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Curso04 - Unidade B - Apostilas

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Serviço de Convivência e

unidade
Fortalecimento de Vínculos (SCFV)
B

SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA
e Fortalecimento de Vínculos
Para Crianças de 0 a 6 Anos

1
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons –
Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0
Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, para
fins não comerciais, desde que citada a fonte e que licenciem as novas criações sob termos
idênticos.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da Universidade


Federal de Viçosa – Campus Viçosa

Apostila serviço de convivência e fortalecimento de vínculos para


A645 crianças de 0 a 6 anos [recurso eletrônico] / Késsia Oliveira da
2022 Silva …[et al.] ; coordenador Marcelo José Braga -- Viçosa,
MG : IPPDS, UFV, 2022.
1 apostila eletrônica (151 p.) : il. color.

Disponível em: http://www.mds.gov.br/ead/


Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-66148-32-9

1. Serviço social com crianças - Brasil. 2. Crianças –


Serviços para – Brasil. 3. Crianças – Desenvolvimento -
Brasil. 4. Crianças – Condições sociais - Brasil. 5. Convivência
I. Silva, Késsia Oliveira da, 1985-. II. Alves, Maria Carolina
Pereira, 1988-. III. Oliveira, Raissa Santos, 1990-. IV. Galinari,
Karinne Nogueira, 1982-. V. Braga, Marcelo José, 1969-. VI.
Universidade Federal de Viçosa. Instituto de Políticas Públicas
e Desenvolvimento Sustentável. VII. Universidade Federal de
Viçosa. Coordenadoria de Educação Aberta e a Distância.
VIII. Brasil. Ministério da Cidadania.

CDD 22. ed. 362.70981

Bibliotecária responsável: Alice Regina Pinto Pires – CRB-6/2523

2
SUMÁRIO
AULA 3 - COMPREENDENDO O SCFV 7

3.1 Introdução 7

3.2 O que é o SCFV 7

AULA 4 - CONHECENDO O PÚBLICO DO SCFV - PARTE I 15

4.1 Introdução 15

4.2 Público do SCFV 15

4.3 Público Prioritário: crianças em situação de isolamento 18

4.4 Público Prioritário: crianças em vivência de violência e/ou negligência 20

4.5 Público Prioritário: crianças em situação de trabalho 25

4.6 Público Prioritário: crianças em situação de abuso e/ou exploração sexual 28

AULA 5 - CONHECENDO O PÚBLICO DO SCFV - PARTE II 32

5.1 Introdução 32

5.2 Público prioritário: crianças em situação de acolhimento 33

5.3 Público prioritário: crianças com medidas de proteção do estatuto


da criança e do adolescente – ECA 34

5.4 Público prioritário: crianças em situação de rua 35

5.5 Público prioritário: crianças com vulnerabilidades que dizem respeito


às pessoas com deficiência 38

5.6 Atendimento a crianças de Povos e Comunidades Tradicionais 41

AULA 6 - ORGANIZAÇÃO GERAL DO SCFV 44

6.1 Introdução 44

6.2 Organização do SCFV 45

6.3 Local de oferta 45

6.4 Equipe do SCFV: atribuições, perfil e atitude profissional 48

6.5 Periodicidade do SCFV 52

6.6 Ingresso e desligamento de usuários 54

6.7 Integração do SCFV com outros serviços socioassistenciais, programas


de atenção à primeira infância e ações do sistema de garantia de direitos 56

6.8 Controle social no acompanhamento e aperfeiçoamento do SCFV 60

REFERÊNCIAS 62

3
UNIDADE B
APRESENTAÇÃO E GUIA DE ESTUDOS
Olá! Bem-vindo (a) à Unidade B do curso do Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos (SCFV) para Crianças de 0 a 6 Anos! Esperamos
que você se sinta estimulado (a) a seguir adiante nos estudos e a fazer a
leitura deste material que foi especialmente preparado para ampliar o seu
conhecimento sobre o SCFV!

Na unidade A, você foi apresentado (a) a diferentes perspectivas a


partir das quais é possível pensar as infâncias: histórica, jurídica, psicológica,
neurológica, etc. Foi demonstrada a especificidade da primeira infância – esse
ciclo de vida compreendido entre 0 e 6 anos – em que a criança demanda mais
cuidados, estímulos e proteção para se desenvolver integralmente. Também
se verificou que o Estado Brasileiro vem consolidando uma legislação que
garante um conjunto de direitos às crianças, os quais se concretizam por meio
das políticas públicas disponibilizadas a elas e às suas famílias. As ofertas do
Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e do SCFV, em específico, são
exemplos dessas políticas públicas.

Nesta unidade, você conhecerá, com mais detalhes, as características


do SCFV ofertado a crianças de 0 a 6 anos; receberá informações sobre
o público prioritário atendido; e terá orientações sobre a organização do
Serviço.

Esta unidade está organizada nas 4 aulas adiante:

• Aula 3: Compreendendo o Serviço de Convivência e Fortalecimento


de Vínculos (SCFV). Por meio dessa aula, você conhecerá o que é o
SCFV; os objetivos desse Serviço; o funcionamento da intervenção
em grupo e por ciclos de vida; a oferta do SCFV para crianças de 0
a 6 anos; e a participação do (a) cuidador (a) junto com a criança no
grupo.

4
• Aula 4: Conhecendo o público do SCFV (parte 1). Nessa aula, serão
abordados: o público do Serviço de Convivência; o público prioritário:
crianças em situação de isolamento; o público prioritário: crianças em
vivência de violência e/ou negligência; o público prioritário: crianças
em situação de trabalho; e o público prioritário: crianças em situação
de abuso e/ou exploração sexual.

• Aula 5: Conhecendo o público do SCFV (parte 2). A aula apresentará


o público prioritário: crianças em situação de acolhimento; o público
prioritário: crianças com medidas de proteção do Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA); o público prioritário: crianças em situação de
rua; o público prioritário: crianças com deficiência; e o atendimento às
crianças de Povos e Comunidades Tradicionais.

• Aula 6: Organização Geral do SCFV. A última aula da unidade


tratará do local de oferta do SCFV; da equipe do SCFV: atribuições,
perfil e atitude profissional; da periodicidade do SCFV; do ingresso
e desligamento de usuários; da integração do SCFV com outros
serviços socioassistenciais, programas de atenção à primeira infância
e ações do sistema de garantia de direitos; e do controle social no
acompanhamento e aperfeiçoamento do SCFV.

Após a apresentação do conteúdo de cada aula, há um anexo com


indicações de materiais aos quais você pode recorrer para refletir ainda mais
sobre as questões tratadas, conectando-as com suas experiências como
trabalhador do SUAS e do SCFV, especificamente.

Para a melhor assimilação dos conteúdos apresentados na Unidade B,


sugerimos o seguinte percurso de estudos:

5
Ler, na apostila, o conteúdo das aulas 3, 4, 5 e 6;

Ouvir as respectivas aulas narradas;

Fazer os exercícios correspondentes;

Fazer a avaliação da Unidade B.

Lembramos a você que todos os conteúdos abordados neste material


também estão disponíveis no Caderno de Orientações Técnicas do Serviço
de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Crianças de 0 a 6 anos,
entre as páginas 41 e 118.

Desejamos bons estudos!

6
AULA 3
Compreendendo o SCFV

3.1 Introdução

Olá! Nesta aula serão tratados os seguintes temas:

• O que é o SCFV;

• Objetivos do SCFV;

• Funcionamento da intervenção em grupo e por ciclos de vida;

• Oferta do SCFV para crianças de 0 a 6 anos;

• Participação do (a) cuidador (a) junto com a criança no grupo.

Ao final dela, esperamos que você seja capaz de identificar as


características gerais do SCFV, bem como as características de sua oferta para
crianças de 0 a 6 anos, as formas de acessá-lo e os aspectos que organizam
o seu funcionamento regular.

Vamos começar, então?

3.2 O que é o SCFV

O SCFV é um serviço da Proteção Social


Básica do SUAS, regulamentado pela Tipificação
Nacional de Serviços Socioassistenciais
(Resolução CNAS nº 109/2009). O Serviço realiza O SCFV é tempo/espaço
de interação protegida
atendimentos para grupos constituídos a partir entre crianças e cuidado-
do ciclo de vida dos usuários, sendo ofertado res(as) e de troca de ex-
periências, por meio de
de forma complementar ao trabalho social com
vivências lúdicas.

7
famílias realizado pelo Serviço de Proteção e Atendimento Integral às
Famílias (PAIF) e pelo Serviço de Proteção e Atendimento Especializado
às Famílias e Indivíduos (PAEFI). O SCFV possui caráter preventivo,
protetivo e proativo; pauta-se na defesa e afirmação de direitos e no
desenvolvimento de capacidades e potencialidades dos usuários, com
vistas ao alcance de alternativas para o enfrentamento das vulnerabilidades
sociais. Deve ser ofertado de modo a garantir as seguranças de acolhida
e de convívio familiar e comunitário, além de estimular o desenvolvimento
de competências pessoais e relacionais dos usuários, que trará impacto no
fortalecimento de sua autonomia.

A oferta do SCFV pode ser realizada pelo município e pelo Distrito


Federal a pessoas de todas as faixas etárias. Para cada ciclo de vida, há
especificidades a serem observadas e resultados específicos a serem
alcançados. A cobertura do SCFV deve atender às necessidades da
população no território. O volume de famílias com crianças de até 6 anos
e as condições de vulnerabilidade e risco apresentadas pelo território em
que residem, associadas às vivências nem sempre protetivas no núcleo
familiar e na comunidade, são elementos determinantes para a definição
do gestor pela oferta do SCFV a crianças de 0 a 6 anos.

Uma especificidade do SCFV executado junto ao público dessa faixa


etária é que a criança sempre estará acompanhada de seu (sua) cuidador
(a) que é, em geral, um familiar. Durante os encontros do grupo, são
desenvolvidas atividades que potencializam o desenvolvimento físico e
mental da criança e estimulam as interações sociais entre ela e o seu (sua)
cuidador (a), entre as próprias crianças e a troca de experiências entre os
(as) cuidadores (as).

No atendimento de crianças de 0 a 6 anos e de seus (suas) cuidadores


(as) no SCFV, são realizadas conversações e fazeres com o intuito de
fortalecer entre eles os vínculos de afetividade e cuidado e, assim, prevenir
a ocorrência de situações de exclusão social e de risco, em especial a
violência doméstica, a negligência e o trabalho infantil, sendo, como já foi
dito, complementar e articulado ao PAIF e ao PAEFI.

8
VOCÊ SABIA?

SCFV para crianças de 0 a 6 anos

O SCFV não é creche ou pré-escola, nem as substitui. Não se trata


só recreação ou de uma brinquedoteca. É um momento e um
espaço protegido de convivência, interação e trocas afetivas, com
a mediação de um educador/orientador social entre as crianças e
seus (suas) cuidadores (as); entre as próprias crianças; e entre os
cuidadores e cuidadoras.

Os encontros do SCFV para crianças de 0 a 6 anos são ocasiões para


fortalecer os seus vínculos com os familiares responsáveis, por meio de
atividades guiadas e orientadas pelo educador/orientador social, alinhadas aos
eixos e objetivos do Serviço. Além disso, é um momento para a criança brincar
e interagir com outras crianças, em um ambiente saudável e estimulante,
fortalecendo os seus laços sociais e comunitários. assim contribuindo com o
seu desenvolvimento cognitivo, conforme demonstrado na unidade anterior.
Para os (as) cuidadores (as), o Serviço promove apoio e orientações para o
cuidado e a relação com as crianças, enquanto trocam experiências sobre os
desafios cotidianos com as/os demais participantes. Assim, a organização
dos percursos e das atividades do SCFV para crianças de 0 a 6 anos tem
como diretrizes a ludicidade, a promoção da parentalidade positiva e a troca
de experiências.

OBJETIVOS GERAIS DO SCFV (TIPIFICAÇÃO NACIONAL DE


SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS):
• Complementar o trabalho social com famílias, prevenindo a ocorrência
de situações de risco social e fortalecendo a convivência familiar e
comunitária;

• Prevenir a institucionalização e a segregação de crianças, adolescentes,


jovens e idosos, em especial, das pessoas com deficiência, assegurando,
desta forma, o direito à convivência familiar e comunitária;

9
• Promover acessos a benefícios e serviços socioassistenciais, assim
fortalecendo a rede de proteção social de assistência social nos
territórios;

• Promover acessos a serviços setoriais, em especial, das políticas de


educação, saúde, cultura, esporte e lazer existentes no território,
contribuindo, dessa maneira, para o usufruto dos usuários aos demais
direitos;

• Oportunizar o acesso às informações sobre direitos e sobre


participação cidadã, estimulando, desse modo, o desenvolvimento do
protagonismo dos usuários;

• Possibilitar acessos a experiências e manifestações artísticas,


culturais, esportivas e de lazer com vistas ao desenvolvimento de
novas sociabilidades;

• Favorecer o desenvolvimento de atividades intergeracionais,


propiciando trocas de experiências e vivências, de modo a fortalecer
o respeito, a solidariedade e os vínculos familiares e comunitários.

