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SOCIO - 3° ANO Aula 01 - Texto de Apoio

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AULA 1 - TEXTO DE APOIO - GLOBALIZAÇÃO

3° ANO SOCIOLOGIA
PROFESSORA: EDLAINE RONCONI DE ABREU DIAS

GLOBALIZAÇÃO SOCIAL: DESAFIO DO SÉCULO XXI

GLOBALIZATION SOCIAL: CHALLENGE


OF THE TWENTY-FIRST CENTURY

Vagner Rosalem1 e Antônio Carlos dos Santos2

RESUMO

A crítica de muitos à globalização é consequência dos rumos que ela está tomando. Embora a
globalização seja um processo dinâmico em andamento, o seu avanço tem ocorrido de forma desequilibrada,
gerando instabilidade política, econômica e social em várias regiões do planeta. O presente trabalho procura,
de forma teórica, mostrar a falta da globalização social como um dos fatores que tem provocado desequilíbrio
na dinâmica do processo de globalização. Pelo lado econômico, observa-se que a globalização ocorre de
forma acelerada e já alcança os mais distantes pontos da face da Terra, ao passo que, pelo lado social,
observa-se que a globalização está ausente em algumas regiões e, em outro tanto, ela ocorre de forma lenta
e sem muito interesse. De nada vale os benefícios da globalização econômica se não existir a globalização
social. Esse e o desafio do século XXI.
Palavras-chave: Globalização; Globalização econômica; Globalização social.

1
Professor Assistente do Departamento de Administração da Universidade Federal de Goiás (UFG).
E-mail: vagner@hotmail.com
2
Professor Titular do Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
E-mail: acsantos@ufla.br

Rev. Adm. UFSM, Santa Maria, v. 3, n. 2, p. 183-190, mai./ago. 2010

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ABSTRACT

The criticism of many of globalization is a consequence of directions it is taking. While globalization


is a dynamic process in progress, its progress has occurred so unbalanced, creating political
instability, economic and social development in various regions of the planet. This paper demand,
so theoretically, show the lack of social globalisation as one of the factors that have caused
imbalance in the dynamics of the globalization process. On the economic side there is that
globalization occurs so rapidly and have reached the most distant points of the face of the
Earth, while the social side, there is that globalisation is absent in some regions, and in another
both, it happens so slowly and without much interest. It is not worth the benefits of economic
globalization if there is the social globalisation. That and the challenge of the twenty-first century.
Keywords: Globalization; Economic globalization; Social globalization.

1 Introdução
A globalização das economias, produzida por inúmeros fatores, dentre eles o crescimento
econômico ocorrido em diferentes partes do mundo, está produzindo mudanças de grande
significado no comportamento do mercado e na gestão de empresas. A capacidade competitiva
da empresa, que no passado estava ligada à performance que ela obtinha em mercados delimitados
geograficamente e com padrões de comportamento com poucas diferenciações, está merecendo
novos critérios de avaliação, pois a atuação em nível global leva à revisão de conceitos e práticas
adotadas na gestão dos negócios, principalmente através da introdução de temas que até há
bem pouco tempo eram discutidos intensamente em rodas acadêmicas ou em artigos
apresentados em revistas dedicadas ao assunto relativo à administração de empresas.
Para muitos, globalização da economia não passa de um mecanismo engendrado pelos
mais ricos ou mais fortes para aumentar seu domínio sobre os pobres ou sobre os menores. Isto
não é verdade. Globalização, na prática, é um gigantesco processo dinâmico em andamento,
que ninguém a “inventou”. Já é visível, por exemplo, que, embora ninguém tenha criado a
globalização, dela estão se aproveitando os agentes econômicos mais ágeis, em detrimento dos
mais lentos. Não, necessariamente, os maiores, os mais fortes, os mais ricos, mais ágeis ou os
mais espertos estão ganhando. Gigantescas corporações pesadas e mal geridas estão virando
poeira, e da poeira estão surgindo novos gigantes ágeis e eficazes.
A crítica de muitos à globalização é consequência dos rumos que ela está tomando.
Embora a globalização seja um processo dinâmico em andamento, o seu avanço tem sido de
forma desequilibrada, gerando instabilidade política, econômica e social em várias regiões do
planeta. Vários fatores têm levado a esse desequilíbrio. O presente trabalho discorre, de forma
teórica, a falta da globalização social como um dos fatores que tem provocado desequilíbrio na
dinâmica do processo de globalização, partindo do pressuposto que sem o equilíbrio entre o
econômico e o social fica difícil falar em equilíbrio.

