O Que É Gestão de Desempenho
O Que É Gestão de Desempenho
O Que É Gestão de Desempenho
Conversamos com muitos RHs no nosso dia a dia que não conhecem muito
bem a definição de gestão de desempenho, ou que confundem gestão com
avaliação de desempenho. Nesse momento, nosso objetivo é discutir um
pouco sobre o que é essa gestão de desempenho, e onde as avaliações se
encaixam no tema.
Desenvolvimento
A relação entre o desenvolvimento dos colaboradores de uma empresa e
seu desempenho é direta. Por desenvolvimento podemos entender um
aumento na capacidade dos indivíduos de produzir resultados (ou de
contribuir para os resultados de um grupo) através de melhoras na sua
produtividade, o que pode ser entendido como fazer "mais com menos"; de
aumento no seu escopo de responsabilidades, que pode ser entendido como
fazer atividades de maior impacto ou alavancagem; e de melhora na
qualidade do trabalho realizado, entre outras possibilidades.
Estratégia
Outro efeito importante dos processos de gestão de desempenho é a
execução da estratégia da empresa.
Mesmo que não haja o desdobramento das metas, podem ser medidos
números objetivos como qualidade (por exemplo a porcentagem de defeitos
de uma linha de produção), produtividade (o número de faturas
processadas) ou custo (a aderência de uma diretoria da empresa ao
orçamento anual). Em todos os casos, havendo ou não metas, podem ser
mensurados os resultados que estejam alinhados com a estratégia da
organização, garantindo assim a consecução da sua estratégia.
Cultura
Outro aspecto um pouco mais subjetivo mas não menos importante de um
programa de gestão de desempenho é garantir que os colaboradores da
empresa estão agindo no dia a dia de acordo com a cultura e os preceitos
definidos como importantes pela organização.
Aspectos legais
Por fim, gestão de desempenho pode servir um importante papel legal nas
empresas, à medida em que pode servir de evidência comprobatória de
desempenho no trabalho para eventuais demandas trabalhistas que uma
empresa possa sofrer de seus colaboradores. Para isso, é importante que os
processos sejam devidamente documentados em sistemas confiáveis, que
possam ser consultados por um longo período, e que mantenham um
"prontuário" do funcionário.
Vale ressaltar que a qualidade de um sistema para fins legais pode ser
muitas vezes conflitante com a qualidade do sistema para fins de
desenvolvimento dos colaboradores. Nestes casos, cabe à empresa
consultar especialistas jurídicos e pesar os dois propósitos no desenho do
seu sistema.
Resumindo:
Os principais objetivos do processo de gestão de desempenho:
Expectativas de desempenho
O começo de qualquer ciclo de gestão de desempenho é a definição de
expectativas de desempenho entre o colaborador, seu gestor e a empresa.
Job description
Comportamentos
Por fim, a última forma de definir expectativas sobre "o que" é esperado do
colaborador é definir projetos que devam ser conduzidos pelo colaborador
no ciclo. Projetos são um pouco diferentes de metas, atividades e
indicadores pois geralmente não são corriqueiros o suficiente para serem
atividades, nem são tão mensuráveis a ponto de poderem ser medidos com
indicadores ou metas sobre esses indicadores.
O normal é que o PDI seja composto a partir das áreas que foram destaques
positivos e negativos do colaborador na última avaliação de desempenho e
que estejam alinhados com as necessidades do negócio e com as
perspectivas e expectativas de carreira do colaborador.
Avaliação de desempenho
Se o ciclo de gestão de desempenho necessariamente se inicia com algum
processo de definição e comunicação de expectativas de desempenho, ele
termina (e automaticamente se reinicia) com uma avaliação de
desempenho.
Avaliação de desempenho
Se o ciclo de gestão de desempenho necessariamente se inicia com algum
processo de definição e comunicação de expectativas de desempenho, ele
termina (e automaticamente se reinicia) com uma avaliação de
desempenho.
Comportamentos
Fonte: Qulture.Rocks/Autor
Escala de avaliação
Este aspecto, dos rótulos das opções na escala, nos leva a um terceiro rol de
opções, relacionado ao tipo de escala escolhida. Há dois grandes tipos de
escalas: as escalas relativas e as escalas absolutas.
