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Um Recomeço Quase Estúpido

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Um recomeço quase

estúpido
Duologia
Estúpido – Livro 2
Manuele Cruz
Copyright © 2016 Manuele
Cruz
1° Edição – 2016
Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução no todo
ou em parte, por quaisquer
meios, sem a autorização da
autora.

Ilustradora: Hadassa M. Vaz


Revisão: Manuele Cruz
Diagramação: Manuele Cruz
Nota da autora:

1- O livro é um
romance, mas, em
algumas cenas, contém
violência;
2- Apesar de ser uma
duologia, contém mais
três livros que se
completam;
3- A partir do
terceiro livro (Spin-off) a
história é contada na visão
dos outros personagens,
mas sempre
complementando a
história anterior;
4- Lugares,
personagens e leis (em
relação à justiça) são
fictícios, frutos da
imaginação da autora,
nada tem a ver com a
realidade;
5- Esse livro marca o
final da história de Jessica
e Christopher, mas eles
continuam aparecendo
nos próximos livros.
Sinopse
Esse é o segundo livro
da duologia Estúpido,
continuação de ''Meu chefe
estupidamente arrogante''.
Christopher jurou que
protegeria a única garota que
o fez sentir algo, além de
atração sexual. Mas, isso
acabou quando ele descobriu
quem ela é de verdade.
A sua vida estava
completamente entediante, até
que conheceu um pequeno
bebê em uma noite. A noite
que mudaria a sua vida e ele
perceberia o erro que
cometeu.
Depois de ter sido
humilhada pelo homem que
mais amou, Jessica continua
vivendo sua vida com os seus
dois melhores amigos e com o
seu filho, Andrew, fruto do
seu relacionamento com
Christopher Dalgliesh Junior.
Jessica não sabe mais o
que fazer para se sustentar,
seu filho ficou doente e as
contas estão atrasadas, mas a
solução bate em sua porta.
Junto com a solução, veio
também, o seu passado.
Jessica detesta admitir,
mas ela ainda precisa de
Christopher para salvar o seu
filho. Não apenas de
Christopher, mas de todos que
puderem ajudar.
Prólogo

Jessica
1 ano e 6 meses depois...

— Não pedi molho! Você é


surda ou é incompetente mesmo?
E essa tem sido a minha
vida nesses quase dois anos.
Escutar todos gritando comigo.
''Meu hambúrguer está frio'', ''Não
pedi molho'', ''O refrigerante está
quente'', os clientes dizem. ''Você é
um incompetente'', o meu chefe
grita. ''Como uma jovem
engravidou tão cedo?'', ''Coitada
dessa criança, além de viver nessa
pobreza, nem conhece o pai'',
''Coitada, uma mãe solteira e tão
nova'', todos dizem.
— O senhor pediu com
molho. — falo com calma. — Eu
repeti a pergunta e o senhor
confirmou.
— Está me chamando de
mentiroso?
— O que está acontecendo
aqui? — Paul, o meu chefe,
pergunta.
— A sua funcionária é uma
incompetente. — o cliente
responde. — E ainda me chamou de
mentiroso.
— Eu perguntei se o senhor
queria molho e eu escutei um sim.
— Traga outro hambúrguer.
— Paul me entrega o prato. — Esse
será por sua conta.
É sempre assim, o cliente
tem a razão e o meu salário que é
descontado. Não sei se posso
chamar de salário, são apenas
alguns trocados e a gorjeta. Não
posso reclamar, foi o único
trabalho que encontrei. Christopher
até me ofereceu emprego em sua
loja. Quer dizer, uma funcionária
que ligou. Não aceitei.
Guardo o hambúrguer na
minha bolsa, esse será o meu jantar.
— Leve para a mesa. —
Paul me entrega outro hambúrguer.
— E preste mais atenção da
próxima vez.
Que culpa eu tenho se o
cliente muda de ideia?
— Você precisa desse
emprego, não se esqueça. — ele
nunca me deixa esquecer. — Ou
você e seu filho passarão fome.
Odeio Paul mais que tudo.
Não, eu odeio Christopher!
Paul sempre vem com essa
chantagem: ''Você precisa desse
emprego, ou você e o seu filho
morrerão de fome''.
Levo o hambúrguer até o
cliente.
— Sem molho. — coloco o
prato a sua frente.
— Finalmente. — diz com
sarcasmo.
Tento controlar a minha
fúria e volto ao trabalho.
— Preciso que você limpe a
lanchonete depois do expediente.
— Paul avisa. — Te pagarei um
dinheiro extra.
Esse não é meu trabalho,
mas todo dinheiro é bem-vindo.

Termino a limpeza e a
minha coluna já está me matando.
Saio do trabalho e vou para
casa, são quase 40 minutos de
caminhada. Não posso ter o luxo de
pegar algum transporte, tenho que
economizar em tudo.
Entro em casa e sou
recebida com o riso de Drew.
— Oi, meu amor. — pego
Drew no colo e o abraço. — Sentiu
a minha falta?
— Claro que não, estava
com a melhor tia do mundo. — Britt
imita a voz de uma criança.
— Mas a mamãe é melhor.
— Drew ri. — Onde está a Carol?
Carol é a babá de Drew, ela
tem 15 anos e foi à única pessoa
que encontrei para cuidar do meu
filho.
— Teve que resolver algum
problema em casa. — responde. —
Por sorte, eu estava em casa. Você
chegou tarde.
— Paul me pagou para
limpar a lanchonete.
— Eu odeio esse cara.
— Também, mas ele é o
único que me aceitou.
— Alejandro vai inaugurar
o novo clube amanhã. — Britt diz
com um sorriso.
— Por que abrir outro clube
na mesma cidade?
— Esse é para as pessoas
ricas, o outro é para as pessoas de
baixa renda.
— Vai trabalhar em qual?
— Ainda não sei. Quero
trabalhar nos dois.
— Não, Brittany! — falo
imediatamente. — Você já tem
muito trabalho, não tem porque
fazer mais.
— Estamos ficando cada
vez mais pobres e Drew precisa de
remédio. Olhe ao redor, esse
apartamento é um habitat para as
bactérias, fungos e os vírus.
— Nem me fale. — falo
com tristeza. — Irei à procura de
outro emprego. Será que Alejandro
tem uma vaga para mim?
— Funciona pela noite,
esqueceu? Não tem ninguém para
ficar com Drew.
— Não sei mais o que fazer.
— sento no sofá. Drew espirra. —
A alergia já está voltando.
Alguém bate na porta.
Brittany levanta para atender.
— Boa noite. — o dono do
prédio entra. — Vim conversar com
vocês sobre o aluguel. Vou dar o
prazo de duas semanas, depois
disso, vocês terão que ir embora
daqui. Sinto muito.
— Não poderia aumentar o
prazo? — Brittany pergunta. —
Drew ficou doente, tivemos que
comprar remédio para ele.
— Sinto muito, mas preciso
pagar as minhas contas. Duas
semanas, depois disso, vocês terão
que sair.
Ele sai do apartamento.
— O que faremos agora? —
pergunto.
— A conta do cartão
chegou. — Britt avisa. — Estamos
atrasadas com todas as contas, o
que ganhamos não está sendo
suficiente.
— Fale com Alejandro,
pergunte se ele precisa de uma
garçonete.
— O trabalho é à noite,
quem vai ficar com Drew?
— Sempre arrumamos um
jeito. Eu vou procurar mais um
emprego, faxineira, cozinheira,
qualquer coisa. Não posso deixar
Drew sem os remédios da alergia e
sem um lar.
Capítulo 1
Christopher

Sinto-me um psicopata. Um
serial killer em busca da próxima
vítima, mas, isso é apenas a culpa
me corroendo.
Estou sentado nesse chão há
tanto tempo, talvez horas, dias,
semanas, não sei. Só sei que faz
nove meses que não vejo Jessica.
Olho a parede e vejo todas
as fotos dela, desde o momento em
que a sua barriga não aparece, até o
momento em que já está com nove
meses de gravidez.
Acompanhei todo esse
momento, mas nunca tive coragem
de me aproximar. Não passo de um
covarde.
Tomo mais da minha garrafa
de uísque.
Estava no hospital quando o
bebê nasceu. A médica é uma amiga
da família, consegui todas as
informações com ela. Lembro que a
doutora perguntou se eu queria falar
com Jessica, não aceitei, não estava
pronto para reencontra-la. Ela
também perguntou se eu queria
conhecer o ''recém nascido'',
neguei.
Ainda tenho medo de
conhecer esse bebê. Passei nove
meses seguindo Jessica,
certificando-me que ela estava bem,
mas, depois que o bebê nasceu,
tornei-me um covarde pior ainda.
Tenho medo de ver essa criança e
perceber que aqueles vídeos e as
fotos são verdadeiros.
Tentei oferecer emprego,
mas Jessica não aceitou, claro que
não aceitaria. Ao invés disso, eu
dei todos os móveis para a sua
casa. Paguei para que uma mulher
se passasse por dona de uma ONG
que apoia mulheres grávidas que
não tem família, ela fez a entrega de
todos os móveis. Eu estava de
longe e vi a felicidade de Jessica.
Aquilo não melhorou em
nada a minha culpa.
Continuo olhando para as
fotos me perguntando como ela e o
bebê estão.
Será que Jessica ainda está
com aquele cara?
Dou um trago em meu
cigarro e volto a olhar as fotos. A
última é a que mais me irrita.
Jessica grávida e toda sorridente
para esse cara. O sorriso que um
dia já foi meu, agora pertence a
esse homem que não faço a menor
de quem que seja, mas que está com
ela desde o dia em que fui atrás de
Henry. Na verdade, eu nem sei
desde quando eles estão juntos.
— Você continua nessa? —
Matt entra no quarto. — Você vai
acabar se matando.
— Talvez seja o melhor. —
dou um trago no cigarro e bebo o
uísque. — Menos um lixo humano
no mundo.
— Você se tornou um
covarde depressivo. Olhe só para
você, está todo acabado graças às
bebidas e o cigarro. Só fica
trancado nesse quarto, olhando
essas fotos como um psicopata,
ouvindo essas músicas e tocando
guitarra. Você está se afundando
ainda mais.
— Talvez eu queira me
afundar.
— Você está levando várias
pessoas com você. A empresa está
perdendo investidores, estamos
cada vez mais em queda.
— Que caia. O que adianta
tanto dinheiro se ela não está aqui?
— Vai atrás de Jessica.
— Ela me traiu. — falo com
tristeza.
— Essa história está mal
contada, ainda não acredito nisso.
— Você viu o vídeo e as
fotos, os seguranças confirmaram
tudo.
Há quase dois anos, eu
recebi várias mensagens pelo
celular. Um vídeo de Jessica
transando com um homem, poderia
ser uma montagem, mas eu
reconheci o seu quarto. Na
mensagem dizia:
Fique longe da minha
mulher. Você tirou algo que é meu,
agora estou pegando de volta.
Uma série de fotos dos dois
juntos apareceu para mim. A mais
recente era de Jessica e o homem
conversando. Voltei imediatamente
para casa, a viagem não foi longa.
Chamei James e ele me confirmou
que viu a conversa dos dois, mas
ele disse que não viu maldade
alguma. Falei com os três
seguranças e com Damien, eles me
confirmaram que viu esse homem
na casa de Jessica, mas eles não
viram motivo para se preocupar.
Eu realmente investiguei, e
todos me confirmaram que Jessica
estava com aquele homem.
Talvez eles continuem
juntos. Tenho algumas fotos em que
os dois estão muito animados
conversando. Em uma das imagens,
o homem acaricia a barriga de
Jessica que já estava saliente. Eu vi
com meus próprios olhos o
momento em que eles se abraçaram
quando Jessica foi fazer algum
exame.
— Jessica merece algo
melhor do que você! — Matt grita.
— Você não passa de um merda que
fica se acabando, ao invés de
buscar a verdade.
— Eu procurei e encontrei.
— falo com raiva. — Você viu
todas as provas.
— Quer saber? Fique aí
nessa, deixe o caminho livre para
Jessica e o bebê.
— Nem sei se o bebê é
meu.
— Você ajudou a criança
indiretamente, pagou os exames de
Jessica e fez de conta que foi a
médica que ficou sensibilizada com
a história, mobiliou a casa e
comprou as coisas para o bebê...
— Fui um verdadeiro
idiota, a garota me trai e eu ainda a
ajudo.
— Você foi um merda de um
covarde. Não quis saber se o filho
é seu.
— Tenho medo. — admito.
— Se eu ver aquela criança e eu ter
a confirmação de que ela não é
minha...
— Você é um merda.
Merece todo o sofrimento. Sabe o
que mais? Espero que esse filho
seja realmente seu e que Jessica
encontre um cara melhor que você.
E a melhor parte? Enquanto você
estiver aqui se matando, ela e o
bebê vão estar felizes em uma
família, com um homem de verdade
e não com um covarde como você.
Essas palavras me tiram do
sério. Jogo a garrafa e o cigarro no
chão. Depois, tento levantar e vou
para cima de Matt. Mas, antes que
eu faça qualquer coisa, ele acerta
um soco na minha cara.
— Olhe só para você, nem
consegue desviar de um soco. —
zomba. — Será muito divertido.
Tento acertar golpes, mas
em nenhum momento consigo. No
fim, Matt já está em cima de mim,
me imobilizando e tentando quebrar
meu braço.
— Você vai parar de ser um
merda covarde e vai atrás de toda a
verdade.
— Você viu toda a verdade,
ela está com outro. — ele puxa o
meu braço para trás.
— Já quebrei seu braço uma
vez, não vejo problema em fazer de
novo. — bato a minha no chão e ele
me solta. — Arrume-se. Nós vamos
para a inauguração do clube de
Alejandro.
— Tudo isso apenas para
vermos mulheres nuas? — começo
a movimentar o meu braço tentando
me livrar da dor.
— Ande logo. Estarei lá
embaixo.
Dou uma última olhada na
foto em que Jessica está sorrindo e
olhando para a sua barriga. Depois,
vou para o banheiro e tomo um
banho.
Olho-me no espelho e vejo
a merda que estou. Minha barba já
está grande, tenho grandes olheiras
e estou abatido. Quem diria que
uma mulher faria isso comigo...

— Por que temos que ir? —


pergunto, quando entro no carro.
— Porque já estou cansado
de te ver dentro daquele quarto,
acabando com a própria vida.
— Ela acabou com a minha
vida.
— Sempre achei essa
história mal contada. Uma garota
que foi tão maltratada não faria
esse tipo de coisa. Isso não é a cara
dela.
— Você viu os vídeos e as
fotos. Ela enganou a mim e aquele
cara, você também viu
pessoalmente os dois juntos.
— Continua estranho e não
acredito nisso. Estava um tempo
fora e não pude investigar, mas
você sabe o nome daquele cara?
— Não me importo. —
rosno.
— Brandon Fox, sabe o que
é melhor? Não existe nenhum
registro com o nome dele.
— Como assim?
— Isso o que você ouviu,
não existe nenhum Brandon Fox, ele
tem outro nome e isso ainda irei
descobrir.
— Por que tanto interesse
nessa história?
— Você é meu irmão e está
sofrendo. Garanto que se você
deixasse a mágoa e o rancor de
lado, seria tudo mais fácil.
— É difícil não ficar com
raiva e rancor. Eu vi o vídeo, é
claro que é ela. O quarto é o
mesmo, e, mesmo que não fosse,
todos me confirmaram que viram
Jessica com esse tal de Brandon.
— Brandon foi embora. —
parece que ele não me escuta. —
Pode ser a hora de você conversar
com Jessica.
— Ela não vai querer olhar
na minha cara e está com razão. Ela
pensa que foi eu quem a impediu de
ter um emprego.
— Ela será errada se pensar
assim. Você mandou a gerente de
uma das suas lojas oferecer uma
vaga para ela, um ótimo salário e
boas condições para atender as
necessidades do bebê, mas Jessica
não quis.
— Eu a ameacei.
— Você ameaça a todos, e
você se arrependeu logo em
seguida. Vocês dois estão com
rancor e mágoa um do outro,
ninguém disse que será fácil.
— Ela não quer me ver...
— E se você contar tudo o
que fez por ela? Ela recebeu todas
as consultas de graça, todo o
enxoval e os móveis...
— Mas eu nunca me
aproximei dela.
— Porque tem medo. Medo
do bebê não ser seu e perceber que
realmente foi enganado.
— E se realmente não for?
— E se realmente for seu
filho? — devolve a pergunta.
— Eu irei me arrepender
amargamente do que eu fiz e
tentarei mudar a situação, será
difícil, mas tentarei.
Chegamos ao clube e o
lugar está lotado. Passo rápido pelo
bar para não me esbarrar com
Brittany ou com Vicent.
Subo às escadas e vou para
a sala de Alejandro.
— E aí. — Alejandro nos
cumprimenta. — Você está horrível.
— Eu sei. — entro em sua
sala.
Escuto um grito baixo e
olho para o chão. A minha frente
tem um pequeno bebê, ele está
brincando com alguns brinquedos e
assistindo alguma coisa no
notebook.
— Não sabia que tinha
filho. — me aproximo da criança,
que não para de rir enquanto assiste
algum desenho.
— Não é meu. — Alejandro
responde.
Chego mais perto e o garoto
me olha, me estuda um pouco e
depois sorri.
— Olá. — falo e ele ri. —
Qual o nome dele?
— Andrew, mas chame-o de
Drew.
— E aí, amigão. — ajoelho-
me na sua frente. Ele para de sorrir
e olha atentamente para o meu
braço. Drew fica muito interessado
em meu relógio. — Gostou do
relógio? — começa a mexer nele.
— Quantos meses ele tem?
— Nove. — Alejandro
responde.
Nove. Exatamente os meses
do filho de Jessica. Sinto um aperto
no peito com a lembrança.
— Como está Jessica? —
pergunto a Alejandro.
— Acho que está bem.
Alejandro não sabe do meu
envolvimento com Jessica, ele
pensa que sou interessado nela,
apenas isso.
— Vamos direto ao assunto.
— Matt interrompe os meus
pensamentos.
Vou até o sofá e sento,
colocando Drew em meu colo.
— Esse bebê tem olhos
azuis. — Matt continua.
— Tem. — olho para Drew
que sorri.
— Não vou ficar enrolando,
Drew é o filho de Jessica.
Drew é filho de Jessica e
tem olhos azuis?
— Parabéns, cara. Você é o
papai.
— Quê? — pergunto com
espanto.
— Eu vi Jessica com o
bebê. Comecei a investigar assim
que cheguei aqui. O filho é seu. Ele
tem olhos azuis e Brandon é negro.
— Ele é meu filho?
Encaro Drew por um tempo
e ele faz o mesmo comigo. Olho
para seus olhos azuis, seu cabelo no
tom de loiro claro. Eu sei que ele é
meu filho.
Um pouco sem jeito, eu o
abraço e escuto um grito baixo
vindo dele. Talvez eu tenha o
apertado um pouco. Olho para ele
que, no momento, sorri e continua
me observando atentamente.
— Ei. — toco o seu rosto.
— Eu fui muito idiota, sei disso.
Tento controlar minhas
emoções para não chorar. Já
derramei muitas lágrimas nesses
últimos tempos. Agora, eu,
realmente, não sei o que fazer.
Estou parado olhando para o meu
filho. O bebê que eu ajudei, mas
nunca tive coragem de me
aproximar, tudo por causa do medo.
Medo dele não ser meu filho e sair
ferido no fim.
Olhando para Drew, eu me
sinto pior do que antes, mas,
também, sinto um pouco de
esperança. Esperança de um dia
poder ficar mais perto dele e ser
um pai de verdade.
Coloco Drew mais perto de
mim, como um abraço, no entanto,
eu não o aperto como antes. Dou um
beijo em sua testa e continuo
observando-o, pensando em toda
merda que fiz e tentando pensar no
jeito de me redimir.
— Eu vi Brittany entrando
no clube com o bebê. — Matt volta
a falar. — Pensei em te trazer aqui,
seria mais fácil para você conhecer
Drew e entender a merda que havia
feito.
— Cara. — Alejandro
interrompe. — Armaram para você.
Você nunca me contou nada sobre
Jessica. Matt falou comigo e eu
perguntei a Brittany, ela me
confirmou que Jessica nunca teve
nada com Brandon.
— Mas os vídeos, as
fotos... Eles estavam juntos, eu vi
com meus próprios olhos.
— Eu também vi. —
Alejandro confirma. — Brittany
disse que Brandon apareceu do
nada e conheceu Jessica, depois se
aproximaram. Alguém fez uma
ótima armação para você.
— Mas foram os meus
seguranças, junto com James e
Damien, que me contaram.
— Então, todos te
enganaram. O motivo, eu ainda não
sei. — Matt mexe no celular
enquanto fala. — Juan está
chegando. — olha para mim. — Ele
soube do que está acontecendo com
Jessica.
— Quem é Juan? — já
escutei Jessica conversando com
esse cara.
— É o pai de Brittany. —
Alejandro responde. — Não sei
como, parece que ele soube que as
garotas estão passando por
dificuldades.
— Dificuldades? — sinto
raiva de mim mesmo. Como eu
pude fazer isso com meu filho e
com Jessica?
— Eu nunca imaginaria
isso. — Alejandro continua. — Se
soubesse, eu teria ajudado.
Eu sou um lixo, não os
mereço.
Drew começa a se mexer
em meus braços e, logo após,
começa a tossir.
— Juan está vindo para
descobrir quem engravidou Jessica
e a abandonou. — Alejandro
explica. — Você precisa descobrir
quem armou isso contra vocês, ou é
você quem acabará morrendo.
— Terei uma conversa com
meus seguranças. — levanto do
sofá com Drew em meus braços. —
Só que, antes disso, eu preciso
conversar com Jessica.
— O que você vai fazer? —
Matt pergunta.
— Vou mostrar os vídeos e
as fotos. Irei falar tudo o que fiz
quando ela estava longe. Pedirei o
seu perdão.
— E se ela não aceitar? —
Matt indaga.
— Continuarei tentando. —
respondo, olhando para o meu filho.
— Eu perdi quase dois anos da
minha vida por uma mentira.
— Cara, você não teve
culpa. — Alejandro diz. — Eu vi o
vídeo, Matt me enviou. A garota se
parece muito com ela, mas não é.
— Jessica nunca irá me
perdoar. Eu falei tanta coisa e a
ameacei.
— Mas não cumpriu
nenhuma. — Matt persiste.
— Eu a abandonei grávida.
Matt anda em minha direção
e aperta o meu ombro, como se
quisesse me confortar, mas não
mereço isso.
— Você acompanhou à
distância e ajudou indiretamente.
— Mas fui um covarde em
não querer conhecer a criança.
— Brandon estava no
hospital com Jessica. O cara que
foi apresentado como o amante, que
pessoa não ficaria com raiva e
abandonaria?
— Ela nunca vai me
perdoar, eu sei disso. — abraço
Drew novamente.
— Ela precisa de você. —
Alejandro dá de ombros. — Pense
bem, ninguém separaria vocês a
troco de nada. Brandon sumiu, o
que ele pode estar fazendo? Ela
precisa ser protegida.
— Eu vou atrás de Jessica.
Onde ela mora?
Alejandro vai até a sua
mesa e anota o endereço.
— Essa é área mais pobre
da cidade. — falo, enquanto leio o
endereço no papel. — Ela morava
em um local melhor...
— É lá onde ela mora. —
Matt assente. — A situação não está
nada boa para ela. Você precisa
ajuda-la.
— Farei isso.
Tentarei conseguir, de todas
as formas, o perdão de Jessica. Eu
errei, mas nunca a deixei
desamparada quando ela estava
grávida.
Foi o momento mais difícil
da minha vida. Ver a mulher que eu
mais amei com outro, abraçando-o
e sorrindo para ele. Parecia um
casal feliz esperando o primeiro
filho. Pensei que só eu estava
sofrendo e Jessica estava feliz esse
tempo todo. Sabia que ela estava
pobre, tanto é que ajudei — mesmo
pensando que o filho fosse de outro
—, mas escutar o que Alejandro
falou... Ela também está sofrendo.
Brandon foi uma armação e
o idiota aqui caiu.
James, Damien... Todos irão
pagar por ter mentido para mim, é
óbvio que eles mentiram.
Descobrirei quem está por trás de
tudo e acabarei com todos eles.
Mas, antes disso, preciso
conversar com Jessica e implorar o
seu perdão. Ela não irá aceitar, eu
sei, mas não irei desistir.
Jamais desistirei de tê-la
ao meu lado novamente.
Capítulo 2
Jessica

— Consegui um extra na
lanchonete, terei que trabalhar até
tarde da noite, acho que chegarei
em casa pela madrugada. — aviso.
— E quem ficará com
Drew? — Brittany pergunta.
— Você. — respondo. —
Hoje não será a inauguração do
clube de Alejandro? Então, você
fica com ele, depois eu resolvo
como ficarão as coisas.
— Será muito divertido.
Não é? — Britt começa a brincar
com Drew.
— Preciso resolver as
coisas. — falo com preocupação.
— Estamos cada vez mais pobres.
Pagamos os remédios de Vicent e
de Drew, e a alergia dele já está
voltando.
— Iremos conseguir.
Conseguiremos mais empregos.
— Está difícil encontrar
emprego.
— Mas conseguiremos.
— Bom dia, pessoas. —
Vicent entra em casa. — O trabalho
está me matando.
Vicent trabalha como
segurança do clube pela manhã.
Acho que Alejandro ficou com pena
dele e resolveu dar esse emprego.
Vicent tem medo de barata,
imagine de ladrão.
— Consegui um horário
extra na lanchonete. — repito para
Vicent.
— Vai trabalhar mais para
aquele velho? Quando nossa
situação financeira melhorar, eu irei
acabar com ele.
— E eu vou junto. — Britt
concorda. — Tenho muita raiva
daquele velho.
— Então seremos três. —
levanto do sofá. — Agora, preciso
ir trabalhar.
— Tenho tanta raiva por ter
ajudado aquele cara. — Vicent soa
chateado. — Teríamos mais
dinheiro agora.
Há alguns meses, Vicent foi
vítima de um assalto. Ele estava
voltando para casa e viu um cara
morrendo. Vicent foi ajudar e dois
caras o assaltaram. Levou todo o
salário que ele tinha acabado de
receber e ainda o espancaram. Ele
ficou internado por muito tempo,
cada noite custou muito caro, fora
os remédios, exames e a
fisioterapia.
— Não foi culpa sua. — o
asseguro. Ele até hoje se culpa por
isso. Até a algum tempo atrás, ele
estava depressivo por isso. Vicent
acha que, se não fosse assaltado
naquele dia, nós teríamos dinheiro
e não passaríamos dificuldade, mas
não é bem assim.
— Estaríamos na
dificuldade de qualquer forma. —
Brittany complementa. — Agora,
pare de se culpar e me ajude a
trocar a fralda de Drew.
— Só sirvo para isso?
Vicent e Brittany vivem uma
batalha em torno de Drew. Britt não
deixa ninguém ficar perto de Drew
e Vicent morre de ciúme disso.
Dou um beijo em Drew e
saio de casa para ir ao trabalho.
Vou andando os quase 40
minutos de casa até o trabalho.
Antes, eu morava mais perto, na
verdade, a casa era até melhor.
Depois do assalto, tivemos que
mudar as nossas vidas. As contas se
acumularam e mudamos de casa.
Saímos de uma ruim e viemos para
uma pior.
— Dois minutos atrasada.
— Paul rosna, assim que entro na
lanchonete. — Será descontado no
seu salário.
Paul sempre arruma uma
maneira de descontar o meu salário.
Fui discutir duas vezes e ele
descontou mais ainda, agora, eu
apenas escuto calada e espero o
meu dinheiro no final do mês.

A cada intervalo, eu ligo


para Brittany para saber como
Drew está.
— Alejandro me ligou. —
avisa. — Ele precisa de mim lá no
clube.
— E Drew?
— Ele também vai.
Alejandro disse que não vê
problema, ele cuida de Drew.
— Alejandro cuidando de
Drew?
— Ele é um homem bom. É
dono de um clube de strip-tease,
mas não é uma pessoa ruim.
— Eu sei, mas deixar meu
filho com ele?
— A cada meia hora, eu
irei até a sala de Alejandro para
ver como Drew está.
— Brittany, você tem
certeza? — conheço Alejandro um
pouco, mas nunca deixei Drew com
outra pessoa, somente com Carol.
— Tenho certeza. Alejandro
não fará nenhum mal a Drew, se
fizer, eu acabo com ele.
— Acabar com o seu amor?
— provoco.
— Alejandro não fará
nenhum mal ao nosso menino.
Agora, eu preciso me arrumar.
— Você está sendo paga
para trabalhar, não para conversar!
— Paul grita atrás de mim.
— Tchau, Britt. — termino
a ligação e volto para o trabalho.

O trabalho foi bem calmo,


mas Paul não poderia me ver
parada. Ordenou que eu limpasse
toda a lanchonete. No fim, a minha
coluna já está acabada.
Saio do trabalho e passo no
clube para pegar Drew.
Os seguranças me deixam
entrar sem qualquer problema.
— Vicent! — grito por cima
da música.
— Brittany está lá em cima,
foi ver Drew. — grita e volta ao
seu trabalho.
O lugar está muito cheio.
Desvio das pessoas dançando e
evito olhar para as pessoas tirando
a roupa. Chego à escada e agradeço
mentalmente por não ter ninguém
aqui.
Bato na porta duas vezes e
Alejandro abre.
— Olá. — cumprimento-o.
— Vim pegar Drew.
— Pode entrar. — ele diz e
abre a passagem.
Quando entro na sala, meus
olhos param em Christopher.
— Jessica. — Christopher
me chama. — Temos que conversar.
Não sinto nada além de
raiva. Muita raiva. Desvio o olhar,
não deixarei a raiva tomar conta de
mim.
— Não tenho nada para
falar com você. Brittany! — viro-
me para ela, que está sem saber o
que fazer enquanto segura Drew.
— Eu não sabia, eu juro. —
diz com a voz nitidamente nervosa.
— Quando cheguei aqui, ele estava
com Drew. Não o vi antes.
Pego Drew dos braços de
Britt e tento sair da sala, mas
Christopher segura o meu braço.
— Precisamos conversar.
— Você teve um ano e seis
meses para isso. — rosno sem
olhar em sua direção. — Agora,
essa conversa não vai acontecer.
— Você tem que ver uma
coisa. — fala como se fosse uma
ordem.
Quem ele pensa que é? Ele
sumiu por quase dois anos,
deixou-me sem nada e agora quer
conversar?
Puxo o meu braço do seu
aperto e vou em direção à porta.
— Você não sairá até ver
isso. — Matt para na porta,
impedindo a minha saída.
— Saia da nossa frente! —
Brittany grita.
Drew se assusta e começa a
se mexer em meus braços. Tento
acalmá-lo, mas é impossível. Se
nem eu estou calma, como vou
acalmar alguém?
— Acalmem-se! —
Alejandro grita e segura Brittany,
que já estava indo para cima de
Matt. — Jessica, ouça o que
Christopher tem a dizer.
Drew começa a chorar, faço
de tudo para que ele acalme. Pego
um brinquedo que vi no chão e o
entrego. Ele para de chorar e fica
distraído com o boneco brilhante.
— Não tenho nada para
ouvir. — tento não me alterar. —
Eu quero apenas sair desse lugar.
— Você precisa ver algo.
— Christopher coloca o notebook
em cima da mesa e conecta o seu
celular. — Eu fui enganado, recebi
um vídeo...
— Um vídeo? Você me
humilhou por causa de um vídeo?
Eu vou embora agora!
Tento passar pela porta.
Matt me segura com cuidado e me
coloca em cima do sofá. Tento sair
do seu aperto, mas é impossível
tendo Drew em meus braços. Britt
grita com Alejandro e eu grito com
Matt. Nada acontece.
— Ouça o que tenho a
dizer! — Christopher grita. —
Recebi vídeos e fotos...
— Eu não me importo. Eu
juro que irei te matar quando sair
daqui! — coloco Drew ao meu lado
no sofá, não quero que minha raiva
acabe o machucando.
— Eu vi você com
Brandon! — escuto o grito de
Christopher.
Paro de tentar lutar e
começo a rir. Rio como uma louca.
— Você me humilhou, me
chamou de prostituta e me
abandonou grávida por causa de
uma foto com Brandon? — rio
novamente. — Ele é gay!
Dessa vez todos da sala
riem. Eu e Brittany ficamos
confusas.
— Gay? — Christopher
pergunta. — Não é isso que o vídeo
mostra.
Ele volta a mexer no
notebook. Fico quieta e penso no
que ele está falando. Brandon não
é gay?
Conheci Brandon dias antes
de Christopher me humilhar e me
expulsar de sua vida. Estava saindo
do clube de strip-tease e encontrei
Brandon no meio do caminho, ele
elogiou o meu cabelo... Oh merda!
Agora tudo faz sentido.

— Entrem logo aí e me
deixem em paz. — brinco. —
Tchau, Brittany. — despeço-me.
Ela e Vicent entram no
clube com uma enorme alegria.
Alejandro está deixando
Britt mais animada e ele nem dá
muita atenção para ela.
Saio andando para o
trabalho. Paro no semáforo e
espero a minha vez para passar.
— Seu cabelo é
maravilhoso. — sinto alguém
mexendo nele.
Olho para trás um pouco
assustada e vejo um homem
sorrindo. Não gosto de pessoas
desconhecidas me tocando.
— Qual produto você usa
para deixa-lo tão macio? —
pergunta alisando a pontas do
cabelo.
Percebo que ele é gay. Não
haverá problemas.
— Hidratação. —
respondo.
— Qual a marca? Irei
anotar. — ele pega o celular e
anota a marca. — Se cuida linda.
— dá dois beijos em cada
bochecha, me fazendo recuar um
pouco. — Nos vemos por aí.
O semáforo fica verde para
os pedestres. Atravesso a pista e
vou para o trabalho.

— Você ficou irritado por


aquilo? — pergunto irritada. — Ele
perguntou sobre o meu cabelo. Por
que estou me justificando? Não lhe
devo nada!
— Não foi somente a foto,
foram os vídeos.
Ele inicia algum vídeo. Viro
a minha cabeça. Não sou obrigada a
ver algo que ele pensa que eu fiz.
Agora que ele descobriu a mentira,
ele se arrepende?
— É você e Brandon
transando?! — ouço o espanto na
voz de Britt.
A minha curiosidade vence.
Matt libera a minha passagem e
deixa-me ir até o notebook em cima
da mesa.
Olho para o vídeo e... Oh
merda! Sou eu e Brandon
transando?
A imagem não está muito
boa, mas parece que sou eu e ele
no... Meu quarto?
— Nã... Não sou eu. —
gaguejo um pouco. Fico
impressionada com a semelhança.
A garota tem o mesmo cabelo e o
mesmo rosto que eu.
— Mas eu pensei que fosse
você. — Christopher diz. — Ela é
idêntica a você.
— Brandon não é gay? —
Britt pergunta.
Eu deveria ter desconfiado
de tanta bondade. Estava tão triste e
ele apareceu dando-me conforto e
amizade.
Nada de bom acontece
para você Jessica. Ninguém
aproximaria de você a troco de
nada.

Sento-me no banco do
parque. Olho todas as crianças ao
redor brincando com seus amigos
e outras com seus pais.
Isso é tão dramático. Olho
para todas as famílias felizes e
penso que meu filho só terá a mim,
a Britt e Vicent. O amor de pai ele
nunca terá, assim como eu.
Uma lágrima desce, depois
dela, vêm várias.
— Não chore, minha linda.
— olho para cima e vejo um cara.
Eu já o vi em algum lugar. — Não
se lembra de mim? Eu sou o cara
que elogiou o seu cabelo algum
tempo atrás. Vi o brilho do seu
cabelo e te reconheci, vim falar
com você e te vi chorando. Algum
problema?
— Estou bem. — minto.
— Algo com o bebê? —
minha barriga já está aparecendo
um pouco, principalmente com
essa blusa. Começo a chorar
novamente. — Quer conversar?
Continuo chorando e ele
me abraça. Deveria sair, mas não
consigo. Preciso de um ombro
para chorar. Já enchi meus amigos
com as minhas lamentações. Eles
me amam e estão comigo para
tudo, mas sinto que eu os sufoco
com os meus problemas.
Brandon parece ser uma
boa pessoa e é gay. Ele não terá
segundas intenções comigo.
Paro de chorar e resolvo
contar a minha história para ele.
Corto a parte de quem é o pai,
conto apenas que fui abandonada
e humilhada. Ele escuta tudo
atentamente, não opina, apenas me
deixa desabafar.
No final, já estou rindo
com suas palhaçadas. Conversar
com ele foi muito bom. Ele me deu
conselhos e me ajudou. Brandon
me leva para casa e promete voltar
assim que possível.
— Sempre desconfiei da
bondade dele. — Britt grunhe. —
Ele ajudou até demais e, às vezes,
ele sumia.
Brandon, às vezes, ficava e,
às vezes, ia embora. Ele falava que
tinha que cuidar da mãe doente.
— Jessica. — Christopher
se aproxima. Dou um passo para
trás. — Entenda, eu não tinha como
desconfiar que não é você nas
imagens. A garota é idêntica e está
no seu quarto. Eu te vi com
Brandon milhares de vezes.
— Como você viu? —
pergunto.
— Eu nunca te abandonei
realmente. — ele se mantém no
lugar. — Eu te ofereci emprego,
mas você não aceitou. Fiquei
distante, mas sempre tinha algum
segurança perto de você. Eles
tiraram fotos sua com esse cara.
Entenda o meu lado, eu vi um vídeo
seu com ele e, do nada, vocês
apareciam sempre juntos.
— Entender o seu lado?
Você procurou saber a minha
versão da história? — não o deixo
responder. — Não, não procurou.
Você somente me acusou. Eu
sempre fui uma pessoa
traumatizada, abomino a vida da
mulher que me teve e você diz que
sou igual a ela. Agora você quer
que eu te ouça?
— Se fosse ao contrário?
— pergunta. — Você também me
acusaria.
— Não, eu não acusaria. Se
fosse o ''senhor Dalgliesh'', tenha
certeza que eu desconfiaria, mas o
Christopher que eu conheci...
Pensei que você fosse um cara
legal, um ser humano de verdade.
Você se abriu para mim, me ajudou
nos momentos mais difíceis. Então,
não! Se eu visse alguma coisa, eu
perguntaria.
— Eu fui um covarde, um
canalha, tudo de ruim, mas, por
favor, me perdoa. Eu fiz de tudo por
você enquanto estava distante. Eu
paguei seus exames e ainda ajudei
no enxoval e nos móveis.
Então foi ele? Eu bem que
desconfiei de ter ganhado tanta
coisa, mas todos estavam com pena
de mim, pensei que se
sensibilizaram com a história,
afinal, por que o cara que me
humilhou iria me ajudar?
— Isso não muda nada, sabe
por quê? Enquanto você estava
vivendo sua vida, eu estava
sofrendo a cada dia. Eu e meu filho!
Você ajudou tanto, me vigiou, mas
por que não apareceu quando eu e
Drew precisávamos?
— Eu te segui durante nove
meses. — percebo o
arrependimento em sua voz, mas me
importo. — Eu sou um covarde,
fiquei com medo de ver a criança e
descobrir que ela não é minha.
— Então você preferiu ver
a criança sofrer? — não responde.
— Ele é o seu filho, mas você foi
covarde e preferiu nos abandonar
com medinho de ver algo ruim.
Quer saber de uma? Você não é um
homem! Você merece tudo de pior.
Desejo que passe por tudo o que
passei. Passe fome, perca todo o
seu dinheiro e tenha uma morte
muita lenta. — aproximo-me dele.
— E que ninguém fique o seu lado
quando você fechar os olhos. Eu
tive amigos ao meu lado, mas, uma
pessoa covarde como você, só
merece desprezo e sofrimento.
Vejo o arrependimento e a
tristeza em seu rosto cheio de
hematomas.
— Sabe de uma? —
continuo. — Gostaria de agradecer
a pessoa que bateu em você, daria
os parabéns e perguntaria: ''Por que
não acabou de uma vez com ele?''.
Sério, seria menos um inútil e
covarde no mundo.
Pego Drew do sofá e saio
da sala, logo após, estou na rua
indo para casa.
Nem tenho tanta raiva de
Brandon, na verdade, eu tenho mais
raiva de Christopher. Como um
cara que me humilhou implora por
perdão? Ele pensa que é assim tão
fácil? Ele ainda admite que é um
covarde.
Abraço Drew que, no
momento, está tossindo.
— Desculpe, meu amor. —
sussurro para ele. — Nunca deveria
ter te dado esse tipo de pai, na
verdade, ele não é nada seu.
Christopher não merece ter um filho
como você, nem eu merecia ter sido
tratada daquele jeito. Não se
preocupe, ele não irá te machucar
como me machucou. Eu prometo!
Capítulo 3
Jessica