OBJETIVOS DO SCFV PARA CRIANÇAS DE 0 A 6 ANOS (TIPIFICAÇÃO


NACIONAL DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS):
• Complementar as ações de proteção e desenvolvimento das crianças
e o fortalecimento dos vínculos familiares e sociais;

• Assegurar espaços de convívio familiar e comunitário e o


desenvolvimento de relações de afetividade e sociabilidade;

• Fortalecer a interação entre crianças do mesmo ciclo etário;

• Valorizar a cultura de famílias e comunidades locais pelo resgate


de seus brinquedos e brincadeiras, assim promovendo vivências
divertidas/lúdicas;

10
• Desenvolver estratégias para estimular as potencialidades de crianças
com deficiência e o papel das famílias e comunidade no processo de
proteção social;

• Criar espaços de reflexão sobre o papel das famílias na proteção das


crianças e no processo de desenvolvimento infantil.

Para que esses objetivos sejam alcançados, é importante que os gestores


da Proteção Social Básica e a equipe do SCFV compreendam alguns aspectos
relacionados às especificidades de famílias com crianças de 0 a 6 anos, tais
como:

• Olhar para a criança é também olhar para a sua família: para garantir
proteção e ações proativas em relação às crianças, é necessário compreender
o contexto de sua família, os ambientes em que reside, por onde transita e
desenvolve a sua vida e as suas relações.

• A ausência dos (das) responsáveis familiares é uma barreira ao


fortalecimento de vínculos: seja por abandono, exposição a outras
vulnerabilidades ou distanciamento em função de atividades da rotina, a
ausência dos (das) responsáveis pelas crianças é costumeira. Nesse sentido,
políticas públicas podem contribuir para promover momentos de interação
positiva entre os responsáveis familiares e as crianças.

• A chegada de um novo membro à família altera a dinâmica das


relações e pode agravar vulnerabilidades e riscos: o nascimento não
planejado ou esperado de uma criança ou o nascimento de uma criança com
um alto grau de dependência, como as que apresentam deficiência física e/
ou mental, aliado à dependência típica da infância, pode gerar ou agravar
vulnerabilidades no núcleo familiar. É importante que a família conte com
espaços para compartilhar experiências e estratégias, recebendo apoio para
se adaptar a essas novas configurações.

• Muitas vezes, a demonstração e a demanda por afeto partem, primeiro,


das crianças: é importante a compreensão e a empatia pela história e pelos
desafios vivenciados pela família para se ter um olhar ampliado sobre a

11
criança. Frequentemente, os (as) responsáveis familiares precisam superar
suas próprias histórias de falta de afeto para se relacionarem com as crianças
de forma a demonstrar a elas afetividade e proteção. Além disso, é importante
que os (as) cuidadores (as) manifestem afeto e carinho com uma linguagem
acessível à criança.

• É comum que as responsabilidades de rotina no cuidado com


crianças – provimento de alimentação e de moradia, por exemplo –
sejam consideradas pelos (as) responsáveis como suficientes para o
desenvolvimento delas: é importante demonstrar aos (às) cuidadores
(as) que as atividades de cuidado diário, como a hora do banho ou de
dar comida para as crianças, também são momentos de promoção do
seu desenvolvimento e que podem ser potencializados com pequenas
mudanças nessas atividades, como conversar com a criança, interagir
com ela olhando em seus olhos e nomear objetos ao redor, por exemplo.
Além de ressignificar estas atividades rotineiras, é interessante ampliar as
oportunidades para a realização de atividades que favoreçam um maior
envolvimento emocional entre os (as) responsáveis familiares e as crianças
– conversar, brincar, passear, contar histórias, etc. – pois são ações que
constroem e fortalecem os seus vínculos. Também é preciso explicar e
demonstrar aos (às) cuidadores (as) o significado e o impacto que esses
momentos têm no desenvolvimento das crianças, para que eles entendam
a importância desse envolvimento no decorrer da formação desses sujeitos.

Refletir e praticar!

Muitas pessoas que participam dos serviços socioassistenciais


expressam vivências de escassez material e relacional – desafetos,
conflitos, violências, desproteções, etc. – no meio familiar.

O SCFV tem o objetivo de contribuir com o fortalecimento e com a


ampliação de vínculos familiares e comunitários que sejam protetivos
para os participantes.

•Você compreendeu por que é importante que o (a) cuidador (a) da


criança de 0 a 6 anos participe do Serviço com ela?

• Em sua opinião, que ganhos para o convívio ambos podem ter ao


participarem juntos do Serviço?

12
O SCFV deve ser lúdico. O que significa isso?
A palavra “lúdico”, em sua origem, significava jogo, exercício ou
imitação. Atualmente, quando se qualifica uma experiência de lúdica,
de forma geral, a referência está relacionada a vivências como brincar,
recrear, jogar, ter lazer, criar e manusear brinquedos, entre outras
atividades que geram divertimento, interesse e satisfação aos sujeitos
envolvidos.

No SCFV com crianças, assim como em outros espaços – tal qual a


escola –, é costume propor atividades preparatórias para a aquisição
de hábitos, atitudes e conhecimentos que serão importantes para
a sua vida. Todavia, as crianças devem contar também com a
possibilidade de se expressarem livremente, brincarem pelo brincar,
no momento presente, sem que tenham resultados a alcançar, a fim
de que tomem posse de si, tanto motora quanto psicologicamente.
O papel dos (as) cuidadores (as) é o de lhes orientar e oferecer
apoio às suas necessidades, de maneira que as crianças vivam as
suas potencialidades e experimentem desafios de forma saudável,
encaminhando-se para as etapas posteriores da vida.

Nesse sentido, além de desenvolverem as atividades intencionais


do SCFV, as equipes podem oportunizar momentos para que as
crianças brinquem livremente, com a participação e/ou a supervisão
de seus (suas) cuidadores (as) e dos profissionais. Considerando
a especificidade da oferta do SCFV para crianças de 0 a 6 anos, é
importante estimular o envolvimento dos (as) cuidadores (as) nas
atividades lúdicas e é necessário que os profissionais também estejam
disponíveis para brincar, recrear, jogar, divertir, etc.

Para muitas crianças, o SCFV representa o momento e o espaço no qual


elas têm acesso a brinquedos e a brincadeiras variadas; um ambiente onde
podem se expressar, socializar e interagir com outras crianças e os (as) seus
(suas) responsáveis, em segurança. Trata-se de uma ocasião esperada, sendo
um dos pontos altos na rotina das crianças e, muitas vezes, o único momento
e espaço em que elas têm a atenção de algum familiar ou outro (a) cuidador
(a). Lembre-se disso na hora de organizar e planejar as atividades do SCFV!

13
Os encontros do SCFV para
crianças de 0 a 6 anos são
ocasiões para fortalecer os
seus vínculos com os(as)
seus(suas) cuidadores(as)!

Refletir e praticar!
As conversações e fazeres propostos às crianças e a seus (suas)
cuidadores (as) no SCFV devem promover interações protegidas e
afetuosas entre os (as) responsáveis e as crianças, entre crianças e
crianças e entre cuidadores (as) e cuidadores (as), possibilitando a
expressão e a troca de experiências.

• Que atividades você já desenvolveu na sua prática profissional no


SCFV que possibilitaram a interação de forma lúdica sobre assuntos e
situações desafiantes? Você já compartilhou a sua experiência em
equipe?

• Que tal criar um portfólio ou catálogo com o registro dessas


atividades para o SCFV ofertado a crianças de 0 a 6 anos?

Na aula a seguir, você será apresentado ao público prioritário do SCFV


ofertado a crianças de 0 a 6 anos. Logo perceberá que são crianças cujos
direitos estão sob o risco de serem violados ou que foram vítimas dessa
situação. Em ambos os casos, o SCFV é uma alternativa de proteção social
para apoiar as famílias e oferecer vivências novas e seguras para as crianças.
Vamos adiante?

14
AULA 4
CONHECENDO O PÚBLICO DO SCFV -
PARTE I

4.1 Introdução

Olá! Nesta aula serão abordados os seguintes temas:

• Público do SCFV;
• Público prioritário: crianças em situação de isolamento;
• Público prioritário: crianças em vivência de violência e/ou de
negligência;
• Público prioritário: crianças em situação de trabalho;
• Público prioritário: crianças em situação de abuso e/ou de exploração
sexual.
Ao final dela, esperamos que você seja capaz de identificar o público
do SCFV ofertado a crianças de 0 a 6 anos e as especificidades do público
designado como prioritário para o atendimento no Serviço, bem como os
cuidados requeridos dos profissionais no trabalho desenvolvido junto a esses
participantes.

Está pronto (a)? Vamos lá!

4.2 Público do SCFV

De acordo com a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais


(Resolução CNAS nº 109/2009), constitui o público do SCFV crianças até 6
anos, em especial:

15
• Crianças com deficiência, com prioridade para as beneficiárias do
Benefício de Prestação Continuada (BPC);

• Crianças cujas famílias são beneficiárias de programas de


transferência de renda;

• Crianças encaminhadas pelos serviços da Proteção Social Especial;

• Crianças residentes em territórios com ausência ou precariedade na


oferta de serviços e oportunidades de convívio familiar e comunitário;

• Crianças que vivenciam situações de fragilização de vínculos.

VOCÊ SABIA?

Usuários do SCFV

Entre todos os usuários que podem ser atendidos no SCFV – que


vivenciam as mais diversas situações de vulnerabilidade
(relacionais e/ou materiais) – há os que vivenciam as situações de
risco social ou violências, que atualmente são os usuários
prioritários para o atendimento no SCFV. A indicação de um
público prioritário visa a induzir sua inclusão no atendimento
realizado pelo SCFV, mas não exclui do atendimento os demais
usuários!

A Resolução CNAS nº 1/2013 apresenta um público prioritário para


participar do SCFV. Entre as situações definidas como prioritárias, as que se
aplicam às crianças com até 6 anos são:

• em situação de isolamento;
• em vivência de violência e/ou de negligência;
• em trabalho infantil;
• em situação de abuso e/ou de exploração sexual;
• em situação de acolhimento;
• com medidas de proteção do ECA;

16
• em situação de rua;
• com vulnerabilidade que diz respeito às pessoas com deficiência.

O encaminhamento ao SCFV de crianças que vivenciam ou vivenciaram


as situações descritas tem o propósito de oferecer a elas proteção social, de
modo a reduzir as chances de que essas e outras situações voltem a ocorrer
ou de que sejam agravadas.

Assim, além de proteger os usuários, o Serviço é uma estratégia de


prevenção às violações de direitos. Por isso, é importante que a equipe técnica
conheça sobre elas, percebendo como se manifestam e se inter-relacionam,
cotidianamente, no território e no meio familiar dos usuários atendidos no
Serviço. Obter informações e dialogar sobre as variadas manifestações de
violência, por exemplo, pode auxiliar a combatê-la e a evitá-la.

Refletir e praticar!
Você deve notar que as famílias que recorrem às unidades
socioassistenciais vivenciam uma diversidade de situações de
vulnerabilidades e riscos individuais e sociais, que incidem sobre seus
membros de variadas maneiras. As crianças costumam ser as mais
penalizadas em contextos desfavoráveis

• Que situações de vulnerabilidades e riscos individuais e sociais você


observa que são frequentes no território e na unidade em que atua?

• Se o SCFV fosse incluído em uma grande campanha de combate às


principais vulnerabilidades e riscos sociais presentes no território,
como ele poderia contribuir? Que ações poderiam ser feitas nos
encontros dos grupos de crianças de 0 a 6 anos?

O SCFV e as diversidades de territórios e públicos


A territorialização é um dos eixos que estruturam o SUAS. Isso
significa que os serviços socioassistenciais são ofertados a partir
do conhecimento das características do território e de como elas
interferem nas práticas e dinâmicas das famílias e da comunidade.
Esse conhecimento é uma das ferramentas para viabilizar à população
as alternativas de proteção social, como é o SCFV (BRASIL, 2004).

O Brasil agrega realidades muito diversas, com características


históricas, econômicas, políticas e culturais distintas e próprias de

17
cada localidade ou território. Dessa forma, é importante considerar
que o público atendido é diverso e plural, reunindo pessoas que têm
diferentes naturalidades e nacionalidades, como migrantes e imigrantes;
etnias e raças distintas; deficiências variadas; experiências típicas da
vida no campo e na cidade, entre outras características. Além disso,
essas pessoas são oriundas de famílias com múltiplas configurações e
dinâmicas, apresentando valores, crenças, comportamentos e hábitos
que refletem a sua experiência particular de socialização.

Para que as diferenças entre o público atendido não se tornem uma


barreira para a convivência e a vinculação, na condução das atividades
dos grupos, é importante que os profissionais assumam, desde o
início de seu trabalho, uma postura aberta ao diálogo e conciliadora,
favorecendo a expressão e a participação de todos os usuários.

