Gestão Da Sustentabilidade
Gestão Da Sustentabilidade
Gestão Da Sustentabilidade
SUSTENTABILIDADE
AULA 1
CONTEXTUALIZANDO
Saiba mais
Que tal nos aprofundarmos mais sobre essa percepção social e ambiental
da sociedade? O filme Minamata (2020), cuja direção e roteiro é de Andrew
Levitas, mostra o drama envolvendo esse envenenamento por mercúrio e os
fatos envolvendo a cidade de Minamata e os seus moradores.
5
vista que o desenvolvimento causa uma transformação progressiva da economia
e da sociedade. Vamos abordar mais a fundo os desdobramentos desse relatório
a seguir.
7
globalização em âmbito cultural (Sachs, 2009, p. 58). Assim, várias questões
envolvem a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável que é um conceito
em transformação e bastante abrangente.
9
natureza na sua produção de recursos renováveis; limitar o uso dos recursos
não renováveis; e respeitar e realçar a capacidade de autodepuração dos
ecossistemas (Sachs, 2009, p. 86).
De forma prática, espera-se nessa dimensão a “redução do consumo e do
impacto ambiental, a reutilização dos recursos, de modo a estender sua
utilização ao longo da cadeia de consumo, e a reciclagem, que diminui a extração
de novos recursos ambientais” (Oliveira; Cezario; Liboni, 2019, p. 9).
Dias (2015) se refere à economia como agente da produção, da
distribuição e do consumo de bens e serviços, cujo objetivo é atender às
necessidades das pessoas por meio dos recursos (escassos) existentes. A
sustentabilidade econômica se vincula à “administração correta dos recursos
naturais, ao desenvolvimento econômico equilibrado e à inserção soberana na
economia internacional” (Oliveira; Cezario; Liboni, 2019, p. 9).
Sachs (2009) aponta como sendo critérios da sustentabilidade econômica
o desenvolvimento econômico intersetorial equilibrado; a segurança alimentar; a
capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção; razoável
nível de autonomia na pesquisa científica e tecnológica; a inserção soberana na
economia internacional.
Nesse ponto, surgem alguns tópicos importantes como a ecoeficiência, a
necessidade de desenvolvimento e a transferência de tecnologia, de forma que,
mais do que a “manutenção dos resultados econômicos no longo prazo, a
sustentabilidade econômica também lida com questões de inovações que deem
suporte aos avanços necessários” (Oliveira; Cezario; Liboni, 2019, p. 9).
No relatório Nosso Futuro Comum, o conceito de desenvolvimento
sustentável é caracterizado como uma “síntese de três objetivos: crescimento
econômico, equidade social e conservação ambiental. Nenhum desses três
objetivos pode ser alcançado sem avanços simultâneos e inter-relacionados com
os outros dois” (Dias, 2015, p. 34). Vamos abordar essa tridimensionalidade do
desenvolvimento sustentável no próximo tópico.
11
Dias (2015, p. 40) cita alguns exemplos de problemas causados de forma
interligada entre as dimensões ambiental, social e econômica.
12
durante um período de tempo. Apenas uma empresa que produz uma TBL está
levando em conta o custo total envolvido em fazer negócios” (Dias, 2015, p. 42).
Segundo a Comissão da Organização das Nações Unidas (ONU), essa
proposição da tridimensionalidade do desenvolvimento sustentável “significativa
reconhecer, por um lado, a necessidade de mudanças qualitativas nas
concepções tradicionais de crescimento econômico, equidade social e
conservação ambiental, e, por outro lado, estabelecer as diferenças com base
nos três contextos (econômico, social e ambiental) entre os países” (Dias, 2015,
p. 34-35).
O TBL se insere nesse contexto como “a gestão que se define pela
relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela
se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o
desenvolvimento sustentável da sociedade” (Oliveira; Cezario; Liboni, 2019, p.
12). Em uma forma mais ampla, esse modelo de gestão é visto na abordagem
ESG também. Vamos ver ela mais detalhadamente no próximo tópico.
14
Fonte: Global Sustainable Investiment Review, 2020.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
Vídeo
Documentário História das coisas. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=7qFiGMSnNjw>. Acesso em: 11 nov. 2022.
FINALIZANDO
15
afetaram a saúde coletiva foram impulsionadoras para o surgimento de um
movimento ambientalista.
Em meio a isso, discussões políticas e publicações que abordaram essa
temática ambiental emergiram, em destaque Primavera silenciosa (1962) e Os
limites do crescimento (1972), que impulsionaram a discussão sobre as ações
do ser humano no ambiente natural.
Entre essas discussões, em 1987, o termo “desenvolvimento sustentável”
foi cunhado, e com sua popularização traz consigo a junção das três dimensões,
ambiental, social e econômica.
Esse conceito de desenvolvimento sustentável e sua tridimensionalidade
é foco também do ambiente empresarial, que tem buscado cada vez mais se
adequar a esse novo padrão de que a economia, o meio ambiente e a sociedade
caminhem em busca do equilíbrio e do bem-estar.
16
REFERÊNCIAS
MEADOWS, D. H. et al. The limits to growth: a report for the Club of Rome’s
project on the predicament of mankind. New York: Universe Books, 1972.
17
GESTÃO DA
SUSTENTABILIDADE
AULA 2
CONTEXTUALIZANDO
3
definição de novos prazos, à avaliação do progresso e das lacunas, até então,
além da inclusão de novos temas. Vamos citar aqui a Rio+10 e a Rio+20.
A primeira delas, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio+10), foi realizada em 2002 em Johanesburgo, África do Sul. Ela reconheceu
a necessidade de aumentar o desenvolvimento em todos os níveis, integrando
aspectos econômicos, sociais e ambientais, uma vez que a interligação destes,
e o uso e desenvolvimento de tecnologias voltadas a esse fim, é um modo de se
alcançar o desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões
(Malheiros; Coutinho; Philippi Jr., 2012; ONU, 2002; ONU, 2012).
A segunda delas, Rio+20, foi a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável (CNUDS), realizada no Rio de Janeiro em 2012,
20 anos depois da Rio-92. Ali foram privilegiados dois temas: “(a) uma economia
verde no contexto do desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza;
e (b) o quadro institucional para desenvolvimento sustentável” (Dias, 2015, p.
112).
A Rio+20 gerou o documento final “O futuro que queremos”, que foi
dividido em seis capítulos: (1) Nossa visão comum; (2) Renovação dos
compromissos políticos; (3) Economia verde; (4) Estrutura institucional; (5)
Estrutura de ação; e (6) Meios de implementação. Ele reafirmou compromissos
de conferências anteriores. Outro resultado desse evento foi a proposição de um
grupo de trabalho voltado a elaborar os “Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável que teriam como meta o ano de 2030 e passariam a vigorar a partir
de 2015, em substituição aos ODM” (Dias, 2015, p. 112).
O Pacto Global é uma iniciativa lançada em 2000 por Kofi Annan, então
secretário-geral das Nações Unidas. Com base em informações coletadas pelo
Pacto Global – Rede Brasil, trata-se de uma chamada para que empresas
alinhem suas estratégias e operações aos dez princípios universais nas áreas
de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção e desenvolvam
ações que contribuam para o enfrentamento dos desafios da sociedade.
Esses princípios são derivados de documentos como: Declaração
Universal dos Direitos Humanos; Declaração da Organização Internacional do
Trabalho sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho; Declaração do
Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; e Convenção das Nações Unidas
4
Contra a Corrupção. As organizações que integram o Pacto Global se
comprometem a seguir esses dez princípios (Quadro 1) em sua rotina.
5
pelos ODS e Ação para Comunicar e Engajar) e dos programas internacionais.
Essas iniciativas contam com o envolvimento de centenas de empresas, assim
como agências da ONU e agências governamentais.
O Pacto Global constitui importante medida para se alcançar o
desenvolvimento sustentável, e quem o integra assume o compromisso de
contribuir para que se atinjam os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS).
A seguir, vamos discutir alguns dos principais compromissos entre nações
voltados à melhoria da questão ambiental, social e econômica no planeta.
6
Em 1997, a Conferência das Partes em Quioto foi um marco nessa relação
entre economia e ambiente natural e demandou maiores estudos sobre a
temática. Desse encontro resultou o Protocolo de Quioto, que definia a
necessidade de cortes nas emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Essas negociações se intensificaram, e o relatório elaborado pelo Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC – sigla em inglês para
Intergovernmental Panel on Climate Change) e publicado em 2007 confirmava
cientificamente
7
reconhecendo que isso reduziria significativamente os riscos e impactos
da mudança climática;
• aumentar a habilidade para adaptação aos impactos adversos das
mudanças climáticas e estimular a resiliência climática e o
desenvolvimento com baixas emissões de GEEs, de maneira que não
ameace a produção de alimentos;
• tornar os fluxos monetários consistentes com um caminho direcionado à
redução das emissões de GEEs e ao desenvolvimento resiliente do ponto
de vista climático (Souza; Corazza, 2017, p. 70).
8
problemas da sociedade. Nessa ocasião, 189 nações firmaram o compromisso
que se denominou Oito Objetivos do Milênio, com metas a serem atingidas até
2015. Em 2010, tais objetivos foram renovados, com expectativa de progresso
no cumprimento do que foi estabelecido a partir da participação social e da
definição de atividades práticas (Oliveira; Cezarino; Liboni, 2019; Dias, 2015). A
representação gráfica dos oito objetivos é apresentada na Figura 1.
10
• Objetivo 8 (estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento):
políticas públicas foram implementadas no sentido de aumentar a inclusão
social, realizando esforços para a eficiência da gestão municipal.
11
sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e
trabalho decente para todos. Objetivo 9 – Construir infraestruturas
resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e
fomentar a inovação. Objetivo 10 – Reduzir a desigualdade dentro dos
países e entre eles. Objetivo 11 – Tornar as cidades e os
assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e
sustentáveis. Objetivo 12 – Assegurar padrões de produção e de
consumo sustentáveis. Objetivo 13 – Tomar medidas urgentes para
combater a mudança do clima e seus impactos. Objetivo 14 –
Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos
recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. Objetivo 15 –
Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas
terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a
desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda
de biodiversidade. Objetivo 16 – Promover sociedades pacíficas e
inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso
à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e
inclusivas em todos os níveis. Objetivo 17 – Fortalecer os meios de
implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento
sustentável. (Oliveira; Cezarino; Liboni, 2019, p. 16-17, com base em
Nações Unidas Brasil, [S.d.]).
Saiba mais
O canal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no
YouTube criou uma sequência de 17 vídeos abordando sobre cada um dos ODS.
Essa é uma boa oportunidade de conhecê-los melhor. O material está disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=Fev2MHAa-
qo&list=PLAvMMJyHZEaFnbAHb_0limdkGL5Z_HBIi&index=1&t=0s>. Acesso
em: 17 nov. 2022.
TROCANDO IDEIAS
A partir dos dez princípios que norteiam o Pacto Global, podemos pensar
algumas medidas efetivas para que as empresas avancem nessas metas. Que
tal criarmos uma tabela de práticas a impulsionar esse pacto?
