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Direto Ao Direito - Direito Ambiental

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APRESENTAÇÃO:

“O que poderia ter sido é apenas um vácuo na historicidade do existir”: eis uma
das minhas frases preferidas – e que pode ser encontrada no meu livro “Isto é (quase) um
diário”. De fato, você pode ser aquilo que você quiser: inclusive nada – se esta for a sua
escolha. O barco está lançado ao mar: a direção do leme está em suas mãos.

Esta é uma apostila feita por mim e distribuída com o intuito de colaborar com os
(assim como eu) estudantes de Direito nos estudos e no processo de aprovação do tão
sonhado concurso público. O foco central são os certames para ingresso nos cargos de carreira
jurídica. As apostilas utilizaram sofrem grande influência do curso do G7 Jurídico (Ministério
Público e Magistratura).

Ademais, se forem me questionar sobre um bom “cursinho”, eis o que indico de


olhos fechados. Em tempos em que “nada se cria e tudo se copia”, entendo pertinente um
recado: não houve cópia de nenhum material fornecido pelo curso, razão pela qual não há
violação de nenhum direito autoral. Aliás, isso seria criminoso e tenho consciência de que
“fichas sujas não passarão” – e eu não quero ser um deles.

Durante a leitura vocês perceberão que as notas de rodapé na maioria das vezes
trazem comentários feitos exclusivamente pelo autor da presente apostila como forma de
chamar atenção para alguns pontos de reflexão – o desenvolvimento de um raciocínio crítico é
ponto importante para consolidação do conhecimento e aquisição de maturidade jurídica.

Faço aqui um pedido... Melhor! Imploro a vocês algo em especial: caso este
material tenha sido útil no tão difícil e custoso processo de preparação faça seu relato e me
marque no Instagram (@danilopmeneses e @apostilasdiretoaodireito).

Qualquer sugestão buscando o aprimoramento deste curso será muito bem-


vindo: sinta-se à vontade para me encaminhar por e-mail qualquer dica, correção ou opinião.
Sucesso na empreitada e bons estudos. Como dizia o personagem do desenho animado
Capitão América: “o poder é de vocês!”
DIREITO AMBIENTAL 3

Sumário
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DE DIREITO AMBIENTAL .....................................................................6
 Introdução: ..........................................................................................................................6
 Correntes centrais do meio ambiente: ................................................................................6
HISTÓRIA DO DIREITO AMBIENTAL ..............................................................................................7
 Contexto nacional:...............................................................................................................7
 Contexto mundial: ...............................................................................................................8
PONTOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO AMBIENTAL .....................................................................8
 Objeto do Direito Ambiental: ..............................................................................................9
 Conceito de meio ambiente: ...............................................................................................9
 Conceito de poluição (artigo 3º, inciso III da Lei 6.938/81): ..............................................11
 Movimentos ambientais relevantes: .................................................................................11
 Força/eficácia do direito ao meio ambiente equilibrado:..................................................12
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE .................................................................................12
 Lei 6.938/81 (Lei de Política Nacional do Meio Ambiente): ...............................................12
 SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente): .............................................................15
PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL ..........................................................................................17
 Introdução: ........................................................................................................................17
 Princípio do desenvolvimento sustentável: .......................................................................17
 Princípio do usuário-pagador: ...........................................................................................21
 Princípio do poluidor-pagador: ..........................................................................................22
 Princípio da prevenção: .....................................................................................................24
 Princípio da Precaução: .....................................................................................................25
 Princípio do protetor-recebedor: ......................................................................................27
 Princípio da informação:....................................................................................................27
 Princípio da participação ou princípio democrático: .........................................................28
 Princípio da educação ambiental:......................................................................................28
Princípio do direito humano fundamental: ........................................................................29
 Princípio da cooperação: ...................................................................................................29
 Princípio do limite ou controle: .........................................................................................29
 Princípio da solidariedade intergeracional ou equidade: ..................................................30
 Princípio da função socioambiental da propriedade .........................................................30
 Princípio da obrigatoriedade da atuação estatal: ..............................................................31
 Princípio da ubiquidade: ....................................................................................................31

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DIREITO AMBIENTAL 4

 Princípio da vedação ao retrocesso: ..................................................................................32


TUTELA DO MEIO AMBIENTE NA CONSTITUÇÃO FEDERAL DE 1.988 .........................................32
 Referências ao meio ambiente na Constituição Federal: ..................................................32
 Análise específica do artigo 225 da Constituição Federal: .................................................33
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS AMBIENTAIS ..........................................................................38
 Introdução .........................................................................................................................38
 Gráfico de Competências: .................................................................................................39
 Competência material exclusiva da União: ........................................................................39
 Competência legislativa privativa da União: ......................................................................39
 Competência material comum; .........................................................................................40
 Competência legislativa concorrente: ...............................................................................41
 Competência dos Municípios ............................................................................................41
 Competências dos Estados: ...............................................................................................42
TEMAS CONGLOBANTES: Estudo prévio de impacto ambiental + licenciamento ambiental +
responsabilidade (civil + administrativa) ....................................................................................42
 Estudo prévio de impacto ambiental: ................................................................................42
 Licenciamento ambiental: .................................................................................................47
 Responsabilidade civil ambiental: .....................................................................................51
 Responsabilidade administrativa ambiental (infrações administrativas): .........................55
ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS .............................................................58
 Noções introdutórias: ........................................................................................................58
 Unidades de Conservação: ................................................................................................59
 Área de Preservação Permanente: ....................................................................................66
 Reservas Legais: .................................................................................................................70
CÓDIGO FLORESTAL – LEI 12.651/12 ..........................................................................................76
 Noções introdutórias: ........................................................................................................76
 Princípios: ..........................................................................................................................76
 Regras estabelecidas pelo Código Florestal: ......................................................................78
 Conceitos importantes na Lei 12.651/12: ..........................................................................78
 Proteção de áreas verdes em áreas urbanas pelo Município: ...........................................81
 Supressão da vegetação para uso alternativo do solo:......................................................81
 Exploração florestal: ..........................................................................................................82
 Desmatamento ilegal:........................................................................................................83
 Controle dos produtos florestais: ......................................................................................83

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DIREITO AMBIENTAL 5

 Programa de Apoio e Incentivo à Preservação e Recuperação Ambiental (através de


instrumentos econômicos): ....................................................................................................84
 Regramentos específicos da agricultura familiar: ..............................................................85
GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS – LEI 11.284/06 ....................................................................85
 Noções introdutórias: ........................................................................................................85
 Gestão de Florestas Públicas: ............................................................................................86
 Serviço Florestal Brasileiro: ...............................................................................................89
POLÍTICA NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS .........................................................................89
 Introdução: ........................................................................................................................89
 Fundamentos da Política Nacional dos Recursos Hídricos: ................................................90
 Objetivos da Política Nacional dos Recursos Hídricos:.......................................................91
 Instrumentos da Política Nacional dos Recursos Hídricos: ................................................91
 Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos ...............................................94
POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS – LEI 12.305/10..................................................96
 Introdução: ........................................................................................................................96
 Conceitos importantes: .....................................................................................................98
 Princípios aplicáveis:..........................................................................................................99
 Objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos: ..........................................................99
 Classificação dos resíduos sólidos: ..................................................................................100
 Instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos: ..................................................101
 Proibições: .......................................................................................................................105
BIODIVERSIDADE & PATRIMÔNIO GENÉTICO ...........................................................................105
 Aspectos gerais:...............................................................................................................105
RECURSOS MINERAIS ...............................................................................................................111
 Aspectos gerais:...............................................................................................................111
 Conceitos importantes: ...................................................................................................112
 Regime de aproveitamento: ............................................................................................112
ESTATUTO DA CIDADE ..............................................................................................................115
 Aspectos gerais:...............................................................................................................115
 Aspectos da Lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade): ............................................................116

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DIREITO AMBIENTAL 6

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DE DIREITO AMBIENTAL


 Introdução:
- cada vez mais se evidencia a ética ambiental presente nas preocupações modernas;
- ética ambiental  conceito filosófico desenvolvido na década de 1.960
buscando a ampliação do conceito de ética enquanto forma de agir do homem em
seu meio social, ligada também ao comportamento humano junto à natureza;
- passamos por um processo de crescente conscientização da necessidade de preservação do
meio ambiente e dos recursos naturais  constata-se uma impossibilidade de uso
inconsequente de tais recursos;
- mudanças sociais trazem reflexos jurídicos  o Direito tem tentado acompanhar esta
mudança de compreensão sobre o meio ambiente;
- conceito de Direito Ambiental: é um ramo do Direito Público integrado por princípios e regras
que regula as atividades humanas que afetem direta ou diretamente, efetiva ou
potencialmente, o meio ambiental natural, cultural e artificial;
- espécies de meio ambiente:
CLASSIFICAÇÃO CLÁSSICA
- meio ambiente natural: cuida da flora, da fauna, do ar, do solo;
- meio ambiente cultural: cuida do patrimônio histórico, artístico, turístico, da
história do nosso povo;
- meio ambiente artificial: cuida do ordenamento urbano;
CLASSIFICAÇÃO MODERNA + inclui
- meio ambiente do trabalho: cuida da segurança e saúde do trabalhador
- meio ambiente genético: cuida do patrimônio genético, com previsão no artigo
225, §1º, inciso II da CRFB/88;
- Lei 6.938/81: Lei da Política Nacional do Meio Ambiente – esta lei traz vários conceitos que
podem ser utilizados como parâmetro na realização da prova e compreensão da temática;
- artigo 225 da CRFB/88: é o núcleo duro e espinha dorsal da abordagem sobre o meio
ambiente no Brasil  neste artigo há a previsão de vários princípios que serão,
posteriormente, estudados em Direito Ambiental;

 Correntes centrais do meio ambiente1:


- antropocêntrica:
- pensa o meio ambiente em torno dos interesses do homem;
- o ser humano está no epicentro da discussão;
- o meio ambiente existe e serve para servir ao homem;
- apenas o homem interessa;
- ecocêntrica:

1
Para Hermes Benjamin a classificação não é composta de antropocentrismo + ecocentrismo +
biocentrismo, sendo na verdade: antropocentrismo puro + antropocentrismo intergeracional + não
antropocentrismo. Segundo Luiz Régis Prado a nomenclatura é: antropocentrismo absoluto +
antropocentrismo relativo + ecocentrismo absoluto. Já Romeu Tomé fala em antropocentrismo
utilitarista + antropocentrismo protecionista + ecocentrismo ou biocentrismo.

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DIREITO AMBIENTAL 7

- o homem é admitido como parte de um todo, assim as atividades


humanas podem ser restringidas em prol do bem comum;
- o meio ambiente deixa de servir somente ao homem e passa a
servir para preservação e atingimento de interesse de todos;
- o ecocentrismo considera o meio ambiente a partir dos elementos
com vida (bióticos) e sem vida (abióticos);
- o ecocentrismo busca o equilíbrio do planeta e é bem amplo –
tutela-se o interesse mesmo contra os objetivos do ser humano;
- o homem faz parte do todo;
- biocêntrica:
- o meio ambiente e as formas de vida não humanas podem ser
defendidas independentemente da defesa do ser humano;
- autonomia da defesa das formas de vida não humanas;
- exemplo: defesa dos animais2;
- os animais merecem proteção autônoma;

HISTÓRIA DO DIREITO AMBIENTAL


 Contexto nacional:
- no Brasil, podemos dividir a história do Direito Ambiental em três fases;
- 1ª fase: descobrimento do Brasil até a segunda metade do século XX 
exploração desregrada;
- tudo era tutelado tendo como vetor a defesa do interesse da Coroa;
- a preservação ocorrida para evitar um processo de exaurimento de um recurso
natural que poderia ter repercussão econômica;
- não tinha surgido ainda a ideia de um patrimônio ambiental coletivo;
- período colonial, imperial e republicano -> a questão ambiental era
marginalizada;
- 2ª fase: segunda metade do século XX a 1.980  sistema fragmentário (tratando
do meio ambiente pela ótica econômica e de pontos de vista isolados);
- a proteção ambiental era esparsa e dessistematizada;
- a tutela tinha caráter meramente econômico;
- não havia a ideia de uma natureza difusa de meio ambiente;
- os diplomas jurídicos não estavam interconectados e traziam mecanismos de
defesas isolados – sem um espírito sistêmico (exemplo: Código de Águas,
Estatuto da Terra; Código Florestal; Lei de Proteção à Fauna);
- não havia ainda a ideia de “política ambiental”;

2
Creio que o julgamento, em direito de família, tratando os semoventes de estimação (pet´s) como
“sersentes” (seres que sentem) e aplicando o regime jurídico da guarda em vez da divisão puramente
patrimonial é um exemplo dos reflexos de tal visão nos outros ramos do direito.

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DIREITO AMBIENTAL 8

- 3ª fase: do ano de 1.981 até os dias atuais  fase holística (compreensão do


meu ambiente como um sistema – compreensão da totalidade dos processos
ecológicos);
- inaugurada com a Lei 6.938/81 que trouxe um sistema para tutelar o meio
ambiente como um todo – a lei inaugurou a Política Nacional do Meio Ambiente;
- a inovação legislativa é importante do ponto de vista conceitual, sistemático e
por dar autonomia e “espírito/alma” ao Direito Ambiental;
- marcos legislativos importantes:
- Lei 6.938/81 -> Política Nacional do Meio Ambiente;
- Lei 7.347/85 -> Lei de Ação Civil Pública;
- CRFB/88 -> Constituição da República Federativa do Brasil;
- Lei 9.605/98 -> Leis dos Crimes Ambientais3;

 Contexto mundial:
- Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente – junho de 1.972 - Estocolmo;
- dá origem à Declaração do Meio Ambiente – que traz 26 princípios norteadores
do Direito Ambiental;
- tal Conferência deixou clara a oposição entre preservacionistas e
desenvolvimentistas;
- PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente): agência da ONU
responsável pela conservação do meio ambiente e o uso eficiente de recursos
naturais para o desenvolvimento sustentável;
- desenvolvimento sustentável: desenvolvimento que satisfaz as necessidades
presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas
próprias necessidades – conceito clássico;
- Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92;
- daí surgiu a Declaração do Rio – com 27 princípios ambientais;
- também surgiu a Agenda 21 – sem caráter vinculante, com metas mundiais para
diminuição da poluição;
- Cúpula Mundial Sobre Desenvolvimento Sustentável – 2.002 – Joanesburgo;
- buscou avaliar e implementar a Agenda 21;
- criou-se a Declaração de Joanesburgo e o Plano de Implementação (com metas
específicas);
- Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio +20;
- reafirmado os princípios da Declaração do Rio;
- trouxe a ideia de responsabilidade comum, mas diferenciada4 – cabe aos países
desenvolvidos maior responsabilidade na busca do desenvolvimento sustentável;

PONTOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO AMBIENTAL

3
Traz sanções penais e administrativas aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
4
A carga de necessidade de adoção de procedimentos protetores aos processos ambientais naturais
varia de acordo com o grau de desenvolvimento do país que busca implementá-los.

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DIREITO AMBIENTAL 9

 Objeto do Direito Ambiental:


- a proteção do meio ambiente não se dá unicamente pelo meio ambiente em si, mas com a
finalidade de garantir qualidade de vida para as presentes e futuras gerações;
- artigo 225 da CRFB/88: todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida;
- bem de uso comum do povo: há interesse difuso na proteção ambiental, sendo o
bem ambiental difuso, imaterial e autônomo. Segundo o STF é uma “prerrogativa
jurídica de titularidade coletiva”  não significa que seja um bem público;
- corrente adotada: ao dizer que “todos tem direito” crê-se que a CRFB/88 coloca
o homem como protagonista, adotando uma corrente antropocêntrica;
- importante: a tutela do meio ambiente, na visão antropocêntrica,
busca trazer sadia qualidade de vida ao homem;
- visão antropocêntrica  meio ambiente  instrumento 
satisfação das necessidades humanas;
- tipos de antropocentrismo:
- economicocentrismo: bem ambiental é um valor da
ordem econômica (não adotado pela CRFB/88);
- antropocentrismo alargado: preservação ambiental
como garantia da dignidade da pessoa humana
(CRFB/88);
- Artigo 225, §1º, inciso VII, CRFB/88  traz exemplo de viés
biocêntrico na Constituição ao prever a “vedação das práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem extinção de
espécies ou submetam os animais à crueldade”;
- a doutrina fala em antropocentrismo alargado no artigo 225 da
CRFB/88: a Constituição adota então o antropocentrismo alargado
com algumas normas de viés biocêntrico;

 Conceito de meio ambiente:


- conceito trazido pela CRFB/88  estão previstas no artigo 225 da CRFB/88 três premissas:
 bem de uso comum do povo;
- se é bem, não é sujeito de direito, é objeto da relação jurídica;
- o uso é limitado pela função socioambiental da propriedade 5;
 essencial à sadia qualidade de vida;
- meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental de todo
ser humano e permite a concretização da dignidade da pessoa humana;
- direito humano: o direito ao meio ambiente equilibrado é um
direito humano, fruto de luta dos povos, não admitindo o
retrocesso6. Tal direito é fundamental  corolário do direito à vida,

5
Exemplo: área de preservação permanente + reserva legal.
6
Proibição do efeito cliquet. Você sabia? A expressão cliquet é utilizada pelos alpinistas e define o
movimento que só se permite ao mesmo subir e continuar a escalada, inviabilizando a volta (descida)
em seu percurso.

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DIREITO AMBIENTAL 10

não apenas do ponto de vista biológico, mas sim “vida digna”. Surge
daí então a ideia de um mínimo existencial ambiental;
 direito intergeracional;
- é um direito das presentes e futuras gerações – as gerações presentes tem o
dever de garantir às futuras gerações o meio ambiente ecologicamente
equilibrado (dever de tutela);
- conforme afirmado na característica anterior, não é possível o
retrocesso da evolução dos mecanismos de defesas do meio
ambiente – vedação do efeito cliquet;
- solidariedade: seja entre as gerações presentes7, seja entre as
gerações presente e a geração futura8;
- consequências jurídicas da adoção do conceito constitucional:
- construção do conceito in dubio pro natura  existe um direito fundamental em
jogo (direito das presentes e futuras gerações) assim a dúvida deve ser tomada
sempre em favor da proteção ambiental (ex.: princípio da precaução);
- inexistência do direito de poluir  inexiste direito adquirido de degradar o meio
ambiente – neste sentido: vários julgados do STJ;
- conceito trazido pela lei  previsto na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei
6.938/81) traz a previsão de que (artigo 3º) “meio ambiente é o conjunto de condições, leis,
influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida
em todas as suas formas”;
- trata-se de um conceito abstrato;
- conceito macro de meio ambiente;
- conceito de viés biocêntrico;
- classificação do meio ambiente nos 4 aspectos9 (STF, ADI 3.540/MC) -
- meio ambiente natural -
- meio ambiente artificial (espaço urbano) -
- meio ambiente cultural -
- meio ambiente do trabalho -
- a classificação se baseia no conceito legal de meio ambiente e também no
conceito legal de poluição previsto na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente;
- meio ambiente natural: constituído pelos recursos naturais (exemplo: água, ar, fauna, flora);
- composto de: recursos bióticos + recursos abióticos;
- recurso ambiental VS recurso natural  segundo o professor Édis Milaré há
uma diferença entre os conceitos, visto que o conceito de meio ambiente é mais
amplo que o conceito de natureza. O meio ambiente abrange os quatro aspectos
do meio ambiente;
- recurso natural = segue a ideia do meio ambiente natural (recursos
da natureza);

7
Solidariedade sincrônica.
8
Solidariedade diacrônica.
9
O significado de cada uma das classificações de meio ambiente já foram tratados na introdução.

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DIREITO AMBIENTAL 11

- recurso ambiental = surge da ideia de meio ambiente (engloba o


patrimônio cultural, por exemplo);
- meio ambiente artificial: constituído como produto da interação do homem com o meio
ambiente natural;
- constituição: espaço urbano construído pelo homem;
- fundamento: artigo 182 da CRFB/88 -> cuida da política urbana;
- regulação legal: Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01);
- meio ambiente cultural: também é produto da ação humana, mas refere-se à forma de viver
e ser, incluindo a história e as produções intelectuais:
- fundamento: artigo 216 da CRFB/88;
- é constituído pelo patrimônio cultural (bens materiais + bens imateriais);
- exemplo: obra de arte (material) + capoeira (imaterial);
- tutela do patrimônio cultural  a CRFB, no §1º do artigo 2016 diz que “o poder
público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio
cultural brasileiro” por meio de:
- inventário10  tutela através da identificação e descrição do bem
cultural (catalogação) com suas principais características físicas e
culturais;
- registros11  instrumento de tutela do patrimônio cultural imaterial
(Decreto 3.551/00);
- vigilância  poder de polícia através do exercício da vigilância
permanente do bem cultural;
- tombamento  tratado no Direito Administrativo;
- desapropriação  tratado no Direito Administrativo;
- meio ambiente do trabalho/laboral: segundo o artigo 200, inciso VIII da CRFB/88 é
constituído pelo “complexo máquina-trabalho”, envolvendo o local de trabalho, as condições
do trabalhar e os equipamentos de proteção;
- exemplo: luminosidade; conforto térmico; equipamentos de segurança; local de
trabalho;

 Conceito de poluição (artigo 3º, inciso III da Lei 6.938/81):


- degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente:
 prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
 criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
 afetem desfavoravelmente a biota;
 afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
 lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos;

 Movimentos ambientais relevantes:

10
Patrimônio cultural material.
11
Patrimônio cultural imaterial – exemplo: samba.

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DIREITO AMBIENTAL 12

- movimento conservacionista:
- entende a defesa do meio ambiente de forma conciliada com o desenvolvimento
econômico a demais atividades humanas;
- movimento preservacionista:
- tem natureza mais radical e entende o desenvolvimento econômico como
ameaças à integridade ambiental 12;
- sendo um direito fundamental, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é
dotado de vários atributos:
- historicidade: fruto de luta dos povos e conquistado no decorrer da história,
incidindo a vedação do retrocesso (efeito cliquet);
- universalidade: pertence a todos indistintamente;
- inalienabilidade: o direito está fora do mercado, não podendo ser
comercializado;
- indisponibilidade: tal direito não está na esfera de transação, não podendo seu
titular “abrir mão” do direito;
- limitabilidade: tal direito é limitado por outros direitos fundamentais (teoria dos
limites dos limites – teoria externa);
- imprescritibilidade: as ações civis buscando a reparação do dano ambiental são
imprescritíveis (neste sentido: STJ13);

 Força/eficácia do direito ao meio ambiente equilibrado:


- eficácia dirigente: impõe uma vinculação aos três poderes da República – todos
os poderes devem agir buscando a defesa de tal direito;
- eficácia horizontal: tal direito se impõe também nas relações privadas;
- eficácia integrativa ou irradiante: o direito fundamental ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado orienta a elaboração e aplicação da legislação
infraconstitucional;

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE


 Lei 6.938/81 (Lei de Política Nacional do Meio Ambiente):
- questões cobrando pontos da Política Nacional do Meio Ambiente costumam aparecer em
provas objetivas14;
- a lei cria um projeto público sistematizado de ações voltadas à proteção ambiental – até a
sua edição a proteção era pontual e fragmentada, sem espírito sistêmico e coeso;
- a norma sistematizou o Direito Ambiental: objetivos + princípios + metas + conceitos +
responsabilidade civil;

12
A chance de implantação prática de uma filosofia desta ordem é próxima de 0 – rompe, aliás, com a
premissa da realidade e com a possibilidade fática.
13
Importante que há na Suprema Corte – em sede de RE com Repercussão Geral (RE 654.833) –
pendência quanto à decisão sobre a imprescritibilidade em tela. A decisão ainda não foi tomada,
embora até então a doutrina e jurisprudência adotasse a imprescritibilidade.
14
Exigindo intenso trabalho de memorização e fixação de pontos importantes. Fica sugerida desde já a
consulta às normas citadas para melhor rendimento no processo de memorização da norma
regulamentadora do tema a ser cobrado – costuma aparecer nas provas a legislação na forma pura.

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DIREITO AMBIENTAL 13

- a norma ainda criou o SISNAMA -> Sistema Nacional do Meio Ambiente;


- artigos de importante compreensão da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente:
- artigo 2º  objetivo geral;
- embora traga a previsão de “princípios”15, a doutrina entende que
na verdade existem “metas” a serem realizadas;
- previsão do artigo: preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, a fim de assegurar condições ao
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses de segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana16;
- artigo 4º  objetivos específicos;
- neste ponto há a enumeração de alguns princípios reconhecidos
pela doutrina;
- neste artigo são trazidos os princípios do direito ambiental (embora
se utilize a nomenclatura “objetivos específicos”);
- artigo 9º  instrumentos de Política Nacional do Meio Ambiente;
- são vários os instrumentos previstos na legislação, sempre
buscando garantir que os objetivos da Política Nacional do Meio
Ambiente sejam alcançados (são ao todo 13 instrumentos a ser
estudados abaixo);

- princípios17 previstos no artigo 2º da lei -> chamados de metas de ação pela doutrina;
- inciso I  ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,
considerando o meio ambiente como patrimônio público;
- inciso II  racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar -> os
recursos naturais são finitos, devendo haver sustentabilidade (utilização do bem
sem esgotamento do recurso);
- inciso III  planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais -> toda
atividade que utiliza recursos ambientais deve passar pelo controle do poder
público18;
- inciso IV  proteção dos ecossistemas com preservação de áreas
representativas;
- inciso V  controle e zoneamento de atividades potencial ou efetivamente
poluidoras -> a ideia é alocar as atividades em locais que guardem
compatibilidade e diminuam os danos ambientais;
- inciso VI  incentivo ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o
uso reacional e a proteção dos recursos ambientais -> melhoria da qualidade
ambiental pela via tecnológica;
- inciso VII  acompanhamento do estado da qualidade ambiental -> gestão
ambiental adequada;

15
A nomenclatura “princípios” é erroneamente utilizada.
16
Acredita-se ser a primeira previsão da dignidade da pessoa humana no ordenamento jurídico
brasileiro – ponto importante a ser observado em uma prova discursiva ou oral.
17
O nome “princípios” é utilizado pela lei – embora a doutrina entenda que se trate na verdade de
“metas de ação”.
18
Exemplos de controle: Estudo Prévio de Impacto Ambiental + Licenciamento Ambiental.