Adiante, serão apresentadas algumas informações sobre as vivências do


público prioritário do SCFV, bem como as contribuições que o Serviço pode
oferecer às crianças e aos (às) seus (suas) cuidadores (as).

4.3 Público Prioritário: crianças em situação de isolamento

O isolamento está relacionado à ausência de relacionamentos regulares


e cotidianos, bem como à redução da capacidade ou oportunidade de
comunicar-se. Situações de adoecimento grave ou de longos tratamentos,
sequelas de acidentes, deficiências físicas que conferem às pessoas uma
estética diferente e outras situações dessa natureza tendem a dificultar a
convivência, tanto no âmbito familiar quanto no comunitário. Essas situações,
por um lado, podem reduzir o interesse das pessoas de conviver com os
outros e, por outro, reduzem o interesse dos demais – familiares, vizinhos,
conhecidos, amigos, entre outros – de conviver com quem as vivencia. Assim,
instala-se um ciclo vicioso de difícil interrupção e transformação.

No caso das crianças até 6 anos, por sua condição de dependência e pela
necessidade de proteção, especialmente quando têm alguma deficiência, por
vezes os familiares tendem a reduzir os relacionamentos e a interação social
dos pequenos, limitando-os majoritariamente ao espaço doméstico, a fim de
prevenir situações de risco para eles.

18
Também há situações em que são atribuídas às crianças de até 6 anos
responsabilidades que são de adultos, como a de realizar sistematicamente
– como uma jornada de trabalho regular –, para a própria família ou para a
de terceiros, as tarefas domésticas e/ou cuidar de crianças menores. Essas
atividades – além de configurarem trabalho infantil doméstico, portanto, um
crime do qual são vítimas – isolam-nas, privando-as da interação fora do
ambiente doméstico, assim como as impedem de vivenciarem a infância a
que têm direito legítimo, assegurado pelo ECA.

A vivência dessa situação pode gerar ou agravar inseguranças e


vulnerabilidades (MDS, Concepção de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos, 2013). Assim, ao trabalhar com crianças e seus (suas) cuidadores
(as) em isolamento, os educadores/orientadores sociais devem estar atentos
para não reproduzirem estigmas e preconceitos que podem prejudicar o
processo de socialização e o sentimento de pertença ao grupo.

O SCFV pode contribuir com as crianças e cuidadores (as) em situação


de isolamento possibilitando a formação de vínculos com os participantes do
grupo e com os profissionais da unidade executora do Serviço, promovendo
a troca de experiências e de saberes, oportunizando o conhecimento
do território – de seus equipamentos públicos, de espaços culturais e de
lazer, de outros locais e ações que
estimulam a convivência. Espera-se
que, ao participar do Serviço, crianças O SCFV é um lugar
e cuidadores (as) ampliem a sua rede onde brinco,
conheço amiguinhos
de apoio, de forma que tenham com e aprendo várias
coisas!
quem contar para evitar situações
de vulnerabilidade e risco ou na sua
ocorrência. Vale destacar que, apesar de
haver especificidades que demandam
avaliação pela equipe técnica, o
isolamento geográfico/territorial de
comunidades não caracteriza, por si só,
uma situação prioritária para o SCFV.

19
4.4 Público Prioritário: crianças em vivência de violência e/ou negligência

I Violência

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, violência é “o uso


intencional de força física ou poder, real ou como ameaça contra si próprio,
outra pessoa, um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tem grande
probabilidade de resultar em ferimentos, morte, danos psicológicos,
desenvolvimento prejudicado ou privação” (OMS, 1996, p. 5).

A violência é um problema social com múltiplas causas, repercussões,


agentes e vítimas, podendo envolver singularmente ou associadamente
pessoas, comunidades, instituições, territórios, etc. A violência tratada nesta
seção relaciona-se à cometida contra crianças no contexto de seu convívio e
relacionamento com familiares, amigos, conhecidos e desconhecidos. Trata-
se da violência manifestada nas formas descritas pela legislação brasileira,
em especial, no art. 4º da Lei nº 13.431/2017, que são: a violência física; a
violência psicológica; a violência sexual; e a violência institucional.

Uma quantidade expressiva dos atos de violência praticados contra


crianças tem autoria de familiares com quem elas residem ou provém de
pessoas com quem elas têm outros vínculos de confiança, como professores,
líderes religiosos, vizinhos e outros.

VOCÊ SABIA?

Escuta profissional de crianças em situação de violência

A publicação “Parâmetros de escuta de crianças e adolescentes


em situação de violência” (BRASIL, 2017) informa os órgãos e os
profissionais que integram o Sistema de Garantia dos Direitos da
Criança e do Adolescente (SGDCA) sobre como proceder diante
de situações de violência praticadas contra crianças.

20
É importante considerar que as vivências que os (as) responsáveis
familiares tiveram na própria infância e no decorrer de sua trajetória influenciam
no modo como agem com as crianças sob a sua responsabilidade. Entre
muitas famílias, independentemente de suas condições socioeconômicas,
perduram práticas entendidas como “educativas” que são violentas, como a
aplicação de castigos físicos. Essas práticas violam os direitos das crianças,
previstos na legislação, e funcionam como mecanismo de perpetuação da
violência intrafamiliar.

Além da violência física, as crianças podem ser vítimas da violência


psicológica. Esta, de acordo com a Lei nº 13.431/2017, é:

• a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito


em relação à criança mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, agressão verbal e xingamento,
ridicularização, indiferença, exploração ou intimidação sistemática
(bullying) que possa comprometer seu desenvolvimento psíquico ou
emocional;

• b) o ato de alienação parental, entendido como a interferência na


formação psicológica da criança, promovida ou induzida por um
dos genitores ou por quem os tenha sob sua autoridade, guarda ou
vigilância, que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção
de vínculo com este;

• c) qualquer conduta que a exponha, direta ou indiretamente, a crime


violento contra membro de sua família ou de sua rede de apoio,
independentemente do ambiente em que é cometido.

A presença de marcas de castigos físicos no corpo das crianças é um


sinal evidente de violência praticada contra elas, mas há outros elementos
que indicam violência e/ou negligência que requerem maior atenção e
qualificação técnica dos profissionais para o reconhecimento. De acordo
com o “Guia escolar: identificação de sinais de abuso e exploração sexual de
crianças e adolescentes” (BRASIL, 2011), alguns comportamentos que podem
sinalizar a ocorrência de violência são:

21
• o isolamento e/ou a retração exagerada;

• a recusa de contato físico; as oscilações de humor – timidez e


extroversão;

• a agressividade;

• a aparência descuidada e suja;

• o atraso ou a ausência total de desenvolvimento da linguagem verbal;

• a perda de apetite ou o apetite exagerado;

• a manifestação repetitiva ou intensa de medos;

• o comportamento tenso, sempre em estado de alerta ou de fadiga.

VOCÊ SABIA?

Prevenção da violência nos serviços da Proteção Social Básica


do SUAS

É importante que as equipes dos serviços socioassistenciais


adquiram conhecimento qualificado sobre o fenômeno da
violência e construam estratégias para trabalhar com os usuários
a respeito do tema.

A publicação “Proteção social no SUAS a indivíduos e famílias em


situação de violência e outras violações de direitos: fortalecimento
da rede socioassistencial” (BRASIL, 2018b) pode oferecer um
apoio inicial aos profissionais do SUAS sobre a temática da
violência.

Especialmente em relação às crianças com deficiência mental ou


intelectual e às que não se comunicam oralmente, a percepção ou a
constatação da vivência de violência que não deixa marcas corporais pode
ser demorada, o que aumenta o risco para a ocorrência de fatalidades.

22
Por essa razão, é fundamental que os profissionais que atuam diretamente
com crianças tenham acesso a metodologias com vistas à prevenção e à
identificação da violência, considerando as suas múltiplas manifestações, bem
como a heterogeneidade das infâncias. É fundamental escutar as crianças,
observá-las, atentar-se ao modo como interagem e se comportam, a fim de
que seja possível identificar sinais que, eventualmente, indiquem a vivência
de situações de vulnerabilidade, riscos e violações de direitos.

II Negligência

É a omissão e/ou o descumprimento de responsabilidades por parte


daqueles que têm o dever de cuidar e proteger: família, Estado e sociedade
(FALEIROS; FALEIROS, 2007). Consiste na omissão injustificada por parte
dos (das) responsáveis em supervisionar ou prover as necessidades básicas
da criança, as quais, em razão do estágio do desenvolvimento em que se
encontram e/ou de suas condições físicas e psicológicas, dependem de
cuidados constantes.

A negligência pode representar risco à segurança e ao desenvolvimento


da criança, como nas situações adiante: deixar de realizar os cuidados
necessários à sua saúde e higiene; não encaminhar a criança a equipamento de
saúde para os acompanhamentos regulares ou constatar o seu adoecimento;
não encaminhar a criança à escola; deixá-la sozinha em situação de iminente
risco à sua segurança, etc.

O abandono consiste na forma mais grave de negligência. Pode ser


parcial, por exemplo, quando os pais ou responsáveis se ausentam, por tempo
indeterminado, deixando a criança em situação de risco; ou total, que se
caracteriza pelo rompimento dos vínculos entre a criança e aqueles (as) que
são responsáveis pelo seu sustento, apoio, amparo e proteção. Dessa forma,
ficam expostas a inúmeros riscos, tendo os seus direitos básicos violados.

É importante diferenciar a negligência das situações justificadas pela


condição de vida da família. Nas famílias em que há crianças com deficiência,
pode ocorrer que a escassez de informações acerca de cuidados específicos
demandados por estas gere equívocos ou insuficiências na maneira de
cuidar. Um exemplo é quando os (as) responsáveis familiares, na tentativa

23
de proteger as crianças de riscos e violências, restringem a sua liberdade,
privando-as do contato externo ao domicílio e com pessoas de fora do meio
familiar. A ausência de informações e de uma rede de apoio com a qual as
famílias possam contar são algumas das razões para atitudes como essas.

Outro exemplo comum no cotidiano de muitas famílias são as situações


em que os provedores deixam as crianças pequenas em casa aos cuidados
de irmãos mais velhos – ainda crianças ou adolescentes – para irem trabalhar.

Nessa situação, há um desafio, pois os (as) responsáveis familiares devem


garantir o sustento das crianças por meio do trabalho remunerado e também
devem mantê-las em segurança durante a sua ausência, sem que tenham, por
vezes, uma rede de apoio com que contar.

O ECA, no art. 4º, afirma que o poder público compartilha com a família
e a sociedade o dever de assegurar a efetivação dos direitos da criança.
Quando não existem políticas públicas que supram a necessidade das famílias
de proteção às crianças ou quando essas políticas públicas são ofertadas de
modo insuficiente para suprir a demanda existente, verifica-se negligência
do Estado. Cabe a este disponibilizar alternativas e meios para que a família
proteja as crianças de riscos e violências, tais como creche, escola em
tempo integral, centros-dia, programas ou projetos de compartilhamento
de cuidados com a família, acesso a esporte, lazer e cultura no contraturno
escolar, entre outros.

Dada a complexidade da realidade das famílias e a dificuldade que muitas


enfrentam para acessarem os seus direitos, deve-se evitar a atribuição da
situação de negligência a uma criança embasada em julgamentos superficiais.
É preciso conhecer, de maneira aprofundada, as condições de vida de sua
família, de modo a identificar os recursos e as estratégias que podem ser
mobilizadas no território para prover proteção a seus integrantes.

A proximidade e os vínculos construídos no SCFV podem favorecer o


diálogo entre os participantes e os educadores/orientadores sociais sobre
situações de violência e negligência vivenciadas pelas crianças. Ao saberem
de vivências dessa natureza, os profissionais devem tomar as providências
técnicas adequadas, como fazer o registro da informação e transmiti-

24
la ao técnico de referência do CRAS. Este acionará os serviços da rede
socioassistencial, como o PAEFI, para que a família receba atendimento
especializado, e, concomitantemente, os outros atores que integram a rede
de proteção e defesa dos direitos da criança, como o Conselho Tutelar.

O SCFV pode contribuir com a prevenção de situações de violência e


negligência por meio de atividades orientadas ao convívio que desenvolvam
a capacidade dos (das) cuidadores (as) de lidarem com situações de estresse
e de se comunicarem de maneira não violenta, ao mesmo tempo em que
reforçam com eles as suas responsabilidades como cuidadores (as) de uma
criança, que é um sujeito de direitos em fase peculiar de desenvolvimento.
Com as crianças, é possível trabalhar a noção de direitos e estabelecer uma
relação de confiança – com a equipe e seus (suas) cuidadores (as) –, de modo
que se sintam confortáveis para relatar possíveis situações de violência.