Resultados
O ponto é que essa relação pode ser extremamente objetiva, mas muitas
vezes injusta com o colaborador e seus colegas. Por exemplo, podemos
pensar em um colaborador da empresa que bate sua meta e tem alto
desempenho na avaliação, mas que para atingir tal meta teve de
negligenciar algum aspecto importante do negócio da empresa, como a
sustentabilidade de longo-prazo competitiva da empresa (imagine um
funcionário que vende seus produtos sem lucro para bater sua meta de
market share, minando assim a posição de caixa e de resultado da
empresa).Ou um colaborador que tinha uma meta na etapa de definição de
expectativas que deixou de ser relevante, e portanto a empresa drenou
recursos antes disponíveis ao colaborador para outras prioridades,
deixando-o incapacitado de bater a meta.
Agora imagine que ambos entreguem suas cotas de R$ 100 mil no fim do
ciclo. Quem teve melhor desempenho? Por esses e outros motivos, é muitas
vezes vantajoso adicionar um aspecto de julgamento do gestor na
avaliação, para que sejam compensadas e avaliadas potenciais injustiças e
desvios de comportamento/fim.
Por fim, a última fonte de avaliações de desempenho que ainda falta são os
liderados do avaliado. Este tende a ser um componente crítico e também
polêmico da avaliação de desempenho: por um lado, a perspectiva dos
liderados de um avaliado pode ser extremamente educativa e reveladora
para o processo. Por outro, é muito comum que os liderados se sintam
amedrontados por possíveis retaliações de um líder que souber de
avaliações negativas dos seus avaliados. Resumindo, é algo extremamente
difícil de ser executado com sucesso.
Uma boa forma de se começar a obter essa perspectiva dos liderados é ter
um componente da pesquisa de clima/engajamento da empresa que comece
a avaliar aspectos de liderança e gestão de pessoas, e que sejam
anonimizados em sua divulgação. No Google, por exemplo, uma parte da
pesquisa Googlegeist avaliou por muitos anos aspectos de gestão de
pessoas, até que foi segregada em uma pesquisa independente, chamada de
UFS, ou Upward Feedback Survey, em que os gestores são avaliados pelos
seus liderados de maneira anônima.
A calibração dos resultados nada mais é do que uma série de rituais que
têm como objetivo tornar as avaliações mais precisas. Em muitas empresas
a calibração é uma reunião em que os gestores discutem as avaliações que
fizeram dos seus liderados uns com os outros, de modo que sejam trazidas
à tona eventuais discrepâncias nos critérios de avaliação usados.
Você deve ter percebido que deixamos o termo "feedback" entre aspas
quando ele é usado para denotar essa reunião. Isso pois achamos que essas
reuniões - e nisso o Google aparentemente concorda conosco - tem muito
menos de feedbacks e muito mais de devolutivas do processo.
A duração do ciclo
Por fim, uma consideração importante sobre o desenho de um ciclo de
gestão de desempenho é a sua duração. Tradicionalmente, a maioria das
empresas estruturava seus ciclos de gestão de desempenho de acordo com o
calendário fiscal - e portanto anual - de suas empresas.
Avaliação de desempenho
Se o ciclo de gestão de desempenho necessariamente se inicia com algum
processo de definição e comunicação de expectativas de desempenho, ele
termina (e automaticamente se reinicia) com uma avaliação de
desempenho.
Comportamentos
Fonte: Qulture.Rocks/Autor
Escala de avaliação
Este aspecto, dos rótulos das opções na escala, nos leva a um terceiro rol de
opções, relacionado ao tipo de escala escolhida. Há dois grandes tipos de
escalas: as escalas relativas e as escalas absolutas.
Resultados
O ponto é que essa relação pode ser extremamente objetiva, mas muitas
vezes injusta com o colaborador e seus colegas. Por exemplo, podemos
pensar em um colaborador da empresa que bate sua meta e tem alto
desempenho na avaliação, mas que para atingir tal meta teve de
negligenciar algum aspecto importante do negócio da empresa, como a
sustentabilidade de longo-prazo competitiva da empresa (imagine um
funcionário que vende seus produtos sem lucro para bater sua meta de
market share, minando assim a posição de caixa e de resultado da
empresa).Ou um colaborador que tinha uma meta na etapa de definição de
expectativas que deixou de ser relevante, e portanto a empresa drenou
recursos antes disponíveis ao colaborador para outras prioridades,
deixando-o incapacitado de bater a meta.
