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Andy Accioly - Comprada Pelo Sheik

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Copyright © 2021

COMPRADA PELO SHEIK

1ª Edição

Todos os direitos reservados.

Nenhuma parte dessa obra poderá ser reproduzida ou transmitida por

qualquer forma, meios eletrônicos ou mecânico sem consentimento e autorização


por escrito do autor/editor.

Capa: Hórus Editorial

Revisão: Nathalya Costa/ Leticia Tagliatelli

Leitura Crítica: Letícia Guimarães e Nathalya Costa

Diagramação: Kevin Attis / Fox Assessoria

Esta é uma obra de ficção.

Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da

imaginação da autora. Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.

Nenhuma parte desse livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer

meios existentes – tangíveis ou intangíveis – sem prévia autorização da autora.


A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98,
punido pelo artigo 184 do código penal.

TEXTO REVISADO SEGUNDO O ACORDO ORTOGRÁFICO.

AVISO: Este livro contém gatilhos em alguns capítulos, caso não se


sinta à vontade em ler, sugiro pular estas partes.
Cecília aprendeu a trabalhar desde cedo pelo seu sustento e o da sua avó materna,

seu único parente vivo.

Os anos passam e as coisas se tornam menos complicadas, quando ela decide se

cadastrar em um site para ser camgirl.

Por ser gordinha ela acreditou que não atrairia muitos expectadores, mas estava
enganada.

Mesmo atraindo desejo e cobiça, Cecília queria ser amada, e um desafio entre ela

e as amigas acaba dando um empurrãozinho para isso se tornar realidade.

É em meio a uma transmissão matinal que o amor surgirá para Cecília de um

jeito inesperado.

Khalil Al Maktoum está prestes a se casar.

A lista de adjetivos que o descreve inclui: homem misterioso, sexy, atraente,

noivo de uma mulher perfeita aos olhos dos costumes pelos quais ele sempre prezou e,
ainda assim, espectador assíduo de Cecília.

O Sheik bilionário e possessivo, dono de quase todo Emirado, sempre foi um


grande entusiasta de esportes, é amante de bons vinhos e tem uma paixão avassaladora

por mulheres curvilíneas.

Ele se encantou por Lady, pseudônimo usado por Cecília, desde sua primeira
aparição no site e bastou um primeiro encontro para que todas as suas certezas fossem
colocadas em xeque.

O primeiro contato acontece e a transmissão de energia entre eles é palpável, uma


atração súbita os leva a um momento intenso em cada detalhe e quente, muito quente.

Luxúria e prazer os dominam sem deixar espaço para quaisquer outros

pensamentos ou sentimentos.

Mas isso será o suficiente para que uma decisão capaz de mudar inúmeras vidas

seja tomada?

Um homem dividido entre o desejo e o dever.

Uma mulher determinada a não aceitar menos do que merece.

Uma paixão avassaladora que não entende limites.

Um duelo entre honra e destino.

Quem será o vencedor?


Dedico carinhosamente ao meu amigo, Kevin Attis e a minha amiga, Lola

Belluci, que durante todo o processo de escrita me deram muita força e me


ajudaram a desarquivar esse sonho.
Sinopse
Dedicatória
Sumário
Capítulo 0
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 16
Epílogo
Rede Sociais da Autora
Chego em casa pela manhã com minhas amigas, planejando como poderia

abordar a brincadeira com os meus espectadores, já que achei a ideia de Flora

genial, propor que um deles se case comigo.

Apesar de ser divertido, temo não atrair nenhum interessado, até porque,

quem irá querer se casar com alguém como eu?

“Qualquer pessoa, pois você é linda, incrivelmente talentosa e gentil.”

Meu subconsciente sempre lembrando o quanto preciso me amar mais.

Já estava tudo pronto para a transmissão iniciar; câmera posicionada,

acessórios em ordem, maquiagem leve e minha máscara habitual, afinal, desde


que comecei, nunca me permiti mostrar o rosto.

Diferente das minhas colegas de profissão, sempre procurei usar a

sensualidade ao invés da nudez, durante esses dois anos trabalhando como

camgirl nunca tirei a roupa por completo, mesmo já tendo recebido propostas

absurdas para fazer transmissões totalmente nua.

Além de ser muito insegura, prezo demais pela minha imagem, e apesar de

sempre me oferecerem muito dinheiro, nego toda vez.

Mas hoje eles irão participar do meu “desafio” para testar o nível real da
minha popularidade.

“Olá, meus amores, hoje nossa transmissão será um pouco diferente do


habitual, aceitei participar de uma aposta e para cumprir, terei que escolher um
espectador para me casar, vocês acreditam nisso?”

Um alvoroço é desencadeado e os rapazes que já estão conectados enviam


mensagens enlouquecidamente, querendo sanar as dúvidas que surgiram com

relação ao desafio.

É quando começo a explicar como será o passo a passo.

“O desafio irá funcionar da seguinte forma, o espectador que fizer a

maior doação ao longo de toda transmissão irá ganhar como prêmio um

contrato de casamento comigo.

“O matrimônio terá prazo de seis meses, podendo ser prorrogado.

“Vale ressaltar que esse contrato terá cláusulas as quais ambas as partes

precisarão cumprir.

“Ao fim da transmissão, saberei quem foi o grande benfeitor do dia e

entrarei em contato.

“Dito isso, vamos começar...

“Hoje, trouxe novos brinquedinhos.

“Vocês estão preparados para experimentá-los comigo?”

Naquela manhã, iniciei mais uma transmissão às oito, como de costume, e


apesar de não aparentar, estava embriagada e morta de cansaço.

Quando fiz o anúncio da brincadeira que Flora havia sugerido, não

imaginava o tanto de gente interessada em participar do desafio. Não era nem


nove da manhã e eles estavam surtando com a ideia de se casar comigo, logo eu,

a mulher mais louca, insegura, medrosa, instável e emocionalmente ferrada.

Tudo bem que essa parte eles não sabiam, pois com minha máscara,

deixava a Cecília emocionalmente desequilibrada de lado, e surgia como uma


mulher sensual e destemida, que qualquer um iria amar conhecer.

Meu plano era brincar com meus espectadores, causar um pouco de

alvoroço neles e faturar um pouco mais do que eu geralmente ganho, mas o


desafio levou meu número a mais de sete dígitos.

Estava transmitindo ainda, quando um espectador me chama para uma

conversa privada, e ao aceitar a solicitação, vejo que ele pergunta se toparia me

casar com ele.

A única condição imposta era ser exclusivamente dele e deixar de lado a

vida de camgirl.

Confesso que fiquei muito perturbada com a proposta, minha intenção

nunca foi deixar meu trabalho de lado, pois na minha cabeça, o homem com
quem venha me relacionar precisará entender minha profissão, e saber que só
deixaria de lado aquele mundo, quando tivesse conquistado minha estabilidade

financeira, ainda não era o caso.

Ignoro sua pergunta e logo em seguida ele me pede uma dança, mas como
estava ao vivo não conseguiria gravar, então envio um dos novos vídeos

programados para essas situações.

Voltando para a transmissão, deixo o chat privado aberto com algumas

notificações novas não visualizadas.

Realizo todas as brincadeiras habituais como: estimulação com vibradores

internos, onde os espectadores controlam a intensidade da vibração; danças

sensuais; semi strip-tease; apresentação de novos vibradores, plugues e chicotes,


e por aí vai.

Sigo o cronograma e improviso um pouco mais, me preparando para

encerrar a transmissão.

“Bom, meus amores, em uma hora vocês bateram o recorde, e quero dizer
agradecer, pois sou muito grata a todo o carinho de vocês.

“Nem acredito que toparam essa loucura.

“Espero poder me encontrar com meu futuro marido em breve.

“Um beijo grande para vocês e até a próxima transmissão.”


Após desligar a câmera, fico sentada em frente ao computador, tentando
absorver a quantia faturada em uma transmissão tão curta.

O que vou fazer agora?

A brincadeira acabou se tornando mais real do que imaginava e agora

precisarei me casar com um completo estranho.

Seria cômico se não fosse trágico esse meu atual status de quase noiva.

Não...

Não...

Estou completamente ferrada!


Eu havia literalmente me leiloado ao vivo.

A verdade é que tudo não passou de uma brincadeira e na minha cabeça


era o plano perfeito, só não imaginava à proporção que tomaria.

Agora consigo entender quando dizem: “toda brincadeira tem um fundo de

verdade”. Apesar de ter sido sem maldade, percebo como foi ingênuo da minha
parte achar que não atrairia tanta atenção.

Deitada em minha cama, reflito sobre os meus passos desde minha

chegada da balada até o fim da transmissão.

Eu já não sabia mais o que estava acontecendo, havia perdido o controle da

minha própria vida.

A quantidade de pessoas online na transmissão versus a quantidade de

contribuições na live para se casar comigo foi inacreditável.

Sem perceber adormeço e afasto da minha mente os pensamentos, me

permitindo descansar.

Horas passam desde o fim da transmissão. Levanto da cama do estúdio

para ir até meu quarto e sigo direto para meu closet, separando uma roupa leve
para depois do banho.

Preciso refrescar minha cabeça, pois toda essa avalanche de informações


me deixou muito insegura. Mesmo não sendo a pessoa mais segura do mundo,
diante dos fatos atuais, tinha motivos para estar no estado que me encontrava.

Agora precisaria esclarecer as coisas com os espectadores, dizer a eles

como tudo não havia passado de uma brincadeira e que devolveria a eles o valor
arrecadado.

Eu não posso viver com um homem completamente desconhecido, me

casar com um estranho, mesmo que fosse por seis meses. Meu grande problema

agora será olhar cada uma das contribuições e destinar os valores aos seus donos.

No fundo, isso é o melhor a se fazer, mas...

“VOCÊ ESTÁ MALUCA, CECÍLIA AVELAR, AGORA VIROU FROUXA,


ALÉM DE DESEQUILIBRADA?”, grita meu subconsciente.

“Você queria uma oportunidade para mudar, agora é a hora, vai e se joga,

afinal a merda já foi feita, então dance em cima dela.”

Queria saber qual necessidade de viver com duas personalidades tão

perturbadoras dentro de mim mesma.

Devo estar ficando louca, pois além de me leiloar, agora tem duas
“Cecílias” conversando entre si.

Meu Deus, a que ponto cheguei?

Rindo da situação, faço todo meu ritual, me troco e enrolo meu cabelo na
toalha. Estou de frente para o espelho, quando ouço batidas na porta.

— Entra — digo sem tirar os olhos do meu reflexo e ouço Flora perguntar.

— Ei, você tá bem? Desde cedo está presa no estúdio. Quando ouvi a porta

bater, resolvi me certificar de que está viva. — Brincalhona, ela se aproxima me

dando um beijo no rosto e senta na poltrona em frente à penteadeira.

Dou um sorriso forçado para ela, que me examina, claramente notando

algo de errado comigo.

— Estou bem, amiga, obrigada por se preocupar.

— Bem uma porra! O que você tem? Essa cara de cu, não é de coisa boa!

Flora e suas palavras sinceras e gentis.

Esboçando um sorriso, começo a contar tudo desde o início, sem esconder

nada da minha amiga.

— Flora... — Faço uma pausa dramática.

— Cecília, você vai ficar fazendo drama nessa porra? Fala logo, garota.

— Primeiro, acalme-se. Eu vou falar, mas promete para mim que não vai
pirar?

Flora não responde, mas sua expressão me diz que por dentro quer me
matar por estar enrolando.

— Então, eu meio que me leiloei... — digo sem olhar para ela.

— VOCÊ O QUÊ?

O berro me assusta, fazendo com que me apoie na pia. Olho para ela

incrédula de pé aguardando minha resposta.

— E...Eu... Ah... Eu fiz o que você me sugeriu — digo em um só fôlego.

— Qual parte da história você perdeu, garota? — Ri nervosa. — Falei pra

você arrumar um namorado, pois sempre reclama demais por ser nossa motorista
nos programas de casais.

— Então, meio que fiz o desafio na live, pasme comigo... — Puxo Flora

pela mão, me acomodo na cama, passo a mão no notebook e mostro a ela o valor

arrecadado com meu leilão.

Com os olhos arregalados ela me encara incrédula.

— Então, estou com medo e minha ideia é chamar cada uma dessas

pessoas que doaram para...

— Ei, espera um segundo aí. O que você está exatamente pensando em

fazer? Devolver e não namorar com o cara? E como você planejou definir o
ganhador? Quais foram os critérios que usou para fazer esse leilão? Cecília, você
não conhece as pessoas para quem trabalha, como pôde faz uma coisa dessa? E
se o ganhador for um terrorista ou um louco exterminador de pessoas, você

perdeu completamente o juízo? — Ela metralha perguntas retoricamente, e

quando esboço uma reação para responder algo, ela não deixa. — Não,
definitivamente você é louca!

Enquanto Flora continua a falar sem parar um segundo, eu fico apenas

observando, pois já me fiz as mesmas perguntas mil vezes.

Quando finalmente ela dá uma pausa e me deixa responder, digo:

— N... Não... Para todas essas perguntas, porém preciso de ajuda.

— Primeiramente, você é maluca, já disse isso, né?

Meneio a cabeça, sorrindo com o descontrole da minha melhor amiga.

— Segundamente, está decidido, você vai namorar sim!

— Florinha, a questão é que propus algo um pouco mais profundo do que


namoro — digo quase sussurrando.

— Você vendeu sua virgindade? Mas espera, você nem é mais virgem...
Nossa, você enrolou os espectadores com essa ideia? Amiga, esses seus amigos

matinais são retardados, acabei de perceber isso.

Flora está muito mais nervosa do que eu, pois quando começa fazer
perguntas e ela mesma responde, sei que não passa de puro desespero.

— Amiga, acalme-se!

Conto como lancei a proposta de casamento, sobre o prazo de seis meses e

que se quisesse ficar com a grana, teria que me casar com um completo

desconhecido.

Atônita, Flora, me olha e me abraça, pois independente de qualquer coisa,

ela sabe o que preciso e aquele abraço veio no momento certo.

Eu, Cecília Avelar, no auge dos meus vinte e seis anos, estou diante da

minha melhor amiga, Flora Albuquerque, dando a notícia mais doida do século e
possivelmente das nossas vidas.

Flora sempre esteve comigo para tudo, e desde que me lembro, ela é minha

parceira. Já sonhamos muitas coisas juntas, inclusive realizamos alguns desses

sonhos.

Hoje, moramos em uma casa gigante, prometi que daria a ela, a Christine
Lombardi, a outra doida, e a Monalisa Duarte que compõe o nosso grupinho de

amigas, um bom lugar para morar.

Vivemos em um imóvel com cômodos a se perder de vista, com conforto e


segurança para todas nós, incluindo a vovó e as crianças.

— Cici, sendo muito sincera com você, não existe possibilidade de


devolver todo esse montante para cada um dos espectadores que participaram da
sua transmissão, a única forma será cumprir com o combinado — diz de uma só

vez.

— Amiga, esse é o grande X da questão, não tenho a menor ideia de como

resolver isso.

— Tudo bem, é até que simples. Você vai precisar estabelecer uma regra

para que esse acordo funcione e ambos possam cumprir o combinado. Você tem
um combinado, né?

— Não, amiga, é exatamente com isso que estou preocupada. Não tenho a

menor ideia de como será esse contrato de casamento, apesar de ter citado algo
sobre as cláusulas, acredito que vou precisar da nossa advogada Chris delícia

para elabore as cláusulas para que possa me resguardar completamente, me

mantendo segura.

— E você está esperando o quê para descer e começar a resolver isso?

— Estava no banho, acabei de descer do estúdio.

— Tudo bem. Ah, uma última coisa, você já sabe quem é o ganhador?
Você vai precisar entrar em contato com ele para avisar e isso precisa ser feito o

quanto antes.

— É, eu sei. Acho que de tudo isso, essa é uma das coisas que mais me
assusta.

Depois da minha conversa com Flora, descemos para o primeiro andar,

para que ela pudesse cuidar das crianças e eu elaborasse a estrutura do contrato

até que Chris fizesse o oficial, já que a delicinha da minha amiga havia saído

com Andrew, o boy chato dela.

Sentada na cadeira aconchegante do meu escritório, relaxo meu corpo e

ligo a Alexa, pedindo por uma música suave, querendo criar um clima mais

relaxante, tendo em vista que essas últimas horas foram tensas.

Os acordes suaves da música, All The Love In The World do The

Corrs iniciam e a letra parece estar sendo tocada para mim.

“Eu não estou procurando alguém para conversar. Eu tenho meus amigos,

estou mais do que bem”.

Parece ironia, mas amo essa música e, de fato, ela retrata parte do que
estou vivendo no momento.

Com meu notebook já ligado começo a digitar uma lista de prioridades que

deverão ser inclusas no meu contrato.

1. Não tenho a menor pretensão de me apaixonar e não quero ser

obrigada a ter relações sexuais, salvo se tiver vontade.


2. Não quero ser obrigada a seguir regras de ninguém, sempre fui dona de
mim mesma e aprendi muito cedo a ser minha única proteção.

3. Não gostaria de me mudar da minha casa, nem do país.

Um milhão de coisas passam pela minha cabeça enquanto uma nova

canção toca e Joss Stone começa a cantar Right To Be Wrong, dizendo na letra

coisas que praticamente estão acontecendo comigo

Lentamente corro meus olhos pelo site da minha transmissão e acesso aos

chats privados para responder os espectadores, aproveitando para checar o

usuário que fez a maior contribuição.

Ao verificar todas as contas, me deparo com o usuário que me propôs

casamento, desde que largasse meu trabalho e pediu a dança no privado,

enquanto estava transmitindo. Ele é um dos meus melhores espectadores, sempre

generoso, quase não fala, mas quando faz sempre é gentil com suas palavras, não

medindo esforços em tecer elogios sobre meu desempenho.

Todas as dúvidas sobre qual dos espectadores empatados escolheria

desaparecem e AMIR6749 é o escolhido.

Correndo os olhos pelas mensagens trocadas, percebo que ignorei sua

pergunta.

Amir6749: Tenho uma proposta para lhe fazer.


Lady: Qual seria?

Amir6749: Eu quero me casar com você, porém com uma condição.

Lady: ????

Amir6749: Quero que seja exclusivamente minha e largue seu trabalho

como camgirl.

E agora optei por ele...

Oh, céus, seja o que o universo desejar!

Ele é um dos poucos que tenho contato frequente desde o início da minha

carreira, além disso a foto do perfil é bem interessante. Porém, não levo isso em
consideração, pois aqui nada é real, e ele pode ser um puta cara feio, usando a

imagem desse gostosão aí.

Não posso dizer que a ideia de me casar agrada, mesmo porque quando

pensava em casamento, imaginava algo mais profundo e esse por contrato não
parece nada íntimo. Porém, por outro lado, o que poderia esperar de uma

situação assim?

Ainda na tela do chat, escrevo uma mensagem formal, que não se parece

nada com o meu jeito de ser, mas mudo de ideia e envio algo mais informal,
junto com meu número.
Lady: Olá, bom dia! Espero que esteja bem. Você foi o maior doador, e
por isso ganhou o prêmio de se casar comigo. Aguardo seu contato no número

a seguir.

Beijos da sua Lady.

Espero por dez minutos, mas quando vejo que não tenho nenhuma

resposta, fecho o chat, e começo a me preparar para as obrigações do dia,

inclusive as que envolvem meu casamento.

Estabelecer as cláusulas do contrato não é fácil, diferente do que parecia


essa manhã, quando minha cabeça estava embriagada e tudo estava bem

tranquilo. Mas não vou me aborrecer com isso, Christine vai acertar todos os

pontos.

Chris é uma advogada excelente e não sei o que eu faria sem ela Flora e

Lisa. Essas três mulheres incríveis são minhas âncoras, as melhores amigas que
alguém poderia ter.

Como não pretendo voltar atrás no que eu havia dito, afinal tenho uma
reputação a zelar, vou fazer esse acordo funcionar, nem que seja a última coisa

que faça.
Acordo pela manhã, verifico o site em que costumo assistir transmissões

de camgirls e percebo que há uma mensagem da modelo leiloada a cinco dias

atrás.

Lady: Olá, bom dia! Espero que esteja bem. Você foi o maior doador, e por isso

ganhou o prêmio de se casar comigo. Aguardo seu contato no número a

seguir.

Beijos da sua Lady.

Como sempre foi clara e direta. Essa é uma das qualidades que admiro

nela.

Sendo uma mulher forte e independente, demonstra não ter medo de ser

quem é, e a única coisa que me incomoda é, não ter visto seu rosto.

Essa loira, que se autodenomina Lady, sempre prezou por seu anonimato.

Por muitas vezes cheguei a questioná-la sobre isso, mas sempre obtive respostas

evasivas.

Foi exatamente igual quando perguntei se ela abriria mão da profissão para
se casar comigo, sendo exclusivamente minha. Então foi uma grata surpresa

descobrir que eu havia sido o maior arrematante da transmissão.

Na situação em que me encontro, não tinha outra saída a não ser comprar

uma esposa, por anos meu pai insistiu para que me casasse, assim como ele e
meus irmãos fizeram.

O casamento nunca foi prioridade para mim, ainda mais os arranjados, tão

comuns na minha realidade e que acontecem com bastante frequência,


principalmente em famílias de grande influência como a minha.

Diante da oferta de Cecília, não pude deixar passar a oportunidade, já que

a meu ver, ela seria a esposa perfeita. Porém, por ser uma mulher brasileira, fora

dos nossos costumes, iria propor vivermos no Brasil por um período, para seu
bem-estar e para que pudesse aprender um pouco do idioma e dos costumes.

Pego meu celular e envio uma mensagem de texto:

Bom dia, senhorita Cecília.

Desculpe a demora em retornar.

Meu contato é apenas para dizer que em vinte e quatro horas estarei na

sua casa.

Tenha um excelente dia!

K. A.M

Após resolver minhas pendências, organizo uma mala pequena para a

estadia de dois a três dias na cidade da minha futura esposa.

Um dos benefícios de ser influente, é obter respostas com rapidez sobre o


que precisamos.

Salem, um dos meus funcionários, conseguiu com uma simples busca pelo

número que Cecília me deu, todas as informações sobre ela.

A plataforma pesquisada traz todo e qualquer registro de pessoas que

possuam identificação civil.

— Salem, preciso que reserve um quarto para minha estadia no Brasil.

Todas as informações já foram passadas por e-mail, porém estou ligando para

reforçar. Espero que não haja falhas. Aguardo sua confirmação. Peça também,

por favor, para prepararem meu jatinho, pois partirei em breve, ficarei no

máximo três dias ou até acertar os trâmites legais do contrato que irei fechar.

— Sim, senhor. Algo mais?

— Por hora, é isso, me avise quando puder partir. Obrigado.

Quando finalizo a ligação, desço para tomar café e sou recebido por meus

pais à mesa. Cumprimento os dois, troco algumas amenidades e o café transcorre


de uma forma leve, sem muita dor de cabeça.

Entre uma golada e outra do meu chá, comento com meu pai que precisarei

viajar ao Brasil para assinar um contrato que havia surgido de última hora. Ele,
por sua vez, pareceu bastante contente com a ideia de um novo negócio, mal

sabia que é um contrato de casamento.


*

Termino meu café, beijo o topo da cabeça de minha mãe, me despeço de

meus irmãos e cunhadas, que se juntaram a nós ao longo da refeição, e me retiro


da mesa.

Retornando ao meu escritório, delego algumas funções aos meus

funcionários que ficarão responsáveis por tocar minhas empresas nesse período

de três dias.

Ainda bem que sou abençoado por ter uma equipe competente que me

segue aonde quer que eu vá prestando um excelente serviço, em troca de bons

salários e reconhecimento.

Espero que de fato esse contrato com Cecília seja um bom negócio, estou

disposto a recompensá-la com um bom dinheiro mensal, caso aceite esse

casamento.

Ao meu lado, ela será dona de todo meu império e não medirei esforços
para agradá-la e fazê-la feliz se esse for seu desejo.

Ainda que seja um acordo, e uma relação de fachada, o tempo que durar
farei valer a pena.

Chego ao Brasil depois de quinze horas de voo, o que me lembra que


nunca é fácil ficar tantas horas em um avião, principalmente por conta do jet lag,
que é quando nossa cabeça funciona com o horário habitual, porém, nosso corpo

precisa se adaptar a trabalhar com o horário local.

Me encaminho para o veículo reservado para meu transporte durante

minha estadia no Brasil e vejo que meu motorista já está a postos aguardando

minha chegada. Logo que me vê, abre a porta e o comprimento, entrando no

carro.

Percorremos o trajeto até o hotel, onde estou com uma reserva

programada, e pelo horário o trânsito está tranquilo.

Uma hora depois, ao chegarmos ao hotel, um funcionário se aproxima e

me cumprimenta.

— Boa tarde, senhor Al Maktoum, é um prazer recebê-lo em nossas

instalações. Eu me chamo Otoniel e peço que o senhor venha comigo, por


gentileza. Irei levá-lo até sua cobertura.

Com um sorriso, meneio a cabeça o cumprimentando e o sigo, calado e


atento, com meu guarda costas logo atrás.

O local é bonito, diferente dos hotéis de Abu Dhabi e apesar de não ter

tanto luxo, não perde em nada, já que é elegante e minimalista.


*

Subimos até a cobertura, e ao parar, as portas da caixa metálica abrem, me

dando a visão panorâmica do espaço bem decorado e bastante iluminado.

“Salem fez uma excelente escolha, preciso lembrar de lhe agradecer”,

penso.

Horas passam desde que cheguei e às vinte horas irei ao encontro de

Cecília. Ela não tem a mínima ideia da ansiedade que estou sentindo em poder

finalmente ver seu rosto.

Solicito o serviço de quarto e recebo um banquete digno de rei, há tanta


comida, é um tremendo exagero, ainda mais por ser para uma única pessoa

comer. O desperdício não é algo que admire, mas não há muito o que possa

fazer. agora já está aqui.

Degusto das iguarias nacionais e peço que não descartem o que sobrou,

mas que sirvam aos funcionários, já que não toquei em quase nada.

Finalizo minha refeição e sigo para o banheiro a fim de tomar um bom

banho de banheira que já havia enchido previamente antes da refeição chegar.

A temperatura da água está agradável, então me dispo e em seguida emerjo


meu corpo na água quente e relaxante, desfrutando do calor dela em meu corpo,

algo que me mantem em paz.


Algum tempo depois, saio do meu relaxamento com Josh me chamando.

— Senhor, já estamos atrasados para seu compromisso.

— Obrigado, Josh. Já encontro com você, me dê alguns minutos.

O banho estava tão bom que perdi a hora.

Saio da banheira, visto o roupão, vou até a cama e capturo meu celular

notando duas mensagens que não havia notado ter recebido.

Cecília Avelar

Como assim em vinte e quatro horas? Mas eu nem lhe passei meu

endereço?

Sorrio com a mensagem de espanto dela e leio a próxima mensagem que


me enviou.

Cecília Avelar

Nossa, amei as flores, mas como você sabe meu endereço? Preciso me
preocupar?

Elas foram enviadas próximo do horário de almoço, nessa hora estava no

jatinho ainda, porém, fico feliz que ela tenha recebido minhas flores, e respondo
suas mensagens.
Oi, Cecília, que bom que gostou das flores, escolhi com muito carinho.

Ah, sobre se preocupar, não precisa,

sou um homem honrado e te quero bem.

Jogo o aparelho na cama, me troco e menos de um minuto depois ouço o

celular vibrar.

Quando vejo que é ela, abro rapidamente para ver o que me mandou.

Cecília Avelar

Sobre sua chegada, vejo que era mentira, já passou vinte e quatro horas,

ao que tudo indica, você não vem mais, né?

Ignorando sua pergunta, enfio o celular no bolso, passo perfume, calço os

sapatos e me analiso em frente ao espelho. Vejo que estou bem elegante e

concluo que causarei uma boa impressão.

O trajeto é prazeroso, têm uma paisagem bonita e pessoas parecem felizes

ao andar pela rua, inclusive alguns casais estão de mãos dadas, costume não
permitido em meu país.

Do momento em que Cecília mandou sua última mensagem até agora, com
nossa chegada em sua residência, levamos menos de duas horas.
Josh fala com o segurança na guarita, e somos autorizados a entrar.

Contornamos um belo jardim frontal onde há uma fonte até que

estacionamos em frente à residência.

Desço do veículo assim que Josh abre a porta para mim.

— Obrigado, fique atento a qualquer anormalidade, não conhecemos o


lugar e pode ser perigoso.

— Não se preocupe, senhor.

Antes mesmo que me aproxime muito da porta, vejo uma senhora abrir e
esperar no batente, me olhando e exibindo um lindo sorriso.

—Você deve ser o noivo? — diz a senhora de cabelos alvos como a neve

— Boa noite, senhora Ellis. — Surpreendo a senhora a chamando pelo

nome. — Sim, sou o noivo e me chamo Khalil, é um prazer conhecê-la.

Ela sorri largamente.

— Entre, meu filho, não repare na bagunça, não o esperávamos. Cecília

nos falou que possivelmente não viria, pois poderia ser uma fraude, mas que
fraude bonita minha neta se meteu — diz sussurrando as últimas palavras, o que

me faz sorrir com seu bom humor.

— Obrigado pela gentileza, senhora.


Seguimos Ellis até uma grande sala e Josh se mantém de pé atrás de mim,
só sentando no sofá confortável depois que ela insiste muito.

Trocamos amenidades até que ela levanta e diz que irá buscar chá e água
para nós.

Poucos minutos passam, quando duas crianças descem a escada correndo e

gritando:

— A DINDINHA VAI SE CASAR COM O MOÇO, A DINDINHA VAI

SE CASAR COM O MOÇO...

Em seguida uma moça bonita, de longos cabelos ruivos e com uma


silhueta perfeitamente esculpida, desce ralhando com as crianças.

— Jonas e Jasmin, parem já de correr! Se esqueceram dos bons modos? —

Brava, ela os repreende, o que por sinal não surte efeito, já que eles sobem

correndo e gritando mais ainda.

— A DINDINHA VAI SE CASAR COM O MOÇO, A DINDINHA VAI


SE CASAR COM O MOÇO...

Desistindo de brigar com os pequenos, ela vira em nossa direção e diz

educadamente:

— Olá, boa noite, eu me chamo Flora. Você deve ser o noivo... Por favor,

ignorem as travessuras dos meus filhos, eles adoram assustar as visitas. —


Sorrindo lindamente, estende a mão e nos cumprimenta.

Me levanto para cumprimentá-la e sou seguido por Josh que faz o mesmo

gesto.

— Prazer em conhecê-la, senhora Flora — digo.

— Boa noite, senhora, prazer em conhecê-la. — Josh sorri, coisa rara de se


ver, e com esse gesto, tenho toda certeza que Flora o agrada.

— Rapazes, por favor, sentem-se, logo Cecília desce. Fiquem à vontade.

Estávamos prestes a jantar e seria um prazer tê-los como nossos convidados —

diz com doçura.

Flora é uma mulher linda, nos conta um pouco mais sobre ela e Josh fica

bastante interessado, tanto que eles ficam conversando, enquanto os observo.

Admito que com o passar dos minutos, minha ansiedade só aumenta para

conhecer Cecília, a mulher que me tira o fôlego há anos.

Ellis retorna com água e chá, nos servindo logo em seguida.

— Está aqui, meninos, para Khalil chá e aqui está sua água... — Estica a
mão e Josh se apresenta.

— Josh, senhora, obrigado.

Com um sorriso largo, meneia a cabeça e sai da sala novamente.


Estou tão ansioso, que quase não aguento ficar sentado, mas sei que valerá
a pena.

Minutos passam, logo vejo uma outra mulher descer a escada e não
consigo esconder um sorriso.

Sei que é Cecília.

Ela está usando um vestido sem mangas, cuidadosamente esculpido para

seu corpo, a maquiagem combina com seus olhos, os cílios são grandes e a boca

carnuda está preenchida com um batom carmim.

Desço meus olhos pelo seu corpo de sereia e por um minuto sinto inveja de
como seu vestido abraça com delicadeza suas curvas voluptuosas, seus seios

fartos, sua bunda redonda e cintura fina.

Os cabelos claros e loiros estão soltos, formando uma onda dourada

perfeita que emoldura seu lindo rosto perfeito.

Com um lindo sorriso largo, se aproxima de nós e timidamente se


apresenta.

— Boa noite, eu me chamo...

Não sou capaz de controlar o impulso e a interrompo.

— Cecília! — Sorrio me levantando, pego sua mão estendida e dou um


breve beijo em suas bochechas como fazem os brasileiros.

— É um prazer conhecer você, Kam.

“É um prazer conhecer você, Kam”, suas palavras rebatem em minha

cabeça, me fazendo desejar ainda mais essa mulher.

O sentimento platônico acaba de se tornar possibilidade.


Horas antes...

Esse casamento nem deveria acontecer, fiz a pior escolha e agora estou

aqui presa a esse modelo nada convencional de vestido plus size, fazendo a
sonhada escolha da noiva.

Isso para quem acha essa ideia bacana, né?

Meu querido noivo que se denomina como Kam, avisou que estaria em

minha casa num prazo de vinte e quatro horas, por isso, corri com Flora e Chris
para a loja de Monalisa.

Monalisa Duarte, ou Lisa, é uma das minhas melhores amigas, nossa

estilista oficial.

Realizando um sonho adolescente, hoje somos bem-sucedidas. Já vovó,

Ellis Avelar, tem sido nossa mãe desde que me lembro e com seus quase setenta
anos, ela é a melhor pessoa que já conheci na minha vida.

— Cecília, você pretende experimentar mais algum modelo? Já estamos


aqui há exatos... — Chris diz com uma pausa dramática, encarando o relógio,

fingindo contar o tempo, me afastando dos meus devaneios. — Quarenta dias, e


você ainda não sabe qual te agradou!

O vestido bufante e rendado que estou usando, tem aplicações em pedraria,

tela nas costas para disfarçar o decote profundo, um véu longo de tule rendado
nas bordas e definitivamente é o vestido dos sonhos.
— Amiga, hoje você está realmente dramática ao extremo. Nem eu que
sou a drama queen, estou tão agitada assim. Acalme-se, mana, você está muito

emocionada, mais até do que eu, que sou a noiva.

Rimos e Monalisa se aproxima.

— Garotas, esses são todos os modelos que temos disponíveis, sendo

assim, já temos um veredito, Cici? — pergunta Lisa e minhas amigas se voltam

para me encarar.

— Ah, gente, assim é muita pressão! — digo em resposta aos olhares. —

Lisa, você sabe que amo sua loja, mas não estou preparada para esse evento

ainda, então esquece tudo, eu não quero nada.

— Sei que é tudo novo, mas terá que escolher algum — alerta Lisa de

modo gentil.

— Chris, você está muito impaciente comigo — digo fingindo estar

sentida e faço biquinho enquanto todas riem do meu drama.

— Já que não vamos comprar nada, podemos ir embora, né? — Flora

pergunta.

— Sei que não estou facilitando, mas tenham calma. — Junto as mãos em
súplica. — Vejo agora que cometi um grande erro e direi isso ao Kam, assim que

ele chegar, então, por favor, me digam que vocês me amam e me entendem.
Todas riem

— Cici, parece até que está à beira da morte, para com essa atuação, pois

precisamos urgente buscar as crianças na escola, então dá para você aliviar hoje,
só hoje, amiga? — Com as mãos unidas Flora suplica e gargalhamos.

Essas são as minhas melhores amigas, que além de malucas, são damas do

drama, como eu, que sabem como fazer uma cena digna de novela do Walcir

Carrasco.

— Vamos, garotas, não vou escolher nenhum vestido, hoje não é o

melhor momento para isso — digo, descendo do tablado redondo e me

arrastando com o vestido bufante todo rendado.

Estou decidida dar fim a essa ideia de casamento e preciso avisar ao meu

futuro ex-noivo.

Depois de buscarmos as crianças na escola, vamos todas para casa, pois


precisava muito de um banho e da minha cama.

Ao chegar em casa, converso um pouco com minha avó, me despeço de

todas e apesar de ser próximo do horário de almoço, não tenho a menor vontade
de comer nada, pois a ansiedade ataca ao me lembrar de Kam.

Tinha se passado seis dias desde que havia mandado a mensagem e Kam
não ficou online durante esse tempo, e tão pouco participou das minhas
transmissões.

Eu o escolhi entre os quatro, pois era entre todos o mais respeitador.

A única coisa que eu poderia fazer agora era deixar nas mãos de Deus.

Subo a escada pensando em toda essa besteira que cometi aos vinte e seis
anos. Com a cabeça mais no lugar, percebo que deveria estar preocupada em

comprar minha próxima propriedade, já que um dos meus objetivos era viver em

paz e em segurança. Mas não, fui cair na besteira de me aventurar e seguir os

conselhos bêbados das meninas.

O problema em que estou metida, é resultado de falta de sobriedade

misturado com maluquice.

O resumo da ópera, é que estou ferrada, e não é pouco, pois apesar da

foto do perfil ser bem incrível, pode acontecer de chegar aqui um Tony Ramos

da vida. E só de pensar nisso, já sinto náuseas.

Espero que consiga explicar sobre o cancelamento do acordo...

Se ao menos soubesse um pouco sobre ele, talvez pudesse me preparar

para dar a notícia da melhor forma.

Eu já deveria ter anulado tudo, porém até experimentar o vestido,

realmente estava considerando me casar de verdade, mas agora estou


determinada a acabar com essa palhaçada.

Não posso me atrelar a alguém que nem conheço.

Nem estou tão preocupada em ter que devolver o dinheiro, pois sei que é

uma consequência da minha desistência, mas de que ele seja um psicopata e

queira me matar.

Só espero que esse homem não seja muito feio, pois ninguém merece, e se

efetivamente ele vier aqui, coisa que acho difícil, já que não passei meu

endereço a ele, já posso resolver de uma vez.

Se tivesse que pedir ao cosmos, só iria querer um homem gostoso, estilo


aqueles modelos musculosos do desfile de moda da Victoria Secret.

Vai que eu reconsidero a ideia, né?

Afinal gosto de ter opções na vida.

Seria pedir demais?

Abro a porta do quarto e me jogo na cama, porém nem um minuto passa


quando ouço a campainha tocar.

Levanto correndo e olho pela janela, mas só vejo o carro da minha


floricultura favorita aguardando liberação, enquanto escuto vovó gritando no
interfone, falando que pode entrar.

Desço a escada para ver quem é a felizarda que receberá flores.

Quando vovó entra com o embrulho, fico encantada com o enorme buquê

de hortênsias, que são as flores que mais amo.

Será que Augusto teve essa cara de pau?

Não, não acredito que meu ex seria capaz desse feito gentil.

Balanço a cabeça para afastar os pensamentos.

Quando estou no último degrau, Flora se aproxima para ver o que chegou,

enquanto minha vó vira para mim e diz:

— Cecília, essas flores são para você, veja tem seu nome no cartão.

Empolgada vou até vovó e pego o buquê sentindo a fragrância invadir

minhas narinas.

Abro o cartão e Flora toma de minha mão, antes que consiga ler o que está
escrito.

Ela lê com uma voz débil.

As hortênsias são apenas para lembrar que nada se compara a sua

beleza, mesmo sendo as mais belas do jardim, não são capazes de sobrepor a
sua.

K.A.M.

— Então esse é o noivo? — Flora pergunta animada.

— Não sei, acho que sim. Ele mandou uma mensagem no meu

WhatsApp, mas não sei nada sobre ele, a não ser esse nome, Kam — digo ainda
admirando as flores.

— Você passou seu endereço para ele, assim sem mais nem menos? Não

tem medo de morrer? —Chris aparece exaltada.

— Claro que não, nem ao menos disse meu nome, deixei apenas meu

número para nos falarmos mais efetivamente, vocês sabem como a plataforma é

uma merda.

Parando para pensar...

“Como esse homem sabe onde moro?

Será que ele é um Christian Grey da vida?”

Rio com meus pensamentos insanos.

— Então como foi que ele descobriu o seu nome e nosso endereço? Ele é

algum agente secreto do FBI ou Polícia Federal? — Flora indaga, e dou de


ombro.
— Vou descobrir e aviso vocês — digo subindo a escada novamente,
agora com minhas flores em mãos e o coração saltando pela boca por conta da

adrenalina.

A falta de informações de Kam, me deixa elétrica e curiosamente excitada.

Sempre gostei desses jogos de cão e gato, mas viver essa sensação tem

sido a experiência mais animadora nesses últimos anos, desde o traste do meu

ex.

Apoio o lindo arranjo sobre o aparador em meu quarto e vou direto para o

banho.

Ao finalizar visto roupas leves, já que está um calor infernal e me jogo na

cama com as ideias fervilhando na mente.

Decido mandar uma mensagem para agradecer as flores e aproveito para

perguntar como ele sabia meu endereço.

Nossa, amei as flores, mas como você sabe meu endereço? Preciso me
preocupar?

Minutos passam e minha ansiedade me atormenta.

Por que ele não responde?

Já passou uns dois minutos e nada, que palhaçada!


Quando o aparelho vibra, o pego animada e vejo brilhar na tela uma nova
mensagem dele.

Kam

Oi, Cecília, que bom que gostou das flores, escolhi com muito carinho.

Ah, sobre se preocupar, não precisa, sou um homem honrado e te quero


bem.

Cheio de intimidade...

Abusado, deveria me chamar de senhorita!

Rio da minha idiotice.

Preciso pensar, ele disse que chegaria em vinte e quatro horas e não parece
que fará, vou provocá-lo.

Sobre sua chegada, vejo que era mentira, já passou as vinte e quatro

horas, ao que tudo indica, você não vem mais, né?

Envio a mensagem e ele simplesmente ignora.

Sinceramente esse homem deve ser um tremendo idiota, ou algo assim,


pois é muito deselegante da parte dele não responder.

Brava, adormeço e não vejo mais nada.


*

Desperto assustada, depois do que pareceram ser horas, com os gritos das

crianças me chamando e pulando na minha cama.

— TIA, TIA, SEU MARIDO CHEGOU! ACORDA, ACORDA! —

gritam em uníssono os dois pirralhos.

— PAREM, SEUS PENTELHOS, JÁ ACORDEI! — grito brava,

espantando Jasmim e Jonas, que saem porta afora.

Verifico o horário e vejo que já são vinte horas.

Não acredito que esse homem apareceu mesmo!

Nossa, não dormi, praticamente morri.

Noto que estou com a roupa de mais cedo e preciso me arrumar, mas o que

vou vestir?

Correndo para o closet, escolho a primeira roupa que vejo, me troco rápido
e passo uma maquiagem leve conforme ajeito meus cabelos.

Sigo para a pia do banheiro, escovo os dentes, confiro meu look, retoco o
batom e saio em direção a escada, ouvindo o burburinho na sala.

Como sempre, Flora cuida de tudo para manter o equilíbrio e bem-estar em


nossa casa.
Sem demora, desço a escada e avisto dois homens lindos, rapidamente um
se vira e sorri em minha direção.

Não posso acreditar, os astros devem estar de sacanagem com minha cara,
pois de onde saiu esse deus grego?

Que homem lindo, gente!

Não consigo conter um sorriso bobo que sai assim que me aproximo de

todos na sala.

— Boa noite, me chamo...

Ele me interrompe e completa meu nome.

— Cecília!

Percebo como meu nome soa sexy em sua voz.

Ele levanta, pega minha mão estendida e dá um beijo leve em minha

bochecha, o que faz meu corpo todo arrepiar.

— É um prazer conhecer você, Kam.

— Você não imagina o quanto esperei para poder ver seu rosto — diz e
fico corada com suas palavras.

Sem soltar minha mão, ele me conduz a sentar ao seu lado no sofá.
Cumprimento o outro rapaz ao meu lado, assim que Kam o apresenta
como seu segurança.

Josh é tão bonito como Kam.

Mas espera...

Qual é o nome dele de verdade?

Seria Kam, mesmo?

— Cecília, me chamo Khalil Al Maktoum, e sou dos Emirados Árabes.

Vim até aqui para lhe dizer que nós, emiradenses, cumprimos nossos
combinados, e pelas contas ainda estou dentro do prazo combinado por

mensagem, apesar de você achar o contrário — diz sorrindo lindamente,

mostrando seus dentes alinhados, covinhas e olhos cintilantes.

Confesso que babo pelos mínimos detalhes.

Fico impressionada como seu português é bom, e só noto um sotaque leve.

— Bom, Josh, quer comer algo? Vamos ali na cozinha, precisa provar

nossas iguarias, agora que sei de onde você é, tenho que te mostrar nossa comida
típica, me acompanhe, por favor. — Flora levanta convidando o segurança para

sair da sala e me dá uma piscadela.

Garota esperta, me deixou na enrascada, sem opção de volta, mas nem


estou mais querendo voltar mesmo.

Tudo em Khalil me atrai, seu cheiro é maravilhoso, seus olhos penetrantes

e seu sotaque.

Valeu, Astro-rei, você abusou no acerto, esse homem é perfeito.

— Khalil, quero dizer que... — digo o encarando séria

Ele se aproxima mais ainda, segurando minha mão, a levando para apoiar

em sua perna, com a dele por baixo, completamente gentil e encantador.

— Cecília, você não faz ideia da grata surpresa que foi receber sua
mensagem, eu... — Faz uma pausa breve e continua. — Quero fazer o que for

preciso para ter você ao meu lado.

— É sobre isso que quero falar... É que... Não podemos nos casar.

Olhos interrogativos me encaram.

Intimidada, olho para nossas mãos unidas em sua perna.

— Mas porque, não? Você é casada?

— Não, não... É que nem nos conhecemos, não parece certo isso tudo...

— E você pretendia o que com o leilão, senão arranjar um casamento —

pergunta calmamente, parecendo um pouco frustrado.


— Você ficou desapontado?

— Não, tudo bem, arrumo outro jeito de resolver tudo isso, não se

preocupe comigo. O seu bem-estar é mais importante, e se você acha que a ideia
foi equivocada compreendo. Não irei te incomodar mais. Desculpe qualquer

coisa... —Levanta fechando o terno, agora claramente aborrecido.

Mas o que será que ele tem a resolver que envolve nosso suposto

casamento?

— Ei, espera... Não precisa ir embora agora, não quer jantar conosco? —

O convido com um sorriso tímido e obtenho um sorriso amarelo em resposta.

— Acho melhor, não, assim não dou trabalho a sua família.

— Não é trabalho algum, por favor, insisto que fiquem.

— Olha, tenho uma ideia melhor. O que acha de irmos em um lugar legal?

Somente você e eu, sem segundas intenções, prometo.

— Preciso só me trocar, você me aguarda?

— Não precisa, você está maravilhosa.

— Tem certeza?

— Sim, confie em mim, você está incrível.


Concordo com um meneio de cabeça.

— Me espera aqui então, vou ao escritório pegar uma coisa e em seguida

saímos, tudo bem?

Ele assente.

Sigo em direção ao escritório, deixando a porta entreaberta.

Quando pego minha carteira, que está em cima da mesa, viro e me

surpreendo ao vê-lo trancar a porta.

— Pronto, agora podemos ir, mas tem certeza de que não estou muito
simples para ir aonde pretende me levar? — pergunto tentando disfarçar o

constrangimento e desconforto pela sua aproximação.

Confesso que ele me deixa sem jeito.

— Absoluta. Você é maravilhosa sem precisar de muito esforço, confie em

mim quando digo isso — diz de forma sexy e se aproxima ainda mais.

As faíscas são palpáveis entre nós e percebo que ele está tão atraído por

mim, como estou por ele.

— Você é muito gentil, mas preciso que pare com isso, estou ficando sem

jeito. — Sorrio tímida, colocando uma mecha de cabelo solta para trás da orelha.

— Você é tão linda, que preciso fazer algo, espero que não fique brava
comigo.

Tocando meus cabelos, ele me puxa para mais perto do seu corpo e

acaricia meu rosto, se aproximando perigosamente dos meus lábios.

Sinto sua respiração quente e seu hálito mentolado. Respirando

profundamente, sinto o coração socar meu peito e todo meu corpo traiçoeiro

reage aos seus movimentos, que me direcionam ao caminho da perdição total.

Seus lábios tocam meu rosto, me fazendo vibrar de tensão, mas quero

muito mais que isso.

Lendo muito bem meus gestos, beija meu pescoço levemente, com
delicadeza enquanto me direciona para a mesa. Sinto seus braços fortes me

suspenderem, me apoiando sobre ela.

Passo a mão em seu rosto e seus olhos faíscam em resposta ao meu toque.

Com sua mão livre perpassa em meu braço, já que a outra está em minha nuca,

direcionando meu rosto para seus lábios, agora entreabertos, prontos para
sucumbir os meus.

Ele me toma e o beijo é doce, suave e gentil.

A mão que estava em meu braço agora percorre minha cintura com
ansiedade e o calor junto com a luxúria transbordam entre nós. Enquanto

sorvemos o sabor do beijo intenso, e agora voraz que trocamos, Khalil arfa em
meus lábios, o que me faz me entregar a esse momento.

Acariciando minhas coxas, ele dá leves apertos, fazendo a umidade em

meu centro aumentar ainda mais.

Abro levemente minhas pernas, o puxando para mim, sentindo sua mão

descer para o meio delas, sem ser capaz de contê-lo.

Ele toca minha intimidade, me fazendo arquear e gemer entre seus lábios,

os descolando momentaneamente. Me tentando com mais fervor, sinto sua

carícia em minha boceta, junto com um pedido silencioso de passagem para

além do tecido.

Decido permitir, abrindo um pouco mais as pernas para dar espaço para

sua mão grande. Ele acaricia meu clitóris, me levando ao delírio, conforme

coloca dois dedos em minha intimidade, fazendo um delicioso movimento de vai

e vem.

Arfando, ele sussurra em meu ouvido:

— Por favor, aceita ser minha... — Arranhando seus dentes em minha

pele, sou incapaz de responder absolutamente qualquer coisa, então apenas gemo
e meneio a cabeça concordando.

Me pegando no colo, ele deposita meu corpo fervilhando sobre o divã no

canto da sala, me admirando.


Dedilhando todo meu corpo, sem demora ele me encara pedindo permissão
para remover minha lingerie.

Quando vê meu consentimento, retira a peça vagarosamente, aspirando


meu cheiro logo em seguida, com um sorriso no rosto.

— Guardarei para você. Tudo bem?

— Uhum... — É o que consigo dizer.

Ele se aproxima abocanhando meu sexo e meu corpo arqueia

involuntariamente, fazendo com que ele toque meu abdômen para conter meu

corpo.

As investidas de sua língua em minha boceta são incessantes e não

consigo conter a sensação pérfida que meu corpo transmite, gozando

magistralmente em sua boca.

Vejo quando ele sorve meu líquido, se lambuzando e sorrindo satisfeito

com seu ato.

— Quero você para mim, Cecília.

Sua voz sexy e envolvente, me invade e não tenho forças para negar.

Sento sentindo minhas partes encharcadas e ajusto meu vestido, em


seguida me levanto.
— Estou muito envergonhada...

— Não deveria, você é maravilhosa, e quero poder te mostrar isso todos os

dias, se você me permitir.

— Eu... Posso te pedir algo?

— Tudo... Você pode me pedir o que quiser.

— Promete não me magoar? Sei que é prematuro tudo isso, e até pulamos

algumas etapas com esse feito magnífico que acabou de me proporcionar, mas

gostaria de tentar. Se você concordar, passaremos uma semana inteira juntos e ao

fim dela te dou sua resposta, pode ser?

Khalil me encara sorrindo de canto.

— Prometo, mas com uma única condição.

— Você sempre tem condições?

— Sou um investidor, sempre tenho condições.

— Qual seria essa agora?

— Seja minha hoje, agora, aqui... Não posso sair desse lugar sem ter você
por inteiro. Se ao final de sete dias você não me quiser entenderei, mas irei

embora feliz por ter tido a oportunidade de estar com uma mulher incrível como
você.
— Não vou te dar nenhuma resposta agora, vamos jantar e...

Ele me puxa para perto interrompendo minha fala, e sem reservas invade

minha boca, com um beijo urgente.

Não recuo e me entrego ao momento por inteira.

Nos afastamos para tomar fôlego, sorrio e sussurro um sim quase


inaudível.

Gentil, Khalil me beija novamente, abaixando as alças do meu vestido,

fazendo com que ele caia sobre meus pés.

Afastando nossos lábios, ele admira meu corpo nu.

Correndo minhas mãos pela sua camisa, abro cada botão, tendo uma

visão total de seu peitoral torneado.

Não resistindo, beijo o local, ele arfa com meu toque e rapidamente

desabotoa sua calça. Com minha ajuda, a abaixo, enquanto ele tira a camisa e
terno, que só agora noto que ainda estava usando.

Aproveitando minha visão privilegiada, beijo o tecido de sua boxer por


cima do seu membro rígido e o encaro, vendo que sorri.

Pego delicadamente seu pau, beijo a glande, sorvendo seu líquido


lubrificante e o ouço gemer baixo.
Levanto, peço que ele sente no divã e me abaixo na sua frente,
abocanhando seu mastro rígido. Umedeço bem os lábios e faço um oral

merecido, em gratidão ao que recebi.

Alisando meu corpo nu, ele desliza sua mão até meus seios, os

massageando, me fazendo sentir mais prazer enquanto o chupo com mais

intensidade.

Gemendo, ele aperta meus seios e gemo em volta do seu pau.

Abrindo um pouco os olhos, avisto minha carteira e solto com protesto o

membro delicioso de Khalil para pegar um pequeno invólucro laminado e

deslizar sobre seu pau.

— Senta aqui, quero te sentir por inteiro enquanto você geme para mim —

pede Khalil, me puxando para si novamente.

Posicionando minha entrada, sinto seu pau cortar minha intimidade com

sua estrutura avantajada e me movimento para cima e para baixo, sentindo


quando pega com força na minha bunda, intensificando meu movimento. Sua

boca chupa meu seio, fazendo meu corpo tremer, conforme quico sobre ele,
eternizando essa lascívia luxúria.

Khalil geme e o sinto mais tenso, já não conseguindo conter meus


espasmos.
— Cecília, vou gozar, goza comigo, loira — pede, com sua voz carregada
de tesão.

Gozamos juntos, ficamos ali, comigo sentada em seu colo com seu
membro ainda dentro de mim e o beijo levemente.

— Isso é loucura, você sabe, né?

— É está loucura que sempre gostei em você, Cecília. Essa espontaneidade

que via toda vez que estava online. Desejei ver seu corpo completamente nu por

anos.

O encaro atônita.

— Você é um stalker?

Rimos enquanto me levanta do seu colo, liberando minha intimidade do

seu pau, agora adormecido.

— Não, sou um apreciador de belas obras. Você era a obra mais distante e
veja só, agora está aqui diante dos meus olhos e há poucos minutos em meu colo

— diz sorrindo lindamente.

— Podemos jantar agora, já que a sobremesa já degustamos? — pergunto

querendo trocar de assunto.

Ele sorri concordando.


Nos vestimos entre olhares, trocamos mais uns beijos e, por fim, saímos
para jantar.
Percorremos o caminho todo ouvindo música baixa, não falamos nada, até

que ele decide puxar assunto.

— Me fale sobre você, o que gosta?

— Ahn, depende — digo e rebato sua pergunta. — E você do que gosta?

— De quase tudo, gosto do meu trabalho, adoro minha liberdade, apesar

de tudo, e curto demais uma certa mulher linda que acabei de conhecer e já está

me tirando a sanidade... — diz sorrindo. — Acho que só!

— Interessante! A que você se referia quando disse, “tudo bem, resolvo de


outra forma essa questão”?

— Ah, besteira! Falamos disso outra hora, não quero estragar esse

momento com você que pode ser único, se você não me aceitar — conclui com

pesar na voz.

Ele parece sincero, mas ainda é um homem e sei bem como esse
mecanismo de enrolar mulheres funciona.

Augusto era mestre nessa arte.

“Ain, loirinha, você é tudo para mim, vem que vou te fazer a mulher mais

feliz da Terra”, o maldito dizia ao telefone com uma qualquer, no exato


momento em que entrei no nosso quarto.
Por isso transformei o estúdio em meu local de trabalho, para nunca mais
lembrar do embuste e assim poder fazer os homens sentirem prazer com minhas

danças.

Ele foi um dos motivos pelo qual entrei nessa profissão e me fechei para

relacionamentos.

Daquele dia em diante busquei ter apenas prazer e nada mais, pois para

mim, homens não são dignos da nossa confiança, ainda que fossem charmosos,
muito gentis e de sorriso encantador como Khalil.

Esse homem está me tirando do prumo!

Passei anos construindo esse muro, e ele somente pediu passagem, entrou,

plantou uma bomba no meio de tudo e agora vejo cada tijolo voando pelos ares

junto com minha dignidade, porque cá entre nós, quem diria não a esse homem?

Sinceramente, não sei se casar seria uma opção tão ruim assim...

— Terra, chamando Cecília...

A carícia em meus cabelos me desperta para a realidade, afastando os


pensamentos malucos que estou tendo.

— Desculpa, me distraí.

— Eu percebi, fiquei falando sozinho e você fazendo cara de preocupação,


está tudo bem?

Bem, bem, bem, não, mas, né!?

— Sim, está. Não se preocupe, é que eu sou difícil de confiar nas palavras

das pessoas, gosto de demonstrações e não de palavras.

— Nossa, essa doeu, mas pode relaxar, não farei nada que você não deseje.

— Tudo bem, já percebi que você é muito respeitador e gentil, mas não me

referia a você e sim, a vida. Agora se você se afetou, faça valer apena esses sete

dias, e quem sabe de fato não me torno sua esposa. — Dou uma piscadela,

sorrindo para ele que acaricia minhas mãos.

Ele não passa dos limites nunca, e se eu não quero, ele não faz.

Sempre sutil nos gestos e não abusa do meu consentimento.

Gosto de homens educados e ele já tem cinco das dez prioridades que

estabeleço quando conheço alguém novo.

Como pode isso?

Será que ele é real?

— Você é sempre assim ou está fazendo média para me agradar?

— Sou assim, fui criado para dar a mulher todo conforto possível, sem
fazê-la sofrer.

— Sua cultura devia ser vendida aqui no Brasil, porque sinceramente, os

homens daqui são uns idiotas.

— Tem algo que queira me contar? — Me encara sério.

— Não, estou bem assim.

— Ok, chegamos.

Paramos simplesmente no melhor restaurante da cidade, o mais caro e

renomado. Devo ter vindo aqui umas três vezes com as meninas.

Soube que mudou de dono, mas desde então não vim mais aqui, e por ser

um pouco longe de casa prefiro pedir pelo aplicativo.

Khalil solta o cinto, dá a volta no carro, abre a porta e me estende a mão.

Tenho a sensação de estar em um filme.

Augusto nunca fez nada assim para mim e meu subconsciente grita, “EI,
POR QUE VOCÊ AINDA ESTÁ PENSANDO NESSE TRASTE?!”.

Afasto as muitas informações e foco no lindo homem a minha frente.

Quem diria, não?

Uma merda bem-feita!


Será que existe isso?!

Rio da minha maluquice.

— Khalil... — sussurro seu nome.

— Sim — responde e se vira me encarando.

— Obrigada.

— Pelo que?

— Por não me tratar como uma qualquer.

— Você deveria ser adorada, mas aqui não é o lugar ideal, a propósito, sua
calcinha está no meu bolso, acho que tudo bem, né?

— Não brinca? Mas... Meu Deus, nem me dei conta.

— Gosto de coisas diferentes, nossa reserva é na área restrita, então você

poderá vestir ou se quiser... Poderá se despir para mim novamente.

— Mas é claro que vou vestir no banheiro, não seja tão ousado. — Aperto

sua mão e ele me conduz até a entrada do estabelecimento.

Entramos e nos acomodamos.


O local é deslumbrante, poucas coisas mudaram desde que vim aqui.

Khalil puxa a cadeira para que me sente, em seguida toma seu assento.

Quando percebo, um homem muito alinhado se aproxima com um sorriso

largo no rosto.

Na luz fraca não consigo ver muito bem, mas ele me parece estranhamente
familiar.

Até que ele está junto a nossa mesa e claramente o reconheço.

Vejo Khalil se levantar e estender a mão ao homem que agora me encara


sério.

— Augusto, que prazer revê-lo. Como anda nosso negócio? — pergunta

Khalil.

Nosso negócio?

Como assim?!

— Está indo de vento em popa, Khalil. Sentimos sua falta, você não vinha

há meses.

Oi, como assim?

Ele já esteve aqui?


— Augusto, quero que conheça minha noiva, Cecília. Este é Augusto, meu
sócio.

— Oi, Augusto, quanto tempo, não? — cumprimento com certa ironia.

— Noiva? — Augusto questiona.

— Sim, noiva, algum problema? — digo ríspida.

Khalil sente a tensão no ar e fala com o traste do meu ex.

— Cecília arrebatou meu coração, cara, vim essa semana para buscá-la.

Aproveitei a oportunidade para jantar aqui e apresentar a ela nosso restaurante.

— Fico feliz, meu amigo, torço para que sejam felizes. Bom, vou resolver

algumas questões e volto em breve para saber o que acharam da comida.

— Não precisa voltar. Não viemos aprovar nenhuma refeição, apenas

jantar e comemorar, não queremos ser incomodados. Obrigada.

— Seu desejo é uma ordem, senhorita — diz Augusto, sem jeito.

— Obrigado, meu amigo, mas não se incomode conosco — Khalil finaliza

e o crápula se retira.

— Ei, você está bem? Por que tratou mal o pobre Augusto?

— Você o conhece de onde? — pergunto e ele franze o cenho.


— Ele é um brilhante subchefe, o contratei e o tornei meu sócio, já que
não posso tocar o restaurante aqui no Brasil, estando em Abu Dhabi.

— Péssima escolha a sua! Este restaurante era perfeito, agora vejo que a
classe e a sofisticação caíram muito com essa gestão.

— Cecília, você quer me falar alguma coisa ou terei que descobrir

sozinho?

— Não! Podemos comer ou vamos ficar batendo papo?

— Mas... Ok, vamos escolher.

Khalil levanta a mão e rapidamente um garçom vem até nós, entregando os

cardápios.

— Traga um Cosmopolitan para mim, por favor — peço e largo o cardápio

na mesa, puta da vida.

Estava tão feliz e bem comida, mas agora me encontro estressada por ver
esse maldito e espero que ele não volte mais aqui.

— Traga a sugestão do chef, e um Scott, por favor. Obrigado, Ângelo.

— Por nada, senhor.

— Por que ele te olhou assim?


— Assim como?

— Ah, sei lá, pareceu impressionado, quase te reverenciou — digo

sorrindo com ar de deboche.

— Porque sou o dono desse restaurante, e meus funcionários têm grande

respeito por mim, em troca os recompenso com bons salários e dignidade, coisa

rara de se ver nos restaurantes concorrentes.

— Como é? Você é dono daqui?

Só pode ser brincadeira!

Estou sentada dando patadas no homem mais fofo e que também é dono do

melhor restaurante que já conheci, tudo por causa de um homem que não vale

meu tempo, nem a perda dele.

Pensando bem, não liguei uma coisa com outra quando ele falou que

Augusto era seu sócio e que ele não poderia cuidar do lugar por estar nos

Emirados.

— Sim, mas hoje estou como convidado, não como dono. Estou de folga,
exclusivamente para este encontro. Se tivesse a trabalho você estaria presa a uma

cadeira, enquanto faria de você o que bem entendesse em meu escritório, pois
essa grosseria que acabou de fazer, no meu país é classificado como desrespeito

e punido com bastante rigor.


Arregalo os olhos assustada.

— Você seria capaz de me machucar?

— Não, jamais! Faria você implorar para gozar, isso sim, e você não iria

até eu desejar.

Suas palavras acendem uma chama em meu estômago fazendo todo meu
corpo reverberar.

— Que pornográfico, você só pensa em sexo?

— Não, penso em te torturar se for grosseira novamente. Sexo é


consequência.

— Desculpa, fiquei descompensada com a chegada de Augusto.

— Isso notei, mas qual motivo desse desconforto todo com a presença

dele?

— Ele é meu ex.

Khalil me encara e sorri.

— Azar o dele que perdeu uma mulher como você.

— Enfim, não deixe que isso estrague nossa noite, me desculpe por tê-lo

tratado de maneira ríspida, não sou sempre assim.


— Tudo bem, mas pense melhor antes de fazer, sou muito rigoroso com
essas questões.

— O que você faria se eu repetisse? — pergunto o desafiando.

— Amarraria suas mãos na cadeira com sua calcinha que está em meu

bolso, a deixaria nua, e usaria seu corpo para degustar meu prato que está prestes

a chegar.

Arregalo os olhos e abro a boca em um grande O, vendo-o gargalhar

brincalhão.

Estendo a mão sobre a mesa em busca da dele.

— Me desculpa, não vai se repetir.

— É uma pena, adoraria degustar seu corpo aqui em público.

—Não será hoje, acredite.

Sem demora nossos pedidos chegam, só então me dou conta que ele pediu
meu jantar.

Tantas emoções em uma única noite...

Realmente não estava preparada para reencontrar Guto e tão pouco

descobrir que ele é sócio do meu quase noivo, que por sinal é o homem mais
poderoso de Abu Dhabi.
Comemos e conversamos amenidades, ele me conta sobre sua família
numerosa e digo um pouco sobre a minha.

As horas passam tão rápido que nem nos damos conta.

— Pensei que você gostaria de vestir sua calcinha, o que acha?

— Péssima ideia! Estamos em público, então pare de falar sobre minha


calcinha, é desconfortável — digo com o rosto fervendo de vergonha.

— Está confortável assim?

— Não, mas já estava até esquecendo dessa questão, isso até você tocar no
assunto novamente.

— Em frente a câmera você é uma mulher sexy e confiante, por trás delas

é cheia de inseguranças e medos, me pergunto o que te fez entrar nessa profissão

tão difícil?

— Muitas coisas, e homens babaca principalmente. Sou movida a um


pouco de adrenalina, e o personagem que eu vivo, não se parece em nada comigo

— digo baixo, com ele me encarando atento.

— Você é surpreendente. Então toda aquela ousadia, não passa de um

escudo protetor para uma mulher meiga e tímida — afirma e assinto.

— Mas te asseguro que sob efeito de álcool sou uma pessoa perigosa,
então não me deixe beber demais ou terá que aguentar.

O lindo homem à minha frente levanta e posiciona sua cadeira ao meu

lado, passando a mão por minha perna. Ele a sobe perigosamente até minha
intimidade, sentindo o quanto estou excitada.

Travo sua mão e ele sorri.

— Calma, quero apenas te deixar relaxada.

— Já estou bastante e muito além do que pretendia inclusive.

Estou me sentindo uma verdadeira vadia, mas de um jeito bom.

Esse homem desperta em mim uma sensação de segurança, em que não

vejo problema deixar que ele faça o que desejar comigo.

Libero vagarosamente o aperto da minha perna, dando passagem para sua

mão.

Ele introduz o dedo em minha intimidade, me fazendo gemer baixo.

— Você agiu mal, loirinha, agora está sendo punida, e se alguém notar que

estou te tocando, não vai ser nada bom. Sendo assim, peço que seja discreta.

— Você... Perdeu o... Juízo! Pare... Por favor... — com dificuldade

balbucio.
— Gosto de dar exatamente o que uma mulher deseja, e sua boceta me diz
que está adorando meu toque, além disso, você foi grosseira comigo e estou te

punindo por isso.

— Mas não estamos em local apropriado para isso, pare, por favor —

suplico manhosa, quase gemendo, notando que ele sorri ao me ver corar.

— Isso quer dizer que você já está tentada a me aceitar como seu marido,

para assim podermos fazer isso na nossa cama.

— Cala a boca, seu convencido! — Pego sua mão e aperto com força.

O garçom que nos serve se aproxima.

— Pare, por favor!

— Não, mesmo! Seja discreta e sorria, Ângelo vai retirar a mesa e vou te

comer aqui.

— Aqui? Tá louco?! Ainn... — gemo sem conseguir conter a sensação.

— Você não está sendo discreta, estão nos olhando, Cecília.

— Com licença, posso retirar?!

— Sim, Ângelo, por favor! E traga uma água gaseificada, a senhorita

Cecília está com calor — diz cínico e sorrio desesperada para gritar, observando
quando o garçom se retira de maneira silenciosa.
— Ain, por favor.... Ain — sussurro e ele acaricia meu rosto.

— Você é tão linda sentindo tesão, sinta como estou. — Puxando minha

mão, ele a coloca sobre seu pau.

E que pau é esse, gente!

Acaricio por cima da calça, o sentindo contrair com meu toque.

No mínimo a minha vida era uma merda e agora posso entender Flora, que

sempre me fala sobre isso e eu não percebia que realmente precisava disso.

Me sinto viva, e prestes a gozar agora.

Aperto o membro rígido de Khalil, e é como uma mensagem a ele.

— Goze pra mim, Cici!

Suas palavras são como um mecanismo libertador, e gozo contendo a

vontade insana de gritar, agarrando a toalha da mesa com minha mão livre, a

torcendo até que meu corpo relaxe.

— Satisfeito? Me fez passar essa vergonha em público, seu doido!

— Ninguém reparou que te fiz gozar, apenas ficou evidente o quanto a


faço feliz — digo convencido.

— A vergonha é gratuita, mas podemos evitar passar, ok!


Ele ri e novamente o garçom aparece, agora com a água que ele havia
pedido.

Percebo que Khalil pisca pra ele como se tivesse combinado algo.

— O que foi isso agora com o garçom?

— Pedi a água e ele trouxe.

— Eeeee?

— E ele entendeu o código de privacidade muito bem. Quando falei sobre

você sentir calor, ele entendeu que precisava de tempo com você para lhe ajudar.
Por isso demorou um pouco a voltar com a água.

— E isso você faz com todas? — indignada tiro minha perna da sua,

arrumando meu vestido e afastando a cadeira para me levantar.

— Como?

— Khalil, você é igual a todos, um verdadeiro idiota! Me leve agora para


casa.

Me pegando pelo braço e me prendendo em seu corpo, ele diz próximo ao


meu ouvido.

— Você está agindo mal, pense melhor. Queria que estivesse confortável,
você ficou feliz e eu também, então para de agir assim. Estou a ponto de tirar sua
roupa e te comer no meio desse restaurante. As suas transmissões não serão nada

perto desse espetáculo, portanto, controle-se ou serei obrigado a fazer esse

sacrifício.

— Ah, sim! Sua cara não arde? Precisa urgente comprar um óleo de

peroba para essa cara de pau. Me solte agora.

— Você está muito nervosa, me deixa te acalmar.

Ele me beija e eu rejeito. Insiste até que permito, mas é um beijo rápido,

porém quente o suficiente para me fazer estremecer.

— Venha comigo — diz me levando para o lado oposto da saída.

— Aonde vamos? A saída é por ali.

— Vamos sair por aqui

Saímos pela entrada de serviço e o manobrista traz o carro até nós.

Percorremos um caminho que não tenho costume de fazer, mas não

reclamo, afinal já havia dado dois shows hoje e sendo bem franca, eu teria me
deixado no restaurante sozinha.

Silencioso, desliza sua mão sobre a minha, fazendo com que nossos dedos
se entrelacem. Não contesto, mas o observo de soslaio.
Ele conduz o carro tranquilo, até sabe-se Deus onde.

— Para onde está me levando?

— Para relaxar, você estava muito tensa no restaurante.

— Inclusive saímos e você não pagou a conta.

— O restaurante é meu, esqueceu?

— Não, mas o correto seria pagar a conta.

— Vou pagar.

Acionando um botão no volante ele liga para alguém.

— Josh, meu amigo, pode fazer um grande favor para mim? Saí rápido do
restaurante e não fiz o pagamento, pode passar lá e acertar a conta, por favor?

— Pode deixar, Khalil, farei isso agora. Estou a caminho do restaurante.

— Obrigado, Josh. Você está dispensado por hoje. Amanhã nos vemos!

— Ok!

Khalil finaliza a chamada.

— A propósito como ele vai voltar para casa? Você está com o carro que

chegou e ele veio com você. Eu reparei assim que saímos de casa, só havia meu
carro e o seu.

— Não sei, mas acredite, ele sabe o caminho.

— Entendi.

Sentindo falta do meu celular, percebo que pelas horas, minhas amigas já

devem estar preocupadas comigo.

— Pode me emprestar seu celular? Preciso avisar que estou bem.

— Claro, só me deixa desconectar do painel. — Tira o celular do bolso e

me entrega.

Pego rapidamente o aparelho e disco o número de Chris, que chama até

cair.

— Merda!

Ligo novamente, agora para Flora, que me atende rápido.

— Oi, piranha!

— Oi, miga, tô ligando só para avisar que estou bem.

— Eu sei, Josh me avisou, estou o levando para casa. Seu futuro marido
deixou o menino aqui em casa, não o deixaria ir sozinho.

— Olha a cara de pau dela, gente! Muito generosa essa minha amiga.
Rimos e ouço Josh indicar o local para parar.

— Já venho — Josh diz.

— Te aguardo — Flora rebate.

— Onde você está? — pergunto.

— Naquele restaurante caro, do outro lado da cidade. Vocês vierem jantar

aqui? — questiona minha amiga.

— Sim, mas depois falamos melhor, estou no celular do Khalil, não trouxe

o meu. Liguei apenas para dizer que estou bem.

— Está bem, amor, divirta-se e não esqueça a camisinha.

— Idem, te amo, beijos.

Paramos na entrada de um hotel mega luxuoso, provavelmente ele está

hospedado aqui.

Estico a mão e entrego a ele o telefone.

— Obrigada!

— Não por isso!

— Boa noite, senhor, senhora — cumprimenta o rapaz que nos recebe.


— Boa noite — respondo.

— Boa noite, peça para que não me incomodem, por favor. Bom trabalho

para você.

— Pode deixar, avisarei ao serviço de quarto.

Saímos em direção a garagem, e sem demora já estamos estacionando.

Desafivelo o cinto quando a porta abre e sou amparada por mãos fortes,

que me conduzem ao elevador mais próximo.

Sem demora as portas mostram o interior da grande caixa metálica, muito


elegante e espaçosa. Reparo que o andar foi acionado pela parte externa, já que

não há um painel com botões, apenas um pequeno visor luminoso mostrando os

andares.

O andar marcado é o último e subimos lentamente.

Uma sensação torturante envolve meu corpo e sinto que estou


extremamente atraída por esse homem.

Ele parece sentir a tensão, pois suspira alto e encosta seu corpo ao lado do
meu.

— Está calor aqui, né!?

— Também achei, mas já estamos chegando e você poderá se refrescar, se


quiser claro.

— Sim, com certeza.

— Ou eu posso... Ajudar você.

— Como?

— Assim...

Ele me puxa para si, suspende meu corpo e o imprensa no metal gelado,

que em um primeiro momento alivia o calor que ele está produzindo.

Me beija intensamente, enquanto deslizo uma mão em seus cabelos macios

e com a outra aperto seu braço, percebendo como o encaixe do meu corpo no seu

é perfeito.

Nossos lábios parecem ter nascido um para o outro, e o sabor do beijo de

Khalil é fantástico.

Esse homem é incrível!

Ouvimos a porta do elevador abrir e saímos direto na sala da cobertura.

Sou carregada até o sofá, no centro da sala, e sem desgrudar nossos lábios,
ele me deposita ali depois deita seu corpo sobre o meu.

O calor do seu corpo incendeia minha pele, tanto que preciso conter esse
impulso, mas não tenho forças, ele é como uma kryptonita, mas ao mesmo

tempo a conexão é tão forte que me pergunto como duas pessoas podem se sentir

assim tão rápido.

Nos afastamos somente o suficiente para tomar ar.

— Espere, podemos voltar do começo? Estamos na terceira rodada de

tesão e nem sei nada efetivamente sobre você ou você sobre mim.

— Eu sei tudo sobre você, Cecília, mas entendo e prometo tentar não

passar dos limites. — diz Khalil se recompondo, me ajudando a sentar.

— Eu... Ah, que merda.... Não quero parecer puritana, nem nada assim,
mas preciso admitir que estou me sentindo insegura.

— Cecília, só vim ao Brasil para buscar você, para ter você para mim.

Meu único objetivo é tê-la comigo.

Suas palavras estalam em meu ouvido, me fazendo pensar ainda mais na

possibilidade de me casar, porém ele continua sendo um estranho, mesmo que já


tenha feito de tudo e mais um pouco.

Quero, mas tenho medo e estou uma bagunça de sentimentos.

Preciso primeiro me recompor, e pensando comigo mesma, acho que


acabei ficando caída no chão do escritório, pois não é possível que isso esteja

acontecendo, não sou assim.


Esse homem desperta uma devassidão em mim que guardei por anos atrás
de um muro, após sofrer com o imbecil do Augusto.

— Venha, vamos nos sentar aqui, o nascer do sol é lindo e faltam poucas
horas para isso acontecer, podemos aguardar aqui enquanto conversamos e

tomamos champanhe.

— Ah, sim, vamos... Está um calor caótico e champanhe cairia bem.

Khalil vai em busca da bebida e prepara o balde com gelo, depositando a

garrafa nele, enquanto observo a imensidão do mar.

Isso me deu tempo de respirar um pouco e perceber quão enrolada estou


com essa situação, que idealizei encerar ainda no sofá da minha casa.

Porém minha carne foi fraca e não resistiu aos encantos do poderoso deus

árabe, tão pouco minha boca, que não se manteve fechada.

Me perco lembrando das últimas horas e de como elas foram altamente

intensas. Mesmo sendo quase impossível, sei que preciso ter forças e negar esse
homem por sete dias, pelo menos para que possa testar minha teoria que ele não

é igual a todos os outros.

Só espero não quebrar minha cara com ele, até porque já estou muito
mexida.

*
Depois de muita conversa, descobri muitas coisas sobre Khalil, coisas
pessoais, inclusive o real motivo dele ter me arrematado no leilão.

O dia já está quase chegando, o sol começa a fazer sua bela estreia, dando
tons alaranjados no céu e tornando a alvorada ainda mais encantadora com seus

raios luminescentes.

— Então serei como um prêmio para que você ocupe a posição do seu

pai?! — Olhando o horizonte solto o questionamento e ele pega minha mão.

— Cici...

Não o deixo falar.

— Não precisa explicar nada, nem deveria me sentir ofendida, me leiloei e

não poderia esperar muito. Por sorte foi você, mas poderia ter sido um completo

maníaco.

“Escolhi completamente no escuro, apenas por intuição, e de certa forma

eu te ajudarei e você me ajudará, me mantendo segura e protegida de um homem


qualquer.

“Devo salientar que de agora em diante não teremos mais relações sexuais

e você poderá confirmar nosso noivado para sua família.”

— Mas, Cecília.... Não quero que você faça isso apenas para me ajudar,

quero que seja minha de verdade pelo período de seis meses. Passei anos em
busca de uma esposa que não fosse interesseira e nem uma das escolhidas de
meu pai. Arrematar você foi a minha salvação. Espero conseguir fazer com que

esse tempo seja os melhores da sua vida.

— Não sei se isso será possível, pois seus costumes são muito diferentes

dos meus, além disso, terei que adiar meu trabalho por esse período.

— Prometo que será tão rápido que você nem sentira e posso te compensar

por esses meses, se assim for bom para você.

— Como é? Você está tentando me comprar? — Ofendida pela oferta de

mais dinheiro, me exalto com Khalil.

Quem ele pensa que é?

Não quero nada disso e perceber que ele pensa que mais dinheiro resolve

tudo, só me faz perceber que essa merda toda foi um puta erro

— Teoricamente já a comprei, Cecília.

Pisco os olhos repetidas vezes, tentando me conectar com a situação.

Ele está agindo exatamente como um outro boy lixo que me chamou para
sair e ofereceu grana.

— Você passou dos limites, Khalil, o homem perfeito e sem defeitos


acabou de mostrar que é sim um idiota. Muito obrigada pelo seu tempo e pelo
sexo gostoso.... Mas será apenas isso o que você receberá de mim. Passar bem.
— Levanto e vou em direção a porta, a destranco e saio sem me preocupar em

fechar.

Quando aciono o botão, ouço uma gargalhada muito conhecida. Olho para

o lado e vejo Flora sair do quarto com Josh a acompanhando.

— Vocês? Ah, meu Deus! — digo rindo para minha amiga, mesmo que a

única coisa que tenha vontade agora seja de chorar.

— Sim! — Flora diz e rimos.

Khalil se junta a nós no corredor.

— Por favor, Cecília, vamos conversar. Nunca quis mentir para você, nem

vou, mas precisava me casar e comprar uma esposa, foi minha única opção.

— Você já havia arrematado o lance e entendi essa merda toda, mas

porque caralhos você precisava me oferecer mais dinheiro? A humilhação de ter

me vendido já não estava de bom tamanho?

— Cecília, me deixa explicar, não foi com a intenção de te ofender...

— Por acaso você pensou, em algum momento, qual é a razão desse leilão

ter acontecido? Por que me ofereci como prêmio?

— Não, e você também não facilita em nada, pois não diz nada. Pelo
menos fui sincero e achei que você deveria estar precisando, por isso fiz a oferta.
Não era para você se ofender assim.

— Ah, não! Não sou obrigada a ouvir isso, me faz um favor? Cala essa
boca. Você já se mostrou imbecil demais em poucos minutos.

— Ei, o que está acontecendo? Se afasta dela. Que merda você fez? —

Flora vem até mim, notando meus olhos marejados, o afastando com o dedo em

riste.

— Flora, por Deus, ela me entendeu errado, não fiz nada, não com

intenção de magoá-la.

— Você tem a ousadia de dizer que não fez nada? Sinceramente, Khalil...

Você deveria ter entendido os sinais. Eu não sou uma garota de programa, não

transo por dinheiro, mas sim por prazer. Se me entreguei a você foi

exclusivamente por isso. Mas parece que você só entende a língua do dinheiro e

não sabe o que é sentimentos.

Ele se aproxima.

— NÃO SE ATREVA A CHEGAR PERTO DE MIM NOVAMENTE! —


grito brava.

— Mas já havia comprado você, o sexo, seja por dinheiro ou não, já

aconteceu de qualquer forma, e agora está se fazendo de rogada?


— Ora, mas que belo filho da puta você está sendo, não preciso do seu
dinheiro, queria apenas brincar com a ideia de me casar com um total

desconhecido. Fiz esse desafio ao vivo, embriagada, isso só mostra como você

não sabe absolutamente nada sobre mim para olhar na minha cara e falar essa
merda.

— Você está agindo feito uma garota mimada, pois quando estávamos....

— O corto antes de finalizar a fala.

— Não ouse dizer mais nada sobre mim, e se é sobre dinheiro que você

está preocupado, vou solicitar o estorno no site, pois não preciso de nada vindo

de macho escroto. Se hoje sou a mulher que sou, é porque trabalhei para isso e

não por ser sustentada por homem. Tão pouco por fazer sexo em troca de

dinheiro.

“O curioso é que você mesmo disse que me acompanha desde sempre e

estava ansioso para ver meu rosto, exatamente pelo fato de que em anos de
trabalho, lidando com esse tipo de entretenimento, nunca mostrei meu rosto ou

fiquei nua diante da câmera, apenas dancei, me preservando para não cruzar com
caras feito você. Mas olha só, aqui estou diante do maior babaca que poderia

conhecer.”

Entro no elevador enfurecida, sendo seguida por Flora

— Para com essa besteira, Cecília — diz Khalil segurando a porta


metálica. — Não quero de volta o valor que investi, quero você!

Suas palavras penetram em meus ouvidos e desejo intensamente socá-lo

por me fazer acreditar em algo irreal, mas não darei esse show gratuito, não hoje,
não agora.

— Pensasse nisso antes de me oferecer mais dinheiro, demonstrei a você

que era diferente e você simplesmente me tratou como prostituta. Mas saiba,

senhor Emirados Árabes, não estou a venda e não estava tralhando durante nosso
encontro — digo como se as palavras fossem capazes de cortar a pele de Khalil,

mas não fazem, me dando ainda mais vontade de chorar.

Como pude confiar tão rápido, ser tão ingênua e não me proteger como
precisava?

E acima de tudo, como pude ter derrubado meu muro de proteção e deixar

um homem que conheci há exatas doze horas entrar?

— Até logo, Josh — diz, Flora, em seguida olha para Khalil. — Até nunca
mais, otário! — finaliza minha amiga mostrando o dedo do meio.

Quando o elevador finalmente fecha, desabo e choro por ter me entregado,


por ter desejado secretamente que ele fosse melhor que Guto.

Minhas lágrimas caem silenciosamente e Flora me abraça sem nada dizer.

Saímos e caminhamos em direção ao estacionamento. Entramos no carro e


seguimos para a nossa casa.

Que merda de dia!


Dez dias depois...

—Alô, Cecília?

— Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens e

estará sujeita a cobrança após o sinal.

Merda, merda, merda!

Há exatos dez dias estou tentando falar com Cecília.

Precisei ir a outro estado e não pude passar na casa dela para resolver as
coisas, afinal nosso encontro terminou da pior forma possível.

Apesar da minha ideia inicial de ficar três dias no Brasil, já estou a mais de

dez dias aqui e nada resolvi, pelo menos não o que de fato vim resolver.

O meu teatro de rapaz romântico não durou muito tempo, e quis me bater

por ser a merda de um galinha, até mesmo com a garota que comprei para ser

minha esposa.

Mas como eu poderia adivinhar que ela seria maluca?

Não conseguia entender o que havia acontecido, afinal só havia oferecido a


ela mais dinheiro visando seu conforto, algo que não é nada demais para mim,

pois cuido bem dos meus investimentos.


Quando estávamos em seu escritório e a beijei e logo em seguida
transamos bem gostoso, ela pareceu estar bem confortável com a minha

companhia.

Cecília muito provavelmente achou que o dinheiro a mais era por quê a via

como uma prostituta, mas esse não era o caso.

Para mim era apenas uma troca de favores, já que ela deixaria de transmitir

por seis meses e com o valor extra, ela poderia ficar tranquila sobre questões
financeiras.

Pensando melhor agora, deveria ter explicado de forma mais clara minha

ideia, mas não houve tempo e ela ficou muito brava.

Para uma louca que se leiloou em uma rede de transmissões sexuais, ela

pareceu bem ofendida, mas na hora de chupar meu pau não parecia ser tão

fresca.

Eu só me meto em furada, puta que pariu!

Quero me casar com alguém que escolhi ou estou fodido, pois terei que me

casar com uma mulher completamente estranha, e possivelmente nem um pouco


atraente.

Essa Cecília é uma diaba deliciosa e quente como o inferno.


Quando ela fazia suas danças sensuais e brincadeiras do tesômetro[1],

ficava louco de desejo.

Sinceramente preciso que ela reconsidere, mas como farei isso se nem pelo

telefone consigo falar com ela?

Observo a vista pela grande janela espelhada do escritório, relembrando o


sexo gostoso e a boceta quente e molhada de Cici no meu pau. Com isso meu

membro já se mostra ativo e sedento por uma nova oportunidade de provar

aquela feiticeira.

Retiro meu telefone do bolso e ligo para Ramiro, pois preciso conversar

com um amigo e quem sabe, por acaso, ele possa ter alguma ideia que me ajude.

Eu mesmo já tentei inúmeras vezes ligar, mas a chamada só cai na caixa

postal, o que me dá duas possibilidades, ou ela desligou o telefone, ou esse

número foi apenas para que eu pudesse falar com ela e agora que não tem mais

interesse em falar comigo, descartou.

Ouço o som da ligação chamando e prontamente meu amigo atende.

— Fala, meu amigo, como você está? — Animado atende a chamada.

— Fala, Ramiro, tudo tranquilo? Estou te ligando para ver se consegue me


ajudar com uma questão em que me meti.
— E o que seria? Dependendo do que seja posso te ajudar, o que acha de
almoçarmos juntos para resolver a questão?

— Estou no Brasil, meu amigo, pois vim buscar uma pessoa que arrematei
— digo com ironia.

— Khalil, como assim uma pessoa? Você agora entrou para o tráfico

humano? Cara, não quero me meter nessa enrascada — atônito responde.

— Não, cara! Não é isso!

— Então me explica essa porra direito, Khalil!

— Você sabe que sou aficionado por sites de camgirl, não sabe?

— Sim e daí?

— E que amo mulheres gordinhas...

— Sim, cara, mas seja mais direto e para de viadagem, porra! Não precisa

falar com rodeios, só me ajuda a te ajudar! — diz já exaltado.

— Então, o que aconteceu foi que uma das mulheres que costumo assistir

por transmissão ao vivo se leiloou e eu a arrematei. Há mais de dez dias vim


para o Brasil para buscá-la e assim poder me casar com ela, driblando o sistema

de recrutamento da minha família.

— Caralho, meu amigo, você sempre me orgulhando! Mas qual é o


problema que você está tendo com essa aquisição? A mulher é feia?

O idiota do meu amigo está de volta.

— Não, Miro, você sabe que as noivas que eles arrumavam eram

terrivelmente devotas e detesto mulheres assim, porém, como é da vontade do

meu pai que me case em um mês e meio, as movimentações da família já

começaram a rolar e as fichas de pretendentes também. Eles escolheram uma

moça, mas que é péssima. Porém, aqui achei uma mulher perfeita

— Então traga a moça e fim de papo! Qual a dificuldade nisso, cara?

— Ai que está! Nosso encontro foi há dez dias, porém o fim da nossa
manhã terminou de forma errada. Ela saiu do meu quarto ofendida com minhas

palavras e agora não consigo falar com ela, porque não completa a chamada —

digo frustrado.

— Cara, você costuma ser superinteligente, mas nessas horas vejo que só

para números, porque a situação é bem simples, basta ir à casa dela.

— Não estou na cidade que ela mora, precisei fechar um negócio em outro

estado e desde então estou preso nessa ideia de que preciso falar com essa diaba.
E com essas pretendentes selecionadas pelos meus pais estou ficando sem tempo

e paciência. Ramiro, você me conhece, sabe que resolvo tudo com dinheiro ou
com meu charme, e que as mulheres se rendem facilmente aos meus pés. Com
ela não foi tão diferente assim, mas no fim acabou ficando ofendida comigo.

— Caralho, mano! Se você já arrematou, ela é sua. Vá buscá-la, essa

garota não tem opção de ficar ofendida quando ela se vendeu.

— Sim, você tem razão.

— Já efetuou o pagamento?

— Sim, é claro, não viria para tão longe em vão. — Apesar dela ter dito

que devolveria o valor, mas ele não precisa saber disso.

— Khalil, não tem nada mais a ser feito, além de ir buscar seu prêmio de
consolação que é sua mulher.

— Você acha que devo agir assim com ela? As brasileiras são bem

diferentes das mulheres árabes, começando pela cultura, que é bem diferente. As

mulheres não se portam como as mulheres daí, onde aceitam o que é falado.

Tudo aqui é diferente, meu receio é parecer grosseiro demais e acabar me

prejudicando. Estou em um dilema, pois apesar das minhas ressalvas preciso que
ela se case comigo dentro de no máximo vinte dias, pois só assim posso

consolidar tudo e estar dentro do prazo para impor minha vontade.

— Então, meu amigo, pelo que está me dizendo, você tem pouco tempo e a
hora é agora. Aproveita que já está no Brasil e traga a moça junto com você.

Quando planeja voltar para a cidade dela?


— Agora, o que preciso fazer é ver a melhor maneira de falar sem parecer
ser muito arrogante, pois ela demostrou ser bem sensível..., Mas está decidido,

hoje eu irei até casa dela.

— A única coisa que me preocupa, Khalil, é que essa mulher demonstra

um desequilíbrio, pois se é sensível como me diz, ela não deveria fazer merdas

como essa. Que ideia imbecil foi essa de se vender? Vocês já tiveram algum tipo

de relação sexual?

— Ah, meu amigo, Cecília foi uma verdadeira deusa sexual. Afrodite teria

inveja da existência dela com toda certeza. Tive essa mulher por duas vezes em

meus braços.

—Ela teve prazer por duas vezes e você não recebeu nada em troca? Se

fosse eu, chegava nela e chutava a porta mesmo. Onde já se viu uma mulher

receber duas vezes a bonificação e não pagar com nada em troca? Ah, meu

amigo, você está ficando mole isso sim, nunca te vi nessa vibe. Sempre teve em
mente uma boa estratégia e agora ouço um homem quase apaixonado...

— Ramiro, você tem razão, estou virando um bundão, mas vou resolver
essa merda toda. Obrigado, amigo, você sempre me salvando.

— Que nada, precisando é só ligar, vou até você se preciso for.

— Não se preocupe, ainda essa noite resolvo tudo e te dou notícias.


Finalizo a chamada, refletindo o que Ramiro disse sobre eu estar
apaixonado...

Será!?

Faço uma videoconferência com os investidores da minha empresa, sem


vontade alguma de lidar com problemas, porém como essa é uma das minhas

funções, preciso lidar e ficar a par de tudo, apesar de estar distante.

Cerca de duas horas mais tarde, e depois de ter delegado algumas tarefas,

já estou de saco cheio, até que pôr fim, confirmo com minha secretária algumas
informações necessárias e finalizo a chamada.

O dia havia sido extremamente exaustivo, porém produtivo e a única

coisa que não conseguia resolver era o fato de não ter contato com Cecília.

Saio do escritório e vou direto para o quarto de hotel onde estou

hospedado. Tomo um banho rapidamente, me troco, informo a Josh que iremos


sair e caminho calmamente em direção a porta, o encontrando junto ao elevador,

me aguardando para seguirmos até o aeroporto.

— Oi, Josh, como está?

— Estou bem, senhor.


— Vamos logo, preciso ir até a casa de Cecília o mais rápido possível.

— Claro, senhor, seu jatinho já está no aguardo.

Os três minutos de descida, parecem ser eternos, e de minuto a minuto

olho o relógio. Estou extremamente ansioso, tanto que pareço um adolescente


apaixonado. Ramiro realmente tinha razão em falar isso, pois minha obsessão

em assistir a Lady não era simplesmente curtição, e sim, tinha um fundo

emocional que não havia me dado conta.

Com o ritmo de trabalho que estava essa semana nem tempo de assistir as
transmissões dela eu tive.

Como uma mulher pode fazer essa bagunça na vida de um homem?

Estar encantado assim por ela, não era o plano, e sim o oposto, acredito

que minha oferta mal formulada tenha sido a pior coisa, pois isso me afastou

dela.

Que merda de semana!


Sabe, quando você acorda e o dia está incrivelmente perfeito, o sol brilha e

as nuvens desenham por toda a extensão do céu azulado, mas de repente o mar te

inunda com suas fortes ondas e infelizmente você não sabe nadar?

A vida é verdadeiramente um teatro de horrores.

Meu encontro com Khalil tinha tudo para ter sido perfeito, na verdade,
estava, mas como nada na minha vida é assim por muito tempo, deveria ter

previsto que alguma treta teria.

E não é que deu problema?

Passei o dia todo, após o encontro, chorando.

A verdade é que trabalho com algo que não conversa com minha

personalidade. Online, sou uma profissional erótica que dança para sobreviver,

oferecendo sensualidade e fantasias para as pessoas, mas fora das transmissões

meu coração não tem esse mesmo propósito.

No fundo, sou uma eterna sonhadora à espera de um príncipe encantado

em cima de um cavalo branco.

Khalil em poucas horas me mostrou possuir todas as qualificações de um

verdadeiro cavalheiro, mas em contrapartida em fração de segundos se


transformou em um embuste igual ou pior ao meu ex.
Mesmo ele não fazendo ideia das merdas que vivenciei ao lado de
Augusto, fiquei extremamente magoada com sua atitude.

Augusto teve uma forma diferente de me ferir, principalmente com suas


palavras duras e gordofóbicas que ainda explodem em minha memória...

“Você é uma gorda horrível, deveria ter vergonha de ficar se exibindo

assim na piscina!

“O que as pessoas vão pensar com esses peitos tudo de fora e com esse

biquíni cravado no rabo?

“Deveria se vender logo, já que faz o tempo todo papel de prostituta. Mas
o grande problema seria saber quem é que compraria uma mulher como você ou

quem pagaria para transar com você?

“Eu realmente deveria ser intitulado como santo, afinal de contas, estou

fazendo uma caridade a você por estar contigo e ainda dizer que é minha

namorada.

“Sabia que sou motivo de chacota entre meus amigos?

“A única coisa que eles não sabem é que você fode gostoso, pois sempre

me falam que sou maluco por estar comendo uma mulher gorda e feia como
você.”

As palavras desse desgraçado nunca saíram da minha mente, e todas as


vezes que iniciava uma transmissão me lembrava delas, o que me dava muito
mais ânimo em tentar ser incrível, pois os números me provavam que havia

pessoas interessadas em um biotipo como o meu. Além disso, meu sucesso

mostrava que o estereótipo que a sociedade prega, não é necessariamente, o


padrão que todas as mulheres devem seguir.

Sou loira, com olhos claros, tenho um corpo avantajado, seios fartos,

quadril voluptuoso...

Com todas essas características sou muito gostosa.

Me considero incrível e acho que sou muito melhor do que julgamentos

feitos com base em estética. Todas as ofensas de Augusto me fizeram enxergar


que merecia ser amada, e não era por um homem, mas por mim mesma, coisa

que nunca fiz em todo nosso relacionamento.

Desde o início da relação, sempre o amei acima de qualquer coisa, tanto

que vivi um relacionamento tóxico e opressor que me fazia tão mal a ponto de
desejar minha própria morte. Porém, a vida me deu uma nova chance, um novo

rumo e uma nova opção.

Usando a ideia de Augusto, pelo menos para alguma coisa esse imbecil

serviu, foi onde conquistei tudo o que sempre sonhei em ter: conforto, dinheiro,
roupas de marca, um lindo carro e uma casa confortável.
Agora estaria dando um passo a mais com esse casamento, mas o contrato
não durou nem ao menos doze horas.

Mas não quero ficar pensando nesses trastes, e nem tão pouco lembrar do
embuste árabe que se mostrou um tremendo babaca.

A única questão agora é falar para meus espectadores sobre o que

aconteceu, afinal de contas, era para ficar casada por seis meses e isso não irá

acontecer.

Só não sei ainda como vou fazer isso, afinal ainda estou muito brava e a

única vontade que tenho no momento é a de socar a cara de Khalil.

Mas não irei dar a satisfação de estragar minhas mãos naquela carinha

linda, mesmo ele sendo um homem incrivelmente gostoso.

Quero esganar quem quer que seja o responsável por ajeitar as coisas nos

cosmos, pois de nada adiantou mandar um deus grego para mim, mas um

completo idiota.

Provavelmente se falar sobre esse assunto ao vivo, irei acabar passando

vexame e chorar, então é melhor adiar mais alguns dias, já que hoje a live é
especial e quero estar incrível para meus espectadores.

Já de banho tomado, deixo meu cabelo bem escovado e o figurino todo


preparado. Minha máscara está a postos para dar início a mais uma transmissão,
e confesso que essa em especial está me deixando bem nervosa, talvez seja algo

da minha cabeça, mas tenho a impressão que algo não vai dar muito certo hoje.

Espero que o Astro-rei me guie.

Organizo todo o ambiente, transformando meu estúdio em um cabaré,

literalmente, com uma decoração em tons de vermelho sangue e preto.

Estou usando um corselete vermelho rendado, meia-calça também

vermelha e uma cinta-liga na cor preta. Deixo ao meu lado um chicote preto com

pontas vermelhas e uma máscara de rosto inteiro.

Meu cabelo está solto, formando ondas perfeitas e para completar o visual,

uma sandália vermelha trançada.

Posiciono bem a câmera, ligo as luzes do estúdio e separo meus acessórios

sobre a mesa auxiliar ao lado da cama. Por fim, dou meu comando a Alexa para

ligar a câmera e começar a rodar a live, pois agora é a hora.

Havia anunciado essa live há algumas horas, e será especialmente para

comemorar o dia do orgasmo.

Como não existe essa data em todos os lugares, vou apresentar de uma
maneira dinâmica as formas mais simples de fazer o orgasmo acontecer.

Tudo está correndo exatamente como planejado, até que Lisa abre a porta
do estúdio e me assusto, tentando não parecer desconfortável. Isso até ver suas
plaquinhas dizendo: “AUGUSTO ESTÁ NA SALA, O QUE DEVEMOS

FAZER?”

Fico indignada com a cara de pau desse filho da puta, há anos não o via,

até o fatídico encontro com Khalil.

Caramba, que dia de merda!

Que situação foda!

Pego um acessório que tem a palavra FUCK IT[2] escrita, mostro para

minha amiga, prontamente Monalisa encosta a porta e sai.

Esse é o código de, “faça qualquer coisa e suma com o problema da nossa

casa.”

Para meu total e completo descontrole, essa situação atrapalhou minha

transmissão, tanto que peço aos espectadores um instante para beber água,

liberando uma dança que programei para emergências com o mesmo figurino de
hoje.

Vou até o banheiro, lavo meu rosto e retoco a maquiagem, pois apesar de

usar máscara meus olhos ficam expostos assim como meus lábios. Depois de
tudo pronto, saio do banheiro em direção ao minibar que há no estúdio adaptado
propositalmente, para casos em que o nervosismo tomasse conta de mim, e me
impedisse de atuar como a excelente atriz que sou.

Preparo uma caipirinha rapidamente, tomo uma generosa golada, e o

líquido refrescante desce ardendo pela minha garganta, mas não me importo, já
que hoje o dia é especial e tenho que ficar calma.

Quando retomo a live, sou recebida com carinho como sempre, e as

mensagens inundam o chat, mas prometi a mim mesma que hoje não abriria

nenhuma conversa no privado, para não correr o risco de encontrar Khalil em


meio as conversas, apesar de não o ter visto nas lives desses últimos dias.

Brinco com os espectadores, lanço o desafio do tesômetro e eles piram.

“Meus amados e queridos súditos, espero chegar ao clímax hoje com

vocês, portanto não me decepcionem.

Quem sabe hoje será o grande dia em que tire tudo para alegrar a noite de

vocês.”

Eles ficam eufóricos e as gorjetas começam a saltar na tela. Me assusto


quando vejo a porta abrir com violência e fico atônita...

Não pode ser!

Não consigo acreditar!

Congelo diante da imagem do homem parado na minha porta.


Vejo que Flora, Lisa e Chris, chegam atrás fazendo gestos para dizer que
ele subiu sem permissão e não tenho reação.

Khalil, sem ao menos me dar a oportunidade de xingá-lo, invade meu


estúdio, me joga na cama e sobe em meu corpo.

Inalo seu perfume e sou levada a um misto de emoções, assim como o

calor do seu corpo que faz com que eu fique molhada.

Quando as meninas notam que não há resistência contra sua presença,

saem fechando a porta e ouço o click da trava em seguida.

A porta sempre fica encostada, pois caso precisem de algo podem me


avisar, já que a acústica do espaço não me permite ouvir nada do que acontece

no exterior do quarto.

Meu rosto está virado de lado enquanto Khalil fala um monte de coisas

que não sou capaz de entender, pois não quero.

— Cecília, você pode olhar para mim? Por favor, estou fazendo um puta
esforço, aqui, sobre esse corpo delicioso, controlando minha vontade de rasgar

sua roupa e te devorar por completo.

— Faça isso!

Como uma avalanche ele preenche minha boca com sua língua, em um

beijo desesperado, e quando vejo, estou retribuindo na mesma proporção.


De fato, me senti muito mal pela merda que ele falou, mas estou diante do
homem mais foda que havia conhecido nos últimos anos e sinceramente não

estava preocupada agora em matá-lo, mas sim em sanar minha sede pelo corpo

desse homem.

— Você não tem ideia da vontade que estava de te beijar e sentir esse

perfume que só sua pele macia tem — sussurra em meu ouvido, e me recordo da

transmissão.

Estão vendo a bunda dele e ainda bem que está vestido.

— Khalil, estamos ao vivo — digo calmamente.

Ele sorri e meneia a cabeça.

— Se esse é o preço para provar que a quero para mim, pago e dessa vez

não poderá querer devolver meu pagamento.

Rimos e ele se vira, mas o puxo para evitar que o rosto dele seja

identificado na live.

— Não faça isso... A vida pública é uma merda e você é um homem muito
conhecido. Podemos manter o anonimato e você sai de costas em direção àquela

porta. — Aponto para o banheiro e ele me encara sério.

— Cici, vim até aqui e minha bunda está há sei lá... Cinco minutos ao

vivo? Agora vou fazer amor com você e seja o que tiver que ser.
O encaro de olhos arregalados.

— Você não seria capaz disso!

— Adoro ser desafiado!

Khalil abre meu corselete, sentando sobre meus quadris enquanto tento

evitar, sem sucesso.

Ele sorri e para no meio.

— Você realmente quer que eu pare?

Meneio a cabeça em negativa e ele continua me despindo.

Lentamente levanta meu corpo e puxa a peça, a jogando por cima da

própria cabeça. Em seguida, tira a camisa e o terno, deita na cama e abre a calça.

Conforme vai me puxando sobre seu corpo, estrategicamente nos levo para

um ponto cego onde nossos rostos não ficam expostos, mas deixa à mostra

nossos corpos.

Meus seios estão quase saltando do sutiã e cuidadoso ele ajeita, enquanto

tiro sua calça deixando seu membro marcando a boxer preta.

