Reais Praticas
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Reais - Práticas
Principio da tipicidade
Violação da tipicidade: tem eficácia meramente obrigacional, não tem eficácia real – artigo
1306.º CC.
Olhar para o regime, tipo de direito real, norma e verificar à luz da finalidade da tipicidade se
ela é ou não colocada em causa. Se não for: tem eficácia meramente obrigacional e não real.
Prof JSS: todas as restrições à autonomia privada têm de ter fundamento – autodeterminação,
o valor de base é sempre esta. Esta autodeterminação pode ser restringida quando estejam em
causa interesses de terceiros, da própria parte ou supraindividuais. Perante uma restrição
puramente paternalista da autonomia privada, vamos sempre concluir pela invalidade das
convenções – dignidade da pessoa humana e livre desenvolvimento da personalidade. Ideia
de auto-conceção.
Maioria da doutrina: o poder de uso no direito de propriedade dificilmente poderá ser
limitado.
Principio da inerência:
Lado interno: ideia de inseparabilidade entre direito e coisa. Todas as vicissitudes que
afetam a coisa afetam também o direito – se a coisa se perder o direito extingue-se
Lado externo: sequela – manifestação dinâmica da inerência. Permite ir buscar a coisa
onde quer que ela se encontre independentemente de quem tem o seu poder.
Prof. José Alberto Vieira: afirma que a sequela não é uma manifestação – em alguns casos, os
direitos reais não têm uma manifestação dinâmica da inerência, ou seja, o titular de direito
real não pode ir buscar a coisa onde quer que ela se encontre e independentemente de quem a
tenha em seu poder – a posse é um direito real e no 1281.º/2 CC temos uma situação em que
o possuidor não pode intentar ação possessória contra terceiro de boa-fé: se a inerência se
caracteriza pelo lado interno e externo sempre e se, em alguns casos, o lado externo não se
encontra, isso significa que o direito real não se verifica. O lado externo manifesta-se noutro
principio.
MC: lado interno e lado externo.
JAV: tudo um problema de absolutidade – diz-nos que os direitos reais são oponíveis erga
omnes.
Principio da inerência:
Lado interno: ideia de inseparabilidade entre direito e coisa. Todas as vicissitudes que
afetam a coisa afetam também o direito – se a coisa se perder o direito extingue-se
Lado externo: sequela – manifestação dinâmica da inerência. Permite ir buscar a coisa
onde quer que ela se encontre independentemente de quem tem o seu poder.
Neste caso, MC iria para a sequela 1035.º e 1311.º CC, comprador B pode invocar ação de
reivindicação contra C.
08/03/2022
Doutrina generalizada: o facto de haver destruição da coisa implica que o direito de usufruto
se extinga. Entende-se que verdadeiramente, extinguindo-se o direito e passa a incidir sobre
outro (neste caso a indemnização) o usufruto extingue-se. A indemnização não é uma coisa
corpórea.
CASO II
Armando, em grandes dificuldades económicas, decide hipotecar o seu imóvel ao Banco X
por 100.000,00 €. Decorrido algum tempo, teve de hipotecar o mesmo imóvel, agora a favor
do Banco Y, pelo valor de 50.000,00 €. Como entretanto Arando deixou de pagar as suas
dívidas hipotecárias, ambos os bancos decidiram executar as respetivas hipotecas. Contudo,
em venda executiva, o imóvel foi vendido por apenas 50.000,00€. Em que termos devem ser
satisfeitos os créditos hipotecários?
Situação de hipoteca: direito real de garantia (204.º e 208.º CC; 686.º CC). Eficácia erga
omnes: subsiste a hipoteca. O registo é constitutivo.
713.º CC: é possível haver mais que uma hipoteca.
Principio da prevalência: tipo 3 – temos dois direitos reais de garantia em conflito. Em termos
de prevalência, MC nega que exista prevalência tipo 1 e 2, fala numa prevalência do tipo 3.
Está em causa a ordenação de direitos reais de garantia – prevalece o que foi primeiramente
constituído (aferido em termos de registo) – o bem X teria de ser o primeiro a ser pago.
O credor hipotecário é satisfeito primeiro e o remanescente vai para o segundo – no caso
concreto não chega: satisfaz-se o que der da primeira hipoteca e o restante será um crédito
comum.
CASO III
Anabela, proprietária de um automóvel, cedeu-o em usufruto a Belarmino. Porém, em
Fevereiro, Belarmino sofreu um grande acidente, ficando o automóvel completamente
destruído. Qual a vicissitude sofrida pelo direito de Belarmino?
Imagine agora que Anabela tinha constituído uma hipoteca sobre um bem imóvel a favor do
banco C. Já depois de constituída a hipoteca, um incêndio destruiu o seu imóvel. Quid juris?
Principio da inerência
Seguro obrigatório: 1480.º CC; 1481.º CC
O usufruto extingue-se, mas passa a incidir sobre outra coisa – é o mesmo usufruto ou não?
