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AULA 1

LEGISLAÇÃO EM SAÚDE
DO TRABALHADOR

Prof. Gerson Luiz Pontarolli


TEMA 1 – AS FONTES DO DIREITO

Quando se fala em fonte, o que vem imediatamente ao nosso pensamento?


Acreditamos que a palavra origem, ponto de partida e que é utilizada para os mais
diversos ramos de nosso dia a dia. Por exemplo, quando se refere a água, temos
de onde ela surge; quando se fala em conhecimento, como este se inicia.
Mas nosso foco é exatamente o direito. Assim, de onde ele surgiu? Tudo
iniciou há muito tempo, quando as pessoas ainda viviam em cavernas e não
tinham um local fixo para sua “moradia”, então andavam por todos os locais, mas
não se estabeleciam em nenhum lugar, ou seja, não se apossavam de nada.
Porém, em determinado momento, os humanos começaram a demarcar os
locais onde viviam e considerar como seu aquele pedaço de terra, assim, mesmo
que de forma inconsciente, criaram-se algumas regras de convivência e que
deveriam ser observadas por todos, impondo limites aos que tentassem entrar em
um local já ocupado, o que fez surgirem direitos e deveres para todos, pois, ao
mesmo tempo que um indivíduo exigia respeito a sua “moradia”, tinha o dever de
não desrespeitar a “moradia” dos outros.
Então, fontes do direito significa de onde surge a norma jurídica, de onde
nascem as regras jurídicas que ainda não são existentes na sociedade humana e
que são também a matéria-prima para o seu alicerce. As fontes são divididas em
diretas, que são as leis, e indiretas, representadas pelos costumes, a analogia e
os princípios gerais do direito. Vejamos o que diz a Lei de Introdução às Normas
do Direito brasileiro (Brasil, 2010):

Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (Redação dada pela


Lei n. 12.376, de 30 de dezembro de 2010). Art. 4º Quando a lei for
omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito.

Outra pergunta – qual é a importância do direito na sociedade? É trazer


ordem, boa convivência e justiça para a sociedade, os quais são os objetivos vitais
do direito, mas não podemos confundir com o próprio direito, pois o objeto (o que
estuda) e a sua finalidade (para que serve) são diferentes. Ainda, o direito é uma
ferramenta que tem como meta evitar/prevenir possíveis conflitos – caráter
preventivo –, mas, quando isso não for possível, então também pode solucioná-
los – caráter repressivo/corretivo, de onde tem-se que sua função é trazer
segurança jurídica e seu fim, a justiça.

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1.1 O direito: um breve conceito

Crédito: r.classen/Shutterstock.

Tem-se do latim (directum) como aquilo que é reto, correto, íntegro ou


adequado.
O jurista Hans Kelsen nos traz o seguinte conceito: “É uma ordem normativa
da conduta humana, ou seja, um sistema de normas que regulam o comportamento
humano” (Kelsen, 1997, p. 4).
Adotaremos o conceito próprio em que se considera que o direito é aquilo
que é reto e íntegro, o qual prevê, de um lado, obrigações a serem cumpridas;
e de outro, um poder, uma possibilidade de exigir algo, mas sempre tendo em
vista o bem e a dignidade da pessoa humana, que ampliamos para a dignidade de
todos os seres.
O direito traz consigo algumas características que, somadas, ampliam ainda
mais o seu conceito. É o caso do direito público e subjetivo: o público diz respeito
à presença obrigatória do poder público em pelo menos um dos polos da relação
jurídica e possui normas que não podem ser afastadas, a exemplo de um homicídio,
que terá todo um caminho obrigatório e que será seguido. Assim, é
cogente/obrigatório e imperativo, é também inafastável pela simples vontade das
partes. Outro exemplo é no caso de uma obra a ser contratada pela administração
pública, em que é obrigatório o trâmite por meio de licitação de acordo com a Lei n.
8.666, de 21 de junho de 1993, conhecida como Lei de Licitações Públicas.
E o direito subjetivo? Quando se fala em subjetivo, é importante lembrar que
é relativo ao sujeito/pessoa, ou seja, é o poder/faculdade que o cidadão tem para
exigir o um direito que lhe é assegurado. Desta forma, o direito público subjetivo é
uma garantia que o cidadão tem perante o Estado. Com base nisso, qualquer
sujeito legalmente capaz, ou o Ministério Público, pode exigir o cumprimento das
garantias previstas em lei, a fim de fazer cumprir o ônus do Estado. É o caso de
solicitação para fornecimento de remédio de alto custo ou mesmo a exigência de
fiscalização da vigilância sanitária em locais de trabalho, por tratar-se de saúde
pública.

