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Exercícios Romantismo PROSA

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IFSC - INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA

CAMPUS ARARANGUÁ
Literatura Brasileira – ROMANTISMO PROSA
Curso Técnico Integrado em Vestuário e Eletromecânica
Professora Karla Goularte da Silva Gründler

Nome: Murilo De Matos De Aguiar

1) Nos romances (prosa) os personagens do Romantismo (romance urbano, indianista e


regional) possuem características bem peculiares. Descreva e exemplifique, de forma
breve, as características da mulher, da natureza e do herói presentes nesses romances.

R: herói romântico, é sempre uma pessoa independente que sofre de circunstâncias da


vida sob pressão da sociedade.

R:. Mulheres, idealização da figura feminina

R: O autor é fascinado pela natureza e usa também essas características para exaltar
sua nação

2) Assinale a(s) alternativa(s) CORRETA(s) e faça o somatório.

01. No romantismo há uma idealização do herói, do amor e da mulher: o herói romântico.


O amor, no Romantismo, funciona como uma espécie de regenerador de caráteres; é a
partir dele que o indivíduo adquire ou recupera sua dignidade. Já a mulher é o
instrumento de que se vale o romântico para a ascensão espiritual. Sua idealização é
evidente.

02. A Terceira Geração Romântica, também conhecida como byroniana, por influência do
escritor inglês Lord Byron, deixou de lado o egocentrismo e tratou de problemas sociais,
como a escravidão.

04. As principais características da Geração Condoreira o Abolicionismo, a realidade


social e a negação do amor platônico, com a mulher idealizada podendo ser tocada e
amada.

08. Castro Alves, denominado “Poeta dos Escravos”, foi o mais expressivo representante
da geração condoreira. Ele dedicou-se apenas à poesia social, deixando de lado
temáticas que falam sobre amores e mulheres idealizadas.

16. José de Alencar foi um dos principais escritores do Romantismo brasileiro, dedicando-
se essencialmente à poesia indianista.

32. A Primeira Geração do Romantismo foi marcada com profundo subjetivismo,


egocentrismo, individualismo, evasão na morte e saudosismo (lamentação).

SOMATÓRIO: ( ) ___________________________
3) Leia os textos a seguir:

TEXTO I

— Que linda menina! exclamei para meu companheiro, que também admirava. Como deve
ser pura a alma que mora naquele rosto mimoso!

Um embaraço imprevisto, causado por duas gôndolas, tinha feito parar o carro. A moça
ouvia-me; voltou ligeiramente a cabeça para olhar-me, e sorriu. Qual é a mulher bonita que
não sorri a um elogio espontâneo e a um grito ingênuo de admiração' Se não sorri nos
lábios, sorri no coração.

Durante que se desimpedia o caminho, tínhamos parado para melhor admirá-la; e


então ainda mais notei a serenidade de seu olhar que nos procurava com ingênua
curiosidade, sem provocação e sem vaidade. O carro partiu; porém tão de repente e com
tal ímpeto dos cavalos por algum tempo sofreados, que a moça assustou-se e deixou cair o
leque.

Apressei-me, e tive o prazer de o restituir inteiro. Na ocasião de entregar o leque


apertei-lhe a ponta dos dedos presos na luva de pelica. Bem vê que tive razão
assegurando-lhe que não sou tímido. A minha afoiteza a fez corar; agradeceu-me com um
segundo sorriso e uma ligeira inclinação da cabeça; mas o sorriso desta vez foi tão
melancólico, que me fez dizer ao meu companheiro:

— Esta moça não é feliz!

— Não sei; mas o homem a quem ela amar deve ser bem feliz!

Texto II

[...] sem se descuidar um instante da rapariga, tinha para ela extremas solicitudes de
namorado; levava-lhe a comida à boca, bebia do seu copo, apertava-lhe os dedos por baixo
da mesa.

Logo em seguida, após alguns goles de vinho, dona Isabel adormeceu. Estavam,
pois, perfeitamente a sós.

- Vem cá, minha flor!... disse-lhe, puxando-a contra si e deixando-se cair sobre um
divã. Sabes? Eu te quero cada vez mais!... Estou louca por ti!

