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Penal 2

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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ...

Vara Criminal da Comarca de


Campos/RJ.

Proc. nº ...

Lauro ..., já qualificado, por seu defensor, nos Autos da Ação Penal que lhe move a
Justiça Pública, processo em epígrafe, vem respeitosamente apresentar suas Alegações
Finais em memoriais, conforme prevê o artigo 403, § 3º do Código de Processo Penal.

Da Denúncia
O Ministério Público ofereceu denúncia contra o Denunciado pela prática dos delitos
capitulados pelo artigo 213, §1º c/c artigo 14, inciso II, c/c artigo 61, inciso II, alínea f,
todos do Código Penal.

Breve Síntese dos Fatos


Na data dos fatos na cidade de Campo no Rio de Janeiro, Lauro é extremamente
obcecado por Maria,estagiária de uma outra empresa que está situada no mesmo prédio
em que fica o seu local de trabalho. Lauro não aceitando a rejeição de Maria decidiu que
a obrigaria a manter relações sexuais com ele, independentemente da sua concordância.
Dessa forma, decidiu adquirir uma arma de fogo de uso permitido, considerando que
tinha autorização para tanto, e a registrou, tornando-a regular.
Não obstante, Lauro, acreditava que necessitaria de um substituto na data dos fatos,
contou a narrativa do Crime para José,, assegurando-lhe que comprou a arma
exclusivamente para ameaçar Maria a manter com ele conjunção carnal, mas que não a
lesionaria de forma alguma, ainda esclareceu a José, que alugara um quarto em um hotel
e comprara uma mordaça para evitar que Maria gritasse.
Na data dos fatos, Lauro, saindo para cometer o crime, foi abordado pela viatura da
policia militar, avisado por José.

Preliminarmente
Da Nulidade dos Atos Processuais
Conforme demonstrado, o acusado não foi devidamente intimado para a participação de
audiência, na qual estava presente a outra parte. Deste modo requer a nulidade dos atos
processuais realizados durante a primeira audiência, tendo e vista que o Denunciado não
compareceu em razão de não ter sido intimado. De acordo com o artigo 5º, inciso LV,
da Constituição Federal que rege o principio da ampla defesa e do contraditório.

Do Mérito
Da Absolvição pelo Fato não Constituir Crime
1
A absolvição do Denunciado é de rigor, pois deve ser reconhecido que o fato narrado
não constitui crime pois nem iniciado foi, havendo meros atos preparatórios que no caso
são impuníveis. Dessa forma, é totalmente licita absolvição de Lauro de acordo com o
artigo 386, inc III do Código de Processo Penal, visto que o fato narrado não constitui
crime, havendo meros atos preparatórios de fato não puníveis.
A compra da arma e do aluguel do quarto, não configura a execução do crime e sim
atos meramente preparatórios, sendo assim não houve devidamente tentativa de estupro
uma vez que não houve iniciativa do ato.

Da Desclassificação do Crime
Nos autos, foi constatado, que durante os procedimentos preparatórios, não foi constado
a idade da vitima. Na remota hipótese de condenação do Denunciado eventual crime
poderia ser o previsto no artigo 213, caput, do Código Penal, deve-se afastar a
qualificadora do artigo 213, §1º do Código Penal.

Do Afastamento da Agravante do Artigo 61 do Código Penal

Em primeiro plano, deve ser ressaltada a relaçao entre Lauro e Maria, que concentra-se
apenas em conheciemento. Maria laborava em um empresa localizada no mesmo prédio
que Lauro, sendo assim, não foi comprovada relação intima entre as partes , não há
relação familiar doméstica ou de coabitação entre o réu e a vítima, não incidindo a lei
11.340/06, assim, não incide a referida agravante, destacando-se que não basta para a sua
configuração que a vítima seja mulher.

2
Da Fixação da Pena no Mínimo Legal pela Atenuante da Confissão Espontânea
Ao Denunciado deve ser reconhecida a atenuante da confissão espontânea, pois o
mesmo confessou integralmente os fatos descritos na denúncia, assim, é digno de ter a
dosimetria da pena fixada no mínimo legal em consonância ao previsto pelo artigo 65,
inciso III, alínea d, do Código Penal.

Do Regime de Cumprimento da Pena


O regime de pena a ser aplicado deve o regime aberto, considerando a pena mínima e a
redução aplicável, conforme previsão do artigo 33 a 36 do Código Penal.

Dos Pedidos
Frente ao exposto em preliminar deve ser reconhecida a nulidade dos atos praticados
durante a 1ª audiência de instrução. Em assim não entendendo Vossa Excelência, não
ficou demonstrado de forma cabal e inconteste a conduta do Denunciado Lauro,
tornando-se de rigor a decretação da absolvição, na forma do artigo 386, inciso III,
do Código de Processo Penal.
É de rigor o reconhecimento das atenuantes de confissão espontânea em conformidade
com o previsto pelo artigo 65, inciso III, alínea d, do Código Penal.
Na remota hipótese de condenação, requer o afastamento da qualificadora prevista no
artigo 213, §1º do Código Penal bem como o afastamento da agravante previsto no
artigo 61, inciso II, alínea f, do Código Penal, com aplicação da redução máxima da
pena pela tentativa. Requer, ainda, que a pena seja cumprida inicialmente no regime
aberto, previsto pelo artigo 33, § 1º, letra c, do Código Penal.
Finalmente, na hipótese de condenação, deve ser concedido ao Denunciado o direito de
apelar em liberdade, em razão da ausência dos requisitos que autorizariam a
permanência do réu Lauro em cárcere privado.

Campos, 10 de setembro de 2018.


Advogado
OAB

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