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Escada de Jacó Da Origem Ao Simbolismo

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GRANDE ORIENTE DO BRASIL

ORIENTE DE FEIRA DE SANTANA - BA


A.R.L.S. AMOR E FRATERNIDADE
RITO ADONHIRAMITA

HERCULES JOSE ROSENDO DOS SANTOS

ESCADA DE JACÓ: DA ORIGEM AO SIMBOLISMO

FEIRA DE SANTANA
2024
Introdução

A história da humanidade é marcada por acontecimentos que, por sua


importância, ecoaram ao longo dos tempos, influenciando na formação e
desenvolvimento de povos e nações. A palavra de Deus revelada e registrada na
Bíblia Sagrada durante séculos é, até hoje, uma fonte de sabedoria divina, a qual nos
permite compreender, amar e respeitar o Criador acima de todas as coisas.
A Escada de Jacó: da origem ao simbolismo, conduz o irmão que ora aprecia
esta peça a refletir que, ao longo dos tempos, o homem sempre buscou uma forma de
se harmonizar e se conectar com DEUS, seja através de um representante, por
intermédio de si mesmo ou por força do destino. Este não é um processo exclusivo de
determinada religião ou dogma, sendo necessário o constante estudo e
desenvolvimento interior em busca da superioridade moral e intelectual, para que só
então possamos alcançar esse azimute divino.
Nessa vertente, a Maçonaria, em determinado momento, traz esse símbolo para a
Ordem que, desde então, passa a representar a ascensão gradual nos planos
Intelectual, Moral e Espiritual. É, portanto, o veículo que nos conduz à morada do
Onipotente, com um longo caminho a percorrer que, ao final da senda, não só
demonstra o plano "DELE" para com o homem, como o quanto o mesmo pode se
desenvolver neste plano espiritual, influenciando os que estão à sua volta e deixando
um legado a ser seguido em prol do bem da humanidade.

Então Jacó sonhou. Ele viu uma escada que ia da terra até o céu, e os anjos de
Deus subiam e desciam por ela. (Gênesis 28:12)
Desenvolvimento

Os filhos de Isaque e Rebeca

A história de Jacó é narrada em 25 capítulos do livro de Gênesis. Ele é filho


gêmeo de Isaque e Rebeca, sendo um dos três principais patriarcas do povo judeu, ao
lado de seu pai e de seu avô Abraão. A Bíblia conta que sua mãe não podia ter filhos
e, por isso, seu pai orou a Deus, em favor dela. Ouvindo o SENHOR a oração de
Isaque, os abençoou com gêmeos.
Na barriga, eles duelavam e Rebeca se questionava o porquê daquilo, resolvendo
consultar Deus sobre o fato. Ele lhe explicou que ela daria à luz a representantes de
dois povos inimigos e que um seria dominado pelo outro. O primeiro nasceu vermelho
e peludo como um casaco de pele, fato este pelo qual lhe atribuíram o nome de Esaú.
O segundo filho veio ao mundo agarrado no calcanhar do irmão, por isso o nome Jacó,
que tem significado hebraico de "ele agarrava" ou "ele agarra"
Os meninos cresceram e formaram personalidades as quais lhe diferiam e os
tornavam preferidos, Esaú pelo pai e Jacó pela mãe. Esaú, mesmo sendo o
primogênito dos gêmeos, não seria o herdeiro, devido ao fato de que Deus já havia
predestinado Jacó, antes do nascimento, na ocasião em que explicou à Rebeca o
porquê do duelo dos dois durante a gestação.