E devorava-a de beijos violentos, repetidos, quentes, que sufocavam a menina,


enchendo-a de espanto e de um instintivo temor, cuja origem a pobrezinha, na sua
simplicidade, não podia saber qual era.

- Não! Para quê!... Não quero despir-me...

- Mas faz tanto calor... Põe-te a gosto...

- Estou bem assim. Não quero!

- Que tolice a tua...! Não vês que sou mulher, tolinha?... De que tens medo?... Olha!
Vou dar exemplo! [...]

Texto III

O cristão moveu o passo vacilante. De repente, entre os ramos das árvores, seus
olhos viram, sentada à porta da cabana, Iracema com o filho no regaço e o cão a brincar.
Seu coração o arrastou de um ímpeto, e toda a alma lhe estalou nos lábios:

— Iracema!...

A triste esposa e mãe soabriu os olhos, ouvindo a voz amada. Com esforço grande,
pôde erguer o filho nos braços e apresentá-lo ao pai, que o olhava extático em seu amor.

— Recebe o filho de teu sangue. Chegastes a tempo; meus seios ingratos já não
tinham alimento para dar-lhe!

Pousando a criança nos braços paternos, a desventurada mãe desfaleceu como a


jetica se lhe arrancam o bulbo. O esposo viu então como a dor tinha murchado seu belo
corpo; mas a formosura ainda morava nela, como o perfume na flor caída do manacá.
Iracema não se ergueu mais da rede onde a pousaram os aflitos braços de Martim. O terno
esposo, em que o amor renascera com o júbilo paterno, a cercou de carícias que encheram
sua alma de alegria, mas não a puderam tornar à vida: o estame de sua flor se rompera.

— Enterra o corpo de tua esposa ao pé do coqueiro que tu amaste. Quando o vento


do mar soprar nas folhas, Iracema pensará que é tua voz que fala entre seus cabelos. O
lábio emudeceu para sempre; o último lampejo despediu-se dos olhos baços.
Texto IV

Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela. Desde o momento de sua
ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões. Tornou-se a
deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade. Era rica e
formosa. Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois
esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante. Quem não se
recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da Corte como brilhante
meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e
logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia. Dizia-se
muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os
comentos malévolos de que usam vesti-la os noveleiros. Aurélia era órfã; e tinha em sua
companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a
acompanhava na sociedade. Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para
condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha
admitido ainda certa emancipação feminina.

Em relação aos textos I, II, III e IV é CORRETO afirmar que:

01. o texto I descreve uma mulher idealizada, típica do romance urbano de José de
Alencar.

02. pelas características dos trechos dos romances, podemos afirmar que os textos I e II
não pertencem ao Romantismo brasileiro.

04. O texto II refere-se ao assédio de uma mulher a uma garota. Esse comportamento
libidinoso não cabe à descrição das personagens femininas do Romantismo brasileiro.
08. o texto II é o único que não pertence ao Romantismo brasileiro, por não idealizar a
mulher.

16. no texto III do romance “Iracema”, quando lemos o trecho: “O esposo viu então como
a dor tinha murchado seu belo corpo”, podemos afirmar que às vezes nos romances
indianistas a mulher não é idealizada.

32. todos os textos têm características do Romantismo brasileiro, fazendo a descrição da


mulher de forma idealizada.

SOMATÓRIO: ( ) ___________________________

4 Poderíamos sintetizar uma das características do Romantismo pela seguinte


afirmativa:

A) Foi o primeiro momento do Naturalismo Literário.


B) Cultivando o passado por meio da exaltação de temas nacionais como a natureza,
o índio (com características semelhantes ao herói medieval europeu), procurou
formas de representar o presente.
C) Na poesia, cultivou o rebuscamento formal, mantendo-se fiel aos modelos legados
pelos clássicos.
D) Em contraposição à temática Árcade do “bom selvagem”, o Romantismo brasileiro
expôs de forma crítica e realista a figura do índio.
E) Voltado apenas para temas nacionalistas, desinteressou-se da exaltação da
natureza.