Entro em casa e já sou


recebida pelo cheiro de mofo. Eu e
Drew espirramos no mesmo
momento.
— Já está com sono, não é?
— falo com Drew, que boceja e
fecha os olhos. — Já vou te colocar
para dormir.
Tiro a sua roupinha e troco
a sua fralda. O quarto é quente e o
deixo dormir mais confortável em
seu berço. O berço que
Christopher pagou...
Sento na cama e penso no
que me ocorreu durante os nove
meses de gravidez. Eu não paguei
absolutamente nada. A médica não
cobrou pelos exames e ainda
ajudou na despesa do hospital; uma
mulher do nada apareceu e me deu
todos os enxovais, eu nem procurei
saber mais sobre essa ONG, estava
precisando de móveis, acabei
aceitando sem me preocupar.
Isso não é motivo algum
para perdoar Christopher e nunca
será. Ele me ajudou? Sim, mas foi
tão covarde que nem se aproximou.
Escuto a porta da sala sendo
aberta e, logo depois, Brittany
aparece.
— Como está? — pergunta.
— Com raiva. — respondo.
— Christopher acha que é só pedir
desculpa, falar que pagou as coisas
para mim e eu voltarei para ele?
Não é assim que as coisas
funcionam.
— Senti orgulho de você
quando falou aquelas coisas. Tinha
medo que, quando você o visse
novamente, fosse cair na conversa
dele.
— Voltar com Christopher?
Ele me humilhou e me expulsou da
sua vida quando eu estava grávida.
Ele não merece mais que o meu
desprezo.
— Quem sabe assim, você
não consegue seguir em frente?
Você estava com muita coisa
entalada, precisava gritar com a
pessoa que te fez sofrer.
— Mas não adiantou. —
minha voz sai carregada de
amargura. — Só sinto mais raiva
dele. Como pode, ele some durante
todo esse tempo e, do nada, aparece
e ainda pede para conversar? Ele,
por acaso, me escutou? Ele só me
acusou. — saio do quarto para não
acordar Drew. — Eu deveria ter
falado muito mais.
— Ele está muito mal.
— Por acaso você está
defendendo Christopher?
— Claro que não! Só estou
comentando. Ele está magro, cheio
de olheiras e estava com o rosto
todo machucado. Não estou aqui
para defender o cara que
abandonou você e o meu sobrinho,
mas, vamos ser sinceras, você
reagiria da mesma maneira.
— Não, eu não reagiria! —
me acalmo um pouco. — Ok. Eu
brigaria e o acusaria, mas eu
lembraria que ele me protegeu e
que foi legal comigo em todos os
momentos. Depois que a raiva
passasse, eu conversaria com ele.
Ele fez isso? Não, ele ficou longe
todo esse tempo.
— Você se tornou forte
depois de Drew, eu gosto disso,
mas não deixe o orgulho e o rancor
atrapalhar a sua vida. Lembre que,
agora não é só você, tem Drew
também, ele está doente e vivemos
nessa merda de lugar. Pense nele.
— Você quer que eu corra
atrás de Christopher? Ele já me
chamou de vagabunda, agora eu vou
pedir dinheiro?
— Não é pedir dinheiro, é o
direito da criança.
— Ele ameaçou tirar Drew
de mim, lembra? — uma lágrima
cai. — Eu já perdi tanta coisa, não
posso perder meu filho.
— Você acha que ele faria
isso?
— Ele me abandonou
grávida, não sei de mais nada. —
enxugo o meu rosto.
— Aquela garota do vídeo é
idêntica a você. — muda de
assunto. — E parecia ser o seu
antigo quarto.
— Não faço a menor ideia
de como isso aconteceu. Brandon
só se aproximou de mim para me
separar de Christopher, mas tem
uma coisa estranha, ele fez isso a
mando de quem? Afinal, ele não
teria motivo para isso.
— Alguém que quer você
longe de Christopher. Pense
comigo, Brandon se aproximou
antes de vocês se separem. A foto
foi tirada no dia em que você o viu
pela primeira vez, bem no dia em
que Christopher estava longe, isso
dá impressão que vocês realmente
se conheciam, logo, o vídeo seria
verídico.
— Quem faria isso? — uma
ideia passa por minha cabeça. —
Hillary e Anna?
— Também pensei nelas,
elas são as que mais lucrariam com
isso. Lembra o dia jantar? Anna
ficou muito calma e parecia que
aprontaria algo. Elas esperaram o
momento certo para atacar, e isso
foi quando Christopher viajou. Elas
procuraram uma sósia sua e pronto.
Um plano perfeito.
— Temos que encontrar
Brandon.
— O nome dele não é
Brandon, Alejandro me contou.
— Eles estavam
investigando?
— Eu não entendi
absolutamente nada. Parece que
Alejandro é amigo deles e estavam
investigando sobre esse tal de
Brandon.
— Você falou com
Christopher? — pergunto, mas não
sei por que fiz isso.
— Não. Eu vim correndo
atrás de você, mas Alejandro não
me deixou sair antes de falar sobre
Brandon. Quando eu entrei na sala,
Christopher estava pronto para sair,
acho que estava vindo atrás de
você.
— Atrás de mim?
— Sim, mas eu disse que
não era uma boa ideia. Peguei
Drew no colo e, na hora que eu
estava saindo, você abriu a porta.
— Ele estava com meu
filho?
— Sim, estava carregando.
Seria fofo se Christopher não fosse
um canalha.
— Ele não vai se aproximar
do meu filho!
— Tem certeza?
— Tenho. Ele nunca se
interessou por Drew. Passou nove
meses ajudando de longe e depois
parou, estava com medo do meu
filho ser de outro homem e, agora,
ele quer ser um pai? Meu filho não
precisa disso! — saio da sala.
— Só não esqueça que o
seu filho pode desenvolver sérios
problemas pulmonares graças ao
ambiente em que vivemos. Orgulho
e rancor não enchem barriga e nem
vai pagar as nossas contas.
Fecho a porta do quarto e
penso no que Brittany disse. Vou até
o berço e observo Drew dormir. O
meu filho, aquele que carreguei
durante nove meses, aquele por
quem eu fazia uma pequena refeição
apenas para poder comprar
inalador e os remédios. Agora,
aparece o homem que nos
abandonou querendo dar uma de
bom pai, coisa que ele nunca foi.
Eu não preciso de
Christopher. Se eu pedir ajuda, ele
me acusará de ser uma mãe ruim,
ou, até mesmo, vai me chamar de
interesseira... Pior, ele pode tirar
Drew de mim, igual a sua
promessa.
Não! Eu irei sobreviver e
trabalhar para dar uma vida melhor
ao meu filho. Não precisei de
Christopher nesses nove meses, não
será agora que irei atrás dele.
Estou dando o mingau de
Drew. Nunca vi uma criança para
comer tanto. Hoje ele me acordou
mais cedo e aqui estou eu, o
alimentando.
Alguém bate na porta.
Interrompo a alimentação de Drew,
que faz cara feia quando percebe a
pausa.
— Daqui a pouco eu volto.
— ligo a televisão para que ele se
distraia e não chore enquanto olho
quem está na porta.
Abro a porta e me deparo
com Christopher.
— O que você quer? —
pergunto.
— Conversar.
— Agora? Você teve muito
tempo para isso.
— Por favor, entenda o meu
lado. Você viu o vídeo, não dava
para desconfiar que não é você ali.
— Eu perdi a minha
virgindade com você e isso
demorou um tempinho para
acontecer. Algumas semanas
depois, a garota traumatizada, que
sofreu várias tentativas de estupro,
está transando com outro cara? Isso
não faz sentido.
— Eu recebi as mensagens,
mas eu investiguei e obtive a
confirmação de que era você.
— Investigou? Sério que
você acredita mais nos outros do
que em mim? Você nunca veio falar
comigo, só me acusou e me chamou
de prostituta, nada mais. Viu a
diferença? Eu estou aqui te
escutando, mesmo que isso não
mude minha opinião, mas nem isso
você fez.
Drew começa a gritar ''Ma''.
Vou correndo ver o que aconteceu.
— O que você fez? — olho
para Drew que segura a colher, o
prato está no chão e o mingau está
em toda a sua roupa. — Não
poderia esperar um pouquinho? —
ele começa a passar a mão pela
roupa, tirando o seu ''café da
manhã'' e leva até a boca.
Saí tão apressada para
atender a porta, que deixei o prato
perto de Drew. Ele, com certeza,
esticou a mão e pegou. Que bom
que o prato é de plástico e o mingau
estava frio.
— Custava assistir o
desenho e me esperar?
— Ei, amigão. O mingau
está bom? — Drew olha para
Christopher, estuda um pouco e
depois sorri, mas volta para comer
o seu mingau.
— Quem mandou você
entrar? — Encaro Christopher com
fúria.
— Ele gritou, eu vim ver o
que aconteceu.
— Já viu. Agora saia!
— Precisamos conversar.
Eu sou o pai...
— Agora você virou o pai?
— rio sem humor. — Saia, antes
que eu te machuque ainda mais.
— Olhe para esse lugar.
Vocês não podem viver aqui.
— Saia, antes que eu faça
uma besteira. Você não tem o
direito de chegar aqui e querer ser
o pai.
— Estou arrependido e
quero o seu perdão.
— Perdão? Você nunca me
deixou explicar e ainda me
ameaçou.
— Eu nunca cumpri nada
daquilo. Eu te ofereci emprego e
você não quis!
— Como eu aceitaria o
emprego do homem que me
humilhou e me expulsou da sua
vida? Responda, Christopher!
— Eu já tinha me
arrependido de tudo.
— Se arrependeu e nunca
veio falar comigo pessoalmente?
— Eu fiquei um tempo
distante, não podia falar com
ninguém, estava na pior...
— Na pior? — o
interrompo. — Se você que é rico
estava na pior, imagine eu estando
pobre e com um filho para
sustentar.
— Eu fui te procurar e te
encontrei com Brandon, o cara que
transava com você no vídeo.
Entenda que eu tentei...
Drew começa a chorar,
interrompendo Christopher.
— O que está acontecendo?
— Brittany e Vicent aparecem na
cozinha.
— Saia e não volte mais! —
grito com Christopher, enquanto
tento acalmar Drew.
Christopher me encara,
como se estivesse pensando.
— Eu nunca desistirei de
vocês dois. — ele diz. Sua voz sai
cheia de convicção, como se fosse
conseguir o seu objetivo.
— Pois desista. Eu e Drew
não temos e nunca teremos nenhum
tipo de vínculo com você. Agora,
saia e não volte mais.

Christopher

A ida à casa de Jessica foi


pior do que pensei... Claro que
seria. Eu a humilhei e não a escutei.
Já era de se esperar que eu não
conseguiria nenhum progresso. Não
desistirei, afinal, eu tive uma ótima
ideia para me aproximar de Jessica
e do meu filho.
— Conseguiu algo? — Matt
pergunta quando entro no carro. —
Pelo seu sorriso, acho que a reposta
é um ''sim''.
— Ela me expulsou e disse
que é para nunca mais voltar.
— E por que está sorrindo?
— percebo incerteza em sua voz.
— Tive uma ideia, ou
melhor, já armei tudo.
— Do que está falando?
Conto tudo o que planejei.
— Você quer que ela volte
para você ou que ela te odeie
eternamente?
— Cara, quando amamos,
cometemos loucuras.
— E se ela não aceitar essa
loucura? Ela está com raiva, duvido
que ela aceite.
— Ela tem que pensar no
bebê. — dou de ombros. — No
início, ela não vai aceitar e vai
procurar outra saída, mas eu e você
sabemos que é quase impossível.
Ela vai aceitar a minha proposta
pelo nosso filho.
— E você espera se
aproximar dela dessa forma?
— Claro. Ficarei perto dos
dois. Jessica ainda sente algo por
mim, eu sei disso. Vou mostrar que
sou uma pessoa melhor. Com a
convivência, ela saberá disso.
— O plano não é tão ruim.
Agora, é só rezar para que ela
aceite isso e que ela ainda sinta
algo por você.
— Como eu disse, ela vai
demorar um pouco, mas vai
perceber que essa é a única saída.
— O que faremos agora?
Seu plano já está todo arquitetado.
— Agora vamos atrás de
James.
— Eu não acho que ele
esteja envolvido.
— Nem eu. James trabalha
para mim há anos, não se sujaria a
toa, mas preciso de outras
informações. Depois, nós iremos
atrás de Damien, tenho certeza que
ele está envolvido.
— Ligarei para Alejandro.
Começo a dirigir enquanto
Matt conversa com Alejandro.
Quando termina, ele está sério.
— O que foi? — pergunto.
— Teremos companhia na
nossa conversa com Damien.
— Alejandro vai?
— Alejandro e Juan.
— Juan?
— Ele está com Alejandro.
Parece que ele já sabia de tudo,
Alejandro teve que contar o que
descobrimos. A parte boa é que
Juan conhece Brandon.
— E a parte ruim? —
pergunto, me preparando para o que
está por vir.
— Ele veio em busca da
pessoa que magoou a sua filha...
Ele sabe que foi você.
— Mas eu não tive nada
com Brittany. — falo sem entender
nada.
— Ele também é pai de
Jessica.
— Quê?
— Não sei, foi o que
Alejandro falou. Cara, o acerto de
contas não será nada fácil.
Não, não será. Eu sei o que
tenho que fazer. Vai ser mais
hematomas para mim, mas, por
Jessica, eu farei isso. Só espero
sair vivo desse ''encontro''.
Capítulo 4
Christopher

Saio do carro e vou até a


casa de James. Matt bate na porta e
ele nos atende.
— James, precisamos
conversar. — informo. — Podemos
entrar?
— Claro. — responde e
abre a passagem.
Sento-me no sofá e espero
por ele.
— O que desejam? —
pergunta.
— Preciso saber o que
aconteceu nesse dia. — mostro o
celular com a foto de Brandon e
Jessica.
— O senhor pediu para
vigia-la de longe. — senta-se no
sofá. — Ela estava saindo do clube
de Alejandro e esse rapaz começou
a conversar com ela.
— Percebeu alguma coisa?
— Matt pergunta.
— Não percebi nada. Ela
respondeu e depois saiu para o
trabalho. Não vi nada de
importante.
— Acha que Damien pode
ter envolvimento com isso? —
pergunto a Matt.
— Não sei. — pensa um
pouco. — Suspeita dele?
Olho para James, ele não é
apenas o meu motorista, ele sabe
tudo o que faço. Ele não é tão
velho, tem 45 anos. Também faz
parte dos meus negócios, mas
ninguém sabe dessa história.
— Não foi Jessica com
Brandon, era outra pessoa se
passando por ela. — falo. — Mas
Damien garantiu que a viu muitas
vezes com Brandon, mas eu nunca
soube de nada. Damien foi
contratado como segurança das
meninas, se ele a viu com outro, era
para ele ter me informado.
Por que eu não pensei
nisso antes? Claro, estava cego.
— O que irão fazer? —
James pergunta.
— Iremos investigar
melhor. — Matt responde. Olho
para ele sem entender o que ele diz.
Esse não era o plano. — Não
iremos acusa-lo, vamos esperar o
momento certo.
— Posso pedir para alguém
ficar na cola dele. — James sugere.
— Os outros seguranças podem
estar envolvidos, eles confirmaram
que viram Jessica com Brandon.
— Sim, eles podem estar
envolvidos. — Matt assente e
levanta logo após. — Agora
precisamos ir.
Despedimo-nos de James e
saímos.
— Não iremos atrás de
Damien? — pergunto.
— Mudança de planos. —
pega a chave do carro. — Se
pegarmos ele agora, levantará
suspeitas e os culpados irão sumir.
Temos que segui-los e esperar o
momento certo. Por enquanto,
agiremos normalmente.
— Por que não falou isso
antes? Eu sou o líder.
— Você quer vingança, está
cego por isso. Pensei nisso no meio
do caminho. Precisamos saber
quem são os nossos inimigos. Pedi
para Taylor vigiar James e os
outros seguranças, descobriremos
quem são os inimigos.
— Desconfia de James?
— Dinheiro destrói as
pessoas, descobriremos se ele vai
contar algo a alguém.
— Como?
— Nada que um bom
gravador não resolva.
— Você colocou?
Ele sorri em resposta. Eu
confio em James, duvido que ele
armaria contra mim, mas não custa
nada investigar.
— Preparado para
encontrar Juan?
— Não. — respondo. —
Mas é preciso.
— Quem diria. O cara que
só queria o corpo de Jessica, agora
está apaixonado.
— Depois que eu descobri
que ela corria perigo as coisas
mudaram. Primeiro eu estava
disposto a protegê-la e depois eu só
queria estar perto dela.
— Isso é gay.
— Quando acontecer com
você, você verá quem é o gay. —
ele apenas ri.

Chegamos ao armazém.
Vários carros estão parados na
entrada.
— Tem certeza que isso
vale a pena? — Matt pergunta. —
Podemos voltar.
Respiro fundo e entro no
local.
Vários homens estão
treinando ou bebendo. Vejo
Alejandro sentado conversando
com um homem. Juan, com certeza é
ele.
— Então, foi você que
engravidou minha filha e a
abandonou? — todos param o que
estão fazendo e me olham. —
Admiro a sua coragem. Vir me
enfrentar não é para todos.
— Eu tenho que mostrar que
sou digno da sua filha. — falo sem
vacilar. — O que vai acontecer
agora?
— Agora vamos brincar um
pouquinho. — tira a camisa. — Se
você aguentar 30 minutos lutando
comigo, eu escutarei a sua versão
dos fatos, se não aguentar... — faz
um suspense. — Você sairá daqui
morto.
Os homens riem e começam
a gritar coisas do tipo: ''O
branquelo vai morrer'', ''O riquinho
não sobreviverá'', ''Aposto 100 que
o branquelo cairá no primeiro
soco''. Ignoro a todos e vou para o
meio do armazém. Retiro a minha
camisa e começo a me aquecer.
Juan não é tão velho e também é
forte. Será difícil. Se até Matt me
nocauteou, imagine Juan. Agora eu
tenho um objetivo, tenho que
mostrar que sou um homem forte e
digno de Jessica.
Com esse pensamento, eu
começo a luta. Desvio dos socos. O
meu objetivo é passar 30 minutos
desviando dos socos e o
imobilizando por mais tempo.
Juan acerta muitos socos,
mas eu não fico atrás. Ele consegue
me imobilizar. Ouço alguém
gritando: ''Faltam 16 minutos para
terminar a luta''. Penso em Jessica e
em Drew. Consigo me livrar de
Juan. O meu corpo dói e minha
visão está embaçada, mas não irei
desistir. Quando vou para cima de
Juan ele saca uma arma.
— Mudanças de planos. —
me encara. — Vou fazer o mais
rápido.
Escuto Matt gritando ao
fundo.
— Isso não estava nas
regras. — levanto as mãos em sinal
de rendição.
— Eu não disse nenhuma
regra. — deveria ter imaginado
isso. — Você sabe que esse é o seu
fim.
Continuo o encarando. Não
desvio o olhar, não posso
demonstrar fraqueza.
Ficamos um bom tempo
nisso até que ele puxa o gatilho.
Então, escuto o som de ''Click''.
— Você passou no teste. —
Juan abaixa a arma. — Vá cuidar
dos seus ferimentos e volte para
falar comigo.
A arma estava
descarregada. Uma onda de alívio
toma o meu corpo.
Mesmo querendo me jogar
no chão e descansar, eu me
mantenho firme. Nada de
demonstrar cansaço ou fraqueza.
— Por um momento, eu
pensei que ele te mataria. — Matt
vem para o meu lado. — Você está
péssimo.
— Poderia ser pior. Eu
ainda consegui desviar de muitos
golpes.
— Acho que Juan pegou
leve. Ele poderia ter acabado com
você se quisesse, mas ele não fez.
Agora, vá fazer um curativo nesse
rosto.
Termino de limpar o meu
rosto e vou falar com Juan. Não
olhei o meu estado, mas sei que
está péssimo.
— Preparado? — Matt
pergunta.
— Estou.
Ando até a mesa de Juan.
Ele me olha de cima a baixo e
aponta para a cadeira à sua frente.
— Cadê o culpado? — Juan
pergunta.
— Mudança de planos. —
Matt responde. — Iremos segui-los
ao invés de trazermos para cá,
assim, saberemos todos os passos
deles e os culpados. Falei com um
suspeito e avisei que sei sobre
tudo, vamos ver se ele está
tramando contra nós.
— Meus homens irão segui-
los. — Juan me encara. — Os seus
já mostraram que não são de
confiança.
— Certo. — Matt assente.
— Agora, eu preciso saber
o motivo que você. — aponta para
mim. — Ter abandonado minha
filha. Não sei se percebeu, mas eu
acabaria com você se eu quisesse.
Agradeça a Alejandro por eu não
ter feito isso.
— Eu falei sobre o vídeo e
as fotos. — Alejandro informa com
calma. — Ele entendeu o motivo e
pode nos ajudar.
— Então eu apanhei à toa?
— pergunto irritado.
— Não, claro que não. —
Juan tem um olhar ameaçador. —
Você abandonou a minha filha
grávida, merecia levar algo pior
que uma surra.
— Eu abandonei sua filha?
— rio sem humor. — Você
abandonou as suas filhas pequenas
e as deixaram com prostitutas, elas
eram aliciadas e quase foram
estupradas. Somos dois do mesmo.
Se eu merecia algo pior, você
também merecia.
— Acalmem-se. —
Alejandro interfere. — Não
estamos aqui para decidir quem foi
o pior, estamos aqui para
solucionar o problema. As meninas
estão em perigo, pensem nisso.
Deixamos o estresse de
lado. Pego o meu celular e dou para
Juan.
— É Charlie. — Juan diz
depois de ver o vídeo. — É o filho
de Henry.
— Mas ele é negro, Henry é
branco. — Matt olha para o celular
novamente.
— A mulher de Henry é
negra. — Juan informa. — Temos
uma foto de anos atrás onde mostra
Henry e a sua mulher, mas não
sabemos onde ela está.
— E como sabem sobre
Charlie? — pergunto.
— Ele é o braço direito de
Henry. Somos inimigos há anos.
Eles tinham sumido, eu não sabia
que ele estava aqui.
— Então, como você sabia
que era eu o pai do filho de
Jessica?
— Um dos meus
informantes contou que você estava
saindo com Jessica. Sumi durante
muito tempo, estava atrás de Henry,
depois matei José. Tivemos que
sair daqui e nos esconder, não
poderíamos ser descobertos.
— Como você é o pai de
Jessica e Brittany? — pergunto algo
meio óbvio.
— Sempre que viajava, eu
ficava com as mães das meninas.
Não sabia que Jessica era a minha
filha. Quando peguei José, ele fez
uma negociação comigo, eu o
deixava vivo e ele me contava um
segredo. Eu sou o pai de Jessica.
Deixei-o vivo por dois minutos e
depois eu acabei com ele.
— Por isso estão atrás de
Henry? — Matt pergunta.
— Um de meus homens
estava em um bar e viu José. Eles
começaram a conversar e José
contou sobre duas meninas que ele
quase transou, mas as mães dela
nunca deixavam que isso
acontecesse. Claro que ele estava
falando de Brittany e Jessica. —
olha-me novamente, mas, dessa vez,
eu vejo mágoa e arrependimento.
— Eu nunca soube disso, eu sempre
as visitava e via que elas estavam
bem. Brittany sempre foi revoltada
e eu pensava que era o jeito dela.
— Você as deixou com
prostitutas. — falo com raiva.
— Sofia e Carmen nunca
foram pessoas ruins. São
prostitutas, mas nunca soube que
eram ruins. Estou atrás de vingança.
Todos que fizeram isso irão pagar.
Começaremos com Charlie.
— Quem é a outra garota?
— Não sei. — olha
novamente o vídeo. — Ela é
idêntica a Jessica, mas não é ela.
Iremos atrás disso também.
— Você falou sobre a
mulher de Henry. — Matt diz. —
Fale um pouco mais.
— Não sabemos. Só temos
uma foto dela e é bem antiga. Soube
que ela tem três filhos: Charlie,
Camille e Christian.
— Quem é Camille e
Christian? — Matt pergunta.
— Sem informações. Nunca
o vimos, eles sumiram.
— Podem estar vivos
ainda? — pergunto.
— Acho que sim. Acho que
eles são mantidos em algum lugar
escondidos.
— Iremos investigar sobre
isso. — Matt informa. —
Ligaremos para Stephen, ele é de
confiança.
— Já procurei em todos os
lugares, mas é impossível. — faz
uma pausa. — E você, o que vai
fazer com a minha filha?
— Eu tive uma ideia e ela
entrará em ação amanhã.
— Conte-me sobre isso.
Conto tudo.
— É uma boa ideia e eu irei
te ajudar. — Juan se recosta na
cadeira, com a mão no queixo como
se estivesse pensativo. — Eu vou
esperar até que Jessica aceite. Se
eu aparecer agora, ela vai pedir a
minha ajuda.
— Obrigada. — agradeço.
— Só estou fazendo isso
porque você está disposto a se
redimir e ir atrás dos culpados. Eu
sei como é acreditar em uma
mentira, você fez isso e está
arrependido, mas conseguiremos
acabar com todos.

Jessica

— Calma, meu amor. —


abraço Drew e o levo para fora de
casa. — Está melhor? — ele para
de chorar.
Fico fora de casa para que
Drew respire melhor, às vezes, isso
acontece. A sua respiração fica
difícil e tenho que trazê-lo para o ar
livre. O ar é poluído, mas é mais
fácil do que o mofo de casa.
— Você sabe o que tem que
fazer. — olho para trás e vejo
Brittany.
— Sim, eu sei.

Acordo no dia seguinte e


vou para o trabalho, antes disso, o
dono do prédio pede para falar
comigo.
— Vocês têm até amanhã
para sair do prédio.
— Quê? O senhor disse
duas semanas!
— Isso foi antes, tenho um
casal interessado no apartamento,
não posso perder o dinheiro.
— Mas...
— Até amanhã. — ele sai e
nem me deixa falar.
Vou até o trabalho disposta
a ir atrás da solução.
— Está atrasada. — Paul
grita, mas nem olha em minha
direção.
— Eu sei. — falo com
impaciência.
— Eu sei? Então, é isso?
Você é uma incompetente que só
serve para limpar o banheiro.
Pegue a vassoura e faça o seu
trabalho.
— Do que você a chamou?
Essa voz...
Viro-me rapidamente e vejo
Christopher. Seu rosto está mais
machucado que no dia anterior. O
que ele está fazendo para adquirir
tantos... Eu não me importo!
— Christopher Dalgliesh.
— percebo a felicidade de Paul. —
É uma honra recebê-lo aqui. —
estende a mão, mas ele o ignora. —
O que deseja? Jessica! — grita. —
Faça algo que preste e leve-o até a
mesa.
— Jessica. — Christopher
chama. — Precisamos conversar.
— Algum problema? —
Paul pergunta sem entender nada.
— Jessica. — Christopher o
ignora. — Precisamos conversar,
por favor.
Entrego a vassoura a Paul,
que me olha espantado. Saio da
lanchonete.
— Preciso falar com você.
— Christopher informa. Sua voz sai
embargada de esperança. — Tenho
uma proposta para te fazer. Eu vi
como está a sua vida, sei que você
não vai aceitar a minha ajuda, mas
eu tenho outra ideia.
— Qual? — pergunto por
curiosidade.
— Você aceita ser a minha
secretária novamente?
Encaro-o por um tempo. Ele
me humilhou, confessou ter me
contratado por sentir atração por
mim e me chamou de incompetente.
Agora, ele quer que eu volte a
trabalhar para ele?
— Você receberá um
apartamento e Drew pode ficar na
creche que fica na empresa. Você
sempre poderá vê-lo.
Ele é o pai e tenho os meus
direitos, mas não é isso o que eu
quero. Não quero receber dinheiro
pelo resto da vida, eu quero
trabalhar e seguir em frente. Meu
trabalho como garçonete não vai me
levar a canto nenhum, ainda mais
agora que limpo banheiro.
Já sei. Eu posso aceitar o
trabalho e começar a economizar,
adquirir experiência e depois eu
posso sair com uma boa renda.
Brittany está certa, orgulho não irá
pagar as contas.
Estava indo conversar com
ele, pediria ajuda para Drew, mas
isso é melhor do que me humilhar.
Penso em Drew na noite passada, o
sofrimento que é para ele respirar
naquela casa. E é por ele que eu
respondo:
— Eu aceito. Eu volto a ser
a sua secretária.
Capítulo 5
Christopher

Ela aceitou! Jessica


voltará a ser minha secretária.
— Pode arrumar as suas
coisas. — informo. Estou animado
com essa resposta, espero que ela
perceba o meu tom de felicidade.
— O apartamento já está pronto,
você e os seus amigos podem ir
imediatamente.
— A casa... Eu terei que
pagar aluguel ou algo assim?
— Não, claro que não. O
apartamento faz parte do
pagamento.
Na verdade, o apartamento
já pertence a ela. Coloquei no nome
de Jessica, mas não vou falar isso
agora, com certeza, ela não
aceitará.
— Quando começo o
trabalho? — pergunta.
— Amanhã. — respondo.
— Pode levar Drew, nós temos uma
creche para os filhos dos
funcionários. Sempre que quiser,
você poderá visita-lo.
Na verdade, isso é mais
para mim. Eu posso me aproximar
de Drew sempre que eu quiser.
Jessica está com raiva de mim, eu
sei que não será fácil me aproximar
de Drew, mas esse é o primeiro
passo de muitos que estão por vir.
— Ok. — assente. Ela vira
e entra na lanchonete.
Vejo o seu patrão irritado e
Jessica discute com ele.
Eu sei quem é Ramon, mais
conhecido com Paul. Eu e Juan
teremos uma conversa com ele mais
tarde.
Jessica sai da lanchonete e
me encara, mas não por muito
tempo. Ela continua andando
apressadamente.
— Jessica! — chamo.
— O fato de ter aceitado o
emprego, não quer dizer que
conversaremos.
— Você tem que entender...
Ela se aproxima e fala
baixo, só para eu escutar:
— Eu sei, vi o vídeo,
realmente a garota parece comigo.
— faz uma pausa. — O que mais
me irrita é que você nunca
conversou comigo, você só me
acusou e me humilhou. Não é fácil,
ok? Eu entreguei meu corpo e...
Meu coração a você. Eu nunca me
aproximei de um homem por medo.
Você se veste como os homens que
me aliciavam. Eu sabia que isso
não acabaria bem, mas, mesmo
assim, eu acreditei que você
pudesse ser diferente.
Vejo uma lágrima caindo e
meu peito aperta ainda mais por ver
essa imagem. Sou o culpado por
todas as lágrimas.
— Você sabia da droga do
meu passado. — outras lágrimas
vão caindo. — Eu nunca faria
aquilo com outro, sabe por quê?
Era com você que eu queria ficar.
Sabia que era impossível uma
pessoa como eu ficar com você,
mesmo assim, eu sonhava com isso.
— enxuga as lágrimas com tanta
força, que penso que ela sairá
machucada, mas não posso toca-la,
apesar de essa ser a minha vontade.
— Eu não sei quando eu vou deixar
Drew chegar perto de você. Ele
merece ter um pai, mas... Eu não
estou preparada para isso. Para ver
o homem, que me humilhou e me
abandonou grávida, pousando de
bom pai para o filho que ele nunca
quis conhecer.
Ela para de falar e sai
correndo.
Fico olhando para Jessica.
Tenho vontade de ir atrás, mas ela
está certa. Ela foi à mãe e o pai de
Drew enquanto eu estava trancado
no quarto chorando, bebendo e
fumando. Mas eu vou me redimir, e
tudo começará amanhã.

— Falta muito? —
pergunto. Não vejo a hora de fazer
Paul sofrer. Quando vi o modo que
ele tratava Jessica, o sangue subiu a
cabeça. Queria pega-lo e fazê-lo
pagar por tudo o que disse.
— Alguns minutos. — Matt
responde.
Depois de algum tempo, os
funcionários começam a sair da
lanchonete, restando apenas Paul lá
dentro.
Certificamo-nos que não
tinha ninguém na rua e saímos dos
carros. Devem ter quase uns dez
homens. Colocamos as máscaras e
andamos até a lanchonete. A porta
está aberta e entramos.
— Já está fechado. —
Ramon, mais conhecido como Paul,
informa. Quando entramos, ele toma
um susto quando nos vê.
— Nada disso. — falo
quando o vejo pegando uma arma
debaixo do balcão.
— O que querem? —
pergunta.
— Uma conversinha.
Desligamos as luzes da
lanchonete, trancamos a porta e o
levamos até a cozinha.
— Estivemos fazendo uma
pesquisa sobre a sua vida. — Juan
retira a máscara.
— Juan? — Ramon está
surpreso.
— Então, você realmente
não é Paul, é Ramon.
— Meu nome é Paul. — diz,
mas percebo o seu medo.
— São poucos aqueles que
conhecem Juan. — Juan sorri. — E
esses poucos são os criminosos,
você me conhece, não negue.
— O que querem?
— Fizemos uma pequena
investigação sobre a sua vida. —
Juan começa a contar. — Sabemos
que essa lanchonete é apenas uma
fachada para os seus negócios
ilegais.
— E? — Ramon pergunta
depois de alguns minutos.
— Eu não costumo me
intrometer nos negócios dos outros,
principalmente quando eles estão
quietos, mas você... — pega uma
faca em cima da mesa. — Você
escraviza os seus funcionários.
— Não! — grita. — Eu
nunca fiz isso!
— Fez. Eu investiguei.
Achei você muito suspeito. —
Alejandro diz. — Só imigrantes
trabalham para você.
— Normal. — defende-se.
— Eles cobram pouco.
— Eles ganham menos de
100 dólares por mês e algumas
gorjetas, isso é certo?
— A lanchonete não dá
muito lucro.
— O que os seus sócios
achariam disso? — Juan aproxima
a faca no rosto de Ramon. — Seus
sócios são imigrantes. O que eles
fariam quando descobrissem que
você escraviza o seu povo? Eu os
conheço, eles ajudam o seu povo.
Eles te matariam.
— O que querem com isso?
— Eu sou latino. — Juan
sorri. — Você está escravizando o
meu povo. Eu quero que você vá
até a sua casa e pegue toda a
quantia que conseguir, você vai
voltar aqui, contaremos o dinheiro
e dividiremos a quantia para todos
os seus funcionários. Por fim, você
terá uma conversinha com seus
sócios.
— Não, eu já vou perder o
meu dinheiro, isso já é castigo o
suficiente.
— Não, não é. Você traiu os
homens, isso é a pior coisa a se
fazer, você tem que ser julgado por
eles.
Alguns homens de Juan
levam Ramon até em casa para que
ele pegue toda a quantia.
Juan já estava fazendo uma
pequena investigação quando viu
Jessica trabalhando para Ramon e
percebeu que ela não ganhava
muito. Ele conversou com alguns
funcionários e eles confirmaram
que eram explorados por Ramon.
Juan é amigo de alguns
''sócios'' de Ramon, eles não
sabiam sobre ele estar
escravizando o ''seu povo''. Agora
eles nos devem favores, o que será
muito bom para podermos encontrar
Henry.
Ramon chega com o
dinheiro. Contamos e dividimos
para todos os funcionários. Pego a
parte de Jessica e guardo, colocarei
em uma conta no banco. Se o
dinheiro for entregue agora, ela
poderá recusar o emprego de
secretária.
— Você ficará aqui até
amanhã. — Juan informa a Ramon.
— Quando os funcionários
chegarem, você entregará o
envelope a cada um e avisará que
está indo embora porque
descobriram o que você faz e agora
precisa fugir, o dinheiro é para eles
ficarem calados. Não se esqueça,
nós estaremos aqui para ter certeza
que o acordo será cumprido e,
depois, você será entregue ao
Hector, ele fará o que quiser com
você.

Jessica

Eu, Drew, Brittany e Vicent,


entramos na nossa nova casa.
— Uau! — Vicent murmura.
— O lugar é maravilhoso.
O apartamento toma os dois
últimos andares do prédio. O lugar
é enorme. Só a sala é do tamanho
do nosso antigo apartamento.
— Sem cheiro de mofo! —
Brittany bate palmas. — Fico feliz
por ter aceitado essa proposta.
— Fico mais feliz por você
ter colocado Drew em primeiro
lugar, ao invés da sua mágoa por
Christopher. — Vicent completa.
Que tipo de mãe eu seria se
colocasse a mágoa na frente da
doença do meu filho?
Ontem, Drew já estava
quase sufocando. A sua respiração
estava cada dia mais difícil. O
remédio para colocar no inalador já
está quase no fim. Acho que aqui
será mais fácil, pelo menos, não
temos mofo nem poeira. Morro de
medo da alergia evoluir para uma
pneumonia, asma, bronquite... Deus
me livre!
— Meu filho é minha
prioridade, não é? — mordo a
bochecha de Drew. — Não é meu
gorduchinho? — ele ri.
— Desde pequeno a criança
já sofre bullying. — Vicent brinca.
— Quem mandou ser cheio
de dobras e ter uma bochecha
gostosa de apertar. — Brittany
aperta a bochecha de Drew.
— Vamos colocar as malas
no quarto. — aviso.
— São quatro quartos. — a
recepcionista diz. Tinha esquecido
que ela estava aqui. — Por aqui.
Subimos as escadas. Cada
quarto tem uma suíte e um closet.
Brittany e Vicent escolhem os
deles. Eu fico com o que sobrou.
— Esse é o quarto do bebê.
— a moça abre a porta.
Meus olhos arregalam com
a surpresa. O quarto é lindo. Tem a
cor azul bebê e branco. Tem vários
ursos de pelúcia enfeitando o lugar,
um berço, uma cama de solteiro,
uma poltrona, um guarda-roupa,
brinquedos e vários acessórios
para o bebê, incluindo um carrinho
de bebê que, na minha opinião, é
muito sofisticado.
Drew não tinha um carrinho
de bebê, quer dizer, eu tive que
vender. Tinha ganhado o carrinho
junto com o berço. Quando precisei
comprar o remédio, tive que vender
o carrinho. Ele era novo, consegui
um bom dinheiro nele e paguei o
remédio de Vicent. Só tinha
sobrado a cadeira em que alimento
Drew e o berço, e só não vendi
porque não tinha comprador. Todo
dinheiro sempre será bem-vindo.
— Que lindo! — Vicent e
Brittany exclamam, entrando no
quarto.
Drew começa a se mexer
em meu colo. Entendo o recado.
Coloco-o perto dos brinquedos. Ele
engatinha e começa a pegá-los.
— Ele foi rápido demais.
— Vicent mostra o quarto. — Ele já
sabia da sua resposta. Já está tudo
mobiliado.
Eu sei disso. Algo em mim
diz que foi ele quem falou com o
dono do prédio e mandou nos
despejar rápido. Poderia ter gritado
com ele e o acusar disso, mas, pelo
bem do meu filho, eu não fiz. A
antiga casa era um veneno para
Drew. Ele precisa de remédios, eu
preciso de emprego para dar uma
boa vida a ele, e preciso de alguém
para tomar conta do meu filho.
Carol não poderia mais trabalhar
para mim.
Isso não significa que sou
grata a Christopher, ele me deve
isso.
— Aqui está. — a moça me
entrega um papel. — Ela é a
arquiteta. Qualquer coisa que
quiser mudar no apartamento, é só
chama-la. Com licença.
Depois de alguns minutos
brincando, Drew já está com sono.
Coloco no berço e fico o
observando dormir.
— É tão bom vê-lo dormir e
respirar sem dificuldade. — sorrio.
— Nem me fale. — Vicent
aperta o meu ombro.
— Agora, podemos dormir
sem nos preocupar com isso. —
Brittany vai até o lado da cama e
liga a babá eletrônica. — Vamos
comer alguma coisa.
Descemos até a cozinha.
Abro a geladeira e encontro vários
alimentos. O mesmo acontece nos
armários.
Lágrimas vêm nos meus
olhos.
— Depois de tanto tempo,
temos muita coisa para comer. —
Brittany me abraça. — Não chore,
não seremos mais como antes.
Choro lembrando tudo o que
passamos. Quase não comíamos
para cuidar de Drew e Vicent. Às
vezes, eu pegava algum sanduíche
da lanchonete e colocava na bolsa.
Rezava para que Paul não
descobrisse e que Deus me
perdoasse por estar roubando
comida, mas não via outra saída.
Por um momento, eu me
arrependi de não ter aceitado o
emprego na loja de Christopher,
mas, depois, eu lembrava tudo o
que ele me fez passar. Não foi por
orgulho. Ele ameaçou tirar Drew de
mim, tinha medo que ele cumprisse
essa ameaça e ainda me acuse de
ser uma mãe ruim. Eu perderia a
guarda de Drew na hora. Qualquer
juiz entregaria a criança ao pai rico
ao invés da mãe pobre que rouba
comida para se alimentar.
Alejandro foi à pessoa que
nos ajudou. Ele não sabia sobre as
nossas condições financeiras, mas
acabou aumentando o salário de
Brittany quando soube do acidente
de Vicent. Conseguimos sobreviver
com isso.
— Agora, vamos parar com
o choro. — Vicent nos abraça. Olho
para eles e percebo todos nós
estávamos chorando. — Preparem
algo delicioso, já estava na hora de
comermos algo gostoso.
Eu e Brittany começamos a
fazer uma lasanha. Uma comida
prática e rápida.
Comemos e, depois de
conversarmos, cada um foi para o
quarto.
Vejo a minha mala no canto
do quarto. Decido arrumar as
roupas, são poucas, será rápido.
Abro o closet e encontro um
lado com roupas. Dou uma olhada e
percebo que todas são roupas de
secretárias; saias, vestidos, blusas,
calças e sapatos. Christopher,
definitivamente, pensou em tudo.
Que bom que ele fez isso, eu não
tenho mais nenhuma roupa de
secretária, nem tinha lembrado esse
detalhe. Quando fui embora da sua
empresa, devolvi todas as roupas
que Christopher havia comprado,
fiquei com pouquíssimas.
Arrumo as minhas poucas
roupas nos cabides. Tenho apenas
um lado ocupado, o resto está
vazio.
Passo no quarto de Drew e
certifico-me que ele está bem.
Deito na cama ao lado do berço.
Olho para meu filho e penso no que
farei agora. Christopher está
tentando a aproximação. Não sei se
será justo atrapalhar o convívio de
Drew com o pai, mas, sei lá, fui eu
quem estava com Drew enquanto
Christopher estava vivendo a vida
dele. Não sei o que eu faço. Se eu
não deixar os dois conviverem,
serei egoísta, mas se eu deixar...
Não sei. Definitivamente eu não sei
o que fazer.
Será que Christopher será
um bom pai? Eu devo deixar Drew
conviver com ele? Ou estudo a
situação calmamente para ver se
Christopher realmente merece ser
chamado de pai? Não sei, mas a
segunda opção me agrada mais.
Espero que não seja uma escolha
ruim.