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DIREITO AMBIENTAL 14

- inciso VIII  recuperação de áreas degradadas -> garantindo a sadia qualidade


de vida;
- inciso IX  proteção de áreas ameaçadas de degradação -> caráter preventivo;
- inciso X  educação ambiental a todos os níveis de ensino -> traduz
concretização do princípio da educação ambiental;
-> princípios estabelecidos no artigo 4º da lei -> chamados pela lei de “objetivos específicos”:
- compatibilização do desenvolvimento econômico social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico -> princípio do
desenvolvimento sustentável;
- definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à quantidade e ao
equilíbrio ecológico -> espaços ambientais especialmente protegidos;
- estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas
relativas ao uso e manejo de recursos ambientais -> princípio do manejo;
- desenvolvimento de pesquisas e tecnologias nacionais orientados para o uso
racional de recursos ambientais;
- difusão de tecnologias de manejo ao meio ambiente com menores danos;
- preservação e restauração dos recursos ambientais buscando a utilização
racional;
- imposição ao poluidor da obrigação de recuperar e indenizar os danos causados
e ao usuário de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos;
-> instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (previstos no artigo 9º da lei):
- padrão de qualidade ambiental: fixados pelo poder público – como o controle
da poluição do ar, poluição sonora – é normalmente realizado por meio de
Resoluções do CONAMA (órgão federal) – não impeditivo da atuação do Estado e
Município estabelecendo padrões;
- zoneamento ambiental: regulamentado pelo Decreto 4.297/02 e também é
conhecido como zoneamento ecológico econômico (ZEE) buscando regular o uso
e ocupação do solo com a divisão ambientalmente adequada das atividades
econômicas;
- avaliação de impacto ambiental: esta avaliação é um gênero, abrangendo todos
os estudos de impacto ambiental. Existem algumas espécies:
 Estudo Prévio de Impacto Ambiental;
 Relatório de Viabilidade Ambiental;
 Estudo de Impacto de Vizinhança;
Observação: a Avaliação Ambiental Estratégica é aplicável nas
hipóteses de políticas, planos e programas, destinando-se à avaliação
de vários empreendimentos em conjunto;
- licenciamento e revisão de atividades poluidoras: trata-se de instrumento de
controle do poder público de atividades que utilizarão recursos ambientais
(poluição e dano potencial no uso);
- incentivos a tecnologias voltadas para melhoria da qualidade ambiental: um
dos exemplos é a certificação de empresas em função da responsabilidade
ambiental no processo produtivo ou do emprego de tecnologias limpas;

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DIREITO AMBIENTAL 15

- espaços territoriais especialmente protegidos: há vários pontos a serem


abordados no estudo da Lei 9.985/00 (Lei do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação)19;
- sistema nacional de informações sobre o meio ambiente: o SINIMA é uma base
de dados de âmbito federal previsto no Decreto 99.274/90;
- cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa do meio
ambiente: é voltado para profissionais que se dedicam aos estudos ambientais, à
consultoria e à venda de equipamentos de controle ambiental;
- aplicações de sanções ao descumprimento de deveres ambientais: exercício de
poder de polícia ambiental como instrumento de repreensão das condutas lesivas
ao meio ambiente;
- tríplice responsabilização = administrativa + penal + civil -
- responsabilidade penal da pessoa jurídica: há doutrina minoritária
entendendo que não cabe a responsabilização penal da pessoa
jurídica no Brasil;
- a Lei 9.605/98 e a jurisprudência permitem a responsabilização
penal das pessoas jurídicas pela prática de crimes ambientais;
- teoria da dupla imputação 20: adotada pelo STJ por muito tempo,
atualmente dispensada pelo STF e também pelo STJ;
- relatório de qualidade ambiental: até hoje não foi implementado;
- garantia de informações sobre o meio ambiente: há obrigação do poder público
em produzir as informações quando elas forem inexistentes – deriva do direito de
acesso à informação;
- cadastro técnico federal de atividades potencialmente poluidoras: cadastro
voltado às atividades potencialmente poluidoras ou que venham a consumir
recursos ambientais – exercício do poder de polícia com a cobrança pelo IBAMA
de uma taxa de controle;
- instrumentos econômicos: exemplos de instrumentos econômicos são a
concessão ambiental, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. São na
verdade incentivos de proteção ambiental21;

 SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente):


- é um órgão de todos os níveis voltado para a proteção ambiental (todos os entes participam
do sistema);
- há identificação na lei do órgão federal, ocorre que o órgão estadual e municipal
não é detalhado, ficando regulamentado (inclusive a nomenclatura) pela lei de
cada ente;
- conceito: é o conjunto de órgãos e instituição que, nos níveis federal, estadual e municipal
serão encarregados de proteção ao meio ambiente;

19
Há previsão constitucional de criação de espaços ambientais especialmente protegidos.
20
Necessidade de imputar a conduta a uma pessoa física – ao imputá-la à pessoa jurídica.
21
A proteção do meio ambiente como um fim em si mesmo é rodeada de romantismo em uma atitude
puramente folclórica. O uso de instrumentos econômicos para adequação dos interesses no exercício de
atividades potencialmente poluidoras é essencial.

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DIREITO AMBIENTAL 16

- finalidade: estabelecer uma rede de agências governamentais nos diversos níveis da


Federação visando assegurar mecanismos capazes de implementar a Política Nacional do Meio
Ambiente;
- composição:
- órgãos federais:
 Conselho de Governo -> órgão superior -> assessora o Presidente
da República;
 Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) -> órgão
consultivo e deliberativo -> poder regulamentar no âmbito federal;

 Ministério do Meio Ambiente22 -> órgão central -> coordena e


supervisiona;
 Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) -> órgão executor
-> executar a política e diretrizes governamentais 23;

 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade


(ICMBio) -> órgão executor -> atuação voltadas às Unidades de
Conservação federais;

- órgãos estaduais:
 órgãos seccionais -> responsáveis pela execução de programas e
projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de
provocar degradação ambiental;
- órgãos municipais:
 órgãos locais -> responsáveis pelo controle e fiscalização das
atividades dentro de suas circunscrições;
- o SISNAMA não tem personalidade jurídica: as atribuições são dos órgãos, entidades e
instituições que o integram;

22
Não existe mais a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República.
23
Atua diretamente no licenciamento ambiental.

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DIREITO AMBIENTAL 17

- o CONAMA é o órgão mais atuante do SISNAMA;

PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL


 Introdução:
- o estudo dos princípios ambientais é de suma importância para compreensão deste ramo do
Direito;
- não há uma uniformidade em relação aos princípios de Direito Ambiental – muitas vezes a
distinção se dá em relação à existência do princípio, ao conteúdo e à própria nomenclatura;
- há algumas normas que trazem a previsão de alguns princípios24 no Direito
Ambiental;
- é importante o conhecimento do conteúdo dos princípios elencados como espinhas dorsais
do Direito Ambiental;

 Princípio do desenvolvimento sustentável:


- o princípio busca conciliar duas ideias fundamentais: desenvolvimento econômico +
preservação ambiental;
- a ideia central do princípio é privilegiar o desenvolvimento de forma a preservar o meio
ambiente para as presentes e futuras gerações;
- premissas:
 as necessidades humanas são ilimitadas;
 os recursos naturais são finitos;
 desenvolvimento e progresso são direitos fundamentais do homem;
- necessidades humanas ilimitadas VS recursos naturais limitados -

24
Exemplo: Lei 11.428/06 (Lei do Bioma da Mata Atlântica)  traz previsão expressa dos princípios da
precaução, prevenção, equidade intergeracional, entre outros. A Lei 12.305/10 (Lei da Política Nacional
dos Resíduos Sólidos)  traz previsão expressa dos princípios do poluidor-pagador, desenvolvimento
sustentável, protetor-recebedor.

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DIREITO AMBIENTAL 18

- objetivo do princípio: compatibilizar o desenvolvimento econômico e social com a


preservação ambiental – a ideia é garantir desenvolvimento econômico com preservação do
meio ambiente (aumentando assim a qualidade de vida);

- princípio informador da ordem econômica: a defesa do meio ambiente é um princípio


informador da ordem econômica nos termos do artigo 170, inciso VI da CRFB/88;
- tripé do desenvolvimento sustentável  É baseado em um tripé (três fatores):
- preservação ambiental;
- crescimento econômico;
- equidade social25;
- conceito: o Relatório Brundtland (1.987) definiu o desenvolvimento sustentável como “o
desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer as gerações
futuras de suprir as suas próprias necessidades”;

25
Método mnemônico = PEC  preservação + equidade + crescimento.

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DIREITO AMBIENTAL 19

- a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81 – artigo 4º, inciso I)
trouxe a previsão de que ele se refere à “compatibilização do desenvolvimento
econômico social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do
equilíbrio ecológico”;
- a Declaração do Rio (92) trouxe a previsão de que “os seres humanos estão no
centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável, tendo direito a
uma vida saudável produtiva e em harmonia com a natureza”. Ainda segundo a
declaração “para alcançar o desenvolvimento sustentável a proteção ambiental
constituirá parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser
considerada isoladamente deste”;
- princípio do desenvolvimento sustentável [na prática]: embora seja fácil propor (em
abstrato) a compatibilização do desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, na
prática muitas colisões surgem da tentativa de conciliação destes dois ideais aparentemente
contraditórios;
DIREITO FUNDAMENTAL AO DIREITO FUNDAMENTAL À
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO VS PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

Pergunta: Os proveitos econômicos justificam os danos ambientais?


Exemplo comum e complexo: construção de uma hidrelétrica;

Resposta: somente no caso concreto (fundamentando-se em estudos e em


análises muito variáveis) pode ser realizada a compatibilização dos valores em
jogo;
- previsão constitucional: o artigo 225, caput, da CRFB/88 deve ser interpretado em conjunto
com o artigo 170, incisos VI e VII da mesma Carta Constitucional;
- o artigo 170 da CRFB/88 traz os princípios da ordem econômica e prevê entre
eles a defesa do meio ambiental e a redução das desigualdades regionais e
sociais;
- conjugando os princípios, deve haver desenvolvimento econômico, defesa do
meio ambiental e redução das desigualdades sociais;
- acepção social do princípio do desenvolvimento sustentável = justa
repartição das riquezas;
- composição atual do desenvolvimento sustentável -
- questão econômica -
- questão ambiental -
- questão social -

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DIREITO AMBIENTAL 20

- Lei 13.186/15 – Política de Educação para o Consumo Sustentável  busca a


adoção de práticas de consumo e técnicas de produção ecologicamente
sustentáveis;
- consumo sustentável: uso de recursos naturais de forma a
proporcionar a qualidade de vida para a geração presente sem
comprometer as necessidades das gerações futuras;
- julgado importante do STF sobre a importação de pneus usados: na ADI 3.540 o STF
considerou constitucional a norma que vedava a importação de pneus usados no Brasil tendo
em vista que tal atividade econômica não se justifica frente a uma série de princípios de
Direito Ambiental26;
- segundo a Corte deveria prevalecer “o princípio do desenvolvimento
sustentável como fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da
economia e as da ecologia”. Ainda continua afirmando que “além de impregnado
de caráter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em
compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator
de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia,
subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente
situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição
inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial
de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do
meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a
ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações”;
- resultado do julgamento: plena validade constitucional dos atos normativos
que vedaram a importação pelo Brasil de pneus usados destinados à reciclagem;
- o princípio do desenvolvimento sustentável tem um conteúdo denso, sempre se baseando no
tripé acima explicado – sendo, infelizmente, muitas vezes, um princípio que gera muitos
problemas de aplicação prática (dificuldade de conciliação de ideais aparentemente
antagônicos);

26
Importante: ver ADPF 101.

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DIREITO AMBIENTAL 21

27

 Princípio do usuário-pagador:
- tal princípio se refere aos casos em que determinados cidadãos, ainda que autorizados pelo
poder público (agindo licitamente), se apropriam de recursos naturais que, na essência, são de
todos. O particular então deve compensar a sociedade em razão desta apropriação;
- exemplo: utilização de água por alguém na sua residência -
Veja o Mapa Mental elaborado pelo Professor Tiago Martins 28:

- os responsáveis por implantação de atividades potencialmente poluidoras, ao realizar o


EIA/RIMA devem propor a compensação prevista na Lei do SNUC (Sistema Nacional de
Unidades de Conservação), sendo esta uma compensação voltada exclusivamente ao
fortalecimento das unidades de conservação  a sociedade deve ser compensada pela
utilização do recurso por um particular (compensação de até 0,5% do valor do investimento29);
- ideia central do princípio: quem utiliza um recurso ambiental pode ser obrigado a pagar pelo
seu uso;
- tônica do princípio: princípio do usuário pagador  compensação;
- concepção de usuário: é aquele que utiliza um recurso ambiental e não causa degradação;
- poluidor: é quem direta ou indiretamente causa degradação;

27
Imagem retirada do site: https://examedaoab.com/dicas-de-direito/principios-do-direito-ambiental/
28
Disponível em: https://proftiagomartins.com.br/principio-do-usuario-pagador/
29
Lembrando que a previsão legal expressa de valor mínimo foi considerada inconstitucional pelo STF.

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DIREITO AMBIENTAL 22

- fundamento do princípio: quem utilizada o bem de uso comum deve arcar com os custos
para a contínua utilização deste bem;
- previsão legal: artigo 4º, inciso VII da Lei 6.938/81;
- a Política Nacional do Meio Ambiente visará à imposição ao usuário da
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos;
- objetivos da cobrança:
 racionalizar o uso do recurso natural – que é finito;
 caráter educativo;
 quantificação do recurso;
 arrecadação de recursos financeiros para serem destinados à preservação
daquele recurso natural;
 evitar o “custo zero”;
 impedir o uso abusivo;
- exemplos de previsão legal de cobrança: o artigo 19 da Lei 9.433/97 prevê a
possibilidade de cobrança do uso de recursos hídricos com o objetivo de
reconhecer a água como bem econômico, incentivar a racionalização do seu uso e
obter recursos financeiros para o financiamento de programas buscando a
conservação do meio ambiente;

 Princípio do poluidor-pagador:
- ideia central do princípio  traz a regra de que as medidas de prevenção, mitigação,
controle, recuperação e compensação de impactos e danos ambientais devem ser suportados
pelo titular da atividade. A lógica é de que a atividade potencialmente poluidora gera danos a
todos, quem está usufruindo da atividade deve arcar com os custos ambientais potenciais da
citada atividade;
- resumo: as externalidades negativas (sofridas por todos) devem ser
internalizadas pela atividade do poluidor nos custos de produção – sob pena de
injusta repartição de ônus e bônus (poluidor com bônus – sociedade em geral com
o ônus30);
Veja o Mapa Mental elaborado pelo Professor Tiago Martins 31:

30
Privatização de lucros com socialização de prejuízos.
31
Disponível em: https://proftiagomartins.com.br/principio-do-poluidor-pagador/

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DIREITO AMBIENTAL 23

- exemplo: fábrica que foi instalada nas imediações de uma comunidade emitindo
poluentes no ar e causando prejuízos em outros empreendimentos – a indústria
deve arcar com os custos para implantação das medidas de contenção dos
impactos por ela ocasionados;
- STF, ADI 3.378/08: segundo o referido julgado “o artigo 36 da Lei 9.985/2000 densifica o
princípio do usuário-pagador, este a significar um mecanismo de assunção partilhada da
responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da atividade econômica”;
- críticas  ao que parece tal artigo traz na verdade o princípio do poluidor-
pagador – a única forma de aceitar a correção de tal julgado é entender o
princípio do usuário-pagador de forma ampla, englobando também o princípio do
poluidor-pagador (o poluidor seria uma espécie de “usuário negativamente
qualificado”);
- poluidor = usuário qualificado = usuário qualificado pelo resultado;
- conceito legal de poluidor: segundo o artigo 3º, inciso IV da Lei 6.938/81 “poluidor é a pessoa
física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente por
atividade causadora de degradação ambiental”;
 pessoa física + pessoa jurídica (direito público + direito privado)  diretamente
+ indiretamente  degradação ambiental;
- responsabilidade do poluidor: o poluidor deve arcar com os custos sociais que sua atividade
impactante causar ou puder causar (externalidades negativas);
- é transferido ao poluidor o dever de reduzir os impactos ambientais aos níveis
considerados aceitáveis pelo poder público;
- direito de poluir: não existe no direito brasileiro o direito de poluir – o princípio não é do
“pagador-poluidor”;
- o princípio é voltado para a ideia de prevenção – evitar o dano ambiental;
- há um dever de adequação da atividade de forma a se gerar a menor quantidade
de danos ambientais possível;
- fundamento: a ideia oriunda do dever de solidariedade intergeracional fundamenta o
princípio – a garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e
futuras gerações é um dever de todo nós;
- princípio da solidariedade intergeracional  decorre da ideia de que as
presentes gerações devem ser capazes de se sustentarem ou de suprirem as suas

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DIREITO AMBIENTAL 24

necessidades sem que isso comprometa a sobrevivência e exigências das relações


futuras;
- responsabilidade ambiental constitucional: nos termos do artigo 225, §3º da CRFB/88 “as
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independente da obrigação de reparar os danos
causados”;
- responsabilidade ambiental legal 32: o artigo 4º, inciso VII da Lei 6.938/81 vai trazer a regra de
que a Política Nacional do Meio Ambiente visará “a imposição ao poluidor e ao predador da
obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados”;
- exemplos importantes da aplicação do princípio:
 instalação de filtros em uma empresa;
 sistema de logística reversa (artigo 33 da Lei 10.305/1033);
- vertentes do princípio:
- vertente preventiva  evitar o dano – minimizar os danos e impactos
ambientais;
- vertente reparatória  restauração e reparação do dano causado;

34

Observação: atualmente a vertente reparatória tem sido encarada dentro do


princípio da responsabilidade, da responsabilização ou da reparação integral;

 Princípio da prevenção:
- a lógica inerente ao princípio é de que sendo conhecidos os impactos de determinadas
atividades, deve-se agir de forma a preveni-los, mitiga-los, controlá-los e evitá-los. Tal princípio
é aplicado em impactos conhecidos – a ciência tem conhecimento dos impactos decorrentes
de determinadas atividades econômicas;

32
Há disposições semelhantes em outros diplomas legislativos que tratam da tutela do meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
33
Há obrigação de implantação de sistema de logística reversa para o retorno dos produtos após o uso
pelo consumidor para alguns produtos específicos – podemos citar como exemplo os agrotóxicos, pilhas
e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas e produtos eletroeletrônicos.
34
Imagem retirada do site: https://examedaoab.com/dicas-de-direito/principios-do-direito-ambiental/

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DIREITO AMBIENTAL 25

35

- o princípio estabelece o dever de prevenção aos impactos ambientais, visto que tais impactos
são irreversíveis ou reversíveis há longo prazo – busca então evitar a ocorrência do dano;
- prevenção  agir de forma antecipada  aquilo que se conhece  certeza científica;
- fundamento constitucional: está previsto no artigo 225 da CRFB/88 ao prever o dever de
defesa para as presentes e futuras gerações;
- instrumentos do princípio da prevenção:
- licenciamento ambiental + EIA/RIMA -
- por meio do licenciamento ambiental 36 se busca mitigar ou controlar os
possíveis impactos ao meio ambiente em função da atividade que se busca
realizar. Tal procedimento é composto de vários estudos (EIA/RIMA 37 ) que
buscam verificar vários aspectos, dentre eles a busca por método menos agressivo
ao meio ambiente, criação de mecanismos de controle e fiscalização, análise de
métodos alternativos de exploração e viabilidade ambiental e econômica do
empreendimento;
- o processo de licenciamento ambiental pode ser: municipal + estadual + federal
 nos termos da Lei Complementar 140;
- a competência para FISCALIZAR e multar é distinta da competência para
LICENCIAR  qualquer uma das três esferas federativas podem exercer atividade
fiscalizatória e outras atividades buscando conter o dano;
- pluralidade de autos de infração  LC 140/11  prevalece o auto de infração
realizado pelo órgão licenciador 38;
- lembre-se: prevenção = impactos ambientais cientificamente conhecidos;

 Princípio da Precaução:
- trabalha com uma ideia de incerteza científica (dúvida);
- origem da incerteza: informação científica insuficiente + informação científica inconclusiva +
informação científica incerta;
- com potencial perigo ao meio ambiente e à saúde humana;

35
Imagem retirada do site: https://examedaoab.com/dicas-de-direito/principios-do-direito-ambiental/
36
Procedimento administrativo ordenado que busca atingir o fim público de proteção ao meio ambiente
e analisar a viabilidade de determinadas atividades, juntamente com as medidas de mitigação e
controle.
37
O licenciamento ambiental é a principal expressão, no ordenamento jurídico nacional, do princípio
da prevenção. O próprio empreendedor é o responsável pela elaboração do EIA/RIMA para subsidiar o
processo de licenciamento ambiental – o poder público verifica apenas a adequação do estudo. Está
previsto no artigo 2º da Resolução CONAMA nº 01/86.
38
Lembrando que há tríplice responsabilização: cível + penal + administrativa.

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DIREITO AMBIENTAL 26

- é necessário: insuficiência científica da informação + perigo potencial;


- neste princípio os impactos ambientais ainda não são conhecidos de forma satisfatória pela
ciência, pairando a dúvida sobre o risco da atividade. Havendo dúvida deve ser adotada a
interpretação “pro natureza”;
- aplicação do princípio in dubio pro natura;
- a certeza sobre os impactos de uma determinada atividade não necessariamente existe;
- parâmetros da medida a ser adotada (dúvida em favor do meio ambiente):
- proporcionalidade em relação ao risco da interdição à informação;
- coerência com as medidas já tomadas em situações similares;
- precariedade, tendo em vista a possibilidade de nova análise;
- segundo tal princípio, a ausência de certeza científica não poderá ser utilizada como
justificativa para impor o adiamento de medidas que devem ser tomadas buscando evitar os
impactos ambientais possíveis;
- a dúvida deve militar em prol da saúde e da defesa do meio ambiente;
- a incerteza não impede a ação buscando evitar, neutralizar e conter determinados danos –
mesmo que potenciais;

39

- o princípio da precaução induz a uma presunção de nexo de causalidade –


presume-se que de determinadas atividades decorrem determinados impactos,
cabendo ao titular da atividade afastar tal presunção – há verdadeira inversão do
ônus da prova40 quanto ao risco da atividade;
- Súmula 618 do STJ: a inversão do ônus da prova se aplica em matéria ambiental;
- fundamento constitucional implícito: artigo 225, §1º, inciso V  ao prever que cabe ao
poder público controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
- previsão legal implícita:
- artigo 54, §3º da Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais);
- previsão legal explícita:
- artigo 1º da Lei 11.105/05 (Lei de Biossegurança);
- artigo 6º, parágrafo único da Lei 11.428/06 (Lei do Bioma Mata Atlântica);

39
Imagem retirada de: https://examedaoab.com/dicas-de-direito/principios-do-direito-ambiental/
40
Transfere ao empreendedor o dever de provar que a sua atividade não causa danos ao meio ambiente
– neste sentido: STJ, RESp. 1.060.753/SP. Crítica: deve haver cuidado na exigência desta prova a ser
produzida pelo empreendedor, sob pena de se criar a necessidade de comprovação de algo impossível
(prova diabólica).

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DIREITO AMBIENTAL 27

- quadro comparativo – prevenção VS precaução:


Princípio da Prevenção Princípio da Precaução
- é possível prever os danos - não é possível prever os danos
ambientais; ambientais;
- risco conhecido; - risco desconhecido;
- exemplo de aplicação do princípio da precaução no STJ:
- instalação de antes de telefonia móvel (STJ, REsp. 1.344.363/GO): em matéria
de meio ambiente, as decisões judiciais devem privilegiar os princípios da
precaução e da prevenção com o objetivo de evitar os danos acarretados pela
emissão de radiação a partir das estações rádio-base (ERB´s) instaladas ou a
serem edificadas, sem prévia licença municipal;

 Princípio do protetor-recebedor:
- aquele que protege o recurso natural para além do que determina a lei tem o direito de ser
recompensado pela sua atitude41 – que busca o bem comum;
- princípio do protetor recebedor  tônica  recompensa;
- forma classicamente estabelecida para a recompensa  PSA42;
- é necessária a realização de um trabalho de criação de interesse econômico para demonstrar
que quem respeita o meio ambiente deve ter alguns benefícios financeiros – a correta
implantação desta estratégia é essencial para o sucesso da política de proteção do meio
ambiente;
- previsão legal:
- previsto expressamente no artigo 6º, inciso II da Lei 12.305/10 (Lei da Política
Nacional dos Resíduos Sólidos);
- Código Florestal (Lei 12.641/12): traz no artigo 41 o programa de apoio e
incentivo à preservação e recuperação do meio ambiente;
- ICMS ecológico: mecanismo voltado para os Municípios buscando o incentivo na
criação de áreas protegidas de forma a aumentar a arrecadação;
- isenção do Imposto Territorial Rural: previsto no artigo 10, §1º da Lei 9.393/96;
- o princípio demonstra a importância de se premiar as boas práticas e condutas ambientais;

 Princípio da informação:
- é a garantia de acesso a estudos e dados ambientais a todos;
- só é possível a participação ativa do processo de tomada de decisão se a sociedade estiver
bem informada. Para isto a sociedade deve ter direito a acessar dados e informações em posse
do próprio poder público em matéria ambiental para depois externar o ponto de vista;
- documentos importantes: avaliação de impacto ambiental + pareceres técnicos
+ pareceres jurídicos;
- direito de petição: é um mecanismo importante de acesso a tais dados;
- previsão legal:

41
Com benefícios econômicos e fiscais.
42
Pagamento por serviços ambientais.

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DIREITO AMBIENTAL 28

- artigo 5º, inciso XXXIII da CRFB/88;


- artigo 4º, inciso V da Lei 6.938/81;
- princípio 10 da Declaração do Rio (92);
- artigo 2º, §1º da Lei 10.650/03;
- qualquer indivíduo, independentemente da comprovação de
interesse específico terá acesso às informações mediante
requerimento escrito no qual assumirá a obrigação de não utilizar as
informações colhidas para fins comerciais;
- artigo 40 da Lei 11.105/05;
- artigo 6º, inciso X da Lei 12.305/10;

 Princípio da participação ou princípio democrático:


- a coletividade também tem o dever de preservar e defender o meio ambiente (conforme
previsto no próprio artigo 225 da CRFB/88);
- a defesa do meio ambiente deve ser realizada pelo poder público e pela coletividade em
conjunto;
- defende a participação ativa da coletividade no processo de tomada de decisão relativa ás
políticas públicas ambientais (formas de participação popular):
- âmbito legislativo: projeto de lei de iniciativa popular + plesbicito + referendo;
- âmbito executivo: participação em conselhos de política ambiental (paritários) +
participação em audiência pública43;
- âmbito judicial: ação popular + ação civil pública;
- direito à informação: é um pressuposto para que a coletividade possa participar da defesa do
meio ambiente;
- fundamento constitucional: artigo 225 da CRFB/88;

 Princípio da educação ambiental:


- previsto no artigo 225, §1º, inciso VI da CRFB/88, traz a regra de que cabe ao poder público
prover educação ambiental para que as pessoas estejam bem informadas e possam
desincumbir da sua obrigação de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e
futuras gerações;
- estabelece ao poder público dois mandamentos:
 garantir educação ambiental em todos os níveis de ensino;
 conscientizar a população sobre a necessidade de preservação do meio
ambiente;
- Política Nacional de Educação Ambiental: estabelecida pela Lei 9.795/99;
- artigo 10, §1º: não exige a implantação de uma matéria específica – exigindo
uma prática integrada, contínua e permanente de educação ambiental;

43
Não basta a participação formal, devendo as manifestações ser levadas em conta no processo de
tomada de decisão.

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DIREITO AMBIENTAL 29

- há uma previsão que pode ser utilizada como fundamentadora do princípio da Lei de Política
Nacional do Meio Ambiente (artigo 4º, inciso V da Lei 6.938/81);

Princípio do direito humano fundamental44:


- também é conhecido como princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito
fundamental da pessoa humana;
- falar de meio ambiente ecologicamente equilibrado é falar de uma garantia fundamental de
todos os seres humanos;
- objeto de tutela: sadia qualidade de vida – não há tutela apenas da vida, mas de uma
qualidade de vida agradável (que depende de um meio ambiente ecologicamente equilibrado);
- artigo 225, caput da CRFB/88: o meio ambiente ecologicamente equilibrado é essencial à
sadia qualidade de vida;
- vida digna <-> meio ambiente ecologicamente equilibrado -

 Princípio da cooperação:
- cooperar = agir em conjunto;
- os impactos ambientais ultrapassam a ideia territorial – por isso a necessidade de ação
conjunta para preservação do meio ambiente;
- fundamento constitucional: o artigo 4º, inciso IX da CRFB/88 traz a regra de que “a República
Federativa do Brasil refere-se nas suas relações internacionais pelo princípio da cooperação
entre os povos para o progresso da humanidade”;
- previsão legal: o artigo 77 da Lei 9.605/98 traz a regra da “necessária cooperação a outro
país”;
- óticas de aplicação:
- aplicação externa  cooperação entre o Brasil e outros países;
- aplicação interna  competência material comum dos entes federativos para
promover a preservação ambiental (federalismo cooperativo);
- também conhecido como princípio da cooperação entre os povos, afirma que todas as
nações devem conjugar esforços no sentido de preservar o meio ambiente;
- tal princípio deve ser aplicado principalmente em questões fronteiriças (ex.: a
Amazônia vai além das fronteiras brasileiras);
- outro fator importante é o caráter global dos processos de interações ambientais –
dificilmente possíveis de serem vistos de forma local (isoladamente);
- pelo princípio da responsabilidade comum, porém diferenciada as nações que pela sua
forma ou estruturação impactam mais o meio ambiente devem, via de consequência, arcar
com os maiores ônus para a sua preservação (quem explora mais arca com maiores ônus);

 Princípio do limite ou controle:

44
Previsto no artigo 225, caput, da CRFB/88 – não há nenhum problema em prever direitos e garantias
fundamentais fora do artigo 5º da CRFB/88 (o rol deste artigo é meramente exemplificativo).