2 Globalização

O mundo, hoje, é marcado pela globalização da economia e do mercado, que determina


as tendências do progresso da ciência, da tecnologia, da agricultura, da indústria, enfim, determina
as novas formas de estruturação da sociedade capitalista.

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O que é, afinal de contas, globalização? Não há uma definição de globalização que seja
aceita por todos. Ela está definitivamente na moda e significa muitas coisas ao mesmo tempo.
No mesmo processo, identifica-se a rápida interligação dos mercados nacionais, a movimentação
instantânea de enormes fortunas em dólares por computador de um país a outro, o
processamento, difusão e transmissão de informações pela rede mundial de computadores,
caracterizando o que alguns já denominam de a “terceira revolução tecnológica”.
O fenômeno da globalização resulta da conjunção de três forças poderosas:
– a terceira revolução tecnológica (tecnologias ligadas à busca, processamento, difusão
e transmissão de informações; inteligência artificial, engenharia genética);
– a formação de áreas de livre comércio e blocos econômicos integrados (como o
Mercosul, a União Europeia e o Nafta);
– a crescente interligação e interdependência dos mercados físicos e financeiros, em
escala planetária.
Entretanto, esses três aspectos são questionados por muitos estudiosos da globalização.
Alguns lembram que o comércio entre nações é velho como o mundo, os transportes
intercontinentais rápidos existem há vários decênios, as empresas multinacionais prosperam já
há meio século, os movimentos de capitais não são uma invenção dos anos 1990, assim como a
televisão, os satélites e a informática. O que ocorreu de novidade em nossos dias foi o
desaparecimento do único grande sistema que concorria com o capitalismo liberal em escala
planetária, ou seja, o comunismo soviético. Dessa forma, fechou-se o ciclo, porque o fim do
comunismo possibilitou globalizar de fato o capitalismo, com todas as implicações decorrentes:
aumento do fluxo de comércio, de informações e de expansão das empresas transacionais para
mercados antes fechados.3
Assim, a “globalização” possui dimensões políticas e econômicas que afetam a organização
do processo produtivo em escala internacional. Tais dimensões estruturam o modelo “neoliberal”,
que vem sendo adotado nos países ocidentais e que tem como característica primordial o
afastamento do Estado da gestão de diversos setores da economia. No plano econômico,
neoliberalismo diferencia-se do liberalismo clássico quanto à circulação internacional de bens e
capitais. No neoliberalismo há a preocupação em se formar blocos econômicos que, sob a
justificativa de maior facilidade na circulação da produção (e consequente barateamento), criam
verdadeiras fortalezas protecionistas em torno das economias mais fortes.

3
Fatos históricos marcantes ocorridos entre o final da década de 1980 e o início da de 1990 determinaram um
processo de rápidas mudanças políticas e econômicas no mundo. Até mesmo os analistas e cientistas políticos
internacionais foram surpreendidos pelos acontecimentos: (a) a queda do Muro de Berlim em 1989; fim da
Guerra Fria; (b) fim do socialismo real; (c) a desintegração da União Soviética, em dezembro de 1991, e seu
desdobramento em novos Estados Soberanos (Ucrânia, Rússia, Lituânia etc. ); (d) a formação de blocos econômi-
cos regionais (União Europeia, Nafta, Mercosul etc.); (e) grande crescimento econômico de alguns países asiáticos
(Japão, Taiwan, China, Hong Kong, Cingapura), levando a crer que constituirão a região mais rica do século XXI;
(f) fortalecimento do capitalismo em sua atual forma, ou seja, o neoliberalismo; (g) grande desenvolvimento
científico e tecnológico ou Terceira Revolução Industrial ou Tecnológica. O cenário internacional do início dos
anos 1990 foi marcado pela crescente hegemonia do ideário neoliberal como modelo de ajuste estrutural das
economias e pela afirmação do domínio político e militar dos EUA, com o fim da Guerra Fria. Esse movimento foi
acompanhado pela evolução de novos conceitos no mundo do trabalho (qualidade, produtividade, terceirização,
reengenharia etc.), como resultado do desenvolvimento e da introdução de novas tecnologias na produção e na
administração empresarial e com o agravamento da exclusão social.