Naquela época, o primogênito herdava o dobro das posses do pai em relação aos
outros irmãos, além de privilégios sociais e religiosos. E, um certo dia, quando Jacó
cozinhava um ensopado, o mesmo se aproveitou de que o irmão que voltara cansado
e com fome, lhe fazendo uma proposta de oferecer comida em troca do direito de
progenitura, insistindo em um juramento feito em caráter irrevogável. O pai, já idoso,
cansado e cego, chamou Esaú e comunicou que transmitiria sua benção patriarcal,
ocasião na qual lhe pediu que fosse caçar e preparasse seu prato favorito, pois logo
após saborear, concederia sua benção. A mãe, sabendo disso, instruiu Jacó para que
ele se aproveitasse do momento para se beneficiar da cegueira do pai e tomar a
benção para si, o que de fato ocorreu. Quando Isaque e Esaú descobriram a farsa,
nada mais poderia ser feito. O irmão ficou enfurecido com Jacó, que pela segunda vez
lhe enganava com suas atitudes traiçoeiras e, tendo em vista a situação do pai que
estava à beira da morte, Esaú planejou a morte de Jacó após o luto. A mãe, sabendo,
avisa Jacó do plano mortal e o orienta ir à casa do tio Labão, irmão de Rebeca, que
morava em Harã, até que passasse a ira de Esáu. Rebeca convence Isaque a enviar o
filho para Harã, com a história de que não queria ver o filho casado com uma heteia,
ocasião na qual o pai o abençoa e então ele parte para Paddan - Harã. Este momento
marca a separação de sua família e dá início à segunda fase de sua vida. Então, ele
havia conseguido tudo o que queria, não se importando com os meios utilizados-dos,
desde que o fim fosse alcançado. Seus pecados e virtudes lhe acompanhavam e Deus
utilizaria dessas circunstâncias para discipliná-lo e, ao mesmo tempo, abençoá-lo.

O sonho de Jacó

Jacó partiu de Berseba a caminho de Harã. Em determinado ponto, ele parou


para pernoitar e descansar e, usando uma pedra como travesseiro, deitou-se. Sonhou
com uma escada que era apoiada na terra, na qual o topo alcançava o céu, e os anjos
de Deus subiam e desciam por ela. Ao lado dele estava o SENHOR, que assim o
falou:

“Eu sou o SENHOR, o Deus do seu avô Abraão e o Deus de Isaque, seu pai.
Darei a você e aos seus descendentes esta terra onde você está deitado. Os
seus descendentes serão tantos como o pó da terra. Eles se espalharão de
norte a sul e de leste a oeste, e por meio de você e dos seus descendentes eu
abençoarei todos os povos do mundo. Eu estarei com você e o protegerei em
todos os lugares aonde você for. E farei com que você volte para esta terra. Eu
não o abandonarei até que cumpra tudo o que lhe prometi”. (Gênesis 28:13-15)

Ao acordar, assustado pelo sonho que teve, disse assim: "De fato, o SENHOR Deus
está neste lugar, e eu não sabia disso". Com medo e ainda confuso, disse: "Este lugar
dá medo na gente. Aqui é a casa de Deus, aqui fica a porta do céu!" (Gênesis 28:16-
17)

Jacó logo cedo se levantou, pegou a pedra a qual fez de travesseiro e a colocou de pé
como um pilar, derramando azeite em homenagem a Deus e mudando o nome da
cidade de Luz para Betel (significado bíblico: casa de Deus). E decidiu seguir a Deus,
prometendo que se ele o acompanhasse em sua viagem, lhe dando roupa e comida e
lhe permitindo retornar são e salvo para casa, então faria do SENHOR, o seu Deus,
firmando a promessa que aquele pilar seria a casa de D"Ele, e lhe entregaria a décima
parte de tudo o que ganharia. (Gênesis 28:18-22)

Segundo Harwood (2014, p. 131), foi por intermédio desse sonho que Deus prometeu
a Jacó sua proteção e confirmou sua promessa a Abraão de que o povo escolhido
possuiria toda a Terra, do Rio Eufrates até o Sudoeste. Ele também afirma que Jacó
transformou em monumento a pedra que fez de travesseiro, não só como forma de
homenagem, como também para marcar o lugar em que Deus esteve presente.

A Escada de Jacó na Maçonaria

De acordo com Carvalho (1996, p. 135), a inclusão da Escada de Jacó no Simbolismo


Maçônico se deu por volta de 1776, quando foi pintado um Painel que pode ter tido
influência do Irmão William Preston. Naquele mesmo ano, foi introduzido o estudo das
Três Ordens Nobres da Arquitetura nos ensinamentos maçônicos.