5) Assinale a alternativa INCORRETA acerca do Romantismo brasileiro:

A) Nos romances indianistas como Iracema e O Guarani, predomina a busca pela


nacionalidade brasileira. Mas observamos outras tendências na prosa, como o romance
regionalista, o romance histórico e o romance urbano, aquele que tem respectivamente
como cenários o interior no Brasil, locais históricos e a cidade grande.

B) Na prosa romântica, a fórmula do final feliz não está necessariamente ligado ao


casamento de protagonistas idealizados. Os romances com personagens que fogem a
essa fórmula, com desfechos não aceitáveis moralmente pelo leitor da época, como
Lucíola (prostituta) e Iracema (selvagem não aculturada), são chamados romances de
transição.

C) Enquanto o Romantismo europeu buscou retomar o passado através de temas


medievais, o Romantismo brasileiro buscou retomar o passado por meio da figura do índio
e da natureza idealizada, a fim de fortalecer ou mesmo criar um sentimento de
nacionalidade brasileira.

D) No Brasil, em lugar do cavaleiro medieval do romantismo europeu, a figura do índio é


idealizada porque seria um antepassado nacional legitimamente brasileiro, e não europeu.
Logo, um dos temas centrais da primeira geração é o indianismo.

E) O Romantismo representou uma ruptura com os principais valores estéticos defendidos


pelo Arcadismo, período literário predominante no século XVIII no Brasil. A poética
romântica reage, de uma maneira geral, contra o culto de elementos neoclássicos, tais
como equilíbrio, bucolismo, objetivismo, racionalismo, mitologia, paganismo, propondo
novos valores como, subjetivismo, sentimentalismo e nacionalismo.

6) O Romantismo brasileiro encontrou no índio a sua mais autêntica expressão de


nacionalidade. Sobre essa fase do Romantismo, é correto afirmar:
I. O indianismo foi uma das principais tendências do Romantismo brasileiro.
Destacaram-se, nessa fase, Gonçalves Dias, na poesia, e José de Alencar, na
prosa.
II. No indianismo, encontramos elementos como a depressão, o devaneio, o
sonho e a perspectiva da morte, características encontradas na poesia de Álvares
de Azevedo.
III. Constituiu um painel de estilos diversificados. Cada autor criava sua própria
linguagem, mas todos estavam preocupados com a afirmação dos ideais
abolicionistas e republicanos.
IV. No indianismo, tanto na poesia quanto na prosa, é comum ver a representação
do índio como o “bom selvagem”, bem como o reconhecimento do índio como
um símbolo de nacionalidade.
V. Seus principais representantes foram Visconde de Taunay, José de Alencar e
Manuel Antônio de Almeida e Bernardo Guimarães.

a) I e IV.
b) I, II e IV.
c) II e V.
d) II, III e V.
e) I e III.

7. (ENEM) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente


um outro estilo de época: o Romantismo.

“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida
criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse
a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o
autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não
digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía
das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a
outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”

(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.)

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na


alternativa:
a) “… o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas …”
b) “… era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça …”
c) “Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno,
…”
d) “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos … “
e) “… o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”
8. A ficção romântica é repleta de sentimentalismos, inquietações, amor como única
possibilidade de realização, personagens burguesas idealizadas, culminando sempre com
o habitual “… e foram felizes para sempre”.

Assinale a alternativa que não corresponde à afirmação acima:

a) O amor constitui o objetivo fundamental da existência e o casamento, o fim último da


vida.
b) Não há defesa do casamento e da castidade anterior a ele.
c) A frustração amorosa leva, incondicionalmente, à morte.
d) As protagonistas femininas são retratados como personagens belas, puras, corajosas.
e) A economia burguesa determina os gostos e a maneira de ver o mundo ficcional
romântico.