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3 Efeitos da globalização
Conforme já comentado, a crítica de muitos à globalização é consequência dos rumos
que ela está tomando. Embora a globalização seja um processo dinâmico em andamento, o seu
avanço tem ocorrido de forma desequilibrada, gerando instabilidade política, econômica e
social em várias regiões do planeta.
No mundo globalizado, a competitividade entre as empresas tornou-se questão de
sobrevivência. Entretanto, como o poder dessas empresas (quanto ao domínio de tecnologias,
de capital financeiro, de mercados, de distribuição etc.) é desigual, surgem relações desiguais
entre elas e o mercado. Algumas sairão vitoriosas e outras sucumbirão. Muitos setores da economia
estão oligopolizados e até mesmo monopolizados,4 dificultando a entrada de novos competidores.
Desse modo, a noção de livre mercado é relativa. Muitos setores da atividade econômica já
têm “dono” e dificilmente permitiriam a entrada de novos produtores. A globalização da
economia e das finanças beneficia, assim, amplamente o grande capital, as grandes corporações
transnacionais.
A ampliação do poder das grandes corporações tem promovido uma concorrência
perversa entre os estados. A globalização financeira tem limitado a capacidade dos estados
nacionais de promoverem políticas expansionistas, sob o risco de serem submetidos à exclusão
do mercado mundial de capitais e aos ataques especulativos de suas moedas, com graves
consequências para a estabilização. Essa forma de globalização favorece os países que concentram
maior poder econômico e diminui a autonomia política e decisória dos estados que, adotando
uma inserção subordinada à lógica da “Nova Ordem Mundial”, passam a reduzir impostos de
importação, atacar conquistas sociais e sindicais e submeter suas políticas e legislações aos
interesses dos países centrais.

4
Monopólio é uma forma de organização de mercado em que uma empresa domina a oferta de determinado
produto ou serviço que não tem substituto. Monopólio puro é raro, sendo mais comum o oligopólio, em que um
pequeno grupo de empresas detém a oferta de produtos ou serviços, ou a concorrência imperfeita, na qual uma
ou mais características do monopólio estão presentes. A legislação da maioria dos países proíbe o monopólio, com
exceção dos exercidos pelo Estado (por exemplo, produtos estratégicos, serviços públicos) e dos monopólios
temporários, garantidos pela posse de patentes e direitos autorais. Contudo, a tendência comum é a das empresas
exercerem práticas monopolistas por meio de expedientes como pools, cartéis, trustes e outras formas de disfarçar
o domínio do mercado (SANDRONI, 1989). o Pool é uma reunião temporária de duas ou mais empresas com fins
especulativos. O pool forma estoques de ações ou mercadorias comercializadas em bolsas (p. ex., cereais, café,
açúcar etc.), procura forçar a elevação de preços e, então, vende com lucros elevados.
o Cartel é o grupo de empresas independentes que formalizam um acordo para a sua atuação coordenada, com
vistas a interesses comuns. O tipo mais frequente de cartel é o de empresas que produzem artigos semelhantes, de
forma a constituir um monopólio de mercado. Os objetivos mais comuns dos cartéis são: (a) controle do nível de
produção e das condições de venda; (b) fixação e controle de preços; (c) controle de fontes de matéria-prima; (d)
fixação de margem de lucro e divisão de território de operação. As empresas que formam um cartel mantêm sua
independência e individualidade, mas devem respeitar regras aceitas pelo grupo, como divisão do mercado e a
manutenção dos preços combinados. Em geral, formam um fundo comum que serve de reserva monetária ao
cartel. Esse fundo é utilizado tanto para punir as empresas do grupo que não respeitam o acordo, como para
impedir que outras empresas penetrem em mercados já dominados. Na maioria dos países, a formação de cartéis
que atuem internamente é proibida, por configurar uma situação de monopólio. No entanto, a “cartelização” é
um fenômeno normal nas economias desenvolvidas e também nas subdesenvolvidas. A atuação dos cartéis elimina
a concorrência; os consumidores podem ser lesados por preços construídos artificialmente e por produtos obso-
letos; as fontes de matérias-primas ficam submetidas a compradores que fixam condições de compra, preços etc.
o Truste é o tipo de estrutura em que várias empresas, já detendo a maior parte do mercado, combinam-se ou
fundem-se para assegurar esse controle, estabelecendo preços elevados que lhes garantam altas margens de lucro.
O truste funciona de forma semelhante ao cartel. Enquanto neste as empresas se mantêm independentes, no truste
elas tendem a se fundir, formando novos grupos para assegurar o controle dos preços e garantir altas margens de
lucro. Os trustes são proibidos por lei em muitos países, mas de pouca eficiência (SANDRONI, 1989).

