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Resolução ANM Nº 130 - 2023 - Alteração Da Resolução ANM Nº 95 - 2022

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Resolução ANM nº 130/2023 | Alteração da Resolução ANM

nº 95/2022 | 1

Contexto

No dia 22/02/2023, a Diretoria Colegiada aprovou a alteração da Resolução ANM nº 95/2022,


modificando alguns pontos relevantes da norma, como sintetizado no Anexo Único desta
Nota. A Resolução nº 130/2023, que trouxe tais modificações, foi publicada no Diário Oficial
da União de 27/02/2023.

As alterações são o principal resultado da Reunião Participativa nº 2/2022, ocorrida em


outubro de 2022, na qual o setor deu contribuições sobre a redação de diversos artigos da
Resolução, tendo a ANM acolhido grande parte destas contribuições.

Descaracterização

Além de algumas modificações textuais pontuais para melhor compreensão dos dispositivos
por parte dos administrados, a nova versão da Resolução ANM nº 95/2022 traz algumas
novidades em relação à etapa de descaracterização das barragens de mineração.
Até então, o art. 2º, VIII, da Resolução, estabelecia que as barragens de mineração deveriam
ser monitoradas pelo tempo mínimo de 2 anos após a conclusão das obras. Com a nova
redação
aprovada, a fase de monitoramento é dividida em “ativa” e “passiva”, conforme texto
abaixo:

Art. 2º Para efeito desta Resolução, consideram-se:


VIII – Barragem de mineração descaracterizada: estrutura que não recebe,
permanentemente, aporte de rejeitas e/ou sedimentos oriundos de sua atividade
fim, a qual deixa de possuir características ou de exercer função de barragem, de
acordo com projeto técnico, compreendendo, mas não se limitando, às seguintes
etapas concluídas:
a) Descomissionamento: encerramento das operações com a remoção das
infraestruturas associadas, tais como, mas não se limitando: a espigotes e
tubulações, exceto aquelas destinadas à garantia da segurança da estrutura;
b) Controle hidrológico e hidrogeológico: adoção de medidas efetivas para reduzir
ou eliminar o aporte de águas superficiais e subterrâneas para o reservatório,
bem como a redução controlada da linha freática no interior do reservatório;
c) Estabilização: execução de medidas tomadas para garantir a estabilidade física
e química de longo prazo das estruturas que permanecerem no local; e
d) Monitoramento: acompanhamento pelo período mínimo de 2 (dois) anos após a
conclusão das etapas anteriores, objetivando assegurar a eficácia das medidas de

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estabilização e de controle hidrológico e hidrogeológico, que deve ser dividido em


até duas fases, sendo estas:

1. Monitoramento ativo: compreende o período mínimo obrigatório de 2 (dois)


anos estabelecido no item “d”, podendo ser estendido conforme definição do
projetista, tendo por base estudo de ruptura hipotética, que considere as
condições reológicas do rejeito, os níveis freáticos atualizados
e o volume mobilizável fisicamente possível, devendo ser mantidas as obrigações
de elaboração e atualização da documentação técnica fixadas na norma, bem
como a periodicidade de inspeções, níveis de monitoramento da instrumentação
geotécnica, emissões de relatórios e
declarações estabelecidas para as barragens em fase operacional;

2. Monitoramento passivo.· período adicional não obrigatório de monitoramento,


exceto se exigido formalmente pela ANM, com duração, instrumentação e
frequência de aquisição de dados definidas pelo projetista, compreendido entre o
fim do monitoramento ativo e o efetivo descadastramento da estrutura,
objetivando alcançar os critérios preconizados nas normas técnicas e legais e nas
boas práticas da engenharia para a garantia da estabilidade física e química de
longo prazo.

Também em relação à descaracterização, o art. 3º foi acrescido de dois


parágrafos, que
estabelecem (i) a dispensa do monitoramento para as barragens de mineração
que tiverem emoção total do barramento e do reservatório, e (ii) que a situação
operacional da barragem deve ser atualizada no SIGBM quando do início das
obras de descaracterização e quando do monitoramento.