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TEMA 2 – DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO

2.1 Direito objetivo e direito subjetivo

O direito subjetivo (facultas agendi) é a possibilidade de o cidadão exigir o


que lhe prevê o direito objetivo (normas agendi). Assim, direito objetivo é o
conjunto de normas jurídicas direcionadas e impostas a todos pelo Estado e que
visam regrar a conduta humana. São regras cogentes de comportamento,
determinando como agir ou não agir – “normas agendi”, mas sempre visando o
bem-estar social.
Vejamos a Constituição Federal, em seu art. 7º, inciso XXII:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros


que visem à melhoria de sua condição social:
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança. (Brasil, 1988)

Pois bem, trata-se de uma regra imposta a todos, é um direito objetivo (lei),
porém, em caso de violação a esse direito, cabe à pessoa que teve o direito
violado invocar ou não essa lei em seu favor, ou seja, cabe à pessoa exercitar seu
direito subjetivo.

2.2 Direito positivo e direito natural

O direito positivo equivale ao direito objetivo. Assim, quando se faz


referência ao conjunto de normas jurídicas que regem o comportamento humano
em determinado espaço e tempo, está se referindo a direito positivo e objetivo, no
qual uma norma positiva ou objetiva é uma norma coerciva. O direito natural tem
seu foco no público e no social como um todo, independentemente de normas
materiais, pois nasce da moral, da ética e da consciência das pessoas.
Sabe-se que o legislador deve levar em conta o valor social da norma, pois
sua finalidade é torná-la obrigatória a todos, mas principalmente àqueles que não
respeitam o que é moralmente correto se não houver uma consequência que os
obriguem a fazê-lo. O direito natural traz um equilíbrio entre o que é certo e o que
é errado.
Deve-se lembrar que uma pessoa ou mesmo uma coletividade tem a
tendência de agir conforme o que determina o sistema ético e moral de uma
sociedade, sendo tais pensamento e atitude bem maiores e mais importantes.

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TEMA 3 – O QUE SÃO DIREITOS HUMANOS?

Crédito: JooFotia/Shutterstock.

Quando se estuda o direito, a palavra humano ou mesmo pessoa aparece


como o destinatário final da proteção a qual o direito dispõe. Então, há uma
vinculação direta entre o direito e a pessoa, da qual surge a ideia de direitos
humanos. Para que você entenda o que são direitos humanos, temos que saber
que sua base fundamenta-se no valor de cada indivíduo e no respeito à dignidade
humana – segundo Constituição Federal de 1988 –, que é um valor supremo e
considerado pela doutrina como um princípio absoluto. São direitos que devem
ser aplicados de forma idêntica a todos e sem qualquer restrição ou mesmo
discriminação, pois são universais.
No direito, o destinatário final da sua proteção é a sociedade no sentido
mais amplo possível, princípio este reforçado pela Constituição Federal, em seu
art. 5º:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes [...]. (Brasil, 1988, grifo
nosso)

Direitos humanos fundamentam-se no valor de cada indivíduo e no respeito


à dignidade humana, que é um valor supremo e considerado pela doutrina como
um princípio absoluto. Tais direitos não podem ter restrição ou mesmo
discriminação, pois são universais.
Ainda, esses direitos são indivisíveis (não pode ser respeitada somente
uma parte deles, apenas sua integralidade), inalienáveis (não podem ser
negociados) e intransferíveis, ou seja, não podem ser retirados da pessoa.
Vejamos o art. 1º, inciso III, da Carta Magna:

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Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
[...]
III - a dignidade da pessoa humana. (Brasil, 1988)

3.1 Conhecendo um pouco mais a Carta Magna

Crédito: rafapress/Shutterstock.

3.1.1 De onde surgiu a Constituição?

Quem cria a Constituição é o chamado poder constituinte originário,


também conhecido como de primeiro grau, e tem como seu titular a nação/povo.
É inicial, ilimitado, autônomo e incondicionado.
Vejamos seu preâmbulo:

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia


Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado
a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da
República Federativa do Brasil. (Brasil, 1988, grifo nosso)

O poder constituinte é dividido em reformador, decorrente e revisor: o poder


reformador possibilita a modificação nas normas constitucionais – as conhecidas
PECs – ou propostas de emendas à Constituição, o decorrente permite aos
estados-membros que elaborarem as suas próprias Constituições (Estaduais), e
o revisor faz atualizações na Constituição para a realidade da sociedade.
A Constituição do Brasil é rígida, ou seja, para que uma alteração possa
ser efetiva, deve ser amplamente debatida, discutida e analisada pela Câmara dos
Deputados e o Senado Federal. Isso deve ocorrer em dois turnos (por duas vezes)
em cada uma das casas do Congresso Nacional e depende de um quórum mínimo
exigido pela própria Constituição. Vejamos:

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


I – de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou
do Senado Federal
II – do Presidente da República

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III – de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de
seus membros
Parágrafo 1º. A Constituição não poderá ser emendada na vigência de
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
Parágrafo 2º. A proposta será discutida e votada em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se
obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
(Brasil, 1988)

A Constituição Federal de 1988 possui 250 arts., que são a base de todo o
ordenamento jurídico. O que estiver abaixo da Carta Magna chama-se de
infraconstitucional e deve manter harmonia com esta.
Com base na Constituição Federal, observa-se como um direito humano
fundamental a dignidade da pessoa – art. 1º, inciso III. Além de ser um direito
humano, é também um direito público e subjetivo, pois, da mesma forma que o
Estado tem o dever de promovê-la, nós temos o poder de exigir que isso se
cumpra.

TEMA 4 – CONHECENDO UM POUCO MAIS DA CARTA MAGNA

Crédito: rafapress/Shutterstock.

Já comentamos que a Constituição é a lei fundamental e suprema do Brasil,


e é importante saber que traz vários princípios que são de observância obrigatória.
A palavra princípio deriva do latim principium e pode ser entendida como: o
começo de tudo, o que vem antes, início, origem, ponto de partida, regra a seguir.
Os princípios constitucionais são o alicerce de toda a legislação infraconstitucional
– códigos, leis, decretos etc. – e são de observância obrigatória. Vamos conhecê-
los:

• Princípio da supremacia da Constituição: nenhum ato jurídico será

válido se contrariar a Constituição Federal.


• Princípio da legalidade: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer

alguma coisa, senão em virtude de lei” (Brasil, 1988, grifo nosso), ou seja,
todos devem obediência às leis. Um fato interessante é que a
administração pública deve fazer apenas aquilo que a lei permite, deve

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seguir a lei em seus estritos termos; já na esfera privada, todos podem fazer
tudo aquilo que a lei não proíbe.
• Princípio da igualdade ou isonomia: “Todos são iguais perante a lei”

(Brasil, 1988), independentemente sua posição social, ou seja, não pode


haver qualquer diferenciação. Este princípio informa a todos os ramos do
direito, de onde tratar-se desigualmente os desiguais, na medida da sua
desigualdade.

Crédito: banderlog/Shutterstock.

• Princípio da ampla defesa: é o princípio que garante e exige que a defesa

seja no âmbito mais amplo possível. Traz o binômio defender e recorrer. A


ampla defesa abarca a autodefesa ou a defesa técnica e a defesa efetiva,
que é a garantia e a efetividade de participação da defesa em todos os
momentos do processo. Neste princípio não pode haver cerceamento
infundado, ou seja, se houver falta de defesa ou se a ação do defensor se
mostrar ineficiente, o processo pode ser anulado. Caso perceba que a
defesa vem sendo deficiente, o juiz deve intimar o réu a constituir outro
defensor ou nomear um, se o acusado não puder constituí-lo.
• Princípio do contraditório: o princípio do contraditório e ampla defesa

está expresso na Constituição Federal, no art. 5º, inciso LV: “aos litigantes,
em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a
ela inerentes” (Brasil, 1988, grifo nosso). Esse é o princípio que garante a
justiça, a efetiva chance de provar a verdade e o real exercício do direito.
O juiz deve proporcionar esses meios às partes e participar da preparação
do julgamento a ser feito, exercendo ele próprio o contraditório.
• Princípio da dignidade da pessoa humana: a dignidade da pessoa

humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos


fundamentais do homem, desde o direito à vida.
• Princípio da proporcionalidade: tem seu fundamento na adequação, na
exigibilidade e na proporcionalidade. A proporcionalidade serve como

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parâmetro de controle da constitucionalidade das regras restritivas de
direitos fundamentais.

TEMA 5 – CONCEITUANDO DIGNIDADE DA PESSOA

5.1 Elaborando um conceito dignidade da pessoa

Crédito: Arthimedes/Shutterstock.

