Um Recomeço Quase Estúpido
Um Recomeço Quase Estúpido
Um Recomeço Quase Estúpido
estúpido
Duologia
Estúpido – Livro 2
Manuele Cruz
Copyright © 2016 Manuele
Cruz
1° Edição – 2016
Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução no todo
ou em parte, por quaisquer
meios, sem a autorização da
autora.
1- O livro é um
romance, mas, em
algumas cenas, contém
violência;
2- Apesar de ser uma
duologia, contém mais
três livros que se
completam;
3- A partir do
terceiro livro (Spin-off) a
história é contada na visão
dos outros personagens,
mas sempre
complementando a
história anterior;
4- Lugares,
personagens e leis (em
relação à justiça) são
fictícios, frutos da
imaginação da autora,
nada tem a ver com a
realidade;
5- Esse livro marca o
final da história de Jessica
e Christopher, mas eles
continuam aparecendo
nos próximos livros.
Sinopse
Esse é o segundo livro
da duologia Estúpido,
continuação de ''Meu chefe
estupidamente arrogante''.
Christopher jurou que
protegeria a única garota que
o fez sentir algo, além de
atração sexual. Mas, isso
acabou quando ele descobriu
quem ela é de verdade.
A sua vida estava
completamente entediante, até
que conheceu um pequeno
bebê em uma noite. A noite
que mudaria a sua vida e ele
perceberia o erro que
cometeu.
Depois de ter sido
humilhada pelo homem que
mais amou, Jessica continua
vivendo sua vida com os seus
dois melhores amigos e com o
seu filho, Andrew, fruto do
seu relacionamento com
Christopher Dalgliesh Junior.
Jessica não sabe mais o
que fazer para se sustentar,
seu filho ficou doente e as
contas estão atrasadas, mas a
solução bate em sua porta.
Junto com a solução, veio
também, o seu passado.
Jessica detesta admitir,
mas ela ainda precisa de
Christopher para salvar o seu
filho. Não apenas de
Christopher, mas de todos que
puderem ajudar.
Prólogo
Jessica
1 ano e 6 meses depois...
Termino a limpeza e a
minha coluna já está me matando.
Saio do trabalho e vou para
casa, são quase 40 minutos de
caminhada. Não posso ter o luxo de
pegar algum transporte, tenho que
economizar em tudo.
Entro em casa e sou
recebida com o riso de Drew.
— Oi, meu amor. — pego
Drew no colo e o abraço. — Sentiu
a minha falta?
— Claro que não, estava
com a melhor tia do mundo. — Britt
imita a voz de uma criança.
— Mas a mamãe é melhor.
— Drew ri. — Onde está a Carol?
Carol é a babá de Drew, ela
tem 15 anos e foi à única pessoa
que encontrei para cuidar do meu
filho.
— Teve que resolver algum
problema em casa. — responde. —
Por sorte, eu estava em casa. Você
chegou tarde.
— Paul me pagou para
limpar a lanchonete.
— Eu odeio esse cara.
— Também, mas ele é o
único que me aceitou.
— Alejandro vai inaugurar
o novo clube amanhã. — Britt diz
com um sorriso.
— Por que abrir outro clube
na mesma cidade?
— Esse é para as pessoas
ricas, o outro é para as pessoas de
baixa renda.
— Vai trabalhar em qual?
— Ainda não sei. Quero
trabalhar nos dois.
— Não, Brittany! — falo
imediatamente. — Você já tem
muito trabalho, não tem porque
fazer mais.
— Estamos ficando cada
vez mais pobres e Drew precisa de
remédio. Olhe ao redor, esse
apartamento é um habitat para as
bactérias, fungos e os vírus.
— Nem me fale. — falo
com tristeza. — Irei à procura de
outro emprego. Será que Alejandro
tem uma vaga para mim?
— Funciona pela noite,
esqueceu? Não tem ninguém para
ficar com Drew.
— Não sei mais o que fazer.
— sento no sofá. Drew espirra. —
A alergia já está voltando.
Alguém bate na porta.
Brittany levanta para atender.
— Boa noite. — o dono do
prédio entra. — Vim conversar com
vocês sobre o aluguel. Vou dar o
prazo de duas semanas, depois
disso, vocês terão que ir embora
daqui. Sinto muito.
— Não poderia aumentar o
prazo? — Brittany pergunta. —
Drew ficou doente, tivemos que
comprar remédio para ele.
— Sinto muito, mas preciso
pagar as minhas contas. Duas
semanas, depois disso, vocês terão
que sair.
Ele sai do apartamento.
— O que faremos agora? —
pergunto.
— A conta do cartão
chegou. — Britt avisa. — Estamos
atrasadas com todas as contas, o
que ganhamos não está sendo
suficiente.
— Fale com Alejandro,
pergunte se ele precisa de uma
garçonete.
— O trabalho é à noite,
quem vai ficar com Drew?
— Sempre arrumamos um
jeito. Eu vou procurar mais um
emprego, faxineira, cozinheira,
qualquer coisa. Não posso deixar
Drew sem os remédios da alergia e
sem um lar.
Capítulo 1
Christopher
Sinto-me um psicopata. Um
serial killer em busca da próxima
vítima, mas, isso é apenas a culpa
me corroendo.
Estou sentado nesse chão há
tanto tempo, talvez horas, dias,
semanas, não sei. Só sei que faz
nove meses que não vejo Jessica.
Olho a parede e vejo todas
as fotos dela, desde o momento em
que a sua barriga não aparece, até o
momento em que já está com nove
meses de gravidez.
Acompanhei todo esse
momento, mas nunca tive coragem
de me aproximar. Não passo de um
covarde.
Tomo mais da minha garrafa
de uísque.
Estava no hospital quando o
bebê nasceu. A médica é uma amiga
da família, consegui todas as
informações com ela. Lembro que a
doutora perguntou se eu queria falar
com Jessica, não aceitei, não estava
pronto para reencontra-la. Ela
também perguntou se eu queria
conhecer o ''recém nascido'',
neguei.
Ainda tenho medo de
conhecer esse bebê. Passei nove
meses seguindo Jessica,
certificando-me que ela estava bem,
mas, depois que o bebê nasceu,
tornei-me um covarde pior ainda.
Tenho medo de ver essa criança e
perceber que aqueles vídeos e as
fotos são verdadeiros.
Tentei oferecer emprego,
mas Jessica não aceitou, claro que
não aceitaria. Ao invés disso, eu
dei todos os móveis para a sua
casa. Paguei para que uma mulher
se passasse por dona de uma ONG
que apoia mulheres grávidas que
não tem família, ela fez a entrega de
todos os móveis. Eu estava de
longe e vi a felicidade de Jessica.
Aquilo não melhorou em
nada a minha culpa.
Continuo olhando para as
fotos me perguntando como ela e o
bebê estão.
Será que Jessica ainda está
com aquele cara?
Dou um trago em meu
cigarro e volto a olhar as fotos. A
última é a que mais me irrita.
Jessica grávida e toda sorridente
para esse cara. O sorriso que um
dia já foi meu, agora pertence a
esse homem que não faço a menor
de quem que seja, mas que está com
ela desde o dia em que fui atrás de
Henry. Na verdade, eu nem sei
desde quando eles estão juntos.
— Você continua nessa? —
Matt entra no quarto. — Você vai
acabar se matando.
— Talvez seja o melhor. —
dou um trago no cigarro e bebo o
uísque. — Menos um lixo humano
no mundo.
— Você se tornou um
covarde depressivo. Olhe só para
você, está todo acabado graças às
bebidas e o cigarro. Só fica
trancado nesse quarto, olhando
essas fotos como um psicopata,
ouvindo essas músicas e tocando
guitarra. Você está se afundando
ainda mais.
— Talvez eu queira me
afundar.
— Você está levando várias
pessoas com você. A empresa está
perdendo investidores, estamos
cada vez mais em queda.
— Que caia. O que adianta
tanto dinheiro se ela não está aqui?
— Vai atrás de Jessica.
— Ela me traiu. — falo com
tristeza.
— Essa história está mal
contada, ainda não acredito nisso.
— Você viu o vídeo e as
fotos, os seguranças confirmaram
tudo.
Há quase dois anos, eu
recebi várias mensagens pelo
celular. Um vídeo de Jessica
transando com um homem, poderia
ser uma montagem, mas eu
reconheci o seu quarto. Na
mensagem dizia:
Fique longe da minha
mulher. Você tirou algo que é meu,
agora estou pegando de volta.
Uma série de fotos dos dois
juntos apareceu para mim. A mais
recente era de Jessica e o homem
conversando. Voltei imediatamente
para casa, a viagem não foi longa.
Chamei James e ele me confirmou
que viu a conversa dos dois, mas
ele disse que não viu maldade
alguma. Falei com os três
seguranças e com Damien, eles me
confirmaram que viu esse homem
na casa de Jessica, mas eles não
viram motivo para se preocupar.
Eu realmente investiguei, e
todos me confirmaram que Jessica
estava com aquele homem.
Talvez eles continuem
juntos. Tenho algumas fotos em que
os dois estão muito animados
conversando. Em uma das imagens,
o homem acaricia a barriga de
Jessica que já estava saliente. Eu vi
com meus próprios olhos o
momento em que eles se abraçaram
quando Jessica foi fazer algum
exame.
— Jessica merece algo
melhor do que você! — Matt grita.
— Você não passa de um merda que
fica se acabando, ao invés de
buscar a verdade.
— Eu procurei e encontrei.
— falo com raiva. — Você viu
todas as provas.
— Quer saber? Fique aí
nessa, deixe o caminho livre para
Jessica e o bebê.
— Nem sei se o bebê é
meu.
— Você ajudou a criança
indiretamente, pagou os exames de
Jessica e fez de conta que foi a
médica que ficou sensibilizada com
a história, mobiliou a casa e
comprou as coisas para o bebê...
— Fui um verdadeiro
idiota, a garota me trai e eu ainda a
ajudo.
— Você foi um merda de um
covarde. Não quis saber se o filho
é seu.
— Tenho medo. — admito.
— Se eu ver aquela criança e eu ter
a confirmação de que ela não é
minha...
— Você é um merda.
Merece todo o sofrimento. Sabe o
que mais? Espero que esse filho
seja realmente seu e que Jessica
encontre um cara melhor que você.
E a melhor parte? Enquanto você
estiver aqui se matando, ela e o
bebê vão estar felizes em uma
família, com um homem de verdade
e não com um covarde como você.
Essas palavras me tiram do
sério. Jogo a garrafa e o cigarro no
chão. Depois, tento levantar e vou
para cima de Matt. Mas, antes que
eu faça qualquer coisa, ele acerta
um soco na minha cara.
— Olhe só para você, nem
consegue desviar de um soco. —
zomba. — Será muito divertido.
Tento acertar golpes, mas
em nenhum momento consigo. No
fim, Matt já está em cima de mim,
me imobilizando e tentando quebrar
meu braço.
— Você vai parar de ser um
merda covarde e vai atrás de toda a
verdade.
— Você viu toda a verdade,
ela está com outro. — ele puxa o
meu braço para trás.
— Já quebrei seu braço uma
vez, não vejo problema em fazer de
novo. — bato a minha no chão e ele
me solta. — Arrume-se. Nós vamos
para a inauguração do clube de
Alejandro.
— Tudo isso apenas para
vermos mulheres nuas? — começo
a movimentar o meu braço tentando
me livrar da dor.
— Ande logo. Estarei lá
embaixo.
Dou uma última olhada na
foto em que Jessica está sorrindo e
olhando para a sua barriga. Depois,
vou para o banheiro e tomo um
banho.
Olho-me no espelho e vejo
a merda que estou. Minha barba já
está grande, tenho grandes olheiras
e estou abatido. Quem diria que
uma mulher faria isso comigo...
— Consegui um extra na
lanchonete, terei que trabalhar até
tarde da noite, acho que chegarei
em casa pela madrugada. — aviso.
— E quem ficará com
Drew? — Brittany pergunta.
— Você. — respondo. —
Hoje não será a inauguração do
clube de Alejandro? Então, você
fica com ele, depois eu resolvo
como ficarão as coisas.
— Será muito divertido.
Não é? — Britt começa a brincar
com Drew.
— Preciso resolver as
coisas. — falo com preocupação.
— Estamos cada vez mais pobres.
Pagamos os remédios de Vicent e
de Drew, e a alergia dele já está
voltando.
— Iremos conseguir.
Conseguiremos mais empregos.
— Está difícil encontrar
emprego.
— Mas conseguiremos.
— Bom dia, pessoas. —
Vicent entra em casa. — O trabalho
está me matando.
Vicent trabalha como
segurança do clube pela manhã.
Acho que Alejandro ficou com pena
dele e resolveu dar esse emprego.
Vicent tem medo de barata,
imagine de ladrão.
— Consegui um horário
extra na lanchonete. — repito para
Vicent.
— Vai trabalhar mais para
aquele velho? Quando nossa
situação financeira melhorar, eu irei
acabar com ele.
— E eu vou junto. — Britt
concorda. — Tenho muita raiva
daquele velho.
— Então seremos três. —
levanto do sofá. — Agora, preciso
ir trabalhar.
— Tenho tanta raiva por ter
ajudado aquele cara. — Vicent soa
chateado. — Teríamos mais
dinheiro agora.
Há alguns meses, Vicent foi
vítima de um assalto. Ele estava
voltando para casa e viu um cara
morrendo. Vicent foi ajudar e dois
caras o assaltaram. Levou todo o
salário que ele tinha acabado de
receber e ainda o espancaram. Ele
ficou internado por muito tempo,
cada noite custou muito caro, fora
os remédios, exames e a
fisioterapia.
— Não foi culpa sua. — o
asseguro. Ele até hoje se culpa por
isso. Até a algum tempo atrás, ele
estava depressivo por isso. Vicent
acha que, se não fosse assaltado
naquele dia, nós teríamos dinheiro
e não passaríamos dificuldade, mas
não é bem assim.
— Estaríamos na
dificuldade de qualquer forma. —
Brittany complementa. — Agora,
pare de se culpar e me ajude a
trocar a fralda de Drew.
— Só sirvo para isso?
Vicent e Brittany vivem uma
batalha em torno de Drew. Britt não
deixa ninguém ficar perto de Drew
e Vicent morre de ciúme disso.
Dou um beijo em Drew e
saio de casa para ir ao trabalho.
Vou andando os quase 40
minutos de casa até o trabalho.
Antes, eu morava mais perto, na
verdade, a casa era até melhor.
Depois do assalto, tivemos que
mudar as nossas vidas. As contas se
acumularam e mudamos de casa.
Saímos de uma ruim e viemos para
uma pior.
— Dois minutos atrasada.
— Paul rosna, assim que entro na
lanchonete. — Será descontado no
seu salário.
Paul sempre arruma uma
maneira de descontar o meu salário.
Fui discutir duas vezes e ele
descontou mais ainda, agora, eu
apenas escuto calada e espero o
meu dinheiro no final do mês.
— Entrem logo aí e me
deixem em paz. — brinco. —
Tchau, Brittany. — despeço-me.
Ela e Vicent entram no
clube com uma enorme alegria.
Alejandro está deixando
Britt mais animada e ele nem dá
muita atenção para ela.
Saio andando para o
trabalho. Paro no semáforo e
espero a minha vez para passar.