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
13
em relação ao futuro. A Agenda 21 foi uma forma de as nações e municípios
pensarem como a sustentabilidade melhor se encaixava em cada território.
Ao longo do tempo, essas metas e compromissos se renovaram, e alguns
problemas se intensificaram. O desenvolvimento econômico demandou medidas
a serem aplicadas nas corporações para um diálogo diferenciado com a
realidade empresarial. O agravamento das questões climáticas levou a medidas
mais específicas para diminuição dos GEEs. Assim, o diálogo e a cooperação
se tornaram peças-chaves nesse processo.
Atualmente, os ODS, fruto das primeiras metas e discussões presentes
nos ODM, são uma grande referência na busca pela sustentabilidade global. Sua
efetivação com a sociedade é um processo central que implica a parceria entre
todos os atores envolvidos.
14
REFERÊNCIAS
15
ODM BRASIL. O Brasil e os ODM. [S.d.]. Disponível em:
<http://www.odmbrasil.gov.br/o-brasil-e-os-odm# >. Acesso em: 22 nov. 2022.
16
GESTÃO DA
SUSTENTABILIDADE
AULA 3
CONTEXTUALIZANDO
• O zoneamento ambiental.
3
• A avaliação de impactos ambientais em atividades de degradação
ambiental.
• O licenciamento e a revisão de atividades poluidoras.
• O incentivo à produção e instalação de equipamentos e a criação de
tecnologias voltadas a qualidade ambiental.
• A criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelos poderes
públicos.
• A criação do Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente.
• A criação do cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de
defesa ambiental.
4
indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e
respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa
degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas
patrimônio nacional. [...]
V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou
restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em
caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação
em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito
VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de
controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e
embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes;
VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à
manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional
dos recursos ambientais, principalmente os hídricos. (Brasil, 1981)
5
internacional? Tratado internacional é um acordo por escrito, feito entre
estados (no sentido de país soberano) ou Organizações Internacionais,
entes capazes de assumir direitos e obrigações, sob a regência do
Direito Internacional. (Barsano; Barbosa; Ibrahin, 2016, p. 34)
6
nacional sueca foram levadas, em conjunto com a Agência de Proteção
Ambiental americana, à Conferência de Estocolmo em 1972” (Philippi Jr. et al.,
2014, p. 22), além da criação do Ministério do Meio Ambiente em 1986 e da
promulgação de seu código ambiental, em 1999, que integrava 15 legislações
que tratavam questões centrais.
A França desenvolveu em 1964 a estratégia da gestão ambiental por
bacias hidrográficas como unidade territorial e criou a agência financeiras de
bacia, que objetivava
7
TEMA 3 – A LEI DE CRIMES AMBIENTAIS E SUA RELAÇÃO COM A
ECONOMIA
8
a ação do devido processo legal, seguido pelos crimes contra o meio ambiente
especificamente. O capítulo 6 trata das infrações administrativas relacionadas
ao meio ambiente; o 7, das cooperações internacionais e suas contribuições para
a conservação do meio ambiente. Já o capítulo 8 finaliza com as disposições
finais aplicáveis em toda a lei.
Estão descritos na lei os crimes contra flora, fauna, os de poluição e outros
crimes ambientais, os crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio
cultural e os crimes contra a administração ambiental, além de penas, que
deverão ser aplicadas em cada sessão de crime cometido.
Para a “imposição e gradação” da penalidade, a autoridade competente
deverá observar três pontos: a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da
infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; os
antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse
ambiental; a situação econômica do infrator, no caso de multa (Barsano;
Barbosa; Ibrahin, 2016).
Quando abordamos as questões econômicas envolvidas, a
implementação de empreendimentos, por exemplo, pode ocorrer uma série de
impactos a saúde pública, trazendo danos à vida da população, danos sociais e
econômicos aos municípios e às regiões, que em muitos casos dependem do
recurso natural e paisagístico do ecossistema preservado e de qualidade, como
nas situações em que se agrega valor comercial a esses espaços, como o
turismo, a pesca, os rios navegáveis, as áreas de plantio, as reservas ecológicas,
entre outros (Barsano; Barbosa; Ibrahin, 2016).
Dessa forma, “a avaliação de impacto ambiental é um procedimento
importante para a implantação de atividades que possam trazer riscos ao meio
ambiente, incluindo não somente a fauna, flora e meio físico, como também o
meio antrópico” (Jendiroba; Oliveira, 2019, p. 78). Vamos abordar mais
detalhadamente a importância dos estudos ambientais e o seu Relatório de
Impacto Ambiental (RIMA) no próximo tópico.
10
dimensões do desenvolvimento sustentável: ambiental, social e econômico
(Barsano; Barbosa; Ibrahin, 2016). Dessa forma,
11
acordados nas licenças anteriores. (Barsano; Barbosa; Ibrahin,
2016, p. 54)
12
Assim, as questões ambientais e a necessidade de estudos que
garantissem a sustentabilidade adentraram empresas e empreendimentos
mostrando a capacidade de criar valor para clientes, acionistas e demais partes
interessadas com base na incorporação da dimensão socioambiental na gestão
(boa parte por influência da globalização) (Vilela Jr.; Demajorovic, 2020).
Consumidores passam a exigir produtos e serviços de empresas
socialmente responsáveis, governos estabelecem políticas e regulamentações
mais restritivas, investidores estimam riscos ambientais e sociais em seus
investimentos, e toda essa mudança de pensamento amplia e difunde a
preocupação pública e governamental sobre questões como mudança climática,
poluição industrial, segurança alimentar, degradação dos recursos naturais,
direitos humanos, entre várias outras (Vilela Jr.; Demajorovic, 2020).