A dignidade humana é um direito fundamental, mas surge uma pergunta


preliminar: quem são os titulares dos direitos fundamentais? A resposta deve ser
analisada com base em alguns documentos jurídicos. Vamos estudar os
principais:
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada pela
Organização das Nações Unidas de 1948, traz em seu art. 1º: “Todos os homens
nascem livres e iguais em dignidade e direitos” (ONU, 1948), então todas as
pessoas são os titulares dos direitos fundamentais.
Vamos fazer uma comparação com o texto da Constituição de 1988, que
diz “todos são iguais perante a lei […]” (Brasil, 1988). Verifica-se que a diferença
está palavra todos. No texto da ONU, o significado é:“[…] cada um e todos os
humanos do planeta, os quais haverão que ser considerados em sua condição de
seres que já nascem dotados de liberdade e igualdade em dignidade e direitos”
(ONU, 1948).
A dignidade da pessoa humana é um conceito extremamente abrangente
e assim o deve ser considerado, pois envolve a todos os seres.
Silva entende que

Dignidade é a palavra derivada do latim “dignitas” (virtude, honra,


consideração), em regra se entende a qualidade moral, que, possuída
por uma pessoa serve de base ao próprio respeito em que é tida:
compreende-se também como o próprio procedimento da pessoa pelo
qual se faz merecedor do conceito público; em sentido jurídico, também
se estende como a dignidade a distinção ou a honraria conferida a uma
pessoa, consistente em cargo ou título de alta graduação; no Direito
Canônico, indica-se o benefício ou prerrogativa de um cargo
eclesiástico. (Silva, 2009, p. 463)

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Assim, o ser humano deve ser considerado muito além de simples objeto
ou mesmo um número, pois tem-se a fórmula (-) digno (+) pessoa, em que um
trabalhador deve ser visto não somente como mais uma peça de uma engrenagem
para fazer girar a economia, mas como um ser humano.
Lembremos que foi a partir da Constituição Federal de 1988 que os direitos
fundamentais tiveram um avanço expressivo, pois consta expressamente em seu
texto. De outro vértice, respeitar a dignidade da pessoa humana tornou-se uma
meta da todos.
Enfim, o princípio da dignidade da pessoa humana, o qual possui um
conteúdo democrático, como um dos fundamentos do Estado de Direito
Democrático, torna-se o elemento referencial para a interpretação e a aplicação
das normas jurídicas.

5.2 Direito, moral e ética

Créditos: Vectorfair.com/Shutterstock.

5.2.1 Direito e moral

Agora que temos maior conhecimento do que vem a ser o direito e também
da importância da Constituição Federal, conseguimos entender que se distingue
de outras formas de controle social, a exemplo da moral ou mesmo da ética.
Sua principal característica é a coercibilidade/imperatividade, que é um
atributo do direito, mas não da moral, ou seja, o direito tem a imperatividade das
normas jurídicas e, se descumprido, prevê sanções, inclusive, quando necessário
e dentro dos limites legais, o uso da força física.
A moral é incompatível com o uso da força física, mesmo que legalmente
prevista e possível. Para melhor entender a moral, foram criadas teorias para
explicar as relações entre esses dois tipos de controle social – o direito e a moral.
A primeira é a teoria dos círculos, na qual a relação entre direito e moral
pode ser representada por:

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• Círculos concêntricos, em que o campo de abrangência da moral é maior
que o do direito, inscrevendo-se este naquela, ou a ela se subordinando (a
teoria é defendida, dentre outros, por J. Bentham).
• Círculos secantes, pelo qual os campos do direito e da moral possuiriam
uma área de interseção (a teoria é defendida, dentre outros, por C.
Pasquier).
• Círculos independentes, em que direito e moral não se misturam, ou seja,
o direito não busca seu fundamento na moral (a teoria é defendida, dentre
outros, por H. Kelsen).

A outra é a do mínimo ético, na qual o direito representa um mínimo de


preceitos morais declarados obrigatórios, podendo-se dizer que o direito se
inscreve completamente no campo da moral, de maneira que são círculos
concêntricos.
Uma frase muita utilizada é que nem tudo que é legal é moral ou ético, por
exemplo, se uma pessoa recebeu um cheque que pela lei está prescrito, não pode
mais legalmente cobrá-lo do devedor, mas, pela moral e ética, o devedor ainda
tem o dever de pagá-lo.
No caso do cheque, a ética prevê que, além de dever ser pago pelo fator
moral, não se pode prejudicar ou mesmo enganar as pessoas, ou seja, ética dá
um passo além, englobando o “não prejudicar, não enganar”.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.

_____. Lei n. 12.376, de 30 de dezembro de 2010. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 31 dez. 2010.

KELSEN, H. Teoria pura do direito. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assembleia Geral das


Nações Unidas. Nova Iorque, 1948. Disponível em:
<http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2021.

SILVA, de P. e. Vocabulário jurídico. 28. ed. Rio de Janeiro: Companhia Editora


Forense, 2009.

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