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A Escada de Jacó

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A ESCADA DE JACÓ

A Escada de Jacó é sem dúvida, um dos símbolos mais marcantes da Maçonaria,


uma vez que aceita as mais diversas interpretações, que sempre nos conduzem a
pensamentos elevados de fé, esperança e crescimento.

Mas para tenhamos uma compreensão mais clara sobre esta alegoria, a Escada de
Jacó não pode ser considerada isoladamente, faz-se necessário conhecer e
entender a figura de Jacó, este arquétipo bíblico, sua personalidade, sua saga...
Jacó é, sem dúvida, um dos personagens bíblicos mais fantásticos e inspiradores...
Um arquétipo atemporal, como o são todos os personagens da Torá ou da Bíblia.

Jacob, filho de Isaac e neto de Abraão, é o terceiro e último patriarca do Povo


Judeu. É dele que descendem todos os Filhos de Israel, pois, diferentemente de
seu avô e pai, todos os seus doze filhos têm parte ativa na história judaica. foram
os fundadores das Doze Tribos de Israel.

Yaacov, Jacob em hebraico, é o patriarca a quem a Torá mais dedica espaço:


descreve as desavenças com seu irmão Esaú, a saída da sua casa, seu amor por
Rachel, a mulher pela qual aceitou trabalhar durante 14 anos para o pai dela, seu
tio Labão; relata os atos deste último, o mais desonesto dos homens, que o
enganou e ludibriou inúmeras vezes, inclusive no dia de seu primeiro casamento,
colocando Lea no lugar de Rachel, sob o pálio nupcial. Conta também acerca de
seus 12 filhos, dos quais descendem as Doze Tribos de Israel, e de sua filha, Diná.
Os Livros Sagrados relatam as dificuldades que Jacob enfrentou no decorrer de sua
vida: o sofrimento com os filhos, o ciúme entre os irmãos, a desgraça que se abateu
sobre Diná e, em seguida, sua imensa dor por acreditar que estava morto José, seu
filho com sua amada Rachel.

A vida de Jacob é marcada por revelações proféticas e eventos dramáticos, pela


contínua luta com seu irmão gêmeo Esaú, o recebimento das bênçãos proferidas
por Isaac, que o tornaram o herdeiro do pacto espiritual de D'us com Abraão, o
sonho de uma escada que atingia os Céus, o combate que travou com um anjo que
o fere, mas que não consegue derrotá-lo e, por fim, a benção de D’us, conferindo-
lhe um novo nome - Israel - que passa a ser símbolo de tenacidade e luta.

O conflito entre os dois filhos de Isaac e Rebeca se manifesta ainda no ventre


materno. Durante a gravidez, Rebeca sentia em seu interior uma agitação
incomum, preocupada vai à Academia de Shem e Ever, localizada onde um dia
seria erguida Jerusalém, à procura de uma explicação. A Profecia Divina lhe revela,
então, que carregava gêmeos: "Há duas nações em seu ventre... O mais velho
servirá ao mais jovem"

Rebeca deu à luz gêmeos e, assim como advertira a Profecia, eram totalmente
diferentes, física e moralmente. O primogênito ruivo e peludo é chamado, em
hebraico, de Essav, que significa peludo; e o segundo recebe o nome de Yaacov,
que significa "ele irá nos calcanhares". Jacob deveria ter sido o primeiro a nascer,
mas na hora do parto Esaú pisa sobre o irmão e é o primeiro a nascer. Esaú tenta
impedir o nascimento de Jacob, mas este consegue nascer, agarrando-se ao
calcanhar do irmão.

Jacob e Esaú eram tão opostos quanto o podem ser duas pessoas. Contudo, suas
diferenças e hostilidades não derivam de ciúmes, mas de ideias diferentes.

Esaú vivia inteira e unicamente o presente, o "aqui e agora". Sua pessoa simboliza
o instinto, as paixões, a busca pela gratificação imediata, a conquista física e a
guerra. Tinha como certa a ideia de que os fortes e poderosos conquistariam e
regeriam a Terra.

Jacob almejava o mundo da eternidade e sabia sacrificar o conforto do presente por


um futuro mais pleno e profundo. Representa a superioridade do espírito sobre a
matéria. Entendia que o potencial e a grandeza de um homem não se mediam por
seu poder nem pela força de suas paixões, mas em sua alma e em sua habilidade
de agir racionalmente, com compaixão. Jacob deixou como legado a seus
descendentes a noção de que a grandeza humana reside na capacidade do homem
de transcender o finito e o mundo material e desenvolver uma relação com D'us.

Jacob e Esaú personificam o eterno conflito entre a Lei Divina e a lei da selva. Entre
o espiritual e o material.