Parte da doutrina diz que não, a partir do momento em que deixa de existir, extingue-se. O
facto de haver destruição da coisa implica que o direito de usufruto se extinga (doutrina
generalizada).
Hipoteca: 730.º/c CC 701.º CC (substituição ou reforço da hipoteca) 692.º CC (sub-
rogação geral especial) – direito real de garantia passa a incidir sobre a indemnização, é um
novo direito.
Saber se é ou não um novo direito, releva em termos de prioridade temporal em termos de
oponibilidade.
CASO IV
Constantino, proprietário de uma herdade no Alentejo, acordou com Danilo que este poderia
apanhar as uvas das videiras da sua herdade, para este produzir o vinho na sua própria
propriedade, vizinha da de Constantino. Qual a vicissitude sofrida pelo direito de Danilo se
Constantino aceitar que as uvas podem ser transportadas para outra propriedade que de
Constantino que não a primeira?
Tipicidade: escolha do tipo e modificação do tipo (escolher um dos direitos reais do código e
necessidade de respeitar o conteúdo típico dos direitos reais)
Servidões são um tipo aberto porque o 1534º - servidões contem na satisfação quaisquer
utilidades
Tipos de servidões: passagem, águas... podem não estar previstas no código (ex.: propriedade
consente que o proprietário vizinho leve o rebanho a pastar
13/03/2022
Principio da especialidade:
MC: as universalidades não podem ser objeto de direito real. Não tenho direito real sobre
uma biblioteca, rebanho. Qual é a vantagem de dizer que sou proprietário de uma biblioteca e
de todos os seus livros? Nenhuma. Dar um tratamento unitário: se quiser vender os livros,
posso vender segundo um único contrato.
Simples: não podem ser decompostas em coisas ainda mais simples (ex.: pedra).
Compostas: compostas por diversas coisas simples, mas que correspondem a uma
unidade (ex.: automóvel) – sujeitas ao regime das coisas simples.
POSSE
Principio da publicidade: temos duas formas de publicidade – espontânea (posse) ou
organizada/artificial (registo).
Para que serve? Além da publicidade: presunção de titularidade do direito a que a posse se
reporta, propriedade, função de proteção, proteção da paz pública, defesa contra a ingerência
de terceiros. Estas funções manifestam-se numa fase em que o possuidor pode ainda não ser
proprietário/usufrutuário e, portanto, a posse atribui o conteúdo e funções nessa fase
transitória.
MC: defende que a posse tem duas funções – tutela dominial (posse defende a propriedade ou
direito base) e a tutela de confiança (protegidas a confiança do possuidor).
Se tenho formas de atribuição jurídico real das coisas, formas de aproveitamento (uso
e habitação, superfície) para que tenho a posse?
O possuidor pode fruir (1270.º CC) sempre? Não, depende do direito a que a posse se reporta.
Se for possuidor nos termos da servidão, não posso fruir – não integra no seu conteúdo de
aproveitamento a fruição. Nos termos do usufruto pode fruir pois consente na definição.
Quando olhamos para a propriedade, certamente o possuidor nos termos do direito de
propriedade pode fruir; na servidão o titular do direito não pode fruir a coisa. Os direitos
pessoais de gozo consentem normas relativas à tutela possessória. O direito do comodato não
consente à fruição.
Doutrina alemã: função publicitária da posse é cada vez mais rudimentar – hoje em dia é
frequente que a pessoa que tem a coisa em seu poder não seja a pessoa que pode dispor dela
(dissociação da titularidade e disponibilidade).
Posse é um facto objetivo de confiança, mas a sua força é diminuta – nas situações de
aquisição, a confiança tem de ser justificada, não pode ser crente.
A situação objetiva, o facto aparente publicitário da posse, é um facto com uma intensidade
reduzida, faz com que se uma duvida a respeito da situação jurídica real não corresponder à
situação aparente é suficiente para destruir a confiança (má-fé).
15/03/2022
Os defensores das teorias objetivistas têm dificuldade em interpretar o 1253,º/a) CC:
OA + Carvalho Fernandes + José Alberto Vieira: entendem que em causa está uma intenção
declarada – teoria da intenção declarada. Exemplo.: sou possuidor de um automóvel e faço
saber junto da vizinhança que não quero ser possuidor do automóvel, nos termos deste artigo,
deixo de ser possuidor
MC: comportamentos voluntários não podem ser contraditados por declarações
expressas em sinal contrário. Não perco o corpus, continuo a ser possuidor. Posso
dizer que não quero ser possuidor, mas continuar a utilizá-lo – a declaração não tem
virtualidade de fazer extinguir a posse.
JAV e PA: é o próprio direito que decide se o possuidor o é ou não, e a alínea a) do
artigo 1253.º CC abrange as situações do instituto possessório. O possuidor vê-se
numa mera detenção
MC: manifesta pela posição do JAV e PA, mas defende a teoria dos atos potestativos.
Exemplo.: proprietário de um prédio deixa correr água para o vizinho, mesmo que não
pratique atos materiais no sentido de se apropriar da servidão de água é mero detentor.
Obras visíveis e permanentes (objetivista): ato que visa a constituição do corpus e aquisição
da posse.
A posse é vista como sendo mero facto à qual estariam associadas consequências jurídicas,
hoje não há divergência no sentido de considerar a posse num sentido subjetivo. A posse é um
direito exclusivo dirigido para o aproveitamento de uma coisa.
A posse tem a natureza de direito real? 1281.º/2 CC: a posse não é oponível a terceiro
adquirente que esteja de boa-fé. problema de inoponibilidade – os direitos reais caracterizam-
se pela sua oponibilidade erga omnes.
Casos da Posse
CASO I
A 1 de Janeiro de 2014, António furtou o relógio de Bento. Em Janeiro de 2016, Bento
identificou o autor do furto. Bento pode ainda instaurar uma ação de restituição? Em caso
afirmativo, até quando o pode fazer?
1263.º/a) CC – quem tem a posse: adquire-se pela prática reiterada com publicidade dos atos
materiais correspondentes ao exercício do direito – a prática reiterada não implica que B use
o relógio, basta a prática de um ato desde que tenha intensidade necessária para consumar o
controlo material. Para sabermos de há lugar a uma restituição da posse temos de referir a
classificação e o prazo para caducidade desse direito.
Apossamento: pratica de atos materiais dirigida à obtenção do corpus, prática de atos
reiterados, publicidade (JAV: o que está em causa é a prática de atos com intensidade para
atrair o corpus; MC: dirige-se à aquisição por apossamento de uma posse publica, não será
requisito para posse oculta). Quem é o possuidor: o A. Classificação da posse: formal, efetiva,
interdital (oculta), não titulado, má-fé por não ser titular, pacifica (furto, não houve
violência), oculta ou publica não sabemos.
Posse do antigo possuidor mantém-se durante 1 ano. 1267.º/1, d) CC – só se extingue depois
de passar 1 ano (n.º 2) para que possa realizar uma ação de restituição da posse.
MC: boa-fé subjetiva é sempre ética com exceção da morte presumida (119.º CC).
20/03/2022
Contagem de prazos: sistema objetivo – prazo geral de 20 anos que começa a contar a partir
da verificação das situações de facto.
Sistema subjetivo: prazos curtos dobrados por conhecimento – 1267.º (da nova possa, do
esbulhador).
Modos de aquisição da posse: 1263.º
CASO II
Imagine agora que, em Março de 2014, António alugou a Carlos o relógio que havia furtado a
Bento. Poderá Bento intentar uma ação de restituição da posse contra Carlos?
Carlos tem posse: 1263.º/b) CC nos termos da locação. A posse do B extingue-se no prazo de
1 ano (1267.º CC).
Posse de C: adquiria por tradição – formal, efetiva (controlo material da coisa), interdital (não
está sujeito ao 251.º e ss. CC), direito pessoal de gozo, boa-fé, pacifica e publica. O B pode
intentar ação possessória contra o C? Problema de oponibilidade, poder pode, mas não é
procedente devido ao 1281.º/2 CC – o C é terceiro adquirente da posse que está de boa-fé.
C é um detentor face à posse do A. É possuidor nos termos de um direito próprio – locação.
A posse do A não é oponível ao C.
A não cede a posse nos termos do direito de propriedade – temos situação de sobreposição de
posses: extinção da posse por cedência apenas em situações de venda. Neste caso, as posses
coexistem.
A má-fé superveniente atinge o C? Grande parte dos autores entendem que não. Aplica-se o
prazo mais curto pois estava de boa-fé no momento de aquisição da posse ou mais longo?
Bonifácio Ramos: não se modifica o estado subjetivo, mas as consequências da má-fé
superveniente aplicam-se, pelo que prejudica.
Se a ratio do regime cessa, deve cessar também as razoes de aplicação sucessiva das
disposições mais favoráveis.
Nesta mesma situação, imagine que Carlos, numa situação económica difícil, vende o relógio
a Daniel. Como Carlos não se quer ver privado do relógio, Carlos e Daniel celebram
imediatamente um contrato de aluguer do mesmo relógio. Daniel é possuidor?
Constituto possessório – JAV e PDA – 1253.º/a) CC.
Aquisição da posse de terceiro de boa-fé após esbulho - Acompanhamos JAV entendendo,
todavia que não há uma verdadeira extinção da posse – MC – esbulho – pág.1680 MC. MC
diz que não é oponível, mas se for de má-fé volta a ser oponível.
Constituto possessório – JAV e PDA= art.1253.º, alínea a) CC.
Toda as situações de sobreposição de posse incluem-se no art.1253.º, alínea c) CC.
Saber o art.1264.º diz no n.º 1 – “por qualquer causa” – o que é esta causa?
JAV – contrato – ex.: compra e venda com reserva de usufruto.
3 requisitos: transferência da propriedade; transmitente ter a posse da coisa; causa jurídica.
D adquiriu a propriedade, mas não é credor de uma obrigação de entrega da coisa.