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DIREITO AMBIENTAL 30

- ideia central: o Poder Público vai estabelecer o padrão ambiental compatível com o meio
ambiente equilibrado – estabelecimentos de limites daquilo que se considera socialmente
tolerável;
- previsão constitucional: previsto no artigo 225, §1º, inciso V da CRFB/88, sendo imposto ao
poder público o controle da produção, comercialização e emprego de técnica, métodos e
substâncias que importem em risco para a vida, qualidade de vida e meio ambiente;
- melhor tecnologia disponível: tal princípio traz a regra de que devem ser sempre
implantada, nos empreendimentos, tecnologias que causem menores danos ao
meio ambiente, mesmo que a implantação de tais tecnologias sejam mais
onerosas ao empreendedor;
- há importantes Resoluções do CONAMA fazendo esta função em âmbito federal: fixando
padrões para a água, para a emissão de ruídos e de gases poluentes;

 Princípio da solidariedade intergeracional45 ou equidade:


- conteúdo: estabelece o dever de preservação e defesa do meio ambiente para as presentes e
futuras gerações, além do dever de utilização dos recursos naturais de forma a permitir o uso
adequado destes recursos pelas futuras gerações;
- tipos de solidariedade:
- solidariedade sincrônica  entre as gerações presentes;
- solidariedade diacrônica  entre a presente e as futuras gerações;
- fundamento constitucional: o artigo 225, caput da CRFB/88 faz referência expressa às
“presentes e futuras gerações”;

 Princípio da função socioambiental da propriedade:


- superando a lógica patrimonialista e individualista, tal princípio é decorrência lógica da
função social da propriedade em matéria ambiental;
- segundo tal princípio, não basta o exercício da propriedade de forma a não
agredir o meio ambiente (dimensão negativa). Também é preciso que o uso da
propriedade se dê de forma a proteger o meio ambiente (dimensão positiva);
- dimensão negativa  não causar danos ambientais;
- dimensão positiva  preservar o meio ambiente;
- é a função social da propriedade com um viés ambiental – acrescenta-se o viés de equilíbrio
e tutela ambiental;
- conteúdo: exige o dever de exercer o direito de propriedade respeitando o bem-estar da
coletividade e o meio ambiente;
- função social + defesa ambiental = função socioambiental -
- previsão constitucional:
- artigo 5º, incisos XXII e XXIII da CRFB/88;
- artigo 170, inciso III da CRFB/88;
- artigo 182, §2º da CRFB/88  função social da propriedade urbana;
- artigo 186 da CRFB/88  função social da propriedade rural46;

45
Entre gerações.

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DIREITO AMBIENTAL 31

- importante: lembrar que a função social da propriedade na cidade está fortemente ligada às
ideias de cumprimento das normas previstas no plano diretor;
- artigo 1.228, §1º do Código Civil: o direito de propriedade deve ser exercido em
consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam
preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, fauna, as
belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como
evitada a poluição do ar e das águas;
- exemplos: área de preservação permanente (APP) + reserva legal 47 (RL);
- julgado importante do STJ sobre o tema:
- STJ, REsp. 1.240.122: inexiste direito ilimitado ou absoluto de utilização das
potencialidades econômicas de imóvel, pois antes até da promulgação da
Constituição vigente o legislador já cuidava de impor algumas restrições ao uso da
propriedade com o escopo de preservar o meio ambiente, tarefa essa que, no
regime constitucional de 1.988, fundamenta-se na função ecológica do domínio e
posse;

 Princípio da obrigatoriedade da atuação estatal:


- também conhecido como princípio da natureza pública da proteção ambiental;
- conteúdo: cria um dever ao Poder Público de defender e preservar o meio ambiente
ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações;
- a CRFB/88 impõe ao poder público o dever de defender e preservar o meio
ambiente para as presentes e futuras gerações. Tal imposição caracteriza o
princípio da obrigatoriedade ou da natureza pública da proteção. A norma
constitucional determina ao poder público a adoção de diversas medidas para a
proteção do meio ambiente;
- exemplo de medidas constitucionalmente impostas: define em
todas as unidades da federação espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo alteração e
supressão permitida apenas através de lei, vedada qualquer
utilização que comprometa a integridade dos atributos que justificam
a sua proteção (artigo 225, §1º da CRFB/88)  espações territoriais
especialmente protegidos (Área de Preservação Permanente +
Reserva Legal + Unidade de Conservação);

 Princípio da ubiquidade:
- todas as decisões e medidas tomadas possuem reflexos ambientais – assim as questões
ambientais devem ser levadas em conta ao tomar decisões em políticas públicas;
- conteúdo: a proteção do meio ambiente deve ser levada em consideração sempre que uma
medida social for desenvolvida;
- toda medida de caráter social deve ser analisada no que tange aos efeitos
ambientais;

46
Requisito do inciso II: utilização adequada aos recursos naturais disponíveis e à preservação do meio
ambiente.
47
Regra geral: 20% de reserva legal na propriedade. Exceção: Amazônia Legal – vai variar de acordo
com o bioma (floresta = 80% / cerrado = 35% / demais biomas = 20%).

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DIREITO AMBIENTAL 32

- os efeitos ambientais são indissociáveis das medidas e decisões sociais tomadas;

 Princípio da vedação ao retrocesso48:


- conteúdo: princípio voltado principalmente ao Poder Legislativo, buscando impedir a
diminuição de padrões de proteção ambiental;
- fundamento: o direito ao meio ambiente equilibrado é um bem fundamental de todos nós;
- sendo o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado uma conquista
histórica, tal direito não pode ser interpretado de forma a retroceder a situações
anteriores, depreciando seu espectro de atuação. Segundo o princípio, a proteção
deve ser cada vez mais complexa e eficiente;
- Novo Código Florestal: surgiu questionamentos sustentando que o novo diploma legislativo
representaria um retrocesso na proteção ambiental – o entendimento dos tribunais se
sedimentou em sentido contrário49;
- julgado importante sobre o tema:
- STJ, REsp. 302.906: o exercício do ius variandi, para flexibilizar restrições
urbanístico-ambientais contratuais, haverá de respeitar o ato jurídico perfeito e o
licenciamento do empreendimento, pressuposto geral que, no Direito
Urbanístico, como no Direito Ambiental, é decorrência da crescente escassez de
espaços verdes e dilapidação da qualidade de vida nas cidades. Por isso mesmo,
submete-se ao princípio da não-regressão (ou por outra terminologia, princípio
da proibição de retrocesso), garantia de que os avanços urbanísticos-ambientais
conquistados no passado não serão diluídos, destruídos ou negados pela geração
atual ou pelas seguintes;

TUTELA DO MEIO AMBIENTE NA CONSTITUÇÃO FEDERAL DE 1.988


 Referências ao meio ambiente na Constituição Federal:
- artigo 5º, inciso LXXII: qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
anular ato lesivo ao meio ambiente;
- artigo 23, inciso VI: é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
- artigo 24, incisos VI e VIII: é competência concorrente da União, Estados e Distrito Federal
em legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição, além de também legislar
sobre responsabilidade por dano ao meio ambiente;
- artigo 129, inciso III: é função institucional do Ministério Público promover o inquérito civil e
a ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos;

48
Vejo entraves de cunho político-filosófico ao princípio citado: se adotado de maneira rígida ele acaba
por impedir a ação legislativa e o poder do povo em decidir, por meio dos seus representantes, a
estratégia que entende mais pertinente ao seu bem estar – conjugando defesa ambiental e
desenvolvimento econômico. O que deve se impedir é a agressão ao desenvolvimento sustentável –
não a diminuição de proteção legislativa de um padrão ambiental específico.
49
Interessante observar – ao estudar o Código Florestal – a posição do STF em relação a
(in)constitucionalidade de alguns pontos específicos da legislação.

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DIREITO AMBIENTAL 33

- artigo 170, inciso VI: a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observado o princípio da defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento
diferenciado conforme o impacto ambiental de produtos e serviços e de seus processos de
elaboração e prestação;
- artigo 186, inciso II: a função social é cumprida quando a propriedade rural atende ao
requisito da utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente – dentre outros requisitos;
- artigo 200, inciso VIII: ao Sistema Único de Saúde compete colaborar na proteção do meio
ambiente, nele compreendido o meio ambiente do trabalho;
- artigo 220, §3º, inciso II: a manifestação de pensamento não pode sofrer restrição,
competindo à lei federal estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a
possibilidade de se defenderem de práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao
meio ambiente;

 Análise específica do artigo 225 da Constituição Federal:


- o artigo 225 da CRFB/88 faz parte do capítulo que trata do meio ambiente;
- a estrutura do artigo é a seguinte:
- caput: norma-matriz;
- §1º: atribuições do poder público;
- §2º ao §7º: determinações relacionadas a objetos e setores específicos;
- artigo 225, caput, CRFB/88:
- todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações;
- “todos tem direito”: refere-se aos brasileiros natos, naturalizados e estrangeiros
residentes no país. Consagra-se um direito oponível contra todos;
- “meio ambiente ecologicamente equilibrado”: trata-se de um meio ambiente
salubre, sem poluição. É um direito fundamental do homem, sendo então
indisponível (direito fundamental de 3ª geração/dimensão);
- conceito macro de bem ambiental: conjunto de condições de leis e
influências de várias ordens, permitindo e abrigando a vida em todas
as suas formas (visão incorpórea);
- conceito micro de bem ambiental: fauna, flora (visão corpórea);
- artigo 225 traz a ideia macro de bem ambiental (parte incorpórea);
- “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”: possui
natureza difusa, sendo o poder público um dos principais gestores do meio
ambiente – embora não seja proprietário do meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Tal ideia faz surgir a noção de função socioambiental da propriedade;
- “impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo”: há um dever de tutela do meio-ambiente, devendo haver o
comprometimento de todos – o cidadão também tem o dever de defesa e
preservação do meio ambiente (não é apenas destinatário);

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DIREITO AMBIENTAL 34

- “para as presentes e futuras gerações”: trata-se da solidariedade


intergeracional, reconhecendo-se um direito para as pessoas e gerações que
ainda não existem;
STF, ADI-MC 3.540/DF (link no julgado)
Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Trata-se de um
típico direito de terceira geração que assiste a todo o gênero humano. Incumbe
ao Estado e à própria coletividade a especial obrigação de defender e preservar,
em benefício das presentes e futuras gerações esse direito de titularidade coletiva
e de caráter transindividual. O adimplemento desse encargo representa a garantia
de que não se instaurarão, no seio da coletividade, os graves conflitos
intergeracionais marcados pelo desrespeito ao dever de solidariedade que a todos
se impõe na proteção desse bem essencial de uso comum das pessoas em geral.
- §1º do artigo 225 da CRFB/88: para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público:
- busca estabelecer atribuições para satisfação do objetivo de alcançar um meio
ambiente ecologicamente equilibrado;
- são deveres dos entes federados;
- devem ser observadas as repartições de competência do nosso modelo
federativo – previsto na CRFB/88;
- inciso I: preservar50 e restaurar51 os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
- preservação: é um conjunto de métodos, procedimentos e políticas
que visam a proteção há longo prazo das espécies, habitats e
ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos,
prevenindo a simplificação dos sistemas naturais (artigo 2º, inciso V
da Lei 9.985/00)  manutenção de uma situação anterior;
- restauração: é a restituição de um ecossistema ou de uma
população silvestre degradada o mais próximo possível da sua
condição original (artigo 2º, inciso XIV da Lei 9.985/00) 
reestabelecimento de uma situação diante de um dano;
- processos ecológicos essenciais: não há um conceito legal e jurídico
do tema. Ele é definido como aquele que garante a vida, alimentos,
manutenção das espécies e ecossistemas;
- prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas: manejo
ecológico é a obrigação de gestão ambiental, ou seja, todo e
qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da
diversidade biológica e dos ecossistemas;
- inciso II: preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país
e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e a manipulação de material
genético;
- preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético:
biodiversidade é a diversidade de espécies vivas, a variabilidade de
organismos vivos de todas as origens;

50
Manter.
51
Trazer de volta.

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DIREITO AMBIENTAL 35

- fiscalizar entidades dedicadas à pesquisa: além da fiscalização se


tem o cuidado de proibir pessoa física no desenvolvimento
tecnológico de manipulação genética (artigo 2º, §2º da Lei
11.105/2005);
- artigo 7º, inciso XIX da LC 140/11: cabe à União o
controle da exportação de componentes de
biodiversidade brasileira na forma de espécimes
silvestres da flora, micro-organismos e da fauna, partes
ou produtos dele derivados;
- inciso III: definir espaços territoriais e seus componentes a ser especialmente
protegidos;
- espaço territorial especialmente protegido  instrumento de tutela
do meio ambiente (áreas com especial interesse ecológico e
características especiais);
- a alteração e a supressão somente é possível através de lei
específica;
- a criação pode se dar por meio de outro ato (ex.: decreto);
- o artigo 9º, inciso VI da Lei 6.938/81 já falava em “espaços
territoriais especialmente protegidos 52”;
STF, ADI 3.540: estabeleceu que o rol de espaços territoriais
especialmente protegidos na CRFB/88 é meramente exemplificativo,
incluindo as áreas de preservação permanente, reserva legal e
unidades de conservação da natureza;
- espaços territoriais especialmente protegidos -
- Unidades de Conservação -
- Áreas de Preservação Permanente -
- Reserva Legal -
- Áreas de Uso Restrito -
- Apicuns e Salgados -
- inciso IV: exigir, na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de degradação do meio ambiente estudo prévio de
impacto ambiental;
- estudo prévio de impacto ambiental: previsto no artigo 225, §1º,
inciso IV da CRFB/88 e na Resolução CONAMA 01/86;
- estudo prévio de impacto ambiental:
- estudo multidisciplinar;
- estudo realizado por equipe multidisciplinar;
- indica os pontos favoráveis e desfavoráveis de um
determinado empreendimento;
- sugere medidas cabíveis para a mitigação dos impactos
ambientais.

52
É um conceito genérico, abrangendo uma série de espaços que receberão proteção especial.

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DIREITO AMBIENTAL 36

- exigência: toda obra ou atividade potencialmente


causadora de significativa degradação ambiental;
- dispensa por lei ou Constituição Estadual -
Na ADI 1.086/SC o STF entendeu que dispensar a
exigência de EIA/RIMA é cria exceção incompatível com
o disposto na Constituição Federal – postura
inconstitucional;
- inciso V: controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o
meio ambiente;
- o inciso trata do risco, fundamento de forma indireta o princípio da
precaução;
- ao falar do controle e dos padrões, estabelece-se o princípio do
limite;
- exemplos da incidência do inciso:
- Lei 7.802/89: fiscalização de agrotóxicos;
- Lei 11.105/05: normas de segurança de Organismos
Geneticamente Modificados;
- Lei 12.305/10: Política Nacional de Resíduos Sólidos;
- inciso VI: promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
- princípio da educação ambiental;
- necessidade de informação ambiental para efetividade do processo
de educação do indivíduo e da sociedade;
- objetivo: desenvolver consciência ecológica na sociedade;
- obrigações do poder público:
 promover a educação ambiental;
 desenvolver a consciência ecológica;
- inciso VII: proteger a fauna e a flora, vedadas as práticas que coloquem em risco
a função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à
crueldade;
- dispositivo de inspiração biocêntrica;
- vedações do dispositivo:
 práticas que coloquem em risco a função ecológica;
 prática que provoquem a extinção de espécies;
 prática que submetam os animais à crueldade;
§7º: para os fins do disposto na parte final do inciso VII, não se consideram
cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam
manifestações culturais registradas como bem de natureza imaterial
integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas
por lei específica que assegura o bem-estar dos animais (EC 96/1753);

53
A EC 96/17 veio como reação legislativa ao entendimento do STF de que a “vaquejada” era
inconstitucional por ser “cruel contra os animais” (STF, ADI 4.983/CE). Houve verdadeira superação

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DIREITO AMBIENTAL 37

- a obrigação do Estado de garantir o pleno exercício dos direitos


culturais não prescinde da observância da norma de vedação da
prática que submeta os animais à crueldade – inconstitucionalidade
da “farra do boi54” (STF, RE 153.531/SC);
- §2º do artigo 225 da CRFB/88: aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão
público competente;
- mineração: atividade de grande impacto ambiental  dever de recuperar o
meio ambiente degradado  conciliação do desenvolvimento econômico com a
preservação ambiental  princípio do desenvolvimento sustentável;
- §3º do artigo 225 da CRFB/88: tríplice responsabilidade ambiental;
- responsabilidade civil  responsabilidade objetiva (§1º do artigo 14 da Lei
6.983/81);
- responsabilidade penal  responsabilidade subjetiva (possibilidade de punição
penal na pessoa jurídica – artigo 3º da Lei 9.605/98);
- responsabilidade administrativa  responsabilidade subjetiva55;
- cada uma das responsabilidades é regida por um sistema próprio de
responsabilidade;
- STJ, EREsp. 1.318.051: exige demonstração de conduta praticada pelo agressor e
nexo causal entre conduta e o dano (exigência do elemento subjetivo na
responsabilidade administrativa);

- §4º do artigo 225 da CRFB/88: importância de determinados biomas;


- patrimônio nacional: Floresta Amazônica + Mata Atlântica + Serra do Mar +
Pantanal Mato Grossense + Zona Costeira 56;

legislativa (override) demonstrando que o Poder Legislativo não ficou contente com a decisão tomada
pela Suprema Corte. Há uma ADI (ADI 5.772) proposta contra a EC 96/17.
54
No mesmo sentido as decisões referentes às “rinhas de galo”. A inconstitucionalidade da “vaquejada”
se baseou na tese de que a proibição da crueldade prevalece sobre a atividade cultural.
55
Houve um período de muita discussão sobre a natureza dessa responsabilidade (se subjetiva ou
objetiva). Na doutrina ainda há três posições: a primeira considera que a responsabilidade é objetiva
(Paulo Affonso Leme Machado); a segunda sustenta que a responsabilidade é subjetiva (Fábio Medina
Osório); a terceira é uma posição híbrida sustentando que entre a responsabilidade objetiva de caráter
civil e a responsabilidade penal subjetiva há uma categoria intermediária que exige a ilicitude da
conduta para que seja tida como infracional, caracterizando-se ainda pela pessoalidade por conta da
índole repressiva (Édis Milaré).

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DIREITO AMBIENTAL 38

- não fazem parte do artigo: cerrado + caatinga + campos sulinos;


- consequência de ser patrimônio nacional: demonstra a relevância nacional,
embora não transforme em bem público ou bem da União;
STF, RE 134.297/SP: o preceito constitucional não converteu tais bens em bens
públicos e também não impediu a utilização pelos próprios particulares dos
recursos nas áreas sujeitas ao domínio privado, respeitadas as condições
necessárias à preservação ambiental dispostas na norma.
- §5º do artigo 225 da CRFB/88: indisponibilidade das terras devolutas ou arrecadadas
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais;
- terra devoluta: não está destinada a uso público e não integra qualquer
patrimônio particular;
 não são todas as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados
que são indisponíveis;
 somente são indisponíveis as necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais;
 a indisponibilidade independe da ação discriminatória – é
determinada em razão da origem do seu domínio e da finalidade a
que se destina;
 indisponíveis apenas se necessária à proteção dos ecossistemas
naturais;
- §6º do artigo 225 da CRFB/88: usinas que operam com reator nuclear deverão ter sua
localização definida em lei federal sem o que não poderão ser instaladas;
- atividade nuclear é admitida para fins pacíficos;
- responsabilidade civil por danos nucleares: é objetiva – independe de culpa
(artigo 21 da CRFB/88);
- após a lei federal definindo a localização (lei federal) é necessário o
licenciamento ambiental;

57

REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS AMBIENTAIS


 Introdução:
- há um capítulo na CRFB/88 destinado à defesa do meio ambiente;

56
Método Mnemônico: FMSPZ.
57
Ilustração extraída da aula disponibilizada pelo curso de Direito Ambiental do G7 Jurídico.

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DIREITO AMBIENTAL 39

- a repartição de competências fundamenta-se nos artigos 21 a 25 e 30 da CRFB/88;


- a competência administrativa é material ou executiva;
 competência administrativa = material / executiva;
- a competência também pode ser legislativa;
- o tema é confuso e gera uma série de problemas e polêmicas no caso concreto por ser difícil
precisar qual ente é o competente;

 Gráfico de Competências58:

 Competência material exclusiva da União:


- prevista no artigo 21, incisos IX, XVIII, XIX, XX e XXIII;
- compete exclusivamente à União:
- inciso IX: elaboração de planos nacionais e regionais de ordenação do território
e de desenvolvimento econômico e social;
- inciso XVIII: planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades
públicas, especialmente as secas e inundações;
- inciso XIX: instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e
definir critérios de outorga de direitos de seu uso59;
- inciso XX: instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive
habitação, saneamento básico e transportes urbanos 60;
- inciso XXIII: explorar serviços e instalações nucleares de qualquer natureza;

 Competência legislativa privativa da União:


- o artigo 22 da CRFB/88 previu a competência legislativa privativa da União Federal em
relação à:

58
Disponibilizado pelo curso G7 Jurídico.
59
Ver Lei 9.433/97 – Lei de Política Nacional de Recursos Hídricos.
60
Ver Lei 11.977/09 – Programa “Minha Casa Minha Vida” e Lei 11.455/07 (Lei de Saneamento Básico).

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DIREITO AMBIENTAL 40

- águas e energia (inciso IV);


- diretrizes da política nacional de transportes (inciso IX);
- regime de portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial
(inciso X);
- trânsito e transporte (inciso XI);
- jazidas, minas e outros recursos minerais (inciso XII);
- atividades nucleares (inciso XXVI);
Observação: lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo;

 Competência material comum;


- prevista no artigo 23 da CRFB/88;
- competência comum: consagra o federalismo cooperativo;
- há necessidade de lei complementar fixando as regras de cooperação entre todos os entes;
- traz a ideia de união de todos os entes para atingir os objetivos constitucionalmente
previstos;
- inciso III: proteção de documentos, obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, monumentos, paisagens naturais notáveis e sítios
arqueológicos;
- inciso IV: impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e
outros bens de valor histórico, artístico e cultural;
- inciso V: proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;
- inciso VI: proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas;
- inciso VII: preservar as florestas, a fauna e a flora;
Observação: leis complementares fixarão normas para a cooperação entre União
e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
- Lei Complementar 140/11: fixa as normas de cooperação entre os
entes federados com o objetivo de desenvolvimento e bem estar de
âmbito nacional;
- objetivos da lei -
- proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente
equilibrado, promovendo a gestão descentralizada, democrática e
eficiente;
- garantir equilíbrio do desenvolvimento econômico com a proteção
ambiental;
- harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar
sobreposição de atuação entre os entes – evitando conflitos de
atribuição (atuação administrativa eficiente);
- uniformizar a política ambiental para todo o país;
- instrumentos de cooperação da lei -
- consórcios públicos;
- convênios e acordos de cooperação;

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DIREITO AMBIENTAL 41

- Comissão Tripartite (Nacional e Estadual);


- fundos públicos e privados;
- delegação de atribuições;
- delegação de execução de ações administrativas;

 Competência legislativa concorrente:


- prevista no artigo 24 da CRFB/88;
- a competência é concorrente da União e dos Estados – não há previsão explícita da
competência municipal;
- há três importantes temas em Direito Ambiental:
- inciso VI: florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo
e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
- inciso VII: proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
paisagístico;
- inciso VIII: responsabilidade por dano ao meio ambiente, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
- União: fixação de normas gerais (garantir o mínimo de proteção ambiental);
- Estados e Distrito Federal: complementar a legislação (somente tem competência legislativa
plena caso a União não venha a exercer sua prerrogativa de legislar);
- o Município não tem previsão expressa no artigo 24, mas ele também tem competência
ambiental:
 assuntos de interesse local;
 suplementar a legislação federal e estadual no que couber;
- conflito em relação à norma federal:
- não há conflito se a norma estadual for mais restritiva (trazendo maior proteção
ambiental);
- não pode haver impedimento da atividade – a norma pode ser mais restritiva,
mas não pode vedar a atividade;

 Competência dos Municípios;


- prevista no artigo 30 da CRFB/88;
- segundo a disposição constitucional, compete aos Municípios:
- inciso I: legislar sobre assuntos de interesse local;
- inciso II: suplementar a legislação federal e estadual no que couber;
- inciso VIII: promover, no que couber, adequado ordenamento territorial
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do
solo urbano;
- inciso IX: promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada
a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual;
STF, AI 799.690/SP: Planejamento Urbano. Meio Ambiente e Paisagem Urbana.
Publicidade e propaganda externa. Poluição visual. Competência municipal para
legislar sobre assuntos de interesse local.

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DIREITO AMBIENTAL 42

 Competências dos Estados:


- prevista no artigo 25 da CRFB/88;
- segundo o §1º do artigo 25 da CRFB/55 “são reservados aos Estados as
competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição”;
- competência estadual = competência residual;

TEMAS CONGLOBANTES: Estudo prévio de impacto ambiental + licenciamento ambiental +


responsabilidade (civil + administrativa)
 Estudo prévio de impacto ambiental:
- conceito: estudo multidisciplinar 61 realizado por equipe multidisciplinar à qual caberá
esclarecer os pontos favoráveis e desfavoráveis de um empreendimento e a partir disso sugerir
medidas cabíveis com o fim de mitigar os impactos ambientais produzidos;

62

- análise histórica:
- Lei de Zoneamento Industrial (artigo 10, §3º da Lei 6.803/80)  a “aprovação
das zonas será precedida de estudos especiais de alternativas e avaliações de
impacto que permitam estabelecer a confiabilidade da solução a ser adotada”;
- Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (artigo 9º, inciso III da Lei 6.938/81)
 traz dentre os instrumentos a avaliação de impacto ambiental (AIA);
- avaliação de impacto ambiental (AIA) é todo e qualquer estudo de
avaliação de eventuais impactos ambientais (conceito amplo, sem
qualquer disposição sobre hipóteses e conteúdos mínimos63);
- Resolução CONAMA nº 001/86 (artigo 2º): traz menção expressa ao estudo de
impacto ambiental e exemplifica situações (listando atividades cujo citado estudo
torna-se indispensável);
- gênero  Avaliação de Impacto Ambiental (AIA);
- espécies  Estudo de Impacto Ambiental (EPIA) + Relatório de
Impacto Ambiental (RIMA)

61
Realizado por profissionais das mais diferentes áreas.
62
Imagem disponível em: http://gestaoambientalufsm.blogspot.com/2013/01/eia-e-rima_25.html
63
O conceito é dado por uma Resolução do CONAMA (Resolução 237/97).

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DIREITO AMBIENTAL 43

- todo e qualquer estudo ambiental é a avaliação de um impacto


ambiental (AIA64) – há vários estudos ambientais:
- relatório ambiental;
- plano e projeto de controle ambiental;
- relatório ambiental preliminar;
- diagnóstico ambiental;
- plano de manejo;
- plano de recuperação de área degradada;
- análise preliminar de risco;
- estudo de impacto de vizinhança (EIV 65);
- EPIA/RIMA;
- Constituição Federal de 1.988 (artigo 225, §1º, inciso IV): atribui status
constitucional ao estudo de impacto ambiental que passa a ser previsto como
estudo prévio de impacto ambiental (EPIA);
- natureza obrigatória: a CRFB/88 prevê o EPIA como obrigatório para
a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente;
- “potencialmente” + “significativa” = conceitos jurídicos
indeterminados;
- características:
- regulamentado pela Resolução CONAMA 01/86;
- instrumento do princípio da prevenção;
- instrumento do princípio da precaução;
- Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA  artigo 225, §1º, inciso IV da
CRFB/88) = Estudo de Impacto Ambiental (EIA  Resolução CONAMA 01/86);

- exigência do EPIA/RIMA:
- obras ou atividades potencialmente causadoras de significativa degradação do
meio ambiente;
- degradação de qualidade ambiental = alteração adversa das características do
meio ambiente;
- hipóteses de presunção legal de significativa degradação ambiental previstas
na Resolução CONAMA 001/8666:
- estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
- ferrovias;
- portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
- aeroportos (inclusive ampliação);
- oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de
esgotos sanitários;

64
Espécies de AIA: previstos no artigo 1º, inciso III da Resolução CONAMA 237/97.
65
Previsto nos artigos 36 a 38 do Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01).
66
Previstas no artigo 2º da Resolução CONAMA nº 001/86.