Visto uma saia lápis preta,


blusa de manga comprida branca e
um scarpin. Depois da gravidez eu
engordei, mesmo não comendo
muito eu continuei gorda. Minhas
coxas estão mais grossas que antes,
meu quadril e minha bunda estão
mais largos, meus seios estão bem
maiores e agora eu tenho um
acúmulo de gordura na barriga, eu
já tinha isso, mas agora está um
pouco maior. Fora as celulites e
estrias.
Como eu me sinto? Bem,
obrigada. Minha saúde está boa e
só fiquei assim por causa de Drew,
irei reclamar? Claro que não. Não
me sinto incomodada com o meu
corpo.
Desço do quarto e pego
Drew no colo. Faço o seu mingau e
dou para ele.
Alguém bate na porta.
Parece que Drew já sabe o que
significa e faz cara feia, mas não
chora. Afasto o prato de perto dele
e vou atender a porta.
Uma senhora de uns 50 anos
está parada com um sorriso
simpático dirigido a mim.
— Bom dia. — sorri. — Eu
sou Rosa. Fui contratada como a
faxineira.
— Desculpe-me. — falo. —
Acho que houve um engano, eu não
contratei ninguém.
— Seu nome é Jessica
Montserrat García? — pergunta
confusa.
— Sim.
— Então é a senhorita
mesmo. Fui contratada pelo senhor
Dalgliesh. Ele pediu para falar com
a senhorita sobre o horário das
outras funcionárias.
— Desculpe-me... Outras
funcionárias?
— Sim. A cozinheira, a
ajudante dela e as outras
empregadas que vão limpar junto
comigo.
— Eu fui pega de surpresa.
— fico uns instantes sem falar.
— Bom dia. — Brittany diz.
— Bom dia. — Rosa sorri.
— Christopher contratou
empregados para casa. — informo.
— Sério? — Brittany se
anima.
— Sim, ela está
perguntando sobre os horários
delas.
— Pode vir comigo. —
Brittany mostra o caminho. — Eu
resolverei tudo. Agora pode ir, ou
vai se atrasar.
Dou o mingau de Drew e
desço correndo para ir ao trabalho.
Minha meta é ser a melhor
secretária de todas. Atraso não está
nos meus planos.
— Bom dia. — olho para
trás e vejo um homem. — Eu sou
Carlos, sou o motorista do
Christo... Senhor Dalgliesh. —
corrige. — Ele pediu para te dar
carona até a empresa.
Olho para esse tal de
Carlos. Ele aparenta ser latino;
percebo algumas tatuagens na sua
mão e alguns riscos no pescoço.
Ele é o motorista de Christopher?
Lembro que ele também tem
tatuagens, mas, mesmo assim, não
aceito a carona.
— Não, obrigada. —
recuso.
— Olhe o carro. — aponta
para o carro atrás dele. — É o
mesmo que James dirigia. — ele
tem um forte sotaque. — Só que,
agora, sou eu quem dirige.
O carro é o mesmo, mas
esse cara está estranho.
Ele digita um número e,
logo após, me entrega o celular.
— Jessica. — escuto a voz
de Christopher do outro lado da
linha. — Ele é o novo motorista,
pode vir com ele.
— Vou a pé.
— Você está com Drew, não
é bom vir andando. — parece que
Drew escutou, ele começa a se
mexer e quase chorar de
impaciência. — É melhor você vir
de carro.
— Por que tudo isso?
— Estou arrependido e
farei de tudo para conseguir o seu
perdão.
— Por quê?
— Eu acordei para a vida e
descobri... — faz uma longa pausa.
— Descobri que te amo. Demorou,
mas eu percebi isso. Eu farei de
tudo para provar que te amo. Eu
quero voltar para você e ser um
pai para Drew.
Fico sem reação. Ele nunca
falou nada assim. Nunca falou: ''Eu
te amo''. A mágoa ainda está
grande. Essas palavras me
afetaram, mas não como antes.
— Eu sei que não é o
momento, mas eu estou fazendo
tudo por você e por Drew. Confie
em mim. — desligo o celular e
entro no carro.
Confie em mim. As mesmas
palavras que ele disse antes. A
mesma promessa que ele fez no
início e quebrou na primeira
oportunidade.
Sinto vontade de chorar,
mas as lágrimas não aparecem. É
como se aquele sentimento por ele
tivesse acabado, mas não acabou,
eu sei.
Eu sinto raiva de
Christopher. Se não tivesse
sentimentos por ele, eu não estaria
tão enraivada e tão magoada.
Entro no carro e Carlos
começa a dirigir. Olho para Drew,
que está animado olhando a rua.
— Gostando do passeio? —
pergunto.
Ele me olha e sorri.
Mostrando os dois dentinhos que
nasceram muito rápido. Ele parece
tanto com o pai. Os mesmos olhos
azuis. Eu chorei na primeira vez
que vi o seus olhos, só consegui
pensar em Christopher e que ele
não estava ao meu lado.
Agora as lágrimas insistem
em cair. Apenas uma confirmação
que ainda gosto dele. Pelo meu
bem, me manterei longe. Será
diferente da primeira vez. Não vou
deixar o cara que me humilhou, me
machucar novamente. Pelo meu bem
e pelo bem do meu filho, isso só
será um emprego, nada mais.
Capítulo 6
Jessica

Chego ao trabalho. Lembro


o meu primeiro dia aqui. O quanto
eu estava nervosa e confiante,
dizendo que não cairia na tentação
de Christopher Dalgliesh. E, aqui
estou eu novamente.
— Vamos lá, Jessica. Tudo
pelo seu filho. — respiro fundo e
entro.
Drew fica olhando para os
lados, deve estar estranhando tantas
pessoas a sua volta.
Os seguranças deixam-me
passar sem qualquer problema.
Ainda não tenho um cartão com a
identificação. Pergunto a eles onde
fica a creche. Eles me dão a
direção e eu vou até lá.
Alguns pais estão deixando
os seus filhos. Essa é a primeira
vez que deixarei Drew com outra
pessoa sem ser Carol, Brittany ou
Vicent.
— Bom dia. —
cumprimento à moça que está na
porta. — Eu sou Jessica.
— Bom dia. — sorri. —
Esse deve ser o Andrew.
Christopher já falou sobre
ele.
— Sim. — sorrio.
— Podem entrar. Eu sou
Lia, sou uma das cuidadoras.
Entro no local e vejo várias
crianças brincando. De um lado
ficam as crianças um pouco
maiores e do outro ficam os bebês.
— Aqui ele vai receber
todos os cuidados. — Lia começa a
falar sobre os como funciona o
lugar.
Levo Drew até a área dos
brinquedos. Ele fica muito
animado. Outra cuidadora vem e
começa a brincar com ele, saio sem
que ele perceba e comece a chorar.
Drew é uma criança calma, não é
muito de estranhar as pessoas, se
tiver brinquedo então... Nem vai
lembrar que eu existo.
— Aqui está. — abro a
minha bolsa e entrego os remédios
de Drew. — Ele tem alguns
problemas respiratórios, se
precisar dê a ele e me chame. —
entrego uma nota com todos os
remédios detalhados e com o
número do meu celular.
— Certo. — Lia lê o papel.
— Ele precisa sempre?
— Não. — respondo. —
Mas a alergia dele pode aparecer, o
nariz fica entupido e fica difícil
para respirar, mas não é sempre que
acontece.
— Certo. Ele tem alergia a
algum alimento?
— Nenhuma alergia.
— Então, não se preocupe.
Drew será bem cuidado, receberá
todas as refeições, vai dormir e
brincar muito. Ele está em boas
mãos.
Olho para Drew que, no
momento, está brincando com uma
das cuidadoras. Ele nem percebeu
que eu saí. Aproveito e saio, indo
até o elevador.
A conversa no elevador está
intensa.
— A empresa está perdendo
muito. Senhor Dalgliesh tem que
fazer algo com isso, daqui a pouco
estaremos falidos.
Presto atenção na conversa
das pessoas.
— Vários investidores
estão saindo, eles não querem fazer
negócios com alguém que não se
preocupa com a empresa.
— Senhor Dalgliesh não
apareceu na empresa por mais de
um ano.
Mais de um ano?
— William é bom no que
faz, mas ele não é o dono disso
aqui.
— Matthew também não
serve. Ninguém dá credibilidade a
um homem que fica brincando no
celular ao invés de prestar atenção
nos negócios.
— Se continuar assim... —
percebo a decepção em sua voz. —
Estaremos falidos.
— Até as modelos estão
saindo da agência e procurando
outras. Barbara já foi, e olha que
ela é a melhor da agência.
— Por que isso está
acontecendo? — uma mulher
pergunta.
— Os desfiles estão em
falta, senhor Dalgliesh nunca mais
marcou um evento, ele é dono de
muitas grifes. Se não tem desfile,
não tem modelos.
— Elas estão indo para
outras agências, assim elas não
ficam presas com os estilistas.
— Por falar em estilistas,
eles também estão revoltados com
isso. Daqui a pouco perderemos
exclusividade com todos eles.
O elevador vai parando e as
pessoas vão saindo, até que fico
sozinha lá dentro.
Eu sei que desejei o
sofrimento de Christopher, mas
escutar que a empresa está em crise
por um ano... Será que isso tem
algo a ver comigo? Realmente não
sei o que pensar.
O elevador para e desço no
meu destino. O lugar continua a
mesma coisa. Cintia me olha e fica
surpresa.
— Jessica? Não sabia que
tinha voltado a trabalhar aqui.
— Olá. — dou um sorriso
sem graça. — Pois é, fui chamada
novamente.
— Desculpe, é que eu não
fui avisada.
— Como vai à empresa?
Preciso ficar por dentro de tudo.
— Esse lugar está um caos.
— responde. — Senhor Dalgliesh
não vem mais aqui, os investidores
estão saindo, William não aguenta
mais as cobranças em cima dele e
os empregados já estão falando em
demissão.
— Por que isso está
acontecendo?
— Não sei. Senhor
Dalgliesh está fora por mais de um
ano, no início ele ainda aparecia e
ficava pouco tempo. Mas nesse
pouco tempo, ele só gritava com as
pessoas, estava mais estressado e
arrogante que o normal. — faz uma
pausa. — Depois não soubemos
mais nada dele, ele simplesmente
sumiu. Até pensamos que ele tinha
morrido, mas Matthew nos
assegurou que ele estava bem.
— E por que ele não
aparece aqui?
— Não sabemos, é um
mistério. Acho que deve ser algo
muito grave, ou ele não se importa
com a empresa. Ele está perdendo
muito dinheiro com investidores e
as multas.
— Multas?
— As multas com os
estilistas e modelos. Senhor
Dalgliesh não está cumprindo o
contrato, eles estão aproveitando
isso para conseguir dinheiro. Eles
não estão errados.
Vou até a minha mesa. Ligo
o computador e pesquiso por
Christopher Dalgliesh.
Todos os resultados são
sobre a queda da empresa. Ele nem
é mais a nona pessoa mais rica do
mundo, na verdade ele nem está
entre as 100.
Lembro o rosto machucado
e o que ele falou sobre lutar na
adolescência. Será que ele voltou a
lutar? Não, se fosse isso, com
certeza, já teria várias fotos e
vídeos circulando por aí. Mas o
que está acontecendo com ele?
— O que você faz aqui? —
olho para cima e vejo o pai de
Christopher. — Você é surda? —
ele olha para os lados. Algumas
secretárias estão olhando, mas logo
desviam. — Na minha sala, agora!
Ele entra na sala de
Christopher, o seu filho. Respiro
fundo e vou atrás.
— Posso saber o que faz
aqui? — pergunta com raiva.
— Não, não pode. —
responde.
— Como é que é? Com
quem você pensa que está falando?
— Com Christopher
Dalgliesh, o pai do dono da
empresa, mas que não tem nenhuma
função aqui.
— Garota petulante. — se
aproxima. — Eu mando aqui.
— Não, não manda. Quem
manda é o senhor Dalgliesh, o seu
filho e não você. — dou ênfase no
''você''.
— Só porque você abriu as
pernas para o meu filho, você acha
que manda em algo? Ele nunca teria
nada com você. Você foi apenas
uma diversão para o meu filho. —
ri. — Você deveria ter um pingo de
vergonha na cara e nunca mais
aparecer aqui. Leve o seu filho
bastardo junto.
No mesmo momento eu dou
um tapa na cara dele.
— Nunca mais repita isso.
— aproximo-me dele. — Eu juro,
se você repetir isso novamente, ou
falar qualquer coisa do meu filho,
você receberá muito mais que um
tapa.
— O que pensa que está
fazendo? — segura o meu braço. —
Se você acha que o seu filho
bastardo será um Dalgliesh, você
está muito enganada. Na minha
família só entram pessoas de
sangue puro, isso não entra para
pessoas latinas e da sua cor.
A porta abre e Christopher
entra.
— Saia! — grita com o seu
pai.
— O que faz aqui? — ele
pergunta. — E o que é isso no seu
rosto?
— Eu mandei você sair! —
pega o braço do pai e aperta. —
Você quer que todos saibam?
O pai dele tem um olhar
furioso, mas logo depois ele sai.
Isso me deixa surpresa, o que
Christopher fez para o pai correr
dessa forma?
— Desculpe. —
Christopher aproxima. Dou um
passo para trás. — Eu não sabia
que ele viria aqui hoje. Ele quer
tomar a empresa e ficar no meu
lugar.
— Licença. Vou voltar a
minha mesa.
— Jessica. — segura o meu
braço. — Eu já te disso isso, mas
quero falar novamente. —
aproxima-se mais. — Eu nunca
desistirei de você e do nosso filho.
— Nós não temos sangue
puro.
— Não sou como aquele
homem. Eu não me importo com
isso, eu sei que pareceu que sou
uma pessoa ruim, mas não sou. Eu
estou fazendo de tudo por você.
— De tudo por mim? Do
que você está falando?
— Jessica, eu te amo e vou
fazer de tudo por você. Mesmo que
isso custe a minha liberdade. —
solta o meu braço. — Pode voltar a
sua mesa.
Fico um tempo olhando para
ele. Vejo arrependimento em seus
olhos, mas não fico por muito
tempo o encarando. Saio da sua
sala e vou até a minha mesa.
Mesmo que custe a minha
liberdade. O que isso significa? O
que ele vai fazer? Ele está me
protegendo de... Oh merda! Será
que foi Henry? Mas como ele me
protegeria de um bandido?
— Jessica. — olho para
cima e vejo Christopher. — Quero
ligue para cada número e marque
uma reunião.
— Ok. — pego os papéis
que ele me deu.
Pego o telefone e marco as
reuniões. Minha mão já está
cansada de segurar o telefone.
Liguei para cada um dos
investidores e marquei uma
reunião. Alguns foram bem
relutantes em aceitar, mas consegui
convencê-los.
Algumas reuniões
aconteceram hoje e outras foram
marcadas para outros dias.
Era bem perceptível a cara
assustada dos investidores. Eles,
com certeza, não entendiam o
motivo do rosto de Christopher
estar machucado. Essa também é a
minha maior dúvida.
O dia passou muito devagar.
Enviei e-mail, conversei com
investidor, liguei, anotei, fiquei
presente em todas as reuniões e, no
fim, pude sair para almoçar, mas
nem era hora para isso.
Christopher me liberou e
ficou em outra reunião, acho que
está tentando recuperar o tempo
perdido. Ele é bom em negociação,
mas acho que não foi bem na grande
maioria. Vai demorar para ele
conseguir a sua credibilidade
novamente.
Depois da conversa na sala
em sua sala, eu e Christopher
estamos nos tratando formalmente,
como chefe e secretária.
Desço pegar = Drew na
creche. Ele fica feliz quando me vê.
— Sentiu minha falta? —
pergunto.
Vou a uma lanchonete e
peço um suco e um sanduíche,
Drew já comeu, mas mesmo assim,
ele quer o meu suco.
— Jessica. — olho para
frente e vejo Sofia, aquela que,
infelizmente, um dia chamei de
mãe. — Ele é o seu filho?
— O que faz aqui?
— Precisamos conversar?
— ela estica a mão para Drew.
— Não toque nele e saia
daqui!
— Jessica, por favor,
precisamos... — olha para frente e
do nada sai correndo. Ela acaba
sumindo pelas pessoas.
Olho para trás. Não vejo
nada de importante.
Decido voltar para a
empresa, esse ''encontro'' foi muito
esquisito.

O trabalho ocorre muito


bem. Christopher só fala comigo
quando precisa e não força a
situação. Na verdade, está bem
fácil a convivência no meu
primeiro dia. Acho que isso se
deve ao fato de Christopher estar
atolado em problemas.
A noite finalmente chega e
meu expediente acaba. Christopher
continua em sua sala fazendo
ligações e reunido com William e
Matthew.
Drew já está dormindo.
Pego no meu colo e saio do prédio.
Vejo Damien parado em frente a um
carro.
— Boa noite. — diz. —
Senhor Dalgliesh pediu para te
levar até em casa.
Não sei por que, mas nunca
gostei desse cara.
— Não, obrigada. Diga a
Christopher que eu vou andando.
— Ele insistiu.
— Não quero.
— Damien. — Carolos, o
novo motorista de Christopher, se
aproxima. — Eu sou o novo
motorista, você está dispensado.
Percebo a incerteza de
Damien, mas, depois de alguns
instantes, ele entra no carro e vai
embora.
— Venha. — Carlos me
leva até o outro lado da rua e abre a
porta do carro para mim.
— Damien não trabalha
mais para Christopher? —
pergunto.
— Trabalha, deve ter
pensando que eu não estaria aqui
para te levar.
Continuamos em silêncio.
Percebo que esse motorista
é bem informal. A sua roupa não
está completa, ele está apenas com
a camisa social branca. Os
motoristas geralmente usam terno e
gravata, mas esse cara não.
Percebo a sua inquietação.
Ele acende a luz dentro do carro.
Aparentemente está com coceira.
— Deve ser alergia ao
tecido dessa camisa. — diz, como
uma explicação.
— Primeira vez como
motorista?
— Não, mas é a primeira
vez com essa camisa.
Ele continua se coçando. O
semáforo está vermelho. Ele
aproveita e dobra a sua camisa até
o cotovelo. Percebo que a sua pele
está vermelha e irritada. Vejo
várias tatuagens e uma que chama a
minha atenção. Aproximo mais um
pouco para poder enxergar.
Cartel de la calle. Uma
tatuagem enorme em seu braço.
O que Christopher está
fazendo com um dos membros da
gangue de Juan?
Capítulo 7
Christopher

Chego à empresa e vou


diretamente para a creche.
— Bom dia, senhor
Dalgliesh. — uma das cuidadoras
me cumprimenta. — Ele está ali.
Falei com todas as
cuidadoras e me certifiquei que
meu filho será bem cuidado,
também dei um dinheiro extra para
que elas não contassem que eu
visitaria Drew todos os dias.
Vou até Drew, que brinca
com uma das cuidadoras. Dou um
sinal para que ela saia.
— Ei, amigão. —
aproximo-me de Drew. Ele me olha
por alguns instantes e começa a
apertar os botões do seu brinquedo.
— Gostou do som?
Ele continua apertando,
resolvo entrar na brincadeira com
ele. Fico nisso por alguns instantes,
depois pego no meu colo e o levo
para um canto na sala.
Ele me olha por algum
tempo, até que resolve colocar a
mão no meu corte na sobrancelha.
— Aí não pode. — ele
parece que entende e para. Dou uma
mordida em sua mão e ele se
diverte com isso.
Dou um beijo em sua testa e
começo a mostrar alguns quadros
pendurados na parede. Drew presta
atenção em tudo. O encaro por um
tempo enquanto ele olha para um
quadro com animais e aponta para
eles. Arrependimento enche o meu
peito. Tenho raiva por não ter
convivido com ele antes. É
evidente que Drew recebeu todos
os cuidados e foi bem criado, ele
entendeu claramente o meu ''não'' e
parou. Jessica se tornou uma mulher
maravilhosa, já era, agora eu tenho
certeza que ela é uma ótima mulher
e uma mãe maravilhosa.
Meu celular vibra em meu
bolso. Vejo o nome de Matt. Penso
em rejeitar, mas pode ser algo
importante, não que meu filho não
seja importante.
— O quê? — pergunto
impaciente.
— Cíntia me ligou, seu pai
chegou à empresa.
— O que ele quer aqui?
— Certamente quer ficar
no seu lugar, é melhor você
resolver isso.
Lembro que Jessica já
chegou, meu pai vai aprontar
alguma.
Levo Drew até a cuidadora,
mas ele agarra a minha camisa não
me deixando ir.
— Depois eu volto. — falo,
tentando acalma-lo, mas ele começa
a chorar.
A cuidadora o pega meu
filho no colo, dou um beijo em sua
testa e saio. Olho para trás pela
última vez e o vejo chorando e
esticando a mão para mim, como se
me chamasse. Essa cena parte meu
coração, mas, ao mesmo tempo,
fico feliz. Estranho? Talvez, mas eu
sei que ele gostou de mim, isso é
um motivo a mais para continuar
lutando para ter uma vida ao lado
dele e de Jessica.
Saio dali e corro em
direção ao elevador, muitos param
e olham para mim com certa
estranheza. Deve ser o meu rosto
totalmente machucado. Não me
importo com isso. Eu tenho que
tirar aquele homem da minha sala.
Ele não vai humilhar Jessica e
muito menos ficar com a empresa.
Eu tenho uma carta na manga, ele
sabe que eu posso usar a qualquer
momento. Podemos ter o mesmo
sangue, mas ninguém vai se meter
com Jessica ou com meu filho. E se
ele o fizer, eu arruíno a sua carreira
de empresário.

Por que eu resolvi ser


empresário? Por que eu apenas
não chantageei o meu pai e
apliquei esse dinheiro em alguma
merda mais fácil? Por que eu saí
comprando tudo quanto foi
negócio? Por que eu me importo
com essa merda? Por que eu
apenas não vendo tudo, pego o
dinheiro e vivo uma vida sem
problemas? Estou com todas essas
questões na cabeça nesse exato
momento.
William continua dirigindo
essa reunião de merda! Olho para
Matt, ele está mais entediado que
eu. Não nascemos para isso, acho
que agora estou percebendo como
eu sou infeliz como empresário.
Quando era mais jovem,
sonhava em ser um guitarrista, um
lutador ou até mesmo abrir um
estúdio de tatuagem com Matt. A
humilhação me fez virar esse
empresário.
Meu pai sempre disse que
eu seria um fracassado que só daria
desgosto a família Dalgliesh. Meus
irmãos sempre foram os exemplos
de filhos a ser seguido. Os filhos
obedientes, que sempre aceitaram
tudo que a madrasta vadia e o pai
idiota falavam.
Quando tinha dez anos, fui
mandado para um internato
juntamente com Matt. O motivo? Eu
disse que Hillary era uma vadia e
que meu pai seria traído pelo resto
da vida. Levei uma surra e fui
mandado para um internato na
Irlanda. Ao longo do tempo, eu e
Matt descobrimos como fugir
daquele lugar. Sempre saíamos para
beber ou lutávamos para arranjar
dinheiro para fugir. Quando
finalmente conseguimos,
compramos uma passagem e fomos
para Fort Easthampton *(cidade
fictícia, criada pela autora da
história), para a casa da mãe de
Matt, a Ingrid, na verdade, eu a
considero como uma mãe. Depois,
meu pai me procurou e me levou
para casa, ameaçou Ingrid de
sequestro, foi o jeito eu ir com ele.
A convivência foi se
tornando cada vez pior. Eu não
queria voltar para a escola e muito
menos trabalhar para o meu pai.
Queria morar com Ingrid e seu
marido, mas meu pai não deixava,
dizia que eles eram péssimas
influências e que o filho dele não
moraria com uma mexicana e um
escocês.
Comecei a me envolver com
pessoas perigosas sem que ele
soubesse. Já sabemos a
continuidade dessa história.
Se eu pudesse voltar no
tempo... Não, eu não voltaria. Se
fizesse isso, nunca teria conhecido
Jessica.
— O que acha? — William
pergunta.
— Faça o que achar melhor.
— respondo. Na verdade, eu nem
sei do que ele fala.
Passei o dia trancado no
escritório conversando com
investidores. Meu plano de voltar
com Jessica não deu certo, pelo
menos, não hoje.
Olho para Matt. Ele está
brincando com a sua caneta,
percebo que ele está como eu. Não
entende nada do que acontece.
Meu celular toca. Peço
licença e saio para atender. Vejo
que é Carlos.
— Aconteceu alguma coisa?
— pergunto preocupado.
— Damien apareceu e
queria levar Jessica para casa.
Enrique o seguiu, ele está em uma
casa no meio do nada e tem um
carro escuro na porta. Pode ser
Henry. Juan está indo até lá.
— Me fale o endereço.
Termino de anotar o
endereço e volto para sala de
reunião.
— A reunião está
encerrada. — informo.
— Mas ela mal começou.
— William diz em confusão.
— Amanhã continuaremos.
— Matt levanta. — Precisamos ir.
Saímos da sala sem dar
qualquer explicação.
— O que aconteceu? —
Matt pergunta, quando entramos no
elevador.
— Damien apareceu e
queria levar Jessica para casa.
Agora ele está em uma casa que
fica na estrada deserta, parece que
ele está com alguém.
— Henry?
— Espero que sim.
Entro no meu carro e dirijo
até o local indicado.
Quase uma hora depois,
chegamos ao local indicado.
Estaciono em um local bem
distante e desço com Matt, mas,
antes disso, pegamos as nossas
armas, que ficam debaixo do banco
do passageiro.
Ligo para Juan e aviso que
já cheguei. Ele me dá um sinal com
uma lanterna e eu vou até ele.
— Charlie chegou. —
Alejandro avisa. — Mas não
sabemos quem mais está aí.
— Só temos nós? —
pergunto. Vejo uns seis homens
aqui.
— Não, os outros estão
escondidos. — Juan responde.
— Estamos com um bom
armamento. — Alejandro levanta
uma arma pesada.
Sinto-me um idiota com a
minha pequena arma, mas é o que
tenho no momento.
— Podemos entrar? —
pergunto.
— Vamos. — Juan sorri, de
maneira diabólica.
Levantamos e andamos até a
casa. Não tem ninguém vigiando.
Olhamos pela janela.
Charlie e Damien estão
conversando enquanto bebem.
Demora um pouco e outros dois
homens aparecem.
Juan faz sinal para
invadirmos.
Alejandro dá um chute na
porta e ela cai no chão. O que
acontece é bem rápido. Uma
sequência de tiro é disparada, não
apenas por nós. Cada um vai para
um local para ser utilizado com um
escudo. Eu vou para trás de um
sofá.
Os sons cessam, mas depois
escutamos os tiros vindo de fora da
casa. Os sons voltam dentro de
casa. Olho para o lado e vejo um
homem encostado em uma parede.
Ele mira em alguém. Sou mais
rápido e consigo acertar um em sua
mão. A arma dele cai no chão.
Poderia sorrir com a
vitória, mas sinto um ardor na
perna. Olho para baixo e vejo que
ela está sangrando.
Merda! Fui atingido e nem
percebi!
Pressiono o ferimento para
não perder muito sangue. Os sons já
cessaram, dentro e fora da casa.
Escuto um gatilho sendo
puxado. Olho para cima e vejo
Damien com a arma mirando em
mim.
Tento ser mais rápido que
ele. Os sons de tiros ecoam pela
casa e sou atingido pela bala.

Jessica

Não consegui fechar os


olhos em nenhum momento. Fico
repassando o dia em minha cabeça.
Foi completamente estranho.
Sofia apareceu e do nada
saiu correndo como se tivesse visto
algo, Damien apareceu dizendo que
Christopher o mandou me levar
para casa e depois tem o novo
motorista, ele é da gangue de Juan.
O que Christopher faz com
um dos membros da Cartell de la
calle? Ele falou algo sobre me
proteger e perder a liberdade. Ele
não pode se juntar a uma gangue.
Ele não pode!
Ando de um lado para o
outro. Olho às horas. Já passou da
meia noite e nada de Brittany e
Vicent. Hoje é quarta-feira, o clube
não tem movimento e eles
geralmente chegam antes da meia
noite.
Estou com um
pressentimento muito ruim. Já tentei
ligar para Brittany e Vicent, eles
não atendem. Liguei quatro vezes e
nada. Já estou pensando em ir até
lá, estou muito preocupada.
Odeio ter pressentimentos.
A última vez que tive foi horrível,
foi quando Christopher me expulsou
da sua vida.
Pego o telefone e ligo mais
uma vez para Brittany. Ela atende
no quinto toque.
— Brittany, o que está
acontecendo? — escuto várias
vozes ao fundo, nenhuma música.
Isso é muito estranho.
— Aconteceu uma merda,
você precisa vir aqui! — percebo o
desespero em sua voz.
— O que aconteceu? —
saio correndo para ir ao quarto de
Drew.
— Juan, Alejandro,
Christopher e outras pessoas
ficaram feridas.
— O quê? — paro a minha
corrida.
— Eles foram baleados.
Você precisa vir correndo para cá,
têm muitos feridos.
— Christopher está bem?
— começo a chorar.
— Não sei. — escuto a sua
voz de choro. — Venha pra cá, a
minha mão... — ela se desespera.
— Tem sangue de Juan!
O telefone cai da minha mão
e começo a chorar
desesperadamente.
Não! Eu não posso perder
Juan e Christopher!
Capítulo 8
Jessica

Chego ao clube e me deparo


com vários carros estacionados na
porta. Um homem está parado, mas
me deixa passar rapidamente. O
lugar está um caos. Pessoas gritam
de um lado, outros estão fazendo
curativos nos ferimentos e Brittany
está em um canto chorando.
— Brittany. — ela olha em
minha direção. Vou até ela e a
abraço.
— Juan. — chora. — Ele
está ferido, levou um tiro na
barriga.
— Corre perigo?
— Ainda não sei. — tenta
se acalmar um pouco. —
Christopher levou um tiro na perna
e no ombro, está sendo cuidado lá
em cima, Alejandro levou um tiro
no ombro também.
— Estão bem?
— Não sei, eles chegaram e
foram direto para o quarto, não me
deixaram subir.
Lágrimas caem e escorrem
em meu rosto. Coloco Drew
deitado em um sofá. Eu e Brittany
ficamos sentadas de mãos dadas e
esperamos alguma notícia.
— Por que não o levam
para o hospital? — pergunto,
quebrando o silêncio.
— Acho que isso chamaria
muita atenção. Tem um médico
cuidando de Juan.
— E Christopher e
Alejandro?
— Parece que não foi algo
tão grave, alguns homens podem
cuidar disso. Vicent está ajudando
também. — volta a chorar. — Juan
é o que tem o estado mais crítico
pelo o que ouvi.
— Calma. — abraço e a
consolo. — Nada vai acontecer
com ele.
— A boate tinha fechado
mais cedo. — começa a falar. —
Eu fiquei esperando Vicent terminar
o turno como segurança, mas aí os
carros chegaram. — soluça. —
Abriram a porta do carro e Juan
desceu carregado por alguns
homens, eu fui ver o que tinha
acontecido. A sua ro-rou-pa es-ta-
ta... — começa a gaguejar e a
chorar mais ainda.
— Calma, não precisa falar
nada. — passo a mão em seu
cabelo.
— Ele estava desacordado
e ensanguentado.
— Calma. — começo a
falar calmamente para que ela não
fique desesperada.
Estou muito preocupada e
aflita, mas não posso demonstrar
isso, tenho que ser forte para dar
apoio a Britt.
Drew dorme calmamente,
ele nem se incomoda com o barulho
que esse lugar faz.
Em um canto um homem
grita de dor e toma uma garrafa de
uísque.
— Esses são os que têm
ferimentos mais leves. — Britt
informa. — Uma bala fácil de ser
retirada ou um tiro de raspão. A
situação não foi nada boa.
— Aquele homem ali. —
aponto para Carlos, estão jogando
alguma bebida em seu braço e ele
grita de dor. — Ele é o novo
motorista de Christopher.
— O que ele está fazendo
com Juan? Ele é um gangster ou
algo do tipo? — Brittany pergunta
sem entender.
— Não sei, eu descobri isso
hoje.
Um homem, que aparenta
ser um médico, aparece na sala.
— Como eles estão? —
levanto rapidamente.
— Estão bem. — responde.
— Já tiveram as balas removidas,
agora é só descanso e cuidar dos
ferimentos. — me entrega um papel.
— Aqui tem alguns remédios para o
caso de dor e para não infeccionar
o ferimento, e aqui estão alguns
cuidados que vocês precisam ter
com os alimentos e como cuidar do
ferimento.
— Juan? — Britt pergunta.
— O caso dele foi o mais
grave, mas era estável. A bala não
atingiu nenhum órgão e ele não
perdeu muito sangue, ele passa
bem.
Eu e Brittany suspiramos
aliviadas.
— Agora eu vou olhar os
outros feridos. — ele se retira e vai
olhar os outros homens.
Pego Drew em meu colo. Eu
e Brittany subimos as escadas para
ir aos quartos.
Primeiro eu vou ao quarto
onde Christopher está. Brittany vai
até Juan.
Paro na porta do quarto.
Matt está conversando algo com um
homem. Christopher está dormindo.
Ele tem uma faixa enrolada na
perna e um curativo no ombro. Eles
param a conversa quando me veem.
Entro no quarto e paro, fico
olhando para Christopher.
Uma vontade enorme de
chorar de alívio me consome.
Alívio por ele estar vivo. Eu sei
que desejei a morte dele, mas foi no
momento de raiva, eu jamais
desejaria isso de verdade.
Arrependo-me daquelas palavras.
Quando Brittany me contou sobre
Christopher, uma dor enorme surgiu
no meu peito. A dor de nunca mais
poder vê-lo.
— Ele está bem. — Matt me
informa. — Nós conseguimos
retirar as balas sem nenhum
problema. O médico passou aqui e
verificou tudo. No momento ele
está dormindo, demos uma coisinha
para ele ficar desacordado.
— O que aconteceu? —
pergunto.
— Desculpe, mas é
Christopher que precisa falar isso,
eu não posso. Agora, eu preciso ver
as outras pessoas.
Ele e o outro homem saem e
me deixa sozinha com Christopher.
Coloco Drew deitado na cama.
Olho para Christopher. Ele
está apenas de cueca boxer. Olho
para todas as suas tatuagens e
lembro-me dele contando do seu
passado. Será que ele poderia ser
envolvido com algo ilegal?
Dúvidas surgem em minha cabeça,
mas é difícil acreditar.
Por que um empresário
muito conhecido seria envolvido
com essas coisas? Mas, por que,
ele está envolvido com Juan?
São muitas dúvidas.
Christopher terá que me explicar
tudo. Dou uma última olhada nele,
pego Drew e saio do quarto.
Passo no quarto de Juan e
vejo Brittany parada em frente a
ele. Seu olhar é de pura tristeza.
Ela se vira para sair e toma um
susto quando me vê.
— Ele está dormindo. —
diz, quando sai do quarto. — Vou
ver Alejandro.
— Você está feliz por ele
estar vivo, não negue isso. Dê uma
chance para Juan, ele te ama, só não
sabe demonstrar.
— É difícil, ele nunca me
procurou quando eu sofria na mão
de Carmen. Ele apenas aparecia
uma vez ou outra. Depois que eu
finalmente consegui fugir, ele
resolveu que era meu pai.
— Talvez ele não
soubesse...
— Christopher. — me
interrompe. — Ele acreditou em um
vídeo, aquele vídeo parece ser
você. Ele não sabia que não era
você, então o perdoe. Se é para eu
perdoar Juan, você também deve
perdoar Christopher.
Fico em silêncio. Os dois
fizeram quase a mesma coisa.
— Vou ver Alejandro. —
sai e entra em um quarto.
Fico parada olhando para
Juan. Ele não teve culpa por nada,
ele sempre pensou que Sofia e
Carmen fossem boas mães, eu
realmente não sei o porquê dele
achar isso.
Juan tentou a aproximação
quando soube que éramos
maltratadas, mas Brittany nunca
quis que ele se aproximasse. Na
verdade, Juan nunca soube que
tentaram nos estuprar, Brittany
nunca quis falar disso com ele. Ela
não acredita que ele se preocuparia
com isso, mas eu acho que ele se
preocupa e está arrependido por
tudo.
Christopher... Britanny está
certa, ele e Juan fizeram quase a
mesma coisa. Os dois acreditaram
em uma mentira que era bem difícil
de desconfiar. Estou confusa. Eu sei
que era bem difícil não acreditar
naquele vídeo, mas, ao mesmo
tempo, eu acho que ele deveria ter
conversado comigo primeiro. A
minha vida é tão confusa.
— Vamos para um quarto.
— Brittany pega Drew dos meus
braços. — Vicent estava cuidando
de Alejandro junto com outro cara,
ele vai lá embaixo ver os outros
homens.
— Vicent cuidando de
ferimentos?
— Parece que aquele
acidente serviu para ele aprender a
cuidar de ferimentos. — dá de
ombros. — Vamos para um dos
quartos, o homem disse que é para
ficarmos por aqui.
Brittany me leva até um dos
quartos.
— O que será que está
acontecendo? — Britt pergunta. —
Isso está tão estranho.
— Nem sei mais o que
pensar.
Fico um tempo olhando para
o nada, até que reparo à roupa de
Brittany. Ela está com um top muito
curto e isso mostra sua barriga.
— Que roupa é essa? —
pergunto.
— Estou com ela desde o
momento que você chegou
— Estava preocupada com
eles, não reparei sua roupa.
— Foi à única que
encontrei. Minha roupa sujou com
sangue, fui até a sala onde ficam as
roupas das strippers e peguei esse
top para vestir.
Deito na cama com Drew ao
meu lado.
— Vi Alejandro sem
camisa. — Britt apaga a luz e deita
na cama.
— Gostou do que viu?
— Ele é lindo. — ouço o
humor e sua voz.
— Eu amo como você tenta
me distrair dos problemas.
— E eu amo você. — me
abraça e eu retribuo.
— Quando terá algo com
Alejandro? — questiono e Brittany
se afasta.
— Nunca. — faz uma pausa.
— Não temos nada a ver um com o
outro.
— Mas...
— Ele nem fala direito
comigo. Boa noite, Jess. Sonhe com
o seu amor de cueca boxer.
— Você viu?
— Não tinha como não ver,
mas eu prefiro Alejandro.
Sorrio para o modo como
Brittany cuida de mim e tenta me
distrair dos piores momentos, mas
não é o suficiente, ainda estou
preocupada com tudo o que está
acontecendo.
O lugar está uma zona.
Vários homens estão sentados à
mesa conversando. Eu e Vicent
estamos preparando o café para
esse batalhão de gente. Mais cedo
ele foi com alguns homens até o
nosso novo apartamento, eles
trouxeram algumas roupas para
usarmos.
— Acho que serei
enfermeiro. — Vicent diz, enquanto
faz o suco.
— Gostou tanto assim? —
pergunto.
— Na verdade não, mas eu
não desmaiei, é melhor que ser
segurança no clube. — ele olha
para Brittany. — Essa louca ainda
acha que conversa com Drew?
— Sim. Ela acredita que
eles conseguem se comunicar.
— Juan é bem bonito, não
imaginei que fosse um latino sexy.
— dou risada. — Que foi? Vai
dizer que aquele cara não é lindo?
— Ele me considera como
uma filha, não reparo nisso.
— O que você acharia se eu
fosse sua madrasta?
Olho para cara dele e
percebo que ele fala sério, mas,
mesmo assim, eu dou risada.
— Juan não é gay. O mais
próximo que ele chega de um
homem são os membros do Cartell.
Desista disso, cara.
— Não custa sonhar. Matt e
Alejandro também são lindos.
Brittany olha para Vicent
com o olhar assassino.
— Oh, desculpe. — Vicent
diz. — Não queria falar do seu
homem.
— Idiota. — Brittany volta
a conversar com Drew.
— Estou feliz por estarmos
com bom humor. — Vicent volta à
atenção para o suco. — A vida fica
melhor assim.
— Por enquanto. — falo
baixo. — Essa história está muito
estranha. Assim que Christopher
acordar, eu vou conversar com ele.
— Eu acho que ele está
envolvido com Juan e acho que
tudo isso tem a ver com você.
Christopher nunca se juntaria com
uma gangue, principalmente com a
do pai de Brittany sem uma
explicação.
— O que você está
fazendo? — olho para trás e vejo
Matt falando com Brittany.
— Estou conversando com
o meu sobrinho. — Brittany
responde, como se fosse óbvio o
que ela está fazendo.
— E o que ele diz? — Matt
pergunta com humor.
— Por que esse idiota está
atrapalhando a minha conversa com
a melhor tia do mundo? — Brittany
imita a voz de uma criança.
— Não ligue para essa
criatura. — Vicent diz. — Ela e
Drew têm a mesma idade mental.
— Vou continuar a conversa
com o meu sobrinho, ele é muito
melhor que todos vocês. — Brittany
continua a ''conversa'' com Drew.
— Jessica. — Matt me
chama. — Preciso falar com você.
Saio da cozinha e vou atrás
de Matt.
— Ontem eu não falei muita
coisa. — começa. — Mas eu queria
falar sobre Christopher. Eu sei que
ele te magoou muito, mas ele está
tentando mudar. — vou para falar,
mas ele me interrompe. — Ele
errou muito, mas aquele vídeo não
dava para desconfiar. Ele sofreu
todo esse tempo que vocês estão
separados, ele fumava e bebia o dia
todo. Antes, ele ainda saia para te
ver, depois ele só ficava trancado
no quarto, estava quase em
depressão. Eu entendo a sua
tristeza, mas dê uma chance para
ele. Ele está fazendo de tudo por
você e por Drew.
Ele não me deixa falar,
apenas volta para a cozinha.
Termino de fazer o café.
Brittany entregou Drew para Matt e
veio nos ajudar. Fico pensando em
tudo o que Matt disse. Eu quero
perdoar Christopher, mas, ao
mesmo tempo, eu acho que ainda
está muito cedo para a
reaproximação. Christopher está
fazendo de tudo por mim, acho que
isso tem a ver com o que aconteceu
ontem.
— Estou me sentindo uma
empregada. — Brittany fala com
raiva. — Por que esses caras não
vêm até aqui e preparam a droga do
café?
— Porque eles são fortes e
perigosos. — Vicent responde. —
E nós somos fracos.
Terminamos e servimos a
todos os homens. Eles nos olham
como se tivesse respeito, antes eles
estavam xingando, agora eles se
calam.
— Aqui, leve para o seu
homem e para o seu pai. — Vicent
entrega uma bandeja para Brittany.
— E aqui é para o seu homem.
— Ele não é meu homem.
— seguro a bandeja.
— Eu não vou entregar a
Juan. — Britttany recusa.
— Ontem você estava
chorando por ele, agora está nesse
rancor? — Vicent pergunta,
colocando as mãos na cintura e
olhando para Britt com repreensão.
— Não vou entregar e ponto
final. — Brittany deixa a bandeja
em cima da mesa.
— Eu levo. — um dos
homens pega a bandeja.
Pego a minha bandeja e
subo até os quartos. Matt e
Christopher estão rindo. Drew está
olhando as tatuagens de Christopher
com muita atenção.
— Acho que ele vai querer
algumas quando crescer. —
Christopher fala com Matt. — Olá.
Christopher me encara e
sorri para mim.
— Olá. — por que estou
tímida?
— O café está pronto? —
Matt pergunta.
— Ela não é a sua
empregada. — Christopher diz com
raiva.
— Ela é a mãe do meu
sobrinho, eu sei disso. — Matt
levanta e sai do quarto.
— Sente alguma dor? —
pergunto, enquanto coloco a
bandeja em cima da mesinha.
— Um pouco. Sinto mais
dor quando me movo.
— Então, não se mova. —
ficamos em silêncio. Drew continua
olhando as tatuagens.
— Pode perguntar. — diz.
— O que aconteceu ontem?
— Fomos atacados. —
responde. — Na verdade, nós
atacaríamos, mas fomos vítimas de
uma emboscada.
— Eu não entendo, por que
você está envolvido nisso?
— Não sou apenas um
empresário. — Drew deita na
cama. Christopher o abraça com o
seu braço que está ''bom''. —
Lembra o que te contei sobre a
minha adolescência? — confirmo.
— Me envolvi com pessoas
erradas, por isso eu estou por
dentro de tudo. O que aconteceu
ontem foi uma tentativa de pegar
Charlie, para você ele é o Brandon.
Brandon, eu o odeio mais
que tudo!
— Charlie é o filho de
Henry.
— Quê? — assusto-me com
essa revelação.
— Isso mesmo que você
ouviu. Tudo isso foi uma armação
de Henry. Um dos homens de Juan
seguiu Damien e o viu entrando em
uma casa, também viu Charlie, mas
eles não estavam sozinhos. Matt
contou que vários homens saíram
de dentro da mata atirando, dentro
da casa tinha mais homens. Não sei
como, mas eles sabiam que iriamos
para lá.
— Eu nunca imaginei uma
coisa dessas. Damien é um traidor?
— lembro que ele me ofereceu
carona. Não era apenas uma
carona!
— Era. — responde. — Ele
morreu. Matt o matou. — fico
espantada com isso. — Damien
estava com a arma pronta para
atirar em mim, se não fosse por
Matt, eu não estaria aqui. Matt
chegou por trás e atirou em Damien,
na hora do susto, Damien acabou
acertando o meu ombro. Matt já
tinha terminado antes de Damien
atirar novamente.
Fico um tempo processando
tudo isso. Christopher é um
bandido? Ele arriscou tudo por
mim?
— O lugar já foi limpo. —
continua. — Poucos morreram no
confronto, mas os homens de Juan
conseguiram limpar as provas.
— Poucos?
— Apesar de ter sido uma
emboscada, nenhum homem do
Cartel morreu, somente Damien e
outros dois.
Acaricio o rosto de Drew,
que acabou adormecendo.
Não nego que lá no fundo
estou feliz por Christopher estar me
protegendo, mas não nego que estou
com medo. Medo do que estar por
vir.
— Ele é lindo. —
Christopher diz, olhando para
Drew. É linda a forma como ele o
olha.
— Sim, ele é lindo.
— Jessica. — tenta tocar a
minha mão, vejo a dor em seu rosto.
— Não faça esforço. —
digo. — Você não pode mexer esse
braço. — aponto para o seu lado
direito. — Somente o esquerdo.
Com muito cuidado, ele tira
o braço que estava em Drew.
— Jessica. — segura a
minha mão. — Estou fazendo de
tudo por nós dois, isso não é uma
espécie de chantagem emocional ou
algo do tipo, é apenas uma
demonstração do que sinto por
você. Eu te amo. Estou disposto a
tudo para proteger você e o nosso
filho. Por favor, me dê mais uma
chance. Uma chance para mostrar
que mudei. Aquele homem
arrogante que você conheceu não
existe mais. O homem que se
preocupava mais com status e
dinheiro não está mais aqui. Aqui
só tem o homem que quer ter uma
família e amar o seu filho e a sua
mulher.
Lágrimas se acumulam em
meus olhos. Sinto que ele foi
sincero em suas palavras,
entretanto, eu ainda estou confusa
sobre tudo o que sinto.
— Cara. — olho para a
porta e vejo Matt. — Precisamos
sair daqui!
— O que aconteceu? —
Christopher pergunta.
— A polícia está aí fora.
Capítulo 9
Jessica

— Eles estão aí fora. —


Matt entra no quarto e tranca a
porta. — Não sairemos daqui.
Parece que ele e
Christopher estão tendo uma
conversa pelo olhar.
— Não podemos sair daqui.
— Christopher repete. — Tem
alguém lá embaixo?
— Alejandro está cuidando
de tudo. — Matt responde.
Um longo silêncio é feito. A
polícia aqui não é bom sinal, isso
significa que eles sabem quem
foram os culpados pelo o que
aconteceu ontem.
— Eles sabem que foram
vocês. — quebro o silêncio. —
Eles vieram aqui para prender os
culpados.
— Acalme-se. —
Christopher fala com o tom calmo,
muito calmo. — Nada de ruim
acontecerá.
Alguns minutos passam e
um dos homens de Juan aparece na
porta e pede para conversar com
Christopher e Matt em particular.
— Deixe-o comigo. —
Christopher pede. — Drew está
dormindo.
— Ok. — saio do quarto
sem dizer mais nada.
O lugar está fazendo muito
barulho. Pessoas gritam como se
estivessem discutindo. Passo pelo
quarto de Juan e vejo a porta
fechada, mas as vozes estão muito
altas.
— O que será que está
acontecendo? — Brittany pergunta
atrás de mim. Vicent está olhando
para os lados, como se, a qualquer
momento, ele fosse ser atacado. —
Um cara chegou e nos mandou para
o quarto, disse que não poderíamos
sair até que ele mandasse.
— Venham comigo. —
peço.
Passamos por algumas
pessoas e entramos no quarto onde
dormimos.
— Onde está
Drew?
— Está com Christopher. —
respondo.
Brittany e Vicent olham um
para o outro.
— Vai perdoá-lo? —
Brittany pergunta.
— Ele se declarou para
mim. — sento na cama. — Disse
que está fazendo de tudo por mim e
me ama.
— Uau! — Vicent diz e
parece que está impressionado. —
Talvez ele tenha se arrependido.
— Ele está envolvido com
Juan. — abaixo a minha voz. —
Parece que eles se juntaram para
pegar Charlie e Henry.
— Quem é Charlie? —
Brittany pergunta.
— Brandon. — respondo.
— Ele é o filho de Charlie.
— Mas Brandon é negro. —
Brittany está confusa.
— Talvez a mãe seja negra.
— dou de ombros. — Lembra que
sempre pesquisamos sobre a vida
de Henry? Sabemos que ele é
casado e tem filhos, mas nunca o
vimos em nenhum lugar.
— Então está tudo se
encaixando. — Britt pensa um
pouco. — Eles armaram para que
Christopher se separasse de você,
assim você estaria mais vulnerável
para nos pegarem.
— Preciso falar algo. —
Vicent interrompe. — Eu estava lá
embaixo quando a polícia chegou,
eu vi quando os homens desceram
do carro. Foi rápido, o cara
mandou que eu subisse para o
quarto, mas eu reconheci o policial.
Foi aquele homem que fingiu que
estava passando mal.
— Da emboscada do
assalto? — pergunto.
— Sim. Ele fingiu que
estava passando mal e, logo após,
dois mascarados apareceram e
levaram todo o meu dinheiro.
— É isso. — Brittany
levanta da cama. — Brandon sabia
que você receberia o pagamento,
ele avisou e você foi roubado.
— Estamos ferrados. —
coloco as mãos na cabeça. — Eles
estão se aproximando cada vez
mais.
— Christopher é perigoso?
— Vicent pergunta.
— Parece que ele se
envolveu com pessoas erradas na
adolescência, não entendi muito
bem.
— Só falta descobrirmos
uma coisa. — Brittany volta a falar.
— Quem é a garota do vídeo? Ela é
a sua cara.
— Você tem irmã gêmea?
— Vicent pergunta.
Penso um pouco. — Não,
quer dizer, eu acho que não.
— Sou cinco anos mais
velha que Jess. Não lembro quando
Sofia estava grávida, mas nunca
soube de outro bebê.
— Isso ainda está estranho.
— Vicent coça queixo e sei que
está pensando em algo. — Falta
resolvermos esse mistério.
A porta abre e Alejandro
entra.
— Arrumem-se! — ordena.
— Sairemos daqui.
— Para onde vamos? —
Brittany pergunta.
— Para outro lugar. —
responde. — Um lugar mais seguro
para todos nós.
Alejandro sai do quarto.
Ficamos olhando um para o
outro.
— Agora viramos
refugiados. — Brittany diz sem
humor. — Desculpa por termos te
envolvido nisso.
— Vocês são a única
família que tenho, nunca tive
ninguém como vocês. — Vicent nos
abraça. — Eu nunca abandonarei
vocês.
Arrumamos a pouca roupa
que temos. Vou até o quarto de
Christopher e o encontro sendo
carregado por Matt. Eles discutem
sobre algo.
— A princesa poderia parar
de reclamar? — Matt pergunta e
percebo que está furioso. — Minha
masculinidade está sendo arruinada
por ter que carregar um homem no
colo.
— Você realmente acha que
eu queria ser carregado? —
Christopher pergunta irritado. —
Mas a droga da perna não pode
mexer que dói. Solte-me e eu
apenas apoiarei meu peso em você.
— Vocês realmente estão
discutindo sobre masculinidade? —
pergunto.
Eles me olham um pouco
assustados.
— Isso não pega bem para
nós dois. — Matt sorri. — Já salvei
a vida dele, ficar carregando já é
demais.
— Até porque eu não
preciso disso. — Christopher
rosna. — Me dê apenas o apoio.
Vou até a cama e pego Drew
no colo.
— Para onde estamos indo?
— pergunto.
— Para uma casa. —
Christopher responde. —
Ficaremos seguros lá.
— Desculpe-me. — peço.
— Eu não queria atrapalhar a vida
de vocês.
— Você não atrapalha em
nada. Quem tem que pedir desculpa
sou eu. Fiz muita merda no passado,
te humilhei e te abandonei, tudo o
que eu estou sofrendo é pouco.
— Ele está certo. — Matt
concorda. — Mas o cara já está
ferrado, talvez seja a hora de
perdoar. Olhe para Drew, o garoto
ama o pai, vocês formam uma linda
família.
— Obrigado, cara. —
Christopher agradece e percebo a
sinceridade em seu olhar.
— De nada. Quero ser o
padrinho do casamento e do garoto.
Olho para Matt com a
sobrancelha arqueada e ele apenas
pisca um olho para mim.
Uma parte de mim quer
voltar com Christopher, eu já vi que
ele está fazendo de tudo por mim,
até arriscar a própria vida. Fui
humilhada? Fui, mas, sei lá... Algo
em mim quer que eu o perdoe.
Vários carros estão parados
na porta. Todos são idênticos, mas
eles nãos são de modelos comuns,
eles parecem vans.
— Entre aqui. — Matt me
coloca dentro de um carro e coloca
Drew em uma cadeirinha. Brittany,
Vicent, Christopher, Matt e Carlos
estão aqui também.
Passamos alguns minutos na
estrada. Por um momento pensei
que estivéssemos perdidos, mas,
depois, outra ideia veio: estamos
despistando alguém.
Começo a olhar para trás,
mas não vejo nada ameaçador.

Chegamos a uma floresta.


Matt dirige por uma trilha e logo
chegamos a uma grande casa.
— De quem é essa casa? —
Brittany pergunta.
— Do seu pai. — Matt
responde. — Estaremos seguros
aqui.
Descemos do carro e
entramos na casa. Por fora ela é
simples e diria que é horrível, mas
por dentro é bonita e aconchegante.
— Podem ir aos seus
quartos e fiquem despreocupados.
— Christopher informa. —
Ninguém chegará até aqui.
Subimos as escadas e
pegamos um quarto com três camas.
Escutamos barulhos de carro,
olhamos pela janela e vemos que é
o resto dos homens.
— Passaremos quanto
tempo com essa gente? — Brittany
pergunta e percebo irritação em sua
voz.
— Está reclamando? —
Vicent pergunta, cruzando os braços
e encarando Britt com reprovação.
— Vocês ficarão perto dos seus
homens e eu ficarei perto desses
homens musculosos e tatuados.
— Eles são bandidos. —
encaro Vicent.
— Isso só torna a coisa
mais emocionante. — sorri. — Matt
também é bem bonito, amei as
tatuagens e o piercing no lábio.
— Desistiu de Juan? —
pergunto.
— Ele quer Juan? —
Brittany pergunta com nojo.
— Quero todos. —
responde. — Um é mais bonito que
o outro.
— Desista. — Brittany bate
em seu ombro. — O máximo que
você conseguirá, serão os dentes
quebrados.
— Não custa nada sonhar.
Um homem aparece na porta
e avisa que Juan quer conversar
comigo e com Brittany.
Brittany ficou um pouco
indecisa, mas, depois da minha
insistência, ela resolve ir.
— Como estão as minhas
duas meninas? — Juan sorri quando
nos vê.
— Bem. — respondo e o
abraço com cuidado. Ele retribui e
me dá um beijo na testa. — E o
senhor?
— Senhor? Não sou tão
velho assim, apesar de já ter um
neto.
Vou até Brittany e pego
Drew.
— Ele já está grande. —
diz, segurando Drew que, no
momento, observa todos os
desenhos no corpo de Juan. — Ele
vai gostar de tatuagem. Não é? —
começa a brincar com Drew que
está sorrindo para ele. — Brittany.
— Oi. — responde.
— Como você está? —
pergunta.
— Bem.
Percebo que Juan está triste
com a frieza de Brittany. É um
pouco irritante ver isso, ontem ela
estava desesperada porque ia
perder o pai, agora ela nem chega
perto. O mesmo eu faço com
Christopher. Somos tão confusas.
— Preciso ter uma conversa
séria com vocês. — avisa. — Não
sei como começar.
— Que tal do começo? —
Brittany, finalmente, diz algo.
— Eu não sabia que a mãe
de vocês fazia aquilo. — começa.
— Quando eu as conheci, eram
boas pessoas, prostitutas, mas eram
boas. Eu não vi problema em deixar
vocês com elas.
— Claro que não tinha
problema em deixar duas crianças
com prostitutas. — Brittany retruca
com ironia.
— Eu visitava vocês, mas
nunca reparei nada.
— Não podíamos falar com
José e elas por perto. — Brittany
continua com raiva. — Eu
implorava para que nós fossemos
com você, você nunca nos levou.
— Vocês sabem o que faço
da vida. Seria perigoso duas
crianças comigo. — faz uma longa
pausa. — Eu soube sobre o que
José fazia.
— Como assim? —
pergunto.
— Ele estava bebendo,
conversou com um dos caras e
contou sobre as duas garotas que
ele tentou estuprar. — Britt aperta a
minha mão, é difícil para ela
escutar isso. — Ele nunca mais
incomodará vocês.
Ele matou José? Serei uma
pessoa ruim se eu disser que estou
aliviada por isso?
— Ele me confessou uma
coisa antes de morrer. — ele olha
para nós duas. — Vocês são irmãs.
— Quê? — eu e Brittany
perguntamos ao mesmo tempo.
— Jessica, eu sou seu pai.
Eu não sabia disso, Sofia
engravidou e não me contou que
você é a minha filha.
Eu e Brittany nos olhamos
por um tempo e depois nos
abraçamos. Começamos a chorar.
— Eu sempre me senti
como a sua irmã. — diz, entre
lágrimas. — Agora somos
oficialmente.
— Eu também sempre me
senti assim, Britt. Na verdade, eu
sempre quis que fossemos irmãs na
vida real, não apenas em meu
sonho.
— Eu te amo, sabia?
— Eu também, irmã. —
sorrimos entre lágrimas.
Continuamos nos abraçando
e chorando de felicidade, até que,
finalmente, nos separamos.
— Até que enfim fez algo
que preste. — Brittany fala com
Juan.
— Mereço um abraço? —
Juan ignora a provocação de
Brittany.
Vou até Juan e o abraço.
— Você sempre foi uma
filha para mim. — diz em meu
ouvido
Estou feliz por Juan ser meu
pai. Eu sempre gostei muito dele e
nunca o culpei por ele ter nos
deixado com Sofia e Carmen. Por
algum motivo ele pensava que elas
eram boas pessoas. Mas, confesso,
não sei se um dia eu chamarei de
pai... Ele sempre me tratou como
filha, mas acho que o passado
insiste em voltar a minha mente.
— Brittany. — Juan chama.
— Me perdoe por tudo, eu nunca
quis fazer aquilo com vocês.
— Mas fez, e eu fui a que
mais sofri nessa história. — ela
pega Drew e sai do quarto.
— Ela não é essa pessoa
feliz que aparenta ser. — falo com
tristeza. — Ela sempre conversou
comigo, mas sinto que ela precisa
de mais... — paro de falar.
— Conte-me um pouco
sobre isso.
— Desculpe, mas Britt não
gostaria que eu fizesse isso.
— E você e Christopher?
— muda de assunto.
— O que é que tem?
— Vocês estão juntos?
— Não. Ele me humilhou
e...
— Eu vi o vídeo. — me
interrompe. — Aquela garota
parece com você. Ele fez errado,
deveria ter conversado com você
antes, mas aquele vídeo falou mais
alto. Não quero justificar o erro
dele, mas Christopher está fazendo
de tudo por você. Ele levou dois
tiros e está aqui para proteger você
e o filho. Pense bem antes de
qualquer decisão.
— Ele disse que me ama.
— sorrio com a lembrança. — Mas
eu não sei, tudo o que ele falou
ainda está rondando a minha
cabeça.
— Você não é como elas e
ele sabe disso. Aquilo foi apenas
no momento da raiva. Converse
com ele, você já sabe qual a sua
resposta. — aperta a minha mão. —
Eu sempre te amei como uma filha,
eu nunca defenderia um cara que eu
acho que é errado para você.
— Sim. — sorrio. — Eu já
sei qual a minha resposta.
Christopher

Fico olhando para a parede


até que Brittany entra no quarto.
Drew estica os braços assim que
me vê.
— Outro com péssimo
gosto, igual à mãe. — Brittany me
entrega Drew.
— Você não pode falar isso
com meu filho. — coloco a palma
da minha mão na frente de Drew e
ele bate. — Parabéns, agora na
outra. — boto a outra mão e ele
bate, ficamos nisso por um tempo
até lembrar que Brittany está aqui.
— Você não veio a troco de nada.
— Vocês dois são
bonitinhos juntos. — sorri. —
Sabe, eu nunca gostei muito de
você, sempre achei que Jessica
merecia algo melhor, mas, depois
de algum tempo, mudei de opinião.
— Mudou? — pergunto sem
acreditar muito nisso.
— Jessica sempre voltava
sorrindo para casa, você a ajudava
quando ela tinha crise. Cara, você a
ajudou muito. Eu já estava quase
torcendo por vocês dois, mas você
fez aquela merda. Eu senti vontade
de te matar por ter magoado a
minha amiga. Jessica não merecia
aquilo, ela sempre foi uma boa
garota, muito ingênua e doce. Ficou
traumatizada durante anos, não
deixava nenhum homem chegar
perto. — o olhar dela parece
distante. — Aí apareceu você e do
nada parecia que você tinha a
usado.
— Eu sinto muito. Eu não
queria ter feito aquilo, eu me odeio
por isso.
— Eu acredito em você. —
vejo que uma lágrima cai, ela
enxuga rapidamente. — Jessica me
contou que foi você quem a ajudou
na gravidez, indiretamente, mas
ajudou. Não sei, mas achei bonito o
que você fez. Tudo bem que era a
sua obrigação e que só estávamos
naquela situação por sua culpa, mas
achei bonito a sua ação e isso me
fez mudar o meu conceito sobre
você.
Senta na ponta da cama.
— Você viu um vídeo onde
Jessica supostamente transava com
outro, você deveria ter perguntado
e eu entendo porque não fez. Eu
acho que também não perguntaria.
Você viu Jessica com o suposto
amante e, mesmo assim, ainda a
ajudou, mesmo com o risco do bebê
não ser seu. Você não teve coragem
de conhecer o bebê e eu te
compreendo. — olha para mim. —
Não estou te isentando da culpa,
mas eu entendo o seu lado.
Brittany começa a mexer
nas mãos, que estão em seu colo.
Percebo que ela está sendo sincera,
mas, ao mesmo tempo, ela está
distante em seus pensamentos. Acho
que está recordando do passado...
Sempre me culparei por ter
abandonado Jessica e meu filho
— Você está fazendo de
tudo por ela. — volta a falar. —
Você está sofrendo, vejo isso. Você
tem olheiras, está abatido e mais
magro. Esses machucados em eu
rosto, eu sei que foi Juan quem fez.
Só te peço uma coisa: não faça
nada que acabe com a sua vida,
isso acabaria com a de Jessica e a
de Drew, o garoto já te ama.
Quando falo sobre isso, estou
falando sobre envolver com o
cartel e sobre magoar a minha irmã
e meu sobrinho.
Ela levanta da cama para ir
embora.
— Brittany. — chamo. —
Obrigado. Tenha certeza, eu jamais
vou fazer Jessica e Drew sofrerem
novamente.
— Não machuque minha
irmã, ela já sofreu muito e merece
ser feliz daqui para frente. — sai
do quarto sem dizer mais nada.
Lembro quando Jessica
disse que Brittany foi a que mais
sofreu no passado. Eu vi o seu
olhar de tristeza. Isso só me sentir
pior.
— Você está bem. — Matt
entra no quarto. — Pensei que ela
fosse te matar. — olha-me
atentamente. — Que cara é essa?
— Estou me sentindo um
merda.
— Você é um merda! —
olho para ele com raiva. — Qual o
problema?
— Brittany, ela sofreu
muito, eu vi em seu olhar. Jessica
me contou que ela foi a que mais
sofreu no passado.
— Está pensando naquilo?
— pergunta.
— Eu fui a pior pessoa do
mundo. — tento controlar as
lágrimas que querem descer. — Eu
coloquei o dinheiro na frente.
— Você não teve culpa.
— Sim, eu tive. Eu sabia e
não fiz nada.
— Então, eu também sou o
culpado. — Matt abaixa a cabeça.
— Não tem um dia que eu não
lembre aquilo.
— Por que nunca me
contou? — pergunto.
— Você estava sempre tão
ocupado, pensei que não se
importasse com isso.
— Confesso que não me
importava, mas, agora, eu me
importo. Eu vejo a tristeza em
Jessica e Brittany, não gosto disso e
penso no que aquela garota sofreu.
— abraço Drew. — O dinheiro me
tornou um monstro.
— Tem um jeito para
sermos mais os monstros dessa
história. Você sabe qual é.
— Sim, eu sei. Assim que
toda essa confusão acabar, eu vou
fazer o que eu deveria ter feito há
muito tempo.
Capítulo 10
Jessica
Vou até o quarto onde
Christopher está para pegar Drew.
— Drew precisa de um
banho. — falo como uma
explicação para estar aqui.
— Eu queria dar banho
nele. — diz, dando um beijo na
testa de Drew.
— Acho que não pode, o
seu ombro está machucado. — faço
uma pausa. — Tenho que limpar os
ferimentos e fazer outro curativo.
— Obrigado. — sorri. —
Pensou no que te disse?
— Pensei. — respondo. —
Podemos, sei lá... Começar aos
poucos? — ele arqueia a
sobrancelha. — Começarmos como
amigos e ver aonde isso vai dar. —
dou de ombros.
— Você não está pronta
para me perdoar?
— Sim e não. — respondo
com sinceridade. — Eu quero te
perdoar, mas, ao mesmo tempo, eu
acho que não te conheço tão bem
assim.
— Entendi. Você quer me
conhecer primeiro? — confirmo. —
Eu não fui muito sincero no início,
não sou um cara arrogante como
aparentou ser.
— Eu vi esse Christopher.
— Mas não teve a
oportunidade de conhecer mais. Eu
te mostrarei quem sou de verdade.
— me entrega Drew.
Saio do quarto e vou dar o
banho em Drew.
Eu aceitaria voltar com
Christopher se ele pedisse, mas eu
simplesmente não consigo. É como
se algo prendesse a minha voz e ela
não conseguisse sair.
Terminei a conversa com
Juan determinada a perdoar
Christopher, mas, na hora, eu
acabei falando que queria o
conhecer melhor. Talvez seja
melhor assim, não conheço
Christopher muito bem. Não sei se
ele é um empresário, um bandido,
um cara arrogante ou um cara legal.
— Você viu Brittany? —
olho para trás e vejo Vicent.
— Não, por quê?
— Ela sumiu, não a
encontro em nenhum lugar.
— Dê banho em Drew, por
favor. Eu vou atrás de Brittany.
Entrego meu filho a Vicent e
saio da casa à procura de Brittany.
Alguns homens estão
conversando e outros estão
segurando algumas armas. Pergunto
se viram Brittany, mas nenhum a
viu.
Olho para todas as direções
e nada dela.
Onde essa garota está?
— Brittany! — grito. —
Brittany! Brittany! Brittany!
Começo a ficar mais
preocupada ainda.
Decido entrar na mata, mas
assim que dou primeiro passo,
encontro Brittany caída ao lado de
uma árvore.
— Brittany? — bato em seu
rosto, mas ela não acorda. Parece
que ela vomitou e logo após
desmaiou. Grito por ajuda e, logo
após, alguns homens aparecem. —
Ela está desmaiada.
Os homens carregam
Brittany e a leva até o sofá dentro
da casa.
— Aqui. — o homem abre
uma garrafa de uísque e me entrega.
— O que aconteceu? —
Alejandro pergunta.
— Não sei. — coloco a
garrafa no nariz de Brittany. — Ela
estava desmaiada no meio da mata.
Brittany começa a se mexer
e logo após acorda.
— O que aconteceu? —
pergunta ainda atordoada.
— Você estava desmaiada.
— respondo. — Por que você
estava lá fora?
— Precisa respirar o ar
puro. — responde. — Vou para o
quarto. — ela se levanta, mas fica
tonta. Alejandro a segura.
— Eu te levo. — falo.
Alejandro fica um pouco relutante
em soltar Brittany, porem, depois
de alguns segundos, ele a solta.
Chegamos ao quarto e
Brittany deita na cama.
— Por que você desmaiou?
— pergunto.
— Não sou médica, não
posso dar a resposta.
— Brittany, não procure
brincadeira comigo. Qual foi a
última vez que você comeu?
— Anteontem. — responde.
— Por que não comeu?
— Não tinha fome. Hoje eu
fiz uma vitamina, mas eu acabei
vomitando e depois eu desmaiei.
— Você não pode ficar sem
comer.
— Não tenho fome.
— O que está acontecendo?
Você esconde algo?
— Não escondo nada! —
deita de lado e vira as costas para
mim.
— Brittany, você está
estranha, o que aconteceu? Foi
Juan?
— Não, não foi. Deixe-me
sozinha um pouco.
Brittany não me deixa falar
mais nenhuma palavra. Decido sair
do quarto. Tem algo a perturbando,
acho que deve ser algo do passado.
O que mais me dói é que eu sei que
ela me esconde algo, ela não confia
em mim a ponto de contar tudo.
Acho que entendo o seu medo, é
difícil contar esse tipo de coisa.
— Ouvi falar que Brittany
estava desmaiada. — Vicent me
entrega Drew. — O que aconteceu?
— Você percebeu algum
comportamento estranho?
— Não... Na verdade sim,
ela estava mais distante que o
normal e não estava mais feliz
como antes.
— Não estava feliz? —
pergunto com incerteza.
— Você estava muito
ocupada com a alergia de Drew e
depois Christopher apareceu
querendo voltar, acho que você não
percebeu nada em relação à
Brittany. — dá de ombros. — Ela
não estava mais falando idiotices
ou rindo como antes, na verdade,
ela só sorri quando está com Drew
ou quando eu a provoco.
Eu sou uma péssima amiga e
uma péssima irmã! Brittany estava
sofrendo e eu nunca percebi nada.
Ela sempre cuidou de mim, mas
quando ela mais precisou, eu nem
percebi. Se ela não tivesse sumido,
eu nunca desconfiaria de nada.
— Não fique assim. —
Vicent me abraça. — Você sempre
disse que Brittany nunca
demonstrou tristeza e você tinha
que cuidar de Drew, não se culpe
por isso.
— O que será que está
acontecendo?
— Não sei, eu perguntei
uma vez, mas ela não respondeu.
— Faz tanto tempo assim?
— pergunto me sentindo ainda pior.
— Algumas poucas
semanas.
Penso um pouco e decido
fazer o curativo de Christopher, não
adianta nada ficar pensando no que
Brittany está passando, não vou
obter respostas. Conversarei com
ela depois.
Vicent me entrega os
curativos que ele encontrou na casa.
— Parece que aqui é o
esconderijo de Juan. — Vicent
sussurra. — Tem muita comida,
remédios e eu vi um buraco que
parece ser um esconderijo caso a
casa seja invadida.
— Eu não sabia que ele
tinha negócios aqui. — falo. — Ele
é o meu pai.
— Quem?
— Juan, ele é o meu pai.
— Oh meu Deus! Ele ficou
com a sua mãe e a de Brittany? —
confirmo. — Eu não tenho chances.
— Pare de ser idiota. —
dou um tapa em sua cabeça. —
Como consegue manter o bom
humor em uma situação dessas?
— Alguém tem que animar
o lugar.
— Aqui está. — Carlos
coloca várias sacolas em cima da
mesa. — Aqui tem carne e alguns
alimentos que estava faltando.
— Podemos sair? —
pergunto.
— Vocês não, mas o resto
pode sair sem problemas.
— Vamos ficar aqui por
quanto tempo? — Vicent pergunta.
— Até os nossos problemas
serem resolvidos. — responde. —
Podem fazer o almoço, estamos
esperando.
— Odeio ser o empregado.
— Vicent diz com desgosto. — Vá
logo cuidar do seu homem, depois
desça para me ajudar.
— Ele não é meu homem.
— Porque você é idiota!
Ele está arrependido e está todo
acabado por sua causa, eu já teria
voltado há muito tempo.
— Eu disse que poderíamos
nos conhecer melhor.
— Conhecer melhor? Vocês
já transaram, ele te conhece muito
bem.
— Você entendeu o que eu
quis dizer. Na verdade eu ia aceitar,
mas na hora eu simplesmente travei
e não consegui. Agora eu tenho que
subir.
Pego Drew em um braço, os
curativos na outra mão e subo para
o quarto de Christopher.
— Eu resolverei tudo. —
Matt diz, como se estivesse
contando um segredo. — Tentarei
encontrar, mas o outro eu tenho
certeza que não será tão difícil.
— Jessica. — Christopher
diz quando me vê parada na porta.
— Vim fazer o curativo.
— Já estou de saída. —
Matt diz. — Precisam de alguma
coisa?
— Não. — eu e Christopher
respondemos.
Matt sai e eu entrego Drew
a Christopher.
— Ele é uma criança que
gosta de brincar. — murmura
enquanto faz cócegas em Drew. —
Tem crianças que estranham as
pessoas.
— Drew sempre gostou de
sorrir e brincar, nunca foi muito de
chorar.
— Ele quer falar. — Drew
começa a fazer sons como se
conversasse.
— Brittany conversa com
ele. — começo a tirar o curativo
velho do ombro e limpo o local. —
Ela diz que eles se entendem.
— Sabe fazer isso? —
pergunta.
— Sim. — respondo. — Eu
sempre cuidava de Brittany quando
ela se machucava.
— Eu soube que ela
desmaiou.
— Não sei o motivo. — dou
de ombros. — Parece que ficou
sem comer esses dias.
Termino o ombro e peço
para que ele tire a calça para fazer
o curativo na perna.
— Vai demorar muito para
andar? — pergunto.
— Espero que não.
— Pronto. — falo quando
termino tudo. — Eu tenho uma
pergunta para te fazer.
— Já sei o que é. É sobre o
meu envolvimento com Juan?
— Ele é o meu pai, você
sabe disso.
— Isso. — aponta para o
seu rosto. — Mostra a fúria de um
pai.
— Ele te bateu? Por quê?
— Por que eu machuquei
você e antes disso eu apanhei de
Matt.
— Por que Matt te bateu?
— Por eu ser um merda e
ter te machucado.
— Você mereceu.
Ele ri. — Sim, eu mereci.
Senti sua falta.
— Você não respondeu
minha pergunta. — mudo de
assunto.
— Eu me envolvi com
pessoas erradas.
— Você é bandido? — vou
diretamente ao assunto.
— Não. — responde
imediatamente. — Sou amigo de
alguns deles e tinha alguns clubes
espalhados por aí.
— Clube de?
— Prostituição, strip-tease
e jogos de aposta ilegais, mas eu já
saí disso.
— Alejandro é seu sócio?
— Era, como eu já disse,
não sou mais desse ramo. Agora,
respondendo a sua pergunta, eu e
Alejandro nos conhecemos há muito
tempo, mas ele nunca soube do meu
envolvimento com você.
— Por que se envolver com
esses negócios?
— Eu era um cara rebelde,
como já te contei. Fugi da escola e
era contra as regras do meu pai,
andei pela rua em lutas e fiz vários
inimigos e amigos. — dá de
ombros. — Nunca fiz nada que me
levasse a pena de morte ou prisão
perpétua.
— Mas Matt fez.
— Legitima defesa e
ninguém saberá disso.
— Isso é estranho para um
homem rico. Pensando bem, eu já vi
Henry fazendo isso.
— Não me compare com
Henry. — pede e percebo algo
estranho em sua voz. Parece
lamentação. — Eu fui um canalha,
mas nunca faria algo com Henry
faz.
— Desculpe.
— Não peça desculpa. —
pensa um pouco. — Como era a sua
amizade com Charlie?
— Normal, eu pensava que
ele fosse gay. Ele sumia algumas
vezes para cuidar da mãe.
— A mãe dele nunca foi
vista. Ele tem um irmão e uma irmã,
mas não sabemos mais nada sobre
isso.
— Tem outra coisa que eu
não sei, quem é aquela garota no
vídeo?
— Ela parece muito com
você. Será que agora você entende
o motivo por eu ter ficar irritado?
— Entendo.
— Posso te pedir uma
coisa? — ele coloca Drew sentado
na cama e liga a televisão. — Um
beijo, eu preciso sentir isso
novamente.
— Você deve ter feito...
— Não, não fiz. Você foi à
última pessoa com quem estive. Só
quero um beijo, nada mais, pode
ser até um selinho, mas só quero
sentir você mais uma vez.
Olho para Christopher e
vejo o arrependimento e esperança
em seu olhar.
Suspiro com cansaço e já
sei o que farei.
Aproximo o meu rosto do
dele e logo após os nossos lábios
encostam um no outro. Eu não me
afasto em nenhum momento e
Christopher já está forçando a sua
língua em minha boca, a qual eu
aceito rapidamente.
Não nego, eu não o queria
no início, mas isso está mudando.
Nunca pensei que sentiria falta d
Christopher. Que o seu beijo fosse
fazer efeito depois de tanta dor que
ele me fez passar. O meu peito
aperta de tanta felicidade e meu
coração está batendo tão forte por
estar com ele novamente.
— Eu te amo. — encosta as
nossas testas juntas. — Eu farei de
tudo pela nossa família.
— Não estrague a sua vida,
por favor. — peço. Ele me olha
sem entender muito bem. — Na
empresa você disse que perderia a
liberdade para me salvar.
— Você aceita voltar para
mim? — me ignora totalmente.
Encaro-o por alguns
instantes.
Mágoa e rancor não me
levarão a lugar algum.
— Sim. — respondo.
— Você quer formar uma
família comigo? — sorrio com o
tom de felicidade em sua voz.
— Já temos uma família.
— Sim. — ele pega Drew
no colo. — Estou falando em
ampliar.
— Ainda é cedo para falar
disso.
— Eu sei, mas eu estou
tendo uma segunda chance com
você e tenha certeza que não
desperdiçarei. Eu te protegerei de
tudo, eu prometo. Eu sou um novo
homem, e esse novo homem só quer
amar você e o nosso filho.
Capítulo 11
Jessica
— O momento está lindo,
mas preciso preparar o almoço. —
levanto da cama.
— Agora que acabamos de
voltar? — fala com um tom
dramático.
— Tenho que alimentar as
pessoas.
— Você está se sentindo
obrigada?
— A quê? Cozinhar? —
confirma. — Não. Eu gosto de
cozinhar e todos estão ajudando
meus amigos e eu. Devo isso a eles.
— Não sabia que gostava
de cozinhar.
— Eu gosto de cozinhar,
sempre gostei, mas nunca comentei.
— lembro algo que não tinha
falado. — Sabe aqueles policiais
que apareceram? — confirma. —
Há alguns meses Vicent foi
assaltado, levaram todo o salário
dele. Vicent reconheceu um dos
policiais como o homem que o
assaltou.
— Conte-me tudo.
Conto tudo daquele dia,
desde a emboscada até o hospital.
— Tudo foi um plano para
que vocês ficassem mais pobres.
Perdoe-me por tudo.
— Ei, eu já não perdoei? Eu
até te beijei.
— Vou passar o resto da
minha vida pedindo perdão.
— Quando eu soube que
você foi baleado, meu mundo caiu.
Eu te desejei a morte e aquilo
poderia estar acontecendo, me
arrependo pelas palavras que eu
disse. Estava com raiva por tudo o
que aconteceu, falei por falar, nunca
quis que você morresse.
— Entendeu o que passou
comigo? Você não queria que eu
morresse, mas, mesmo assim, disse
que queria me ver morto. Eu vi
aquele vídeo e acabei falando tudo
aquilo. Eu sei que você não é como
Sofia e Carmen, você nunca será
como elas. Algum momento você
pensou que seria?
— Sim, pensei. — enxugo
uma lágrima que insistiu em cair. —
Quando era criança e todos diziam
que eu era como elas... Que eu era
uma prostituta. Eu já estava
aceitando o meu destino, mas
Brittany sempre lutou contra. Eu
nunca pensei que sairia daquele
lugar.
— Você nunca seria como
elas. Você é boa demais para isso.
— Obrigada. Você tinha
algum medo na adolescência? —
pergunto. O seu passado não foi tão
perfeito como eu pensei que fosse.
— Tinha medo de ser como
o meu pai e como meus irmãos.
— Você nunca me falou
sobre eles.
— Eles nunca foram nada
meu, apenas pessoas que tem o
mesmo sangue e foi gerado pela
mesma pessoa. Meus irmãos não
são tão iguais ao meu pai,
entretanto, eles também nunca
gostaram de mim.
— Por que não?
— Porque eles parecem
com meu pai em um aspecto,
colocam dinheiro acima de tudo. Eu
sempre fui mais como a minha mãe.
— Como era a sua mãe?
— Ela morreu no parto, mas
a mãe de Matt me contou tudo sobre
ela. Elas eram melhores amigas, as
duas eram um pouco rebeldes em
casa. Elas nunca aceitaram nada
facilmente. Até que um dia o meu
avô resolveu casá-la com o meu
pai. Ingrid me contou que minha
mãe foi infeliz o tempo todo, eram
brigas constantes e uma pressão
para que ela tivesse os herdeiros
para a família. Quando eu nasci,
Ingrid cuidou de mim junto com
Matt. Passei cinco anos da minha
vida com ela, mas, logo após, meu
avô obrigou que meu pai me
aceitasse de volta.
Percebo que Christopher
não s sente bem por contar essa
história, mas ele continua relatando
o seu passado:
— Fui criado por babás e
depois um internato. Ingrid se
separou do pai de Matt e foi viver
com outro homem, o pai dele
conseguiu na justiça a guarda de
Matt e assim começou os piores
anos da minha vida. Fugia do
internato, me envolvia em brigas,
apanhava do meu pai e dos meus
irmãos. Um dia eu quebrei o braço
do meu irmão, fiquei revoltado por
ele ter dito que eu não prestava
para nada e que eu era a vergonha
da família. A partir desse dia,
começou toda a minha revolta
contra a família Dalgliesh''.
— Eu pensei que vocês
fossem próximos, eles iam à
empresa...
— Não, eles só iam quando
queriam alguma coisa. — me
interrompe. — E eles queriam o
meu casamento com Anna.
— Pensei que sua vida
fosse perfeita.
— Nada é perfeito quando
se tem um pai, uma madrasta e
irmãos como os meus.
— E Ingrid, onde ela mora?
— Uma cidadezinha vizinha
daqui. Ela abandou tudo para viver
com o marido. Eu e Matt sempre
sonhamos em morar com eles, mas
não poderíamos.
— Seu pai é uma pessoa
horrível.
— Eu sei. — segura a
minha mão. — Eu ouvi o que ele te
disse naquele dia, ele nunca mais se
aproximará de vocês. Não se
preocupe.
— Ok. — sinto-me estranha
por essa aproximação repentina. —
Agora eu preciso descer e ajudar
com a comida.
— Eu cuido de Drew.
Olho para Christ Drew e
sorrio quando noto o sorriso de
Christopher para o filho.
Estou fazendo o correto
dando essa chance a Christopher.
Desço para a cozinha e
encontro Vicent e Brittany
conversando.
— Sua irmã não quer
conversar comigo, desisto. —
Vicent levanta as mãos em sinal de
rendição.
— Eu já disse que não está
acontecendo nada. — Brittany grita
e percebo que está irritada. — Eu
apenas desmaiei de fome, pronto!
— Brittany... — tento
chamar a sua atenção.
— Eu posso cozinhar em
paz? — grita sem nem ao menos
olhar em minha direção.
Vicent faz um sinal
indicando para que eu espere o
momento certo para ter essa
conversa.
Começamos a cozinhar e
não falamos nada Brittany corta os
ingredientes como se estivesse com
raiva do alimento, ou ela está
descontando a sua raiva. Tentei a
aproximação quatro vezes até que
desisti por conta do seu mau humor.
Terminamos de preparar a
comida e servimos para as pessoas.
Passamos o resto do dia
conversando. Brittany mudou um
pouco o humor, mas ainda estava
triste. Os homens ficaram reunidos
no quarto de Juan conversando
sobre algo. Alguns homens estavam
fora, incluindo Alejandro e
Christopher, que insistiu em sair do
quarto.
— Eu sabia que você
voltaria para Christopher. —
Brittany diz, um pouco mais calma.
— Ele é o amor da sua vida.
— Se a mágoa e o rancor
ganhassem, significaria que não
existe amor. — Vicent sorri. — Li
isso na internet.
— Vocês falam tanto de
amor, mas nunca tiveram uma
pessoa para amar. — falo enquanto
coloco Drew na cama para dormir.
— Não tenho uma pessoa
porque eu não quero. — Vicent fala
com o nariz empinado. — Brittany
não tem porque é idiota.
— Como é que é?
— Você trabalha com
Alejandro e, mesmo assim, não
toma iniciativa. — Vicent toca o
rosto de Brittany. — Você é linda,
engraçada, a melhor amiga e tia do
mundo, entre tantas outras
qualidades, por que ele não iria te
querer?
— Porque ele é velho e não
vai querer uma idiota como eu. —
Brittany responde, mas eu sinto
algo estranho vindo dela.
— Você nem é tão nova, vai
fazer 25 anos e Alejandro deve ter
uns 35 anos.
— Podemos dormir? —
Brittany deita na cama e se cobre
dos pés a cabeça. — Está tarde e
estou com sono.
Olho para Vicent e ele me
olha com tristeza.
Brittany esconde algo, e eu
preciso saber o que é.
Escuto um barulho no
quarto. Pego o meu celular para
clarear o ambiente e vejo Brittany
sentada na cama.
— Algum problema? —
pergunto baixo para que Vicent e
Drew não acordem.
— Não aconteceu nada. —
responde. — Estou sem sono.
— Pesadelo?
— Não. — levanta da cama.
— Vou comer alguma coisa lá
embaixo.
— Quer que eu vá com
você?
— Não, pode voltar a
dormir.