Na nova redação da norma, foi estabelecido que, durante a fase de monitoramento passivo:
(i) A Revisão Periódica de Segurança de Barragens (RPSB) não precisa ser feita.
(ii) Os Extratos de Inspeção Regular (EIR) não precisam ser enviados quinzenalmente, mas
sim bimestralmente¹.
(iii) O Relatório de Inspeção de Segurança Regular (RISR) deve ser realizado apenas na
campanha de setembro, sendo dispensados o RISR e a DCE de março.
(iv) A Avaliação de Conformidade e Operacionalidade do PAEBM (ACO) não precisa ser feita.
(v) Não é preciso promover o Seminário Orientativo Anual.
(vi) Não é preciso emitir DCE da ECJ, quando for o caso.
(vii) Os treinamentos internos podem ser feitos apenas anualmente.

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(viii) O PAEBM poderá ser simplificado, observando o conteúdo mínimo previsto no art.12 da
Política Nacional de Segurança de Barragens (Lei nº 12.334/201 O).

Mapas de inundação

Quanto aos mapas de inundação, as barragens (a) fora da PNSB, (b) com Dano Potencial
Associado baixo, ou (c) com Dano Potencial Associado médio (desde que os itens “existência
de população a jusante” e “impacto ambiental” não atinjam pontuação 10), poderão ter
mapas de inundação simplificados, que atendam apenas às seguintes prescrições:
a. Elaborado por responsável técnico que possua Anotação de Responsabilidade Técnica,
observado o art. 602 da Resolução ANM nº 95/2022.
b. Considerar uma análise conjunta de eventuais barragens a jusante da barragem objeto de
avaliação.
c. Considerar o modo de falha que ocasione o cenário de maior dano, independentemente da
probabilidade de ocorrência, sendo que, para o caso de modo de falha por liquefação,
quando aplicável, devem ser consideradas as mobilizações máximas1 fisicamente possíveis,
dos volumes do maciço e dos materiais contidos no reservatório, com apresentação da
metodologia utilizada para definição do volume
mobilizável e observando-se as condições reológicas dos materiais.
d. Explicitar os critérios técnicos que justifiquem os limites da área de estudo e a delimitação
da mancha de inundação.
e. Ser executados com base topográfica atualizada, em escala apropriada, para a
representação da tipologia do vale a jusante1 devendo identificar e manter atualizados os
dados referentes às estruturas e áreas ali presentes (art 7º, 1 a IX).
f. Refletir o cenário atual da barragem de mineração e estar em conformidade com a cota
licenciada.
g. Ser enviado em formato KMZ, via SIGBM, sempre que houver atualização, discriminando a
ZAS e a ZSS.
Se a barragem passar por reclassificação e pontuar 10 nos itens “existência de população a
jusante” ou “impacto ambiental”, o empreendedor terá 6 meses para complementar seu
PAEBM com os demais requisitos previstos na norma.

ACO e PAEBM

Na mesma linha de raciocínio, foi previsto que o PAEBM de barragens com DPA médio
(quando o item de “população a jusante” obtiver menos que 10 pontos) ou DPA baixo
poderão realizar ACO simplificadas, contendo apenas os itens abaixo:

i. Identificação do representante legal do empreendedor.

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ii. Identificação da equipe externa contratada responsável técnica pela elaboração do


Relatório de Conformidade e Operacionalidade do PAEBM (RCO).
iii. Verificação e comprovação da conformidade e operacionalidade do PAEBM conforme a
legislação vigente.
iv. Validação do mapa e do estudo de inundação da barragem em consonância com os
parâmetros estabelecidos no art. 6º, com sugestão de classificação do DPA.
v. Comprovação da integração do PAEBM com o Plano de Contingência da Defesa Civil, caso
exista.
vi. Descrição do eventual apoio e participação em simulados de situações de emergência,
caso o empreendedor tenha sido solicitado formalmente pela defesa civil.
vii. Declaração de Conformidade e Operacionalidade do PAEBM.
viii. Ciência do empreendedor.
ix. Assinatura do elaborador do RCO com ART específica.