— Seu cabelo é
maravilhoso. — sinto alguém
mexendo nele.
Olho para trás um pouco
assustada e vejo um homem
sorrindo. Não gosto de pessoas
desconhecidas me tocando.
— Qual produto você usa
para deixa-lo tão macio? —
pergunta alisando a pontas do
cabelo.
Percebo que ele é gay. Não
haverá problemas.
— Hidratação. —
respondo.
— Qual a marca? Irei
anotar. — ele pega o celular e
anota a marca. — Se cuida linda.
— dá dois beijos em cada
bochecha, me fazendo recuar um
pouco. — Nos vemos por aí.
O semáforo fica verde para
os pedestres. Atravesso a pista e
vou para o trabalho.
Sento-me no banco do
parque. Olho todas as crianças ao
redor brincando com seus amigos
e outras com seus pais.
Isso é tão dramático. Olho
para todas as famílias felizes e
penso que meu filho só terá a mim,
a Britt e Vicent. O amor de pai ele
nunca terá, assim como eu.
Uma lágrima desce, depois
dela, vêm várias.
— Não chore, minha linda.
— olho para cima e vejo um cara.
Eu já o vi em algum lugar. — Não
se lembra de mim? Eu sou o cara
que elogiou o seu cabelo algum
tempo atrás. Vi o brilho do seu
cabelo e te reconheci, vim falar
com você e te vi chorando. Algum
problema?
— Estou bem. — minto.
— Algo com o bebê? —
minha barriga já está aparecendo
um pouco, principalmente com
essa blusa. Começo a chorar
novamente. — Quer conversar?
Continuo chorando e ele
me abraça. Deveria sair, mas não
consigo. Preciso de um ombro
para chorar. Já enchi meus amigos
com as minhas lamentações. Eles
me amam e estão comigo para
tudo, mas sinto que eu os sufoco
com os meus problemas.
Brandon parece ser uma
boa pessoa e é gay. Ele não terá
segundas intenções comigo.
Paro de chorar e resolvo
contar a minha história para ele.
Corto a parte de quem é o pai,
conto apenas que fui abandonada
e humilhada. Ele escuta tudo
atentamente, não opina, apenas me
deixa desabafar.
No final, já estou rindo
com suas palhaçadas. Conversar
com ele foi muito bom. Ele me deu
conselhos e me ajudou. Brandon
me leva para casa e promete voltar
assim que possível.
— Sempre desconfiei da
bondade dele. — Britt grunhe. —
Ele ajudou até demais e, às vezes,
ele sumia.
Brandon, às vezes, ficava e,
às vezes, ia embora. Ele falava que
tinha que cuidar da mãe doente.
— Jessica. — Christopher
se aproxima. Dou um passo para
trás. — Entenda, eu não tinha como
desconfiar que não é você nas
imagens. A garota é idêntica e está
no seu quarto. Eu te vi com
Brandon milhares de vezes.
— Como você viu? —
pergunto.
— Eu nunca te abandonei
realmente. — ele se mantém no
lugar. — Eu te ofereci emprego,
mas você não aceitou. Fiquei
distante, mas sempre tinha algum
segurança perto de você. Eles
tiraram fotos sua com esse cara.
Entenda o meu lado, eu vi um vídeo
seu com ele e, do nada, vocês
apareciam sempre juntos.
— Entender o seu lado?
Você procurou saber a minha
versão da história? — não o deixo
responder. — Não, não procurou.
Você somente me acusou. Eu
sempre fui uma pessoa
traumatizada, abomino a vida da
mulher que me teve e você diz que
sou igual a ela. Agora você quer
que eu te ouça?
— Se fosse ao contrário?
— pergunta. — Você também me
acusaria.
— Não, eu não acusaria. Se
fosse o ''senhor Dalgliesh'', tenha
certeza que eu desconfiaria, mas o
Christopher que eu conheci...
Pensei que você fosse um cara
legal, um ser humano de verdade.
Você se abriu para mim, me ajudou
nos momentos mais difíceis. Então,
não! Se eu visse alguma coisa, eu
perguntaria.
— Eu fui um covarde, um
canalha, tudo de ruim, mas, por
favor, me perdoa. Eu fiz de tudo por
você enquanto estava distante. Eu
paguei seus exames e ainda ajudei
no enxoval e nos móveis.
Então foi ele? Eu bem que
desconfiei de ter ganhado tanta
coisa, mas todos estavam com pena
de mim, pensei que se
sensibilizaram com a história,
afinal, por que o cara que me
humilhou iria me ajudar?
— Isso não muda nada, sabe
por quê? Enquanto você estava
vivendo sua vida, eu estava
sofrendo a cada dia. Eu e meu filho!
Você ajudou tanto, me vigiou, mas
por que não apareceu quando eu e
Drew precisávamos?
— Eu te segui durante nove
meses. — percebo o
arrependimento em sua voz, mas me
importo. — Eu sou um covarde,
fiquei com medo de ver a criança e
descobrir que ela não é minha.
— Então você preferiu ver
a criança sofrer? — não responde.
— Ele é o seu filho, mas você foi
covarde e preferiu nos abandonar
com medinho de ver algo ruim.
Quer saber de uma? Você não é um
homem! Você merece tudo de pior.
Desejo que passe por tudo o que
passei. Passe fome, perca todo o
seu dinheiro e tenha uma morte
muita lenta. — aproximo-me dele.
— E que ninguém fique o seu lado
quando você fechar os olhos. Eu
tive amigos ao meu lado, mas, uma
pessoa covarde como você, só
merece desprezo e sofrimento.
Vejo o arrependimento e a
tristeza em seu rosto cheio de
hematomas.
— Sabe de uma? —
continuo. — Gostaria de agradecer
a pessoa que bateu em você, daria
os parabéns e perguntaria: ''Por que
não acabou de uma vez com ele?''.
Sério, seria menos um inútil e
covarde no mundo.
Pego Drew do sofá e saio
da sala, logo após, estou na rua
indo para casa.
Nem tenho tanta raiva de
Brandon, na verdade, eu tenho mais
raiva de Christopher. Como um
cara que me humilhou implora por
perdão? Ele pensa que é assim tão
fácil? Ele ainda admite que é um
covarde.
Abraço Drew que, no
momento, está tossindo.
— Desculpe, meu amor. —
sussurro para ele. — Nunca deveria
ter te dado esse tipo de pai, na
verdade, ele não é nada seu.
Christopher não merece ter um filho
como você, nem eu merecia ter sido
tratada daquele jeito. Não se
preocupe, ele não irá te machucar
como me machucou. Eu prometo!
Capítulo 3
Jessica
Christopher
Chegamos ao armazém.
Vários carros estão parados na
entrada.
— Tem certeza que isso
vale a pena? — Matt pergunta. —
Podemos voltar.
Respiro fundo e entro no
local.
Vários homens estão
treinando ou bebendo. Vejo
Alejandro sentado conversando
com um homem. Juan, com certeza é
ele.
— Então, foi você que
engravidou minha filha e a
abandonou? — todos param o que
estão fazendo e me olham. —
Admiro a sua coragem. Vir me
enfrentar não é para todos.
— Eu tenho que mostrar que
sou digno da sua filha. — falo sem
vacilar. — O que vai acontecer
agora?
— Agora vamos brincar um
pouquinho. — tira a camisa. — Se
você aguentar 30 minutos lutando
comigo, eu escutarei a sua versão
dos fatos, se não aguentar... — faz
um suspense. — Você sairá daqui
morto.
Os homens riem e começam
a gritar coisas do tipo: ''O
branquelo vai morrer'', ''O riquinho
não sobreviverá'', ''Aposto 100 que
o branquelo cairá no primeiro
soco''. Ignoro a todos e vou para o
meio do armazém. Retiro a minha
camisa e começo a me aquecer.
Juan não é tão velho e também é
forte. Será difícil. Se até Matt me
nocauteou, imagine Juan. Agora eu
tenho um objetivo, tenho que
mostrar que sou um homem forte e
digno de Jessica.
Com esse pensamento, eu
começo a luta. Desvio dos socos. O
meu objetivo é passar 30 minutos
desviando dos socos e o
imobilizando por mais tempo.
Juan acerta muitos socos,
mas eu não fico atrás. Ele consegue
me imobilizar. Ouço alguém
gritando: ''Faltam 16 minutos para
terminar a luta''. Penso em Jessica e
em Drew. Consigo me livrar de
Juan. O meu corpo dói e minha
visão está embaçada, mas não irei
desistir. Quando vou para cima de
Juan ele saca uma arma.
— Mudanças de planos. —
me encara. — Vou fazer o mais
rápido.
Escuto Matt gritando ao
fundo.
— Isso não estava nas
regras. — levanto as mãos em sinal
de rendição.
— Eu não disse nenhuma
regra. — deveria ter imaginado
isso. — Você sabe que esse é o seu
fim.
Continuo o encarando. Não
desvio o olhar, não posso
demonstrar fraqueza.
Ficamos um bom tempo
nisso até que ele puxa o gatilho.
Então, escuto o som de ''Click''.
— Você passou no teste. —
Juan abaixa a arma. — Vá cuidar
dos seus ferimentos e volte para
falar comigo.
A arma estava
descarregada. Uma onda de alívio
toma o meu corpo.
Mesmo querendo me jogar
no chão e descansar, eu me
mantenho firme. Nada de
demonstrar cansaço ou fraqueza.
— Por um momento, eu
pensei que ele te mataria. — Matt
vem para o meu lado. — Você está
péssimo.
— Poderia ser pior. Eu
ainda consegui desviar de muitos
golpes.
— Acho que Juan pegou
leve. Ele poderia ter acabado com
você se quisesse, mas ele não fez.
Agora, vá fazer um curativo nesse
rosto.
Termino de limpar o meu
rosto e vou falar com Juan. Não
olhei o meu estado, mas sei que
está péssimo.
— Preparado? — Matt
pergunta.
— Estou.
Ando até a mesa de Juan.
Ele me olha de cima a baixo e
aponta para a cadeira à sua frente.
— Cadê o culpado? — Juan
pergunta.
— Mudança de planos. —
Matt responde. — Iremos segui-los
ao invés de trazermos para cá,
assim, saberemos todos os passos
deles e os culpados. Falei com um
suspeito e avisei que sei sobre
tudo, vamos ver se ele está
tramando contra nós.
— Meus homens irão segui-
los. — Juan me encara. — Os seus
já mostraram que não são de
confiança.
— Certo. — Matt assente.
— Agora, eu preciso saber
o motivo que você. — aponta para
mim. — Ter abandonado minha
filha. Não sei se percebeu, mas eu
acabaria com você se eu quisesse.
Agradeça a Alejandro por eu não
ter feito isso.
— Eu falei sobre o vídeo e
as fotos. — Alejandro informa com
calma. — Ele entendeu o motivo e
pode nos ajudar.
— Então eu apanhei à toa?
— pergunto irritado.
— Não, claro que não. —
Juan tem um olhar ameaçador. —
Você abandonou a minha filha
grávida, merecia levar algo pior
que uma surra.
— Eu abandonei sua filha?
— rio sem humor. — Você
abandonou as suas filhas pequenas
e as deixaram com prostitutas, elas
eram aliciadas e quase foram
estupradas. Somos dois do mesmo.
Se eu merecia algo pior, você
também merecia.
— Acalmem-se. —
Alejandro interfere. — Não
estamos aqui para decidir quem foi
o pior, estamos aqui para
solucionar o problema. As meninas
estão em perigo, pensem nisso.
Deixamos o estresse de
lado. Pego o meu celular e dou para
Juan.
— É Charlie. — Juan diz
depois de ver o vídeo. — É o filho
de Henry.
— Mas ele é negro, Henry é
branco. — Matt olha para o celular
novamente.
— A mulher de Henry é
negra. — Juan informa. — Temos
uma foto de anos atrás onde mostra
Henry e a sua mulher, mas não
sabemos onde ela está.
— E como sabem sobre
Charlie? — pergunto.
— Ele é o braço direito de
Henry. Somos inimigos há anos.
Eles tinham sumido, eu não sabia
que ele estava aqui.
— Então, como você sabia
que era eu o pai do filho de
Jessica?
— Um dos meus
informantes contou que você estava
saindo com Jessica. Sumi durante
muito tempo, estava atrás de Henry,
depois matei José. Tivemos que
sair daqui e nos esconder, não
poderíamos ser descobertos.
— Como você é o pai de
Jessica e Brittany? — pergunto algo
meio óbvio.
— Sempre que viajava, eu
ficava com as mães das meninas.
Não sabia que Jessica era a minha
filha. Quando peguei José, ele fez
uma negociação comigo, eu o
deixava vivo e ele me contava um
segredo. Eu sou o pai de Jessica.
Deixei-o vivo por dois minutos e
depois eu acabei com ele.
— Por isso estão atrás de
Henry? — Matt pergunta.
— Um de meus homens
estava em um bar e viu José. Eles
começaram a conversar e José
contou sobre duas meninas que ele
quase transou, mas as mães dela
nunca deixavam que isso
acontecesse. Claro que ele estava
falando de Brittany e Jessica. —
olha-me novamente, mas, dessa vez,
eu vejo mágoa e arrependimento.
— Eu nunca soube disso, eu sempre
as visitava e via que elas estavam
bem. Brittany sempre foi revoltada
e eu pensava que era o jeito dela.
— Você as deixou com
prostitutas. — falo com raiva.
— Sofia e Carmen nunca
foram pessoas ruins. São
prostitutas, mas nunca soube que
eram ruins. Estou atrás de vingança.
Todos que fizeram isso irão pagar.
Começaremos com Charlie.
— Quem é a outra garota?
— Não sei. — olha
novamente o vídeo. — Ela é
idêntica a Jessica, mas não é ela.
Iremos atrás disso também.
— Você falou sobre a
mulher de Henry. — Matt diz. —
Fale um pouco mais.
— Não sabemos. Só temos
uma foto dela e é bem antiga. Soube
que ela tem três filhos: Charlie,
Camille e Christian.
— Quem é Camille e
Christian? — Matt pergunta.
— Sem informações. Nunca
o vimos, eles sumiram.
— Podem estar vivos
ainda? — pergunto.
— Acho que sim. Acho que
eles são mantidos em algum lugar
escondidos.
— Iremos investigar sobre
isso. — Matt informa. —
Ligaremos para Stephen, ele é de
confiança.
— Já procurei em todos os
lugares, mas é impossível. — faz
uma pausa. — E você, o que vai
fazer com a minha filha?
— Eu tive uma ideia e ela
entrará em ação amanhã.
— Conte-me sobre isso.
Conto tudo.
— É uma boa ideia e eu irei
te ajudar. — Juan se recosta na
cadeira, com a mão no queixo como
se estivesse pensativo. — Eu vou
esperar até que Jessica aceite. Se
eu aparecer agora, ela vai pedir a
minha ajuda.
— Obrigada. — agradeço.
— Só estou fazendo isso
porque você está disposto a se
redimir e ir atrás dos culpados. Eu
sei como é acreditar em uma
mentira, você fez isso e está
arrependido, mas conseguiremos
acabar com todos.