Agora imagine que ambos entreguem suas cotas de R$ 100 mil no fim do
ciclo. Quem teve melhor desempenho? Por esses e outros motivos, é muitas
vezes vantajoso adicionar um aspecto de julgamento do gestor na
avaliação, para que sejam compensadas e avaliadas potenciais injustiças e
desvios de comportamento/fim.
Por fim, a última fonte de avaliações de desempenho que ainda falta são os
liderados do avaliado. Este tende a ser um componente crítico e também
polêmico da avaliação de desempenho: por um lado, a perspectiva dos
liderados de um avaliado pode ser extremamente educativa e reveladora
para o processo. Por outro, é muito comum que os liderados se sintam
amedrontados por possíveis retaliações de um líder que souber de
avaliações negativas dos seus avaliados. Resumindo, é algo extremamente
difícil de ser executado com sucesso.
Uma boa forma de se começar a obter essa perspectiva dos liderados é ter
um componente da pesquisa de clima/engajamento da empresa que comece
a avaliar aspectos de liderança e gestão de pessoas, e que sejam
anonimizados em sua divulgação. No Google, por exemplo, uma parte da
pesquisa Googlegeist avaliou por muitos anos aspectos de gestão de
pessoas, até que foi segregada em uma pesquisa independente, chamada de
UFS, ou Upward Feedback Survey, em que os gestores são avaliados pelos
seus liderados de maneira anônima.
A calibração dos resultados nada mais é do que uma série de rituais que
têm como objetivo tornar as avaliações mais precisas. Em muitas empresas
a calibração é uma reunião em que os gestores discutem as avaliações que
fizeram dos seus liderados uns com os outros, de modo que sejam trazidas
à tona eventuais discrepâncias nos critérios de avaliação usados.
No Google, por exemplo, essas duas reuniões são separadas por pelo menos
1 mês. Segundo Laszlo Bock, ex-Vice Presidente de People Operations do
Google, os colaboradores fecham seus ouvidos para temas de
desenvolvimento quando estão na expectativa das decisões que afetem seu
futuro e seu bolso (ou, para este efeito, quando estão digerindo as decisões
que possam ter sido comunicadas). Por isso, realizam-se duas reuniões
diferentes.
Você deve ter percebido que deixamos o termo "feedback" entre aspas
quando ele é usado para denotar essa reunião. Isso pois achamos que essas
reuniões - e nisso o Google aparentemente concorda conosco - tem muito
menos de feedbacks e muito mais de devolutivas do processo.
A duração do ciclo
Por fim, uma consideração importante sobre o desenho de um ciclo de
gestão de desempenho é a sua duração. Tradicionalmente, a maioria das
empresas estruturava seus ciclos de gestão de desempenho de acordo com o
calendário fiscal - e portanto anual - de suas empresas.
Na nossa opinião a coisa fica muito confusa, então atenha-se a usar os 360-
graus mesmo. No entanto, lembre-se que raramente você terá avaliadores
de todos os grupos possíveis, então raramente seu processo será de fato
uma avaliação 360-graus. Se você quiser usar o termo correto, chame-a de
avaliação multi-avaliador (multi-rater, em inglês), que é a forma usada
pelos psicólogos organizacionais e industriais que inventaram a prática.
Critérios de avaliação
Como vimos acima, uma avaliação 360-graus é uma avaliação em que um
colaborador é avaliado por um conjunto de pares, liderados, líder e clientes
internos em uma série de critérios, que podem ser valores, competências,
comportamentos, contribuições e resultados.
Um universo de critérios
Em algumas empresas, esses critérios podem variar com base na relação
entre o avaliador e o avaliado. Em algumas empresas, liderados avaliam
seus gestores em critérios relacionados à gestão de pessoas.
O que é 9-box?
Em primeiro lugar: 9-box se diz "nine box" e não "nine-in-box". O nome
vem de "9-Box Matrix", ou em tradução livre "matriz de nove caixas".
Portanto são nove caixas, e não "9 em caixas".
Nessa época, a BCG (The Boston Consulting Group) criou uma matriz
muito conhecida para este propósito: a matriz de crescimento x market
share:
Promoções de função;
Movimentos laterais de função;
Aumentos de remuneração;
Bonificações e outros incentivos (de curto e longo prazos);
Treinamentos;
Desligamentos.
