacional para o desempenho
ocupacional, mas quando aplicado à vida pessoal, muitas vezes não conseguem
executar o aprendizado.
“... a questão é fazer a orquestração de tempo, e até hoje eu faço. Todo início de semana eu
faço, de segunda a sexta, o que eu tenho que fazer... para não ficar sobrecarregada.”
(Estudante do 7º período)
“... Antes de entrar na universidade eu trabalhava, assim que eu entrei continuei trabalhando
e eu tinha que organizar muito os horários porque eu tinha que conciliar o trabalho com a
universidade.” (Estudante do 7º período)
“... eu já tentei [organizar o tempo], mas assim, eu faço o planejamento, mas na hora da
execução sempre surge alguma outra coisa que me tira daquele planejamento. É bem
complicado. Cada dia é um dia diferente e tudo pode acontecer a qualquer momento.”
(Estudante do 8º período)
Gráfico 10. Distribuição percentual dos alunos segundo o uso das horas diárias
dedicadas a cada área de ocupação.
42
0%
A. religiosas 1,80%
28,20% Tempo
70%
3,60%
AIVD 7,30%
40,90%
48,20%
0,90% 8h ou mais
Lazer 0,90%
42,70%
55,50% Entre 5 e 7
9,10% Entre 2 e 4
Participação social 10%
38,20% Até 1h
42,70%
1,80%
AVD 9,10%
70,90%
18,20%
55,50%
Educação 20%
19,10%
5,50%
Podemos observar que 55,50% dos alunos dedicam 8 horas ou mais do seu
dia para assuntos relacionados à educação, 70,90% dedicam entre 2 e 4 horas a
AVD e 42,70% dedicam até 1 hora a atividades relacionas a participação social.
Com relação às atividades de lazer 55,50% dedicam até 1 horas; as AIVD de acordo
com 48,20% dos estudantes são realizadas em até 1 hora; as Atividades religiosas
possuem um período de dedicação em torno de 1 hora (70%). E ao sono é dedicado
um período entre 5 e 7 horas por 74,31% dos alunos, como observamos
anteriormente no Gráfico 5. Esses dados revelam que a maior parte das horas do
aluno é dedicada aos estudos.
Ao término do ensino médio o jovem precisa escolher entre trabalhar ou
continuar estudando. Contudo diversos fatores podem interferir nesta decisão. Ao
optar por continuar estudando esse jovem ingressa na universidade (SPARTA;
GOMES, 2005), e a partir desse momento se depara com diversas competências e
exigências que precisam ser cumpridas, mas que posteriormente resultarão em
melhor qualificação no mercado de trabalho.
O significado que a educação representa para este aluno reflete no grau de
dedicação diária a essa área de ocupação. Pois além das atividades curriculares,
este aluno tem a necessidade de se engajar nas atividades extra-curriculares
43
ofertadas no espaço acadêmico como requisito obrigatório, mas que promoverá uma
melhor compreensão das suas possibilidades de atuação.
Contudo a partir do momento em que é dado maior grau de importância a
determinada área de ocupação as demais ficam um pouco fragilizadas.
“Final de semana meus filhos dizem assim: eu não entendo porque num dia de sábado ou
domingo, seis horas da manhã você tá em pé. Porque se eu não levantar as seis horas da
manhã eu não consigo fazer as coisas que eu tenho que fazer no final de semana. Eu tenho
que organizar mais ou menos a minha semana no final de semana... eu não tenho nem esse
tempo pra descanso, pra esse sono no final de semana” (Estudante do 8º período)
“Eu, no meu caso, deixei muita coisa, muitos afazeres dentro de casa... deixei tudo para o
sábado. Então se eu acordo tarde... não vai dar tempo para fazer tudo...” (Estudante do 8º
período)
“Com as disciplinas optativas e o estágio você tem que conciliar seu sono da semana inteira,
senão chega final de semana ou você tem que estudar para repor e colocar algumas coisas
em dia [que ficaram] da semana e ainda tem que colocar o sono da semana todo em
dia...impossível...” (Estudante do 7º período)
“Pra mim também interferiu na questão do lazer, porque muitas vezes eu preferi ir dormir do
que sair...” (Estudante do 7º período)
“... o contato social pra mim é bastante, já que todos os dias, de manhã até a noite é fora de
casa. E o familiar para mim é o mais afetado com a questão do sono.” (Estudante do 8º
período)
“... se eu pudesse, eu ia matar o meu sono acumulado durante a semana. Mas aí já tem
filhos, família que tenho que visitar, que tenho que fazer alguma coisa nesse dia, né?. Então,
é mais ou menos assim... É um equilíbrio que tem que manter “ (Estudante do 8º período)
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
http://portal.mec.gov.br/enadeENADE:%20Exame%20Nacional%20de%20Desempe
nho%20dos%20Estudantes.%202010.>. Acesso em: 14 nov. 2015.
KITZINGER, J. Grupos Focais. In: POPE, C.; MAYS, N.; tradução FARJADO, A. P.
Pesquisa qualitativa na atenção à saúde. 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2009.
p. 33.
49
_________________________________
Assinatura da Testemunha
Atenciosamente,
_______________________________________
Profa. Marcia Queiroz de Carvalho Gomes
_______________________________________
Elaine Rayane Cavalcanti de Sousa Gomes
Obs.: O sujeito da pesquisa ou seu representante e o pesquisador responsável deverão rubricar todas as
folhas do TCLE apondo suas assinaturas na última página do referido Termo.
ANEXOS
ANEXO A- INDÍCE DE QUALIDADE DO SONO DE PITTSBURGH (PSQI-BR)
Instruções:
As seguintes perguntas são relativas aos seus hábitos usuais de sono durante
o último mês somente. Suas respostas devem indicar a lembrança mais exata
da maioria dos dias e noites no último mês. Por favor, responda a todas as
perguntas.
1. Durante o mês passado, a que horas você foi deitar à noite, na maioria
das vezes?
Para cada uma das questões seguintes, escolha uma única resposta, que
você ache mais correta. Por favor, responda todas as questões.
Com que frequência você teve dificuldade para dormir devido a esta razão:
( ) Nenhuma no último mês
( ) Menos de 1 vez por semana
( ) 1 ou 2 vezes por semana
( ) 3 ou mais vezes por semana
( ) Não
( ) Parceiro ou colega, mas em outro quarto
( ) Parceiro no mesmo quarto, mas não na mesma cama
( ) Parceiro na mesma cama
a) Ronco alto: