A Psicologia Como Ciëncia e A Ciëncia Da Psicologia
A Psicologia Como Ciëncia e A Ciëncia Da Psicologia
A Psicologia Como Ciëncia e A Ciëncia Da Psicologia
1O artigo faz uma análise crítica da psicologia científica, seu percurso histórico e suas
implicações epistemológicas e ético-políticas para a teorização da subjetividade, bem
como para a formação universitária e prática profissional dos psicólogos. Descritores:
Psicologia Científica, Psicologia Social, Psicologia Política, Epistemologia da
Psicologia1.
INTRODUÇÃO
Com efeito, o Estado liberal, cuja principal atribuição era o poder de polícia
para garantir a liberdade individual e o respeito aos direitos de cada um, dá lugar a um
Estado intervencionista, estruturado de forma complexa e burocrática, mais e mais
responsável pelas condições de vida do povo e pela educação / docilização deste.
Responsável, ainda, por controlar os movimentos operários e garantir a boa ordem e o
progresso social, ou melhor, burguês. Diante dessa realidade, deve-se perguntar como
fica a onipotência do “eu”, até então certo de sua liberdade e de sua igualdade com os
demais homens e certo de que a conquista de um status social e econômico
privilegiado dependeria simplesmente de sua vontade e da utilização correta da razão?
A subjetividade privada e individual, supostamente livre e destemida, entra em crise.
A realidade social estampa a ilusão da liberdade, da igualdade e da fraternidade, e
mostra, em contrapartida, o choque entre as classes sociais, a exploração do homem
pelo homem, o controle disciplinar e social, a guerra entre nações pelos mercados
consumidores e pelo imperialismo nos mercados de matéria-prima internacionais, o
consumo em massa de produtos, de serviços, de estilos, de informações. Está criado o
terreno para crises na existência subjetiva, sentimentos de desamparo, de solidão, de
culpa, de enorme responsabilidade; os controles e as exigências sociais dão ao homem
uma grande sensação de vazio e de desconhecimento de si (Figueiredo, 2000). Mas
estes sentimentos se tornam tão fortes e evidentes neste período histórico em virtude
da grande eficiência plástica do capitalismo e de sua lógica social, que vão determinar
o controle do homem não apenas através de ações externas ao sujeito, mas também em
sua própria subjetividade. Desde a sua mais tenra idade, e mesmo que seja apenas
em função daquilo que elas aprendem a ler no rosto de seus pais, as vítimas do
capitalismo e do “socialismo” burocrático são corroídas por uma angústia e uma
culpabilidade inconscientes que constituem uma das engrenagens essenciais para o
bom funcionamento do sistema de auto-sujeição dos indivíduos à produção. O tira e
o juiz internos são talvez mais eficazes do que aqueles do ministério do Interior e da
Justiça. (Guattari, 1981, p. 13)
Em virtude dos elementos abordados, sem excluir outros que venham a ser
analisados mais adiante, observa-se que os eventos ocorridos ao longo da
Modernidade abrem o espaço necessário para a elaboração de uma ciência que vai ter
como principal objetivo dar conta da subjetividade deste momento histórico, pois:
constitui-se uma concepção de ser humano e uma realidade em que os homens passam
a se ver como individuais, responsáveis por seus atos, moralmente autônomos, dotados
de intimidade e de uma noção de mundo interno; esta subjetividade, diante das
transformações que vai vivenciando ao longo da Modernidade, entra em crise
existencial e passa a buscar respostas para suas questões; esta subjetividade precisa ser
controlada pelas Disciplinas em prol dos interesses do capital, da produção e do
consumo; entre as formas de controle, a talvez mais eficiente, e que deve pois ser
devidamente trabalhada e estudada, é a que se dá internamente, pela própria
subjetividade nela mesma. Assim, está criado o terreno para o surgimento da
psicologia como ciência da subjetividade, para dar conta do questionamento
existencial do homem, via de regra, para adequá-lo ao modus vivendi estabelecido e
para viabilizar o controle deste mesmo homem.