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VAGNER ROSALEM E ANTÔNIO CARLOS DOS SANTOS

Um Estado desses torna-se muito dependente dos investimentos privados e começa a


fazer o que as empresas quiserem para não perder força econômica. Vira uma relação desigual,
em que o mercado tem todas as fichas na mão. Em última instância, isso acaba afetando a
confiança na democracia. As pessoas se perguntam então para que serve a democracia se as
decisões estão sendo tomadas onde não temos influência. (Claus Offe, sociólogo alemão).5

“Avolumam-se evidências de que, na economia global, cada vez mais é o mercado finan-
ceiro, ou seja, as grandes corporações e não os governos, que, em última análise, decide
sobre os destinos do câmbio, da taxa de juros, da poupança e dos investimentos. Sem
dúvida, a liberalização e a globalização dos mercados são altamente vantajosas para o
grande capital, cujos horizontes e estratégias transbordam as fronteiras estreitas do Estado
nacional [...] Dificilmente encontrar-se-á uma referência às prioridades sociais na retórica
dos arautos da globalização.” (H. Rattner, Globalização..., in Revista do IEA, USP, set./
dez.1995, p. 66. )

No contexto de um país subdesenvolvido, os efeitos da globalização têm sido desastrosos.


Um exemplo ilustrativo foi o ocorrido com o México, que viveu sua pior crise, financeira em
dezembro de 1994. O país fora, até então, o melhor aluno do FMI e do Banco Mundial; fez a
desregulamentação da economia, a abertura econômica ao exterior e a política de privatizações
de suas empresas estatais. De um dia para outro, bilhões de dólares de capital especulativo
foram transferidos de suas bolsas de valores para outras praças. A crise financeira resultante teve
as consequências típicas deste quadro: inflação, recessão, aumento do desemprego e falências
de empresas.
A globalização da economia exige das empresas nacionais um esforço para se adaptarem
à nova realidade mundial, com métodos cada vez mais apurados de administração empresarial,
controle eficaz do capital financeiro, novas tecnologias, baixos custos de produção, mão de
obra altamente qualificada etc., requisitos que elas nem sempre são capazes de possuir.
A globalização surgiu de forma inesperada e descontrolada. Tem causado desemprego
em certos países, desafia o poder tradicional dos governos e passa para as pessoas a sensação de
que o mundo se transformou em um ambiente selvagem, do dia para a noite. Por mais que os
estudiosos apresentem argumentos favoráveis a essa mutação econômica, a imagem que ela
tem é a dos saques da Indonésia, dos desempregados na Europa e das empresas fechadas na
Argentina. A pergunta bastante razoável que se pode fazer é: para que serve esse processo se
ele sacrifica pessoas e subtrai poder de governos que são eleitos pelo povo?
Embora os impactos sociais sejam semelhantes em escala mundial, são os países da
África, América Latina e do Leste Europeu que sofrem de forma aguda e acelerada as
consequências dos programas de ajustamento econômicos neoliberais do FMI e do Banco
Mundial, agravando a pobreza e levando a miséria e o desespero para extensas camadas sociais.
Na América Latina, os modelos de estabilização têm resultado em forte dependência
externa para garantir a estabilidade de preços e, simultaneamente, têm sucateado importantes
setores industriais e gerado um crescimento do desemprego estrutural.

5
Muitas pessoas apontam, entre as funções do neoliberalismo, a de restringir o papel do Estado na garantia dos
direitos dos trabalhadores urbanos e rurais e a de privatizar empresas públicas para favorecer o mercado. Também
foi dada ênfase ao mecanismo neoliberal de transformar os cidadãos em simples consumidores, envoltos numa
cultura padronizada e submetidos a valores distantes da sua própria realidade. Valores impostos, que são difundi-
dos, principalmente, pelos meios de comunicação, pela educação e políticas culturais oficiais.