Carvalho (1996, p. 135), relata que tudo leva a crer que o irmão Pintor aproveitou as
Três Ordens, JÔNICA, DÓRICA e CORÍNTIA, e acrescentou também a Escada de
Jacó, que há tempos já vinha sendo ensinada nas Lojas. Tal escada resumiria toda a
estrutura do sonho de Jacó, sustentada em Fé, Esperança e Caridade, valores
representados, respectivamente, por uma Cruz, uma Âncora e pelo Cálice com o Pão
e a Mão Estendida, trilogia esta que faz parte da vida de qualquer ser humano, seja
ele Maçom ou não.
O autor afirma ainda que a estilização da escada aparece ora com 17 degraus
ou com 7 degraus, como consta de quase todas as interpretações esotéricas. O que
não coincide com a realidade, tendo em vista que uma escada de 7 degraus seria
desproporcional ao intervalo de distância entre céu e terra. É possível que em alguns
painéis a escada tenha aparecido como um desenho ilustrativo sem significado quanto
aos números de degraus, haja vista que no Painel de Dunckerley, a escada aparece
com 3 degraus, alterando a ordem comum com 7 degraus, como era feito nas
Sociedades de Mistérios. Carvalho (1996, p. 135),

Harwood (2014, p. 129) afirma que para uma escada de 7 degraus, cada degrau tem
um significado, sendo que o primeiro simboliza Justiça; o segundo, Igualdade; o
terceiro, Bondade; o quarto, Boa-Fé; o quinto, Trabalho; o sexto, Paciência; e o
sétimo, Inteligência. Outra interpretação é de que os degraus representam Justiça,
Caridade, Inocência, Doçura, Fé, Firmeza e Verdade. Tomando como um todo, o
simbolismo parece apontar para a ligação entre a fé e o céu, ou, como é declarado
nos ensinamentos maçônicos, "Fé em Deus, Caridade, a Todos os Homens e
Esperança na Imortalidade".
A Escada de Jacó significa uma progressão dentro da Maçonaria e que cada elevação
na Ordem representaria que o Irmão avançou mais um degrau nesta Escada. Ismail
(2011) defende a ideia de que a Ordem Maçônica é um sistema de progresso moral,
intelectual, filosófico e espiritual baseado em alegorias, símbolos e dramas
transmitidos por meio de rituais, compreendendo graus que, quando organizados de
forma sequencial, compõem um Rito. Isso leva ao entendimento de que, ao ascender
aos degraus da Ordem, o maçom vai progredindo na senda maçonica.

E devido a esse sistema de progresso, a trajetória maçônica é ilustrada como uma


escada, pelo fato de a escada estar relacionada ao aperfeiçoamento do ser humano.
Tal sistema de progresso é comumente identificado na Maçonaria como a Escada de
Jacó.
O entendimento concebido pelo Ritual de Companheiro sobre o 2º Grau do
Simbolismo Maçônico é de que o Companheiro, nesta fase, se dedica a entender os
princípios fundamentais da Ordem. Nesse sentido, o aperfeiçoamento interior se
alicerça na busca filosófica, pelo estudo da doutrina, da simbologia, das alegorias e
das instruções.

A partir dessa premissa, ao se observar um Painel de Companheiro do Adonhiramita,


percebesse que não há a presença da Escada de Jacó. Entretanto, isso não significa a
ausência da influência da mesma no Rito, tendo em vista que existem degraus que
representam essa ascensão de maneira implícita. Cabe, desta forma, ao Neófito a
busca do conhecimento, o que muitas vezes dependerá não só de seu estudo como
também de seu discernimento to sobre os Augustos Mistérios, conduzindo-lhe desta
forma ao desenvolvimento da gnose.
O simbolismo da Escada, que está representada no Templo. A sua estrutura, em
forma de quadrilongo e cujo acesso se dá por meio de escadas, possui uma parte
chamada de Ocidente, de onde se recebe o conhecimento, e outra denominada
Oriente, de onde provem a Sabedoria e se localizam o Venerável, o Orador, o
Secretário e demais autoridades.
Para se chegar ao Oriente, a então Sabedoria, é necessário percorrer alguns degraus,
que tem significados ligados às virtudes do homem. Os quatro primeiros degraus
representam Força, Trabalho, Ciência e Virtude, e os degraus que dão acesso ao
Trono de Salomão são representados pela Pureza, Luz e Verdade. Junior (2007, p.
51)

Dentre essas virtudes, Junior (2007, p. 84), enaltece as três virtudes teologais, a Fé, a
Esperança e Caridade. Segundo o autor, estas devem sempre ornamentar o Espírito e
o Coração dos Seres Humanos, principalmente do Maçom, sempre norteando-o no
caminho que conduz à Fé no G.A.D.U., com Esperança na Moral e Caridade aos
semelhantes.