A reunião de 9-Box
A partir desse input dado por algum sistema de avaliação, o RH organiza
reuniões com os gestores para que sejam discutidos seus reportes diretos.
Assim, supervisores se reúnem para discutir analistas, gerentes se reúnem
para discutir supervisores, e assim por diante. Nessas reuniões, o RH (na
forma de um business partner, por exemplo), serve de mediador da
discussão, garantindo que a discussão seja construtiva e que a mesma
"régua" de critérios seja aplicada a todos os funcionários.
http://www.mckinsey.com/business-functions/strategy-and-corporate-
finance/our-insights/enduring-ideas-the-ge-and-mckinsey-nine-box-matrix
http://www.bcg.com.cn/en/files/publications/timeless_pdf/Experience_Cur
ve_IV_Growth_Share_Matrix_1973.pdf
http://tomtunguz.com/nine-box-matrix-hr/
A idéia por trás disso era poder definir que o candidato era realmente
elegível ao seguro desemprego, o que só podia ser feito caso fossem dadas
como totalmente esgotadas as chances do candidato de se recolocar em
alguma das vagas abertas monitoradas pelo governo.
De acordo com Lawler, Ledford & Chang (1993), em 1990, mais de 50%
das empresas usavam competências como ferramenta de gestão de
performance. O uso estava diretamente ligado ao movimento de
downsizing ocorrido na década de 80 nos EUA, relacionado à quebra de
diversos conglomerados por investidores ativistas e hostis, que fizeram
com que as empresas desenvolvessem, pela primeira vez, a necessidade de
diferenciar performances e capacidades dos seus funcionários no nível
individual.
O que são?
Avaliações de competências são velhas conhecidas do mundo do trabalho.
São aqueles formulários muitas vezes enormes que possuem algum tipo de
descrição de um comportamento, uma competência, uma crença (etc) e
abaixo dele uma série de notas e conceitos dos quais uma opção deve ser
escolhida.
Muitas vezes, esse input múltiplo é descrito com uma metáfora relacionada
à Geometria que é muito imprecisa. Alguns definem "avaliação 360-graus"
como aquela em que o funcionário é avaliado por seu gestor, seus
subordinados e seus pares. Alguns dizem que "avaliação 180-graus" é
aquela em que o funcionário é avaliado por seu gestor e por si próprio (aqui
a metáfora começa a ficar estranha) e que a "avaliação 90-graus" é aquela
em que o funcionário é avaliado por seu gestor apenas.
Recomendamos que você não use "graus" para definir como funciona sua
avaliação de competências. O termo correto para uma avaliação com
múltiplos avaliadores é "multi-rater", ou "multi-avaliador".
Número de notas/conceitos
Outra discussão acalorada de quem usa avaliações de competências é se a
escala de avaliação deve ter 2, 3 ou N possibilidades.
Nossa opinião é que seja usada a menor escala possível que consiga
traduzir de maneira eficiente os níveis de proficiência sendo avaliados.
Achamos que 3 ou 5 opções são as escalas ótimas, e que 5 opções são
indicadas para os casos das empresas que têm menos maturidade no
processo (nas quais, invariavelmente, o uso dos extremos - nesse caso 1 e 5
- tenderão a zero).
Avaliações de desempenho
Avaliações de desempenho são uma forma sistemática de se avaliar as
entregas e resultados de um funcionário. Num mundo ideal, essa avaliação
deveria ser dada por algum sistema autônomo, como um odômetro do
trabalho, que pudesse medir os impactos concretos de um funcionário na
organização.
Até aí tudo bem. O problema está com outras empresas que inserem
perguntas nessas avaliações de desempenho que mais se parecem com
competências (p.ex., "entrega resultados de alta qualidade com atenção aos
detalhes"), efetivamente usando uma avaliação de competências como
"proxy" de desempenho. Achamos conceitualmente errado e destruidor de
valor usar competências para medir desempenho. Para tentar medir
desempenho através de competências é preciso um esforço hercúleo de
comunicação que deixe muito clara a mecânica e propósito da sua
aplicação.