Essa maior preocupação faz com que as empresas e organizações
sociais sejam inseridas diretamente na questão do desenvolvimento como atores
sociais e protagonistas ao lidar com novos desafios. Se antes a geração de renda
e riqueza era objetivo das empresas e a atuação social era puramente uma ação
individual e até mesmo altruísta, nesse novo contexto essas questões se
misturam e se colocam de forma que
TROCANDO IDEIAS
13
disponível em <https://www.iat.pr.gov.br/busca?termo=RIMA>, você encontra
alguns Rimas protocolados no estado do Paraná. Você pode trocar essa
experiência sobre potenciais e fragilidades do Rima que você estudou.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
14
ambiente é que se estabeleceu o Avaliação de Impacto Ambiental, que, com
base no EIA e no Rima, possibilita a compensação e a mitigação de potenciais
danos.
Esses estudos são de grande importância para as organizações, de forma
a induzir a organização política, econômica, empresarial e da sociedade a
discutir esses impactos.
15
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.
Participação social
CONTEXTUALIZANDO
2
mercados de promover mudanças políticas e sociais” (Cajazeira; Barbieri, 2016,
p. 107).
Assim, para nossa atuação em um mundo globalizado, se faz necessário
o desenvolvimento de uma ética universal. Essa ética universal foi tema do
relatório Nossa diversidade criadora (Cuéllar, 1997), publicado pela Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). As
principais ideias norteadoras dessa nova ética universal são: “(1) direitos
humanos; (2) fortalecimento da democracia e dos componentes da sociedade
civil; (3) proteção das minorias; (4) compromisso com as soluções pacíficas das
controvérsias e negociações equitativas; (5) equidade em cada geração e entre
gerações” (Cajazeira; Barbieri, 2016, p. 108).
3
Um autor clássico que aborda o conceito de capital social é Pierre
Bourdieu, o qual defende que “[...] a abordagem do capital social concentra-se
em redes, e especificamente sobre a adesão a rede em termos de acesso a
recursos e oportunidades” (Salles; Fernandes; Limont, 2017, p. 402). Para
Meadows (1998), “capital social é um estoque de atributos (confiança,
conhecimento, eficiência, honestidade) que pertence à coletividade humana, e
não a um único indivíduo” (Salles; Fernandes; Limont, 2017, p. 402). Assim,
4
sociais que aumentam ou constroem o capital social” (Moraes; Penedo,
2019, p. 90). E o sucesso desses grupos é mensurado pela capacidade
deles de “[...] divulgar informações, reduzir o comportamento oportunista
e facilitar a tomada de decisão coletiva, porém isso depende de muitos
aspectos desses grupos, que refletem sua estrutura, composição e
funcionamento” (Moraes; Penedo, 2019, p. 90).
• Confiança e solidariedade: isso se trata da influência no pensamento e na
atitude das pessoas, quando da interação entre elas. “Quando os
indivíduos em comunidade confiam uns nos outros e nas instituições que
operam entre eles, pode-se chegar a acordos e regras de conduta com
mais facilidade” (Moraes; Penedo, 2019, p. 90).
• Ação coletiva e cooperação: a ação coletiva difere, entre as comunidades.
As comunidades organizadas podem ter a sua ação coletiva voltada à
construção e manutenção de uma infraestrutura de serviços públicos; ou,
em outros casos, estar voltada para garantir uma melhor governança e
divisão de responsabilidades (Moraes; Penedo, 2019, p. 90).
• Coesão e inclusão social: essa dimensão está voltada para a disposição
e a capacidade das pessoas de trabalharem juntas em prol de atender a
uma necessidade coletiva, considerando os seus diversos interesses. “A
inclusão promove a igualdade de oportunidades e remove os obstáculos
formais e informais de participação” (Moraes; Penedo, 2019, p. 90).
• Informação e comunicação: é a essência das interações sociais. A
informação pode fluir de cima para baixo, por operação do campo da
política; ou de baixo para cima, na esfera local. Além disso, o fluxo de
informações horizontais reforça a capacidade de articulação e de troca de
ideias, o que leva a um diálogo aberto, que por sua vez favorece a
maturação de um senso de comunidade. Em contrapartida, a falta de
informação leva a desconfianças. “Uma melhor divulgação das
informações de interesse comum pode quebrar a influência do capital
social negativo, bem como construir confiança e coesão” (Moraes;
Penedo, p. 91).
6
TEMA 2 – A RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA (RSC)
7
funcionários, suas famílias, a comunidade local e a sociedade em geral
para melhorar sua qualidade de vida”.
f. Já a RSE seria a “[...] integração voluntária das empresas de
preocupações sociais e ambientais nas suas operações comerciais e nas
suas relações com os seus parceiros”.
Carroll (1979, p. 500, citado por Cajazeira; Barbieri, 2016, p. 43) definiu RSE
como “[...] a responsabilidade social das empresas compreende as expectativas
econômicas, legais, éticas e discricionárias que a sociedade tem em relação às
organizações em dado período”. Essa definição é uma das mais citadas sobre a
temática; e “o modelo conceitual que ele desenvolveu tornou-se a base de muitos
programas e modelos de gestão da responsabilidade social” (Cajazeira; Barbieri,
2016, p. 43).