Também foi dispensada, a princípio, a obrigação de realização de Seminários Orientativos


anuais, com participação das prefeituras, organismos de defesa civil, equipe de segurança da
barragem, demais empregados do empreendimento, população compreendida na ZAS e,
caso tenha sido solicitado formalmente pela defesa civil, população compreendida na ZSS
também. No entanto, caso haja solicitação formal da defesa civil para que os Seminários
sejam feitos, o empreendedor deverá realiza-los.

A nova redação também acrescenta três hipóteses nas quais será declarada Situação de
Alerta: (i) ausência de envio da DCO, (ii) envio da DCO não atestando a conformidade e/ou
operacionalidade do PAEBM, e (iii) a barragem ser classificada como “risco inaceitável” no
PGRBM. Ainda em relação à DCO, ela deverá passar a ser assinada também pelo titular do
cargo de maior hierarquia na estrutura da pessoa jurídica, do mesmo modo que é feito nas
DCEs.

Além disso, a norma passou a estabelecer que barragens com DPA médio e pontuação 10 no
item “impacto ambiental” também precisarão instalar sirenes na ZAS, o que até então só era
exigido para barragens com DPA médio e pontuação 1 O no item “existência de população a
jusante” ou DPA alto.

Por outro lado, foi afastada a necessidade da equipe que elabora a ACO e o PGRBM
observarem a qualificação acadêmica mínima prevista no art. 60 da Resolução AN M nº
95/2022, visto que a Agência entende que tais documentos estão mais relacionados à
segurança do trabalho (e assuntos afins) do que aos aspectos geotécnicos da estrutura.

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Outras modificações

Como novidade, foi acrescentada a previsão de que o as built deverá ser concluído e
anexado ao PSB em até 6 meses após o término das intervenções na estrutura (etapas de
alteamento, reforçou ou outras, com alteração na geometria ou características de materiais
da barragem).

Já adotada como praxe pelos empreendedores, também foi formalizada a necessidade de


comunicação imediata à ANM, via SIGBM, a ocorrência de incidente ou acidente na barragem.
A Declaração de Encerramento de Emergência, por sua vez, passará a ser assinada apenas
pelo responsável técnico, não sendo necessário incluir a assinatura do representante legal do
empreendedor.

Importante pontuar que foi acrescentado um período de adaptação em relação à qualificação


mínima exigida pelos arts. 59 e 60, os quais passarão a ser aplicáveis apenas a partir de
01/01/2024. Dessa forma, o setor terá um tempo adicional para que os profissionais possam
se habilitar no sentido indicado pela norma.

Por fim, a ANM optou por acrescentar uma casa decimal aos Fatores de Segurança previstos
nos artigos 23 e 41, de modo a trazer maior clareza técnica aos referidos fatores.

A equipe de Direito Minerário do William Freire Advogados Associados está à disposição para
prestar quaisquer esclarecimentos adicionais sobre o tema.

Belo Horizonte, 02 de março de 2023.

William Freire – william@williamfreire.com.br


Tiago de Mattos – tiago@williamfreire.com.br
Bruno Costa – bruno@williamfreire.com.br
Danilo Resende Soares – danilo@williamfreire.com.br
Ana Clara Teixeira – anaclarateixeira@williamfreire.com.br
Ana Letícia Lanzoni Moura – analeticia@williamfreire.com.br
Giovanna Carvalho – giovannacarvalho@williamfreire.com.br
Caio Figueiredo – caiogomes@williamfreire.com.br
Danilo Marinho – danilomarinho@williamfreire.com.br
Gabriela Souza – gabrielasouza@williamfreire.com.br
Maycon Nunes –mayconnunes@williamfreire.com.br

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1 As Fichas de Inspeção Regular também devem ser preenchidas com a mesma


periodicidade.
2 O qual determina a qualificação mínima necessária para os profissionais que assinam os
documentos relacionados às barragens de mineração e passará a ser exigível a partir de 01/
01 /2024.

Anexo Único Baixar

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