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considerada a causa mais comum de anemia em nível global, mas outros fatores e deficiências
minerais como o ferro (SILVA; SILVA, 1999) e de compostos fenólicos, presentes em alguns
chás, cacau e café (LEMOS et al., 2015). Embora, o próprio processamento, por trituração,
(BENEVIDES et al., 2011). Outros tipos mais raros de anemias nutricionais poderiam ser
A real distribuição etiológica das anemias nas diferentes populações não é conhecida e
Saúde – OMS (BATISTA FILHO; SOUZA; BRESANI, 2008). Uma revisão sistemática com
Essa proporção foi menor em países onde a prevalência de anemia era superior a
40,0%, especialmente nas populações rurais e em países com exposição muito elevada à
processos inflamatórios, todavia, informam existir grande heterogeneidade das suas análises
análise de dados específicos do país, uma vez que a deficiência de ferro pode não ser sempre
(WHO) estimou que, em nível mundial, 42% (38% - 46%) das anemias em crianças de 6 a 59
meses são modificáveis pela suplementação de ferro, sendo possível que seja 56% (48% -
63%) nas Américas, na mesma faixa etária (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2015).
período de 1978 a 1985, detectou hemoglobinas anormais em 3,08% dos indivíduos estudados
foram respectivamente, 1,0%, 1,91%, 3,23% e 4,1% (ARAÚJO et al., 2004; BACKES et al.,
2005; DINIZ et al., 2009; PINHEIRO et al., 2006). A prevalência de anemia hereditária, por
talassemias e hemoglobinas variantes, em Goiás foi de 10,1%, porém, com nenhum caso de
Analisando dados de pacientes com anemia não ferropriva, verificou-se que 63,8%
destes eram portadores de alguma forma de anemia hereditária; no grupo de controles foram
2.2 Epidemiologia
hemoglobina na mesma faixa etária 11,1 g/dL (11,0 – 11,3). Para 2011 as Américas, essa
2015).
do problema em saúde pública para crianças pré-escolares está ilustrado no mapa a seguir.
meses, 2011.
Sobre o diagnóstico na anemia, em análise histórica realizada por Lira e Ferreira sobre
médica, na antiga Grécia, de água potável ou vinho, no qual uma espada tivesse sido
enferrujada, para tratar pacientes com palidez acentuada, mas apenas no ano de 1916, foi
de hemoglobina.
(atenção especial aos aspectos dietéticos, história perinatal, perda de sangue, distúrbios
ferro); exame físico completo; e análises laboratoriais (hemograma com reticulócitos e índices
prevalência de anemia numa população, como também suas causas orgânicas. Como exemplo,
podemos citar um trabalho realizado no ano de 2004 no estado de Pernambuco - Brasil, com
uma amostra de 301 crianças entre seis e 30 meses de idade, usuárias de creches públicas de
transferrina, verificou que 34,2% dos investigados apresentavam anemia sem deficiência de
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diagnóstico de anemia, pois apesar da baixa especificidade, é o que melhor se presta para o
fundamental para evitar um diagnóstico errôneo (ROBALINO FLORES et al., 2017). Assim,
a anemia pode ser classificada de acordo com sua severidade em leve, moderada e severa, e
diagnosticada por meio da dosagem de hemoglobina (Hb), a nível do mar, conforme quadro
abaixo:
Por outro lado, em algumas localidades, a sazonalidade pode ser uma questão. Um
estudo brasileiro com amostra de 120 crianças e adolescentes de idade escolar, residentes em
ferritina, ferro sérico, contagem total de glóbulos brancos, linfócitos, eosinófilos, proteína C-
variação sazonal. A prevalência de deficiência de ferro foi menor (9,2%) na estação chuvosa e
maior (25,8%) na estação seca, período no qual se observa um aumento nos poluentesatmosféricos
derivados dos incêndios na região pesquisada (RODRIGUES; IGNOTTI;
HACON, 2017).
Em relação ao método de escolha para o diagnóstico em nível populacional ou fora do
ambiente laboratorial, uma revisão sistemática para avaliar a precisão da Escala de Cor de
Hemoglobina da OMS (um método quantitativo simples e barato para avaliar a concentração
associada com esse método pode resultar em maior sensibilidade, o que pode reduzir
Entretanto, uma revisão restrita aos estudos publicados com crianças menores de cinco
anos de idade no Brasil entre 1989 e 2005 (JORDÃO; BERNARDI; BARROS FILHO, 2009)
identificou que 52,5% (n=28) dos artigos analisados, cujos locais de coleta eram creche,
Unidade Básica de Saúde, escola, hospital ou visita domiciliar, utilizaram HemoCue como
precisa, rápida e segura para a estimativa de hemoglobina (PARKER et al., 2018; SANCHIS-
GOMAR et al., 2013) e apesar de algumas limitações podem classificar corretamente o estado
2011).
