Portinari e A Arte Social - Annateresa Fabris
Portinari e A Arte Social - Annateresa Fabris
Portinari e A Arte Social - Annateresa Fabris
Estudos Ibero-Americanos,
PUCRS, VXXXI, n. 2, p. 79-103, dez. 2005.
Portinari e a arte social
ANNATERESA FABRIS*
Resumo: O interesse pela pintura mural suscitou várias tomadas de posição no século
XX, dentre elas, a defesa da difusão em ampla escala de imagens eivadas do compro-
misso do artista para com o próprio tempo e o próprio povo. No conjunto dos “ciclos
econômicos”, Portinari demonstra que é possível “narrar uma história” sem aderir à
versão oficial, apresentando uma visão crítica da sociedade brasileira a partir do tema
nuclear do trabalho.
Abstract: The interest in mural painting has resulted in many decision-makings in the
20th Century, among them the defense of large scale broadcasting of images shot
through with the commitment of the artist with his own time and people. In the set of
“economical cycles”, Portinari demonstrates that it is possible to “narrate a story” with-
out the attachment to the official version, presenting a critical view of the Brazilian
society from the nuclear theme of work.
1 FAUCHEREAU, Serge. Les années 1936. In: La querelle du réalisme. Paris: Éditions
Cercle d’Art, 1987, p. 24. Participam dos debates: Jean Lurçat, Marcel Gromaire,
Edouard Goerg, Louis Aragon, Küss, Fernand Léger, Le Corbusier, André Lhote,
Jean Labasque e Jean Cassou.
2 La querelle du réalisme. Op. cit., p. 104-105.
3 Ibid., p. 106-107.
4 Ibid., p. 107.
5 LÉGER, Fernand. Funções da pintura. São Paulo: Difusão Européia do Livro, s.d., p.
105.
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17 Machado, Aníbal. Mostra de arte social. In: ANTELO, Raúl (Org.). Parque de diversões:
Aníbal Machado. Belo Horizonte: Editora UFMG; Florianópolis: Editora UFSC, 1994,
p. 149-150. Participam da exposição: Portinari, Di Cavalcanti, Hugo Adami, Walde-
mar da Costa, Ismael Nery, Oswaldo Goeldi, Tomás Santa Rosa, Paulo Werneck,
Noêmia Mourão, Alberto Guignard, Carlos Leão.
18 Ibid., p. 151.
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86 Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, v. XXXI, n. 2, p. 79-103, dezembro 2005
19 NEGRI, Antonello. Il realismo: dagli anni trenta agli anni ottanta. Op. cit., p. 12.
20 PEDROSA, Mário. Impressões de Portinari. Diário da Noite, São Paulo, 7 dez. 1934.
21 “Portinari, paulista de Brodowski, vae mostrar a S. Paulo os seus últimos trabalhos”.
Folha da Noite, São Paulo, 20 nov. 1934. Vide também: “Exposição de pintura Candido
Portinari”. Diário de S. Paulo, 21 nov. 1934.
22 PEDROSA, Mário. Entre a Semana e as Bienais. In: AMARAL, Aracy (Org.). Mundo,
homem, arte em crise. São Paulo: Perspectiva, 1975, p. 278.
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23 AMARAL, Aracy. Arte para quê: a preocupação social na arte brasileira, 1939-1970.
São Paulo: Nobel, 1984, p. 38; ARANTES, Otília Beatriz Fiori. Mário Pedrosa: itinerá-
rio crítico. São Paulo: Scritta Editorial, 1991, p. 9-11. Ao ser publicada em capítulos
no jornal antifascista O homem livre (julho de 1933), a conferência recebe o título de
“As tendências sociais da arte e Käthe Kollwitz”.
24 PEDROSA, Mário. As tendências sociais da arte e Käthe Kollwitz. In: ARANTES,
Otília (Org.). Política das artes: textos escolhidos I. São Paulo: EDUSP, 1995, p. 46-48.
25 Ibid., p. 49.
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28 LISSOVSKY, Maurício; SÁ, Paulo Sérgio Moraes de. O novo em construção: o edifí-
cio-sede do Ministério da Educação e Saúde e a disputa do espaço arquitetural nos
anos 1930. In: GOMES, Angela de Castro (Org.). Capanema: o ministro e seu ministé-
rio. Rio de Janeiro: Editora FGV/Universidade São Francisco, 2000, p. 50.
29 PIAZZA, Maria de Fátima Fontes. Os afrescos nos trópicos: Portinari e o mecenato
Capanema. Florianópolis: Centro de Filosofia e Ciências Humanas/UFSC, 2003, p.
65 (mimeo).
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90 Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, v. XXXI, n. 2, p. 79-103, dezembro 2005
30 RODRIGUES, José Honório. Prefácio. In: ABREU, João Capistrano de. Capítulos de
história colonial, 1500-1800. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Publifolha, 2000, p. 19.