É preciso que o RH explique, por exemplo, que o que está sendo avaliado
não é o grau de domínio/prática de uma competência, mas sim o quanto o
avaliado desempenhou a competência num dado time-box, que
normalmente será o período entre a última e a atual avaliação. É preciso
que o RH explique, por exemplo, que o campo de comentários da avaliação
deve conter evidências práticas e ocorridas que dêem suporte às notas e
conceitos escolhidos. É preciso que o RH pense 2 vezes antes de atribuir
nomes e conceitos às notas, para que não haja confusão do que está sendo
avaliado.
Vamos usar mais pra frente algumas metáforas de Harry Potter pra explicar
os conceitos, e peço paciência se alguma não ficar clara. Mas de maneira
geral, o desempenho de um aluno em Hogwarts é muito razoavelmente
medido pelas notas que ele tira, e em último caso, por se ele passa de ano
ou não.
Competências estratégicas
De maneira geral, competências surgem da estratégia da empresa. A
Amazon, por exemplo, opera no mercado de e-commerce, que possui
competição extremamente acirrada e margens ultra-finas. Dado esse pano
de fundo, é muito importante que a Amazon reforce comportamentos
ligados a minúcia no controle de gastos e de caixa, pois isso garante a sua
sustentabilidade como negócio no longo-prazo. Assim, a Amazon articulou
um valor organizacional (é difícil diferenciar valores e competências em
muitos casos, portanto vamos usá-los de maneira intercambiável):
"Frugality
Accomplish more with less. Constraints breed resourcefulness, self-
sufficiency and invention. There are no extra points for growing headcount,
budget size, or fixed expense."
Competências culturais
As competências também podem surgir das vontades e crenças dos
fundadores, que não necessariamente (ainda que deveriam) estão ligadas à
sua estratégia. Algumas empresas preferem incentivar a colaboração; outras
o atingimento de resultados individual, e assim por diante.
Competências técnicas
Por fim, há empresas que levam o trabalho de mapeamento de
competências a um nível maior de detalhe, separando um grupo de
competências que seja específico para cada um de seus grandes grupos de
funções. Assim, podem haver competências específicas para a área
financeira, para a área de produto, para a área de logística ou para a área de
serviços compartilhados.
Para ilustrar a dificuldade e confusão que geram, peço a você que leia as
duas descrições abaixo, extraídas ipsis-literis do livro acima mencionado,
de Joel Dutra:
Para começar, deve-se passar total clareza aos avaliadores do que significa
a escala de avaliação. Claro que idealmente ela é bem-escrita e portanto
auto-explicativa. No entanto, nunca é demais explicar. Assim, todo
participante deve saber explicar na ponta da língua qual a diferença entre
um 2, um 3 e um 4.
Outros
Se os itens 1 e 2 estão devidamente garantidos e cobertos, nenhum outro
erro pode pôr em risco sua avaliação :)
Reduza as competências
Use o menor número de competências possível, e minimize a derivação das
competências em muitos comportamentos e afirmativas. Eles adicionam
uma - falsa - sensação de precisão ao processo. Avaliadores
invariavelmente agrupam as competências e fazem médias em suas
cabeças, portanto toda a precisão avaliativa vira pó. Dessa forma, alguns
poucos quesitos onde notas ou conceitos serão escolhidos são mais do que
suficientes. O foco deve estar no texto.
Foque no feedforward
O grande benefício de uma avaliação de competências é a produção de
insumos de alta-qualidade sobre como podemos melhorar nosso domínio e
desempenho das competências. Vale muito mais saber como, na prática,
posso me comunicar melhor com meus colegas, do que saber que sou um
"2" ou "abaixo das expectativas" em comunicação dentro do time. É
simples.
Por isso, resolvemos escrever esse post pra expor nossa opinião sobre o
assunto. TL;DR (too long; didn’t read), achamos que os dois assuntos
devem ser tratados em processos diferentes. Vamos dizer o porquê:
Perguntas frequentes
Tentamos ressaltar diversas nuances muitas vezes ignoradas do
processo de derivação de decisões de remuneração a partir da % de
atingimento de metas. Elas vão suscitar diversas perguntas, e por isso
tentamos adiantar algumas delas aqui:
Vocês são contra a meritocracia?