O simbolismo e o significado dessas virtudes e sua influência na senda Maçônica,


principalmente para o Companheiro que inicia seu primeiro passo de ascensão na
ordem. É no simbolismo deste Grau que reside o objetivo principal de união de toda a
humanidade. Por este fato, o conhecimento desses degraus possui extrema
importância e, consequentemente, o significado das correspondentes virtudes contribui
para que o Companheiro possa alcançar um nível de entendimento que o faça
progredir não só dentro da Ordem, como também possa torná-lo um instrumento de
contribuição para o progresso da Sociedade e da Humanidade.
Conclusão

A Escada corresponde a um processo pelo qual o indivíduo progride a fim de


cumprir um determinado objetivo. E o simbolismo da Escada de Jacó nos leva ao
entendimento de que o crescimento ocorre por etapas, na superação gradativa dos
desafios, representados pelos degraus. O homem tem o livre arbítrio para nortear sua
vida da maneira que lhe convém, e muitos escolhem caminhos tortuosos para esse
fim, colhendo assim o fruto amargo e o dissabor de uma vida conduzida de maneira
não condizente à vontade divina. Nesse sentido, a história de Jacó demonstra que,
mesmo tendo condutas e escolhendo caminhos que contrariariam o SENHOR, Deus
não desistiu de seu filho e lhe mostrou um caminho a seguir por intermédio do
simbolismo da escada.
Essa história é um exemplo de que DEUS está sempre conosco, mesmo nos
momentos mais difíceis, exigindo de nós nesses momentos perseverança, para que
possamos avançar nos degraus da vida e alcançar nossos propósitos. Trata-se de
uma cronologia que nos remonta a Cristo que, com seu sacrifício na Cruz, viveu um
processo que culminou na salvação da humanidade e que se constituiu em exemplo
de abnegação por todas as gerações. Tais situações nos levam a refletir sobre como a
Fé, a Esperança e a Caridade são capazes de fortalecer o homem e de fazê-lo
ultrapassar as provações desse Plano.
O Companheiro, ora no segundo degrau da Escada de Jacó, terá de ter em
mente que o caminho de progresso escolhido por ele, por meio da Ordem Maçônica,
exigirá esforços. Esforços estes que demandarão sacrifícios que conduzirão à prática
das virtudes do homem, em prol do seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e
social.

Em face a todo o exposto pode-se deduzir que a Maçonaria é um caminho pelo qual
semeamos com nossa Fé as nossas melhores sementes, usamos como adubo a
nossa Esperança e fazemos dos nossos frutos a Caridade. Ao empregar as virtudes
como o fertilizante para nossa ascensão, poderemos conquistar o caminho que nos
leva ao G.A.D.U. e deixarmos um legado não só para os que nos são caros, mas para
toda a humanidade.

REFERÊNCIAS

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Barueri,


SP. Editora Sociedade Bíblica do Brasil, 2013.

CARVALHO, Francisco de Assis. Símbolos Maçônicos e suas origens. Cadernos de


Estudos Maçônicos nº 8. Editora "A Trolha Londrina, PR, 1990.

D" ELIA JÚNIOR, Raymundo. Maçonaria: 100 instruções de aprendiz. Editora


Madras, São Paulo, SP, 2007.

HARWOOD, Jeremy. Maçonaria: Desvendando os Mistérios Milenares da


Fraternidade: Rituais, Códigos, Sinais e Símbolos Maçônicos. Editora Madras, 1ª
ed. São Paulo, SP, 2014.

ISMAIL, Kennyo. Vai de Escada ou de Elevador? No Esquadro, 2011. Disponível


em:

/www.noesquadro.com.br/conceitos/vai-de-escada-ou-de-elevador/>. Acesso em: 02


de Dez. de 2023.

ZOCCOLI, Hiran Luiz. Maçonaria Esotérica (fundamentos) 1º Grau Vol 1. Editora


Curitiba, PR, 1991.

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