Acordo com Drew


balançando o meu braço e
apertando a minha bochecha.
— Bom dia. — sorrio para
o meu bebê. — Está com fome?
— Ma ma ma. — ele repete
essas palavras sem parar.
— Ok. Espere até que eu
troque de roupa e escove os dentes.
Aqui está. — entrego o meu celular
para que ele se distraia um pouco e
coloco mais travesseiros ao redor
para que ele não caia da cama.
Drew nunca caiu da cama, ele
sempre ficou quieto no canto onde
mando ficar, mas é sempre bom
prevenir.
Percebo que Brittany não
está na cama e Vicent ainda dorme.
Termino de me arrumar,
troco a fralda de Drew e vou para a
cozinha preparar o seu mingau,
Drew só come isso pela manhã.
Carlos comprou algumas coisas
para bebê, incluindo vários
alimentos indicados para a idade de
Drew.
Chego à cozinha e encontro
Brittany encarando a xícara de café.
— Dormiu na cozinha? —
pergunto. Ela toma um susto, mas
depois sorri.
— Tenho que te contar uma
coisa. — me puxa para que eu sente
ao seu lado. — Perdi minha
virgindade.
Olho para Brittany em
choque com as suas palavras.
Brittany não se entregaria
tão facilmente a uma pessoa.
— Com quem? — ela olha
para Drew. — Ele não sabe do que
estamos falando.
— Com Alejandro.
Acho que meus olhos
podem sair do meu rosto a qualquer
momento. Até ontem Brittany disse
que seria algo impossível de se
acontecer.
— Conta tudo. — peço,
depois do choque ter desaparecido.
— Eu levantei para vir na
cozinha e Alejandro estava aqui.
Conversamos um pouco e acabamos
nos beijando. — ri como uma
pessoa apaixonada. — Depois
aconteceu.
— Brittany, eu não entendo,
como aconteceu tão rápido?
— Bem... É que... É... Veja
bem...
— Vocês já tinham algo
anteriormente e você me escondeu
tudo. — arqueio a sobrancelha e
cruzo os meus braços. — Você
sempre disse que não existem
segredos entre nós duas!
— Aconteceram coisas.
Jess, eu juro que eu e Alejandro
não tínhamos nada. O que aconteceu
ontem foi algo... Algo do momento.
Não nego, eu e ele estávamos
conversando há algum tempo, mas
nada de tão importante. O que
aconteceu ontem foi que... Eu
estava mal por tudo e ele me
consolou. Acabamos nos beijando e
acabei me entregando a ele.
Encaro Brittany e percebo
que ela está sendo sincera. Suspiro
e decido não encher a cabeça de
Brittany com minhas perguntas, mas
ainda tenho minhas dúvidas em
relação ao seu desmaio e
Alejandro, pelo menos não tem a
possibilidade dela estar grávida...
Quer dizer, eu acho que essa
possibilidade não existe.
— Alejandro foi bom com
você? — indago. — Te tratou bem?
Te respeitou?
Balança a cabeça
confirmando.
— Como será agora? —
continuo os meus questionamentos.
— Relacionamento sério?
— Não sei. Na verdade eu
estou com vergonha de olhar na
cara dele.
— Sério?
— Eu perdi minha
virgindade com ele... Sei lá, não sei
como reagir.
— Você deve gostar muito
dele, você nunca se entregou a
ninguém.
— E se ele não gostar de
mim?
— Arrependida?
— Não. É que eu posso ter
sonhado demais.
— Quer conversar sobre
isso?
— Por enquanto não.
Respeito a sua decisão.
Brittany sempre foi à pessoa
que fará de tudo para descobrir o
que a outra está sentindo, eu sempre
fui mais respeitadora. Se quiser
conversar, estarei aqui para escutar,
mas não gosto de forçar uma
situação.
Matt aparece e anda até a
nossa direção.
— Bom dia, meninas. — diz
com um enorme sorriso.
— Bom dia. —
respondemos.
Ele sorri ainda mais e sobe
as escadas.
— A noite foi boa para
alguém. — Brittany diz e sei que
ela está curiosa para saber o que
aconteceu.
— Você não foi à única que
teve uma diversão noturna. —
provoco.
— Com quem deve ter
sido?
— Não sei. — dou de
ombros. — Espero que seja com
uma boa pessoa. Gosto de Matt, ele
é um cara legal e merece alguém
como ele.

Christopher
— Acorda!
Acordo irritado por Matt
estar balançando o meu braço, pelo
menos é o que não está machucado.
— O que foi? — resmungo.
— Já resolvi a metade dos
problemas. — responde com
animação e alívio.
— Eu te mandei fazer isso
antes do almoço de ontem e você
aparece agora?
— Conheci uma garota.
— Quem? — pergunto
ainda sonolento.
— Ava Richardson.
— A modelo? — questiono
e esfrego os olhos tentando me
livrar do cansaço.
— Sim. — sorri. —
Passamos à noite juntos.
— Gostou dela?
— Talvez. Estou há um bom
tempo sem uma mulher ao meu
lado, já estava na hora de encontrar
alguém. Você e Jessica estão bem?
— Voltamos, ela me
perdoou.
— Eu sabia que isso
aconteceria, e foi tudo por minha
causa. Você me deve essa.
— Eu te devo a minha vida.
Se não fosse por você, eu não
estaria aqui.
— Não pense nisso, eu
nunca deixaria o meu irmão morrer.
Você sempre foi mais que um
primo, você sabe disso.
— Como você está com
isso? Matar uma pessoa?
— Você está aí vivo, vai ter
uma família com a mulher que você
ama e o meu sobrinho terá um pai.
Isso responde o que sinto.
Alejandro entra no quarto,
nos assustando com a intromissão.
— Perdemos os sinais das
câmeras na casa de James. —
avisa. — Descobriram que
estávamos vigiando.
— James é um traidor? —
Matt pergunta e me encara. Ele já
deve estar me culpando por ter
confiado muito
— Ou fizeram isso para que
pareça que ele é. — faço a
suposição. — Não encontramos
nada suspeito durante todo esse
tempo. Temos duas opções: Ou
temos um traidor entre nós ou
estamos sendo seguidos há muito
tempo e eles colocaram escutas em
todos os lugares aonde vamos.
— Vou mandar procurar as
câmeras e escutas. — Alejandro
avisa.
— Eu vou com você. —
Matt levanta da cama.
— Eu também. — me incluo
no plano.
— Você está ferido. — Matt
aponta para os meus ferimentos.
— Não vou deixar vocês
cuidando de tudo, estamos falando
da minha mulher e do meu filho.
Não me importo com a dor, eu estou
indo atrás de todos os culpados.
Capítulo 12
Christopher
— Vai para onde? —
Jessica pergunta quando me vê na
sala.
— Preciso resolver alguns
problemas. — respondo.
— Mas você ainda está
machucado, nem pode andar
direito.
— Amo a sua preocupação,
mas preciso resolver isso.
— O que está acontecendo?
— pergunta com preocupação. —
Descobriram algo?
— Não, estamos tentando
descobrir ainda. — dou um beijo
em sua testa. — Não se preocupe,
não é nada perigoso. Consegui
voltar para você, não estragarei
tudo.
— Promete?
— Prometo. — dou um
beijo em Drew que está em seu
colo e faço o mesmo com Jessica.
Ela corresponde rapidamente e
contenho a minha vontade de
agarra-la aqui mesmo, ao invés
disso, eu apenas beijo-a com todo
do amor e saudade que tenho dentro
de mim.
Separamo-nos e sorrio para
Jessica que está claramente
envergonhada pelo o que acabara
de fazer.
— Eu te amo. — sussurro.
Jessica apenas assente e
sorri. Sei que não vai ser fácil
conquista-la totalmente.
Saio de casa e entro no
carro. Alejandro, Matt e Carlos
estão aqui também.
— Para onde vamos? —
Carlos pergunta.
— Para casa de James. —
respondo. — Eu não acredito que
ele me traiu.
— Como não? — Matt deve
achar que sou um tolo. — As
escutas e câmeras foram retiradas.
— James trabalha para mim
há anos, ele nunca demonstrou que
seria um traidor. Se ele nos traiu,
com certeza ele não estará morando
na mesma casa. Os traidores foram
embora, se James estiver por aqui,
isso é sinal de que ele está
conosco.
— Mas como as escutas
saíram? — Alejandro questiona. —
Só os parceiros de Juan sabiam
sobre elas, quem poderia ter
contado?
— Traidor no meio de
Juan? — faço a suposição.
— Impossível. — Carlos
responde. — Juan é bem seletivo
com os membros e nenhum saiu de
perto dele, não tinha como falarem.
Todos sabem o que acontece com
quem trai Juan, eles viram o que
aconteceu com José, eles nunca
entregariam as filhas do chefe.
Assinto e decido não falar
mais nada, mas é óbvio que existe
algum traidor na história.
Depois de algum tempo,
chegamos à casa de James. Bato na
porta e ele nos atende.
Se ele fosse o traidor, não
estaria aqui...
— Bom dia, Christopher. —
sorri, mas percebo a confusão em
seu rosto. — Podem entrar.
Entramos na casa.
— Esse é Carlos, um amigo.
— informo.
— James. — eles apertam
as mãos.
Ele já conhece Alejandro há
bastante tempo.
— Tem recebido visita? —
pergunto.
— Não. Nem Damien e nem
os outros apareceram aqui. —
responde.
— Nada de estranho? —
Matt pergunta. — Tentaram entrar
em contato?
— Nada, eles sumiram há
algum tempo. — pensa um pouco.
— Eu vi Damien há alguns dias, ele
estava pegando o carro para levar
ao lava rápido, mas depois eu
nunca mais o vi.
— O meu carro? —
pergunto e James confirma. — O
carro foi embora...
— Não, nenhum carro foi
levado, mas Damien foi embora.
— E os outros?
— Bem, os seguranças que
sempre estavam com Taylor
continuam por lá, mas os outros eu
não tenho informação.
— Qualquer coisa nos
avise. — volto a falar. — Sei que
Taylor está vigiando tudo e que os
seguranças que restaram são de
confiança, mas precisamos saber
sobre os outros.
Um pensamento chega até
mim.
— É isso! — grito e todos
me olham.
— O que foi? — Alejandro
pergunta.
— Os seguranças que foram
embora, foram os que ficaram
responsáveis pela segurança de
Jessica e Brittany. Lembram quando
a casa foi invadida? Então, eles já
sumiram porque sabem que estou
atrás deles... Eles sabiam de todos
os nossos passos.
— Os inimigos estavam a
nossa volta e nem percebemos. —
Matt murmura.
— Eles já sabiam sobre
Jessica trabalhar com você? —
Alejandro indaga. — Os seguranças
foram contratados antes ou depois
de Jessica começar a trabalhar com
você?
— Eles foram contratados
antes. — respondo. — Os
seguranças que trabalham para
Taylor ficaram responsáveis pela
minha casa e por algumas
empresas, precisava de mais.
Contratei outra equipe de segurança
e contratei alguns para algumas
outras empresas. — dou de ombros.
— Eles devem ter sido comprados
por Henry depois que ele viu
Jessica comigo.
Lembro aquele dia e do
ataque de pânico de Jessica. Se eu
tivesse agido antes...
— Agora precisamos ir. —
Carlos chama a minha atenção.
Ando até a porta, mas sou
parado por James.
— Por que está andando
com dificuldade? — pergunta.
— Alguns problemas...
— Eu sei que não é da
minha conta e que você desconfia
de mim, mas eu nunca trairia vocês.
Quando estava na pior, você e
Stephen estenderam a mão e me
ajudaram, ainda me deram um
trabalho para que minha mulher não
desconfiasse de nada. Eu posso
ajudar se quiserem. Eu nunca traí
vocês.
— Preciso que encontre
Henry Stanford ou qualquer pessoa
ligada a ele, acha que consegue? —
pergunto.
— Claro, eu posso fazer
isso. — se aproxima. — Obrigado
por confiar em mim.
— Não me faça perder a
confiança em você, lembre-se que
Stephen insistiu para que eu te
desse esse emprego, ele não
gostaria que você fosse o traidor.
Taylor vai te ajudar, ele já está à
procura.
— Eu nunca seria como
Damien e os outros. Nunca
machucaria Jessica e seu filho.
Vocês me ajudaram em casa e
pagaram o tratamento da minha
mulher, serei eternamente grato a
vocês.
Despedimo-nos de James e
voltamos para o carro.
— Ele pareceu bem
convincente. — Carlos diz. — O
que fizeram de tão bom para ele?
— Ele estava bêbado na
rua, alguns garotos tentaram o
assaltar, eu e Stephen vimos que
eles não estavam armados e
ajudamos. — começo a contar. —
Conversamos com ele. James nos
contou que sua mulher precisava de
uma cirurgia e não tinham dinheiro
para pagar. Eu o ajudei e ele achou
que tinha uma divida comigo e
Stephen por termos o ajudado tanto.
James começou a trabalhar com
Stephen e me pediu para ser o meu
motorista, para que a sua mulher
não desconfiasse.
— Então não foi ele. —
Carlos volta a falar. — Mas como
eles sabiam de todos os nossos
passos?
— Só se... — Alejandro
pensa um pouco. — Eles colocaram
escutas no clube, foi o único lugar
em que conversamos.
— Quem colocaria? —
pergunto.
— Qualquer stripper. —
responde. — Eles se vendem por
qualquer dinheiro. Vou chamar
todos e perguntar, mas
procuraremos antes.

Chegamos ao clube e
procuramos por alguma escuta.
Estamos a um bom tempo nisso.
— Aqui não tem nada. —
Matt sussurra. — Nenhuma escuta.
— Aqui. — Romulo, o
outro membro do cartel, aparece.
Ele também fala baixo para não
escutarem. — Trouxe o detector de
sinais.
Ele começa a passar o
detector de sinais pela sala.
Encontramos cinco. Um atrás da
televisão, outro no chão atrás da
porta, em um quadro na parede, um
na lâmpada e um no teto.
— Aqui está. — Ramon nos
entrega. — Vou dar uma olhada nos
outros quartos e no carro.
— Vou chamar todos os
strippers. — Alejandro pega o
celular para fazer a ligação.

— Tinham escutas em todos


os quartos e no carro. — Ramon me
entrega os aparelhos. — Não há
dúvidas, alguém de dentro colocou
tudo.
— Alejandro já está lá
embaixo com os strippers. —
Carlos avisa.
Desço as escadas com um
pouco de dificuldade. Todos estão
conversando com Alejandro.
— Temos um problema. —
Alejandro infora. — Está faltando
duas strippers, elas sumiram.
Ninguém sabe para onde foram.
— Quem são elas? —
pergunto.
— São novatas, foram
contratadas por Stephen. Já pedi
para ele encontrá-las.
— Então foram elas. —
concluo. — Elas vieram para cá
com esse intuito de plantar as
escutas.
— Eles são muito espertos.
— Alejandro olha para os lados, se
certificando que ninguém nos
escuta. — Só tem uma coisa não
explicada, o que eles querem? Eles
tiveram muitas oportunidades para
fazer qualquer coisa com as
meninas, mas não fizeram, eles
querem algo mais. — se aproxima.
— Essas stripper vieram para ficar
de olho em Brittany, deve ter visto
que eu e você somos parceiros.
Precisamos descobrir o que eles
querem, antes que seja muito tarde.
— Alejandro! — Romulo
chama. — Tem uma mulher na porta
te procurando.
Meu celular começa a tocar,
me afasto para atender. É um
número desconhecido.
— Alô? — atendo.
— Que merda você tem na
cabeça? Como pode sumir e deixar
a empresa na mão de um
contador? — meu pai grita do
outro lado da linha. — Trate de
voltar à empresa.
Não falo nada, apenas
desligo o celular. Não quero ouvir
as suas reclamações de pai
preocupado, ele nem ao menos
perguntou se estou bem. E, para ser
bem sincero, não estou me
importando com o dinheiro e a
empresa há um longo tempo.
— Cara. — Matt está rindo.
— Alejandro acabou de receber
uma surpresa.
Antes que eu pergunte qual
a surpresa, Alejandro aparece.
— Quem é ela? —
pergunto.
— Pessoal. — Alejandro
sorri. — Essa é a Dulce.

— Onde está Jessica? —


pergunto a Brittany.
— Trocando a fralda e a
roupa de Drew. Está frio e ele
precisa se agasalhar para não voltar
a ficar doente. — explica.
— Vou lá em cima.
Subo as escadas e encontro
Jessica e Vicent conversando
enquanto trocam Drew.
— Venha fazer a tarefa de
pai. — Vicent chama. — A parte
difícil nós já fizemos. Agora eu vou
deixar vocês a sós.
Vicent sai e me deixa com
Jessica.
— O que aconteceu? —
pergunta.
— Tinha escutas no clube,
eles estavam nos espionando. —
respondo. — Como troca?
Jessica me explica como
coloca a fralda e eu presto atenção
em tudo.
— Esqueci de te dizer algo.
— interrompe a explicação. —
Sofia me procurou no dia em que
fui à empresa.
— O que ela falou? —
começo a passar a pomada para a
assadura.
— Nada. Ela chegou e
depois correu, parecia que fugia de
alguém.
Ela não fugiu de nenhum dos
homens do cartel, eles contariam
caso tivesse visto. Só se ela
percebeu que Carlos estava por
perto e fugiu antes que ele a visse.
— E a empresa? —
pergunta. — Você abandonou tudo.
— Não me importo com a
empresa, contanto que vocês
estejam seguros. Como coloca a
fralda? — pergunto para mudar de
assunto, não quero que ela fique
preocupada com a empresa.
— Não precisa apertar
muito. — avisa. — Christopher, eu
lembro que você sempre foi
dedicado ao trabalho...
— Eu me dediquei por algo
errado, agora percebo o meu erro.
Quer dizer, eu percebi há um tempo,
mas fui covarde o suficiente para
não fazer nada, estou mudando tudo
sobre isso.
— O que está falando.
— Estou falando de tudo,
principalmente sobre nós dois. —
tento mudar o assunto e rezo para
que ela não indague mais. Graças a
Deus ela não continua. — Até que
foi fácil. — coloco Drew em meu
colo e beijo sua testa. — Papai foi
bem? — ele sorri mostrando seus
dois dentinhos.
— Claro que foi fácil, eu
limpei a pior parte. — Jessica
começa a arrumar a cama em que
Drew estava deitado. — Agora
coloque a roupinha nele. Está
fazendo frio e não quero que ele
fique doente novamente.
— Esse lugar nem tem
aquecedor.
— Teremos que usar lençol.
— Jessica pega a roupa e também
me explica como colocar. — Seu
ombro não dói?
— Um pouco, mas vale a
pena. — pego um brinquedo que
pisca e toca música, e coloco na
frente de Drew.
— Você queria ser pai?
— Confesso que não. —
admito. — Eu só vivia pelo
dinheiro e para mostrar que não era
tão incompetente como todos
pensavam.
— Você disse que eu era
incompetente. — coloca as mãos na
cintura, mas eu sei que ela está se
divertindo com isso. — Estou feliz
por você ter sido chamado disso
também.
— Um incompetente
reconhece o outro. — ela ri. —
Agora é sério, você não é
incompetente como pessoa, você
cuidou muito bem de Drew, ele até
sabe o que é um ''não''.
— Brittany e Vicent
ajudaram muito e eu estava
empenhada em ser uma boa mãe.
— Por falar em Brittany, ela
vai receber uma ótima surpresa.
— Ótima surpresa? — fica
curiosa. — O que é? Tem algo a ver
com Alejandro?
— Por que teria?
— Esquece. — ela percebe
que falou demais.
— Eles têm algo.
— Como sabe?
— Eu percebi no dia em
que conheci Drew. Alejandro olha
para Brittany do mesmo jeito que eu
te olho.
— Isso é um bom sinal? —
sorri.
— Um ótimo sinal.
Vou me inclinando na sua
direção.
— Sinto falta de você. —
mordo o seu lábio.
— Jess! — Brittany entra no
quarto, atrapalhando o momento. —
Olha que coisinha linda.
Jessica me empurra e vai
até Brittany.
— Ai, meu Deus! — Jessica
fica encantada. — Ela é linda!
Quem é?
— É a Dulce Maria, mas eu
chamo de Du. — Brittany responde.
— Ela é muito linda.
A menininha coloca a
cabeça no pescoço de Brittany.
Ao que tudo indica, uma ex-
namorada de Alejandro tinha
sumido quando estava grávida,
agora ela voltou e entregou a
menina aos cuidados dele.
Dulce realmente é linda.
Tem oito meses. É gordinha, tem os
olhos e o cabelo castanhos, tem a
pele clara e, pelo o que pude
reparar nesse pouco tempo que a
conheço, parece que é uma criança
calma.
— Onde está a mãe? —
Jessica pergunta.
— Não sei. Alejandro
chegou e eu simplesmente coloquei
essa coisa fofa em meu colo. Ela
gosta de mim. — Brittany aperta a
garota em seus braços.
— Você vai sufocar a
pequena. — falo.
— Oh meu amor, desculpa.
— Brittany faz uma voz de criança.
— Você me desculpa? — Dulce ri
com a cara que Brittany faz. —
Estou apaixonada por essa
menininha.
Drew senta na cama e
começa a gritar pela mãe. Jessica
vai até ele e leva até Dulce.
— Olha a nova amiguinha.
— fala com Drew.
Drew toca o rosto de Dulce.
Eles começam a rir.
— Olha o amor surgindo.
— Britt murmura.
— Não seja idiota. —
Jessica ri.
— Seria fofo.
As meninas continuam
conversando e brincando com as
crianças.
Matt já resolveu os
problemas da agência e com os
estilistas. Para a minha vida ficar
perfeita, só falta conseguir acabar
com Henry e seus comparsas,
resolver os problemas da empresa
e me livrar da culpa que me
consome a cada dia.
Capítulo 13
Jessica
— Falou com Alejandro?
— pergunto a Brittany.
— Ainda não. — responde.
Percebo que ela ficou sem graça,
lembro que Christopher ainda está
aqui.
— Com licença. — ele diz
e sai do quarto.
— Não deu tempo de
conversar. — Brittany senta na
cama com Dulce em seu colo. —
Eu vi essa menininha e corri para
carregar.
— Vocês precisam
conversar, sabe disso.
— Sei, mas...
— Vocês estão na mesma
casa, você está com a filha dele.
— Estou confusa. — Drew
entrega o seu brinquedo para Dulce,
o que me faz sorrir. — Eles são tão
fofos, preciso tirar uma foto desse
momento.
— Não mude de assunto.
Você está estranha esses dias. —
aperto a sua mão. — Eu estava
muito ocupada e não percebi que a
minha melhor amiga está mal, mas
agora eu sinto que precisamos
conversar.
— É apenas o passado
tentando voltar à mente. — percebo
a tristeza em sua voz.
— Converse comigo, eu
sinto que você nunca me contou
tudo. Você perdeu a virgindade,
então você nunca foi estuprada,
alguém fez algo traumatizante?
— Não quero conversar
sobre isso. — eu nunca a vi com
tanta tristeza. — Está vendo esses
dois bebezinhos? Então, eles estão
aqui para alegrar os meus dias. Vai
passar e eu voltarei a ser a lesada
de sempre.
Cruzo os braços e encaro
Brittany com fúria.
— Ok. Você sabe, sofri o
mesmo que você, somente isso. Os
homens tentaram me estuprar, você
sabe da história.
— Eu acho que não sei a
história completa.
— Quer saber? Eu vou
levar meus dois bebês lá para baixo
e brincar com eles.
— Meus bebês? Alejandro
sabe disso?
— Tchau! — ela carrega
Drew de um lado e Dulce do outro.
— Eu não vou derrubá-los!
Algo em mim diz que ela
esconde algo, preciso saber o que
é.
Arrumo o quarto e desço
para ver como estão as coisas. Já
tínhamos feito o almoço e agora as
pessoas comem pela sala e cozinha.
Não sinto fome, estou preocupada
com Brittany.
Saio da casa e procuro por
ela. Encontro-a com Alejandro e os
meninos. Ela ri de algo e mostra a
Alejandro como carrega um bebê
corretamente.
— Não sei o que Alejandro
viu nela. — olho para Christopher
com uma carranca. — Calma, estou
brincando. Ela é uma boa pessoa.
— O que houve? —
pergunto. — Ela está ao seu favor e
você diz que ela é legal.
— Ela conversou comigo
um dia desses. — responde. — Ela
estava triste e disse que era para
cuidar bem de você.
— Tem algo de errado com
ela.
— Por que fala isso?
— Ela está muito triste.
Acho que me esconde algo.
— Conte-me mais sobre o
seu passado. Aconteceu algo
estranho com Brittany?
Penso um pouco.
— Brittany é mais velha que
eu. Sofia e Carmen tentavam a
prostituir, mas ela sempre
escapava. Britt vomitava, mordia e
batia nos clientes, depois da quinta
vez Carmen desistiu dessa ideia e
simplesmente parou de levar
Brittany.
— O que Alejandro está
fazendo com a minha filha? — olho
para trás e vejo Juan. Ele tem um
olhar irritado, como se estivesse
preparado para matar alguém.
— Qual o problema? —
pergunto.
— Brittany é muito boa para
esse cafetão. — responde como se
eu tivesse feito a pergunta mais
idiota da face da terra. — Minha
filha não pode ficar com um homem
que não se importa com as
mulheres.
— Quem disse isso? —
indago.
— Pelo amor de Deus, Jess!
Ele é dono de um clube de strip-
tease, o que ele iria querer com
Brittany?
— Christopher também era
dono e você não tem nada contra
ele.
— Ele levou uma surra e
dois tiros por você. O cara te ama.
— Alejandro também levou
um tiro. — Christopher interfere.
— Ele não tinha motivos para se
envolver nessa briga, mas, mesmo
assim, ele está conosco.
— Ele engravidou uma
prostituta e vive transando com as
strippers! Ele não é bom para a
minha filha.
— Juan. — tento manter a
calma. — Eu conheço Britt melhor
que você, ela nunca se apaixonou
por alguém. Ela está triste, sabia? E
agora esse bebê e Alejandro estão
trazendo a felicidade de volta.
— É meu dever proteger...
— Desculpe a minha
sinceridade, mas Britt não gosta
muito de você. Atrapalhar isso com
Alejandro só vai trazer mais raiva
para ela.
— Eu conheço Alejandro há
anos. — diz. — Ele é um cafajeste,
Britt é doce e uma boa menina.
Alejandro não merece a minha
filha.
— Eu também era assim. —
Christopher me abraça. — Mas
Jessica me mudou. Brittany pode
fazer isso com Alejandro.
Olhamos em direção de
Britt e Alejandro. Eles estão
brincando com as crianças, como
uma família feliz.
— Eles são lindos juntos.
— murmuro.
— Se ele fizer qualquer mal
a minha filha, eu o mato. — olha
para Christopher. — O mesmo vale
para você. — ele entra em casa.
Rezo para que eu esteja
certa e para que Alejandro não
trate Brittany mal, mas, olhando
para a minha irmã, eu acho que a
sua tristeza nada tem a ver com
ele.
— Por que eu me apaixonei
pela filha de um gangster? —
Christopher me abraça mais
apertado.
— Porque você é louco.
— Louco por você.
Meu coração acelera com
as suas palavras.
Christopher inclina meu
corpo e se aproxima de mim, para
me beijar. Poderia ser um momento
lindo se não fosse por alguém
tossindo e nos atrapalhando.
— Nunca nos beijaremos à
vontade. — Christopher olha para
trás e me coloca de volta no lugar.
— O que é?
— Precisamos conversar.
— Matt responde. — É urgente.
— Precisamos arrumar um
lugar só nosso. — Christopher
sussurra para mim. — Já estou
providenciando isso.
Matt e Christopher chamam
Alejandro e entram em casa.
— Drew e Dulce serão
amigos e depois namorados. —
Brittany me entrega Drew. — Já
estou sonhando com esses dois
juntos.
— Se acostumem, essa
garota é louca. — fala para os
bebês. — Conversou com
Alejandro?
— Preciso falar com vocês.
— Vicent aparece e nos arrasta até
o quarto. — Estava cansado e vim
dormir um pouco, então escutei uma
conversa. Parece que descobriram
onde mora a mulher do tal Henry,
ela está em uma clínica
psiquiátrica. Parece que Juan quer
pegar a família de Henry como
vingança.
— Acho que Henry
escondeu a mulher, ou ela é tão
louca quanto ele. — Brittany faz a
suposição.
— Corremos perigo? —
pergunto. — Disseram que eles não
podem nos encontrar aqui.
— Eu vi uma sala com
algumas televisões. — Vicent
responde. — Tem câmeras aqui,
acho que estamos seguros.
— Agora conte sobre
Alejandro e essa linda menina. —
Vicent pega Dulce no colo. — Ela é
linda.
— Filha de alguma vadia,
ela sumiu por algum tempo e agora
voltou para entregar a filha.
Alejandro não sabe cuidar de bebê,
eu o ajudarei.
— Estão juntos? — Vicent
pergunta.
— Não conversamos sobre
isso. — responde. — Estava
ensinando um pouco sobre bebês.
Meu celular começa a tocar,
olho a tela e vejo que é um número
desconhecido.
— Quem é? — Brittany
pergunta.
— Não sei, mas vou
atender. — entrego Drew para
Brittany.
— Alô. — atendo.
— Oi, Jess. Sou eu, Ava.
— Ava?
— Sim, a modelo. Não nos
vemos há um bom tempo. Estava
ocupada.
— Ah... Eu também. — não
tenho muito que falar com essa
garota.
— Eu te liguei para saber
o número de Christopher.
— Por que quer o número
dele? — me irrito com o seu
pedido.
— Não é bem o número
dele, é o número de Matt. —
escuto o seu riso. — É que você foi
secretária de Christopher, pensei
que poderia ter o número dele.
— Não tenho. — Não vou
dar o número de Christopher para
ela. Agora estou com Brittany, não
gosto de Ava.
— Ah... Então acho que
vou ter que esperar Matt entrar
em contato. Que tal marcarmos de
sair um dia desses?
— Claro que marcaremos.
— óbvio que não. — Preciso
desligar.
— Tchau. Nos veremos em
breve. — termino a ligação.
— O que essa aprendiz de
vadia queria? — Brittany pergunta.
— Queria o número de
Matt. — respondo. — Acho que
eles passaram a noite juntos.
— Coitado, não sabe onde
se meteu. Nunca gostei dessa
garota.
Meu celular toca
novamente.
— Garota chata. — Vicent
resmunga. — Você já disse que não
tem o número dele.
— É outro número. —
atendo. — Alô. — mudo. — Alô?
— Jessica? — uma mulher
fala.
— Sim, sou eu.
— Sou eu, Carmen. Não
desligue. — ela fala apressada. —
Precisamos conversar.
— O que...
O telefone fica mudo e, logo
após, é desligado.
— Quem era? — Brittany
pergunta.
— Carmen. — respondo. —
Ela queria falar comigo.
— Primeiro Sofia e agora
Carmen. — Brittany levanta da
cama. — Nós precisamos sair
desse lugar, ir para bem longe.
Antes éramos nós duas, agora temos
os bebês e Vicent. É uma questão
de tempo para eles invadirem isso
aqui.
— E as câmeras? — Vicent
fala. — Saberemos antes.
— Mas já estaremos sendo
alvo. — concordo com Brittany. —
Vai acontecer um tiroteio e será
uma grande confusão. Temos que ir
para outro lugar para proteger os
bebês.
A porta abre e Christopher
entra.
— Algum problema? —
pergunta.
— Carmen ligou. —
respondo. — Queremos sair daqui.
— Como assim? —
pergunta. — Esse lugar é seguro.
— Não muito seguro. —
Brittany discorda de Christopher.
— Eles estão fazendo de tudo para
nos pegar, temos bebês aqui. É uma
questão de tempo para que eles
sigam alguns de vocês até aqui. Já
pensou se eles invadirem a noite?
Será muito pior.
— Vou falar com o resto
dos homens e ver o que poderemos
fazer.
Depois do que parece ser
horas, Christopher, Matt, Alejandro
e Juan aparecem no quarto.
— Arrumem suas coisas. —
Christopher praticamente ordena.
— Vocês vão viajar.
— Para onde vamos? —
pergunto.
— Vão para casa de Ingrid.
— responde. — Vocês ficarão com
a mãe de Matt por um tempo.
Capítulo 14
Christopher
— Vocês continuarão aqui?
— Jessica pergunta. Percebo
preocupação e medo em sua voz.
— Sim. Precisamos
encontrar Henry. — respondo.
— O que vocês vão fazer?
Não quero que suje as suas mãos
com eles.
— Eu estarei me livrando
de pessoas que só fizeram mal a
você. — a abraço. — Depois disso,
eu estarei indo até você e o nosso
filho.
— E se você não conseguir?
— ela me afasta.
— Nós iremos conseguir.
Tenha fé que eu voltarei inteiro
para você.
Se eu morrer, pelo menos,
quero que ela e meu filho estejam
bem. Nunca falaria isso em voz
alta, na verdade, eu espero sair
vivo para minha mulher e meu
filho.
— Agora arrumem suas
coisas, a viagem é longa. — tento
não pensar muito sobre os perigos.
— Pensei que fosse uma
cidade vizinha. — Jessica vai até a
sua mala.
— Maneira de dizer.
— O que Ingrid achou das
visitas?
— Ingrid está feliz de
conhecer o neto, a nora e a filha de
Alejandro.
— Ingrid e Alejandro se
conhecem?
— Sim. Eu conheço
Alejandro há anos. Na verdade, os
pais de Alejandro são vizinhos de
Ingrid.
— Antes que eu me
esqueça. — olha para mim. — Ava
ligou a sua procura, ela queria seu
número para poder falar com Matt.
— Falarei com ele.
— Onde está Brittany?
— Saiu com Alejandro. —
Vicent responde.
— Estou indo lá fora. —
saio do quarto. Desço as escadas e
encontro Brittany subindo com
Dulce. — Jessica está te
procurando.
— O quê? — ela pergunta.
Parece que tomou um susto, não
estava prestando atenção.
— Jessica, a sua irmã, ela
está a sua procura.
— Ah, já estou indo.
Na sala Juan me avisa que
James e Taylor estão à procura da
mãe de Charlie. Eles encontraram
um hospital psiquiátrico e ela pode
estar escondida lá junto com seus
filhos.
Procuro por Matt e o
encontro fumando com Alejandro.
— E aquele papo de
''cigarro vai te matar''? — pergunto
a Matt.
— Eu preciso disso, sem
discurso me chamando de hipócrita.
— Alejandro me dá um cigarro. —
Meu pai ligou e está perturbando o
meu juízo para trabalhar com ele na
empresa.
— O que você vai fazer? —
dou um trago no cigarro.
— Mandei deixar tudo para
os sobrinhos, eles são mais
interessados que eu. — responde,
soltando uma grande quantidade de
fumaça.
— E você. — aponto para
Alejandro. — Qual o seu
problema?
— Tem como me ajudar em
uma coisa? — pergunta.
— Claro. O que seria essa
coisa? — pergunto.
— Preciso passar a guarda
de Dulce para Brittany, mas não
quero audiência ou algo do tipo.
Preciso disso rápido.
— Quanto tempo? — Matt
pergunta.
— Dois dias. — responde.
— Eu vou falar com um juiz
que conheço, ele pode ajudar. Por
que quer isso? — pergunto.
— Na volta eu contarei
tudo.
Continuamos fumando até
que nos avisam que já está tudo
pronto para irmos até a casa de
Ingrid.
— Você está com cheiro de
cigarro. — Jessica diz com
reprovação.
— Todos estão. — Brittany
complementa.
— Estávamos relaxando um
pouco. — falo.
— Se continuarem assim,
vocês vão relaxar por muito tempo,
no caixão, para ser mais específica.
— Pararemos em breve. —
Jessica me olha com uma cara não
muito boa. — Eu vou parar, não sou
um dependente, só preciso disso
para relaxar.
— Relaxe comigo e com
seu filho.
Sorrio para Jessica.
— Tenho planos para isso.