31 PIAZZA, Maria de Fátima Fontes. Os afrescos nos trópicos: Portinari e o mecenato
Capanema. Op. cit., p. 71-74, 293-294. Num depoimento de 1977, Arinos fala de “ci-
clos predominantes” (pau-brasil, açúcar, gado, mineração, café, industrialização) e
de “culturas ancilares” (cacau, borracha, mate, etc.). Cf.: FRANCO, Afonso Arinos de
Mello. Os ciclos econômicos do Ministério da Educação e Cultura. In: CAMARGO,
Ralph (Org.). Portinari desenhista. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes; São
Paulo: Museu de Arte de São Paulo, 1978, p. 89.
32 DIONÍSIO, Mário. Portinari. s.l.: Artis, 1963, p. 10.
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36 NEGRI, Antonello. Il realismo: dagli anni trenta agli anni ottanta Op. cit., p. 7.
37 Carta de Portinari a Mário de Andrade (Rio de Janeiro, 22 out. 1944); Carta de Mário
de Andrade a Portinari (São Paulo, 25 out. 1944). In: FABRIS, Annateresa (Org.). Por-
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tinari, amico mio: cartas de Mário de Andrade a Cândido Portinari. Campinas: Mer-
cado de Letras/Editores Associados/Projeto Portinari, 1995, p. 144.
38 Antonil, André João. Cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo:
EDUSP, 1982, p. 106. O mesmo pode ser dito em relação a Koster, que descreve deta-
lhadamente os canaviais, as terras apropriadas ao cultivo, as atividades desenvolvi-
das no engenho, na casa das caldeiras, na destilaria e o “estoque” humano e animal
necessário ao empreendimento. Cf.: Koster, Henry. Viagens ao Nordeste do Brasil. São
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942, p. 421-444.
39 ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. Op. cit., p. 153-154.
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Cana
Pintura mural a afresco, Rio de Janeiro, RJ.
280 x 247 cm. Coleção Palácio Gustavo Capanema. Obra executada para
decorar o salão de audiências, 1938.
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Fumo
Pintura mural a afresco, Rio de Janeiro, RJ.
280 x 294 cm. Coleção Palácio Gustavo Capanema. Obra executada para
decorar o salão de audiências, 1938.
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Garimpo
Pintura mural a afresco, Rio de Janeiro, RJ.
280 x 298 cm. Coleção Palácio Gustavo Capanema. Obra executada para
decorar o salão de audiências, 1938.
44 MOTA, Carlos Guilherme. Ideologia da cultura brasileira: pontos de partida para uma
revisão histórica. São Paulo: Ática, 1977, p. 28.
45 Para dados ulteriores, vide: FABRIS, Annateresa. Portinari, pintor social. São Paulo:
Perspectiva/EDUSP, 1990, p. 124-131. Em relação ao capataz, Koster observa que a
função era exercida quase sempre por um mulato livre, quando não por um escravo,
“que exige maior trabalho e cuida mais rigorosamente daqueles que foram entregues
ao seu comando”. Cf.: KOSTER, Henry. Viagens ao Nordeste do Brasil. Op. cit., p. 516-
517.
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98 Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, v. XXXI, n. 2, p. 79-103, dezembro 2005
46 FACÓ, Rui; Santos, Rui. O pintor e militante comunista Portinari candidato a depu-
tado federal por São Paulo na chapa do P.C.B. Hoje, São Paulo, 11 nov. 1945.
47 FABRIS, Annateresa. Portinari, pintor social. Op. cit., p. 127.
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50 KOSTER, Henry. Viagens ao Nordeste do Brasil. Op. cit., p. 442; VARNHAGEN, Fran-
cisco Adolfo de. História geral do Brasil antes de sua separação e independência de Portu-
gal. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1981, v. 1, p. 223. Se Varnhagen des-
taca a contribuição do escravo no campo econômico, lembra, contudo, seu papel no-
civo no moral, pois lhe atribui a perversão dos costumes “por seus hábitos menos
decorosos, seu pouco pudor, e sua tenaz audácia” (p. 225).
51 ZILIO, Carlos. A querela do Brasil. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1982, p. 108.
52 GARCIA, Maria Amélia Bulhões. O significado social da atuação dos artistas plásticos
Oswaldo Teixeira e Cândido Portinari durante o Estado Novo. Porto Alegre: Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas/PUCRS, 1983, p. 98-100 (mimeo).
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53 NEGRI, Antonello. Il realismo: dagli anni trenta agli anni ottanta. Op. cit., p. 16-17.
54 LISSOVSKY, Maurício; SÁ, Paulo Sérgio Moraes de. O novo em construção: o edifí-
cio-sede do Ministério da Educação e Saúde e a disputa do espaço arquitetural nos
anos 1930. Op. cit., p. 65. Vide também: GORELIK, Adrián. Brasília: o museu da van-
guarda, 1950 e 1960. Margens, Belo Horizonte, n. 4, p. 56-58, dez. 2003.
55 FABRIS, Annateresa. Um símbolo moderno. In: Fragmentos urbanos: representações
culturais. São Paulo: Studio Nobel, 2000, p. 172; GOMES, Angela de Castro. História e
historiadores: a política cultural do Estado Novo. Op. cit., p. 160-161.
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