De maneira nenhuma. Somos da crença de que a meritocracia é a
única forma sustentável de longo prazo de se tocar uma empresa (e
francamente qualquer tipo de organização). Nunca conhecemos uma
empresa sustentável (em termos de crescimento, margens e
satisfação do cliente) que não seja mais ou menos meritocrática. Por
outro lado, há vários exemplos opostos, como governos e autarquias.
E como posso praticar a meritocracia sem essa ligação direta entre
metas e bônus?
Não é preciso ligar metas e remuneração de maneira direta para
praticar a meritocracia.
Em primeiro lugar, é necessária uma prática bem feita de metas. É
necessário que gestores e funcionários estabeleçam metas relevantes,
alinhadas com o negócio e ambiciosas. Após combinarem metas,
precisam acompanhá-las semanalmente (ou quinzenalmente) em
reuniões de time ou 1:1s, passando por cada uma das metas, seu
status, próximos passos, etc. O funcionário precisa ser responsável
pela meta, e quem garante isso é o seu gestor direto. Por fim, gestor e
funcionário precisam avaliar de maneira honesta e transparente se as
metas foram batidas.
A ligação direta entre metas e remuneração atrapalha todos esses
passos para a boa gestão de metas: faz com que seja impossível
construir as metas em conjunto com o funcionário (por afetarem $,
elas tendem a ser impostas de cima para baixo); faz com que as
metas sejam negociadas para baixo; fazem o funcionário "ter medo"
de tratar as metas que não estão sendo batidas; faz gestores serem
menos sinceros na avaliação dos resultados (vemos muitos gestores
de empresas com menos cultura de performance tendo medo de
avaliar corretamente os resultados com medo de "prejudicar" o
funcionário).
A partir de uma prática bem feita de gestão por metas, fica muito
fácil para a empresa quantificar quem produziu mais resultados e
quem produziu menos resultados. O gestor terá essa "avaliação"
pronta em sua cabeça de maneira intuitiva.
Assim, fica fácil dar mais (oportunidades, aumentos, promoções,
responsabilidades) aos funcionários que geraram mais resultados.
A falta da ligação matemática não torna o processo subjetivo?
De maneira nenhuma: se o gestor fez seu papel durante o ano, ele
terá amplas evidências de suas decisões e avaliações de performance.
É papel dele construir essas evidências, e ele deve ser responsável
por isso.
Gestão de pessoas é um tema humano, se sempre terá um alto grau
de subjetividade. É função da sua liderança fazer esse julgamento da
maneira mais correta possível com base em evidências. (Nós vimos
aqui que metas complicadas e matematicamente ligadas ao bônus
têm outras nuances de subjetividade e exigem dos líderes muito
julgamento na fase de contratação de metas.)
Para reduzir essa subjetividade, acreditamos que os gestores devam
avaliar performance com base nos resultados atingidos, e esse
processo deve ser informado sim pelas metas. Mas em última
instância, quem dirá se Hermes ou Renato tiveram mais ou menos
performance serão os gestores, após avaliarem em conjunto seus
números, a economia do País, os negócios gerados pelo CEO da
empresa, e todos os outros fatores observados durante o ano. É essa
sua função.
Também acreditamos muito num processo de avaliação colegiada,
onde o gestor leva suas "propostas" de avaliação e defende-as
perante seus pares, com evidências coletadas durante o ano. Quem
trouxer menos evidências vai naturalmente ser prejudicado (assim
como seus liderados), o que reforçará a necessidade das práticas.
O que é feedback?
Quando pisamos no chão, a reação que a força do nosso pé sobre a
superfície gera (nesse caso no sentido contrário) nos serve de
feedback de que estamos pisando em uma superfície firme, que
aguenta nosso peso. Se pisamos em uma superfície mais mole ou
instável, usamos a diferença nas nuances dessa reação para recalibrar
nossos passos e até o uso dos músculos da nossa perna.
Quando conversamos com alguém também recebemos feedbacks
sobre o andamento da conversa. Quem está falando com a gente
pode, por exemplo, mostrar traços variados de linguagem corporal
que nos mandam informações relevantes sobre se estamos agradando
a pessoa, deixando-a interessada, entediada, etc. E frequentemente
esse feedback do ambiente - nesse caso do outro - serve de base para
que mudemos nosso comportamento de acordo com nossos
objetivos. Um comediante, por exemplo, pode usar a ausência de
risos e contato com os olhos da platéia para mudar as piadas que usa
com o objetivo último de agradar seu público ao máximo.