Se considerar que a causa do art.1264.º é uma causa jurídica neste caso não há causa jurídica
– tem menos direitos e mais tutela, porque pode intentar ação de restituição da posse, porque
é considerado possuidor.
27/03/2022
CASO III
Em vez das situações anteriores, imagine que em Fevereiro de 2014, Ernesto furtou a António
o relógio que este havia furtado a Bento. Como se resolve este conflito de posses?
Entre B e A e A e E: entre A e E prevalece a de A que é mais antiga, mas entre B e A
prevalece a titulada.
A e E adquiriram posse por apossamento. 1267.º/1, d) e 2 CC.
A posse mais antiga é a do A.
E se António tivesse vendido o relógio a Daniel, que desconhecia sem culpa o esbulho sofrido
por Bento?
Art.1281.º/2 CC - ação de restituição – “A ação de restituição pode ser intentada pelo
esbulhado ou pelos seus herdeiros, não só contra o esbulhador ou seus herdeiros, mas ainda
contra quem esteja na posse da coisa e tenha conhecimento do esbulho.”
A venda do A para o D é uma venda de bem alheio – não deixa de ser titulada por isso.
CASO IV
Imagine agora que António vendeu a Fernando o relógio furtado a Bento. Passado pouco
tempo, o relógio desprende-se do pulso de Fernando e perde-se, sendo encontrado por
Guilherme, que começa a utilizá-lo. Poderá Ernesto reaver o relógio de Filipe?
Perda como facto jurídico da posse. Contrato de compra e venda do relógio – tradição da
coisa é forma de transmissão da posse. Controlo material da coisa por A.
Importa saber se o F ter perdido o relógio há perda da posse? Perda involuntária do corpus.
MC: há perda a partir do momento em que o adquirente fique impossibilitado de reencontrar
a coisa – se F estava impossibilitado não tinha posse. Se poderia reavê-la, tinha posse,
29/03/2022
G poderia eventualmente adquirir o direito de propriedade sobre o relógio?
A perda da coisa, por contraposição ao abandono, existe quando, involuntariamente, o
possuidor deixa de estar no controlo material dela, sem que tal se deva a um ato de terceiro.
Como salienta MC, a perda da posse só implica a extinção desta quando o possuidor estiver
impossibilitado de encontrar a coisa. Só nessa hipótese ocorre a quebra do corpus, do
controlo material da coisa, em que a posse assenta.
As formas de aquisição da propriedade estão previstas no artigo 1316.º CC. Neste caso
estaríamos perante um caso de ocupação dos artigos 1318.º e ss. CC.
O CC português limita a ocupação às coisas móveis e aos animais nullius. Os imóveis não
são suscetíveis de ocupação.
As coisas (móveis) e os animais são nullius porque nunca tiveram dono ou porque, tendo
tido, o proprietário renunciou ao seu direito. Neste último caso, é ainda necessário que o
proprietário deixe de ser possuidor, pelo abandono da coisa, pois a ocupação processa-se
através de uma apreensão material da coisa.
Requisitos da ocupação:
Que a coisa móvel ou animal seja nullius;
A apreensão material da coisa ou animal.
O primeiro requisito é o de que a coisa ou o animal não tenha dono, seja nullius, porque
nunca foi atribuído a ninguém pelo ordenamento (“que nunca tiveram dono”) ou porque a
propriedade se extinguiu (“ou foram abandonados”) sem que se haja constituído um novo
direito a favor de outra pessoa (por exemplo, por renúncia do anterior proprietário).
O segundo requisito legal da ocupação consiste na apreensão material da coisa ou animal. Na
verdade, a ocupação tem subjacente um ato de apossamento, que gera igualmente a
constituição pelo ocupante de uma posse sobre a coisa ou o animal (art.1263.º, alínea a) CC).
Com o apossamento, porém, o agente não se limita a adquirir a posse da coisa ou o animal,
adquire igualmente a propriedade sobre ele. É esse o efeito específico da ocupação (art.1316.º
e 1318.º CC).
Eficácia da ocupação:
A ocupação constitui um caso aquisitivo do direito de propriedade (art.1316.º e art.1317.º,
alínea d) CC) e só este direito pode ser adquirido através dela. Quem se apossa de uma coisa
ou animal sem dono torna-se seu proprietário; não é legalmente possível a constituição de
outros direitos reais por ocupação.
A aquisição da propriedade por ocupação representa uma aquisição originária deste direito. O
direito de propriedade que se constitui com a ocupação é um direito novo, mesmo no caso de
coisa ou animal abandonado.
Não sendo o dono conhecido do achador, recai sobre este um de dois deveres: anunciar o
achado ou contactar as autoridades, nos termos especificados no n.º 2 deste artigo 1323.º.
Feito o anúncio do achado, ou comunicado este às autoridades, inicia-se um prazo, de um
ano, dentro do qual deverá o proprietário reclamá-lo. O mesmo prazo é aplicável quando,
sendo o dono conhecido do achador, este o haja avisado de que encontrou o respetivo animal
ou bem móvel. Se, no decurso desse período de um ano, surgir o respetivo proprietário, deve
o animal ou coisa móvel perdida ser-lhe entregue pelo achador.