Refletir e praticar!
Entre as principais situações prioritárias para o atendimento no SCFV
a crianças de 0 a 6 anos registradas no SISC, constam, em 1º lugar, a
situação de violência e negligência, em seguida, a situação de
isolamento e as medidas protetivas do ECA.

• Você já pensou sobre os critérios usados para atribuir a situação de


negligência e de isolamento às crianças atendidas no SCFV? Esse é
um assunto que pode ser tratado e estudado em equipe. Que tal
apresentar essa proposta?

• Você e sua equipe já reservaram um momento no planejamento dos


encontros do SCV para dialogar sobre o público prioritário que é
atendido no SCFV e registrado no SISC? Essa é mais uma
oportunidade para o trabalho em equipe. Que tal investir também
nessa ideia?

4.5 Público Prioritário: crianças em situação de trabalho

O SCFV é tempo/espa-
ço de crianças vivencia-
rem experiências ade-
quadas para o seu nível
de desenvolvimento.

25
O trabalho infantil refere-se às atividades econômicas e/ou atividades de
sobrevivência, com ou sem finalidade de lucro, remuneradas ou não, realizadas
por crianças ou adolescentes em idade inferior a 16 (dezesseis) anos, exceto
na condição de aprendiz a partir dos 14 (quatorze) anos, independentemente
do tipo de trabalho e de suas condições (Lei nº 10.097/2000).

Integrada à necessidade de extinguir o trabalho precoce há, na realidade


brasileira, o desafio de promover a melhoria das condições socioeconômicas
das famílias, oportunizando a elas acesso ao trabalho e à renda, em substituição
à renda familiar obtida pelas crianças submetidas ao trabalho infantil.

Ajudar em casa é trabalho infantil?


Ajudar a lavar à louça em casa, arrumar à própria cama, aprender a cuidar da
plantação, e outras atividades que fazem parte de uma rotina caseira não são
considerados trabalho infantil. São atividades de socialização e transmissão
de conhecimento. É saudável que crianças e adolescentes colaborem com
suas famílias na divisão de tarefas domésticas, fortalecendo o sentimento
de solidariedade e responsabilidade com os outros e com o ambiente em
que vivem.

Somente crianças e adolescentes que vivem em situação de pobreza


extrema trabalham?
De acordo com o Censo de 2010, quase 40% das crianças e adolescentes
que trabalham são de familias que vivem acima da linha da pobreza. Hoje
em dia, é comum adolescentes trabalharem para terem acesso aos bens de
consumo, como vidoegames, tênis e celulares. Eles entram no mercado de
trabalho, geralmente, com empregos informais, em busca de autonomia e
inclusão social. Em geral, estão mais concentrados nos centros urbanos e
têm acima de 14 anos.

O trabalho evita que a criança ou adolescente fique na rua, e, em


consequência, mais vulnerável à criminalidade?
O trabalho infantil não tem nenhuma relação com a prevenção da
criminalidade. Pelo contrário, diversas pesquisas indicam que a maior parte
dos presidiários ou adolescentes cumprindo medidas socioeducativas
trabalhou na infância. Além disso, existem várias formas de trabalho infantil
que fazem parte do crime organizado, como tráfico de drogas e de pessoas,
exploração sexual e o trabalho escravo.

Já que o trabalho molda o caráter do ser humano, trabalhar é benéfico


para a formação da criança e do adolescente?
A criança precisa de tempo para brincar, estudar, descansar, entre outras
atividades. Passar a maior parte do seu dia trabalhando, em uma atividade
que exija muita responsabilidade, atrapalhará no seu desenvolvimento
integral. Cumprir a jornada escolar, fazer as tarefas, estudar, e realizar
atividades culturais e educacionais já são condições que favorecem a
formação do caráter.

26
Se o trabalho infantil é negativo, como existem pessoas que trabalharam
durante a infância e hoje são adultos bem sucedidos?
Diversas pesquisas mostram que o
trabalho infantil prejudica a criança em seu
desenvolvimento pleno, inclusive do ponto
de vista educacional. Não é porque algumas
pessoas consequiram superar condições
adversas na infância, que isso não tenha
efeitos negativos sobre o desenvolvimento da
maioria das crianças.

Fonte: Fundação Abring. Disponível em: <http://primeirainfancia.org.br/12-de-junho-dia-mundial-de-combate-ao-


trabalho-infantil/>. Acesso em: Fev. 2022.

Além da atuação do Estado, eliminar o trabalho infantil requer a


mobilização das famílias e de toda a sociedade. O trabalho causa danos físicos
e mentais à criança; atribui a ela responsabilidades, preocupações e medos
com quais não tem maturidade para lidar; afasta-a da escola e/ou dificulta
que tenha um bom desempenho escolar; retira-lhe o tempo de brincar, de
interagir com outras crianças de sua idade, de desenvolver as competências
psíquicas, cognitivas e relacionais próprias para esse período da vida, bem
como de experimentar o cuidado e a proteção que lhe é devida nesse estágio
de desenvolvimento; e impossibilita-a, portanto, de usufruir em integralidade
os direitos assegurados pela Constituição Federal e pelo ECA.

Vale lembrar que a realidade do trabalho na infância pode penalizar ainda


mais crianças com deficiência, comprometendo de forma significativa e, por
vezes, irremediável, o seu desenvolvimento.

VOCÊ SABIA?

O SCFV e a importância da prevenção ao trabalho infantil

Os encontros do SCFV são oportunidades para dialogar sobre


essa realidade e sobre as estratégias possíveis, na comunidade,
para a sua superação. Você, educador (a) /orientador (a) social é
um importante agente de sensibilização dos (as) cuidadores (as)
das crianças em relação à desnaturalização do trabalho infantil.
Informe-se, reflita sobre o assunto e estimule a reflexão pelos
participantes do Serviço!

27
Há alguns territórios com maiores índices de trabalho infantil. Nesses
locais, a atuação da rede socioassistencial – em especial, a do SCFV – é
um importante meio de proteção às crianças. A atenção dos gestores de
assistência social e dos profissionais em relação à incidência desse fenômeno
localmente é fundamental. A proatividade para identificar situações de
trabalho infantil e a criatividade na disseminação de informações sobre a
oferta do Serviço faz a diferença para a garantia dos direitos das crianças,
podendo evitar a sua permanência ou a reincidência no trabalho.

Por fim, alerta-se que o registro de crianças identificadas em trabalho


infantil no Sistema de Informações do SCFV (SISC) é um procedimento
importante no mapeamento do trabalho infantil. Ele auxilia os gestores
públicos e a sociedade civil a conhecerem, em alguma medida, o fenômeno
do trabalho infantil nos territórios, a fim de ampliar, aperfeiçoar e fortalecer o
conjunto de políticas públicas que visam eliminá-lo.

4.6 Público Prioritário: crianças em situação de abuso e/ou exploração


sexual

No Brasil, a Lei nº 13.431/2017 afirma que a violência sexual é qualquer


conduta que constranja a criança ou o adolescente a praticar ou a presenciar
conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso (relativo à obtenção de
prazer sexual), incluindo a exposição do corpo em foto ou vídeo por meio
eletrônico ou não, compreendendo o abuso sexual, a exploração sexual
comercial e o tráfico de pessoas.

O abuso sexual é a ação que se utiliza da criança ou do adolescente para


fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidinoso, realizado de modo
presencial ou por meio eletrônico, para estimulação sexual do agente ou de
terceiro (s).

Já a exploração sexual comercial é o uso da criança ou do adolescente


em atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer outra forma
de compensação, seja de modo presencial ou por meio eletrônico. Esta se
configura uma das piores formas de trabalho infantil (Decreto nº 6.481/2008).

28
O tráfico de pessoas, por sua vez, é o recrutamento, o transporte, a
transferência, o alojamento ou o acolhimento da criança ou do adolescente,
dentro do território nacional ou para o estrangeiro, com o fim de exploração
sexual.

No Brasil, muitas crianças e adolescentes ainda são vítimas de violência


sexual praticada principalmente por seus familiares ou por pessoas com
quem mantém vínculos próximos – vizinhos, líderes religiosos, professores,
entre outros (BRASIL, 2018c).

A violência sexual contra crianças ocorre usualmente no meio doméstico,


familiar ou em outro de que participem com recorrência, o que torna difícil
sua identificação. Especialmente para crianças que têm entre 0 e 3 anos, a
revelação é desafiante porque elas estão em processo de apropriação da
linguagem verbal e a sua cognição está em fase inicial de desenvolvimento.
Portanto, essas crianças podem ter dificuldade para expressar ou nomear
as experiências porque passam, assim como não ter ainda condições para
atribuir significado e sentido a todas elas, como em situações de violência
sexual.

Para as crianças, os significados sobre a violência levam a sentimentos


contraditórios e difíceis de serem compreendidos, sobretudo quando a
violência é cometida por alguém com quem tem vínculo afetivo – pai, mãe,
padrasto, madrasta, irmãs e irmãos, tios, avós, professores, padres, pastores,
etc. –, o que contribui para o seu silêncio e para a dificuldade de interromper
a relação violenta.

Também no caso de crianças com deficiência, sobretudo as que têm


deficiência mental ou intelectual, a expressão de situações de violência por
elas vividas, bem como a reação e a compreensão ante ao que foi vivenciado,
pode ser complexa, levando, por vezes, mais tempo para se tornar conhecida.

Com vistas a eliminar as ocorrências de violência sexual no dia a dia


das crianças, os profissionais que atuam junto a elas na educação, saúde,
assistência social, cultura, esporte, etc., devem se manter atentos ao seu
comportamento e à presença de marcas físicas em seu corpo.

29
VOCÊ SABIA?

Identificação de abuso e exploração sexual de crianças

O material chamado “Guia Escolar: Identificação de sinais de


abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes” (BRASIL,
2011) apresenta informações práticas que auxiliam os profissionais
a identificarem sinais de abuso e exploração sexual de crianças e
adolescentes. O Guia está disponível virtualmente e pode ser uma
boa fonte de conhecimento para técnicos de referência e
educadores /orientadores sociais que atuam no SCFV.

Durante os encontros do SCFV, é importante que os profissionais sejam


observadores e criem oportunidades para tratar do assunto com as crianças
e seus cuidadores. Cabe ao educador /orientador social informar não só
às crianças, mas também aos cuidadores e cuidadoras sobre a conduta
inadequada de pessoas mais velhas para com elas, a fim de que adquiram
condições de dizer “não” a certas situações que as colocam em risco, bem
como apresentar a elas e aos familiares os meios que o Estado coloca à
disposição para a sua proteção e defesa, como o Conselho Tutelar, o Ministério
Público, as Polícias, entre outros.

Tendo em vista os desafios e as potencialidades de cada etapa do


desenvolvimento das crianças, há informações que podem ser oferecidas a
elas e a seus cuidadores com vistas a orientá-los para fazerem frente ao risco
de violência sexual. Há algumas dicas para o diálogo com as crianças no
sentido de instrumentalizá-las, conforme o seu estágio de desenvolvimento
(SANTOS; VASCONCELOS, 2014), como:

• Entre 18 meses e 3 anos, ensine à criança o nome das partes do corpo;

• Entre 3 e 5 anos, converse sobre as partes privadas do corpo;

• Após os 5 anos, a criança deve ser bem orientada sobre sua segurança
pessoal e alertada sobre as principais situações de risco.

30
No contexto do SCFV, sempre que situações de violência sexual
chegarem ao conhecimento dos educadores/orientadores sociais, devem
ser comunicadas à figura do técnico de referência do CRAS. Este acionará a
equipe do CREAS ou o profissional de referência da Proteção Social Especial
do município e o Conselho Tutelar, a fim de que a criança vítima de violência
e sua família recebam atendimento especializado e outras providências
necessárias sejam tomadas.

Com a apresentação desse público a você, chegamos ao fim da aula 4.


Todavia, a abordagem sobre o público prioritário do SCFV ofertado a crianças
de 0 a 6 anos continua na aula 5. Como você notou, este conteúdo é extenso
e denso, exigindo que aprofunde os seus estudos e os relacione com a prática
corriqueira de trabalho no SCFV. Esperamos que a breve apresentação feita
neste material te estimule a buscar outros e a compartilhá-los com a sua
equipe!

Pronto (a) para a próxima aula? Esperamos que sim!

31
AULA 5
CONHECENDO O PÚBLICO DO SCFV -
PARTE II

5.1 Introdução

Olá! Nesta aula, finalizaremos a apresentação do público prioritário do


SCFV ofertado a crianças de 0 a 6 anos e abordaremos alguns aspectos
do atendimento a crianças de Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs). Os
temas a serem tratados são:

• Público prioritário: crianças em situação de acolhimento;

• Público prioritário: crianças com medidas de proteção do Estatuto da


Criança e do Adolescente – ECA;

• Público prioritário: crianças em situação de rua;

• Público prioritário: crianças com vulnerabilidade que diz respeito às


pessoas com deficiência;

• Atendimento a crianças de Povos e Comunidades Tradicionais - PCTs.