Depois de colocarmos as
crianças em suas cadeirinhas,
entramos no carro. A van é a prova
de balas e estamos armados, caso
aconteça alguma emboscada.
Já estamos dirigindo por
cinco horas, logo teremos que parar
para dormirmos em algum lugar.
Olho para trás, Jessica Brittany e
Vicent já estão dormindo, as
crianças estão olhando o desenho
que passa na tela no banco do
carro.
— Vamos parar ali. —
Alejandro aponta para um hotel, na
beira da estrada.
Paro o carro. Acordo
Jessica, Vicent e Brittany. Os outros
carros param logo atrás.
— O que estamos fazendo
aqui? — Jessica pergunta, quando
desce do carro segurando Drew.
— A viagem é longa e já é
noite, precisamos descansar e
depois continuamos.
Entramos e a recepcionista
nos olha com desconfiança.
Coloco o dinheiro em cima
do balcão e peço os quartos. Logo
depois, já estou em um quarto com
Jessica.
— Enfim, a minha tão
sonhada privacidade. — agarro a
cintura de Jessica, mas ela me
empurra.
— Nosso filho está aqui,
não estamos a sós.
— Resolverei isso.
Pego Drew no colo e o levo
até o quarto onde estão os outros.
— Desculpe, amigão, mas
eu preciso de um tempo com a sua
mãe. Quem sabe eu não te dou um
irmão para você brincar?
Bato na porta e Carlos abre.
— Mais um bebê para
tomarmos conta. — ele abre mais a
porta e vejo Vicent com Dulce. —
Passamos de gangsteres para
babás.
Ele pega Drew no colo e
leva até Dulce.
— Seja um tio legal e cuide
do meu filho. — falo com Matt.
— Eu sou o melhor tio do
mundo, não se preocupe e faça um
novo sobrinho para ser meu
afilhado.
— O quê?
— Vicent já deixou bem
claro que Drew é afilhado dele.
Acho que te fazer acordar para
vida, não faz de mim o melhor
padrinho do mundo. — dá de
ombros. — Cuidarei bem de Drew
e Dulce. Alejandro também está
com a filha de Juan.
Claro que ele ia lembrar
que sou genro de Juan.
— Antes que eu me
esqueça, Ava ligou para Jessica, ela
quer falar com você.
Matt sorri em resposta. Saio
do quarto e volto para Jessica.
— Obrigada. — diz. —
Agora todos sabem o que vamos
fazer.
— Brittany deve estar
fazendo o mesmo.
— Oh meu Deus! Você é um
idiota.
— Ao invés de estarmos
discutindo, poderíamos estar
aproveitando a nossa privacidade
sem ninguém para atrapalhar.
— Você está ferido. —
aponta para o meu ombro e perna.
— Nenhuma ferida vai
atrapalhar o meu momento com a
minha mulher.
— Minha mulher... Isso é
estranho. — sorri e se aproxima de
mim. — E se eu te machucar ainda
mais?
— Não vai. — aperto a sua
bunda. — Eu gosto do seu novo
corpo.
— Ainda bem, eu não iria
mudá-lo, estou satisfeita assim.
— Eu também prefiro
assim.
Começo a beijar o seu
ombro e tiro uma alça da sua blusa.
Beijo todo o seu corpo até que ela
está apenas de calcinha e sutiã.
— Você não tem noção do
quanto eu sonhei com esse
momento. — olho bem para o seu
corpo, analisando cada parte. Os
seus seios estão muito maiores, as
coxas estão mais grossas, a bunda e
o quadril estão muito maiores.
Acho que muitos a chamariam de
gorda, mas para mim ela está mais
atraente do que antes. — Quando
comprei aquelas roupas, eu só
imaginava o momento que eu fosse
tirar.
— Você acertou que eu saí
de 40 e fui para quase 44. — sorri.
— E continua linda. Agora,
vamos parar de falar. Precisamos
matar a saudade um do outro, antes
que alguém apareça aqui gritando
feito um louco.
Beijo sua boca e retiro o
resto da sua roupa. Ela faz o mesmo
comigo, com muito cuidado por
causa dos ferimentos. Dessa vez eu
não esqueço o preservativo, meu
maior desejo é engravidar Jessica
novamente, quando isso acontecer,
serei o pai mais presente que já
existiu, mas isso não pode ser em
um momento em que nossas vidas
correm perigo. Apenas aproveitarei
o momento que tenho para ficar
com ela.
Coloco-a na cama e
continuo retribuindo beijos e
mordidas pelo seu corpo. Fico por
cima, apesar da minha dor em me
apoiar no colchão. Acaricio o seu
rosto e foi introduzindo e
conduzindo tudo de maneira menos
dolorosa e mais prazerosa possível.
— Eu te amo. — sussurro e
mordo o lóbulo da sua orelha.
Eu que nunca precisei
implorar para dormir com uma
mulher, hoje estou aqui como se
fosse ter uma parada cardíaca, só
porque estou tendo uma segunda
chance com a mulher que escolhi
para ser minha pelo resto da vida.
A nossa primeira vez juntos
foi maravilhosa, lembro que não
via a hora de tê-la novamente, mas
tinha que esperar um pouquinho. A
nossa segunda vez foi meio
selvagem e rápida, parecia que foi
sem sentimento, mas eu tinha um
sentimento enorme dentro de mim.
Naquele momento eu ainda não
sabia que amava Jessica, mas sabia
que, depois da nossa primeira noite
juntos, nada seria como antes. Eu já
estava preso com a garota que se
tornou uma mulher maravilhosa. A
minha mulher.
Chegamos à casa de Ingrid.
Faz tanto tempo que não venho
aqui. Aposto que ela vai me cobrar
por cada telefonema que não atendi,
mas era impossível atender, não
queria falar com ninguém naquele
momento.
— Senti tanta falta de
vocês. — Ingrid abraça Matt,
depois vem e faz o mesmo comigo e
com Alejandro. — Esses são os
seus filhos?
Ingrid carrega Drew e
Dulce.
Jessica sorri para Ingrid e
ela devolve as crianças. Elas
conversam por um tempo.
Fico feliz por Ingrid aceitar
que eles fiquem aqui. Ela foi à mãe
que eu nunca tive. Quando perguntei
se Jessica poderia ficar em sua
casa, Ingrid ficou imensamente
feliz, quando soube da filha
Alejandro, ela só faltou gritar com
tanta felicidade.
— Agora só falta você me
dar um neto. — ela bate no ombro
de Matt.
— Já tem dois bebês para
matar a sua vontade de ser avó. —
Matt sorri para a sua mãe.
— Podem entrar. — Ingrid
leva Jessica, Brittany, Vicent e os
bebês para dentro.
— Vocês vão embora que
horas? — Alejandro pergunta.
— Daqui à uma hora mais
ou menos. — respondo.
— Preciso conversar com
meu pai. Quando forem embora, me
avisem.
— O que está acontecendo?
— pergunto. — Está em alguma
confusão? Você sumiu durante
algum tempo, conversávamos
pouco, mas ainda somos amigos.
— Eu sei disso. Quando
voltarmos, eu contarei tudo. — ele
sai em direção à casa de seus pais.
— O que será que está
acontecendo? — Matt pergunta ao
meu lado.
— Alguma merda grave.
Entramos na casa e vejo um
grande banquete nos esperando.
— Coloquem as malas aí e
venham comer. — Ingrid nos
chama. — Depois podem ver o
Ronald, ele está na oficina.
Pego um pedaço de bolo e
um copo de suco de laranja.
— Vocês não imaginam o
quanto fico feliz em ver todos
vocês. Eu sempre quis conhecer a
garota que conquistou o meu filho.
— Jessica sorri para Ingrid. — Eu
sempre considerei esse garoto
como meu filho, apesar de toda
essa rebeldia.
— Rebeldia? — faço-me de
ofendido. — Foi a senhora que
abandonou tudo, xingou toda a sua
família e foi atrás de um mecânico.
— Reparem nisso. — Ingrid
me abraça. — Temos a mesma
petulância.
Dou um beijo em sua testa e
as deixo conversando. Saio de casa
e vou até a oficina de Ronald.
— Pensei que não viriam
me visitar. — Ronald limpa a sua
mão em um pano e nos dá um
abraço. — Ingrid já estava quase
indo atrás de vocês, vocês sabem
como é essa mulher, não pode ficar
sem notícias dos seus bebês.
— Minha mãe nos mataria
se não a visitássemos. — Matt ri.
— Tudo tranquilo para eles ficarem
aqui?
— Sim. — Ronald
responde. — Já conversei com uns
caras, eles ficarão de olho, caso
algo aconteça.
— Assim é melhor, me sinto
mais seguro.
— Agora, conte tudo o que
está acontecendo.
Passamos o resto das horas
contando tudo o que está
acontecendo. Ronald fica
instantaneamente com raiva de
Henry e seus comparsas. Ele até
queria se juntar a nós nessa caça
aos culpados, mas ele entendeu que
as garotas precisam de proteção.
Volto à casa de Ingrid para
nos despedirmos.
— Sentirei sua falta. —
abraço Jessica e Drew. — Em
breve eu voltarei vocês dois.
Beijo Jessica, como se não
houvesse amanhã, todo segundo ao
lado dela é precioso, por isso eu
farei de tudo para voltar e ficar ao
seu lado.
— Você nem saiu e sinto a
sua falta. — Jessica me abraça
novamente.
— Eu te amo. — beijo a sua
testa e a de Drew. — Amo vocês
dois. Em breve eu voltarei.
Vou até Ingrid e me
despeço.
— Prometa que voltará vivo
para mim, sua mulher e seu filho.
— pede.
— Eu voltarei para a minha
mãe, minha mulher e meu filho. —
coloco a mão para cima. — Esse é
o juramento de um filho que deu
muita dor de cabeça a mãe.
— Mas agora é um homem
que só me dará orgulho daqui para
frente. — pisca um olho e me
abraça. — Eu te amo, não esqueça
isso.
— Também te amo, vovó.
Ela me dá um tapa no peito
e me abraça novamente.
Entramos no carro e
Alejandro segura uma chave.
— O que está acontecendo?
— pergunto, quando Matt começa a
dirigir.
— Preciso que você
entregue essa chave para Brittany.
— ele me entrega a chave.
— Que chave é essa? —
pergunto.
— Da minha casa. —
responde. — Eu preciso que a
guarda esteja no nome de Brittany
daqui a dois dias.
— Por que tudo isso? —
Matt pergunta. — Nada faz sentido.
— A polícia está a minha
procura. — a sua voz sai cheia de
raiva. — Eu me entregarei para
polícia daqui a dois dias, ou serei
oficialmente um foragido.
— Por que você será preso?
— Carlos, finalmente, fala alguma
coisa.
— Estou sendo acusado. —
Alejandro faz uma pausa antes de
continuar. — Estou sendo acusado
de estupro.
Capítulo 15
Jessica
Entro no quarto que,
anteriormente, pertenceu a
Christopher. O lugar está arrumado,
mas ainda tem coisas do seu
passado, como uma enorme
bandeira de um time de futebol.
Aproximo e vejo vários objetos do
Manchester United. Ao que tudo
indica, Christopher era ou é um fã
de futebol.
Em uma mesinha estão
algumas fotos. Pego uma e vejo
Christopher, Matt e Alejandro.
Todos estão com a aparência de uns
15 a 18 anos. Quem diria que
Alejandro seria amigo de
Christopher? Parece que
Christopher nunca contou do nosso
envolvimento para alguém, mas foi
tudo tão rápido.
As fotos são de jovens que
estão curtindo a vida. Christopher e
Alejandro seguram uma guitarra e
Matt escreve algo. Quem vê assim
até pensa que são punks, talvez eles
tivessem sido na adolescência.
— Esses garotos
aprontavam tanto. — Ingrid entra no
quarto. — Eles tinham 16 anos
quando tiraram essa foto. Depois
disso Christopher foi morar
definitivamente com o pai, Matt e
Alejandro foram para fora do país.
— Eles parecem bem
rebeldes. — sorrio com a outra foto
onde Christopher está deitado
fazendo uma tatuagem.
— Rebeldes? Você está
sendo muito boa em falar isso. Eles
eram o terror dessa cidade, mas
todos sempre gostaram dele.
— Acha que eles vão
demorar muito?
— Espero que não.
Consegui me reaproximar de
Christopher agora, não posso
perdê-lo.
— Pensei que vocês
mantivessem contato.
— Chris estava muito
afastado nos últimos tempos. — dá
de ombros. — Matt disse que foi o
amor da vida dele. — sorri. — Ele
fez uma ótima escolha. Você é linda
e o meu neto então... Sem palavras,
queria que Marta estivesse aqui
para ver o que o filho dela se
tornou, ela teria muito orgulho.
Agora eu serei como uma mãe
coruja. Vamos ver as fotos de Chris
pequeno? Ele era a cara de Drew.
— Vamos.
Descemos as escadas.
Encontramos Vicent, Brittany e as
crianças. Vamos até a garagem onde
ficam todas as caixas com o
passado de Christopher.
— Aqui. — ela me entrega
um álbum de fotos. — Essa é a
primeira foto do Chris, foi o dia
que ele chegou a minha antiga casa
para eu cuidar. Matt tinha nascido
três meses antes, criei os dois como
se fossem irmãos gêmeos.
Na foto, Christopher está
dormindo. Sorrio ao perceber que,
em todas as fotos, ele parece com
Drew.
— Não tem uma foto com o
pai? — Brittany pergunta.
— Pai? — Ingrid balança a
cabeça e percebo raiva em seu
olhar. Acho que ela sente raiva do
pai de Christopher. — Ele nunca
poderá ser chamado de pai.
Pego outra foto, Christopher
está mais crescido. Ele veste a
camisa do Manchester United,
junto com Matt e um senhor no
estádio de futebol.
— Esse é o meu marido. —
Ingrid aponta para o senhor tatuado
na foto. — Christopher veio ficar
aqui alguns dias, ele e Matt
assistiram ao jogo de futebol e
ficaram loucos para ir ao estádio.
Ron colocou na cabeça que tinha
que levar os meninos no estádio, no
outro dia todos estavam lá, a grande
final do campeonato inglês.
Se Christopher tivesse
ficado com essa família, eu tenho
certeza que ele seria diferente. Eles
foram separados na infância e ele
passou o resto dos anos com aquele
homem desprezível que ele chama
de pai.
— Esse é Alejandro? —
Brittany pergunta, apontando para
outra foto.
— Corrida de motos. —
Ingrid pega a foto onde eles estão
em cima de motos. — O que eles
mais amavam fazer. Chris às vezes
fugia de casa e vinha para cá, ou
ele lutava ou andava na moto.
Quando eu vou parar de
descobrir coisas sobre
Christopher?
— Quem é? — Vicent
pergunta.
Na foto tem uma mulher
ruiva e um homem. Eles são jovens,
as tatuagens se destacam em suas
peles. Ela tem alguns desenhos
coloridos no braço, nada
exagerado, mas o homem é cheio de
desenhos.
— Essa é Marta. — Ingrid
responde com um sorriso enorme.
— A mãe de Christopher, e esse foi
o grande amor da vida dela. — o
sorriso some e dá lugar a uma
lágrima que cai. — Eles iam se
casar, ele trabalhava na oficina, nós
éramos grandes amigos... Mas tudo
acabou quando ele sofreu um
acidente de moto. — a sua tristeza
dá lugar a raiva. — Ele não era
imprudente, nunca foi.
— A senhora acha que ele
foi morto? — Brittany pergunta, eu
sei aonde ela quer chegar.
— O que eu acho... — ela
pensa um pouco. — É que muitos
ganhariam com essa morte.
Muitos ganhariam com
essa morte, ela fala do pai de
Christopher? Ele é o único que
ganharia com a separação deles.
— E como conheceu o seu
marido? — Vicent pergunta. Acho
que ele quer melhorar o clima
dessa conversa. — A senhora não
era rica?
— Eu sempre morei nessa
idade. Eu e a mãe de Chris éramos
melhores amigas. Essa cidade não
tem nenhum grande centro
empresarial, mas nós sempre
amamos aqui. Nossos pais nos
criaram para que não nos
tornássemos ''garotas do mundo'',
mas não deu certo. Marta conheceu
Joel e se apaixonou, mas, logo
depois, ele morreu. Eu conheci
Ron, porém, tive muito medo do
meu pai e, por isso, fiquei com o
pai de Matt. Depois eu vi aquilo
não era para mim, voltei atrás e
fiquei com Ron e ele me aceitou
com o filho na barriga.
— E o pai de Matt? —
pergunto.
— Querida, eles são os
piores homens que existem,
acredite em mim. — ela nos deixa
sozinha na garagem.
— É impressão minha ou
ela acabou de acusar o seu sogro?
— Vicent sussurra.
— Eu também acho que
escutei isso. — concordo. — Ele é
tão ruim a esse ponto?

Christopher
Quando eu pensei em
reconquistar Jessica, não imaginei
que seria assim. Meu plano era
reconquistar Jessica enquanto ela
seria a minha secretária, mas nada
disso está acontecendo. Ao invés
disso, estou me preparando para ir
atrás da mãe de Charlie. Taylor e
James encontraram uma mulher que
parece muito com a da foto que
Juan tem, agora eu preciso levar
uma boa quantia para subornar os
médicos.
Ontem à noite falei com um
juiz que conheço há bastante tempo.
Ele prometeu que conseguiria a
guarda para Brittany até amanhã.
— Podemos ir. —
Alejandro diz e entramos no carro.
— Tem certeza que vai se
entregar? — pergunto.
— Tenho. Fugir só piora a
situação.
— Mas você não fez nada...
— Quem disse?
Continuo olhando para a
estrada.
— Te conheço há anos. —
volto a falar. — Você nunca faria
algo assim. Você sempre brigou e
se meteu em confusão, mas
estupro... Não, eu jamais
acreditarei nisso.
— Não se meta nessa
história. Pelo bem de todos.
— Quem é a garota? — ele
não me responde. — Um amigo
advogado vai cuidar do seu caso.
— Só te peço uma coisa:
cuide de Brittany e de Dulce, não
deixe que elas passem necessidade.
Eu abri uma conta para Brittany e
coloquei o meu dinheiro nela.
— Quando você soube da
acusação? — não responde.
Passamos a viagem em
silêncio.
Eu não acredito que
Alejandro faria algo assim. Ele
sempre teve as mulheres aos seus
pés e um clube cheio de prostitutas,
por que ele estupraria alguém? Ele
me esconde algo e eu preciso
descobrir o que é para poder ajudá-
lo.
Chegamos à clínica
psiquiátrica. James e Taylor estão
esperando dentro do carro.
— O nome dela é Whitney.
— James informa. — Eles não nos
deixaram entrar, mas confirmaram
que ela está aí. Algum dinheiro e
eles deixarão vocês conversarem.
Entro na clínica e uma
recepcionista nos atende.
— Precisamos falar com
Whitney. — coloco o envelope com
o dinheiro. — Ninguém precisa
saber disso.
— Por aqui, por favor.
A clínica está caindo aos
pedaços. Tenho certeza que
Whitney está presa aqui, e tenho
mais certeza ainda que ninguém se
importa com ela. Entramos sem
dificuldade e não vi nenhuma
pessoa parecendo um segurança,
ela foi esquecida nesse lugar.
— Ali está ela. — a mulher
aponta para uma senhora sentada
em um banco. — Podem ir até lá.
Ela simplesmente sai.
— Esse lugar é estranho. —
Alejandro fala ao meu lado. — Se
James e Taylor não tivessem vindo
antes, eu falaria que tudo é uma
emboscada.
Andamos em direção à
mulher.
— Podemos conversar? —
pergunto. Ela dá de ombros, como
se não se importasse. — Conhece
um homem chamado Henry
Stanford?
Ela vira rapidamente para
mim. Agora eu sei o motivo de
Charlie ser tão diferente de Henry.
Assusto-me e fico om pena
de Whitney. A sua aparência é de
uma pessoa sofrida. Olheiras
enormes, cabelo bagunçado e
muitas rugas.
— Gostaria de nunca ter
conhecido. — olha para mim. —
Sabe quantos anos eu tenho? — ela
não espera a minha resposta. —
Nem eu sei, não tenho mais noção
de tempo. Estou presa nesse lugar
assustador há tanto tempo que perdi
a conta. Um homem que jurou me
amar me prendeu aqui, sabe o pior?
Ninguém acredita em mim! Henry
disse que eu fui até a sua casa e
inventei que era a sua esposa, ele
disse que sou maluca. A idiota aqui
ainda abriu a boca e falou que tinha
filhos com ele. Deram-me atestado
de louca na hora.
— E seus pais, seus filhos?
— Alejandro pergunta.
— A última vez que vi
Camille foi há muitos anos, ela era
uma pequena menina, sua pele
escura e seu longo cabelo liso da
mesma cor que seus olhos, pretos.
Ela era uma criança linda e feliz,
por isso eu nunca contei nada a ela.
Camille estava mais feliz com os
novos pais do que comigo. Eu sou
apenas uma louca em um hospício.
— E Charlie, Christian?
— Christian, meu pequeno
bebê que foi gerado de uma
maneira degradante e humilhante.
Ele também mora com Camille e
está feliz com sua família. Charlie...
Eu não faço a menor ideia de onde
está e, sendo sincera, nem quero
saber. Eu e Henry ainda éramos
felizes, mas depois mudou.
— Depois de quê? —
pergunto.
Dá de ombros. — Henry
chegou a nossa casa e estava
revoltado com algo. Bateu em mim
e tirou Camille dos meus braços,
logo após eu estava em uma
pequena casa escondida de tudo e
de todos. Henry me visitava
antigamente para mostrar as fotos
dos meus filhos, como eles estavam
felizes sem mim, depois ele me
colocou nessa clínica e nunca mais
apareceu. Sabe por que eu estou
contando tudo? — nego. — Porque
ninguém acredita em uma louca
como eu. Se não fosse pelas marcas
em meu corpo, juraria que eu tive
um pesadelo, mas foi tudo real.
— Desculpe, mas a hora de
visita acabou. — uma enfermeira
avisa.
— Mas acabamos de
chegar.
— A situação dessa
paciente é grave. Essas pessoas tem
o tempo de visita reduzido.
Vou até Whitney.
— Eu prometo que te tirarei
daqui. — seguro a sua mão.
— Posso te pedir duas
coisas? — confirmo. — Acabe com
Henry e encontre meus filhos,
somente Camille e Christian. Não
quero saber de Charlie e David.
— Quem é David? —
pergunto.
— David é o filho mais
velho de Henry com alguma outra
mulher. Assim como Charlie e
Henry, eu não quero vê-lo.
— Por quê? — Alejandro
questiona.
— Eu não quero vê-los,
porque Charlie e David são piores
que Henry.
Capítulo 16
Christopher
Saio do hospital
psiquiátrico com uma grande
dúvida: Essa mulher fala a
verdade? Pelo o que escutei sobre
Henry, ele é uma pessoa muito
ruim. Se os filhos são piores, nós
teremos sérios problemas para
encontra-lo.
Agora precisamos encontrar
Camille e Christian, mas como
vamos encontra-los? A única
informação que tenho é que Camille
é negra, somente isso. Quantas
negras chamadas Camille existem
por aí? Vai ser uma missão quase
impossível encontrar essa garota.
Alejandro continua calado.
Ele esconde algo. Obvio que essa
acusação é falsa, mas, por que ele
não se defende?
— Por que não vai atrás dos
culpados? — pergunto, quebrando
o silêncio. — Alguém armou para
você.
— Apenas entregue Dulce
para Brittany. Faça isso e poderei
ficar em paz. —fala sem olhar para
mim.
— Você vai desperdiçar a
chance de ficar com Brittany e sua
filha? Eu tomei dois tiros para
salvar Jessica, o que custa lutar
pela sua inocência?
— Não compare a minha
situação com a sua. — finalmente
me olha. — Entregue Brittany a
Dulce e pronto.
— Brittany sabe que ela vai
ser a mãe de Dulce? Você está
jogando uma grande
responsabilidade sobre a garota.
— Ela gosta de Dulce e
Dulce gosta dela. A mãe de Dulce é
uma louca, ela não tem condições
de cuidar da minha filha e você
sabe como são os meus pais.
Brittany é a melhor opção.
— Quando você se tornou
um covarde?
— Precisa de muita
coragem para se entregar para
polícia e ficar com os presidiários.
— E o julgamento?
— Não quero pensar nisso.
Não se preocupe comigo, se
preocupe com a sua mulher e seu
filho. Já encontrou o que
procurava?
— Matt resolveu a metade
dos meus problemas, preciso
encontrar a parte principal para
poder acabar com tudo.
— Tem certeza disso?
— Tenho. Eu preciso
recomeçar a minha vida e isso
inclui fazer justiça para algumas
pessoas. O que acha de Whitney?
— mudo de assunto.
— Acho que ela pode estar
falando a verdade. — responde. —
Eu vi as marcas no pulso dela, ela
foi acorrentada em algum momento.
Chegamos a casa e vou falar
com Juan. Ele manda alguns de seus
homens irem atrás de Camille e
Christian.
— Como minhas filhas
estão? — Juan pergunta.
— Ingrid está cuidando
delas. — respondo. — Ron também
pode ajudar.
— Me fale sobre Ron, você
disse que ele poderia te ajudar.
— Podemos dizer que Ron
conhece alguns moradores que não
precisam da ajuda da polícia para
serem salvos. — dou de ombros.
— O que ele faz da vida?
Alguma gangue?
— Ele é mecânico, apenas
isso. Ron mora naquela cidade há
anos, ele conhece pessoas que
podem ajudar.
Meu telefone toca e vejo
uma mensagem do juiz. Ele está
avisando que já tem os papéis da
guarda de Dulce e que me entregará
amanhã.
Saio à procura de Alejandro
e aviso sobre a novidade.
— Acho que agora é a hora
de falar com Juan. — sai do quarto.
— Você vai morrer. — Matt
avisa, como se fosse um pedido
para ele não ir.
— Preciso resolver esse
assunto.
— Tem certeza? —
pergunto.
— Tenho. — responde e sai
do quarto.
— Ele está aceitando a
prisão muito facilmente. — Matt
murmura. — Tem algo muito
estranho acontecendo.
— Muito estranho, mas eu
já mandei o advogado cuidar do
caso. — sento na cama. — Hoje eu
fui ver a mãe de Charlie, ela está
em uma clínica psiquiátrica e pediu
para encontrar os seus dois filhos,
Camille e Christian.
— Se for uma armação?
— Juan pediu para alguns
homens investigarem.
Depois de alguns minutos,
Alejandro aparece novamente no
quarto.
— Juan sabe da acusação?
— pergunto.
— Eu contei.
— E saiu vivo? — Matt
questiona sem entender o que
aconteceu, nem eu entendo. Juan
não deixaria Alejandro ileso.
— Saí e preciso dormir.
— Tem certeza disso? Você
ainda pode voltar para casa.
— Tenho. — Alejandro
responde. — Entregue para
Brittany, ela entenderá.
Alejandro me entrega um
envelope e sinto um pouco pesado.
— Cara, nós podemos
investigar tudo e depois
mostraremos as provas que você é
inocente.
— Obrigado, mas é melhor
eu me entregar.
— Pelo menos espere o
advogado.
— Quando ele chegar, ele
saberá o que fazer. —desce do
carro e eu vou atrás. — Boa sorte,
continue vivo e seja feliz com sua
mulher e seu filho.
— Você sabe que eu e Matt
sempre te visitaremos para te
informar sobre tudo. Nós
acreditamos em sua inocência,
mesmo você fazendo de tudo para
ser o culpado.
— Até algum dia. — nos
abraçamos. — E boa sorte.
Ele entra na delegacia.
Espero que não fique muito
tempo aí dentro. Alejandro não é o
culpado, eu sei disso.

Entrego o papel da guarda


de Dulce e o envelope, para um dos
homens dar a Brittany.
Meu celular toca e vejo o
nome de Stephen.
— Você precisa vir até
aqui. — diz. — A stripper que
trabalhava com Alejandro foi
encontrada morta, você precisa ver
isso.
Pego o endereço do local e
saio juntamente com Matt e alguns
homens.

— Quem é essa? —
pergunto. Olho para o corpo de uma
mulher que foi desenterrada.
— Uma das strippers que
estava faltando. — Stephen
responde. — Recebi esse bilhete
com esse endereço.
Leio o bilhete:
''Isso é apenas uma
amostra do que vai acontecer com
Jessica e Brittany. Vocês vão
pagar pelo o que fizeram com José
e David''.

David não é o filho de


Henry com outra mulher? Se Jose
está morto e ele incluiu David na
sua vingança... David morreu? Mas,
quem o matou?
— Ela estava enterrada
aqui. — Stephen continua. — Pedi
para alguns dos homens virem
primeiro para garantir que estava
tudo seguro. Eles desenterraram e a
encontraram.
— Ela tem família? —
pergunto.
— Não. Quando eu a
contratei, ela falou que não tinha
ninguém.
— Tem alguma câmera
nesse lugar? — Matt pergunta.
— Não, eu mesmo
verifiquei. Nem tem onde colocar,
esse lugar é deserto e longe de
tudo.
— Quem é David? —
pergunto. — Whitney, a mãe dos
filhos de Henry, mencionou que ele
tem um filho mais velho, o David.
Lendo esse bilhete, eu presumo que
alguém o matou e Henry quer
vingança.
— Nós acabamos com José.
— Carlos responde. — Não temos
a menor ideia de quem seja David,
nem sabíamos da sua existência.
— Alguém do passado? —
Matt faz a suposição. — Vocês
podem ter matado David sem saber
que era ele.
— Não, sempre sabemos
sobre os inimigos.
Agora mais essa. Quem
matou David? Ele está realmente
morto e Henry quer vingança por
isso?
Jessica
A família de Christopher
está longe de ser como eu pensava.
Conheci Ron e achei uma ótima
pessoa, assim como Ingrid. Ela me
contou mais sobre ''o rebelde
Christopher'' e suas confusões.
Contou que ele já passou a noite na
delegacia por causa de uma corrida
de moto, mas o xerife soltou por
causa de Ron. Ele tem muitas
amizades nessa cidade.
— Onde está Brittany? —
Vicent pergunta. — Todo mundo na
cozinha e ela resolveu dormir mais
cedo para se livrar de fazer a janta?
— Estou indo lá em cima,
ainda está muito cedo para dormir.
Subo as escadas. Abro a
porta e encontro Brittany chorando.
— Ei, o que aconteceu? —
sento ao seu lado e a abraço.
— Nada. — responde.
— Claro que aconteceu
algo, você não choraria por nada.
— É apenas o medo de
perder Alejandro. — responde
olhando para o chão.
— Não vai acontecer nada
com ele.
— Espero que sim. —
enxuga o rosto e me olha. — Como
você está?
— O que você me esconde?
Não responda ''nada'', eu sei que
tem algo te incomodando.
— Claro que tem, toda essa
situação me incomoda. Saber que
todos podem morrer, que estamos
em perigo e envolvemos mais
pessoas nisso, isso não é fácil.
— Entendo, mas vamos
conseguir. Eles conseguirão pegar
os culpados e voltaremos a ser
felizes.
— É o que eu mais espero.
— Dulce começa a gritar.
— Essa garotinha já te ama.
— vou até o berço e pego Dulce.
— E eu também a amo. —
pega Dulce no colo e beija a sua
bochecha.
— Eles foram bem rápidos
em conseguir todas as coisas de
bebês.
O quarto de Christopher e o
de hóspede têm várias coisas para
bebês. Tem berço, brinquedos,
roupas, fraldas, tudo o que
deixamos para trás, eles
conseguiram para nós.
— Eles são pessoas muito
boas. — Brittany diz. — E sobre a
conversa de Ingrid, você acha que o
pai de Christopher é o culpado?
— Do jeito que ela falou
parecia que sim, mas eu não sei... O
pai de Christopher é ruim, mas não
sei se mataria alguém. — dou de
ombros. — Aconteceu há muitos
anos, seria impossível provar algo
agora.
— Meninas. — Ingrid
aparece na porta. — Um homem
está aí procurando vocês. Ele
trabalha com Juan e tem um recado
para Brittany.
— O que será? — pergunto.
Brittany dá de ombros, em um gesto
cansado.
Descemos e vemos um dos
homens, que estava na casa
conosco, com um envelope nas
mãos.
— Olá, garotas. — ele nos
cumprimenta. — Eu vim aqui a
pedido de Alejandro e Christopher.
Alejandro pediu para te entregar
isso. — ele entrega o envelope para
Brittany. — Alejandro se entregou
para polícia, ele está sendo
acusado de estupro.
Escuto um grito e vejo
Brittany chorando. Pego Dulce do
seu colo e entrego a Ingrid. Eu e
Vicent a abraçamos.
— Como assim? Ele nunca
faria algo desse gênero. — Ingrid
esta confusa, assim como eu e
Vicent.
Alejandro estuprou
alguém?
— Ele se entregou a
polícia, mas Christopher já
contratou um advogado para cuidar
do caso. Nós acreditamos na
inocência de Alejandro.
Brittany nos empurra e sobe
correndo as escadas. Eu e Vicent
vamos atrás.
Ela está sentada na cama
abrindo o envelope e chorando
ainda mais.
— Me deixem sozinha! —
grita.
— Brittany, nós...
Ela levanta da cama, fecha a
porta e depois tranca.
— Vamos deixa-la sozinha.
— Vicent segura o meu ombro. —
Ela precisa processar essa notícia.
— Você acha que Alejandro
é o culpado? — pergunto.
— O conheço há pouco
tempo, mas ele sempre foi
profissional com as strippers, não
acredito que ele estupraria uma
pessoa.
O meu celular toca e vejo o
nome de Christopher na tela.
— Oi. — atendo.
— Já sabe sobre
Alejandro?
— Sei. Brittany está
trancada no quarto chorando.
— Já chamei um advogado,
ele cuidará de tudo. Eu acredito
na inocência dele, acho que tudo
foi armado.
— Eu espero que você
esteja certo, Brittany não merece
isso depois de tudo o que ela
passou.
— Ele não é culpado. Eu o
conheço há anos, ele não faria
isso. Preciso tirar uma dúvida com
você, conhece algum David?
Penso um pouco. — Acho
que não.
— Tem certeza? Nunca
ouviu esse nome quando você
morava com Sofia e Carmen?
— Não. Não é um nome
difícil de esquecer, por quê?
— Nada, apenas uma
dúvida. Tudo bem aí? Meu filho,
como está?
— Fora a notícia de
Alejandro, está tudo normal.
— Chame Ron se precisar
de qualquer coisa, ele está aí para
proteger vocês. Preciso desligar
agora. Te amo.
— Também te amo. — uma
longa pausa é feita.
— Queria estar aí para
escutar isso pessoalmente.
— Você terá muito tempo
para isso.
— Se cuide e me avise se
precisar de algo. — desliga.
David. Por que ele
perguntou isso? Não lembro
ninguém com esse nome.
Tem algo de muito errado
nessa história, começando por essa
acusação de Alejandro. Todos
dizem que ele é inocente, será que
foi Henry quem armou isso? E
quem é David?
Capítulo 17
Jessica
— Brittany está trancada há
horas naquele quarto. Eu escutei o
choro dela a noite toda. — Vicent
fala, enquanto coloca a torrada em
cima da mesa. — É melhor você
conversar com Britt, acho que ela
não vai se abrir comigo.
— O que mais dói é que
Brittany também não conversa
comigo. Nós dois sabemos que tem
algum problema acontecendo, mas
ela não fala.
— Ela já estava ruim antes,
agora só vai piorar com a prisão de
Alejandro.
— Vou pegar os meninos,
quem sabe ela me deixe entrar com
eles. — pego Drew e Dulce no
colo.
Subo as escadas tomando
cuidado com o dois bebês pesados
que estão em meus braços.
— Brittany! — chamo. —
Brittany! Estou com dois bebês no
colo, é melhor você abrir se não
eles vão chorar ou vou acabar
derrubando-os. — nenhuma
resposta. — Dulce e Drew sentem a
sua falta, você é a melhor tia do
mundo.
A porta é destrancada. Uma
Brittany descabelada e cansada
aparece.
— Eu sou mãe agora. — ela
pega Dulce do meu colo. — Eu sou
a mãe dessa pequena coisinha. —
beija a testa de Dulce a alisa o seu
cabelo. Drew começa a se esticar
para Britt. — Eu não esqueci você.
— Britt pega Drew. — Eu também
te amo.
Entro no quarto e fecho a
porta atrás de mim.
— Por que você é a nova
mãe de Dulce? — pergunto,
sentando na cama ao seu lado.
— Alejandro passou a
guarda de Dulce para mim, a casa
dele agora é minha e a sua conta
bancária também. — Brittany
sufoca um soluço. — Acho que ele
pensa que não voltará.
— Ele vai voltar. — coloco
as crianças no chão onde ficam os
brinquedos. Volto para a cama e
abraço Brittany. — Todos
acreditam na inocência dele.
— Você acredita? —
Brittany me encara. — Você
acredita na inocência dele?
— Britt, eu... Não sei, eu
não o conheço direito. Christopher,
Ingrid e até Vicent acreditam na
inocência de Alejandro.
— Ele nunca faria esse tipo
de coisa, mas eu acho que ele pensa
que não sairá da prisão. Ele
colocou tudo em meu nome.
— Ele confia em você.
Passar tudo para uma pessoa requer
muita confiança.
Brittany deita no meu colo.
— Você sabe que eu nunca
me apaixonei por uma pessoa.
Sempre li livros para me distanciar
da realidade e sonhar que a
mocinha do livro poderia ser eu. Eu
nunca imaginei que me apaixonaria
por um dono de clube de strip-
tease.
— Você sentiu algo por ele
instantaneamente. — passo a mão
pelo seu cabelo. Brittany,
definitivamente, não está se
cuidando, seu cabelo está
parecendo um ninho.
— Eu e Vicent vimos o
panfleto onde procurava por
batender. Vicent achou a ideia
genial, eu não gostei muito, mas fui
acompanha-lo. Jess, quando eu bati
o olho em Alejandro eu senti
coisas, não dá para explicar.
— Eu sei como é. — sorrio
com a lembrança de Christopher. —
Ele sente o mesmo por você?
— Sente. — Brittany sai do
meu colo, se joga na cama com o
rosto enterrado no travesseiro. —
Ele sente o mesmo.
— Ele já falou o que sente
para você?
— Não quero falar sobre
isso, dói bem aqui. — aponta para
o seu peito. —Lembro nós dois
juntos e... — volta a chorar.
Deito ao seu lado enquanto
a consolo.
Eu não sei o que pensar
sobre Alejandro. Todos dizem que
ele não fez nada, mas ver a minha
irmã sofrendo parte o meu coração.
Ela sempre sofreu essas tentativas
de estupro e agora o homem que ela
ama está sendo acusado disso.
— Vai passar. — ela enxuga
o rosto. — Eu tenho que sobreviver
e continuar vivendo para cuidar de
Dulce.
— Como se sente com essa
responsabilidade?
— Bem. — levanta e pega
Dulce no colo. — Eu amo crianças
e agora eu tenho uma para ficar
comigo, não ficarei sozinha.
— Você nunca ficará
sozinha. — pego Drew. — Nós
sempre estaremos aqui.
— Será diferente. Você tem
uma vida para viver, precisaremos
nos separar em breve, mas eu
sempre amarei a minha pequena
pirralha.
— Eu sou mais alta que
você. — bato o meu quadril no
dela.
— Eu sei que a sua bunda é
maior que a minha, não me humilhe.
— brinca. — Vou tomar um banho e
depois eu vou à casa de Alejandro.
— Quer que eu vá com
você?
Balança a cabeça
confirmando.
— Obrigada por ter cuidado
de Dulce enquanto eu estava aqui.
— Irmãs são para essas
coisas.

Ingrid nos trouxe até a casa


de Alejandro.
— Brittany, sua sortuda,
você vai morar em uma mansão! —
Vicent diz admirado.
Ele tem razão, a casa é
enorme.
— Vou lá em cima. —
Brittany sobe as escadas.
— Esse lugar vai precisar
de uma faxina. — Ingrid olha ao
redor. — Estava fechada há um
bom tempo.
— Onde Alejandro estava?
— pergunto.
— Ele estava fora, nunca
fica em um único lugar. Os pais de
Alejandro, com certeza, querem
conhecer a neta.
— Como são os pais dele?
— Vicent pergunta.
— São boas pessoas, um
pouco malucos, mas são bons.
— Esse lugar precisa de
uma boa decoração. — Vicent olha
para mim. — Leve Drew lá para
cima, aqui pode ter muita poeira
para ele.
Vou à procura de Brittanny.
Ela está sentada na cama olhando
algumas caixas.
— A casa é bonita. — olha
para mim.
— Brittany, tem uma coisa
que não entendo, você estava triste
antes dessa história de Alejandro
ser preso, o que aconteceu?
— Já que quer tanto saber,
eu vou contar. Preciso desabafar,
Foi há muitos anos. — fala sem
olhar para mim. — Eu nunca te
contei na época, já estávamos com
muitos problemas e não queria mais
um na sua vida. Você era muito
nova para lidar com tudo.
— Mas eu cresci e você
nunca me contou nada.
— Eu já tinha guardado
aquilo no cantinho escuro da minha
memória, lembrava às vezes, mas
eu sempre conseguia esquecer.
— Os pesadelos eram sobre
isso?
— Às vezes sim, mas, na
maioria das vezes, eram coisas
misturadas. — dou o tempo
necessário para ela começar a
contar. — Foi na última vez que fui
para um ''programa''. Sofia e
Carmen me levaram até uma casa
com um homem, ele era diferente de
todos os outros. Eu mordi, bati,
chutei, fiz com que ele sentisse
muita dor, mas ele parecia gostar
disso... Ele nem me empurrava para
longe, na verdade, ele pedia para
agredi-lo com mais força. Ele
resolveu me agarrar, eu gritei, fiz
de tudo e ele só se divertia com
aquilo. A porta abriu e uma pessoa
chegou atirando, o matou na minha
frente.
Nós duas permanecemos em
silêncio.
— Ninguém nunca soube o
motivo da morte. — continua. —
Sofia contou que a polícia deu o
caso por encerrado, ele tinha
envolvimento com drogas e
resolveram que ele tinha morrido
por dívidas. Não havia
testemunhas.
— Por que nunca me
contou?
— Por que tínhamos
problemas suficientes para lidar,
não precisava de mais um drama.
Eu fiquei mal por um tempo, mas
depois passou. Sei lá, ele era um
monstro, mas... A imagem do
sangue espirrando e sujando a
minha roupa... Seu corpo no chão e
os olhos abertos sem vida, isso me
assustou muito. Eu era muito nova,
talvez quinze anos ou menos que
isso.
— E por que voltou a
pensar nisso agora?
— Acho que toda essa
situação me fez lembrar. Fugas,
tiros, invasão... — dá de ombros.
— Quando eu vi Juan baleado eu
me lembrei sobre aquele homem
que morreu na minha frente.
— Você deveria ter me
contado, seria mais fácil.
— Nada na minha vida é
fácil. Não se preocupe, hoje em dia
estou bem melhor. Para ser bem
sincera, não me importo o que
aconteceu com ele, é só...
— Traumatizante porque,
por um triz, você quase foi
estuprada.
— Sim. Duas coisas
aconteceram naquele dia, muita
coisa para ser processada.
— Britt, sempre estarei aqui
para o que precisar.

Christopher
— O que está acontecendo?
— pergunto para Matt.
— Parece que pegaram
algum comparsa de Henry, ele está
lá fora.
A casa está com um enorme
barulho. Pessoas andam de um lado
para o outro.
— Juan mandou te chamar.
— Carlos avisa. — Pegamos dois
de seus seguranças, eles estão lá
fora amarrados em uma árvore.
Saio imediatamente da casa
e vou para fora. Encontro os
homens reunidos em volta de uma
grande árvore.
— Dois dos seus
seguranças estão aqui. — Juan
avisa. — Stephen os encontrou e
trouxe para cá.
Jack e Mauricie estão
amarrados.
— Podemos começar. —
Juan diz. — Qual o plano de
Henry? — eles não respondem.
Juan pega uma arma e mira na
cabeça de Jack. — Qual o plano de
Henry e onde eles estão?
— Pergunte a Jessica. —
Mauricie responde. — Ela sabe de
tudo.
— Por que Jessica saberia
de tudo? — indago.
— Por que ela é a mulher
de Charlie.
Todos começam a rir,
inclusive eu.
— Nós já sabemos que não
foi Jessica naquele vídeo. — falo.
— Invente outra coisa.
— Você realmente acha que
não foi Jessica? Ela traiu você,
aceite isso. Ela estava na casa dela,
ela ainda deixou que eu, Jack,
Damien e Raymond assistissem o
seu pequeno show. Jessica não
passa de uma vagabunda que banca
a santa para vocês. Enquanto eu
estou aqui, ela está se divertindo
com Charlie.
Um som de tiro ecoa pelo
ambiente e a cabeça de Mauricie
cai, ele está sem vida.
Olho para o lado e vejo que
foi Juan quem atirou.
— Se você não tivesse
feito, eu mesmo faria. — falo. —
Você viu o que aconteceu com seu
amigo, é melhor você falar a
verdade.
— Ele está falando a
verdade, Jessica está com Charlie,
sempre esteve. — Jack está
desesperado. — Eu sempre vi
Jessica com Charlie.
— Jessica estava grávida?
— Jessica nunca esteve
grávida.
— Como sabe? — Juan
pergunta.
— Eu sempre vejo Jessica,
ela sempre está com Charlie.
— Qual foi à última vez que
a viu?
— Uns dois dias atrás. Ela
estava com Charlie quando foi nos
visitar.
— Visitar onde?
— Charlie nos mandou de
férias por um tempo, ele disse que
precisaríamos sumir para você não
se vingar de nós. Ele sempre ia nos
ver para falar sobre o plano.
— Qual o plano? —
pergunto.
— Não tenho ideia. Charlie
nos pagou um bom dinheiro para
vigiar Jessica e dizer o momento
exato que eles poderiam invadir a
casa. Não sei qual o plano de
Charlie e Henry, ele nos mandou
voltar tem uma semana mais ou
menos. Na verdade, entramos nessa
história por causa de Damien, ele
quem fez as negociações.
Claro que quem sabe do
plano já morreu!
— Onde Charlie e Jessica
moram?
— Não sei, acho que
ninguém sabe. Eles vêm até a nossa
casa, nunca o contrário.
— Então Jessica realmente
é amante de Charlie e ela nunca
esteve grávida?
— Jéssica não é amante de
Charlie, ela é a mulher dele, acho
que são casados e ela nunca esteve
grávida, pelo menos, não quando
nos conhecemos.
— Cuidem dele. — Juan diz
para os homens.
— O que vão fazer? — Jack
pergunta.
— Você descobrirá em
breve.
Juan vem em minha direção.
— O que acham? —
pergunta.
Matt se aproxima. — Temos
duas opções: Ou eles querem fazer
com que Jessica pareça uma
traidora, ou, temos uma gêmea má
nessa história.
— Eu acredito. — vejo
Jack sendo espancado na minha
frente. — Que ele não mentiria a
toa. Jessica tem uma irmã gêmea.
Capítulo 18
Christopher
Irmã gêmea. Isso explica
muita coisa. Aquela garota era
muita idêntica a Jessica, ou era uma
sósia, ou alguma parente muito
idêntica. Irmã gêmea tem mais
chance de ser real.
Juan está muito calado.
Agora ele tem três filhas, sendo que
uma é má.
— Eu não acredito que
tenho outra filha. — Juan diz. —
Ela está do lado de Henry?
— Talvez não saiba. —
Matt acende um cigarro. — Ela
pode estar sendo enganada.
— Brittany e Jessica não
sabem sobre ela, por que ela foi
separada das meninas? — essa
dúvida já está há um bom tempo em
minha cabeça. — Eles tinham
interesse em Jessica e Brittany,
mais uma garota seria lucro.
— Essa história foi toda
mal contada. — Juan levanta da
mesa. — Primeiro Jack e Mauricie
disseram que Jessica sabia de todo
o plano, depois eles sumiram para
não ver Jessica grávida e a outra
normal. Essa garota está do lado
deles há um bom tempo, talvez
Sofia e Carmen tenham a vendido
para Henry.
— Whitney falou sobre
Charlie ser pior que Charlie, ele
deve ser o líder agora. — penso um
pouco e volto a falar. — Se ele é
pior, precisamos tomar cuidado.
Juan está muito estranho,
talvez seja a história da sua nova
filha.
— Quando Alejandro
poderá receber visita? — pergunta.
— O advogado vai avisar e
vai saber mais sobre o caso. —
respondo. — Como vocês se
conheceram?
— Ele conheceu Carlos na
cadeia. — responde. — Ele foi
preso, você sabe disso.
Alejandro foi preso depois
de espancar e ameaçar o ex-
namorado de sua ex-namorada com
uma arma. Ele ficou pouco tempo
preso.
Juan entra na casa, sem
dizer mais nenhuma palavra.
— Essa história está
estranha. — Matt me entrega um
cigarro. — Juan não espancou
Alejandro e não contou tudo sobre
como se conheceram.
— Tudo está estranho. —
acendo um cigarro. — Alejandro
nem quis se defender de algo que
não fez, alguém está o
chantageando.
— Juan? — Matt faz a
suposição. — Ele não quer a filha
pero de um ex-presidiário e
cafetão.
— Brittany não deve saber
sobre a prostituição. Alejandro
falou que era apenas um clube de
strip-tease, mas, mesmo assim, não
era nada de errado ou ilegal.
— Devo estar errado.
Alejandro lutaria pela liberdade.
— o telefone de Matt toca. — Ava.
— ele sorri. — Peguei o número
dela nos arquivos da agência.
— Gosta dela?
— Ela é uma garota legal,
mas não quero falar com ela agora.
Seu pai te ligou?
— Somente aquela vez. Ele
ainda não deve saber. — sorrio. —
Mas saberá em breve.
— Você vai até lá? Eu
quero ir junto.
— Assim que tudo acabar,
irei até lá. Eu falei com Ingrid e ela
resolveu tudo.
— Claro que ela resolveria
tudo, foi o que minha mãe sempre
quis.
Pego o celular e decido
ligar para Jessica.
— Olá. — ela atende um
pouco triste.
— Algum problema?
— Brittany, ela está muito
mal com essa história de Alejandro
e o estupro.
— Ele não fez isso.
— Ingrid disse o mesmo.
Alejandro deixou a casa, conta
bancária e Dulce, colocou tudo no
nome de Brittany. Ele já sabia
dessa acusação?
— Sabia. Ele me pediu para
falar com um juiz para passar a
guarda para Brittany o mais rápido
possível.
— Se ele não é o culpado,
por que ele não lutou pela sua
inocência?
— Isso é algo que eu
gostaria de saber. Não se preocupe
com isso, ele estará solto em breve,
aparecerá provas que ele não foi o
culpado. Brittany logo terá
Alejandro de volta.
— Espero que sim. Também
quero que você volte.
— Eu voltarei para você,
Drew e a nossa futura filha.
— Uma menina?
— Sim. Uma menina para
ser a princesinha da casa. — escuto
o grito de Drew. — Ele concorda
comigo.
— Ou está com ciúme. —
percebo o humor em sua voz. —
Você está com a voz cansada.
— Preciso te contar uma
coisa. É melhor sentar.
— O que é? Não gosto
disso.
— Você tem uma irmã
gêmea.
Minutos de silêncio seguem.
— Quê? — finamente diz
algo.
— Dois dos seguranças que
trabalhavam comigo confirmaram
que te viu com Charlie. Nós
sabemos que não foi você, mas eles
confirmaram que foi. Ele disse que
nunca te viu grávida, mas eles te
viram há alguns meses e a última
vez foi há alguns dias.
— Eu nunca nem escutei
sobre essa tal irmã. — a sua voz
sai um pouco embolada. — Eles
podem estar mentindo.
— Podem, mas uma irmã
gêmea explicaria aquele vídeo.
— Você tem razão. Onde
ela estava todo esse tempo?
— Ela é a mulher de
Charlie.
— Então ela sabia da
minha existência. — não foi uma
pergunta. — E, mesmo assim, ela
quer acabar comigo?
— Não sabemos se ela quer
acabar com você. Charlie teve todo
tempo do mundo para acabar com
você e Brittany, mesmo assim não
fez. Ele quer outra coisa.
— O quê?
— Ainda precisamos
descobrir e parar o que eles querem
fazer.