Não sendo possível determinar o dono do animal ou do bem perdido, ou sendo-o, mas este
não o reclamar dentro do prazo de um ano para tanto fixado, o achador adquire a respetiva
propriedade.
Não há formalidades especiais prescritas na lei, nem para o aviso, nem para o anúncio.
Aquele pode ser feito judicial ou extrajudicialmente. Este deverá ser feito, diz a lei, pelo
modo mais conveniente, atendendo ao valor da coisa e às possibilidades locais, ou ser
substituído por aviso às autoridades, observando os usos da terra, sempre que haja.
Feito o aviso ou anunciado o achado, a coisa só adquire a natureza de res nullius, isto é, só se
presume abandonada pelo seu dono, se durante um ano não for reclamada. Só depois de
decorrido este prazo o achador a poderá adquirir por ocupação.
Conclusão: G pode adquirir a propriedade do relógio por achamento se, tendo o controlo
material da coisa, imediatamente F tiver abandonado a coisa, se não depois de passado um
ano desde que anunciou o achado ou contactou as autoridades – 1323.º CC.
12/04/2022
O possuidor pode fruir? Depende.
O regime dos frutos consagra alguma exceção nos termos de legitimidade para dispor?
1270.º/3 CC – se o possuidor estiver de boa-fé, a alienação subsiste, é válida e eficaz.
CASO V
Em Janeiro de 2010, António tomou de arrendamento a Bento uma herdade situada em
Santarém. Passado um ano, ao verificar que a propriedade limítrofe, pertencente a Carlos, não
estava a ser explorada, e considerando-a abandonada, decidiu arrombar o portão e iniciar uma
produção de vinho. Para que tudo ficasse “num brinco” decidiu fazer reparações nos
estábulos e nos picadeiros e, ainda, reatar a produção de laranjas do pomar dessa herdade.
Como as duas propriedades eram limítrofes pensou então que deveria construir um muro em
volta do terreno abrangido pelas duas propriedades, passando a ter para si uma área bastante
simpática de terreno.
Em Janeiro de 2015, Carlos regressou de uma longa viagem pelo mundo, exigindo a António
que desocupasse imediatamente a propriedade. António opôs-se pela força à entrada de
Carlos (como, aliás, já havia feito com Bento, a quem disse que era o proprietário da
herdade).
Carlos considera agora que António agiu de má-fé. O segundo, por seu turno, afirma que
mesmo que viesse a sair do terreno que considera ser seu, sempre teria direito a ser
indemnizado por todas as despesas e melhoramentos que havia feito na herdade. Quid juris?
Prédio de B:
O A construiu um muro à volta do terreno – inversão do titulo – se considerarmos que não
pressupõe comunicação por parte do detentor (exteriormente conhecível), teríamos inversão
nos termos do 1265.º CC ou teríamos inversão no momento da comunicação (BR: pressupõe
comunicação). Consequência: A passa a ser possuidor – formal, posse civil, não titulada, má-
fé, publica e pacifica.
Esbulho em relação a B (1267.º/1, b) CC) que passa a ser posse não efetiva.
Prédio de C:
Apossamento (1263.º/a) CC) – prática de atos materiais. A adquire a posse do terreno de C.
classificação da posse do A: formal, civil, efetiva, não titulada, má-fé, pacifica e publica. Tem
uma particularidade: 2015 Carlos regressa de uma viagem exigindo que A desocupasse a
propriedade tendo este agido com força. Posso pacifica ou violenta teremos de verificar na
altura da aquisição da posse.
Violência: faz interromper o prazo para usucapir. O A adquire em 2011 a possa da herdade,
dos dois imoveis, praticando atos de violência posteriormente, interrompe-se o prazo e o A
não podia usucapir.
REGISTO
Efeito consolidativo: adquirente vê consolidada a sua posição uma vez que passa a poder
opor eficazmente o seu direito perante terceiros depois da data do respetivo registo.
Significado de eu ao registar ficar protegido de eventuais aquisições tabelares posteriores.
Efeito enunciativo: usucapião, servidões prediais e mera posse
Usucapião: assenta na posse, é esta que dá possibilidade – o efeito é enunciativo
porque a publicidade é dada pela posse.
Servidões prediais aparentes: manifestam-se por sinais visíveis e aparentes dados pela
posse.
Efeito presuntivo: o possuidor presume-se titular do direito. Se houver conflito entre a
presunção da posse e registo, prevalece a mais antiga (1278.º CC).
Efeito constitutivo: hipoteca – o registo não integra facto aquisitivo sucessivo para se adquirir
o direito.
Efeito atributivo
CASO VI
António vende um imóvel a Beatriz.
Considere as seguintes hipóteses isoladamente:
1) Beatriz não regista a aquisição. Um ano depois, António vende o mesmo imóvel a
Carlos, registando este a sua aquisição. Carlos supunha ser António o proprietário do
imóvel. Quid juris?
3) Boa-fé de terceiro.