Ao final da aula, esperamos que você seja capaz de identificar as


especificidades do público designado como prioritário para o atendimento
no Serviço, além de compreender a importância de prestar um atendimento
culturalmente adequado a PCTs e os cuidados requeridos dos profissionais
na execução do trabalho.

Vamos adiante, então!

32
5.2 Público prioritário: crianças em situação de acolhimento

A convivência familiar e comunitária é um direito fundamental das


crianças garantido pela Constituição Federal e pelo ECA, vinculado ao
reconhecimento de que a família é o primeiro e o principal grupo com o qual
a criança se relaciona e cria vínculos afetivos. Nesse sentido, o afastamento
do convívio familiar pode ser prejudicial ao desenvolvimento desse sujeito.

O acolhimento – nas modalidades institucional e familiar – é uma das


medidas previstas no art. 19 do ECA com vistas a proteger crianças em
situações de risco. Assim, quando o acolhimento institucional é necessário,
trata-se de uma medida protetiva, provisória e excepcional. Ainda na situação
de acolhimento, havendo a possibilidade, as crianças devem manter contato
com os familiares, respeitando as ações previstas em seu Plano Individual de
Atendimento (PIA) e as determinações judiciais.

Para receber este público, é fundamental que o SCFV esteja articulado ao


PAIF e ao PAEFI, bem como ao Serviço de Acolhimento. O fluxo de informações
entre as ofertas contribui para uma visão mais completa do contexto de vida
destas crianças e de como o Serviço pode atuar para fortalecer seus vínculos
e potencializar seu desenvolvimento.

É importante que os educadores/orientadores sociais estejam atentos à


maneira como recebem essas crianças, sempre sendo necessário demonstrar
atenção e cuidado a elas, integrando-as aos demais participantes do grupo,
mas sem as tratar de modo diferenciado por estarem em situação de
acolhimento institucional.

Para todas as crianças, a participação na vida comunitária e as


oportunidades para construir laços de afetividade significativos são
fundamentais. Não é diferente quanto às crianças em acolhimento. Nesse
sentido, o SCFV pode contribuir ao promover atividades em espaços do
território, como praças, parques, quadras, e com os atores locais, como
os operadores das políticas públicas – da saúde, da educação, etc. Essas
interações estimulam a integração social, a apropriação e o sentimento de
pertencimento das crianças à cultura e às práticas da comunidade.

33
Desse modo, sendo possível, a participação no SCFV das crianças de
0 a 6 anos em acolhimento deve ocorrer na companhia de um familiar de
referência – preferencialmente, de pessoa com quem haja vínculo –, que pode
ser alguém do núcleo familiar de origem ou da família extensa.

Crianças em acolhimento e sem vínculo familiar também participam


do SCFV. Nesse caso, os profissionais da unidade – cuidadores sociais – ou
mesmo algum membro da família acolhedora podem acompanhá-las durante
as atividades do Serviço. É fundamental que gestores e equipe técnica
organizem a logística – transporte, recursos humanos, entre outros – para
viabilizar a participação das crianças no Serviço.

Para saber mais, consulte as publicações: “Orientações Técnicas: Serviços


de Acolhimento para Crianças e Adolescentes” (BRASIL, 2009); “Serviço de
Acolhimento para Crianças e Adolescentes: Proteção Integral e Garantia de
Direitos” (BRASIL, 2018c); “Orientações Técnicas para a Elaboração do Plano
Individual de Atendimento (PIA) de Crianças e Adolescentes em Serviços de
Acolhimento” (BRASIL, 2018a).

5.3 Público prioritário: crianças com medidas de proteção do estatuto da


criança e do adolescente – ECA

As medidas de proteção estão determinadas no ECA e são aplicadas


por juiz, promotor ou conselheiro tutelar a crianças que tiveram seus direitos
fundamentais violados ou ameaçados. Entre as possíveis, destacam-se:

• Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de


responsabilidade;

• Orientação, apoio e acompanhamento temporários;

• Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à


criança e ao adolescente;

• Acolhimento institucional;

• Inclusão em programa de acolhimento familiar (Lei nº 8.069/1990; Lei


nº 12.010/2009).

34
Situações de violência e negligência de que as crianças são vítimas
costumam ser causas para a aplicação de medidas protetivas pelas
autoridades competentes. Algumas dessas medidas protetivas são como
advertências, alertas para os pais e/ou responsáveis no sentido de que
reforcem a atenção e o cuidado às crianças, que estão em estágio de
dependência e desenvolvimento.

Outras medidas, mais severas, consistem no afastamento da criança


do núcleo familiar, a fim de interromper situações de risco. Mantendo-se
ou não a criança no convívio com o núcleo familiar de origem, quando é
aplicada uma medida protetiva, é importante que a família seja atendida
no PAIF ou PAEFI, a depender da situação, e que a criança e um dos (das)
responsáveis por ela – familiar ou do serviço de acolhimento – participem
do SCFV.

Diante de medida protetiva aplicada à criança de 0 a 6 anos, a


intervenção social realizada pelo educador/orientador social nos encontros
do grupo do SCFV contribui para a construção de sua autoestima e para
o fortalecimento da sua autonomia e participação social, a partir do
desenvolvimento de suas capacidades pessoais e sociais, além de favorecer
a ressignificação do exercício do cuidado e do afeto por parte dos (das)
cuidadores (as).

Nas situações em que a recomendação de participar do SCFV seja


realizada por conselheiro tutelar e/ou juiz, verifica-se o reconhecimento
do Serviço como uma iniciativa segura para qualificar a relação de cuidado
e afeto entre a criança e o (a) seu (sua) cuidador (a). É importante que os
profissionais que atuam no Serviço tenham essa percepção sobre o trabalho
que realizam nos encontros e a transmitam aos usuários, acolhendo-os
sem julgamentos e sem os exporem a situações constrangedoras.

5.4 Público prioritário: crianças em situação de rua

De acordo com o Decreto nº 7.053/2009, a população em situação


de rua é um grupo populacional heterogêneo, que possui em comum

35
a pobreza extrema, os vínculos familiares fragilizados ou rompidos e a
inexistência de moradia convencional regular. Essa população utiliza
logradouros públicos (praças, jardins, canteiros, marquises, viadutos) e
outras áreas (prédios abandonados, ruínas, carcaças de veículos) como
espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente,
bem como unidades de serviços de acolhimento para pernoite temporário
ou moradia provisória.

Devido às suas especificidades, o conceito de crianças e adolescentes


em situação de rua abrange ainda aqueles e aquelas que não moram na
rua, mas que a usam como meio de sobrevivência, por meio do trabalho e
da mendicância, bem como os (as) que estão sob medida de proteção de
acolhimento.

A situação de rua de crianças também pode estar associada a


outras situações de violações de direitos, como: violência – intrafamiliar,
institucional, urbana, sexual (abuso e exploração); ameaça de morte;
racismo; sexismo e misoginia; LGBTfobia; fragilidade ou rompimento de
vínculos familiares por conta do encarceramento dos pais; entre outras.
Essas situações podem ser vivenciadas ao mesmo tempo, de forma
entrelaçada, inclusive em relação de causa e efeito. Também podem
estar associadas a contextos regionais diversos; itinerâncias e migrações;
desabrigamento em razão de desastres; alojamento em ocupações
ou desalojamento de ocupações por realização de grandes obras e/ou
eventos.

É possível presenciar famílias e adultos em situação de rua


acompanhados de crianças de todas as faixas etárias. Também há aquelas
desacompanhadas de seus familiares ou de algum responsável por elas.
Ambas as situações são complexas, têm múltiplas determinações, tais
como vulnerabilidade econômica da família; trajetória de falta de acesso
aos direitos; dificuldade dos (das) responsáveis familiares para prover
certos cuidados aos seus membros; violência intrafamiliar, entre outras,
que exigem providências do Estado, bem como a mobilização da sociedade
em prol da inclusão social de todas as pessoas e da implementação de
políticas públicas que viabilizem o acesso desse segmento populacional à
cidadania e aos direitos básicos.

36
Pessoas em situação de rua e o trabalho na rede socioassistencial

A população em situação de rua enfrenta vários estigmas que


produzem uma identidade social negativa. Pessoas nessa situação
lidam com classificações depreciativas, julgamentos, preconceitos,
discursos generalizadores por parte da sociedade, discriminações
diversas e violência de todos os tipos, inclusive a institucional, seja
por dificuldade de acesso aos serviços públicos ou por atendimentos
inadequados.

A rede socioassistencial é orientada a atuar com essas pessoas de


maneira a compreender sua complexidade e a utilizar no trabalho
estratégias dialogadas, adaptáveis, flexíveis e criativas, metodologias
que promovam o fortalecimento da autoestima, dignidade,
autocuidado, auto-organização, corresponsabilidade e novas formas
de sociabilidade, a fim de romper com a sua invisibilidade social e
auxiliar na (re)construção de projetos de vida.

Para saber mais, consulte a Resolução Conjunta CNAS/CONANDA nº


01/2017, que estabelece as Diretrizes Políticas e Metodológicas para o
atendimento de crianças e adolescentes em situação de rua no âmbito
da Política de Assistência Social.

Famílias e adultos em situação de rua devem ser identificados e


convidados a participarem dos serviços socioassistenciais, incluindo o SCFV.
Os profissionais do Serviço precisam estabelecer uma relação de confiança
com o público atendido, tratando-o com o mesmo respeito e cuidado com
que tratam os demais participantes, além de demonstrar receptividade e
preocupação em relação às habilidades, potencialidades, desafios, linguagem,
interesses e gostos desses usuários.

Para trabalhar com essa população, é essencial investir em uma


aproximação horizontalizada, que conquiste a sua confiança de modo a reduzir
as resistências e a potencializar a sua vinculação com os demais participantes
e a equipe profissional. A situação de rua está frequentemente associada
à fragilização dos vínculos familiares, podendo ser uma consequência da
ruptura das relações. Assim, o SCFV pode contribuir com os participantes

37
para a retomada ou a reconstrução desses vínculos e também auxiliar a
prevenir que o contexto da situação de rua gere outras rupturas de vínculos
entre os (as) cuidadores (as) – em geral, mães – e as crianças. Pode, ainda,
incentivar a construção de novos projetos de vida pelos (pelas) cuidadores
(as), promovendo ações para a reinserção familiar e/ou comunitária.

Os grupos do SCFV devem ser estimulados a refletir sobre a convivência


com pessoas que vivenciam diferentes situações e com características variadas
de identidade e de contexto. Assim, quando do ingresso de participantes em
situação de rua, espera-se que sejam recebidos de forma compreensiva e
respeitosa. Paralelamente à intervenção realizada nos encontros do SCFV, a
equipe do CRAS ao qual o SCFV está referenciado deve se articular com os
serviços de Proteção Social Especial (PAEFI/CREAS, Serviço Especializado
em Abordagem Social, Centro pop, unidades de acolhimento) do território,
que podem auxiliar na relação com as pessoas em situação de rua, em razão
das intervenções mais especializadas na área de violência e demais violações
de direitos. Uma estratégia importante para integrar os (as) cuidadores (as)
em situação de rua ao SCFV é promover sensibilizações coletivas prévias à
sua inserção no grupo.

5.5 Público prioritário: crianças com vulnerabilidades que dizem respeito


às pessoas com deficiência

No SCFV, as barreiras que


impossibilitam as crianças
usufruírem os seus direitos
devem ser reduzidas ou
eliminadas.

38
De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência,
também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº
13.146/2015), uma pessoa com deficiência é a que tem impedimento de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação
com uma ou mais barreiras, impede ou dificulta sua participação plena e
efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

Para que o atendimento às crianças com deficiência preserve os seus


direitos, propicie a inclusão social e a aquisição/desenvolvimento das
competências previstas no SCFV, é importante reduzir e/ou eliminar barreiras
que podem ser impedimentos à sua participação nas atividades usuais da
vida. Assim, o espaço onde as atividades são desenvolvidas deve contar com
acessibilidade, tecnologia assistiva – equipamentos, recursos, estratégias e
práticas que possibilitem a efetiva participação das pessoas com deficiência
- e os profissionais que desenvolvem o trabalho devem ser qualificados para
prestar o atendimento. A eliminação de barreiras e a adequação dos espaços
físicos são condições para que as crianças tenham chances equivalentes
de participação e envolvimento nos encontros do SCFV, com segurança e
protagonismo.

VOCÊ SABIA?

Atendimento da criança com deficiência no SCFV

O aprendizado de metodologias com vistas ao trabalho com


grupos heterogêneos pode auxiliar os profissionais a conduzirem,
de forma inclusiva e qualificada, as atividades propostas nos en-
contros do SCFV.

Ao planejar as atividades dos encontros, os educadores/orienta-


dores sociais devem estar atentos às especificidades e potenciali-
dades das crianças com deficiência, assim como devem criar
oportunidades para que estigmas e preconceitos que são atribuí-
dos a elas sejam superados. Com esse objetivo, devem prever as
adaptações que precisarão realizar no ambiente e nos materiais a
serem utilizados, para, desse modo, viabilizar a sua participação
com autonomia e independência ou com a cooperação dos
demais participantes do grupo.