Jessica
Uma irmã gêmea. Deus,
essa historia só piora!
Henry, Charlie, Sofia,
Carmen e agora uma irmã que eu
nem sabia que existia. Quando isso
tudo vai terminar e eu terei uma
vida normal?
— O que aconteceu? —
Vicent pergunta.
— Precisamos conversar.
— levo Vicent até o quarto de
Brittany.
— O que vocês fazem aqui?
— Brittany fecha uma caixa e nos
olha irritada.
— Tenho uma irmã gêmea.
— O quê? — os dois
perguntam no mesmo instante.
— Tenho uma irmã gêmea.
Parece que o ex segurança de
Christopher confirmou que ela é a
mulher de Charlie.
— Eu não lembro a
existência de dois bebês. —
Brittany diz. — Eu lembro de você,
mas não de outra criança. — pensa
um pouco. — Sofia pode ter
vendido para Henry. — começa a
andar pelo quarto. — Ela foi criada
por eles, assim ela se tornou uma
pessoa ruim.
— Que história mais
confusa. — Vicent coça a cabeça.
— Desculpa por te
envolvermos nisso. — falo.
— Desculpa? Eu nunca
abandonaria vocês. Minha mãe me
abandonou, mas vocês me
acolheram sem ao menos me
conhecer direito.
— Você nunca nos
estupraria. — Britt diz com um
sorriso.
— Não garanto isso quando
eu tiver perto daqueles homens. —
se abana em gesto dramático. —
Dormi naquele quarto com eles não
foi um grande sacrifício.
E o resto do dia foi assim:
Vicent tentando alegrar o nosso dia
que foi bem esquisito. Ingrid se
juntou a nós e começou a conversar.
Ela amou a nossa comida e nos deu
a sugestão de abrirmos um
restaurante. Vicent ficou muito
animado com a ideia, Brittany
parecia que estava dormindo com
os olhos abertos e eu tentava entrar
na conversa para deixar de lado a
notícia sobre uma irmã gêmea e
tentar afastar aquela dor no peito
que eu sentia. A dor de que algo
ruim acontecerá.

— A sua irmã está cada vez


pior. — Vicent diz. — O café já
está na mesa. Eu entendo que ela
ainda está muito mal, mas ela
precisa ficar forte para cuidar de
Dulce.
— Brittany está passando
por um momento difícil. — Ingrid
sorri com compaixão. — Ela
precisa reagir um pouco, sei que é
difícil, mas é preciso.
Um barulho vem da sala.
Corremos no mesmo instante e
vemos Brittany caída na escada.
— Brittany! — vou até ela.
— Brittany!
Ela está desacordada.
— Vamos para o hospital.
Leve-a até o meu carro.
— Eu estou bem. —
Brittany acorda aos poucos.
— Nós vamos para o
hospital. — Ingrid grita. — Você
desmaiou, não é um bom sinal.
— Não...
— Brittany, você vai e
pronto! — ordeno.
Brittany não discute. Vicent
leva até o carro. Eu pego Dulce,
Drew e a bolsa de Dulce com
algumas coisas para o bebê.
Chegamos ao hospital
depois de algum tempo. O médico
disse que Brittany está muito fraca
e quase anêmica.
— Quanto tempo você não
come? — pergunto.
— Há algum tempo. —
responde com a voz baixa.
— Por que isso?
— Não tenho fome.
— Mas você estava
comendo esses dias.
— Eu vomitava tudo. — ela
começa a mexer nos dedos.
— Bulimia? Você não gosta
do seu corpo ou algo assim?
— Não, eu não tenho nada
contra o meu corpo. Eu não consigo
comer nada, meu estômago não
aceita a comida.
— Você não pode estar
grávida? — sugiro.
— Claro que não, eu perdi a
minha virgindade naquele dia.
— Brittany. — toco o seu
rosto. — Nós precisamos de você,
você não pode adoecer agora.
Coma, por mim, por Dulce, Vicent e
Drew.
— Onde eles estão?
— Brittany, prometa que
você vai se cuidar de agora em
diante.
— Eu prometo. Podemos
sair daqui? Eu odeio o cheiro de
hospital.
— O médico passou umas
vitaminas e uma dieta para você
seguir.
— Ok, eu farei tudo
certinho.
Saímos do hospital. Vicent,
Ingrid, Drew, Dulce e outro homem
estão conversando. Ele é algum tipo
de segurança ou algo assim.
— Já estávamos entrando.
— Ingrid diz. — Essa garotinha
precisa trocar a fralda.
— Eu troco. — Brittany
pega Dulce no colo. — Eu estou
sendo uma péssima mãe.
— Você não é uma péssima
mãe. Se não começar a se cuidar
você será, mas ainda não é.
— Obrigada, Jess. —
Brittany pega a bolsa de Dulce. —
Vou ao banheiro.
— Eu vou com você.
Sigo Brittany até o
banheiro.
— Está vendo essa pequena
coisa? — falo, apontando para
Dulce. — Ela precisa muito de
você.
— Eu já entendi isso. —
Brittany começa a trocar a fralda.
— Pois não parece.
— Eu já entendi. Ok? Eu
entendo tudo sobre isso e você está
certa, eu vou me cuidar melhor.
Ficamos em silêncio por
algum tempo.
— O que foi? — pergunto.
Brittany não para de revirar a
bolsa. — Onde está a pomada?
— Não está aí?
— Está, mas está vazia. Vai
ficar sem, depois eu compro outra.
— Brittany retira um urso de dentro
da bolsa. — Que bicho esquisito.
Tem o olho vermelho, isso é
assustador.
— Cadê? — pego o urso da
sua mão. — Que bicho estranho, um
olho vermelho e outro preto. Isso
não é para um bebê. — a luz
vermelha pisca. — O olho tem luz.
— Luz?
— Está piscando.
Merda!
Retiro a cabeça do urso que
saiu sem dificuldade. Retiro a
espuma e encontro um pequeno
botão preto com uma luz piscando.
— Isso é um gravador? —
Brittany pergunta. — Ou um...
— Rastreador! Merda!
Saio correndo do banheiro
até a entrada do hospital. Vicent e o
outro homem correm em direção a
um carro. Um tiro é disparado e
Vicent cai no chão. O segurança dá
um tiro, mas ele é baleado e cai o
chão.
— Drew! — corro em
direção ao carro. — Drew!
Sou empurrada no chão.
— Não! Calma, eles vão
trazer o seu filho.
Não sei quem está em cima
de mim. Eu apenas luto para ir atrás
do carro que leva o meu filho.
— Deixe-me ir! — grito
desesperadamente. — Eles levaram
o meu filho! Eles levaram o meu
filho!
Capítulo 19
Christopher
Eu nunca senti tanto ódio na
minha vida. Nunca senti a vontade
de acabar com alguém com a
intensidade que sinto agora. Eu juro
que vou torturar um por um. Serial
killers sentiram inveja do que eu
farei. Sim, eu farei pior que todos
eles juntos. Eles pagarão por tudo.
— Poderia andar mais
rápido? — pergunto. Já estou
impaciente com essa demora.
Preciso ver Jessica e encontrar
Drew. Não posso perder tempo na
estrada.
— Estou indo o mais rápido
que consigo. — Matt responde. —
Já chegaremos.
Pego o meu celular e ligo
para Brittany. Ela me ligou horas
atrás desesperada. Drew tinha sido
levado dos braços de Ingrid, Vicent
e Peter tinham sido baleados e
Jessica estava em estado de
choque.
— Nós encontraremos
Drew, vamos acabar com quem fez
isso e depois todos ficarão felizes.
Acredite nisso. Estamos aqui pela
sua família. Daremos a vida para
salvá-lo, não duvide disso.
— Obrigado. — agradeço.
Eu só queria que tudo
tivesse sido mais simples. Só
queria ter reconquistado Jessica na
empresa, ter visitado Drew todo
dia na creche e ter pagado por
todos os meus erros sem tanto
drama. Eu faria de tudo para não
passar por isso. Drew e Jessica não
merecem isso.
Jessica já teve traumas
suficientes em sua vida. Eu
agradeço a Deus por isso não afetar
tanto na vida dela. Acredito que
Drew ajudou nesse processo.
Talvez ela tenha conseguido ser
feliz ou algo assim. Agora vai
voltar tudo, o nosso filho foi
sequestrado. Sequestrado pelas
pessoas que a fizeram sofrer
durante a maior parte da sua vida.
— E se eles venderem meu
filho? — falo sem pensar. — Esse
pode ter sido o plano desde o
inicio. Vender um bebê no mercado
negro. — as coisas começam a se
encaixar. — As meninas roubaram
o dinheiro de Henry, ele assaltou a
casa delas um pouco antes de
terminarmos e disse que a dívida
estava paga.
— Mas como eles saberiam
da gravidez? — Matt interrompe os
meus pensamentos. — Jessica disse
que conheceu Charlie no dia em que
foi no clube de Alejandro, ela não
sabia da gravidez. Só depois eles
se encontraram e ela contou tudo.
— Charlie sabia sobre o
meu envolvimento com Jessica e
obviamente sabia que eu a seguia
durante a gravidez. Ele fez parecer
que eram namorados. Talvez o
plano inicial era apenas para pegar
Jessica e Brittany, depois passou
para o bebê.
— Não se preocupe. Nós
salvaremos Drew. Tenha
pensamento positivo e reze para
encontrarmos rápido.
Depois de algumas horas,
chegamos ao hospital. Nem espero
Matt parar o carro. Saio correndo
em direção à recepção.
— Onde está Jessica
Montserrat? — pergunto
imediatamente.
A recepcionista olha alguns
papéis. A sua lerdeza me irrita e
sinto uma enorme vontade de voar
em seu pescoço e arrancar os
papéis de sua mão.
— Terceiro quarto à direita.
— ela me responde em um tom
baixo.
Saio correndo pelo
corredor até avistar Ingrid sentada
com Dulce e Ron.
— Chris. — Ingrid diz.
— Onde está Jessica? —
pergunto.
Ela aponta para a porta da
frente. Entro. Brittany está deitada
junto de Jessica. Aproximo-me e
vejo que Jessica está dormindo.
Brittany levanta com cuidado e vem
para o meu lado.
— Ela foi sedada. —
informa. — Teve uma crise. Estava
muito mal e o médico resolveu dar
algo para ela dormir.
— Como isso aconteceu?
— pergunto. Passo a minha mão
pelo cabelo de Jessica.
— Estávamos no banheiro,
fui trocar a fralda de Dulce.
Comecei a procurar uma pomada e
encontrei esse urso. — me entrega
o urso. — Percebemos que ele tinha
um olho muito estranho, era um
rastreador. Jessica saiu correndo
para avisar os outros, mas era tarde
demais. Eles levaram Drew. Vicent
e Peter foram baleados.
— Como eles estão?
— Bem. A cirurgia ocorreu
sem maiores complicações.
Sento no sofá, que fica no
canto do quarto. Coloco as minhas
mãos na cabeça.
É difícil não saber o que
fazer. Ver seu filho sequestrado, sua
mulher internada por ter tido uma
crise nervosa, e o amigo e o
segurança internados por tentarem
salvar Drew... Isso não é nada fácil.
— Já foram atrás do carro.
— Brittany senta ao meu lado. —
Daqui a pouco Drew estará ao
nosso lado.
— Brittany, eles podem
vender o meu filho. Se eles fizerem
isso... — minha voz quebra no
final. As lágrimas que prendi
durante todo o momento correm
livres.
— Drew vai voltar, acredite
nisso. — Brittany me puxa em um
abraço desajeitado. Ela apenas me
abraça e não diz nada.
Continuo chorando por um
tempo. Não é um choro silencioso,
muito pelo contrário. É um choro de
dor... De desespero.
Depois de algum tempo,
começo a me acalmar.
— Obrigado. — agradeço a
Brittany.
— Não me agradeça. —
olho para o seu rosto. Ela também
está chorando. — Você não tem
porque agradecer, estamos falando
do seu filho, é normal você se
sentir assim.
— Eu nunca me senti tão
impotente. — enxugo o meu rosto
na minha camisa. — Sinto como se
eu não pudesse fazer nada. Eu
nunca aproveitei meus dias com
Drew.
— Você vai aproveitar seus
dias com Drew, Jessica e os seus
futuros filhos. Eu até hoje não
entendo nada do que acontece com
você, Alejandro, Matt e Juan, mas
eu sei que vocês vão fazer com que
todos os culpados paguem por tudo,
e eu quero que vocês façam isso.
Dê uma morte lenta e dolorosa para
todos eles. Depois você volta para
a sua família.
— Isso é tudo o que mais
quero. — alguns minutos de
silêncio. — Eles já deveriam ter
voltado com informações.
— Vamos torcer para eles
já estarem voltando com Drew.
Talvez tenha terminado a bateria do
celular.
Levanto do sofá e dou uma
olhada em Jessica.
— Jessica viu tudo? —
pergunto.
— Ela viu o carro indo
embora e os caras sendo baleados.
Ingrid impediu que ela corresse
atrás do carro. Podemos dizer que
Ingrid está toda arranhada pela luta
de Jessica.
A porta abre e Juan entra.
— Eu juro que matarei cada
um, não usarei armas, será com as
minhas próprias mãos. — diz
furioso. — Eu sabia que isso era
uma péssima ideia, deixar as
garotas com essa gente.
— Ninguém tem culpa
nisso. — falo. — Tinha um
rastreador no urso de Dulce. Mais
cedo ou mais tarde seríamos
atacados. Eu sou o pai de Drew,
estou furioso e tenho o desejo de
vingança, mas nem por isso estou
acusando a todos. Sabemos quem
foram os culpados e eles pagarão
por tudo.
— Como está Jessica? —
pergunta, mas sei que ele não se
importa com o que eu disse.
— Dormindo, mas estava
muito mal. — Brittany responde.
Ingrid, Matt e Ronald
entram no quarto.
— Desculpe pelo o que
aconteceu. — Ronald diz com
tristeza. — Eu não imaginei que
eles já estariam por aqui, por isso
só mandei um homem com Jessica.
— Nenhum de vocês tem
culpa. — falo.
— Foi tudo tão rápido. —
Ingrid entrega Dulce a Brittany. —
Em um minuto estávamos
conversando normalmente e no
outro eu já tinha sido empurrada e
estava sem Drew, eu ainda tentei
lutar, mas não deu certo. — mostra
o seu pulso enfaixado. — Vicent e
Peter foram atrás, mas já sabemos o
que aconteceu.
— Onde o carro estava? —
Juan pergunta. — Vocês não viram
um carro se aproximando?
— Estávamos no
estacionamento, não tinha nenhum
carro, ele apareceu do nada.
— Alguém entrou no carro?
— pergunto.
— Não. — Ingrid responde.
— Eles pegaram Drew e atiraram.
— Tem como saber se tem
morador novo por aqui? —
pergunto.
— Talvez. — Ron diz. —
Você acha que...
— Tinha alguém aqui para
vigiar as garotas. — interrompo
Ron. — Eles tinham o rastreador.
Viram vocês aqui no hospital e
decidiram atacar, Jessica e Brittany
não estavam presentes, poderia ser
mais fácil.
— Então você acha que
alguém ficou de fora? — Matt
pergunta. — E que ele pode estar
aqui?
— Pode ser que sim, temos
que procurar por respostas.
— Vou ligar para um
conhecido. — Ron pega o celular.
— Ele pode conseguir a resposta.
— O xerife veio até aqui.
— Ingrid. informa — Ele não
entendeu o que aconteceu, mas
falou com Ron e acho que eles não
vão se intrometer no assunto.
— A polícia não vai se
envolver em um sequestro? — Juan
pergunta, acha que foi uma piada.
— Se quiser envolver a
polícia pode chamar, mas garanto
que o primeiro condenado será
você. — Ingrid encara Juan e sei
que ela está pronta para a briga.
— Estamos estressados,
mas não podemos começar uma
briga entre nós. — Matt interfere.
— Precisamos encontrar Drew.
Afasto-me de todos e fico
com Jessica. A sua respiração está
leve e ela não acorda de forma
alguma. O choque foi muito grande
para um único dia.
Deito a seu lado e espero
por alguma resposta. Juan mandou
os homens irem atrás de alguma
pista; os ''amigos'' de Ron ainda não
apareceram com nenhuma
informação e ele está esperando a
ligação de alguém com alguma
resposta sobre novos moradores na
cidade.
Os minutos parecem que
passam lentamente. A cada
momento a sala fica mais tensa.
Ninguém fala uma palavra. Tudo
continua assim até Ron entrar com
as informações:
— Já pegaram um morador
novo, ele realmente é cúmplice de
Henry. Os outros ligaram e
conseguiram pegar os outros
homens, mas nada de Drew.
— Eles não encontraram o
meu filho? — pergunto.
— Parece que tinham
muitos carros, eles conseguiram
despistar. Cada um foi por um
caminho, alguns feridos, mas agora
a pouco um carro foi pego junto
com os homens, eles estão a nossa
espera.
— Então vamos logo. —
desço da cama rapidamente.
— Alguns dos meus homens
ficarão na porta. — Juan fala com
Brittany. — Não saia, qualquer
coisa peça a um deles.
— Ok. — Brittany
responde. Ela vem na minha
direção com Dulce no colo. —
Cuide de tudo e traga Drew de
volta. Torture todos por mim, não
se esqueça: eu nunca pegaria leve,
jamais pegaria leve com quem
roubou meu sobrinho. Faça todos
eles pagarem.
— Isso é tudo o que mais
desejo.

— Eles deram esse


endereço. — Rob me entrega o
papel. — É nesse lugar que Henry
está escondido.
— O que eles irão fazer
com Drew? — pergunto.
— Não sei. — o único
homem vivo responde. — Eles
apenas me mandaram pegá-lo.
— Alguns dos meus homens
já estão vendo se isso é verdade.
— Juan diz. — O lugar é bem perto
daqui. Uma fábrica abandonada.
Horas depois, o celular de
Juan toca.
— Sim... Ok... Vou falar
com todos... Temos disponíveis? ...
Resolverei tudo aqui. — Juan
desliga o celular. — Encontraram a
fábrica. Charlie realmente está lá,
mas tem vários seguranças por
perto.
— Qual o problema? —
pergunto.
— Muitos seguranças.
Acontecerá um grande massacre,
podemos não sair vivos de lá,
temos que pensar em tudo antes de
atacarmos. — o celular toca
novamente. Minutos de silêncio
passam até ele desligar. — Nenhum
sinal de Henry e nenhum bebê.
— Eles podem estar
escondidos.
— Ou podem ter se
separado. — Juan diz. — Nenhuma
van está lá. Nenhum carro parecido
com os que levaram Drew. Não
parece ter criança no local, eles
ficaram lá por um bom tempo.
Todos estão bebendo e rindo. A
gêmea de Jessica está lá também.
— Então realmente tem uma
gêmea ela é do mal. — não faço
uma pergunta.
— Aparentemente sim.
Também não viram Carmen, Sofia e
Henry, eles estão com o bebê, tenho
certeza.
— Onde está Henry? —
Matt pergunta ao homem amarrado.
— Não sei. — responde. —
O grupo foi dividido, Henry para
um lado e Charlie para o outro. Eu
sempre fui parceiro de Charlie, isso
não mudaria.
— Eles não são amigos?
— São, mas as coisas foram
dividas. Henry, Sofia e Carmen
para um lado, Charlie e Jennifer
para o outro.
— O que vocês fazem? —
pergunto.
— Metanfetamina e armas.
Produzimos e vedemos. Henry fica
distante.
— O que eles querem com o
bebê? — Matt pergunta.
— Não sei. Charlie pediu
para que nos juntássemos com os
homens de Henry, disse que
precisávamos pegar o filho de uma
cliente que estava devendo. Só
cumprimos ordens. Tínhamos que
despistar qualquer um de vocês.
— As armas e as drogas
ficam na fábrica? — Juan pergunta.
— Sim.
— Tenho um plano, muito
arriscado, mas prático. — Juan
sussurra. — Primeiro precisamos
ter certeza que Drew não está lá
dentro e eu preciso ver a minha
filha.
— O que faremos? —
pergunto.
— Tenho explosivos
suficientes para acabar com três
cidades. A fábrica já tem armas,
colocamos os explosivos e metade
dos nossos problemas será
resolvido.

Jessica
Quando a minha vida será
normal? Quando vou parar de
sofrer?
Tento controlar o meu
coração, que já deve passar dos
200 batimentos por minuto. A
vontade de vomitar e o frio são
constantes. As lágrimas não param
de descer.
Ter o filho sequestrado já é
desesperador, presenciar e não
poder fazer nada é pior ainda.
Sempre estarei preparada para dar
a minha vida por Drew, mas fui
incapaz de fazer tal atitude.
— Não se culpe. —
Brittany fala pela milésima vez. —
Ingrid fez o certo. Eles atiraram em
Vicent e Peter, imagine o que fariam
com você.
— Mas eles estavam
levando o meu...
— O seu filho, eu sei disso.
O que você poderia fazer depois de
morta? Drew seria um órfão,
Christopher seria viúvo, antes
mesmo de casar, e nada seria
resolvido. Ingrid fez o certo, ela te
salvou para você voltar para Drew.
Não culpo Ingrid, ela
pensou no meu bem. Eu me culpo
por ser tão fraca e incapaz.
— Juro que se tivéssemos
uma arma, nós sairíamos atrás de
todos os culpados e seríamos as
justiceiras, mas já tem muita gente
fazendo isso. — Brittany aperta a
minha mão.
Christopher esteve aqui
ontem, Brittany me contou. Ele
ainda não deu nenhuma informação.
Agora eu não posso perder os dois
ao mesmo tempo.
Por que esses pensamentos
horríveis não param?
O meu celular toca.
— Número desconhecido.
— Brittany atende. — A... — ela
começa a escutar. — Sofia?
— Coloca no viva voz. —
meu coração acelera ainda mais.
— Eu estou com o filho de
Jessica. — Sofia diz, com pressa.
— Eu quero devolvê-lo para você.
— Por que isso agora? —
Brittany pergunta.
— Agora eu não posso
explicar, eu apenas quero entregar
o bebê.
— Aonde? — pergunto.
— Na estrada. Pegue a rua
principal e dirija por mais ou
menos uma hora, siga sempre reto,
nunca vire. Eu e o bebê estaremos
esperando por vocês. Não traga
ninguém com você, somente
Brittany. — desliga.
— Você vai? — Brittany
pergunta.
— Claro que vou. —
respondo. Levanto da cama
apressadamente. — Meu filho
precisa de mim.
— Eu vou junto. — Brittany
vai até a bolsa de Ingrid, ela saiu
para ver Vicent. — Eu vi Ingrid
guardando essa arma. — Brittany
coloca a arma em sua cintura. —
Poderemos precisar.
Capítulo 20
Jessica
— A ligação não está
completando. — Brittany avisa. —
Eles devem estar em um local sem
rede.
— E agora? — pergunto
olhando para os lados.
— Sairemos pela janela. —
Brittany vai até a janela e abre. —
Os seguranças estão aí fora e eles
não nos deixarão sair.
— E como vamos chegar
até lá? — pensamos um pouco. —
Podemos pegar um táxi e parar no
meio do caminho.
— Eu tenho o dinheiro. —
Brittany pega o dinheiro na bolsa
de Ingrid. — Agora podemos ir.
Saímos pela janela. Não
tivemos dificuldade, o local não é
alto e não tem seguranças.
— O que nós faremos? —
pergunto. Chegamos até a rua e
esperamos por um táxi, mas,
aparentemente, aqui não existe isso.
— Será que é muito longe?
Podemos ir... Já sei! — para de
andar. — Podemos pegar o carro de
Maria.
— Você sabe dirigir?
— Mais ou menos.
— Então é melhor irmos
logo.
Vamos até a casa de Ingrid.
Brittany estava com a chave.
Procuramos a chave do carro e
entramos. Brittany dá a partida.
Demora alguns minutos, mas logo
ela já está dirigindo.
— Onde aprendeu a dirigir?
— Não é tão difícil assim.
Eu já vi alguns filmes onde se
ensina as pessoas a dirigir, é muito
fácil. Então eu fui naqueles
simuladores e pronto. — Brittany
presta atenção na estrada. — Abra
o porta-luvas, aposto que tem uma
arma.
Abro o porta-luvas.
Encontro uma arma.
— Ela é bem preparada. —
seguro a arma.
— Para a nossa sorte.
Agora temos duas armas, temos que
torcer para que tudo dê certo.
— Eu duvido muito. — falo
com tristeza. — Elas nunca fariam
uma bondade com a gente. Ela
nunca seria contra Henry.
— Temos duas armas, não
será tão difícil assim.
— Sabe usar uma arma? —
pergunto.
— Se for como os filmes
será fácil.
— Estou muito nervosa. —
meu estômago está dando voltas e
mais voltas. Meu coração está mais
acelerado que antes, meu corpo está
frio e estou tremendo muito.
— Vai dá tudo certo. Vamos
rezar para que Deus tenha tocado
no coração delas e que elas
queiram salvar o bebê. Nada para
Deus é impossível, acredite e tudo
vai dar certo.
Ok. Vamos lá.
Oh Deus, por favor, traga o
meu filho de volta para mim. Faça
com que elas se tornem boas uma
vez na vida e me entreguem o meu
bebê. O Senhor já me ajudou em
todos esses anos, então, por favor,
traga o meu filho de volta.
Continuo rezando por um
bom tempo. Peço a Deus, ou
melhor, imploro para que eu esteja
com meu filho o mais rápido
possível e que Christopher esteja
bem.
— Ainda nem sinal. —
Brittany atrapalha os meus pedidos.
O lugar realmente parece
um deserto. Muita areia, algumas
montanhas e nada de pessoas.
Passamos por uma curva.
Carmen está parada carregando
Drew. Não tem mais ninguém com
ela. Brittany para o carro. Desço
correndo ao encontro de Drew.
Carmen me entrega Drew sem
hesitação.
Abraço meu filho com tanta
força que acho que posso sufoca-lo
em meu peito, mas é a emoção de
ter meu bebê em meus braços
novamente. Beijo o rosto de Drew
que no momento fala ''ma ma ma''
sem parar.
— Você está bem? —
verifico seu estado. Nada de
anormal. Ele está limpinho e sem
nenhum arranhão. — Oh meu Deus,
obrigada. — beijo Drew sem parar
e choro por ter meu filho comigo
novamente.
— Garota, abaixe isso! —
olho para frente. Brittany tem a
arma apontada pra Carmen. — Você
vai acabar ferindo alguém.
— Esse é o intuito. —
Brittany segura à arma com muita
firmeza.
— Eu entreguei o filho de
Jessica, não quero nada com vocês.
Entrem no carro e vão embora.
— Por que isso? Isso não
faz o menor sentido. — falo. —
Qual a armadilha?
— A armadilha não é para
vocês...
Antes que ela fale alguma
coisa, um carro em alta velocidade
para ao nosso lado. Henry desce.
Claro que isso seria uma
armadilha.
Aperto Drew em meus
braços e choro por tudo o que está
acontecendo.
Uma coisa me surpreende.
Carmen retira uma arma das costas
e aponta para Henry, Brittany faz o
mesmo.
— Nem pense em atirar. —
Carmen diz. — Somos três contra
você.
— Três? — Henry levanta
uma sobrancelha, ele acha isso uma
piada. — Só tem duas armadas.
Sofia sai de dentro do carro
com duas armas na mão.
Oh meu Deus!
— Três, na verdade quatro.
— Sofia coloca uma arma na
cabeça dele e outra nas costas.
— O que está acontecendo
aqui? — Henry grita.
— Jogue a sua arma no
chão, nada de tentar alguma
gracinha. — Carmen ordena. —
Jessica, vá para o meu carro.
Carmen vem andando em
minha direção, fica a minha frente,
como um escudo. Abro a porta do
carro e entro.
Movimento as minhas
pernas trêmulas e entro no carro.
— É a prova de balas. Não
saia daí!
Ela volta para o local.
Brittany segura à arma com
muita firmeza, em nenhum momento
ela fraqueja. Os minutos vão
passando. Carmen e Sofia falam
algo sobre traição e que nada
daquilo era para ter acontecido, não
estava nos planos.
Henry coloca a única arma
no chão. Carmen se aproxima e o
revista, não encontra nada. Sofia
manda Henry ir andando até o canto
da estrada. O local não tem
proteção, quando fizemos a curva
eu vi que tinha um precipício com
pedras muito pontiagudas. Estava
com medo de Brittany perder a
direção do carro e cairmos dessa
altura enorme. Mas, Graças a Deus,
Ele estava do nosso lado e continua
estando.
Henry levanta as mãos e
tenta dialogar. Carmen e Sofia não
querem conversa. Brittany continua
calada e mirando arma em Henry.
— Elas estão aqui,
podemos vendê-las, elas e o bebê.
Confie em mim, será muito melhor.
— Henry diz. Rezo para elas
realmente estarem fazendo algo
contra ele.
— Você nos traiu, dividiu o
grupo sem os comunicar e ainda
queria vender um bebê. — Carmen
diz. Eu fico surpresa com isso. Ela
queria nos vender na
adolescência!
— Desde quando se
tornaram boas? — zomba.
— Desde quando você nos
traiu, essa não foi à primeira vez!
Sofia e Carmen vão se
aproximando. Ele continua tentando
convencê-las do contrário. Rezo
para que elas não se virem e atirem
em Brittany. Drew morde algum
brinquedo e sorri. Eu não paro de
chorar.
Elas vão se aproximando
cada vez mais. Quando ele já está
ponta, Carmen e Sofia atiram no
chão. Com o susto, Henry dá um
passo para trás e não o vejo mais.
Carmen e Sofia sorriem
olhando para baixo. Brittany vai até
lá, seu rosto está choque.
Elas puxam Brittany para o
carro e a colocam no banco de trás.
— Ele está morto. —
Brittany diz em choque. — Elas
mataram Henry! O corpo dele está
lá embaixo, é muito alto e seu
corpo está nas pedras. Elas
realmente o mataram.
Eu e Brittany continuamos
em choque com a situação. Carmen
e Sofia fazem algo no carro de
Henry. Sofia entra no carro de
Ingrid e começa a dirigir. Carmen
entra no carro ao meu lado.
— Calma, eu já salvei
vocês. — Carmen diz.
Brittany coloca a arma na
cabeça de Carmen.
— O que querem com isso?
— pergunto.
— Nós iremos explicar
tudo. Tenha calma. Primeiro
precisamos sair da cena do crime.
Carmen para o carro na
estrada. Desce e vai até o local
onde os carros estavam parados.
Ela começa a passar a mão no chão,
como se apagasse as marcas de
pneu e sapatos. Carmen dá uma
última olhada em seu trabalho.
Volta para o carro e acelera em
direção à cidade.
Permanecemos em silêncio.
Carmen não diz uma palavra. O
carro de Ingrid está logo à frente
sendo dirigido por Sofia.
Paramos depois de algum
tempo. Estamos no meio da estrada.
Carmen desce do carro.
— O que está acontecendo?
— Brittany pergunta, quando
saímos do carro. — Por que
mataram Henry?
— Abaixe essa arma,
ninguém está com armas aqui! —
Sofia diz com o tom arrogante que
sempre teve.
— Nós iremos explicar, não
temos motivos, mas falaremos com
vocês. — Carmen fala calmamente.
— Henry nos traiu, nós o matamos.
— O que ele fez de tão
ruim? — pergunto.
— Não repassou o dinheiro
e disse que estávamos sendo
investigados, por isso a produção
da metanfetamina tinha parado, ele
também sequestrou o bebê. — Sofia
sorri para Drew.
— E vocês foram boazinhas
e salvaram Drew? — pergunto.
Elas nunca fariam isso a troco de
nada.
— Eu fui atrás de você. —
Sofia diz. — Eu te liguei para
avisar, mas você não me ouviu.
— Você correu!
— Henry tinha colocado
homens na sua cola, ia te contar,
mas vi que um deles estava por
perto. Antes que ele me visse, eu
corri. Te liguei para te alertar, mas
você não me escutava.
— Por que tentou me
ajudar?
— Eu sabia que Henry não
tinha esquecido tudo o que vocês
fizeram, eles assaltaram a casa de
vocês, pensei que aquilo estava
bom para eles, você estava com um
bilionário, conseguiria tudo
rapidamente. Henry nunca mais
falou de você, até que algumas
semanas atrás eu escutei ele falando
sobre a venda de um bebê, não
sabia sobre isso, ele não me contou
nada. Escutei que era o filho de
Jessica. Não sabia do seu
paradeiro, fui à empresa e falaram
que você não trabalhava mais.
Escutei eles falando que iriam te
seguir, eu fui atrás e descobri que
tinha voltado a trabalhar naquele
lugar.
— Isso ainda não faz
sentido. — Brittany diz.
— Nada fazia sentido. —
Sofia continua. — Henry estava
cada vez mais distante, ele veio
para cá e nem nos avisou, sabíamos
que estava acontecendo algo. O
seguimos e vimos o bebê. Armamos
tudo. Carmen pegaria o bebê, eu
entraria no carro de Henry, ele viria
atrás e nós o mataríamos para
parecer um suicídio.
— Não traficamos pessoas,
ele estava indo muito longe. —
Carmen fala.
— Vocês iam vender
Jessica e a mim!
— Nós não íamos vender
vocês! — Sofia grita. — Era tudo
um plano. Pegaríamos o dinheiro da
venda, levaríamos as duas para
Juan e depois eu e Carmen
fugiríamos para bem longe. Depois
da festa Jessica voltaria e iriamos
arrumá-la para o seu comprador,
mas, na verdade, estaríamos
fugindo. Henry sempre confiou em
mim e Carmen, fugiríamos e
ninguém nos encontraria.
— Isso não está fazendo
sentido! — grito. Drew se assusta
um pouco. — Vocês nunca foram
boas!
— E nunca seremos, mas
também não somos cruéis a ponto
de tirar o filho de uma pessoa!
— Mas podem deixar duas
garotas quase serem estupradas! —
Brittany rosna.
— Nunca deixamos que isso
acontecesse. — Carmen encara
Brittany com o olhar furioso. —
Sempre estávamos por perto, vocês
nunca foram estupradas.
— Mas me levava para
fazer programa.
— Nós te levávamos
porque sabíamos que você iria lutar
contra eles, eles nunca
conseguiriam nada com você. —
Carmen diz como se fosse uma
coisa normal. — Henry nos
obrigava a isso, ele e José. Se não
te levássemos, eles nos matariam,
eles poderiam fazer isso. Sempre
ficávamos na porta, se algo de ruim
acontecesse, nós entraríamos e te
salvaríamos. — olha para Brittany.
— Você sabe que nós fizemos isso.
— Foram vocês? —
Brittany pergunta.
— Sim. — Sofia responde.
— Fui eu quem matou David,
aquele homem que estava em cima
de você. Sempre íamos com
máscaras e com armas, caso algo
acontecesse, nós te defenderíamos.
Minha dor de cabeça está
insuportável. O dia foi longo e
agora elas falam tudo isso, está
muito confuso.
— Então vocês não queriam
que...
— Não. — Sofia não deixa
Brittany falar. — Só fizemos aquilo
porque José e Henry nos matariam
e sempre estávamos preparadas do
lado de fora. José era bom no
início, mas percebi o interesse dele
em vocês.
— Você nos salvou? —
pergunto confusa.
— Não somos boas
pessoas. Não nascemos para ser
mãe ou cuidar de pessoas. Não
pense que fizemos isso para pedir
perdão a vocês e sermos uma
família feliz. Eu batia em vocês,
batia porque nunca tive paciência
com criança e nunca terei. —
Carmen diz com seriedade. — Mas
Henry nos traiu e ia sequestrar o
bebê sem ao menos contar, não
mexo com crianças.
— E a minha irmã gêmea?
Óbvio que vocês a venderam. —
falo.
— Vendemos? — Sofia fica
confusa. — Ela morreu no parto.
— Ela não morreu no parto!
— Brittany grita. — Ela é a mulher
de Charlie!
— Quem é Charlie? —
Carmen pergunta.
— O filho de Henry. —
respondo.
— Henry não tem filhos! —
Sofia diz. — Vocês estão loucas!
— Ele tem filho, se chama
Charlie e é o braço direito dele.
Sua outra filha a gêmea de Jessica,
está com ele.
— Eu vi o bebê morto! —
Sofia grita.
— Henry deve ter trocado.
— Carmen diz. — Pegou o bebê
vivo e trocou pelo morto. Pagou
uma quantia aos médicos e fez a
troca.
— Eu não acredito que ele
fez tudo isso. — Sofia bate no
carro. — Ele dividiu o grupo,
certamente esse tal de Charlie ficou
com toda a quantia.
Claro que ela não se
preocuparia com o bebê trocado.
— Eu vou atrás desse
Charlie e vou fazer com que ele me
pague por tudo. — Carmen diz
como uma promessa carregada com
ameaça. — Ele me pagará cada
valor que foi desviado.
— E Henry? Vocês o
mataram e agora os outros se
vingarão. — falo.
— Não vão. — Sofia diz.
— Nós mataremos Charlie antes
disso. Ele nos roubou. Henry já está
sumido por um longo tempo,
deixamos uma carta de suicídio no
carro. Caso o encontrem, será
levantado à hipótese de suicídio.
— E os comparsas? —
Brittany pergunta.
— Eles não estavam lá.
Eles entregaram o bebê e foram
embora. Sabíamos que era o seu
filho, era o único bebê que ele
poderia pegar.
— Agora vão embora! —
Carmen ordena. — Devolvemos o
seu filho, agora nós iremos atrás de
Charlie para pegar tudo o que ele
nos deve. — as duas entram no
carro e vão embora.
— Vamos sair daqui. — eu
e Brittany entramos no carro de
Ingrid.
— O que foi isso? —
abraço Drew. — Elas nos
ajudaram.
— Elas mataram um homem
para eu não ser estuprada, a sua
irmã foi roubada na maternidade,
ela iria nos levar para Juan e nunca
seríamos vendidas.
— José e Henry as
ameaçavam, elas nunca souberam
de Charlie e foram traídas por
Henry. — encosto a minha cabeça
na janela. — Isso é muito para a
minha cabeça. Você nunca
desconfiou que foram elas que
mataram o homem?
— Não. — responde. —
Quer dizer, por um momento eu
pensei nessa possibilidade, mas
elas nunca foram boas. Sofia tinha
sumido naquela noite e voltei para
casa com Carmen, mas eu nunca
pensei nisso.
— Espera um pouco, o
nome dele era David?
— Acho que foi isso que
elas falaram.
— Christopher perguntou
sobre um David, se eu o conhecia.
Elas mataram David! — agora faz
sentido. — Eles pensam que foi
você quem o matou, talvez seja por
isso que estamos sendo
perseguidas. David foi alguém
muito importante.
— Quem é David? Elas não
pareciam saber desse vínculo tão
forte.
— Alguém muito importante
nessa equipe. Tão importante ao
ponto de Sofia e Carmen não
saberem sobre nada. Eles não estão
atrás do dinheiro que roubamos,
eles querem a vingança pela morte
de David, o homem que tentou te
estuprar.
Capítulo 21
Jessica
— Oh meu Deus! — Ingrid
corre em minha direção e abraça
Drew. — Como vocês o pegaram
de volta?
— Carmen e Sofia
devolveram. — Brittany responde.
— Elas marcaram de nos encontrar
e devolver Drew.
— E se fosse uma
emboscada? Eu já ia mandar os
seguranças irem atrás de vocês. —
Ingrid está furiosa. — Poderíamos
ficar sem Drew e as duas.
— Mas estamos aqui. —
falo. — Conseguimos trazer Drew
de volta.
— Elas devolveram assim
sem tentar nada contra vocês?
— Podemos ir para um
local reservado? — pergunto. Olho
em volta, algumas pessoas estão
observando discretamente. Com
certeza elas sabem sobre o
sequestro. — Precisamos de
privacidade.
Vamos em direção ao quarto
onde Vicent está. Ele brinca com
Dulce.
— Ele está a salvo! —
Vicent grita. Sente uma dor e para
um pouco.
— Sim. — vou até ele e dou
um abraço. — Obrigada por tudo.
— Não agradeça. —
retribui o abraço. — Eu faria de
tudo por vocês.
— Até levar um tiro. —
Brittany pega Dulce no colo. —
Temos que agradecer por você
passar por tudo e, mesmo assim,
não nos abandonar.
— Eu já falei que nunca
abandonaria vocês. Vocês são a
minha família.
— Dói muito? — pergunto.
Vicent foi baleado no abdômen,
mas, como estávamos no hospital,
conseguiram salvá-lo rapidamente.
— Dói. — responde. — Na
verdade eu pensei que fosse morrer,
estava quase impossível respirar
com a dor.
— Eu serei eternamente
grata por isso. — começo a chorar
quando penso nisso e em
Christopher.
O que Christopher está
fazendo nesse momento?
— Não chore, Drew está
aqui conosco. Por falar nisso, como
o encontraram?
— Eu também gostaria de
saber. — Ingrid se aproxima. — Eu
já estava indo colocar alguns
homens atrás de vocês.
— Carmen e Sofia nos
entregaram. — Brittany começa a
contar. — A história é muito
confusa. Parece que Henry dividiu
a gangue. Elas não conheciam
Charlie, não sabiam sobre o
sequestro do bebê e estavam sendo
roubadas. Elas não são a favor de
tráfico humano e devolveram Drew,
agora elas estão indo se vingar de
Charlie.
— Eu não entendo nada. —
Ingrid murmura. — Christopher me
contou um pouco sobre elas, por
que ajudaram?
— Aparentemente elas não
queriam que Drew fosse vendido e
isso fez com que elas armassem
uma emboscada contra Henry. —
Drew começa a se esticar querendo
entregar o brinquedo a Dulce.
Aproximo os dois. — Elas o
mataram.
— Quê? — Ingrid e Vicent
perguntam no mesmo momento.
— Elas fizeram com que
parecesse um suicídio. — explico.
— Ele caiu de um precipício.
Parece que ele estava sumido há um
bom tempo, então o suicídio vai
convencer as autoridades.
— Quem diria que essas
duas salvariam uma vida. — Vicent
coloca a mão em seu abdômen. —
Isso não muda o que acho delas.
— Elas confirmaram, eu
tenho uma irmã gêmea. Henry fez
parecer que ela tinha morrido.
— Uau! Essa história só
piora. — Vicent faz cara de dor. —
Então a garota conviveu com
Henry?
— E é mulher de Charlie.
— completo. — Eles devem estar
atrás de nós por um motivo: David.
Sofia matou esse cara porque ele
tentou estuprar Brittany. Acho que
eles pensam que Britt é a culpada.
— Quem é David? — Ingrid
pergunta. — Algum tipo de líder?
— Na época disseram que
ele era usuário de drogas e morreu
por estar devendo, não sabia nada
sobre ser líder de algo. — Brittany
explica. — Na verdade, nem
sabemos se David é o motivo de
tudo isso.
— Christopher perguntou se
conheço um David, é muito
estranho. Quando ele chegar,
saberemos melhor sobre isso.
A porta abre e um médico
entra.
— Com licença. — diz.
Percebo um sorriso dirigido a
Vicent. — Preciso fazer alguns
exames para checar se está tudo
bem.
— Meninas, podem ir, eu
ficarei bem. — Vicent diz com um
sorriso e pisca um olho.
— Acho que Vicent
encontrou alguém. — Brittany diz
quando saímos. — Ele é lindo!
Nem reparei muito no
médico, só vi o seu sorriso enorme
dirigido a Vicent, algo impossível
de não ser notado.
— Acho que o médico
também gostou dele. — Ingrid
sorri. — Essa é a terceira vez que
ele vai verifica-lo.
— Seria fofo, já quero os
dois juntos. — Brittany faz uma voz
idiota. — Assim como vocês dois,
não é? — fala com Drew e Dulce.
— Eu também acho esses
dois fofos. — Ingrid aperta a
bochecha de Drew.
— Desculpa por isso. —
aponto para o seu braço com
arranhões. — Eu não queria te
machucar.
— Eu entendo, teria feito o
mesmo, mas nós sabemos que você
não estaria aqui se tivesse ido atrás
daquele carro.
— Obrigada. — nos
abraçamos.
— Nada de ruim vai
acontecer com eles. Daqui a pouco
todos estarão aqui.