Quando Isaac envelhece, chega o momento de abençoar seus filhos e transmitir a


herança espiritual que recebera de seu pai. Então convoca o seu filho mais velho
para lhe conceder a bênção patriarcal. Ele conhecia os defeitos de Esaú, mas o
amava muito e via nele grande potencial, acreditando que a bênção o faria um
homem melhor. Mas Rebeca conhecia melhor do que ele, a natureza dos filhos.
Sabia que Esaú era inadequado para levar avante o legado de Abraão, pois, como
mãe, entendia o perigo de um homem como Esaú receber uma bênção que lhe
daria ainda mais poder. Rebeca não enfrenta Isaac com a verdade sobre seus
filhos, mas usa de um estratagema: ordena a Jacob que se disfarce de Esaú para,
em seu lugar, ser abençoado pelo pai(Jacó cego)

Quando Jacob se aproxima de Isaac para ser abençoado, este sente "o perfume do
Paraíso" e percebe que era Jacob quem tinha diante de si. Vê profeticamente que
os descendentes daquele seu filho estavam destinados a construir o Templo
Sagrado em Jerusalém. Então Isaac abençoa o filho e confirma seu ato, perante
Esaú, quando este entra em sua tenda com a mesma finalidade, e percebe que a
bênção já fora dada ao irmão. A benção conferida por Inspiração Divina, era
irrevogável. Vendo, porém, o desespero de Esaú, Isaac o abençoa com grande
riqueza material, profetizando ainda que "por tua espada, viverás".

Frustrado e furioso, Esaú planeja matar seu irmão e, mais uma vez, a Profecia
Divina alerta Rebeca sobre tais intenções. Temerosa de um embate que, conforme
a profecia, resultaria no enterro de ambos os irmãos no mesmo dia, ela pede que
Jacob fuja e vá para a sua terra natal, onde poderia casar-se com uma das filhas de
Labão, seu irmão. Jacob deixa a casa paterna. Mas, antes de se dirigir a Charan,
onde vivia a família de sua mãe, Jacó vai à Academia de Shem e Ever. Lá
permanece 14 anos estudando a Lei Divina e seus mistérios.

Ao se dirigir a Charan, Jacob parou em um "lugar familiar e lá passou a noite...


Tomando algumas pedras, ele as colocou sob a cabeça e adormeceu... Teve uma
visão, em sonho: surge diante de si uma escada, que se apoiava no chão e
alcançava os Céus. Anjos de D'us por ela subiam e desciam. Segundo estudiosos
judeus, o "local" no qual Jacob pernoitou era o Monte Moriá, o Monte do Templo, o
mesmo onde Adão fora criado e Isaac, pai de Jacó, foi levado por Abraão para ser
sacrificado e onde, no futuro, seria construído Templo de Salomão.

Jacob chegou ao lugar sentindo-se vulnerável e só, um fugitivo despojado de


quaisquer riquezas materiais. Tudo o que possuía era um imenso desejo de se
aproximar de D'us e a Ele servir. Após anos de estudo e meditação, estava pronto
para seu primeiro encontro com o Criador.

No sonho, D'us, aparece no topo da escada. A Torá e a Bíblia assim relatam: "E eis
que o Eterno estava sobre ela e dizia, 'Eu sou o Eterno, D'us de Abraão e D'us de
Isaac' ".

Naquele sonho profético, D'us abençoa Jacob, e confirma ser ele o herdeiro
espiritual dos dois primeiros patriarcas, promete novamente que a Terra de Israel
será de Jacob e de seus descendentes e que estes serão numerosos. O Eterno
promete proteger Jacob e nunca abandoná-lo, nem a seus descendentes: "E eis
que Eu estou contigo, e Te guardarei por onde quer que fores e Te farei voltar a
esta terra; porque não Te abandonarei...".

A pedra sobre a qual Jacob apoiara a cabeça e na qual, ao acordar, derramou


azeite, era o local do Templo onde, no futuro, seria colocada a Arca da Aliança - o
ponto mais sagrado de todo o Templo de Salomão - o Kodesh HaKodashim, o
Sagrado dentre os Sagrados.

A visão de Jacó pode ser interpretada como uma expressão simbólica da ligação
existente entre o céu e a terra, ou entre as coisas sagradas e profanas, o homem e
Deus. E os anjos (Malachin – Mensageiros) vistos pelo patriarca, subindo e
descendo essa escada (levando coisas da terra para o céu e trazendo coisas do
céu para a terra), como os intermediários dessa ligação.

Podemos entender que sonho de Jacob nos ensina que a vida é uma escada e que,
portanto, nada é estático. Não há sofrimento que dure para sempre, nem erro que
não possa ser corrigido. Podemos também a comparar com o próprio homem,
"Nossa base pode estar apoiada na terra, mas o nosso destino, o nosso objetivo é
topo dos Céus". Talvez o Criador quis revelar a Jacob o nível moral e ético que o
homem é capaz de alcançar, caso aspire e dedique-se, ao seu constante
aperfeiçoamento. Mesmo ao lidar com as realidades terrenas, o homem pode-se
alçar a realidades espirituais através de seus atos, pois todos nós, se desejarmos,
temos como nos aproximar da Luz Divina. A escada pode ainda representar a
ligação entre os Céus e a Terra.

Após o encontro com o Eterno, Jacob parte para o Norte, como prometera a seus
pais. Lá vive durante 20 anos a serviço de Labão. Casa-se com duas filhas deste,
Léa e Rachel, esta última o grande amor de sua vida. Durante os anos em que
viveu e trabalhou em Charan, Jacob teve 11 filhos. D'us, então, ordena a Jacob
deixar esta cidade e retornar à Terra Prometida, com toda a sua família. E é a
caminho da Terra de Israel que nasce seu décimo segundo filho, Benjamin - o
segundo e último filho de Rachel.

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