2013 Cap 5
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O Texto Argumentativo
não contradição. Isto é, o que se diz na defesa de uma tese, de um ponto de vista,
não pode ser contraditório ou dissonante do mundo denotativo. Para o meio social
em que vivem os falantes, a argumentação deve ser (...) construtiva na sua finali-
dade, cooperativa em espírito e socialmente útil (Penteado, 1964, apud Garcia,
1999, p. 371). Com isso o autor quer dizer que não se deve procurar argumentar a
favor de ideias falaciosas, como também é imprescindível que o tema seja discutí-
vel, ideias que são ponto pacífico entre os interlocutores não são passíveis de se-
rem argumentadas.
Quanto à forma como se apresenta aos interlocutores do argumentador, a
argumentação pode ser dialógica (argumentação interlocutiva), oratória (monoló-
gica) ou escrita. É sob essa última forma que se apresenta a argumentação dos
textos que serão lidos em nossos experimentos. Mesmo em um texto escrito, po-
rém, pode haver interação entre os usuários, de sorte que o leitor não é indiferente
às perspectivas apresentadas e defendidas no texto argumentativo em apreço.
Pelo contrário, ele reage – ao menos ideologicamente – fazendo do texto um e-
nunciado.
O discurso bem estruturado é aquele que traz todos os dados necessários à
sua compreensão, implícita ou explicitamente (Koch, 1993). Para Fávero (2003),
a estrutura completa que um texto argumentativo deve apresentar é formada de
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tese anterior (ideia falsa com que o argumentador a princípio concordaria), pre-
missas (condições para que essa tese seja verdadeira, e normalmente não atendi-
das), argumentos, contra-argumentos (que irão atacar a tese anterior e mostrar sua
invalidez), síntese (súmula do caminho lógico seguido até o momento) e conclu-
são, que encerra a nova tese, verdadeira na opinião do argumentador.
O que Fávero (op. cit) oferece é uma sugestão para bem argumentar. Na
verdade, o critério, aqui, para determinar se um dado texto é ou não argumentativo
é a predominância qualitativa de sequências argumentativas.
Para uma argumentação existir, são precisos três elementos (Charaudeau,
2004): uma ideia sobre o mundo que precise ser legitimada; um sujeito que se
proponha a estabelecer uma verdade lógica acerca dessa ideia; e um sujeito tam-
bém relacionado a essa ideia e a quem o argumentador se dirigirá e buscará con-
vencer da legitimidade de seu modo de pensar e ver.
A argumentação sempre é, ainda que não pareça, impositiva: o falante im-
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to, nunca a tese. Um argumento deve apresentar, para ser eficiente, relevância,
aceitabilidade e suficiência.
Outra característica que a argumentação deve apresentar, segundo Fiorin e
Savioli (1993), é a unidade. Um texto argumentativo deve ser focado num único
objeto de análise, sob pena de tornar-se dispersivo, deixando o leitor/ouvinte sem
saber ao certo sobre o que se está falando e com a impressão de que, no fundo,
não se falou sobre nada. Não se deve confundir, porém, unidade com redundân-
cia. O texto argumentativo pode ter uma variedade de argumentos, desde que essa
variedade se debruce sobre o mesmo ponto, cercando-o e mostrando-lhe todas as
nuances, sempre dentro do mesmo tema central.
No que diz respeito ao ensino,