No trabalho, feedback tem um significado um pouco mais específico.
Tratamos de feedback aqueles puxões de orelha que um gestor ou
colega dá na gente quando fazemos alguma coisa que desagrada.
Também chamamos de feedback aquela conversa cheia de ansiedade
e nervosismo que temos com nosso gestor no fim de um processo de
avaliação de desempenho, onde recebemos informações sobre nosso
desempenho, sobre pontos fortes e a desenvolver, sobre promoções e
aumentos de salário e assim por diante.
O que é avaliação?
Quando buscamos o significado da palavra "appraisal", raíz em
inglês usada nas expressões "performance appraisal" ou "360-
degree appraisal", veremos que o Google nos diz que "appraisal" é
a estimativa da natureza, qualidade ou habilidade de alguém ou
alguma coisa. O Google nos dá como sinônimos avaliação,
julgamento, estimativa, análise e opinião.
Com base nessa definição, derivada de dicionários da língua
americana, podemos inferir que avaliação é mais do que um simples
feedback que o ambiente nos manda. É um feedback carregado da
tentativa, por parte do nosso avaliador, de quantificar alguma coisa
sobre nós.
É fácil entender sobre o que estamos falando: Muitas empresas
estruturam suas avaliações com base no paradigma dos
comportamentos e dos resultados (ou "o que" e "como"). No lado dos
comportamentos, pede-se que colaboradores avaliem uns aos outros,
por exemplo, com base na frequência com a qual alguém apresenta
um dado comportamento como "trabalhar em equipe". Assim,
ficamos sabendo que nossos colegas acham que "trabalhamos em
equipe" "sempre", ou "consistentemente".
Essa avaliação que recebemos serve, claro, de feedback com o qual
podemos calibrar nossos comportamentos. É isso, claro, que as
empresas que usam a avaliação 360-graus (tema do nosso artigo)
esperam que aconteça: que eu continue "trabalhando em equipe"
(seja lá o que isso quer dizer) dado que meus colegas reconhecem
que faço isso com "consistência". Mas veremos um pouco à frente
que esse objetivo nem sempre é atingido quando o assunto é
avaliação.
Pano de fundo
Na década de 90, a McKinsey, importante consultoria Norte Americana,
cunhou a expressão The War for Talent para descrever como organizações
estavam cada vez mais disputando os melhores talentos à faca.
Por outro lado, trabalhar nessas empresas que estão na “crista da onda”,
como Google, Facebook e Airbnb passou a ser o desejo dos melhores
talentos, que são atraídos pela sua proeminência social, pela conexão que
sentem com seus produtos, pelas suas práticas de gestão (vamos falar de
algumas aqui), seus benefícios heterodoxos e sua informalidade.
O RH centrado no talento
No mundo da tecnologia, existe uma vertente de design de produtos
chamada Design Centrado no Usuário que define como as empresas de
produto que hoje vencem nos seus mercados desenhando seus produtos
partindo das necessidades do usuário/cliente como principais restrições, e
trabalhando de trás para frente até o desenho final dos seus produtos. A
Amazon, que hoje transbordou do e-commerce para diversas outras linhas
de negócio tem o conceito muito bem representado em um dos seus
princípios de gestão:
Customer Obsession:
Leaders start with the customer and work backwards. They work
vigorously to earn and keep customer trust. Although leaders pay attention
to competitors, they obsess over customers.
Transparência total
Outra novidade na realidade de atração de talentos é o surgimento de sites
como Love Mondays e Glassdoor, em que funcionários de empresas são
convidados a divulgarem seus salários e impressões sobre seus
empregadores de maneira anônima. Estes sites tornam cada vez mais difícil
não ser um RH centrado no talento, da mesma forma que sites como
ReclameAqui fazem a vida das operadoras de telefonia e TV a cabo cada
vez mais difícil.
Millennials
Os Millennials são a última variável desta equação que mudou a vida do
RH. Se as gerações anteriores (como a GenX) eram fiéis e carreiristas e
passavam décadas se dedicando a uma empresa atrás de estabilidade de
emprego (e consequentemente estabilidade matérial), os millennials e
depois deles a Geração Z são “nervosos”, ansiosos por novidades,
acostumados com serem ouvidos (até demais) e extremamente exigentes
em todos os aspectos. Os millennials buscam muito mais do que um
emprego: buscam uma experiência.