3. O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA
²Estruturalismo
²Funcionalismo
²Behaviorismo
²Gestalt
²Psicanálise
²Cognitivismo
Não cumpre aqui analisar profundamente cada uma das correntes e orientações
acima, nem descrever outros corpos teóricos que vieram a integrar a psicologia
científica. De todo modo, é possível observar que no seio da psicologia, parece haver
psicologias; algumas atentas ao rigor do método experimental e da epistemologia forte
das ciências naturais, outras que vão propor epistemologias e métodos específicos;
psicologias que, enfim, vão se enveredar por caminhos distintos, valorizando ora o
comportamento humano, ora a sexualidade e o inconsciente, ora a personalidade, ora o
desenvolvimento evolucionista humano, ora a gestalten, ora o acolhimento integral do
homem, ora as aptidões e performances humanas, ora as relações sociais do homem
inserido nas instituições e nos grupos. O que se percebe é um conjunto de saberes que
contêm profundas diferenças na consideração do que deve integrar o “campo psi” e de
como produzir conhecimentos sobre esse campo. Saberes que buscam totalizar, em
seus pressupostos, teorias e métodos, a “verdade” do que deve realmente ser estudado
e considerado pela psicologia. Nesse sentido, vale citar a divertida pontuação de
Vygotsky: O que é que têm em comum todos os fenômenos que a psicologia
estuda, o que é que transforma em fatos psíquicos os mais diversos fenômenos –
desde a secreção da saliva nos cachorros até o prazer da tragédia –, o que têm em
comum os desvarios de um louco e os rigorosíssimos cálculos de um matemático?
A psicologia tradicional responde: o que têm em comum é que todos eles são
fenômenos psíquicos, que não se desenvolvem no espaço e só são acessíveis à
percepção do sujeito que os vive. A reflexologia responde: o que têm em comum é
que todos esses fenômenos são fatos do comportamento, processos correlativos de
atividade, reflexos, atos de resposta do organismo. Os psicanalistas dizem: o que
há em comum a todos esses fatos, o mais primário, o que os une e constitui sua
base é o inconsciente. Portanto, três respostas estabelecem três significados
distintos da psicologia geral, a qual definem como a ciência 1) do psíquico e suas
propriedades, ou 2) do comportamento, ou 3) do inconsciente. (Vygostky, 1999, p.
213) Esta realidade tem feito com que as críticas e questionamentos à psicologia, ao
longo de sua existência científica, inclusive aquelas feitas pelos próprios psicólogos,
se voltem, em grande medida, à inviabilidade de uma unidade teórico-metodológica.
Mas o que se vê, em geral, são debates de colorido fortemente emocional entre os
defensores das diferentes correntes, verdadeiros diálogos entre surdos. Ou então
tentativas espúrias de conciliação entre os diferentes e às vezes contraditórios modelos
teóricos e metodológicos. Realidade que parece mascarar outras questões, desviar o
foco de discussão de outros aspectos mais fundamentais para a ciência psicológica em
termos epistemológicos, éticos e políticos.
A título de ilustração, vale citar o exemplo dos testes psicológicos, uma vez
que os mesmos têm sido aplicados por psicólogos escolares, organizacionais e clínicos
e cuja má aplicação feita pelos próprios psicólogos ou mesmo a aplicação indevida e
ilegal de outros profissionais têm suscitado freqüentes discussões. Os primeiros testes
desenvolvidos foram os testes de aptidão, elaborados sob a justificativa de substituir
uma classificação e uma seleção cega e aleatória entre os indivíduos baseada em
critérios intuitivos, por uma seleção baseada em critérios técnicos e científicos, de
acordo com as “reais potencialidades” de cada um. Essa classificação corresponde a
uma hierarquia funcional cujos critérios se referem à média normal de uma amostra de
certa população, a partir do que se poderia “orientar racionalmente e cientificamente”
a seleção dos indivíduos. Posteriormente, aos testes de aptidão foram incorporados os
teste de personalidade, desenvolvidos sob o argumento de serem instrumentos que
possibilitariam restituir à pessoa humana toda a sua dimensão psicológica, para evitar
um diagnóstico parcial. Todavia, mister se faz analisar os pressupostos que antecedem
à própria produção científica, dentro do contexto experimental, de referidos testes. O
que se observa é que os testes têm sido elaborados de acordo com um "certo
número de idéias pré-concebidas, e os critérios discriminativos estão ligados a
noções totalmente ideológicas e em absoluto científicas" (Deleule, 1972, p. 95). A
inteligência, por exemplo, é considerada pelos psicólogos como uma aptidão geral que
é avaliada em função da rapidez e da eficiência na execução de certa tarefa, da
possibilidade de adaptação a situações novas e da possibilidade de êxito social. Mas
não são estes os valores liberais por excelência, tão glorificados pela classe dominante
burguesa: eficiência, rapidez, adaptação ao meio social capitalista? O que se vê, então,
é a utilização a priori de critérios sociais que definem os conceitos e as premissas que
orientam a produção “científica” dos testes. Assim, os testes surgem com o intuito de
detectar nos indivíduos as características que respondem aos interesses do capitalismo
industrial. Nos testes de aptidão: rendimento, produtividade, eficiência, eficácia.