Nessa pirâmide, na sua ponta encontra-se a responsabilidade filantrópica,
que fala sobre se ser um bom cidadão corporativo, que contribui com recursos
para a sociedade melhorar a sua qualidade de vida; com a responsabilidade ética
8
se avança na obrigação de se fazer o correto, o justo e evitar qualquer dano; a
responsabilidade legal versa sobre a lei ser a codificação do comportamento da
sociedade – em outras palavras, trata-se de jogar com as regras do jogo; e a
responsabilidade econômica, nessa abordagem da RSC, é a base para as
demais terem efeito (Avendaño C., 2013, p. 157).
Respon-
sabilidade
filantrópica
(empresa
cidadã)
Responsabilidades
éticas
(Fazer o certo e evitar
danos)
Responsabilidades legais
(Obedecer às leis)
Responsabilidades econômicas
(A empresa deve ser lucrativa)
9
A responsabilidade legal é acionada pelo fato de que a sociedade permite
que as empresas possuam um papel produtivo como “parte da efetivação de um
contrato social” (Cajazeira; Barbieri, 2016, p. 44) ao qual são impostas regras e
leis a que as empresas devem obediência para cumprir a sua missão econômica
de acordo com uma estrutura legal.
A responsabilidade ética cobre aspectos que as leis e a economia não
englobam, mas que “[...] representam expectativas dos membros da sociedade”
(Cajazeira; Barbieri, 2016, p. 44), partindo da obrigação de se fazer o que é certo
e justo mesmo quando a lei não o obriga, com o objetivo de minimizar ou mesmo
extinguir o cometimento de danos, às pessoas, por conta das atividades
empresariais.
E, por fim, a responsabilidade discricionária ou volitiva, que mais tarde foi
chamada de filantrópica, é considerada:
10
Figura 2 – O modelo dos três domínios da RSC
Legal/Ético
Exclusivamente Exclusivamente
Ético Legal
Econômico/
Legal/Ético
Econômico/ Legal/
Ético Econômico
Exclusivamente
econômico
1. exclusivamente ético;
2. exclusivamente legal;
3. exclusivamente econômico;
4. ético-legal;
5. ético-econômico;
6. econômico-legal;
7. ético-econômico-legal.
11
Individualmente, o campo econômico volta-se às atividades econômicas
de impacto positivo, direto ou indireto, com o objetivo de maximizar lucros ou
valor de ações das empresas, tais como “[...] atividades para incrementar as
vendas ou para evitar litígios são exemplos de impactos econômicos direto;
ações para melhorar a imagem da empresa ou para elevar a motivação dos
empregados são exemplos de impactos indiretos” (Cajazeira; Barbieri, 2016, p.
47).
O campo da responsabilidade legal, por sua vez, “[...] refere-se às
respostas dadas pela empresa com relação às normas e aos princípios legais,
podendo ser vistas sob três grandes categorias: conformidade legal, medidas
para evitar litígios e medidas antecipatórias às leis” (Cajazeira; Barbieri, 2016, p.
47).
O domínio ético é a “[...] responsabilidade da empresa diante das
expectativas da população em geral e dos stakeholders relacionados,
envolvendo imperativos éticos e globais” (Cajazeira; Barbieri, 2016, p. 47).
Nesse domínio, a responsabilidade social é apresentada em forma de
obediência a três padrões éticos gerais. O primeiro é o que se denomina, na
filosofia moral, relativismo ético, que compreende
13
legitimidade [das políticas de RSC] é ameaçada quando os indivíduos não
acreditam nas políticas pela ausência de oportunidades de ascensão e de
reconhecimento” (Akamine, 2021, p. 576). Assim,
14
E um importante instrumento nessa missão é a governança corporativa,
tema que vamos abordar em outro momento.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
15
REFERÊNCIAS
16
MORAES, P. R. B.; PENEDO, A. S. T. Sustentabilidade e empreendedorismo.
In: OLIVEIRA, S. V. W. B.; LEONETI, A.; CEZARINO, L. O. (Org.).
Sustentabilidade: princípios e estratégias. Barueri: Editora Manole, 2019.
17
GESTÃO DA
SUSTENTABILIDADE
AULA 5
CONTEXTUALIZANDO
2
Em termos gerais, governança refere-se às relações de poder dentro de
uma organização, o modo como diferentes agentes resolvem conflitos relativos
à sua direção. A palavra “governança” foi empregada pelo Banco Mundial em
relação aos governos dos países e sua capacidade de promover ajustes
macroeconômicos que dependiam de reformas dos Estados. A governança,
seria, dessa forma, a capacidade do governo de exercer a sua autoridade para
a consecução dos objetivos de política econômica (Cajazeira; Barbieri, 2016, p.
168).
A governança é, ainda, um importante tema da responsabilidade social, e
se aplica a organizações de todo porte e todo o tipo. Uma definição simplificada
seria: “sistema pelo qual uma organização toma decisões e as implementa na
busca de seus objetivos. Ou seja, é algo essencial a qualquer organização
independentemente de tamanho, natureza jurídica e setor de atividade”
(Cajazeira; Barbieri, 2016, p. 168).
Quando aplicada ao ambiente de negócios, a governança se aplica de
modo específico às sociedades anônimas, com o objetivo de ampliar a
segurança aos investidores, além de facilitar o acesso ao capital e reduzir os
custos dessa captação. Fundamenta-se principalmente na teoria do acionista e
na teoria da agência (Cajazeira; Barbieri, 2016).