9) Leia o trecho da resenha de Ana Paula A. Santos (2011) sobre “Solfieri”, história de
Álvares de Azevedo presente no livro “Noite na Taverna”:

“Solfieri” é a primeira das histórias contadas, como terríveis lembranças do passado,


pelos seis convivas de Noite na Taverna. Em comum, todas elas apresentam
acontecimentos impactantes, que fogem aos limites do que se entende por “normalidade”.
Como anunciado em “Uma noite no século” – abertura do livro –, a narrativa de Solfieri
possui características oníricas: a oscilação entre o real e o insólito, entre o racional e o
sobrenatural, instiga a curiosidade do leitor, ao mesmo tempo que é capaz de produzir
medo.

(Texto integral disponível em: https://sobreomedo.files.wordpress.com/2011/11/noite-na-


taverna_resenha_solfieri1.pdf)

De acordo com as informações do texto, assinale a(s) alternativa(s) CORRETA(s):

A) O autor Álvares de Azevedo representou muito bem a segunda geração do


Romantismo (byroniana) com “Noite na Taverna”, trazendo a temática do mórbido
e da impossibilidade de felicidade amorosa.
B) A resenha da autora afirma que a obra oscila “entre o real e o insólito, entre o
racional e o sobrenatural”. Dessa forma, não é possível classificá-la como uma
obra do Romantismo brasileiro.
C) Os “temas impactantes, que fogem aos limites do que se entende por
“normalidade” a que se refere a resenha têm a função de regular a sociedade,
indicando quais atitudes devem ou não ser seguidas, quais fronteiras não devem
ser ultrapassadas. O conto “Solfieri” choca o leitor por indicar fronteiras da
sexualidade que não devem ser desrespeitadas.
D) Os contos de “Noite na Taverna” se aproximam muito do Realismo, fazendo uma
crítica social aos comportamentos inadequados dos jovens da época.
E) Segundo a autora “o texto instiga a curiosidade do leitor, ao mesmo tempo que é
capaz de produzir medo”. Esse medo, a que se refere a autora da resenha, vem da
possibilidade de o leitor vislumbrar a possibilidade de que uma história como a de
Solfieri tenha realmente acontecido e que os limites instaurados para uma boa
convivência em nossa sociedade possam ser transgredidos tão facilmente pela
monstruosidade. E é essa constatação que nos causa terror, repulsa e medo.

10) Em relação à prosa do Romantismo Brasileiro assinale a alternativa


CORRETA:

a) O Romance Iracema, de José de Alencar, foi um dos romances indianistas mais


famosos do Romantismo brasileiro. O romance foi muito bem aceito pelo
público leitor por mostrar a índia selvagem aculturada, tornando possível um
final feliz para os protagonistas.
b) O romance Lucíola só pode ser considerado Romantismo porque a personagem
principal, Lúcia, mostra-se uma heroína: a prostituição não foi escolha, mas um
ato heroico a fim de salvar sua família. Mesmo com sua regeneração no final da
obra, o Romance entre os protagonistas Lúcia/Maria da Glória e Paulo não é
possível por fugir às convenções sociais da época.
c) O amor na prosa do Romantismo é capaz de regenerar o caráter dos
personagens. É o que ocorre no romance “Senhora” de José de Alencar com
Fernando Seixas e Aurélia Camargo. Como no desfecho da história há
reparação e arrependimento pelos erros cometidos, o amor verdadeiro e a
condição social do casal leva à um final feliz.
d) Em Lucíola, do autor José de Alencar, há uma atitude de colocar a prostituta
como centro da narrativa, procurando justificar suas dores e compreendendo o
tipo de vida que levava.

Sobre os romances enumerados a seguir, assinale a(s) alternativa(s) CORRETA(s):

I – Iracema
II – Senhora
III – Lucíola

IV - Úrsula

A) Em IV há uma trágica história de amor entre dois jovens: uma pura e simples moça
com um nobre bacharel. Foi considerada uma clássica história de amor impossível,
como muitas de seu tempo.
B) Em II, o enredo é desenvolvido de tal maneira a condenar o casamento de
conveniência.
C) Observa-se em III a atitude romântica de eleger uma prostituta como centro da
narrativa, procurando justificar suas dores e compreendendo o tipo de vida que
levava.
D) Em I, são contados os primeiros contatos dos índios com os europeus
colonizadores.
E) Todos os romances pertencem ao romantismo brasileiro e são de autoria de José
de Alencar.
11) Partindo do princípio de que o artista, pautado pelos traços ideológicos (sobretudo
vivendo em meio a um contexto social, político, econômico e histórico) que norteiam a sua
forma de expressar frente à realidade que o cerca, leia o fragmento do romance de José
de Alencar, intitulado “Senhora”:

A moça agitou então a fronte com uma vibração altiva:

- Mas o senhor não me abandonou pelo amor de Adelaide e sim por seu dote, um
mesquinho dote de trinta contos! Eis o que não tinha o direito de fazer, e que jamais lhe
podia perdoar! Desprezasse-me embora, mas não descesse da altura em que o havia
colocado dentro de minha alma. Eu tinha um ídolo; o senhor abateu-o de seu pedestal, e
atirou-o no pó. Essa degradação do homem a quem eu adorava, eis o seu crime; a
sociedade não tem leis para puni-lo, mas há um remorso para ele. Não se assassina
assim um coração que Deus criou para amar, incutindo-lhe a descrença e o ódio.

Seixas, que tinha curvado a fronte, ergueu-a de novo, e fitou os olhos na moça.

Conservava ainda as feições contraídas, e gotas de suor borbulhavam na raiz de seus


belos cabelos negros.

- A riqueza que Deus me concedeu chegou tarde; nem ao menos permitiu-me o prazer da
ilusão, que têm as mulheres enganadas. Quando a recebi, já conhecia o mundo e suas
misérias; já sabia que a moça rica é um arranjo e não uma esposa; pois bem, disse eu,
essa riqueza servirá para dar-me a única satisfação que ainda posso ter neste mundo.
Mostrar a esse homem que não me soube compreender, que mulher o amava, e que
alma perdeu. Entretanto ainda eu afagava uma esperança. Se ele recusa nobremente a
proposta aviltante, eu irei lançar-me a seus pés. Suplicar-lhe-ei que aceite a minha
riqueza, que a dissipe se quiser; consinta-me que eu o ame. Essa última consolação, o
senhor a arrebatou. Que me restava? Outrora atava-se o cadáver ao homicida, para
expiação da culpa; o senhor matou-me o coração, era justo que o prendesse ao despojo
de sua vítima. Mas não desespere, o suplício não pode ser longo: este constante martírio
a que estamos condenados acabará por extinguir-me o último alento; o senhor ficará livre
e rico.

De acordo com o texto assinale a(s) alternativa(s) CORRETA(s):

A) Ao nos atermos ao trecho “- Mas o senhor não me abandonou pelo amor


de Adelaide e sim por seu dote, um mesquinho dote de trinta
contos!”, constatamos que o renomado autor, José de Alencar, imprime a
presente criação um tom extremamente crítico aos costumes da época,
demarcados, sobretudo pela mercantilização do casamento pela burguesia
da época.
B) Percebe-se que o autor busca mostrar que os casamentos arranjados por
interesse econômico faziam parte de uma prática comum da sociedade
burguesa da época em que o romance foi escrito. O desfecho do romance
mostra que José de Alencar defendia em seus romances urbanos que a
felicidade só pode ser alcançada quando há pessoas da mesma classe
social.
C) O que ocorria era que as mulheres mais cobiçadas eram aquelas que
possuíam o dote mais alto. Dessa forma, foi o que realmente ocorreu, pois
Aurélia e Fernando Seixas, apaixonados desde a juventude, acabaram
sendo separados por problemas de ordem financeira, uma vez que o rapaz
se sentiu seduzido por um noivado com uma moça mais rica que Aurélia
(Adelaide Amaral), a qual lhe renderia um dote mais alto.
D) Aurélia, por ser uma heroína do romantismo, não busca vingar-se, mas
apenas mostrar à sociedade que mulheres ricas podem, sem um marido, ter
ascensão social.
E) No caso do romance Senhora, a regeneração total do personagem Fernando
Seixas se dá quando ele devolve o dinheiro do dote à sua amada, provando
que merece de fato o seu amor.

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