BR: não é aquisição tabelar, não é um efeito atributivo – tem uma formulação
diferente do 17.º, 122.º e 291.º porque são excecionais e a regra geral é a
aplicação do 208.º
Carvalho Fernandes: entende que mesmo no caso em que o ato é gratuito pode
haver investimento de confiança, razões para tutelar o terceiro adquirente.
Conceção ampla de terceiros: todos os que seriam preteridos caso o ato não registado
produzisse efeitos em relação a eles.
17/04/2022
Não havendo registo: 291.º
Havendo registo: para o MC – 122.º
2) Beatriz não regista a sua aquisição. Um ano depois, António vende-o a Carlos e este
regista a sua aquisição. Carlos sabia ser Beatriz a proprietária do imóvel. Quid juris?
Uma vez que Carlos sabia que a verdadeira proprietária do imóvel era Beatriz, e mesmo
assim comprou a António, considera-se que aquele estava de má-fé quanto à aquisição do
imóvel.
3) Beatriz não regista a sua aquisição. Um ano depois, António vende-o a Carlos e este
também não regista a aquisição. Carlos supunha ser António o proprietário do imóvel.
Quid juris?
Não procedem ao registo – nulo e ineficaz em relação a Beatriz. Não havia aquisição
tabular, não beneficiava proteção porque não preenche o terceiro requisito, de boa-fé do
terceiro.
A compra e venda entre António e Carlos é nula dado o art. 892, a titular do direito real é
Beatriz tendo a mesma que sujeitá-lo a registo dado o art. 2/1 al. a) do CRP
4) Beatriz registou a sua aquisição. Todavia, o registo foi lavrado por funcionário sem
competência funcional. Beatriz vendeu o seu imóvel a Daniel, que não registou a sua
aquisição. Quid juris?
A vende a B e B é proprietário (408.º CRP). Falha o primeiro requisito – registo nulo não
pressupõe este requisito. O registo é nulo nos termos do artigo 16.º CRP + artigo 17.º CRP.
5) Beatriz regista a sua aquisição e vende o imóvel a Emanuel. Meses mais tarde,
António requer a anulação da venda, alegando tratar-se de um negócio usurário. O
tribunal julgou a acção procedente. Quid juris? E se António tivesse intentado a acção
quatro anos após a celebração do contrato?
Requisitos:
Negócio jurídico inválido – preenchido.
Ato de disposição – preenchido – na ordem registal quem é titular é E.
Boa-fé – preenchido.
Onerosidade – preenchido.
Registo de terceiro anterior ao registo da ação da declaração de invalidade do
primeiro negócio – preenchido.
Prazo de 3 anos – contam-se a partir da celebração do primeiro negócio (291.º CC).
MC: os 3 anos só se justificam quando o terceiro não confia na existência daquilo que o
registo patente tem. Pelo que faz sentido uma exigência adicional – OA: purgatório.
Aplicação do 122.º
Em relação
CF e ML: nos casos em que o 3.º confia no registo, deixa fazer sentido esta exigência
adicional e aplicamos o 17.º/2, não havendo prazo dos 3 anos.
Para MC havia registo prévio pelo que aplicaríamos o 122.º
CASOS VI – REGISTO
CASO I
Abel, proprietário do prédio X, com a propriedade devidamente registada, vendeu o seu
imóvel a Bento por escritura pública notarial lavrada em 1 de janeiro de 2016. Bento
ausentou-se logo de seguida para o estrangeiro, não procedendo de imediato ao registo da
aquisição. Abel, em dificuldades financeiras, decidiu vender o mesmo prédio a Carlos — que
desconhecia a primeira venda — no dia 30 de janeiro de 2016. Aquando da escritura pública,
a notária advertiu as partes sobre a sua obrigação de promoverem o registo, nos termos da
Lei. Sem estar muito seguro do que a notária lhe comunicou, Carlos decidiu registar a sua
aquisição no dia 15 de fevereiro de 2016. Poderá Bento ainda registar a sua aquisição?
Estamos perante uma situação de dupla disposição (artigo 7.º). Os requisitos estão todos
preenchidos e em princípio há a aquisição tabular, o que se coloca em questão é se a
declaração é verdadeira ou não.
As partes não tem obrigação de registar apesar de terem legitimidade para fazê-lo nos termos
do artigo 36.º CRp. Sendo assim, a declaração da notária é falsa porque quem tem obrigação
é ela mas poderia o fazer já que tem legitimidade para tal. Os factos sujeitos a registo estão
no artigo 2.º CRp que também consagra o principio da tipicidade. O prazo para registar está
no artigo 8.º – C CRp e há uma sanção para caso não seja cumprido, no art. 8 – D CRp.21\
CASO 2
Suponha agora que não houve segunda venda de Abel a Carlos, mas apenas a primeira venda
a Bento no dia 1 de janeiro de 2016, que não foi registada. Daniel, credor de Abel, no dia 1 de
fevereiro, indicou à penhora judicial o imóvel de Abel em processo executivo, requerendo o
registo da ação. O registo da penhora é oponível a Bento?