39
No caso do atendimento de crianças de 0 a 6 anos, também é importante
refletir que as famílias e os (as) cuidadores (as) estão descobrindo e
adaptando-se à condição de deficiência das crianças. Nessa circunstância, há
a ausência de informações sobre como cuidar, comunicar-se com a criança e
estimulá-la; pode haver sentimento de frustração, tristeza e culpa com relação
a expectativas não atendidas que são projetadas sobre a criança; também
pode haver situações em que a família necessite realizar grandes mudanças
no ambiente doméstico e na vida cotidiana para garantir o cuidado da criança
sem ter as condições para isso ou, ainda, sem saber como proceder.

Em todas essas situações, as famílias e os (as) cuidadores (as) de


crianças com deficiência demandam apoio. Por isso, é importante que o
SCFV, o PAIF e/ou o PAEFI estejam articulados com as demais ofertas da rede
socioassistencial para este público, como o Serviço de Proteção Social Básica
no Domicílio e o Serviço de Proteção Social para Pessoas com Deficiência
Idosas e suas Famílias, ofertados nos Centros-Dia.

Os gestores e os profissionais do SCFV devem estar sensíveis às


possibilidades e aos desafios do atendimento de crianças com deficiência no
Serviço, a fim de garantirem, dessa maneira, a integridade física e mental desses
sujeitos, e de evitarem situações de desproteção no contexto ou ambiente
do Serviço. As atividades desenvolvidas nos encontros devem valorizar as
potencialidades das crianças e estimular a aquisição de novas competências
no intuito de fortalecer sua autoestima, autonomia e independência.

As atividades também devem promover a troca de experiências e de


saberes entre os (as) seus (suas) cuidadores (as), além de oportunizar o
conhecimento do território – dos equipamentos públicos, de espaços culturais
e de lazer, de outros locais e serviços que ofertem ações de suporte para
os participantes. Ao participar do SCFV, as crianças com deficiência e seus
(suas) cuidadores (as) ampliam suas relações sociais, formando vínculos com
os participantes do grupo e com os profissionais do Serviço.

Durante a realização dessas atividades, é importante que os profissionais


do Serviço se atentem à qualidade da comunicação e da interação com as
crianças – em especial, com as que apresentam deficiência intelectual –, de
modo que elas compreendam as propostas e participem efetivamente das
ações.

40
Para o conjunto dos usuários e profissionais do SUAS envolvidos no
atendimento às pessoas com deficiência, a intervenção social realizada no
SCFV é uma oportunidade para combater o desconhecimento que pode se
manifestar em atitudes e pensamentos preconceituosos acerca da condição
de deficiência, como mitos e tabus, curiosidade invasiva e indiscreta, entre
outros. É, portanto, uma chance para aprender a relacionar-se e a desenvolver-
se pessoalmente, coletiva e socialmente.

Refletir e praticar!
Você deve conhecer alguns estigmas que são atribuídos a grupos que
vivenciam situações de vulnerabilidade e/ou risco individual e social.
Por vezes, esses estigmas resultam em preconceito e discriminação e
acabam dificultando o acesso das pessoas a seus direitos, como os
relacionados à proteção social.

• Você e sua equipe já pararam para pensar sobre os públicos


prioritários com os quais se sentem mais desafiados a realizar o
atendimento no SCFV ofertado a crianças de 0 a 6 anos? Que tal
pensar sobre o assunto?

• O que vocês precisariam fazer para acolher de forma qualificada


esses públicos no SCFV?

• Como o SCFV em que atuam pode se tornar mais acolhedor, a fim de


receber todos os públicos prioritários entre as crianças de 0 a 6 anos?

5.6 Atendimento a crianças de Povos e Comunidades Tradicionais

Povos e Comunidades Tradicionais são grupos culturalmente


diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias
de organização social, e que ocupam e usam territórios e recursos naturais
como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral
e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e
transmitidos pela tradição (inciso 3º do art. 3º, do Decreto nº 6.040/2007).

Para um atendimento culturalmente adequado e qualificado de crianças


pertencentes a Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs), deve ser respeitada
a identidade social e cultural dos povos e comunidades em questão. Assim,
antes de realizar o atendimento às crianças, o profissional do SUAS deve ter
conhecimento das especificidades dos PCTs e ter atitude respeitosa para
com a sua cultura, suas tradições, suas relações sociais e familiares, bem
como suas crenças, costumes e línguas. Para trabalhar com crianças de um

41
determinado povo ou comunidade tradicional, é imprescindível entender
como esse povo pensa o que é ser criança, bem como o lugar que as crianças
ocupam naquela sociedade. Vale ressaltar que essas crianças têm o direito
de ter sua formação dentro da cultura do povo a que pertencem.

Para Povos e Comunidades Tradicionais, a convivência encontra expressão


no pertencimento às famílias, na reciprocidade de afetos, cuidado e valores,
mas também, e especialmente, na construção da cultura e da coletividade.
Vale lembrar que a PNAS reconhece que as famílias têm arranjos e valores que
variam conforme contextos econômicos e socioculturais, tendo composições
distintas e dinâmicas próprias.

VOCÊ SABIA?

Direito de escuta e opinião dos PCTs

Os Povos e Comunidades Tradicionais têm direito à consulta


prévia, garantida pela Convenção nº 169 da OIT (1989). Isso
significa que esses povos devem ser consultados cada vez que
sejam previstas medidas legislativas ou administrativas que
possam afetá-los. Assim, antes de iniciar qualquer trabalho social
com as crianças, os povos e comunidades a que pertencem
devem ser consultados.

Para mais informações, consulte a publicação “Trabalho Social


com Famílias Indígenas na Proteção Social Básica” (BRASIL,
2017).

No trabalho desenvolvido com as


crianças e seus (suas) cuidadores (as) pelo
SCFV, é demandado um olhar específico que
reconheça a história de exclusão e violência
a que os PCTs foram submetidos. Entender
os processos históricos e culturais de cada
povo contribui para um olhar culturalmente
adequado sobre as potencialidades, as
vulnerabilidades e o risco.

42
Refletir e praticar!
No SCFV, os grupos devem ser diversos, como são diversas as famílias,
as comunidades e a sociedade, em geral.

Os PCTs, por sua vez, são grupos com características culturais


específicas, as quais devem ser reconhecidas, respeitadas e
valorizadas. Assim, a equipe do SCFV deve planejar conversações e
fazeres culturalmente adequados.

• Durante o planejamento, você e sua equipe pensam nas


especificidades dos usuários? Quais critérios consideram mais
importantes ao realizar o atendimento a PCTs?

• Que situações ou práticas você apontaria como inadequadas na


oferta do SCFV a crianças e seus (suas) cuidadores (as) que são
indígenas e quilombolas, por exemplo? Por que elas devem ser
evitadas?

Com as considerações relacionadas ao atendimento culturalmente


adequado a PCTs, concluímos a aula 5. Na aula a seguir, você conhecerá um
pouco mais sobre os elementos a serem organizados para que a oferta do
SCFV à população seja possível. Até lá, reflita sobre o conhecimento adquirido
até aqui e renove a energia para prosseguirmos em direção à última aula da
unidade B!

43
AULA 6
ORGANIZAÇÃO GERAL DO SCFV

6.1 Introdução

Olá! Nesta aula, que encerra os estudos da unidade B, serão abordados


os seguintes temas:

• Local de oferta do SCFV;

• Equipe do SCFV: atribuições, perfil e atitude profissional;

• Periodicidade do SCFV;

• Ingresso e desligamento de usuários;

• Integração do SCFV com outros serviços socioassistenciais, programas


de atenção à primeira infância e ações do sistema de garantia de
direitos;

• Controle social no acompanhamento e aperfeiçoamento do SCFV.

Ao final da aula, esperamos que você seja capaz de identificar os


profissionais que constituem a equipe do SCFV e suas principais atribuições;
compreender a importância e os principais procedimentos relacionados à
integração do SCFV com outros serviços socioassistenciais, programas
de atenção à primeira infância e ações do sistema de garantia de direitos;
e, por fim, entender a função do controle social no acompanhamento e
aperfeiçoamento do Serviço.

Animado (a)? Vamos iniciar!

44
6.2 Organização do SCFV

O município e o DF têm autonomia para organizar a oferta do SCFV


de acordo com as características locais de vulnerabilidade e risco e com as
situações prioritárias nele identificadas, sendo tal oferta integrada às redes
socioassistenciais e intersetoriais. Assim, a gestão municipal ou do DF deve
organizar o horário e a duração dos encontros dos grupos, ou seja, quando
o Serviço estará disponível para a participação dos usuários; a periodicidade
dos encontros; a equipe técnica responsável; o local de oferta do Serviço;
entre outros fatores. Nesse sentido, nas seções adiante será detalhada a
organização da oferta do SCFV para crianças de 0 a 6 anos.

6.3 Local de oferta

A disponibilização do SCFV para as crianças é um compromisso


assumido pelo órgão público responsável pela Política de Assistência Social
no município ou DF. O Serviço pode ser executado nos CRAS ou nos Centros
de Convivência, que podem ser estatais ou executados por Organizações
da Sociedade Civil inscritas no conselho municipal/distrital de assistência
social. As orientações para a execução do SCFV são as mesmas para os
CRAS e os Centros de Convivência. Isso significa que, mesmo quando são as
organizações de assistência social que o realizam, seguindo as normativas
que definem os princípios, diretrizes e objetivos da Política de Assistência
Social, elas devem ser referenciadas ao CRAS do território e receber dele os
encaminhamentos de usuários para a participação no Serviço.

O ambiente físico para a oferta do SCFV deve ter:

• Sala para atendimento individualizado;

• Sala para atividades coletivas e comunitárias;

• Instalações sanitárias;

• Adequada iluminação, ventilação e limpeza;

45
• Acessibilidade, de acordo com os parâmetros da Associação Brasileira
de Normas e Técnicas (ABNT).

VOCÊ SABIA?

Acessibilidade do espaço físico

A participação de pessoas com deficiência no SCFV requer


provisões materiais e humanas para o seu atendimento seguro e
efetivo, a fim de que seja possível integrarem-se aos demais
participantes. Nesse sentido, o atendimento no SCFV a crianças
com deficiência demanda o apoio dos gestores à equipe técnica e
a sua qualificação permanente!

O espaço físico em que o SCFV é realizado deve promover a convivência,


a socialização e a integração entre os participantes e os profissionais. Para
isso, os ambientes devem ser estimulantes, acolhedores e seguros. Para o
atendimento a crianças de até 6 anos, recomenda-se que o ambiente reflita
o caráter lúdico do Serviço, sendo colorido, expondo desenhos, brinquedos e
apresentando outros estímulos além dos visuais, como materiais de diferentes
texturas e formatos.

A organização do espaço e/ou do mobiliário pode ser determinante para


o bom andamento das atividades, viabilizando a interação entre crianças e os
(as) seus (suas) cuidadores (as) e garantindo o seu conforto. Sugere-se que o
espaço possibilite que os participantes se organizem em roda, de modo que
mantenham contato visual; que haja assentos para todos e que o mobiliário
possibilite a versatilidade das atividades.

Nos encontros do
SCFV, estimule os(as)
cuidadores(as) a olha-
rem nos olhos, sorrirem
e demostrarem afeto
para as crianças.

46
Nos ambientes que receberão bebês, o mobiliário e a sua disposição
devem facilitar a interação e oferecer apoio aos responsáveis familiares, de
modo que não precisem manter as crianças o tempo inteiro no colo. Também
é necessária a instalação de fraldários e de utensílios sanitários adequados
para o uso das crianças, assim como mesas e cadeiras menores. Em alguns
ambientes, pode-se cobrir o chão com tapetes ou outro material acolchoado,
para que tanto elas quanto os (as) cuidadores (as) fiquem confortáveis no
chão.

Outro cuidado específico para essa faixa etária diz respeito à segurança:
tomadas devem ser tampadas; quinas de móveis precisam ser protegidas;
objetos cortantes, perfurantes e pequeninos devem ser armazenados em
local adequado; brinquedos de parques – escorregadores, balanços, piscina,
etc. – devem receber manutenção constante e o acesso pelas crianças deve
ser monitorado; entre outras adaptações e cuidados a serem providenciados
para evitar a exposição das crianças a acidentes. Recomenda-se que os
brinquedos estejam em local e altura adequados para o acesso das crianças
e que estas, junto com seus cuidadores e cuidadoras, sejam envolvidas na
organização do espaço após as atividades.

Ambientes devem ser estimulantes, acolhedores e seguros.