(SZARFARC, 2010).
expõe um modelo hierárquico dos fatores determinantes da anemia como pode ser visualizado
na Figura a seguir, o qual é composto por condições socioeconômicas como grupo de
de ferro, seja por uma alimentação inadequada, precariedade de saneamento ambiental ou por
da Família da Pirajá, em Belém-PA, se observou que 49,1% estava infectada por pelo menos
2017). Em Alagoas, 67,1% das crianças menores de cinco anos, do povo Karapotó em São
creches de Santo Ângelo no Rio Grande do Sul, foram coletadas 51 amostras de fezes,
registrando uma prevalência de parasitoses de 18%, sendo 16% referentes às creches públicas
O consumo de sangue por parasitos que vivem no intestino delgado presos à mucosa e
perdas consideráveis de sangue nas fezes, verificadas nestas infecções, podem explicar a
com ingestão inadequada ou com elevadas necessidades fisiológicas, todavia, pode ainda
abdominal, febre, diarreia e vômitos podem ocasionar perda de apetite, prejuízo de absorção e
por geohelmintos conferiu risco para anemia, anemia ferropriva e deficiência de ferro sem
anemia (CASTRO et al., 2011). Já em uma favela da periferia de Maceió - Alagoas, onde
96,4% das crianças eram anêmicas, quase todas, apresentaram pelo menos um tipo de parasita
(83,2%), destas, 50,9% eram poliparasitadas (FERREIRA et al., 2002). Estudo realizado em
creches filantrópicas de Salvador, Bahia, cuja prevalência de anemia foi inferior a 4,0% onde,
apesar de receberem tratamento antiparasitário tiveram 29,2% das amostras com ao menos um
tipo de parasita, não observou associação das infecções parasitárias com anemia, entretanto,
prevalência da anemia poderia ser diminuída em cerca de 25%, a anemia por deficiência de
ferro em 35% e a forma grave da anemia em 73%, se a infecção por estes helmintos fosse
hábito de andar descalços, 25,5% afirmaram que a família lava as mãos às vezes, 32,3% das
crianças também lavam as mãos às vezes antes das refeições e 51,0% possuíam animais em
Assim há a necessidade de medidas que modifiquem os hábitos de higiene que possam levar a
estão: residir em área rural, pela dificuldade de acesso a alimentos ricos em ferro e vitamina
C, assim como desmame precoce; menor renda, quando a criança tem até dois anos de idade;
menor escolaridade materna, por repercutir em piores trabalhos e menor renda, além de
criança; e maior número de crianças na residência, o que além de aumentar a demanda por
mineral, constituem fator importante no risco de anemia, haja vista que a partir dos seis meses
de vida, a criança se torna mais dependente da alimentação (cerca de 30%) para atingir suas
necessidades orgânicas de ferro, diferente do adulto, o qual consegue reciclar 95% do ferro
pode ser classificado em ferro heme (que é melhor absorvido e menos afetado pelos demais
presente em produtos de origem vegetal e cuja absorção do ferro é estimulada por alimentos
Zinco, cobre, cobalto, níquel, cádmio, manganês e cálcio são minerais considerados
As leguminosas, do qual o feijão comum faz parte, podem ser fonte de minerais, mas
lentilhas têm um alto teor de ferro, mas sua biodisponibilidade é muito inferior à do ferro de
Por outro lado, há três principais táticas de intervenção nutricional para encarar a
deficiência de ferro preconizadas por organismos internacionais que são: a mudança nos
medicamentosa de sais de ferro, as quais são indicadas há mais de 60 anos (KAC et al., 2007).