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DIREITO AMBIENTAL 44

- linhas de transmissão de energia elétrica (acima de 230 KV);


- obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos (exemplo: barragens
para fins hidrelétricos acima de 10 MW);
- extração de combustíveis fósseis;
- extração de minérios;
- aterros sanitários;
- usina de geração de eletricidade (acima de 10MW);
- complexo e unidades industriais;
- complexo e unidades agro-industriais;
- distritos industriais e zonas industriais;
- exploração econômica de madeira ou lenha (acima de 100 hc);
- projetos urbanísticos (acima de 100 hc OU em áreas de relevante interesse
ambiental);
- atividade que utilize carvão vegetal (acima de 10 ton/dia);
- a Resolução CONAMA nº 01/86 é aplicável no que não seja
incompatível com a CRFB/88 e traz um rol apenas exemplificativo. A
questão é: qual a natureza da presunção por ela trazida?
- presunção absoluta = Paulo Affonso Leme Machado;
- presunção relativa = Edis Milaré e Celso Antônio
Pacheco Fiorillo;
- hipóteses de presunção legal de significativa degradação ambiental previstas
no Código Florestal67:
- área superior a 50 hectares;
- área de até 50 hectares, se potencialmente causadores de significativa
degradação ambiental;
- região com adensamento de empreendimentos de carcinicultura ou salinas
cujo impacto afete áreas comuns;
- dúvida sobre a potencialidade de significativa degradação ambiental:
- aplicação do princípio in dubio pro natura;
- dispensa legal: não é possível que uma lei dispense a realização de
EIA/RIMA nos casos em que haja potencialidade de causação de
significativa degradação ambiental (neste sentido: STF);
- momento de realização do Estudo Prévio de Impacto Ambiental:
- o estudo tem caráter preventivo;
- deve ser realizado antes da outorga da licença administrativa de outorga de
licença prévia;

67
Artigo 11-A, §3º.

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DIREITO AMBIENTAL 45

- Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA) VS Relatório de Impacto Ambiental (RIMA);


- EPIA  traz o levantamento da literatura científica e legal de forma mais
técnica, incluindo os trabalhos de campos necessários;
- RIMA  traz as conclusões do EPIA de forma mais simples e em uma linguagem
acessível ao público em geral68;
- equipe multidisciplinar:
- conjunto de profissionais de diferentes áreas responsável pela realização dos
estudos;
- qualquer profissional cadastrado do Cadastro Técnico Federal de Instrumentos
de Defesa ambiental pode compor a equipe;
- contratação pelo empreendedor: o estudo deve ser realizado as expensas do
empreendedor;
- responsabilidade: a equipe é responsável (administrativa, civil e penalmente)
pelas informações apresentadas;
- responsabilidade civil  solidariedade com o empreendedor (este é
o responsável direto) + responsabilidade objetiva + possibilidade de
ação regressiva do empreendedor contra a equipe multidisciplinar +
possibilidade de ação regressiva do empreendedor contra o órgão
público que outorgou a licença (em caso de falha grave);
- responsabilidade administrativa  os profissionais responderão
perante seus conselhos profissionais e também perante o IBAMA 69. O
empreendedor pode sofrer as sanções previstas no artigo 72 da Lei
9.605/98;
- responsabilidade penal  aplicável às pessoas físicas e jurídicas;
Artigo 69-A da Lei 9.605/98: Elaborar ou apresentar, no
licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro
procedimento administrativo, estudo, laudo, ou relatório

68
Somente assim haverá atendimento ao princípio da publicidade no prisma material.
69
O IBAMA realiza a gestão do Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental.

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DIREITO AMBIENTAL 46

ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive


por omissão70.
- audiência pública: é um instrumento do princípio da participação e do princípio da
informação;
- realização  local acessível;
- não é obrigatória  ocorre que, uma vez convocada, passa a ser
obrigatória;
- objetivo  expor as informações do Relatório de Impacto Ambiental e ampliar a
legitimidade do debate sobre o empreendimento;
- hipóteses de convocação:
 quando o órgão competente para a concessão da licença julgar
necessário;
 por solicitação de entidade civil (sem necessidade de provar
pertinência temática);
 pedido de 50 ou mais cidadãos;
 por solicitação do Ministério Público;
- aspectos procedimentais: estão previstos na Resolução CONAMA nº 001/86 e nº
009/87;
- conteúdo mínimo:
- a Resolução CONAMA nº 001/86 prevê o conteúdo mínimo para o Estudo Prévio
de Impacto Ambiental (EPIA):
- diagnóstico da área de influência do projeto (mapeamento);
- impactos ambientais e alternativas;
- medidas mitigadoras dos impactos negativos;
- programa de acompanhamento e monitoramento;

71

- publicidade:
- regra: o EIA/RIMA deve ser público;
- exceção: sigilo industrial (necessidade de demonstração de tal sigilo);

70
Há previsão da punição da modalidade culposa.
71
Imagem disponível em: http://gestaoambientalufsm.blogspot.com/2013/01/eia-e-rima_25.html

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DIREITO AMBIENTAL 47

Artigo 2º, §2º da Lei 10.650/03: É assegurado o sigilo comercial, industrial,


financeiro ou qualquer outro sigilo protegido por lei, bem como o relativo às
comunicações internas dos órgãos e entidades governamentais.
- vinculação da decisão do órgão ambiental:
- não há uma vinculação absoluta da decisão do órgão ambiental aos resultados
do Estudo Prévio de Impacto Ambiental;
- apenas em situações extremadas o órgão deve tomar decisões de
forma vinculada – mas a maioria das situações práticas trazem
problemas e tensões a serem resolvidas de forma discricionária pela
administração pública;
- controle judicial: somente é cabível em casos extremos – conveniência e
oportunidade administrativa não podem ser invadidas pela atuação do Poder
Judiciário (limites das sindicabilidade jurisdicional dos atos do Poder Público);

 Licenciamento ambiental72:
- conceito:
- procedimento administrativo73 que age como instrumento de prevenção da
Política Nacional do Meio Ambiente e busca compatibilizar o desenvolvimento
econômico com a proteção do meio ambiente;
Resolução CONAMA nº 237/97: licenciamento ambiental é um
procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente
licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob
qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as
disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso;
Lei Complementar 140/11: licenciamento ambiental é o procedimento
administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos
utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores
ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.
- conjunto de atos no qual o órgão ambiental competente licencia: localização +
instalação + operação  atividades que utilizam recursos naturais;
- exercício do poder de polícia:
- toda atividade que possa modificar as condições ambientais se submete ao
controle do Estado – exercício do poder de polícia (neste sentido: STF, ADI
1.505/ES);
- regramento legal:
- Resolução CONAMA nº 237/9774;
- Lei Complementar 140/11;
- licenciamento ambiental VS EIA/RIMA:
Licenciamento Ambiental EIA/RIMA

72
É um instrumento de prevenção = importante.
73
Conjunto de atos.
74
Trata do licenciamento ambiental ordinário (comum). Há alguns procedimentos especiais para
algumas atividades (exemplo: Resolução CONAMA nº 06/88 – Controle de Resíduos Industriais).

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DIREITO AMBIENTAL 48

Fundamento  Artigo 10 da Lei 6.938/81 Artigo 225, §1º, inciso IV


da CRFB/88
Procedimento  Procedimento (é um conjunto É um ato dentro do
de atos) – processo processo/procedimento
administrativo administrativo
Tipos de licenças ambientais = licença prévia + licença de instalação + licença de
operação;
Licença prévia  objetiva aprovar a localização e atestar a viabilidade ambiental,
estabelecendo os requisitos para as próximas fases (validade: até 5 anos +
renovação de 5 anos);
Licença de instalação  objetiva autorizar a instalação do empreendimento, uma
vez cumpridas as condições anteriores (validade: até 6 anos + renovação de 6
anos);
Licença de operação  objetiva a autorização do funcionamento do
empreendimento, uma vez cumpridas as condições anteriores (validade: mínimo
de 4 e máximo de 10 anos – pode ser renovada com 120 dias de antecedência75);

- prazo para o órgão ambiental analisar o pedido:


- presença de EIA/RIMA = 12 meses;
- ausência de EIA/RIMA = 6 meses;
Observação: o decurso dos prazos de licenciamento sem a emissão da licença não
autoriza a prática de atos que dela dependa ou decorra – apenas instaura a
competência supletiva do artigo 15 da LC 140/11;
- descumprimento do prazo  inexistência de licenciamento tácito 
autorização da incidência da regra da competência supletiva;
- revisão da licença ambiental:
- a licença ambiental concedida assegura ao titular a permissão para a atividade
desde que opere segundo as condições estabelecidas e não haja mudança no
contexto fático que indique a revisão (cláusula rebus sic stantibus);
- constatação de nocividade superveniente: caso posteriormente se descubra
que aquele empreendimento é nocivo ao meio ambiente – seja por omissão de

75
Pode ser sempre renovada: feito o pedido no prazo de 120 dias de antecedência ela fica
automaticamente prorrogada até a manifestação definitiva do órgão competente (artigo 14, §4º da LC
140/11)  única situação em que a omissão de um órgão ambiental permite a prorrogação de uma
licença.

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DIREITO AMBIENTAL 49

circunstâncias prévias, seja por mudança do contexto fático com descobrimento


posterior – o órgão ambiental competente pode, por decisão motivada, modificar,
suspender ou cancelar a licença expedida 76 (hipóteses):
- violação ou inadequação de condições ou normas legais  cassação
da licença;
- não cumpriu = cassação;
- omissão ou falsa discrição de informações relevantes para
expedição da licença  anulação da licença;
- licença obtida por fraude = anulação;
- superveniência de graves riscos ambientais  revogação da
licença;
- mudança da situação fática = revogação;
- competência para o licenciamento ambiental (Lei Complementar 140/11):
- os três entes podem licenciar  União + Estado + Município;
- competência da União (IBAMA):

- empreendimentos localizados ou desenvolvidos conjuntamente no


Brasil e em país limítrofe;
- empreendimentos localizados no mar territorial, plataforma
continental ou zona econômica exclusiva;
- empreendimentos localizados em terras indígenas;
- empreendimentos localizados em Unidades de Conservação
Federais – exceto Áreas de Proteção Ambiental (APA);
- empreendimentos localizados em dois ou mais estados;
- empreendimentos de caráter militar;
- empreendimentos que envolvam material radioativo;
- empreendimentos que se adequem á tipologia estabelecida por ato
do Poder Executivo (Comissão Tripartite Nacional) – hipótese aberta;
- competência dos Estados:

- competência residual: empreendimentos ou atividades que não


forem de competência da União ou dos Municípios;
- quando houver Unidade de Conservação Estadual envolvida –
exceto Áreas de Proteção Ambiental (APA);
- competência dos Municípios:

- competência determinada pelo Conselho Estadual do Meio


Ambiente em relação às atividades que causem ou possam causar

76
Creio essencial a alteração das circunstâncias, sob pena de ofensa à segurança jurídica e demais
efeitos deletérios da extrema precariedade do ato.

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DIREITO AMBIENTAL 50

impacto ambiental local 77– conforme o porte, o potencial poluidor e


a natureza da atividade;
- quando houver Unidade de Conservação Municipal envolvida –
exceto Áreas de Proteção Ambiental (APA);
Observação  a situação das Áreas de Proteção Ambiental (APA) é tratada no
artigo 12 da Lei Complementar 140/11 da seguinte forma:
- âmbito federal: localizada no Brasil ou em país limítrofe + localizada
no mar territorial, plataforma continental ou zona econômica
exclusiva + localizada em dois ou mais estados + caráter militar +
atender a tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo;
- repete a regra geral da união, excluindo 78 : terras
indígenas + material radioativo (energia nuclear) 79;
- âmbito estadual: não for competência da União nem do Município
(competência residual);
- âmbito municipal: competência determinada pelo Conselho
Estadual do Meio Ambiente em relação às atividades que causem ou
possam causar impacto ambiental local – conforme o porte, o
potencial poluidor e a natureza da atividade;
- atuação supletiva VS atuação subsidiária:
- atuação supletiva: ato de substituição  ação do ente federativo que substitui
o ente federativo originariamente detentor da competência para licenciar;
- hipóteses: ausência de órgão ambiental capacitado para o
licenciamento ambiental & inexistência de Conselho de Meio
Ambiente;
- faltando ao Município  Estado licencia;
- faltando ao Estado  União licencia;
- atuação subsidiária: ato de auxílio  ação do ente federativo que visa auxiliar o
licenciamento ambiental quando solicitado pelo ente federativo originariamente
detentor da competência;
- a solicitação do ente competente é imprescindível;
- formas de auxílio: apoio técnico + apoio científico + apoio
administrativo + apoio financeiro;
Observação:
O licenciamento continuará a ser feito por um único ente federativo. Os demais
entes federativos podem ser manifestar, mas não de maneira vinculante.
- atribuição para lavratura do auto de infração:
- competência para licenciar  também tem competência para fiscalizar;

77
O Conselho Estadual do Meio Ambiente é que vai definir o que é impacto ambiental local –
logicamente, não podendo invadir competência atribuída pela LC 140/11 à União (deve haver respeito
ao modelo federativo).
78
Importante!
79
É difícil compreender a lógica do legislador de separar a situação das APA´s, excluindo apenas as
terras indígenas e atividades nucleares.

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DIREITO AMBIENTAL 51

- artigo 23, inciso VI da CRFB/88  traz a regra de que qualquer ente federativo
pode lavrar o auto de infração;
- o ente que lavrou o auto de infração deve comunicar
imediatamente o órgão legal competente para o licenciamento;
- se o ente competente para o licenciamento também lavrar o auto
de infração prevalecerá o seu auto (artigo 17 da LC 140/11);

 Responsabilidade civil ambiental:


- teoria clássica da responsabilidade civil: ato ilícito  nexo causal  dano;
- ato ilícito: culposo ou doloso  não presente na responsabilidade ambiental 
deve ser substituído pela atividade (basta esta)  responsabilidade objetiva80;
- basta a atividade, dano e a existência de nexo causal entre os dois;
- há casos, inclusive, que o nexo causal é presumido (princípio da
precaução);
- teorias que explicam a responsabilidade civil ambiental objetiva:
- teoria do risco: a responsabilidade civil ambiental continua sendo objetiva
(obrigação de reparar o dano decorrente do simples risco da atividade), no
entanto admitem-se as excludentes do nexo de causalidade: caso fortuito + força
maior + fato de terceiro;
- nas excludentes rompe-se o nexo causal, impedindo a
responsabilização civil ambiental;
- teoria do risco integral: a responsabilidade civil ambiental se aproxima da teoria
anterior, mas não é admitida nenhuma causa de exclusão do nexo de causalidade;
- exemplo: rompimento de barragem em função de um terremoto
traz danos ambientais que devem ser reparados pelo titular da
atividade que necessitou da criação da barragem – a reparação é
inerente ao risco criado pela atividade, visto que o titular da
atividade é quem aufere os bônus da atividade – devendo arcar com
os ônus;
- a doutrina e a jurisprudência (inclusive o STJ) adota a teoria do risco integral;
- situações de flexibilização do tripé (atividade + nexo causal + dano):
- há casos em que o próprio nexo causal vai além de ser presumido, sendo
dispensado (exemplo: desmatamento feito pelo proprietário anterior impõe o
dever ao novo proprietário em reparar o dano – natureza propter rem da
obrigação);
- ao adquirir uma propriedade também é adquirido o passivo ambiental que dela
deriva  obrigação ambiental de natureza propter rem;
- natureza da responsabilidade: solidária81;
- resumo  responsabilidade  objetiva + integral + propter rem + solidária -
Súmula 623 do STJ: as obrigações ambientais possuem natureza propter rem,
sendo lícita exigi-la dos proprietários e possuidores atuais e dos anteriores;

80
Prevista no artigo 14, §1º da Lei 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente).
81
É muito importante, no exercício das atividades ministeriais, ter compreensão sobre a natureza desta
responsabilidade. A solidariedade deve ser entendida de forma bastante abrangente.

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DIREITO AMBIENTAL 52

- responsabilidade civil e observações:


- trata-se da aplicação do princípio do poluidor pagador em seu aspecto
reparatório – alguns doutrinadores sustentam ser aplicação do princípio da
responsabilidade integral;
- a responsabilidade civil traz um dever de reparar o dano ambiental 
responsabilidade objetiva (artigo 14, §1º da Lei 6.938/81);
- fundamento constitucional (artigo 225, §3º da CRFB/88): as condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão seus infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independente da obrigação de
reparar os danos causados;
- conceito de poluidor: toda pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental (artigo
3º, inciso IV da Lei 6.938/81);
- poluidor direto + poluidor indireto = SOLIDARIEDADE
- a solidariedade também deriva da indivisibilidade do dano
ambiental (não há litisconsórcio necessário82);
- dano ambiental: não há na lei o conceito de dano ambiental;
- conceito possível  dano ao meio ambiente83;
- é a lesão aos recursos ambientais, com consequente degradação –
alteração adversa ou in pejus – do equilíbrio ecológico e da qualidade
de vida;
- importante relembrar que o conceito de poluição84 é um conceito muito amplo
(trazido na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente) – há poluição lícita e
poluição ilícita;
- degradação ambiental: termo genérico;
- por causas naturais;
- por causas humanas = poluição;
- modalidades de responsabilidade civil:
- a responsabilidade é objetiva inclusive no que tange aos danos causados a
terceiros – nos termos do artigo 14, §1º da Lei 6.938/1981;
- teorias do risco e responsabilidade civil ambiental:
- teoria do risco criado/risco da atividade  admite excludente de
responsabilidade (caso fortuito + força maior);
- teoria do risco integral  responsabilidade objetiva agravada ou
extremada – não se admite excludentes de nexo causal 85
(posicionamento majoritário86);

82
Neste sentido: STJ, REsp. 880.160/RJ.
83
Somando os conceitos de meio ambiente + degradação ambiental + poluição.
84
Poluição sempre decorre da atividade humana.
85
Tecnicamente falando, há possibilidade de excludentes de responsabilidade em caso de dano nuclear
na própria lei que trata do tema.
86
Adotado pelo STJ (nesse sentido: STJ, AgRg no REsp. 1.412.664/SP julgado em 11/02/2014).

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DIREITO AMBIENTAL 53

- as excludentes tradicionais não serão aceitas: caso


fortuito e força maior + fato de terceiro + licitude da
conduta;
- nexo causal: há uma tendência do nexo causal em direito ambiental de deixar de
ser fático propriamente dito e passando a ser jurídico (em função da
complexidade da questão ambiental)87;
STJ, REsp. 1.056.54088  admite a responsabilidade civil ambiental
independente da prova do nexo de causalidade;
- o STJ equiparou algumas situações:
- quem faz;
- quem não faz quando deveria fazer;
- quem deixa de fazer;
- quem não se importa que façam;
- quem financia para que façam;
- quem se beneficia quando outros fazem;
STJ, REsp. 1.056.540/GO  Excetuam-se à regra, dispensando a
prova do nexo de causalidade, a responsabilidade de adquirente de
imóvel já danificado porque, independentemente de ter sido ele ou o
dono anterior o real causador dos estragos, imputa-se89 ao novo
proprietário a responsabilidade pelos danos 90.
- responsabilidade por atos comissivos:
- responsabilidade objetiva  teoria do risco administrativo;
- responsabilidade objetiva  teoria do risco integral;
- responsabilidade por atos omissivos:
- responsabilidade subjetiva  teoria da culpa do serviço;
- responsabilidade objetiva  teoria do risco integral91 ;
- responsabilidade civil ambiental do Estado:
- objetiva ou subjetiva: segundo a teoria clássica a responsabilidade civil do
estado é objetiva por comissão e subjetiva por comissão;

87
Apesar do respeito em relação à jurisprudência, creio haver uma total confusão epistemológica entre
nexo causal e nexo de imputação. Posso imputar uma responsabilidade sem necessariamente de me
apegar ao prisma da causação do resultado. O estudo do nexo causal é o estudo da própria ciência e
creio ser aconselhável separar o estudo do tema para evitar a confusão – sob pena de se criar critérios
normativos para expandir a causalidade quando na verdade está se buscando uma maneira de atribuir
responsabilidade (imputar o dano ambiental a alguém – indiferente dele ter causado ou não o dano). O
fato de se considerar o dano ambiental uma obrigação propter rem exemplifica bem toda essa confusão
epistemológica.
88
Mais uma vez, esse julgamento é um verdadeiro absurdo dogmático. Houve um contorcionismo
jurídico para se chegar a um resultado tido como justo – e no caminho a total falta de respeito aos
referenciais dogmáticos foi mero efeito colateral.
89
O próprio STJ parece se contradizer e tentar explicar o motivo do anacrônico entendimento: não seria
questão de causação, mas de imputação (atribuição de responsabilidade).
90
O entendimento encontra-se atualmente sumulado.
91
Em função da existência de um microssistema de tutela ambiental. Há precedentes do STJ nesta linha
(STJ, REsp. 1.071.741). Segundo a Corte Superior a responsabilidade civil ambiental do estado é de
natureza solidária, objetiva, ilimitada e de execução subsidiária.

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DIREITO AMBIENTAL 54

- no caso da responsabilidade civil ambiental do estado, é sempre OBJETIVA,


caracterizada pela teoria do risco integral e de natureza propter rem;
- a responsabilidade entre o particular e o estado é solidária? No caso em que o
estado se omite no seu dever de responsabilização, ele será responsabilizado
pelos danos ambientais decorrentes da atividade não fiscalizada de forma
solidária? SIM. A responsabilidade continua solidária, mas um fator importante
deve ser considerado: a execução é subsidiária;
 responsabilidade solidária  execução subsidiária92;
- formas de reparação do dano ambiental:
- reparação in natura:
- reparação específica (exemplo: incêndio florestal 
reflorestamento da mata);
- compensação ecológica  em caso de impossibilidade da
reparação específica;
- reparação em pecúnia:
Observação: o estado de direito ambiental busca primeiramente a recuperação e
restauração das áreas degradadas.
- Súmula 613 do STJ: não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em
tema de direito ambiental;
- o fato consumado presume a ocupação de uma área + construção
irregular + decurso do tempo qualificado pela tolerância do Estado
ou autorização liminar do Poder Judiciário;
- adotar a teoria do fato consumado seria perenizar o
direito de poluir – conclusão que não encontra
respaldo na noção de meio ambiente ecologicamente
equilibrado como bem de uso comum do povo;
- lógica das tutelas no Direito Ambiental:
- atuação prioritária na prevenção de danos ambientais  neutralização do
ilícito;
- neste ponto são de suma importância as tutelas inibitórias de
prevenção do ilícito;
- já ocorrido o dano, deve ser buscada a recuperação in situ ou in natura;
- impossível realizar a recuperação (danos irrecuperáveis), passa-se à
compensação;
- primeiramente, se busca uma compensação ecológica;
- impossível a compensação ecológica, deve ser buscada a
compensação financeira (perdas e danos ambientais);
 neutralização do ilícito  recuperação do dano in natura  compensação
ecológica  compensação financeira  REPARAÇÃO INTEGRAL DO DANO;
- danos ambientais intercorrentes, intermediários ou interinos 93  danos
ocorridos entre a data do evento que causou prejuízo e a data da recuperação

92
Primeiro se executa o particular. Somente em caso de impossibilidade de satisfação da obrigação por
parte do particular é que deve ser direcionada a execução ao ente público.

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DIREITO AMBIENTAL 55

ambiental total (a reparação integral leva em conta tal dano – que não pode ser
apagado simplesmente pela recuperação in natura do local que sofreu o dano);
Súmula 629 do STJ: quanto aos danos ambientais é admissível a condenação do
réu em obrigação de fazer e não fazer cumulada com a obrigação de indenizar.
- prescrição da pretensão de reparação dos danos ambientais:
- não existe previsão legal relativa ao prazo;
- o STF atualmente entende que o dano ao meio ambiente é imprescritível (STF,
RE 654.833);
Observação: o dano patrimonial (exemplo: pescador impossibilitado de exercer a
pesca em função da poluição do rio) prescreve conforme as regras de Direito Civil;
- dano moral ambiental coletivo:
- parte considerável da doutrina e do STJ (2ª Turma) admite a existência de dano
moral ambiental coletivo  tal reconhecimento é uma tendência;
- a 1ª Turma do STJ entende que o dano moral exige dor e sofrimento psíquico,
aspectos incompatíveis com o caráter transindividual  não admite dano moral
coletivo;

 Responsabilidade administrativa ambiental (infrações administrativas):


- as infrações administrativas são um dos instrumentos previstos na Política Nacional do Meio
Ambiente (artigo 9º, inciso IX da Lei 6.938/81);
- função repressiva: busca coibir as infrações já ocorridas;
- fundamento normativo: artigo 225 §3º da CRFB/88 + artigo 70 a 76 da Lei 9.605/98 + Decreto
6.514/08;
- infração administrativa: possui um campo de amplitude bem maior do que a infração penal;
- segundo o artigo 70 da Lei 9.605/98 infração administrativa é toda ação ou
omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e
recuperação do meio ambiente;
- a infração administrativa surge com a violação do preceito inserto em lei ou em
normas regulamentares;
- o auto de infração ambiental deve indicar a regra jurídica violada
(princípio da legalidade);
- procedimento de apuração da infração administrativa:
- qualquer pessoa pode dirigir uma representação à autoridade ambiental
competente;
- a autoridade ambiental é obrigada a, via processo administrativo próprio
(assegurada ampla defesa e contraditório) promover a apuração do fato;
- os procedimentos administrativos iniciam-se com a lavratura do auto de
infração;
- prazo de defesa: 20 dias;

93
A noção referente aos danos interinos é muito importante em matéria de Direito Ambiental. A
Súmula 629 do STJ traz a previsão processual para exercício da pretensão buscando a reparação de tais
danos.

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DIREITO AMBIENTAL 56

- autoridade competente para lavratura: funcionários dos órgãos do SISNAMA


com função de fiscalização + agentes das Capitanias dos Portos;
- prazo para julgamento do auto de infração: 30 dias;
- recurso: é possível recurso para a própria autoridade responsável pelo
julgamento;
- não havendo reconsideração é possível a remessa para a autoridade
imediatamente superior para julgamento do recurso;
- prazo para pagamento da multa: 5 dias;
- natureza jurídica da responsabilidade administrativa ambiental:
- sempre houve muita controvérsia quanto a necessidade de demonstração da
culpa do agente – a doutrina ainda discute muito sobre o tema;
- o STJ, por meio da sua 1ª Seção, no REsp. 1.318.051 pacificou seu entendimento
no sentido de ser a responsabilidade administrativa ambiental de natureza
subjetiva;
- STJ  responsabilidade administrativa ambiental  subjetiva94;
- sanções administrativas previstas pela Lei 9.605/9895:
- advertência:
- voltada para infrações mais leves (multa máxima não superior a
R$1.000,00);
- pode ser cumulada com outra sanção;
- tem índole pedagógica e preventiva;
- é vedada a aplicação de nova advertência no período de 3 (três)
anos;
- multa simples:
- a multa simples faz menção a um elemento subjetivo: negligência
ou dolo;
- por negligência ou dolo não foi sanada as
irregularidades no prazo ou foi oposto embaraço à
fiscalização;
- traz um sistema da responsabilidade subjetiva – neste ponto,
expressamente na lei;
- possibilidade de conversão em serviços de preservação, melhoria e
recuperação da qualidade do meio ambiente;
- reincidência: é considerada no lapso de 5 (cinco) anos;
- reincidência genérica  duplicação da multa (2x);
- reincidência específica  triplicação da multa (3x);
Observação: a multa simples será suspensa se o infrator realizar as
medidas para fazer cessar ou corrigir a degradação do meio
ambiente.

94
No mesmo sentido: STJ, REsp. 1.401.500/SP.
95
Asa sanções estão previstas no artigo 72 da lei – totalizando 10 (dez) sanções.

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DIREITO AMBIENTAL 57

- artigo 17, §3º da LC 140/11: o pagamento de multa imposta pelos


Estados, Municípios e Distrito Federal ou Territórios substitui a multa
federal na mesma hipótese de incidência;
- multa diária:
- aplicável à infração que se prolonga no tempo:
- operação de atividade sem a licença ambiental exigível;
- funcionamento de uma atividade sem os meios
adequados para evitar a emissão de poluentes;
Observação: a multa diária será suspensa se o infrator realizar as
medidas para fazer cessar ou corrigir a degradação do meio
ambiente.
- apreensão de animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos,
petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na
infração + destruição ou inutilização dos produtos;
- previstos no artigo 25 da Lei 9.605/98;
- produtos perecíveis ou madeiras: serão avaliados e doados a
instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins
beneficentes;
- produtos não perecíveis: serão destruídos ou doados a instituições
científicas, culturais ou educacionais;
- instrumentos: para serem vendidos devem ser descaracterizados
mediante reciclagem;
- animais: libertados em seu habitat ou entregue em jardins
zoológicos ou locais assemelhados (sempre que possível, é claro);
- suspensão de venda e fabricação do produto:
- busca evitar a colocação no mercado de produtos e subprodutos
oriundos de uma infração administrativa ao meio ambiente;
- embargo de obra ou atividade:
- busca impedir o prosseguimento da obra em caso de edificações
sem a devida licença;
- demolição de obra:
- aplicável às obras embargadas ou construções concluídas;
- trata-se de uma medida extrema  somente deve ser tomada no
caso de:
 irregularidade insanável;
 perigo à saúde pública;
 grave dano ambiental;
Observação: a medida não se aplica a edificações residenciais.
- suspensão parcial ou total das atividades:
- aplicável no caso de perigo iminente para a saúde pública ou grave
risco de dano ambiental;
- suspensão parcial: pode ser aplicada em relação a uma máquina ou
equipamento em específico;

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DIREITO AMBIENTAL 58

- restritiva de direitos:
- suspensão de registro, licença ou autorização;
- cancelamento de registro, licença ou autorização;
- perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
- perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito;
- proibição de contratar com a Administração Pública pelo período de
até 3 (três) anos;
Observação: as sanções restritivas de direitos sempre possuem
caráter acessório e estão atreladas a uma pena principal.
- critérios para determinação das sanções administrativas:
- gravidade do fato  motivos + consequências;
- antecedentes do infrator  predisposição ou não em cumprir a legislação
ambiental (no caso de multa, interessante observar a situação econômica do
infrator);
- concurso de infrações  sanções cumulativas;
- prescrição da pretensão de responsabilidade administrativa:
- regra: 5 (cinco) anos;
- artigo 1º da Lei 9.873/99 + Súmula 467 do STJ;
- marco inicial: término do processo administrativo;
- exceção:
- prescrição intercorrente:
- artigo 1º, §1º da Lei 9.873/99;
- processo administrativo parado por mais de 3 (três)
anos sem despacho ou julgamento;
- infração administrativa que também configura crime:
- o prazo da prescrição da infração administrativa é o
mesmo prazo da prescrição do crime;

ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS


 Noções introdutórias:
- fundamento:
- artigo 225, §3º, inciso III da CRFB/88;
- instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (artigo 9º, inciso IV da Lei
6.938/81);
- espaços territoriais especialmente protegidos são instrumentos de proteção
ambiental;
- os espaços territoriais especialmente protegidos é um gênero (termo genérico),
havendo várias espécies:

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DIREITO AMBIENTAL 59

- não estão restritos ao meio ambiente natural (exemplo: tombamento para


proteção do meio ambiente cultural);
- espaços territoriais especialmente protegidos e previsão legal específica:

- Unidades de Conservação  Lei 9.985/00;


- Áreas de Preservação Permanente  artigo 4º e 6º da Lei 12.651/12;
- Reserva Legal  artigo 12 da Lei 12.651/12;
- Áreas de Uso Restrito  artigo 10 e 11 da Lei 12.651/12;
- Apicuns e Salgados  artigo 11-A da Lei 12.651/12;

 Unidades de Conservação:
- regramento legal: Lei 9.985/00 (Lei do SNUC96) + Decreto 4.340/02;
- objetivo: conservar os sistemas ecológicos, os bancos genéticos e a qualidade ambiental;
- observação: a norma não cria as Unidades da Conservação, mas estabelece as
regras para criação das unidades;
- gestão das Unidades da Conservação:
- órgão consultivo e deliberativo: CONAMA
- órgão central: Ministério do Meio Ambiente;
- órgãos executores: Instituto Chico Mendes (ICMBio) + IBAMA + órgãos estaduais
e municipais (em caráter supletivo);
- conceito legal: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo águas jurisdicionais,
com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteção (artigo 2º, inciso I da Lei 9.985/00);
- espaço territorial especialmente protegido;
- características naturais relevantes;
- instituído pelo Poder Público;
- objetivo de conservação;
- limites definidos;
- observações sobre o uso do subsolo:

96
Lei do Sistema Nacional de Unidades da Conservação (pronuncia-se “isnúqui”).

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DIREITO AMBIENTAL 60

- Unidades de Proteção Integral  definido no ato de


criação;
- Unidades de Uso Sustentável  definido no ato de
criação OU no plano de manejo;
- regime especial de administração;
- espécies de Unidade de Conservação:
- Unidades de Proteção Integral:
- destina-se à preservação97 da natureza;
- permitido apenas o uso indireto;
- uso indireto = não envolve consumo, coleta, dano ou
destruição (exemplo: cobrança pela visitação);
- Unidades de Uso Sustentável:
- destina-se à conservação da natureza;
- permito o uso sustentável de parte dos recursos naturais;
- uso sustentável = uso que não impede a continuidade
dos recursos naturais;
- regras para criação e transformação da Unidade de Conservação:
- legitimidade para criação: qualquer ente federativo (União + Estados +
Município);
- mecanismo para criação: ato do Poder Público (decreto ou lei);
- exceção: a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) pode
ser criada por ato do IBAMA;
- ampliação dos limites: pode ser feita por instrumento normativo do mesmo
nível hierárquico que criou a unidade;
- exemplo: Unidade de Conservação criada por decreto estadual por
ser ampliada por decreto estadual;
- alteração da natureza da Unidade de Conservação: uma unidade de uso
sustentável pode ser transformada em unidade de proteção integral por meio de
instrumento normativo do mesmo nível hierárquico que a criou;
- questionamento: alteração da unidade de proteção integral para
unidade de uso sustentável  não há previsão legal da hipótese  a
considerar que a redução dos limites e desafetação exige lei
específica, o melhor raciocínio é também exigir lei específica para tal
(artigo 225,§1º, inciso III da CRFB/88);
- redução dos limites ou desafetação: exige lei específica;
- raciocínio geral:
 ampliação da proteção ambiental = não exige lei específica;
 redução da proteção ambiental = exige lei específica;

97
A preservação é estabelece mais restrições que a conservação.

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DIREITO AMBIENTAL 61

- estudos técnicos: toda alteração necessita de estudo técnico com o fim de


atestar a qualidade ambiental e indicar a categoria aplicável;
- sempre é exigido;
- consulta pública: antes da criação da Unidade de Conservação deve haver
consulta pública (regra);
- exceção -
Criação de Estação Ecológica (EE)
Criação de Reserva Biológica (RB)
- a consulta pública não vincula o Poder Público;
- a transformação de Unidades da Conservação sempre precisa de
consulta pública e estudos técnicos (lembrando que a criação das
duas unidades acima apontadas é uma exceção – apenas a criação);
- zona de amortecimento: área no entorno da Unidade de Conservação que serve
para minimizar os impactos ao redor da referida unidade (área de transição);
- toda Unidade da Conservação tem – como regra – zona de
amortecimento;
- exceção -
Área de Proteção Ambiental (APA)
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN)
- corredores ecológicos: também são exigidos (em regra) – quando
convenientes;
- fixação da zona de amortecimento no plano de manejo: o plano de
manejo tem caráter técnico e age como um manual de instruções da
Unidade de Conservação;
- plano de manejo = prazo de 5 anos;
- o plano de manejo é a lei da Unidade de
Conservação;
- importante: a zona de amortecimento não integra a
Unidade de Conservação;
- curiosidade: nas Unidades de Proteção Integral a zona
de amortecimento é sempre zona rural – não há
possibilidade de parcelamento e uso do solo urbano em
função disso;
- corredores ecológicos: são porções dos ecossistemas naturais que vai legar uma
unidade a outra como forma de permitir a dispersão de espécies e movimentação
da biota;
- não são obrigatórios (são apenas recomendados);

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DIREITO AMBIENTAL 62

- Unidades de Proteção Integral:


- Estação Ecológica;
- Reserva Biológica;
- Parque Nacional;
- Monumento Natural;
- Refúgio da Vida Silvestre;

Espécie Constituição Características Visitação Pesquisa Gestão


Estação Área Pública Preservação da Proibida – Depende de Conselho
Ecológica (desapropriaçã natureza e pesquisa exceto com autorização Consultivo
o de áreas científica (até 3% do objetivo prévia do órgão
particulares) total da área, até educacional que administra
1.500 hectares) a unidade
Reserva Área Pública Preservação integral Proibida – Depende de Conselho
Biológica (desapropriaçã (100% da área) exceto com autorização Consultivo
o de áreas objetivo prévia do órgão
particulares) educacional que administra
a unidade
Observação: as duas unidades são muito parecidas, se distinguindo porque a Estação
Ecológica pode ter até 3% de sua área para pesquisa científica e a Reserva Biológica
deve ter preservação integral de sua área.
Parque Área Pública Preservação dos Visitação Depende de Conselho
Nacional (desapropriaçã ecossistemas de restrita às autorização Consultivo
o de áreas relevância ecológica, normas do prévia do órgão
particulares) beleza cênica, plano de que administra
autorizadas as manejo a unidade
pesquisas científicas,
educação ambiental
e turismo ecológico
Monumento Área pública + Preservação de sítios Visitação Depende de Conselho
Natural área naturais raros, restrita às autorização Consultivo
particular singulares ou de normas do prévia do órgão
(desde que grande beleza cênica plano de que administra
haja manejo a unidade
compatibilidad
e sob pena de
desapropriaçã
o)
Refúgio da Área pública + Proteção de Visitação Depende de Conselho
Vida Silvestre área ambientais naturais restrita às autorização Consultivo
particular para a proteção da normas do prévia do órgão
(desde que flora e fauna locais e plano de que administra
haja fauna migratória manejo a unidade
compatibilidad
e sob pena de
desapropriaçã
o)

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DIREITO AMBIENTAL 63

- Unidades de Uso Sustentável98:


- Área de Proteção Ambiental (APA);
- Área de Relevante Interesse Ecológico;
- Floresta Nacional;
- Reserva Extrativista;
- Reserva de Fauna;
- Reserva de Desenvolvimento Sustentável;
- Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN);

Espécie Constituição Características Visitação Pesquisa Gestão


Área de Área Pública + Em geral área Condições Condições Conselho
Proteção área particular extensa com estabeleci estabelecida presidido pelo
Ambiental ocupação humana. das pelo s pelo gestor gestor +
(APA) Objetivo  proteção gestor representantes
da biodiversidade e de órgãos
disciplinar o processo públicos +
de ocupação e uso organizações da
sustentável dos sociedade civil
recursos; + população
Observação  não residente
tem zona de (gestão
amortecimento múltipla)
Área de Área Pública + Em geral área de Não há Depende de Não há
Relevante área particular pequena extensão disposição autorização disposição
Interesse com pouca ou prévia do
Ecológico nenhuma ocupação órgão que
– a UC existe em administra a
razão das unidade
características
naturais
extraordinárias ou
exemplares raros;
Objetivo  manter
ecossistemas de
importância regional
ou local;
Floresta Área Pública Área com cobertura Permitida Permitida e Conselho
Nacional (desapropriaçã florestal de acordo incentivada presidido pelo
o de áreas predominantemente com as mediante gestor +
particulares) nativa; normas do prévia representantes
Objetivo  uso órgão autorização de órgãos
sustentável e gestor do órgão públicos +
pesquisa; gestor organizações da
Observação  sociedade civil
admite populações + população
tradicionais residente
(gestão

98
As hipóteses de mais cobradas em provas de concursos públicos se referem às Unidades de Proteção
Integral. Como elas são apenas 5 (cinco) a sugestão é que sejam memorizadas – as demais são Unidades
de Uso Sustentável.

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DIREITO AMBIENTAL 64

múltipla)
Reserva Área Pública Utilizada por Permitida Permitida e Conselho
Extrativista (desapropriaçã populações de acordo incentivada presidido pelo
o de áreas extrativista com as mediante gestor +
particulares) tradicionais; normas do prévia representantes
Observação  Objetivo  proteção órgão autorização de órgãos
surge a figura da vida e cultura e gestor do órgão públicos +
do contrato de uso sustentável gestor organizações da
concessão de sociedade civil
uso + população
residente
(gestão
múltipla)
Reserva de Área Pública População anima Permitida Depende de Não há
Fauna (desapropriaçã nativa adequada para de acordo autorização disposição
o de áreas estudos sobre com as prévia do
particulares) manejo econômico normas do órgão que
sustentável; órgão administra a
Observação  gestor unidade
vedada caça amador
ou profissional
Reserva do Área Pública Área que abriga Permitida Permitida e Conselho
Desenvolvim (desapropriaçã populações de acordo incentivada presidido pelo
ento o de áreas tradicionais que com as mediante gestor +
Sustentável particulares) explora recursos normas do prévia representantes
Observação  naturais de forma órgão autorização de órgãos
surge a figura sustentável ao longe gestor do órgão públicos +
do contrato de de gerações; gestor organizações da
concessão de Objetivo  sociedade civil
uso preservar a natureza + população
e o conhecimento residente
técnico tradicional (gestão
múltipla)
Reserva Área Gravada com Permitida Permitida Não há
Particular do Particular perpetuidade para com conforme disposição
Patrimônio Observação  conservar a objetivos disposição
Natural averbada na biodiversidade – turísticos, em
(RPPN) inscrição do necessita de recreativos regulamento
imóvel demonstração de e
interesses público; educacion
Observação  não ais
tem zona de
amortecimento

- natureza do rol de Unidades de Conservação previsto na lei:


- âmbito federal  rol taxativo;
- âmbito estadual & municipal  rol exemplificativo;
- excepcionalmente e a critério do CONAMA podem ser criadas
unidades de conservação estaduais e municipais para atender
peculiaridades regionais e locais, desde que as categorias previstas
não possam atender a proteção daquela área de forma eficiente;
- população tradicional:

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DIREITO AMBIENTAL 65

- refere-se à população que vive em estreita relação com o ambiente natural,


dependendo de seus recursos naturais para a sua reprodução sociocultural por
meio de atividades de baixo impacto ambiental;
- segundo o artigo 36 do Decreto 4.340/02 apenas as residentes na unidade no
momento da sua criação terão direito ao reassentamento 99;
- referências às populações tradicionais100:
- Reservas Extrativistas;
- a posse e o uso destas áreas estão disciplinados em
contrato de concessão de direito real de uso (de acordo
com o Plano de Manejo);
- Reservas de Desenvolvimento Sustentável;
- a posse e o uso destas áreas estão disciplinados em
contrato de concessão de direito real de uso (de acordo
com o Plano de Manejo);
- Florestas Nacionais;
- a posse e o uso destas áreas será disciplinado em
contrato de concessão de direito real de uso (de acordo
com o Plano de Manejo);
- limitações administrativas:
- hipótese: risco de dano grave aos recursos naturais;
- momento: realização dos estudos técnicos;
- autor da limitação: poder público;
- natureza provisória: prazo máximo de 7 (sete) meses;
- objetivo da limitação: decretação de limitações provisórias ao exercício de
atividades e empreendimentos efetiva ou potencialmente causadores de
degradação ambiental;
- vedação: fica proibido o corte raso da floresta e demais formas de vegetação
nativa (salvo atividades agropecuárias e atividades econômicas em andamento,
bem como obras públicas licenciadas);
STJ, REsp. 1.122.909/SC: uma vez criada uma unidade de
conservação do grupo de proteção integral as licenças ambientais
concedidas tornam-se inválidas, dada a incompatibilidade do regime
jurídico. No tocante ao grupo do uso sustentável haverá necessidade
de verificar a compatibilidade entre o ato e os objetivos da unidade
de conservação.
- mosaico de unidades de conservação:
- ocorre quando há um conjunto de unidades de conservação, de características
diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas;
- a criação do mosaico depende de ato do Ministério do Meio
Ambiente;

99
A previsão se dá nos casos em que a Unidade de Conservação criada não permitir a permanência da
população tradicional. Até a ocorrência do reassentamento deve ser compatibilizada a presença das
populações tradicionais com os objetivos da Unidade de Conservação criada.
100
Somente em Unidades de Uso Sustentável.

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DIREITO AMBIENTAL 66

- objetivo: permitir uma gestão integrada;


- reserva da biosfera:
- não se tata de espécie de Unidade de Conservação;
- é um modelo de gestão integrada, participativa e sustentável dos recursos
naturais – reconhecida internacionalmente;
- objetivo: preservação da biodiversidade;
- compensação ambiental:
- previsão legal: artigo 33 da Lei 9.985/00;
- objetivo: compensar o impacto ambiental;
- hipótese: licenciamento ambiental de empreendimento com significativo
impacto ambiental;
- obrigação imposta ao empreendedor:
- apoiar a implantação de unidade de conservação do grupo de
proteção integral;
- apoiar a manutenção de unidade de conversação do grupo de
proteção integral;
- valores: o §1º do artigo 36 trazia a previsão de que o valor mínimo seria 0,5% do
custo total do empreendimento;
- o STF entendeu (ADI 3.378-6/DF) que o valor prefixado é
inconstitucional e que o valor a ser determinado deve ser
proporcional ao impacto ambiental – apurado com respeito ao
contraditório e ampla defesa;
- o valor vai ser fixado pelo órgão ambiental competente para o
licenciamento;

 Área de Preservação Permanente:


- diploma legal de proteção: Código Florestal (Lei 12.651/12);
- conceito: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, dotada de algumas funções
ambientais específicas;
- preservação dos recursos hídricos e da paisagem;
- estabilidade geológica e biodiversidade;
- facilitação do fluxo gênico da fauna e flora;
- proteção do solo;
- bem-estar das populações humanas;
- as áreas de preservação permanentes (APP´s) são aplicadas para áreas urbanas e rurais:
- AAP = área urbana + área rural;
- natureza jurídica: limitações administrativas (não há indenização);
- áreas de preservação permanente (artigo 4º da Lei 12.651/12):
- são definidas em função da localização;
- todas elas são automaticamente APP´s – não havendo necessidade de
declaração do Poder Público por meio de algum ato neste sentido;
- áreas de preservação permanente (artigo 6º da Lei 12.651/12):

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DIREITO AMBIENTAL 67

- são definidas em função da destinação;


- dependem de declaração de interesse social por ato do Chefe do Poder
Executivo;
- hipóteses de área de preservação permanente do artigo 4º da Lei 12.651/12:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos
os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta)
metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200
(duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600
(seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600
(seiscentos) metros;
- exclui os cursos artificiais;
- cursos efêmeros também não são AAP´s;
- a APP será aplicada aos rios perenes e rios intermitentes;
- critério para definição do tamanho da APP: largura do rio;
- o Código Florestal anterior trazia o parâmetro como sendo qualquer
curso de água e o início da demarcação era o nível mais alto em faixa
marginal – a mudança diminuiu a Área de Preservação Permanente
nestes casos;
- área rural consolidada101: aquilo que foi desmatado até 22/07/2008  para tais
hipóteses serão aplicados os artigos 61-A a 68 do Código102;
- no caso de desmatamento posterior à 22/07/2008 serão aplicados
os artigos 4º a 12 do Novo Código Florestal;
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte)
hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
- no Código Florestal anterior além de não haver separação dos lagos e lagoas dos
reservatórios artificiais, não havia as medidas expressas na lei – eram trazidas por
uma resolução do CONAMA;
- área rural consolidada: aquilo que foi desmatado até 22/07/2008
 novamente aqui o critério utilizado é o tamanho do imóvel
(módulos fiscais);
III – áreas em torno dos reservatórios artificias decorrentes de barramento ou
represamento de cursos de água natural em faixa a ser definida na licença ambiental;
- somente nos casos de barramento de curso naturais de água;

101
Área do imóvel rural com ocupação antrópica (ocupação do homem) preexistentes a 22/07/2008
com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris.
102
Neste caso de área rural consolidada o tamanho da Área de Preservação Permanente será definido
em função do tamanho do imóvel (aferido por módulo fiscal). Lembrando: área rural consolidada 
critério  largura do rio  tamanho da propriedade (módulo fiscal).

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DIREITO AMBIENTAL 68

- no Código Anterior era previstas distâncias específicas estipulas pela Resolução


CONAMA 302/02;
- tal inciso não possui aplicação imediata – é intermediado pela licença ambiental;
- o presente inciso não trata dos reservatórios naturais de água;
- reservatórios destinados à geração de energia ou abastecimento público:
- zona rural  mínimo de 30 metros de APP;
- zona urbana  mínimo de 15 metros e máximo de 30 metros de
APP;
Observação: possibilidade de dispensa em caso de superfície inferior
a 1 (uma) hectare;
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua
situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;
- não houve alteração em relação ao Código anterior;
- olho d’água: afloramento natural do lençol freático mesmo que intermitente;
- nascente: afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e dá
início a um curso de água;
- área rural consolidada: previsão de, no mínimo 15 (quinze) metros de APP;
- o STF entendeu que o entorno das nascentes e dos olhos d’água
intermitentes também constituem área de preservação permanente
(a Suprema Corte deu interpretação conforme ao presente inciso);
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45º, equivalente a 100% (cem
por cento) na linha de maior declive;
- busca tutelar a estabilidade geológica e evitar desmoronamento;
- áreas com declividade inferior a 45º e superior a 25º constituem áreas de uso
restrito nos termos do artigo 11 do Código Florestal;
- áreas com declividade inferior a 25º são passíveis de exploração e supressão nos
termos dos artigos 24 e 26 do Código Florestal;
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
- não houve alteração em relação ao Código Florestal anterior;
VII - os manguezais, em toda a sua extensão;
- inovação do atual Código Florestal;
- manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à
ação das marés (artigo 3º, inciso XIII);
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem)
metros e inclinação média maior que 25º , as áreas delimitadas a partir da curva de nível
correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à
base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho
d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da
elevação;
- houve a criação de critérios para melhor delimitação do que seja um morro;
X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a
vegetação;

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DIREITO AMBIENTAL 69

- não houve alteração em relação ao Código anterior;


- objetivo: preservação da biodiversidade específicas de tais altitudes;
XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50
(cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado.
- inovação do atual Código Florestal;
- a vereda é uma formação vegetal típica do cerrado;
- área rural consolidada: previsão de números distintos:
- imóvel de até 4 (quatro) módulos fiscais  30 metros;
- imóvel de mais de 4 (quatro) módulos fiscais  50 metros;
- hipóteses de área de preservação permanente do artigo 6º da Lei 12.651/12:
- tais matérias costumam ser cobradas de forma menos frequente nos concursos
públicos;
- é importante ler a lei e também ter a compreensão das suas características
principais:
- são hipóteses definidas em função da destinação;
- dependem de declaração de interesse social por ato do Chefe do
Poder Executivo;
Art. 6º Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de
interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou
outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:
I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de
rocha;
II - proteger as restingas ou veredas;
III - proteger várzeas;
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico;
VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
VII - assegurar condições de bem-estar público;
VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares.
- regime de proteção das áreas de proteção permanente (APP´s):
- obrigação do proprietário, possuidor ou ocupante a qualquer título de manter a
área de preservação permanente (APP) ou promover a recomposição de sua
vegetação;
- natureza da obrigação  real ou propter rem;
- em função disso a obrigação é transmitida ao sucessor;
- hipóteses excepcionais de intervenção em APP:
- utilidade pública103;
- interesse social104;
- atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental105;

103
Hipóteses previstas no artigo 3º, inciso VIII do Novo Código Florestal.
104
Hipóteses previstas no artigo 3º, inciso IX do Novo Código Florestal.
105
Hipóteses previstas no artigo 3º, inciso X do Novo Código Florestal.

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DIREITO AMBIENTAL 70

- segundo o STF tais dispositivos são constitucionais, porém uma


interpretação conforme determinou que a intervenção excepcional
em APP está condicionada (nos casos de utilidade pública e interesse
social) à inexistência de alternativa técnica e/ou locacional à
atividade proposta;
- no que tange à utilidade pública (prevista no artigo 3º, inciso VIII da
Lei 12.651/12) interessante observas os pontos declarados
inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal 106;
VIII - utilidade pública: (Vide ADIN Nº 4.903)
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços
públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos
parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios,
saneamento, gestão de resíduos , energia, telecomunicações,
radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições esportivas
estaduais, nacionais ou internacionais , bem como mineração, exceto, neste
último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho; (Vide ADC Nº
42) (Vide ADIN Nº 4.903)
c) atividades e obras de defesa civil;
d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção
das funções ambientais referidas no inciso II deste artigo;
e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em
procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e
locacional ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do
Poder Executivo federal;
- observações específicas importantes:
- é permitido o acesso de pessoas e animais em área de preservação permanente
para obtenção de água e atividades de baixo impacto ambiental;
- é dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em
caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e de defesa civil
destinada à prevenção e à mitigação de acidentes em áreas urbanas;
- supressão de vegetação de nascentes, dunas e restingas somente podem ser
autorizadas no caso de utilidade pública;
- poderá ser autorizada a supressão de vegetação nativa e APP em restingas e
manguezais caso já tenha havido perda da função ecológica – com o fim único de
execução de obras habitacionais e de urbanização e em áreas urbanas
consolidadas ocupadas por população de baixa renda;

 Reservas Legais:
- especialmente protegida no artigo 12 do Novo Código Florestal;
- reserva legal  incidência apenas em zona rural  não incide em zona urbana;
- conceito: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural delimitada nos
termos do artigo 12, com as seguintes funções:
 assegurar o uso econômico sustentável dos recursos naturais;

106
As hipóteses deixaram de ter a natureza de utilidade pública como autorizadora de supressão de
APP.

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DIREITO AMBIENTAL 71

 auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos;


 promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção
da fauna silvestre e da flora nativa;
- cômputo das áreas de APP: atualmente107 é possível computar a área de preservação
permanente no mínimo exigido para a reserva legal 108;
- o Código Florestal anterior proibia computar a área de preservação permanente
na porcentagem de reserva legal;
- inserção do imóvel rural em perímetro urbano: a inclusão, por lei municipal, de imóvel rural
em perímetro urbano não desobriga ao proprietário ou posseiro da manutenção da área de
reserva legal;
- a reserva legal somente será extinta com o registro do parcelamento do solo
para fins urbanos – aprovado pelo órgão competente e em consonância com o
Plano Diretor;
- percentuais de reserva legal:
- O imóvel está localizado na Amazônia Legal109?

Sim  Qual o Bioma?


Floresta  80%;
Cerrado  35%;
Não  20%;
- dispensa de reserva legal 110:
- imóvel destinado a empreendimentos de abastecimento público de água e
tratamento de esgoto;
- áreas destinadas a exploração de potencial de energia hidráulica (inclui linhas de
distribuição);
- imóvel com o objetivo de ampliação de rodovia ou ferrovia;
- cômputo de área de preservação permanente no percentual de reserva legal:
- é possível pelo novo Código Florestal;
107
De forma muito mais justa com o proprietário rural.
108
Há condições a serem cumpridas – a serem abordadas em pontos específicos.
109
Conceito de Amazônia Legal  é melhor definida no mapa ilustrativo.
110
Novidade do novo Código Florestal.

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DIREITO AMBIENTAL 72

- não há alteração do regime de proteção da Área de Preservação Permanente –


as regras da APP continuam as mesmas;
- condições:

- o benefício não pode implicar a conversão de novas áreas em uso


alternativo do solo;
- a área deve estar conservada ou em processo de recuperação;
- o proprietário deve ter requerido a inclusão do imóvel no Cadastro
Ambiental Rural (CAR);

- hipóteses de redução da reserva legal:


- requisitos: imóvel localizado na Amazônia Legal + bioma Floresta;
- o Poder Público pode reduzir a Reserva Legal (RL) para até 50% para
fins de recomposição;
- o Município em que a propriedade está inserida deve ter ao menos
50% da área ocupada por unidades de conservação da natureza de
domínio público e por terras indígenas homologadas;
- requisitos: imóvel localizado na Amazônia Legal + bioma Floresta;
- o Poder Público Estadual, ouvido o Conselho Estadual do Meio
Ambiente pode reduzir para até 50% o percentual;
- o Estado deve ter Zoneamento Ecológico-Econômico aprovado e
mais de 65% do seu território ocupado por unidades de conservação
da natureza de domínio público, devidamente regularizadas, e por
terras indígenas homologadas;
- requisitos: imóvel localizado na Amazônia Legal + bioma Floresta;
- reduzir exclusivamente para fins de regularização;
- através de recomposição, regeneração ou compensação da Reserva
legal de imóveis com área rural consolidada;
- redução de até 50% da propriedade, excluídas as áreas prioritárias
para conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos e os
corredores ecológicos;
- hipóteses de ampliação da reserva legal:
- é possível ampliar a área de reserva legal em até 50% dos percentuais previstos
em lei para o cumprimento de metas nacionais de proteção à biodiversidade ou
de redução de emissão de gases do efeito estufa;
- localização da reserva legal:
- a localização deve ser aprovada pelo órgão ambiental competente, levando em
conta alguns aspectos:

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DIREITO AMBIENTAL 73

 plano de bacia hidrográfica;


 zoneamento ecológico-econômico;
 formação de corredores ecológicos;
 áreas de maior importância apara conservação da biodiversidade;
 áreas de maior fragilidade ambiental;
- a localização somente será aprovada após a inclusão do imóvel no CAR 111;
- protocolada a documentação para definição da área ao proprietário e possuidor
não poderá ser imputada nenhuma sanção administrativa em razão da não
formalização da área de Reserva legal;
- regime de condomínio:
- é possível que imóveis em condomínio estabeleçam percentuais distintos desde
que o total dos imóveis atenda ao mínimo previsto em lei;
- no parcelamento de imóveis rurais a área de Reserva Legal poderá ser agrupada
em regime de condomínio entre os adquirentes;
- Cadastro Ambiental Rural (CAR):
- novidade no Novo Código Florestal;
- cadastro público eletrônico de âmbito nacional;
- busca mapear todas as propriedades rurais do Brasil;
- obrigatório para todos os imóveis rurais;
- finalidade: integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais
para compor uma base de dados fidedigna;
- em função de tal cadastro não é mais necessário averbar a área de
Reserva Legal no Cartório de Registro de Imóveis – a averbação se dá
unicamente no CAR;

- exploração econômica da reserva legal:


- é possível a exploração econômica da Reserva legal mediante manejo
sustentável em duas modalidades:
- sem propósito comercial: não depende de autorização do órgão
competente, mas é necessária uma declaração prévia ao órgão
ambiental esclarecendo a motivação da exploração e o volume
explorado;
- com propósito comercial: depende de autorização do órgão
competente, sendo necessário o cumprimento de algumas
condições:

111
Cadastro Ambiental Rural.

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DIREITO AMBIENTAL 74

- manutenção da cobertura vegetal de forma a não


descaracterizar e prejudicar a vegetação nativa;
- assegurar a manutenção da biodiversidade;
- conduzir o manejo de espécies exóticas com adoção de
medidas que favoreçam a regeneração de espécies
nativas;
- cota de reserva ambiental (CRA):
- título que representa área de vegetação nativa existente ou em processo de
recuperação, possibilitando a comercialização de áreas preservadas;
- podem ser consideradas as seguintes áreas:
- áreas de servidão ambiental (artigo 9º-A da Lei 6.938/81);
- área de reserva legal relativa à vegetação que exceder os
percentuais fixados em lei;
- áreas protegidas na forma de Reserva Particular do Patrimônio
Particular (RPPN);
- áreas em propriedade rural localizada no interior de Unidade da
Conservação de domínio público que ainda não tenha sido
desapropriada;
- 1 CRA = 1 hectare de vegetação;
- identidade de bioma: a cota de reserva ambiental (CRA) somente pode ser
utilizada para compensar reserva legal de imóvel localizado no mesmo bioma;
- deve necessariamente haver a averbação na matrícula do imóvel;
- é obrigação do proprietário do imóvel manter as condições de
conservação da vegetação nativa da área que deu origem ao título;
- segundo o STF (dando interpretação conforme a Constituição) é
permitida a compensação apenas entre áreas com identidade
ecológica (artigo 48, §2º do Código Florestal);

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DIREITO AMBIENTAL 75

- imóvel rural consolidado:


- reserva legal desmatada depois de 22/07/2008:
- regramento mais rígido;
- é obrigatória a suspensão imediata das atividades em área de
Reserva Legal desmatada irregularmente após tal data (artigo 17,
§3º);
- deve ser iniciado o processo de recomposição da Reserva Legal em
até 2 (dois) anos contados a partir da datada da publicação da lei;
- reserva legal desmatada até 22/07/2008:
- áreas rurais consolidadas em área de reserva legal;
- regra aplicável ao proprietário ou possuidor de imóvel rural que
detinha, em 22 de julho de 2008, área de Reserva Legal em extensão
inferior;
- regularização, independente da adesão ao PRA, adotando as
seguintes alternativas, isolada ou cumulativamente:
- recomposição da reserva legal (prazo de até 20 anos)
 a cada 2 anos deve ser recomposto o mínimo de 1/10
da área total necessária à sua complementação. Pode
ser feito o plantio intercalado de espécies nativas com
espécies exóticas ou frutíferas 112;
- permitir a regeneração (se possível)  deixar que a
natureza conduza naturalmente a regeneração;
- compensar a reserva legal  o imóvel deve estar
registrado no CAR e a compensação deve se dar
mediante uma das alternativas abaixo:
- Cota de Reserva Ambiental (CRA);
- arrendamento de área de servidão
ambiental ou Reserva Legal;
- doação para o Poder Público de área
localizada no interior de Unidade de
Conservação pendente de regularização
fundiária;
- cadastramento de outra área equivalente
e excedente à Reserva Legal em imóvel da
mesma titularidade ou adquirida de imóvel
de terceiro (mesmo bioma);
- isenção de recomposição113:
- imóveis que detinham em 22/07/2008 área de até 4 (quatro) módulos fiscais e
remanescentes de vegetação nativa em percentuais inferiores;
- a Reserva Legal será a área ocupada com vegetação nativa existente
em 22/07/08, vedadas novas conversões para uso alternativo do
solo;

112
As espécies exóticas deverão ser combinadas com espécies regionais e a área recomposta com tais
espécies não poderá exceder 50% da área total a ser recuperada.
113
Imóveis que estão isentos de realizar a recomposição da área de Reserva Legal.

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DIREITO AMBIENTAL 76

- imóveis rurais com supressão de vegetação nativa em percentuais previstos na


época como necessários para composição da Reserva Legal;
- o imóvel fica dispensado de recomposição, compensação ou
regeneração dos percentuais exigidos pelo Novo Código Florestal;

CÓDIGO FLORESTAL – LEI 12.651/12


 Noções introdutórias:
- expressão flora e floresta:
- a CRFB/88 distingue os dois termos:
- artigo 23, inciso VII  flora;
- artigo 24, inciso VI  florestas;
- artigo 225, §1º, inciso VII  flora;
- fora da CRFB/88 os termos podem ser assim compreendidos:
- flora = gênero = todas as espécies de vegetação de uma região;
- floresta = espécie = característica específica (vegetação densa e de
alto porte);
- flora é coletivo e engloba o termo floresta -
- defesa da flora na CRFB/88:
- o artigo 225, §1º, inciso VII traz a incumbência de todos os entes
federados em proteger a flora;
- o artigo 225, §4º da CRFB/88 elenca uma séria de biomas como
sendo Patrimônio Nacional 114, dentre eles a Floresta Amazônica;
- a utilização somente pode se dar conforme a lei e
assegurando a preservação do meio ambiente;
- Código Florestal115 VS nomenclatura:
- considerando o estudo das nomenclaturas FLORA e FLORESTA, parece que seria
mais adequado considerar que o Código Florestal cuida da FLORA, não da
FLORESTA;
- há áreas de preservação permanente sem vegetação que podem não perdem a
sua natureza em razão disso = não se trata de floresta;
- temas tratados pelo Código Florestal116:
- proteção da vegetação + áreas de preservação permanente + áreas de reserva
legal;
- exploração florestal + suprimento de matéria-prima florestal + controle de
origem dos produtos florestais + controle e prevenção de incêndios florestais;
- instrumentos econômicos e financeiros para alcance dos objetos da norma;

 Princípios:
- princípio do compromisso do Brasil com a proteção de suas florestas:

114
Floresta Amazônica + Mata Atlântica + Serra do Mar + Pantanal Mato-Grossense + Zona Costeira.
115
Lei 12.651/12.
116
É a norma geral de proteção florestal (ou melhor, da flora).

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DIREITO AMBIENTAL 77

- traz o compromisso soberano do Brasil com a preservação das suas florestas e


demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos
recursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem estar das
gerações presentes e futuras;
- essa ideia afasta a ideia de patrimônio da humanidade: trata-se de
recursos próprios do Brasil e o respeito que se dá é à soberania do
nosso país;
- objetivo: desenvolvimento sustentável;
- princípio da reafirmação da importância estratégica da atividade agropecuária e do papel das
florestas na sustentabilidade:
- exerce papel de importância estratégica na sustentabilidade, no crescimento
econômico e na melhoria da qualidade de vida da população brasileira;
- coexistência entre desenvolvimento sustentável e preservação
ambiental para garantir a melhoria da qualidade de vida;
- falar em proteção das florestas é falar também em proteção ao recurso água – é
indissociável a proteção dos recursos da flora com os recursos hídricos;
- princípio da ação governamental na proteção e uso sustentável das florestas:
- consagra o compromisso do Brasil com a compatibilização e harmonização entre
o uso produtivo da terra e a preservação da água, do solo e da vegetação (uso
sustentável);
- ideia central: compatibilização do uso produtivo da terra com a preservação dos
recursos naturais;
- princípio da responsabilidade comum dos entes federativos e da sociedade civil:
- é responsabilidade comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, em colaboração com a sociedade civil, a criação de políticas públicas
que busque preservar e restaurar a vegetação nativa e as suas funções ecológicas
e sociais nas áreas urbanas e rurais;
- trata-se de atenção ao meio ambiente em todas as suas áreas;
- visa à restauração das funções sociais nas áreas urbanas e rurais;
- princípio da participação = poder público + sociedade;
- princípio do fomento à pesquisa científica e tecnológica:
- deve ser buscada a inovação para o uso sustentável do solo e da água, a
recuperação e a preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa;
- desenvolvimento da pesquisa científica + desenvolvimento da pesquisa
tecnológica;
- mais tecnológica  maior índice de produção  desnecessidade de
comprometimento de novas áreas de vegetação nativa;
- tal princípio é um dos elementos previstos na Política Nacional do Meio
Ambiente;
- princípio da eficácia dos incentivos econômicos:
- é necessária a criação a mobilização de incentivos econômicos para fomentar a
preservação e a recuperação da vegetação nativa e para promover o
desenvolvimento das atividades produtivas sustentáveis;

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DIREITO AMBIENTAL 78

- exemplo: Cota de Reserva Ambiental + Programa de Apoio e Incentivo à


Preservação e Recuperação do Meio Ambiente117;
- importante: trata-se de concretização do princípio do protetor-recebedor118;

 Regras estabelecidas pelo Código Florestal:


- uso irregular da propriedade: ocorrerá todas as vezes que houver ações ou omissões
contrárias ao estabelecido no regramento legal;
- consequência = procedimento sumário 119 + aplicação da regra da
responsabilidade civil (objetiva = teoria do risco integral) e das sanções
administrativas, civis e penais;
- afastamento da ideia de bem público ou privado: na verdade trata-se de bens de
interesse comum a todos os habitantes do país;
Súmula 623 do STJ: as obrigações ambientais possuem natureza propter rem,
sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos
anteriores, à escolha do credor120.
- obrigações presentes no Novo Código Florestal = possuem natureza real (propter
rem 121 ) = importante observar que precedentes do STJ já reconheciam tal
natureza antes mesmo da vigência do Novo Código Florestal;

 Conceitos importantes na Lei 12.651/12:


- Amazônia Legal: compreende vários estados da federação 122 (definida no artigo 3º, inciso I da
Lei 12.651/12);
- área rural consolidada: imóvel rural com ocupação antrópica antes de 22/07/2008 123 com
edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção
de regime de pousio (artigo 3º, inciso IV da Lei 12.651/12);
- regime de pousio: prática de interrupção temporária de atividades ou usos
agrícolas, pecuários ou silviculturais, por no máximo 5 (cinco) anos de forma a
possibilitar a recuperação da capacidade de uso ou da estrutura física do solo;
- pequena propriedade ou posse rural: explorada mediante trabalho pessoal do agricultor
familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de reforma
agrária e que atenda ao disposto no artigo 3º da Lei 11.326/2006;
- artigo 3º da Lei 11.326/2006: área menor que 4 (quatro) módulos fiscais +
predominantemente mão de obra da família + percentual mínimo da renda

117
Capítulo previsto no Código Florestal (Lei 12.651/12) que prevê vários instrumentos caracterizados
como incentivos econômicos para a proteção ambiental.
118
Previsto no artigo 6º da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
119
Superado.
120
Súmula aprovada em 12/12/2.018.
121
No caso de danos ambientais, podem ser responsabilizados o proprietário anterior e o proprietário
atual, contrariando a regra geral das obrigações propter rem em que a cobrança deve ser realizada em
desfavor do proprietário atual da coisa (responsabilidade acompanhando a coisa).
122
10 estados ao total (alguns totalmente, outros parcialmente).
123
Data da publicação do Decreto 6.514/2008.

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DIREITO AMBIENTAL 79

familiar originada de atividades econômicas na área + direção do estabelecimento


com a família124;
- pequena propriedade rural por equiparação: imóvel rural com até 4 (quatro)
módulos rurais que desenvolvam atividades agrossilvipastoris + terras indígenas
demarcadas OU demais terras tituladas de povos e comunidades tradicionais que
façam uso coletivo do seu território;
- demarcadas e tituladas  o STF entendeu que os dispositivos do
Código Florestal que trazem as expressões “demarcadas” e
“tituladas” são inconstitucionais uma vez que não há necessidade de
demarcação ou titulação para recebimento do tratamento
diferenciado (tais atos são apenas declaratórios, não constitutivos);
- uso alternativo do solo: substituição de vegetação nativa e formações sucessoras por outras
coberturas do solo, como atividades agropecuárias, industriais, de geração de transmissão de
energia, de mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou outras formas de ocupação
humana (artigo 3º, inciso VI da Lei 12.651/12);
- manejo sustentável: gestão e administração da vegetação natural para obtenção de
benefícios econômicos, sociais e ambientais;
- respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo
e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas
espécies madeireiras ou não, de múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem
como a utilização de outros bens e serviços (artigo 3º, inciso VII da Lei 12.651/12);
- áreas de uso restrito: espécie de espaço territorial especialmente protegido
- pantanais e planícies pantaneiras  permitido o uso através de uma exploração
ecologicamente sustentável (artigo 10 da Lei 12.651/12);
- necessidade de exploração ecologicamente sustentável;
- novas supressões de vegetação nativa para uso alternativo do solo
são condicionadas à autorização do órgão estadual do meio
ambiente;
- áreas de inclinação entre 25º e 45º  permitido o uso somente através de
manejo florestal sustentável (artigo 11 da Lei 12.651/12);
- necessidade de manejo florestal sustentável;
- exercício de atividades agrossilvipastoris;
- manutenção da infraestrutura física associada ao desenvolvimento
das atividades, observadas as boas práticas agronômicas;
- vedada a conversão de novas áreas;
Observação:
 inclinação superior a 45 graus: área de preservação permanente
(APP);
 inclinação inferior a 25 graus: autorizado o uso alternativo do
solo;
- apicuns e salgados  permitido o uso ecologicamente sustentável em
atividades de carcinicultura e salinas;

124
Trabalho pessoal e familiar + máximo 4 módulos fiscais + mão de obra da família + percentual mínimo
de renda do local + direção das atividades pela família.

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DIREITO AMBIENTAL 80

- há um interesse econômico muito grande de utilização de tais áreas


para produção de sal e criação de camarões em cativeiro;
- são áreas próximas aos manguezais (os manguezais são APP´s);

- conceito de apicum: área de solos hipersalinos situadas nas regiões


entremarés superiores, inundadas apenas pelas marés de sizígias,
que apresentam salinidade superior a 150 partes por 1.000,
desprovidas de vegetação vascular (trata-se de conceito legal muito
técnico);
- a salinidade no apicum é maior que nos salgados;
- apicuns não tem vegetação vascular;
- conceito de salgado: as áreas situadas em regiões com frequências
de inundações intermediárias entre marés de sizígias, com solos cuja
salinidade varia entre 100 e 150 partes por 1.000, onde pode ocorrer
a presença de vegetação herbácea específica;
- exploração econômica dos apicuns e salgados:
- se no bioma amazônico: a área total (em cada Estado)
não superior a 10%;
- no restante do país: a área total (em cada Estado) não
superior a 30% - excluídas as ocupações consolidadas;
- necessidade de salvaguarda da integridade dos
manguezais arbustivos e dos processos ecológicos
essenciais a ele associados;
- necessidade de licenciamento 125 da atividade e das
instalações pelo órgão ambiental estadual 126;
- recolhimento, tratamento e disposição adequados dos
efluentes e resíduos;

125
Licença ambiental com prazo de 5 (cinco) anos + exigência do EPIA/RIMA (empreendimento superior
a 50 hectares + área de até 50 hectares, mas com significativo impacto ambiental + localizados em
região com adensamento de empreendimentos de carnicicultura ou salinas cujo impacto afete áreas
comuns).
126
Necessária ciência do IBAMA e no caso de uso de terrenos da marinha ou bens da União, mediante
regularização prévia da titulação.

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DIREITO AMBIENTAL 81

- garantia da qualidade da água e do solo;


- respeito às atividades tradicionais;
- regularização de ocupação e implantação ocorrida antes de 22 de
julho de 2008 (áreas consolidadas): é possível a regularização desde
que o empreendedor (pessoa física ou jurídica) comprove sua
localização em apicum ou salgado e se obrigue a proteger a
integridade dos manguezais adjacentes127;

 Proteção de áreas verdes em áreas urbanas pelo Município:


- há alguns instrumentos para estabelecimento de áreas verdes pelos Municípios:
- direito de preempção para aquisição de remanescentes florestais relevantes:
- trata-se de preferência do poder público municipal em adquirir
imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares –
previsto nos artigos 25 a 27 do Estatuto da Cidade;
- transformação das reservas legais em áreas verdes nas expansões urbanas:
- exigência de áreas verdades nos loteamentos, empreendimentos comerciais e
na implantação de infraestrutura;
- aplicação em áreas verdes de recursos oriundos de compensação ambiental;

 Supressão da vegetação para uso alternativo do solo:


- conceito de uso alternativo do solo: substituição de vegetação nativa e formações sucessoras
por outras coberturas do solo, como atividades agropecuárias, industriais, de geração de
transmissão de energia, de mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou outras
formas de ocupação humana (artigo 3º, inciso VI da Lei 12.651/12);
- requisitos128:
- exigência de cadastramento no CAR;
- prévia autorização do órgão estadual competente do SISNAMA;
- exigência (como regra) de reposição florestal129:
- nos termos do artigo 33, §1º do Código Florestal:
São obrigadas à reposição florestal as pessoas físicas ou jurídicas que
utilizam matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação
nativa ou que detenham autorização para supressão de vegetação
nativa.
- reposição = priorização de espécie nativa + efetivação no estado de origem da
matéria-prima utilizada;
- supressão de espécie ameaçada de extinção: a supressão de vegetação de
espécime de flora ou da fauna ameaçada de extinção dependerá de medidas
compensatórias e mitigadoras que assegurem a conservação da espécie;
- lista nacional de espécies da flora ameaçada  competência da
União através do Ministério do Meio Ambiente;
127
Mediante assinatura de Termo de Compromisso.
128
Regramento apenas aplicável para as áreas não protegidas – tais áreas possuem regramento
específico.
129
Em caso de haver vegetação nativa.

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DIREITO AMBIENTAL 82

- o Estado e Distrito Federal podem elaborar lista relativa ao seu


território;
- espécie nativa plantada em área de uso alternativo do solo: o corte ou
exploração é permitido independentemente de autorização prévia;
- exige-se, no entanto, plantio ou reflorestamento previamente
cadastrado e exploração previamente declarada (controle de origem);
Observação: havendo área abandonada no imóvel não é mais possível converter
vegetação nativa para uso alternativo do solo;

 Exploração florestal:
- exploração florestal: para explorar florestas há exigência de cumprir alguns requisitos mais
rígidos;
- licenciamento pelo órgão competente do SISNAMA;
- aprovação prévia de Plano de Manejo Florestal Sustentável130;
- documento técnico básico com diretrizes e procedimentos para
administração da floresta;
Observação: em caso de pequena propriedade ou posse rural
familiar haverão procedimentos simplificados (artigo 31, §6º da Lei
12.651/12);
- isenção de realização do plano:
 supressão de floresta e formações sucessoras para
uso alternativo do solo;
 manejo e exploração de floresta plantada localizada
fora de Área de Preservação Permanente e de Reserva
Legal;
 exploração não comercial realizada nas pequenas
propriedades ou posses rurais familiares ou por
populações tradicionais;
 coleta de produtos florestais não madeireiros
(exemplos: frutos, cipós, folhas e sementes);
 em área de reserva legal, manejo sustentável para
exploração florestal eventual sem propósito comercial,
para consumo no próprio imóvel;
- empreendimentos que utilizam matéria-prima florestal:
- os recursos devem vir de:

- floresta plantada;
- Plano de Manejo Florestal Sustentável de uma floresta nativa
aprovado pelo órgão competente do SISNAMA;
- supressão de vegetação nativa autorizada por órgão competente do
SISNAMA;
130
Tal plano deve contemplar técnicas de condução, exploração, reposição florestal e manejo
compatíveis com os variados ecossistemas que a cobertura arbórea forme.

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DIREITO AMBIENTAL 83

- outras formas de biomassa florestal definidas pelo órgão


competente do SISNAMA;
São obrigadas à reposição florestal as pessoas físicas ou jurídicas que
utilizam matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação
nativa ou que detenham autorização para supressão de vegetação
nativa.
- observações sobre a reposição florestal:
- é necessário para a reposição florestal que o volume da
matéria-prima extraída da vegetação natural seja
equivalente ao volume de matéria-prima resultante do
plantio florestal para geração de estoque ou
recuperação de cobertura florestal;
- objetiva compensar a poluição causada pela extração
da vegetação nativa131;
- hipóteses de isenção da reposição florestal:
 utilização de costaneiras, aparas, cavacos ou outros
resíduos provenientes da atividade industrial;
 matéria-prima florestal: oriunda de Plano de Manejo
Florestal Sustentável + oriunda de floresta plantada +
não madeireira;

- empresas industriais que utilizam grande quantidade de matéria-prima


florestal:
- são obrigadas a elaborar e implementar Plano de Suprimento
Sustentável (PSS) a ser aprovado pelo órgão competente do
SISNAMA;
- tal plano busca assegurar a produção equivalente ao
que se consome na atividade industrial;
 Desmatamento ilegal:
- impacto ambiental sempre faz existir = dano ambiental não existirá (não necessariamente);
- desmatamento legal: ocorre dentro das normas ambientais autorizadoras;
- desmatamento ilegal: supressão de vegetação em desacordo com a normativa do
ordenamento jurídico que rege a matéria;
- desmatamento ilegal  possibilidade do embargo da atividade;

 Controle dos produtos florestais:


- madeira, carvão e outros produtos florestais devem ser controlados pelo Poder Público;
- há um sistema nacional integrado de controle – com dados disponibilizados
para acesso público;
- observação: é livre a extração de lenha e demais produtos de florestas plantadas
nas áreas não consideradas de Preservação Permanente ou Reserva Legal;

131
Concretização do princípio do poluidor-pagador.

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DIREITO AMBIENTAL 84

- é permitida a exploração de espécie nativa plantadas em área de uso alternativo,


desde que haja prévio cadastro acrescido de prévia declaração de exploração
endereçada ao órgão ambiental competente (importante: espécie nativa plantada
+ área de uso alternativo do solo);
- Documento de Origem Florestal (DOF):
- importante documento para circulação de produto de origem florestal;
- licença obrigatória para o controle do transporte de produto de subproduto
florestal de origem nativa;
- especificações do documento: material + volume + origem + destino;
- transporte sem DOF = apreensão de toda a mercadoria – mesmo
no caso de incompatibilidade parcial do volume informado com o
volume de fato existente (STJ, REsp. 1.784.755/MT);
- Comércio interno e externo de plantas e outros produtos florestais:
- comércio interno de planta viva e outros produtos da flora: necessária licença
do órgão estadual e registro no Cadastro Técnico Federal de Atividades
Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais;
- exportação de plantas vivas e outros produtos oriundos da flora nativa:
necessária licença do órgão federal e registro no Cadastro Técnico Federal de
Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais;
- uso/emprego do fogo:
- regra geral: proibição do uso do fogo na vegetação (artigo 38, caput, Lei
12.651/12);
- exceções em que se permite o uso do fogo:
 locais ou regiões em cujas peculiaridades justifiquem o emprego
do fogo em práticas agropastoris ou florestais (exige prévia
aprovação do órgão estadual);
 queima controlada em Unidade da Conservação conforme o plano
de manejo (exige prévia autorização do órgão gestor);
 atividades de pesquisa científica vinculadas a projeto aprovado e
realizada por instituição de pesquisa reconhecida (exige prévia
aprovação do órgão ambiental);
 práticas de prevenção e combate aos incêndios e as de agricultura
de subsistência de populações tradicionais e indígenas;
STF, RE 586.224: reconheceu a inconstitucionalidade de lei
municipal que proibiu por completo (de forma absoluta) a queima da
cana por entender que no caso a lei estadual já resolvia a
necessidade social no que tange à preservação do meio ambiente.

 Programa de Apoio e Incentivo à Preservação e Recuperação Ambiental (através de


instrumentos econômicos)132:
- Poder Executivo Federal:
- surge de tal Poder a necessidade de implantação de um programa de apoio e
incentivo à conservação do meio ambiente, buscando a adoção de tecnologias e

132
Ideia central: concretização do princípio do protetor-recebedor.

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DIREITO AMBIENTAL 85

boas práticas e conciliando a produtividade agropecuária e florestal com o


desenvolvimento sustentável;
- deve ser buscada a redução dos impactos ambientais como forma de promoção
do desenvolvimento ecologicamente sustentável;
- deve então ser premiado quem adota práticas de redução dos impactos
ambientais  concretização do princípio do protetor-recebedor;
- instrumentos trazidos pelo Código Florestal:
- pagamento ou incentivo a serviços ambientais: retribuição, monetária ou não,
às atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas e que gerem serviços
ambientais;
- compensação: compensação em função da realização de medidas de
conservação ambiental necessária para o cumprimento dos objetivos da lei;
- incentivos: incentivos para comercialização, inovação e aceleração das ações de
recuperação, conservação e uso sustentável das florestas e demais formas de
vegetação nativa;
Observação: atrelar benefício econômico com conservação ambiental é
hipertrofiar as chances de sucesso prático de uma política ambiental sólida;

 Regramentos específicos da agricultura familiar:


- trâmites ambientais simplificados:
 supressão de vegetação em Áreas de Preservação Permanente e de Reserva
Legal para atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental  exige apenas
declaração ao órgão ambiental competente e a inscrição do imóvel no Cadastro
Ambiental Rural (CAR);
 registro simplificado e gratuito da Reserva Legal;
 composição distinta da Reserva Legal  pode ser constituída por vegetação
formada pelos plantios de árvores frutíferas, ornamentais ou industriais,
compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em
consórcio com espécies nativas da região em sistemas agroflorestais;
 inscrição simplificada no Cadastro Ambiental Rural (CAR)  exige apenas a
identificação do proprietário ou possuidor, acrescida da comprovação da
propriedade ou posse e do croqui indicando o perímetro do imóvel, Área de
Preservação Permanente e Reserva Legal;
 autorização simplificada para manejo florestal de reserva legal com propósito
comercial;
 desobrigação de reposição florestal  em casos em que a matéria prima
florestal é utilizada para consumo próprio;

GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS – LEI 11.284/06


 Noções introdutórias:
- objetivos da lei:
- gestão de florestas públicas para produção sustentável;
- instituir o Serviço Florestal Brasileiro (SFB);
- criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF);

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DIREITO AMBIENTAL 86

- conceito de floresta pública:


- previsão legal: artigo 3º, inciso I da Lei 11.284/06;
- conceito: florestas, naturais ou plantadas, localizadas no diversos biomas
brasileiros, em bens sob domínio da União, dos Estados, dos Municípios, do
Distrito Federal ou das entidades da administração indireta;

 Gestão de Florestas Públicas:


- gestão direta:
- a partir da criação de florestas nacionais, estaduais e municipais;
- regramento legal: artigo 17 da Lei 9.985/00;
- consiste no exercício direto pelo Poder Público na gestão de florestas, facultado,
para execução de atividades subsidiárias, firmar convênios, termos de parceria,
contratos ou instrumentos similares com terceiros – para tal é criada uma
Unidade de Conservação (UC);
- a duração de contratos e instrumentos (convênios e similares) é de
no máximo 120 meses;
- consiste em transformar uma floresta pública em unidade de conservação de
floresta nacional (ou estadual ou municipal);
- destinação às comunidades locais:
- as florestas públicas são destinadas às comunidades locais;
- pressupõe a identificação das florestas públicas ocupadas ou utilizadas por
comunidades locais;
- com essa identificação, o Poder Público poderá dar uma destinação
não onerosa;
- comunidade local: população tradicional e outros grupos humanos, organizados
por gerações sucessivas, com estilo de vida relevante à conservação e à utilização
sustentável da diversidade biológica133;
- para tal fim (destinação a comunidades locais) devem ser:
 criadas reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento
sustentável;
 realizadas concessão de uso, por meio de projetos de
assentamento floresta, de desenvolvimento sustentável,
agroextrativistas ou outros similares;
 realizado de outra forma prevista em lei;
- tal destinação não é onerosa par o beneficiário (gratuita);
- deve a destinação ser realizada por ato administrativo próprio;
- as comunidades locais poderão participar das licitações por meio de associações
comunitárias, cooperativas ou outras pessoas jurídicas admitidas em lei;
- concessão florestal:
- conceito: trata-se de contrato oneroso celebrado por entidades políticas com
pessoas jurídicas, consorciadas ou não, precedido de licitação na modalidade

133
Conceito extraído do artigo 3º, inciso X da Lei 11.284/06.

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DIREITO AMBIENTAL 87

concorrência, visando a transferir ao concessionário o direito de explorar de


maneira sustentável os recursos florestais por prazo determinado;
- natureza jurídica: contrato oneroso;
- licitação: necessária na modalidade concorrência;
- objetivo: transferência ao concessionário do direito de exploração
sustentável de recursos florestais por prazo determinado;
- prazo: sempre determinado;
- celebrante: pessoa jurídica;
- objeto: exploração de produtos e serviços florestais;
 produto florestal: produtos madeireiros e não
madeireiros gerados pelo manejo florestal sustentável;
 serviços florestais: turismo e outras ações ou
benefícios decorrentes do manejo e conservação da
floresta, não caracterizado como produtos florestais;
- recurso florestal = elementos ou características de determinada
floresta, potencial ou efetivamente geradores de produtos ou
serviços florestais (artigo 3º, inciso II da Lei 11.284/06);
- podem ser objeto da concessão florestal:
- Floresta Pública: natural ou plantada (de propriedade da
administração direta ou da administração indireta);
- Unidade de Conservação de Floresta Nacional, Estadual ou
Municipal (criadas nos termos do artigo 17 da Lei 9.985/00 – SNUC);
- Plano Anual de Outorga Florestal (PAOF): conterá a descrição de todas as
florestas públicas a serem submetidas a processos de concessão no ano em que
vigorar;
- vedação à concessão florestal134:
 Unidade de Conservação de Proteção Integral;
 algumas Unidades de Conservação de Uso Sustentável: reservas
de desenvolvimento sustentável + reservas extrativistas + reservas de
fauna + áreas de relevante interesse ecológico;
Observação: se o plano de manejo135 expressamente admitir, podem
ser objeto de concessão florestal;
- vedações ao contrato de concessão florestal no que tange à transferência
(limites do contrato):
 titularidade imobiliária ou preferência em sua aquisição;
 acesso ao patrimônio genético para fins de pesquisa e
desenvolvimento, bioprospecção ou constituição de coleções;
 uso de recursos hídricos acima do especificado como
insignificante136;
 exploração dos recursos minerais, pesqueiros ou da fauna;

134
Não podem ser objeto de concessão florestal.
135
É quase um Manual de Instruções para utilização da Unidade de Conservação da Natureza.
136
O uso insignificante será abordado ao tratar da Política Nacional de Recursos Hídricos.

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DIREITO AMBIENTAL 88

 comercialização de créditos decorrentes de emissão evitada de


carbono em florestas naturais;
- regras específicas da licitação em concessões florestais:
- habilitação:
- inexistência de débitos inscritos em dívida ativa em
órgãos do SISNAMA;
- ausência de condenação transitada em julgado em
crimes ambientais, tributários ou previdenciário;
- restrição às empresas e pessoas jurídicas constituídas
sobre as leis brasileiras e com sede e administração no
Brasil;
- proposta:
- melhor proposta = maior preço para o pagamento +
melhor técnica;
- melhor técnica = menor impacto
ambiental + maior benefício social direto +
maior eficiência + agregação de valor ao
produto ou serviço florestal objeto de
concessão;
- licenciamento ambiental137 :
- licença prévia: será requerida pelo órgão gestor
mediante apresentação de relatório ambiental;
- será exigido (se for o caso) estudo prévio
de impacto ambiental (EIA) para a
concessão de licença prévia;
- os custos para tais procedimentos deverão
ser ressarcidos pelo ganhador da licitação;
- a licença prévia autoriza a realização de
Plano de Manejo Florestal Sustentável
(PMFS);
- a aprovação do Plano de Manejo de
Unidade da Conservação pode substituir a
licença prévia – sem prejuízo do EIA/RIMA;
- licenciamento especial: composto pela licença prévia e
licença de operação (desnecessária a licença de
instalação);
- extinção da concessão florestal:
 esgotamento do prazo contratual (extinção normal);
 rescisão;
 anulação;
 falência ou extinção do concessionário;
 desistência;

137
Exige uma reserva absoluta de ao menos 5% da área neste caso.

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DIREITO AMBIENTAL 89

 devolução do objeto da concessão (por opção do concessionário);

 Serviço Florestal Brasileiro:


- criado pelo artigo 54 da Lei 11.284/06;
- importante: o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) atua exclusivamente na gestão de florestas
públicas;
- natureza jurídica: órgão gestor;

POLÍTICA NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS


 Introdução:
- previsão legal no ordenamento jurídico brasileiro:
- Lei 9.433/97: Lei de Política Nacional dos Recursos Hídricos;
- Lei 9.984/00: Lei da Agência Nacional de Águas;
- Lei 11.445/07: Lei do Saneamento Básico138;
- Decreto 2.464/34: Código de Águas (com alguns dispositivos ainda em vigor);
- domínio das águas na CRFB/88 como bens da União:
- artigo 20, inciso III da CRFB/88: traz a previsão das circunstâncias em que lagos,
rios e correntes de água que são considerados bens da União;
- artigo 20, inciso IV da CRFB/88: traz a previsão das circunstâncias em que ilhas
fluviais e lacustres, praias marítimas, ilhas oceânicas e costeiras que são
considerados bens da União;
- artigo 20, inciso V da CRFB/88: traz a previsão do mar territorial como sendo
bem da União;
- artigo 20, inciso VIII da CRFB/88: traz a previsão dos potenciais de energia
hidráulica como sendo bem da União;
Observação: o fato de serem bens da União não retira a natureza difusa de tais
bens, continuando a ser de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de
vida das presentes e futuras gerações.
- domínio das águas na CRFB/88 como bens do Estado:
- artigo 26, inciso I da CRFB/88: águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
emergentes e em depósito (ressalvadas as decorrentes de obras da União);
- artigo 26, inciso II da CRFB/88: ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
União;
- águas particulares:
- o artigo 8º do Código de Águas foi revogado  ele previa a figura de águas
particulares;
- recurso hídrico não pertencente à União:
- será considerado bem dos Estados 139;
- não existe água municipal;

138
Com alterações dadas pela Lei 14.026/20.
139
Domínio residual das águas por parte do estado da federação (o que não for da União é dos Estados).

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DIREITO AMBIENTAL 90

 Fundamentos140 da Política Nacional dos Recursos Hídricos:


- água = bem de domínio público:
- bem público;
- a administração de tal bem deve ser dar no interesse de todos e
com respeito aos princípios fundamentais do Direito Ambiental
(interesse público primário);
- conforme já observado, não existem águas particulares – o fato de nascentes e
águas serem situadas em terrenos particulares não as tornam águas particulares;
- mercadoria  água não é mercadoria (não sujeita à incidência do ICMS);
- água = recurso natural limitado e dotado de valor econômico:
- trata-se de recurso finito e vulnerável;
- o recurso é avaliado economicamente;
- o uso deve estar condicionado a uma contraprestação pecuniária
(evitando o “custo zero”);
- ideia central: reconhecer a água como um bem econômico e dar ao usuário uma
indicação de seu real valor (artigo 19 da Lei 9.433/97);
- água = em situações de escassez o uso prioritário é o consumo humano e dessedentação 141
de animais:
- regra geral: uso múltiplo da água;
- situação de escassez: consumo humano + dessedentação animal;
- água = a gestão deve proporcionar o uso múltiplo;
- uso múltiplo: animais + abastecimento público + lançamento de esgotos e
demais resíduos + transporte aquaviário + aproveitamento dos potenciais
hidrelétricos;
- trata-se de uma vedação de privilégios no uso -
- água = a bacia hidrográfica é unidade territorial para implementação da política de uso de
água e atuação do sistema nacional de gerenciamento de tais recursos:
- planejamento: realizado por bacia hidrográfica;
- a política nacional ou estadual não será feita levando em conta os
limites territoriais da União ou dos Estados, mas a bacia hidrográfica;
- unidade territorial pra fins de planejamento de recursos hídricos =
bacia hidrográfica;
- água = gestão descentralizada com participação do poder público, usuários e comunidade:
- princípio da participação: trata-se de norma que concretiza tal princípio,
determinando a participação do Poder Público e da sociedade civil no processo
decisório;
- gestão participativa: o Poder Público não tem mais a maioria de votos nos
Comitês da Bacia Hidrográfica (artigo 39, §1º da Lei 9.433/97);

140
Previstos no artigo 1º da Lei 9.433/97.
141
Ato de matar a sede.

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DIREITO AMBIENTAL 91

 Objetivos da Política Nacional dos Recursos Hídricos:


- assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água em padrão de
qualidade adequados ao respectivo uso;
- concretização do princípio da solidariedade intergeracional;
- utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário com
vistas ao desenvolvimento sustentável;
- concretização do princípio do desenvolvimento sustentável;
- busca garantir a disponibilidade de água de boa qualidade através da utilização
racional e integrada;
- prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes
do uso inadequado dos recursos naturais;
- busca combater enchentes, inundações, secas e erosões;
- a ausência de vegetação protetora das margens dos cursos de águas e o
assoreamento dos leitos de tais cursos são umas das principais causas da
ocorrência de tais eventos hidrológicos críticos;
- incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais;
- concretização do princípio do desenvolvimento sustentável;

 Instrumentos da Política Nacional dos Recursos Hídricos:


- Planos de Recursos Hídricos;
- enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;
- outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
- cobrança pelo uso de recursos hídricos;
- sistema de informações sobre recursos hídricos;
- Planos de Recursos Hídricos:
- planos diretores que buscam fundamentar e orientar a implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento de tais recursos;
- são planos de longo prazo;
- prazos sugeridos pela Agência Nacional das Águas (ANA);
- prazos aprovados pelos Comitês de Bacia Hidrográfica;
- os planos são feitos: por Bacia Hidrográfica + por Estado + por País;
- aspectos contemplados no plano:
 diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;
 balanço entre disponibilidades e demandas futuras;
 metas de racionalização de uso;
 prioridades para outorga de direitos de uso;
 critérios para cobrança pelo uso de recursos hídricos;
- enquadramento dos recursos hídricos em classes segundo o uso preponderante;
- ideia central: trazer a água compatível com o uso que vai ser dado a ela
(diminuindo os custos de combate à poluição mediante ações preventivas
permanentes);

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DIREITO AMBIENTAL 92

- Resolução CONAMA 357/05142: dispões sobre a classificação dos corpos de água;


- outorga dos direitos de uso de recursos hídricos:
- uso privativo: instrumento que permito ao interessado o direito de usar
privativamente o recurso hídrico;
- objetivo: assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o
efetivo exercício dos direitos de acesso à água;
- importante: não se trata de alienação parcial das águas, vez que as águas são
bem inalienáveis;
- usos sujeitos à outorga de uso:
 derivação ou captação de parte da água existente em um corpo de
água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo
de processo produtivo;
 extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou
insumo de processo produtivo;
 lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos
líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de diluição,
transporte ou disposição final;
 aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade de
água existente em um corpo de água (previsão genérica);
- independem de outorga:
 o uso de recursos hídricos para satisfação das necessidades de
pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural;
 as derivações, captações e lançamentos considerados
insignificantes;
 acumulações de volumes de água consideradas insignificantes;
Observação: quem vai determinar o volume insignificante são os
Comitês das Bacias Hidrográficas;
- competência para a outorga de uso:
- a outorga é concedida por ato da autoridade competente do Poder
Executivo Federal, dos Estados e do Distrito Federal;
- o Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito
Federal143;
- na esfera federal a Agência Nacional das Águas (ANA) outorga o
direito de uso por meio de autorização;
- prazo da outorga:
- não pode ser superior a 35 (trinta e cinco) anos;
- o prazo é renovável;
- suspensão da autorização144 :

142
Classifica as águas em três espécies de acordo com a salinidade.
143
Logicamente, em caso de bem federal, visto que em caso de bem estadual a outorga será realizado
pelo Estado.
144
Parcial ou total.

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DIREITO AMBIENTAL 93

X não cumprimento das condições trazidas na autorização (outorga);


X ausência de uso por 3 (três) anos consecutivos;
X necessidade da água para atender situações de calamidade;
X necessidade de prevenir ou reverter grave degradação ambiental;
X necessidade de se atender a usos prioritários de interesse coletivo
para os quais não se disponha de fontes alternativas;
X necessidade de serem mantidas características de navegabilidade
do corpo de água;
Observação: a autoridade outorgante pode instituir o regime de
racionamento de água;
- cobrança pelo uso de recursos hídricos:
- busca reconhecer a água como um bem econômico;
- dá ao usuário uma indicação de valor real  incentivando a racionalização do
uso da água;
- concretização do princípio do usuário-pagador;
- busca obter recursos financeiros para o financiamento dos
programas e intervenções contemplados nos planos de recursos
hídricos;
- usos que podem ser cobrados:
- a cobrança deverá ser instituída em relação aos usos de recursos
hídricos sujeitos à outorga;
- cálculo do valor  deve considerar o volume retirado ou lançado e
seu regime de variação, inclusive em relação aos lançamentos de
esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos;
- cobrança pelo uso de recursos hídricos145 VS conta de água146
- a cobrança pelo uso de recursos hídricos se refere à remuneração
pelo uso de um bem público e a conta de água trata-se de uma
cobrança pelo serviço de coleta, tratamento e distribuição de água e
esgoto;
- Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos:
- sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações
sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão;
- acesso público;
- dados e informações devem ser obtidos de várias fontes e de forma
descentralizada;
- objetivo: reunir e divulgar dados e informações sobre a situação qualitativa e
quantidade de recursos hídricos no Brasil + atualizar informações sobre
disponibilidade e demanda de recursos hídricos + fornecer subsídios aos Planos de
Recursos Hídricos;

145
Fundamentada na Lei 9.433/97 e os valores são estabelecidos pelos Comitês de Bacias Hidrográficas,
sendo arrecadado pela Agência Nacional das Águas.
146
Originada da Política Nacional do Saneamento Básico (Lei 11.445/07) e os valores são fixados pelas
instituições reguladoras de saneamento em função da prestação de um serviço.

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DIREITO AMBIENTAL 94

 Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos:


- objetivo:
 coordenar a gestão integrada das águas;
 arbitrar administrativamente os conflitos relacionados à água;
 implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
 planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos
hídricos;
 promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
- composição:
- Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
- antes era presidido pelo Ministro do Meio Ambiente;
- atualmente é presidido pelo Ministro do Desenvolvimento
Regional;
- competências:
 compatibilizar os planejamentos de recursos
hídricos nacionais, regionais, estaduais e dos setores
usuários;
 solucionar, em última instância administrativa,
conflitos existentes entre os Conselhos Estaduais;
 estabelecer critérios gerais para a outorga de
direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança
por seu uso;
 aprovar propostas de instituição de Comitês de
Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios gerais para a
elaboração de seus regimentos;
 acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional
de Recursos Hídricos;
- Agência Nacional das Águas (ANA);
- instituída pela Lei 9.984/00;
- autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (possui
autonomia administrativa e financeira);
- função: implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
- competências:
 outorgar o direito de uso de águas federais, mediante
autorização;
 disciplinar, em caráter administrativo, a
implementação, operacionalização, controle e avaliação
dos instrumentos da Política Nacional de Recursos
Hídricos;
 fiscalizar o uso de recursos hídricos dos corpos de
água de domínio da União;
- Conselhos de Recursos Hídricos Estaduais;
- são implementados pelos Estados;

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DIREITO AMBIENTAL 95

- a competência deve ser relacionada ao planejamento e execução de


políticas estaduais de recursos hídricos (sob o domínio estadual);
- Comitês de Bacias Hidrográficas;
- constituído por órgãos colegiados com atribuições de três ordens:
normativa + deliberativa + consultiva;
- área de atuação: totalidade de uma bacia hidrográfica + grupo de
bacias hidrográficas + sub-bacias;
- composição: contém representantes da:
- União
- Estados (cujos territórios as bacias se situem);
- Municípios (cujos territórios as bacias se situem);
- usuários de água;
- entidades civis de recursos hídricos;
Observação: trata-se de uma gestão democrática;
- áreas que venham abranger terras indígenas: exige um
representante da Fundação Nacional do Índio (FUNAI)147 e também
representante das comunidades indígena ali residente ou com
interesses na bacia;
- competência:
 solução de conflitos em primeira instância
administrativa;
 aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;
 propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos
Estaduais as hipóteses de isenção da obrigatoriedade de
outorga de direitos de uso de recursos hídricos;
 estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de
recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados;
- órgãos dos poderes públicos (federal + estadual + municipal) cujas
competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos;
- Agências de Água;
- funcionam como secretaria executiva do Comitê de Bacia
Hidrográfica;
- órgão executor do sistema;
- mesma área de atuação de um ou mais Comitês de Bacia
Hidrográfica;
- criação: autorizada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos ou
pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos mediante solicitação
de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica;
- competência:
 efetuar, mediante delegação do outorgante, a
cobrança pelo uso de recursos hídricos;

147
Como representante da União.

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DIREITO AMBIENTAL 96

 elaborar o Plano de Recursos Hídricos para


apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica;
 propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia
Hidrográfica os valores a serem cobrados pelo uso de
recursos hídricos;

POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS – LEI 12.305/10


 Introdução:
- Política Nacional de Resíduos Sólidos = conjunto de princípios, objetivos, instrumentos,
metas e ações adotados pelo Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação
com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares com vistas à gestão integrada e ao
gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos;

- integra a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81);


- articula-se com:
- Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795/99);
- Política Federal de Saneamento Básico (Lei 11.445/07);
- saneamento básico = conjunto de serviços,
infraestruturas e instalações operacionais de
abastecimento de água potável desde a captação até as
ligações prediais e os seus instrumentos de medição, de
esgotamento sanitário, de limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos bem como a drenagem e o manejo das
águas pluviais urbanas;
- Lei de Consórcios Públicos (Lei 11.107/05);
- objetivo: gestão integrada e a gerenciamento ambientalmente adequado dos
resíduos sólidos;
- resíduos sólidos = material, substância, objeto ou bem descartado resultante de
atividades humanas em sociedade, cuja destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólidos ou semissólido, bem
como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos de água, ou
exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da
melhor tecnologia disponível;
- curiosidade: o “resíduo sólido” não se refere unicamente ao estado
sólido;

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DIREITO AMBIENTAL 97

- rejeito: espécie de resíduo sólido que, após esgotadas as


possibilidades de tratamento e recuperação, não apresentem outra
possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada;
- em regra o resíduo sólido é um material que ainda
pode ser reaproveitado – apenas o rejeito é um material
não passível de aproveitamento economicamente viável;

148

- gestão integrada: conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os


resíduos sólidos – devem ser consideradas as dimensões política, econômica,
ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do
desenvolvimento sustentável;
- gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou
indiretamente, nas etapas de coleta, transporte transbordo, tratamento e
destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com o plano municipal de
gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos
sólidos, exigidos na forma desta lei;

148
Imagem disponível em: LINK.

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DIREITO AMBIENTAL 98

149

- aplicação: submetem-se à Política Nacional dos Resíduos Sólidos todas as


pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado responsáveis direta ou
indiretamente pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações
relacionadas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos;
- rejeitos radioativos: não são abrangidos pela norma, sendo
aplicável legislação específica (Lei 10.308/01);
- responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos:
abrange todos envolvidos no processo (fabricantes + importadores +
distribuidores + comerciantes + consumidores + titulares dos serviços
públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos);
- as embalagens devem ser fabricadas com materiais que
facilitem a reutilização e a reciclagem;
- a Política Nacional dos Resíduos Sólidos se aplica:
- Poder Público;
- setor empresarial;
- coletividade;
- resíduo sólido domiciliar  há regra específica que determina que
cessa a responsabilidade com a disponibilização adequada para a
coleta ou com a devolução no caso de sistema de logística reversa;

 Conceitos importantes:
- destinação final ambientalmente adequada:
- destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a
recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitas;
destinação = resíduo (reutilização)

149
Disponível em: LINK.

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DIREITO AMBIENTAL 99

- disposição final ambientalmente adequada:


- distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais
específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e para
minimizar os impactos ambientais adversos;
disposição = rejeito

 Princípios aplicáveis:
- princípio da prevenção e da precaução;
- prevenção = risco conhecido;
- precaução = incerteza científica;
- princípio do poluidor-pagador;
- internalização das externalidades;
- princípio do protetor-recebedor;
- busca recompensar aquele que cuida do meio-ambiente;
- princípio da visão sistêmica;
- na gestão dos resíduos sólidos deve se considerar as variáveis ambiental, social,
cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública;
- princípio do desenvolvimento sustentável;
- princípio da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto;
- princípio da ecoeficiência;
- busca compatibilizar o fornecimento de bens e serviços para satisfação das
necessidades humanas com a redução do impacto ambiental ao mínimo possível;
- princípio da cooperação;
- deve haver cooperação (ação conjunta e integrada) entre as diferentes esferas
do poder público, o setor empresarial e os demais seguimentos da sociedade;
- princípio do reconhecimento como bem econômico:
- o resíduo sólido reciclável e reutilizável deve ser reconhecido como um bem
econômico de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania;
- resíduo sólido = bem/recurso ambiental;
- princípio do respeito às diversidades locais e regionais;
- princípio do direito à informação e ao controle social;
- princípio da razoabilidade (proporcionalidade);

 Objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos:


- objetivo geral:
- proteção: saúde pública + qualidade ambiental;
- objetivos específicos:
- estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e
serviços;
- incentivo à indústria da reciclagem;

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DIREITO AMBIENTAL 100

- integração de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que


envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
- ordem de prioridade na gestão de resíduos sólidos:
- 1ª prioridade  não geração de resíduos sólidos;
- 2ª prioridade  redução da geração de resíduos sólidos;
- 3ª prioridade  reutilização ;
- 4ª prioridade  reciclagem;
- 5ª prioridade  tratamento do resíduo sólido;
- 6ª prioridade  disposição final ambientalmente adequada;

 Classificação dos resíduos sólidos:


- quanto à origem150:
- resíduos domiciliares: fruto de atividades domésticas;
- resíduos de limpeza urbana: relacionados à limpeza de logradouros
públicos;
- resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de
serviços;
- resíduos de serviços públicos de
saneamento básico;
- resíduos do serviço de saúde;
- resíduos de construção civil;
- resíduos agrossilvipastoris;
- resíduos de serviços de transportes;
- resíduos de mineração;
- quanto à periculosidade:
- resíduos perigosos: em razão de sua
característica (exemplo: inflamabilidade, corrosividade, toxicidade)
apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade
ambiental, de acordo com a lei, regulamento ou norma técnica;
- resíduos não perigosos: conceituação residual (os que não forem
perigosos);

150
Os resíduos sólidos urbanos compreendem os resíduos domiciliares e os resíduos de limpeza urbana.

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DIREITO AMBIENTAL 101

151

 Instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos152:


- planos de resíduos sólidos;*
- engloba vários planos: Plano Nacional de Resíduos Sólidos + planos estaduais de
resíduos sólidos + planos microrregionais de resíduos sólidos de regiões
metropolitanas ou aglomerações urbanas + planos intermunicipais de resíduos
sólidos + planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos + planos de
gerenciamento de resíduos sólidos;
- Plano Nacional de Resíduos Sólidos:
- elaborado pela União;
- prazo indeterminado e horizonte de 20 anos;
- atualização a cada 4 anos;
- elaborado mediante processo de mobilização e participação social
(incluindo audiências públicas e consultas públicas);
- há um conteúdo mínimo previsto em lei para tal plano;
- Planos Estaduais de Resíduos Sólidos:
- elaborado pelos Estados;
- prazo indeterminado e horizonte de 20 anos;
- atualização a cada 4 anos;
- há um conteúdo mínimo previsto em lei para tal plano;

151
Disponível em: LINK.
152
Estão previstos no artigo 8º da Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos – ao todo são 19
(dezenove) instrumentos, sendo abordados neste material apenas alguns deles.

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DIREITO AMBIENTAL 102

- acesso a recursos da União  o Plano Estadual é uma condição para


que o estado-membro da federação tenha acesso a recursos federais
para cumprimento das finalidades previstas na lei;
- Planos Microrregionais de Resíduos Sólidos ou destinados a regiões
metropolitanas ou aglomerações urbanas:
- elaborado pelos Estados;
- obrigatória participação do Município envolvido;
- compatibilidade com o Plano Estadual;
- Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos:
- regra geral: exigido de todos os municípios153;
- acesso a recursos da União  o Plano Municipal é uma
condição para que o estado-membro da federação tenha
acesso a recursos federais para cumprimento das
finalidades previstas na lei;
- exceção (casos em que não se aplicam154):
 Municípios integrantes de área de especial interesse
turístico;
 inseridos na área de influência de empreendimentos
ou atividades com significativo impacto ambiental de
âmbito regional ou nacional;
 cujo território abranja, total ou parcialmente,
Unidades de Conservação (Lei do SNUC – Lei 9.985/00);
- municípios com menos de 20.000 habitantes possuem
a possibilidade de realizar plano municipal simplificado;
- o Plano Municipal não dispensa o município de licenciamento
ambiental de aterros sanitários e de outras infraestruturas e
instalações integrantes do serviço público de limpeza urbana e de
manejo de resíduos sólidos;
- Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos:
- integrante do processo de licenciamento ambiental;
- estão sujeitos a tal plano:
 geradores de resíduos sólidos dos serviços públicos
de saneamento básico, resíduos industriais, de serviços
de saúde e mineração;
 estabelecimentos comerciais e de prestação de
serviço que envolva resíduos perigosos ou que por conta
da natureza, composição ou volume não sejam
equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder
público municipal;
 empresas de construção civil;

153
É possível que o conteúdo do plano esteja inserido dentro do Plano de Saneamento Básico.
154
Também pode ser dispensado do Plano Municipal o município que optar pela elaboração de soluções
consorciadas para gestão de resíduos sólidos.

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DIREITO AMBIENTAL 103

 responsáveis por terminais e outras instalações


(exemplo: portos; aeroportos);
 responsáveis por atividades agrossilvopastoris (caso
haja exigência do órgão competente);
Observação: a sujeição é bastante ampla;
- coleta seletiva*;
- sistemas de logística* reversa e responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos;

155

- conceito: instrumento de desenvolvimento econômico e social que traz um


conjunto de ações destinadas a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos
sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros
ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada;
- aplicação: fabricantes + importadores + distribuidores + comerciantes;
- ideia central: garantia de que o produto vai retornar após o uso pelo consumidor
de uma forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo
de resíduos sólidos;
- produtos submetidos ao sistema de logística reversa:
 agrotóxicos, seus resíduos e embalagens;
 pilhas e baterias;
 pneus;
 óleos lubrificantes, seus rodízios e embalagens;
 lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz
mista;

155
Disponível em: LINK.

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DIREITO AMBIENTAL 104

 produtos eletroeletrônicos e seus componentes;

Observação: esta lista pode ser ampliada e passar a contemplar


outros produtos.
- responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto:
- fabricante e importadores  responsáveis por dar destinação
ambientalmente adequada aos produtos e às embalagens reunidos
ou devolvidos, sendo o rejeito encaminhado para a disposição final
ambientalmente adequada;
- comerciantes e distribuidores  devolução aos fabricantes ou aos
importadores dos produtos e embalagens;
- consumidor devolução aos comerciantes e aos distribuidores nos
pontos adequados (exemplo: pilhas);
- titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de
resíduos sólidos156  implementação da coleta seletiva;
- educação ambiental;
- Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR);

- Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA);

156
Em regra a responsabilidade pelo ciclo de logística reversa não é dele, mas caso ele se encarregue de
tais responsabilidades deverá ser remunerado na forma previamente acordada entre as partes.

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DIREITO AMBIENTAL 105

- Conselhos de Meio Ambiente (e no que couber, os de saúde);


- acordos setoriais*;

 Proibições:
- é proibida a destinação ou disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos:
 lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;
 lançamento in natura a céu aberto (excetuados os resíduos de mineração);
 queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não
licenciados para essa finalidade;
 outras formas vedadas pelo Poder Público;
- é proibida a importação:
 resíduos sólidos, perigosos e rejeitos;
 resíduos sólidos cujas características causem dano ao meio ambiente, à saúde
pública e animal e à sanidade vegetal, ainda que para tratamento, reforma, reuso,
reutilização ou recuperação;

BIODIVERSIDADE & PATRIMÔNIO GENÉTICO


 Aspectos gerais:
- artigo 225, §1º, inciso II e V da CRFB/88 (atribuições do Poder Público):
- inciso II  preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético;
- dever de preservação da biodiversidade de o patrimônio genético;
- dever de fiscalização;
- inciso V  controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o
meio ambiente;
- há previsão implícita do princípio da precaução;
- normativa infraconstitucional:
- Decreto 2.519/98  Convenção de Biodiversidade;

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DIREITO AMBIENTAL 106

- Decreto 5.705/06  Protocolo de Cartagena;


- Lei 11.105/05  Lei de Biossegurança;
- Lei 13.123/15  Lei de acesso ao patrimônio genético e acesso ao
conhecimento tradicional associado;
- Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05);
- normas de segurança;
- mecanismos de fiscalização de atividades (envolvendo Organismos
Geneticamente Modificados157);
Observação: toda vez que a questão envolver OGM´s deve ser
aplicada a Lei de Biossegurança;
- criação do Conselho de Biossegurança (CNBS);
- reestruturação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio);
- disposição sobre a Política Nacional de Biossegurança (PNB158);

- objeto da norma:
- estabelecimento de normas de segurança e mecanismos de
fiscalização sobre diversos empregos de organismos geneticamente
modificados e seus derivados:
- cultivo + produção + manipulação;
- transporte + transferência + importação + exportação +
armazenamento;
- pesquisa + comércio + consumo + liberação + descarte;
- diretrizes da norma:
- estímulo ao avanço científico (biossegurança + biotecnologia);
- proteção à vida e saúde humana, animal e vegetal;
- princípio da precaução159 como espinha dorsal da sistemática;
- conceito de organismo geneticamente modificado160:
- organismo cujo material genético tenha sido modificado por
qualquer técnica de engenharia genética;
- finalidade da manipulação genética  favorecimento de
determinada característica do organismo;

157
OGM.
158
Ainda não instituída – mas cujas diretrizes estão previstas no Decreto 4.339/02.
159
Princípio estabelecido dentro da ideia de dúvida científica.
160
No estudo de tal matéria há presença de muitas expressões de cunho técnico – atípicas para o
estudante de Direito.

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DIREITO AMBIENTAL 107

- exemplo: tornar mais resistente à determinada praga +


tolerar o uso de um defensivo agrícola + aumento do
tamanho;
- não se considera organismo geneticamente modificado (OGM):
- organismo resultante de técnica que implique em
introdução direta, em um organismo, de material
hereditário, desde que não envolvam a utilização de
moléculas de RNA recombinante ou OGM, inclusive
fecundação in vitro, conjugação, transdução,
transformação, indução poliploide e qualquer outro
processo natural;
- substância pura, quimicamente definida, obtida por
meio de processos biológicos e que não contenha OGM,
proteína heteróloga ou ADN recombinante;
- obrigação quanto à rotulagem:
- alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo
humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de
OGM´s ou derivados deverão conter tal informação em seus rótulos;

- não incidência da Lei de Biossegurança:


- modificação genética obtida por meio das seguintes técnicas, desde
que não impliquem a utilização de OGM como receptor ou doador 161:
 mutagênese;
 formação e utilização de células somáticas de
hibridoma animal;
 fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células
vegetais, que possa ser produzida mediante métodos
tradicionais de cultivo;
 autoclonagem de organismos não patogênicos que se
processe de maneira natural;
- pesquisa VS uso comercial:
- atividade de pesquisa de OGM´s e seus derivados  realizada em
laboratório, regime de contenção ou campo, sendo parte do
processo de obtenção do OGM e seus derivados ou da avaliação de
biossegurança e no âmbito experimental podendo aparecer como
construção, cultivo, manipulação, transporte, transferência,
importação, exportação, armazenamento, liberação no meio
ambiente e descarte de OGM e seus derivados;

161
Há preponderância do uso de terminologias altamente técnicas – quando tal tema aparece na prova,
costuma aparecer da mesma forma prevista na legislação.

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DIREITO AMBIENTAL 108

- atividade de uso comercial de OGM´s e seus derivados  tudo


aquilo que não corresponder à atividade de pesquisa (conceito
residual);
- vedações:
 vedado às pessoas físicas atividades e projetos em atuação
autônoma e independente, ainda que mantenham vínculo
empregatício ou qualquer outro com pessoas jurídicas;
- interessados deverão requerer autorização à Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio);
- financiamento ou patrocínio de atividades ou de projetos de OGM´s:
- as organizações públicas e privadas, nacionais, estrangeiras ou
internacionais, financiadoras ou patrocinadoras de atividades ou de
projetos relativos à OGM´s devem exigir a apresentação de
certificado de qualidade em biossegurança, expedido pela CTNBio;
- descumprimento da norma  corresponsabilidade
pelos efeitos decorrentes do descumprimento
- atividades proibidas:
 implementação de projeto relativo à OGM sem a manutenção de
registro do seu acompanhamento individual;
 engenharia genética em organismo vivo ou manejo in vitro
realizado em desacordo com as normas previstas na Lei De
Biossegurança (Lei 11.101/05);
 engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e
embrião humano;
 alteração genética de espermatozoide ou óvulo (como por
exemplo, para escolha de características pessoais);
 clonagem humana;
 destruição ou descarte no meio ambiente de OGM e seus
derivados em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio,
pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização;
 utilização, comercialização, registro, patenteamento e o
licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso;
- tecnologias genéticas de restrição de uso  qualquer
processo de intervenção humana para geração ou
multiplicação de plantas geneticamente modificadas
para produzir estruturas reprodutivas estéreis, bem
como qualquer forma de manipulação genética que vise
á ativação ou desativação de genes relacionados à
fertilidade das plantas por indutores químicos externos;
 liberação no meio ambiente de OGM´s e seus derivados, no
âmbito de atividades de pesquisa, sem a decisão favorável da CTNBio
e, nos casos de liberação comercial, sem o parecer técnico favorável
da CTNBio, ou sem o licenciamento do órgão ou entidade ambiental
responsável, quando a CTNBio considerar a atividade como
potencialmente causadora de degradação ambiental, ou sem a

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DIREITO AMBIENTAL 109

aprovação do Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) quando o


processo tenha sido avocado;
- resumo  liberação no meio ambiente ou liberação
comercial sem autorização do órgão competente;
- principais órgãos previstos na Lei de Biossegurança:
- CNBS  Conselho Nacional de Biossegurança;
- vinculado à Presidência da República;
- órgão superior;
- órgão de assessoramento do Presidente da República
para a formulação e implementação da Polícia Nacional
de Biossegurança (PNB);
- competência:
- fixar os princípios e diretrizes para a ação
administrativa dos órgãos e entidades
federais com competência sobre a matéria
- analisar o pedido da CTNBio quanto aos
aspectos da conveniência e oportunidade
socioeconômicas e do interesse nacional, os
pedidos de liberação para uso comercial de
OGM´s e seus derivados;
- avocar e decidir em última e definitiva
instância sobre os processos relativos a
atividades que envolvam o uso comercial de
OGM´s e seus derivados;
- CTNBio  Conselho Técnico Nacional de Biossegurança;
- órgão integrante do Ministério da Ciência e
Tecnologia162;
- instância colegiada multidisciplinar de caráter
consultivo e deliberativo;
- presta apoio técnico de assessoramento ao Governo
Federal;
- estabelece normas técnicas de segurança referentes à
autorização para atividades que envolvam pesquisa e
uso comercial de OGM´s;
- composição: membros titulares e suplentes designados
pelo Ministro da Ciência e Tecnologia + 27 cidadãos
brasileiros com competência técnica 163;
- decisão da CTNBio: em regra vincula os demais órgãos
e entidades da administração;

162
Não integra o Ministério do Meio Ambiente.
163
Exigida notória atuação e saber científico, com grau acadêmico de doutor e com destacada atividade
profissional nas áreas de biossegurança, biotecnologia, biologia, saúde humana e animal ou meio
ambiente.

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DIREITO AMBIENTAL 110

- em caso de liberação para uso comercial há dispensa


de apresentação de Certificado de Qualidade em
Biossegurança;
- possibilidade de realização de audiência pública para
permitir a participação da sociedade civil;
- providências a serem tomadas após a aprovação
(manifestação favorável) pela CTNBio:
- dependendo da matéria caberá ao
Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento as autorizações e registros,
além de fiscalização de produtos e
atividades que utilizem OGM e seus
derivados destinados a uso animal, na
agricultura, pecuária, agroindústria e áreas
afins;
- caberá ao Ministério da Saúde em caso de
OGM´s destinados a uso humano,
farmacológico, domissanitário e áreas afins;
- caberá ao órgão do Meio Ambiente se
autorizações envolver OGM´s a serem
liberados nos ecossistemas naturais, bem
como no licenciamento em casos em que a
CTNBio deliberar, na forma prevista na lei,
que o OGM é potencialmente causador de
significativa degradação ambiental;
- caberá à CTNBio deliberar que
se o OGM é potencialmente
causador de significativa
degradação ambiental164;
- caberá à Secretaria Especial de
Aquicultura e Pesca da Presidência da
República as autorizações e registros
envolverem produtos ou atividades com
OGM´s destinados ao uso na pesca e
aquicultura;
- as decisões técnicas da CTNBio são vinculantes – sendo
vedadas exigências técnicas por demais órgãos que
extrapole as por elas exigidas;
- em caso de divergência da decisão técnica da CTNBio e
do respectivo Ministério atrelado há a possibilidade de
recurso ao CNBS (Conselho Nacional de Biossegurança);
- SIB  Sistema de Informações em Biossegurança;
- CIBIO  Comissão Interna de Biossegurança;
- responsabilidade civil ambiental:

164
Deliberação feita em última e definitiva instância.

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DIREITO AMBIENTAL 111

- seguindo a regra geral, a responsabilidade por danos ao meio


ambiente em função de descumprimento de norma de biossegurança
implicará responsabilidade solidária e objetiva pela indenização e
reparação integral – independentemente da existência de culpa;
- utilização de células-tronco:
- previsão expressa no artigo 5º da Lei 11.105/05;
- é permitida para fins de pesquisa e terapia, cumprida algumas
condições:
 embriões inviáveis;
 embriões congelados há 3 (três) anos ou mais na data
da publicação da lei ou que, já congelados na data de
publicação da lei, depois de completarem 3 (três) anos,
contados a partir da data do congelamento;
- gravidez natural = vedação da utilização de células-tronco (somente
podem ser utilizados embriões produzidos por fertilização in vitro);
- STF, ADI 3.510/DF: a Corte Suprema reconheceu que não haveria
violação do direito à vida no caso de pesquisa com células-tronco
embrionárias – a decisão reconheceu a constitucionalidade do artigo
5º da Lei 11.101/05;

RECURSOS MINERAIS
 Aspectos gerais:
- atividade de grande impacto ambiental: a exploração dos recursos minerais é, em regra, uma
atividade causadora de grandes impactos ambientais;
- em contrapartida, trata-se de atividade de grande relevância econômica 165;
- a atividade traz: desmatamento + obras do solo + ações de escavação +
desmonte + rebaixamento de lençol + transporte e bota fora de animais +
construção de drenagens, estradas e praças de trabalho;
- em função do contraponto entre importância econômica e danos ambientais
potenciais a atividade deve obedecer ao princípio do desenvolvimento
sustentável;
- obrigações do empreendedor previsão constitucional:
- é importante conhecer a norma prevista no §2º do artigo 225 da CRFB/88:
Artigo 225, §2º da CRFB/88  obrigação do empreendedor de recuperar o meio
ambiente degradado por exploração de recursos minerais, de acordo com a
solução técnica exigida pelo órgão público competente;
- expressão “recuperar”  parte da premissa que haverá danos;
- diplomas normativos:
- artigo 176 da CRFB/88;

165
A título de exemplo, pode-se imaginar a construção de uma casa e a necessidade de recursos
minerais diretos ou indiretos: tijolo de cerâmica + bloco de concreto + fios elétricos + lâmpadas +
ferragens + vidros + louças sanitárias + tintas.

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DIREITO AMBIENTAL 112

- Decreto-Lei 227/67 (Código de Mineração) – alterado pela MP 790/17 (as


alterações não estão mais valendo em função da medida provisória não ter sido
convertida em lei);
- Lei 13.540/17 – compensação financeira pela exploração de recursos minerais;
- Lei 13.575/17 – criou a Agência Nacional de Mineração e extingue o
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM);
- DL 227/67 ainda utiliza em seu texto a expressão DNPM - a menção
a tal órgão deve ser compreendida como menção à Agência nacional
de Mineração;
- Lei 7.805/89 – criou o regime de permissão de lavra garimpeira;
- recursos minerais:
- trata-se de bens da União (artigo 20, inciso IX da CRFB/88);
- artigo 1.230 do CC/02  a propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e
demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos
arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais;
- artigo 176 da CRFB/88  é garantido ao concessionário a propriedade do
produto da lavra;
- o concessionário tem a propriedade daquilo que é extraído;
- proprietário do solo: é garantida a participação nos resultados da
lavra (artigo 11, alínea b do Decreto-Lei 227/67);
- monopólio da União (artigo 177 da CRFB/88):
- inciso I  pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros
hidrocarbonetos fluídos;
- inciso V  pesquisa, lavra, enriquecimento, reprocessamento, a industrialização
e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos
radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas
sob regime de permissão;

 Conceitos importantes:
- jazida: toma massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando à superfície ou
existente no interior da terra, que tenha valor econômico;
- mina: jazida em lavra166 (ainda que suspensa);
- mina = jazida + exploração;
- mina manifestada = em lavra, ainda que transitoriamente suspensa;
- mina concedida = direito de lavra outorgado pelo Ministro de Estado de Minas e
Energia;

 Regime de aproveitamento:
- a pesquisa e a lavra dependem de:
- autorização ou concessão da União – no interesse nacional;

166
Jazida sendo explorada.

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DIREITO AMBIENTAL 113

- somente concedida para brasileiros ou empresa constituída sob as


leis brasileiras que tenha sua sede e administração no país;
- dispensa de autorização ou concessão  aproveitamento de
potencial de energia renovável de capacidade reduzida;
- autorização de pesquisa = prazo determinado + anuência do poder
concedente para cessão ou transferência;
- participação do proprietário no resultado da lavra  50% do valor total devido
aos Estados, Distrito Federal, Municípios e órgãos da Administração Direta da
União, a título de compensação financeira pela exploração de recursos minerais;
- artigo 20, §1º da CRFB/88: é assegurada, nos termos da lei, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da
administração direta da União, participação no resultado de
exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins
de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no
respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona
econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa
exploração;
- compensação financeira pela exploração de recursos minerais:
- tema tratado pela Lei 7.990/89;
- há previsão de prestação pecuniária destinada aos Estados, Distrito Federal e
Municípios nos quais haja exploração mineral;
- ideia central: compensar o impacto ambiental que a mineração causa;
- a Lei 13.540/17 (resultado da conversão da MP 789/17) trouxe alterações na
sistemática;
- base de cálculo da cobrança da compensação financeira:
- antes da Lei 13.540/17  faturamento líquido;
- depois da Lei 13.540/17  faturamento bruto;
- alíquotas de cobrança;
- foram alteradas com a Lei 13.540/17;
- regimes de aproveitamento do DL 227/67167 (artigo 2º):
- regime de concessão  depende de portaria de concessão do Ministro de
Estado de Minas e Energia;
- regime de autorização  depende de expedição de alvará de autorização do
Diretor Geral do DNMP;
- leia-se atualmente: Agência Nacional de Mineração (ANM);
- regime de licenciamento  depende de licença expedida em obediência a
regulamentos administrativos locais e de registro de licença na Agência Nacional
de Mineração;
- regime de permissão de lavra garimpeira  depende de portaria de permissão
da Agência Nacional de Mineração;
- regime de monopolização  em virtude de lei especial, depende de execução
direta ou indireta do Governo Federal;

167
São 5 (cinco) regimes – ao total.

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DIREITO AMBIENTAL 114

- Regime de Autorização de Pesquisa Mineral:


- é um dos regimes de aproveitamento – o 1º dos regimes;
- objetiva a realização dos trabalhos necessários à definição da jazida, sua
avaliação e também determinar a exequibilidade do seu aproveitamento
econômico;
- autorização será outorgada pelo DNMP (na verdade, pela Agência Nacional de
Mineração);
- a autorização deve ser outorgada a brasileiros, pessoa natural, firma
individual ou empresas legalmente habilitadas, mediante
requerimento do interessado;
- trabalhos necessários à pesquisa  executados sob responsabilidade de um
profissional (engenheiro de minas ou geólogo);
- trabalhos de pesquisa ou lavra que causarem danos ao meio ambiente  são
passíveis de suspensão temporária ou definitiva;
- prazo para início das atividades  obtida a autorização, deve o titular iniciar os
trabalhos dentro de 60 (sessenta) dias;
- além do mais não é possível interromper os trabalhos (sem
justificativa) por mais de três nesses consecutivos ou por mais de 120
dias acumulados e não consecutivos;
- prazo da validade da autorização  1 a 3 anos;
- prazo estabelecido pela Agência Nacional de Mineração – de acordo
com as características da área de pesquisa mineral;
- é admitida a prorrogação do prazo;
- encerramento da pesquisa  exige entrega de um relatório dos trabalhos;
- constatada a existência de jazida com potencial econômico o
relatório será aprovado;
- aprovação do relatório = aprovação da existência da jazida;
- a partir daí o titular terá o prazo de 1 (um) ano para
requerer o ingresso na próxima fase (concessão da
lavra);
- findo do prazo sem requerimento = direito
caducará = qualquer outra pessoa poderá
fazer o requerimento da concessão da lavra;
- responsabilidade civil: objetiva;
- artigo 22, inciso IV do DL 227/67  o titular da autorização
responde, com exclusividade, pelos danos causados a terceiros,
direta ou indiretamente, decorrentes do trabalho de pesquisa168;
- Pedido de Concessão de Lavra:
- busca fazer com que a jazida se torne uma mina;
- é pressuposto a anterior pesquisa da jazida (com relatório aprovado pela
Agência Nacional de Mineração);

168
A mesma responsabilidade é prevista no artigo 19 da Lei 7.825/89.

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DIREITO AMBIENTAL 115

- área de lavra  deverá ser adequada à condução técnico-econômica dos


trabalhos de extração e beneficiamento;
- concessão da lavra  portaria assinada pelo Ministro de Minas e Energia;
- não há restrição quanto ao número de concessões outorgadas a
uma mesma empresa;
- conceito de lavra  conjunto de operações coordenadas objetivando o
aproveitamento industrial das jazidas desde a extração das substâncias minerais
úteis que contiver até o beneficiamento;
- Permissão de Lavra Garimpeira:
- possui uma característica especial  conjuga os momentos da pesquisa e
concessão de lavra (desnecessária a pesquisa em apartado);
- conceito  aproveitamento imediato de jazimento mineral que, por sua
natureza, dimensão, localização e utilização econômica possa ser lavrado
independentemente de prévio trabalho de pesquisa – segundo critérios fixados
pela Agência Nacional de Mineração;
- conceito de garimpagem  atividade de aproveitamento de substâncias
minerais garimpáveis, executadas no interior de áreas estabelecidas para este fim,
exercida por brasileiro, cooperativa de garimpeiros, autorizada a funcionar como
empresa de mineração, sob o regime de permissão de lavra garimpeira (artigo 10
da Lei 7.805/89);
- Agência Nacional de Mineração  define as áreas de garimpagem
 leva em consideração a ocorrência de bem mineral garimpável, o
interesse do setor mineral e as razões de ordem social e ambiental;
- a outorga da permissão de lavra garimpeira depende de prévio
licenciamento ambiental por parte do órgão competente;
- regulação via portaria  a permissão de lavra garimpeira será outorgada pelo
Diretor Geral da Agência Nacional de Mineração – que regulará, via portaria, o
respectivo procedimento para habilitação;
- Regime de Licenciamento:
- aplicado para o aproveitamento de substâncias de emprego imediato na
construção civil, argila vermelha e calcário para uso corretivo do solo;
- Regime de Monopolização:
- em virtude de lei especial, depender de execução direta ou indireta do Governo
Federal;
- Fundamento da exigência de Licenciamento Ambiental:
- a exploração mineral é extremamente impactante ao meio ambiente;
- toda vez que haver desenvolvimento de atividades ou obras causadoras de
significativa degradação ambiental será necessário estudo prévio de impacto
ambiental (EIA) e licenciamento ambiental;
- artigo 10 da Lei 6.938/81 + artigo 225, §1º, inciso IV da CRFB/88;

ESTATUTO DA CIDADE
 Aspectos gerais:
- competência legislativa concorrente sobre Direito Urbanístico:

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DIREITO AMBIENTAL 116

- artigo 24 da CRFB/88, inciso I  compete à União, aos Estados e ao Distrito


Federal legislar concorrentemente sobre direito urbanístico;
- artigo 182 da CRFB/88  a política de desenvolvimento urbano, executada pelo
poder público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por
objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantir o bem-estar de seus habitantes;
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para
área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do
proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que
promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no
tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de
emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate
de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor
real da indenização e os juros legais.
- os artigos 182 e 183 da CRFB/88 são regulamentados pelo Estatuto
da Cidade (Lei 10.257/01);

 Aspectos da Lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade):


- artigo 1º da Lei:
Art. 1o Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e 183 da Constituição
Federal, será aplicado o previsto nesta Lei.
Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade,
estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade
urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do
equilíbrio ambiental.
- cidades sustentáveis (artigo 2º da Lei 10.257/01):
o
Art. 2 A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à
moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços
públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;
II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações
representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e
acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;
III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade
no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social;
IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população
e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de
modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos
sobre o meio ambiente;
V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos
adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais;
VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;

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DIREITO AMBIENTAL 117

b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;


c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à
infra-estrutura urbana;
d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos
geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente;
e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não
utilização;
f) a deterioração das áreas urbanizadas;
g) a poluição e a degradação ambiental;
h) a exposição da população a riscos de desastres naturais; (Incluído pela
Medida Provisória nº 547, de 2011).
h) a exposição da população a riscos de desastres. (Incluído dada pela Lei nº
12.608, de 2012)
VII – integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista
o desenvolvimento socioeconômico do Município e do território sob sua área de
influência;
VIII – adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão
urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do
Município e do território sob sua área de influência;
IX – justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização;
X – adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos
gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os
investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes
segmentos sociais;
XI – recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização
de imóveis urbanos;
XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do
patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;
XIII – audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de
implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos
sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população;
XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa
renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação
do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas
ambientais;
XV – simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas
edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e
unidades habitacionais;
XVI – isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção de
empreendimentos e atividades relativos ao processo de urbanização, atendido o interesse
social.
XVII - estímulo à utilização, nos parcelamentos do solo e nas edificações urbanas, de
sistemas operacionais, padrões construtivos e aportes tecnológicos que objetivem a
redução de impactos ambientais e a economia de recursos naturais. (Incluído pela
Lei nº 12.836, de 2013)
XVIII - tratamento prioritário às obras e edificações de infraestrutura de energia,
telecomunicações, abastecimento de água e saneamento. (Incluído pela Lei nº
13.116, de 2015)

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DIREITO AMBIENTAL 118

XIX – garantia de condições condignas de acessibilidade, utilização e conforto nas


dependências internas das edificações urbanas, inclusive nas destinadas à moradia e ao
serviço dos trabalhadores domésticos, observados requisitos mínimos de
dimensionamento, ventilação, iluminação, ergonomia, privacidade e qualidade dos
materiais empregados. (Incluído pela Lei nº 13.699, de 2018)
- instrumentos para consecução das cidades sustentáveis (artigo 4º da Lei 10.257/01):
- instrumentos de planejamento municipal:
- Plano Diretor;
- obrigatório (pela CRFB/88) para cidades com mais de
20.000 habitantes;
- a propriedade urbana cumpre sua função social
quando atinge às exigências fundamentais expressas no
Plano Diretor169;
- aprovação por lei municipal  instrumento básico da
política de desenvolvimento e expansão urbana;
- deverá englobar o território do Município com um
todo;
- revisão periódica  deve ser revisto a cada 10 (dez)
anos;
- o plano diretor é obrigatório:
 cidades com mais de 20.000 habitantes;
 cidade integrante de regiões
metropolitanas ou aglomerações urbanas;
 cidade onde o Poder Público pretende
utilizar o IPTU progressivo e a
desapropriação especial de imóvel urbano;
 cidades integrantes de áreas de especial
interesse turístico;
 cidades inseridas em área de influência
de empreendimentos ou atividades com
significativo impacto ambiental de âmbito
regional ou nacional;
 cidades incluídas no Cadastro nacional
de Municípios com áreas suscetíveis à
ocorrência de deslizamentos de grande
impacto, inundações bruscas ou processos
geológicos ou hidrológicos correlatos;
- Zoneamento Ambiental;
- instrumentos financeiros e tributários:
- IPTU progressivo;
- exige o descumprimento dos prazos e condições
estabelecidos para o parcelamento, edificação e
utilização compulsórios;

169
Vetor para o cumprimento da função socioambiental da cidade.

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DIREITO AMBIENTAL 119

- pode haver majoração da alíquota por 5 (cinco) anos


consecutivos;
- majoração = não pode exceder 2X a
alíquota anterior;
- majoração = não pode exceder 15%;
- passados 5 anos = manutenção da alíquota máxima e
caso assim entenda conveniente, o município procede à
desapropriação170;
- instrumentos de controle prévio:
- Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA);
- Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV);
- exigência em lei municipal  lei municipal define
empreendimentos que dependerão de Estudo de
Impacto de Vizinhança para obter licença de construção,
de ampliação ou de funcionamento;
- a elaboração de Estudo de Impacto de Vizinhança não
substitui o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA);
- objeto  o Estudo de Impacto de Vizinhança busca
compreender os efeitos positivos e negativos do
empreendimento e da qualidade de vida da população
levando em conta:
- adensamento populacional;
- equipamentos urbanos e comunitários;
- uso e ocupação do solo;
- valorização imobiliária;
- geração de tráfego e demanda por
transporte público;
- ventilação e iluminação;
- paisagem urbana e patrimônio natural e
cultural;
- instrumentos jurídicos e políticos:
- parcelamento, edificação ou utilização compulsória;
- objeto de aplicação  solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado;
- prazos fixados em lei para cumprimento das condições
estabelecidas pelo Poder Público (prazo não inferior a 1
ano para projeto e 2 anos para início da obra 171 – para
aproveitamento do solo urbano);
- para aplicação do instrumento o proprietário deve ser
previamente notificado pelo Município (para que então
busque a regularização da área);

170
Não é dever, mas faculdade do Município.
171
O prazo pode ser superior ao estabelecido na lei – não pode, no entanto, ser inferior.

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DIREITO AMBIENTAL 120

- obrigações propter rem  a obrigação se transmite em


caso de transferência do bem;
- desapropriação;
- após 5 (cinco) anos de IPTU progressivo o município
pode (faculdade) desapropriar;
- indenização  títulos da dívida pública (resgatáveis
pelo prazo de até 10 anos);
- usucapião especial de imóvel urbano;
- área máxima  até 250 metros quadrados;
- destinação  moradia própria ou da família;
- prazo  5 (cinco) anos;
- requisito negativo  não pode o usucapiente ser
proprietário de outro imóvel (urbano ou rural);
Importante: os núcleos urbanos informais existentes
sem oposição há mais de cinco anos e cuja área total
dividida pelo número de possuidores seja inferior a
duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor
são suscetíveis de serem usucapidos coletivamente,
desde que os possuidores não sejam proprietários de
outro imóvel urbano ou rural;
- direito de preempção;
- direito de preferência do Município para aquisição de
imóvel urbano objeto de alienação entre particulares;
- lei municipal deve delimitar a área e fixar o prazo de
até 5 anos, renovável por 1 ano após o decurso;
- áreas/fins suscetíveis  regularização fundiária +
execução de programas e projetos habitacionais de
interesse social + constituição de reserva fundiária +
ordenamento e direcionamento da expansão urbana +
implantação de equipamentos urbanos e comunitários +
criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes +
criação de unidades de conservação ou proteção de
outras áreas de interesse ambiental + proteção de áreas
de interesse histórico, cultural ou paisagístico;

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