A -» B (não regista) e D credor indica o bem a execução, há uma apreensão judicial e regista.
Há primeiro um registo incompleto, um negócio jurídico com base nessa situação
desconforme. A questão é saber se o registo da penhora é oponível a B. A nossa conceção de
“terceiro” é restrita (aquele que adquire de autor comum um direito incompatível) como
prevista no artigo 5.º/4 CRp, mas há um acórdão que consagra da conceção ampla, que caso o
facto jurídico anterior não registado produzisse efeito em relação ele.
O registo pode ser provisório por natureza ou duvida, natureza no caso da penhora e
duvida no caso da duvida do notário da validade substancial do negocio.
A vende a B que não regista e um credor indica o bem a execução, havendo uma
venda judicial e D adquire e regista. Requisitos: registo incompleto, celebração com
negocio jurídico com base no registo incompleto, situação desconforme, o negocio
jurídico é celebrado por terceiro? Essa é a questão. No caso, o registo da penhora não
é um registo definitivo, a venda judicial retroage a data do registo da penhora, assim
como a venda do bem retroage ao registo da promessa da compra e venda.
O direito de D é oponível a B? A nossa conceção é restritiva de terceiro, artigo 5.º/4 CRp,
terceiro é aquele que adquire de autor comum direitos incompatíveis, antes disso houve uma
jurisprudência uniformador de 97 que consagrou a conceção ampla de terceiro, que seria todo
aquele que se visse preterido caso o facto jurídico anterior não registado produzisse efeitos
contra ele. (se o facto de B produzisse efeito contra D). O de 98 consagrada a conceção
restritiva, somente se fosse A vendendo a B, D não é terceiros para efeitos do artigo 5.º CRp,
logo não adquire tabularmente e não é protegido.
Mas se atendermos a natureza da venda judicial, que é feita pelo tribunal/agente de execução,
se eu entender que o tribunal atua em nome próprio, no âmbito dos seus poderes, quem
celebra o negocio é o tribunal, mas se entendermos que o tribunal atua sub-rogado, no lugar
de A, neste caso, seria uma aquisição derivada de autor comum, aplicando o artigo 5.º/4 CRp
e conseguiremos tutela ao terceiro adquirente, não é a posição do PA, mas tem um acórdão do
tribunal de justiça que defende isso, se entendemos também que não é contrairo ao acórdão
uniformizador, aqui é uma fundamentação diferente então tudo bem.
24/04/2022
CASO 3
Francisco, proprietário do prédio Y, vendeu-o a Guilherme, que não registou. Algum tempo
depois Zacarias e Helena forjaram uma escritura pública de compra e venda da propriedade
do prédio Y de Francisco para Helena, que registou a “venda” a seu favor. Helena decidiu
então vender a propriedade do prédio Y a Inácio, que desconhecia o sucedido e registou a sua
aquisição. Quid juris?
F vende a G que não regista. Z e H forje escritura publica e H regista em seu nome. H vende
a I que desconhecia e regista.
Art.16.º, alínea a) CRPr – o registo é nulo quando tiver sido lavrado com base em títulos
falsos.
G é o verdadeiro proprietário, mas não registou. Temos de ver se é possível proteger o I que
adquiriu sem conhecimento da nulidade do registo.
Aquisição tabular no art.17.º/2 CRPr: terceiro que adquira uma posição jurídica com base no
registo nulo pode ter adquirido de alguém que não era substancialmente o titular do direito
real que foi objeto de disposição (caso de subaquisição).
Pré-existência de um registo desconforme à realidade substantiva (registo
incompleto);
Registo nulo
Ato de disposição praticado com base na situação registal desconforme;
I compra porque achava que H era a proprietário como estava registado
Boa-fé do terceiro;
I não sabia que o registo era nulo (art.291.º CC – JAV)
Caráter oneroso do negócio de disposição;
I comprou o prédio Y
Que o terceiro registe a sua aquisição do registo do facto aquisitivo do titular do
direito real na ordem substantiva.
I registou a aquisição
I adquiria o direito de propriedade sobre o prédio Y.
Em relação a G:
MC defende que o direito de propriedade afetado com a aquisição tabular da
propriedade por um terceiro não se extingue, ficando, no entanto, numa situação de
inoponibilidade em sentido próprio. No caso de o terceiro adquirente devolver a coisa,
renunciar ao seu direito ou transmiti-lo a terceiro de má fé, o direito do proprietário
afetado pelo efeito atributivo do registo predial retomaria a sua oponibilidade normal.
JAV: Parece crucial admitir que a proteção do terceiro de boa-fé pela aquisição tabular
se faz com o sacrifício da posição do anterior proprietário, cujo direito se extingue.
Esta solução, a extinção do direito real incompatível, aplica-se a todos os casos em
que o direito adquirido tabularmente e o direito sacrificado tenham a mesma natureza.