Jessica
— Falta muito? —
pergunto. Não vejo a hora de fazer
Paul sofrer. Quando vi o modo que
ele tratava Jessica, o sangue subiu a
cabeça. Queria pega-lo e fazê-lo
pagar por tudo o que disse.
— Alguns minutos. — Matt
responde.
Depois de algum tempo, os
funcionários começam a sair da
lanchonete, restando apenas Paul lá
dentro.
Certificamo-nos que não
tinha ninguém na rua e saímos dos
carros. Devem ter quase uns dez
homens. Colocamos as máscaras e
andamos até a lanchonete. A porta
está aberta e entramos.
— Já está fechado. —
Ramon, mais conhecido como Paul,
informa. Quando entramos, ele toma
um susto quando nos vê.
— Nada disso. — falo
quando o vejo pegando uma arma
debaixo do balcão.
— O que querem? —
pergunta.
— Uma conversinha.
Desligamos as luzes da
lanchonete, trancamos a porta e o
levamos até a cozinha.
— Estivemos fazendo uma
pesquisa sobre a sua vida. — Juan
retira a máscara.
— Juan? — Ramon está
surpreso.
— Então, você realmente
não é Paul, é Ramon.
— Meu nome é Paul. — diz,
mas percebo o seu medo.
— São poucos aqueles que
conhecem Juan. — Juan sorri. — E
esses poucos são os criminosos,
você me conhece, não negue.
— O que querem?
— Fizemos uma pequena
investigação sobre a sua vida. —
Juan começa a contar. — Sabemos
que essa lanchonete é apenas uma
fachada para os seus negócios
ilegais.
— E? — Ramon pergunta
depois de alguns minutos.
— Eu não costumo me
intrometer nos negócios dos outros,
principalmente quando eles estão
quietos, mas você... — pega uma
faca em cima da mesa. — Você
escraviza os seus funcionários.
— Não! — grita. — Eu
nunca fiz isso!
— Fez. Eu investiguei.
Achei você muito suspeito. —
Alejandro diz. — Só imigrantes
trabalham para você.
— Normal. — defende-se.
— Eles cobram pouco.
— Eles ganham menos de
100 dólares por mês e algumas
gorjetas, isso é certo?
— A lanchonete não dá
muito lucro.
— O que os seus sócios
achariam disso? — Juan aproxima
a faca no rosto de Ramon. — Seus
sócios são imigrantes. O que eles
fariam quando descobrissem que
você escraviza o seu povo? Eu os
conheço, eles ajudam o seu povo.
Eles te matariam.
— O que querem com isso?
— Eu sou latino. — Juan
sorri. — Você está escravizando o
meu povo. Eu quero que você vá
até a sua casa e pegue toda a
quantia que conseguir, você vai
voltar aqui, contaremos o dinheiro
e dividiremos a quantia para todos
os seus funcionários. Por fim, você
terá uma conversinha com seus
sócios.
— Não, eu já vou perder o
meu dinheiro, isso já é castigo o
suficiente.
— Não, não é. Você traiu os
homens, isso é a pior coisa a se
fazer, você tem que ser julgado por
eles.
Alguns homens de Juan
levam Ramon até em casa para que
ele pegue toda a quantia.
Juan já estava fazendo uma
pequena investigação quando viu
Jessica trabalhando para Ramon e
percebeu que ela não ganhava
muito. Ele conversou com alguns
funcionários e eles confirmaram
que eram explorados por Ramon.
Juan é amigo de alguns
''sócios'' de Ramon, eles não
sabiam sobre ele estar
escravizando o ''seu povo''. Agora
eles nos devem favores, o que será
muito bom para podermos encontrar
Henry.
Ramon chega com o
dinheiro. Contamos e dividimos
para todos os funcionários. Pego a
parte de Jessica e guardo, colocarei
em uma conta no banco. Se o
dinheiro for entregue agora, ela
poderá recusar o emprego de
secretária.
— Você ficará aqui até
amanhã. — Juan informa a Ramon.
— Quando os funcionários
chegarem, você entregará o
envelope a cada um e avisará que
está indo embora porque
descobriram o que você faz e agora
precisa fugir, o dinheiro é para eles
ficarem calados. Não se esqueça,
nós estaremos aqui para ter certeza
que o acordo será cumprido e,
depois, você será entregue ao
Hector, ele fará o que quiser com
você.
Jessica
Jessica
Christopher
— Acorda!
Acordo irritado por Matt
estar balançando o meu braço, pelo
menos é o que não está machucado.
— O que foi? — resmungo.
— Já resolvi a metade dos
problemas. — responde com
animação e alívio.
— Eu te mandei fazer isso
antes do almoço de ontem e você
aparece agora?
— Conheci uma garota.
— Quem? — pergunto
ainda sonolento.
— Ava Richardson.
— A modelo? — questiono
e esfrego os olhos tentando me
livrar do cansaço.
— Sim. — sorri. —
Passamos à noite juntos.
— Gostou dela?
— Talvez. Estou há um bom
tempo sem uma mulher ao meu
lado, já estava na hora de encontrar
alguém. Você e Jessica estão bem?
— Voltamos, ela me
perdoou.
— Eu sabia que isso
aconteceria, e foi tudo por minha
causa. Você me deve essa.
— Eu te devo a minha vida.
Se não fosse por você, eu não
estaria aqui.
— Não pense nisso, eu
nunca deixaria o meu irmão morrer.
Você sempre foi mais que um
primo, você sabe disso.
— Como você está com
isso? Matar uma pessoa?
— Você está aí vivo, vai ter
uma família com a mulher que você
ama e o meu sobrinho terá um pai.
Isso responde o que sinto.
Alejandro entra no quarto,
nos assustando com a intromissão.
— Perdemos os sinais das
câmeras na casa de James. —
avisa. — Descobriram que
estávamos vigiando.
— James é um traidor? —
Matt pergunta e me encara. Ele já
deve estar me culpando por ter
confiado muito
— Ou fizeram isso para que
pareça que ele é. — faço a
suposição. — Não encontramos
nada suspeito durante todo esse
tempo. Temos duas opções: Ou
temos um traidor entre nós ou
estamos sendo seguidos há muito
tempo e eles colocaram escutas em
todos os lugares aonde vamos.
— Vou mandar procurar as
câmeras e escutas. — Alejandro
avisa.
— Eu vou com você. —
Matt levanta da cama.
— Eu também. — me incluo
no plano.
— Você está ferido. — Matt
aponta para os meus ferimentos.
— Não vou deixar vocês
cuidando de tudo, estamos falando
da minha mulher e do meu filho.
Não me importo com a dor, eu estou
indo atrás de todos os culpados.
Capítulo 12
Christopher
— Vai para onde? —
Jessica pergunta quando me vê na
sala.
— Preciso resolver alguns
problemas. — respondo.
— Mas você ainda está
machucado, nem pode andar
direito.
— Amo a sua preocupação,
mas preciso resolver isso.
— O que está acontecendo?
— pergunta com preocupação. —
Descobriram algo?
— Não, estamos tentando
descobrir ainda. — dou um beijo
em sua testa. — Não se preocupe,
não é nada perigoso. Consegui
voltar para você, não estragarei
tudo.
— Promete?
— Prometo. — dou um
beijo em Drew que está em seu
colo e faço o mesmo com Jessica.
Ela corresponde rapidamente e
contenho a minha vontade de
agarra-la aqui mesmo, ao invés
disso, eu apenas beijo-a com todo
do amor e saudade que tenho dentro
de mim.
Separamo-nos e sorrio para
Jessica que está claramente
envergonhada pelo o que acabara
de fazer.
— Eu te amo. — sussurro.
Jessica apenas assente e
sorri. Sei que não vai ser fácil
conquista-la totalmente.
Saio de casa e entro no
carro. Alejandro, Matt e Carlos
estão aqui também.
— Para onde vamos? —
Carlos pergunta.
— Para casa de James. —
respondo. — Eu não acredito que
ele me traiu.
— Como não? — Matt deve
achar que sou um tolo. — As
escutas e câmeras foram retiradas.
— James trabalha para mim
há anos, ele nunca demonstrou que
seria um traidor. Se ele nos traiu,
com certeza ele não estará morando
na mesma casa. Os traidores foram
embora, se James estiver por aqui,
isso é sinal de que ele está
conosco.
— Mas como as escutas
saíram? — Alejandro questiona. —
Só os parceiros de Juan sabiam
sobre elas, quem poderia ter
contado?
— Traidor no meio de
Juan? — faço a suposição.
— Impossível. — Carlos
responde. — Juan é bem seletivo
com os membros e nenhum saiu de
perto dele, não tinha como falarem.
Todos sabem o que acontece com
quem trai Juan, eles viram o que
aconteceu com José, eles nunca
entregariam as filhas do chefe.
Assinto e decido não falar
mais nada, mas é óbvio que existe
algum traidor na história.
Depois de algum tempo,
chegamos à casa de James. Bato na
porta e ele nos atende.
Se ele fosse o traidor, não
estaria aqui...
— Bom dia, Christopher. —
sorri, mas percebo a confusão em
seu rosto. — Podem entrar.
Entramos na casa.
— Esse é Carlos, um amigo.
— informo.
— James. — eles apertam
as mãos.
Ele já conhece Alejandro há
bastante tempo.
— Tem recebido visita? —
pergunto.
— Não. Nem Damien e nem
os outros apareceram aqui. —
responde.
— Nada de estranho? —
Matt pergunta. — Tentaram entrar
em contato?
— Nada, eles sumiram há
algum tempo. — pensa um pouco.
— Eu vi Damien há alguns dias, ele
estava pegando o carro para levar
ao lava rápido, mas depois eu
nunca mais o vi.
— O meu carro? —
pergunto e James confirma. — O
carro foi embora...
— Não, nenhum carro foi
levado, mas Damien foi embora.
— E os outros?
— Bem, os seguranças que
sempre estavam com Taylor
continuam por lá, mas os outros eu
não tenho informação.
— Qualquer coisa nos
avise. — volto a falar. — Sei que
Taylor está vigiando tudo e que os
seguranças que restaram são de
confiança, mas precisamos saber
sobre os outros.
Um pensamento chega até
mim.
— É isso! — grito e todos
me olham.
— O que foi? — Alejandro
pergunta.
— Os seguranças que foram
embora, foram os que ficaram
responsáveis pela segurança de
Jessica e Brittany. Lembram quando
a casa foi invadida? Então, eles já
sumiram porque sabem que estou
atrás deles... Eles sabiam de todos
os nossos passos.
— Os inimigos estavam a
nossa volta e nem percebemos. —
Matt murmura.
— Eles já sabiam sobre
Jessica trabalhar com você? —
Alejandro indaga. — Os seguranças
foram contratados antes ou depois
de Jessica começar a trabalhar com
você?
— Eles foram contratados
antes. — respondo. — Os
seguranças que trabalham para
Taylor ficaram responsáveis pela
minha casa e por algumas
empresas, precisava de mais.
Contratei outra equipe de segurança
e contratei alguns para algumas
outras empresas. — dou de ombros.
— Eles devem ter sido comprados
por Henry depois que ele viu
Jessica comigo.
Lembro aquele dia e do
ataque de pânico de Jessica. Se eu
tivesse agido antes...
— Agora precisamos ir. —
Carlos chama a minha atenção.
Ando até a porta, mas sou
parado por James.
— Por que está andando
com dificuldade? — pergunta.
— Alguns problemas...
— Eu sei que não é da
minha conta e que você desconfia
de mim, mas eu nunca trairia vocês.
Quando estava na pior, você e
Stephen estenderam a mão e me
ajudaram, ainda me deram um
trabalho para que minha mulher não
desconfiasse de nada. Eu posso
ajudar se quiserem. Eu nunca traí
vocês.
— Preciso que encontre
Henry Stanford ou qualquer pessoa
ligada a ele, acha que consegue? —
pergunto.
— Claro, eu posso fazer
isso. — se aproxima. — Obrigado
por confiar em mim.
— Não me faça perder a
confiança em você, lembre-se que
Stephen insistiu para que eu te
desse esse emprego, ele não
gostaria que você fosse o traidor.
Taylor vai te ajudar, ele já está à
procura.
— Eu nunca seria como
Damien e os outros. Nunca
machucaria Jessica e seu filho.
Vocês me ajudaram em casa e
pagaram o tratamento da minha
mulher, serei eternamente grato a
vocês.
Despedimo-nos de James e
voltamos para o carro.
— Ele pareceu bem
convincente. — Carlos diz. — O
que fizeram de tão bom para ele?
— Ele estava bêbado na
rua, alguns garotos tentaram o
assaltar, eu e Stephen vimos que
eles não estavam armados e
ajudamos. — começo a contar. —
Conversamos com ele. James nos
contou que sua mulher precisava de
uma cirurgia e não tinham dinheiro
para pagar. Eu o ajudei e ele achou
que tinha uma divida comigo e
Stephen por termos o ajudado tanto.
James começou a trabalhar com
Stephen e me pediu para ser o meu
motorista, para que a sua mulher
não desconfiasse.
— Então não foi ele. —
Carlos volta a falar. — Mas como
eles sabiam de todos os nossos
passos?
— Só se... — Alejandro
pensa um pouco. — Eles colocaram
escutas no clube, foi o único lugar
em que conversamos.
— Quem colocaria? —
pergunto.
— Qualquer stripper. —
responde. — Eles se vendem por
qualquer dinheiro. Vou chamar
todos e perguntar, mas
procuraremos antes.
Chegamos ao clube e
procuramos por alguma escuta.
Estamos a um bom tempo nisso.
— Aqui não tem nada. —
Matt sussurra. — Nenhuma escuta.
— Aqui. — Romulo, o
outro membro do cartel, aparece.
Ele também fala baixo para não
escutarem. — Trouxe o detector de
sinais.
Ele começa a passar o
detector de sinais pela sala.
Encontramos cinco. Um atrás da
televisão, outro no chão atrás da
porta, em um quadro na parede, um
na lâmpada e um no teto.
— Aqui está. — Ramon nos
entrega. — Vou dar uma olhada nos
outros quartos e no carro.
— Vou chamar todos os
strippers. — Alejandro pega o
celular para fazer a ligação.
Depois de colocarmos as
crianças em suas cadeirinhas,
entramos no carro. A van é a prova
de balas e estamos armados, caso
aconteça alguma emboscada.
Já estamos dirigindo por
cinco horas, logo teremos que parar
para dormirmos em algum lugar.
Olho para trás, Jessica Brittany e
Vicent já estão dormindo, as
crianças estão olhando o desenho
que passa na tela no banco do
carro.
— Vamos parar ali. —
Alejandro aponta para um hotel, na
beira da estrada.
Paro o carro. Acordo
Jessica, Vicent e Brittany. Os outros
carros param logo atrás.
— O que estamos fazendo
aqui? — Jessica pergunta, quando
desce do carro segurando Drew.
— A viagem é longa e já é
noite, precisamos descansar e
depois continuamos.
Entramos e a recepcionista
nos olha com desconfiança.
Coloco o dinheiro em cima
do balcão e peço os quartos. Logo
depois, já estou em um quarto com
Jessica.
— Enfim, a minha tão
sonhada privacidade. — agarro a
cintura de Jessica, mas ela me
empurra.
— Nosso filho está aqui,
não estamos a sós.
— Resolverei isso.
Pego Drew no colo e o levo
até o quarto onde estão os outros.
— Desculpe, amigão, mas
eu preciso de um tempo com a sua
mãe. Quem sabe eu não te dou um
irmão para você brincar?
Bato na porta e Carlos abre.
— Mais um bebê para
tomarmos conta. — ele abre mais a
porta e vejo Vicent com Dulce. —
Passamos de gangsteres para
babás.
Ele pega Drew no colo e
leva até Dulce.
— Seja um tio legal e cuide
do meu filho. — falo com Matt.
— Eu sou o melhor tio do
mundo, não se preocupe e faça um
novo sobrinho para ser meu
afilhado.
— O quê?
— Vicent já deixou bem
claro que Drew é afilhado dele.
Acho que te fazer acordar para
vida, não faz de mim o melhor
padrinho do mundo. — dá de
ombros. — Cuidarei bem de Drew
e Dulce. Alejandro também está
com a filha de Juan.
Claro que ele ia lembrar
que sou genro de Juan.
— Antes que eu me
esqueça, Ava ligou para Jessica, ela
quer falar com você.
Matt sorri em resposta. Saio
do quarto e volto para Jessica.
— Obrigada. — diz. —
Agora todos sabem o que vamos
fazer.
— Brittany deve estar
fazendo o mesmo.
— Oh meu Deus! Você é um
idiota.
— Ao invés de estarmos
discutindo, poderíamos estar
aproveitando a nossa privacidade
sem ninguém para atrapalhar.
— Você está ferido. —
aponta para o meu ombro e perna.
— Nenhuma ferida vai
atrapalhar o meu momento com a
minha mulher.
— Minha mulher... Isso é
estranho. — sorri e se aproxima de
mim. — E se eu te machucar ainda
mais?
— Não vai. — aperto a sua
bunda. — Eu gosto do seu novo
corpo.
— Ainda bem, eu não iria
mudá-lo, estou satisfeita assim.
— Eu também prefiro
assim.
Começo a beijar o seu
ombro e tiro uma alça da sua blusa.
Beijo todo o seu corpo até que ela
está apenas de calcinha e sutiã.
— Você não tem noção do
quanto eu sonhei com esse
momento. — olho bem para o seu
corpo, analisando cada parte. Os
seus seios estão muito maiores, as
coxas estão mais grossas, a bunda e
o quadril estão muito maiores.
Acho que muitos a chamariam de
gorda, mas para mim ela está mais
atraente do que antes. — Quando
comprei aquelas roupas, eu só
imaginava o momento que eu fosse
tirar.
— Você acertou que eu saí
de 40 e fui para quase 44. — sorri.
— E continua linda. Agora,
vamos parar de falar. Precisamos
matar a saudade um do outro, antes
que alguém apareça aqui gritando
feito um louco.
Beijo sua boca e retiro o
resto da sua roupa. Ela faz o mesmo
comigo, com muito cuidado por
causa dos ferimentos. Dessa vez eu
não esqueço o preservativo, meu
maior desejo é engravidar Jessica
novamente, quando isso acontecer,
serei o pai mais presente que já
existiu, mas isso não pode ser em
um momento em que nossas vidas
correm perigo. Apenas aproveitarei
o momento que tenho para ficar
com ela.
Coloco-a na cama e
continuo retribuindo beijos e
mordidas pelo seu corpo. Fico por
cima, apesar da minha dor em me
apoiar no colchão. Acaricio o seu
rosto e foi introduzindo e
conduzindo tudo de maneira menos
dolorosa e mais prazerosa possível.
— Eu te amo. — sussurro e
mordo o lóbulo da sua orelha.
Eu que nunca precisei
implorar para dormir com uma
mulher, hoje estou aqui como se
fosse ter uma parada cardíaca, só
porque estou tendo uma segunda
chance com a mulher que escolhi
para ser minha pelo resto da vida.
A nossa primeira vez juntos
foi maravilhosa, lembro que não
via a hora de tê-la novamente, mas
tinha que esperar um pouquinho. A
nossa segunda vez foi meio
selvagem e rápida, parecia que foi
sem sentimento, mas eu tinha um
sentimento enorme dentro de mim.
Naquele momento eu ainda não
sabia que amava Jessica, mas sabia
que, depois da nossa primeira noite
juntos, nada seria como antes. Eu já
estava preso com a garota que se
tornou uma mulher maravilhosa. A
minha mulher.
Chegamos à casa de Ingrid.
Faz tanto tempo que não venho
aqui. Aposto que ela vai me cobrar
por cada telefonema que não atendi,
mas era impossível atender, não
queria falar com ninguém naquele
momento.
— Senti tanta falta de
vocês. — Ingrid abraça Matt,
depois vem e faz o mesmo comigo e
com Alejandro. — Esses são os
seus filhos?
Ingrid carrega Drew e
Dulce.
Jessica sorri para Ingrid e
ela devolve as crianças. Elas
conversam por um tempo.
Fico feliz por Ingrid aceitar
que eles fiquem aqui. Ela foi à mãe
que eu nunca tive. Quando perguntei
se Jessica poderia ficar em sua
casa, Ingrid ficou imensamente
feliz, quando soube da filha
Alejandro, ela só faltou gritar com
tanta felicidade.
— Agora só falta você me
dar um neto. — ela bate no ombro
de Matt.
— Já tem dois bebês para
matar a sua vontade de ser avó. —
Matt sorri para a sua mãe.
— Podem entrar. — Ingrid
leva Jessica, Brittany, Vicent e os
bebês para dentro.
— Vocês vão embora que
horas? — Alejandro pergunta.
— Daqui à uma hora mais
ou menos. — respondo.
— Preciso conversar com
meu pai. Quando forem embora, me
avisem.
— O que está acontecendo?
— pergunto. — Está em alguma
confusão? Você sumiu durante
algum tempo, conversávamos
pouco, mas ainda somos amigos.
— Eu sei disso. Quando
voltarmos, eu contarei tudo. — ele
sai em direção à casa de seus pais.
— O que será que está
acontecendo? — Matt pergunta ao
meu lado.
— Alguma merda grave.
Entramos na casa e vejo um
grande banquete nos esperando.
— Coloquem as malas aí e
venham comer. — Ingrid nos
chama. — Depois podem ver o
Ronald, ele está na oficina.
Pego um pedaço de bolo e
um copo de suco de laranja.
— Vocês não imaginam o
quanto fico feliz em ver todos
vocês. Eu sempre quis conhecer a
garota que conquistou o meu filho.
— Jessica sorri para Ingrid. — Eu
sempre considerei esse garoto
como meu filho, apesar de toda
essa rebeldia.
— Rebeldia? — faço-me de
ofendido. — Foi a senhora que
abandonou tudo, xingou toda a sua
família e foi atrás de um mecânico.
— Reparem nisso. — Ingrid
me abraça. — Temos a mesma
petulância.
Dou um beijo em sua testa e
as deixo conversando. Saio de casa
e vou até a oficina de Ronald.
— Pensei que não viriam
me visitar. — Ronald limpa a sua
mão em um pano e nos dá um
abraço. — Ingrid já estava quase
indo atrás de vocês, vocês sabem
como é essa mulher, não pode ficar
sem notícias dos seus bebês.
— Minha mãe nos mataria
se não a visitássemos. — Matt ri.
— Tudo tranquilo para eles ficarem
aqui?
— Sim. — Ronald
responde. — Já conversei com uns
caras, eles ficarão de olho, caso
algo aconteça.
— Assim é melhor, me sinto
mais seguro.
— Agora, conte tudo o que
está acontecendo.
Passamos o resto das horas
contando tudo o que está
acontecendo. Ronald fica
instantaneamente com raiva de
Henry e seus comparsas. Ele até
queria se juntar a nós nessa caça
aos culpados, mas ele entendeu que
as garotas precisam de proteção.
Volto à casa de Ingrid para
nos despedirmos.
— Sentirei sua falta. —
abraço Jessica e Drew. — Em
breve eu voltarei vocês dois.
Beijo Jessica, como se não
houvesse amanhã, todo segundo ao
lado dela é precioso, por isso eu
farei de tudo para voltar e ficar ao
seu lado.
— Você nem saiu e sinto a
sua falta. — Jessica me abraça
novamente.
— Eu te amo. — beijo a sua
testa e a de Drew. — Amo vocês
dois. Em breve eu voltarei.
Vou até Ingrid e me
despeço.
— Prometa que voltará vivo
para mim, sua mulher e seu filho.
— pede.
— Eu voltarei para a minha
mãe, minha mulher e meu filho. —
coloco a mão para cima. — Esse é
o juramento de um filho que deu
muita dor de cabeça a mãe.
— Mas agora é um homem
que só me dará orgulho daqui para
frente. — pisca um olho e me
abraça. — Eu te amo, não esqueça
isso.
— Também te amo, vovó.
Ela me dá um tapa no peito
e me abraça novamente.
Entramos no carro e
Alejandro segura uma chave.
— O que está acontecendo?
— pergunto, quando Matt começa a
dirigir.
— Preciso que você
entregue essa chave para Brittany.
— ele me entrega a chave.
— Que chave é essa? —
pergunto.
— Da minha casa. —
responde. — Eu preciso que a
guarda esteja no nome de Brittany
daqui a dois dias.
— Por que tudo isso? —
Matt pergunta. — Nada faz sentido.
— A polícia está a minha
procura. — a sua voz sai cheia de
raiva. — Eu me entregarei para
polícia daqui a dois dias, ou serei
oficialmente um foragido.
— Por que você será preso?
— Carlos, finalmente, fala alguma
coisa.
— Estou sendo acusado. —
Alejandro faz uma pausa antes de
continuar. — Estou sendo acusado
de estupro.
Capítulo 15
Jessica
Entro no quarto que,
anteriormente, pertenceu a
Christopher. O lugar está arrumado,
mas ainda tem coisas do seu
passado, como uma enorme
bandeira de um time de futebol.
Aproximo e vejo vários objetos do
Manchester United. Ao que tudo
indica, Christopher era ou é um fã
de futebol.
Em uma mesinha estão
algumas fotos. Pego uma e vejo
Christopher, Matt e Alejandro.
Todos estão com a aparência de uns
15 a 18 anos. Quem diria que
Alejandro seria amigo de
Christopher? Parece que
Christopher nunca contou do nosso
envolvimento para alguém, mas foi
tudo tão rápido.
As fotos são de jovens que
estão curtindo a vida. Christopher e
Alejandro seguram uma guitarra e
Matt escreve algo. Quem vê assim
até pensa que são punks, talvez eles
tivessem sido na adolescência.
— Esses garotos
aprontavam tanto. — Ingrid entra no
quarto. — Eles tinham 16 anos
quando tiraram essa foto. Depois
disso Christopher foi morar
definitivamente com o pai, Matt e
Alejandro foram para fora do país.
— Eles parecem bem
rebeldes. — sorrio com a outra foto
onde Christopher está deitado
fazendo uma tatuagem.
— Rebeldes? Você está
sendo muito boa em falar isso. Eles
eram o terror dessa cidade, mas
todos sempre gostaram dele.
— Acha que eles vão
demorar muito?
— Espero que não.
Consegui me reaproximar de
Christopher agora, não posso
perdê-lo.
— Pensei que vocês
mantivessem contato.
— Chris estava muito
afastado nos últimos tempos. — dá
de ombros. — Matt disse que foi o
amor da vida dele. — sorri. — Ele
fez uma ótima escolha. Você é linda
e o meu neto então... Sem palavras,
queria que Marta estivesse aqui
para ver o que o filho dela se
tornou, ela teria muito orgulho.
Agora eu serei como uma mãe
coruja. Vamos ver as fotos de Chris
pequeno? Ele era a cara de Drew.
— Vamos.
Descemos as escadas.
Encontramos Vicent, Brittany e as
crianças. Vamos até a garagem onde
ficam todas as caixas com o
passado de Christopher.
— Aqui. — ela me entrega
um álbum de fotos. — Essa é a
primeira foto do Chris, foi o dia
que ele chegou a minha antiga casa
para eu cuidar. Matt tinha nascido
três meses antes, criei os dois como
se fossem irmãos gêmeos.
Na foto, Christopher está
dormindo. Sorrio ao perceber que,
em todas as fotos, ele parece com
Drew.
— Não tem uma foto com o
pai? — Brittany pergunta.
— Pai? — Ingrid balança a
cabeça e percebo raiva em seu
olhar. Acho que ela sente raiva do
pai de Christopher. — Ele nunca
poderá ser chamado de pai.
Pego outra foto, Christopher
está mais crescido. Ele veste a
camisa do Manchester United,
junto com Matt e um senhor no
estádio de futebol.
— Esse é o meu marido. —
Ingrid aponta para o senhor tatuado
na foto. — Christopher veio ficar
aqui alguns dias, ele e Matt
assistiram ao jogo de futebol e
ficaram loucos para ir ao estádio.
Ron colocou na cabeça que tinha
que levar os meninos no estádio, no
outro dia todos estavam lá, a grande
final do campeonato inglês.
Se Christopher tivesse
ficado com essa família, eu tenho
certeza que ele seria diferente. Eles
foram separados na infância e ele
passou o resto dos anos com aquele
homem desprezível que ele chama
de pai.
— Esse é Alejandro? —
Brittany pergunta, apontando para
outra foto.
— Corrida de motos. —
Ingrid pega a foto onde eles estão
em cima de motos. — O que eles
mais amavam fazer. Chris às vezes
fugia de casa e vinha para cá, ou
ele lutava ou andava na moto.
Quando eu vou parar de
descobrir coisas sobre
Christopher?
— Quem é? — Vicent
pergunta.
Na foto tem uma mulher
ruiva e um homem. Eles são jovens,
as tatuagens se destacam em suas
peles. Ela tem alguns desenhos
coloridos no braço, nada
exagerado, mas o homem é cheio de
desenhos.
— Essa é Marta. — Ingrid
responde com um sorriso enorme.
— A mãe de Christopher, e esse foi
o grande amor da vida dela. — o
sorriso some e dá lugar a uma
lágrima que cai. — Eles iam se
casar, ele trabalhava na oficina, nós
éramos grandes amigos... Mas tudo
acabou quando ele sofreu um
acidente de moto. — a sua tristeza
dá lugar a raiva. — Ele não era
imprudente, nunca foi.
— A senhora acha que ele
foi morto? — Brittany pergunta, eu
sei aonde ela quer chegar.
— O que eu acho... — ela
pensa um pouco. — É que muitos
ganhariam com essa morte.
Muitos ganhariam com
essa morte, ela fala do pai de
Christopher? Ele é o único que
ganharia com a separação deles.
— E como conheceu o seu
marido? — Vicent pergunta. Acho
que ele quer melhorar o clima
dessa conversa. — A senhora não
era rica?
— Eu sempre morei nessa
idade. Eu e a mãe de Chris éramos
melhores amigas. Essa cidade não
tem nenhum grande centro
empresarial, mas nós sempre
amamos aqui. Nossos pais nos
criaram para que não nos
tornássemos ''garotas do mundo'',
mas não deu certo. Marta conheceu
Joel e se apaixonou, mas, logo
depois, ele morreu. Eu conheci
Ron, porém, tive muito medo do
meu pai e, por isso, fiquei com o
pai de Matt. Depois eu vi aquilo
não era para mim, voltei atrás e
fiquei com Ron e ele me aceitou
com o filho na barriga.
— E o pai de Matt? —
pergunto.
— Querida, eles são os
piores homens que existem,
acredite em mim. — ela nos deixa
sozinha na garagem.
— É impressão minha ou
ela acabou de acusar o seu sogro?
— Vicent sussurra.
— Eu também acho que
escutei isso. — concordo. — Ele é
tão ruim a esse ponto?
Christopher
Quando eu pensei em
reconquistar Jessica, não imaginei
que seria assim. Meu plano era
reconquistar Jessica enquanto ela
seria a minha secretária, mas nada
disso está acontecendo. Ao invés
disso, estou me preparando para ir
atrás da mãe de Charlie. Taylor e
James encontraram uma mulher que
parece muito com a da foto que
Juan tem, agora eu preciso levar
uma boa quantia para subornar os
médicos.
Ontem à noite falei com um
juiz que conheço há bastante tempo.
Ele prometeu que conseguiria a
guarda para Brittany até amanhã.
— Podemos ir. —
Alejandro diz e entramos no carro.
— Tem certeza que vai se
entregar? — pergunto.
— Tenho. Fugir só piora a
situação.
— Mas você não fez nada...
— Quem disse?
Continuo olhando para a
estrada.
— Te conheço há anos. —
volto a falar. — Você nunca faria
algo assim. Você sempre brigou e
se meteu em confusão, mas
estupro... Não, eu jamais
acreditarei nisso.
— Não se meta nessa
história. Pelo bem de todos.
— Quem é a garota? — ele
não me responde. — Um amigo
advogado vai cuidar do seu caso.
— Só te peço uma coisa:
cuide de Brittany e de Dulce, não
deixe que elas passem necessidade.
Eu abri uma conta para Brittany e
coloquei o meu dinheiro nela.
— Quando você soube da
acusação? — não responde.
Passamos a viagem em
silêncio.
Eu não acredito que
Alejandro faria algo assim. Ele
sempre teve as mulheres aos seus
pés e um clube cheio de prostitutas,
por que ele estupraria alguém? Ele
me esconde algo e eu preciso
descobrir o que é para poder ajudá-
lo.
Chegamos à clínica
psiquiátrica. James e Taylor estão
esperando dentro do carro.
— O nome dela é Whitney.
— James informa. — Eles não nos
deixaram entrar, mas confirmaram
que ela está aí. Algum dinheiro e
eles deixarão vocês conversarem.
Entro na clínica e uma
recepcionista nos atende.
— Precisamos falar com
Whitney. — coloco o envelope com
o dinheiro. — Ninguém precisa
saber disso.
— Por aqui, por favor.
A clínica está caindo aos
pedaços. Tenho certeza que
Whitney está presa aqui, e tenho
mais certeza ainda que ninguém se
importa com ela. Entramos sem
dificuldade e não vi nenhuma
pessoa parecendo um segurança,
ela foi esquecida nesse lugar.
— Ali está ela. — a mulher
aponta para uma senhora sentada
em um banco. — Podem ir até lá.
Ela simplesmente sai.
— Esse lugar é estranho. —
Alejandro fala ao meu lado. — Se
James e Taylor não tivessem vindo
antes, eu falaria que tudo é uma
emboscada.
Andamos em direção à
mulher.
— Podemos conversar? —
pergunto. Ela dá de ombros, como
se não se importasse. — Conhece
um homem chamado Henry
Stanford?
Ela vira rapidamente para
mim. Agora eu sei o motivo de
Charlie ser tão diferente de Henry.
Assusto-me e fico om pena
de Whitney. A sua aparência é de
uma pessoa sofrida. Olheiras
enormes, cabelo bagunçado e
muitas rugas.
— Gostaria de nunca ter
conhecido. — olha para mim. —
Sabe quantos anos eu tenho? — ela
não espera a minha resposta. —
Nem eu sei, não tenho mais noção
de tempo. Estou presa nesse lugar
assustador há tanto tempo que perdi
a conta. Um homem que jurou me
amar me prendeu aqui, sabe o pior?
Ninguém acredita em mim! Henry
disse que eu fui até a sua casa e
inventei que era a sua esposa, ele
disse que sou maluca. A idiota aqui
ainda abriu a boca e falou que tinha
filhos com ele. Deram-me atestado
de louca na hora.
— E seus pais, seus filhos?
— Alejandro pergunta.
— A última vez que vi
Camille foi há muitos anos, ela era
uma pequena menina, sua pele
escura e seu longo cabelo liso da
mesma cor que seus olhos, pretos.
Ela era uma criança linda e feliz,
por isso eu nunca contei nada a ela.
Camille estava mais feliz com os
novos pais do que comigo. Eu sou
apenas uma louca em um hospício.
— E Charlie, Christian?
— Christian, meu pequeno
bebê que foi gerado de uma
maneira degradante e humilhante.
Ele também mora com Camille e
está feliz com sua família. Charlie...
Eu não faço a menor ideia de onde
está e, sendo sincera, nem quero
saber. Eu e Henry ainda éramos
felizes, mas depois mudou.
— Depois de quê? —
pergunto.
Dá de ombros. — Henry
chegou a nossa casa e estava
revoltado com algo. Bateu em mim
e tirou Camille dos meus braços,
logo após eu estava em uma
pequena casa escondida de tudo e
de todos. Henry me visitava
antigamente para mostrar as fotos
dos meus filhos, como eles estavam
felizes sem mim, depois ele me
colocou nessa clínica e nunca mais
apareceu. Sabe por que eu estou
contando tudo? — nego. — Porque
ninguém acredita em uma louca
como eu. Se não fosse pelas marcas
em meu corpo, juraria que eu tive
um pesadelo, mas foi tudo real.
— Desculpe, mas a hora de
visita acabou. — uma enfermeira
avisa.
— Mas acabamos de
chegar.
— A situação dessa
paciente é grave. Essas pessoas tem
o tempo de visita reduzido.
Vou até Whitney.
— Eu prometo que te tirarei
daqui. — seguro a sua mão.
— Posso te pedir duas
coisas? — confirmo. — Acabe com
Henry e encontre meus filhos,
somente Camille e Christian. Não
quero saber de Charlie e David.
— Quem é David? —
pergunto.
— David é o filho mais
velho de Henry com alguma outra
mulher. Assim como Charlie e
Henry, eu não quero vê-lo.
— Por quê? — Alejandro
questiona.
— Eu não quero vê-los,
porque Charlie e David são piores
que Henry.
Capítulo 16
Christopher
Saio do hospital
psiquiátrico com uma grande
dúvida: Essa mulher fala a
verdade? Pelo o que escutei sobre
Henry, ele é uma pessoa muito
ruim. Se os filhos são piores, nós
teremos sérios problemas para
encontra-lo.
Agora precisamos encontrar
Camille e Christian, mas como
vamos encontra-los? A única
informação que tenho é que Camille
é negra, somente isso. Quantas
negras chamadas Camille existem
por aí? Vai ser uma missão quase
impossível encontrar essa garota.
Alejandro continua calado.
Ele esconde algo. Obvio que essa
acusação é falsa, mas, por que ele
não se defende?
— Por que não vai atrás dos
culpados? — pergunto, quebrando
o silêncio. — Alguém armou para
você.
— Apenas entregue Dulce
para Brittany. Faça isso e poderei
ficar em paz. —fala sem olhar para
mim.
— Você vai desperdiçar a
chance de ficar com Brittany e sua
filha? Eu tomei dois tiros para
salvar Jessica, o que custa lutar
pela sua inocência?
— Não compare a minha
situação com a sua. — finalmente
me olha. — Entregue Brittany a
Dulce e pronto.
— Brittany sabe que ela vai
ser a mãe de Dulce? Você está
jogando uma grande
responsabilidade sobre a garota.
— Ela gosta de Dulce e
Dulce gosta dela. A mãe de Dulce é
uma louca, ela não tem condições
de cuidar da minha filha e você
sabe como são os meus pais.
Brittany é a melhor opção.
— Quando você se tornou
um covarde?
— Precisa de muita
coragem para se entregar para
polícia e ficar com os presidiários.
— E o julgamento?
— Não quero pensar nisso.
Não se preocupe comigo, se
preocupe com a sua mulher e seu
filho. Já encontrou o que
procurava?
— Matt resolveu a metade
dos meus problemas, preciso
encontrar a parte principal para
poder acabar com tudo.
— Tem certeza disso?
— Tenho. Eu preciso
recomeçar a minha vida e isso
inclui fazer justiça para algumas
pessoas. O que acha de Whitney?
— mudo de assunto.
— Acho que ela pode estar
falando a verdade. — responde. —
Eu vi as marcas no pulso dela, ela
foi acorrentada em algum momento.
Chegamos a casa e vou falar
com Juan. Ele manda alguns de seus
homens irem atrás de Camille e
Christian.
— Como minhas filhas
estão? — Juan pergunta.
— Ingrid está cuidando
delas. — respondo. — Ron também
pode ajudar.
— Me fale sobre Ron, você
disse que ele poderia te ajudar.
— Podemos dizer que Ron
conhece alguns moradores que não
precisam da ajuda da polícia para
serem salvos. — dou de ombros.
— O que ele faz da vida?
Alguma gangue?
— Ele é mecânico, apenas
isso. Ron mora naquela cidade há
anos, ele conhece pessoas que
podem ajudar.
Meu telefone toca e vejo
uma mensagem do juiz. Ele está
avisando que já tem os papéis da
guarda de Dulce e que me entregará
amanhã.
Saio à procura de Alejandro
e aviso sobre a novidade.
— Acho que agora é a hora
de falar com Juan. — sai do quarto.
— Você vai morrer. — Matt
avisa, como se fosse um pedido
para ele não ir.
— Preciso resolver esse
assunto.
— Tem certeza? —
pergunto.
— Tenho. — responde e sai
do quarto.
— Ele está aceitando a
prisão muito facilmente. — Matt
murmura. — Tem algo muito
estranho acontecendo.
— Muito estranho, mas eu
já mandei o advogado cuidar do
caso. — sento na cama. — Hoje eu
fui ver a mãe de Charlie, ela está
em uma clínica psiquiátrica e pediu
para encontrar os seus dois filhos,
Camille e Christian.
— Se for uma armação?
— Juan pediu para alguns
homens investigarem.
Depois de alguns minutos,
Alejandro aparece novamente no
quarto.
— Juan sabe da acusação?
— pergunto.
— Eu contei.
— E saiu vivo? — Matt
questiona sem entender o que
aconteceu, nem eu entendo. Juan
não deixaria Alejandro ileso.
— Saí e preciso dormir.
— Tem certeza disso? Você
ainda pode voltar para casa.
— Tenho. — Alejandro
responde. — Entregue para
Brittany, ela entenderá.
Alejandro me entrega um
envelope e sinto um pouco pesado.
— Cara, nós podemos
investigar tudo e depois
mostraremos as provas que você é
inocente.
— Obrigado, mas é melhor
eu me entregar.
— Pelo menos espere o
advogado.
— Quando ele chegar, ele
saberá o que fazer. —desce do
carro e eu vou atrás. — Boa sorte,
continue vivo e seja feliz com sua
mulher e seu filho.
— Você sabe que eu e Matt
sempre te visitaremos para te
informar sobre tudo. Nós
acreditamos em sua inocência,
mesmo você fazendo de tudo para
ser o culpado.
— Até algum dia. — nos
abraçamos. — E boa sorte.
Ele entra na delegacia.
Espero que não fique muito
tempo aí dentro. Alejandro não é o
culpado, eu sei disso.
— Quem é essa? —
pergunto. Olho para o corpo de uma
mulher que foi desenterrada.
— Uma das strippers que
estava faltando. — Stephen
responde. — Recebi esse bilhete
com esse endereço.
Leio o bilhete:
''Isso é apenas uma
amostra do que vai acontecer com
Jessica e Brittany. Vocês vão
pagar pelo o que fizeram com José
e David''.
Christopher
— O que está acontecendo?
— pergunto para Matt.
— Parece que pegaram
algum comparsa de Henry, ele está
lá fora.
A casa está com um enorme
barulho. Pessoas andam de um lado
para o outro.
— Juan mandou te chamar.
— Carlos avisa. — Pegamos dois
de seus seguranças, eles estão lá
fora amarrados em uma árvore.
Saio imediatamente da casa
e vou para fora. Encontro os
homens reunidos em volta de uma
grande árvore.
— Dois dos seus
seguranças estão aqui. — Juan
avisa. — Stephen os encontrou e
trouxe para cá.
Jack e Mauricie estão
amarrados.
— Podemos começar. —
Juan diz. — Qual o plano de
Henry? — eles não respondem.
Juan pega uma arma e mira na
cabeça de Jack. — Qual o plano de
Henry e onde eles estão?
— Pergunte a Jessica. —
Mauricie responde. — Ela sabe de
tudo.
— Por que Jessica saberia
de tudo? — indago.
— Por que ela é a mulher
de Charlie.
Todos começam a rir,
inclusive eu.
— Nós já sabemos que não
foi Jessica naquele vídeo. — falo.
— Invente outra coisa.
— Você realmente acha que
não foi Jessica? Ela traiu você,
aceite isso. Ela estava na casa dela,
ela ainda deixou que eu, Jack,
Damien e Raymond assistissem o
seu pequeno show. Jessica não
passa de uma vagabunda que banca
a santa para vocês. Enquanto eu
estou aqui, ela está se divertindo
com Charlie.
Um som de tiro ecoa pelo
ambiente e a cabeça de Mauricie
cai, ele está sem vida.
Olho para o lado e vejo que
foi Juan quem atirou.
— Se você não tivesse
feito, eu mesmo faria. — falo. —
Você viu o que aconteceu com seu
amigo, é melhor você falar a
verdade.
— Ele está falando a
verdade, Jessica está com Charlie,
sempre esteve. — Jack está
desesperado. — Eu sempre vi
Jessica com Charlie.
— Jessica estava grávida?
— Jessica nunca esteve
grávida.
— Como sabe? — Juan
pergunta.
— Eu sempre vejo Jessica,
ela sempre está com Charlie.
— Qual foi à última vez que
a viu?
— Uns dois dias atrás. Ela
estava com Charlie quando foi nos
visitar.
— Visitar onde?
— Charlie nos mandou de
férias por um tempo, ele disse que
precisaríamos sumir para você não
se vingar de nós. Ele sempre ia nos
ver para falar sobre o plano.
— Qual o plano? —
pergunto.
— Não tenho ideia. Charlie
nos pagou um bom dinheiro para
vigiar Jessica e dizer o momento
exato que eles poderiam invadir a
casa. Não sei qual o plano de
Charlie e Henry, ele nos mandou
voltar tem uma semana mais ou
menos. Na verdade, entramos nessa
história por causa de Damien, ele
quem fez as negociações.
Claro que quem sabe do
plano já morreu!
— Onde Charlie e Jessica
moram?
— Não sei, acho que
ninguém sabe. Eles vêm até a nossa
casa, nunca o contrário.
— Então Jessica realmente
é amante de Charlie e ela nunca
esteve grávida?
— Jéssica não é amante de
Charlie, ela é a mulher dele, acho
que são casados e ela nunca esteve
grávida, pelo menos, não quando
nos conhecemos.
— Cuidem dele. — Juan diz
para os homens.
— O que vão fazer? — Jack
pergunta.
— Você descobrirá em
breve.
Juan vem em minha direção.
— O que acham? —
pergunta.
Matt se aproxima. — Temos
duas opções: Ou eles querem fazer
com que Jessica pareça uma
traidora, ou, temos uma gêmea má
nessa história.
— Eu acredito. — vejo
Jack sendo espancado na minha
frente. — Que ele não mentiria a
toa. Jessica tem uma irmã gêmea.
Capítulo 18
Christopher
Irmã gêmea. Isso explica
muita coisa. Aquela garota era
muita idêntica a Jessica, ou era uma
sósia, ou alguma parente muito
idêntica. Irmã gêmea tem mais
chance de ser real.
Juan está muito calado.
Agora ele tem três filhas, sendo que
uma é má.
— Eu não acredito que
tenho outra filha. — Juan diz. —
Ela está do lado de Henry?
— Talvez não saiba. —
Matt acende um cigarro. — Ela
pode estar sendo enganada.
— Brittany e Jessica não
sabem sobre ela, por que ela foi
separada das meninas? — essa
dúvida já está há um bom tempo em
minha cabeça. — Eles tinham
interesse em Jessica e Brittany,
mais uma garota seria lucro.
— Essa história foi toda
mal contada. — Juan levanta da
mesa. — Primeiro Jack e Mauricie
disseram que Jessica sabia de todo
o plano, depois eles sumiram para
não ver Jessica grávida e a outra
normal. Essa garota está do lado
deles há um bom tempo, talvez
Sofia e Carmen tenham a vendido
para Henry.
— Whitney falou sobre
Charlie ser pior que Charlie, ele
deve ser o líder agora. — penso um
pouco e volto a falar. — Se ele é
pior, precisamos tomar cuidado.
Juan está muito estranho,
talvez seja a história da sua nova
filha.
— Quando Alejandro
poderá receber visita? — pergunta.
— O advogado vai avisar e
vai saber mais sobre o caso. —
respondo. — Como vocês se
conheceram?
— Ele conheceu Carlos na
cadeia. — responde. — Ele foi
preso, você sabe disso.
Alejandro foi preso depois
de espancar e ameaçar o ex-
namorado de sua ex-namorada com
uma arma. Ele ficou pouco tempo
preso.
Juan entra na casa, sem
dizer mais nenhuma palavra.
— Essa história está
estranha. — Matt me entrega um
cigarro. — Juan não espancou
Alejandro e não contou tudo sobre
como se conheceram.
— Tudo está estranho. —
acendo um cigarro. — Alejandro
nem quis se defender de algo que
não fez, alguém está o
chantageando.
— Juan? — Matt faz a
suposição. — Ele não quer a filha
pero de um ex-presidiário e
cafetão.
— Brittany não deve saber
sobre a prostituição. Alejandro
falou que era apenas um clube de
strip-tease, mas, mesmo assim, não
era nada de errado ou ilegal.
— Devo estar errado.
Alejandro lutaria pela liberdade.
— o telefone de Matt toca. — Ava.
— ele sorri. — Peguei o número
dela nos arquivos da agência.
— Gosta dela?
— Ela é uma garota legal,
mas não quero falar com ela agora.
Seu pai te ligou?
— Somente aquela vez. Ele
ainda não deve saber. — sorrio. —
Mas saberá em breve.
— Você vai até lá? Eu
quero ir junto.
— Assim que tudo acabar,
irei até lá. Eu falei com Ingrid e ela
resolveu tudo.
— Claro que ela resolveria
tudo, foi o que minha mãe sempre
quis.
Pego o celular e decido
ligar para Jessica.
— Olá. — ela atende um
pouco triste.
— Algum problema?
— Brittany, ela está muito
mal com essa história de Alejandro
e o estupro.
— Ele não fez isso.
— Ingrid disse o mesmo.
Alejandro deixou a casa, conta
bancária e Dulce, colocou tudo no
nome de Brittany. Ele já sabia
dessa acusação?
— Sabia. Ele me pediu para
falar com um juiz para passar a
guarda para Brittany o mais rápido
possível.
— Se ele não é o culpado,
por que ele não lutou pela sua
inocência?
— Isso é algo que eu
gostaria de saber. Não se preocupe
com isso, ele estará solto em breve,
aparecerá provas que ele não foi o
culpado. Brittany logo terá
Alejandro de volta.
— Espero que sim. Também
quero que você volte.
— Eu voltarei para você,
Drew e a nossa futura filha.
— Uma menina?
— Sim. Uma menina para
ser a princesinha da casa. — escuto
o grito de Drew. — Ele concorda
comigo.
— Ou está com ciúme. —
percebo o humor em sua voz. —
Você está com a voz cansada.
— Preciso te contar uma
coisa. É melhor sentar.
— O que é? Não gosto
disso.
— Você tem uma irmã
gêmea.
Minutos de silêncio seguem.
— Quê? — finamente diz
algo.
— Dois dos seguranças que
trabalhavam comigo confirmaram
que te viu com Charlie. Nós
sabemos que não foi você, mas eles
confirmaram que foi. Ele disse que
nunca te viu grávida, mas eles te
viram há alguns meses e a última
vez foi há alguns dias.
— Eu nunca nem escutei
sobre essa tal irmã. — a sua voz
sai um pouco embolada. — Eles
podem estar mentindo.
— Podem, mas uma irmã
gêmea explicaria aquele vídeo.
— Você tem razão. Onde
ela estava todo esse tempo?
— Ela é a mulher de
Charlie.
— Então ela sabia da
minha existência. — não foi uma
pergunta. — E, mesmo assim, ela
quer acabar comigo?
— Não sabemos se ela quer
acabar com você. Charlie teve todo
tempo do mundo para acabar com
você e Brittany, mesmo assim não
fez. Ele quer outra coisa.
— O quê?
— Ainda precisamos
descobrir e parar o que eles querem
fazer.
Jessica
Uma irmã gêmea. Deus,
essa historia só piora!
Henry, Charlie, Sofia,
Carmen e agora uma irmã que eu
nem sabia que existia. Quando isso
tudo vai terminar e eu terei uma
vida normal?
— O que aconteceu? —
Vicent pergunta.
— Precisamos conversar.
— levo Vicent até o quarto de
Brittany.
— O que vocês fazem aqui?
— Brittany fecha uma caixa e nos
olha irritada.
— Tenho uma irmã gêmea.
— O quê? — os dois
perguntam no mesmo instante.
— Tenho uma irmã gêmea.
Parece que o ex segurança de
Christopher confirmou que ela é a
mulher de Charlie.
— Eu não lembro a
existência de dois bebês. —
Brittany diz. — Eu lembro de você,
mas não de outra criança. — pensa
um pouco. — Sofia pode ter
vendido para Henry. — começa a
andar pelo quarto. — Ela foi criada
por eles, assim ela se tornou uma
pessoa ruim.
— Que história mais
confusa. — Vicent coça a cabeça.
— Desculpa por te
envolvermos nisso. — falo.
— Desculpa? Eu nunca
abandonaria vocês. Minha mãe me
abandonou, mas vocês me
acolheram sem ao menos me
conhecer direito.
— Você nunca nos
estupraria. — Britt diz com um
sorriso.
— Não garanto isso quando
eu tiver perto daqueles homens. —
se abana em gesto dramático. —
Dormi naquele quarto com eles não
foi um grande sacrifício.
E o resto do dia foi assim:
Vicent tentando alegrar o nosso dia
que foi bem esquisito. Ingrid se
juntou a nós e começou a conversar.
Ela amou a nossa comida e nos deu
a sugestão de abrirmos um
restaurante. Vicent ficou muito
animado com a ideia, Brittany
parecia que estava dormindo com
os olhos abertos e eu tentava entrar
na conversa para deixar de lado a
notícia sobre uma irmã gêmea e
tentar afastar aquela dor no peito
que eu sentia. A dor de que algo
ruim acontecerá.
Jessica
Quando a minha vida será
normal? Quando vou parar de
sofrer?
Tento controlar o meu
coração, que já deve passar dos
200 batimentos por minuto. A
vontade de vomitar e o frio são
constantes. As lágrimas não param
de descer.
Ter o filho sequestrado já é
desesperador, presenciar e não
poder fazer nada é pior ainda.
Sempre estarei preparada para dar
a minha vida por Drew, mas fui
incapaz de fazer tal atitude.
— Não se culpe. —
Brittany fala pela milésima vez. —
Ingrid fez o certo. Eles atiraram em
Vicent e Peter, imagine o que fariam
com você.
— Mas eles estavam
levando o meu...
— O seu filho, eu sei disso.
O que você poderia fazer depois de
morta? Drew seria um órfão,
Christopher seria viúvo, antes
mesmo de casar, e nada seria
resolvido. Ingrid fez o certo, ela te
salvou para você voltar para Drew.
Não culpo Ingrid, ela
pensou no meu bem. Eu me culpo
por ser tão fraca e incapaz.
— Juro que se tivéssemos
uma arma, nós sairíamos atrás de
todos os culpados e seríamos as
justiceiras, mas já tem muita gente
fazendo isso. — Brittany aperta a
minha mão.
Christopher esteve aqui
ontem, Brittany me contou. Ele
ainda não deu nenhuma informação.
Agora eu não posso perder os dois
ao mesmo tempo.
Por que esses pensamentos
horríveis não param?
O meu celular toca.
— Número desconhecido.
— Brittany atende. — A... — ela
começa a escutar. — Sofia?
— Coloca no viva voz. —
meu coração acelera ainda mais.
— Eu estou com o filho de
Jessica. — Sofia diz, com pressa.
— Eu quero devolvê-lo para você.
— Por que isso agora? —
Brittany pergunta.
— Agora eu não posso
explicar, eu apenas quero entregar
o bebê.
— Aonde? — pergunto.
— Na estrada. Pegue a rua
principal e dirija por mais ou
menos uma hora, siga sempre reto,
nunca vire. Eu e o bebê estaremos
esperando por vocês. Não traga
ninguém com você, somente
Brittany. — desliga.
— Você vai? — Brittany
pergunta.
— Claro que vou. —
respondo. Levanto da cama
apressadamente. — Meu filho
precisa de mim.
— Eu vou junto. — Brittany
vai até a bolsa de Ingrid, ela saiu
para ver Vicent. — Eu vi Ingrid
guardando essa arma. — Brittany
coloca a arma em sua cintura. —
Poderemos precisar.
Capítulo 20
Jessica
— A ligação não está
completando. — Brittany avisa. —
Eles devem estar em um local sem
rede.
— E agora? — pergunto
olhando para os lados.
— Sairemos pela janela. —
Brittany vai até a janela e abre. —
Os seguranças estão aí fora e eles
não nos deixarão sair.
— E como vamos chegar
até lá? — pensamos um pouco. —
Podemos pegar um táxi e parar no
meio do caminho.
— Eu tenho o dinheiro. —
Brittany pega o dinheiro na bolsa
de Ingrid. — Agora podemos ir.
Saímos pela janela. Não
tivemos dificuldade, o local não é
alto e não tem seguranças.
— O que nós faremos? —
pergunto. Chegamos até a rua e
esperamos por um táxi, mas,
aparentemente, aqui não existe isso.
— Será que é muito longe?
Podemos ir... Já sei! — para de
andar. — Podemos pegar o carro de
Maria.
— Você sabe dirigir?
— Mais ou menos.
— Então é melhor irmos
logo.
Vamos até a casa de Ingrid.
Brittany estava com a chave.
Procuramos a chave do carro e
entramos. Brittany dá a partida.
Demora alguns minutos, mas logo
ela já está dirigindo.
— Onde aprendeu a dirigir?
— Não é tão difícil assim.
Eu já vi alguns filmes onde se
ensina as pessoas a dirigir, é muito
fácil. Então eu fui naqueles
simuladores e pronto. — Brittany
presta atenção na estrada. — Abra
o porta-luvas, aposto que tem uma
arma.
Abro o porta-luvas.
Encontro uma arma.
— Ela é bem preparada. —
seguro a arma.
— Para a nossa sorte.
Agora temos duas armas, temos que
torcer para que tudo dê certo.
— Eu duvido muito. — falo
com tristeza. — Elas nunca fariam
uma bondade com a gente. Ela
nunca seria contra Henry.
— Temos duas armas, não
será tão difícil assim.
— Sabe usar uma arma? —
pergunto.
— Se for como os filmes
será fácil.
— Estou muito nervosa. —
meu estômago está dando voltas e
mais voltas. Meu coração está mais
acelerado que antes, meu corpo está
frio e estou tremendo muito.
— Vai dá tudo certo. Vamos
rezar para que Deus tenha tocado
no coração delas e que elas
queiram salvar o bebê. Nada para
Deus é impossível, acredite e tudo
vai dar certo.
Ok. Vamos lá.
Oh Deus, por favor, traga o
meu filho de volta para mim. Faça
com que elas se tornem boas uma
vez na vida e me entreguem o meu
bebê. O Senhor já me ajudou em
todos esses anos, então, por favor,
traga o meu filho de volta.
Continuo rezando por um
bom tempo. Peço a Deus, ou
melhor, imploro para que eu esteja
com meu filho o mais rápido
possível e que Christopher esteja
bem.
— Ainda nem sinal. —
Brittany atrapalha os meus pedidos.
O lugar realmente parece
um deserto. Muita areia, algumas
montanhas e nada de pessoas.
Passamos por uma curva.
Carmen está parada carregando
Drew. Não tem mais ninguém com
ela. Brittany para o carro. Desço
correndo ao encontro de Drew.
Carmen me entrega Drew sem
hesitação.
Abraço meu filho com tanta
força que acho que posso sufoca-lo
em meu peito, mas é a emoção de
ter meu bebê em meus braços
novamente. Beijo o rosto de Drew
que no momento fala ''ma ma ma''
sem parar.
— Você está bem? —
verifico seu estado. Nada de
anormal. Ele está limpinho e sem
nenhum arranhão. — Oh meu Deus,
obrigada. — beijo Drew sem parar
e choro por ter meu filho comigo
novamente.
— Garota, abaixe isso! —
olho para frente. Brittany tem a
arma apontada pra Carmen. — Você
vai acabar ferindo alguém.
— Esse é o intuito. —
Brittany segura à arma com muita
firmeza.
— Eu entreguei o filho de
Jessica, não quero nada com vocês.
Entrem no carro e vão embora.
— Por que isso? Isso não
faz o menor sentido. — falo. —
Qual a armadilha?
— A armadilha não é para
vocês...
Antes que ela fale alguma
coisa, um carro em alta velocidade
para ao nosso lado. Henry desce.
Claro que isso seria uma
armadilha.
Aperto Drew em meus
braços e choro por tudo o que está
acontecendo.
Uma coisa me surpreende.
Carmen retira uma arma das costas
e aponta para Henry, Brittany faz o
mesmo.
— Nem pense em atirar. —
Carmen diz. — Somos três contra
você.
— Três? — Henry levanta
uma sobrancelha, ele acha isso uma
piada. — Só tem duas armadas.
Sofia sai de dentro do carro
com duas armas na mão.
Oh meu Deus!
— Três, na verdade quatro.
— Sofia coloca uma arma na
cabeça dele e outra nas costas.