Precisam

1 2 3
Refletir o caráter Estimular a interação de
Ser seguros
lúdico forma confortável

Exibindo desenhos, cores e A organização do espaço Tomadas devem ser


outros estímulos visuais e/ou do mobiliário pode ser tampadas, quinas de
determinante para o bom móveis precisam ser
andamento das atividades protegidas, dentre outras
adaptações simples que
devem ser providenciadas
para evitar a exposição das
crianças a acidentes

No caso de bebês, o Para crianças que já


mobiliário pode fornecer engatinham é possível
apoio para que fiquem cobrir o chão com tapetes
posicionados na altura dos ou com material
olhos do adulto sentado acolchoado, para que tanto
elas quanto os adultos
fiquem confortáveis no
chão

47
Refletir e praticar!

Ao longo deste material foi afirmado, de diferentes maneiras, que o


SCFV é um momento/espaço de proteção social às crianças de 0 a 6
anos e aos seus (suas) cuidadores (as).

Tanto a acolhida dos profissionais quanto o ambiente físico em que o


SCFV ocorre devem refletir essas afirmações, de maneira que a
integridade dos usuários seja preservada.

• Qual é o principal ponto positivo do local em que o SCFV é ofertado


no seu município? Você o considera atrativo para os participantes?

• O que o gestor pode fazer para torná-lo mais seguro e agradável?


Como a equipe da unidade pode colaborar com isso?

6.4 Equipe do SCFV: atribuições, perfil e atitude profissional

No SCFV, a acolhida e a
mediação do educador
ou orientador social
junto aos participantes é
um diferencial!

A equipe do SCFV é constituída por um técnico de nível superior de


escolaridade, conforme a Resolução CNAS nº 17/2011, com atuação no CRAS;
e por educadores/orientadores sociais, que são profissionais com, no mínimo,
nível médio de escolaridade, de acordo com a Resolução CNAS nº 9/2014.

O “facilitador de oficinas”, presente em algumas unidades que executam


o SCFV, é um profissional de contratação facultativa, ou seja, não obrigatória.
O educador/orientador social, por sua vez, é o responsável pelo planejamento
do SCFV, bem como pela condução das atividades e conversações com o
grupo. Isso quer dizer que estes profissionais devem ter os conhecimentos e
as habilidades necessárias para mediar os grupos e promover as conversações
e os fazeres que dialogam com os objetivos do Serviço.

48
VOCÊ SABIA?

Quantidade de profissionais e quantidade de grupos atendidos


no SCFV

É papel do gestor municipal prover quantidade adequada de


profissionais para atuar no Serviço, bem como definir o número
de grupos atendidos por cada educador/orientador social,
observando a demanda pelo SCFV e as especificidades locais,
como a faixa etária do público atendido, a periodicidade dos
grupos e o tempo de duração dos encontros.

É fundamental que, na jornada de trabalho dos profissionais,


estejam garantidos os períodos para o planejamento e a
preparação dos percursos e encontros com os grupos, a fim de se
assegurar a conexão das ações com os objetivos do SCFV!

Nesse sentido, contribuem com a qualificação dos profissionais que


atuam no SCFV: experiências de atendimento a crianças em ofertas
socioassistenciais; conhecimento da PNAS; conhecimento dos direitos
humanos e socioassistenciais; conhecimento do ECA; conhecimento do
território onde atua; conhecimento de técnicas e metodologias para a
mediação de grupos; boa capacidade de se relacionar e de se comunicar
com os usuários; capacidade de trabalho em equipe; habilidades artísticas,
desportivas; entre outras.

É importante ter em mente que todos são corresponsáveis, como


profissionais e cidadãos, pela busca de proteção, defesa e concretização dos
direitos das crianças. Os profissionais devem manter-se atentos à influência
de estigmas e preconceitos no trabalho, que levam a tratar a criança como
um problema e/ou como objeto, bem como à cultura de ofertar um serviço
desqualificado à população em situação de vulnerabilidade. A atuação
profissional precisa ser um meio para que as crianças tenham seus direitos
reconhecidos, defendidos e respeitados.

49
I. ATRIBUIÇÕES DO EDUCADOR/ORIENTADOR SOCIAL
• Conduzir os grupos e as atividades: planejar e criar atividades a serem
executadas nos grupos a partir dos elementos que organizam o SCFV
– eixos, competências e percursos, além de acompanhar, orientar e
auxiliar os participantes na execução das atividades;

• Fazer os registros necessários para o monitoramento: realizar e


manter atualizados os registros de ingresso, frequência e participação
dos usuários, que serão subsídios para o monitoramento da oferta do
SCFV e para o preenchimento do SISC;

• Definir os percursos e construir estratégias para a abordagem


dos temas em grupos: compreender as necessidades do grupo e
organizar o percurso, desenvolver as atividades nas unidades e/ou
na comunidade e acompanhar e/ou realizar oficinas, caso seja este o
formato adotado na unidade executora do Serviço;

• Realizar a integração entre os usuários: conduzir o grupo de


forma que as experiências sejam integradoras, considerando que é
na convivência que a integração entre crianças, cuidadores (as) e
comunidade se fortalece;

• Avaliar os encontros: avaliar cada encontro realizado, com base na


participação dos usuários nas conversações e atividades propostas.
Isso permitirá que, ao longo dos encontros, os profissionais sejam
capazes de apontar os impactos das intervenções realizadas junto
aos participantes e de revisar as estratégias utilizadas, conforme o
desenvolvimento do grupo;

• Participar das reuniões de equipe e comprometer-se com a formação


continuada: trocar informações e conhecimentos entre a equipe,
mantendo relações horizontais, de modo que todos participem
na elaboração do planejamento e avaliação de processos, fluxos,
estratégias e resultados.

50
II. ATRIBUIÇÕES DO TÉCNICO DE REFERÊNCIA DO CRAS COM
ATUAÇÃO NO SCFV
O profissional denominado “técnico de referência do SCFV” tem nível
superior de escolaridade e está lotado no CRAS. É um profissional que
recebe a designação de acompanhar o SCFV, considerando a dinâmica
do funcionamento do CRAS e a organização dos atendimentos.
Embora não seja o responsável pela condução dos encontros do
Serviço, é um técnico que apoia os educadores/orientadores sociais
de diferentes maneiras, sendo recomendável a sua participação no
planejamento da oferta do Serviço e fundamental a sua intervenção
na articulação entre este e o PAIF.

São atribuições do técnico de referência do CRAS com atuação no


Serviço de Convivência:

• Conhecer as situações de vulnerabilidade social e de risco das


famílias beneficiárias de transferência de renda e as potencialidades
do território de abrangência do CRAS;

• Acolher os usuários, ofertar informações sobre o SCFV e encaminhá-


los ao Serviço;

• Participar da definição dos critérios de inserção dos usuários no


Serviço;

• Articular ações que potencializem as boas experiências no território


de abrangência do CRAS;

• Assessorar tecnicamente as unidades e os profissionais que


desenvolvem o SCFV no território em relação às normativas e
orientações técnicas do Serviço, ao planejamento dos percursos e das
atividades, à apropriação e abordagem de determinadas temáticas a
serem tratadas nos grupos;

• Acompanhar o desenvolvimento dos grupos existentes nas unidades


ofertantes do Serviço, acessando relatórios;

51
• Participar de reuniões com a equipe técnica do Serviço;

• Manter registro do planejamento do SCFV no CRAS;

• Avaliar com as famílias os resultados e impactos do SCFV, bem como


a continuidade ou desligamento do Serviço;

• Garantir que as informações sobre a oferta do SCFV estejam sempre


atualizadas no SISC e utilizá-las como subsídios para a organização e
o planejamento do Serviço.

Refletir e praticar!

Os profissionais são o principal recurso para concretizar as ofertas


socioassistenciais e no SCFV não é diferente. Sem os saberes,
conhecimentos e habilidades dos educadores/orientadores sociais e
do técnico de referência do CRAS, não há serviço para quem dele
necessita.

• Quem é orientador, orienta. Quem é educador, educa. Você já parou


para pensar na importância desses papéis? Em sua opinião, quais são
as responsabilidades do profissional que assume essa função no
SUAS?

• Entre as atribuições do educador/orientador social do SCFV, quais


você considera que sejam as principais? Há alguma atribuição que não
está listada neste material, mas que você considera imprescindível?
Que tal compartilhar com a sua equipe esse assunto em uma reunião
de planejamento/avaliação?

6.5 Periodicidade do SCFV

As atividades dos grupos com crianças de 0 a 6 anos podem ser realizadas


com frequência sequenciada ou intercalada, em dias úteis, feriados ou finais
de semana, em turnos diários de até 1 hora e 30 minutos (Resolução CNAS
nº 109/2009).

52
VOCÊ SABIA?

Periodicidade da oferta do SCFV

A oferta do SCFV é contínua – disponível durante todo o ano,


inclusive durante o período de férias e recesso escolares.

Os gestores devem criar estratégias para manter a oferta do


Serviço disponível, preservando suas características, inclusive,
considerando o período de férias dos profissionais que atuam no
Serviço.

A periodicidade dos encontros dos grupos leva em consideração,


sobretudo, a incidência de situações de vulnerabilidade e risco no
território, de forma que o SCFV esteja sempre disponível para
prover a proteção social que lhe cabe.

A periodicidade dos encontros do SCFV é definida a partir das


características do público atendido e da realidade local – as vulnerabilidades
e os riscos presentes, a disponibilidade de recursos humanos nas unidades
executoras, a demanda pelo Serviço, a existência de ações de outras políticas
públicas no território, etc.

Recomenda-se que os grupos se reúnam, no mínimo, a cada quinzena,


levando em conta que intervalos maiores dificultam a criação de vínculos entre
os participantes e a progressividade das atividades, o que pode prejudicar o
alcance dos objetivos do SCFV.

VOCÊ SABIA?

Frequência X participação

A frequência nos encontros do SCFV sinaliza o interesse dos


usuários e o seu reconhecimento pelo trabalho realizado. Pode
demonstrar, também, a qualidade do trabalho desenvolvido.
Contudo, não é suficiente para indicar a participação e o
envolvimento nas atividades propostas.

As ausências repetidas dos usuários devem ser observadas e


investigadas, pois podem indicar agravamento da situação de
vulnerabilidade ou risco que vivenciam. Podem também resultar
em abandono do SCFV e, consequentemente, em desproteção
53 a busca ativa dos usuários,
social. Para prevenir, recomenda-se
bem como a reflexão regular sobre a qualidade da oferta do
A frequência nos encontros do SCFV sinaliza o interesse dos
usuários e o seu reconhecimento pelo trabalho realizado. Pode
demonstrar, também, a qualidade do trabalho desenvolvido.
Contudo, não é suficiente para indicar a participação e o
envolvimento nas atividades propostas.

As ausências repetidas dos usuários devem ser observadas e


investigadas, pois podem indicar agravamento da situação de
vulnerabilidade ou risco que vivenciam. Podem também resultar
em abandono do SCFV e, consequentemente, em desproteção
social. Para prevenir, recomenda-se a busca ativa dos usuários,
bem como a reflexão regular sobre a qualidade da oferta do
Serviço. Você pode pensar: se eu fosse o participante, viria aos
encontros do SCFV? O que me faria vir?

6.6 Ingresso e desligamento de usuários

O CRAS, por meio do PAIF, é o responsável por realizar o encaminhamento


das crianças e suas famílias para o SCFV. Os responsáveis familiares também
podem procurar a unidade executora do SCFV espontaneamente para solicitar
o ingresso de algum membro da família. Quando há vagas disponíveis de
imediato, o ingresso é assegurado e a equipe do SCFV informa à equipe do
CRAS sobre a inserção dos novos usuários no Serviço, para que a família
receba o atendimento no PAIF. Este verifica a existência de outras demandas
na família, a necessidade de realizar o seu acompanhamento, etc.

VOCÊ SABIA?

Fluxo de informações entre PAIF e SCFV

As famílias com crianças de 0 a 6 anos apresentam


especificidades que requerem a compreensão e a intervenção de
ambos os serviços. Por isso, é importante que os profissionais que
atuam no SCFV empenhem-se por estabelecer fluxos e
efetivamente utilizá-los para a realização de encaminhamentos e
a disseminação de informações, a qual concretiza a
complementariedade entre PAIF e SCFV.

Quando a família apresenta no CRAS a vivência de uma ou mais situações


prioritárias, a equipe do PAIF registra a situação e, além de incluir os membros

54
da família no SCFV, realiza os encaminhamentos para outras unidades da
rede socioassistencial – CREAS, por exemplo, para que sejam viabilizados
atendimentos do núcleo familiar por outros serviços, como o PAEFI.

Uma vez incluídos no SCFV, as crianças e seus (suas) cuidadores (as) são
vinculados a um grupo de convivência e passam pelos percursos planejados
pela equipe técnica. A trajetória dos usuários no Serviço será variada, a
depender das demandas e vulnerabilidades que apresentam. Nesse sentido,
não há tempo limite para a permanência dos usuários no Serviço. Para alguns,
um percurso talvez seja suficiente para alcançar seus objetivos, enquanto que,
para outros, pode ser necessário permanecer no Serviço por mais tempo.