JAV – poderia seria ainda aplicável o art.291.º, porque o problema da falsidade – art.372.º CC
traduz-se também numa forma de invalidade substantiva. Mas para JAV consubstancia uma
norma de tutela da aquisição tabular, ou seja, o terceiro adquire com fundamento na aparência
registal; o que se aplica aqui. Acrescenta o 6º requisito do prazo de 3 anos contados a partir
CASO 4
Imagine que Joel vendeu a Luísa o prédio X, não tendo esta registado a venda. O contrato foi
celebrado em 1 de janeiro de 1994, passando Luísa residir de imediato no imóvel. A propósito
de uma conversa em família no Natal de 2015, onde se comentavam as grandes dificuldades
financeiras que motivaram os escassos presentes de Natal, Joel lembrou-se que Luísa não
tinha registado a venda e que podia aproveitar a situação para “ganhar uns trocos”. No dia 1
de janeiro de 2016, Joel vendeu o mesmo prédio a Mário, que de nada suspeitava. Pode Luísa
proteger-se de alguma forma?
J vende a L o prédio X não tendo sido registada (1994).
MC – se o registo for nulo nos termos do art.16.º, aplicamos o art.17.º/2.
Nos casos de invalidade substantiva em que i terceiro não confia na aparência registal, ele
não aplica o art.291.º CC – só faz sentido a aplicação deste artigo quando o terceiro não
confia no que o registo patenteia. Ele não aplica neste caso o art.17.º/2, mas o art.122.º CC –
casos em que o registo inválido, mas não nulo nos termos do art.16.º CRPr.
Situação do art. 5.º CRp. L é titular na ordem substantiva, ver os requisitos, L teve posse
durante 19 anos. Ver os requisitos para a usucapião (posse boa – pública e pacifica), o que
parece que se verifica, posse por certo lapso de tempo – art. 1294, há título de aquisição mas
não há registo do titulo de aquisição, também não há registo da mera posse, configura-se o
art. 1296 e é necessário perguntar sobre ma fe ou boa fe, L deveria estar de boa fé, mas ainda
tem o art. 1292 e o art. 1303 (porque a usucapião não é de conhecimento oficioso), e havendo
a invocação da usucapião, prevalece sobre o registro. L poderia se proteger de duas formas,
usucapião ou açao de reivindicação, no primeiro, não precisa provar todas as propriedades.
O possuidor nos termos do direito de propriedade (causal) faz sentido que invoque a
usucapião? Pode. O L é possuidor causal e pode invocar a usucapião para nos casos que não
tenha invocado, possa opor o seu direito a eventual evento tabular.
26/04/2022
Teoria de um direito sobre quota ideal: cada direito encontra-se limitada pela quota – cada um
dos comproprietários é titular de uma quota ideal.
Objeto dos direitos reais são coisas corpóreas
Existe direito real sobre participações sociais?
Teoria de que existe um direito a incidir sobre uma coisa pertencente a várias pessoas – ML –
há muitos poderes de exercício coletivo, em que têm de administrar conjuntamente; não
parece adequar se ao exercício de muitos direitos a nível individual.
MC: Existem vários direitos pertencentes a várias pessoas
Qual o significado de terem pagado diferentes montantes? Nos termos do 1403.º/2 CC,
presumem se qualitativamente iguais – não havia indicação em contrário, questão seria saber
se se poderia retirar do facto de terem pagados diferentes valores, que cada um dos
comproprietários tinha uma quota diferente do direito de compropriedade.
AV entende que sim, que se pode retirar a conclusão de que têm participações diferentes.
Havia outros indícios que não apontavam nesse sentido – ex.: acordo relativos aos encargos
(divididos em partes iguais pelos três).
É importante saber o valor da quota da compropriedade porque define diversas coisas, como
a percentagem de participação nos encargos ou vantagens, valor do voto, valor do acrescer...
António e os seus quatro irmãos decidiram submeter um edifício de 5 andares de que eram
proprietários ao regime de propriedade horizontal.
Responda às seguintes questões:
i) Quais os requisitos de constituição da propriedade horizontal e quais os seus efeitos?
ii) Passado um ano, António decidiu convocar uma assembleia de condomínio para deliberar
acerca de várias matérias, entre as quais: a) a eleição do administrador do condomínio, Filipe,
que não é condómino; b) a proibição de receber visitas depois das 24h, para que os
condóminos não sejam incomodados pelo barulho dos vizinhos; c) o reconhecimento de
António como proprietário exclusivo do terraço da sua fracção que se situa no 5.º piso. Na
assembleia participaram apenas António e Beatriz, sua irmã.
iii) António instalou no logradouro da sua fracção autónoma um aparelho de ar condicionado.
Carlos, condómino, proprietário do andar de baixo, não se conforma com a referida
instalação, quer porque o aparelho contrasta com o restante prédio, quer porque o mesmo
provoca um ruído significativo e o impede de estender roupa na sua varanda. Quid juirs?
iv) A fração de Daniela foi utilizada para alojamento local durante os últimos 5 anos. Em
abril de 2023, foi convocada uma assembleia de condomínio e deliberou-se, por maioria,
impedir esta prática. Daniela não se conforma. Pode continuar a desenvolver esta prática?