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) aponta que “a
boa governança deve tornar a gestão essencialmente livre de abusos, de
corrupção e decisões temerárias por parte dos dirigentes dessas sociedades,
com o objetivo de assegurar os interesses de todos os acionistas”. Dessa forma,
a boa governança se alicerça nos seguintes princípios:
3
• responsabilidade corporativa – os agentes de governança devem zelar
pela sustentabilidade da organização, visando à longevidade,
incorporando considerações de ordem social e ambiental na definição de
negócios e operações (Cajazeira; Barbieri, 2016, p. 168-169).
4
O mercado de capitais aponta que é “vantajoso atuar com
responsabilidade social alinhada ao desenvolvimento sustentável”.
Prevenção; detecção;
Conformidade Cumprir normas e regras (internas e externas)
remediação
Fonte: elaborado com base em Brandão; Fontes Filho; Muritiba, 2017, p. 31.
6
A reflexão sobre a identidade da organização [suportada na prática
constante da deliberação ética] é fundamental para se desenhar o
sistema de governança da organização, incluindo a elaboração [e
divulgação/disseminação] de um código de conduta sobre o qual se
desenvolve o sistema de conformidade (compliance) (IBCG, 2015, p.
17, citado por Brandão; Fontes Filho; Muritiba, 2017, p. 27)
TEMA 3 – COMPLIANCE
7
legais; ordens, regras e diretrizes de órgãos reguladores; julgados em
cortes administrativas e judiciais; tratados, convenções e protocolos;
acordos com grupos comunitários; princípios e códigos voluntários;
obrigações contratuais com outras organizações; padrões sociais.
(Cajazeira; Barbieri, 2016, p. 176)
8
uma área, composta por processos, atividades e procedimentos realizados por
pessoas com suporte de recursos de informática” (Brandão; Fontes Filho;
Muritiba, 2017, p. 111).
Assim, graças à combinação de diversos fatores, entre eles, maturidade,
setor de atuação, nível de regulação, intensidade da concorrência, poder de
barganha de fornecedores e clientes, existência de tecnologias disruptivas,
estratégia corporativa e objetivos de negócios, cultura organizacional, qualidade
dos colaboradores, entre outros, “pode haver tipos de riscos que mereçam mais
dedicação do que aqueles ligados à não conformidade e à integridade. Cada
organização possui perfil de riscos único, com suas próprias características e
particularidades” (Brandão; Fontes Filho; Muritiba, 2017, p. 112).
9
XI – medidas disciplinares em caso de violação do programa de
integridade;
XII – procedimentos que assegurem a pronta interrupção de
irregularidades ou infrações detectadas e a tempestiva remediação dos
danos gerados;
XIII – diligências apropriadas para contratação e, conforme o caso,
supervisão, de terceiros, tais como fornecedores, prestadores de
serviço, agentes intermediários e associados;
XIV – verificação, durante os processos de fusões, aquisições e
reestruturações societárias, do cometimento de irregularidades ou
ilícitos ou da existência de vulnerabilidades nas pessoas jurídicas
envolvidas;
XV – monitoramento contínuo do programa de integridade visando seu
aperfeiçoamento na prevenção, detecção e combate à ocorrência dos
atos lesivos previstos no art. 5.º da Lei n. 12.846, de 2013 ; e
XVI – transparência da pessoa jurídica quanto a doações para
candidatos e partidos políticos.
§ 1.º Na avaliação dos parâmetros de que trata este artigo, serão
considerados o porte e especificidades da pessoa jurídica, tais como:
I – a quantidade de funcionários, empregados e colaboradores;
II – a complexidade da hierarquia interna e a quantidade de
departamentos, diretorias ou setores;
III – a utilização de agentes intermediários como consultores ou
representantes comerciais;
IV – o setor do mercado em que atua;
V – os países em que atua, direta ou indiretamente;
VI – o grau de interação com o setor público e a importância de
autorizações, licenças e permissões governamentais em suas
operações;
VII – a quantidade e a localização das pessoas jurídicas que integram
o grupo econômico; e
VIII – o fato de ser qualificada como microempresa ou empresa de
pequeno porte.
§ 2.º A efetividade do programa de integridade em relação ao ato lesivo
objeto de apuração será considerada para fins da avaliação de que
trata o caput.
§ 3.º Na avaliação de microempresas e empresas de pequeno porte,
serão reduzidas as formalidades dos parâmetros previstos neste
artigo, não se exigindo, especificamente, os incisos III, V, IX, X, XIII,
XIV e XV do caput.
§ 4.º Caberá ao Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da
União expedir orientações, normas e procedimentos complementares
referentes à avaliação do programa de integridade de que trata este
Capítulo.
§ 5.º A redução dos parâmetros de avaliação para as microempresas
e empresas de pequeno porte de que trata o § 3.º poderá ser objeto de
regulamentação por ato conjunto do Ministro de Estado Chefe da
Secretaria da Micro e Pequena Empresa e do Ministro de Estado Chefe
da Controladoria-Geral da União.
10
integridade, auditoria, Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e
Suspensas (Ceis), Cadastro Nacional de Empresas Punidas (CNEP),
Ministério da Justiça e Segurança Pública, Advocacia-Geral da União
(AGU).
11
[Modelo de Negócios é] uma ferramenta conceitual que contém um
conjunto de elementos e seus relacionamentos e permite expressar a
lógica de ganhar dinheiro de uma empresa. É uma descrição do calor
que uma empresa oferece a um ou vários segmentos de clientes e a
arquitetura da empresa e sua rede de parceiros para criação,
comercialização e entrega deste valor e capital de relacionamento, a
fim de gerar fontes de receitas lucrativas e sustentáveis (Osterwalder,
2004, p. 15, citado por Batista; Costa, 2022)
12
Saiba mais
O site Strategyzer disponibiliza um esquema de modelo de negócios
Canvas que pode ser usado como modelo. Disponível em: <https://www.
strategyzer.com/canvas>. Acesso em: 24 nov. 2022.