Estatísticas
Segundo o Global Human Capital Trends 2015, da Bersin by Deloitte:
Motivação
Prazer;
Dor;
Crescimento pessoal;
Segurança;
Pertencimento social.
Um dos teóricos que falou sobre motivação intrínseca é Abraham Maslow,
que mapeou em sua famosa pirâmide uma hierarquia de necessidades que
norteiam a motivação dos seres humanos:
Motivadores e Trabalho
Pink cita alguns estudos famosos que mostram que motivadores extrínsecos
funcionam muito bem em atividades repetitivas, muito bem mapeadas, e
que ocorram por um curto espaço de tempo. Por exemplo: se preciso que
10 pessoas carreguem meu caminhão, muito provavelmente vou conseguir
um esforço maior tanto maior for a recompensa oferecida aos
trabalhadores.
Não temos nenhuma regra de bolso mágica que resolva esse grande
desafio, mas queremos que você pense 3.000 vezes antes de tentar aplicar
uma solução única para perfis profissionais e de personalidade diferentes.
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Material Suplementar
Assista a esse vídeo que resume a teoria de Daniel Pink e diversos dos
estudos que a suportam.
Na Netflix (ou seria no Netflix?), a empresa acredita que todos que estão lá
são A players, e que todos aqueles que eventualmente não o sejam acabem
sendo - rapidamente - expelidos do sistema. Assim, para "os que ficam", a
empresa paga uma remuneração "top-of-market" para aquela pessoa, e foca
em dar oportunidades de crescimento e um ambiente cheio de outros A
players para que ela se desenvolva na medida da sua vontade e curiosidade.
Ciclos de feedback
No Netflix não há avaliações de performance. A parte de tomada de
decisões (veja mais em “Qual o propósito da sua avaliação de
performance”) é atendida em rituais de decisão de compensation e
promoções. O desenvolvimento dos funcionários é ajudado por um
processo bi-anual de feedback estruturado entre todos da empresa (em
formato 360-graus não mandatório), e bastante simples: são feitas apenas as
seguintes perguntas (como na ferramenta Qulture.Rocks de feedback
espontâneo):
Tomada de decisões
As principais decisões de gente (promoções, ajustes de compensation, e
demissões) são tomadas de maneira bastante direta através de questionários
que avaliam diretamente os três aspectos (sem que sejam derivadas essas
decisões de planos de competências, por exemplo). Você verá abaixo que
nos casos de promoções e ajustes salariais, os critérios são extremamente
diretos.
Promoções
No Netflix, são três as condições necessárias para que ocorram promoções:
1. A cadeira que o promovido ocupará tem que “comportar” um cargo
mais alto (“job has to be big enough”): Certas posições são
suficientes de serem preenchidas por um gerente. Se não faz sentido
ter um diretor ocupando a posição, não é dada a promoção.
2. Pessoa tem de ser uma “superstar” no seu papel atual: a empresa usa
duas afirmações para balizar as decisões: "contrataríamos essa
pessoa para o novo cargo se ela viesse de fora da empresa", e “essa
pessoa conseguiria esse novo cargo em outra empresa”.
3. Pessoa tem de ser um bastião da cultura da empresa: autoexplicativo.
Curvas de performance
No Netflix não há nenhum conceito de curva forçada. Não há alocação de
funcionários em camadas de performance, como em outras empresas, pois
buscam criar um ambiente que não seja conduzido à competição interna na
empresa. Assim, esperam incentivar a colaboração e não o contrário.
Compensation
A Netflix tem uma política talvez contra-intuitiva, especialmente para nós
Brasileiros que temos como grande referência em práticas de gente e gestão
e meritocracia bastante orientadas para remuneração variável de empresas
controladas pelos 3G (Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira),
de remunerar seus top-performers com salários fixos altos e acima de
mercado.
Outro tema que a empresa discute é a questão dos títulos, mais comum no
mercado de trabalho americano, onde transbordam "vice-presidents",
"senior vice-presidents", "executive vice-presidents", que não apontam a
mais do que um VP aqui no Brasil. Os títulos não devem ser baliza para
decisões de compensation. Segundo a empresa, nem todo "major league
pitcher” tem o mesmo talento e impacto no time.
Passo a passo: