Nacionais TRAICAO (GAMA Livro 1) - Paloma White
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TRAIÇÃO
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
White, Paloma
Traição / Paloma White. -- São Paulo : All Print Editora, 2016. -- (Série Gama I) 1. Ficção brasileira I.
Título. II. Série.
16-06046 CDD-869.3
Índices para catálogo sistemático: 1. Ficção : Literatura brasileira 869.3
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Paloma White
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Série GAMA - I
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Prólogo
Ângela
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Capítulo 1
Ângela
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quase não se dava para ver a cor, de tão grossas as pestanas que os cobriam,
mas sabia que eram como o mar que eu adorava, faziam-me lembrar o anel de
casamento de mamãe. Ela gostava de azul, mar azul, céu azul, e o papai tinha
dado a ela o anel perfeito, safira. Ele abriu a boca e me perguntou baixinho: –
Uva ou morango?
Sorriu e naquele momento tive certeza de que era um anjo. Ele
continuou sorrindo e seu sorriso era lindo, dentes brancos como pérolas
perfeitas. Fiquei paralisada, ele era o anjo mais lindo que já vira na minha
vida. Olhei para Math, querendo saber se ele também podia vê-lo, e ele me
indicou que estava tudo bem. Então peguei o pirulito de morango e Math
agradeceu. Eu apenas olhava.
– Sabia que seu preferido seria o de morango, Moranguinho – ele disse
baixinho, enquanto me dava uma piscadela, sorrindo e iluminando tudo
ao redor.
Ele abriu o de uva, colocou na boca e voltou a prestar atenção na missa;
meu irmão abriu o meu e me devolveu, colocando a embalagem no bolso e
também voltando a atenção à missa.
Depois do enterro voltamos para casa, pela primeira vez sem mãe e sem
pai. Não queria acreditar que tudo havia acabado, que nossa família de quatro
se reduzira a dois da noite para o dia. Meu pai era tudo para mim, me levava
à escola, ao cinema, ao teatro, tudo. Era divertido. Ele sempre arranjava
tempo para mim e para mamãe e nunca voltava de uma viagem sem um
presente para nós, sua rainha e sua princesa, como ele sempre dizia; às vezes
era simplesmente uma caixa de bombons, que dividíamos, mas era a melhor
coisa do mundo. Ver filmes na cama deles comendo pipoca era meu melhor
passatempo. Não sabia como seria minha vida sem eles. Eu estaria sem
ninguém, já que Math iria-me mandar para um colégio interno. Ficaria
realmente só. E eu estava sem coragem para começar a arrumar minhas
coisas.
Fiquei sentada em um canto enquanto as pessoas perambulavam pela
casa. Alguns parentes distantes que eu nunca tinha visto e amigos estavam ali
para uma última despedida. Eu continuava sentada, ouvindo os cochichos
intermináveis, os pés se arrastando devagar para não fazerem barulho. O
cheiro das velas e
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Capítulo 2
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Gabriel
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– Ela não sabe pegar um táxi e chegar aqui? Quantos anos ela tem?
Olhei para ele, será que a irmã dele era tão idiota que não sabia como
pegar um táxi? Talvez fosse por isso que ele a mantinha escondida,
claramente devia ter algum problema. Devia ter 16 ou 17 anos.
– Ela tem 16 anos e queria vir de táxi sozinha até aqui, fui eu que não
quis.
– Quer que eu vá buscá-la?
Sabia que não podia negar um pedido tão simples dele, mas eu estava
saindo para uma reuniãozinha agradável e não estava com a menor vontade
de buscar uma adolescente idiota, que com 16 anos não podia se virar
sozinha.
– Se não estiver ocupado – ele disse.
– Só tenho uma reuniãozinha mais tarde, mas elas me esperam, sempre
esperam – disse rindo. – A que horas ela chega?
– Dentro de meia hora – respondeu-me olhando o relógio. Vi o alívio
no rosto dele e fiquei preocupado com o que ia encontrar. Por que ele
estava com tanto medo de deixá-la andar sozinha? Naquela idade as
garotas já andavam pelos barzinhos sozinhas de madrugada e tinham
encontros casuais com alguns imbecis que gostavam de menores de
idade. Ela realmente devia ter algum problema, mas fiquei calado para
não constranger meu amigo.
– E você tem alguma foto dela? Porque a única vez em que a vi ela era
uma criança.
– Espere, vou encontrar uma recente no meu celular e mando para você
– disse ele enquanto movia com o dedo várias fotos, procurando. – Achei
uma legal! Ela tem mania de fotos, tenho milhões. Acho que esta foi uma das
últimas que tiramos, estou enviando para você.
No mesmo instante meu celular vibrou. Abri e olhei a foto que ele
acabara de mandar... Puta que pariu! Ela era linda! Devia ser o rosto mais
lindo que já tinha visto. Com o rosto grudado ao dele, fazia uma selfie
sorrindo. Fiquei olhando como um idiota, ela era simplesmente linda. Disse
sem pensar: – Cara, sua irmã é linda!
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tinha visto. Não me lembrava deles. Eram como piche derretido brilhando,
fazendo meu olhar ficar grudado neles, sem conseguir desviar. Ela começou a
piscar; piscou várias vezes. Quando achei que ela não podia ficar mais linda,
ela riu, com vontade, deixando-me sem jeito. Não acreditei que estava
ficando intimidado diante de uma adolescente.
Ficando em pé, ela ajeitou a roupa, tirou os fones intra-auriculares,
fechou o livro e guardou-o na mochila, sempre rindo enquanto eu continuava
sem entender o motivo da crise de riso. Quando conseguiu se acalmar,
disparou de uma vez: – Espero que você me desculpe, deve pensar que sou
louca, mas é que eu sempre pensei que você fosse um anjo – explicou rindo
novamente com gosto, absolutamente maravilhosa.
– Nunca fui nem nunca serei um anjo... Já me chamaram de muitos
nomes, mas de anjo é a primeira vez. Isso é novo, vou ter que tomar nota. A
propósito eu sou Gabriel, sócio e amigo de seu irmão – disse apresentando-
me e cumprimentando-a ao mesmo tempo.
– Oi! Me desculpe mais uma vez. Sou Ângela e... Bem, eu não estava
tão errada, pelo menos nome de anjo você tem – disse voltando a sorrir,
deixando-me encantado.
Deus! Eu olhava para ela completamente idiotizado, enquanto ela
continuava falando e rindo, sem perceber o efeito que estava causando em
mim. Entendi por que Math a mantinha escondida; ela não tinha nenhum
problema, ela causava problemas.
– No enterro de meus pais, era você, não?
Minha língua estava grudada e não consegui responder. Sabia do que
ela estava falando; mas ela, pensando que não, explicou: – O anjo dos
pirulitos, você lembra?
– Sim, era eu. Mas, como já disse, não era nem sou um anjo – respondi,
aliviado que meu cérebro tivesse podido se comunicar com minha
língua. Não sabia o que estava acontecendo comigo, estava agindo
como um adolescente idiota, que não sabe conversar com uma garota.
Nunca fui assim. Desde que eu soube para que meu pau servia, peguei
todas as garotas que quis, sem dificuldade. Enquanto os outros garotos
se masturbavam, eu transava.
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marcando uma bunda perfeita. “Maldito filho da puta! Ela é uma criança!
Onde você está com a cabeça?”, disse a mim mesmo.
– Vamos? – disse ela ao me ver parado sem reação.
– Ah, sim, vamos indo...
Tratei de pegar a mala das mãos dela, nossos dedos se tocando por um
segundo, e uma corrente de eletricidade percorreu meu corpo, fazendo os
batimentos do meu coração dispararem de maneira assustadora. Deus, o que
estava acontecendo comigo?
– Ei, pode deixar, eu posso levar minha mala – ela disse rindo, sem
notar nada do que estava acontecendo, completamente inocente.
– Sei que pode, mas sou um cavalheiro.
Tento sorrir, e ela me devolveu o sorriso.
– O carro não está longe – disse ao sair do prédio.
A tarde já estava indo embora, e o aeroporto era um verdadeiro caos
gerado pelo entra e sai de pessoas, cada uma com seus próprios pensamentos
e problemas. Ângela caminhava ao meu lado, sem perceber o rastro de
destruição que ia causando nos homens, e em algumas mulheres também;
velhos, jovens, executivos, todos giravam a cabeça para um segundo olhar
quando ela passava, fazendo-me olhar feio para todos eles, quase rosnando
como um cachorro bravo. Eu estava enlouquecendo.
O vento soprou e de novo consegui sentir o perfume dela, não sabia se
era alguma colônia ou o xampu, mas era delicioso.
– Chegamos – disse abrindo a porta para ela.
– Obrigada – agradeceu sorrindo.
Nunca havia recebido tantos sorrisos e agradecimentos em um só dia.
Dei uma olhada rápida no meu celular antes de ligar o motor: Gato,
estamos aqui e vamos começar sem você.
Era uma mensagem da garota com quem eu tinha marcado uma festinha
junto com um amigo... Merda! Ainda não conseguia lembrar o nome dela. E
já não estava com o mesmo entusiasmo.
Tudo bem, vocês podem ir entrando em calor, já estou chegando.
Respondi e guardei meu celular.
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Então pensei em Math e na hora um frio percorreu meu corpo; meu pau
tranquilizou.
Um filho da puta pedófilo, era isso que eu era! Math tinha razão, eu não
prestava mesmo. Teria que ver um psicólogo, talvez um psiquiatra. Isso seria
prioridade na segunda.
Estava tudo errado, eu nunca gostei de morenas; minhas mulheres
perfeitas sempre foram loiras magras e altas, e nunca fiquei com meninas,
nem na minha época da faculdade. Eu estava com 29, e ela estava com 16! Eu
devia estar perdendo o juízo. Math me mataria. Não, eu mesmo me mataria
antes disso.
Depois de um tempo, sentindo-me mais tranquilo, voltei para o carro.
– Está tudo bem? – ela me perguntou, parecendo ainda assustada, sem
entender como passei de gentil a grosseiro, mal-educado, em segundos.
– Sim – respondi seco, e de novo com grosseria, mesmo sem querer. –
Coloque o cinto.
Ela se encolheu no banco e olhou para fora. Não olhei mais para ela e
voltei toda minha concentração ao caminho. Como não voltou a abrir a boca,
fiquei com remorso e tentado a pedir desculpas. Como pude tratar mal uma
criatura tão doce? Não consegui abrir a boca e me desculpar, mesmo me
sentindo péssimo. Paramos em um sinal e aproveitei para enviar uma
mensagem a Math, avisando que estávamos chegando. Queria me livrar dela
o quanto antes possível, pois ideias estranhas estavam povoando minha
mente.
Alguns minutos depois estacionei em frente à empresa e ele já estava
nos esperando na calçada.
– Obrigada, foi muito gentil da sua parte fazer esse favor a mim e a
Math – disse ela educada.
A sua voz suave e doce me deixou pior. Seus sorrisos para mim se
foram. Saiu pela porta, aberta por ele, e se pendurou no pescoço do irmão
enquanto o enchia de beijos.
– Que saudade! Eu pensei que o tempo tivesse parado, não passava
nunca! Faz uma semana! Nossa!
– Também estava morrendo de saudade, irmãzinha.
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Capítulo 3
Ângela
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– Tudo bem, eu só não quero que eles fiquem no meu pé o tempo todo,
você sabe que gosto de metrô, ônibus, bicicleta, caminhar no parque, na
baía... Não quero ter que ficar refém de motorista e carro como você.
– Entendo, e não é minha intenção tirar isso de você. Se você aparecer
de motorista e segurança vai acabar chamando mais atenção, não é o que eu
quero. Ninguém vai perceber eles por perto, nem você. Aliás, você sempre
teve e nunca soube, só estou ampliando a equipe.
– Não acredito! Desde quando você me vigia? – Fiquei desesperada.
Será que ele sabia das noites que eu tinha dormido fora com meu namorado?
– Desde que você veio estudar aqui. E, antes que você me pergunte,
sim, eu soube, mas não quero falar sobre isso – ele respondeu incomodado.
Eu queria desaparecer de tanta vergonha do meu irmão. Como fiquei
calada, ele continuou: – Outra coisa, Ângela... Eu estou abrindo o jogo
completamente. Você já sabe dos seguranças, e agora te aviso que também
vou colocar rastreador no seu celular: cada vez que você sair do apartamento,
ele vai enviar um sinal para sua equipe. Se você estiver saindo com eles, não
haverá problemas, mas eles sempre saberão onde você está, entendeu?
– Não acredito, Matheus!
Quis levantar a voz e protestar, mas naquele momento um anjo enorme
abriu as asas perto da nossa mesa: Gabriel! Deus, como ele era lindo! Eu
nunca me cansava de admirar. Agora que eu sabia que ele era humano, era
mais lindo ainda. Toda vez que eu o via, sentia meu coração acelerar, minha
boca secava. E ele estava incrível naquela noite. Eu já o tinha visto de
smoking, de terno normal, agora estava com um jeans preto que marcava as
longas e fortes pernas, a camisa azul rivalizava com a cor dos olhos e estava
aberta apenas o suficiente para dar água na boca, com alguns pelinhos
dourados à mostra. Mas eu era praticamente invisível para ele. Depois do
encontro do aeroporto, nunca mais tive a oportunidade de trocar mais que um
bom-dia ou boa-noite com ele nas poucas vezes em que nos cruzamos.
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– Fique tranquila, não vou contar. Não te exporia dessa forma. Mas
acho que vamos ter que procurar outro tipo de ajuda, talvez regressão ou
hipnose, como recomendou o psicólogo.
– Combinamos que não faríamos isso, lembra? Eles sempre se
contradizem, o último disse que não era recomendável, que não lembrar era
uma forma que minha mente tinha encontrado para me proteger do trauma e
que forçar a lembrança poderia ser mais traumático.
– Eu sei. Quando você estava na escola eu pensei que fosse o trauma da
morte de papai e mamãe, mas agora eu acho que o seu trauma está
relacionado com aquela maldita escola. Se arrependimento matasse... Seus
pesadelos começaram quando você foi para lá, e todos os psicólogos
concordaram que tinha sido o trauma da morte que levava você a ter
pesadelos e que desapareceriam com o tempo. Você sofreu nos três primeiros
anos e depois seus pesadelos foram ficando cada vez mais leves e
desapareceram, segundo me contou a diretora. Eu acreditei. Quando você
voltou, fiquei com medo de que eles voltassem, mas eles tinham sumido, até
hoje.
– Eu também pensei que estava livre deles, não sei por que eles
voltaram, e com tanta força, eu nunca fiquei fora tanto tempo. Se não me
engano, o pior foi de um dia, e os últimos foram de algumas horas.
– É isso que está me preocupando desde ontem. Já vi alguns analistas,
você não precisa fazer a hipnose, mas seria bom conversar com eles.
– Vou pensar, me dê uns dias.
– Não demore, Ângela, quero saber o que aconteceu. Ou o que está
acontecendo. Se alguém fez mal a você naquela escola, eu juro que a fecho.
– Eu também quero saber, só que tenho medo.
– É esse medo que te bloqueia. Hoje de manhã, quando você continuava
apagada, tive medo de que não acordasse nunca. É por isso que eu preciso
saber.
– Eu sempre vou voltar, não tenha medo.
– Você não sabe como você fica, Ângela. Stella entrou em pânico, ela
te sacudiu, gritou com você e nada, ainda bem que ela chamou a mim, e não
a emergência.
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Capítulo 4
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Gabriel
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mim, Loreta. – Dei a volta e saí da sala, deixando-a com a boca aberta, e
entrei de novo no quarto.
– Demorou, pensei que tivesse desistido – a garota me disse tirando o
pau de David da boca e vindo até mim.
– Ei, volte aqui e termine seu trabalho – praguejou David. Ela
voltou e deu uma boa chupada nele.
– Já volto – ela disse.
David tomou seu próprio pau e continuou massageando enquanto
esperava que a garota me ajudasse a tirar minha roupa. Quando fiquei livre,
ela me tomou na boca, me chupando e massageando David ao mesmo tempo.
Antônio estava com duas e nós tínhamos que dividir uma, mas tudo
bem. A garota com Antônio começou a gritar, ele a estava fodendo com um
enorme pau de silicone e estava fodendo a outra com seu próprio pau. Ele deu
conta das duas ao mesmo tempo e as duas gozaram. Empurrou-se algumas
vezes mais e depois saiu duro, sem gozar.
Loreta entrou nesse instante. Antônio me olhou interrogando e eu disse,
por sinal, que dependia dela. Ele chegou perto e Loreta se agachou, tomando
Antônio em sua boca e gemendo. Ele puxou o vestido dela pela cabeça,
deixando-a nua, não estava usando nada por baixo.
David começou a urrar com a massagem da garota, que me deixou para
dar atenção a ele, dando chupadas vigorosas, até conseguir que ele gozasse na
boca dela. Ela se voltou para mim, querendo voltar a me chupar, mas eu não
queria colocar meu pau onde ainda devia ter restos do esperma de David.
Coloquei um preservativo e peguei Loreta pela bunda, enquanto ela
chupava Antônio. Trabalhei-a por trás e, mesmo eu sendo longo e grosso,
Loreta me aceitou bem. Depois de várias estocadas, chamei Ângela em minha
mente para que ela me ajudasse a gozar. Andava fazendo muito isso
ultimamente. Retirei-me dela. Antônio colocou um preservativo e tomou meu
lugar.
Fui até o banheiro jogar o preservativo e na volta vi que Antônio
continuava entrando em Loreta com vontade. Ela agora estava chupando a
boceta de uma das garotas; chupava, mordia, gemia, levando a garota ao
orgasmo. David tomou o lugar da garota e
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– Ela está bem, mas vou ficar. – Senti a tensão na voz dele, estava
mentindo, alguma coisa grave estava acontecendo com ela.
O dia passou entre reuniões e estudos de novos contratos, e tratei de
resolver tudo com eficiência, mas minha mente estava em outro lugar. Math
não veio ao escritório e também não voltou a ligar. Ninguém tinha notícias
dele e eu não podia ficar perguntando à Lúcia por ele ou por Ângela. À noite,
em casa, não suportei a tensão e liguei. Ele me atendeu com a voz sonolenta,
mas já não notei a mesma tensão na voz.
– E aí, Ângela melhorou? Como ela está? – Eu não conseguia me
controlar quando se tratava dela. Esperava que ele, sonolento, não notasse
meu desespero.
– Ah... Oi, Gabriel! Não, está bem agora, ela já está bem. Vou jantar
aqui e te ligo quando chegar em casa.
Fiquei esperando a ligação de Math, mas ele jamais ligou. Dormi mal e
logo cedo já estava no escritório, andando de um lado para o outro como se
fosse um animal enjaulado. Lúcia me avisou assim que ele entrou no
escritório. Não consegui dar um tempo para dissimular e entrei logo depois
dele. A única desculpa que eu tinha era a assinatura do contrato do resort.
– Oi! E aí, pronto para festejar?
– Oi, Gabriel. Desculpe, mas festejar o quê?
– Fechamos o contrato para a construção do resort no Caribe nos nossos
termos, eles aceitaram tudo.
– Ah, sim, podemos festejar, mas hoje não posso, já tenho outro
compromisso. Na verdade só passei para pegar uns papéis e não volto mais
hoje.
– Ângela continua doente?
– Não, ela está bem, só vou levá-la para um controle médico, depois
talvez almocemos. Mas não quero deixá-la sozinha ainda. Que tal deixarmos
para a semana que vem?
– Por mim tudo bem.
Fiquei observando-o: ele estava vestido de forma impecável, barba e
cabelo alinhados, nada fora do lugar; mas eu o conhecia, debaixo dessa
fingida tranquilidade, ele estava tenso. Juntou alguns papéis e saímos.
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Capítulo 5
Ângela
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íntimo, mas eles nunca conseguiram, apenas mãos dadas ou um beijo no rosto
e nada mais. Eu o comparava a Josh Dallas, o mesmo olhar azul suave e a
cara de menino bonzinho.
Antônio Sanders era engenheiro civil e comentavam nos corredores da
faculdade que ele já tinha dormido com as duas metades das mulheres de
Boston. Mesmo assim, tinha uma legião de admiradoras, loucas para serem
mais uma em sua longa lista. Ia aos eventos sempre com mulheres diferentes.
Mulheres para ele eram iguais a vestidos de festa, nunca repetia. Pensava nele
como Josh Holloway: cabelos castanhos, olhos verdes bonitos, e só de olhar
para ele você sabia estar encrencada.
Matheus Rufinelli, meu irmão, era arquiteto e já ganhara vários
prêmios, as garotas da faculdade morriam por ele. Sempre andava com
mulheres lindas, mas nunca me apresentou nenhuma. Fazia o estilo Antonio
Banderas, alto, moreno, olhos negros e um sorriso que fazia todas as garotas
da universidade suspirarem.
Por último o meu preferido, o meu anjo, Gabriel Leblanc, o advogado
do grupo, que, na minha opinião, era o mais lindo de todos. Depois de meu
irmão, claro. Era conhecido como o frio Gabriel Leblanc. Enfrentar Gabriel
nos tribunais era a certeza de perder. As meninas sabiam tudo dele, assim
como eu. E, para minha tristeza, como os outros, ele vivia de mulher em
mulher. Enquanto Antônio e Math já tinham sido flagrados aos beijos com
várias mulheres, ele não, por isso era considerado frio. Sorria, conversava,
mas nada de beijos e abraços para ele. Porém nos últimos anos uma notícia
chamava a atenção das meninas que acompanhavam o grupo pelos sites de
fofocas: ele tinha levado a mesma mulher a vários eventos diferentes e
tinham sido vistos em restaurantes. Loreta era o nome dela, e era uma modelo
loira, belíssima. Eu havia cruzado com ela uma única vez em um restaurante
e ela não me causara boa impressão, simplesmente me dava arrepios.
Eu não conseguia comparar Gabriel com ninguém, só com um anjo, de
tão lindo que ele era. Era alto, tinha quase um metro e noventa; em poucas
fotos se podia ver bem os olhos dele, mas eu sabia que eram de um azul
intenso, como safiras; tinha os cabelos encaracolados e os mantinha na altura
dos ombros, sinal de pura rebeldia, como um menino mimado e malcriado
desafiando o mundo.
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Uma vez eu tinha visto uma foto dele de férias na praia e quase surtei:
ele estava saindo do mar, com a água escorrendo pelo corpo, as pernas longas
e musculosas cobertas de uma penugem dourada, estava penteando os
cabelos com os dedos, dava para ver todos os músculos definidos, o tórax
forte, com três pares de gomos rijos, e tudo descia terminando em forma de
V. Pelos encaracolados na medida certa brilhavam com as gotículas de água
e desciam para se esconder dentro do calção, que se equilibrava
perigosamente nos quadris finos, dando vontade de puxar o cordão para ver o
que estava escondido.
Eu era apaixonada por ele desde que tinha 8 anos e achava que ele fosse
um anjo. Esperava vê-lo naquela noite. Sabia que Math o convidara, mas não
sabia se iria, afinal ele nem me conhecia direito. Se fosse, iria por Math.
– Pronta? – gritou de novo Stella do quarto dela.
– Sim, só preciso de um pouco de ajuda com a maquiagem. – Nunca fui
boa nessas coisas, o pouco que sabia era devido a muita ajuda de Stella, que
conseguia se maquiar de olhos fechados.
– Nossa, você está um arraso! Essa cor deixa sua pele fabulosa! Por fim
decidiu mostrar um pouco desse corpo maravilhoso e usar o vestido que eu te
ajudei a comprar? Se eu tivesse um corpo como o seu, só usaria
microvestidos colados no corpo.
– Você tem um corpo lindo, Stella, é alta e magra. Já eu sou baixa e
minha bunda, por mais que eu emagreça, não diminui.
– Sim, e eu sou igual a uma vara, seca por todos os lados, olha só!
– Tá, eu estou olhando e você está linda! Agora me diz como faço para
não quebrar a perna com estes saltos?
– Fácil, fácil! Esqueça a altura deles e pronto.
Olhei para Stella, ela era linda. Cabelos e olhos castanhos e um sorriso
de parar o trânsito, conseguia tudo só sorrindo. O tubinho azul que estava
usando faria dela a rainha do baile, e eu, mesmo com saltos altíssimos, não a
alcançava. Mas Stella não era só linda por fora, ela era linda por dentro
também, era minha irmã de alma.
Não me sentia muito à vontade dentro dessa coisa chamada vestido. Era
mais o tipo moleca. Mesmo que Math enchesse meu
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Estava dando uma última olhada no espelho quando meu celular tocou.
Era Math.
– Oi! Já estamos prontas.
– Oi, querida. Estou atrasado, mas estou mandando Josh pegar vocês,
ele já deve estar chegando, tudo bem?
– Claro, nos vemos lá então. Não demore!
– Não, vou demorar meia hora talvez.
– Ok, vejo você lá.
Quando desliguei, meu celular apitou avisando mensagem.
Josh já tinha chegado.
Respondi que estávamos descendo enquanto gritava: – Stella, vamos!
Ela chegou correndo pelo corredor.
– E Math? – perguntou olhando em volta.
– Ele não vem, vamos com Josh.
Ela fez beicinho sem esconder a decepção e a paixonite que sentia pelo
meu irmão.
– Não chora, você vai vê-lo daqui a pouco. – Começamos a rir e saímos
abraçadas.
Collin estava na calçada esperando por nós para abrir a porta, enquanto
isso Stella recebia todo tipo de olhar, que só não eram mais atrevidos porque
o olhar de Collin era intimidante.
Chegamos e a festa já estava a toda. Logo fui cercada por amigos e ex-
colegas com abraços, beijinhos e lembrancinhas. Como a boate fora alugada
só para a festa, conhecia todos que estavam ali.
Quando os abraços e beijos diminuíram, não vi mais Stella por perto,
mas consegui ver Marcelo chegando. Ele também era lindo. Jeans, camisa
aberta e terno – perfeito. Eu não conseguia entender o que não havia dado
certo entre nós. Como sempre, ele chegou me abraçando e estalando um beijo
em meus lábios, mas sem nenhuma malícia. Foi logo dizendo: – Jesus,
Ângela! Como você está linda! Fica difícil respirar do seu lado. Mas fica
tranquila, que eu vou vigiar todos os lobos da noite, eles não vão chegar perto
de você hoje.
– Exagerado. Nada de espantar os lobos, eu adoro lobos!
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Eu ainda estava rindo quando senti me pegarem por trás, pela cintura.
Não sei como, mas meu corpo inteiro reconheceu Gabriel mesmo sem nunca
ter sido tocada por ele.
– Também quero cumprimentar a aniversariante.
A voz rouca e o hálito dele na minha nuca fizeram meu corpo inteiro se
arrepiar. O cheiro dele... Deus, eu ainda me lembrava daquele cheiro de
quando eu tinha voltado com ele do aeroporto! O cheiro me perseguira por
meses.
Senti cada centímetro do corpo dele colado nas minhas costas. O meu
mundo parou naquele momento. Ele me girou de frente para ele e se inclinou,
senti a respiração morna. Menta, pinho, lavanda, não conseguia definir, sentia
o cheiro de Gabriel, só dele.
– E eu? Não ganho um beijo como seu amigo?
Sem esperar por minha resposta, ele tomou minha boca. Senti a língua
dele lambendo meus lábios de forma nada inocente, fazendo meu corpo
inteiro entrar em erupção. Um calor fez com que quisesse me apertar a ele.
Comecei a abrir minha boca, sentindo uma vontade incontrolável de provar
aquela boca também. Meu coração disparou, fazendo meu sangue correr por
partes do meu corpo que eu não sabia que existia, mas ele interrompeu o
beijo tão rápido como começou.
– Vejo você por aí – disse-me sumindo na multidão.
Fico pensando se não sonhei. Não, pela cara de Marcelo não foi sonho.
Tentei fazer meu cérebro pegar no tranco, olhei em volta para ver se via
Math, Antônio ou August, mas parecia que eles ainda não tinham chegado.
Continuei olhando para ver se alguém notara, mas a iluminação era fraca e
ninguém parecia ter reparado.
Foi muito rápido, não entendia o que havia acontecido, Gabriel nunca
tinha me notado antes. A única vez em que conversara um pouco mais
comigo foi quando me buscou no aeroporto, e me tratou tão mal que levou
um bom tempo para eu me sentir à vontade perto dele de novo.
Marcelo colocou as mãos nos meus ombros, fazendo-me olhar para ele.
– Que. Merda. Foi. Essa?
Não consegui responder, eu ainda estava em choque.
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Levei um bom tempo até me sentir segura para voltar. Ao ajeitar meus
cabelos, vejo a marca de uma mordida no meu ombro. Em que momento ele
me mordeu que eu não senti? Deixei os cabelos soltos para esconder a marca.
Esperava que ele já tivesse ido embora, porque não sabia como olhar
para ele de novo.
Entrei no camarote agradecendo a luz fraca, porque parecia estar escrito
na minha cara o que aconteceu. Peguei uma garrafinha de água e, enquanto
tomava, olhei ao meu redor.
Antônio estava sentado com uma loira no colo e a chupava como se
fosse uma laranja suculenta. Marcelo acenou para mim, estava conversando
com uma menina que eu conhecia da faculdade. Stella estava olhando Math
com cara de estúpida enquanto ele falava alguma coisa. Olhei para a varanda
e Gabriel estava conversando com August; pela cara dos dois, não era uma
conversa amigável. Sentei no colo de Math.
– Onde você esteve?
– Fui ao banheiro e a fila estava longa. Acho que para mim já deu por
hoje, nunca dancei tanto antes. – O que eu queria mesmo era fugir antes de
ter que olhar na cara do Gabriel novamente.
Nós nos levantamos para sair e ouvi a voz de Gabriel, dizendo: – Já vou
indo, tenho uma reunião amanhã cedo e preciso dar uma olhada em uma
papelada antes. Vocês também já estão indo?
– Sim, Ângela está cansada e amanhã vamos passar o dia procurando
coisas para o apartamento. Ela vai aceitar meus conselhos de arquiteto, mas
no final a decisão será só dela – ele disse enquanto beijava minha cabeça.
– Já que eu estou indo, se você quiser, posso levá-la.
Fico tensa. Não posso confiar em mim, sozinha, em um carro fechado
com Gabriel. O que ele estava planejando? Talvez ele pensasse que eu era
daquelas que ficam hoje com um e amanhã com outro, assim como ele. Eu
sou antiquada, não sou moderna, não sei ser como eles.
– Obrigado, Gabriel, mas já estou indo também, tenho uma reunião
marcada para as nove, depois vou levar Ângela para
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almoçar, vamos sair para fazer as compras... Vai ser uma tarde puxada e
cansativa.
– Vou aproveitar e pegar uma carona com você, Gabriel. Dispensei meu
motorista e estou a pé – disse August entrando na conversa.
– Sem problema – disse Gabriel, mas pela cara dele eu sabia que tinha
alguma coisa acontecendo.
Acenei para Marcelo e Stella, que decidiram ficar, e fui me despedindo
enquanto saía.
Josh já estava nos esperando com a porta aberta. Sorri para ele e me
despedi de August e de Gabriel, sem conseguir olhar para a cara dele,
agradecendo por terem vindo. Subi no carro enquanto Math se despedia.
– Gostou da festa? – perguntou, sentando ao meu lado.
– Gostei muito, obrigada! Mas agora tudo que eu quero é minha cama –
disse me deitando no colo dele. Senti meu celular vibrar, mas não olho
porque sei quem é.
Chegamos e Math desceu comigo para esperar o elevador – Obrigada
mais uma vez, irmãozinho. Você é o melhor irmão que alguém poderia
ter.
– Só porque você é uma irmã maravilhosa, e não há nada que eu não
faria por você. Amo você, não se esqueça. Minha reunião é às nove, acho que
termino antes das onze e meia. Quer que eu mande Josh te buscar às onze
horas?
– Não, você sabe que eu gosto de caminhar, e amanhã parece que o dia
vai ser lindo, prefiro ir a pé.
– Certo, mas vou mandar Michael ou Robert te acompanhar, e isso você
sabe que eu não negocio – disse ele carrancudo.
– Tudo bem, irmão chato, pode mandar. Você sabe que não tenho
problema com eles.
– Cinco minutos atrás eu era o melhor irmão do mundo e agora já sou o
irmão chato? – Dei risada da cara de ofendido dele.
O elevador chegou e dei um beijo na sua bochecha.
– Obrigada mais uma vez, melhor irmão chato do mundo – disse
quando as portas estavam se fechando.
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Capítulo 6
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Gabriel
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Te ligo.
– Ângela?
– Gabriel?
– Será que podemos nos encontrar amanhã para almoçar e conversar,
talvez? – perguntei esperando uma resposta positiva.
– Olha, Gabriel, eu queria conversar sobre o que aconteceu hoje... Agi
mal naquela boate. Espero que entenda e esqueça, por favor.
Não acreditava no que estava ouvindo, não queria deixar o nosso curto
encontro assim. Depois de sentir o gosto da boca dela, queria mais, muito
mais, mesmo sabendo que ela estava com a razão e que o melhor seria
esquecer o que tinha acontecido.
– Será só um almoço, não diga não.
– Amanhã vou almoçar com Math, e à tarde vamos fazer compras para
o meu apartamento – ela respondeu depois de um tempo, como se estivesse
procurando por uma desculpa educada.
– Domingo então? – perguntei pressionando.
– Não vai dar, domingo vamos sair cedo para velejar e vamos voltar
tarde.
Vi que ela não iria ceder. Realmente o que acontecera na boate havia
sido um deslize que ela estava determinada a esquecer; mas eu não, nunca
havia estado tão a fim de uma mulher. Eu já tinha esperado por ela cinco
anos, fui direto ao ponto.
– Ângela, eu quero que você esqueça o almoço, esqueça tudo. O que eu
quero é mais daquele beijo de novo, não vejo a hora de repetir – disse o que
realmente queria, não me importando se ela estava pensando esquecer, eu não
estava e deixei isso bem claro.
Ouvi um gemido enquanto ela me respondia. Percebi que eu também a
tinha afetado, só que ela estava fazendo um esforço para superar o que
aconteceu.
– Gabriel, eu não sei o que deu em mim. Como já te expliquei,
geralmente não saio agarrando homens em corredores escuros. Eu tinha
bebido um pouco e não quero que você tenha uma ideia errada sobre mim,
mas eu também gostei, e muito, ainda estou sentindo o gosto da sua boca e o
seu corpo colado no meu.
Merda, merda, merda! Minha mão estava no meu pau, subindo e
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– Ligo para você na segunda – disse antes que ela percebesse o que eu
estava fazendo e sem dar chance à ela de me rejeitar. – Durma bem! – Minha
voz ficou rouca. Estava quase gozando na minha mão, e não lembrava a
última vez que isso acontecera, e se já acontecera.
Desliguei e corri para o banheiro. Espalmei uma mão no azulejo
enquanto a outra trabalhava meu pau com fúria. Levantei minha cabeça,
fechei os olhos, vi a boca de Ângela me chupando. Senti um puxão na minha
espinha, o calor se concentrou por segundos em minhas bolas antes de jatos
de espermas explodirem do meu corpo com força. Puta que pariu! Essa foi
rápida. Encostei a cabeça no azulejo enquanto os espasmos do meu orgasmo
diminuíam.
Que droga! Como uma mulher podia me dominar dessa maneira, me
fazendo agir como um idiota? Merda! E desde quando eu imploro por
garotas?
Depois de uma ducha rápida, saí do banheiro e fui até a cozinha tomar
alguns litros de água. A vantagem de morar sozinho é que você pode andar
pelado pela casa sem ninguém para te encher.
No dia seguinte, sábado, segui minha rotina de sempre: corrida no
circuito do parque, depois natação e, às nove da manhã, David me deixava no
escritório.
Quando cheguei, vi que o carro de Math já estava na vaga. Peguei o
elevador privativo para os nossos escritórios, onde ninguém entrava sem ser
convidado, ou autorizado. As salas de conferência, a área de comunicação, de
planejamento, todos os executivos e funcionários, os demais escritórios,
ficavam nos andares inferiores. Entrei na recepção e Jennifer já estava na
mesa dela.
– Bom dia, Jennifer.
– Bom dia, Sr. Leblanc.
Entrei na recepção do meu escritório e Cíntia, minha assistente pessoal,
me recebeu com um sorriso de parar o trânsito. Ela era linda, mas não era por
isso que a tinha comigo, ela era muito eficiente. O problema é que ela sempre
parecia esperar alguma coisa a mais de mim, que eu não estava disposto a
dar. Eu podia
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ter transado com a metade das mulheres da cidade, mas nunca havia transado
com funcionárias. Bem, se transei, nunca fiquei sabendo.
– Bom dia, Sr. Leblanc. A sala de reunião já está preparada e a equipe
já está reunida. Quando o senhor quiser, podemos descer – ela me informava
enquanto me seguia.
Coloquei meu laptop e minha pasta na mesa, liguei os monitores e logo
apareceram vários canais, de várias partes do mundo, além de toda a empresa
e imagens das obras em andamento; mas naquele momento não estava
interessado em nenhuma notícia do mundo, nem nas obras, no momento,
estava interessado na entrada, queria ver Ângela quando ela chegasse.
Apertei um botão e as cortinas se abriram. Math havia decorado meu
escritório, assim como todos os outros. Toda a parede externa era de vidro e
as janelas se abriam para o mar, o ar do mar sempre estava presente na minha
sala. Um bar, sofás para recepcionar os poucos amigos que me visitavam,
uma mesa que eu usava para lanches e almoços quando não tinha tempo de
sair, além da minha mesa. Mesmo assim o escritório era amplo e espaçoso;
como naquele andar só havia nossos quatro escritórios, espaço não faltou, no
escritório de Antônio, ele pediu para instalar um quarto. Tudo ali tinha um
tom madeira, sem chegar a ser pesado ou muito escuro, eu gostava do meu
espaço.
– Vamos fazer a reunião aqui, peça para a equipe subir.
– Aqui? – disse ela sem entender.
– Sim, chame a equipe porque tenho pouco tempo.
– Sim senhor, avisarei a equipe agora – disse ela já entrando em modo
profissional e saindo da sala.
Voltei minha atenção para o monitor da entrada e da recepção do
escritório de Math, mas ainda era cedo, ela disse que iria almoçar com ele.
Talvez ela não viesse ao escritório e eles se encontrassem em algum
restaurante.
Ouvi uma batida na porta e Cíntia entrou acompanhada de vários
executivos, todos eles funcionários do grupo GAMA, mas que nunca
estiveram ali, pois todas as reuniões sempre foram nos andares inferiores.
Cíntia preparou a minha mesa para a reunião e pediu algumas cadeiras,
enquanto outro funcionário entrou
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– Sim senhor.
Levei Ângela para minha sala e fechei a porta sem trancar, iria ter que
controlar quem chegasse pelos monitores. Peguei-a pela mão e a levei até
minha mesa. Eu a fiz sentar, abri suas pernas e me coloquei no meio sem dar
tempo para ela pensar ou me rejeitar. Tomei sua boca, com vontade de sentir
de novo aquele sabor. Ela ficou rígida pela surpresa.
– Vamos, Ângela, abra a boca! Quero seu gosto de novo – disse
respirando sobre a boca dela.
Ela estava dura, como se não acreditasse no que eu estava fazendo, mas
não sou de desistir e passei minha língua devagar sobre o lábio inferior dela,
antes de pegá-lo entre meus dentes. Ela reagiu gemendo e abrindo a boca,
pegando minha língua e chupando com o mesmo desespero que eu. Eu havia
chegado aonde queria. Puxei-a de encontro a mim para que sentisse como eu
estava. Ela levantou as pernas, prendendo-me pela bunda. Parecia tão
submissa e tímida em um momento e, no instante seguinte, transformava-se
em uma tigresa, me aranhando, mordendo como se quisesse me devorar,
deixando-me completamente fora de mim. Uma deliciosa surpresa. Levei
minha mão entre as pernas dela e a massageei sobre o jeans, sabia que ela
devia estar molhada me esperando. Ela gemeu alto e se agarrou em mim,
enquanto continuava com minha massagem. Jesus amado! Ela estava quase
gozando, e eu perdendo completamente a noção! Levei minha mão e abri
meu cinto e meu zíper, mas não consegui ir adiante, vi Math conversando
com Jennifer pelo monitor e empurrei-a rápido.
– Math está vindo, entre no banheiro – disse indicando onde ficava. Ela
entrou.
Desliguei os monitores para que ele não desconfiasse, ajeitei meu
cabelo, fechei meu zíper. Apenas consegui fechar meu cinto e sentei-me. Ele
entrou justo quando pegava um documento e fingia interesse.
– E Ângela? – foi perguntando com cara de poucos amigos.
– Está usando o banheiro – respondi colocando a cara mais inocente
que conseguia, enquanto por dentro meu coração estava
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– Vamos indo então – disse enquanto pegava minha mochila com meu
laptop.
Fomos até a recepção, tirei meu blazer e o entreguei a Cíntia para
guardar no closet do escritório. Ela me entregou uma jaqueta de couro e meu
capacete. Como já estava de jeans, ficava bem.
– Lúcia já confirmou as reservas – disse Cíntia enquanto eu terminava
de vestir a jaqueta.
Peguei minha mochila com meu laptop, minha pasta e meu capacete.
– Vamos?
Paramos em frente ao elevador e Math passou o cartão para liberar a
porta. Enquanto descíamos, Ângela disse algo sobre enviar o currículo na
segunda e ele concordou. Olhei os movimentos dos lábios e como ela passava
a língua sobre eles enquanto conversava. Queria sentir o gosto deles
novamente. Peguei meu celular e enviei a ela uma mensagem: Quero mais
dessa boca.
Ouvi quando o celular tocou e ela o pegou distraída. Abriu e leu. Sua
cor mudou de dourado para cobre, linda.
– Que foi? – perguntou Math.
– Nada, apenas Stella fazendo brincadeira – ela gaguejou nervosa
enquanto eu fingia ler mensagens no meu celular sem prestar atenção a eles.
August realmente estava com razão, eu estava perdendo completamente
a noção. Eles conversavam e eu fiquei imaginando-a na minha moto,
segurando minha cintura enquanto eu dirigia. Minha moto significava
liberdade para mim. Assim como eles adoravam velejar, eu gostava de andar
sozinho nas minhas tardes de sábados e domingos, era meu passatempo
preferido, e agora gostaria de passear com ela.
Chegamos ao estacionamento e entreguei minha mochila e pasta a
Duncan. Eles já sabiam, apesar de não aceitarem, que a partir daquele
momento eu já não estava para mais ninguém.
– Vejo vocês no restaurante – disse colocando o capacete e subindo na
minha ninja. Liguei o motor e olhei para Ângela, a minha boca falava
sozinha: – Já andou de moto? – Ela negou com a cabeça. – Gostaria de ir
comigo?
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que não gosto de beijar, nem de ser beijado, e muito menos em público.
– Se você acha que aquilo foi beijo, você realmente não sabe o que é
beijar. Mas, tudo bem, eu não farei mais.
– Assim espero.
Ela tinha razão, aquele beijo dela não tinha sido nada. Não é que eu não
gostasse de beijar e ser beijado, eu tinha descoberto que gostava de
beijar no dia anterior, aquilo com Ângela é que tinha sido beijo.
Comecei a endurecer só de me lembrar do nosso beijo no escritório
naquele dia pela manhã. Queria mais.
Chegamos ao apartamento. Josias deixou meu laptop no meu quarto.
– Sairemos às quatro. Não vou mais precisar de vocês por hoje.
Eles se despediram e foram para o terceiro quarto, que era onde ficavam
quando passavam a noite ali. O quarto do meio era destinado a festinhas,
tinha preservativos e brinquedos. Antônio gostava de BDSM, então ele tinha
velas, chicotes e um monte de apetrechos que eu nunca me interessei em
saber para que serviam. O primeiro quarto era o meu e ninguém entrava ou
dormia ali, só eu. Havia tudo que eu pudesse precisar ali, mas só ficava se
estivesse cansado para voltar para minha cobertura, onde eu realmente
morava. Carol era encarregada de manter tudo arrumado.
Fui até a geladeira, tirei uma garrafa de vinho, abri e peguei duas taças.
Chamei Loreta para o quarto do meio, servi as duas taças, tomei uma e dei a
outra a ela. Não estava muito a fim de sexo. Com minha taça na mão, fui até
a varanda e fiquei olhando para o prédio de Ângela, que podia ver dali.
Fiquei imaginando se já estaria dormindo, o que ela usava para dormir ou se
dormia nua, como eu. Fechei meus olhos, imaginando e endurecendo. Loreta
veio por trás e se esfregou em mim, levou a mão e abriu meu cinto. Tratei de
tirar Ângela da minha cabeça. Ela começou a massagear a ponta do meu pau.
Voltamos para o quarto, acabei meu vinho, tirei o restante da minha
roupa, ficando só de bóxer. Subi na cama e me encostei na cabeceira. Ela
subiu ficando no meio das minhas pernas. Com um olhar safado, ela tirou o
vestido, não estava usando nada por
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baixo. O corpo dela era lindo, nenhuma gota de gordura, seios fartos de
silicone, boca vermelha generosa, que era perfeita para chupar um pau.
– Gostou? Eu passei a noite inteira esperando você colocar a mão
embaixo do meu vestido – ela disse fazendo biquinho.
– Gostei muito, mas vou gostar mais se você me chupar.
– Pensei que não fosse pedir nunca.
Olhei quando ela me colocava todo na boca de uma vez, chupando com
vontade. Penso que Ângela não faria assim, ela seria delicada com ele,
passaria a língua primeiro, para sentir meu sabor, e depois me trabalharia
devagar, até me deixar completamente louco e sem controle.
– Está gostando?
Não respondi. Saí da boca dela, peguei um plugue, gel e preservativo,
jogando tudo na cama.
– Espero que esteja preparada, porque quero comer você por trás hoje.
Como resposta, ela deu um gemido, aprovando.
Deixo-a de quatro e coloco o preservativo. Mesmo sendo grosso,
escorrego-me com facilidade dentro dela, que geme e leva a mão, tocando-se
enquanto eu a monto. Sem sair de dentro dela, peguei o plugue e o lambuzei
com gel. Passei gel nela também, que àquela altura estava tremendo e se
empurrado contra mim, para continuar bombeando. Empurro o plugue e ela
goza com um gemido alto o suficiente para acordar todos no apartamento.
Merda, muito cedo! Não sei por que as mulheres tendem a fazer tanto barulho
durante o sexo.
– Shhh, fique quieta, ainda não terminamos.
– Humm, não consigo. – Veio a resposta chorosa.
Voltei minha atenção para ela, segurando-a pelos quadris. Recomeço a
bombardeá-la, giro o plugue, puxo para fora e volto a empurrar,
bombardeando-a pelos dois lados. Ela já não estava gemendo, estava
literalmente gritando todas as baixarias possíveis. Que merda! Ia acordar todo
mundo assim. Saí dela, joguei mais gel sobre a camisinha e retirei o plugue,
tomando o lugar dele até o fundo.
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– Filho da puta! – berrou ela com o ataque, mas logo estava pedindo
mais e se empurrando contra meu pau.
Continuei com meu vaivém cada vez mais rápido, buscando meu prazer,
mas não estava conseguindo. Ela gozou de novo. Fechei os olhos
desesperado, querendo gozar. Estava difícil.
Recorro à Ângela e ela vem à minha cabeça. A imagem da bunda de
Ângela, eu entrando no cuzinho dela, me faz querer me empurrar com mais
vontade e gozo com tudo. Meu corpo inteiro vibrou com a intensidade.
Empurrei-me dentro de Loreta com força, esperando os espasmos do meu
orgasmo terminar. Se eu conseguia gozar assim só pensando nela, não
conseguia imaginar como seria na realidade. Talvez, se eu estivesse com ela
uma vez, essa obsessão diminuísse. Sim, porque já estava ficando obsessivo.
– Foi bom – disse saindo, retirando o preservativo e dando um beijo no
ombro dela.
– Foi fantástico, foi o melhor sexo que já tivemos. E não me diga que
foi só bom para você, porque eu senti como você gozou. Vem aqui – disse ela
tentando me abraçar.
– Loreta, você sabe que não funciona assim comigo.
– Fica um pouquinho – ele choramingou e fez biquinho.
– Vou tomar banho e tentar dormir um pouco. Vou viajar daqui a
pouco. Tome um pouco mais de vinho. Se quiser, pode dormir aqui, ou posso
pedir um táxi.
– Só se for com você.
Olhei para ela. Quando ela iria entender?
– Não! Vou para casa. E eu mesma chamo o táxi – disse entrando no
banheiro emburrada.
Fui para o meu quarto, tomei uma chuveirada e quando saí Loreta já
estava na sala, esperando o táxi. Parecia que o mau humor se fora, ela sabia
que só tinha a perder querendo impor suas vontades.
– Foi uma noite deliciosa, estamos cada vez mais entrosados. Quando
terei você de novo?
– Eu te ligo – disse indo atender o interfone, que avisava que o táxi
chegara.
Acompanhei-a até a porta e dei um beijo de despedida no rosto dela.
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Fui para cama e, antes de dormir, olhei meu celular mais uma vez,
procurando alguma coisa de Ângela. Nada. Ela realmente não queria levar
nada adiante. O que acontecera na boate foi, como ela mesma disse, efeito
tequila. Mas no escritório não tinha tequila e ela correspondeu. Ela gostou e
se excitou tanto quanto eu. Se Math não tivesse aparecido, não sei onde
teríamos terminado. Não era lugar nem hora. Talvez se tivéssemos um pouco
mais de tempo juntos, se eu a levasse até ali. Merda! Melhor dormir e
esquecer. Ângela significava problema, e dos grandes.
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Capítulo 7
Ângela
– Ei, tem uma foto tua aqui! – gritou Stella assim que entrei em casa. –
Eles ainda não sabem quem você é – disse ela rindo.
– Sim, Math sempre consegue evitar os paparazzi, não saiu nada da
festa.
Viro o laptop de Stella para ver a foto. Nossa! O fotógrafo devia estar
usando uma lente muito potente para conseguir, estávamos muito longe da
costa e não tinha nenhum barco por perto. Fiquei imaginando onde estaria o
maldito. Eu estava usando um short branco e só a parte de cima do biquíni,
um boné cor-de-rosa, que cobria boa parte e fazia sombra sobre meu rosto.
Tinha várias fotos, mas nenhuma mostrava meu rosto com clareza. Na foto
em destaque, estava sentada no colo de Math, com a cabeça na curva do
pescoço dele, estávamos lembrando como mamãe gostava do mar e como ela
iria adorar velejar. Nunca fomos pobres, mas um veleiro seria um luxo
inimaginável para nossa família naquela época. A vela principal do veleiro
era azul, com o desenho de uma coroa e o nome dela, foi nossa homenagem a
ela, rainha Laura, como papai sempre a chamava. Eu fiquei triste e ele estava
me dando carinho, mas os fofoqueiros queriam saber quem era a morena, a
namorada de Matheus Rufinelli.
– Viu? É por isso que não devemos entrar nesses sites de fofoca, agora
eu sou a nova namorada do meu irmão, imagina?
– Sim, mas vocês não estão se comendo em público como estes dois.
– Quem? Antônio? Porque sabemos que August tem namorada e nunca
faria isso.
– Está se esquecendo do advogado gato – disse ela, e fiquei gelada na
hora. – Olha só, parece que Afrodite pegou o deus Apolo. Que mulher linda!
Eles formam um belo casal, só que parece que estavam sem tempo de chegar
até a cama. É a primeira vez
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que pegam Gabriel aos beijos com alguém. Parece que a coisa está ficando
séria, já faz tempo que eles estão juntos e agora estão se beijando, isso nunca
tinha acontecido antes.
Olho a foto, realmente ela era belíssima: loira, alta, com um corpo de
dar inveja a qualquer modelo. Toda vez que eu olhava para ela sentia
arrepios. Passo a mão pelos meus cabelos negros como piche, sentindo-me
mal. Como pude pensar que ele se interessaria por mim? Ele devia estar
brincando. Continuei olhando a foto. Eles estavam se beijando e parecia que
ele estava dizendo alguma safadeza no ouvido dela e rindo, depois eles
entraram no carro. A fofoca dizia que havia sido sábado à noite, na saída de
um restaurante. Fiquei pensando: sábado pela manhã ele estava me agarrando
no escritório dele, e à noite ele estava se agarrando com ela. Aquele não era
meu mundo, onde eu estava com a cabeça?
– Estou cansada, vou dormir. Sonhe com os anjos enquanto eu sonho
com seu irmão – Stella disse rindo.
Fiquei olhando a foto com uma ponta de tristeza. Realmente eles
formavam um casal perfeito.
Peguei meu celular, mas não tinha nada dele. Nem sei por que esperava
alguma coisa. Idiota. Li a mensagem de Math perguntando se havia enviado
meu currículo. Respondi-lhe que mandei no sábado à noite. Aproveito e ligo
para ele a fim de tentar tirar Gabriel da minha cabeça.
– Oi, você viu? Estamos no site de fofoca, sou sua nova namorada.
– Esse pessoal é louco! Deixa para lá, o que você vai fazer amanhã?
– Não sei, vou ver algumas coisas da faculdade pela manhã e à tarde
vou andar um pouco, fazer umas comprinhas de coisas que ainda quero para
o apartamento.
Nunca disse a ele sobre o livro que escrevi e que meu mentor me
incentivou a publicar. No dia seguinte tinha uma entrevista com o editor e
talvez assinasse o contrato. Mas, se eu conseguisse estagiar na GAMA, teria
que deixar o livro, pelo menos por um ano, que era o tempo do estágio.
Despeço-me do meu irmão e vou dormir. Fico rolando na cama,
pensando em Gabriel. Fico com raiva de mim. Como fui
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idiota! Ele é Gabriel! Deus! Onde eu estava com a cabeça? Era normal para
ele ter várias mulheres ao mesmo tempo. Tratei de esquecer, melhor dormir.
No dia seguinte levantei cedo, acostumada com o horário da faculdade.
Tomei um copo de suco enquanto colocava a máquina de café para funcionar.
Coloquei também pão na torradeira. Tudo funcionando, fui tomar banho.
Naquele dia deixaria de lado meus jeans. Meu closet estava cheio de
roupas finas, que quase não usava, algumas escolhidas por Math, outras por
mim junto com Stella, que tem um gosto incrível, só que eu não tinha
oportunidade de usá-las. Porém essa reunião com o editor pedia algo mais
sofisticado que um jeans rasgado. Era uma boa ocasião para me mostrar
como uma jovem elegante. Dou risada, pois nunca conseguiria ser fina e
elegante.
Escolhi uma calça preta de alfaiataria, uma blusa preta com estampa
vermelho-sangue e sapato com saltos altos. O sapato era preto, mas o salto
vermelho, e eu adorava esse sapato. Escolhi uma bolsa vermelha e um cinto
preto. Olhei a roupa em cima da cama. Talvez eu conseguisse o milagre de
ficar elegante com tudo aquilo.
Olhei no relógio e eram sete e meia, minha reunião era só às nove. Ligo
para Josh, para ele me buscar às oito e meia. Confirmo tudo, pego meu laptop
e vou para a cozinha tomar meu café.
Abro o computador e a masoquista que existe em mim vai direto para o
site de fofocas. Existem mais algumas fotos minhas com Math
desembarcando no porto e subindo no carro, mas com o boné não é possível
me reconhecer. Adianto a página e vejo Gabriel descendo do carro em frente
a um edifício. Noite de amor para os pombinhos é a notícia. Loreta Guntter,
como dizem chamar a modelo que conquistou Gabriel Leblanc, estava sendo
cotada como a futura Sra. Gabriel Leblanc. De novo me sinto enjoada
olhando a foto, ela sempre teve esse efeito em mim. Sentindo uma pontada de
alguma coisa que não sabia o que era, fechei a página.
Abro meu e-mail e tem uma mensagem da editora me pedindo para
confirmar a reunião; respondo confirmando. Tem um outro do grupo GAMA,
perguntando se eu posso passar para uma entrevista sobre o estágio às dez da
manhã. Fico eufórica, mas
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sabia que não teria tempo. Respondo agradecendo e dizendo que o horário
era impossível para mim, pergunto se poderia ser um pouco mais tarde.
Enviei a mensagem, acabei meu café e corri para o quarto, já eram
quase oito horas. Coloquei uma maquiagem suave, como Stella me ensinou,
só destacando a boca com um batom cereja, e amarrei meu cabelo fazendo
um rabo de cavalo. Vestime e olhei no espelho. Stella entrou nesse momento.
– Solte o cabelo – foi logo dizendo. – Eu sei que amarrado ele dá a você
um ar de executiva de sucesso, mas não é você. Você é leve, e esse cabelo
amarrado deixa você durona, não gosto! Pronto, falei – ela disse despejando
tudo de uma vez. – Agora me diga por que tanta elegância? Aonde você está
indo?
– É que me chamaram para uma entrevista de estágio na área de
comunicação do grupo GAMA e eu quero causar boa impressão. Ninguém lá
tem noção de que eu sou irmã de Math, e quero que continue assim até eu
realmente ser contratada pelo diretor da área, Martin Monagham. Depois
disso não me importarei se alguém souber. – Não contei a ela sobre a reunião
na editora. Se eu chegar a lançar o livro e se for um sucesso, eu conto; se for
um fiasco, fico calada.
– Perfeito, vai e arrasa – ela falou dando um retoque na minha
maquiagem e ajeitando meu cabelo.
Peguei minha bolsa e meu laptop e saí lançando um beijinho para ela.
Josh já estava me esperando.
A reunião com o editor não demorou, meu professor também
participou. Olhei para o contrato que a editora tinha preparado e as
expectativas eram muito altas. Olhei para meu professor e ele sorriu.
– A editora não tem dúvida de que seu livro será um best–seller.
Eles ficam chateados quando digo que vou esperar um ano para tentar
lançar meu livro. No final deixei o contrato pronto, mas sem assinar.
Saí da reunião uma hora depois. Entrei no carro e pedi a Josh para me
deixar na empresa. Abri meu laptop para ver se tinha algum e-mail e
encontrei uma mensagem me pedindo para
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confirmar uma entrevista para as onze horas. Olhei o relógio e eram dez e
quinze. Já estávamos chegando, então confirmei. Eles me responderam que o
Sr. Monagham estaria à minha espera.
Josh me deixou na garagem e usei meu cartão para liberar o elevador
privativo. Segui direto para os escritórios do grupo, queria contar a Math a
novidade antes da entrevista.
Jennifer me disse que ele estava em reunião, então sentei para esperar,
mas ela disse que podia entrar. Sorri para ela, segui para a recepção,
cumprimentei Lúcia e entrei na sala de Math.
Entrei sorrindo, entretanto parei de supetão. Estavam todos lá, os
quatro. Fiquei sem jeito.
Gabriel estava encostado no escritório de Math, com os calcanhares
cruzados de forma displicente, a calça marcando os músculos fortes das
longas pernas, que terminavam com o terno desabotoado. Ele estava rindo
com alguma coisa que via no celular. Acho minha voz: – Desculpe, Math,
não sabia que você estava ocupado – disse acenando um cumprimento para
eles e querendo fugir dali, mas sem conseguir desviar meu olhar de Gabriel.
– Merda, Ângela! Você está simplesmente maravilhosa. O que
aconteceu com os jeans rasgados e os tênis – disse Antônio enquanto se
levantava e me abraçava.
Não sei de que cor eu fiquei, nunca tive qualquer tipo de intimidade
com nenhum deles. Nesse instante Gabriel pareceu notar minha presença e
fechou a cara, fazendo desaparecer o sorriso de antes.
– Antônio, lembre-se de que Ângela é minha irmã, tenha respeito!
– Sim! – disse Gabriel.
– Com todo respeito – Antônio disse rindo.
– Como vai, Ângela? – cumprimentou August de onde estava sentado.
– Ela. É. Minha. Irmã! – disse Math olhando de cara feia para cada um
deles.
– E só por isso não podemos dizer que ela é linda.
– Dizer pode, olhar talvez, tocar nunca! – Math foi falando enquanto
tirava o braço do Antônio da minha cintura.
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apontando o dedo em minha direção. Pegou minha cabeça pela nuca e colou
sua boca na minha com um beijo furioso, a língua invadindo e marcando
minha boca, chupando, mordendo, não tinha como fugir, estava presa contra
o escritório e o corpo dele.
– Entendeu agora que não podemos mais lutar contra isso?
– disse ele enquanto respirava contra minha boca e esfregava sua ereção
contra meu corpo.
– Me solte ou eu vou gritar, seu idiota.
– Sim, sei que vai gritar. Quando eu estiver enterrado até as bolas
dentro de você, vai gritar me pedindo por mais. Vou te deixar tão louca que
você vai esquecer seu nome e só vai se lembrar do meu, Gabriel! É esse o
nome que vai gritar, entendeu?
Ele disse tudo isso com a boca colada na minha, respirando o mesmo ar
que eu. Mordeu meus lábios e me chupou. Comecei a gemer. A boca dele era
uma delícia, sua língua atrevida entrava na minha boca e segurava a minha,
meu corpo inteiro pedia algo a que meu cérebro dizia não. Gememos os dois.
– Você entende agora que está além de nossas forças? Que cada vez vai
ficar mais forte? A qualquer momento vamos acabar fazendo uma loucura,
vamos acabar perdendo o controle. E, Ângela, ninguém mais toca nesse
corpo, entendeu? Ele é meu, só meu. Pensa que eu estou gostando de me
sentir descontrolado cada vez que te vejo? Não! Estou odiando. Mas cansei
de resistir, vou dar um jeito de resolver o problema antes que possamos
enlouquecer.
– Me solta, Gabriel!
Ele levantou os braços em forma de Cristo, olhou-me levantando as
sobrancelhas e abaixou lentamente a cabeça. Eu segui o olhar dele, notando
que não era só ele que estava se esfregando em mim. Eu estava segurando-o
com os dedos pelo cós da calça, era eu quem o estava prendendo, e não ele.
Soltei os dedos e o empurrei com força. Ele se afastou e girou para sair,
dando-me as costas. Caminhando lentamente, colocou a mão na maçaneta e,
antes de sair, lançou-me um último olhar, sorrindo.
Deslizei-me devagar da mesa e, com as pernas trêmulas, me dirigi ao
banheiro. Sentei-me no vaso e lá fiquei tremendo, tentando respirar. Poderia
dizer que era de raiva, mas sabia que
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não era, transaria com ele naquele momento, ali no chão, se ele entrasse ali.
Esse era o problema, o desejo que estava sentindo estava cada vez mais forte,
e se, como ele disse, se sentia igual e sem controle, iríamos fazer uma
besteira a qualquer momento, tinha certeza disso.
Como eu podia sentir alguma coisa por uma pessoa que sentia o mesmo
por todas as mulheres? Com tantos homens, eu tinha que me sentir atraída
justamente por ele? Ele dizia que sentia atração por mim, mas sábado estava
com a loira, e hoje podia ser que estivesse com ela de novo, ou com qualquer
outra. Sentiame mal por não ter dado um bom tapa na cara dele, e sentia
vergonha de mim mesma por aceitar os seus avanços. Sentiame uma idiota.
Depois de me recriminar por um longo tempo e sentindo-me melhor, saí
do banheiro e fui para minha entrevista.
A área de comunicação ficava um andar abaixo, então cheguei em um
minuto. Fui recebida por uma moça simpática, que perguntou meu nome e
me conduziu à sala de Martin, um afro-americano de quase dois metros, com
dentes tão brancos que pareciam estrelas. O sorriso dele logo me deixou à
vontade.
– Rufinelli! – exclamou ele. – É parente do nosso garotão lá de cima,
por acaso? – perguntou. – Claro que não! Se fosse, eu seria informado, e
Rufinelli não é um sobrenome incomum.
Ele mesmo foi respondendo, antes de me dar chance de negar ou
confirmar.
– Sabe por que chamei você tão rápido, Ângela? Primeiro, seu currículo
é excelente e eu não queria perder você para outra empresa. Além disso,
estou precisando de alguém para ficar no lugar de uma de nossas
funcionárias, que vai ser mãe. Se você se sair bem, poderá ser contratada de
forma definitiva. O que você acha? Quer tentar?
– Gostaria muito.
– Muito bem, vamos dar uma volta para você ter uma ideia do nosso
trabalho. Aproveito e apresento você a alguma pessoas.
Saímos da sala dele e entramos em um salão enorme, com vários
gabinetes e miniescritórios, com muita gente ocupada e
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advogado do grupo GAMA por fim foi fisgado. Ela já foi vista com ele em
várias oportunidades, mas nós vamos manter nossa postura de ‘sem
comentários’.”
Nos despedimos de Rosa e voltamos à sala de Martin. Discutimos
horários, salário, tudo sobre o serviço e, no final, ele me perguntou: – Então,
o que me diz? Gostaria de fazer parte da nossa equipe?
– Sim, gostaria muito.
– E quando você acha que poderia começar?
– Eu estou livre no momento, então a partir de amanhã já posso
começar.
– Excelente, vou enviar seus dados ao RH e amanhã, antes de vir aqui,
você passa lá para assinar tudo e pegar seu crachá, tudo bem? Informe-se
com Patrícia na saída, ela vai te explicar tudo.
Ele se levantou, dando por terminada a reunião, e nos despedimos. Saí
da entrevista feliz.
Enquanto esperava o elevador chegar, peguei meu celular para mandar
uma mensagem a Math. Nesse instante, recebo uma de Gabriel.
Como foi a entrevista?
Como ele sabia da entrevista? E como sabia que já tinha terminado?
Ignorei-o e escrevi a Math, dizendo que a entrevista já havia terminado
e que tinha sido um sucesso.
Por que você não me responde?
Ignorei-o novamente. Recebi a resposta de Math: Me
espere no carro, já estou descendo.
Guardei meu celular na bolsa, apertei o botão da garagem e desci. Senti
meu celular vibrar, mas não pensei responder ou atender, essa história com
Gabriel já tinha ido muito longe, não estava a fim de ser usada como
brinquedo temporário de nenhum homem mimado.
Cheguei à garagem e Josh estava me esperando. Ao entrar no carro,
Math indica o restaurante. Meu celular começou a tocar,
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olhei e vi que era Gabriel. Não queria atender, mas se não atendesse Math
iria ficar desconfiado, então atendi fingindo.
– Oi, Stella. Tudo bem?
– Por que você não respondeu as minhas mensagens?
– Olha, Stella, estou saindo para almoçar com Math, não me ligue mais
porque não pretendo fazer o que você está querendo, certo? – falei tranquila,
mas minha vontade era mandar ele para aquele lugar.
– Ângela, eu preciso te ver.
Claro, agora ele precisava me ver, ontem precisava ver a loira e amanhã
vou ser passado, porque ele vai precisar ver outra.
– Olha, Stella, vai ser impossível, não vou poder. Nem hoje, nem outro
dia. Tenho que desligar agora. Tchau.
Desliguei e encontrei o olhar de Math me interrogando. Tive que
mentir.
– Stella quer ajuda com um trabalho e não vou poder. Satisfeito com
minha resposta, ele perguntou sobre meu tra balho. Disse que
começaria no dia seguinte e expliquei a ele tudo que havia conversado
com Martin sobre o trabalho que iria fazer.
Depois do almoço, Josh me deixou em casa. Quando entrei, encontrei
um bilhete de Stella me avisando que iria chegar tarde. Fui ao meu quarto e
separei minha roupa para o dia seguinte. Tirei meu laptop da mochila, abri e
fiquei vendo páginas de livros. Fechei e dormi um pouco.
Já eram quase seis horas quando acordei e fui até a cozinha preparar um
lanche. Olhei a geladeira e resolvi ficar só com um copo de suco. Tomei um
banho demorado, saí e me enchi de creme, pois detesto ter a pele seca. Estava
procurando um pijama quando meu celular vibrou com uma mensagem.
Em quinze minutos estarei aí, me libere a entrada para a garagem e me
espere perto do elevador.
Pensei em ignorar, mas sabia que ia ser pior, então liguei.
– Olha, Gabriel, o que você quer comigo não vai dar certo, não pretendo
ser mais uma na sua longa coleção. Como já te disse, passei uma ideia errada.
Me deixe em paz.
– Se você não descer, eu vou subir. E já estou chegando.
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Capítulo 8
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Gabriel
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encontros, o meu único trabalho era escolher, dizer sim ou não. Nunca havia
ligado para nenhuma garota antes. Eu nunca tive namoradas. Loreta achava
que tínhamos uma relação porque já tinha saído com ela várias vezes, mas era
ela que sempre ligava.
Entrei na cantina e procurei por Ângela, que estava sentada almoçando
com mais duas garotas, que eu conhecia só de ver pelos monitores. Elas me
olharam e os de Ângela me prenderam, quentes, mas logo se desviaram e elas
continuaram comendo. Segui andando, procurando uma mesa onde eu
pudesse ficar de frente para ela. Quando me sentei, vi Loreta entrando com
outra garota, tão linda quanto ela, e se dirigindo à minha mesa. Mas que
merda!
– Gabriel! Que prazer te encontrar! Coitadinho, almoçando sozinho!
Gabriel, esta é Sabrina – disse ela apresentando a amiga.
Levantei-me e cumprimentei as duas, mas meu olhar procurava a mesa
em frente. Vi as três me olhando, mas os olhos de Ângela já não estavam
com o mesmo brilho de antes. Senti uma pontada estranha no peito.
– Podemos te fazer companhia? – Ouvi Loreta perguntando.
– Claro, será um prazer – respondi de forma educada. Depois de
adulto, nunca tive que dar explicações de meus atos a ninguém, mas
me peguei digitando uma mensagem à Ângela.
Não foi planejado.
Vi quando ela pegou o celular, leu e voltou a colocá-lo sobre a mesa,
sem responder. Tive vontade de me levantar e ir até ela para perguntar se
estava tudo bem. Como não podia fazer isso, me limitei a escrever.
Me diga que não está chateada e que ainda vamos nos ver esta noite.
Não sabia o que faria se ela respondesse não.
Ela novamente leu e começou a responder. Fiz meu pedido sem saber o
que estava pedindo, esperando a resposta chegar. Meu celular emitiu o sinal e
li a resposta.
Está tudo bem e ainda vamos nos ver esta noite.
A mensagem veio seguida de uma carinha sorrindo.
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– Ah! Obrigado. Não vou precisar mais de você por hoje, pode ir.
Não consegui terminar antes das cinco, como era minha intenção, mas
às cinco e meia saí da empresa e um segurança parou um táxi para mim.
Às seis e meia entrei no apartamento e dei uma olhada geral. Carol,
eficiente como sempre, devia ter percebido que minha visita era mais que
especial, pois colocou um arranjo de flores para ela. Isso me fez tomar a nota
mental de também enviar flores. O quarto estava perfeito, como sempre, tudo
arrumado, com cheiro de limpeza. Coloquei uma garrafa de champanhe e
outra de vinho no gelo.
Entrei no meu quarto. Não pensava em levar Ângela ao quarto das
festas. Lençóis, edredons e, no banheiro, várias toalhas dobradas e
arrumadas. Pedi a Carol para comprar géis, sais e sabonetes, tudo com aroma
de mel, pois a pele da Ângela me fazia lembrar mel. Carol foi perfeita.
Achava que ela ia gostar.
Entrei no banheiro, ainda tinha tempo para um bom banho. Olhei para a
banheira; talvez a gente pudesse aproveitá-la. Sexo dentro da água quente
com Ângela se escorregando em mim. Sim, tínhamos que aproveitar a
banheira. Saí do banheiro e coloquei uma toalha na cintura enquanto secava
meus cabelos. Toquei meu rosto, que estava áspero. Geralmente fazia a barba
pela manhã, mas decidi fazer agora, não queria irritar a pele dela.
Entrei no closet e peguei um jeans e uma camiseta. Olhei para as roupas
que estavam ali, eram poucas, só para emergências. Se pensava em passar
mais tempo ali, teria que levar mais. Outra opção seria levá-la para minha
cobertura em Beacon Hill, mas o apartamento onde estava ficava a passos do
escritório e do apartamento dela, e na cobertura havia um monte de
funcionários. Melhor buscar a roupa.
Segui até o quarto de festas. Como nunca tinha levado mulheres para
meu quarto, tinha me esquecido que não tinha nada lá. Peguei alguns
preservativos, abri algumas gavetas onde tinha plugues anais de diversos
tamanhos e vibradores de vários modelos. Deixo tudo. Eu mesmo iria
comprar brinquedos especiais para nós dois quando estivéssemos mais
íntimos. Peguei um tubinho
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de gel anal fechado; se ela fosse virgem anal, como pensava que era, meu
dedo já seria mais do que suficiente. Só esse pensamento já me fez endurecer.
Uma noite inteira com Ângela, depois dos nossos encontros explosivos,
não sabia se sobreviveríamos.
Coloquei os preservativos no bolso, saí do quarto e o tranquei; não
queria que ela entrasse ali por engano.
O interfone tocou me informando que o jantar havia chegado. Recebi-o
e coloquei os pratos frios na geladeira e os quentes no forno. Olhei uma
garrafa de saquê que havia chegado junto e coloquei-a no gelo também.
Voltei ao quarto, estava em cima da hora. Vesti uma camiseta, peguei
um tênis e já estava saindo quando lembrei que tinha mais uma coisa a fazer.
Abri rápido meu laptop e rastreei os celulares de meus seguranças e
motoristas, não queria nenhum deles por perto. Uma olhada rápida e vi que
estavam todos na cobertura. Por fim saí para buscar Ângela.
Quando estava a uma quadra, enviei uma mensagem a ela avisando que
estava chegando.
Estou descendo.
A resposta foi rápida.
Estacionei em frente ao elevador e quando as portas se abriram meu
coração, que até aquele momento estava acelerado, quase parou. Ela estava
com um vestido amarelo suave, longo e simples. Ia até os tornozelos, com
uma abertura que subia até as coxas, abrindo quando ela caminhava. Jesus!
Ela não podia fazer isso. Eu acho que marcaria um encontro ali todos os dias
só para vê-la saindo do elevador. Como havia muitas câmeras, inclinei-me e
abri a porta para ela, sem descer.
– Oi – disse ela tímida ao entrar.
Não consegui responder. Peguei a boca dela com a minha, e minha mão
foi para a pele exposta da coxa. Nunca gostei de beijos, mas minha boca
parecia que havia sido feita para a dela, era uma necessidade, precisava da
boca dela o tempo todo. E com ela acho que não era diferente, porque ela
abria a boca e sua língua procurava a minha, a mão na minha nuca, me
segurando enquanto a minha continuava subindo pela coxa dela. A atração ia
além
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dos limites, nos esquecíamos de tudo, procurando-nos com desejo. Até nos
buzinarem de novo. Deus!
– Vamos? Temos que sair daqui ou vamos ter problemas. Deixei-a a
contragosto e, enquanto ela afivelava o cinto, saí do estacionamento. A
ansiedade estava me matando, por isso preferia o apartamento do
centro, em minutos chegamos. Estacionei na vaga especial que
reservara para mim e peguei a mochila que ela levara.
Ao entrarmos no elevador, encostei-me na parede e a apoiei contra meu
peito, assim as câmeras não pegariam o rosto dela. Dei-lhe um beijo só para
sentir de novo o gosto, mas logo a mochila estava jogada no chão e eu a
estava pressionando contra a parede. Travei suas pernas no meu quadril e
esqueci onde estávamos, esqueci as câmeras, esqueci tudo. Gememos os dois.
Ângela chupava minha língua, mordia meus lábios, enquanto minha língua
passeava feliz pela boca dela. Aperteime ainda mais, esfregando minha
ereção contra ela.
Ouvi o apito e as portas do elevador se abrindo, soltei-a e me agachei
para pegar a mochila, pensando que já havíamos chegado. Então dou de cara
com um casal que nos olha com cara de espanto. Minha primeira reação foi
proteger Ângela e me coloquei em frente a ela. Eles não subiram e as portas
começaram a se fechar. Vi que a mulher esboçava um pequeno sorriso.
Abracei Ângela, que estava assustada. Ainda bem que tinha sido um casal
que naquele momento devia estar procurando um quarto, caso contrário
poderia ter sido um desastre. Puxei-a de novo contra mim, mas agora sem
beijos, minhas mãos acariciavam as costas dela. Chegamos e no corredor não
consegui mais, beijei-a de novo. Entramos, empurrei a porta com as costas
sem desgrudar minha boca da dela e, por fim, estávamos sozinhos.
Levei-a até o sofá e me sentei com ela no colo. Estávamos respirando o
mesmo ar, nossas línguas não se separavam, sentia todo o sabor dela, já
estava viciado. Havia pensado em jantar primeiro e depois levá-la ao quarto,
mas no momento a última coisa em que podia pensar era em comer. E achava
que ela tinha a mesma opinião.
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mas não podia. Quando tomei controle do meu corpo novamente, olhei para
Ângela e vi meu gozo escorrendo de sua boca, a língua dela saindo para
lamber, e um novo jato alcançou em cheio o seu rosto. Merda! Não era para
ser assim.
Tirei minha camiseta e tentei limpar seu rosto, só para ver como ela
passava o dedo e colocava na boca. Voltei a ficar duro na hora.
Eu a coloquei de volta sentada sobre mim e desci as alças do vestido.
Ela não estava usando sutiã e seus seios eram como imaginei, pequenos e
perfeitos, os mamilos eram acobreados, duros, lindos! Peguei-os com minha
boca, lambendo, chupando, enquanto apertava o outro, estavam duros,
intumescidos, deliciosos. Levantei seu vestido até a cintura e ela gemeu,
deslizando em cima do meu pau, me molhando com sua excitação,
procurando alivio. Mordi devagar e apertei o outro, depois chupei para
aliviar. Ângela me surpreendeu com um grito, seu corpo sendo jogado para
trás. Se eu não a estivesse segurando, teria caído. Ela se apertou em mim e
senti meu pau sendo banhado com seu gozo quente.
Merda, não sabia que ela tinha os seios tão sensíveis. Deliciosa
surpresa. Passei minha mão pela coxa dela até encontrar a calcinha, olhei para
ela, mas ela estava com os olhos fechados, absorvendo o prazer do orgasmo
recente. Desci devagar a calcinha minúscula, querendo saborear a visão.
Segurei ambas as coxas, abrindo-as para mim. Fiquei com água na boca, o
líquido do desejo dela estava escorrendo pelo seu sexo, o clitóris estava
brilhando vermelho como um rubi. Sem me segurar, fiz algo que nunca
pensei fazer na minha vida, desci minha boca, lambi seu sexo de baixo até em
cima, fazendo com que Ângela prendesse minha cabeça com força com as
coxas e meu nome saísse como um lamento de sua garganta. Deus! É muito
bom! Chupei e mordi com delicadeza aquele rubi, fazendo-a se contorcer e se
empurrar contra mim. Coloquei minha língua dentro dela, retirei e voltei a
colocar de novo. Ela gozou de novo e seu prazer jorrou na minha boca.
Suguei o gozo dela, tomando tudo. Ela seguiu segurando minha cabeça contra
seu sexo, se contorcendo e gemendo, chamando por mim.
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– Goze para mim, Ângela! Deixe-me ver como eu faço você gozar. Me
mostre, querida. – O aperto no meu pau era tão forte que me segurava dentro
dela.
– Gabrieeeel... Assim, assim... Deus! – Ouvi como um lamento.
– Merda! – Era o urro de prazer que saía da minha garganta e que eu
não sabia que era capaz de emitir.
Os gemidos de Ângela gozando me fizeram gozar também, o espasmo
foi tão forte que fez com que minha coluna quase se dobrasse ao meio, os
jatos do meu gozo explodiam com força do meu corpo. Cristo, acho que
gozei pela primeira vez na vida. Nossos corpos foram sacudidos por
convulsões que pareciam não terem fim, não conseguíamos ar suficiente para
respirar. Pouco a pouco meu cérebro voltava a tomar o controle novamente.
Tentei sair de Ângela e retirar o preservativo, mas suas pernas estavam
travadas em minha bunda. Deslizei-me ao lado dela. O rosto brilhando, a
respiração superficial e a massagem suave sobre meu pau me indicavam que
os resquícios do orgasmo ainda faziam efeito sobre seu corpo. Trouxe-a de
encontro ao meu corpo e a beijei com um carinho que eu não sabia ser capaz
de sentir.
– Você está bem? Fui muito violento com você? – perguntei e seus
olhos cansados me encararam abrindo um sorriso.
– Foi meu primeiro orgasmo, sempre pensei que eu fosse frígida. Foi
incrível, Gabriel! Não fazia ideia que era tudo isso e vou querer sempre sentir
isso, só vou descansar um pouquinho – disse ela enquanto se aconchegava no
meu peito, sonolenta.
Deus, algo muito bom eu fiz para merecer tudo isso. Não podia
acreditar que ela nunca tivesse gozado antes. Era seu homem, dono do seu
primeiro orgasmo de verdade, porque o de ontem não contava. Isso eu sabia
que ela nunca iria esquecer, mas não acreditava que eu poderia esquecer o
que me aconteceu nesta noite também, o que aquela garotinha inexperiente
havia feito a um homem maduro, que pensava que sexo já não tinha mais
nada de novo para ele. Grande erro. Beijei sua cabeça, trazendo-a ainda mais
contra mim, e apaguei também.
Acordei e olhei ao redor, havíamos dormido no sofá. Senti a respiração
morna e suave de Ângela sobre meu peito. Com muito
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cuidado para não acordá-la, saí de dentro dela. Estava completamente ereto
novamente. Amarrei a ponta da porcaria do preservativo e fui ao banheiro.
Se fosse outra, teria mandado embora com um táxi e eu teria dormindo
tranquilo em minha cama, mas hoje as coisas aconteceram de uma forma
diferente para mim. Quando voltei tive a visão do paraíso, ela estava de
costas, toda nua, os cabelos esparramados sobre suas costas, uma das pernas
levemente flexionadas, dando uma visão do seu sexo aberto e molhado. Não
resisti e deitei sobre ela, sentindo cada centímetro de suas costas. Beijo sua
nuca e senti meu perfume nela. Fiquei de joelhos, passei minhas mãos sobre
suas costas, sentindo toda sua maciez. Ela começou a sair do sono, gemendo
baixinho com meus carinhos. Inclinei-me e, com minha língua, fui descendo
pela coluna até chegar ao bumbum, lambendo e dando umas mordidinhas. Ela
rebolou e se empurrou contra mim.
– Gabriel! – gemeu ela se empurrando contra meu pau colado duro
contra a bunda dela.
– Shhh, fique quietinha – disse e dei um tapinha no seu bumbum
durinho, que estava esfregando em mim. Teve efeito inesperado, porque o
que consegui foi arrancar um gemido ainda mais alto dela.
– Você gostou? Gosta de sexo duro, Ângela? Quer mais? – Dei outro
tapa com mais força, deixando a marca da minha mão. Ela ficou de joelhos,
dando a bunda para mim. Sei o que ela deseja e dou outro, no outro lado do
bumbum, deixando os dois igualmente rosados com a marca das minhas
mãos neles.
Nunca fui de bater em mulheres, mas ter o bumbum de Ângela se
empinando contra mim, pedindo por minha mão, me tirava a razão. Procurei
seu sexo com meus dedos, ela estava literalmente se derramando molhada e
quente. Friccionei sua entrada e apertei entre o polegar e o indicador o rubi
que eu tinha encontrado antes.
– Assim, mais... – ela me pedia, gemendo descontrolada. Sentei-me
sobre meus tornozelos, trazendo-a comigo, fodendo-a com o dedo do
meio enquanto meu polegar trabalhava seu rubi. Os gemidos dela
aumentaram.
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Ela riu. Peguei seu riso na minha boca. O gosto salgado do meu suor
estava na boca dela, nos beijamos, saboreando um o gosto do outro. Não
queria parar.
– Queria usar o banheiro, onde fica?
Merda! Desde que chegamos ficamos na sala, não havia oferecido nada
para ela beber, ou comer, nem ao quarto eu a levei. Era um belo de um
imbecil.
– Vamos, eu te mostro. Desculpe, você deve estar com fome. Eu tinha
um jantar preparado, champanhe e vinho... Esqueci, sinto muito.
– Sabe que esqueci também? – disse rindo. Rimos os dois. Indiquei a
ela o banheiro, enfiei-me no jeans que estava jo gado na sala e fui até a
cozinha ver o que dava para aproveitar do jantar. Nada.
Ângela entrou na cozinha usando minha camiseta que estava jogada ao
lado do sofá e que ficava no meio de suas coxas. Eu a levantei e a sentei
sobre a bancada da cozinha. Olhei para ela sentada ali, pequena, delicada,
uma menina, uma mulher, minha mulher. Tão linda, tão tranquila agora, que
não parecia a mesma de alguns minutos atrás, gemendo, gritando, pedindo
mais de mim, me enlouquecendo. Não queria que terminasse naquele dia
como com as outras, quero mais dela, muito mais. Não estava preparado para
deixá-la ir. Ainda não. Abri as pernas dela e me coloquei entre elas.
– Olhe o que temos: suco de maçã e framboesa, pãezinhos, patês,
queijo, geleia, presunto e alguns brioches. O que você quer comer?
– Estou morrendo de fome! Vou comer um pouco de tudo. Servi o suco
de framboesa e entreguei a ela, que pediu para pôr bastante gelo.
Enquanto ela tomava, fui colocando queijo e presunto nos pãezinhos e
geleia nos brioches. Provei e dei a ela, que comeu com gosto. Fiquei em
pé entre as pernas dela e fui dando em sua boca os minissanduíches e
depois os brioches. Comemos tudo, não sobrou nada. De sobremesa,
mais beijos.
– Tenho que ir, já está muito tarde, Gabriel. Mas gostaria de tomar um
banho antes, estou toda melada de suor.
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– Não, não faço nenhum tipo de controle, não tenho uma vida sexual
ativa. Só estive com duas pessoas até hoje e, nas vezes em que tive relações,
foram com preservativo. Não vi necessidade de controle.
– Ângela, você gostaria que continuássemos nos encontrando?
– Não sei, Gabriel.
Como? Fiquei sem entender, pensei que ela tivesse gostado tanto
quanto eu.
– Como você não sabe, Ângela?
– Gabriel, eu gostei muito de estar com você. Vamos dizer que era um
sonho de adolescente estar contigo, uma paixonite boba de criança, mas
vamos falar a verdade: não pretendo ser uma das suas tantas mulheres, não
gosto desse estilo de vida, não faço parte desse mundo de sexo casual, de
uma noite sem nomes, sem lembranças. Prefiro sair agora a ser dispensada
quando deixar de ser novidade para você, o que sabemos que acontecerá, se
não esta semana, talvez na próxima. Não quero me iludir sonhando que algo
especial está acontecendo. É isso.
– Mas você é especial, Ângela! – Entrei em desespero, porque sabia que
o que ela estava dizendo sobre minha vida era verdade, mas não se aplicava a
ela, com ela tudo estava acontecendo de forma diferente. Mesmo que ela não
soubesse, tudo estava sendo novo.
– Uma de minhas obrigações no trabalho será dar respostas sobre a vida
de vocês quando aparecem fotos nos diversos sites. Se eu estiver com você
no sábado e ver que você esteve com outra no domingo, isso me machucará,
mesmo sabendo que no seu mundo isso é normal. Me desculpe, Gabriel,
prefiro conhecer alguém simples, alguém que goste de mim e se importe
comigo, e não que queira só sexo, mesmo que seja como o que tivemos há
pouco. Quando decidi me encontrar com você hoje, eu já sabia como seria,
então não se preocupe, eu vim preparada, já sabia que seria só hoje.
– O que faz você pensar que eu não gosto de você ou não me importo
contigo, e que seria só hoje?
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– Eu não sei, você sempre está com várias mulheres, nunca se apega a
ninguém. Não quero ser mais uma entre as tantas. E não se preocupe, o que
tivemos até aqui foi muito bom. Eu queria muito saber como seria uma vez
com você, mas eu não me iludo, sei que você é homem que não gosta de
repetir mulheres.
Tudo era novidade para mim. Era a primeira vez que conversava assim
com uma mulher, e era difícil tentar fazê-la entender a diferença entre ela e as
outras.
– E se eu te disser que não vou ter outras enquanto você estiver
comigo? Que só estarei com você? Você tentaria ter algo comigo, Ângela?
Porque eu quero tentar, quero ver até aonde iremos. Não sei o que estou
sentindo, neste momento não quero ficar com mais ninguém, só com você. E
se você quiser ficar comigo, podemos tentar. O que me diz, quer tentar?
– Tenho que pensar, Gabriel. Muitas garotas diriam que eu estou louca
dispensando você, mas eu me conheço, meu sonho é ter uma família como
tive na infância, não vou conseguir isso com você.
– Como eu disse, não sei o que estou sentindo, Ângela, mas não sou
mais um moleque, é claro que um dia eu pretendo ter uma família também,
não pretendo morrer sozinho. Me diga que vai tentar, não desista de mim
logo na primeira vez, diga que podemos tentar.
– Tudo bem. Mas, se não der certo para você, eu quero ser a primeira a
saber. Não quero mentiras, Gabriel, quero que seja leal comigo. Se quer
tentar, vamos tentar, só nós dois, sem outras mulheres. Se você sentir que não
vai dar para continuar, me avise antes, não quero saber por algum site sobre
outra mulher, me conte e terminamos, mas não me traia. Talvez seja algo
muito difícil para você, mas, se aceitar isso, eu acho que podemos tentar.
– Aceito. E vou logo dizendo que eu quero repetir a experiência do
banheiro, mas quero ir até o fim. Você tem que ver uma ginecologista para
ter um controle, certo?
– Certo, vou marcar uma consulta.
Inclinei-me, peguei a boca dela e a levei para cama comigo.
Ela estava entregue depois de vários orgasmos, assim como eu.
– Tenho que ir para casa, Gabriel.
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– Eu disse a você para trazer roupas, eu pedi nosso café para amanhã,
quero passar a noite contigo. Ainda não estou satisfeito, quero mais.
– Eu não trouxe roupas, só o básico e pessoal. Eu preciso voltar.
– Tudo bem, eu já vou te levar. – Continuei dando beijos nos ombros
dela e fazendo carinho nos seus cabelos. Ela acabou adormecendo.
– Gabriel! – Esse foi o gemido de Ângela depois de acordar comigo
enterrado dentro dela de novo.
Eu não conseguia parar, e cada vez parecia ser a melhor. O lençol
estava molhado, o quarto cheirava a sexo, o estoque de preservativos estava
acabando, tinha sido a melhor noite da minha vida, tinha valido a pena
esperar. Ela estava gemendo e me procurando também, minhas costas
estavam destruídas com as unhas dela, e eu podia ver marcas dos meus
dentes em todo o seu corpo, principalmente nos seios e no pescoço. Ainda
bem que tinha amanhecido, umas horas mais e estaríamos mortos. Deixei-me
cair em cima dela depois de gozar. O sol entrava no quarto, já era tarde e não
tínhamos força para nos mexer.
– Meu segundo dia e vou chegar tarde, não posso acreditar!
– Ângela estava surtando depois de ir para o banheiro comigo e repetir a dose
de sexo. Ainda bem que o café forte tinha dado energia a ela, porque
tínhamos abusado.
Puxei-a contra mim tentando acalmá-la.
– Não vai não. Você já tomou banho, já tomou café, eu te levo até tua
casa, é só o tempo de trocar de roupa e pronto.
Meu celular tocou e olhei sem vontade. David estava procurando por
mim, eu tinha combinado com eles às oito em minha casa, já havia passado
da hora. Decidi mudar de roupa rápido e ir direto ao escritório. Entrei no
closet e mudei meus jeans e camiseta por um terno e gravata. Saí ajeitando a
gravata, Ângela já estava me esperando.
– Espere um pouco – disse me lembrando de mais um esquecimento
meu. Fui até o quarto e peguei o celular que havia
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comprado para ela. – Olhe, comprei para você, é o mesmo modelo que você
tem. Comprei duas capas iguais também, assim ninguém desconfiará que
você tem dois iguais. É para quando deixar o outro. Eu instalei nele
rastreador também, você não ficará desprotegida quando tiver que deixar o
outro. Meus números já estão gravados, este é só para nós dois. Gostou?
– Muito! Obrigada. Deixe-me ajudar. – As mãos dela foram até minha
gravata. – Pronto, perfeita. Agora podemos ir. Você está lindo! – ela me disse
dando um beijo suave.
Eu, lindo? Ângela realmente não tinha noção da beleza dela. Não a
beijei porque se o fizesse não sairíamos mais, e ela devia estar dolorida
depois de tanto sexo.
– Vamos indo, Ângela, enquanto minhas ideias estão adormecidas.
Saímos e eu a levei para casa. Estacionei em frente ao elevador e fiquei
olhando enquanto ela desaparecia. Que noite!
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Capítulo 9
Ângela
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Como eu sou morena, não fico vermelha, fico cor de cobre, e naquele
momento estava acobreada da cabeça aos pés.
– Minha noite foi boa, obrigada – respondi querendo escapar.
– Não! Você não me engana. Sua noite não foi boa, sua noite foi
fantástica. Agora te digo uma coisa, baixe um pouco desse brilho, porque
senão vai ofuscar a todos, e todos vão querer saber o que está acontecendo
por aqui – ela disse me dando uma piscadela.
– Obrigada, Isabel, vou preparar os papéis para a reunião – disse sem
ter coragem de olhar para ela de novo, deveria estar mais cobre do que
nunca.
Quando ela saiu, fui até o banheiro dar uma olhada no meu rosto.
Realmente meus olhos estavam mais negros e brilhantes do que nunca,
pareciam espelhos. Abri a camisa e vi as marcas da boca de Gabriel, os
dentes dele perfeitamente marcados, como tatuagem. Eu o queria de novo, e
como queria.
Voltei para minha mesa evitando olhar para os lados, parecia que estava
escrito no meu rosto: “passei uma noite fantástica com Gabriel Leblanc”.
Liguei os monitores e comecei a separar os papéis para a reunião. Uma
foto de Math e Antônio, que apareciam jantando, como sempre
acompanhados de lindas mulheres. Como não havia nenhum comentário
importante, ficava assim mesmo. Vários e-mails de obras em andamento que
tinha que separar para a imprensa, principalmente as que eram obras
beneficentes. Estava quase terminando quando ouço uma mensagem
chegando. Olhei e, intrigada, vi que não havia nada. Então tocou meu outro
celular, que eu já não lembrava que tinha. Já sabia de quem se tratava.
Atendi.
– Estou com saudade. Como você está? Eu te deixei muito dolorida?
– Para dizer a verdade, estou sentindo você em lugares que eu não sabia
que existia, mas isso só me faz querer tudo de novo.
– Eu também, e quero estar contigo hoje de novo, ontem não foi
suficiente. Não me diga não – disse ele direto e de uma só vez.
– Hoje? – disse sem acreditar que ele queria estar comigo de novo.
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– Sim, hoje, preciso de você. Você não quer repetir a noite de ontem?
– Sim, gostaria muito, mas não sei se consigo, ontem foi intenso. E é
muito arriscado também.
– Não importa, sinto suas mãos sobre meu corpo, sua boca em mim...
Eu preciso de você, não estou conseguindo trabalhar. Tem um restaurante
onde os almoços são servidos em cabines, é bastante discreto, te passo o
endereço e nos encontramos lá.
– Não vai dar, a reunião vai demorar e não vamos sair para o almoço.
– Posso te pegar às sete? Podemos jantar em casa e eu levo você de
volta depois.
– Tudo bem, mas agora preciso ir, tenho que preparar tudo para a
reunião. Eu te vejo à noite.
– Até a noite, vou tratar de não morrer até lá – ele disse com a voz
rouca.
Desliguei e fiquei um bom tempo olhando meu celular, não conseguia
acreditar que ele quisesse estar comigo de novo e ainda dissesse que não
parava de pensar em mim. Seria possível?
Tentei fazer meu trabalho, mas era quase impossível, minha felicidade
era tanta que me fazia ficar sorrindo como boba. Ainda estava rindo igual
tonta quando meu celular vibrou com uma nova mensagem. Li e quase deixo
o aparelho cair.
Preciso estar dentro de você agora, Ângela.
Gabriel! Isso não se faz, estou trabalhando e não consigo me
concentrar assim.
Esqueça o trabalho por um momento, Ângela, eu estou duro como
pedra precisando de você.
Fiquei molhada, parecia que meu coração tinha mudado de lugar e batia
no meu clitóris, que estava doendo. O celular tocou.
– Me diga que você não está molhada esperando por mim? Que não
está imaginando eu me deslizando dentro de você como ontem à noite? Sei
que você quer tanto quanto eu, que você está molhada assim como eu estou
duro, que você quer me chupar com sua boceta.
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– Oi – ele disse, mas não pude responder com a língua dele dentro da
minha boca.
Fiquei molhada na hora, e a mão dele, como eu imaginei, subiu pelas
minhas coxas, tirando a calcinha de lado. O longo dedo dele entrou em mim
me fazendo gemer.
– Merda, Ângela! Eu sonhei com isso o dia todo, nem consigo caminhar
de tão duro que estou. E como você está molhada!
– Sim! – disse me abrindo, para dar mais acesso à mão dele. Levei
minha mão e tentei abrir seu cinto, ele me ajudou com a mão livre.
Agachei-me e o peguei com minha boca, ele estava realmente duro,
mas era como se fosse aço envolto em seda. O gosto me deixou louca.
Passei a língua na gotícula na ponta, ele começou a gemer e a se
empurrar em minha boca, senti suas mãos pegando meus ombros e me
puxando para cima.
– Meu Deus, o que estamos fazendo? – ele disse com um gemido rouco.
Olhei ao meu redor. Estávamos parados com o carro funcionando em
frente à porta do elevador. E se alguém saísse? Ou se saiu? Tudo bem que o
vidro era escuro, mas realmente era loucura. Ele acelerou e saiu. Ajeitei-me
no banco e puxei o cinto, a mão dele procurou a minha e apertou com
suavidade. Olhei e vi que estava sério.
– Me desculpe, Gabriel, não deveria ter feito o que fiz – disse e ele
continuou sério e quieto. Fiquei preocupada que ele estivesse chateado
comigo. Ao chegar a um sinal, ele parou e me olhou.
– Ângela, não me peça desculpas pelo que você faz comigo, eu não
consigo estar longe de você e, quando estamos perto, sempre acontece algo
assim, nós dois perdemos a cabeça.
O sinal abriu e ele colocou o carro em marcha novamente.
– Não foi culpa sua, nem minha, mas a qualquer momento vamos ter
problema se continuarmos agindo assim, disso eu tenho certeza.
Olhou-me rindo e relaxei, pensei que ele estivesse zangado comigo.
Entramos no apartamento e ele foi dizendo: – Hoje jantaremos. Pedi o mesmo
de ontem, que não chegamos a comer, e eu não vou colocar um dedo em você
até terminar
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o jantar. – Ele me entregou uma taça de vinho. – Comida japonesa, sei que
você gosta e vou aprender a gostar com você.
Tomei um pouco do vinho gelado, uma delícia!
– Não sabia seu gosto, então pedi um pouco de tudo.
Ele continuou falando enquanto ia tirando os pratos da geladeira e
depois do forno: tempurás, sushis, sashimis, tudo lindo e colorido. Deu fome,
me fazendo lembrar que só estava com o sanduíche do almoço. Ajudei-o a
levar tudo a uma mesa baixa na sala, preparei as almofadas e nos sentamos
para comer.
– Vou viajar para a inauguração de Vegas, vamos ajudar Isabel na
organização e depois na recepção.
– Viajaremos juntos então!
– Não, pelo que fomos informados, nós viajaremos no jato da empresa,
e vocês irão no de Math. Além disso, eu estou indo como funcionária da
empresa, e não como irmã de um dos sócios, nós iremos na quarta e vocês, na
sexta.
– Por que você não conta quem você é e pronto? Assim resolveríamos
um monte de problemas.
– Porque me tratariam de maneira diferente, já conversamos sobre isso.
É muito importante para mim, entenda.
– Não é que eu não entenda seu ponto, mas se não fosse por isso
teríamos mais tempo juntos e poderíamos viajar juntos, por exemplo.
– Sim, mas ainda existiria Math, e eu me sentaria ao lado dele e não do
seu.
Ele fez bico, fazendo-me rir.
– Eu também tenho uma inauguração este fim de semana, é aqui
mesmo, daria tudo para levar você comigo.
Olhei para ele. Eu daria tudo para ir com ele também, entrar com ele em
uma festa. Eu já o tinha visto de smoking em fotos, mas ao vivo devia ser
incrível. Com quem será que ele iria? Ele sempre ia acompanhado a essas
festas. Fico triste.
– E antes que você pense besteira, se não posso te levar comigo eu irei
sozinho. Agora vamos jantar antes que aconteça o mesmo de ontem. Me
ajuda? Temos um saquê, que veio junto, podemos continuar com o vinho ou
provar o saquê.
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tinha um pelinho sequer, graças à depilação à base de mel que faço sempre.
– Não me faça esperar mais, Gabriel, entre em mim – gemi
descontrolada, sem me reconhecer. Havia perdido toda a vergonha, nunca
havia me imaginado implorando por sexo a um homem, menos ainda a
Gabriel.
Estava a ponto de gozar de novo quando escutei o barulho do
preservativo sendo rasgado e os lábios de minha boceta sendo abertos. Ele
ficou de joelhos, colocando um travesseiro sob minha bunda. Parou e se
enterrou em mim até o fim. Mordi meu lábio, segurando meu orgasmo, era
isso que eu queria. Gabriel começou suas investidas em mim com força,
quase violento. Deitou-se sobre mim, fazendo meu corpo pequeno
desaparecer embaixo do corpo enorme dele, sua boca começou a sugar meu
seio. Nossos gemidos eram cada vez mais altos, as entradas e saídas dele
massageando meu canal. Eu não sabia que era tudo aquilo, eu queria mais,
mais rápido, mais grosso, mais duro, longo. Escutei Gabriel gritando para eu
gozar, o calor tomando conta de mim e de todo meu corpo, antes de se
concentrar e explodir no meu sexo. Tentei respirar, senti as contrações do
meu canal massageando o pau de Gabriel e ele amaldiçoava, enlouquecido.
Sabia que ele também fora além do limite.
Acordei sozinha na cama e fiquei desorientada, mas ouvi barulho na
cozinha e aproveitei para ir ao banheiro. Quando voltei, tinha uma jarra de
suco, outra de água e um copo com gelo.
– Esse corpo lindo me pertence, é meu, não pense em escondê-lo de
mim. Ainda não o conheço muito bem, mas pretendo continuar conhecendo.
Agora mesmo, por exemplo.
Ele puxou minha toalha, deixando-me nua, igual a ele, que já estava nu.
Nem em meus sonhos mais loucos eu tive a visão de Gabriel nu, e agora,
olhando para ele, fiquei extasiada. Ele não tinha só o rosto lindo, o corpo era
perfeito, puro músculo. Dei minhas costas a ele e caminhei em direção às
jarras. Servi-me enquanto ele colava seu corpo no meu e beijava a curva do
meu pescoço.
– Vem aqui – disse me pegando pela mão.
Ele abriu as cortinas e a porta, saímos para a varanda de novo. Ele
olhou ao redor, mas estava tudo silencioso e escuro, só
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logo passou pelo meu corpo com massagens suaves. Peguei um de sândalo e
fiz o mesmo com ele.
– Você conseguiu marcar a consulta com a ginecologista?
– Sim, marquei para amanhã depois do trabalho. Agora há pouco eu
pensei que você estivesse zangado comigo porque você estava sem
preservativo, por isso pedi desculpas.
– Você tem noção de que estava me pedindo desculpas por me fazer ter
um dos melhores orgasmos da minha vida? E que todos os vizinhos estão
morrendo de inveja de nós dois agora? Eu não quero você controlada quando
estiver comigo, quero você como hoje, sem controle, me implorando,
gemendo e depois gozando com meu nome na sua boca. Adorei te ver assim,
e saber que sou o responsável por isso já me deixa duro, então nada de se
segurar comigo. Deixa que do controle cuido eu – ele foi dizendo tudo isso
enquanto repartia beijos e carinhos pelo meu corpo.
A água já estava fria quando saímos. Ele pegou uma toalha e me secou,
devagar, pensativo.
– Em que você está pensando?
– Quando te conheci, você era apenas uma criança triste com a morte
dos pais. Depois, quando fui te pegar no aeroporto, gostei de você, mas você
continuava sendo uma criança, a irmãzinha de Math, e eu me senti muito mal
com o que eu estava sentindo. Toda vez que eu te via, tentava não pensar,
mesmo com você já sendo adulta. Eu sei que já não é mais errado, mas, se
Math ficar sabendo, não vai gostar, ele considera você uma menina ainda, e
eu também, você é uma criança inocente. Ele é meu amigo, além de sócio, e
pela primeira vez não sei como resolver sem alguém se machucar.
– Sim, eu sei que ele não vai gostar, mas vou tratar de dar um jeito.
– Sim, vamos dar um jeito. Mudando de assunto, o que você vai fazer
no feriado?
– Math estava dizendo que vai convidar alguns amigos e vamos ver os
fogos no veleiro. Ainda não está bem decidido, tenho que perguntar a ele de
novo.
– E você não vai me convidar?
– Gostaria, mas não sei como dizer sem que ele desconfie.
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Capítulo 10
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Gabriel
Tinha sexo, só sexo casual, depois ia para minha casa dormir nu e elas
iam para a casa delas, que eu nunca havia me interessado em saber onde
ficava. Mas agora não conseguia imaginar Ângela pegando um táxi sozinha
no meio da noite.
Sexo grupal era normal para mim. Se Math ou Antônio entrasse durante
o sexo, eu não tinha problema para compartilhar, Loreta já tinha estado
comigo e com Antônio. Agora gelo pensando em outro homem colocando as
mãos em Ângela, quis matar Antônio quando o vi abraçando-a. E havia
Marcelo, saber que ele esteve dentro dela me fazia passar mal. Passar a noite
com alguma garota nunca me passou pela cabeça, e aconteceu naturalmente,
quando percebi estava acordando ao lado dela e adorando, se é que posso
chamar nossa intensa noite de sexo de dormir. A curva do pescoço de Ângela
era o travesseiro perfeito para mim; e o cheiro dela, o meu calmante. Dormi
como criança com ela nos meus braços.
Com todos esses pensamentos, cheguei em casa e fui direto para a
cama. O cheiro dela ainda estava no meu corpo, me excitava e me acalmava,
era uma loucura. Abracei o travesseiro e, pensando nela, dormi rápido.
Às seis da manhã eu já estava na minha corrida matinal, fazendo o
circuito do rio. Correr perto do rio renovava as energias. Fiz minha corrida,
depois minha natação, e nada de cansaço, estava energizado. Na volta, uma
ducha rápida e estava de saída. Deixei as chaves da Mercedes alugada na
recepção e liguei para a locadora passar e retirar. Passei no laboratório, retirei
material para o exame e, pouco depois das oito horas, estava no escritório,
com meu trabalho já adiantado.
Cíntia chegou, pedi a ela um lanche e, com os monitores ligados, vi
Ângela chegando. Logo depois Math entrou também.
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Pode ser que vieram juntos e se separaram na entrada. Cíntia entrou trazendo
o meu lanche e o deixou na mesa no canto. Toquei o monitor com os dedos,
tentando senti-la. Meu interfone tocou e Jennifer me avisou que Antônio me
esperava às dez para uma reunião.
– Tudo bem, eu estarei lá.
Ainda não sabia como ia olhar na cara de Math. Naquele momento, era
como se o tivesse traído, mas foi mais forte que eu, sentime sentado em um
carro sem freio, sem direção, e não pude fazer nada para evitar. Se antes eu
pensava em Ângela de vez em quando, agora não conseguia tirá-la da minha
cabeça, do meu corpo e principalmente da minha boca, sentia o gosto dela o
tempo todo.
Chamei Cíntia e me concentrei no trabalho, até que ela me avisou da
reunião. Dirigi-me ao escritório de Antônio. August já estava lá quando
entrei e Math entrou logo atrás de mim, dando-me uma palmada nas costas
como cumprimento. Fico tenso.
– O que está acontecendo, Gabriel. Você parece nervoso, algum
problema?
– Não, nenhum problema, só os normais.
– Tem certeza? – A pergunta veio de August.
Não tinha certeza, mas ele parecia saber o que estava acontecendo.
Talvez porque ele fosse o único que sabia do beijo. Tratei de relaxar, mas
quando encontrei o olhar de August senti que ele sabia.
– Para mim um problema grave seria um preservativo estourado, o resto
seria probleminha – disse Antônio rindo.
– Esse seria um problema grave – disse Math e os dois riram. Olhei
para August e ele estava sério olhando para mim. Dis farcei e olhei
para os monitores. Encontrei Ângela conversando com outra garota e,
sem perceber, peguei o celular e comecei a digitar uma mensagem, mas
desisti e tratei de prestar atenção na reunião. Estavam falando sobre
algumas obras, atrasos, eu tinha que revisar alguns contratos para ver
se ia gerar multa.
Enquanto a reunião continuou, continuei desviando meu olhar para os
monitores. Então a vi saindo com outras garotas, rindo no elevador e
desaparecendo na saída. Queria ir atrás dela, levantei-me sem saber direito o
que fazer.
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– Não estou preparado para dizer nada ainda, August. Sei que você é
um amigo leal, vou te procurar quando precisar desabafar com alguém, tudo
bem?
– Certo, não vou mais te pressionar, mas lembre-se de que estou aqui se
precisar de um amigo. E agora trate de se controlar, porque já estão notando –
ele me disse e me deu um abraço.
Depois disso me senti melhor, sabendo que poderia contar com ele.
– Vocês dois, procurem um quarto. August, vou contar para Judith.
– Esse Antônio parece criança, melhor irmos ou ele vai berrar aqui na
rua que somos gays e que temos um caso.
Nós nos separamos e apertamos o passo. Já quase na frente do
restaurante, dei um soco nas costas de Antônio, que riu.
O lugar estava lotado e o cheiro era bom. Nossa mesa foi preparada em
um canto discreto, como gostamos e como Jennifer sabia. Sentamos e o
garçom logo chegou para pegar o pedido das bebidas. Pedimos água e uma
garrafa de vinho para dividir, pois tínhamos que voltar ao trabalho.
– Olha que linda aquela garota – estava dizendo Antônio – do jeito que
eu gosto – ele disse olhando para uma ruiva linda, de parar o trânsito.
Boston é uma cidade cheia de mulheres lindas, estudantes lindíssimas
circulam por todos os lugares, fica difícil você não reparar. Para mim era
assim, mas agora não as via tão lindas, Ângela ganhava longe de todas elas.
– Ela parece muito nova, e está acompanhada – Math falou parecendo
não gostar da ideia.
– Ela parece ter mais de 18, então não é ilegal. Me dê cinco minutos e
eu posso fazer ela se esquecer dele e ficar comigo rapidinho.
– Não sabia que você tinha queda por ruivas.
– Gosto de todas, mas estou tendo queda por uma morena alucinante
ultimamente – ele respondeu pensativo, fazendo todos os meus sinais de
alerta se ascenderem, e os de Math também, pela forma como reagiu.
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– Espero que essa morena não seja Ângela, Antônio. Porque, se for,
teremos sérios problemas.
– Você vai proibir Ângela de ter namorados, Math? – desafiou Antônio.
– Eu nunca proibi Ângela de ter namorados, não se faça de
desentendido.
– Só perguntei. E eu não estava me referindo à Ângela, fique tranquilo –
Antônio respondeu.
Não sei por quê, mas senti que ele estava mentindo.
– É por isso que não quero Ângela perto de vocês, se algum dia vocês
colocassem as mãos nela, o primeiro lugar a que a levariam seria para aquele
apartamento nojento – ele disse como se estivesse só pensando, mas a
resposta dele me acertou direto, como um soco no estômago.
August interferiu para tranquilizar os ânimos: – Antônio, se você não
reparou, ela está olhando para o Gabriel, não para você.
– Nunca tive problemas com ménage, e Gabriel também não.
– Não estou a fim, Antônio. Fique com ela se tiver chance, mas não
conte comigo.
– Tem alguma merda acontecendo com você. Desde quando você
desiste de uma boa boceta? Vai contar ou vamos ter que descobrir.
– Mas que merda, Antônio, vá se divertir com ela, se conseguir, e me
deixe em paz. – Não queria ninguém fuçando minha vida, muito menos ele.
– Ok, ok, fique calmo, não toco mais no assunto. Não vamos brigar por
isso agora – disse levantando as mãos e pedindo paz.
Não tinha reparado, mas muitas cabeças estavam viradas em nossa
direção, depois da minha explosão. Que merda! Tentei me acalmar.
– Só faltam três semanas para Vegas – disse August direcionando a
conversa para um terreno mais calmo. – Estou tentando conseguir que Judith
vá comigo, mas o tempo dela é curto. E vocês, já têm companhia?
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– Vou ver quando chegar a hora, mas para a festa do hospital já tenho –
disse Antônio.
– Você vai com quem, Gabriel?
– Irei sozinho aos dois eventos, aqui e em Vegas, e espero não ser
atacado por vocês por isso. – Eles ficaram calados, porque já sabiam que não
estava com humor para perguntas.
– O que eu quero saber é onde vocês vão passar o feriado.
– Eu vou passar onde sempre passo, vamos ver os fogos no veleiro.
Estou pensando em convidar alguns clientes e amigos. Se vocês quiserem,
podem se juntar, mas não tem muito lugar para dormir. Tenho duas suítes e
dois quartos: Ângela e Stella vão ocupar uma suíte, os clientes irão embarcar
antes da queima de fogos, se vocês quiserem podem passar a noite. Você
pode levar Judith, August; mas vocês dois, se levarem alguma amiga, não
poderão passar a noite.
– Como August pode passar a noite com Judith e nós não? – reclamou
Antônio.
– Porque eu a conheço e sei que é uma garota decente, não vai passar a
noite toda gritando e gemendo.
– Vou conversar com Judith e te confirmo.
– Vou ver, não pretendo passar o feriado sozinho. E August está com
problemas se não consegue fazer Judith gemer e gritar – disse Antônio.
– Se você repetir isso vai ganhar um soco.
– O que está acontecendo com todos hoje? Eu só estou brincando.
– Eu vou sozinho, minha irmã vai viajar e eu não tenho aonde ir, vou
passar a noite se não se importar – disse antes que August cumprisse a
ameaça.
– Claro que não. Se August decidir ficar com Judith, eles podem ocupar
a outra suíte, e nós ficamos nos quartos.
O almoço chegou e começamos a comer. Os bilhetinhos começaram a
chegar também. No final do almoço eu tinha três, e reparei que só August e
eu não olhávamos os números ou quem havia nos mandado. Ele me olhou me
desafiando a desmentir que não havia uma pessoa em minha vida. Lancei a
ele um sorriso.
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– Como você dorme? De camisola, pijama, nua? Não precisa ser uma
foto nua, só um pouco mais íntima.
– Esquece, Gabriel, não vou mandar fotos íntimas minhas para você.
Agora vou dormir, já é tarde. Um beijo.
– Tchau, Ângela!
Desliguei o telefone e tratei de ir dormir. Não havíamos falado sobre a
consulta. Outro dia conversaria com ela para saber o que fora resolvido.
Fiquei dando voltas na cama sem conseguir dormir. Aquelas duas noites com
ela me deixaram mal acostumado. Meu celular avisou a chegada de
mensagem. Resolvi ver quem era, podia ser minha irmã, ou Ângela.
Eu me esqueci de te responder como eu durmo, eu durmo assim.
Abri a foto dela sem saber o que esperar.
Filha da puta! Ela realmente queria me deixar louco.
Ela tinha me mandado uma foto dela de lado, as pernas douradas, a
calcinha era um minishort de renda que fazia desenho na pele, o ventre plano
e firme, que eu já conhecia bem, o seio nu com o mamilo cor de cobre me
pedindo para chupá-lo. O sorriso dela mostrava que ela sabia o que estava
fazendo. Eu não acreditava que ela tinha feito aquilo.
A foto era linda, não era vulgar, era sensual como ela. Aumentei e
passei o dedo pelo mamilo esperando ouvir os seus gemidos. Coloquei o
celular perto do meu rosto e fiquei olhando o sorriso dela até pegar no sono.
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Capítulo 11
Ângela
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Ângela, é que ainda não estou acostumado a ver outros homens perto de
você, só isso.
– Não, não estou chateada. Me ligue mais tarde e me conte da festa.
– Vou te ligar. Vou desligar agora, tenho que me preparar. Um beijo.
– Tchau, Gabriel. – Desliguei e enviei a ele o número do meu
apartamento.
Tomei um banho bem demorado, vesti um pijama e voltei para a sala.
Stella e Marcelo estavam jogados no sofá vendo uma comédia no laptop,
rindo como bobos, e se empanturrando de pipoca.
– Não acredito que você colocou pijama! Não seja chata, Ângela.
Vamos sair e dançar até cair.
– Não, eu estou cansada. Saiam vocês, eu vou ficar aqui quietinha.
– Deixa ela – disse Stella tirando o filme da pausa.
Deitei-me ao lado de Marcelo, já que era ele que estava com o laptop, e
fiquei vendo o filme e comendo pipoca com eles.
Marcelo me acordou quando o filme terminou.
– Vá se arrumar, Ângela, e vamos sair.
– Não! Já me decidi, não vou a lugar nenhum hoje, só para minha cama,
então não me encha mais. Que horas são agora?
– Nove e meia, Stella já está se arrumando. Eu posso usar seu banheiro
para um banho rápido?
– Claro, vamos lá que eu te mostro.
Deixei-o no meu quarto e fui até o quarto de Stella. Deixei o laptop em
cima da cama e peguei o vestido que ela tinha deixado separado, vermelho
colante, devia ficar lindo nela, como todos sempre ficam. Saiu do banheiro
enrolada em uma toalha e com vários estojos de maquiagem, além do
espelho. Como não há móveis ainda no quarto, ela se sentou em um tapete no
chão e, com mãos ágeis, começou a se maquiar.
– Será que já saiu alguma coisa da recepção? – ela me perguntou
enquanto passava sombra nos olhos.
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– Não sei, não olhei. Mas é cedo, não acredito que haja nada ainda.
– Já são nove e meia, já deve haver alguma fofoca.
– Não estou interessada em fofoca alguma, Stella.
– Nossa, como você está azeda, não quer nada. Me dê aqui, vou dar uma
olhada, quero ver com quem Math foi.
Ela abriu os sites de fofoca e depois de um momento reclamou: – Não
sei onde eles acham tantas mulheres lindas. Não acredito!
– Math sempre teve bom gosto – comentei.
– Bom gosto todos eles têm. Olhe só Judith, como está linda! Claro, eles
estão só de mãos dadas como sempre, os fotógrafos devem estar loucos por
uma foto de beijo deles.
– Judith é muito linda mesmo, eu já a vi algumas vezes com ele. Quem
está com Math, é alguma famosa ou não? – perguntei deitada na cama dela
sem olhar para o laptop. Não queria ver Gabriel, que devia estar lindo, isso só
amargaria mais ainda minha noite.
– Não, eu não a conheço, mas a que está com Gabriel sim, é a mesma de
sempre – ela disse sem prestar muita atenção, enquanto passava sombra nos
olhos.
Fiquei deitada sem nenhuma vontade de me levantar. Não acreditava no
que estava ouvindo. Ele tinha me prometido que eu não veria nada nos sites
sem antes ele me contar. Não conhecia esse lado mentiroso dele.
– Me dê aqui, vou ver se conheço a que está com Math. Peguei o laptop
e fingi ver a foto de Math enquanto via Ga briel de braços dados com a
tal Loreta entrando na festa. Como sempre, ela estava deslumbrante, e
ele também.
– Acho que vou com vocês. Será que tenho tempo de me arrumar?
Stella pulou em cima de mim e me abraçou.
– Que bom! Eu estava indo chateada sem você. Vá, vá se arrumar, e eu
te ajudo com a maquiagem!
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Saí do quarto. Estava indo com eles só para não ficar em casa me
remoendo de raiva. Ele me pedira para não sair, e eu estava fazendo o que ele
tinha me pedido, mas ele não fez o que me prometeu. Claro, ele tinha a
desculpa de que eu não podia sair com ele. Iria dançar e não estava nem aí
para ele. Se ele podia, eu também podia.
Corri para meu quarto e encontrei Marcelo só de bóxer, se enfiando em
um jeans. Dei um beijo nele e fui para meu closet.
– Vou com vocês – disse procurando um vestido. Ele
parou atrás de mim e me abraçou feliz.
– Que bom, vamos arrasar. Será que posso dormir hoje aqui? Assim não
preciso me preocupar e posso voltar com vocês.
– Claro. Se você não se importar de dormir naquele colchão na sala, por
mim tudo bem.
– Na verdade eu estava pensando em dormir na sua cama com você –
ele disse rindo.
– Não abusa, seu safado. – Ele me deu um tapa na bunda e saiu rindo.
Como já tinha tomado banho, só peguei o vestido e o sapato e fui para o
quarto de Stella para ela me ajudar com a maquiagem. No corredor ouvi meu
celular tocando e voltei para o quarto. Encontro-o entre os travesseiros.
Gabriel estava me ligando. Cortei a chamada e joguei o aparelho dentro de
uma gaveta do meu closet. Do meu outro celular, enviei uma mensagem para
Math avisando que Marcelo iria dormir no apartamento.
Stella já estava pronta quando eu entrei no seu quarto e, em questão de
minutos, as mãos dela fizeram milagre no meu rosto. Ela estava terminando
quando meu celular tocou. Abri e dei uma olhada, não pensava em atender se
fosse Gabriel, mas era Math.
– Oi, irmãzinha. Que história é essa do Marcelo dormir aí?
– Oi, Math. Como está a festa?
– A festa está boa, mas você não me respondeu.
– É que estamos saindo e, como amanhã não trabalhamos, vamos voltar
tarde. Ele me perguntou se podia passar a noite aqui e eu disse que sim. Você
vai ficar chateado?
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– Não, por mim tudo bem, eu até fico mais tranquilo com ele
acompanhando vocês. Você sabe que eu gosto dele, ele é um cara legal.
– Obrigada, você pode mandar alguém nos buscar? E ficar conosco?
– Josh ou Rafael estará aí daqui a pouco.
Terminamos de nos arrumar e Rafael já estava nos esperando. Saímos
direto para o nosso barzinho do tempo da faculdade. Como sou fraca para
álcool, Marcelo me deixou beber no máximo uns drinquezinhos coloridos.
Saímos do barzinho e fomos para a boate onde estavam nos esperando outros
amigos.
Sexta-feira à noite, verão, não tinha como o lugar não estar lotado.
Stella me apresentou Michael, um colega de trabalho dela. Sofia, uma ex-
colega da faculdade, agarrou Marcelo, e todos caímos na pista. Marcelo nos
mantinha com bebidas e água. Quase duas da manhã, fomos ao banheiro,
Sofia, Stella e eu. Aproveitei para dar uma olhada no meu celular: dezenas de
chamadas de Gabriel, e mensagens também. Li a primeira: Você não está
pensando em levar Marcelo para o seu apartamento. Você não faria isso,
Ângela.
Apaguei todas as outras mensagens sem ler.
Voltamos para a pista e continuamos até as quatro, quando senti que já
não podia me manter em pé. Mesmo com os drinques leves e muita água,
estava completamente zonza.
– Acho que já deu para mim por hoje – disse no ouvido de Marcelo.
– Vamos ficar mais um pouquinho – ele pediu.
– Se você quiser ficar, pode ficar, mas eu estou muito cansada e enjoada
também. Você não quer ficar mais com ele, Stella?
– Não! Eu estou cansada também, vou com você.
– Certo, vamos todos. – Ele passou um braço na minha cintura e o outro
na de Stella.
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Saímos e fomos para casa, estava morta de cansaço. Ainda bem que não
ia trabalhar. Não ia trabalhar e também não pretendia sair.
Rafael nos deixou na entrada. Marcelo me segurou firme ao lado dele,
com a mão em minha cintura. Enquanto Rafael entrava no carro, percebi o
carro de Gabriel estacionado do outro lado da rua.
– Vamos entrar, não consigo ficar mais nem um minuto em pé – disse
querendo sair da rua.
– Eu também não me aguento em pé – falou uma Stella grogue de
bebida e de sono.
Quando estávamos entrando, ouvi a porta de um carro sendo batida e vi
Gabriel de smoking parado ao lado do carro. Não perdi meu tempo olhando.
– Olhe, travesseiros e lençóis para você. Aquela última porta do
corredor é o banheiro, que você pode usar. Agora eu vou dormir e você não
me acorde nem que o mundo acabe, ouviu?
Terminei de falar e olhei para ele. Marcelo já estava dormindo. Stella
também já tinha desaparecido no quarto dela. Fui para o meu, mas não podia
dormir sem uma ducha.
Meu celular começou a tocar, olhei e vi que era Gabriel. Desliguei. Não
pretendia ficar ouvindo mais mentiras dele. Tomei meu banho e agradeci a
Deus, pois estava tão cansada que poderia dormir de pé.
– Ângela, você já acordou? – A voz de Stella me tirou de um sono
profundo.
– Agora sim, por que você me acordou? Ainda estou morrendo de sono.
– Reclame com seu irmão, ele me acordou primeiro – ela disse e me
passou o telefone.
Eu atendi sem vontade.
– Oi, o que aconteceu? Eu estava dormindo.
– Eu fiquei preocupado, liguei várias vezes e o seu telefone dava
desligado.
– Eu desliguei justamente porque queria dormir.
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Pensei em dar uma resposta malcriada, mas não podia, ele parecia
realmente desesperado por uma resposta sincera, por mais que não
merecesse.
– Não, Gabriel, nós não voltamos. Marcelo é meu amigo. Ele dormiu na
sala e, de manhã, ele e Stella vieram dormir na minha cama, mas dormir com
ele é como dormir com Math. Entendeu? Ele é meu amigo, como um irmão
mais velho, está contente? Agora vá para sua casa. Eu estou demorando e
Stella deve estar preocupada.
– Só vou se você prometer me atender quando eu ligar. Pensei em dizer
não, mas olhar para ele me amoleceu. Aque le não era o Gabriel das
revistas, frio, ele parecia um garoto perdido, pedindo ajuda. Tive
vontade de abraçá-lo e dizer que tudo ia ficar bem.
– Sim. Se você ligar, eu vou te atender. Agora vá.
Saímos os dois do assento traseiro. Eu fiquei na calçada enquanto ele
voltava a subir e tomar a direção.
– Tchau, Ângela. Vou te ligar assim que eu chegar.
– Certo, Gabriel.
Ele se foi e eu fiquei olhando as luzes desaparecendo no meio do
tráfego. Já estava completamente escuro.
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Capítulo 12
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Gabriel
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– Como você ficou sabendo disso? – Não acreditava no que ele estava
me dizendo. Não só ele estava interessado nela como todos os homens da
empresa também. Ela que ficasse com todos eles.
Enquanto pensava, Antônio ligou para Math.
– Que horas você está pensando sair hoje? Estou na sala de Gabriel.
– Ele está vindo com August para combinar melhor – falou se dirigindo
a mim.
Pouco depois, Math entrou com August.
– E então? A que hora saímos? – perguntou Antônio assim que eles
entraram na sala.
– Eu vou direto daqui para o porto, estou com três marinheiros. Vamos
sair e esperar Ângela longe da baía, eles vão alcançar o veleiro de lancha
mais tarde. Bom, isso foi o que combinamos ontem. August e Judith irão hoje
comigo. E vocês, vão passar a noite? Ou estão pensando em ir só amanhã
com os outros convidados?
Eu sabia que tinha que dizer que só iria no dia seguinte, mas estava com
tanta saudade dela! E não queria pensar em Antônio e Marcelo com ela, ainda
mais depois que o ouvi chamando-a de deusa dourada. Ela era uma deusa
dourada, mas era minha.
– Eu vou com você, vou sair um pouco mais cedo para buscar uma
mochila em casa e depois te encontro no porto, tudo bem?
– Eu também vou fazer o mesmo e nos encontramos todos no porto.
– Vai ser um feriado espetacular. Nós podemos dividir os quartos da
seguinte forma: eu fico com Marcelo, Gabriel com Antônio, August fica com
Judith, e Ângela com Stella.
– E você, August, trate de transar quietinho, porque Math. diz que
somos barulhentos e não podemos levar nossas amigas, que é um barco de
família.
– Trate de respeitar minha namorada, Antônio.
Ainda bem que ele ficaria com Marcelo, assim ele vigiaria Marcelo e
eu, Antônio.
– Vocês vão sair para almoçar?
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– Não tenho nada urgente para resolver, eu vou para casa agora, e
depois vou direto para o porto me encontrar com vocês.
– A verdade é que eu tinha um monte de coisas para fazer, mas a minha
decisão idiota de me afastar de Ângela estava me matando, e não estava
conseguindo trabalhar direito.
Eles saíram da sala e eu fiquei olhando os monitores. Se eu fosse para
casa, só a veria à noite, no barco, então decidi ficar. Pedi à Cíntia um lanche
e tentei trabalhar.
Às cinco em ponto eu já estava no veleiro. Ninguém tinha chegado
ainda, mas minha ansiedade não me deixara esperar. Pouco depois August,
Judith, Antônio e Math chegaram, e saímos do porto. Fiquei vendo a agitação
dos marinheiros. Eles soltaram as velas enquanto Math manobrava; quando
saímos do porto, eles abriram a vela principal, enorme, de azul intenso, com
uma coroa no centro e o nome Laura gravado logo abaixo. Não entendi o
significado.
Depois de aberta a vela, o barco parecia querer levantar voo, pela forma
como deslizava sobre as águas. Era isso que Ângela amava, o vento, o mar,
esse era o mundo dela, um lugar onde nunca estive.
Paramos fora da baía e os ajudantes prepararam uma mesa com bebidas
e petiscos. Judith e August, que estavam no quarto, subiram. Ela era muito
linda, August realmente tinha muita sorte de tê-la: educada, fina, inteligente.
– Quando Ângela chega, Matheus? – ela perguntou.
– Eles já estão chegando.
– Por fim eu vou conhecê-la melhor. August sempre fala muito bem
dela.
– Sim, Ângela é fantástica – concordou Antônio.
– Eu só a vi algumas vezes. Na rua quando você nos apresentou,
lembra, Matheus? Ela tinha acabado de voltar do internato. E depois acho
que foi durante um jantar.
– Sim, eu me lembro, mas me chame de Math, Judith. Eu não estou
acostumado com Matheus.
Ouvimos um barulho de motor se aproximando. A lancha encostou ao
lado do veleiro e os ajudantes correram para ajudar os recém-chegados. Nós
nos aproximamos da varanda. Marcelo
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ajudou Stella, que recebeu ajuda de um dos rapazes. Em seguida ele pegou a
mão de Ângela para ajudá-la, mas ela subiu as escadas como uma moleca,
rindo. Quando chegou ao topo, se jogou nos braços do rapaz que tinha
ajudado Stella, abraçando-o e beijando-o no rosto e tirando um sorriso
encabulado do rosto dele.
– Mattia! Você aqui? Quanto tempo.
– Boa tarde, Srta. Rufinelli. Fico feliz de vê-la novamente.
– Oi, August. Judith, que bom que você veio também.
Eu não conseguia continuar olhando enquanto ela distribuía sorrisos e
beijinhos de um jeito só dela, talvez as ascendências latina e italiana tivessem
deixado sua marca nela: expansiva, alegre. Depois que começou a trabalhar
na empresa, nos víamos com mais frequência, e ela tinha se acostumado com
todos. Chegou perto de Antônio, abraçou-o e deu um beijo no rosto dele,
como se fizesse isso todos os dias, deixando Antônio mudo de um jeito que
eu nunca tinha visto antes. Quando chegou a minha vez, ela não conseguiu
manter o riso e ficou sem jeito. Deu-me um beijo rápido no rosto.
– Oi, Gabriel. Tudo bem?
– Oi, Ângela. Como vai? – disse limpando minha garganta. Eu era
realmente um idiota por ter pensado por um mo mento que poderia
mantê-la longe da minha vida. Só de sentir o perfume dela tudo voltou,
e com mais força do que nunca.
– Só vou descer um pouco e já volto, Math – ela falou dando um beijo
rápido nele e desaparecendo escada abaixo. Fiquei olhando, tentado a descer
também. Marcelo desceu e Stella se sentou ao lado de Math. Onde eu estava
com a cabeça quando pensei que poderia esquecê-la, como se fosse qualquer
garota? Impossível, não conseguia. Ela não confiava em mim e eu não sabia o
que fazer. Só de pensar em Marcelo no quarto com ela estava ficando louco.
Eu não podia ficar ali. Desci.
Sabia que, de novo, estava cedendo aos meus instintos, mas
simplesmente não consegui. Os quatro dias em que havia ficado longe foram
os piores. Ângela virou minha organizada vida de ponta-cabeça em uma
semana. Nas escadas ouvi a risada de Ângela. Abri a porta, depois pensaria
em uma desculpa. Não acreditei no que via.
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Ele saiu.
– O que deu em você, Gabriel? O que Marcelo vai pensar?
– É você, Ângela! É você, sempre você! E eu estou pouco me
importando com o que ele vai pensar, melhor que pense. Falo com você mais
tarde.
Levantei-me da cama. Ideias proibidas estavam surgindo em minha
mente, eu já estava descontrolado. Um pouco mais e eu não sabia aonde
iríamos parar. Dei um beijo rápido na boca dela e saí quase correndo. Subi as
escadas, tive vontade de me jogar no mar. Fui para o outro extremo do
veleiro, longe de todos, precisava ficar sozinho, me acalmar. Tentei, juro que
tentei. Desisti. Ângela já estava marcada na minha pele e não tinha mais
como tirá-la. Encontrei uma espreguiçadeira e lá fiquei deitado, até Antônio
aparecer.
– Estávamos procurando você. O que aconteceu? Você desapareceu.
– Desci para procurar um remédio para uma dor de cabeça, depois subi
e me deitei aqui para esperar passar. Não me dei conta do tempo – respondi a
primeira desculpa que me veio à cabeça.
– Mas e aí? Já passou? Podemos chamar Judith.
– Não vou chamar Judith por uma simples dor de cabeça que já está
passando.
– Vamos lá tomar alguma coisa.
Levantei-me e, de má vontade, o acompanhei.
– Onde você o encontrou, Antônio? – Math perguntou desconfiado.
– Estava dormindo lá do outro lado. Disse que estava com dor de
cabeça, tomou um remédio e desmaiou – explicou Antônio.
Olhei em volta e vi que Ângela ainda não voltara com Marcelo, mas
agora Stella também tinha desaparecido, me deixando mais tranquilo.
– Mas você já está melhor, Gabriel? Já passou a dor? – Judith perguntou
solícita.
– Sim, já estou melhor. – Peguei uma taça de vinho branco gelado e
procurei um lugar para sentar de onde eu pudesse ver a porta.
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Depois de quase uma hora eles saíram. Ainda bem que já estava mais
calmo. O vinho fizera efeito e até conseguia sorrir das piadas idiotas de
Antônio. Marcelo tentou me fuzilar com o olhar e eu o enfrentei até ele
desviar.
– Será que ainda dá para dar um mergulho? – Stella perguntou.
– Claro, aqui é tranquilo.
– Você também vai, Ângela? – questionou Marcelo.
– Não sei – ela respondeu a ele, mas olhava para mim. Marcelo também
me olhava, mas agora ele sabia até onde podia ir, já havia entendido que ela
era minha.
Ela continuava com o mesmo vestido, Stella estava com um biquíni e
uma canga, e Marcelo com um calção.
– Eu vou, se Math diz que não tem problema – Stella tirou a canga,
exibindo um corpo perfeito.
– Eu também vou dar um mergulho, só vou por um calção – Antônio
disse se levantando, de olho em Stella.
– Por que não vamos todos? – propôs Judith. – Vou pôr meu biquíni.
– Vou descer com você e pôr um calção também – disse August se
levantando para acompanhá-la.
– Vamos, Gabriel – disse Math. – Vamos dar um mergulho, está muito
quente.
– Já vou, só vou terminar meu vinho.
Stella e Marcelo já estavam na água e, um minuto depois, fiquei sozinho
com Ângela. Não tão sozinho, porque os ajudantes estavam por perto.
– Vou descer e pôr um calção também. Você vai entrar na água?
– Se você me prometer não surtar de novo, eu vou. Afinal, o que foi
aquilo no quarto? Marcelo ainda está zonzo com a sua fúria.
– Eu sei. Você tem outro biquíni? Porque, se você colocar aquele de
novo, eu prefiro ir para o meu quarto e não te ver.
– Gabriel, você disse que me ligaria quando chegasse em casa naquele
sábado e nunca mais me ligou, me deu a entender
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que estava tudo acabado, e agora há pouco entrou no quarto furioso daquele
jeito, que até me deu medo. Diz que somos só nós dois, mas você sai com
outras. Você está me deixando louca, não entendo mais nada.
– Vamos conversar depois, agora não dá. Você tem outro biquíni?
– Sim, eu tenho. Vou me trocar. Mas depois você vai ter que me
explicar esses seus ataques. – Ela saiu na minha frente e, quando descemos,
cruzamos com Math, Antônio, August e Judith, que estavam subindo.
– Então decidiram entrar? – perguntou Antônio.
– Sim, só vou pôr um calção e subo.
Entrei no quarto e fiquei prestando atenção enquanto me vestia. Quando
não ouvi mais nenhum barulho, saí do meu quarto e entrei no quarto de
Ângela. Ela estava amarrando uma canga e eu tirei para ver o biquíni: era um
shortinho, muito melhor. Puxei-a de encontro a mim. Ela podia dizer que não
queria saber nada de mim, que não confiava em mim e que eu não servia para
ela, mas o corpo dela afirmava tudo o que ela negava e o que eu mesmo não
queria aceitar. Ela colou o corpo dela no meu, nossas bocas se uniram de
novo, com mais fome e vontade que nunca.
– Fui um idiota, Ângela, pensei que pudesse ficar longe de você. Deus,
que saudade! – continuei beijando-a até me sentir no limite. – Vamos sair
daqui agora, ou não respondo por mim. Fique um pouco mais, eu vou sair
primeiro.
Saí do quarto dela com o coração disparado. Se eu ficasse um segundo a
mais, não conseguiria. Com uma ereção de doer, tive que mergulhar longe do
grupo e me acalmar primeiro. Pouco depois Ângela se juntou a nós. Estava
com o shortinho, e não com o microbiquíni. Marcelo nos controlava o tempo
todo, eu não podia chegar perto dela. Nem Math me vigiava tanto. Ficamos
na água até quase meia-noite.
Quando entrei no meu quarto, já sabia que não conseguiria dormir com
Ângela tão perto. Às sete da manhã eu já estava fora da cama ouvindo uma
série de maldições de Antônio por eu me levantar tão cedo.
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– Quase onze horas, mas Math quer velejar mais mar adentro e voltar só
na hora de receber os convidados. Vou tomar um banho também. Já subo de
volta.
Ângela tinha razão de amar o mar, era relaxante. Continuei ali deitado,
curtindo minha preguiça.
– Estamos saindo.
Era a voz de Ângela falando para um dos ajudantes. Tudo se
transformou, sentei-me para ver. Ela parecia uma pirata moderna, com um
shortinho branco, tênis e camiseta, só faltava a espada. Ela e dois ajudantes,
sem falarem nada, sabiam exatamente o que fazer. Enquanto um desamarrava
ou amarrava, Ângela girava manivelas, correndo e se livrando das cordas no
chão.
– Vamos velejar. – Ao comando de Ângela, o tal Mattia foi ao encontro
dela e começaram a girar manivelas, enquanto outro rapaz se juntou nas
amarras. A vela azul que eu tinha visto ontem e que estava recolhida se
juntou às duas menores, que já tinham sido abertas, imponentes, fazendo o
barco tomar impulso como uma flecha.
Ângela e os dois marinheiros riram e bateram as mãos como sinal de
trabalho bem feito. Ela olhou para nós, ainda rindo. Estávamos todos de boca
aberta, encantados, não era só eu. Foi Judith quem puxou os aplausos.
– Ângela, você foi fantástica!
– Eu gosto de velejar tanto quanto Math – ela disse sem jeito.
– Sim, eu sabia que você gostava e pensei que você só ficasse deitada
tomando sol, mas você não só ajudou, como comandou todos eles. Foi
incrível. August tem razão quando diz que você é única. – Judith disse com
entusiasmo, deixando Ângela cada vez mais tímida, e eu cada vez mais
orgulhoso.
– Ângela é incrível mesmo, em todos os sentidos – eu disse como o
idiota que sou, sorrindo para ela e atraindo todos os olhares. Merda!
Ângela realmente não sabia receber elogios. A cor cobre que tomou
conta dela a deixou ainda mais linda. E, mesmo que ninguém soubesse, essa
garota que tinha deixado a todos de boca aberta era minha. Depois dos quatro
dias de estupidez da minha parte, era para sempre. Não importava o que
pudesse acontecer,
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eu não iria tentar tirar ela da minha vida novamente, e nem a deixaria sair.
Depois de quase uma hora velejando, paramos. Ângela Stella e Judith
prepararam saladas e colocaram os assados no forno para esquentar. Nós
levamos tudo para cima e arrumamos a mesa. Quando tudo ficou pronto, nos
sentamos para comer. Ângela tinha conseguido incluir no cardápio um peixe
assado, e Judith, que também não era amante de carne vermelha, adorou. As
duas passaram o almoço falando das vantagens da carne branca.
Entre brincadeiras, a tarde passou rápido e só voltamos à baía a tempo
de esperar os convidados, que chegaram de lancha fazendo um grande
estardalhaço.
– Math, que lindo o seu veleiro! Por que nunca nos convidou antes? –
Quem estava falando era Julieta, uma arquiteta que já tinha colaborado em
alguns projetos de Math. Mas ela não tinha sido convidada, tinha vindo
acompanhando Júlio, outro arquiteto amigo dele.
No grupo estavam mais dois casais que eu sabia serem amigos da época
da faculdade, mais três empresários que eram clientes nossos, dois deles
desacompanhados, e o CEO de uma empresa de comunicação. Estávamos
negociando com ele a construção do futuro local próprio da empresa. Ele era
novo ainda, mas tinha brigado em todos os pontos do nosso contrato. Estava
desacompanhado. Cumprimentei todos eles, conhecia a todos.
Outra lancha se aproximou e uma equipe subiu a bordo, era a equipe do
bufê; mais outra equipe subiu, era o pessoal que ia animar a noite. Enquanto
uma equipe distribuía champanhe e canapés, a outra em tempo recorde
colocou música no ar. Math tinha pensado em tudo.
Judith saiu de dentro do barco junto com Stella. As duas estavam
lindas, não tinha como negar. August a apresentou como a namorada dele e a
prendeu junto a ele, colocando assim um freio nas segundas intenções dos
solteiros. Stella e Marcelo foram apresentados como amigos.
Estávamos conversando e rindo quando Ângela apareceu e todos
olharam para ela, era a mais linda da noite. Ela não precisava de artifícios
para chamar a atenção. Em um vestido branco de
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algodão de uma alça e sandálias, os cabelos negros soltos, ela era a visão de
uma deusa grega. Ficou parada perto da porta, sem jeito por ver tanta gente.
– E essa, quem é? – ouvi Julieta perguntando ao acompanhante dela.
– Não sei, mas ela é linda!
– Nem tanto – foi a resposta azeda dela.
Math foi até onde ela estava e a abraçou. Dando um beijo na testa dela,
trouxe-a para o grupo e começou a apresentá-la como uma amiga muito
especial, deixando todos loucos. Ela não era a namorada; mas, como ele deu
ênfase no especial, então ela não estava livre. Se ele estava apresentando-a
desse jeito, era porque não confiava em nenhum dos que estavam ali, e
ninguém iria querer se meter no caminho dele. Melhor assim.
Tudo estava caprichado: boa comida, boa bebida, boa música, gente
animada, todos estávamos nos divertindo, mas enquanto August praticamente
amarrou Judith ao lado dele, Ângela desfilava conversando e rindo. Eu via o
maldito CEO segui-la por todos os lados de forma dissimulada. Mas quando
nossos olhos se cruzavam, sorríamos cúmplices, ou eu dava um jeito de
passar perto dela e fazer algum carinho disfarçado. Quando começaram os
fogos, eu já não me aguentava mais. As luzes tinham sido apagadas para ver
melhor. Vi onde ela estava e passei perto dela tempo o suficiente para ela me
ouvir.
– Te espero perto do seu camarote.
Ninguém ia descer durante a queima de fogos, a não ser que tivessem a
mesma ideia que eu. Stella e Judith estavam descartadas, a única que podia
querer levar alguém para baixo seria Julieta, e eu esperava que não.
Cinco minutos depois ela desceu correndo, abriu a porta e entramos.
Abracei-a por trás e a coloquei contra a porta.
– Gabriel! Não podemos, aqui não.
– Aqui sim, Ângela. Se eu não me enterrar dentro de você agora, eu
enlouqueço. Quero terminar o que começamos na boate aquela noite. E do
jeito que estamos não vamos demorar, vai ser
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Capítulo 13
Ângela
Meu trabalho na empresa rendia seus frutos. Eu aprendia cada dia mais,
sempre tinha coisas acontecendo. Não fazia ideia de que a empresa fosse tão
grande, as inaugurações aconteciam quase toda semana, mas, como Amanda
e Isabel tinham informado, as inaugurações pequenas ficavam a cargo de
empresas terceirizadas, e às vezes só um deles participava. Eu tinha que ver
sempre o andamento de obras e passar as informações mais importantes, que
a imprensa sempre estava pedindo.
Gabriel tinha se comportado. Conseguíamos almoçar em um restaurante
pequeno que ele tinha encontrado. Não ficava perto e tínhamos que ir de
carro, mas valia a pena; o restaurante servia boa comida e podíamos ficar
juntos. Sempre chegávamos e saíamos separados.
Eu estava respondendo alguns e-mails quando meu celular soou com a
chegada de uma nova mensagem, era o celular que eu compartia com
Gabriel. Desde o dia anterior, Gabriel me ligava a cada meia hora. Hoje
poderíamos estar juntos sem proteção e ele estava ficando louco, e me
deixando louca também.
– Você já almoçou?
– Não, mas acho que vou pedir um sanduíche e comer por aqui mesmo.
– Ele me perguntava se já tinha almoçado, mas sabia que o que ele queria
dizer era outra coisa.
– Diga a Amanda que precisa sair mais cedo. Vamos, Ângela, estou
morrendo de vontade de gozar dentro de você, não posso trabalhar assim. Já
faz um mês que esperamos.
– Eu também, Gabriel. Mas se esperamos um mês podemos esperar
algumas horas. – Tinha que tentar acalmá-lo, antes que ele perdesse o
controle.
– Você não tem pena de mim. Não entendo. Como não pode pedir para
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– Calma, Gabriel, só algumas horas, tudo bem? Para que você não diga
que eu não me sinto igual, vou pedir para sair uma hora antes. Está bem
assim para você?
– Ângela, não me faça implorar mais por você. Eu vivo implorando.
– Gabriel, eu não quero que você implore. Eu estou igual, só não quero
pensar porque eu sei que não vou trabalhar se começar a pensar em você se
escorregando livre dentro de mim, como no banheiro e na varanda, e
chegando até o fim. – Parei de falar e balancei a cabeça quando senti que meu
clitóris começava a latejar.
– Deus, Ângela, não fale mais.
Ele desligou e pouco depois recebi uma mensagem me passando os
detalhes do seu novo carro e onde eu deveria me encontrar com ele na saída
do trabalho. Tratei de adiantar todo o meu serviço e às quatro pedi à Amanda
para sair. Na rua disse a Josh que ia até a livraria que ficava na esquina e que
não precisava me seguir. Ele me olhou desconfiado, mas como a livraria
ficava perto não disse nada. Quando virei a esquina vi o carro novo de
Gabriel com a porta aberta e entrei. Pela primeira vez ela não me beijou, só
acelerou e saiu rápido.
– Ângela! – ele disse me beijando e me levando direto ao quarto.
Quando eu percebi, ele já estava nu, enorme, duro, com os olhos
brilhando de fome. Minha roupa não foi tirada, foi arrancada de mim. Ele não
falava, só gemia e rosnava.
– Não reclame agora, Ângela, você me deixou assim. Estou no meu
limite.
Uma almofada foi colocada debaixo da minha bunda e minhas duas
pernas foram levantadas sobre os ombros dele. Senti seu dedo em mim para
sentir se estava preparada, um gemido e depois ele se enterrou em mim com
um urro, que deve ter saído direto da alma dele e feito todo o prédio tremer.
– Por que você me fez esperar tanto, Ângela? Sente como estou agora?
– Sim, eu te sinto, Gabriel.
Senti Gabriel se escorregando dentro de mim com força, mais
desesperado do que nunca. Ele segurou minhas coxas, se
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empurrou em mim e gozou. Senti todo o seu corpo rígido enquanto ele urrava
e se apertava cada vez mais a mim. Eu estava no meu limite, mas ele gozou e
parou, me deixando alucinada. Tratei de fazê-lo continuar, mas ele estava
completamente imóvel, respirando rápido e se recuperando.
– Gabriel, não me deixe assim, preciso de você, por favor. Ele me
olhava sério. Sabia que queria me castigar por tê-lo feito esperar. Eu
não conseguia me controlar, queria puxá-lo com minhas pernas, mas
ele estava me controlando agora, entrando e saindo no tempo dele.
Estava me deixando louca, queria mais.
– Implore, Ângela. Sei como você quer, sei como você gosta, mas vou
te fazer esperar, como você fez comigo hoje. Quero você desesperada por
mim, como eu fiquei hoje. Me implore, Ângela, como tive que implorar por
você.
– Se você quer que eu implore, eu imploro, Gabriel, por favor, mais,
mais, mais.
– Isso, querida, grite por mim.
Ele acelerou os movimentos e depois me dobrou ao meio, tocando o
fundo. Meu corpo assumiu o controle. Vibrando com a chegada de um
orgasmo, segurei Gabriel, cravando minhas unhas nele. Ele estava enterrado
em mim. Quando meu orgasmo explodiu, eu senti Gabriel gozando dentro de
mim, me deixando quente. O corpo dele vibrou junto com o meu e ele não
estava gemendo, estava gritando. Nós dois estávamos gritando. Gabriel não
deu tempo para eu me recuperar, não podia acreditar que ele continuava
completamente ereto. Ele me girou e se enterrou novamente em mim por trás.
Pensei que eu não poderia, mas logo estava enlouquecida novamente.
– Assim, empina essa bunda gostosa para mim.
Estava ficando melada, com o orgasmo dele escorrendo em mim, pelas
minhas pernas, enquanto ele me cavalgava. Era tudo tão intenso. Era a
primeira vez que tinha Gabriel realmente dentro de mim, e ele sabia, parecia
que queria me encher dele. Quando ele se enterrou em mim, eu me empurrei
contra ele e nosso corpos se chocaram com força. Ele gemeu alto.
– Me aperte, Gabriel, quero sua mão. – Senti os dedos dele cravados na
minha bunda e minha boceta apertou o seu pau com
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força. O prazer se intensificou, meu corpo tremia junto com o dele. – Mais! –
Ele me deu um tapa e eu me perdi. Gabriel me segurou, senti minha cabeça
sendo levada com força para trás e bati no queixo dele. Queria fechar minhas
pernas, mas era impossível. O prazer tomou conta do meu corpo e terminou
no meu sexo com tanta força que, se não fosse por ele, eu teria caído da
cama. Continuei sentindo cada explosão de esperma quente que ele deixava
dentro de mim. Minha garganta secou com meus gritos, até eu não ter mais
forças nem para gritar, nem para me mexer. Desabei completamente
esgotada, com Gabriel em cima de mim.
– Você está bem?
Fiz que sim com a cabeça, não conseguia responder.
– Descanse – ele disse e apaguei.
Acordei com Gabriel dentro de mim, estávamos de conchinha e ele
tinha os dedos brincando no meu clitóris. O desejo me invadiu. Estávamos
suados, melados, e o cheiro de sexo tomava conta do quarto. Completamente
acordada, levei minha mão até a bunda dele e o puxei contra mim, isso o
incentivou a continuar. Mais uma vez fomos além, gozamos com a mesma
fúria de sempre.
As cortinas estavam abertas e começava a entrar claridade no quarto
quando acordei com a boca de Gabriel no meu seio, dois dedos dentro de
mim.
– Gabriel – gemi. Eu não podia acreditar que estava querendo-o de
novo, havia passado a noite inteira com ele enterrado em mim e ainda queria
mais.
– Você também me quer de novo, Ângela? Não pode mais ficar sem
meu pau, assim como eu não estou conseguindo ficar sem sua boceta.
– Sim, quero você de novo, Gabriel... Eu quero mais de você.
– Sim, querida, é assim que eu gosto, você precisando de mim o tempo
todo.
– Quero que você entre em mim agora. – Ele riu, se ajoelhou na cama e
me puxou. Levantou uma perna minha sobre o ombro, olhou para baixo e
brincou com a cabeça do pau dele em minha entrada. – Agora, Gabriel.
Preciso de você agora.
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– Como você está molhada! Toda lambuzada do meu gozo. Você está
linda comigo em você, hoje eu vou ficar contigo o dia todo – ele dizia
enquanto passeava com a cabeça do seu pau por toda minha extensão. Às
vezes me torturava com batidinhas do pau dele no meu clitóris, me fazendo
gemer e pedir por ele.
– Não estou suportando mais, Gabriel. Por favor... – Quando terminei
de falar, ele deslizou dentro de mim, me fazendo gritar.
– Isso, querida, grite. Grite meu nome. – Com minha perna em seu
ombro ele ia até o fundo. – Está gostando, querida? Está bom para você
assim ou quer mais forte?
– Mais, Gabriel, mais forte – eu disse gemendo.
– Merda, Ângela! – Senti quando os dedos dele cravaram em minha
coxa e os golpes aumentaram. – Vamos juntos, Ângela, goze comigo.
Quando eu pensava que já tinha alcançado o ápice do prazer, ele me
dava mais. Senti como se estivesse caindo, eu precisava me segurar nele. Ele
segurou minhas mãos e me levou junto, eu sentia como todo o corpo dele
vibrava com o prazer.
Quando pude abrir meus olhos, o sol estava alto. Eu tinha que me
levantar, mas não tinha força.
– Vamos levantar, Gabriel, já é tarde – eu disse tentando me desamarrar
das pernas dele.
– Esqueça, Ângela, não vamos sair desta cama hoje.
– Gabriel! Eu preciso trabalhar. Você é o patrão, mas eu sou
funcionária em período de teste ainda, lembra? Não quero ser mandada
embora. – Quanto mais eu tentava me soltar, mais os braços dele se
fechavam em mim, me prendendo.
– Quero mais, Ângela, uma noite não foi o suficiente. Fique.
– Ele parecia um garotinho implorando por um presente que eu não podia
dar. Não tinha como. As mãos dele começaram a passear pelo meu corpo,
fazendo-me arrepiar. Iríamos morrer se continuássemos assim.
– Gabriel, eu quero ficar tanto quanto você quer que eu fique, mas você
sabe que não posso. Não me faça sentir mal. Já são quase oito horas e eu
ainda estou na cama com você. Não dormimos nada, e eu não sei se depois
de levantar vou conseguir caminhar, estou tremendo.
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– Certo, mas só se você prometer que vamos repetir essa noite, tudo de
novo, e que vamos passar o fim de semana juntos.
– Eu prometo, mas agora preciso ir. Você disse que tinha roupas para
mim aqui, que eu não precisava ir me trocar em casa. Posso ver?
– Claro.
Ele se levantou e eu tentei segui-lo, mas minhas pernas tremeram sem
responder. Olhei a cama, os lençóis estavam molhados, todo o resto estava
jogado pelo chão. Minhas pernas, assim como todo o meu corpo, estavam
meladas de suor e prazer.
– Gabriel! Será que você pode me ajudar? Minhas pernas estão
tremendo.
– Eu te deixei assim? É pouco. Quero te deixar sem poder caminhar. –
Ele riu e voltou para me ajudar.
Tive que ser levada no colo para o banheiro. Gabriel praticamente me
deu banho e me vestiu. Eu estava dopada de tanto sexo. Uma xícara enorme
de café foi posta em minha frente, depois pães, ovos, bacon. Comi tudo e
comecei a sentir minha energia voltar e meu cérebro reagir novamente.
– Como você está? Acho que abusei – ele disse, mas o sorrisinho
satisfeito denunciava que ele estava feliz com sua proeza.
– Você gozou tantas vezes dentro de mim que acho que vou ter você
escorrendo pelas minhas pernas hoje.
– Prometo me comportar e ficar quietinho dentro de você – ele disse me
beijando.
Estava com uma xícara de café na mão, lendo alguma coisa no laptop, o
terno cinza combinando com a gravata cinza e azul. Ele estava perfeito.
Puxei-o pela nuca, tocando os cachos suaves que ainda tinham um resto de
umidade do banho, e dei um beijo na boca mais perfeita do mundo.
– Pare, Ângela! Hoje eu estou no meu limite de controle, a qualquer
momento desisto do trabalho, fecho a porta e jogo a chave fora.
– Adorei este conjunto. Você escolheu? – Ele tinha me vestido com um
terninho azul-claro e uma camisa sem mangas de seda cinza, sapatos e bolsa.
Tinha ficado perfeito. Eu tinha reparado
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que o closet estava cheio de roupas femininas, além dos ternos dele.
– Foi. Que bom que gostou, agora não tem mais desculpa para voltar
para casa.
– Não posso morar aqui. Agora temos que ir. Como você vai fazer para
me deixar no trabalho?
– Meu carro é novo, ninguém conhece, vou te deixar no mesmo lugar
em que peguei você ontem.
Ele parou o carro e olhamos em volta para ver se tinha alguém
conhecido por perto. Depois de um beijo rápido, desci e caminhei sem olhar
para trás. Minhas pernas estavam trêmulas. Gabriel estava dentro de mim.
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Capítulo 14
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Gabriel
Ver Ângela descendo e indo embora sem olhar para trás deixou um
vazio em mim. Tinha sido a melhor noite da minha vida. Se não fosse porque
eu estava preocupado com ela, não teria saído de dentro dela.
Estacionei o carro na nova vaga, olhei e não vi os outros carros,
segundo o programado eles só voltariam no inicio da semana seguinte.
– Bom dia, Cíntia, mude minha reunião para a tarde e avise ao chefe da
segurança que preciso ver algumas gravações.
– Bom dia, Sr. Leblanc.
Entrei no meu escritório e liguei os monitores, Ângela já estava
trabalhando. Fiquei tentado a mandar alguma mensagem, mas desisti.
Desliguei e tratei de me concentrar. Ela precisava trabalhar, e eu também.
– Senhor, reprogramei sua reunião para as duas da tarde. E o chefe da
segurança deseja saber se o senhor quer que ele separe alguma gravação em
especial.
– Sim, diga a ele que quero as gravações da entrada de todos os
funcionários e dos elevadores também, de dois meses. Quero com urgência.
– Sim, Sr. Leblanc.
Não tinha começado a ler o segundo contrato quando Cíntia me avisou
pelo interfone que o chefe da segurança estava com meu pedido.
– Bom dia, Sr. Leblanc. O senhor quer estudar as gravações sozinho ou
quer que eu procure por alguém específico.
– Bom dia, Sr. Kane – disse olhando o crachá que ele estava usando. –
Deixe que eu vou dar uma olhada e, se precisar, te cha-mo novamente.
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Ele saiu e eu comecei a assistir ao vídeo. Queria ver o que Antônio vira.
Eu devia ter feito isso antes. Depois de quase duas horas de gravação, tenho
quatro funcionários. Marquei-os e chamei Kane de volta. Pedi a ele que me
preparasse um relatório dos quatro e ele saiu. Malditos!
Quase ao meio-dia, desci para almoçar. Na recepção decidi ligar para
Ângela, talvez eu conseguisse que ela almoçasse comigo.
– Está com tempo para almoçar comigo? – disse quando ela atendeu.
– Não vai dar, estou tentando adiantar meu trabalho para poder faltar
amanhã, lembra?
– Não vamos demorar, será um almoço rápido. E alguns beijos.
– Não, Gabriel, eu vou almoçar um sanduíche na minha cabine para
adiantar o trabalho. Te vejo às sete.
– Certo, vou te esperar às sete então.
Desliguei, peguei meu celular, abri a porta e Duncan apareceu. Eu o
dispensei. Estava caindo uma chuvinha fina, fiquei parado olhando. Se
Ângela estivesse aqui, sairia correndo na chuva. Eu estava tão concentrado
que não vi Loreta chegando. Ela só podia estar me vigiando, não havia outra
explicação. Fiz uma anotação mental de dizer a Duncan que investigasse.
– Não acredito que você vai sair na chuva quando tem carro com
motorista!
– É bom andar na chuva de vez em quando, e nem é uma chuva forte, é
só uma chuvinha boba. Respirar um pouco de ar fresco, que não seja de ar-
condicionado, faz bem.
– Onde vamos almoçar? – Loreta perguntou passando a mão no meu
braço, me acariciando. Senti um calor na nuca e girei a tempo de ver Ângela
com os olhos arregalados, olhando para Loreta, depois despareceu dentro do
prédio. Ela nos vira.
– Não vou mais sair, vou comer no meu escritório. – Precisava alcançar
Ângela. De novo Loreta em cima de mim, como ia dizer que ela apareceu do
nada?
– Vou conhecer seu escritório então. Você vai me convidar para
almoçar com você no seu escritório?
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– Não vai dar, Loreta, só vou comer um sanduíche. Lembrei que estou
atrasado para uma reunião. Vejo você outro dia. – Desfiz-me do braço dela e
entrei no prédio novamente, mas Ângela já tinha desaparecido.
Entrei no meu escritório e liguei os monitores. Ela não estava em parte
alguma. Telefonei e ela não atendeu. Enviei uma mensagem, ela não
respondeu. Quando comecei a me desesperar, ela me ligou. Respondi no
primeiro toque.
– Ângela, onde você está?
– Voltei. Eu ia sair, mas não vou mais.
– Onde você está, Ângela?
– Estou no banheiro, passei mal e tive que voltar.
– Como passou mal? Você estava bem.
– Passei mal quando te vi com aquela mulher, ela estava acariciando
você.
– Deus, Ângela! Não sei o que dizer, mas parece que ela me vigia. Eu
não fazia ideia de que ela estava ali.
– Não posso continuar falando agora, Gabriel. Ligo para você mais
tarde.
– Ainda vai se encontrar comigo mais tarde?
– Se eu não piorar, sim.
Ela desligou e eu esperei, fiquei controlando. Então saiu, foi em direção
ao refeitório, pegou uma garrafinha de água e voltou. Quando vi que havia se
sentado, liguei de novo.
– Já está melhor? – Estava desesperado.
– Sim, estou bem. Não foi nada, só um mal-estar passageiro.
– Avise Amanda que não se sente bem, vá para casa. Vou te buscar e
posso cuidar de você lá no apartamento.
– Eu estou bem, Gabriel. Vamos nos encontrar mais tarde como
tínhamos combinado.
– Fico preocupado, mas está bem, eu pego você às sete. Se não se sentir
bem, me ligue.
– Se não me sentir bem, vou te ligar sim. Nós nos vemos mais tarde.
Passei a tarde toda controlando Ângela. Liguei para Carol preparar um
jantar leve, salmão grelhado com purê e aspargos, e
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uma salada de frutas. Quando a vi saindo, saí também. Não pude esperar até
às sete, às seis e meia já estava na garagem.
– Já cheguei.
– Estou descendo.
– Ângela! Como você está? Eu fiquei desesperado quando vi você
desaparecendo por aquela porta. – Peguei o rosto dela entre minhas mãos,
queria ter certeza de que estava bem.
– Eu estou bem. Vamos sair daqui, estou morrendo de fome.
– Vamos. Se você está com fome, quer dizer que está melhor. Dirigi
com a mão dela na minha. Tinha a impressão de que, se soltasse,
alguma coisa ruim aconteceria. Em cada parada de semáforo, tratei de
dar um beijo nela, não queria que ela desconfiasse de mim de novo. A
falta de confiança de Ângela em mim era o nosso maior problema.
Cheguei e a levei para a cozinha. Esperava que comesse, já que tinha
visto que ela não almoçara.
– Pedi a Carol para preparar alguma coisa leve para você: purê de couve
flor com salmão grelhado e aspargos. O que você acha? Se não quiser,
podemos pedir outra coisa.
– Não! Está maravilhoso. Vamos comer antes que eu desmaie, estou
com muita fome.
– Quer vinho? Uma taça para relaxar. – Servi o vinho enquanto ela
colocava a comida na bancada e arrumava os talheres. Durante o jantar, não
consegui tirar minhas mãos dela.
– Nossa, que comida maravilhosa! Esse purê fez me lembrar de minha
mãe. Eu não consigo me lembrar de muitas coisas, mas da comida dela eu me
lembro. Gostaria de ter aprendido mais.
– Mas você sabe cozinhar – eu disse a ela enquanto colocava as frutas
da salada na boca dela.
– Sei o suficiente para não passar fome – ela disse pensativa.
– Gostaria de ter tido mais tempo com ela.
– Eu sei como é. – Puxei-a para mim e a abracei. Eu só tinha visto
Ângela triste e chorando na infância, nunca mais. Ela era sempre alegre, vê-
la triste me deixava mal.
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Capítulo 15
Ângela
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com cristais. Era longo e tinha uma fenda lateral, que se abria até minha coxa.
Sandálias altíssimas acompanhavam o vestuário.
Fomos liberados depois do almoço para nos preparar para a noite,
porque às sete e meia tínhamos que estar na entrada. Subi para o meu quarto
para um cochilo antes de descer ao salão para maquiagem e cabelo. Olhei
meu celular, tinha uma mensagem de Math me desejando sorte e uma de
Gabriel me perguntado onde eu estava e me dizendo que ele estava em um
almoço com políticos, queria que eu fosse ao quarto dele mais tarde.
Respondi que seria impossível porque toda minha tarde já estava programada
e que às sete e meia eu tinha de estar na recepção. Como não tive resposta,
me entreguei ao meu cochilo.
Às três da tarde eu enviei uma mensagem para Gabriel. Se ele estivesse
no quarto, eu daria um pulo lá antes de ir ao salão, mas ele não respondeu,
talvez estivesse ainda na reunião. Desci com Amanda e Célia, e às seis e meia
já estávamos de volta. Vestime com cuidado, Célia me ajudou a amarrar as
fitas das costas, coloquei as sandálias e me olhei no espelho. Amanda e Célia
estavam me olhando.
– Nossa, Ângela, você está lindíssima! – Elas também estavam
belíssimas.
– Obrigada, garotas, mas vocês também estão.
– Vamos, meninas, temos cinco minutos para estar lá embaixo! – Isabel
entrou nos apressando.
– Já estamos descendo, Isabel! – respondemos as três juntas. Dei uma
última olhada no meu celular, mas não tinha ne nhuma mensagem.
Decidi deixá-lo, já que não poderia atender. Descemos e nos
organizamos na entrada. Martin iria fazer a recepção; Isabel e Amanda
verificariam a lista; Célia, Rodrigo, Fabrício e eu acompanharíamos os
convidados até as suas respectivas mesas.
Os convidados começaram a chegar e eu já tinha acompanhado vários,
quando Célia disse no meu ouvido que eles estavam na entrada. O primeiro
que vi foi Antônio, com uma morena espetacular, ele me olhou e me deu uma
piscadela. Logo atrás dele estava Math, com uma loira linda também. August
estava sozinho, mas eu só estava esperando ver Gabriel. Não estava
preparada
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para vê-lo acompanhado por uma loira de capa de revista. Nossos olhos se
encontraram por segundos, antes de ele desviar e prestar atenção a alguma
coisa que ela estava dizendo. Ambos riram. Meu rosto deve ter mudado
muito, porque August girou para ver o que eu estava olhando. Quando ele
voltou a me olhar, dei a ele meu melhor sorriso, mesmo que por dentro eu
estivesse tremendo. Era a minha vez de acompanhar, então eu disse: – Eu os
acompanharei até a mesa, senhores.
Caminhei em frente a eles, indiquei os lugares, desejei-lhes uma boa
noite e tentei não olhar para Gabriel, mas não consegui. Ele já estava sentado,
entretido em uma conversa de pé de ouvido com a loira linda. Dei um sorriso
a todos e voltei ao meu lugar na entrada, ali era realmente meu lugar, e eu
estava ali para trabalhar para eles. Engoli todas as bolas de água que queriam
sair pelos meus olhos.
Fabrício estava saindo acompanhando um casal e tratei de sorrir. Eles
formavam um lindo casal, ambos altos, ela toda de vermelho justo, que
marcavam as curvas. Eu o reconheci como Lucas Belloto, ele era o CEO das
indústrias Belloto, e a mulher reconheci como irmã dele. Ele parou e me
olhou.
– Você vai ter que me desculpar, Fabrício, mas prefiro ser
acompanhado por ela – ele disse.
Olhei para Amanda, não sabia como agir. Ela balançou a cabeça e me
indicou para acompanhá-los. Ele já estava me dando o braço. Fabrício me
disse a mesa que correspondia a eles e, por desgraça, era ao lado do grupo.
– Claro, Sr. Belloto, queira me acompanhar, por favor.
– Sempre – ele respondeu piscando para mim. – E para você, só Lucas.
– Não se zangue com ele, ele é sempre assim.
– Homens – eu digo e rimos juntas.
– O que é isso?! Formando um complô contra mim tão rápido?
Mulheres!
Rimos todos, e ainda estávamos rindo quando chegamos à mesa deles.
Lucas disse provocando: – Quero que me invejem rapazes, pois esta noite as
duas mulheres mais belas desta festa são minhas.
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Estava para dizer não, mas vi a loira linda fazendo carinho na nuca de
Gabriel e ele beijando seu pescoço. Eu desisti de sofrer por quem não merece,
aquela era a vida dele, era eu que não pertencia àquele mundo, onde todo
mundo era de todo mundo e ninguém era de ninguém. Não podia me sentir
ofendida, eu sabia desde o início como ele era. Seria muita pretensão minha
tentar mudá-lo.
Dei a Lucas um sorriso e respondi: – Por que não?
– Isso mesmo, linda, por que não?
Ele me pegou pela cintura, girando-me e me fazendo perder o
equilíbrio, mas não me deixou cair, apertou-me contra o corpo dele, com
mãos fortes e quentes contra minha pele nua.
– Sim, linda, vamos ensinar a essa gente com se dança. Rodopiamos
pela pista rindo. Ele era um ótimo dançarino e as duas prometidas
músicas se transformam em várias. Não contei.
– Você está melhor agora? – ele me perguntou durante um bolero.
Olhei para ele sem entender.
– É que quando cheguei esta noite vi uma linda mulher a um segundo de
desmoronar. Você estava tão triste! E eu quis alegrar um pouco sua noite.
Espero ter conseguido.
– Sim, você tornou minha noite divertida. Mas agora tenho realmente
que ir.
– Eu te acompanho.
– Não é necessário.
– Sei que não é necessário, mas eu sou um cavalheiro. E talvez eu ganhe
seu número como presente.
Pensei que naquele momento Gabriel já devia estar entre as pernas da
loira linda, então tomei o braço que ele me ofereceu e nos dirigimos aos
elevadores. Nunca chorei, não penso começar agora. Deixei ele me
acompanhar até a porta do meu quarto.
– Obrigada por me acompanhar, você foi muito gentil.
– E o presente que você me prometeu?
– Ah, sim, meu número – dito e ele anota no celular.
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Ele me prendeu com uma mão contra a parede e com a outra jogou a
camisa no chão. Olhou-me e despenteou ainda mais os cabelos, nervoso.
– Você se vestiu assim para o Lucas?
– Seu idiota, está me comparando com alguma das suas vadias? – Eu
acho que Gabriel nunca tinha levado um tapa antes, mas não surtiu nenhum
efeito.
– Me diga, Ângela? Para quem você se vestiu assim?
As mãos dele foram até o laçinho, puxando e desamarrando-o, expondo
meus seios. Ele abaixou a cabeça e passou a língua no meu mamilo, fazendo-
me gemer.
– Você estava esperando por Lucas? Queria que ele te visse assim?
Ele desamarrou o laçinho do lado da minha tanguinha, os dedos
procuraram minha entrada, que àquela altura estava mais que molhada, e os
dedos dele deslizaram dentro de mim, fazendo-me empurrar-me contra eles
com mais gemidos.
– Jesus, como você está molhada! Foi por ele que você se molhou
assim?
Escutei o zíper se abrindo e um segundo depois ele estava dentro de
mim. Minhas pernas se prenderam nos quadris dele e fui estocada com força
contra a porta. Acho que os golpes e meus gemidos foram ouvidos em todo o
hotel.
– Era isso que você queria com ele? É ele que você quer dentro de
você? Fale, Ângela! Você queria me deixar louco dançando com ele do meu
lado? Se você queria me ver descontrolado, você conseguiu.
As estocadas ficaram cada vez mais fortes e rápidas, a boca dele
procurou a minha, senti a mordida e logo meu orgasmo explodiu.
– Isso, goze comigo e com mais ninguém. Você não vai gozar com
mais ninguém, só comigo, entendeu? Ninguém mais vai tocar seu corpo. Ele
é meu, só meu. Você é minha, só minha. E eu não quero as mãos de Lucas
em você.
Queria mandá-lo para o inferno por me considerar dele, mas não
consegui com o prazer vibrando por todo meu corpo. Ele me
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corpo me deixou doente! Você é minha e não vai deixar ninguém mais te
tocar, ouviu?”
– Sim, Gabriel, eu sou sua, também não quero ser tocada por outro, e
não quero tocar outro corpo que não seja o seu. Mas também não quero
imaginar você acariciando ou sendo acariciado por outra, por isso quero
saber: e você? É meu, Gabriel?
– Sim, eu sou seu, pode ter certeza – disse movendo-se devagar. – Faça
o que quiser comigo, Ângela, sou seu. Me faça esquecer o idiota do Lucas
contigo.
– Mas ele nem sequer me tocou.
– E nem vai tocar. Ninguém mais vai te tocar. Vem comigo, Ângela, me
cavalgue, me mostre que ainda sou capaz de fazer você perder o controle
comigo.
Ele deitou de costas, me deixando sobre ele. As mãos grandes pegaram
meus quadris, acelerando meus movimentos. Senti os dedos dele no meu
clitóris, me fazendo gemer e procurar mais dele. Não conseguia, precisava da
força dele, e ele sabia. Ele riu.
– Me peça, Ângela. Gosto quando você pede mais de mim. Me fale o
que você quer.
– Quero mais, Gabriel, mais forte. Não consigo, quero você mais forte.
– Quer mais, querida? Eu te conheço e sei como te fazer gozar – falou
deitando-me e ficando por cima.
As investidas dele se aceleraram com força, senti as mordidas no meu
pescoço. Jesus! Eu amava aquilo.
– Isso está bom? – ele levantou uma perna minha sobre os ombros, do
jeito que ambos gostávamos, fazendo-me senti-lo todo enterrado em mim.
– Pode gozar agora, me mostre.
E foi como se meu corpo tivesse permissão, pois tomou o controle,
junto com o prazer de Gabriel.
– Isso é o que eu chamo de gozar – disse ele desmoronando ao meu
lado.
Eu estava completamente mole, relaxada, pronta para me entregar ao
sono agarrada a ele, mas sabia que não podia. Se dormíssemos, só iríamos
acordar depois de o sol nascer, e haveria problemas.
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Nós nos beijamos no vão da porta aberta como se não nos víssemos há
anos, a língua dele brincando com a minha. Eu o queria de novo e sentia que
ele também.
– Entre e feche a porta ou não respondo por mim – disse na minha boca.
Coloquei a mão no seu peito e senti seu coração batendo forte. Ele me
empurrou com carinho para dentro e fechou a porta.
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Capítulo 16
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Gabriel
Usei toda minha força de vontade para colocar Ângela dentro do quarto,
e ainda assim fiquei um bom tempo com a testa encostada na porta. Olhei
para mim mesmo: descalço, com a camisa faltando botões, calça sem cinto,
todo despenteado e bagunçado. Se Antônio ou Math me vissem agora, não
me reconheceriam.
Mesmo assim, senti o sangue correndo em minhas veias. Estava feliz
como uma criança que recebeu o presente esperado no Natal.
Caminhei pelo carpete macio do corredor. Olhei para cima. Maldito,
August! Tinha mais câmeras ali do que na Casa Branca. Dirigi-me ao
elevador rindo de mim mesmo, sentia-me feliz, completamente energizado.
Eram quase três da manhã quando bati na porta do escritório da
segurança e fui direto ao ponto.
– Olá, rapazes. Eu vim buscar a gravação que fizeram de mim esta
madrugada. E, antes que me digam que não sabem de nada, aviso que sou
advogado e, se essa gravação se tornar pública, eu vou processar todos aqui.
E eu não costumo perder causas. Então podem me dar a gravação?
Um deles se levantou, pegou e me entregou.
– Também quero as cópias. E estou falando sério quando digo que
processo todos vocês se qualquer imagem minha referente a essa madrugada
vier a público.
Eles se levantaram, pegaram os celulares e começaram a apagar.
– Muito obrigado. E lembrem-se: não aconteceu nada aqui essa
madrugada. – Dei uma boa gorjeta a todos eles e saí da sala.
De volta ao quarto, vesti um moletom e desci ao ginásio. Zero sono.
Entre corrida e musculação, malhei até às cinco. Voltei
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para o quarto, tomei uma ducha e me deitei. Fiquei olhando para o teto, sem
sono algum. Então liguei para minha irmã.
– Alô, Gabriel? Aconteceu alguma coisa?
– Oi, Alê! Não aconteceu nada grave, só fiquei com vontade de
conversar com você. Você estava dormindo?
– Sábado, cinco da manhã? Claro que estava, Gabriel, o que você acha?
– Ah! Desculpe, Alê, ligo outro dia.
– Não, senhor, agora que me ligou quero saber o que está acontecendo.
Depois da morte dos nossos pais, minha irmã e eu nos apoiamos em
tudo. E quando Lucila, a filha dela, morreu de leucemia, nos tornamos ainda
mais unidos. Ela era só dois anos mais velha do que eu, mas se sentia no
direito de me dar todo tipo de bronca com a desculpa de irmã mais velha. Eu
geralmente contava tudo a ela.
– Acho que estou gostando de alguém – falei sem preâmbulos.
– Estou completamente acordada, me conte tudo.
– É uma garota que eu conheço há muito tempo, mas só agora tivemos
algo. E eu acho que enlouqueci quando esta noite eu a vi dançando com
outro, praticamente a sequestrei, a levei até meu quarto e transei com ela até
quase morrer.
– Você a forçou?
– Não! Jamais faria isso. Mas, pensando bem, acho que se ela se
negasse faria igual. Fiquei completamente descontrolado.
– Você está amando essa garota, Gabriel? Quem é ela? É conhecida?
– Não, ela não é famosa, se é isso que você quer saber. É funcionária da
empresa, mas não posso dizer quem é.
– Será que ela não é uma oportunista, Gabriel? Se ela estava dançando
com outro, ela estava te traindo. Não estou gostando.
– Não, ela não estava me traindo. Ninguém sabe que estamos juntos, ela
não quer, não quer ser tratada de forma diferente se alguém souber. Além
disso, ela estava trabalhando na inauguração de uma obra da empresa, e eu
tive que acompanhar outra garota durante a festa. Claro que ela não gostou e,
quando um
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convidado a chamou para dançar, ela foi. Tive vontade de matar o cara.
– Vocês homens são todos uns idiotas. Se você está com ela, mesmo
que ninguém saiba, como você acha que ela se sentiu vendo você com outra?
– Eu sei, foi por isso que fui atrás dela, sabia que estava chateada. Ela
não queria falar comigo. Pensei que pudesse estar se interessando pelo outro
cara e perdi o juízo, arrastei-a quase nua até o meu quarto.
– Você perdeu mesmo o juízo! Se o hotel tem câmeras, vocês já estão
em todos os sites.
– Já resolvi esse problema. O hotel foi projetado pelo nosso grupo e eu
sei como August é vidrado em câmeras, mas eu sei que não posso continuar
me descontrolando assim ou teremos problemas.
– O que ela faz na empresa?
– Ela é estagiária, ainda não foi contratada, por isso não quer que
ninguém saiba. Quando for, não haverá mais problema.
– Estagiária, Gabriel? Quantos anos ela tem?
– Acabou de fazer 21, mas isso não determina nada, ela é muito mais
centrada do que muitas mulheres mais velhas que já conheci, fique tranquila.
– Tudo bem, mas me diz: até que ponto está gostando dela?
– Não sei até que ponto, eu só sei que me sinto bem com ela. E o sexo?
Deus! Acho que nunca tive um orgasmo antes dela! É realmente alucinante,
quando estamos juntos somos literalmente irracionais.
– Gabriel! Não preciso saber de detalhes da sua vida sexual.
– Sei que não precisa, mas só posso contar para você.
– Tudo bem, me conte então.
– Não vou te contar detalhes. Quero dizer que me sinto vivo, feliz. Por
exemplo, eu a levei de volta ao quarto, depois fui malhar, agora estou
conversando contigo, ela me enche de energia. Não me lembro de ter sentido
algo assim um dia.
– Fico feliz por você, nunca gostei dessa história de uma mulher por
noite, sexo casual e orgias sem fim. Se ela é uma boa
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única que sabia de nós dois, mas era por precaução, ele só ligaria se alguma
coisa acontecesse.
Tomamos a estrada. Ângela levava a mochila e se segurava à minha
cintura. Era a primeira vez que eu tinha alguém na garupa, estava adorando.
De vez em quando, eu acariciava a mão dela por cima das luvas e ela se
aconchegava ainda mais contra meu corpo. Era a melhor viagem que eu havia
feito.
Paramos para almoçar em um lugar turístico, mas como estava fora de
temporada não tinha muita gente. Entreguei o cardápio para Ângela. Ela
olhou com entusiasmo, levantou-se e se sentou no meu colo, me beijando.
– Obrigado, Gabriel. Sei que frutos do mar e peixes não são seus
preferidos, mas você fez isso por mim, este restaurante tem todos os pratos
que amo. Eu posso pedir?
– Claro que sim, querida, foi por isso que te trouxe aqui, sabia que ia
adorar este lugar.
– Mas aqui não servem carne vermelha.
– Vou comer o que você escolher, me faz lembrar a primeira vez que
almoçamos juntos, adorei tudo que você pediu.
– Nossa, quero pedir tudo! Vou pedir salada de polvo, creme de
mariscos, sei que você vai amar, e lagosta grelhada com legumes. É muito, eu
sei, mas vamos dividir. O que você acha?
– Se você gostar, eu com certeza também vou.
O almoço se tornou uma tortura erótica, literalmente. Ângela comia e
colocava em minha boca pequenas porções, sempre perguntando se eu estava
gostando. Comi como um bom garoto e os beijos dela reforçaram o sabor da
comida.
De novo na estrada, paramos em um acostamento de onde se via o mar.
Coloquei Ângela sentada à minha frente, tirei o capacete dela e deixei a
touca. O vento era gelado, mas a paisagem valia a pena. Puxei para baixo a
touca e beijei a boca quente dela.
– Quero uma foto, espere um pouco.
Rimos os dois e o momento foi eternizado, era uma foto parecida com a
primeira que eu tinha visto dela com Math, quando ela tinha 16 anos. Ela me
beijou no rosto, eu sorri e ela fez outra foto.
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– Deixe-me ver.
Puxei devagar o cinto do roupão e o seio pequeno com um mamilo
acobreado apareceu. Aquela era uma cor única para mim. Olhei para baixo e
vi o microfiodental rendado verde-água.
Ficou como imaginei, lindo!
– Fique de pé e tire o roupão, quero ver tudo.
Ela se levantou e deixou o roupão cair sobre o edredom, ficando como
uma deusa em minha frente. Fiquei de joelhos e com minha boca fui subindo,
beijando, e não me detive, continuei subindo, beijando o ventre firme e
plano, passei a língua e cheguei aos mamilos, que estavam duros. peguei um
entre meus dedos e o outro com a boca, dei pequenas mordidas nele. Ângela
ficava louca com meus dentes nela, e eu virava um animal com ela, queria
mordê-la e lambê-la o tempo todo. Apertei com força e depois lambi com
carinho, todo seu corpo já estava tremendo.
– Venha, deite-se aqui.
Eu a coloquei deitada de bruços e levantei seu bumbum até ele tocar
minha ereção. Quando Ângela me sentiu, se empurrou contra mim gemendo,
me chamando, buscando.
– Você já me quer, querida?
Coloquei minha mão dentro da calcinha e ela se apertou ainda mais
contra mim.
– Vou te acalmar um pouco, mas você sabe que hoje vai ser especial,
vai ter que esperar um pouco mais.
Tirei o fiodental, derramei em minha mão o azeite com perfume de
baunilha e comecei uma lenta massagem em todo seu corpo, minhas mãos
deslizavam pelo corpo dela enquanto ela se contorcia. Trouxe o corpo dela de
encontro ao meu, encontrei e massageei o pequeno rubi até sentir que estava
prestes a explodir.
– Quero você também, quero você em mim, em minha boca, quero tudo.
– Deus, Ângela, não fale assim! Fique quietinha.
Peguei o lubrificante, que já tinha deixado perto, despejei uma boa
quantidade em meu dedo e o coloquei na entrada rosada, fechada e apertada.
Todo o corpo dela ficou tenso.
– Calma, você vai gostar, não vou te machucar. Relaxe, sim?
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era Ângela que estava ali, e minha menina era inocente e sem experiência,
não era como as outras. Só relaxei quando a cabeça desapareceu dentro do
cuzinho apertado dela.
– Esta doendo, querida?
– Não.
– Já entrei, agora só vou me deslizar e você vai ver como é bom.
Fui deslizando devagar dentro dela, cada vez saía um pouco e entrava
um pouco mais, era um trabalho lento e delicado, que exigia todo o meu
controle, até olhar para baixo e me ver totalmente enterrado nela. Minha
garota já não era uma virgem anal, e eu era o responsável. Comecei entrando
e saindo lentamente, segurando firme as bochechas do bumbum, acelerei os
movimentos e os gemidos dela aumentaram, indicando-me que estava no
caminho certo.
– Está gostando?
– Sim, muito!
Era a deixa que eu precisava. Procurei a entrada dela, que estava mais
que molhada, deslizei um dedo e ela gemeu alto, aproveitei e coloquei dois.
Comecei fodê-la com vontade, meu pau entrava e saía enquanto meus dedos
faziam o mesmo trabalho. Ângela começou a gritar enquanto se empurrava,
estávamos indo direto a um orgasmo arrebatador, eu me segurava para não
gozar, bombeando com vontade, ela rebolava me pedindo mais, me empurrei
com mais força, no limite da violência, as convulsões de nossos corpos
começaram ao mesmo tempo, os gemidos se transformaram em gritos por
parte de Ângela, e eu me ouvia urrando como um louco. Minhas bolas se
contraíram, explodindo, meu pau era apertado, sugado e torturado, meu
orgasmo continuou de forma interminável.
Acordei com a respiração morna de Ângela em meu peito, os braços
dela sobre ele, suas pernas entre as minhas e as minhas entre as dela,
estávamos amarrados com nossos próprios corpos. Aperteime ainda mais a
seu corpo e voltei a dormir.
– Gabriel, onde tem um cobertor? Estou sentindo frio. – O fogo estava
apagado e nós dois estávamos gelados.
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Várias paradas, fotos, risos, mais uma parada para lanche, mais paradas
para admirar paisagens, mais fotos, e já tinha anoitecido quando parei em
frente ao elevador na garagem do apartamento dela. Sem descer da moto,
destravei o capacete e o prendi na moto.
– Já estou com saudade do nosso fim de semana, foi perfeito. Adorei
andar de moto.
– Só andar de moto? Não teve nada mais que você tenha adorado?
– Você foi perfeito, eu estava muito nervosa e com medo, não pensei
que fosse gostar tanto. Quero repetir.
– Eu também quero, e vamos ter que fabricar mais tempo para nós esta
semana. E eu gostaria de outro fim de semana assim. Agora entre, te ligo
mais tarde.
Beijei-a rápido para não cair na tentação, aquele era um lugar muito
perigoso. Ela entrou e desapareceu, e eu acelerei e fui para casa.
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Capítulo 17
Ângela
Ver Gabriel indo embora me deixou com uma sensação de vazio que
não tinha sentido antes. Não sei se foi o passeio, passar quase dois dias
juntos...
Entrei no apartamento vazio, Stella não tinha voltado ainda. Fui para o
meu quarto e me deitei em posição fetal, queria me aconchegar a ele. Enviei
uma mensagem: Já estou com muita saudade, gostaria que estivesse aqui
comigo agora.
Meia hora depois ele respondeu.
Eu também, não sei se vou conseguir passar esta semana sem você,
tenho vontade de ir aí e ficar com você.
É que foi realmente um lindo final de semana, vou lembrar sempre
desse dia. E eu quero dormir com você, Gabriel.
Tem certeza, Ângela? É tudo o que mais quero, se você disser sim, eu
vou aí ficar com você.
Nem tudo que queremos podemos, eu quero muito, mas não posso.
Vamos esperar. Boa noite.
Tem razão. Durma bem, querida.
Resolvi tomar um banho, talvez assim o sono viesse. Mesmo assim,
depois de fazer de tudo, era madrugada quando o sono finalmente chegou.
Semana começando, cheguei cedo e liguei meu computador. Resgatei
meu celular da gaveta e liguei para Math. Enquanto chamava, tirei uma pasta
da gaveta, tinha que começar a estudá-la e me preparar para o próximo
projeto, Nova Deli.
– Oi, irmãzinha, como foi seu fim de semana?
Ia responder quando meu computador abriu e me deixou gelada: uma
imagem minha com Gabriel cobriu toda a tela, era o
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Quem foi que disse que Leblanc era frio? Mais quente que isso tem que ser
dentro do quarto. Será que Leblanc casou escondido?
– Não acredito – falei tentando não deixar minha voz tremer.
– Você já ligou lá pra cima pra saber qual vai ser a declaração oficial?
– Ainda não, vou ligar agora.
Peguei o telefone e Isabel ficou esperando curiosa.
– Cíntia? Aqui é da área de comunicação, queremos saber a declaração
do Sr. Leblanc sobre as fotos e o vídeo que estão na internet.
– Vou perguntar a ele e ligo de volta.
Cíntia me respondeu um minuto depois.
– A resposta é nada a declarar – falei para Isabel, que estava com o
olhar intrigado na foto.
– Claro, ele não pode dizer que é apenas uma amiga e jamais vai
assumir uma namorada. Esse é o nosso garoto. Mas eu tenho a impressão de
que conheço essa garota... Pena que o rosto está quase todo coberto.
O telefone tocou e assumi a resposta automática: nada a declarar. E
assim continuou toda a manhã. Não consegui ligar de volta para Math.
Gabriel não me ligou, não me enviou nenhuma mensagem e, toda vez que
alguém falava comigo, eu dava um pulo na cadeira. A sensação de vazio
voltou com força total.
Meu celular tocou e eu atendi sem vontade e sem olhar.
– Alô, linda, ficou com saudade de mim?
Levei um choque ao reconhecer a voz de Lucas. Ele não podia ter
escolhido um dia pior para me ligar, mas tratei de ser educada.
– Oi, Lucas. Como vai?
– Bem, tenho negócios para resolver na sua cidade dentro de umas
semanas e pensei se você poderia jantar comigo?
– Acho que vai ser difícil, estamos com muito trabalho. Estamos saindo
tarde, o que me deixa sem vontade de sair.
– Que tal um almoço, então?
– Não sei, talvez em uma próxima visita, Lucas. Como eu te disse, nós
estamos com muito trabalho.
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– Tudo bem, eu não vou insistir agora, mas vou voltar a te ligar quando
estiver na cidade.
– Certo, mas agora tenho que voltar a trabalhar ou vou ter problema.
– Certo, volto a te ligar quando estiver na cidade. Um beijo!
– Tchau, Lucas.
Fiquei um bom tempo olhando para o telefone. Queria ligar para
Gabriel, mas ele sempre me ligava e, se não havia ligado ainda, era porque
estava ocupado, ou não queria falar comigo.
Cheguei em casa completamente esgotada e me joguei na cama.
Durante todo o dia não tive notícias de Gabriel, então meu celular tocou: –
Estou na garagem, você pode descer?
Eu desci correndo, entrei no carro e me joguei nos braços dele.
– Fiquei com muito medo com o que aconteceu. Se alguém me
reconhecesse... Você não me ligou, sumiu, não sabia o que pensar.
– Não podia, se eu ligasse ia querer fazer isso, e não podia, tive que
esperar até agora. Fui muito descuidado, mas não vão descobrir nada, só
vamos ter que tomar mais cuidado. Estou sendo perseguido. Se não fosse por
este carro, acho que não poderia sair hoje. Mesmo assim vamos ter que
redobrar os cuidados por um bom tempo. Eu já estou acostumado, mas e
você?
– Eu estou bem agora, não se preocupe. Podemos nos ver no meu
apartamento, já que você está sendo perseguido e o seu é muito visado.
– Gosto de ficar aqui com você, mas você nunca se solta totalmente
quando estamos aqui, fica se segurando o tempo todo.
– É que fico com medo de Stella nos ouvir.
– Por isso vamos dar um jeito de nos encontrarmos lá no meu
apartamento. Math vai viajar de novo na sexta e só vai voltar no domingo,
podemos ficar junto todo o fim de semana: filmes, pipocas e comida gostosa,
só nós dois, sem sair. Um fim de semana só nosso de novo, o que você acha?
Mas se você quiser, posso ficar agora.
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– Vamos marcar alguma coisa aqui nós quatro, o que você acha?
– Não sei, vou ver com o Gabriel e combinamos. Continuamos a
conversar e falar besteira até de madrugada.
Realmente ela é a irmã que não tive.
Na sexta-feira, Math viajou com Antônio, mas não conseguimos nos
encontrar, pois Gabriel teve compromissos à noite com empresários.
Aproveitei para dormir cedo, já que quase não tinha dormido na quinta.
No sábado ele estava furioso com todos o seguindo por todos os lados,
mas me disse que acharia um jeito de estarmos juntos à noite.
Com os preparativos para a inauguração na Índia, estávamos
trabalhando dobrado. Martin avisou aos novatos, como eu, que não ia ser
sempre assim, que geralmente não trabalharíamos aos sábados e que, depois
da Índia, tudo deveria voltar ao normal. Eu iria trabalhar com Amanda nesse
projeto. A equipe para viajar já havia sido escolhida, Martin não iria desta
vez e Amanda estaria encarregada. Ela já nos disse que tínhamos que estudar
a cultura local, para não cometer nenhuma gafe, e usar roupas típicas locais
como respeito à cultura indiana. Com tudo adiantado, ainda tínhamos quatro
meses para nos preparar. Já passava das quinze horas quando deixei o prédio
da GAMA.
Cheguei em casa, deixei meu celular e desci, Gabriel já estava me
esperando na garagem. Entrei no carro novo, que só usava comigo, ele me
beijou rápido e saímos. Passamos devagar em frente ao prédio dele,
procurando pelos paparazzi.
– Eles desistiram? – perguntei e ele ri.
– Não, eles não desistem. Tive que fazer um verdadeiro malabarismo
para ficar livre deles.
– E como foi isso?
– Enviei meu motorista. Rafael me levou ao apartamento com Duncan,
Josias e as namoradas deles já estavam esperando. Demos uma hora de
tempo e eles saíram. Rafael e Duncan, como todos já sabem, foram na frente,
e no banco de trás Josias foi disfarçado com a namorada dele. Todos os
seguiram e eu fiquei livre para te buscar. Eu vim com nosso carro. Não sei
por quanto tempo vou
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sentindo. Olhando para ele, alguma coisa estava acontecendo dentro de mim,
me fazendo querer chorar. E eu nunca choro, não sei chorar.
Libertei minhas mãos, queria explorar o corpo dele. Comecei pelas
coxas poderosas, firmes, sentindo cada centímetro, os pelinhos como veludo
suave. Subi pelas costas amplas, perfeitas, costas que tantas vezes destruí
com minhas unhas. Voltei minha atenção ao tórax, um escudo de aço
desenhado com pelos dourados e com duas moedas rosadas, toco as
pontinhas, duras como diamantes. O corpo inteiro dele estremeceu, como se
tivesse tocado as cordas de uma harpa. Desci e encontrei o V, que me deixava
louca. Voltei a olhar para ele novamente, ele continuava com os movimentos
lentos de entra e sai, como uma carícia. Nossos olhares se encontraram, levei
meus dedos ao rosto firme e senti a lixa da barba nascendo, arranhando meus
dedos. Toquei os lábios que já cobriram tantas vezes os meus. Continuamos
nos olhando. Levei meus dedos ao nosso lugar preferido, e de novo o corpo
dele vibrou. Enrolei meus dedos nos cachos suaves. Uma linha de suor
desceu pela sua testa e pescoço e eu sabia que estava no limite, mas estava
me dando tempo, me esperando.
– Olhe para mim, Gabriel. Quero ver como eu faço você gozar. Goze
para mim, me mostre.
– Ângela! Deus, o que você fez?! – As mãos dele seguraram firmes
minhas coxas e ele gozou olhando para mim, o queixo firme, os lábios cheios
sendo mordidos enquanto ele tentava manter contato visual comigo.
Não consegui segurar e lágrimas desconhecidas escorreram pelo meu
rosto. Agora sabia o que era a sensação de vazio, a angústia que eu vinha
sentindo durante toda a semana. Sabia que não devia, mas me apaixonei por
Gabriel, estava amando Gabriel e minha boca falava o que eu tentava
segurar.
– Amo você, Gabriel. Deus, como eu te amo, Gabriel!
Ele me olhou com olhos arregalados, enormes como pratos, pela
primeira vez vi seus olhos completamente abertos, duas safiras que
atravessavam minha alma. Eu me entreguei e mergulhei naquele olhar, deixei
meu orgasmo me levar, ouvi meus gemidos se transformando em soluços,
tudo ficando cada vez mais
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distante. Ouvi a voz de Math chamando Gabriel, a porta sendo aberta, mas
nada me importava, havia me fechado para o mundo de fora e me entregava
completamente ao mundo de Gabriel. Naquele instante éramos só nós dois.
Deixei-me levar até não ouvir ou sentir mais nada.
Respire, respire, respire! Enviei ordens ao meu cérebro, voltava
devagar, com as convulsões do meu orgasmo ainda estremecendo meu corpo.
Gabriel também estava respirando com dificuldade no meu pescoço, o suor
escorrendo por nossos corpos.
– Ângela? Ângela, olhe para mim, querida. – A voz de Gabriel parecia
vir de muito longe. Abri meus olhos devagar e vi que ele me olhava
preocupado, passava os dedos por onde escorreram minhas lágrimas e ainda
estava molhado. – Você está bem?
– Eu estou bem, mas acho que estou louca, pensei ter ouvido a voz de
Math. E depois alguém entrando aqui. – Senti o corpo dele ficar tenso.
– Não, você não está louca, ele realmente está aqui. Ele e Antônio estão
na sala. Vou ver e já volto, fique aqui.
– O quê? Como foi que ele entrou? O que aconteceu? Como eles
entraram? – Puxei o edredom até o pescoço, esperando meu irmão entrar a
qualquer momento pela porta.
– Calma, vou te explicar. E não se preocupe, ele não te viu, eu te cobri
antes de ele abrir a porta. – Gabriel se enfiou no jeans que estava jogado no
chão.
– Como ele soube que eu estou aqui?
– Não! Ele não sabe que você está aqui. Me dê um minuto, Ângela. Vou
falar com eles e já volto. Aí te explico.
– Ei, Gabriel, o que você está escondendo no quarto? Por que você não
a traz aqui e nos apresenta? Podemos fazer uma festinha todos juntos. – A
voz era de Antônio, vinda do corredor. Depois ele bateu na porta. – E aí,
Gabriel, vai sair ou não?
– Já vou, Antônio, espere só um pouco.
– Gabriel, como eles têm a chave do seu apartamento e entram no seu
quarto? Me diga, Gabriel!
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uma vadia comprada por ele. Achei uma jaqueta jeans minha e a peguei.
– Por favor, Gabriel, deixe-me passar.
– Me ouça, Ângela.
– Não, já está tudo explicado.
Desviei-me dele e entrei no banheiro. Com a água quente sobre meu
corpo, tentei tirar o cheiro dele. O cheiro que sempre amei naquele momento
me dava nojo, não conseguia me sentir limpa. A garota do corredor tinha me
chamado de vadia, e era assim que eu me sentia, era assim que ele me via.
Aquele era o lugar aonde eles levavam mulheres, ela pelo menos sabia que
era o lugar de farras deles. Saí do banho, passei pelo quarto. Ele estava
sentado na borda da cama com as mãos segurando a cabeça. Entrei no closet
e ele me seguiu.
– Vamos conversar, Ângela, por favor.
– Não tenho nada para conversar com você.
Comecei a vestir as roupas que tinha separado e olhei de novo. Tudo o
que tinha ali fora comprado por ele, roupas de trabalho para os dias em que
eu ficava lá e ia direto para o escritório, assessórios, bolsas, roupas formais,
informais e lingerie, muitas lingeries, algumas joias. Ele realmente estava me
comprando. Vestime rápido sem me importar com mais nada.
– O que você está fazendo? Me ouça por um momento e vai entender. –
Ele tentava me segurar.
– Só vou falar mais uma vez, Gabriel. Você não precisa se explicar ou
me fazer entender coisa alguma, porque eu te conheço, lembra? Eu disse que
não queria fazer parte desse seu mundo, e não vou. Como também não vou
pedir para que você faça parte do meu. Esqueça o que eu disse antes, eu não
estava em mim quando disse que te amava, esqueça.
– Não diga isso! Foi a melhor coisa que já ouvi na minha vida. Não
retire o que disse, Ângela. Sei que estou errado, mas se acalme e converse
comigo.
– Nós dois sabíamos que essa história tinha um prazo de validade curto.
A idiota fui eu que esqueci esse detalhe. Mas acabou, simples assim.
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– Não, não repita isso. Você está nervosa, eu entendo, mas nada
acabou.
Não disse nada, não tinha mais nada a dizer. Continuei me vestindo.
– Tudo bem, conversaremos quando você estiver mais calma. Vou
tomar um banho rápido e te levo.
Ele entrou no banheiro e eu peguei minha bolsa, não havia mais nada
meu ali. Saí do quarto. No corredor ouvi música e risos vindos do quarto ao
lado. Saí do lugar me sentindo ridícula.
Esperei o elevador, passei pela portaria e o segurança me olhou sem
entender, já que eu nunca havia passado por ali antes. Ele olhou para minhas
roupas, que não combinavam com o frio que estava fazendo lá fora.
– A senhorita quer que eu chame um táxi? Está muito frio lá fora para
sair assim – disse com simpatia.
– Aceito sim, obrigada.
Ele pegou o telefone no instante em que a porta do elevador se abriu e
Gabriel apareceu com os cabelos molhados, segurando em uma das mãos
uma toalha e na outra, o tênis e a jaqueta.
– Espere, Ângela – ele gritou enquanto tentava colocar os tênis.
– Pode deixar, não precisa chamar o táxi, obrigada. – Tentei abrir a
porta, mas estava travada. – Pode abrir a porta, por favor?
– Ângela, não faça isso! Sei que errei, mas podemos conversar, não me
deixe assim.
O segurança olhava para ele, talvez não estivesse acreditando no que
via. Olhei para Gabriel, talvez ele estivesse preocupado que eu contasse o
que tinha acontecido a Math, mas eu não faria isso, seria muita humilhação.
Olhei para o segurança, sabia que ele não ia abrir sem autorização.
– Deixe-me sair, Gabriel, não piore as coisas. Já me decidi, não vou
voltar atrás.
– Vou te levar, então. Está tarde, é perigoso sair assim. E está fazendo
muito frio.
– A única coisa que eu quero de você é que autorize esse senhor a abrir
a porta para eu poder sair.
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Capítulo 18
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Gabriel
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eram os olhos que me puxavam, o brilho quente, dizendo com eles o que ela
diria mais tarde, que me amava. Senti como se pudesse tocar o que ela estava
sentindo naquele momento. A dor no peito era tão grande que achei que
estava tendo um infarto. Com um esforço, guardei a foto em uma pasta
especial com código, coloquei meu celular no bolso e terminei de juntar as
roupas sujas, colocando-as para lavar. Peguei um casaco e um cachecol, meu
laptop, as chaves do carro e saí. Antônio já desaparecera. Desci para a
garagem, entrei no carro e fui para casa.
Não consegui dormir. A dor no meu peito tinha aumentado durante a
noite, fazendo-me sentir sufocado. Às oito eu já estava no escritório. Dei uma
olhada na minha agenda e tive vontade de cancelar tudo. Às nove já não
conseguia desviar meus olhos do monitor. Vi Math conversando com Cíntia
e logo depois ele entrou. Olhei mais uma vez para o monitor. Ângela ainda
não tinha chegado, estava atrasada. Não resisti e enviei uma mensagem.
Oi, querida, você está bem? Podemos conversar mais tarde?
Math fechou a porta e sentou em uma poltrona na minha frente.
– Quero me desculpar por ontem à noite. Antônio me contou o que
aconteceu.
– Não se preocupe, vou resolver.
– Já conseguiu falar com ela?
– Não, ainda não. Ela está muito chateada, tenho que dar um tempo.
– Mande flores, garotas adoram flores.
– É mais complicado que isso, não dá para resolver com flores.
– Uma joia, uma joia bem cara, uma pulseira ou um colar de diamantes.
Duvido que ela não te perdoe.
– Mandar uma joia só complicaria minha situação. Essa garota não se
vende, não posso comprá-la com uma joia. Ela só tinha me pedido para ser
leal e honesto com ela, e falhei.
– Puxa, eu não sabia que ainda existia esse tipo de menina. Só conheço
as que estão interessadas em dinheiro, muito dinheiro.
– Como vê, a joia rara é ela.
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– Se ela é tudo isso, você ganhou na loteria. Lute por ela, e nós te
apoiaremos.
Olhei de novo o monitor, ela ainda não tinha chegado. Pela primeira
vez, estava atrasada. Meu telefone também continuava mudo.
– Se você precisar de ajuda...
– Não, só eu posso dar um jeito na besteira que fiz. Mas agradeço.
Faltando pouco para as dez a vi entrando, linda de tirar o fôlego. Pensei
como poderia fazer para falar com ela. Fiquei aliviado, por um momento
pensei que talvez tivesse desistido do trabalho na empresa, mas não, ela ainda
estava aqui, nem tudo estava perdido. Ainda poderei tê-la de volta.
– Sr. Leblanc? – A voz de Jennifer me trouxe de volta à realidade.
– Sim?
– Acaba de chegar uma encomenda para o senhor e deve ser entregue
em mãos. O senhor me autoriza a receber?
– Mande esperar um pouco, eu mesmo vou receber.
– Vamos almoçar juntos? Ou você tem muita coisa para resolver? –
Math me perguntou, eu tinha esquecido dele na minha frente.
– Ainda não sei, aviso vocês mais tarde.
– Certo, até mais tarde.
– Mande trazer a encomenda, Jennifer.
– Sim senhor!
Um rapaz uniformizado, carregando uma caixa grande, entrou e a
colocou em frente a mim. Assinei, dei uma gorjeta e ele se foi. Cíntia saiu
logo atrás, fechando a porta. Fiz tudo isso de maneira robotizada, mas depois
de ver o nome do remetente, Stella, eu sabia que era de Ângela.
Sentei-me no sofá e fiquei olhando, sem coragem de abrir. O interfone
tocou, era Cíntia avisando que minha próxima reunião seria em dez minutos.
Retirei a etiqueta com o nome de Stella e a guardei na gaveta. Dei mais uma
olhada no monitor.
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– Ainda não sei, Louise, talvez eu coma mais tarde. Agora quero que
você me faça algo: vá até meu apartamento do centro e traga do meu quarto
tudo que encontrar de mulher. No banheiro também tem vários produtos,
traga e guarde tudo no meu closet ao lado das minhas coisas. – O olhar de
Louise era impagável.
Peguei uma faca e voltei para o quarto. Cortei as fitas e abri a caixa, o
cheiro dela invadiu o quarto como se ela estivesse ali. Aspirei várias vezes,
tentando retê-lo em minha memória. A primeira coisa que vi foi o celular,
que estava em cima do conjunto de couro preto. Fui retirando as peças da
caixa, ela tinha devolvido absolutamente tudo, até um All Star que havia
comprado porque achei que era a cara dela, jeans, camisas, casacos, várias
lingeries, bolsas, joias, tudo.
Vi uma pequena caixa de veludo azul. Eu sabia qual joia era aquela.
Tinha dado a ela uma gargantilha de ouro branco com um G incrustado com
pequenos citrinos amarelos, que combinavam com a pele dela. Era uma joia
simples, mas eu sabia que ela iria gostar, e estava certo, tanto que alguns dias
depois ela me presenteou com um cordão de platina com um anjo. Ela tinha
me dito na ocasião que ela não poderia usar meu presente, com medo de que
perguntassem de quem era a inicial G, mas o anjo eu poderia usar. Tinha dois
significados, o primeiro era que a palavra anjo começava com a letra A, de
Ângela, e o segundo era que eu seria sempre o anjo dela, e só nós dois
saberíamos. Eu tinha pedido a ela que colocasse no meu pescoço e nunca
mais tinha tirado. Naquele momento eu estava tocando o anjo.
Fui até o closet e comecei a guardar tudo, os jeans ao lado dos meus, as
camisas ao lado das minhas, separei uma gaveta para as roupas íntimas dela.
Estava quase terminando quando Louise voltou trazendo duas malas com as
coisas de Ângela e ficou sem entender nada. Eu nunca arrumava minhas
roupas, e agora estava arrumando as roupas de uma mulher com carinho ao
lado das minhas. Fui retirando tudo da mala, colocando em cima da cômoda
do closet e indicando a Louise onde colocar. Ela pegou as calcinhas e me
olhou. Coitada, não estava entendendo nada. Dei risada e indiquei onde
guardar. Peguei um conjunto azul que ficava especialmente lindo nela, toquei
a renda delicada com um suspiro e o entreguei para guardar.
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Ali era o lugar dela, ia levá-la para casa como deveria ter feito no início,
ela nunca pertencera àquele apartamento nojento, como tinha dito Math. Não
sabia como podia ter sido tão idiota. Quanto tempo será que conseguiria ficar
longe dela?
A semana passou e eu não consegui falar com ela. Tentei várias vezes
me encontrar com ela sem sucesso. Fiz de tudo, cheguei a ir até o
apartamento, mas minha entrada já tinha sido bloqueada. Enviei várias
mensagens a Stella, mas ela nunca me respondeu ou falou comigo. Mandei
mensagens pedindo para ela descer, cheguei a ameaçar que ia subir, mas nada
adiantou, porque ela nem tinha lido as minhas mensagens. Na sexta-feira fui
até uma floricultura e comprei uma orquídea, rara como ela. Dei o nome dela,
o endereço para a entrega e escrevi no cartão: “Me perdoe, volte para mim.”
Desisti de ligar, enviar mensagem, e ela não responder. Talvez assim ela me
ligasse.
Voltei ao escritório e fiquei de olho nos monitores esperando a entrega
ser feita. Na minha cabeça ela recebia, sorria quando lia o cartão, pegava o
telefone e me ligava dizendo que estava perdoado e que íamos ficar juntos.
Vi quando o rapaz da entrega entrou na empresa e pediu informações.
Depois se dirigiu à mesa de Ângela. Acho que eu deveria ter tomado um
calmante. Vi-a receber as flores, depois assinar e dar uma gorjeta ao rapaz,
que foi embora.
Ângela abriu o cartão e leu, passou os dedos devagar sobre minha letra.
Senti como se nesse momento ela estivesse passando sobre minha própria
pele. Ficou um bom tempo acariciando o cartão, olhou as flores e cheirou.
Depois de um bom tempo, pegou o vaso e foi até a mesa da ruiva que eu
tinha conhecido perto dos elevadores e que já não lembrava mais o nome,
colocou o vaso sobre a mesa, deu a volta e saiu. A ruiva se levantou, foi atrás
dela e a segurou. As duas discutiram e pouco depois ela estava de volta. Eu a
seguia pelos monitores como se estivesse vendo um filme de terror.
De volta à mesa, ela pegou novamente o cartão e o levou até o nariz.
Sabia que estava procurando meu cheiro, assim como eu procurava o dela nas
roupas que estavam em casa. Queria ir até ela, cheirá-la, beijá-la, sentir de
novo o gosto dela, queria levá-la para casa, queria sentir os dedos dela
brincando no meu corpo,
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deixar que ela me amasse, queria ouvi-la dizendo que me amava, como da
última vez que deixou o cheiro dela na minha cama. Estava pensando em
tudo isso quando ela beijou o cartão, rasgou-o em pedacinhos e jogou no lixo.
Nesse instante tive certeza, ela não voltaria.
Durante um mês tentei falar com Ângela de todas as formas possíveis.
Como já tinha virado meu costume, eu chegava cedo todos os dias só para vê-
la entrando. E naquele dia ela simplesmente me tirou o fôlego. Estava com
um vestido preto justo até os joelhos, com uma bota preta, boina e bolsa
vermelha, coberta com um casaco vermelho. Ela era deslumbrante e não tinha
noção do impacto que causava nos homens. No pequeno escritório ela
começou a fazer um strip-tease, tirou o casaco, as luvas, o cachecol e a boina,
ajeitou tudo em um cabide, depois agitou os cabelos. Ela não tinha ideia de
que eu ficava todos os dias seguindo cada movimento dela. Começou a
trabalhar, e eu também.
Minha rotina era passear meus olhos pelos monitores enquanto
trabalhava, detendo-me sempre em Ângela, mas agora meus olhos se
detiveram na portaria da empresa, Lucas estava conversando com o
segurança e tive certeza de quem ele queria ver. Pedi à Cíntia para ligar para
a portaria e ver quem de nós ele estava procurando.
– Ele está aqui para almoçar com a Srta. Rufinelli, senhor.
– Obrigado, Cíntia.
Eu não acreditava. Ela não podia sair com ele. Isso queria dizer que ela
realmente estava decidida a me tirar da vida dela, que queria seguir adiante.
Aquilo não podia estar acontecendo. O que o idiota estava pensando? Vir de
Vegas até aqui para almoçar com Ângela.
Ele entrou no andar em que Ângela trabalhava e ficou esperando na
recepção. Pouco depois ela saiu, ele a recebeu com um beijo na testa e eles
saíram. Eu olhei minha mesa, peguei minha carteira e meu celular e saí
apressado, queria ver aonde eles estavam indo.
Saí na rua, olhei ao redor e Duncan chegou e perguntou se eu queria o
carro. Disse que não. Quando vi os dois caminhando um pouco mais à frente,
comecei a caminhar a uma distância
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prudente, até eles entrarem na cantina italiana. Ângela devia ter sugerido, já
que ele era descendente de italianos. Entrei e vi os dois sentados em um
canto.
– Lucas! Que surpresa ver você aqui! Está um pouco longe de Vegas.
– Como vai, Leblanc? Sim, estou um pouco longe, resolvendo algumas
coisas.
– Será que você está querendo levar a nossa mais bela funcionária? –
disse isso olhando para Ângela, mas ela estava sentada fingindo olhar o
cardápio.
– Eu a levaria a qualquer lugar, ela só teria que dizer sim, não é,
querida?
Querida? Quem aquele idiota pensava que era para chamá-la de
querida? Travei meus punhos e vi vermelho.
– Não estou indo a nenhum lugar com você, Lucas, só viemos almoçar.
E não me chame de querida, não gosto desse adjetivo.
A voz de Ângela me trouxe de volta à realidade. Ela disse que não gosta
do adjetivo querida olhando diretamente para mim.
– Bem, que tenham um bom almoço. Foi bom te ver, Lucas, passe mais
tarde no meu escritório para podermos conversar melhor, não quero atrasar o
almoço de vocês.
Saí de perto deles antes de cometer uma loucura e procurei uma mesa
para ficar de frente para Ângela. Sentei-me olhando para ela, mas ela não
levantava a vista para mim.
– Oi, querido, nos encontramos de novo.
Aquilo não podia estar acontecendo. O que Loreta estava fazendo aqui?
Esqueci de dizer a Duncan que vigiasse Loreta, porque tinha certeza de que
ela estava me seguindo, não sabia com que propósito. Queria dizer a ela para
desaparecer da minha frente, mas isso só chamaria a atenção de todos os
clientes ali. Assim que me levantei para ela sentar-se, Loreta colocou sua mão
sobre a minha e se aproximou para me dizer algo. Levantei a vista e vi
Ângela e Lucas se levantando para deixar o restaurante, e eu estava preso ali
com Loreta, vendo como Lucas colocava as mãos nas costas de Ângela para
guiá-la através das mesas. Eles saíram e eu fiquei.
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Não sei o que comi, odiei cada segundo. Queria mandar Loreta para o
inferno enquanto ela falava besteiras no meu ouvido. Apenas acabei de
comer, disse a Loreta que tinha muito trabalho para resolver e voltei ao
escritório esperando ver Ângela, mas ela ainda não tinha voltado.
Caminhei de um lado para o outro. Ela estava atrasada. Não queria
imaginar onde ela estava ou o que poderiam estar fazendo. Conhecia bem
tipos como ele, não desistiam enquanto não conseguiam o que queriam. Não
é que eu não confiasse nela, mas ela estava fragilizada e Lucas ia querer se
aproveitar. Não sabia até onde Ângela poderia resistir. Olhei de novo os
monitores e a vi tirando o casaco, quase uma hora atrasada.
– Diga a Srta. Rufinelli para vir até minha sala.
Martin ficou mudo. Primeiro, eu nunca tinha ligado para ele, quem fazia
esse tipo de ligação era Cíntia; depois, eu nunca pedi para um funcionário ir
até minha sala, muito menos um estagiário. Mas precisava vê-la, se ele
tivesse tocado nela eu saberia, e ia matálo.
– Ela tem uma reunião marcada, mas vou mandar cancelar. Precisa que
ela leve algum documento?
– Não! Só peça para vir, agora.
– Ela já está indo, senhor.
Sabia que estava perdendo a razão. Math, Antônio e August, todos
estavam na empresa, e qualquer um deles poderia vê-la entrando em minha
sala, mas já não me importava, nada mais importava, encostei-me na mesa e
esperei, tenso. Quando Cíntia bateu, mandei entrar.
– A Srta. Rufinelli está aqui para vê-lo, senhor.
– Mande-a entrar.
Ângela entrou e não se moveu de perto da porta. Olhei para ela e vi que
continuava sendo minha. Fosse o que fosse que estivessem fazendo no
horário do almoço, com certeza não foi sexo. Fui até a porta, fechei e
tranquei.
– Mandou me chamar, Sr. Leblanc?
O perfume dela invadiu minhas narinas e eu não resisti, perdi o pouco
de controle que ainda restava em mim. Prendi o pequeno corpo dela entre o
meu e a parede e peguei a boca dela com
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a minha. Ela tentou me empurrar. Tentei pegar a língua dela com a minha,
mas ela resistia.
– Não faça isso com a gente, Ângela. Já fui castigado o suficiente, não
estou suportando mais.
Minhas mãos acariciavam os seios dela sobre o tecido, dava para sentir
a maciez do seio e a rigidez do mamilo. Levei minha mão à coxa dela, fui
subindo e levando junto o vestido macio. Levantei a perna dela e a travei
atrás do meu quadril, fazendo com que ela sentisse toda minha ereção e meu
desespero contra seu sexo. Quando ela gemeu, eu soube que tinha vencido.
– Quanto tempo, querida! Por favor, esqueça esse idiota do Lucas, não
posso pensar em você com ele.
Prendi a outra perna dela e a levei até minha mesa, queria o gosto dela
na minha boca, queria o sabor do sexo delicioso dela de novo, mas o vestido
não permitia, então o puxei sobre a cabeça dela, tirei o minúsculo biquíni e a
deitei nua sobre minha mesa, só vestida com as botas. Estava linda. O contato
da mesa fria com o corpo quente dela a fez tremer. Abri suas pernas, abri seu
sexo com delicadeza e deslizei meus dedos. Ela estava molhada, quente,
macia, me esperando. A cor arroxeada por fora, rosada por dentro, com o
clitóris de um vermelho intenso, uva e morango, meus sabores prediletos.
Desci minha boca e lambi lentamente, minha língua saboreando aquele mel
que deslizava dela. O sabor era divino, chupei com vontade, o gosto dela
invadindo minha boca, fazendo-me sentir em casa. Minhas mãos brincavam
com seus mamilos, fazendo-a se contorcer e gemer. Fui até sua boca e a fiz
provar seu próprio gosto em minha boca, ela pegou minha língua com a
mesma voracidade de sempre, me chupando e mordendo. Ela era minha
novamente, estávamos juntos de novo. Desci minha mão e brinquei com o
pequeno rubi, fazendo o líquido jorrar dela. Deslizei todo meu dedo dentro e
por fim pude ouvir o que tanto queria.
– Gabriel! – A voz dela me chamando quase me fez gozar.
– Sim, querida, estou aqui, e vou cuidar de você. Sentiu minha falta
tanto quanto eu senti a sua? Você me quer agora? Vou me dar para você.
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Onde eu estava com a cabeça para fazer isso? Eu a tinha chamado aqui
para conversar, me desculpar, implorar para ela voltar, e novamente a tinha
tratado mal. Loreta a tinha chamado de vadia, e ela sentia que eu a tinha
tratado como uma, e hoje, em vez de provar o contrário, eu tinha feito
exatamente isso, a tinha tratado muito mal. Mas que merda total!
Abotoei minha camisa e estava ajeitando o nó da gravata quando a porta
do banheiro se abriu. Ela saiu já vestida e com os cabelos impecáveis, mas o
rosto delatava o que tinha acontecido, estava corado e brilhante, os lábios
inchados e vermelhos dos meus beijos e mordidas, iguais aos meus.
Com a cabeça erguida, ela caminhou em direção à porta. Eu a segui e a
segurei pelo braço.
Pela primeira vez desde que entrou, ela me olhou direto nos olhos: –
Nunca mais volte a tocar em mim, Gabriel. Posso ter sido ingênua
acreditando em você uma vez, mas isso acabou. Posso te dizer uma coisa que
não sou e nunca vou ser: sua vadia, nem sua nem de ninguém. Estou aqui
para trabalhar decentemente, e não para servir você como sua prostituta
particular. Se tentar fazer isso novamente, eu levo você aos tribunais e te
processo por abuso e te destruo, Sr. Leblanc. Não se esqueça disso.
Não pensei que os olhos negros, quentes e cheios de vida de Ângela,
que eu já tinha comparado a piche derretido, pudessem ser tão gelados e
vazios. Continuou a caminhar em direção à porta e parou. Não se virou, não
disse nada, nem voltou a me olhar. Apertei o botão e destravei a porta, ela
saiu e fechou. No monitor vi quando passou pela mesa de Cíntia e depois
pela de Jennifer, parando em frente aos elevadores. Ambas olharam quando
ela passou. Tinham ouvido o que tinha acontecido na sala, mas nada
poderiam dizer. Segui-a saindo do elevador e se dirigindo à mesa da ruiva.
Conversou com ela por um instante depois se dirigiu novamente à sua mesa,
vestiu o casaco, as luvas, o cachecol e a boina, pegou a bolsa e saiu da
empresa. Entrei em pânico, Ângela tinha ido embora.
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Capítulo 19
Ângela
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tinha me dito, era ali que ele traria a garota especial, que poderia se tornar a
futura esposa, mas não seria eu. Enquanto isso ele continuaria levando vadias
ao apartamento. Eu não tinha conseguido preencher as expectativas dele, eu
não era essa garota.
– A senhorita está bem? Quer que chamemos o Sr. Rufinelli?
– Era a voz de Rafael, tinha me esquecido deles.
– Não, não precisa, só me leve para casa. E amanhã não precisa me
buscar, eu não vou trabalhar.
– Tudo bem, senhorita.
Entrei no apartamento vazio. Stella estava no trabalho, onde eu deveria
estar também naquele horário. Enchi a banheira e tirei minhas roupas,
coloquei tudo para lavar. Afundei-me na água quente, deixando somente meu
rosto fora, não queria pensar em tudo que estava acontecendo. Quando
Martin disse que Gabriel queria conversar comigo, eu imaginei um monte de
coisas, ele me pedindo perdão, dizendo que me amava e que eu era a mulher
da vida dele, tudo isso passou pela minha cabeça. Como se eu já não
soubesse que tipo de pessoa ele era.
Só para chegar lá e ver que ele queria o mesmo que sempre me
acontecia no colégio, me chamavam para as festas como se fossem minhas
amigas só para me humilharem. Com Gabriel era sexo, só sexo, para ele
sempre foi só isso, fui eu que cometi o erro de me apaixonar, agora ele se
aproveitaria disso. Talvez ele tenha rido de mim junto com aquela garota. Vê-
los juntos rindo hoje no almoço não foi fácil, se não fosse por Lucas eu teria
desmoronado. No mundo dele eu não passava de um brinquedo. Ele tinha
prometido ser só meu só para conseguir com mais facilidade tudo o que
queria, como transar sem proteção. E as fotos. Jesus! Tinha me esquecido das
malditas fotos. Como fui tão ingênua a ponto de enviar fotos íntimas minhas
para ele? Para quem será que ele tinha mostrado? Se essas fotos chegassem
aos olhos de Math, onde eu ia enfiar minha cara?
A água já estava gelada quando saí, e tive que tomar uma ducha para
aquecer meu corpo novamente. Em cima da cama meu telefone piscava,
avisando chamada perdida, olhei e vi que Math tinha me ligado. Joguei a
toalha no chão e me enfiei embaixo do edredom, nua. Enviei uma mensagem
dizendo que estaria
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ela só voltaria na segunda. Tomei minha água, voltei para a cama e me enfiei
de novo debaixo do edredom sem força para nada. Estava um pouco zonza,
talvez por falta de alimento, mas minha vontade de existir tinha me
abandonado.
À tarde Math apareceu e me tirou da cama, forçando-me a tomar um
chá.
– Stella te ligou?
– Sim, ela me ligou, e ela tinha razão. O que está acontecendo? Eu
nunca te vi assim, Ângela, essa não é você. Tentei te ligar, mas seu celular ou
está desligado, ou sem bateria.
– Não precisava vir, é só um resfriado, já estou melhor. – Tomei meu
chá devagar enquanto ele tomava uma cerveja.
– Vou fingir que acredito. Trouxe uns filmes novos, escolha um.
– Pode colocar qualquer um, não sei se vou conseguir acompanhar.
Ele pegou a xícara vazia da minha mão, colocou-a sobre a mesa de
centro e me puxou para o colo dele.
– Está difícil aceitar a mentira. Tanto eu, como você sabemos que não
há nenhum resfriado. Vai me contar o que está acontecendo? Você comeu
alguma coisa além deste chá hoje?
Baixei minha cabeça, não queria mentir de novo.
– O que aconteceu ontem?
Fiquei calada novamente.
– Olhe para mim, Ângela. Me conte o que está acontecendo. Rafael me
disse que você não saiu bem de lá, eu quase liguei para Martin para saber o
que tinha acontecido.
– Nada, não há nada acontecendo. Eu estava indisposta e hoje dormi o
dia todo, perdi a hora.
Ele não engoliu completamente minha mentira, mas não insistiu. Foi
até a cozinha e colocou um prato de sopa de frango no micro-ondas, voltou e
coloco-o na minha frente.
– Se foi só isso, então coma um pouco agora.
Comi devagar, forçando bocado a bocado. Não podia contar o que tinha
acontecido entre mim e Gabriel, ele não o perdoaria
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Capítulo 20
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Gabriel
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sofá onde ela me montou, foi aí que conheci o lado selvagem dela e
enlouqueci. Tudo continuava no mesmo lugar. Eu voltei para a sala,
precisava urgente de alguma coisa forte. Coloquei umas tantas doses de
tequila e virei tudo de uma vez. Achei a garrafa de saquê, que ainda estava
fechada, nunca tinha tomado, despejei no copo e tomei também. Meu corpo
foi sacudido por um tremor. Deixei, peguei a garrafa de conhaque e fui para o
quarto. Entrei no closet, tinha esperança de que Louise tivesse esquecido
alguma coisa dela. Era um inferno ter funcionários tão eficientes, não tinha
nada, absolutamente nada dela, era como se ela nunca tivesse estado aqui.
Acordei completamente grogue com Antônio me sacudindo.
– Ei, você está bem? Você tomou toda essa garrafa sozinho? Tá
querendo morrer?
– Muitas perguntas, Antônio, e não estou em condições de registrar
nenhuma. O que você quer?
– Estamos na sala, não sabia que você estava aqui, só entrei porque a
porta estava aberta. Mas o que aconteceu? Você não é de beber.
– Já te disse, não me faça perguntas. E não estou a fim de festas.
– Loreta está aí, você quer que eu a chame?
– Oi, querido! Nossa você parece acabado. – A voz de Loreta estava
ferindo meus ouvidos.
– Antônio, chame alguém para vir me buscar, estou indo para casa.
– Deixe, Antônio, que eu vou cuidar dele e depois chamo.
– Loreta disse se sentando na cama, onde eu estava desabado. E Antônio saiu.
Acordei quando o sol estava entrando no quarto. Eu estava nu,
dormindo abraçado com Loreta, nua também. Não podia acreditar. Saí de
perto dela, ainda estava meio zonzo. Vestime tratando de não acordá-la, não
estava a fim de conversar. Eu tinha dormido com ela na mesma cama de
Ângela, agora eu realmente sentia nojo de mim. Liguei para David e, menos
de meia hora depois, estava em casa.
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a tarde na cama com a desculpa de que está com gripe. Ele vai passar lá
depois do almoço.
– Ela deve estar sofrendo, e tudo por minha culpa.
– O que eu não entendo é, se ela gosta de você e você gosta dela, por
que não podem ficar juntos?
– Ângela sempre foi insegura. Meu passado com muitas mulheres
sempre a fez duvidar que eu quisesse realmente me relacionar com ela. E ela
é muito insegura em relação a ela também, não se acha bonita, sempre dizia
que não tinha nada a oferecer a mim, que já tive de tudo.
– Nunca imaginei que Ângela não se achasse bonita. Aqui na empresa
eu já ouvi vários executivos comentando sobre ela.
– O quê? Eu já separei a ficha de alguns folgados que ficavam
esperando por ela no elevador, estou a um respiro de colocá-los na rua, e
você vem com essa agora.
– Fique tranquilo, só ouvi elogios sobre a linda estagiária de
comunicação. E foram só os que tiveram a sorte de cruzar com ela. Mas ela
nunca dedicou a nenhum deles um segundo olhar, você pode ter certeza.
– Eu sei, foi difícil convencê-la a ficar comigo, e depois eu prometi que
não teria nada com ninguém enquanto ela ficasse comigo, mas sempre
acontecia alguma coisa. Eu tentava me defender, explicar, mesmo assim ela
parecia viver na dúvida. Ontem, por exemplo, eu fui almoçar e Loreta
apareceu do nada, se enroscando em mim. Logo depois ela saiu com Lucas.
Eu sei que ela deve ter pensado que tinha marcado um encontro com ela, mas
não foi assim.
– Bom, se eu souber de alguma coisa te ligo.
Desliguei e me desliguei também. Chamei Cíntia com tudo que tivesse
para ser posto em dia, era o único jeito de esquecer, com muito trabalho.
Esquecer com bebida nunca mais. Cíntia entrou com várias pastas e não me
olhou nos olhos. Melhor assim. Começamos a trabalhar.
– O senhor quer que eu peça algo para almoçar ou vai sair?
– Não, não vou sair, peça algo da cafeteria aqui mesmo. – Eu olhei o
relógio, quase uma hora, ela devia estar morrendo de
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fome. – Pode sair para almoçar também, Cíntia, só peça que me entreguem.
Ela anotou meu pedido e saiu da sala. Eu, por costume, liguei os
monitores. A pequena sala de Ângela continuava vazia. Não voltei a
trabalhar com Cíntia. Depois do almoço fui conversar com Math.
Passei por Jennifer, Lúcia e entrei na sala, ele estava se preparado para
sair. Não sabia como perguntar, porque era muito desconfiado com tudo que
se referia à Ângela. Decidi não perguntar e esperar ele falar alguma coisa.
Deu certo.
– Já está de saída?
– Sim, Stella me ligou dizendo que Ângela não levantou essa manhã e
que ela vai passar o fim de semana na casa dos pais do namorado dela. Ela
está preocupada por deixá-la sozinha, mas eu vou levá-la para velejar, é a
única coisa que eu conheço que deixa Ângela feliz.
– Mas não está fazendo muito frio para velejar?
– Isso nunca foi problema para ela. Vou tentar descobrir o que está
acontecendo, se ela está com algum problema. Ela sempre me contou tudo.
– Me avise se eu puder ajudar de alguma forma – eu disse enquanto
caminhava com ele até o elevador.
Voltei para minha sala e me preparei para ir embora também. Desci e na
garagem Duncan estava me esperando com o carro ligado.
– Para onde, senhor.
– Para casa.
Não pretendia voltar àquele maldito apartamento. Não tinha nenhuma
lembrança de Ângela lá, e agora tinha coisas que eu não queria lembrar.
Passei um fim de semana no inferno. Liguei várias vezes para August,
mas ele não tinha notícias deles. Na segunda madruguei no escritório, liguei
tudo e tranquei minha porta. Se Ângela não aparecesse, eu ia enlouquecer. Às
oito, uma hora antes do horário normal, eu a vi entrando. Fiquei em choque.
Não era a mesma
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Capítulo 21
Ângela
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Jennifer e Cíntia realmente não eram de fofocas, porque eu sabia que elas
tinham ouvido o que tinha acontecido no escritório de Gabriel.
Lembrei que minha menstruação deveria ter descido naquele dia, uma
semana depois de ter estado com Gabriel. Depois da história do apartamento,
eu tinha desistido das injeções, mas como a bula dizia que eu ficaria irregular
por um tempo, não fiquei muito preocupada.
Tentei esquecer minha história com ele, não valia a pena. Eu tinha dito
a Stella que tinha acabado e ela se desfazia em busca de programas para me
alegrar, mesmo que eu dissesse que estava tudo bem. Saímos e fomos jantar,
com Josh sempre em nossa cola.
– E aí, como você está com James? E quando vou conhecê-lo?
– Nós estamos muito bem, quero que você o conheça. O que acha de
sairmos para dançar? Ele pode te apresentar alguns amigos dele.
– Não, Stella, por favor. Eu não quero conhecer ninguém, só quero ficar
no meu canto. Adoro essas saidinhas com você porque é você, só por isso,
mas não estou a fim de conhecer ninguém no momento.
– Puxa, esse idiota te machucou mesmo, nunca te vi assim. Não sei
como ele pôde te magoar, Ângela, você é a pessoa mais doce que eu conheço.
Eu tenho vontade de matar o imbecil.
– Não importa, Stella. Só quero esquecer. E para isso não preciso de
ninguém. Vamos mudar de assunto. Como está seu trabalho na revista?
Stella disparou a contar todas as novidades. Como eu, ela também
amava o que fazia. Eu fiquei ouvindo-a falar até o final do jantar. Chegamos
em casa tarde, era noite de sexta e Stella não iria trabalhar no dia seguinte,
mas eu sim, então fui direto para a cama.
Entre reuniões para entrega de convites aos empresários, coletiva com a
imprensa, almoços intermináveis, a semana passou, e só voltei a me
preocupar na semana seguinte, quando me levantei enjoada. Olhei o
calendário, era a terceira semana de atraso. Eu nunca tinha sido muito
regular, não estava tão preocupada, mesmo assim tentei falar com minha
ginecologista, mas não consegui.
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Ainda tinha esperança de ser o efeito das injeções, que tinham me deixado
ainda mais irregular, e que tudo se normalizaria.
– Você está linda! – A voz de Stella me fez sorrir. – Algum encontro?
– Não! Vou acompanhar Martin na entrega de mais um convite. Como
são dois casais, ele me pediu para acompanhá-lo.
– Esse seu emprego é demais! Almoços, jantares com ricos e famosos,
viagens, nossa!
– Também amo meu trabalho! Bem, vou indo. Martin já está me
esperando.
Martin tinha feito a reserva em um restaurante especializado em carne
argentina. Fiz meu pedido de um filé grelhado bem passado. Martin
conversava com os homens enquanto eu confraternizava com as esposas,
eram alegres e educadas, nada das socialites chatas e arrogantes.
O prato foi posto em minha frente, cortei uma pequena porção e um
suco rosa apareceu. O cheiro de sangue me invadiu. Apenas tive tempo de me
desculpar e correr para o banheiro, vomitando minha alma ali.
Quando saí, Selena e Mônica, as duas esposas, estavam me esperando
com olhares preocupados.
– Nossa! Você está muito pálida, sente-se aqui.
Fiquei agradecida porque me sentia realmente fraca e sentia que poderia
cair a qualquer momento. Uma toalha fresca tocou minha testa e pouco a
pouco minhas forças voltaram.
– Me desculpem, mas já me sinto melhor. Me sinto horrível por estragar
o jantar de vocês.
– Não se preocupe com o jantar, você realmente passou mal com aquele
prato. Desculpe perguntar, mas você está grávida?
– Não! Não estou. Acontece que não estou acostumada com carne
vermelha e aquele líquido rosado no meu prato me lembrou sangue.
Realmente me fez mal, mas já passou, podemos voltar.
Voltamos à mesa e me desculpei. Todos foram muitos gentis. Eu tinha
perdido a fome do salgado, mas minha fome de doce estava ótima, o brownie
com sorvete foi perfeito. No final do jantar, todos estávamos rindo do meu
mal momento.
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tinha medo das acusações e ofensas que viriam, e vadia oportunista deveria
ser a menor de todas. Eu pegava meu celular várias vezes por dia tentando
marcar um encontro, mas o riso da loira, ou os dois almoçando e
cochichando, quando eu estava com Lucas, vinham à minha mente eu
desistia. E assim o tempo ia passando.
O ultrassom tinha sido marcado para o fim da tarde e eu estava ansiosa.
Terminei todo o serviço e saí da empresa. Como de costume, Josh estava me
esperando a uma quadra. Entrei no carro e disse que tinha uma consulta com
o dermatologista, ele já sabia o endereço.
Estava deitada com meu ventre exposto enquanto a doutora passeava o
aparelho de um lado a outro, parava e logo continuava. Eu olhava fixamente
os movimentos em um monitor à minha frente, mas não conseguia entender
nada, só ouvia um barulho estranho. No fim ela parou e me olhou, voltou a
deslizar o aparelho de forma vagarosa, deixando-me nervosa.
– Algum problema, doutora?
– Olhe, mamãe, eu não chamaria de problema, mas terei que dar a você
um duplo parabéns, porque são dois, são gêmeos.
Apaguei.
– Srta. Rufinelli? Srta. Rufinelli? A Srta. está bem? – A voz que
chamava meu nome parecia vir de muito longe, concentrei-me nela até
perceber onde estava e quem me chamava.
– Eu estou bem, obrigada – consegui responder.
– Quem está acompanhando você? – ela me perguntou preocupada.
– Eu estou sozinha, não estou com ninguém.
– Não posso deixar você sair assim, temos que chamar alguém para
buscá-la.
– Não precisa, tenho um motorista me esperando para me levar para
casa.
– Que bom, assim fico mais tranquila. Da próxima vez terá que trazer
alguém com você. Na nossa consulta anterior você tinha me dito que seu
namorado não sabia de nada, já contou a ele?
– Ainda não, estou criando coragem para contar.
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ligar para a doutora para aumentar a dose do remédio. Ela disse que era
normal e que a tendência era diminuir a partir da décima segunda semana.
Ainda bem que o aumento da dose ajudou. Com a viagem marcada, eu tinha
que ficar bem.
Não tentei voltar a falar com Gabriel. Falaria com ele em Deli, seria
mais tranquilo.
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Capítulo 22
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Gabriel
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– Já sei que você está querendo escapar, mas eles sempre querem saber
de onde vem o dinheiro, como neste caso que é uma obra beneficente. E isso
é contigo.
Ele saiu e eu chamei Cíntia para que me informasse de todas as
novidades e preparasse tudo sobre Deli que eu iria precisar.
– Aqui está a pasta de Deli, senhor. E no dia que o senhor viajou, logo
depois que saiu a Srta. Rufinelli esteve aqui para vê-lo.
Cíntia disse essas palavras de forma tranquila, como se estivesse me
informando do tempo, enquanto eu me segurava para não cair. Limpei minha
garganta e perguntei: – Ela disse o que queria?
– Não senhor. Ela só perguntou se o senhor poderia recebê-la. Como eu
disse que tinha viajado, ela agradeceu e se foi.
Minha vontade era de pegar Cíntia pelo pescoço e jogá-la pela janela,
mas ela não tinha culpa, como ela poderia saber que eu teria deixado tudo e
voltado correndo ao escritório para falar com ela?
– Certo. Obrigado, Cíntia.
Ela saiu e eu deslizei em minha cadeira. Uma luz se acendia, trazendo
de volta a esperança. Agora eu tinha um motivo para procurá-la em Deli.
Liguei para August, precisava compartilhar minha felicidade ou explodiria.
– Ângela veio me procurar – eu disse assim que ele atendeu.
– Como? Ela não está em Deli?
– Não, seu idiota, ela veio me procurar justo no dia em que viajamos.
Maldita viagem! Se eu soubesse que ela viria, não teria viajado.
– Mas por que ela não te ligou se queria falar contigo?
– Não quero saber, a única coisa que me importa é que ela está
querendo falar comigo, e agora vou fazer de tudo para que essa conversa se
torne realidade.
– Nossa, até que enfim. Espero que se acertem, já não aguento ver sua
cara de merda todos os dias.
– Não enche, August. Para que horas o nosso voo está marcado? Quero
sair daqui agora.
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jantar. Com isso decidido, liguei para a recepção e pedi um jantar no quarto
para o dia seguinte, passei todas as especificações nos mínimos detalhes.
August me ajudaria a escapar do último jantar.
Com muito esforço olhei para o relógio às seis da manhã e saí cama.
Era quinta-feira e estávamos com o cronograma totalmente atrasado. Amanda
estava fazendo o possível para não cancelar os compromissos e encontros
com empresários, políticos, imprensa, almoços e jantares. E ainda tínhamos a
grande festa de inauguração no dia seguinte. Depois de quatro dias estávamos
mortos. Desci até o ginásio do hotel para uma corrida e August já estava na
esteira.
– E aí? Vai tentar falar com ela hoje?
– É a única certeza que eu tenho, hoje trago Ângela de volta para mim.
No dia em que Ângela me deixou no escritório e eu quase matei August
com uma calculadora, contei a ele tudo e ele não me decepcionou, tinha me
apoiado em tudo. Sempre que tinha alguma informação de Ângela, ele me
contava, pois sabia que eu vivia dependente da vida dela.
– Você já planejou tudo? Tem tudo sob controle?
– Claro, não vou participar do jantar desta noite, já pedi para servirem
um jantar especial no meu quarto. Penso buscá-la para conversar às oito,
mais ou menos. Talvez ela resista. Vou usar a desculpa de que Cíntia disse
que ela queria falar comigo.
– Espero que dê certo. Math e Antônio já estão pensando que você está
enlouquecendo.
– Vai dar! Tem que dar!
August foi meu suporte nestes meses. Depois de contar a ele tirei um
peso dos ombros. Era bom ter sempre alguém para desabafar, e ele me
apoiou quando disse que não estava brincando com ela, que era sério o que
eu estava sentindo.
Depois da academia tomei uma ducha rápida e desci para o café. Math e
Antônio já estavam lá. Entrei no salão e August entrou logo atrás. Minha
cabeça girou como um imã e localizei Ângela sentada de costas, a algumas
mesas da nossa.
– Andando. – Senti o empurrão de August e continuei a caminhar.
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que fosse Ângela, mas um frio fez meu corpo se afastar, ele não reconhecia
aquele toque. Virei-me e vi o inferno: Loreta nua, no banheiro comigo.
– Mais que merda! O que você está fazendo aqui em Deli? E dentro do
meu banheiro?! Como você entrou no meu quarto?
– Uma pergunta por vez querido! Estou aqui em Deli a convite de um
amigo para a festa de inauguração. Vim aqui no seu quarto para falar contigo,
e estou dentro do seu banheiro porque ouvi o chuveiro e não resisti,
imaginando você nu e molhado debaixo da água. A porta estava aberta, não
precisei bater.
Empurrei Loreta, saí do banho, enrolei uma toalha na cintura e joguei
outra para ela.
– Vista-se, você não pode entrar no quarto das pessoas só porque a porta
está aberta!
– O que está acontecendo com você? Por que toda essa grosseria
comigo? Você nunca me tratou assim.
– Isso foi antes de descobrir que você estava me seguindo.
– Você está louco, eu nunca te segui. Mas isso não importa. Como eu
disse, estou aqui acompanhando um amigo e aproveitei para conversar com
você. Eu já tentei várias vezes em Boston, mas você não responde, não
devolve minhas ligações. Sua AP interdita todas as minhas chamadas.
– Não tenho nada para conversar com você. Deixei isso bem claro
quando não respondi suas ligações. Vista-se e saia daqui.
Eu comecei a sair do banheiro, mas ela pegou meu braço e me puxou de
volta.
– Não, querido! Você não vai sair daqui até conversar comigo!
– Mas que merda! Volte para Boston e marque uma hora com Cíntia,
vou conversar com você, lá. Tenho um compromisso agora e não quero me
atrasar.
– Querido, é sério, você vai conversar comigo aqui e agora.
– Pare de me chamar de querido e tire as mãos de mim.
Ela secou um pouco os cabelos e se enrolou na toalha. Era melhor ouvir
o que ela tinha a dizer. Se eu me negasse, ia demorar ainda mais, e ela não
parecia disposta a ir embora.
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noite. Se ela significasse alguma coisa eu a teria levado para minha casa,
minha cama. – Terminei de falar e ouvi um barulho de pratos caindo. Olhei
para a porta, que estava semiaberta, e vi Ângela, que se segurava no carrinho
do jantar para não cair e me olhava com horror e nojo.
– Quem é essa, querido? – Loreta falou primeiro, já que eu tinha ficado
mudo.
Ela se recuperou rápido e foi em direção à porta. Corri e a alcancei
antes que saísse. Coloquei minha mão, impedindo-a de abri a porta.
– Deixe me sair, por favor!
– Ângela, espere, precisamos conversar. Não é verdade o que você
acabou de ouvir.
– Você não me respondeu. Quem é essa, querido?
Senti os braços de Loreta como uma cobra se enrolando em minha
cintura, me abraçando por trás. Eu fiquei sem reação e parecia que o mesmo
tinha acontecido com Ângela, que estava petrificada no lugar.
– Eu conheço você de algum lugar, ratinha? – Loreta disse e Ângela
parecia aterrorizada.
– Preciso sair daqui, Gabriel. Abra a porta, por favor – repetiu Ângela e
pude perceber que estava tremendo.
– Ângela, vá para seu quarto. Eu já vou lá conversar com você.
– Diga-me só uma coisa, Gabriel. Esse filho que ela está esperando é
mesmo seu, ou eu ouvi errado? – Ângela tremia visivelmente. Tentei tocá-la,
mas ela se retraiu. Não consegui olhar para ela e responder. Eu não sabia,
mas existia sim a possibilidade de ser meu filho. A boca cruel de Loreta
entrou em ação novamente.
– Sim, querida, vamos ser papais. Se você tinha alguma esperança, pode
ir desistindo.
– Quer calar essa maldita boca!?
– Abra a porta, Gabriel.
– Vou abrir. – Apeguei-me ao que Cíntia tinha me dito como uma tábua
de salvação. – Cíntia me disse que você foi me procurar, queria falar comigo.
Ângela, me dê alguns minutos e vou falar com você.
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