Acaricio seu membro com delicadeza, ele me convida a sentar sobre ele, e

na posição que estamos nada ficará exposto.


A essa altura do campeonato não quero saber de nada já que estou um
pouco embriagada por conta da golada que dei na caipirinha.

Pego o invólucro laminado em uma das gavetas ao lado da cama, puxo seu
pau para fora, minha boca saliva, e o lambo de baixo até o alto da sua glande, o

fazendo gemer gostoso. Umedeço todo seu membro com um oral, em seguida

visto seu pau com a camisinha e puxo minha calcinha para o lado, me sentando

sobre ele.

Os alertas de gorjeta não param e agora ficam muito intensos, assim como

as sentadas que estou dando em Khalil.

Puta que pariu, que homem delicioso!

Que merda de tesão é esse que tenho por ele.

Me recuso a olhar para a tela, e foco somente em matar minha vontade

dessa perfeição divina, esculpida em formato de homem.

Nossa conexão parece ser de anos e não de apenas um dia, que é o tempo
que realmente nos conhecemos, já que todos os outros que passaram o ignorei

mantendo sempre o telefone desligado.

Rapidamente Khalil me vira, tomando o controle e me tirando dos meus


pensamentos.

— Eu disse que faria amor com você, mas pelo que vejo não está no clima
para fazer sexo muito amorzinho.

— Sim, não estou nesse clima hoje, e gosto da ideia do sexo selvagem,

isso me excita bastante, mas para isso você vai precisar de uma máscara. —
Estico o braço para alcançar a gaveta da mesinha de cabeceira, ao lado da cama

onde há uma outra máscara semelhante à minha, em uma cor diferente.

Aproximo minhas mãos do seu rosto e não consigo resistir a vontade de

acariciar sua face.

Khalil aproxima o rosto do meu, beija meus lábios, ajusto a máscara no

alto da sua cabeça e ele se afasta enquanto cubro seu rosto, sendo possível ver

somente seus lindos olhos amendoados e lábios bem delineados.

O moreno me pega com força, fazendo com que meu corpo vibre de

prazer.

Abre minhas pernas, se encaixa entre elas introduzindo sua língua quente

em minha boceta, lambendo toda a umidade que ele mesmo me fez produzir.

Subindo até o clitóris, faz movimentos de vai e vem torturando minha

intimidade, me fazendo pirar.

Me agarro aos lençóis, sentindo meu corpo inteiro reagir ao oral magnifico
que ele faz. Introduz o dedo na minha cavidade, me fazendo gemer e com a mão

livre percorre meu corpo até os seios e acaricia, se posicionando na lateral do


meu corpo.

Como ele tem fácil acesso a tudo, fica de frente para a câmera conforme

introduz mais dedos em minha cavidade, causando assim um frenesi.

— Lady, você já praticou fisting[3]? — pergunta, me deixando

alerta.

— N... não! — respondo com dificuldade.

— Te darei esse prazer pela primeira vez, então relaxe e apenas

goze para mim —diz extremamente sexy e me derreto em suas mãos.

Altamente lubrificada, sentindo uma pressão em minha boceta e o

dedilhar de seus dedos dentro de mim. A mão desliza com facilidade

para dentro, causando uma sensação incrível, porém indescritível.

O vai e vem da sua mão me faz gemer alto.

Pego em meus seio e aperto, com ele me ajudando com sua mão
livre.

Um último gemido sai esganiçado da minha boca, dando fim ao


orgasmo mais longo que já tive na vida.

Gentilmente ele retira a mão de dento da minha boceta, me

causando arrepios, e se aproxima do meu rosto depositando um beijo


em meus lábios, em seguida lambe seus dedos sorvendo meu néctar.

Dou o comando a Alexa para finalizar a transmissão e ficamos

deitados lado a lado na cama, ainda me recompondo e agora morrendo


de vergonha de tudo que rolou ao vivo.

— O poder de finalizar a transmissão estava em duas palavras?

— pergunta fingindo indignação com um sorriso maroto em seus

lábios.

— Sim — respondo tímida.

— Você está bem? — pergunta e meneio a cabeça.

— Quer que eu vá embora?

Viro meu rosto na direção do dele, só agora percebo que ele tirou

a máscara e está simplesmente delicioso. O puxo para mim e o beijo

com carinho.

Conforme ele afasta nossos rostos para tirar minha máscara,

sorrio em resposta ao gesto.

Me beijando de forma gentil, ficamos ali por longos minutos,

trocando carícias, fazendo mais sexo e não conversando sobre nada...

A verdade é que estamos em um universo paralelo, onde só existe


Khalil e eu, até que adormecemos.
Acordo com meu celular tocando, estico o braço e pego o aparelho no

bolso da calça que está jogada ao lado da cama.

Ao olhar para o identificador de chamada, vejo que é Josh, e acabo me

lembrando de que o deixei na sala com Ellis e Augusto, que por alguma razão,

estava na casa de Cecília.

Rapidamente atendo.

— Oi, Josh, bom dia.

— Bom dia, senhor. Nosso voo está marcado para às cinco e quinze, já
estamos atrasados. O senhor ainda pretende voltar hoje? Caso deseje voltar, darei

ordens para que liberem a pista — conclui em um só fôlego.

— Teremos que adiar para mais tarde, tenho muitas questões para resolver

ainda hoje com minha noiva — informo e ele apenas concorda.

Observo Cecília dormindo ao meu lado e percebo quão perfeita é. Ela


possui todos os requisitos que desejo em uma mulher; é meiga, gentil e ousada

quando necessário. O mais importante é que acima de tudo Cecília é minha,


somente minha e farei de tudo para levá-la comigo para casa.

Levanto com cuidado para não a acordar e fecho a porta do banheiro. Vejo
no espelho o sorriso bobo em meu rosto e percebo que estou encantado por essa

mulher.
Entro no chuveiro e deixo a água fria cair pelo meu corpo, me fazendo
relaxar. Amo banho frio pela manhã e não vejo melhor maneira de despertar,

principalmente após muitas horas de sexo gostoso com uma mulher como

Cecília.

Vou precisar entrar em forma para acompanhar o ritmo dessa mulher

furacão, que parece nunca cansar e nem perder o fôlego.

Mas como será o convívio com ela?

Sou um completo safado, nunca me prendi a mulher alguma, e se não fosse

a pressão da minha família para que arranjasse uma esposa, provavelmente

curtiria minha solteirice por muito mais tempo.

Mas desde a primeira vez em que a vi, me encantei pelo jeito ousado que

demonstrava ter diante da câmera, me fazendo ter inúmeras fantasias com ela.

Mesmo depois de tão pouco tempo de contato, ao tê-la em meus braços

pude perceber que preciso ser muito melhor do que sou hoje, para que de fato ela
queira estar ao meu lado, mesmo que seja por apenas seis meses.

A única pergunta que não paro de me fazer, é se de fato estou pronto para
viver um relacionamento com alguém em que eu terei que devotar todo meu

tempo.

Não sei se posso ser como meus pais, que vivem um pelo outro, com uma
vida feliz e criando filhos amorosos com toda finesse possível, dando tudo que
podíamos desejar.

Mergulhado em meus pensamentos, ouço a porta ser aberta e lá está a


minha deusa maravilhosa. Fico por alguns segundos analisando seu corpo nu de

frente ao meu, ainda com as portas de vidro nos separando.

Ela se aproxima delicadamente e entra, se juntando a mim, reclamando um

pouco por conta da temperatura da água.

Aproximo seu corpo do meu, a beijando, enquanto ela retribui com doçura,

perpassando seus dedos em meus cabelos molhados.

Deslizo as mãos pelo seu corpo, desenhando suas curvas perfeitas. Aperta

meu quadril com sua mão livre, me fazendo gemer baixinho em sua boca e então

nos entreolhamos sem falar absolutamente nada.

Cecília se abaixa e percorre todo meu abdômen, indo de encontro ao meu

membro rígido, fazendo um movimento de vai e vem com uma das mãos
enquanto com a outra massageia minhas bolas. Em seguida direciona o membro

à sua boca, me chupando todo. Sua saliva quente mistura com a água fria, que
percorre nossos corpos, tornando o prazer no oral seja ainda mais intenso.

Pego em seus cabelos ajudando com o movimento e Cecília interrompe o


ato.
— Ou você me deixa fazer isso sozinha, ou paro agora. Eu mando e você
obedece, senhor Amir — diz autoritária e sexy.

Sei que é Lady que está no comando, o que não me incomoda, afinal,
quero tudo com ela.

— Tudo bem, Lady, é você quem manda — digo a vendo sorrir.

Abocanhando meu pau, ela o engole até o limite máximo, me permitindo

sentir o aperto de sua garganta, não facilitando em nada meu controle em não

gozar.

— Cici, assim vou gozar dentro da sua boca — digo ofegante, me


apoiando na parede, deixando um gemido estrangulado escapar.

— Goze. — É a única palavra dita por ela, ainda com meu pau em sua

boca.

Seguindo com os movimentos de vai e vem, ela introduz completamente

meu pau até sua garganta, estrangulando a glande por vezes seguidas. Sem
conseguir aguentar o tesão, gozo em sua boca, urrando de prazer, vendo o

líquido viscoso escorrer pela sua boca e percorrer seu pescoço.

Essa visão me dá ainda mais tesão e tenho certeza que preciso ter essa
mulher para o resto da minha vida e torná-la minha esposa.

Me ajoelho de frente a Cecília, limpando todo o líquido que ela me fez


emanar, a beijando com carinho e tomando seu corpo.

Percorro minhas mãos em seus cabelos, que deslizam entre meus dedos e

acaricio todo seu corpo, apalpando para sentir a textura da sua pele que transmite
calor.

Deslizando uma das minhas mãos livres até sua intimidade, acaricio seu

clitóris, a fazendo gemer baixo contra meus lábios, em resposta ela mordisca

meu lábio inferior e gemo.

Enfio dois dedos em sua boceta completamente encharcada e os

movimentos delicadamente.

Arqueando o corpo, ela trava minha mão, e o entra e sai dos meus dedos a

faz gemer e pedir por mais.

Cecília se apoia em seus pés, encosta o corpo contra a parede e implora par

que a penetre.

Gentilmente continuo massageando seu clitóris, me sentando dentro do


box, sem me importar com absolutamente nada a não ser o encaixe do seu corpo

no meu.

Cavalgando, ela geme e rebola intensamente. Sinto sua boceta apertar meu
pau, indicando que está prestes a gozar.
— Goza bem gostoso para mim, minha deusa.

Sem demora ela goza, gemendo alto e gritando meu nome ao mesmo

tempo que arranha minhas costas de alto a baixo, o que me faz gemer junto com
ela.

É uma sensação indescritível, um prazer que eu jamais havia

experimentado e que mulher alguma havia me feito sentir.

Ofegantes, ainda embaixo do chuveiro gelado, ficamos ali por alguns

minutos, sentindo o corpo relaxar depois do tesão que acabamos de extravasar.

— Acho que precisamos sair dessa água, as minhas mãos estão ficando
enrugadas — sugere sorrindo lindamente.

— Concordo com você. Precisamos tomar café agora, pois estou faminto

de comida, já que de prazer, acabei de matar um pouco da minha vontade.

— Então quer dizer que você ainda pretende me deixar te dar mais prazer?

— Com toda certeza pretendo sentir mais prazer com você, todos os dias

se for possível e pelo resto das nossas vidas — digo, a vendo sorrir com brilho
nos olhos.

— Mas para isso teria que me casar com você, e não temos mais um
acordo nem uma obrigação — diz com ar de deboche.
Levanto e então a ajudo se levantar.

— Então você casa comigo e resolvemos esse problema. Ficarei feliz e

você satisfeita. O prazer será o mínimo que eu irei lhe oferecer e o máximo será
uma vida inteira de devoção e entrega. Você será a minha rainha e a única

mulher a quem irei dedicar todo meu tempo, amor, respeito e tesão — digo a

deixando sem palavras.

Puxo minha deusa para um beijo suave, que ela retribui generosamente.

Por fim, pego o roupão, cobrindo seu corpo enquanto enrolo o meu na
toalha.

Saímos do banheiro para o estúdio, onde nossas roupas estão jogadas por

toda parte. Rapidamente visto minha calça e camisa, em seguida calço meus

sapatos, a vendo se vestir lindamente em um strip invertido, em que ela está

vestindo cada peça sexy que ela usou na noite anterior.

Me recordo perfeitamente de todo ato que fizemos em frente às câmeras,

como a fiz gozar com um fisting vaginal, a levando à loucura.

Depois que nos recuperamos um pouco, passamos horas transando como


se não houvesse limites, até que nossos corpos não aguentaram mais.

Estendendo a mão para mim, ela sorri, me convidando a sair do estúdio.


Aceitando sua condição, pego sua mão e seguimos para seu quarto, onde ela se
troca.

Ela coloca um vestido fresco de tom bege, se perfuma, passa um batom


levemente rosado enquanto fico admirando cada detalhe dessa mulher incrível.

— Ei, psiu, fecha a boca. Está caindo a baba — diz brincalhona me tirando

dos meus pensamentos.

Sorrio.

Mal sabe o quanto estou encantado e como preciso a ter ao meu lado.

— Impossível estar em frente a uma mulher como você e não se render

completamente. Peço desculpas, mas ainda não me acostumei com tamanha

imponência de mulher que você é.

— Khalil, já falamos sobre isso, preciso que pare de me elogiar em

excesso, não consigo ficar confortável. Olha como estou vermelha!

Cecília se encara tímida no espelho, me aproximo, a pego por trás e beijo

seus cabelos molhados, que agora exalam uma fragrância floral deliciosa.

— Dessa forma não fica fácil, pois além de incrivelmente bonita, você é

extremamente cheirosa. Isso está me deixando louco, Cecília, não tem ideia de
como.
— Desculpa, mas infelizmente são fatos que não posso mudar, amo andar
perfumada, acostume-se com isso. Agora vamos descer e comer algo, até eu

estou faminta.

Saímos do quarto de Cecília ouvindo um burburinho e acreditando que

sejam as crianças brincando pela casa, seguimos em direção à escada.

Do alto da escada é possível entender o motivo de tanto barulho, Augusto

Oliveira, meu sócio e ex-namorado de Cici, está lá.

Pelo constrangimento no restaurante sei que eles não são amigos, então por

que ele está aqui pelo segundo dia seguido?

— O que você faz na minha casa, Augusto?

Sou trazido dos meus pensamentos com Cecília falando no mesmo tom

que falou comigo no dia do nosso encontro desastroso.

Ela está brava com certeza.

— Cici, queria falar com você, é muito importante — responde firme.

Ela me conduz escada abaixo, segurando minha mão, como se dependesse


desse apoio para se manter de pé. Por fim, chegamos na sala, onde estão todos

em silêncio agora, aguardando a decisão dela.

— Pode falar o que tem a dizer, aqui ninguém é estranho, e não escondo
nada da minha família, não mais — diz rancorosa.

Eu já a vi assim e sei que ela está muito perto de dar um grito.

— Cecília, preciso ser franco com você, tem sido difícil demais me manter

longe...

Ela o interrompe.

— Nem precisa acabar seu discurso de merda. Você é doentio e novamente

está fazendo esse jogo. Nunca vai aprender? — pergunta com tristeza na voz.

— É diferente agora, mudei de verdade, amadureci e vejo que preciso de


você.

Ela o encara com escárnio.

— Você acha que sou a mesma pessoa que destruiu em pedacinhos com

suas humilhações? Ah, Augusto, como você é nojento!

— Cici, por favor...

— NÃO FALE MEU NOME, SEU NOJENTO. SÓ EU SEI O QUE ME

FAZIA PASSAR, E NÃO ESTOU DISPOSTA A VIVER COMO ANTES,


ENTÃO SAIA DA MINHA CASA, POIS NÃO TENHO NADA MAIS A

FALAR COM VOCÊ — grita descarregando sua raiva nas palavras, com
lágrimas nos olhos.
Ninguém se manifesta e todos olhamos atentos a qualquer movimento.

Guto se aproxima de Cici e a puxo para mais perto.

— Augusto, acho que é melhor você ir por bem, Cecília já deixou claro

que não é bem-vindo, e outra, respeite esta casa, só há mulheres aqui. Você ao

menos foi convidado a estar aqui hoje? — digo e ele me encara.

Sinto Cecília trêmula em meus braços, encarando com fúria seu ex-

namorado.

— Khalil, sou o homem da vida dela...

Feito uma leoa, Cici grita com Guto o interrompendo.

— VOCÊ É UM LIXO! UM HOMEM DE VERDADE NÃO FAZ O QUE

VOCÊ ME FEZ PASSAR.

— Mas... — Tenta argumentar e ela não permite.

— EU NÃO SOU AQUELA MENINA MAIS, AUGUSTO. POR ANOS


FUI SEU CAPACHO, UMA BONECA INFLÁVEL COMO VOCÊ GOSTAVA

DE DIZER, A CG! CICIGORDA! NÃO ERA ESSE APELIDO NOJENTO


QUE VOCÊ USAVA QUANDO SE REFERIA A MIM AOS SEUS AMIGOS?

Ele esboça reação, mas Cecília e implacável em suas palavras.

— TE DIGO AGORA... A CG VIROU CICI GOSTOSA, PORQUE


SIM! EU SOU GOSTOSA DEMAIS PARA ME SUJEITAR A UM MONTE DE

LIXO COMO VOCÊ.

— Cici, me deixa falar.

— NÃO, A CASA É MINHA E QUEM FALA AQUI NESSA PORRA

SOU EU. VOCÊ ESTÁ PROIBIDO DE PISAR NESSA CASA NOVAMENTE,

VOCÊ NUNCA MAIS VAI ME FAZER SOFRER. FUI A CECÍLIA

SUBMISSA POR ANOS, HUMILHADA E MALTRATADA POR VOCÊ E


QUEM TE CERCA. ME SENTIA SUJA, NOJENTA, REPUGNANTE. LEVEI

ANOS PARA ENTENDER QUE SOU INCRÍVEL E QUE HOMEM DE

VERDADE NÃO NOS FAZ SE SENTIR MAL, MAS NOS MOSTRA O

QUANTO SOMOS AMADAS. NÃO MEREÇO PASSAR POR NADA DO

QUE PASSEI COM VOCÊ.

— Guto, vai embora, por favor! — Flora se aproxima dele, na tentativa de

fazê-lo sair, mas Cecília a impede.

— Amiga, ele precisa ouvir e preciso falar — diz exausta com lágrimas

escorrendo em seu rosto.

— Minha deusa, deixe-o ir, você não merece passar por esse estresse com

alguém que não vale a pena — digo de forma gentil.

— Eu sei disso e por saber preciso pôr para fora. Augusto, por anos você
massacrou meus sentimentos, maltratou meu corpo por vezes seguidas, e ainda

assim fui fiel. Nunca tive coragem de te denunciar, ou de revidar suas ações

violentas. Deixava tudo acontecer por medo de nunca ser amada ou desejada por

outro homem.

“Você colocou essa ideia em minha cabeça por anos, me deixando ficar

doente com isso.

“A verdade é que não me achava boa o suficiente nem para comprar pão,
pois imaginava que seria julgada por ser gorda e ainda assim querer comer mais.

“Tem ideia da grande merda que foi minha vida ao seu lado?

“Hoje, posso dizer a você seu, LIXO HUMANO, eu venci!

“Hoje, sou o que sou por mérito exclusivo meu. Mas uma coisa preciso

admitir, você me ajudou com uma única coisa, que foi me fazendo o favor de me

deixar.

“Lembra com foi que você me deixou, né?”

— Eu lembro, mas não foi minha intenção te machucar tanto — diz


envergonhado.

— Faz-me rir! Me oferecer aos seus amigos e depois me largar suja,


sangrando, na sala da nossa casa não foi sua intenção? VOCÊ É UM

MONSTRO NOJENTO, ASQUEROSO E TENHO NOJO DA SUA


EXISTÊNCIA. ESPERO SINCERAMENTE QUE VOCÊ NUNCA MAIS
VOLTE AQUI, OU EU SEREI CAPAZ DE TE DENUNCIAR POR

ESTUPRO!! TENHO A GRAVAÇÃO E VOCÊ SABE DISSO. NÃO

HESITAREI EM APRESENTAR TUDO O QUE PUDER A POLÍCIA, PARA


ME CERTIFICAR QUE VOCÊ FIQUE PRESO E VIRE MULHER NA

CADEIA, SENDO VIOLENTADO DIARIAMENTE COMO FEZ COMIGO

VÁRIAS VEZES. SAIAAAAAAA DA MINHA CASA AGORA, SEU BICHO!

Todos ficam alarmados com a declaração de Cici, e a puxo para mim em


um abraço bem apertado, vendo como ela desaba em lágrimas.

— Por favor, Augusto, saia daqui e não volte mais, ouvimos tudo em

silêncio, pois Cecília estava há anos precisando te dizer essas boas verdades que

a fez passar, mas agora chega de encher a porra do saco, e pare de se fazer de

vítima toda vez que ela encontra alguém que a ame e queira cuidar dela, pois

você não é capaz de cuidar nem de um rato. Dito isso, saia daqui agora — uma

morena de cabelos longos diz e penso que deva ser uma amiga de Cici.

— Josh, acompanhe o Augusto até a saída e certifique-se de que os


seguranças não permitam a entrada dele na propriedade da família Avelar nunca

mais — digo com firmeza.

— Mas quem é você, Khalil, para dar essas ordens?!

— Sou o futuro marido dela, e não permitirei que você ou ninguém a faça
chorar novamente, então saia daqui agora, por favor!

Tento controlar toda a raiva que estou sentindo por ouvir o que se passou

aqui hoje. Apesar de ser um cafajeste, sou incapaz de fazer uma mulher chorar
ou sofrer tudo o que Cecília passou.

E se punissem como em meu país, com execução, ficaria muito satisfeito,

mas aqui os costumes são outros.

— Obrigada, Khalil, mas apesar de sermos mulheres, sabemos bem nos

defender. Sou advogada, então sei bem como pôr esse imbecil no lugar dele — a

morena diz friamente e volta a encarar Augusto. — Quanto a você, nunca mais

cruze o caminho da minha casa, nem tão pouco ouse se aproximar da Cecília,
pois farei da sua vida um inferno pior do que você fez minha irmã passar. Pode

sair, o caminho você já sabe! — diz ríspida enxotando o homem, como quem faz

com um inseto que incomoda.

Fico feliz em saber que elas se protegem.

— Chris, obrigada! — Por fim, Cici se manifesta enxugando as lágrimas

grossas que escorrem em seu rosto. — Eu... Eu estava exausta, mas me


desculpem por presenciarem isso. Precisava falar, pois estava doendo ainda, e

acredito que agora vou finalmente superar tudo o que aconteceu.

— Amiga, não precisa agradecer, você sabe que sempre iremos te proteger
e cuidar de você. — Chris diz e entendo de onde Cecília tirou tanta força para

guardar esses sentimentos e ainda seguir dando a volta por cima na vida.

A rede de apoio dela é incrível, são quatro mulheres que se ajudam e se


apoiam, e isso realmente é muito importante quando se viveu relações tóxicas.

As meninas acolhem minha deusa, e fico de fora, observando esse

carinho em grupo que elas transmitem.

Josh se aproxima e sussurra:

— Senhor, tomei a iniciativa de ligar para seu advogado solicitando a

dissolução da sociedade com Augusto e ordenei que fossem pago todos os


direitos, para afastá-lo do seu negócio.

— Fez bem, Josh, obrigado. Me mantenha informado de qualquer outro

inconveniente. Além disso, deu ordem aos seguranças para que nunca mais

permitam a entrada desse crápula aqui?

— Sim, senhor, conforme seu pedido.

Meneio a cabeça em agradecimento.

Josh é meu melhor funcionário e ele desempenha tudo muito bem, tendo

carta branca sempre para agir em meu nome quando algo parecer ser prejudicial
à minha imagem ou das minhas empresas, além de ser meu segurança particular.
— Certo, em breve iremos embora. Tentarei levar Cecília hoje comigo,
assim ela muda um pouco os ares e quem sabe se diverte um pouco conhecendo

nosso país.

Com um menear de cabeça, Josh concorda e se afasta.

Sento em uma das poltronas livres e aguardo que as meninas terminem

seus cuidados a minha futura esposa, pois ela merece esse carinho após todo esse

ocorrido.
Muitas coisas aconteceram desde que Augusto foi embora.

Primeiro, apaguei por quarenta e oito horas depois de ter tomado um


calmante e se não bastasse, novamente briguei com Khalil.

Mesmo não nos conhecendo bem ainda, vivemos em uma constante

montanha-russa, o que se mostra exaustivo.

Nossa convivência nunca é completamente em paz.

Encarando o teto, relembro as palavras de Khalil.

— Cici, quero te pedir algo — diz de forma bem gentil.

— Diga, e se eu puder, atenderei com toda certeza — digo sendo sincera


em minhas palavras, mas logo em seguida vêm a surpresa.

— Vamos comigo hoje para casa, tenho certeza que você precisa de

espaço e ficar longe um tempo pode ajudar.

— Para casa? De quem? A sua? — pergunta atônita.

— Sim, não acha uma boa ideia? Assim poderia dar um tempo desse
vendaval e conheceria logo minha família. Poderíamos até marcar a data do

nosso casamento, e organizar tudo como você desejar, além de curtir um


momento só nosso.
— Khalil, não sei você, mas quando estou triste quero ficar com minha
família e receber todo o apoio dela, então me isolar do outro lado do hemisfério,

não acredito que seja uma boa ideia para mim, neste momento — digo com

calma, tentando fazê-lo entender.

— Cecília, temos um acordo e a minha parte eu cumpri…

O interrompo.

— Não temos absolutamente nada, falei que devolveria seu dinheiro na

mesma noite que te conheci, não se faça de louco — digo brava.

— Lógico que temos e gostaria muito que você fizesse a sua parte. Seria
perfeito se fossemos hoje, mais precisamente daqui duas horas.

As palavras rudes com tom manso, me dão uma imensa vontade de socar a

cara dele. Esse comportamento autoritário me irrita, pois era exatamente com

essa calma velada que Augusto me tratava.

— Eu não vou a lugar algum e você já pode ir embora, não precisa me


esperar, pois não iremos nos casar! — Dou um ultimato e vejo quando ele fica

bravo.

Seus olhos ficam vidrados, como se estivesse prestes a fazer algo.


Contudo, ele respira profundamente e usa seu melhor desempenho.

— Cecília, não tenho muito tempo a perder, te arrematei no seu leilão,


paguei à vista, então preciso que seja justa comigo e faça o combinado ou…

Furiosa, o corto.

— Ou o que? Você pretende me sequestrar e me levar a força para o seu

país?

— Claro que não, contudo, você não está me dando muitas opções, não é?

— Ouse e veremos com quantos paus se faz uma canoa. Para me levar a

força você vai precisar de dois paus no meio dessas pernas, meu bem, e não

pense que sou frágil ou ingênua, pois não sou. Além disso, você deve saber que

leilão de pessoas é ilegal, e deve pegar muito mal para uma pessoa pública,
como você, ser associado a algo assim. Ainda que o valor pago tenha sido para

minha empresa, até que seja provado, sua vida estará arruinada. Ainda quer

tentar me levar a força?

— Cecília, não me desafie, pois sou um bom jogador e não perco nada,

tão pouco uma mulher que desejo ter.

— Khalil Al, sei lá o que, se você acha mesmo que sou tão fácil assim,

faça sua jogada e veremos. Não é porque defendeu minha família e a mim na
frente de um monte de bosta que era seu sócio, que isso te dá o direito de optar

pelo que eu deva ou não fazer, pois acredite, eu sou livre há anos e não me
prenderei a uma pessoa que nem ao menos sei quem é.
— Isso é fácil de resolver. Para de dificultar, muita coisa está em jogo
para mim e você aqui fazendo pirraça!

O encaro bem séria.

— Eu já disse que não vai me levar para sua casa, e não estou fazendo

pirraça. Só quero uma relação sólida, com respeito, coisa que está em falta por

todo lugar pelo visto. As pessoas do seu país esqueceram desses princípios

básicos em um relacionamento?

Ele apenas me encara, sem nada dizer, e parece concordar com as minhas

palavras.

— Qual a dificuldade das pessoas em criar uma relação para depois ver

se dará mesmo certo?

— A questão aqui, Cecília, é que ao te comprar assumi um compromisso

por seis meses e estou requerendo apenas isso, que você cumpra sua parte nesse

acordo e nada mais.

— Agora, por que fui comprada pelo Sheik, sou obrigada a cumprir o que

você manda? Me poupe! O senhor deseja que o reverencie também?


Sinceramente não tenho mais nada a falar com você, vá embora da minha casa,

ou melhor, da minha vida! Darei um jeito de fazer voltar para o seu poder o
“investimento” que fez em mim, afinal de contas, não preciso do seu dinheiro
para nada, sou perfeitamente capaz de conquistar o meu sem sua ajuda.

— Então será assim? Você vai dar as cartas e terei que aceitar?

— Sim! Isso é tudo, pode ir!

Khalil me olha de cima a baixo, meneia a cabeça e sai sem nada dizer.

Ao abrir a porta, viro e o chamo.

— Khalil, muito obrigada por cuidar de mim, mas posso fazer isso

sozinha.

— Eu gostaria de poder fazer isso por você, mas entendo seu receio, e

espero que se permita um dia conhecer alguém que de verdade demonstre

interesse por você — finaliza e sai porta afora.

Desde então, não o vi mais, e mesmo passado um mês desde nosso último

encontro, não conseguia tirá-lo da minha cabeça.

Soube pelas redes sociais que ele tinha uma nova pretendente, Hanna, e
provavelmente deva se casar em breve.

Segundo os tabloides ele já havia dispensado duas mulheres


anteriormente, por não se enquadrar nos padrões que desejava, mas devido a sua

influência, a mídia estava em cima para que ocorresse logo o casamento, pois
seria o acontecimento do ano, ter o Sheik mais jovem se casando.
Retomo com meus compromissos e minhas lives, e ao responder alguns e-
mails, me deparo com um em especial na caixa de spam que não costumo olhar,

mas que hoje abri para limpar e lá estava o nome dele, AUGUSTO OLIVEIRA.

Me recordo que Flora programou tudo referente a ele para ser

encaminhado para lá. Clico e vejo um texto enorme, com um pedido de

desculpas e muito blá blá blá, dizendo que se arrepende e que precisa que eu o

perdoe, pois a vida dele só piorou depois do último ocorrido. Além disso, me

pede para se possível o encontrar no restaurante Morais, qualquer dia da semana.

Mas espera...

Ele não era sócio de Khalil?

Por que então estaria no concorrente em dias de trabalho?

— Flora! — chamo e aguardo a minha ruivinha aparecer.

— Diga, Cici, me chamou?

— Sim amiga, você já conseguiu organizar tudo para essa semana de

trabalho? Têm alguma hora vaga na sua agenda?

— Tenho três dias livres, por quê? Aonde quer ir?

— Ao Morais, preciso resolver uma pendência que deixei lá, você me


acompanha?
— Claro, amo a comida deles, quer ir agora?

As crianças têm aula de natação depois da escola, e não chegam antes das

quatro da tarde, então dá tempo de almoçarmos e aproveitar a sobremesa deles


que é divina.

Fico irritada por omitir os fatos para Flora, mas receio que ela não aceite ir

se eu disser que o Augusto estará lá e que ele é a pendência que preciso acertar.

— Certo, vamos lá então.

— Claro, só vou buscar minha bolsa e mudar essa roupa de ficar em casa,

pois ninguém merece chegar com blusa furada em um restaurante. Já volto!

Passo a mão na chave do carro em cima da mesa, pego meu celular e

minha bolsa, e sigo até a porta.

Digito uma mensagem para Augusto, e saio em direção ao carro, ligando o

som enquanto aguardo minha amiga se arrumar.

No tempo em que fico sentada no banco do motorista, penso em Khalil e

em como fui grossa com ele.

Não sei se devo ligar, ou quem sabe, ir até ele, talvez.

Eu deveria ter um manual de instruções porque às vezes nem mesmo eu sei


o que fazer com todas as dúvidas que tenho dentro de mim. Só que uma das
coisas que sentia com Khalil, era a de que ele parecia disposto a fazer o que
fosse por mim, mas como nunca mais falou comigo, devo ter me enganado.

— Fala aí, delícia. Está viajando em qual planeta?

— Meu Deus, que susto, amiga... Estava viajando nessa música fossa aí

que está tocando.

— Vamos mudar isso então! — Flora conecta seu celular ao carro e

começa a tocar uma música animada que não faço ideia de quem esteja

cantando, mas é bom pois assim não fico pensando bobagem.

Depois de exatos trinta dias estou retornando ao Brasil e espero que dessa
vez consiga persuadir minha ex-futura noiva.

Pedi que Josh ligasse para Flora, já que eles se tornaram amigos, e ela nos
avisou que estariam almoçando em um restaurante concorrente ao meu.
Minha intenção é fazer uma surpresa para Cecília.

Horas passam desde que deixamos o hangar e quando chegamos ao

Morais, avisto na área externa duas mulheres, uma ruiva e outra loira, que
identifico ser Flora e Cecília.

Josh estaciona um pouco depois da entrada do restaurante e noto que

Augusto está se sentando à mesa com as meninas.

— Josh, vamos aguardar aqui, pois não quero ser inconveniente — digo

furioso, já que acredito que Cecília nem deveria estar falando com esse cara, mas

lá está ela, sorridente.

Fico dentro do carro, pois assim posso observar toda a movimentação, já

que estamos protegidos pelo vidro fumê.

— Senhor, quer que faça alguma coisa ou só aguardamos aqui?

— Aguardaremos por enquanto, mas caso algo fuja do controle, tomamos

alguma providência. Augusto até agora foi pacífico demais e provavelmente


nossa presença inibiu qualquer ato dele — concluo e Josh assente.

Confesso que me surpreendeu ver essa cena, e estou sentindo ciúmes desse

maldito brasileiro, mas sei que ele não vale meu tempo.

Alguns minutos passam e me distraio respondendo alguns e-mails, até que

uma movimentação começa e o falatório fica alto demais.


Fixando meu olhar no restaurante, vejo Augusto forçando um abraço em
Cecília, que resiste ao contato e Flora que tenta segurar o babaca, acaba por ser

empurrada

Josh e eu saímos do carro rapidamente para socorrer as garotas, que agora

gritam com Augusto, e quando as alcançamos, a confusão está armada.

Será possível que essa mulher só atrai confusão?

— LARGUE A MINHA NOIVA AGORA!! — grito assustando a todos por


perto.

— Ela não é nada sua, e se fosse não estaria aqui se oferecendo para mim

como sempre fez. Khalil, ela é uma mulher vulgar — diz com escárnio. — A
verdade é que meus amigos sempre tiveram razão, deveria mesmo ter dado um

pé nela há muito mais tempo.

— Para de ser ridículo, Augusto! Você me mandou um e-mail todo

sentido, ou pelo menos era o que parecia, mas como sempre fui ingênua em
acreditar em você, seu idiota! — diz, dando socos no peito de Augusto, mas logo

é contida com dificuldade por Flora e Josh.

— Sabe o que é pior, Khalil? — diz o petulante miserável. — Depois que

ela saiu da minha vida, pude me profissionalizar e me tornar um excelente chef


de cozinha. Cecília sempre foi um peso para mim em todos os sentidos, se é que
me entende — diz a fitando.
Sem ao menos esperar mais um segundo sequer, miro um soco na cara de
Augusto, o fazendo cambalear e bater nas mesas ao lado. Furioso ele vem em

minha direção, mas é contido por Josh com uma única mão agarrada em seu

pescoço, o derrubando no chão ao mesmo tempo que o imobiliza.

— O que está acontecendo aqui Augusto? — um homem surge,

perguntando assustado.

— Senhor, devo chamar a polícia local? Ou podemos ir embora e deixar


esse homem aqui?

— Chame a polícia, que ela resolverá o caso de difamação, calúnia e

perturbação, afinal de contas estamos em um estabelecimento comercial que


claramente está sendo prejudicado com esse espetáculo — digo rapidamente e

me viro para o senhor que agora nos observa com os olhos arregalados. —

Senhor, minhas mais sinceras desculpas — digo indo ao encontro do homem e

estendendo a mão.

— Olha, desculpas não adiantam nada, não! Quem vai consertar

essa bagunça? — o homem diz exasperado. — Augusto, vai ter que pagar por
todo esse prejuízo. Você recebe para cozinhar e está arrumando confusão com os

clientes.

Josh segura Augusto, o imobilizando, enquanto fala no telefone com a


polícia.
Vejo as meninas encolhidas no canto e os outros clientes falam
ruidosamente.

— Me chamo Khalil, e vou arcar com os prejuízos, haja visto que


ocasionei, sinto muito pelo inconveniente.

O homem, ainda desconfortável começa a puxar as cadeiras para arrumar.

— Pode liberar o melhor da casa para todos, será por minha conta o dia de

hoje.

O funcionário arregala os olhos, assustado com minha atitude.

— Senhor Kha…

— Khalil — digo completando sua fala.

— Então, senhor Khalil, precisarei avisar ao proprietário, isso pode me

causar mais problemas.

— Não se preocupe, ligue para ele que resolvo tudo.

— O homem um pouco simples entra no restaurante, e em seguida pego as

meninas, as levando até meu carro.

— Vocês estão bem?

— Sim, estamos! Obrigada pela ajuda, vocês chegaram no momento certo


— diz Flora.

— Desculpe por esse acesso de raiva, não costumo ser assim, mas ele foi

longe demais. — Tento me explicar, enquanto Cecília me analisa de cima a


baixo.

— Como você sabia que estávamos aqui?

Flora me encara como quem não quisesse ser descoberta.

— Estava passando, você sabe que meu restaurante é no fim dessa rua. —

Tento parecer convincente.

— Flora, você avisou a ele? — Cecília pergunta sem tirar os olhos dos

meus.

— Okay, okay, culpada! — diz Flora com as mãos para o alto.

— Ah, amiga, eu falei com Josh antes de sairmos, mas nem em sonho imaginei

que ele estava no Brasil, desculpa.

— Sem problemas, amiga!

Nosso contato visual é quebrado pela primeira vez e Cici olha para a
amiga que sorri.

— Você vai ficar bem aqui com Khalil? Acredito que Josh precisa de mim
— diz Flora sorrindo.
— Claro, a polícia está logo ali, em frente ao Morais, qualquer coisa os
chamo.

— Está certo, por favor, não briguem. Chega de barraco por hoje, vamos
para casa, aproveitar o sol da tarde na piscina — sugere Flora sendo gentil.

— Vamos, sim! Te encontro em casa, Khalil vai me levar, não é mesmo?

— Sim, levo, não se preocupe.

Flora beija o rosto de Cecília, em seguida o meu e sai.

Gosto muito do alto-astral dessa garota, ela parece sempre feliz, mesmo
em meio ao caos.

— Toma, você dirige. — São as únicas palavras ditas por Cici.

A chegada de Khali, foi muito inesperada, eu estou feliz por isso, se ele
não chegasse, sabe-se Deus o que teria acontecido, ou qual outro tipo de
humilhação eu teria passado com Augusto.

— Oi meninas, obrigada por virem. Eu vou só atender essa chamada e já

converso com vocês — fala, Augusto, e Flora torce o nariz me encarando.

— Por que caralhos esse filho de uma boa puta está aqui? — sussurra

entre dentes minha amiga.

— Ele mandou um e-mail, e eu vim entender o que ele queria —falo baixo

sem jeito. — Sabe que não sou o tipo de pessoa que deixa nada pela metade,

com isso, vim saber o que ele queria.

— Não podia saber por telefone, ou email? Precisava vir aqui se humilhar
diante dessa vadio? — sussurra, Flora, furiosa.

—Mas Florinha, ele queria conversar pessoalmente. — Justifico.

—E se ele quisesse que você pulasse da ponte você também faria isso?

Porra Cecília! Até quando você vai ficar nesse limbo, essa maltrapilho já te

fodeu o suficiente, você ainda vai dar a ele o direito de dúvida? Sinceramente,
você é a pessoa mais... — Flora interrompe a fala com a chegada de Augusto a

mesa. — Falamos depois.

— Tudo bem, Hanna está tudo conforme combinamos, você não vai se
arrepender. Obrigada pela confiança. —Finalizando a chamada Augusto se

senta de ante de nós. Encaro Flora, que fica sem entender nada. A intenção dele
de me fazer ciúmes falhou, mas o que me deixou curiosa foi o nome da pessoa
com quem ele falava ao telefone, eu já ouvi esse nome antes não me recorda

quando ou onde!

— Cici, eu quero que você saiba, eu nunca te esqueci de verdade eu amo

você e quero tentar ser seu amigo pelo menos, sei lá, a gente deveria se dar essa

chance — falou Augusto, e eu tive a certeza que ele mentia.

— Claro, podemos ser amigos, você na sua e eu na minha, não existe mais
chances de termos vínculo real de amizade próximos como fomos um dia, espero

que entenda e não me perturbe mais com suas mentiras veladas. — Sou fria ao

responder, me levanto e Flora me segue fazendo o mesmo.

Augusto me surpreende tentando me beijar, foi nojento, eu tive vontade de

cuspir na cara dele, a sensação foi horrível, me remeteu a tudo que já havia

vivido ao lado dele, queria apenas fugir.

Khalil foi minha salvação, não sei o que poderia acontecer dessa situação
se ele não chegasse.
Após sairmos do restaurante Morais, entrego minhas chaves para Khalil e

ele conduz o carro.

O percurso é silencioso, estou mergulhada em pensamentos, repassando na

memória os fatos ocorrido minutos atrás, até que ele inicia uma conversa.

— Então como foi esse último mês? — pergunta sem descolar os olhos da
estrada.

— Isso é tudo o que você tem a me perguntar? — rebato curiosa e um

tanto irritada.

— É porque, na verdade, não sei bem o que falar com você. Sei que está

chateada comigo, mas primeiro quero saber um pouco sobre você e o que está

pensando em relação a mim.

— Quando você diz sobre mim... Você quer saber a verdade ou apenas a

parte do glamour e dos holofotes? — Tento descontrair, mesmo que sem sucesso.

— Quero saber tudo sobre você, Cecília. Tudo em você me interessa e

muito — diz e me olha.

Esse é o único momento em que nós nos olhamos desde que entramos no

carro.

— Então está bem, vou te contar como tudo começou...


“Me tornar uma criadora de conteúdo adulto foi como salvar a mim mesma
da ruína.

“Estava totalmente ferrada, pois havia acabado de romper com o traste do


Augusto e só estava pensando em...

“Bem, atentar contra minha vida.

“Foi quase como me transformar em uma super-heroína. Escolhi um novo

nome, vesti uma fantasia, explorei meu poder e aprendi um ou dois movimentos

especiais.”

Faço uma pausa e ele nada fala, apenas continua seguindo rua afora.

— Fazer transmissões me salvou, e com isso pude salvar muitas pessoas

também, pois fui um pouco psicóloga com clientes que queriam apenas

conversar.

“Fui amiga de outros que se sentiam solitários. Fiz relaxar alguns

estressados, ajudei com a depressão aqueles que precisavam, fui linha de ajuda
para outros desesperados e com toda certeza diverti aqueles que estavam no total

tédio.”

À medida que eu ia contando os motivos de me tornar uma mulher que


trabalha com entretenimento adulto, só podia notar que Khalil apenas suspirava.

Ele parece entender minhas escolhas, sem começar a apontar dedos e me


julgar pelo feito.

Percebo que em um determinado momento ele pega o celular, mas não tira

sua atenção completamente da pista ou seu interesse pelo que falava, então
continuo.

— De forma geral, ser uma camgirl é se conectar com as pessoas para

satisfazer os anseios mais profundos dos seres humanos, conhecer e ser

conhecido. Basicamente foi assim que me curei das minhas profundas dores, e
cicatrizei a perda precoce dos meus pais na infância.

“Fui criada em lugar inóspito, até me tonar adulta, e quando pude dar a

minha avó Ellis um teto que não caísse em nossas cabeças, foi uma das minhas
maiores satisfações pessoais.

“Ela foi minha heroína e precisava ser a dela.

“Consegui isso aos dezoito anos e me moldei com a ajuda da Flora, Chris e

Monalisa, que foram meus braços e pernas.

“Muitas das feridas que obtive, consegui curar com o acolhimento dos

espectadores que se tornaram frequentes e quando menos esperei, uma imensa


família virtual se formou.

“Alguns deles são frequentes, em um nível tão grande, que se sentem no

direito de me defender quando algo dá errado, ou alguém me ofende de alguma


forma.

“É incrível perceber o quanto sou respeitada e querida, mesmo sendo

conhecida apenas pela tela de uma câmera.

“Dentro daquela rede, nem tudo é sexo e muitas vezes as pessoas são

gentis, melhores até do que muita gente que consideramos como próximas.

“Sentir que de fato sou uma pessoa normal e capaz de ser o que eu quiser,

bem diferente do que ouvi por anos ao lado do traste, tem sido uma redenção

para mim.”

Finalizo e me dou conta que estamos distantes da minha casa.

Não reclamo ou retruco, e decido aceitar o que está por vir.

— Nossa... Você realmente é admirável, nunca imaginei que havia entrado

para essa profissão para se salvar.

— Você não sabe quase nada sobre mim, Khalil, e tudo que falei é somente
uma pequena parte — digo sendo gentil.

— Acreditei que por alguma razão você poderia ter entrado nessa somente
por conta do dinheiro fácil, mas cada vez que percebo algo novo em você, vejo

quão corajosa é, e isso só me dá mais certeza de que preciso que você esteja ao
meu lado, mesmo que por apenas seis meses conforme o nosso acordo. Então,

por favor, me diz que aceita, e esquecemos tudo o que aconteceu para
começarmos do zero. O que você acha?

— Eu não quero quebrar seu coração, Khalil — digo sincera e o encaro

sorrindo.

— Ou talvez eu quebre o seu, mesmo que sem intenção — dispara com o

cenho franzido.

— Eu não sou tão fácil assim de ser quebrada. Você verá com certeza!

Ele sorri e paramos o carro no estacionamento do hotel, o que não me traz

uma recordação tão boa.

— Chegamos. Me deixa abrir para você — diz desembarcando

rapidamente do carro e indo em direção à minha porta, abrindo com delicadeza e

me estendendo a mão para sair do veículo.

— Muito gentil, obrigada por isso!

— Imagina, você merece toda minha admiração.

— E por que estamos aqui? Não iríamos para minha casa? — pergunto

curiosa.

— Precisava ter você com exclusividade, ao menos alguns minutos, mas

assim que você quiser ir embora, eu te levo.

— Sem problemas, vamos sentar e conversar, penso que merecemos isso,


não é? Afinal de contas, todos nossos encontros terminaram em uma confusão

generalizada e te perdi nesse meio do caminho — digo sem pensar e ele me

encara com doçura.

— Você nunca me perderá. — Incisivo ele conclui: — Podemos ir?

— Claro, vamos!

Passamos o restante da tarde em perfeita harmonia e quis entender melhor

o que Khalil queria de fato comigo, já que por ele ser uma figura muito
influente, não é normal que se envolva com mulheres públicas, afinal de contas

isso traria um certo escândalo para eles.

O que mais me intrigou foi que ele não comentou sobre sua noiva, será que

terminaram?

As notícias diziam que ele se casaria logo.

— Khalil, uma única coisa não está clara para mim — digo e ele vira para
me olhar.

— O que você quer saber?

— E sua noiva? — Tento não demonstrar tanta curiosidade, nem ciúmes


ao perguntar.

— Ela está aqui diante de mim — diz sorrindo lindamente enquanto me

encara.

— Me refiro a Hanna, vi que ela é de família nobre.

— Você estava me stalkeando?

— Não, apenas leio as notícias do mundo, nada demais — digo,

procurando desconversar e sorrio para ele que estende a mão para mim.

— Ela de fato é de uma família influente, uma moça bem gentil, porém se
terei que me casar, será com a mulher que escolhi.

— E você já achou a sua escolhida? — pergunto disfarçando minha

curiosidade.

— Claro que sim, ela é perfeita para mim, e nada mudará minha decisão

— diz com um sorriso maroto.

— Que bom! Fico feliz com isso! — digo ao me levantar, tentando

disfarçar a pontada de ciúmes que me inunda.

Sigo para a sacada que me faz lembrar nosso primeiro encontro.

— Sabe o que eu não entendo, Khalil, por que você me arrematou no leilão
se já tem uma noiva perfeita?
— Porque não irei me casar com ela.

Sorrio de lado com uma ponta de esperança.

— Mas sabe que não sou adequada para você e seus costumes — digo

ainda olhando a vista.

— Sim, e amo isso. Não espero que você se submeta a mim vinte e quatro
horas, mas que seja gentil e boa esposa pelo tempo que estivermos juntos. —

Suas palavras parecem sinceras.

Viro notando que ele está perigosamente próximo a mim, como em nossa

primeira vez e sorrio com a lembrança quando ele toca meu rosto.

— Você quer mesmo que ferre com seu psicológico e com seu coração?

Porque tenho esse defeito, estrago tudo que me cerca.

— Nunca mais diga isso! — Me silencia com o dedo, tocando meus lábios.

— Você é incrível e o que se quebrou no processo de construção das suas

relações anteriores não têm a ver com você, mas com as pessoas que não
souberam aproveitar o que de bom você ofereceu.

Sorrio com sua fala, ele se aproxima mais e apoio minha mão em seu

peito, sentindo seu coração bater acelerado, então viro de costas, evitando seu
beijo.

Ele empurra meus cabelos para o lado e beija meu pescoço, causando
arrepio na minha pele.

Sentindo meu coração descompassar as batidas, Khalil faz uma trilha de

beijos até minha bochecha e gentilmente me vira.

Sem resistir, dessa vez permito que me beije, e gemo quando sua língua

chicoteia a minha, num compasso já conhecido.

Nossos corpos respondem aos impulsos de tesão palpáveis a nossa volta e

Khalil me conduz com cuidado até a poltrona próxima a nós, sentando e me

posicionando sobre seu corpo, me fazendo sentir sua ereção.

Sorrindo, o encaro de lado.

— Já disse o quanto você fica linda sorrindo?

— Não! — Sorrio largamente.

— Fica ainda mais linda quando sorri assim.

— Já disse que você me deixa sem jeito?

— Sim, disse! — Sorri maroto.

— E ainda assim você insiste em fazer isso.

— Sim, gosto de ver o rubor em seu rosto, você fica maravilhosa.

O calor que sinto no meio das minhas pernas é como brasa na pele.
Me aproximo de seu rosto, beijo a ponta de seu nariz e noto quando ele
faz um beicinho, me fazendo rir.

— Você é cruel, não me deixe com vontade. Esses últimos trinta dias
foram um verdadeiro inferno, e não ver, ouvir ou sentir você, foi minha ruína.

Estou viciado em você — diz seriamente.

— Então faça acontecer que eu prometo fazer valer a pena — concluo o

beijando.

O beijo é voraz, ansioso e profundo. Suas mãos percorrem meu corpo e ele

desata o nó da minha blusa, fazendo o tecido deslizar em meio aos nossos

corpos.

— Parece que seus seios gostam de mim, pois eles estão felizes em me ver

— diz sorrindo brincalhão.

O senso de humor de Khalil está sempre em meio as nossas conversas.

— Sim, os gêmeos sentiram sua falta.

— Só eles, ou você também sentiu minha falta e do meu grande menino?

— Não tenho nada a declarar, me chupa e cala a boca — digo, puxando

sua cabeça e aproximando meus seios da sua boca.

Imediatamente ele possui um dos meus seios enquanto massageia o outro,


tornando esse momento uma deliciosa tortura.

Na troca entre eles, continua com chupadas e mordiscadas, deixando ainda

mais excitante o clima.

Quando seu pau toca minha intimidade por cima da calcinha, fazendo com

que eu me movimente sobre ele, sinto sua rigidez quente, e deslizo minha mão

até o cós da sua calça.

Abro o botão com ânsia de tocar seu pau, interrompo a deliciosa tortura em

meus seios, aproveitando dessa oportunidade para arrastá-lo até o sofá.

— Vem aqui, ficaremos mais confortáveis — digo e ele me segue.

Reúno toda ousadia que uso em minhas lives e faço com ele o que sempre

quis fazer.

Tiro seus sapatos, calça e camisa, sem que ele se oponha.

— Com isso você pretende me seduzir, senhorita?

— Pretendo usar seu corpo para o meu bel prazer.

Sinto a adrenalina vibrar por todo meu corpo e tiro minha saia, sentando
sobre ele que me encara curioso por não ter tirado a calcinha ainda.

Passando a mão pela peça, ele faz exatamente o que eu precisava que
fizesse, rasga a peça pequena e delicada. Ao ver a lingerie em pedaços, faço um
charme fingindo estar chateada.

— Essa era a minha favorita. — Bato os cílios e ele sorri.

— Te darei uma coleção inteira se preciso for, agora senta com vontade

que minha pica precisa de você, gostosa.

— Seu desejo é uma ordem, senhor Amir.

Ele pega uma embalagem do bolso da calça que estava no chão e me

entrega. Abrindo com a boca, encaixo no seu pau em riste, que aguarda minha

sentada.

Contraindo até o limite e voltando, sento com vontade e ouço quando ele

geme, apertando minha bunda.

Subo e desço, rebolando no seu pau, em um movimento contínuo, o

torturando cada vez mais com a contração da cabeça do seu membro.

Descendo bem apertado, com a umidade da minha boceta, facilitando


ainda mais meus movimentos.

Enquanto acaricia meus seios, mantendo os mamilos ainda mais rígido,


urra com tesão.

Seu pau grosso pulsa dentro de mim deliciosamente, enquanto apoio


minha mão no encosto do sofá, me deitando sobre seu corpo.
Sem parar os movimentos de sobe e desce, beijo sua boca ansiosa e
sedenta, intensificando os movimentos sincronizados até que gozo, sendo

acompanhada por Khalil.

É intenso, frenético e incrível.

Passamos horas curtindo a companhia um do outro, rimos um pouco, conto

a ele sobre meus pais e porque tenho apenas vovó Ellis. Ele aproveita me conta

também sobre seus pais, seus irmãos, sua cultura, de como é um verdadeiro

evento os casamentos por lá, e por fim, sobre suas empresas que atuam no

Brasil, além da expansão que ele está fazendo de seus negócios.

Curtimos exatos cinco dias juntos e estava tudo em sua perfeita harmonia,

até não estar mais.

O telefone toca e Khalil atende apreensivo, respondendo apenas o


necessário.

Observo atenta as respostas, mas assim que ele finaliza a ligação, a bomba

vem.

— Cici, precisamos nos casar em três dias ou terei que me casar com

Hanna, a noiva escolhida pelos meus pais — diz em um só fôlego.


Ele parece abalado com a informação, pois em uma de nossas conversas
falei que não queria me casar e ter que ir para Abu Dhabi, tão pouco mudar meus

costumes, mas ouvir a notícia me deixou abalada e com uma única certeza, se

não me casasse com ele, o perderia de verdade.

— Que merda! — Deixo escapar as palavras e me levanto indo em direção

ao quarto onde passamos os dias mais incríveis em muito tempo.

— Ei, volte aqui, estamos conversando ainda.

O deixo falando sozinho e me jogo na cama, cobrindo a cabeça como fazia

na época em que tinha medo de perder meu único suporte.

Estou com medo, e isso é ruim, pois me envolvi, entreguei meu corpo e

minha alma para um quase completo desconhecido, que conheço apenas pelas

poucas coisas que me disse.

— Loira, o que está acontecendo?

— Nada!

Sinto o peso do corpo dele ao lado do meu, o que faz meu coração disparar
com a ansiedade por não saber nada do que o futuro reserva. Além disso, nem

sei se quero realmente ter algum ao seu lado, pois os costumes dele é algo muito
assustador.

Sei que ainda não assinamos o contrato, mas estamos nesse


relacionamento estranho por conta dele e sei também que estou enrolando
para cumprir minha parte, até porque ainda nem devolvi o valor pago. E olha que

isso foi uma das coisas que mais joguei na cara dele que faria, como prioridade

número um.

— Loirinha... — diz tirando meus braços de cima da cabeça, empurrando

meus cabelos para o lado, para assim ver meu rosto. — Você vem comigo e tudo

ficará bem, para de ser teimosa.

— Eu não sou teimosa e não vou com você — digo me levantando.

Passo a mão na minha bolsa e celular que estão na poltrona ao lado da

cama, e saio do quarto deixando Khalil sozinho.

Sigo em direção a porta de saída e noto que ele vem de encontro a mim.

— Se você sair por essa porta não pretendo ir atrás de você, sou homem de

uma palavra só e já reconheci meu erro. Me redimi e agora as suas ações irão

implicar em uma decisão ruim para nós. Você sabe que está sendo egoísta e
muito infantil, não é? — Com olhos flamejando de raiva Khalil diz segurando

minha mão. Rapidamente olha o celular ao ouvir uma notificação, abre e corre a
tela e abre uma imagem, me encara ainda mais transtornado.

— Me largue, por favor, está me machucando, como falei antes não quero
machucar seu coração…
Ele me interrompe com escarnio na voz.

— Quem garante que não serei eu a machucar o seu? Pare de agir assim,

seja madura, você é uma mulher agora, dona de si, adulta e que responde pelos
seus atos, não é mesmo? — Desdenhoso finaliza

— Você não sabe de nada e não tem o direito de julgar meus atos, me

deixe ir. Solta minha mão, pois está me machucando.

— Desculpa, não queria te machucar, se está decidida não irei impedi-la,

mas saia por essa porta ciente de que você fez a pior escolha para sua vida, eu

tentei ajudar da melhor forma, você não pensou em mim com a mesma empatia

que teve com outros homens. — Caminha até a porta e abre a segurando,
enquanto me encara.

Congelo no meio da sala até que ele grita.

— VAI, SAIA DAQUÍ! NÃO ERA ISSO QUE VOCÊ QUERIA? ESTÁ

LIVRE AGORA, PODE IR FICAR COM SEU MACHO, JÁ QUE NÃOS OU O


SUFICIENTE PARA VOCÊ.

— Do que você está falando? Ficou louco? — falo atônita. — Pare de


gritar comigo seu imbecil, quem você pensa que é.

— Não estou louco, tenho provas bastante convincentes sobre sua conduta,

depois diz ser muito correta com seus sentimentos e que não quer machucar as
pessoas, isso para você é ser decente? ME FALA PORRA. — Me mostrando a
imagem na tela do seu celular, Khalil bate na porta e grita novamente. — SAIA

DAQUI! VOCÊ É IGUAL A TODAS!

Vejo meu rosto de perfil, mas não sei se sou eu de fato, não estive com

ninguém desse que conheci ele, essa foto com certeza é antiga, ou sei lá uma

montagem mal feita. Lágrimas grossas correm pelo meu rosto.

Saio sem olhar para trás, aciono o botão do elevador que demora uma
infinidade de tempo para dar sinal, e quando chega, entro me apoiando na parede

metálica, o encarando, sentindo uma lágrima escorrer silenciosamente.

Vejo que ele vem em minha direção, mas a porta fecha antes.

De todos os momentos horríveis que passei, esse sem dúvida foi o pior.

Eu só queria ser feliz, mas o medo de me magoar não deixa que isso

aconteça, me fazendo parecer imatura, burra e até infantil, o mundo conspira

contra essa relação, até uma imagem fake fizeram minha com sei lá quem, ele
nem me deu o direito da dúvida, julgou meu caráter, mas eu nunca facilitei para

ele também, a todo momento ele foi muito amoroso e gentil..

Ser aceita tão facilmente não é algo que vejo com bons olhos e

infelizmente sempre julgo as atitudes, sem nem ao menos saber a verdade.

Chego ao subsolo, entro no meu carro e saio em disparada pelas ruas afora
percorrendo por algum tempo, até parar no píer onde considero ser um refúgio.

Fico por horas sentada, observando a água se mover e as pessoas passarem

de barco ao longe.

“ATÉ QUANDO, CECÍLIA... ATÉ QUANDO VOCÊ VAI FUGIR DE

QUEM TE QUER BEM, DE NOVAS RELAÇÕES E DO AMOR QUE PODE

ESTAR SEMPRE BATENDO NA SUA PORTA E VOCÊ CHUTA SEM

PIEDADE?”, meu subconsciente grita comigo e choro, com uma dor sem
medidas, por lembrar o quanto foi difícil chegar até aqui.

Choro por estar apaixonada por um homem que não tenho certeza se posso

confiar, Agora meu caráter tem sido posto a prova, essa situação atípica deveria
parar de acontecer comigo, não aguento mais essa vida de montanha russa, viver

um ciclo vicioso está consumindo todas as minhas energias, nada mais faz

sentido para mim, não agora!

*
Soube pelos meus pais que o idiota do Khalil ainda não havia firmado o

acordo do nosso casamento, tão pouco pago o dote acordado.

Pelo que as insuportáveis das minhas futuras cunhadas disseram ele voltou

para o Brasil atrás da vadia brasileira que ele quer se casar. Miserável, está

atrasado meu planos. Já combinei tudo com papai vamos acabar com essa

família de dentro para fora. Ninguém brinca com meu nome nem com minha
honra, ele está a anos enrolando e agora que estava tudo certo ele decidiu adiar

para buscar essa vadia Brasileira, ele não perde por esperar.

Consegui informações com Salem, o capacho de Khalil, a respeito do

socio brasileiro dele, o mais curioso é que o rapaz esta muito interessado em
ferrar com meu futuro noivo, tanto quanto eu, a ideia dele pode dar certo, o

idiota marcou um encontro com a gorda e será por agora no horário do Brasil, na
hora em que liguei para Augusto ele parecia animado com nosso plano.

— Oi Augusto, quem fala aqui é Hanna Al-Sabbah, tudo bem?

— Oi Hanna, nossa missão acabou de chegar aqui no restaurante, não

poderei demorar muito na chamada, mas estou com tudo encaminhado. —


fala o homem com ar de vitorioso, isso não me parece bom, quem muito

comemora no fim sempre sai perdendo.

— Okay, me de notícias, espero não ter errado em escolher você como


aliado.

— Tudo bem, Hanna está tudo conforme combinamos, você não vai se
arrepender. Obrigada pela confiança. — Finalizo a chamada antes de sua

próxima resposta.

Algo me diz que esse cara é um verdadeiro lambão e vai ferrar com tudo,

ou revelar a verdade a qualquer momento.

Horas se passaram e nada de Augusto ligar, isso pode ser um bom sinal,
ele parecia animado com nosso plano, e por ser ex da gorda brasileira, atrairia

fácil a presa para nosso esquema.

O celular toca me tirando dos pensamentos, vejo um número

desconhecido, atendo sem um pingo de vontade.


— Alô!

— Hanna, é Augusto, preciso de sua ajuda, fui detido por causa do seu
futuro marido, ele me espancou com ajuda do cão de guarda dele, o plano deu

tudo errado, Cecília está com ele agora e eu estou preso preciso que pague a

fiança para me liberarem. — O homem fala de uma única fez.

— Merda, merda, merda! Sabia que você era um tremendo babaca, mas

burro, nunca pensei que fosse, pelo menos não tão burro. Vou mandar um

advogado para te liberar, seu incompetente, considere isso o seu pagamento. E

não me ligue mais.

— Hanna preciso da sua ajuda estou aqui por sua causa, estou na

delegacia central .

— Já disse, vou mandar um advogado, espere que em breve ele chegará

para cuidar de você, não quero manter contato com esqueça meu número passar

bem — falo, e finalizo a chamada.

Terei de pôr o plano B em ação, como minha mãe sempre diz: “Se quer um

trabalho bem feito, faça você mesma, não dependa da incompetência dos
empregados”. Vou preparar uma matéria fofinha para enviar ao meu amado

futuro marido, e dentro de uns poucos dias enviarei para ele.

Pedirei a papai que exija ao meu futuro marido que se case comigo em

caráter de urgência, devido ao escândalo causando por ele com o nome da minha
família, seria prudente antecipar os festejos.

Uma ligação e eu tenho tudo em meu poder, como sempre quis. Preciso
planejar detalhadamente e arrumar uma prova livre de contestações imediatas.

Afinal de contas, causar uma briga entre os pombinhos é a melhor opção assim

Khalil volta para casa e nos casamos imediatamente, para que meu próximo
plano entre em ação.
— Acorda, Cecília... Agora!

Ouço Monalisa me chamando ao longe, com muitas vozes ao fundo.

— Acorda, caralho! Você está há sete dias tomando remédio e dormindo

sem parar. O que está pensando da vida, Cecília?

Sinto meu corpo ser jogado no chão e não consigo reagir.

— Flora, ficou louca?! Ela está dopada e machucá-la não vai resolver nada

— Chris diz sendo sensata, como sempre.

— EU NÃO QUERO SABER DE PORRA NENHUMA, VOCÊS ESTÃO

SENDO RESILIENTES DEMAIS COM ELA! A ÚLTIMA VEZ QUE ESSA

MALUCA FEZ ISSO, A ENCONTRAMOS EM COMA MEDICAMENTOSA,

VOCÊS VÃO ESPERÁ-LA MORRER PARA AGIR? — Flora grita nervosa.

Percebendo que exagerei, começo a chorar, mas meu corpo não responde

aos meus movimentos.

— Gente ela está chorando vejam! — Lisa diz, pega minha cabeça e puxa

meu corpo contra seu corpo magro com dificuldade, mas determinada como é,
ela consegue.

Não consigo abrir os olhos, mas sei que as únicas pessoas que preciso
estão aqui.
— Porra, Cecília… — com a voz embargada Flora esbraveja. — Por que
você está tentando se matar de novo? Você estava feliz e bem, amiga, não sabota

nosso plano, sua maluca!

Sinto um toque em meu rosto, e sei que é Flora pelo perfume que sinto

quando ela me abraça e chora.

Nós quatro ficamos ali, nos abraçando e não consigo ter reação alguma,

apenas derramar lágrimas e sentir o amor delas por mim.

— Garotas, precisamos acordá-la e fazer essa doida pôr esses

medicamentos para fora. — Chris se afasta do abraço, enquanto Lisa e Flora

apoiam minha cabeça em travesseiros.

Chris fala alto, mas não consigo entender nada até que ela se aproxima de

nós.

— Eu não quero saber de nada, apenas o que rolou entre vocês. Ela passou

uma semana inteira no hotel com você e quando voltou, ficou enfurnada
no estúdio, até pensamos que ela estava trabalhando, mas não era bem isso...

Sussurrando Flora pergunta com quem Chris está falando, mas não ouço a
resposta, até que Lisa grita.

— ELE É UM FILHO DA PUTA, A DEIXOU NA MERDA E FUGIU.

QUE TIPO DE EDUCAÇÃO ESSE HOMEM, QUE SUPOSTAMENTE É


UM SHEIK IMPORTANTE, RECEBEU?

— NO MÍNIMO ELE É UM MENTIROSO, NÃO DEVE TER NADA

DO QUE DISSE OU SER NADA DO QUE FALA. MACHO ESCROTO DO


CARALHO! — Flora grita palavrões, do jeitinho que gosta de fazer,

principalmente quando está puta da vida.

— Gente!! Calem a boca pois não consigo ouvi-lo — diz Chris, e em

seguida o som da voz de Khalil pelo viva-voz invade meus ouvidos como um
raio cortando o céu do alto a baixo.

— Meninas, me perdoem, mas eu não faço ideia do que aconteceu. Cecília

não cumpriu com a parte dela, por isso fui obrigado a voltar para casa e me
casar com a escolhida pela minha família.

O silêncio é assustador, as meninas nada falam, e só agora vejo que fui

burra demais em deixá-lo ir.

— Eu praticamente implorei para que Cecília viesse comigo, mas ela foi
embora. Até tentei ir atrás dela, mas Cecília já havia saído do hotel. Eu, de

verdade, não fiz nada. Pedi apenas que ela cumprisse nosso acordo, somente
isso. Mas ela ficou brava e foi embora de novo. Infelizmente não posso esperar o

tempo dela, pois minhas obrigações aqui dependiam desse casamento, que
inclusive acontecerá em breve.
— VOCÊ FOI UM FROUXO, ISSO SIM! QUE PORRA DE HOMEM,
VOCÊ É, QUE NÃO CONSEGUE PRENDER UMA MULHER? — Flora grita

de algum lugar do quarto

— Para com isso! — Lisa a repreende.

— Oh, Flora, não tinha a intenção de forçá-la a nada, até impus, mas não

seria capaz de trazê-la a força para cá. Cecília merece uma sorte melhor do que

essa de ser maltratada. Ela é incrível e só queria que ela se visse como eu a
vejo.

— Tá, mas você vai se casar que dia?

— Dentro de quinze dias estarei casado, os proclames já foram anunciados

e não será mais adiado.

— Okay, obrigada, Khalil, bom casamento — Chris diz.

— Sucesso na sua vida, bundão — Flora diz sempre gentil.

O som da voz de Khalil some, me fazendo entender que desligaram.

— Flora, precisa se controlar mais, caramba! Você é muito estressada —


Lisa repreende e Flora não retruca.

Elas passam todo o tempo ao meu lado, falam sem parar e muito tempo se
passa.
Não faço ideia de quanto tempo, mas as tentativas delas me ajudaram, pois
agora estou muito enjoada.

Quando estou já vomitando, quase me engasgo, mas sou socorrida por Lisa
e Chris que me viram e por Flora que segura meus cabelos.

Uma força tarefa e tanto.

Por bons minutos coloco tudo para fora até sair somente a bile.

— Isso… Era uma… Tentativa… De me matar? — pergunto com um meio

sorriso e com muita dificuldade, pois ainda estou grogue.

— Eu te bateria agora com esse difusor, mas devido essa catinga que está

o estúdio, preciso demais desse aparelhinho.

As meninas riem das palavras de Flora, pois ela é sempre a louca do rolê.

— Piranha, o que você estava pensando da vida? Se queria morrer, bastava

me avisar que pediria uma faca para vovó Ellis para cortar sua cara de safada.

— Florinha, acalme-se, deixo você me matar na próxima… — digo

tossindo.

— Amiga, está se sentindo melhor? Você deu um super susto na gente —

Lisa sempre doce, diz e limpa minha boca.

— Estou bem… — Começo a chorar descontroladamente e Chris me


abraça acarinhando minha cabeça.

Elas me ajudam a levantar do chão e me colocam na cama deitada.

— Amiga o que você está fazendo com sua vida? Isso realmente valeu a

pena? — Lisa pergunta triste e vejo em seus olhos que ela está desapontada

comigo.

— Desculpa, amiga, sei que estou dando trabalho a vocês, mas me senti

tão perdida que pareceu bom dormir. Eu só exagerei na dosagem — digo em um

sussurro, observando Flora e Chris limpando toda minha sujeira.

— Sei que você está insegura, e tudo bem, é normal que se sinta assim,
mas não faça isso de novo, estamos aqui e sempre estaremos, ainda que

você faça essas burradas. — Sorri amarelo, passa a mão em meu rosto e

deposita um beijo na minha testa.

— Lisa — chamo ao vê-la se levantar.

— Amo você, amiga, me perdoe por isso — digo entre lágrimas e fecho os
olhos refletindo o motivo de ter feito isso de novo.

Estava inegavelmente em uma crise de ansiedade e como sempre me dopei

para esquecer e amenizar minha chateação.

Quando completei treze anos, meus pais brigaram tão feio que tomei os

calmantes de mamãe e quase tive uma overdose. Eles me socorreram às pressas,


mas precisei fazer uma série de exames, além de um acompanhamento com
psicóloga.

Depois desse episódio, meu pai foi embora e mamãe me deixou com vovó
Ellis, dizendo que eu era doente, que por minha culpa ela havia perdido o

homem da vida dela e que agora ela iria atrás dele, mas eu não fazia parte do

plano.

Desde então nunca mais soube dos dois, também não os procurei.

Como eles descartaram minha existência, os deixei viver.

Sabia que não estava sendo uma boa filha na época, mas procurei, e até
hoje tento, ser a melhor neta, provendo tudo o que posso para dona Ellis.

Minha avó lutou com o mundo todo por mim.

Quando nem meus pais me queriam, ela foi a que mais me quis e me

amou, dando tudo o que podia, acolhendo minhas amigas em sua casa quando

nem o que comer tínhamos direito.

Anos mais tarde, quando conheci Augusto, as coisas estavam melhores,


mas nem tanto, e apesar dele me ajudar muito, por conta desse “apoio”, ele se

achava no direito de me humilhar.

Quando enfim fiz dezoito anos, pude trabalhar, assim como as meninas e

conseguimos cursar a faculdade tão sonhada, e com essa nova idade chegaram
novidades que nem mesmo eu esperava que era a morte de meus pais, sendo bem
sincera, não senti como achei que fosse sentir, mas criei responsabilidades e mais

determinação em fazer minha avó viver dignamente.

No fim das contas, minha vida difícil serviu muito de experiência, mas

agora percebo que estou jogando fora tudo isso, me dopando e desapontando

aqueles que me amam.

Há anos não fazia isso, desde o término com Augusto, que foi quando
misturei bebida com remédios. Foi extremamente inconsequente da minha parte,

eu sei, mas sentia que precisava ser forte e para dizer a ele algumas coisas, só

bêbada seria capaz. Mas o que aconteceu foi que acabei dando um vexame,

desmaiando por cima do meu próprio vômito e fui motivo de chacota entre os

amigos dele por anos.

Até que decidi vender o que sabia fazer de melhor, ser sensual, e já que

não me achava bonita ou boa o suficiente para as pessoas no mundo real, poderia
ser para homens virtuais.

Foi difícil e logo no início estava apavorada por me exibir na internet, com
medo de talvez algum conhecido reconhecer meu corpo, mesmo usando uma

máscara desde a primeira transmissão.

Descobri no meio das minhas pesquisas e com muita dificuldade que


poderia selecionar para qual país abriria minhas transmissões e então fiquei mais
confiante.

Pesquisei os países que tinham pessoas que falassem português ou com

grandes chances de assistir uma modelo camgirl plus size, e super deu certo.

Flora me chama, fazendo com que me afaste dos meus pensamentos

tumultuados.

— Cici, quer comer alguma coisa?

— Não, amiga, obrigada.

— Certo, vamos descer para você tomar banho e descansar na sua cama,
pois aqui está impossível de ficar, pelo menos até que esse odor saia totalmente

— Flora conclui.

— Tudo bem, acho que já consigo descer devagar.

— Então vamos, amiga, se apoie em mim — Lisa diz e Chris está a

seu lado, pronta para me ajudar também.

Flora abre a porta do estúdio, recolhe minhas coisas, pega meu roupão e

joga sobre meus ombros.

Quando estamos saindo, posso ouvir o som do teclado ser pressionado. Ela

certamente está olhando minhas mensagens, mas estou cansada demais para me
importar com isso.
— Onde está vovó? — pergunto preocupada.

— Na casa da Donna, a amiga faz tudo da vovó, que cuida das unhas e

cabelo dela — Chris informa.

— Bom, pelo menos ela não me vê assim, seria um puta desgosto.

— A única puta que vejo aqui é você, Cecília — Flora diz me


interrompendo e rimos.

Ela sempre sai com essas tiradas hilárias.

Seguimos para meu quarto, faço minha higiene pessoal sob supervisão das
meninas, me sento na cama e após finalizar, elas me encaram interrogativas,

sentando na minha frente.

Certamente elas querem saber o que está acontecendo e sei que eu não

posso guardar isso, preciso contar a alguém o que estou sentindo.

— Okay, vocês venceram, vou contar tudo que aconteceu.

— Não esperava menos, a não ser que você quisesse ser torturada — diz a

ruiva do mal, sendo repreendida por um olhar severo de Lisa.

— Por que você é tão agressiva, Florinha? Com essa cara de anjinha,

engana fácil, quem não te conhece não sabe quão violenta você é — Chris diz e
rimos.
— É meu charme pessoal, vai dizer que não amam esse carinho todo que
dedico a vocês? — pergunta irônica e sorri.

— Meninas, pirei, desculpa — digo com um nó na garganta. — Achei


que era capaz de lidar com tudo que estava sentindo sem me machucar, mas não

deu. Evitei de todas as formas me apaixonar por pessoas, pois sabia que cedo ou

tarde iria sentir essa dor do caralho que estou sentindo agora. A sensação

é semelhante a uma surra daquelas que já tomei na vida, mas não consegui

suportar a perda que veio junto dela e desabei — finalizo com um fiapo de voz.

— Mas o que desencadeou tudo isso? —Chris pergunta.

— Khalil recebeu uma ligação e disse que precisaria voltar para se casar,
porém, não consegui dizer a ele o que sentia e me escondi igual uma idiota...

Entrei no quarto, cobri a cabeça com os braços e fiquei quietinha, até que

ele veio e falou comigo. Eu me chateei e foi um “show” de horrores, acabamos

brigando e ele me colocou para fora usando as mesmas palavras que meu pai,
minha mãe e até mesmo Augusto, usaram anos atrás. Sei que ele não sabe disso,

mas foi uma porrada e tanto — digo tudo de uma única vez e as meninas me
olham com ternura.

— Amiga, sabe de uma coisa? — Flora pergunta séria.

— Hum...
— Você é uma idiota e pelo que ouvimos de Khalil pudemos comprovar
isso.

— Ah, obrigada por me fazer lembrar disso. — Rio meneando a cabeça.

— Já planejei tudo, você vai arrumar suas malas e ir lá buscar esse Sheik,

se é que ele é mesmo um. Chega de fazer burradas!

— Como é? Perdeu o juízo, Flora? —Chris diz atônita.

— Ainda não, porém deveria ter perdido ao saber dessa merda toda, afinal

de contas Cecília está nessa autossabotagem com nossa ajuda, mas agora é a

nossa vez de fazer algo por ela de verdade. Vamos todas atrás desse homem
maluco que quer a Cecília. Josh vem nos buscar em quarenta e oito horas,

então se apressem, pois isso já está combinado, sem opção de voltar atrás — diz

Flora se levantando e saindo do quarto.

Fico de boca aberta, processando todas as informações e não consigo

acreditar no que acabei de ouvir.

— Gente, fala que isso é sacanagem da Flora.

— NÃO É NÃO! — Flora grita de fora do quarto.

— No mínimo ela é maluca, sabemos disso, porém é a mais corajosa e


precisamos disso hoje. Bora arrumar as malas e seguir o plano dela — Lisa se

pronuncia.
— Até tu Brutus, se rendeu as loucuras da ruiva do mal? — quase gritando
Chris diz encarando Lisa.

— Se não pode com eles, junte-se a eles! — finaliza Lisa que se estica
para beijar o rosto de Chris e o meu, saindo do quarto em seguida, nos deixando

a sós.

— Cici, preciso te perguntar algo.

— Diga, amiga.

— Você realmente fez tudo isso somente porque ele foi grosseiro com

você?

— Chris, eu… — Suspiro pesarosa. — Não queria perdê-lo, mas não estou

segura que quero me casar. Tenho medo de ser humilhada e ridicularizada

como fui anos ao lado de Guto.

— Ei, nem todos são assim, às vezes há pessoas boas por aí. Você mesma

me salvou, além das minhas irmãs. Você nos salvou de uma vida horrível que
teríamos — diz carinhosa enquanto se aproxima e me abraça, sussurrando: —

Você é incrível, não esqueça disso. — Se afastando, ela sorri.

— Parece que vamos conhecer os Emirados, né? — indago e Chris sorri


lindamente.

— Sim, vamos fazer uma viagem internacional de graça.


Rimos e ela sai me deixando só no quarto, com meus pensamentos
confusos.
O telefone toca, vejo o nome de Cecília piscar na tela, atendo eufórico e

ouço uma voz diferente do que esperava.

— Oi, Khalil, aqui é a Chris, amiga da Cecília, podemos falar uns

minutos?

— Sim, claro. Como posso ajudar?

— Seguinte, você chegou aqui semana passada, se enfurnou por dias no

hotel com a Cecília e no fim das contas deu merda outra vez, qual o seu

problema? Só aparece para infernizar, é isso? — Chris diz alto, parece

aborrecida comigo, mas não fiz absolutamente nada.

— Chris, não fiz nada, estávamos bem.

— Não quero saber de nada, apenas o que rolou entre vocês, porque ela

passou uma semana inteira no hotel com você e quando voltou ficou enfurnada

no estúdio, pensamos que ela estava trabalhando, mas não era bem isso...

Ouço burburinhos no fundo.

— Mas preciso explicar, me ouça. Bastou dizer que precisaria me casar o


mais rápido possível, pedindo a ela que se casasse comigo, mesmo que por seis

meses, como combinado no leilão. Isso foi o bastante para que ela ficasse brava
e daí por diante não sei o que aconteceu. Ela está bem? — pergunto e sou

agredido verbalmente.
— Ele é um filho da puta, a deixou na merda e fugiu? Que tipo de
educação esse homem, que supostamente é um sheik importante, recebeu? No

mínimo é um mentiroso, não deve ter nada do que disse ou ser nada que fala.

Macho escroto como todos!

As ofensas não param e pelo destempero penso que seja Flora, ela é a mais

estressada das garotas.

— Gente, acalmem-se, não consigo ouvi-lo — diz Chris.

— Meninas, me perdoem, mas não faço ideia do que aconteceu, a Cecília

não cumpriu com a parte dela e fui obrigado a voltar para casa para me casar

com a escolhida pela minha família, praticamente implorei que viesse comigo,
mas ela foi embora. Eu até fui atrás dela, mas Cecília já havia saído do hotel, não

sendo possível localizá-la. De verdade, eu não fiz nada, garotas. Queria que

Cecília cumprisse nosso acordo, somente isso, mas ela ficou brava e foi embora

de novo. Não posso esperar o tempo dela, minhas obrigações aqui dependiam
desse casamento que acontecerá em breve. Tentei adiar o máximo na esperança

de falar ou revê-la, mas não foi possível.

— VOCÊ FOI UM FROUXO, ISSO SIM! QUE PORRA DE HOMEM,

VOCÊ É, QUE NÃO CONSEGUE PRENDER UMA MULHER? — uma delas


grita e acredito que seja Flora.

— Flora, para com isso!


Confirmo minha dúvida ao ouvir a voz de Monalisa, acredito eu.

— Oh, Flora, não tinha a intenção de forçá-la a nada, eu até impus, mas

não seria capaz de trazê-la a força para cá. Ela merece uma sorte melhor que essa
de ser maltratada. Cecília é incrível e só queria que ela se visse como eu a vejo.

— Tá, mas você vai se casar que dia? — Chris pergunta.

— Dentro de quinze dias estarei casado, os proclames já foram anunciados

e não será mais adiado.

— Okay, obrigada, Khalil, bom casamento — Chris diz.

— Sucesso na sua vida, bundão! — Flora diz sendo agressiva como

sempre.

Confesso que fiquei surpreso com essa ligação e inevitavelmente

preocupado em saber se de fato Cecília está bem. Pelo que parece, ela não está e

com isso fico ainda mais irritado pelo fato dela ter negado meu pedido de

casamento.

Não era nada demais ou permanente, seria temporário, por apenas seis
meses e ela poderia ter colaborado comigo.

Cecília poderia ter aceitado o pedido...

Mas, o que de fato aconteceu com ela para que as amigas precisassem me
ligar?

Vai ser algo que não saberei, até porque agora tenho apenas quinze dias de

liberdade, estou prestes a me casar com Hanna, a mulher escolhida pelos meus
pais, que segundo eles, é um modelo perfeito da nossa sociedade e de esposa,

muito desejada pelos homens, por conta da compatibilidade que ela possui com

as famílias.

Esses costumes nunca entraram na minha cabeça, nunca gostei da ideia de


estar preso a um costume e sempre quis voar além, mas meu cargo e minha

posição na sociedade não me permitem ser quem eu quero ser.

Por isso fui atrás de Cecília, mas infelizmente ela não atendeu minha
vontade e isso me deixa muito frustrado.

Tudo que eu quis sempre tive e essa mulher foi a única que não me

permitiu conquistar o que queria.

Mas não vou me dar por vencido e nem que precise me casar mil vezes,
ainda irei me casar com ela a qualquer custo.

*
Dois dias após a ligação...

As garotas estavam com tudo planejado para que eu fosse até os Emirados

me desculpar com o Sheik.

Não sabia se estava agindo corretamente, mas como já estava tudo

combinado não podia voltar atrás.

A qualquer momento nossa carona para Abu Dhabi chegará e iremos todos

nessa viagem que tem tudo para dar errado, mas farei de tudo para que dê certo.

Precisei conversar com vovó Ellis e explicar a ela tudo que estava

acontecendo, até mesmo porque não a deixaria no Brasil sozinha.

Mesmo contrariada ela concordou com a ideia de me acompanhar e quem

sabe ser meu par para me conduzir até o altar, isso se de fato eu me casar.

Ela pediu apenas que eu fosse feliz, algo que por muito tempo não fui. Sei

que ela não aguentaria passar por toda aquela tristeza novamente, ciente de que

eu havia sido muito maltratada.

Ela me lembrou de alguns fatos e tem um especial que me lembro com


muito carinho, foi quando meus pais me deixaram e ela falou:

— Cecília Avelar, você é fantástica e se as pessoas te falarem algo


diferente disso, não merecem estarem perto de você que transmite luz onde

estiver.
“Você é incrivelmente fantástica, filha, nunca deixe de trazer alegria para
muitas pessoas. Você é a razão por eu ainda estar aqui, por isso quero te ver

feliz a qualquer momento e custo.

“Eu te amo.”

Dona Ellis sempre foi amorosa, nunca me deixou sentir inferior ou

indesejada, apesar do meu histórico familiar. Ela nunca me deixou e aprendi a

amar a vida, tudo que tenho e todos que se dispõem a estarem por perto e
fazerem o bem a mim. Eu aprendi a amar com verdade e diante dessa situação

atual, acho que esqueci isso por alguns instantes, pois a aproximação de Khalil

me deixou com bastante medo de me entregar, apesar de já estar totalmente

rendida a ele.

Fui comprada pelo sheik, mas não consegui cumprir com nosso acordo e

ainda assim ele foi muito paciente, apesar de algumas vezes ter demonstrado um

pouco de chateação, nunca passou dos limites comigo.

Acredito que seja hora de retribuir o mínimo, que é cumprir com o acordo

e fazê-lo ver que me importo, o quero perto e o desejo tanto quanto ele a mim.

— Preparada?

Sou surpreendida por Chris que está encostada no batente da porta.

— Oi, morena linda, estou sim, mas confesso que tenho medo. Acha que
preciso me preocupar? — pergunto sorrindo.

Minha amiga vem em minha direção e me abraça apertado.

— Vai dar tudo certo, loira safada, você precisa acreditar mais em si

mesma, vai sem pensar muito e se por ventura ele te magoar, eu o mato —

conclui minha amiga.

Sorrimos e saímos do quarto, com ela na frente enquanto arrasto minhas

malas corredor afora.

Descemos a escada e seguimos ao encontro da nossa família, somente

mulheres fortes, incríveis e destemidas.

Ter uma família como essa me faz ter ainda mais forças para continuar a

lutar pelos meus ideais.

Cumprimento as meninas, abraço minha avó e vejo próximo a porta, Josh,

na sua postura sempre formal.

— Você realmente falou sério, Flora, quando falou sobre Josh vir nos

buscar, cheguei a duvidar — sussurro para Flora.

— Não falei? Ele é nossa passagem para os Emirados, iremos no jatinho

de Khalil. Pedi para ele vir nos buscar pessoalmente. Você sabe, estamos nos
conhecendo, contei a ele minha ideia e ele topou — responde sussurrando.
Sorrio sem graça e um pouco desapontada por não ter Khalil aqui. Consigo
perceber agora o quanto fui burra em prolongar essa situação, nesse momento já

poderia estar ao lado dele, desfrutando de um casamento que mesmo que seja

por um período curto, seria incrível.

“CECÍLIA, LARGA DE SER IDIOTA! A QUEM QUER ENGANAR? ESTÁ

LOUCA PARA VIVER COM ELE, SÓ NÃO ESTÁ ACEITANDO A IDEIA DE

QUE ELE É UM HOMEM BACANA E QUE NÃO VAI SER TÃO ESCROTO

QUANTO GUTO FOI COM VOCÊ”, grita meu subconsciente.

Me aproximo de Josh, o cumprimento, ele sorri e acena com a cabeça.

Em seguida nos informa que o jatinho já está a nossa espera, então


entramos no nosso carro e seguimos para o hangar.

O percurso é rápido, pois o trânsito está bem fluído, acredito que seja pelo

horário.

Ao chegar no hangar, nos deparamos com uma equipe de pessoas que nos
aguarda para embarcarmos.

Cumprimentamos a todos e seguimos para o interior da aeronave que é


incrível e muito luxuosa. Os bancos de couro espaçosos com baldes de

champanhe ao lado, é simplesmente fantástico.

Eu já havia viajado de primeira classe, mas nada se compara a um jatinho.


Nos acomodamos nos assentos de cor avelã, afivelamos nossos cintos e
logo o comandante avisa que partiremos.

Fico batendo meus dedos no braço da poltrona desesperada, agora estou


mais perto de reencontrar Khalil e não tenho a menor ideia do que viverei nos

próximos dias em Abu Dhabi.


A viagem foi tranquila e longa, tanto que parecia uma eternidade. Até que
pousamos e as crianças amaram todas as novidades que descobriram, pois nunca

haviam entrado em um “pássaro voador”, palavras de Jasmin.

Vovó muito medrosa, preferiu tomar um remédio para dormir e passou o

percurso todo em um sono de bebê.

As meninas e eu demos boas gargalhadas, tomamos champanhe e

desfrutamos de todo o conforto que recebemos. Até Josh participou da nossa

resenha e descobrimos que ele é muito bacana, é bem sério, mas o fizemos dar

boas risadas.

Tentei por muitas vezes perguntar sobre Khalil, mas ele sempre muito

gentil avisou que não podia falar sobre a vida do sheik. Ainda afirmou que sua

ida ao Brasil para nós buscar foi uma raridade, pois o chefe não abre mão de sua

companhia nunca.

No final, essa foi a única coisa que soube a mais sobre meu moreno

gostoso.

Confesso que nossa chegada a Abu Dhabi me deixou com frio na barriga,
pois assim que pousamos a consciência bateu bem pesada, me lembrando que

vim aqui para me desculpar com um homem que fez de tudo para que eu
aceitasse cumprir minha parte no acordo e agora estou vindo até ele para tentar
fazer com que me perdoe, afinal de contas, fui embora sem me despedir

novamente, fui imatura, pode-se dizer que até infantil, agora quero reconhecer
meu erro e tentar reconquistá-lo.

A ajuda e apoio das meninas tem sido fundamental, estava prestes a fazer
uma bobagem porque não acreditei ter capacidade suficiente de me envolver

com uma pessoa que de fato demonstrasse gostar de mim, por não confiar em

pessoas.

A vida já brincou muito comigo, fui muito magoada exatamente por me

entregar demais a um homem que não estava disposto a me amar de verdade, ele

queria apenas a satisfação de dizer que era um benefício, ou um favor que fazia a

mim, mas, na verdade, ele só me magoou.

Esquecendo de fato que era uma pessoa de carne e osso e que tinha

sentimentos, que estava vivendo em função dele por amar demais.

Hoje tento não me envolver e acabo sabotando toda e qualquer relação que

possa ser real, contudo, vou mergulhar nessa relação, fazer dar certo e torcer

para que Khalil me perdoe, pois acho que mereço essa chance.

Embarcamos em dois carros e seguimos para o hotel onde ficaremos

hospedadas, por sermos muitos não tínhamos ideia de onde poderíamos nos
hospedar, com isso Flora pediu ajuda a Josh para reservar um quarto que

comporte todos.

O trajeto pelas ruas da cidade é feito e fico deslumbrada, é tudo muito

iluminado, as torres altas com muito brilho e todas espelhadas, é literalmente


uma cidade luz.

Abu Dhabi é sem dúvida meu lugar favorito no mundo agora, logo eu que
sou apaixonada pelo Brasil.

Admito que jamais teria vindo aqui a passeio, por ser muito distante,
optaria por algo mais próximo ao Brasil.

Enfim estou aqui e agora desfrutarei desse lugar que parece incrível.

Pelo pouco que já pude perceber, tudo é muito claro, as pessoas caminham

calmamente na rua, o trânsito não é carregado e é possível observar tudo bem de

pertinho.

Como já é tarde seguimos direto para o hotel e pasmem é o hotel dos

sonhos, de verdade, jamais imaginei algo semelhante a isso.

O lugar é um cenário de novela, acho que não tem outa palavra para

explicar.

Sabe aquelas revistas e jornais que falam sobre os lugares mais ricos do

mundo?

Pois é disso que se trata, tudo é dourado e branco, cuidadosamente

decorado, há flores por todo lugar e não consigo acreditar no que os meus olhos
veem.

O hotel é simplesmente todo coberto por pinturas exóticas, há uma


decoração completamente luxuosa, muito iluminado, as pessoas estão bem
arrumadas e os funcionários estão todos alinhados. É verdadeiramente um

cenário do filme Cinquenta tons de cinza, aquela perfeição do escritório do

Christian Grey, exatamente isso, impecável.

Não satisfeito com isso, a cortesia e descrição de todos no hotel é


fantástica.

Josh segue até a recepção, informa a nossa chegada e imediatamente nos

entregam os acessos do quarto.

Subimos...

Subimos...

Subimos para nada mais, nada menos que a cobertura, onde é possível ver

toda a cidade que está minúscula porque estamos simplesmente no octogésimo

andar. É possível ver as nuvens na altura dos olhos, o céu está totalmente negro e

estrelado, e a brisa leve do vento bate nos nossos olhos.

Nosso quarto é simplesmente deslumbrante e tudo é incrível.

Sou trazida dos meus devaneios com Flora me chamando.

— Cecília, Josh, vai embora, mas ele quer falar com você, pode dar
atenção a ele? — diz em tom de deboche.

— É lógico que posso falar com ele, amiga. Para de ser maluca, estava só
encantada com o ambiente. Me deixa em paz — concluo sorrindo brincalhona e
ela ri comigo.

Saindo da sacada, retorno ao quarto junto a todos, caminho em direção a

Josh sorrindo e estendo a mão para ele, o agradecendo.

— Josh, de verdade, muito obrigada por reservar o melhor para gente —

digo sorrindo e ele assente, apertando minha mão de volta.

— Não precisa agradecer, senhorita Cecília, reservei a cobertura, pois


sabia que todas vocês viriam e essa cobertura é a mais espaçosa e confortável.

Fora que a vista daqui é a melhor em comparação aos outros empreendimentos

que Khalil possui, como sou eu quem cuida dos interesses dele, cuidei para que

isso fosse possível e tenho plena certeza de que ele ficará feliz com a sua

chegada. Vou deixar meu cartão com o endereço do escritório dele, caso a

senhorita queira fazer uma surpresa. Acredito que ele ficará bastante feliz.

— Ai, Josh, assim eu fico emocionada. Você não poderia ser uma pessoa

mais perfeita para nos ajudar, de verdade não tenho nem como agradecer. Mas
preciso saber como iremos pagar essa cobertura.

— Não precisa se preocupar, senhorita Cecília, tudo já está pago. A

senhorita é parte da família agora, afinal de contas, é a mulher pela qual meu
chefe está apaixonado.

Suas palavras chicoteiam meus ouvidos, me fazendo sorrir.


— Acredito que de fato você não veio aqui somente para curtir o passeio.

— Você está coberto de razão, vim para conquistar o perdão dele,


certamente feri os sentimentos dele e acredito que o magoei, porque ele contava

com minha ajuda para fazer o que ele precisava e não consegui ser essa pessoa

decidida que ele esperava. Estamos nessa enrolação há meses, mas vai acabar
amanhã mesmo. Pretendo fazer algo para que ele me perdoe. Você tem ideia de

alguma coisa que eu possa fazer que agrade Khalil sem causar algum escândalo?
Nossos últimos encontros foram muito turbulentos e você sabe, pois estava em

todos.

— Tenho uma ideia que pode te ajudar, ele terá uma conferência às onze

horas da manhã que irá se estender até às treze. Neste período ele estará

incomunicável, porém eu consigo te encaixar para o horário das treze e trinta.

Você não pode se atrasar, pois as quatorze ele tem uma reunião marcada que se

estenderá até tarde. Ele é muito pontual em relação a isso, portanto, se de fato

quer se encontrar com ele amanhã, a hora é agora. Me confirma que faço tudo o

que for preciso para que vocês se encontrem e se resolvam em trinta minutos.
Tenha em mente que Khalil é simples, apesar de todo o poder que ele possui. Ele

é uma pessoa incrível, o admiro muito, tanto que o tenho como um irmão.

— Certo, entendi, estarei lá no horário combinado.

— Então espero que eu tenha ajudado com essas poucas palavras, mas seja
rápida e faça o que precisa fazer para obter sucesso no seu plano. Já vou indo,
deixei tudo organizado para que sirvam o jantar para vocês e espero que se
sintam confortáveis aqui. Qualquer problema pode me ligar ou ligar para a

recepção que eles virão lhes atender.

Josh se despede de todos e Flora o acompanha até o elevador.

Acredito que de fato ele mereça o cargo de confiança que possui ao lado

de Khalil, pois é de completa e total confiança, é extremamente discreto e fala

com bastante carinho do chefe, coisa que não vemos muito por aí.

Fiquei sabendo durante nossa conversa no voo que eles foram criados

juntos na primeira infância, apesar de Josh ser mais velho que Khalil, pois sua

mãe trabalhava na casa do sheik.

Minha chegada a este lugar me fez refletir sobre muitas questões, sobre

amizade, carinho, respeito, consideração e acima de tudo sobre confiança. Saber

um pouco mais sobre Josh e a relação que ele tem com meu futuro marido, quem

sabe, me fez perceber que tenho o mesmo laço de respeito com as meninas há

exatos dez anos.

Não sei o que é viver sem elas e tudo que tenho hoje é graças ao apoio que
elas me dão, preciso recompensá-las todos os dias, não porque me cobram, mas

porque merecem esse reconhecimento.

A forma carinhosa que o grandão falou do seu amigo, me deixou com o

coração quentinho por saber que ele é muito gentil, até mesmo com os
funcionários dele.

— Terra, chamando a loira mais doida do mundo. Ei, você tá doida? Fala
comigo, garota — Lisa diz rindo.

— Oi, amiga, estava aqui pensando em como é fofinho a forma com que
Josh fala do chefe dele. Não vemos muito disso no Brasil e isso mexeu muito

comigo, me fez entender que de fato preciso melhorar, evoluir e ser gentil.

— Sim, eu também achei muito legal essa atitude. Não imaginei que ele
fosse um cara tão bacana. Flora notou isso de cara, haja visto que ela já se jogou

em sua cama. Essa viagem nos fez conhecer um pouquinho mais dele — diz

Lisa.

— Sim, a vida não foi muito bacana com ele, no sentido de que viveu a

vida toda em um palácio de um sheik, sem ser um. Ele era filho de uma das

funcionárias e com isso acabou fazendo parte da segurança, mas para ele parece

ter valido a pena, pois a amizade é fundamental aos olhos deles e isso é bacana.

A generosidade que ele expressa sobre tudo que já recebeu da família, não paga
o tanto de carinho que ele já tem, o que é muito legal.

— É, acho que precisamos dormir, amanhã será um dia longo e tenho

encontro às treze e trinta. Será o momento que terei para dizer tudo que preciso a
Khalil e fazer com que ele me perdoe. Acredito que não será fácil, mas irei tentar
— digo e Lisa sorri lindamente.
Minha amiga é incrível, ela é a mais discreta de todas nós e a mais
corajosa também. É quem nos convence a fazer o que sempre desejamos, sempre

que possível é claro, pois apesar do medo, logo veremos um belo florescer de

sonhos acontecendo.

Me encaro no espelho refletindo sobre tudo o que aconteceu até aqui, essa
viagem em busca de redenção que nem precisaria estar fazendo se não fosse tão

medrosa, mas acredito que valerá a pena. Espero que ele me perdoe de verdade.

Tomara que tenha dado tempo de reverter qualquer situação, até mesmo o

casamento que já está combinado para acontecer em alguns dias.

— Bom dia, minhas bonecas maravilhosas, estão animadas? Vocês

dormiram? Eu tô acabada literalmente — digo ao chegar à mesa posta diante da

minha família.

— Bom dia — respondem em uníssono.

— E então animada para o encontro hoje à tarde, hein? — pergunta vovó

curiosa.

— Estou ansiosa, isso é bom?

— Sim, sempre é bom ter um pouco de emoção na vida, não é mesmo,

garotas? — vovó diz sorrindo e as meninas concordam sorrindo de volta.


Tenho a família mais perfeita que alguém poderia ter e não preciso de nada
além disso, apoio, amor e carinho. Tudo que as pessoas precisam na vida é isso e

eu tenho bem aqui.

Já passava do meio-dia quando me levantei e tomei café na hora do

almoço, mas tudo bem, afinal é para uma causa nobre.

Já estou preparada para sair ao encontro de Khalil e pedi para que Flora

falasse com Josh para me auxiliar a chegar no endereço que ele me passou.

— Josh, boa tarde, tudo bem? Aqui é a Flora. Seguinte a Cecília tá meio

desorientada em como fazer para chegar até o endereço que você passou. Será

que poderia nos ajudar? — diz ao telefone e em seguida coloca no viva-voz.

— Oi, Florinha, é bem simples, pede para ela ligar na recepção e reservar

um carro para o endereço que informei. No máximo em trinta minutos ela

chegará aqui. Já estou no local, basta informar na recepção que precisa falar

comigo que ela terá livre acesso ao andar — diz bem cortês.

— Tá certo, então, meu grandão. Ela ouviu tudo o que falou, vou com ela

para poder te encontrar, podemos almoçar?

— Claro que sim, minha ruiva, aguardo vocês aqui, até breve — diz

finalizando a chamada.

Ligo para a recepção e faço o que Josh disse. Lisa decidi ir conosco e

Chris fica para cuidar das crianças junto com a vovó Ellis, até mesmo porque a
vinda dela para Abu Dhabi conosco causou grandes transtornos no seu

relacionamento com um boy lixo, com isso ela está de ressaca amorosa, algo que

não vai durar muito tempo, pois pretendemos sair essa noite para conhecer a

cidade e beber uns drinques.

Nos despedimos dos que ficam e descemos animadas ao sermos


informadas que o carro nos aguarda.

O frio na barriga está consumindo meu corpo, estou muito ansiosa para

encontrá-lo e acredito que terei coragem suficiente para dizer o que quero, fazê-

lo acreditar no meu arrependimento e quem sabe me perdoar, espero que ele não
seja rancoroso.

— Cici, como você está se sentindo em relação a encontrar Khalil depois

de todo esse tempo?

— Estou muito nervosa de verdade, já não sei bem o que quero dizer.

Tenho medo dele não me receber tão bem.

— Ele não é louco de fazer uma desfeita dessa, estaremos lá para fazer

com que ele te ouça ou quebraremos a cara dele — diz Lisa nos surpreendendo.

— Amiga, acalme-se, pois a barraqueira sou eu — diz Flora bem-

humorada e todas rimos.

Um rapaz jovem, muito bonito e bem simpático nos cumprimenta

informando que nos direcionará até o carro que irá nos levar ao destino desejado.
Caminhamos lado a lado com ele, enquanto nos entreolhamos.

A recepção do hotel está movimentada, pessoas entrando e saindo,


inclusive encontramos um bar com uma movimentação considerável para o

horário.

— Ei, desculpa, esqueci seu nome — digo meio sem graça.

— Pois não, senhora, meu nome é Said.

— Então Said, qual o motivo dessa movimentação toda no bar?

— Ah, é porque logo mais terá uma atração especial na boate do hotel, que

fica localizado logo à frente, um pouco após o bar. A senhora é convidada

especial, então apareça se quiser, começa às dez horas.

— Há uma boate aqui? — pergunta Flora atônita.

— Sim, senhora, as boates aqui em Abu Dhabi e em todo o Emirado só é

permitida em hotéis específicos para públicos selecionados, pois não é permitido


bares em toda a cidade, apenas dentro dos hotéis onde as pessoas estão

hospedadas ou são convidados de algum hóspede para que não haja nenhum tipo
de problema ou danos as pessoas no trajeto para suas casas é uma das leis da

cidade.

— Interessante, então quer dizer que não há bebida em toda a cidade, a não

ser aqui?
— Exatamente, senhora, vocês encontrarão qualquer tipo de bebida
alcoólica em bares dentro de hotéis. Não será possível encontrar em bares na

parte externa da cidade, salvo se forem locais ilegais e isso pode causar alguns

transtornos a quem consome ou vende, caso a polícia local descubra.

— As leis aqui são bem rigorosas, não é?

— São, sim, senhora, mas confia em mim, funcionam muito bem. Pronto

chegamos, este é o motorista que as conduzirão ao local informado. Espero que

façam boa viagem, até breve — diz Said sendo muito cortês, abre a porta do

carro, nos permitindo entrar.

— As leis aqui são bem rigorosas, precisamos respeitar todos os limites

prováveis e possíveis para não termos transtornos, meninas — diz Flora

enquanto Lisa e eu nos olhamos e gargalhamos, pois ela sempre é a fora da lei.

— Amiga, o que que tá acontecendo com você? Normalmente é quem fica

fora da casinha — diz Lisa.

— Decidi ser uma mulher de família, vou pedir Josh em casamento e ele

que lute. Agora se ele negar acho que bato nele.

Voltamos a gargalhar com a declaração de Flora e ela fica emburrada, bem

brava porque não estamos dando crédito ao que ela fala.

Há anos ela não se relaciona sério com ninguém e todas as vezes que

encontra uma pessoa legal, ela usa o mesmo argumento, agora eu vou me casar e
no final das contas ela nunca se casou.

— Tudo bem, vou torcer por você e espero que seja sensata em me
escolher como sua dama de honra, como te escolhi — digo sorrindo.

— Eu quero levar as alianças — Lisa diz empolgada.

— Para de palhaçada, quem vai levar as alianças são Jasmim e Jonas.

— Okay, vencida pelas crianças. Vou ser a primeira a subir no altar, é o

mínimo que você pode fazer por mim — diz Lisa incisiva.

— Ao longo do percurso passamos todo o tempo conversando sobre

amenidades, brincando e observando a paisagem.

Paramos em frente a um imponente edifício, todo espelhado, com a

fachada imensa e escrita Al Maktoum.

Tenho plena certeza que a hora chegou, meu estômago está embrulhado,

minha pele arrepiada e minhas carnes estão tremendo, parece que estou descendo
em uma montanha-russa sem nem no alto estar.

Desembarcamos do carro, entramos no edifício e observo todo o espaço. O


pé direito alto, tudo é muito claro, espelhado com algumas plantas. Tem uma

recepção imponente, com cinco funcionários pelo que conto.

Nos aproximamos, me apresento e rapidamente sou autorizada a subir. A


recepcionista nos instrui como fazer e nos direciona até os elevadores.
Acionamos o botão e esperamos a caixa metálica descer.

Poucos segundos depois as portas abrem com um alerta sonoro informando


que devemos entrar e apertamos o botão com o número para onde desejamos ir.

Somos levadas para o alto, bem alto mesmo, tanto que nunca acaba de
subir. Eu não entendo a fascinação que ele tem pela altura, mas ao olhar para

toda a visão da cidade através do vidro espelhado do elevador, consigo

compreender ao ver a cidade de cima, pois é de tirar o fôlego.

Dois minutos passam desde que entramos no elevador, porém parece duas

horas intermináveis.

O tempo sempre parece longo demais quando estou indo ao encontro de

Khalil.

Por fim portas abrem e nos deparamos com um grandão à nossa frente,

como sempre cordial e gentil ele nos cumprimenta.

— Olá, garotas, espero que tenham feito uma boa viagem até aqui. Como
vocês estão?

— Oi, grandão, estamos bens. Chegamos rápido, rimos bastante e

descobrimos que não podemos ficar bêbada nessa cidade, isso é sério?

— Sim, é bem sério isso, passível de prisão e outras punições. Aqui os

costumes são bem rígidos, as leis são aplicadas severamente, portanto não as
infrinjam — diz sério.
Lisa e eu nos entreolhamos com um sorriso de lado enquanto Flora se
aproxima dele e deposita um beijo em seu rosto.

Ele cora imediatamente com o gesto dela, pois aqui as pessoas não podem

se beijar, esse é um limite rígido, mas ela esqueceu, é claro.

— Flora, aqui não! Não podemos ser vistos em público nem de mãos

dadas, nem trocando carícias, o que inclui beijos no rosto.

— Ai, Josh, me desculpa, eu esqueci. Prometo que irei me comportar,


estou bem-vestida ou essa roupa causa algum tipo de escândalo? — pergunta se

afastando um pouco para que ele possa observá-la de cima abaixo.

Ele sorri e concorda com um meneio de cabeça.

— Vamos, meninas, vocês estão ótimas, me sigam, por favor.

Ele vai na frente e o seguimos calmamente.

Passamos por um corredor bem largo, onde há uma pequena recepção com
uma moça muito bonita sentada em sua mesa, mexendo em seu computador.

Ela não tem a cara muito séria e nos cumprimenta. Retribuímos o gesto e
continuamos seguindo Josh até que ele para em frente a uma porta.

— Meninas, entrem por favor.

Prontamente entramos e a porta é fechada atrás de nós.

Há uma grande mesa com algumas cadeiras, uma grande TV e a parede é


toda de vidro, não era para menos, afinal o edifício inteiro é espelhado.

Acredito que de fato todas as paredes sejam de vidro de cima a baixo.

— Lisa, Flora, aguardem aqui, por favor. Irei conduzir Cecília para a

reunião que ela marcou e já retorno para falar com vocês. Âniah trará chá, água e
café para vocês, fiquem à vontade — diz e vira em minha direção.

— Cecília, por favor, venha comigo. Te levarei até sua reunião.

Sorrindo, meneio a cabeça e o sigo para um lugar que ainda não sei onde é.

Acredito que seja até a sala de Khalil.

Entramos em um elevador pequeno que parece privativo, até que Josh me

explica.

— Este elevador é exclusivo para o senhor Khalil, somente ele, eu e mais

dois funcionários temos acesso para nos comunicarmos com ele nos dias de

grande demanda de reuniões.

Meneio a cabeça em concordância.

— Hoje você é uma das reuniões dele, porém o senhor Khalil ainda não
sabe. Espero que não fique bravo comigo e que você faça bom proveito dos seus

trinta minutos. A porta abrirá dentro do escritório e ele já estará aguardando, seja
rápida e objetiva, ele é fácil de lidar e tem um coração imenso. Acredito que

você consegue.
— Obrigada, obrigada mesmo por tudo, você é incrível — balbucio
sincera e Josh sorri segurando as portas que abrem para que eu saia do elevador.

Ao sair vejo Khalil sentado de costas, olhando toda a expansão que há na

sua frente, a vista é tão linda quanto ele e sua voz rouca soa como um trovão em

meus ouvidos.

— Seja breve, não tenho muito tempo. Como posso ajudar?

— Eu gostaria de pedir desculpas... — digo e imediatamente ele se vira


para mim.

Seus olhos brilham como quem acabou de ganhar um presente no Natal,


um sorriso breve surge em seus lábios e passa as mãos pelos cabelos parecendo

nervoso.

— O que faz aqui ou melhor como conseguiu chegar aqui? Ninguém me

avisou que você estava vindo.

— E não era para ter avisado mesmo, a ideia era de surpreender e acho que
consegui — digo sorrindo e me aproximo da sua mesa.

— Sim, você conseguiu me surpreender, mas não é prudente que fiquemos

aqui, a sós — diz tomando uma postura mais séria, me fazendo recuar.

— Não precisa sair correndo, diga o que você veio fazer aqui. — diz

parecendo ser frio.


Suas palavras cortam o encantamento do primeiro olhar, seus olhos são
sombrios e sua intenção não parece a mesma que vi no primeiro instante.

— Queria dizer apenas que você estava certo, que eu deveria ter agido

melhor e cumprido com o nosso combinado, apesar de tudo estou aqui disposta a

cumprir, mas acredito que já não queira mais, haja visto que seu casamento será
em breve — envergonhada digo as palavras com um nó na garganta e a sensação

que tenho é que irei desmaiar.

Preciso ser forte, respirar fundo e continuar com a minha postura firme,

não posso parecer frágil, não agora.

— Então você cruzou meio mundo para me dizer que eu estava certo,

apenas isso?

— De tudo que falei, você só escutou essa parte? Sinceramente, você é

descrição perfeita de um homem... Esquece não tenho mais nada para falar,

passar bem. — Me viro com os olhos cheios d’água, engolindo o choro que está

preso em minha garganta.

Pressiono freneticamente o botão para que ele acione o elevador, mas não
funciona.

— Você pode, por favor, pedir para que alguém me permita descer, pois o
botão não está funcionando e só quero sair daqui — digo com a voz embargada.

Ele se aproxima, sinto seu cheiro mais perto, seus braços me envolvem e
desabo. Choro com medo da rejeição, a dor da humilhação e não era um

sentimento que estava prevendo. Errei com ele muito, de fato, e não há

obrigação da parte dele me perdoar.

— Já disse que amo o cheiro do seu cabelo e da sua pele? — sussurra em

meu ouvido.

Concordo com um menear de cabeça.

— Por favor, não chora — diz me virando.

Nos encaramos, ele dá um sorriso doce que gosto de ver, é o mesmo

sorriso de quando estávamos juntos no Brasil, leve, fácil e sereno.

— Oi, raio de luz, você me fez esperar, mas estou feliz que veio. Os meus

dias foram um inferno desde quando soube que você... Você sabe, estou feliz de

te ver aqui.

— Estou feliz de poder olhar em seus olhos novamente, tive medo de

nunca mais poder te ver — digo sincera e ele seca minhas lágrimas.

— Esse pode ser nosso último encontro. Você sabe que em alguns dias irei
me casar — diz com pesar na voz.

— Eu vim aqui para te impedir de fazer isso e propor um acordo, me caso


com você desde que você não se case com mais ninguém — digo num fiapo de

voz, o fazendo rir de lado.


— A intenção de te comprar no leilão foi exatamente essa, mas você nem
me deu oportunidade de dizer tudo o que eu tinha em mente para nós. Todos

nossos encontros terminaram de uma maneira bem estranha.

— Sim, meio que atraio confusão, não é minha intenção, mas parece que

sou um para-raios e só atraio confusões.

— Tenho uma proposta para você.

— Qual seria?

— Se casar comigo amanhã, sem enrolação, reclamação ou protesto. Se

você aceitar será minha única esposa, a quem dedicarei toda minha vida.

— Amanhã, mas é dia útil.

— Eu sou sheik, as leis são minhas e faço o que bem entender. Aceita ou

não?

— Posso ao menos pensar?

— Não, você não tem opção. Aceita ou não?

— Por que você tem que ser assim tão mandão?

— Porque você passou tempo demais pensando e nada fez. Aceita ou não?
— pergunta novamente, agora me apertando contra seu corpo.

Ele me encara tão de perto que consigo sentir o ar quente saindo dos seus
lábios, o que é extremamente perturbador.
— Não consigo me concentrar em responder qualquer coisa, com você tão
perto — digo em um fiapo de voz.

— A intenção é te fazer dizer sim, somente isso. Diga sim e te deixo livre

para respirar — diz a última palavra tão sussurrada, que a única vontade que

tenho é de beijá-lo.

— Você é extremamente possessivo, isso não é bom para um

relacionamento que acabou de começar.

— Então isso é um sim?

— Não sei, vai depender do que você fará a seguir.

— Cici, EU AMO VOCÊ, e está impossível viver uma relação com tantos

conflitos, eu preciso de você inteiramente para mim, não apenas por seis meses e

sim por toda minha vida, passei os piores dias remoendo o que poderia ter lhe

acontecido, e hoje tive essa grata surpresa, a mulher que não sai da minha cabeça

surgiu aqui, bem diante dos meus olhos, tão perfeita e linda que eu não sei o que
farei se você não aceitar se casar comigo para sempre. —Dando uma pausa

breve ele continua. — A única coisa que tenho vontade de fazer agora é arrancar
sua roupa e beijar seu corpo inteiro — diz com o nariz colado ao meu, nossos

lábios quase tocam e estou paralisada, presa nos seus braços.

— Faça isso. — São as únicas palavras que consigo dizer, pois meu corpo

está fervendo de prazer.


Meus encontros com Khalil são sempre incendiários, a única vontade que
tenho é de estar nua sobre o corpo dele.

Prontamente ele atende ao meu pedido, me beija com muita voracidade e

sua língua chicoteia a minha numa dança traiçoeira, onde prazer me conduzindo

até o sofá ao lado ele me direciona para sentar, sem descolar os nossos lábios.

Sentado ao meu lado, ele me puxa para seu colo, me posiciona com as

pernas encaixadas em seu quadril, sendo possível sentir seu membro rígido em

contato com a minha intimidade.

Rebolo sentada em seu colo ainda vestido ele geme contra os meus lábios

deslizando suas mãos pelo meu corpo e agarrando minha bunda com força me

fazendo gemer em resposta, o telefone toca interrompe nossa brincadeira.

— Raio de luz, preciso atender eu tenho Algumas reuniões e são

inadiáveis

— Eu sei, Josh me contou sobre ter apenas trinta minutos com você acho
que eu já extrapolei o meu horário.

— Ah, então foi ele o seu cúmplice — diz brincalhão.

— Sim, mas não brigue com ele, a intenção foi a melhor, ele foi muito fofo
comigo e parece um irmão incrível.

— Ele realmente é o irmão mais velho que não tive — com carinho Khalil
fala do amigo.
— Preciso ir agora — beijo seus lábios rapidamente. — Eu te Amo — falo
e vejo os olhos de Khalil cintilarem.

— Eu também amo você, raio de Luz.

— Agora vou mesmo, me largue seu tarado. — Brinco, dando um tapa em


seu peitoral, nos afastamos sorrindo.

— Sim, com certeza. Ramiro está subindo preciso liberar o elevador e

autorizar que ele entre. Tudo bem para você?

— Por mim tudo bem, mas quem é Ramiro mesmo?

— Ele é o CEO de marketing da empresa, tudo aqui funciona muito bem

graças ao trabalho desse cara.

Assim que Khalil libera o elevador, segundos passam e as portas metálicas

se abrem.

Me viro e dou de cara com um homem alto, másculo com os cabelos


perfeitamente alinhados olhos claros me dando a real evidência de que ele não é

nativo muito provavelmente ele veio morar aqui e não nasceu aqui a maioria dos
árabes tem cabelos e olhos escuros.

— Ora, ora, mas se não é a famosa Cecília — O babaca fala me fazendo


encarar com um olhar interrogativo, em seguida encaro Khalil que sorri de lado e

levanta as mãos.
— Culpado, eu falei de você na cabeça dele por um bom tempo e sim
mostrei inúmeras fotos suas para ele.

— Como assim inúmeras fotos minhas? Em que momento você tirou essas

fotos? —Presumindo que fossem fotos sensuais, fico indignada com a ideia

idiota de Khalil.

— Loira, acalma-se. Khalil é extremamente reservado e eu sou homem de

confiança dele, fica tranquila.

— Foram fotos que tirei nossas nos dias que fiquei no brasil. —Franzindo

o cenho, estalo a língua na boca, tentando disfarçar meu desconforto.

— Khalil eu estou indo te encontro mais tarde?

— Ui, ela é brava — debocha o babaca.

— Para, Ramiro, deixa a Cecília em paz.

— Tudo bem, não está mais aqui quem falou. Desculpa, senhorita Cecília.

— Te encontro ou não mais tarde? — digo brava e Khalil responde

prontamente.

— É claro que sim, meu amor, te ligo em algumas horas.

— Te aguardo! — Me viro e encaro o homem a minha frente, esperando

que saia da porta do elevador, mas ele não faz. — Você vai sair da frente da
porta ou posso passar por cima de você?
— Calma, moça, vou ajudá-la a descer — fala o babaca sorrindo maroto e
aciona o botão do elevador, que prontamente abre.

Entro, viro de frente para os rapazes, soltando beijinho no ar para Khalil e

mostrando o dedo do meio para o amigo nojento.

— Você viu isso? Ela é rebelde, gosto dela! Esse casamento vai abalar Abu

Dhabi inteira.

Essas são as últimas palavras que ouço do alto bonito e idiota, e sorrio
assim que as portas se fecham.
Ao sair do elevador, encontro Josh que já me aguarda e sorrio por
encontrar um rosto conhecido, já que o último que encontrei no escritório de

Khalil, foi de um tremendo babaca.

— Oi de novo, Josh, que bom que você está aqui.

— Vi que o senhor Ramiro subiu, o que me fez concluir que já tinha

acabado sua reunião com Khalil, por isso decidi aguardar para que não se
perdesse no escritório.

— Muito gentil da sua parte, obrigada por isso.

— Imagina, podemos ir agora?

— Sim, vamos.

— Uma única coisa, senhorita Cecília, Khalil pediu que o aguardássemos

alguns minutos na sala de reuniões, para almoçarmos juntos. Ele apenas precisa
finalizar os assuntos que têm para tratar com o senhor Ramiro e já desce.

— Sem problema, podemos aguardá-lo, mas será que pode ser fora daqui?
Preciso de ar puro urgente.

— Claro que sim. Vamos buscar as meninas.


Seguimos em direção a sala de reuniões onde estão as garotas e descemos
todos juntos.

Bem ao lado do edifício há um restaurante/cafeteria incrível, então

entramos e nos sentamos logo na frente, tendo a vista disponível.

— Garotas, vou deixá-las aqui, mas volto em breve. Por favor, comecem

pelo café e não saiam daqui, ok?

Sorrimos e concordamos com ele.

Enquanto os esperávamos, ficamos conversando.

Depois de discutir algumas questões de marketing com Ramiro, me

encaminho para finalizar a reunião e me organizar para almoçar com Cecília e as

meninas.

— Miro, vou almoçar com a minha loira e as amigas dela, você não quer

almoçar com a gente e aproveitar para desfazer esse mal-entendido entre vocês?

— Hum, falou de amigas... Que tipo de amigas? Bem, bora lá, pois quero

conhecer essas meninas e se elas forem do mesmo naipe que a Cecília, pode ser
que alguma delas caia na minha rede — diz com um olhar predatório, que revela
suas segundas intenções.

— Desde que você não seja um babaca, tudo bem, pois elas são como

irmãs da Cecília e são inseparáveis. Eu mesmo pude ver de perto como uma

defende a outra, então acho que não vai ser bom para você se magoar qualquer
uma delas. A propósito, a ruiva que iremos encontrar lá, é namorada de Josh,

então nem pense em olhar para ela.

— Se é assim então, com quem eu posso ficar?

— Bom, pelo que Josh me contou, só veio mais uma menina que no caso é

a Monalisa. Acho que ela está disponível, pois a Chris, outra amiga de Cecília,

ficou no hotel. Não sei se algo aconteceu, pois não me inteirei muito do assunto.

— Entendi, mas vamos nessa, com certeza se for mulher gostosa topo

fácil. Você sabe que sou um pegador nato.

“É por essas e outras que preciso me afastar desse doido”, faço uma nota
mental.

— Sim, eu sei que você é um pegador nato, mas preciso que seja bem legal
com a Monalisa, pois não quero ter problema com minha mulher novamente e

como sabe estou tentando me reconciliar com ela, então manter o equilíbrio das
coisas me ajuda e muito.

— Ahh, mas você é muito chorão, cara, só vou pegar a mulher se ela
quiser ser pega, então fica na tua. Vamos logo que estou com fome e quero tomar

um drink, pois o dia de hoje vai ser longo e ter ao menos o horário de almoço

ocupado por uma mulher gostosa é minha melhor opção.

— Vai devagar, cara... As meninas são importantes para Cecília, não vá me

fazer nenhuma merda e estragar esse momento. Tenta fingir uma vez na vida que
é um cavalheiro.

— Vamos logo, cara! Está ficando chato e velho.

Saímos do escritório em direção ao restaurante que fica ao lado do

edifício. Encontro com Josh na recepção e seguimos os três ao encontro das

meninas.

Ramiro não para de falar como o típico garanhão que gosta de se

vangloriar. Ele sempre foi assim, enquanto Josh e eu somos mais discretos. O

que fazíamos na maioria das vezes era rir das idiotices que ele falava.

Só espero de verdade que ele não faça nenhuma burrada ou que incomode
demais Monalisa.

Logo que avistamos as meninas, noto que Ramiro imediatamente fica


pálido.

— Miro, você está bem? Está mais branco do que uma vela.

— Estou, acho que estou.


— Como assim acha? Seja mais claro.

— Aquela é a mulher que fodeu com a minha vida, Khalil. Foi ela que
partiu meu coração em pedaços — diz sério, me fazendo lembrar da tal Mona

que ele falava a todo momento alguns anos atrás, quando morava no Brasil.

Ele ficou algum tempo por lá, gerenciando a fusão das minhas empresas e

garantindo que o marketing fosse tão bom quanto ao da sede.

— Tem certeza? — pergunto preocupado com que ele fique muito irritado
com a menina e faça alguma besteira.

Eu me lembro bem do estrago que ela causou nele e por esse motivo hoje
ele é tão cafajeste. Não o julgo, porém me preocupa o escândalo em potencial.

— É claro que sim, reconheceria a diaba em qualquer lugar.

— Você ainda quer almoçar com a gente? — questiono.

— Agora faço ainda mais questão, preciso entender por que caralhos ela
me deixou sem dizer nada e sumiu.

— Certo, mas aqui não é local para isso, vamos almoçar e vocês
combinam de se encontrar no hotel onde elas estão hospedadas — concluo

tentando acalmar os ânimos, pois sei que ele está bravo agora.

— Khalil, não farei nada, quero apenas entender, pois nunca me refiz
depois dela, ainda dói e quero entender, somente isso.
— Sendo assim, vamos entrar — finalizo e encaro Josh, que meneia a
cabeça.

A nossa conexão é incrível e ele me entende apenas pelo olhar.

Trabalhamos há tantos anos juntos que nos tornamos quase irmãos, afinal
ele é muito mais do que um segurança para mim.

Entramos no local, nos aproximando da mesa onde as meninas estão

sentadas e quando Monalisa nota a presença de Ramiro, quase grita, se


controlando por muito pouco.

— Você? Não, isso só pode ser uma piada! Viajei mais de treze horas para
chegar aqui e dar de cara com você — a morena diz desdenhosa.

— Que mudo pequeno, Mona — rebate amargo.

— Quem é esse cara? — Flora pergunta.

— O idiota do escritório... — responde Cecília pausando a fala, como


quem pondera sobre algo. — Espera... Lisa, esse é o Ramiro? Aquele Ramiro?

Lisa concorda, fazendo as garotas entreabrirem a boca.

— Gente, por favor, vamos nos acalmar, aqui não pode haver escândalo ou
todos seremos presos, estamos em Abu Dhabi, lembrem-se disso — digo baixo,

me sentando em frente a Cecília.

Nossos costumes não permitem que mulheres e homens se toquem, salvo


se o homem iniciar o cumprimento. Para evitar qualquer transtorno, damos

preferência a sentar sempre a frente da mulher e nunca ao lado.

— Migas, vou embora, perdi a fome. — Se levantando Lisa sai da mesa e

Ramiro a segue, pegando em seu braço magro.

Ela o encara com o olhar magoado e provavelmente tem mais coisa nessa

história do que Ramiro me contou.

Me pergunto o que deve ter acontecido nessa viagem com eles, pois já faz
tanto tempo e ainda estão bravos um com o outro.

— Me deixa te levar — ele diz e somos espectadores de um climão.

Meus seguranças estão à postos, e toda vez que venho almoçar aqui no

Catch at St. Regis, eles ficam à espreita.

Josh e eu trocamos olhares cúmplices e sem que fale nada, ele entende o

que precisa fazer. Ele levanta e vai de encontro a Ramiro e Monalisa, tocando no

braço de Miro que faz sinal para o manobrista trazer seu carro.

Monalisa aproveitando esse momento de distração, sai correndo no sentido


contrário ao do trânsito. Miro automaticamente vai atrás dela, e as meninas

começam a ligar para seu celular sem sucesso.

Depois de algum tempo, Josh retorna para o restaurante e senta conosco.

— Era para ser um almoço, somente isso. Será possível que nunca
conseguimos nos reunir sem confusão? — diz Cecília chateada.

— Amiga, veja pelo lado bom, já estamos aqui mesmo, vamos almoçar e
ter um minuto de paz por agora. Depois vamos caçar aquele safado e capá-lo —

diz Flora, fazendo todos rir.

— Concordo, vamos pedir o prato do dia e garanto que vocês vão gostar

— Josh diz fazendo Flora sorrir de lado.

Cecília está com olhar preocupado, mas tenta disfarçar.

— Por mim tudo bem, podemos pedir? Assim almoçamos e podemos ir

atrás de Lisa — Cecília diz impaciente.

— Claro, vou chamar o garçom — digo e aceno, sendo prontamente

atendido.

Pedimos as refeições e enquanto aguardamos, trocamos poucas palavras.

Cecília pega o celular e parece mandar uma mensagem para a amiga.

Quando começamos almoçar, consigo distrai-la um pouco, fazendo com

que desse algumas risadas com minhas bobeiras, mas sabia que não era
suficiente.

Peço a Josh que a leve para casa junto com Flora e sigo novamente para a

empresa, já que há muitas questões a serem tratadas ainda, inclusive o


cancelamento do meu casamento com Hanna, já que a esposa escolhida havia
chegado.

O almoço foi uma merda, e apesar de também ter me encontrado com

Khalil, estava muito apreensiva por Lisa, pois sabia como Ramiro havia acabado

com os sonhos dela só para não ficar por baixo.

Ela retribuiu quase com a mesma moeda ao largá-lo sem nenhuma

explicação e pelo que pareceu, ele quer tirar satisfações com minha amiga.

O mais engraçado é como a vida e o destino unem pessoas.

Já havia passado cinco anos desde esse relacionamento relâmpago que

Monalisa teve com Ramiro, entretanto, na época Lisa era muito jovem e imatura,

incapaz de perceber claramente que ele a magoaria.

Depois foi a vez dela fazer com que ele sentisse na pele essa dor. Ela foi
embora sem deixar nenhum recado e sumiu do mapa como se diz. Desde então é

essa a referência que ela tem dos homens.

Hoje em dia ela ainda age assim, transa e desaparece, mas sei muito bem

que ela ainda não superou Ramiro.

Depois de um tempo Khalil envia uma mensagem informando que quer


marcar um almoço na casa dos seus pais e me pede que leve vovó Ellis, para que
assim pudéssemos apresentar as famílias e formalizar o nosso compromisso.

O casamento precisará acontecer essa semana e isso me deixa nervosa,

mas pelo menos não será amanhã como ele pediu.

Antes ele tem que resolver algumas burocracias com a família de Hanna,

já que estava tudo certo para o casamento e surpreendendo a todos, ele cancelou

tudo.

Saber que não sou a escolha da sua família me deixa apreensiva, pois

precisarei passar pela aprovação dos pais dele.

O que me faz pensar em como será o casamento.

Sei que os árabes têm costumes muito diferentes e os casamentos podem

durar semanas.

Mas será que teremos que fazer igual ou poderemos adaptar uma parte

árabe e outra parte brasileira?

A única coisa que tenho certeza é que preciso resolver tudo isso com meu
sheik e futuro marido.
Dias depois...

Quando meu noivo me falou sobre o almoço não esperava um grande


evento, até porque, pelo que sabia, era apenas para que me apresentasse aos seus

pais e mostrasse a eles minha avó.

Parece que os árabes costumam comemorar mesmo as pequenas

conquistas e a escolha de uma noiva é uma conquista e tanto.

A casa de Khalil é incrível, um palácio de verdade, e está completamente


decorada com flores por toda parte, além de estar muito colorido, tudo para

celebrar esse momento.

O lugar está bem tranquilo, a música toca animadamente, as dançarinas

fazem suas performances e todos parecem felizes.

As meninas estão observando atentamente o que acontece, assim como eu,

pois tudo é muito diferente do que estamos habituadas a ver no Brasil.

Khalil pediu que usássemos roupas tradicionais da sua cultura, e como não
queríamos ofender as pessoas que nos receberam tão bem, ficamos felizes em

aceitar seu pedido.

Ele se aproxima com um casal, sorrindo lindamente, enquanto caminha, só


parando para cumprimentar vovó Ellis e apresentá-la aos seus pais, Muramad e
Aniah.

No momento em que conheço meus futuros sogros, é quando descubro que


hoje será meu casamento no civil, então olho atônita para Khalil que reage

impassível.

— Minha filha, hoje você entra para o seio da família Al Maktoum — diz

o pai de Khalil.

— Fique tranquila que cuidaremos de você e de seus interesses, receber

uma filha sempre é uma benção — gentil conclui a mãe do meu futuro marido.

— Obrigada — respondo sorrindo fraco.

— Estaremos logo ali, se quiserem se juntar a nós são muito bem-vindos

— diz Aniah apontando para o lado oposto da grande sala.

Sorrio e meneio a cabeça.

Eles saem, ficando apenas Khalil, vovó e eu.

— Por que você não avisou que hoje seria nosso casamento? Ficou louco?

— Porque você fugiria.

— Eu não faria isso, viajei por horas em busca do seu perdão e para me
casar com você, seu bobo. Eu seria louca se fugisse, até para meus padrões.

— Temia que mudasse de ideia, então decidi fazer assim... — confessa,


parecendo realmente culpado.

— Eu te daria um beijo agora, mas não podemos, não é mesmo?

— Não, mas eu posso te beijar — diz e se aproxima, beijando o alto da


minha testa depois beija o rosto de vovó Ellis.

— Venha, vou te apresentar aos meus irmãos — diz estendendo a mão.

— Vamos sim, vovó você vem?

— Não, minha filha, vou andar por aí, ver as modas, como vocês jovens

costumam dizer.

Rimos e saímos em direção aos irmãos de Khalil.

— Só há um problema — com o olhar preocupado diz, me fazendo parar.

O encaro séria.

— Me diga de uma vez.

— Hanna está aqui

— Preciso me preocupar ou isso é uma espécie de plano diabólico

programado por você?

— Claro que não, amor, meus pais querem que me case com ela também, a
tornando minha segunda esposa.

Brava, olho para todos ao nosso redor, tentando identificar a mulher.

— Mas como prometi a você, serei somente seu.

Sorrio de lado ruborizando de imediato.

— Você tem certeza de que quer isso? Está ciente de que pode ter um
harém? — indago, investigando sua escolha.

— Tendo você, não preciso de mais nada — diz e puxa minha mão
depositando um beijo nela.

— Vamos, quero que conheça Rania, ela vai amar você.

Seguimos cortando os convidados que estão no caminho dançando

animadamente, até que um rapaz me puxa para dançar em meio a eles e fico sem

jeito, tentando disfarçar minha falta de habilidade com a dança local.

Mas graças ao Astro-rei, sou socorrida por um rapaz jovem, bonito e muito

parecido com meu futuro marido.

Estranho a semelhança gigantesca até que Khalil se aproxima e vejo que

eles são idênticos.

Mas havia alguma coisa que os diferenciava...

— Mas como pode ser? — digo atônita.

— Somos gêmeos.

A voz rouca do rapaz invade meus ouvidos, e arregalo os olhos incrédula.

— Esse é Khamal, meu irmão, minutos mais novo que eu — Khalil


informa, me fazendo rir.

— Sempre me perguntei se a sua mãe tinha um molde seu guardado, agora


vejo que ela usou todos fazendo dois iguais — digo rindo.
— É, parece que sim — Khamal diz amargo.

— Vamos, Cecília, as meninas te aguardam.

Seguimos um pouco mais à frente e avisto as mulheres reunidas, todas

muito lindas em suas vestimentas.

Os vestidos são todos com cores alegres e fios dourados decorando.

— Rubi, Rania! Esta é Cecília, minha futura esposa.

— Então, você conseguiu convencer a Brasileira mesmo? — animada


Rania se pronuncia.

— Parece que sim! — Sorrindo ele rebate.

— Por Alá, eu orei por esse momento, não suportaria uma cunhada... —

Rania interrompe a fala de Rubi.

— Não seja mal-educada com nossa cunhada, o que ela vai achar que

somos?

As meninas animadas me abraçam gentis, disfarçando esse momento


estranho de revolta contra a quase ex-cunhada.

— Agora você será nossa irmã! Tenho muitas coisas para contar e avisar,
pois imagino que meu irmão tenha a surpreendido com esse casamento no civil

às pressas. Mas vamos dar um jeito de deixar tudo como você deseja — diz
Rania empolgada, como quem acabou de ganhar um presente.
— Precisamos resolver logo, ou teremos um casamento com a decoração
escolhida por Hanna e não queremos esse desprazer — Rubi conclui e nós

quatro sorrimos. — A propósito, meu querido irmão, por que ela está aqui no seu

casamento? Ela não foi avisada que não seria mais a noiva?

— Foi, mas algo não está certo, vou checar isso pessoalmente. Por favor,
cuidem de Cecília por mim? Encontrem as irmãs dela para que não fiquem

perdidas em meio a esses festeiros — orienta Khalil, fazendo as meninas


concordarem.

— Venha, precisamos te contar como tudo acontece nesse evento que só


irá acabar daqui cinco dias — diz Rubi com um sorriso maravilhado no rosto.

— Cinco dias? — pergunto espantada fazendo as meninas rirem.

— É brincadeira!! Vamos subir, pois preciso mostrar suas roupas — diz

Rania me puxando pela mão, me conduzindo pela casa até um quarto cheio de

roupas.

Entramos na casa e Rubi me explica como funciona os casamentos,


enquanto Rania pega os vestidos escolhidos.

— Na cultura árabe, uma das mais ricas e originais do mundo, os eventos e


tradições são admirados pelo mundo todo, mas nenhuma é tão incrível quanto o

casamento. Os casamentos duram em média três dias, cada dia com uma prática
distinta. No primeiro dia de cerimônia são feitos os trâmites legais, é nele que

vocês vão trocar as alianças assumindo o “contrato de casamento” que será feito

assim que você estiver pronta — diz sorrindo ao ver o vestido escolhido por

Rania.

— O segundo dia é dedicado a você exclusivamente. São feitas as famosas


tatuagens de henna e toda sua produção. É muito importante saber que as

tatuagens só podem ser feitas por solteiras, então serei uma delas com certeza,
não perco por nada — diz Rubi animada.

— No terceiro e último dia é realizada a festa de casamento. Para esse dia


você precisa estar impecável, pois com o cargo que meu irmão ocupa teremos

mais convidados do que somos capazes de contar e a comida também será em

abundância — Rania diz encarando mais um vestido enquanto mede sobre meu

corpo. — Como não é permitido o consumo de bebidas alcoólicas, nos

empanturramos de doces, o que de certa forma é o argumento que usamos para

substituir a falta de álcool.

— Agora vem a parte que eu amo da festa. — Rubi bate palmas de

empolgação e fico sem entender nada, aguardando que me digam o que


acontece, mas como ninguém fala, pergunto:

— E o que acontece?

As duas falam em uníssono.


— É a chegada da noiva!

Minhas cunhadas claramente amam casamentos e parecem ter participado


de muitos.

— Quando o salão estiver cheio, você chegará sentada em um trono que é


suspenso por homens de inteira confiança da nossa família — explica Rubi.

— Realmente é necessário? — pergunto.

—Sim! — responde rapidamente Rania. — Isso é considerado uma grande

honra e para completar tem a chuva de pétalas de rosa sobre você. É necessário

que esteja deslumbrante nesses dias e para isso pode usar até sete vestidos
diferentes. — Rania pega um dos vestidos e roda com ele agarrado ao corpo, nos

fazendo rir.

— Cecília, dois dos vestidos têm cores obrigatórias, um tem que ser verde

e o outro branco. Quanto aos outros vestidos a decisão é exclusivamente sua —

diz Rubi.

— Quando tenho que usar essas duas cores obrigatórias? — indago

curiosa.

— O vestido branco é obrigatório no terceiro dia da festa, já o verde você


terá de usar na festa da henna, que é o segundo dia, é um costume. Nos demais
não há regras, use e abuse do seu bom gosto — Rubi finaliza.

— Em todos os dias teremos a companhia de muitas dançarinas que


animam os convidados com músicas típicas. Você e meu irmão irão apreciar a

festa em dois tronos, um ao lado do outro enquanto todos curtem a

comemoração. Essa sem dúvidas é a parte chata, pois você não participa muito,

pelo menos não é comum — com pesar na voz Rania diz. — O que me lembra
que a cerimônia está rolando e que devemos descer agora antes que o Baba

venha nos buscar.

Ao descermos de novo para a festa, peço as minhas cunhadas para que me

ajudem a encontrar minhas amigas e assim passamos em meio aos convidados,


em busca delas.

Reparo uma movimentação estranha no fundo da sala, uma mulher está

falando alto e gesticulando, então decido ir em direção a ela quando noto que

Khalil está ao seu lado. Quando estou próxima a eles, consigo ouvir o a voz da

mulher com clareza, ela fala muito rápido e de forma desordenada, mas não

entendo absolutamente nada, acredito que ela fala em seu idioma. Porém, pela
cara de Khalil ela está o ofendendo.

Ramiro se aproxima junto com Josh e as meninas, e a surpresa no rosto do


meu futuro marido é notória ao me ver perto da confusão.

A mulher percebe que a atenção de Khalil mudou de direção, ela busca


saber para onde ele está olhando e me vê na sua frente.
Ela parece muito brava, corada pela exaltação e vem ao meu encontro
apontando o dedo e gritando palavras incompreensíveis, sendo detida por

Ramiro.

Logo aparecem dois homens desconhecidos e ela grita em alto e bom tom

para que eu possa compreender: — Você não será feliz, sua impura, vou rezar
para que vocês sejam...

Os homens a arrastaram do grande salão, para algum lugar, que eu não sei

onde é, e Rania segura meu braço comentando:

— Cunhada, essa é a Hanna, ela falou muitas coisas ruins a seu respeito.

Está brava por conta do casamento que seria dela em alguns dias nesta casa,

neste local e com esses convidados, por isso ela veio tirar satisfações com meu

irmão e amaldiçoou seu casamento, como você mesma pode ouvir.

— Mas eu não fiz nada para essa mulher, nem sei quem ela é, inclusive

nunca a vi mais magra. Eu não tenho medo de praga de ninguém, irei me casar e

ela que lute. Se quiser falar comigo estou à disposição, basta vir.

Minhas cunhadas riem e nos aproximamos de Ramiro que já está ao lado


de Lisa, um pouco mais à frente vejo Flora e Josh, que está completamente

diferente do habitual, hoje em especial ele está sem terno, e ao lado deles,
Christine.

— Vocês entenderam alguma coisa? — digo me aproximando


rapidamente.

— Amiga, sinceramente, essa mulher louca nem merece nosso tempo —


Lisa diz sorrindo.

— Vamos deixar para lá, afinal de contas tenho muitas coisas para falar e
apresentar. Minhas cunhadas é uma delas. Meninas, essas são a Rania e a Rubi,

elas me explicaram em detalhes sobre o ritual do casamento árabe e pasmem,

tem duração de três dias.

— Ah, foi por isso que a procurei e não achei — Lisa conclui.

— Avisei que ela deveria estar com as cunhadas... — Ramiro se intromete.

— O que você faz aqui mesmo? — O corto.

— Sou seu padrinho de casamento, Cecília, Khalil não te contou?

— Não, mas vocês... O que está rolando aqui? — inquiro me virando para

Lisa.

— Já acertamos as coisas amiga, fica tranquila.

— E onde estão vovó e as crianças? — questiono e prontamente Flora

responde.

— Estão com os pais de Khalil mais ali à frente.

— A propósito, alguém sabe onde ele está? — Rubi questiona.

— Está resolvendo algumas questões com Hanna e os pais dela — Josh


diz.

Algum tempo depois, a festa transcorre normalmente e em certo momento


noto um pequeno altar, que acredito ser o local onde a cerimônia ocorrerá.

Quando é anunciado o início da cerimônia em si, sou conduzida por


minhas cunhadas e amigas até o lugar e avisto meu futuro marido.

Confesso que a única coisa que esperava para agora, era sair dali e poder

curtir meu marido um pouco.

Quando quase todos já haviam ido embora, restando apenas nossas

famílias, nos recolhemos para o quarto preparado para nós.

Há pétalas de rosas por todo o chão, os lençóis são brancos, a iluminação é

quente e acolhedora, e o cheiro de incensos deixam um aroma delicioso no

quarto.

Khalil segura a porta aberta me dando passagem.

— Você primeiro.

Sorrio com o gesto, entro cuidadosamente tirando meus sapatos e caminho


descalça sobre as pétalas.

Khalil fecha a porta atrás de nós, estende a mão e me pega no colo, em


seguida caminha até a cama depositando meu corpo sobre ela.
Se deitando ao meu lado, beija meus lábios, passeando sua mão em meus
cabelos, colando nossos corpos um no outro.

Desliza sua mão hábil sobre meu corpo, afasta nossos lábios e tira meu

vestido. Levanta meus quadris, sinto a peça deslizando para baixo e vejo quando

ele joga no chão. Em seguida, tira suas roupas e deita, aproximando seu corpo.

Beijando meu pescoço, meu único movimento é jogar a cabeça para trás e

desfrutar da sensação gostosa de ter seus lábios em meu corpo.

Com sua mão livre, ele acaricia meus seios, alternando entre puxões leves

e fortes no bico, os fazendo ficarem duros e enviar ondas de prazer.

Jogando minha cabeça para trás, sinto quando desliza a mão até minha

intimidade e inicia uma deliciosa tortura em meu clitóris, me estimulando em

movimentos circulares. Com a outra mão em meu pescoço, ele me aperta

levemente, dando um beijo com intensidade.

Ao notar que já estou bastante lubrificada, ele retira a mão, o que me dá


uma sensação de vazio, mas que rapidamente é preenchida quando ele se

posiciona sobre meu corpo e começa a esfregar seu pau rígido em meu ponto
sensível, me fazendo elevar meus quadris com o prazer proporcionado.

Gentilmente me penetra e, assim que ele está dentro de mim, começa a


aumentar a velocidade, em torturantes movimentos de vai e vem.

Em pequenas pausas, vez ou outra, ele dá uma arremetida com tudo, me


fazendo chiar.

A cada estocada em minha boceta, o escuto soltar um uivo de prazer,


mostrando que está a ponto de se estilhaçar assim como eu. E a cada som que ele

produz, o meu baixo ventre me faz querer mais dele.

Meus gemidos ficam cada vez mais altos, e à medida que ele me penetra

com intensidade, seus suspiros abafados me fazem sentir ainda mais prazer.

Khalil sai de dentro de mim e admira minha boceta.

— Está tão vermelhinha — diz e sem demora abocanha, me fazendo

gemer tão alto, que por um segundo, sinto vergonha ao pensar que alguém
poderia ter ouvido.

O movimento da sua língua é tão perfeito e sincronizado que se assemelha

a uma dança.

Sem que espere, rapidamente sou colocada de quatro e sinto quando Khalil

coloca seu pau para acariciar a entrada do meu ânus.

Notando que ainda não estou pronta para recebê-lo lá, penetra minha
boceta com a mão, me deixando encharcada mais do que estava. Usando meu

líquido natural, sinto uma pressão quando ele coloca a cabeça do seu pau na
minha bunda. Massageando meu clitóris, penetra até o fim, me fazendo soltar
um gemido, ouvindo seu urro em resposta.

Os movimentos de vai e vem começam e quase que de imediato gozo na


mão do meu marido, que continua a me torturar deliciosamente com seus dedos

mágicos. Estocando em meu rabo, rebolo sentindo quando a pressão e a

velocidade aumentam, até que Khalil uiva e derrama seu líquido dentro de mim.

A sensação é tão incrível que me faz gozar novamente.

Deitamos lado a lado na cama tentando recuperar o ar perdido. Nos

entreolhamos com paixão e ficamos ali por horas, fazendo amor, repetindo a

dose por muitas vezes.

O segundo dia de festa foi incrível, dançamos muito e tive as partes


visíveis do meu corpo todas desenhadas.

A sensação é inexplicável, o carinho que as mulheres tratam umas às

outras é admirável, e Rubi e Rania conduziram todo o ritual.

O segundo dia de festas passou tão rápido que nem notei.

Comemos, conversamos, nos divertimos e foi tudo impecável.

Os preparativos para o terceiro dia começaram ainda ontem após a festa da


henna, e hoje será o dia de usar o vestido branco.

Dentre os modelos que havia no quarto, escolhi um com mangas

transparentes, todo rendado, e com aplicações no bojo.

O vestido é todo cravejado em pedras, um verdadeiro primor.


Minha chegada é a mais esperada, pois é a maior honra dentro da cultura
do meu marido.

Sento no trono e sou suspensa por homens que vi aqui nos últimos dois

dias, entre eles meus cunhados, Khamal e Youssef, Ramiro e Josh e mais dois

outros que não sei o nome, mas que são da família.

O cortejo começa e sou conduzida ao ritmo da música pelo grande salão,

o sorriso estampado no rosto de Khalil me faz sorrir de volta e a alegria é

contagiante.

Uma chuva de pétalas cai sobre meu rosto e levanto um dos braços para

pegar algumas pétalas no ar.

A sensação é muito gostosa ao ser conduzida como rainha em meio aos

convidados, é algo que jamais imaginei vivenciar na minha vida.

Sou abaixada ao lado de meu marido, que está sentado em um trono igual

ao meu.

Ficamos acompanhando o festejo, aplaudindo os convidados que se

animam com as dançarinas e outras moças.

Os convidados se aproximam para nos parabenizar, são tantas as pessoas


que ficamos por horas sorrindo e cumprimentando todos.

A festa dura o dia inteiro, e apesar da surpresa, foi perfeito, até mais do
que poderia imaginar.
Tantas coisas se passaram desde o casamento que foi um sonho e a vida de
casada é muito maravilhosa.

Ainda estamos em Abu Dhabi, com planos de voltar ao Brasil nos

próximos dias, Khalil sabe que não desejo deixar o Brasil de fato.

Há exatos sete dias após o casamento teve uma outra festa que aqui

chamam de Sabaa. É uma espécie de chá de cozinha onde apenas mulheres

participaram, e no dia recebi muitos presentes, assim como no casamento

também, mas ainda não dei conta de abrir tudo.

Passamos alguns dias conhecendo os Emirados, foi a forma que Khalil e

eu escolhemos para comemorar nossa lua de mel.

As meninas precisavam voltar para casa, mesmo cada uma tendo recebido

uma oferta de emprego, vindo da parte do meu marido.

Flora ainda está na dúvida, já que os filhos têm uma rotina no Brasil e o

medo da minha amiga é que eles não se acostumem a vida daqui. Josh até
garantiu que faria tudo o que estivesse ao seu alcance para manter o equilíbrio na

rotina das crianças, sem deixar nada faltar, além de que se casaria com Flora,
mas acho que isso a espantou.

Já Christine precisa resolver sua vida com o boy lixo do Andrew.

E Lisa...

Ela está vivendo intensamente com Ramiro, uma coisa doida, até porque
um tentou ferrar com o outro, mas aparentemente nunca esqueceram dos

sentimentos que nutriam entre si, inclusive já estão morando juntos.

Aquela que era a mais recatada de nós, foi a que se resolveu mais rápido.

Apesar de acharmos prematura essa relação deles, as meninas e eu


notamos que Monalisa está realmente feliz com a relação, então não criticamos a

decisão que tomou, mas deixamos claro que ela poderia sempre contar conosco.

— Oi, meninas, é nosso último dia juntas, foi tão perfeito passar esses dois
últimos meses, aqui com vocês, pois seria difícil demais se não tivesse tido o

apoio das minhas garotas.

— Ain, amiga, estou indo com o coração na mão de deixar você e Lisa

aqui — Chris lamenta chorosa.

— Para de chorar, miga, vamos ficar bem, podemos nos falar sempre por

vídeo chamada e tenho certeza de que vocês vão querer voltar em breve — Lisa

diz sorridente.

— Você foi rápida e prática, né, sonciane? Sempre foi recatada e pelo que

lembro odiava Ramiro, agora já está praticamente morando na casa dele, afinal,
só vem aqui para pegar roupas, sua safada — digo e todas riem.

— Ain, gente, parem com isso, ele é bom de cama e tem a mala grande —
a safada responde, nos fazendo dar gargalhadas.

— Você aprendeu direitinho as minhas dicas, hein? — Flora se vangloria


divertida.

— Miga, eu só sei escolher vestidos de noiva para clientes, machos


escolho com base nos seus conhecimentos apuradíssimos.

Rimos sem parar.

— Gente, mas agora falando sério... O que aconteceu com a nossa estadia

nos Emirados? Vovó Ellis vai se casar mesmo? — pergunta Flora séria.

— Garotas, o senhor Amir me pediu a mão dela e fiquei sem palavras,

então só disse sim. Confesso que fiquei feliz demais por minha avó e apesar dela

ter ficado receosa no início depois de muita conversa chegou à conclusão que era
algo bom e que merecia viver essa nova aventura — digo e Flora complementa.

— Vovó passou parte da vida cuidando de nós, e não teve um

relacionamento com ninguém há séculos.

Rimos da forma que Flora fala.

— Bem que eu vi o escolhido batendo papo com ela no seu casamento —

Chris relembra. — Agora a pediu em casamento e já não era sem tempo, né?!
Passou da hora de dona Ellis viver...

— Dona Ellis, essa sim é uma figura. Eu disse para ela que devia tentar,
porque velho não tem para onde ir. Ainda bem que ela me escutou — Lisa diz e

todas nós olhamos para ela. — Que foi, gente? Ela é apaixonada pelos netos e
bisnetos, e a verdade é que nunca demos sossego. Lembra de quando Flora
engravidou? Foi um inferno a vida dela, Florinha vomitava vinte e quatro horas

pela casa toda e vovó limpava.

Rimos das palavras de Lisa e Flora dispara.

— O que Abu Dhabi fez com você, Monalisa? Estou preocupada, miga,
pois até voltar para o Ken mágico pirocudo, você voltou. Será que precisamos

nos preocupar?

Voltando ao assunto sobre Ramiro, noto que Florinha causou um claro


desconforto em Lisa, que agora parece irritada.

— Migas, estou ótima, então não se preocupem comigo, pois sei o que
estou fazendo e por quê — rabugenta Lisa rebate.

— Nossa, nossa, nossa, a mocinha doce e delicada se tornou atrevida e

abusada — diz Flora. — Não está mais aqui quem falou.

— Meninas, chega disso. Preciso contar a vocês algo sério que, Rubi e

Rania, me confidenciaram. Como sei que vocês são um túmulo, posso confiar o
segredo — digo séria e apreensiva.

— Fala logo, Cecília, não temos muito tempo, logo Josh chega para nos

buscar — diz Flora curiosa.

— Elas acreditam que Josh, é irmão delas — digo e vejo o espanto em

cada uma das minhas amigas.


— Caraca! No fundo desconfiei que havia algo de errado. Achei estranho
o modo como o pai de Khalil, analisava Josh. Principalmente quando suas

cunhadas se aproximavam dele, que era quase o tempo todo. Até comentei com a

Chris, né amiga? — diz Flora e Chris rebate.

— Sim, ainda reparei que o velho nos olhava sempre que elas vinham até
nós, quando o grandão estava com a gente. Era como se ele temesse algo,

escondesse, sabe?

— Sim, total. Khalil também observou isso e pediu a Salem, algumas

informações, porém não teve as respostas que queria. Acho que o assistente
pessoal dele ou não é tão fiel assim, ou não tão bem-informado como precisaria

ser — concluo e ouvimos a porta abrir.

Josh, Khalil e Ramiro, todos bem despojados, lindos e gostosos se

aproximam de nós.

— Olá, meninas, estamos em cima da hora, podemos ir? — diz Josh.

— Sim, grandão, podemos! — responde Flora com um olhar apaixonado.

Mesmo não assumindo, ela está completamente entregue aos encantos de


Josh.

Seguimos todos para o aeroporto e Chris escolheu vir no carro comigo,


enquanto as meninas, vão com seus pares.

Chris não falou muito durante o trajeto, só respondia quando falávamos


algo com ela.

Minha amiga, parece triste, mas não notei a tempo de perguntar o motivo
quando estávamos juntas.

Chegamos rapidamente no aeroporto e o jatinho de Khalil já estava


disponível, mas apesar disso tínhamos horários para usar o espaço, mesmo ele

sendo quem é, afinal tudo por aqui tem regras e que são seguidas severamente.

— Ain, meninas, não sei como vou sobreviver sem vocês. — Abraço Flora
e Chris, depois Lisa vem se juntando a nós.

— Eu amo vocês, nada teria sido assim sem o apoio e o amor de vocês por
mim — Lisa diz com os olhos marejados.

— Também amo vocês, garotas, quero dizer que... Deixa para lá, não

vamos falar de coisas ruins agora — Chris diz e beijamos seu rosto, a abraçando

apertado.

— Olha, você escapou hoje, mas amanhã quando chegar em casa, quero
saber o que você tem e por que está triste. Sei que sou incrível e que você não

vive sem mim, mas será por pouco tempo, logo estaremos juntas — digo
sorrindo largamente e recebo três sorrisos de volta lindos.

— Agora é sério, precisamos ir, nosso tempo na pista estourou, logo


seremos multados senão sairmos — Josh diz fazendo com que todas reclamem.

Sem opções, Flora e Chris sobem a escada para entrar no jatinho e acenam
para nós que ficamos aos prantos abraçadas aos nossos pares.
Um mês depois...

Como esperado, convenci Cecília de se casar comigo e na marra ela


aceitou.

O único inconveniente foi a presença de Hanna no meu casamento com


Cecília, ela havia sido informada sobre o cancelamento do nosso casamento,

assim como a sociedade com sua família, no entanto, insistiu em participar de

todos os dias da cerimônia, o que não aconteceu.

Entendi perfeitamente a sua chateação, mas ela fez de tudo para atrapalhar

meu casamento. Com ajuda de Josh e Ramiro, conseguimos intervir e fazer com

que ela fosse levada todas as vezes em que tentou atentar contra nós, com seus

planos de destruir tudo que eu queria mostrar de perfeito, sobre o que é o

verdadeiro casamento para Cecília.

O pior é que ainda insiste que preciso me casar com ela, tendo em vista

que nós, árabes, temos o costume de nos casar por mais de uma vez.

—Entre Khalil, seja bem-vindo a nossa casa! — fala gentil a Sra. Al-

Saabah.

— Nain está no escritório lhe aguardando, venha comigo, vamos

conversar lá! — A sigo em silencio, até encontrar com Nain Al-Saabah, um dos
empresários mais poderoso da cidade

— Senhor Nain, boa tarde!


— Khalil como é bom ver você meu filho, a que devo a honra de sua visita
na tarde de hoje?

— Minha visita é para falarmos sobre o meu casamento com Hanna.

— Ah que bom meu filho, a data já está próxima, não fique ansioso.

— É sobre o cancelarmos do casamento que estou aqui — falo e sou

interrompido por Hanna.

— Khalil isso não faz o menor sentido, já estava tudo combinado.

Compramos todas as coisas para o casamento, os convidados já foram

informados sobre o casamento, e agora? — Hanna, indignada fala, entrando no


escritório.

— Hanna tenha modos, não te criamos para rebater com homens —

repreende a mãe de Hanna.

— Mamãe isso não é justo!

— Khadija, tire Hanna daqui agora, e corrija esses modos dela, que

desrespeitoso isso! — Nain exige bravo, fazendo com que a sua esposa tire
minha ex-futura noiva do escritório.

—Senhor, me perdoa por esse inconveniente não queria trazer desarmonia


para o seu lar.

— Khalil meu filho, tudo bem, deixe que me entendo com Hanna depois,
mas por que você está rejeitando minha filha? Ela merece mais respeito.

— Exatamente por isso, eu cometi um grave erro e não quero o ser


culpado por causar dor a uma mulher, não uma dor de amor, Hanna merece um

homem que a ame e eu não sou esse homem, pois amo outra mulher e ela irá se

casar comigo em breve.

— Você sabe que esse desrespeito com minha família precisara ser

recompensado, sua posição está em jogo.

— Se o senhor prometer se aliar a mim, sua recompensa será cinco vezes

maior que o dote oferecido pela sua filha o que acha?

— A mulher que você pretende se casar vale isso tudo?

— Sim, e muito mais! Temos um acordo?

— Sou um comerciante meu filho, nunca perco uma boa negociação.

Estamos combinados!

— Obrigado, senhor Al-Saabah, não se arrependerá.

Sai da casa de Hanna, para conversar com meus pais, como sempre eles
me apoiaram, papai se casou com mamãe por amor, ele se apaixonou ao

primeiro olhar, e foi recíproco, tanto que estão juntos a anos e papai nunca se
casou com outra mulher.

Mesmo depois de rejeitada, Hanna anseia ser a minha segunda esposa, mas
o meu combinado com Cecília é que ela será a única esposa, mesmo que
comprada pelo Sheik, brincamos sempre sobre isso e comprada ou não, ela é

mais que especial.

Nosso casamento foi incrível, tudo aconteceu muito rápido, mas foi

perfeito nos detalhes. Inclusive já estamos planejando nos mudar para uma das
minhas propriedades aqui em Abu Dhabi, uma que comporte sua grande família,

afinal as meninas precisarão ter seus quartos em nossa casa, mesmo a


contragosto, Cecília parece feliz em estar aqui e conversamos muito sobre voltar

ao seu país sempre que possível.

Soube por intermédio de Josh, que Augusto, tentou invadir a mansão de

Cecília, mas por sorte as garotas não estavam em casa na hora, e segundo as

informações o idiota estava há dias tentando falar com Cecília, sem sucesso, pois

tivemos que mudar o número de celular dela, por problemas com a operadora do

Brasil.

As consequências da ideia idiota de Augusto, o fez ser detido em flagrante


por invasão de propriedade e todos que trabalham na mansão, estão alertas, caso

aconteça uma nova tentativa.

Com isso, precisei contar a Cecília, pois sabia que ela ficaria bastante

preocupada com as garotas.

No fim, depois desse problema o interesse dela em voltar para o Brasil

simplesmente acabou.
Pelo menos não até a poeira baixar.

Cici afirmou que Augusto não desiste até fazer da vida das pessoas um
inferno, e ela não quer viver nada igual ao que viveu antes, pois sofreu demais

nas mãos dele.

Dei a Josh um mês de férias, para que ele pudesse acompanhar Flora na

resolução de suas pendências, e que também fizesse sua proteção, pois diante do

ocorrido com Augusto, não seria uma boa ideia que ela ficasse sozinha com duas

crianças. Mesmo sabendo que ela é brava, não podia deixar que corresse

qualquer risco. Além disso, Josh é a pessoa ideal para que ela se mantenha
segura caso precise.

Um dia ouvi uma conversa de Baba que me deixou bastante curioso, e para

entender do que se tratava, fui atrás de algumas informações. Pelo que parece,

Josh e eu somos irmãos, mas mamãe não sabe de nada disso, então para apurar

os fatos terei de investigar sozinho.

Só Cecília sabe disso por enquanto e ela tem sido minha muralha.

Com o passar do tempo, minha loira mostrou que está disposta aprender os
costumes e fazer o melhor pela nossa família.

Ouço o telefone tocar e vejo Cecília correr para atender no escritório, mas
ela não percebe minha presença, então me aproximo da porta que ficou

entreaberta e ouço a conversa que está no viva-voz.

— Oi, Flora, como você está, amiga?

— Estou bem, Cici, é o Josh que não está muito legal... Ele está muito
irritado, talvez seja o calor daqui ou o trânsito tumultuado, mas ele tem andado

bastante irritado. Algo me diz que ele descobriu sobre seu pai.

— Você não contou a ele, né?

— É claro que não, mas acredito que ele já tenha percebido algumas

coisas que o fizeram ficar com dúvida.

— Preferi deixar a cargo de Khalil essa decisão, ele quer investigar a

fundo para tentar entender, pois sabe que essa informação pode causar grandes

transtornos na família, afinal se trata de uma traição velada.

— Sim, mas é tão estranho a forma que esses árabes lidam com as coisas.

Eles não têm o direito de manter até sete esposas? Por que essa besteira de trair
e não querer contar a ninguém sobre um filho? Ele poderia ter assumido a

mulher e se casado com ela, tão simples.

— Sim, concordo com você. Com toda certeza, Khalil teria sido muito
feliz em ter tido Josh não somente como seu amigo, mas como seu irmão.

— Penso o mesmo que você, mas tenho medo por ele, afinal foi muito
tempo vivendo com uma família, sem saber que tinha laços de sangue.
Ouço Flora atentamente, ela está falante, com toda certeza, estava
desesperada para conversar.

— Isso pode ter ocasionado alguma mágoa e com isso pode ser que ele

mude um pouco. Mas não foi só para isso que liguei, tenho algumas coisas boas

para te contar. Daqui três dias chegaremos aí na sua casa e espero que você
tenha separado meu quarto. Eu já consegui acertar a matrícula das crianças na

escola e fechei todos os contratos que tinha em aberto com os clientes. Sobre a
Chris, ela deve estar chegando aí dentro de algumas horas, ela finalmente

percebeu que não vale a pena ficar com um boy lixo. Sei que estou falando à

beça, mas é que estou com tanta saudade de você que precisava desabafar um

pouco. Mas então é isso, daqui alguns dias a gente se encontra, um beijo e te

amo.

— Um beijo, Florinha, também amo você.

Quando entro no escritório, vejo a cara de surpresa de Cecília.

— Há quanto tempo está aí?

— Desde que você começou a chamada com Flora... Ouvi o telefone tocar
e pensei em falar com você, mas esperei até que acabassem de conversar.

— E o que você ouviu?

— Eu ouvi tudo. Percebo que vocês são melhores investigando do que

Salem. Cada vez mais tenho certeza de que Josh realmente é meu irmão. O mais
engraçado é que ninguém nunca suspeitou sobre o cuidado excessivo do meu pai

com ele, e olha que fomos criados todos juntos. Infelizmente, me lembro bem

pouco da mãe dele, acho que ela foi demitida. Salem vai apurar tudo para mim, e

logo irei buscar a mãe dele para morar conosco, afinal essa casa é imensa e
família sempre é bem-vinda aqui. Vou fazê-lo se sentir parte da família como

deveria ter sido desde o início. Eu amo tanto aquele cara, só espero que ele não

se sinta magoado ou fique com raiva de mim.

— Ah, meu amor, fico muito feliz que você não tenha receios e nem se

revolte contra seu pai, afinal de contas ele tem os motivos dele e não cabe a nós

entender. Mas não podemos deixar que Josh continue vivendo na escuridão, sem

saber a verdade sobre sua origem. Apesar de ter sido criado com muito amor,

será muito importante que ele saiba de tudo.

Caminho em volta da mesa, vou de encontro a minha esposa, a abraçando

com muito amor e dou um beijo apaixonado, retribuindo toda gentileza que ela

possui.

Desde sempre, soube que ela era o grande amor da minha vida e em pouco

tempo tudo foi transformado por causa dela.

O contrato de seis meses foi totalmente esquecido e se me contassem que

aquela primeira proposta me levaria até aqui, faria tudo de novo sem pensar.

Só espero que minha esposa seja feliz ao meu lado, e que possamos

construir uma relação duradoura.


A única coisa que desejo é que ela me queira só para ela, da mesma forma
que a quero só para mim.
Dois anos depois...

“Olá, meus amores, espero que todos estejam muito bem e que estejam
preparados para o evento de hoje.

“A transmissão irá acontecer da seguinte forma, iremos fazer em dois


blocos, e em cada um deles, vocês poderão interagir comigo.

“E aí, o que vocês acham?”

Hoje iniciei a transmissão de uma maneira diferente, pois estou

comemorando oito anos de profissão.

Sei que não foi fácil chegar aonde cheguei, mas posso dizer que esses anos

foram os melhores da minha vida e não poderia deixar de comemorar essa data.

Infelizmente já não conseguia transmitir com a mesma frequência e devido

a visibilidade de Khalil, precisei dar uma pausa por um tempo.

Quando retornei mantive as transmissões por três dias na semana, no


período da madrugada, horário que sabia que com toda certeza não seria vista

por pessoas conhecidas.

Nossa vida se tornou fixa em Abu Dhabi e apesar de amar o Brasil, acabei

vendendo minha mansão quando percebi que não tínhamos mais motivos para
voltar.

Estou ansiosa e não sei o que vai acontecer, são duas da manhã e estou
totalmente pronta.

Escolhi uma lingerie branca, com um corselete também branco e uma


cinta-liga com meia arrastão. Para completar o visual, coloquei orelhinhas de

coelho e pomponzinho, além de algumas marquinhas em meu rosto.

Coloco a máscara, aperto o botão e começo...

“Hoje serei uma coelhinha para vocês, mas antes vou chamar meu

parceiro para brincar comigo.

“A primeira tarefa para quem está assistindo é sugerir o que quiserem ver

a gente fazendo. Se estiver dentro do nosso alcance, nós faremos.

“Vocês têm exatamente trinta minutos para mandarem todas as ideias.”

As mensagens começam a chegar quase que instantaneamente. Mesmo

depois de todo esse tempo, eles ficam loucos toda vez que lanço um novo

desafio, parecendo ser a última maravilha do mundo, que eles precisam

conquistar a qualquer custo.

Algumas mensagens pedem para executarmos posições que não tínhamos


ideia de como fazer. Eu só não falo que é humanamente impossível, pois se há

instruções de como fazer, então é possível.

Khalil é meu par dessa noite e topou fazer essa loucura comigo. Ele está

vestido apenas com uma cueca boxer branca e uma máscara de coelhinho que
tampa todo seu rosto.
Quando meia hora passa, verifico todas as ideias e me deparo com uma,
em particular, que chama bastante minha atenção.

"É meus amores, agora acabou o tempo e a contagem regressiva chegou ao

fim. A mensagem selecionada foi do “Olámeubem”.

“Antes iremos ligar o som e criar um clima, peço que me ajudem com o

tesômetro, pois a intensidade dele é a que usaremos.

“Vamos balançar esse estúdio!”

Khalil parece nervoso, já que é algo que ele não está acostumado a fazer.

Ele me encara apreensivo e dou um sorriso, sentando na cama ao seu lado.

Sussurrando próximo ao meu ouvido, ele diz:

— Estou tão nervoso e olha que não fico assim desde nosso casamento.

Não sei como consegue lidar com tanta facilidade diante das câmeras, ainda

mais com essa quantidade de mensagens chegando.

— Sim, amor, normalmente as transmissões batem de quatro a cinco mil

pessoas, mas para não ficar muito nervoso, imagina que estamos em nosso
quarto sozinhos, sem ninguém observando ou ditando regras. Não precisa ser

difícil e nem robótico. Somos você e eu, e ninguém mais.

— Olhando por esse lado até que faz sentido. Engraçado que na nossa

primeira vez em frente às câmeras, não me senti nervoso assim, apesar que
naquele dia estava com a adrenalina muito alta. Mas chega de pensar nisso,
vamos lá mostrar do que somos capazes!

I Feel Like I’m Drowning toca, embalando nosso momento, as batidas


sensuais conduzem nossos gestos.

Gentilmente Khalil beija meus lábios e me abraça, tocando as partes do


meu rosto que estão à mostra.

Quando ele me puxa para mais perto, sinto o clima esquentando entre nós

dois. Depositando outro beijo em meus lábios, dessa vez mais intenso, sua língua
chicoteia a minha como em uma dança constante, frenética e alucinada.

Suas mãos percorrem meu corpo, me fazendo arrepiar e vão de encontro


ao meu sexo, me fazendo contrair com tamanho tesão. Sinto Khalil empurrar

para o lado minha calcinha e ir de encontro ao meu clitóris, massageando

freneticamente com seus dedos, me fazendo arfar.

Ele abre bem minhas pernas, se deitando entre elas, com seu sexo contra

meu ventre e seu peito em meus seios. Logo, sua boca está na minha, num beijo
gostoso e sensual.

Inclinando minha cabeça, retribuo o beijo com desejo, sentindo meu


sangue ferver nas veias.

Amo o gosto dos beijos do meu marido, pois apenas com um roçar de
lábios, todo meu corpo desperta. Erguendo meu quadril, busco encaixar seu pau

em minha intimidade.
Khalil descola os lábios dos meus, se afasta um pouco para me olhar,
apoiando o peso do corpo num dos cotovelos e com o outro lado livre, acaricia

delicadamente meu rosto.

— O que não faço por você, Lady? — Sorri largamente, me fazendo

desejar mais dele.

— Acha que mereço?

— Não consigo parar de desejar estar dentro de você. Parece que estou em
um encantamento eterno. Você é uma feiticeira e estou perdidamente entregue a

sua magia. Foi assim desde o início, quando a conheci, no primeiro olhar você

me hipnotizou.

Os olhos castanhos dele estão cintilando, como se admitir tudo isso, o

fizesse o homem mais feliz do mundo.

Sinto as batidas do seu coração socando no peito, assim que o toco.

— Eu te amo, como nunca amei ninguém. Fiquei abalada por você assim
que o vi, quase não pude acreditar que um homem perfeito existisse, custei a

acreditar que era real — sussurro.

A mão dele se infiltra em meus cabelos, desce pelo pescoço e segura


firmemente minha nuca. Ficamos ali, apenas nos encarando, enquanto uma
energia densa e quente, nos envolve.

Tenho plena consciência de como aquele homem havia se tornado


importante para mim, pois não havia outro lugar no mundo que quisesse estar, a

não ser com ele.

Em dois anos de casamento, pude viver plenamente, sem precisar me

esconder de nada, já que ele me ama assim como sou.

Hoje entendo que amar vai além de aparências e que está nos mínimos

detalhes. Khalil nunca me disse que teria que deixar de ser camgirl, apenas

sugeriu alguns ajustes e aceitei.

Apesar de todo poder que ele possui, ainda ganho meu próprio dinheiro e

vivo uma vida como sua esposa.

Sou de corpo, mente e alma dele, e não saberia mais viver sem toda essa

dedicação e amor que recebo da sua parte.

— Me beije — sussurro sentindo meus olhos encherem de lágrimas.

Uma emoção repentina toma conta do meu corpo e Khalil não desgruda os

olhos dos meus, como quem tenta desvendar um mistério.

Ele cola os lábios macios nos meus e me beija profundamente, com


deleite, retribuindo minha emoção e sua mão mantêm minha cabeça imóvel,

enquanto desfruta dos meus lábios.

É maravilhoso!

Nossas línguas se enroscam, trocamos nossa essência, tornando aquele


momento eterno.

Khalil me larga de repente e levanta, só o suficiente para pegar um


preservativo e colocá-lo às pressas.

Logo ele volta, se posiciona entre minhas pernas e me penetra, sem


reservas, sem calma.

Atendendo ao pedido do espectador, começamos a fazer sexo selvagem.

Grito rouca, pois já estou muito molhada.

Sinto quando entra em mim, enorme, me rasgando, tirando meu ar.

Khalil não para, entra, sai e mete de novo.

Me devorando com seu pau, tão duro que parece uma rocha, seu corpo

domina o meu e seus olhos ordenam que me entregue, mas eu já sou dele.

Sou dele desde o momento em que fui comprada pelo sheik...

O meu sheik.
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[1]
Tesômetro tem o objetivo de avaliar o aumento ou a diminuição da temperatura do corpo.
[2]
Foda-se.
[3]
Prática sexual que consiste na introdução do punho.

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