04 Ética
04 Ética
04 Ética
São estes quatro pressupostos (Liberdade, Conhecimento, Acto Humano e a Responsabilidade) que
devem estar intrinsecamente enraizados no profissional que faz da ciência psicológica o seu modus
vivendi. Abre-se assim, um desafio à psicologia, como ciência que estuda e interpreta o
comportamento humano, sujeito, ele mesmo, à complexidade de continuas e profundas
transformações porque o mundo vive em constantes mudanças. A cada dia, torna-se mais
complicado e difícil acompanhá-las devido à velocidade dos acontecimentos e à impossibilidade de
se ter uma ideia das significações que estas mudanças representam.
Sendo o Homem um ser de relação, sujeito a continuas mudanças na sua labuta diária para ocupar, a
cada dia, o espaço que lhe compete no mundo, e ao mesmo tempo, sendo o Homem o sujeito e o
objecto de estudo da psicologia, um código de Ética na Ciência psicológica é fundamental para que
exista uma uniformização dos actos éticos na prática profissional do psicólogo.
Dentro desta dimensão, o Código de Ética será a condensação das reflexões constantes do ser
humano, como sujeito de mudanças, e por outro lado, a cristalização de normas e condutas
comportamentais do agir psicológico.
Estas 2 vertentes, retratam uma antiga preocupação humana, dividido entre o ideal que deveria gerar
ideias ou comportamentos consequentes da realidade e a própria realidade em si, que tem que ser
controlada, delimitada, seguida, para que o ideal não se perca. Èthos, segundo Aristóteles, expressa
um-modo-ser, uma atitude psíquica, aquilo que o homem traz dentro se si na sua relação consigo
mesmo, com o outro e com o mundo.
“Ser ético, é muito mais que um problema de costumes, de normas praticas. Supõe uma boa conduta
das acções, a felicidade pela acção realizada e a alegria da auto-aprovação diante do bem feito “
(Aristóteles).
Neste sentido, o Código deve reflectir princípios gerais, pressupostos básicos que garantam ao agir
do profissional, estes elementos de gratificação, quando este agir corresponde ao ideal ético
reflectido pelo Código.
É esta Ética filosófica que apela para uma reflexão, para uma compreensão das singularidades, é ela
que faz um apelo à criatividade humana, à liberdade e à espontaneidade.
É a Ética, que faz o profissional ver o seu cliente/paciente como pessoa, um ser de relação com o
mundo, um ser singular à procura de uma compreensão que lhe é pertinente e procura nos
profissionais de psicologia uma direcção para o auto conhecimento, uma ajuda, uma orientação.
WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 1
ETICA
Será esta visão que o faz transcender do indivíduo para o grupo, do momento para a história, de
soluções precárias para procuras globais.
O Código de Ética tem que ser fiel a esta dimensão, pois é esta dimensão da Ética do Homem, da
pessoa e não do psicólogo. O Código é uma Ética para o homem que trabalha na ciência psicológica.
O Código falhará se fizer uma ética para o psicólogo esquecendo-se da ética do homem.
É esta ética que faz do psicólogo um profissional enraizado socialmente no mundo visto que
uma profissão é forte quando a sociedade reconhece a sua importância e esta se revela eficaz
na sua implicação com o contexto social e psicossocial.
Por outro lado, como ciência de costumes, a ética trata dos deveres sociais do homem e das suas
obrigações na comunidade.
A satisfação das aspirações morais faz parte integrante do conjunto dos desejos humanos, pois
nenhuma sociedade ou grupo pode viver fora de qualquer regra ou lei. A vida é uma contínua
selecção e criação, não é apenas um deixar-se viver.
A conduta moral tem como base a disciplina, a adaptação à vida em grupo e a autonomia da vontade.
Portanto, o Código deve reflectir sobre o outro lado do agir humano, reconhecendo simultaneamente
a importância do sentimento pessoal perante a norma, a importância de se acreditar num ideal de
homem e de vida, permitindo um encontro real entre a norma e o homem, o qual dignifica o seu
comportamento.
É importante lembrar que o agir ético vai alem do pensar bem e honestamente, é a ressonância de
um mundo individual e pessoal mas exige que a consciência, que é “uma síntese em perpetua
realização “ se manifeste de modo explícito através de acções claras e visíveis.
A Ética não pode proporcionar soluções pré-fabricadas sem que haja um trabalho interno de
cada indivíduo que se propõe a agir eticamente.
A busca de uma excelência moral equivale à busca da ética, na medida em que a crítica racional
incluir uma crítica de seus próprios limites ideológicos. A noção de poder estendeu-se do Estado para
a sociedade e portanto a noção de ética também se ampliou como espaço de reflexão que delimita o
uso do poder entre os indivíduos, e que requer destes um desenvolvimento equilibrado das suas
potencialidades humanas.
A atitude ética se distancia do poder sobre os outros (e sobre a natureza) e evita ser objecto de
qualquer ideologia.
Como consequência desta reflexão, conclui-se que a ética é uma atitude sempre transitória, que
requer do indivíduo uma liberdade e um desenvolvimento de seu potencial humano maiores, mais
profundos do que as atitudes não-éticas ou contrárias à ética.
Agir eticamente é arriscar-se a ser humano em um grau mais elevado, a partir do qual é
possível perceber as limitações ideológicas e comportamentais dos grupos.
O código de Ética não pode ser fruto de uma mera teorização sobre o certo e o errado, mas sim
resultar de uma acção humana, de uma doutrina, de um sentido pleno de vida e de uma cultura de
vida exclusiva da ciência psicológica. A Ética é como uma estrada assinalada para ajudar os que
querem ir devagar e os que necessitam de pressa para chegar.
Um código de Ética deve juntar os grandes princípios teóricos e a prática do quotidiano, o código é a
WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 2
ETICA
fonte da reflexão ética não dissociada da prática profissional. O código de ética não estigmatiza ou
define comportamentos padrões, o código é um conjunto dos princípios ideais do agir psicológico.
Debra Luepnitz (1998) chama atenção a obrigação moral e ética que a prática requer: o(a)
profissional precisa ter consciência do poder e da influência que ele/ela exerce sobre a vida do
cliente, seja indivíduo, casal, família, grupo, instituição, empresa, comunidade. Uma dessas
manifestações de poder é a forma como utilizamos o diagnóstico. Essa autora ressalta a
importância de ampliarmos as considerações etiológicas de forma a incluir o social. Variáveis como
sexo, situação sócio-económica, estado civil, raça, etc. geram variações diagnósticas que não
podem permanecerem ignoradas. Russo (1990) aponta, por exemplo, que homens solteiros,
separados e divorciados são admitidos com mais frequência nos serviços de saúde mental do que
mulheres nas mesmas condições. A autora ressalta ainda pesquisas americanas que mostram
claramente diferenças de género na frequência e no padrão de doenças: enquanto mulheres recebem
com mais frequência o diagnóstico de depressão major, fobias simples, somatização, etc. homens
recebem com mais frequência diagnóstico de dependência química e personalidade anti-social.
Chamamos a atenção em trabalho anterior (Diniz, 1999) sobre o estado rudimentar da análise de
género neste campo, como um dos factores que dificulta a construção de um panorama da condição
de saúde mental de homens e mulheres.
Marianne Walters, Peggy Papp, Olga Silverstein, e Betty Carter(1988) oferecem para reflexão as
seguintes sugestões:
1. A(o) profissional precisa estar atenta(o) para identificar os construtos sociais e as mensagens de
género que condicionam o comportamento e os papéis sociais e para reconhecer as maneiras
distintas com que homens e mulheres são ensinados a lidarem e a experiênciarem relações íntimas.
Isto implica numa sensibilidade para as manifestações do condicionamento de género nas posturas
pessoais, nas interacções diárias e na capacidade de questionarmos atitudes, valores e
comportamentos "normais" que foram objectivados pela sociedade.
A(o) profissional precisa estar preparada(o) para reconhecer que as mulheres são socializadas para
assumir a responsabilidade principal pela vida sócio-afetiva da família e para afirmar valores e
comportamentos característicos do desempenho desse papel, tais como a habilidade de cuidar,
conectar e demonstrar emoções. Isto implica no reconhecimento da dificuldade de lidar com
expressões de raiva e descontentamento ou de necessidades e desejos por parte da mulher; no
reconhecimento dos dilemas e conflitos que envolvem o gerar e o criar filhos na sociedade
contemporânea; no apoio para possibilidades de crescimento da mulher fora do casamento e da
família;
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 3
ETICA
No contacto efectuado entre o doente e o psicólogo, este colhe informação julgada necessária para a
poder comparar com o saber já existente e a sua própria experiência, tenta classificar o caso clínico e
estabelecer um diagnóstico. Nesta fase do processo o médico interrogar-se-à sobre a fidedignidade
do diagnóstico. Inicia-se desta forma o primeiro processo de decisão. Se o clínico põe em dúvida a
precisão do diagnóstico, recomeçará o processo de colheita de dados, provavelmente tentando colher
mais sinais e sintomas, mais informação sobre a história familiar, repetindo ou solicitando novos
exames complementares. Todo este processo se repetirá até que o médico considere o diagnóstico
fidedigno. Se por vezes este processo é relativamente fácil, por vezes torna-se um verdadeiro
pesadelo com a repetição sucessiva desta fase de avaliação.
Dentro da ciência psicológica existem várias correntes teóricas que pontuam técnicas diferentes de
trabalho: a Cognitiva/Comportamental; Psicanalítica; Existencialista, etc.
Uma característica comum no tratamento psicológico é o trabalho do uso da palavra e sem recurso a
fármacos. Nos casos mais graves onde é necessário o uso de fármacos, este trabalho é exercido em
parceria com um psiquiatra.
A diferenciação entre as áreas é muito mais ampla do que este resumo, no entanto gostaríamos de
salientar a ética e a seriedade do profissional, embora todos os psicólogos utilizem técnicas
diferentes, todos actuam sobre a dor humana.
A vida psíquica do ser humano é bastante séria, e um dos cuidados importantes que os profissionais
têm que ter na sua avaliação, é ver se o paciente tem recursos psíquicos para resolver as suas dores,
tristezas, etc., ou se o paciente necessita de fármacos.
Isto pressupõe da parte dos profissionais da Psicologia um comportamento ético de não olhar o
paciente como uma fonte de rendimento, mas sim como um ser humano.
Como articular a lógica dos tempos e a ética na avaliação psicológica com os critérios
institucionais, burocráticos, e economicistas, eficácia e produtividade administrativas que
apenas valorizam o número de sujeitos observados por dia?
O reconhecimento dos limites da sua competência (e das suas técnicas) exige do psicólogo um
esforço contínuo ao nível da formação teórica e prática que são cada vez mais especializadas. Uma
adequada preparação é condição sine qua none do exercício de uma actividade eminentemente
técnica como é o caso da avaliação psicológica.
WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 4
ETICA
Por isso, a actualização profissional ao nível dos conhecimento científicos, dados de investigação e
saber – fazer particulares – nomeadamente ao nível da familiarização com várias técnicas e
instrumentos específicos ou objectos de estudos mais recentes, respectivas potencialidades e limites
interpretativos são objecto de uma exigência ética elementar.
O ensino específico da avaliação psicológica – domínio onde se verifica uma cada vez maior
especialização um crescente alargamento a novas áreas e uma diversificação dos métodos deve
constituir uma tarefa e uma preocupação fundamentais das instituições de formação em Psicologia,
de modo a evitar, na medida do possível a proliferação de práticas discutíveis.
Neste contexto a formação dos psicólogos deve incluir uma sensibilização para a importância da
dimensão ética e moral, na prestação dos vários tipos de serviços específicos associados à avaliação
psicológica.
Em suma, convém reconhecer a existência de uma ética na avaliação psicológica, esta supõe:
• Os psicólogos são responsáveis pelas consequências do seu trabalho e pelas suas possíveis
implicações éticas e, nesta linha são cada vez mais obrigados a uma fundamentação científica,
objectiva e pormenorizada na sua prática profissional.
Finalizando, é importante dizer que não foi nossa intenção apresentar respostas para as muitas
questões e dilemas na avaliação psicológica, mesmo porque vivemos num contexto social que nega a
existência de respostas únicas ou de verdades transcendentes.
Cada um de nós independentemente da raça, sexo, valores culturais, posição social, processo de
maturação, está diante do desafio de encantar respostas e/ou formular novas questões, num
processo interactivo com os nossos colegas de profissão.
WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 5
ETICA
Ética E Psicologia
Na psicologia, a ética também tem um importante papel, já que profissionais que tem essa
característica ganham maior credibilidade em seu ramo profissional. O psicólogo deve procurar
entender os problemas humanos e se solidarizar com eles.
Apesar de muitos não cumprirem o requisito, tentam apenas exercer a profissão para benefícios
financeiros. A ética é um princípio eficaz dentro de uma profissão e quando cumprida de forma
correta há benefícios tanto para quem pratica, quanto para quem recebe.
O código de ética do psicólogo está em vigor desde 2005 e é o terceiro da profissão. Hoje ele atende
às novas necessidades da profissão, respeitando as leis e o momento do país. Ele traz os princípios
fundamentais dos psicólogos e suas responsabilidades de profissional.
⇒ O psicólogo deve respeitar os valores contidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos
(liberdade, dignidade e integridade). Assim como zelar pela integridade da psicologia, usando-a
apenas para promover o bem;
⇒ A psicologia tem que lutar contra a discriminação, violência e crueldade, zelando pela saúde e
qualidade de vida;
⇒ Aprimorar os estudos é uma obrigação do psicólogo, para que possa atuar na profissão com
responsabilidade e contribuir para o desenvolvimento da psicologia como ciência;
⇒ É vedado a qualquer psicólogo ser conivente com práticas contrárias ao código de ética
profissional. Desta forma, é permitido que delate qualquer ação negligente, de discriminação ou
qualquer prática contrária aos valores estipulados pelo código e pela legislação;
⇒ Usar seu conhecimento psicológico como instrumento de tortura, para promover castigos ou
praticar violência é estritamente proibido;
⇒ Não é considerado ético da parte do psicólogo avaliar ou atender pessoas com as quais tenha
relações pessoais ou familiares, para que a qualidade de seu trabalho não seja prejudicada;
⇒ O sigilo é inerente à profissão do psicólogo, pois é guardando-o que ele protege a integridade e a
confidencialidade daqueles para os quais presta seus serviços;
⇒ A utilização de meios de comunicação para promoção pessoal é vedada ao psicólogo, assim como
a divulgação das atividades profissionais de maneira sensacionalista;
⇒ A punição em caso de desrespeito ao código de ética profissional pode ser desde advertências e
multas até a cassação do exercício profissional;
WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 6