No site do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –
Sebrae há um esquema didático para o preenchimento do Canva. Disponível
em: <https://www.sebraepr.com.br/canvas-como-estruturar-seu-modelo-de-neg
ocios/>. Acesso em: 24 nov. 2022.
Vale a pena conhecer esses dois portais e se aprofundar mais sobre esse
tema.
13
aplicação dinâmica entre diferentes conceitos de marketing e políticas de
preços;
• assinaturas – nesse sistema, o usuário paga para ter acesso a
determinado serviço e pode atingir tanto segmentos de produtos quanto
de serviços e os modelos; a Netflix e a HBOMax são exemplos;
• B2B Business to Business – traduzido como “empresa para empresa”,
esse modelo vende serviços ou produtos diretamente para outras
empresas, que vão desde softwares até a matérias-primas ou mesmo
terceirização de áreas dentro da empresa; a Ebanx e a Ambev são
exemplos;
• cauda longa – acontece quando se vende uma grande variedade de
produtos de nicho, que quando considerado individualmente vende pouco,
mas que de forma conjunta consegue alcançar altos valores em vendas,
por exemplo, iTunes e My Space.
TROCANDO IDEIAS
14
NA PRÁTICA
Saiba mais
TOYOTA. Compliance. Disponível em: <https://www.toyota.com.br/
compliance/>. Acesso em: 24 nov. 2022.
FINALIZANDO
15
REFERÊNCIAS
16
GESTÃO DA
SUSTENTABILIDADE
AULA 6
CONTEXTUALIZANDO
3
requisitos obrigatórios, por exemplo, os procedimentos contábeis de um sistema
de gestão financeiro das organizações (Mello, 2012, p. 2).
Muitas são as ferramentas disponíveis para a organização implementar
seu sistema de gestão. A primeira delas geralmente é a metodologia 5 S,
4
A ferramenta do PDCA é um ciclo, e assim sendo, deve “rodar”
continuamente. Para isso, todas as fases devem acontecer para que o processo
não sofra prejuízos, uma vez que “a supressão de uma fase causa prejuízos ao
processo global” (Moraes, 2015, p. 16).
O brainstorming é outra ferramenta de gestão. Trata-se de “uma técnica
de ideias em grupo que envolve a contribuição espontânea de todos os
participantes”, gerando um grande número de ideias em um curto período de
tempo (Moraes, 2015, p. 17). É uma ferramenta importante e pode ser usada em
várias etapas do sistema de gestão, como no planejamento (plan), para a
discussão do plano de ação, ou no agir (act), por meio das não conformidades
que podem ser apontadas pela auditoria na etapa de checar (check) (Moraes,
2015). Isso “pode ser aplicado em qualquer etapa do processo de solução de
problemas, sendo fundamental na identificação e na seleção das questões a
serem tratadas e na geração de possíveis soluções. Mostra-se muito útil quando
se deseja a participação de todo o grupo” (Moraes, 2015, p. 17).
Outra ferramenta é o diagrama de causa e efeito, também conhecido
como diagrama espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa. É uma técnica de
gestão que “mostra a relação entre um efeito e as possíveis causas que podem
estar contribuindo para que ele ocorra” (Moraes, 2015, p. 18).
Essa é uma ferramenta utilizada para apresentar a relação existente entre
um resultado de um processo (efeito) e os fatores (causas) do processo que, por
razões técnicas, possam afetar o resultado considerado (Moraes, 2015, p. 18).
É bastante utilizada principalmente na etapa de “checar.
A construção do diagrama se baseia no estabelecimento do problema
(efeito) a ser analisado. Então, desenha-se uma “seta horizontal apontando para
a direita e […] [escreve-se] o problema no interior de um retângulo localizado na
ponta da seta”, para então agrupar as causas em categorias (Moraes, 2015, p.
18). Uma forma muita utilizada de agrupamento é o 6M:
5
O fluxograma (flowchart) é outra ferramenta de gestão bastante útil na
visualização das etapas de um processo. Sua finalidade é “representar
processos ou fluxos de materiais e operações, representa algo essencialmente
dinâmico, e deve ter forma clara para que fique fácil identificar as ações que
devem ser executadas” (Moraes, 2015, p. 19).
Esse método faz o uso de símbolos que representam diferentes tipos de
ações, atividades e situações, de modo a possibilitar a visualização do processo
como um todo. Desse modo, é possível “visualizar quais operações são
realizadas, onde e quem realiza as operações, quais as entradas e saídas e
como fluem as informações, quais os recursos gastos no processo, qual o
volume de trabalho, qual o tempo de execução, se parcial ou total” (Oliveira,
2005, citado por Moraes, 2015, p. 18).
Finalmente, o Quadro 4Q1POC ou 5W2H é uma ferramenta utilizada para
planejar a implementação de determinada solução. Sua elaboração parte das
respostas das seguintes questões:
6
acionistas, fornecedores, comunidades locais, ou seja, para a sociedade em
geral” (Mello, 2012, p. 11).
7
combinação destas que lhe conferem a capacidade de satisfazer as
necessidades explícitas e implícitas dos clientes e das demais partes.
8
de decisão; benefícios mútuos nas relações com os fornecedores (Mello, 2012).
A seguir, vamos conhecer a descrição resumida de cada um.
• Foco no cliente, não que o cliente tenha sempre razão, mas uma vez
tendo prometido algo a qualquer cliente ele não somente exigirá o que
foi prometido como, aí sim, terá sempre razão em exigir o que
prometeram a ele.