Nos testes de personalidade: “prevenir ou eliminar o coeficiente de agressividade
e de adversidade (leia-se de diferença) de que o indivíduo é portador e que pode
ameaçar a ordem estabelecida” (Deleule, 1972, p. 108).
Além desse aspecto, outro também merece análise: os testes são construídos a
partir de uma amostragem que é delimitada pelos experimentadores. E qual tem sido,
historicamente, o sujeito de experimentação escolhido pelo psicólogo? Ven Biervliet
(citado por Deleule, 1972, p. 101) o descreve : "É necessário que sua paciência não
seja pouca, nem que sua estabilidade mental seja precária. Os nervos não devem
chegar aos limites da neurastenia; devem poder manter um esforço regular e
constante." Assim, os sujeitos estudados devem reunir certas condições "ideais" a
priori, sem as quais a experimentação fica comprometida. O sujeito, para satisfazer
aos critérios científicos do psicólogo, deve pois reunir as "boas disposições". O que
remete a uma certa visão de homem que se espera e se mede.Uma catalogação recente
das amostras utilizadas pelos cientistas do comportamento para pesquisas sociais e de
personalidade sugere que os estudantes universitários são de longe os sujeitos mais
procurados. Eles desempenham o papel de “cobaias” para quase 80 por cento das
investigações sociais e de personalidade. Os estudantes do primeiro e do segundo ano
de introdução à psicologia são os que têm as maiores probalidades de participar. As
pesquisas em homens apenas são duas vezes mais comuns do que as pesquisas em
mulheres somente. Podemos chegar, pois, à conclusão de que os cientistas do
comportamento freqüentemente estudam pessoas brancas (especialmente
homens), relativamente inteligentes, instruídas, jovens e abastadas. (Davidoff,
1983, p. 37)
Com base nas considerações feitas acima, é possível postular que a psicologia,
ao longo de seu desenvolvimento, tem focado suas discussões, via de regra, em pontos
secundários. Pouco se tem analisado e discutido, principalmente pelos próprios
psicólogos, acerca de questões fundamentais que desde Wundt podem ser pontuadas,
mas que permanecem encobertas por outros debates, mais superficiais. Possivelmente,
esta realidade histórica exista uma vez que analisar as questões “de fundo” da
psicologia escancaram pontos incômodos para os psicólogos. O primeiro desses
pontos refere-se ao fato de que a grande maioria das escolas e abordagens
psicológicas reproduzem, não obstante as diferenças conceituais que apresentem,
a lógica e as concepções próprias do contexto moderno; trazem, como pressupostos
para a sua elaboração teórica, perspectivas deterministas, mecanicistas e
naturalizadoras. Ou seja, pressupõem que há causas para o “efeito homem” e que
o desenvolvimento dos processos humanos operam com regularidade e
constância; tudo de acordo com uma concepção de sujeito – individual, privado,
edipianizado, capitalista, consumista, consciente de seu mundo interno diferente
da realidade exterior – que é histórica, como já dito, mas que é tomada como
natural e, por isso, universal.Nesse sentido, vale citar o exemplo da psicanálise,
salientando que quase todas as escolas da psicologia possuem, e isto se dá de forma
muito sutil e dissimulada, a mesma proposta naturalizante e totalizante. Entretanto, os
objetivos desse trabalho inviabilizam uma análise aprofundada de todas elas. A
psicanálise toma como universal e eterno um modo de produção do sujeito que é
exatamente o modo de produção das sociedades capitalistas: o modo de produção do
sujeito edipiano. Esta realidade é demonstrada por diversos autores, especialmente G.
Deleuze (1925-1995) e F. Guattari (1930-1992), que são citados por Baremblit (1998):
Deleuze e Guattari, no que dizem acerca do sujeito psíquico, afirmam que não existe
um modo de produção deste que seja universal e eterno. Mas sim, existe um modo
historicamente dominante de produção do sujeito psíquico que, obviamente, é o
edipiano. E se pode dizer que o modo edipiano de produção do psiquismo – vamos
dizê-lo de uma maneira um tanto vulgar – é a produção de homens narcisistas,
egoístas, ciumentos, invejosos, petulantes, facilmente decepcionáveis,
majoritariamente heterossexuais, enfim, o que constitui o psiquismo habitual do
nosso modo de ser, que é universal. Mas não é universal no sentido de que seja o
único. Não é universal no sentido de que sempre tenha sido assim. Mas é
universal no sentido de que é um modo de produção do sujeito psíquico que teve
sucesso em sua capacidade de impor-se aos outros. (Baremblit, 1998, p. 19) Opera-
se, assim, a naturalização do fenômeno psicológico e da subjetividade que se
constituem, entretanto, historicamente. Não obstante, alguns poderiam argumentar que
há elementos comuns no fenômeno psicológico moderno e nos fenômenos de
subjetividades de outros momentos históricos. Muito provavelmente há. Mas ao focar
as possíveis semelhanças, freqüentemente, e isto parece ser o que a psicologia tem
feito, deixa-se de fora as diferenças e desliza-se para outro lugar que não o cerne
da questão: naturaliza-se uma subjetividade, retira-se-lhe o que é histórico, para
tomá-la como universal e institucionaliza-se certo padrão de normalidade, de
saúde, de mente, de sujeito, de psicológico que passa a ser considerado como o
correto, o melhor, o ideal, o verdadeiro.
Por fim, mais uma questão fundamental deve ser analisada. A psicologia, ao
considerar como natural e universal o padrão de homem e de subjetividade
instituído pela classe social dominante do capitalismo, nega e patologiza a
diferença. Isto ocorre tanto para as diferenças individuais, como na consideração
dos “loucos” como doentes mentais1, quanto para as diferenças sociais, como nas
teorias sobre carência cultural2 já difundidas na psicologia da educação. A
psicologia referenda, com isso, a ambição da lógica capitalista de impedir que haja
espaço para quem não é produtivo, para quem não é consumidor, para quem, afinal,
não presta para o capital. E se coloca, assim, num paradoxo existencial: por um lado,
como afirma Foucault (1999), a psicologia nasce no ponto em que a prática do homem
moderno encontra suas próprias contradições; mas, por outro lado, o que se tem visto
são tentativas efêmeras e paliativas, senão impossíveis, de solucionar essas
contradições e sucumbir as diferenças. Contradições e diferenças que são próprias do
humano e que são atravessadas por questões sociais, históricas, biológicas, físicas,
químicas e por tudo o mais que existir sobre a Terra. Será que cabe à psicologia
solucionar as contradições humanas, execradas historicamente, conforme postula
Figueiredo (1995), ao lugar de dejeto que o psicólogo deve “limpar”? Ou será que, ao
invés disso, deve a psicologia considerar as contradições mesmas como uma
necessidade
1. Sobre as teorias sobre deficiência ou carência cultural, cumpre verificar os
estudos empreendidos por Soares (1999) e Patto (1984).
Por todo o exposto, pode-se observar que muitos são os pontos a serem
analisados pelos psicólogos. E talvez fique a questão: o que fazer? Não há uma
resposta pronta. Mas é importante, se a psicologia tem pretensões de se tornar
realmente científica, no sentido de uma produção de conhecimentos que descobrem,
ao invés de encobrirem, como fazem as pseudociências (Deleule, 1972) as quais se
esgotam em suas determinações ideológicas e não assumem mais que um discurso
superficial, que os psicólogos assumam a responsabilidade de refletir sobre as
motivações e interesses ideológicos que os conduzem. Mister se faz que, em sua
formação, produção teórica e prática profissional, os psicólogos analisem, além
de suas questões de ordem subjetiva, sua implicação ético-política, social e
histórica.