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O furacão que está varrendo o mundo já feriu profundamente o mercado financeiro. O


comércio internacional, a produção industrial e o emprego sentiram o baque da crise, mas
ainda não tombaram. Se a loucura dos mercados financeiros não for detida, não é impossível
que os países mergulhem numa depressão semelhante à de 1930.
O dinheiro já está deixando os países emergentes indo abrigarem-se em investimentos
mais seguros, como os títulos da dívida americana. Assim, a possibilidade de moratória
generalizada ou aumento brutal dos juros para segurar a fuga de dólares. A elevação dos juros
não segura o investimento estrangeiro e ainda provoca um estrago adicional. As empresas,
muito endividadas, começam a quebrar. O desemprego aumenta e o consumo despenca. Com
isso, o comércio internacional encolhe. Com menos comércio, o mundo inteiro fica mais pobre.
Até países ricos, como os Estados Unidos, são afetados pela crise. O pessimismo toma conta dos
empresários de tal forma que mesmo uma redução dos juros ou dos impostos é insuficiente para
estimular o crescimento econômico.

4 Desafio do século XXI


Pelo lado econômico, observa-se que a globalização ocorre de forma acelerada e já
alcança os mais distantes pontos da face da Terra. A tecnologia moderna, principalmente no
ramo das telecomunicações, coloca as organizações econômicas em contato com pessoas de
diferentes continentes, nações, comunidades e lugarejos. Isso permite que muitas organizações
aproveitem-se das assimetrias de informações (desigualdades) para tirar proveitos ou, mesmo,
impor seu domínio.
Pelo lado social, observa-se que a globalização está ausente em algumas regiões e, por
outro, ela ocorre de forma lenta e sem muito interesse. Não se observa, por parte dos dirigentes
organizacionais, o mesmo interesse demonstrado pela globalização econômica. O que ocorre é
a ação isolada de organizações, principalmente as não governamentais, no sentido de alertar
para a questão. As tecnologias não são utilizadas de forma intensiva, para busca de melhores
condições de vida para as populações, como ocorre nas explorações econômicas e financeiras.
Muitas lideranças e governantes fazem belos discursos sobre a questão, mas apresentam poucas
ações na busca de uma globalização social.
Cada vez mais é preciso uma economia social, de uma economia solidária, que
corresponda a outros critérios necessários à vida em sociedade e não somente aos resultados
econômicos.
Para promover essa economia, é preciso mudar do paradigma da competição para o da
cooperação. Cooperação entre indivíduos, organizações, municípios, estados e nações. É possível
alcançar melhores resultados atuando por meio de parcerias, acordos e ações conjuntas, do que
atuando isoladamente.
A cooperação não é nova. Em todas as sociedades, das mais primitivas às mais modernas,
a cooperação aparece ao lado de dois outros processos sociais em que os indivíduos e grupos
são envolvidos simultaneamente: o conflito e a competição. Quando os indivíduos trabalham
juntos, tendo em vista um objetivo comum, seu comportamento é chamado cooperação. Quando
lutam um contra o outro, temos o conflito; algumas vezes essa disputa se caracteriza como
competição.
Em qualquer tipo de cooperação é necessário que exista homogeneidade dos
participantes (igualdade), identidade de interesses (necessidades comuns) e a crença na força
do grupo. Essas características são importantes porque a cooperação entre pessoas ou entre