Suplementação de Ferro (PNSF), criado por meio da Portaria nº 730, de 13 de maio de 2005
Pediatria, para prevenção e controle da deficiência de ferro; além disso, os responsáveis pelas
crianças atendidas devem ser orientados acerca de uma alimentação saudável e sobre a
al., 2013; PEDRAZA, 2014) ou, até mesmo, ao se utilizar apenas o micronutriente deficiente,
pode se obter melhores resultados (LOPES et al., 2006), como demonstrou estudo na
(Hb) de gestantes com o emprego de vitamina A associada ao ferro (SUHARNO et al., 1993)
de vitamina A foi de 5,8% (PEDRAZA; SALES, 2014), e mais recentemente, em uma revisão
ARRUDA, 2018).
cobertura dos programas de suplementação de ferro e/ou vitamina A geralmente está abaixo
indivíduos assistidos alternados com período de redução (ALMEIDA et al., 2010; SILVA et
al., 2014). Em Alagoas, uma dissertação (CALHEIROS, 2017) verificou-se com dados do II
cobertura do PNSF (número de crianças que receberam sulfato ferroso nos últimos três meses;
20,5%), quanto a taxa de adesão ao uso do suplemento (aqueles que tendo recebido, estavam
fazendo uso; 47,9%), foram baixas, e menores que as registradas na base de dados do sistema
farinhas com ácido fólico, apesar redução verificada (cerca de 30%) na prevalência de
doenças do tubo neural em bebês, nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Não reduziu a
prevalência da anemia no Brasil, apesar de impacto positivo nos níveis de ferritina (BAGNI et
al., 2009). Revisão sistemática concluiu que é limitada a evidência da eficácia da fortificação
Resolução RDC n° 150 de 2017 atualiza a norma da RDC n° 344, de 2002 e tenta sanar essa
problemática. Agora são permitidos apenas sulfato ferroso, fumarato ferroso e suas formas
encapsuladas. Pelas novas regras, os fabricantes estão obrigados a enriquecer as farinhas detrigo e de
milho com 4 a 9 mg de ferro para cada 100g de produto e com 140 a 220 µg de
nas dietas infantis permitiria o rastreamento de fatores nutricionais que afetam as intervenções
como a anemia (BARBOSA et al., 2014). Apesar desses estudos serem dispendiosos, foram
identificados oito estudos que analisaram consumo de leite, de ferro, adequação energética
e/ou densidade de ferro da dieta em um artigo de revisão (LEAL; OSÓRIO, 2010), o qual
revelou que havia consenso entre trabalhos que estudaram menor densidade de ferro na dieta e
maior proporção de calorias provenientes do leite de vaca como fatores de risco para anemia.
epidemiológico (OSÓRIO, 2002). Uma revisão sistemática recente sobre a anemia ferropriva
infantil no Brasil, sugere que o aumento da prevalência da anemia por deficiência de ferro em
crianças pode ser decorrente das mudanças nos hábitos alimentares, que acompanham a
Entretanto, o fator unânime de risco para anemia é a idade da criança, especialmente entre 6 e
24 meses de idade. Nessa fase é biológico ocorrer crescimento acelerado e comum uma menor
crianças menores de seis anos de vida que estimaram prevalência de anemia e/ou deficiência
de ferro e seus fatores associados, revelou que os fatores mais citados foram: idade da criança,
escolaridade materna, renda familiar, diarreia, área geográfica, índice de riqueza do domicílio,
peso ao nascer, indicador altura/idade, indicador peso/altura, etnia, sexo, densidade de ferro e
da placenta para o bebê por mais 1 a 3 minutos após o nascimento, é conhecido por aumentar
as reservas de ferro do bebê em mais de 50% aos 6 meses de idade entre aqueles nascidos a
A menor idade da criança foi comumente citada nos estudos nacionais e internacionais
específicas de cada população e seus principais fatores etiológicos (LEAL; OSÓRIO, 2010).
etiológica e epidemiológica das anemias, bem como das diretrizes universais para seu
controle, como o enriquecimento das massas alimentícias com ferro e folato, supondo que
primária (BATISTA FILHO et al., 2008) podem desviar a atenção de outras variáveis que
universal, acomete indivíduos tanto dos países pobres como dos países ricos (WORLD
Metanálise realizada com base em artigos publicados entre 1996 a 2006, verificou que
independentemente dos cenários onde as amostras haviam sido obtidas: 52,0% segundo os
estudos realizados com amostras oriundas de creches/escolas, 60,2% nos estudos realizados
em serviços de saúde, 66,5% nas crianças de populações em iniquidades e 40,1% nos estudos
de base populacional. Contudo, como pode ser observado, a situação era mais preocupante
Suplementação de Ferro, criado em 2005 pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2005), existe a
declinando em todo o País. No entanto, não existem estudos nacionais que permitam essa
Métodos
A identificação das publicações de interesse foi realizada nas seguintes bases de dados
(http://catalogodeteses.capes.gov.br/catalogo-teses/#!/).
Referências bibliográficas
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BORTOLINI, G. A.; VITOLO, M. R. The impact of systematic dietary counseling during the
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ISSN 0103-0582.