— O que está acontecendo
aqui? — Henry grita.
— Jogue a sua arma no
chão, nada de tentar alguma
gracinha. — Carmen ordena. —
Jessica, vá para o meu carro.
Carmen vem andando em
minha direção, fica a minha frente,
como um escudo. Abro a porta do
carro e entro.
Movimento as minhas
pernas trêmulas e entro no carro.
— É a prova de balas. Não
saia daí!
Ela volta para o local.
Brittany segura à arma com
muita firmeza, em nenhum momento
ela fraqueja. Os minutos vão
passando. Carmen e Sofia falam
algo sobre traição e que nada
daquilo era para ter acontecido, não
estava nos planos.
Henry coloca a única arma
no chão. Carmen se aproxima e o
revista, não encontra nada. Sofia
manda Henry ir andando até o canto
da estrada. O local não tem
proteção, quando fizemos a curva
eu vi que tinha um precipício com
pedras muito pontiagudas. Estava
com medo de Brittany perder a
direção do carro e cairmos dessa
altura enorme. Mas, Graças a Deus,
Ele estava do nosso lado e continua
estando.
Henry levanta as mãos e
tenta dialogar. Carmen e Sofia não
querem conversa. Brittany continua
calada e mirando arma em Henry.
— Elas estão aqui,
podemos vendê-las, elas e o bebê.
Confie em mim, será muito melhor.
— Henry diz. Rezo para elas
realmente estarem fazendo algo
contra ele.
— Você nos traiu, dividiu o
grupo sem os comunicar e ainda
queria vender um bebê. — Carmen
diz. Eu fico surpresa com isso. Ela
queria nos vender na
adolescência!
— Desde quando se
tornaram boas? — zomba.
— Desde quando você nos
traiu, essa não foi à primeira vez!
Sofia e Carmen vão se
aproximando. Ele continua tentando
convencê-las do contrário. Rezo
para que elas não se virem e atirem
em Brittany. Drew morde algum
brinquedo e sorri. Eu não paro de
chorar.
Elas vão se aproximando
cada vez mais. Quando ele já está
ponta, Carmen e Sofia atiram no
chão. Com o susto, Henry dá um
passo para trás e não o vejo mais.
Carmen e Sofia sorriem
olhando para baixo. Brittany vai até
lá, seu rosto está choque.
Elas puxam Brittany para o
carro e a colocam no banco de trás.
— Ele está morto. —
Brittany diz em choque. — Elas
mataram Henry! O corpo dele está
lá embaixo, é muito alto e seu
corpo está nas pedras. Elas
realmente o mataram.
Eu e Brittany continuamos
em choque com a situação. Carmen
e Sofia fazem algo no carro de
Henry. Sofia entra no carro de
Ingrid e começa a dirigir. Carmen
entra no carro ao meu lado.
— Calma, eu já salvei
vocês. — Carmen diz.
Brittany coloca a arma na
cabeça de Carmen.
— O que querem com isso?
— pergunto.
— Nós iremos explicar
tudo. Tenha calma. Primeiro
precisamos sair da cena do crime.
Carmen para o carro na
estrada. Desce e vai até o local
onde os carros estavam parados.
Ela começa a passar a mão no chão,
como se apagasse as marcas de
pneu e sapatos. Carmen dá uma
última olhada em seu trabalho.
Volta para o carro e acelera em
direção à cidade.
Permanecemos em silêncio.
Carmen não diz uma palavra. O
carro de Ingrid está logo à frente
sendo dirigido por Sofia.
Paramos depois de algum
tempo. Estamos no meio da estrada.
Carmen desce do carro.
— O que está acontecendo?
— Brittany pergunta, quando
saímos do carro. — Por que
mataram Henry?
— Abaixe essa arma,
ninguém está com armas aqui! —
Sofia diz com o tom arrogante que
sempre teve.
— Nós iremos explicar, não
temos motivos, mas falaremos com
vocês. — Carmen fala calmamente.
— Henry nos traiu, nós o matamos.
— O que ele fez de tão
ruim? — pergunto.
— Não repassou o dinheiro
e disse que estávamos sendo
investigados, por isso a produção
da metanfetamina tinha parado, ele
também sequestrou o bebê. — Sofia
sorri para Drew.
— E vocês foram boazinhas
e salvaram Drew? — pergunto.
Elas nunca fariam isso a troco de
nada.
— Eu fui atrás de você. —
Sofia diz. — Eu te liguei para
avisar, mas você não me ouviu.
— Você correu!
— Henry tinha colocado
homens na sua cola, ia te contar,
mas vi que um deles estava por
perto. Antes que ele me visse, eu
corri. Te liguei para te alertar, mas
você não me escutava.
— Por que tentou me
ajudar?
— Eu sabia que Henry não
tinha esquecido tudo o que vocês
fizeram, eles assaltaram a casa de
vocês, pensei que aquilo estava
bom para eles, você estava com um
bilionário, conseguiria tudo
rapidamente. Henry nunca mais
falou de você, até que algumas
semanas atrás eu escutei ele falando
sobre a venda de um bebê, não
sabia sobre isso, ele não me contou
nada. Escutei que era o filho de
Jessica. Não sabia do seu
paradeiro, fui à empresa e falaram
que você não trabalhava mais.
Escutei eles falando que iriam te
seguir, eu fui atrás e descobri que
tinha voltado a trabalhar naquele
lugar.
— Isso ainda não faz
sentido. — Brittany diz.
— Nada fazia sentido. —
Sofia continua. — Henry estava
cada vez mais distante, ele veio
para cá e nem nos avisou, sabíamos
que estava acontecendo algo. O
seguimos e vimos o bebê. Armamos
tudo. Carmen pegaria o bebê, eu
entraria no carro de Henry, ele viria
atrás e nós o mataríamos para
parecer um suicídio.
— Não traficamos pessoas,
ele estava indo muito longe. —
Carmen fala.
— Vocês iam vender
Jessica e a mim!
— Nós não íamos vender
vocês! — Sofia grita. — Era tudo
um plano. Pegaríamos o dinheiro da
venda, levaríamos as duas para
Juan e depois eu e Carmen
fugiríamos para bem longe. Depois
da festa Jessica voltaria e iriamos
arrumá-la para o seu comprador,
mas, na verdade, estaríamos
fugindo. Henry sempre confiou em
mim e Carmen, fugiríamos e
ninguém nos encontraria.
— Isso não está fazendo
sentido! — grito. Drew se assusta
um pouco. — Vocês nunca foram
boas!
— E nunca seremos, mas
também não somos cruéis a ponto
de tirar o filho de uma pessoa!
— Mas podem deixar duas
garotas quase serem estupradas! —
Brittany rosna.
— Nunca deixamos que isso
acontecesse. — Carmen encara
Brittany com o olhar furioso. —
Sempre estávamos por perto, vocês
nunca foram estupradas.
— Mas me levava para
fazer programa.
— Nós te levávamos
porque sabíamos que você iria lutar
contra eles, eles nunca
conseguiriam nada com você. —
Carmen diz como se fosse uma
coisa normal. — Henry nos
obrigava a isso, ele e José. Se não
te levássemos, eles nos matariam,
eles poderiam fazer isso. Sempre
ficávamos na porta, se algo de ruim
acontecesse, nós entraríamos e te
salvaríamos. — olha para Brittany.
— Você sabe que nós fizemos isso.
— Foram vocês? —
Brittany pergunta.
— Sim. — Sofia responde.
— Fui eu quem matou David,
aquele homem que estava em cima
de você. Sempre íamos com
máscaras e com armas, caso algo
acontecesse, nós te defenderíamos.
Minha dor de cabeça está
insuportável. O dia foi longo e
agora elas falam tudo isso, está
muito confuso.
— Então vocês não queriam
que...
— Não. — Sofia não deixa
Brittany falar. — Só fizemos aquilo
porque José e Henry nos matariam
e sempre estávamos preparadas do
lado de fora. José era bom no
início, mas percebi o interesse dele
em vocês.
— Você nos salvou? —
pergunto confusa.
— Não somos boas
pessoas. Não nascemos para ser
mãe ou cuidar de pessoas. Não
pense que fizemos isso para pedir
perdão a vocês e sermos uma
família feliz. Eu batia em vocês,
batia porque nunca tive paciência
com criança e nunca terei. —
Carmen diz com seriedade. — Mas
Henry nos traiu e ia sequestrar o
bebê sem ao menos contar, não
mexo com crianças.
— E a minha irmã gêmea?
Óbvio que vocês a venderam. —
falo.
— Vendemos? — Sofia fica
confusa. — Ela morreu no parto.
— Ela não morreu no parto!
— Brittany grita. — Ela é a mulher
de Charlie!
— Quem é Charlie? —
Carmen pergunta.
— O filho de Henry. —
respondo.
— Henry não tem filhos! —
Sofia diz. — Vocês estão loucas!
— Ele tem filho, se chama
Charlie e é o braço direito dele.
Sua outra filha a gêmea de Jessica,
está com ele.
— Eu vi o bebê morto! —
Sofia grita.
— Henry deve ter trocado.
— Carmen diz. — Pegou o bebê
vivo e trocou pelo morto. Pagou
uma quantia aos médicos e fez a
troca.
— Eu não acredito que ele
fez tudo isso. — Sofia bate no
carro. — Ele dividiu o grupo,
certamente esse tal de Charlie ficou
com toda a quantia.
Claro que ela não se
preocuparia com o bebê trocado.
— Eu vou atrás desse
Charlie e vou fazer com que ele me
pague por tudo. — Carmen diz
como uma promessa carregada com
ameaça. — Ele me pagará cada
valor que foi desviado.
— E Henry? Vocês o
mataram e agora os outros se
vingarão. — falo.
— Não vão. — Sofia diz.
— Nós mataremos Charlie antes
disso. Ele nos roubou. Henry já está
sumido por um longo tempo,
deixamos uma carta de suicídio no
carro. Caso o encontrem, será
levantado à hipótese de suicídio.
— E os comparsas? —
Brittany pergunta.
— Eles não estavam lá.
Eles entregaram o bebê e foram
embora. Sabíamos que era o seu
filho, era o único bebê que ele
poderia pegar.
— Agora vão embora! —
Carmen ordena. — Devolvemos o
seu filho, agora nós iremos atrás de
Charlie para pegar tudo o que ele
nos deve. — as duas entram no
carro e vão embora.
— Vamos sair daqui. — eu
e Brittany entramos no carro de
Ingrid.
— O que foi isso? —
abraço Drew. — Elas nos
ajudaram.
— Elas mataram um homem
para eu não ser estuprada, a sua
irmã foi roubada na maternidade,
ela iria nos levar para Juan e nunca
seríamos vendidas.
— José e Henry as
ameaçavam, elas nunca souberam
de Charlie e foram traídas por
Henry. — encosto a minha cabeça
na janela. — Isso é muito para a
minha cabeça. Você nunca
desconfiou que foram elas que
mataram o homem?
— Não. — responde. —
Quer dizer, por um momento eu
pensei nessa possibilidade, mas
elas nunca foram boas. Sofia tinha
sumido naquela noite e voltei para
casa com Carmen, mas eu nunca
pensei nisso.
— Espera um pouco, o
nome dele era David?
— Acho que foi isso que
elas falaram.
— Christopher perguntou
sobre um David, se eu o conhecia.
Elas mataram David! — agora faz
sentido. — Eles pensam que foi
você quem o matou, talvez seja por
isso que estamos sendo
perseguidas. David foi alguém
muito importante.
— Quem é David? Elas não
pareciam saber desse vínculo tão
forte.
— Alguém muito importante
nessa equipe. Tão importante ao
ponto de Sofia e Carmen não
saberem sobre nada. Eles não estão
atrás do dinheiro que roubamos,
eles querem a vingança pela morte
de David, o homem que tentou te
estuprar.
Capítulo 21
Jessica
— Oh meu Deus! — Ingrid
corre em minha direção e abraça
Drew. — Como vocês o pegaram
de volta?
— Carmen e Sofia
devolveram. — Brittany responde.
— Elas marcaram de nos encontrar
e devolver Drew.
— E se fosse uma
emboscada? Eu já ia mandar os
seguranças irem atrás de vocês. —
Ingrid está furiosa. — Poderíamos
ficar sem Drew e as duas.
— Mas estamos aqui. —
falo. — Conseguimos trazer Drew
de volta.
— Elas devolveram assim
sem tentar nada contra vocês?
— Podemos ir para um
local reservado? — pergunto. Olho
em volta, algumas pessoas estão
observando discretamente. Com
certeza elas sabem sobre o
sequestro. — Precisamos de
privacidade.
Vamos em direção ao quarto
onde Vicent está. Ele brinca com
Dulce.
— Ele está a salvo! —
Vicent grita. Sente uma dor e para
um pouco.
— Sim. — vou até ele e dou
um abraço. — Obrigada por tudo.
— Não agradeça. —
retribui o abraço. — Eu faria de
tudo por vocês.
— Até levar um tiro. —
Brittany pega Dulce no colo. —
Temos que agradecer por você
passar por tudo e, mesmo assim,
não nos abandonar.
— Eu já falei que nunca
abandonaria vocês. Vocês são a
minha família.
— Dói muito? — pergunto.
Vicent foi baleado no abdômen,
mas, como estávamos no hospital,
conseguiram salvá-lo rapidamente.
— Dói. — responde. — Na
verdade eu pensei que fosse morrer,
estava quase impossível respirar
com a dor.
— Eu serei eternamente
grata por isso. — começo a chorar
quando penso nisso e em
Christopher.
O que Christopher está
fazendo nesse momento?
— Não chore, Drew está
aqui conosco. Por falar nisso, como
o encontraram?
— Eu também gostaria de
saber. — Ingrid se aproxima. — Eu
já estava indo colocar alguns
homens atrás de vocês.
— Carmen e Sofia nos
entregaram. — Brittany começa a
contar. — A história é muito
confusa. Parece que Henry dividiu
a gangue. Elas não conheciam
Charlie, não sabiam sobre o
sequestro do bebê e estavam sendo
roubadas. Elas não são a favor de
tráfico humano e devolveram Drew,
agora elas estão indo se vingar de
Charlie.
— Eu não entendo nada. —
Ingrid murmura. — Christopher me
contou um pouco sobre elas, por
que ajudaram?
— Aparentemente elas não
queriam que Drew fosse vendido e
isso fez com que elas armassem
uma emboscada contra Henry. —
Drew começa a se esticar querendo
entregar o brinquedo a Dulce.
Aproximo os dois. — Elas o
mataram.
— Quê? — Ingrid e Vicent
perguntam no mesmo momento.
— Elas fizeram com que
parecesse um suicídio. — explico.
— Ele caiu de um precipício.
Parece que ele estava sumido há um
bom tempo, então o suicídio vai
convencer as autoridades.
— Quem diria que essas
duas salvariam uma vida. — Vicent
coloca a mão em seu abdômen. —
Isso não muda o que acho delas.
— Elas confirmaram, eu
tenho uma irmã gêmea. Henry fez
parecer que ela tinha morrido.
— Uau! Essa história só
piora. — Vicent faz cara de dor. —
Então a garota conviveu com
Henry?
— E é mulher de Charlie.
— completo. — Eles devem estar
atrás de nós por um motivo: David.
Sofia matou esse cara porque ele
tentou estuprar Brittany. Acho que
eles pensam que Britt é a culpada.
— Quem é David? — Ingrid
pergunta. — Algum tipo de líder?
— Na época disseram que
ele era usuário de drogas e morreu
por estar devendo, não sabia nada
sobre ser líder de algo. — Brittany
explica. — Na verdade, nem
sabemos se David é o motivo de
tudo isso.
— Christopher perguntou se
conheço um David, é muito
estranho. Quando ele chegar,
saberemos melhor sobre isso.
A porta abre e um médico
entra.
— Com licença. — diz.
Percebo um sorriso dirigido a
Vicent. — Preciso fazer alguns
exames para checar se está tudo
bem.
— Meninas, podem ir, eu
ficarei bem. — Vicent diz com um
sorriso e pisca um olho.
— Acho que Vicent
encontrou alguém. — Brittany diz
quando saímos. — Ele é lindo!
Nem reparei muito no
médico, só vi o seu sorriso enorme
dirigido a Vicent, algo impossível
de não ser notado.
— Acho que o médico
também gostou dele. — Ingrid
sorri. — Essa é a terceira vez que
ele vai verifica-lo.
— Seria fofo, já quero os
dois juntos. — Brittany faz uma voz
idiota. — Assim como vocês dois,
não é? — fala com Drew e Dulce.
— Eu também acho esses
dois fofos. — Ingrid aperta a
bochecha de Drew.
— Desculpa por isso. —
aponto para o seu braço com
arranhões. — Eu não queria te
machucar.
— Eu entendo, teria feito o
mesmo, mas nós sabemos que você
não estaria aqui se tivesse ido atrás
daquele carro.
— Obrigada. — nos
abraçamos.
— Nada de ruim vai
acontecer com eles. Daqui a pouco
todos estarão aqui.
Christopher
Quase meia noite. Estamos
há horas procurando uma solução
para o que iremos fazer. Os homens
que sequestraram Drew chegaram,
mas nem sinal do meu filho. Se
atacarmos morreremos, são muitos
contra nós. Os explosivos já estão
prontos para o uso. Só falta a
permissão de Juan, mas eu o
entendo.
A gêmea de Jessica está aí
dentro, se explodirmos ela também
morre. Apesar de Juan não a
conhecer, é difícil fazer isso com a
própria filha. É um dilema. Se não
explodirmos ela vive, mas todos
continuarão correndo perigo,
podemos invadir, mas sei que não
voltaremos para casa e Drew
continuará desaparecido. Se
explodirmos, nossos problemas
estarão resolvidos, poderemos
viver em paz, mas a filha de Juan
morre.
Confesso que, se
dependesse de mim, eu já teria
explodido tudo. Não conheço a
gêmea de Jessica, mas sei que ela
armou contra a irmã, ela merece
esse fim. Sou pai, sei o que Juan
está em um momento difícil, mas, se
continuarmos aqui, seremos
descobertos e adeus para tudo.
Deve ter mais de 20 homens
dentro desse galpão, parece que
algumas mulheres estão presentes.
Somos apenas uns 10, não
queremos causar uma enorme
guerra. Os explosivos serão
suficientes. Estamos muito distantes
do local, os outros homens
colocaram os explosivos pela noite
sem serem notados. Assim que Juan
autorizar, tudo vai explodir, então
procurarei Henry e levarei Drew
para casa.
— Pode acionar. — Juan
fala por um rádio.
— Já colocaremos para
contar os minutos. — o homem do
outro lado da linha responde.
Os minutos seguem.
Ninguém fala nada. Juan está com o
olhar distante e triste. Essa deve ser
a pior decisão que ele já tomou na
vida.
Depois de alguns instantes,
os dois homens aparecem de dentro
da mata, ambos correndo. Entram
no carro e damos a partida, ficamos
mais distantes ainda. O barulho de
uma grande explosão é ouvido. O
fogo sobe e sabemos, esse foi o fim
de todos os nossos problemas.
Não aconteceu como eu
imaginava. Queria que eles
sofressem antes, eu torturaria um
por um, mas aconteceu da forma
mais rápida e prática.
Juan começa a dirigir.
Continuamos em silêncio. Se fosse
em outra ocasião haveria
comemoração, mas não podemos
fazer isso. A filha de Juan morreu,
mesmo não a conhecendo, ela era a
sua filha.
— O que faremos agora? —
Juan pergunta, quebrando o silêncio
dentro do carro.
— Ainda sem informações
sobre Henry? — pergunto.
— O celular não tinha sinal,
só quando chegarmos à cidade para
saber.
O silêncio continua até
chegarmos à entrada da cidade.
Paramos o carro em uma construção
abandonada. Vários carros dos
bombeiros, polícias e ambulâncias
estão saindo da cidade. A explosão
foi muito forte, daqui dá para ver a
fumaça e o fogo.
Saímos do carro e
esperamos a movimentação acabar.
— Eu vou falar com o
xerife. — Ron informa. — Eles
tinham a produção de
metanfetamina, acredito que não
haverá uma grande investigação
sobre o caso.
— Vocês nunca souberam
disso? — Juan pergunta.
— Na cidade não entra
drogas. — Ron responde. — E essa
fábrica fica muito bem escondida e
é longe daqui.
— Eu ainda não entendi
isso. — falo. — Essa fábrica
apareceu justamente quando Jessica
veio para cá.
— Talvez eles tenham feito
isso quando souberam do paradeiro
de Jessica. — Matt, como sempre,
fazendo suposições. — Eles tinham
o rastreador há um bom tempo,
seguiram e resolveram instalar a
produção por aqui.
— Agora tudo está acabado.
— Juan entra no carro. — Essa
parte não importa mais, só temos
que encontrar o meu neto.
Entro no carro.
— Eu sei que é difícil, mas
acho que foi o mais correto. —
falo. Juan não vai conversar sobre
o que esta sentindo.
— Eu sempre considerei
Jessica a minha filha. Eu sempre
amei Britt e a Jess, nunca as levei
para morar comigo devido ao
cartel, esse não era o ambiente para
duas crianças, mas eu sempre me
preocupei com elas. Não sou um
exemplo de pai, estou bem longe
disso, mas o que eu fiz... — balança
a cabeça. — Foi errado, ou correto,
ainda não sei. Eu salvei as minhas
duas filhas e perdi uma, ela morreu
por minha culpa. Ela pode ter sido
uma pessoa ruim, mesmo assim...
Nada justificará o meu erro.
— Se não...
— Não fale nada. — me
interrompe. — Eu vou conseguir
sobreviver com a culpa, não
preciso de palavras de conforto,
não adiantará. Agora precisamos
encontrar o meu neto.
Ron abre a porta do carro.
— Ingrid ligou. — sorri. —
Drew já está com Jessica.
— Como? — pergunto.
— Ela não contou muita
coisa, mas o importante é que ele
está bem.
Meu filho está a salvo!
Lágrimas descem
incontrolavelmente, mas, dessa vez,
é de felicidade. Agradeço por tudo
estar bem e por esse pesadelo ter
terminado.
Ron me puxa para um
abraço.
— Agora é a hora de você
voltar para a sua família.
Christopher me abraça e
beija a minha testa.
— Calma, ela deve estar
bem.
— Brittany está correndo
perigo, eu...
Começo a chorar com mais
força e perco as palavras. Britanny
salvou Alejandro e fugiu... Para
onde ela fugiu?
Chris me entrega um celular.
— Aqui, liguei para Juan e
ele me atendeu.
Pego o celular rapidamente.
— Juan? — pergunto e fico
aliviada por escutar a voz de
Brittany.
— Sou eu, Brittany.
— O que aconteceu? A
carta fala algo sobre você ter
inocentado Alejandro e, por isso,
você fugiu.
— Ele já saiu da prisão?
— Acho que sim. Britt,
volte para casa.
— É melhor que eu fique
longe.
— O que está acontecendo?
— Eu tinha todas as provas
da inocência de Alejandro, por
isso eu estava tão mal naquela
época. Eu entreguei as provas e
agora eu corro perigo.
— Brittany! Mas, e agora?
— E agora estou com Juan,
ele e todos os outros poderão me
proteger.
— Eu não acredito. Depois
de tudo o que passamos ainda tem
isso?
— Infelizmente sim. Um tal
de Salazar quer pegar Alejandro.
Parece que Alejandro engravidou
a mulher desse cara e agora ele
quer vingança.
— Eu queria estar aí com
você para te ajudar.
— Não se preocupe, eu vou
aprender a usar uma arma. Lutar
eu já sei.
— Isso não é uma
brincadeira.
— E quem está brincando?
Mudando de assunto, como todos
estão?
— Estamos bem, estaríamos
melhor se a senhorita estivesse
aqui.
— Isso foi lindo. Em breve
eu estarei aí. Estou com saudade
de todos, Du também sente falta do
amigo e futuro namorado.
— Você não perde o humor.
— percebo o humor em sua voz. —
E se Alejandro perguntar se eu falei
com você?
— Fale que estamos bem e
continuaremos assim. Assim que
tudo isso acabar, eu voltarei para
todos vocês. Agora, preciso
desligar.
— Até breve e mantenha
contado.
— Vocês não se livrarão de
mim com facilidade, eu sempre vou
manter contato. Não se esqueça,
não fugi definitivamente, eu só
preciso ficar longe de tudo.
— E se...
— Vou voltar, tenha calma.
Juan tem um arsenal e um exército
para me proteger. Fora que você
sempre terá notícias minhas.
Agora, eu preciso ir. Te amo e dê
beijos e abraços em todos. E,
prometa que não vai parar a sua
vida por minha causa. Quero que
você e seu marido tenham as férias
merecidas. Estou bem aqui, Carlos
é uma ótima babá. — escuto um
homem resmungando ao fundo e sei
que é Carlos. — Prometa.
— Também te amo e
prometo que vou seguir em frente.
Terminamos a ligação.
— Está melhor? — Chris
pergunta.
— Britt está com Juan. Ele
vai ser a melhor pessoa para
protegê-la, mesmo assim...
— Juan vai dar a própria
vida por Brittany. Quem quer que
esteja atrás de Alejandro, será pego
antes de chegar em Brittany.
Poderia ficar mais calma?
— Sim, estou mais calma.
— Não quero parecer
egoísta, mas...
— Teremos as nossas
férias. Brittany até pediu para que
eu não parasse a minha vida. Talvez
esse tal de Salazar não seja
perigoso.
— Mesmo nas férias,
manteremos contato com sua irmã,
não se preocupe.
— Obrigada.
— Somos uma família
agora. Também me preocupo com
sua irmã.
— Uau! Vocês se odiavam.
— Porque sua irmã te ama e
sabia que era um estúpido com
você. Mas, se até Brittany entendeu
que te amo, é porque...
— Você fez por merecer.
— Sim. E, se ela precisar
de ajuda, cancelamos tudo e eu vou
atrás dela.
— Só você?
— Você acha que eu vou
correr o risco de te ver machucada?
— Mas se você for...
— Sem discussão. Vamos
para casa, começaremos a arrumar
as malas. As reformas terminarão
daqui a alguns dias e sabemos
como você demora para arrumar as
coisas. Enfim, teremos os nossos
momentos sozinhos.
Epílogo
Christopher
Sorrio quando olho para
Jessica ensinando Drew a andar.
Ele dá alguns passos enquanto é
segurado pela sua mãe.
— O papai está sendo um
cara muito folgado enquanto está
deitado me olhando ter todo o
trabalho. — Jessica aproxima
Drew de mim. — Ele te quer.
— Ele me ama, sabe disso.
Lembro de Brittany dizendo que
Drew tem mal gosto como você. —
sorrio com a lembrança.
— Sabe o que me deixa
aliviada? É que mesmo com essa
tensão sobre Salazar, Brittany não
deixa de ser louca e viver a vida.
Reparei que ela voltou a ser como
era antes.
— Ela estava mal por causa
de Alejandro, agora ela sabe que
ele está bem. O amor nos destrói e
nos reconstrói.
— Somos a prova viva
disso. — deita ao meu lado. —
Obrigada por realizar um dos meus
sonhos de conhecer o Caribe.
— Estou aqui para isso,
para realizar todos os seus sonhos.
— Papapapa. — Drew
repete as palavras e bate palmas.
— Papai. — falo. —
Repete comigo, papai.
— Oh Deus! Você e Drew
são fofos.
— Precisamos de uma
menininha agora.
— Tenha calma, ok?
— Ok. Eu só quero ter a
chance de acariciar a sua barriga,
escutar os batimentos do bebê, ir a
todos os exames...
— Você passou de
estupidamente arrogante para
estupidamente fofo.
— Estupidamente? —
arqueio a sobrancelha e ela sorri
para mim. — Ainda acho que essa
palavra não existe.
— Existe no nosso
dicionário. E falo a mais pura
verdade. Você passou de
empresário estúpido, arrogante e
insensível, para fofo.
— E você deve amar essa
mudança.
— Fui tonta de me
apaixonar antes de você ser um
amor de pessoa, imagine agora.
— Te amo e sempre te
amarei, meu primeiro e único amor.
Bônus
Jennifer (gêmea de
Jessica)
Buenos Aires -
Argentina
Continua no livro de
Brittany — Por amor a você –
Primeiro spin-off da Duologia
Estúpido...
Por amor a você
Primeiro Spin-off
da duologia Estúpido
(Livro de Brittany
e Alejandro)
Prólogo
Brittany
— Mais forte!
Eu não sou obrigada a
escutar essa prostituta ser
espancada.
Todo dia é isso, desde o dia
em que essa vadia entrou pela
porta do clube. Ela sempre grita
''mais forte''.
Não sei como alguém pode
gostar de ser espancada. Já vi
esses dois juntos algumas vezes,
não é nada legal de se ver. Não sei
como Alejandro suporta essa
vadia, ela é tão escandalosa e
estranha. Eu já vi o olhar que ele
dirige a ela, ele não gosta muito
de bater. Bater não, aquilo chega a
ser um espancamento. A garota é
bonita, não posso negar, mas não
vale a pena, o seu grito deixa
qualquer um surdo.
É só ignorar, você precisa
fazer o seu trabalho. Você precisa
colocar dinheiro em casa.
Subo em direção aos
quartos, preciso fazer a limpeza.
Jessica não sabe sobre essa parte.
Ela, com certeza, não vai gostar
de saber que faço trabalho extra.
Entro no quarto e o grito
dessa vadia só aumenta.
Alejandro, eu estou aqui.
Virgem e recatada, aposto que não
grito. Quando você vai me notar?
A música Alejandro de
Lady Gaga não sai da minha
cabeça. Eu gostava dessa música,
mas, agora, ela se tornou uma das
minhas preferidas.
Abro a porta do quarto
para sair e encontro Alejandro e a
vadia no corredor.
Que maravilha! Agora terei
que esperar esse showzinho
terminar.
Dias atuais...
Em breve na Amazon!
Livros da duologia
Estúpido
Meu chefe
estupidamente arrogante –
Duologia Estúpido – Livro 1
(Livro de Christopher e
Jessica)
Um recomeço quase
estúpido – Duologia
Estúpido – Livro 2 (Livro
de Christopher e Jessica)
Liberte-me – Segundo
spin-off da duologia
Estúpido (Livro de Matt)
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