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grupos exige muita negociação e acordo entre as partes envolvidas. Também exige um
relacionamento consciente entre as pessoas, uma vez que o estabelecimento da finalidade
comum necessitará de que a conduta individual seja interdependente. Alcançar o resultado
individual só é possível se houver um comportamento mutuamente adaptado e consciente
entre as pessoas.
Cooperar é trabalhar junto; é ajudar-se mutuamente; é tentar conseguir com a ajuda de
outros o que, dificilmente, se conseguiria sozinho. Não é um ato irracional, produzido por
instintos (como no caso das formigas e das abelhas), mas uma resposta intelectual e criativa do
homem frente às suas necessidades e realidades.
Em sentido lato, cooperar quer dizer unir e coordenar os meios e os esforços de cada
um para realização de uma atividade comum, visando alcançar um resultado procurado por
todos. É um comportamento que se observa ao longo de toda a história da humanidade.
Os povos antigos já praticavam a cooperação na sua luta pela sobrevivência. A caça e a
pesca em comum, a construção de habitações e a defesa da comunidade eram realizadas em
conjunto pelos membros dos grupos.
Além dessas atividades, nas sociedades mais primitivas, a cooperação aparecia nas
manifestações religiosas, componentes da vida social, mantendo-se pelo costume ou pela
autoridade dos chefes tradicionais.
Na Babilônia, no Egito e na Grécia antiga, já existiam formas de cooperação muito bem
definidas: nos campos comunitários de plantio de trigo, no artesanato e no sepultamento dos
mortos. Na Babilônia, muito antes de Cristo, já existia um sistema de exploração em comum de
terras arrendadas. Na Grécia antiga, havia diversas formas de associação, entre as quais as que
objetivavam garantir enterro e sepultura decente aos seus associados. Quatrocentos anos antes
do nascimento de Cristo, os mercadores chineses se organizavam em grupos para o transporte
de mercadorias no Rio Amarelo. No México, os indígenas organizavam-se em comunidades
chamadas ejidos, hoje transformadas em cooperativas integrais de produção agrícola. O mesmo
aconteceu com os indígenas peruanos que, organizados em comunidades chamadas aylhos,
semeavam e colhiam suas lavouras com instrumentos de propriedade coletiva.
Uma das formas mais completas de cooperação foi desenvolvida no século XV, à época
do descobrimento da América, pelas civilizações Asteca e Maia, na América Central, e pela
civilização Inca, na América do Sul. Esses povos viviam em regime de ajuda-mútua, sustentados
pela organização cooperativa das atividades agrícolas. Entre nossos povos indígenas, a realização
de atividades econômicas e sociais em comum deu origem à prática do mutirão, comum em
nosso país.
Em qualquer caso, a cooperação exprime a solidariedade instintiva do grupo. Em todos
os povos encontramos vestígios e instituições baseadas na cooperação sem prévias formulações
jurídicas ou normatizações escritas. Constituem espontâneos movimentos de mutualidade,
benefício comum, solidariedade e ajuda-mútua.
Tal como as organizações comunitárias tradicionais a organização cooperativista moderna
nasceu nos meios populares, como forma especial de aplicação dos procedimentos associativistas.
Historicamente o cooperativismo moderno surgiu como um instrumento de defesa, de
reabilitação e de emancipação de trabalhadores, como reação às condições sociais e econômicas
adversas originadas da evolução do capitalismo.
A forma cooperativa de desenvolvimento permitiria um maior aproveitamento/
distribuição das riquezas do planeta. O progresso tecnológico e econômico seria utilizado não
só para gerar dividendos dentro das economias, mas também para levar condições de vida em
muitos locais onde a miséria ocorre. Os recursos naturais seriam explorados de forma sustentada
e em benefício de todos. Os direitos humanos seriam estendidos a todos indivíduos na face da
terra via globalização institucional.

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5 Considerações finais
Realmente a globalização é um gigantesco processo dinâmico em andamento. Da forma
como está acontecendo, tem reflexos no plano dos continentes, países, regiões e comunidades
com fuga de capitais, a alta dos juros e o desemprego.
A saída para essa situação passa pela busca de um processo mais equilibrado, privilegiando
não só os aspectos econômicos como também os sociais. Nesse sentido, é preciso ações coletivas
e cooperativas, por meio de parcerias e alianças estratégicas voltadas para o desenvolvimento
socioeconômico, como única alternativa para sobreviver nos espaços globalizados de competição.
De nada valem os benefícios da globalização econômica se não existir a globalização
social. Parece utópico falar em equilíbrio perfeito, mas a sinergia seria muito maior se globalização
acontecesse de forma equilibrada.

6 Referências bibliográficas

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Books, 1996.

BECK, U. O que é globalização. São Paulo: Paz e


Terra, 1999.

DREIFUSS, R.A. A época das perplexidades:


mundialização, globalização e planetarização. Rio de
Janeiro: Vozes, 1996.

DUPAS, G. Economia global e exclusão social:


pobreza, emprego, Estado e o futuro capitalismo.
São Paulo: Paz e Terra, 1999.

GRALBRAITH, J.K. Anatomia do poder. São Paulo:


Pioneira, 1986.

GONÇALVES, R. Globalização e
desnacionalização. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

IANNI, O. A sociedade global. Rio de Janeiro:


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SANDRONI, P. Dicionário de economia. São Paulo:


Best Seller, 1989.

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