•Liderança, exercer convencimento. Fazer com que todos na
organização participem do esforço pela qualidade sem imposições.
• Engajamento de pessoas deve ser total. As pessoas devem ser
levadas a acreditar que a política pela qualidade total trará benefícios
para todos dentro da organização.
• Abordagem baseada em processos, a primeira preocupação. Se a
organização não tiver seus processos mapeados, melhorados,
modelados e corretamente implantados, será muito difícil gerenciá-los
e impossível de serem certificados em qualquer norma.
• Melhoria contínua, pois tudo pode e deve melhorar sempre.
• Tomada de decisão baseada em evidências, para que não ocorram
erros e suas graves consequências nas tomadas de decisões.
• Gestão de relacionamento, pois nada se pode fazer sozinho, nem
mesmo em empresas extremamente pequenas, pois, afinal, na nova
economia não é a quantidade de funcionários que determina se a
empresa é grande ou pequena. (Cruz, 2019)
9
O SGI teve seu início na década de 1980, quando se atentou para o fato
de que as “crescentes exigências do mercado, os aspectos custo e qualidade,
aliados a uma maior consciência ecológica, geraram um novo conceito de
qualidade, holística e orientada, também, para a qualidade de vida”. Nesse
contexto, as organizações se inseriram no seu planejamento estratégico,
questões ecológicas e sociais (Moraes, 2015, p. 88).
Quanto às vantagens do SGI, podemos citar: redução de custos,
simplificação e redução de documentação, melhoria da gestão de processos,
maior comprometimento da alta direção, além de atendimento estruturado e
sistematizado à legislação ambiental e às legislações aplicadas à segurança e
saúde do trabalho (Moraes, 2015, p. 89). Além destas,
10
TEMA 4 – COMUNICAÇÃO DAS PARTES INTERESSADAS
11
no longo prazo e criar alternativas que contribuam para um desenvolvimento
sustentável” por meio de:
A Global Reporting Initiative (GRI) é uma iniciativa voluntária que teve sua
origem ligada ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
É uma ampla rede independente distribuída em mais de 30 países e com sede
em Amsterdã, Holanda.
No Brasil, há a parceria entre a GRI, a UniEthos e o Núcleo de Estudos
em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas. Ainda, “o Centro de Estudos
em Sustentabilidade – GVCES nasceu em 2003 da necessidade premente de
empresas em entender, medir e avaliar riscos e oportunidades associados a
áreas de impacto aparentemente não financeiras, como meio ambiente,
responsabilidade social e governança corporativa” (Moraes, 2015, p. 103).
12
Sua missão é apoiar a “implementação do desenvolvimento sustentável
em suas várias dimensões (equidade, justiça social, equilíbrio ecológico e
eficiência econômica), através do estudo e da disseminação de conceitos e
práticas”. A GRI, além de desenvolver, também atualiza um “conjunto formado
por estrutura, diretrizes e protocolos técnicos para a elaboração dos relatórios
de sustentabilidade”, sendo a responsável por desenvolver a “Estrutura de
Relatórios de Sustentabilidade” (Moraes, 2015, p. 104).
O Relatório de Sustentabilidade se trata de um demonstrativo com
publicação anual pelas empresas que aborda um “conjunto de informações
sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados,
investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade” (Moraes, 2015,
p. 104).
Esse relatório deve ser resultado de um processo participativo que inclua
e envolva a comunidade interna e externa, além de dar transparência às
atividades das empresas. A principal função do GRI é “tornar pública a
responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos entre a
empresa, a sociedade e o meio ambiente” (Moraes, 2015, p. 104).
O processo de relato do relatório é voluntário e as organizações têm
liberdade para elaborar seu modelo e relatório de sustentabilidade. Porém, os
modelos de relatório com maior credibilidade em caráter internacional são os
modelos de sustentabilidade divulgados pela “Global Reporting Initiative (GRI) e
no nível nacional são os relatórios divulgados pelo Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)” (Moraes, 2015, p.
104).
Para entendermos do que se trata o GRI, desenvolveu-se aqui uma
“Estrutura de Relatórios de Sustentabilidade e as Diretrizes para a Elaboração
de Relatório de Sustentabilidade, documentos que formam a base para a
elaboração do relatório” (Moraes, 2015, p. 104). Essas diretrizes estão
estruturadas em duas partes:
13
Dessa forma, os relatórios são ferramentas para a promoção dos objetivos
sustentáveis de uma empresa, que atuam “como um instrumento pelo qual a
organização mede, comunica e desenvolve seus valores, processos e metas”. O
Brasil está localizado em terceiro lugar no mundo em número de empresas que
publicam relatórios de sustentabilidade, e em 2010, aproximadamente 160
relatórios brasileiros com base na estrutura da GRI foram registrados na Lista de
Relatórios da GRI (Moraes, 2015, p. 105).
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
Saiba mais
FINALIZANDO
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O aperfeiçoamento contínuo das organizações é benéfico não apenas
para as empresas, especificamente na forma de acionistas e fornecedores, mas
também traz benefícios para clientes, funcionais e a sociedade em geral.
As ISOs, nesse processo, são um apoio, por meio da certificação de
normas que auxiliam nessa gestão. Impulsionadas pela globalização, normas e
padrões mundiais facilitam o diálogo com o mundo e são uma importante
ferramenta, claro que sem esquecer as especificidades locais de cada região.
Assim, podemos desenvolver os avanços de gestão, os avanços tecnológicos e
a disseminação de conhecimentos, bem como a comunicação de resultados.
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REFERÊNCIAS
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