Diante das considerações já feitas, mais um aspecto merece ser analisado, qual
seja o papel da formação universitária para o desenvolvimento da psicologia científica,
através da produção de conhecimentos que empreende e da capacitação dos
profissionais que atuam nesta área. O que se pode observar é que os cursos de
psicologia, na grande maioria das faculdades e universidades brasileiras, têm focado a
melhor inserção possível de seus alunos no mercado de trabalho e uma boa atuação
destes, bem como dos professores e da própria entidade de ensino no “provão”
realizado anualmente pelo MEC – Ministério da Educação e Cultura. Objetiva-se, via
de regra, a capacitação dos estudantes com as técnicas e o know how necessários para
que os futuros psicólogos possam atuar de forma eficiente e eficaz de acordo com as
“exigências do mercado”. Já aqui caberia uma pergunta: os estudantes de psicologia,
auxiliados pelos professores e pela estrutura das entidades de formação superior, estão
“correndo atrás” das exigências de que mercado? No Brasil, trata-se do mercado de
trabalho de um país em que vigora o modo de produção capitalista, estruturado com
um Estado neoliberal e onde as desigualdades sociais são assustadoras. Entretanto,
como foi mostrado ao longo desse trabalho, a grande parte das discussões dos
psicólogos, e isto pode ser considerado durante e após a formação, têm se baseado na
competência da psicologia para estudar os sujeitos considerados individualmente, suas
questões pessoais, seu comportamento, seu inconsciente, seu desejo, pouco
importando os aspectos sociais, entre eles, o mercado de trabalho em que o psicólogo
está se inserindo...
Com efeito, como mostra Patto (1984), a psicologia tem crescido através de
milhares de “pesquisas normais”, realizadas principalmente nos contextos
universitários, as quais articulam e analisam os fenômenos concernentes à
subjetividade apenas dentro dos paradigmas, teorias e epistemologias já estabelecidos.
Segundo Kuhn (1978), a “pesquisa normal”, ou baseada em paradigma, não tem por
objetivo encontrar fenômenos novos ou fornecer as bases para a articulação de novas
teorias; ao contrário, a ciência normal visa à articulação de fenômenos e teorias já
fornecidos pelo paradigma, restringindo-se a áreas minúsculas de investigação,
limitando, assim, a visão do cientista e tornando-o intolerante diante de inovações e
descobertas. (Patto, 1984, p. 77)
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mister se faz que a psicologia se atualize, a partir dos aspectos referidos, o que
implica, de acordo com Baremblitt (2001), na sua transmutação em dispositivos de
produção de novas subjetivações e socializações, extraordinariamente diferentes dos
preconizados como “universais”, “invariantes” e “exclusivos” pela mídia, a cultura e a
ideologia dominantes, bem como pelas disciplinas cientificistas a-críticas. Vale, pois,
uma última questão, que talvez seja a primeira, insinuante ao longo de todo este
trabalho. Carlos Drummond de Andrade, em seu poema “Mão Dadas”, afirma: “não
serei o poeta de um mundo caduco”. E quanto aos psicólogos, de que mundo querem
ser?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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COIMBRA, Cecília Maria B. Guardiões da Ordem: uma viagem pelas práticas psi no
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COIMBRA, Cecília M. B., LOBO, Lilia F., BARROS, Regina D. B. A Instituição da
Supervisão: análise de implicações. In: SAIDON, Osvaldo e KAMKHAGI, Vida R.
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DEMO, Pedro. Metodologia científica em Ciências Sociais, 3ed. rev. e ampl., São
Paulo: Atlas, 1995.
FIGUEIREDO, Luís Cláudio Mendonça e SANTI, Pedro Luiz Ribeiro de. Psicologia:
uma (nova) introdução, 2ª ed., São Paulo: EDUC, 2000.