VOCÊ SABIA?

Demandas das famílias em relação ao modo de organização do


SCFV

É fundamental que os objetivos do Serviço e o seu modo de


funcionamento sejam apresentados às famílias antes de seu
ingresso no SCFV, a fim de que tenham condições de decidir por
sua participação ou não.

O gestor municipal, os gestores das unidades e a equipe do SCFV


devem conhecer as demandas das famílias, a fim de organizarem
o Serviço considerando as diretrizes estabelecidas e a realidade
do público ao qual ele se destina.

Isso compreende pensar na melhor periodicidade da oferta; no


melhor horário para o encontro do grupo; na distância entre o
local de moradia da maioria das pessoas e a unidade executora do
Serviço; na disponibilidade de transporte no território; entre
outros

É importante que a equipe técnica mantenha o diálogo sobre as


expectativas dos usuários e suas famílias, bem como sobre os impactos
que percebem ao longo da participação no Serviço. Desta maneira, ao final
de cada percurso, a equipe deve avaliar conjuntamente com os usuários o
seu desejo e a possibilidade de permanência no Serviço, tendo sempre em

55
mente que a participação no SCFV é voluntária, ou seja, não está atrelada ao
recebimento de benefícios ou de transferência de renda.

EXECUÇÃO DO SCFV NO PERÍODO DE 1 ANO


PERCURSO 1 PERCURSO 2 PERCURSO 3 PERCURSO 4
(3 MESES) (3 MESES) (3 MESES) (3 MESES)

Avaliação e planejamento Avaliação e planejamento Avaliação e planejamento Avaliação e planejamento


do próximo percurso do próximo percurso do próximo percurso do próximo percurso

6.7 Integração do SCFV com outros serviços socioassistenciais, programas


de atenção à primeira infância e ações do sistema de garantia de direitos

O referenciamento de todos os grupos do SCFV ao CRAS vincula o


atendimento realizado no âmbito do SCFV ao atendimento – por vezes,
acompanhamento familiar – do PAIF.

O SCFV alinha-se com outras ofertas que reforçam a ludicidade e a


parentalidade como aspectos que potencializam o desenvolvimento infantil.
As demais ações de atenção à primeira infância e o SCFV são complementares
nos objetivos de promover proteção social e de garantir aquisições às
famílias e a seus membros, por meio de metodologias diferenciadas. Assim,
as famílias com crianças de 0 a 6 anos que participam de outros programas
e/ou serviços podem participar do SCFV. Para isso, é importante que haja
uma avaliação da equipe técnica, incluindo o técnico de referência do CRAS,
no intuito de não sobrecarregar as famílias e as crianças com atividades, mas
de garantir a sua efetiva proteção social.

VOCÊ SABIA?

Parcerias entre o SCFV, outras políticas públicas e iniciativas


presentes no território

O SCFV é apenas uma das políticas públicas pelas quais as


crianças do território podem ser atendidas. Há demandas
associadas à infância cujo atendimento é atribuição da Educação,
da Saúde, da Cultura, do Esporte, etc.

O reconhecimento de que uma só política pública não é capaz de


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prover tudo o que a criança necessita para se desenvolver deve
mobilizar os gestores municipais para o estabelecimento de
O SCFV é apenas uma das políticas públicas pelas quais as
crianças do território podem ser atendidas. Há demandas
associadas à infância cujo atendimento é atribuição da Educação,
da Saúde, da Cultura, do Esporte, etc.

O reconhecimento de que uma só política pública não é capaz de


prover tudo o que a criança necessita para se desenvolver deve
mobilizar os gestores municipais para o estabelecimento de
parcerias entre as políticas públicas e outras iniciativas existentes
no território.

Integração entre SCFV e PAIF

FAMÍLIA

PAIF

ANALISA AS VULNERABILIDADES GERAIS


CF

VIOLÊNCIA
VIOLÊNCIA INSEGURANÇA CONTRA PRECONCEITO/ VIOLAÇÕES
DOMÉSTICA ALIMENTAR CRIANÇAS E DISCRIMINAÇÃO DE DIREITOS
ADOLESCENTES

EXPERIÊNCIA DE USO
ABUSIVO DE ÁLCOOL E TRABALHO
OUTRAS DROGAS PELOS(AS) MORADIA
PRECÁRIA DESEMPREGO INFANTIL ABANDONO
CUIDADORES(AS)

DIRECIONA PARA O SCFV DE 0 A 6 ANOS

TRABALHA AS VULNERABILIDADES DE
VÍNCULOS DA PRIMEIRA INFÂNCIA

VIOLÊNCIA VIOLÊNCIA DIFICULDADE DE CONFLITOS ENTRE DIFICULDADE EM DESMEDIDO DIFICULDADE NEGLIGÊNCIA


FÍSICA PSICOLÓGICA CONVERSAR E CUIDADORES(AS) LIDAR COM CONTROLE ENTRE E FALTA DE
ORIENTAR SOBRE E CRIANÇAS FRUSTRAÇÕES E/OU USO DE CUIDADORES(AS) CUIDADOS
LIMITES, AUTORIDADE E CRIANÇAS DE BÁSICOS
DISCIPLINA E PELOS(AS) COMUNICAR-SE
REGRAS CUIDADORES(AS) POSITIVAMENTE
FAMILIARES

Crianças identificadas em situação de violação de direitos, como as


Criançasqueidentificadas em diversas situações de violação de direitos
vivenciaram situações de violência, participam do SCFV. O público
participam do SCFV.
prioritário do O público
Serviço, prioritário
descrito do
na Resolução Serviço,
CNAS nº1/2013,descrito
relaciona-sena
a Resolução
essas vivências.
CNAS nº1/2013, relaciona-se a essas vivências. Estes usuários podem chegar
ao Serviço por diferentes caminhos, como:
111

• encaminhamento do CRAS, com a situação de violação de direitos


previamente identificada pela equipe do CREAS;

57
• encaminhamento de órgãos do Sistema de Garantia de Direitos, com
a situação de violação de direitos identificada;

• demanda espontânea, com a situação de violação de direitos


sendo identificada no decorrer de sua participação no grupo pelos
profissionais do SCFV.

Nas três situações, o técnico de referência do CRAS, responsável por


acompanhar o SCFV, materializa a conexão entre o PAIF, o PAEFI e o próprio
SCFV, providenciando os encaminhamentos necessários para a garantia da
proteção social das crianças e incentivando os diálogos entre as famílias e os
serviços aos quais o SCFV é complementar.

As crianças identificadas em situação de violação de direitos (juntamente


com sua família) devem ser atendidas ou acompanhadas pelo PAEFI, no
CREAS – e, na ausência deste, via equipe responsável pela Proteção Social
Especial no município.

Relação do SCFV com a referência e a contrarreferência na proteção


social
Embora o SCFV seja um serviço da Proteção Social Básica, portanto,
referenciado ao CRAS, mantém com a Proteção Social Especial um
vínculo importante, em razão de ter como público prioritário pessoas
que vivenciam ou vivenciaram violações de direitos ou que estão mais
suscetíveis a essas situações.

O CRAS tem um relevante papel na articulação entre as ofertas de


ambas as proteções, já que efetiva a referência e a contrarreferência
do usuário na rede socioassistencial.

Nesse âmbito, a referência relaciona-se à identificação das demandas


oriundas das situações de vulnerabilidade e risco social no território,
para garantir à população o acesso à renda, serviços, programas e
projetos, conforme a complexidade da demanda. O usuário pode
ser inserido, então, em ações realizadas no próprio CRAS ou na rede
socioassistencial a ele referenciada; ou, ainda, pode ser encaminhado
ao CREAS (na ausência deste, para o responsável pela Proteção

58
Social Especial do município) para acessar as ofertas desse nível de
complexidade.

Já a contrarreferência é exercida sempre que a equipe do CRAS


recebe encaminhamento das ações de Proteção Social Especial para
a inserção de usuários nas ofertas da Proteção Social Básica.

É possível estabelecer fluxos de comunicação entre os níveis


de complexidade, especialmente, entre CRAS e CREAS, para o
encaminhamento dos usuários do SCFV. Designar profissionais de
referência para efetivar essa articulação pode ser um facilitador na
organização dos fluxos de comunicação. A NOB-RH/SUAS (2011)
prevê como integrante da equipe de referência do CRAS o técnico de
nível superior, o qual, a depender da organização da unidade, poderá
ser indicado para essa função. No CREAS, quando viável, indica-se
fazer o mesmo.

Outros artifícios são possíveis para viabilizar a comunicação entre


unidades/serviços dos dois níveis de proteção social e o SCFV, com o
apoio das informações sistematizadas pela vigilância socioassistencial
acerca das famílias sob a abrangência do território situado em cada
CRAS. Recomenda-se a realização de reuniões com periodicidade
regular entre as equipes das ofertas socioassistenciais e da rede
parceira para estabelecer e alinhar os fluxos de comunicação, com
vistas a assegurar as relações de referência e contrarreferência no
SUAS.

Encaminhadas ao Serviço pelo técnico de referência do CRAS, as


famílias participantes dos programas de atenção à primeira infância ou outros
Serviços socioassistenciais, de tempos em tempos (por exemplo, ao final do
percurso), avaliarão as experiências e as conquistas alcançadas durante a sua
permanência no Serviço, por meio de diálogo com a equipe técnica.

Nessa ocasião, a família, com a mediação dessa equipe, decidirá pela


permanência ou interrupção de sua participação no SCFV e/ou eventual
inserção em outras políticas públicas. Estes momentos de diálogo devem ter
sua periodicidade prevista no planejamento da equipe do SCFV e devem ser

59
pactuados com as famílias e usuários, quando de sua inserção e ao longo de
sua permanência no Serviço.

Dada a importância e o volume de trabalho que essa articulação


demanda, quando possível, é recomendável que o técnico de referência do
CRAS – por vezes, o único profissional de nível superior que acompanha as
atividades do SCFV – atue exclusivamente nas atribuições estabelecidas para
a operacionalização do referenciamento do Serviço.

Refletir e praticar!

O SCFV integra a rede socioassistencial, que é constituída por


serviços de Proteção Social Básica e Especial. Para que a participação
no SCFV gere resultados positivos no meio familiar e comunitário,
outros serviços precisam atuar junto à família, especialmente o PAIF e
o PAEFI.

• Como é o diálogo entre esses três serviços no território em que você


atua? Há um fluxo de informações formalmente estabelecido entre os
serviços? Se sim, o que você percebe que pode e tem condições de
melhorar? Que tal propor um diálogo em equipe sobre esse assunto?

6.8 Controle social no acompanhamento e aperfeiçoamento do SCFV

O SCFV é um serviço público (mesmo quando executado por Organizações


da Sociedade Civil) e por isso a sua execução deve ser acompanhada ou
fiscalizada pela sociedade. Esse acompanhamento ou fiscalização é também
chamado de controle social.

O controle social é realizado por diferentes instâncias, entre eles, o


Conselho Municipal ou Distrital de Assistência Social e o Conselho Municipal
ou Distrital dos Direitos da Criança e do Adolescente. A atuação dos
conselhos contribui para que sejam observadas as normativas e orientações
que estruturam os serviços, com vistas a garantir uma boa prestação de
atendimento à população.

Os cidadãos, de forma geral, especialmente os participantes do SCFV


e os profissionais, também são responsáveis por realizar o controle social.

60
Ao observarem irregularidades na oferta do Serviço, podem entrar em
contato direto com o Conselho Municipal de Assistência Social, o Conselho
dos Direitos da Criança e Adolescentes (municipal, estadual e nacional) e a
ouvidoria geral do município, bem como com a do Ministério da Cidadania.

Todavia, realizar o acompanhamento do Serviço não se resume a


apresentar denúncias de eventuais irregularidades, mas também colaborar
com a construção de uma política pública adequada às necessidades reais
da população, por meio de sugestões de melhoria, divulgação de práticas de
referência executadas nos municípios, entre outras possibilidades.

Informar os órgãos executores de políticas públicas e atores da sociedade


civil que integram o território acerca da oferta do SCFV é um passo para torná-
lo conhecido entre a população e reforçar a sua importância na comunidade.

A abordagem sobre a importância da realização do controle social ao


SCFV encerra os conteúdos previstos para a Unidade B, ou seja, você cumpriu
a segunda etapa do curso do SCFV para crianças de 0 a 6 Anos e está se
encaminhando para a finalização desse trajeto com a chegada à Unidade C.
Nela, você será apresentado aos principais aspectos metodológicos do SCFV.

Vamos seguindo?

61
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trata da proibição das piores formas de trabalho infantil e ação imediata para sua
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promulgada pelo Decreto no 3.597, de 12 de setembro de 2000, e dá outras provi-
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29 de dezembro de 1992; revoga dispositivos da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
2002 - Código Civil, e da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943; e dá outras providências. Brasília: Palácio
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