Já passa da meia noite, nada


de notícias deles. O meu pânico só
aumenta. O que aconteceu com
todos eles?
Ando de um lado para o
outro.
— Pare um pouco, eles
devem estar planejando o ataque.
— Vicent diz com impaciência.
Brittany e Ingrid foram
comer alguma coisa. A direção do
hospital não reclamou pela
quantidade de pessoas no quarto.
Eu já tomei um calmante
devido ao meu nervosismo e
ansiedade, não adiantou muita
coisa, o efeito passou e tudo voltou.
— Eu não consigo. — falo.
— Eles ainda não voltaram e nem
ligaram.
— Pensamentos positivos,
ok? Daqui a pouco Christopher
entra aí te abraçando e gritando ''eu
te amo''!
A positividade de Vicent
não resolve em nada!
— Está uma confusão aí
fora! — Brittany entra no quarto
correndo, Dulce está quase
chorando. — Parece que aconteceu
uma explosão em algum local,
muitos morreram.
— Você acha...
— Que foram eles. —
Brittany me interrompe. — Eu acho
que Juan e os outros colocaram os
explosivos. Vamos torcer para que
os mortos sejam os inimigos.

Christopher
Quase meia noite. Estamos
há horas procurando uma solução
para o que iremos fazer. Os homens
que sequestraram Drew chegaram,
mas nem sinal do meu filho. Se
atacarmos morreremos, são muitos
contra nós. Os explosivos já estão
prontos para o uso. Só falta a
permissão de Juan, mas eu o
entendo.
A gêmea de Jessica está aí
dentro, se explodirmos ela também
morre. Apesar de Juan não a
conhecer, é difícil fazer isso com a
própria filha. É um dilema. Se não
explodirmos ela vive, mas todos
continuarão correndo perigo,
podemos invadir, mas sei que não
voltaremos para casa e Drew
continuará desaparecido. Se
explodirmos, nossos problemas
estarão resolvidos, poderemos
viver em paz, mas a filha de Juan
morre.
Confesso que, se
dependesse de mim, eu já teria
explodido tudo. Não conheço a
gêmea de Jessica, mas sei que ela
armou contra a irmã, ela merece
esse fim. Sou pai, sei o que Juan
está em um momento difícil, mas, se
continuarmos aqui, seremos
descobertos e adeus para tudo.
Deve ter mais de 20 homens
dentro desse galpão, parece que
algumas mulheres estão presentes.
Somos apenas uns 10, não
queremos causar uma enorme
guerra. Os explosivos serão
suficientes. Estamos muito distantes
do local, os outros homens
colocaram os explosivos pela noite
sem serem notados. Assim que Juan
autorizar, tudo vai explodir, então
procurarei Henry e levarei Drew
para casa.
— Pode acionar. — Juan
fala por um rádio.
— Já colocaremos para
contar os minutos. — o homem do
outro lado da linha responde.
Os minutos seguem.
Ninguém fala nada. Juan está com o
olhar distante e triste. Essa deve ser
a pior decisão que ele já tomou na
vida.
Depois de alguns instantes,
os dois homens aparecem de dentro
da mata, ambos correndo. Entram
no carro e damos a partida, ficamos
mais distantes ainda. O barulho de
uma grande explosão é ouvido. O
fogo sobe e sabemos, esse foi o fim
de todos os nossos problemas.
Não aconteceu como eu
imaginava. Queria que eles
sofressem antes, eu torturaria um
por um, mas aconteceu da forma
mais rápida e prática.
Juan começa a dirigir.
Continuamos em silêncio. Se fosse
em outra ocasião haveria
comemoração, mas não podemos
fazer isso. A filha de Juan morreu,
mesmo não a conhecendo, ela era a
sua filha.
— O que faremos agora? —
Juan pergunta, quebrando o silêncio
dentro do carro.
— Ainda sem informações
sobre Henry? — pergunto.
— O celular não tinha sinal,
só quando chegarmos à cidade para
saber.
O silêncio continua até
chegarmos à entrada da cidade.
Paramos o carro em uma construção
abandonada. Vários carros dos
bombeiros, polícias e ambulâncias
estão saindo da cidade. A explosão
foi muito forte, daqui dá para ver a
fumaça e o fogo.
Saímos do carro e
esperamos a movimentação acabar.
— Eu vou falar com o
xerife. — Ron informa. — Eles
tinham a produção de
metanfetamina, acredito que não
haverá uma grande investigação
sobre o caso.
— Vocês nunca souberam
disso? — Juan pergunta.
— Na cidade não entra
drogas. — Ron responde. — E essa
fábrica fica muito bem escondida e
é longe daqui.
— Eu ainda não entendi
isso. — falo. — Essa fábrica
apareceu justamente quando Jessica
veio para cá.
— Talvez eles tenham feito
isso quando souberam do paradeiro
de Jessica. — Matt, como sempre,
fazendo suposições. — Eles tinham
o rastreador há um bom tempo,
seguiram e resolveram instalar a
produção por aqui.
— Agora tudo está acabado.
— Juan entra no carro. — Essa
parte não importa mais, só temos
que encontrar o meu neto.
Entro no carro.
— Eu sei que é difícil, mas
acho que foi o mais correto. —
falo. Juan não vai conversar sobre
o que esta sentindo.
— Eu sempre considerei
Jessica a minha filha. Eu sempre
amei Britt e a Jess, nunca as levei
para morar comigo devido ao
cartel, esse não era o ambiente para
duas crianças, mas eu sempre me
preocupei com elas. Não sou um
exemplo de pai, estou bem longe
disso, mas o que eu fiz... — balança
a cabeça. — Foi errado, ou correto,
ainda não sei. Eu salvei as minhas
duas filhas e perdi uma, ela morreu
por minha culpa. Ela pode ter sido
uma pessoa ruim, mesmo assim...
Nada justificará o meu erro.
— Se não...
— Não fale nada. — me
interrompe. — Eu vou conseguir
sobreviver com a culpa, não
preciso de palavras de conforto,
não adiantará. Agora precisamos
encontrar o meu neto.
Ron abre a porta do carro.
— Ingrid ligou. — sorri. —
Drew já está com Jessica.
— Como? — pergunto.
— Ela não contou muita
coisa, mas o importante é que ele
está bem.
Meu filho está a salvo!
Lágrimas descem
incontrolavelmente, mas, dessa vez,
é de felicidade. Agradeço por tudo
estar bem e por esse pesadelo ter
terminado.
Ron me puxa para um
abraço.
— Agora é a hora de você
voltar para a sua família.

Chego a casa. Ingrid chora


ao me ver e avisa que Jessica está
no quarto. Elas tiveram que sair do
hospital, aquilo só estava deixando
Jessica mais nervosa.
Subo as escadas e encontro
Jessica andando de um lado para o
outro com Drew nos braços. Ela
ainda não me viu. Fico um tempo
admirando a mulher e mãe que
tenho ao meu lado. Ela amadureceu
muito durante esse tempo. Se eu já
a amava antes, agora eu amo ainda
mais.
— Chris. — ela corre em
minha direção com Drew nos
braços. Nos abraçamos bem
apertado. — Eu estava com tanto
medo. — chora. — Eu pensei que
você estava ferido ou...
— Eu estou aqui. — abraço
com mais força e beijo Drew. —
Não será tão fácil me perder.
Seguro o seu rosto e encosto
as nossas bocas. Ela abre
rapidamente dando passagem a
minha língua. Ficamos um tempo no
nosso beijo, matando a saudade um
do outro, até que Drew começa a se
mexer.
— Eu te amo. — Jessica
diz.
— Eu te amo mais que tudo.
— Drew estica os braços em minha
direção. — Eu também amo muito
você. — carrego Drew e o aperto
em meus braços. — Senti muito a
sua falta.
— O que aconteceu?
— Todos morreram. —
respondo. — Ingrid falou algo
sobre Henry morrer e Carmen e
Sofia ajudarem.
— Carmen e Sofia me
entregaram Drew. — Jessica
começa a contar.
A história é maluca e
confusa, se Drew não estivesse em
meus braços, eu falaria que Jessica
estava sonhando. Uma vez na vida,
Carmen e Sofia fizeram algo
correto.
— Charlie estava atrás de
nós porque Sofia matou David que
era filho de Henry? — confirmo.
— Ele tentou estuprar Brittany e
Sofia o matou.
— Nossos problemas foram
resolvidos. — abraço Jessica e dou
um beijo em sua testa.
— Finalmente seremos uma
família?
— Eu só preciso te pedir
uma coisa. — olho em seus olhos.
— Eu preciso resolver alguns
problemas, estarei viajando pela
manhã.
— Que problemas? — ela
fica preocupada.
— Eu cometi alguns erros
no passado, agora preciso consertá-
los. Confie em mim, depois disso
seremos uma família, eu prometo.
Capítulo 22
Christopher
Acordei cedo para resolver
todos os problemas. Jessica ainda
estava dormindo, o que foi muito
bom, assim não tinha que dar
explicações. Matt concordou em me
acompanhar. Primeiro vamos fazer
uma visita a Alejandro.
— O advogado não
conseguiu nada. — Matt diz. —
Alejandro não quer se defender das
acusações.
— Ele ainda não sabe da
morte de Henry e Charlie, talvez
isso tenha sido o motivo. Ele está
sendo chantageado, sabemos disso,
só precisamos saber por quem.
Uma mulher o acusou de
estupro, infelizmente as provas
estão contra Alejandro.
Meu celular toca. Recebo a
mensagem com o endereço de
Rebecca Gomez.
— O endereço é longe
daqui. — falo. — Acho que vai
demorar um pouco para fazermos
tudo.
— Mas vai valer a pena. —
Matt ri. — Não vejo a hora de
encontrar com o seu pai. O meu
também poderia estar envolvido.
— Quem sabe um dia você
encontre algo. Ainda está te
pressionando?
— Sim, mas não farei nada.
— Vou procurar uma loja
para Jessica. Ingrid me deu essa
ideia e eu gostei, vamos ver se ela
aceitará.
Depois de alguns minutos,
chegamos ao local onde Alejandro
está preso.
— Eu nunca entrei em uma
penitenciaria. — Matt olha tudo ao
redor.
— Ficaríamos o resto da
vida aqui, pagando por tudo o que
fizemos.
— Nós deveríamos ganhar
uma recompensa por tudo o que
fizemos.
Entramos no local e somos
revistados por alguns guardas que
nos levam até uma sala para
conversar com Alejandro.
Instantes depois, ele
aparece.
— Conseguiram? — é a
primeira coisa que ele pergunta.
— Sim. — respondo. — Já
está tudo normal.
— Por que fez isso? —
Matt pergunta. — Você se preocupa
com Brittany e a sua filha, fale a
verdade e volte para elas.
— Elas estão bem? —
pergunta.
— Estão bem, mas precisam
de você. — vou a sua direção. —
Fale a verdade, volte para a sua
família.
Ele se afasta, vai até a porta
e bate chamando o guarda.
— Já posso voltar. — diz
ao guarda.
— Alejandro! — chamo.
— Apenas cuide da sua
família. — diz, sem olhar em minha
direção.
O guarda nos leva até a
saída.
— Não era Henry o
ameaçando. — Matt começa a
dirigir o carro. — Quem mais pode
ser?
— Já pensou que Dulce foi
entregue do nada? A mãe dela
chegou e a entregou.
— Você acha que ela tem
algo com isso?
— Talvez não. Talvez seja
alguma ameaça, mas não podemos
esquecer que o rastreador estava no
urso de Dulce. Ou mãe de Dulce
colocou ou colocaram sem que ela
visse.
— Sabe o nome dela?
— Algo como Brianna? —
tento lembrar. — Eu não sei, ele
nunca falou muito dela.
— Também teremos que
descobrir isso. Agora, vamos até o
banco pegar o DVD e depois vamos
atrás de Rebecca e torcer para que
ela te escute.
Chegamos à casa de
Rebecca. O local é a área mais
pobre da cidade.
— Podemos oferecer uma
vida confortável a ela, caso ela
queira contar.
— Eu vou fazer isso de
qualquer maneira. — falo. — Ela
não merecia tudo o que meu pai fez,
na verdade, ninguém merece.
— Estou orgulhoso de você.
Você está fazendo o certo, mesmo
perdendo tudo.
— Eu quase perdi o meu
filho e a minha mulher, o dinheiro
não me importa. Eu fui um homem
ruim por causa dele, está na hora de
começar a mudar.
Vou até a casa e bato na
porta. Uma senhora atende.
— Bom dia. — falo com um
sorriso. — Preciso falar com
Rebecca.
— Quem é você? — um
homem pergunta.
— Eu sou Christopher e ele
é Matthew, precisamos falar com
Rebecca.
— Eu sou o irmão dela,
então pode ser comigo.
Ele não vai me deixar falar,
preciso contar o assunto.
— Eu sou Christopher
Dalgliesh. — percebo a raiva
quando ele escuta o meu
sobrenome. — Por favor, me
escute.
— Escutar? A minha irmã
sofre por culpa da sua família!
— Eu sei como isso é
difícil...
— Sabe? Você não passa de
um riquinho mimado e filho de um
estuprador, minha irmã só tinha 16
anos! Você não sabe nada sobre o
seu sofrimento.
— Eu sei muito bem sobre
isso, eu convivo com isso! Estou
aqui para ajudar a sua irmã, eu
quero denunciar o homem que a
estuprou, preciso do testemunho
dela.
— Por que prender o seu
próprio pai?
— Por que ele precisa
pagar por todos os seus crimes. Te
garanto que a testemunha da sua
irmã vai ajudar a deixa-lo mais
tempo preso e destruir o império
que ele construiu.
— Você quer nos ajudar?
— Eu quero acabar com a
felicidade do meu pai!
O irmão de Rebecca nos
leva para dentro de sua pequena
casa. Ele foi conversar com a sua
irmã primeiro e perguntar se ela
aceita falar sobre o passado.
— Meu irmão disse que
você quer denunciar seu pai. —
Rebecca aparece.
Ela é muito magra e tem a
aparência um pouco sofrida. Não
lembro muito dela na empresa do
meu pai, somente no vídeo. Passou
quase 14 anos, aposto que as
lembranças daquele dia não saíram
de sua mente.
— Eu quero fazer justiça.
— falo.
— Depois de tantos anos?
— Ele precisa pagar por
tudo. — respiro fundo. — Eu tenho
todas as provas, eu posso mostrar e
ele será preso na mesma hora.
— Você tem provas?
Vídeos? Por que nunca contou
nada? Você tem noção de como é
difícil? Eu fui estuprada com
apenas 16 anos, seu pai me
ameaçou, espancou meu pai que já
estava muito velho e depois me
demitiu. — começa a chorar. —
Você tinha todas as provas e não fez
nada?
— Eu não era como meu
pai, mas coloquei o dinheiro na
frente.
— Então é tudo uma
chantagem? Você consegue o meu
testemunho e arranca mais dinheiro
do seu pai?
— Não! — me acalmo um
pouco. — Estou mudando porque
conheci uma garota, ela sofreu
quase a mesma coisa que você.
Coloquei o dinheiro à frente, mas
quando soube tudo o que ela
passou, eu percebi o quanto fui um
homem ruim. Eu estou tentando
fazer justiça, quero que meu pai
pague por tudo. Ele matou o homem
que minha mãe amou. Não, ele não
matou porque amava a minha mãe,
ele matou para o caminho ficar
livre e ele ficar com o dinheiro
dela.
Rebecca vai se acalmando
aos poucos, por isso continuo.
— Eu coloquei uma câmera
na sala dele, consegui todas essas
provas. — continuo. — Ele
confessa tudo em algumas reuniões
com alguns ''amigos''. Eu não o
denunciei no passado, e hoje me
odeio por isso. Odeio porque eu fui
culpado também. Eu encobri todo o
crime, eu sei como isso dói. A
mulher que eu amo vai sofrer com
essa dor pelo resto da vida.
— Eu tinha 15 anos. —
Rebecca começa a falar. — Meu
pai estava pintando o prédio onde
seu pai trabalha, ele conseguiu um
emprego para mim, eu serviria o
café. Eu estava muito feliz para o
meu primeiro dia, ganharia pouco,
mas já poderia ajudar em casa. Seu
pai me olhava de uma maneira
estranha, mas eu não importava
muito com isso, ele nunca nem ao
menos encostou em mim. No meu
aniversário de 16 anos, ele passou
na cozinha, me deu os parabéns.
Estranhei tudo o que acontecia, por
que um homem como ele lembraria
o aniversário da garota do café?
Um soluço escapa. Seu
irmão se aproxima, mas ela o
afasta.
— Ele pediu para entregar o
café em sua sala, eu fui
normalmente. Quando eu cheguei
ele levantou, pediu para que eu
colocasse o café em sua mesa,
enquanto estava fazendo isso, ele
estava indo trancar a porta, eu não
vi aquilo. Quando me virei, ele já
estava me atacando.
— Não precisa continuar.
— falo. Eu vi a cena, sempre vejo
a cena quando eu durmo. A culpa
sempre me corrói.
— Ele me humilhou e
depois ameaçou o meu pai e
cumpriu. Ele foi espancado, quase
morreu e eu fui demitida, minha
situação ficou cada vez pior.
— Eu não tenho palavras
suficientes para te consolar e acho
que nunca terei, mas eu quero a
justiça. Meu pai pode ficar preso
pelo resto da vida, foram muitos
crimes. Eu quero que ele pague por
tudo.
— Isso é realmente
verdade? — vejo a esperança em
seus olhos.
— A mais pura verdade.
Estou tentado mudar, preciso dessa
paz de espírito. Não se preocupem.
Eu sei que vocês são do México,
comprei uma casa para vocês e sua
família, também darei uma boa
quantia...
— Eu não quero o dinheiro.
— Rebecca me interrompe. — Eu
só quero que o seu pai pague por
tudo.
— Ele pagará, eu garanto.
Saímos da delegacia depois
de entregar todas as provas. O
delegado vai pedir a prisão
preventiva do meu pai. Todos os
vídeos, fotos e documentos foram
fundamentais para reforçar a prova
dos crimes que meu pai cometeu.
O delegado perguntou como
tínhamos todas essas provas.
Inventei uma mentira junto com
Rebecca, falamos que ela veio a
minha procura, querendo justiça
para o seu caso. Eu fiquei
indignado e fui atrás das imagens
mais antigas da empresa, e, por
sorte, consegui encontra-las em
perfeito estado. Acho que o
delegado aceitou essa resposta,
afinal, a vítima estava ao meu lado.
Pedi para que um dos
homens de Stephen acompanhasse
Rebecca até a sua casa. Ela ficou
muito feliz pela justiça estar sendo
feita e eu fiquei feliz em ter feito
isso.
— Agora, vamos para a
melhor parte, contar a novidade
para o seu pai.
A recepcionista me deixou
subir até o apartamento da família
Dalgliesh sem nenhum problema.
A governanta da casa me
atende.
— Onde o seu patrão está?
— pergunto.
— Ele está na sala.
Passo por ela e vou até a
sala. Encontro todos reunidos.
Meus dois irmãos, o patriarca da
família, a vadia da casa e Anna.
— O que você faz aqui? —
o homem que acabei de denunciar
pergunta. — Você não tem o direito
de aparecer aqui! Como pôde
vender tudo? Você quase faliu a
empresa e depois vendeu todos os
seus negócios com o valor baixo?
Eu sempre soube que você era um
incompetente, tão incompetente que
saiu atrás daquela vagabunda latina
e deixou tudo para trás. Não foi
homem o suficiente e resolveu
vender tudo para se livrar da
bomba.
Ele grita como um louco. Os
outros sorriem.
— É engraçado você dizer
isso. — aponto a televisão, Matt
vai até lá e começa a colocar o
DVD. — Você humilhou Jessica
pela sua cor, mas você gosta muito
da pele morena.
— Do que você está
falando? — Hillary pergunta.
— Estamos falando disso.
— Matt liga a TV.
O filme de Christopher
Dalgliesh estuprando uma pobre
criança aparece na tela, claro que
eu não vou colocar a pior cena para
ser mostrada.
— O que é isso? — ouço o
choque na voz de Hillary.
— Isso é o seu marido
estuprando uma menina de 16 anos.
— olho para ele. — Eu nunca
destruí a fita, eu guardei porque
sabia que um dia precisaria. Sabe
por que vendi a minha empresa? Eu
a construí com dinheiro sujo, o seu
dinheiro, o dinheiro da chantagem
de um estupro e de um assassinato.
Pois é, eu também tenho as
gravações onde você conversa
sobre a morte de Joel, o amor da
minha mãe. Eu perdi a minha
empresa, mas você perderá tudo. —
ele me olha com raiva. — Você
perderá a sua liberdade.
Olho para Anna. Ela tem um
olhar enojado dirigido à tela.
— Se eu fosse você, eu iria
embora. — falo com ela. — Esse
cara. — aponto para o meu irmão
mais velho. — Com certeza se
separou da mulher para casar com
você e pegar a sua herança, mas te
garanto que ninguém mais vai
querer ter negócios com a família
Dalgliesh, o nosso nome está na
lama.
Meu pai vem em minha
direção e aperta o meu pescoço.
Matt o empurra para longe.
— Vai matar o seu filho? —
pergunto. — Já não basta matar o
namorado da sua ex-mulher?
— Além de estuprador ele é
assassino? — Anna fala com nojo.
— Eu estou fora dessa família.
Anna levanta e sai do
apartamento.
— O que quer com isso? —
ele pergunta.
— Justiça. Quero que você
pague por todos os seus crimes.
— Isso vai arruinar a sua
vida.
— Isso só está me fazendo
sentir melhor, agora eu me sinto
bem comigo mesmo. Vocês
perderão muito com isso, espero
que cheguem a falência, ninguém
vai querer fazer qualquer tipo de
acordo com vocês.
— Eu testemunho a favor do
meu marido! — Hillary grita.
— Obrigado. — meu pai
agradece, com a cara cínica.
— Não adianta. — sorrio.
— A polícia já está vindo até aqui.
Eu tenho provas o suficiente.
— Você me traiu! — ele
grita.
Matt retira o DVD e saímos
do apartamento, antes que alguma
merda aconteça.
Assim que saímos,
encontramos a polícia entrando no
elevador.
— Chame a imprensa. —
falo com Matt. — Quero que todos
saibam sobre isso, o império dele
tem que ser arruinado.
— Como se sente?
— No momento ainda me
sinto incompleto, mas isso vai
mudar.

Estamos indo em direção à


clínica psiquiátrica onde Whitney
está presa.
— O que faremos com ela?
— Matt pergunta.
— Vou libertá-la. Ela é bem
lucida, não merece ficar trancada
nesse lugar. Falei com Ingrid, ela
disse que vai ajuda-la nesse
processo. — dou de ombros. —
Ainda não resolvi isso, só quero
tirá-la desse lugar.
Descemos do carro. Taylor
e James nos esperam do lado de
fora.
— Ela está muito feliz. —
Taylor nos informa. — Não vê a
hora de sair daqui.
— Alguma informação
sobre Camille? — pergunto.
— Nada. — James
responde. — Ela perguntou sobre
os filhos, ficou triste, mas tem
esperança que os encontraremos.
Whitney aparece na porta. O
seu estado está melhor do que no
dia em que a vi.
— Obrigada. — ela me
abraça. — Obrigada por me
libertar desse lugar.
— De nada. — retribuo o
abraço.
— E Henry, Charlie,
David?
— Não existem mais. — ela
sorri com a resposta.
— Obrigada por tudo. —
ela começa a chorar. — Nada dos
meus outros filhos? — nego. —
Obrigada mesmo assim.
— Continuaremos
procurando.
— Serei eternamente grata
por isso. — ela olha para os lados,
está um pouco desnorteada.
— Eu sei que você não tem
ninguém na vida. — falo. — Por
isso eu tenho uma proposta para te
fazer.
— Qual? — seus olhos
brilham.
— Tem uma pequena
cidade, você pode morar em um
apartamento que tenho por lá e
posso procurar um trabalho para
você.
— Eu aceito. — diz. — Eu
preciso encontrar algo para fazer e
começar a viver a minha vida.
— Então vamos te ajudar
nisso. — Matt sorri para ela. — Eu
sou Matt, primo de Christopher.
— Whitney.
— Agora podemos ir, tenho
que resolver algumas coisas. —
falo.
— Algo como uma aliança?
— Matt sorri ainda mais.
— Algo como convencer o
padre a fazer o casamento o mais
rápido possível. Você sabe que não
vejo a hora de fazer Jessica a minha
mulher.
Capítulo 23
Jessica
O que será que Christopher
está fazendo? Ele simplesmente
saiu pela manhã enquanto eu estava
dormindo. Ontem ele disse que
precisava resolver algum erro do
passado ou algo assim. Que é erro
é esse? Ontem tentei indagar um
pouco sobre isso, mas ele sempre
mudava o assunto, falou que me
explicaria tudo hoje.
— Bom dia! — Vicent grita
quando nos vê. — O que fazem aqui
no hospital?
— Viemos te visitar, meio
óbvio. — Brittany diz com um
sorriso.
— Pensei que fossem
comemorar o acontecimento. —
Vicent estica o braço para pegar
Dulce e Drew.
— Chris foi resolver
alguma coisa. — falo.
— Chris? — Brittany
levanta a sobrancelha. — Estranho
ouvir isso vindo de você.
— Chris é um nome menor
que Christopher, economiza tempo.
— rimos. — E você? Qual é a
história com o médico?
— A história é que ele é gay
como eu e cuida de mim. — Vicent
tem um sorriso enorme. — Ele está
vindo aqui, pergunta se estou bem,
preciso de algo e está sendo um
fofo.
— Ele tem cara de ser um
homem rude. — Brittany diz. —
Você se deu bem na vida.
— Assim que eu sair daqui,
eu resolverei a nossa situação. Tem
notícias de Alejandro?
Brittany fica um pouco
triste.
— Não. — responde. —
Acredito que em breve teremos
notícias.
— E a explosão? Alguma
notícia?
— Ronald disse que os
policiais falaram que foi um
acidente. — começo a responder.
— Parece que nesse lugar tinha
muito explosivo e armas, um bom
motivo para ocorrer uma explosão.
— Ninguém desconfia?
— Não, ninguém. A cidade
não é grande, mas também não e
pequena. Ninguém desconfiou da
movimentação, mesmo se
desconfiassem, não teriam como
provar alguma coisa.
— Encontraram o corpo de
Henry. — Brittany senta na cama e
brinca com as crianças. — Suicídio
foi comprovado, mas não ligaram
uma coisa com a outra. Parece que
Henry estava desaparecido há um
bom tempo, até os seus negócios
ficaram parados. O suicídio vai
encaixar perfeitamente nesse
acidente.
Ficamos alguns minutos em
silêncio.
— Ninguém sobreviveu? —
Vicent pergunta.
— Todos morreram. —
respondo. — É quase impossível
sobreviver a uma explosão como
aquela.
— Então sua gêmea
morreu?
Eu realmente tinha
esquecido sobre ela. Se ela morreu
quem matou foi... Christopher e
Juan?
Brittany me olha, ela pensa
o mesmo que eu.
— Onde Juan está? —
pergunto a Brittany.
— Deve estar em algum
hotel ou algo assim. — responde.
— Precisamos falar com
ele.

Ligamos para Juan e ele nos


informou onde ele e seus homens
estão. Eles estão em uma casa que
pertence a Iingrid. Eu e Brittany
saímos do hospital para
conversarmos com ele.
— Como vocês estão? —
pergunta e nos dá um abraço.
Brittany não corresponde.
— Estamos bem. —
respondo. — Precisamos
conversar. Vejo que você não está
muito bem.
Juan está com a cara muito
abatida. Parece que não dormiu
muito bem e tem cheiro de cigarro e
bebidas.
— Você fede! — Brittany
diz com reprovação.
— Não me importo. — Juan
dá de ombros.
— Sabemos o motivo de
você estar assim. — começo. —
Você explodiu aquele lugar e a
minha gêmea estava lá.
— Não me lembre disso. —
abaixa a cabeça. — Essa culpa vai
me acompanhar pelo resto da vida.
— Eu não sei o que dizer
para melhorar a situação. —
murmuro.
— Nada vai melhorar a
situação. Eu fiz o que meu instinto
mandou. Eu pensei muito. Se eu não
explodisse aquele lugar, nossos
problemas continuariam e vocês
correriam perigo, mas eu explodi e
ela morreu.
— Eu sei que deve ser
difícil. — sento ao seu lado. —
Mas...
— Não precisam me
consolar, eu sobreviverei. Eu tenho
vocês quatro. — sorri para
Brittany. — As minhas filhas e
meus netos estão a salvo.
— Graças a você. —
abraço-o.
— Eu sempre te considerei
uma filha. — me abraça apertado.
— E eu sempre quis que
você fosse o meu pai. — admito. —
Tinha inveja por Britt ter você.
— Te amo e obrigada por
estar ao meu lado.
— Também te amo. — me
olha surpreso. — Não me olhe
assim, eu sempre senti isso por
você, só não conseguia falar sobre
os meus sentimentos.
— Christopher tem sorte de
ter você. Ele é um cara legal.
— Legal? Ele levou dois
tiros e uma surra por mim, ele é
mais que legal.
— Nenhum homem vai ser
tão merecedor de você.
Sorrio com sua resposta.
— Você é super protetor?
— Eu sou um gangster, nada
de moleza para os homens das
minhas filhas.
— Vai ficar bem?
— Prometo que vou tentar.
— olha para Brittany. —
Precisamos conversar.
— Não agora. — diz.
— Quando?
— Em breve.
Ok. Isso foi estranho.

O carro de Christopher está


parado na porta da casa de Ingrid.
— Finalmente chegaram. —
falo com Brittany. Ela ficou calada
o tempo todo.
Entro na casa. Christopher
está sentado no sofá junto com
Ingrid, Matt e uma senhora que me
olha surpresa.
— Jennifer? — a senhora
me abraça. — Como você está?
— Não sou Jennifer, sou
Jessica. — falo confusa.
— Eu não entendo. — a
senhora me olha um pouco cética.
— Você é Jennifer. Eu te vi algumas
poucas vezes. Você está diferente,
mas lembro de você.
— Ela é a irmã gêmea. —
Christopher diz.
— Oh! Desculpe-me. — a
senhora sorri sem graça. — Eu sou
Whitney. — estende a mão para
mim.
— Jessica. — aperto a sua
mão.
— E onde está a sua irmã?
— pergunta.
— Ela... — Christopher não
sabe o que dizer.
— Ela era uma garota muito
boa. — sua voz está triste. Ela
entendeu o que aconteceu. — Eu a
conheci quando era uma criança,
depois não a vi mais. Ela era doce
e gentil.
— Doce e gentil? —
pergunto.
— Sim. Era bem calada,
quase não falava e, quando falava,
sua voz saía bem baixinha. — sorri
como se lembrasse da situação. —
Quando eu ficava presa, ela ficava
comigo também.
— Ela era a mulher de
Charlie. — Christopher diz.
— Não acredito nisso. Eu
sei que o amor é cego, sou a prova
real disso, mas uma garota como
ela não ficaria com Charlie por
amor. Não dá para sentir amor por
ele. Eu sou a mãe e tinha medo
dele. Aquela doce garota não se
tornaria uma pessoa ruim.
Então a gêmea má não era
má?
Christopher tem um olhar
surpreso e triste.
— Não precisam dizer
nada. — Whitney sorri. — Entendo
os motivos.
— Precisamos conversar.
— Christopher fala comigo.
Subimos as escadas até um
dos quartos.
— Juan não precisa saber
sobre essa história. — coloco
Drew na cama. — Ele já está se
sentindo muito culpado, não
precisamos falar que talvez a
gêmea tivesse sido boa.
— Você está chateada? —
pergunta.
— Um pouco. Sei lá, eu
nunca a conheci, mas ela era a
minha irmã apesar de tudo e agora
ela poderia ter sido uma inocente.
Não quero pensar sobre isso.
— Preciso te falar uma
coisa. — segura a minha mão. —
Por favor, me entenda.
— Sobre os seus erros? —
confirma. — Você consertou? —
confirma. — Pode falar.
— Você sabe que eu ganhei
aquele dinheiro aos 16 anos por
causa de uma chantagem, mas não
foi apenas uma chantagem simples,
foi uma grave chantagem. Eu
coloquei câmeras no escritório do
meu pai, vi alguns de seus casos
com as secretárias e vi um estupro.
— fico surpresa com isso, mas não
falo nada. — Eu o chantageei.
Consegui um bom dinheiro para que
eu não o denunciasse.
— Você tinha todas as
provas de um estupro e não o
denunciou?
— Eu tinha as provas de um
estupro, homicídio, e lavagem de
dinheiro. Ele matou um ex-
namorado da minha mãe, ele falou
isso com um amigo. Nada justifica
o que eu fiz, mas eu só fiz aquilo
para que meu pai ficasse na minha
mão, ele pararia de falar tudo
''aquilo'' de mim e eu me tornaria
mais rico e poderoso que ele. Eu
sempre teria uma carta na manga
para tudo o que ele tentasse contra
mim. Ele queria que me casasse
com Anna, se ele insistisse mais, eu
o ameaçaria. Ele pensou que eu
tinha destruído todas as provas,
mas nunca fiz.
— Em nenhum momento
você sentiu compaixão por todas as
pessoas que sofreram?
— Alguns momentos sim,
mas em outros pensava que eu
poderia perder todo o meu dinheiro
se o denunciasse. Fui um monstro,
eu sei. Tudo começou a mudar
quando conheci a sua história e a de
Brittany, eu vi o quanto vocês
sofrem por isso. Tentei denunciar
inúmeras vezes, mas não conseguia.
O dinheiro ainda estava comando a
minha vida. Quando aconteceu toda
essa confusão, eu vi que você e
Drew estavam correndo perigo...
Eu percebi que nada será mais
importante que vocês. Eu decidi
que nenhum dinheiro do mundo
valeria a pena. Pensei em todas as
famílias que foram destruídas,
decidi denunciar o homem que um
dia chamei de pai.
— Então você o denunciou?
— Ele já foi preso, muitos
crimes. Creio que vai pegar muitos
anos, talvez nunca mais saia da
prisão, torço para que isso
aconteça.
— Eu não esperava nada
disso. — olho para o seu rosto. Ele
realmente está arrependido por
tudo.
— Eu vendi a minha
empresa.
— O quê? — pergunto em
choque.
— Eu vendi tudo. Na
verdade, Matt ajudou com a venda.
Eu não tenho mais nada relacionado
com aquelas empresas. Nunca quis
ser empresário, no inicio era legal,
mas com o tempo foi ficando chato,
não gostava daquilo. Estava cada
vez mais chato e mais estressado
por causa de uma empresa que eu
não gostava. Consegui construir
tudo com dinheiro sujo, dinheiro de
uma chantagem que envolveu várias
vidas destruídas. Pedi para que
Matt doasse uma boa quantia para
instituições de caridade. E eu meio
que paguei uma indenização a
garota que foi estuprada e a sua
família. Não sou hipócrita, não
poderia devolver tudo e ficar na
pobreza com uma mulher e um
filho, mas não sou um bilionário
como antes, quer dizer, eu já tinha
perdido muitos investimentos pela
minha falta de comprometimento.
Para resumir, estou livre da
empresa.
Minutos de silêncio.
— Então, você ainda me
ama? — pergunta.
— Na verdade, eu te amo
ainda mais. — abraço-o. — Você
errou muito, não dá para negar isso,
mas você se arrependeu e voltou
atrás, mesmo que tenha demorado
para isso acontecer. Você vendeu a
sua empresa, deixou de ser um dos
homens mais ricos do mundo para
fazer a coisa certa.
— Você tem muito a ver
com isso. — beija a minha testa. —
Se você não tivesse aparecido na
minha vida, eu continuaria sendo
aquele homem ruim.
— Eu te amo.
— Eu te amo mais que tudo.
Preciso te fazer duas perguntas.
— Pode fazer. — sentamos
na cama. Coloco Drew em meu
colo.
— Eu sempre gostei muito
dessa cidade. Eu estava pensando
em morar aqui, o que acha? Se não
quiser, procuramos outro lugar, o
que importa é ficarmos juntos.
— Eu quero morar aqui. —
afirmo. — Eu vim andando com
Brittany e reparei no lugar, eu
gostei daqui.
— Eu estava pensando em
abrir um lugar para tatuagens,
piercings, essas coisas. — dá de
ombros. — Aqui não tem nada
disso, temos que ir a outra cidade
para fazer esse tipo de coisa, e olhe
que aqui tem muitos jovens. Não é
um emprego fixo, mas Matt sempre
gostou dessas coisas e preciso de
um passatempo, fora que
conhecemos uns caras que
trabalham com isso.
— Esse sempre foi o seu
sonho?
— Eu sempre gostei dessas
coisas, de lutar, tocar guitarra...
Bem, algo muito diferente do que
fazia anteriormente. Meu pai dizia
que isso não daria futuro, tatuagem
é coisa de vagabundo e ele não
daria dinheiro para mim. Típico
preconceito contra os tatuados.
— Eu acho sexy. — ele me
olha surpreso.
— Você acha homem
tatuado sexy ou me acha sexy?
— Acho você sexy, com
essas tatuagens fica melhor ainda.
— Boa resposta. — se
aproxima e morde o meu lábio
inferior. Drew empurra o rosto do
pai para longe do meu. — Ciúmes?
— Ninguém morde a
mamãe. — faço a voz de uma
criança. Drew levanta para ficar no
meio. — Ele não gostou muito de
me dividir.
— Ele se acostuma. — pega
Drew e morde a sua bochecha. —
Temos que ter tempo para fazer a
sua irmã, aí você poderá ser todo
protetor com ela.
— Deixe-me adivinhar. Ela
não poderá namorar, não poderá
usar roupa curta, nada de amigos
homens, o futuro namorado terá que
passar primeiramente em uma
entrevista com você.
— E com Drew, ele também
vai proteger a irmã. Nenhum
moleque vai encostar na minha
filha!
— Juan pensa o mesmo.
— Eu já provei o meu amor
por você, levar dois tiros não é
fácil, ainda nem me recuperei.
— E se continuar assim, não
vai se recuperar tão cedo. Você fica
andando de um lado para o outro,
carrega peso...
— Quer casar comigo? —
me interrompe.
— Oi?
— Minha segunda pergunta:
Quer casar comigo?
Ele levanta da cama e retira
um pequena caixa do bolso. Quando
abre, vejo um pequeno diamante.
— Aceita ser oficialmente a
minha mulher?
Balanço a cabeça
confirmando. Meu rosto molha com
as lágrimas que caem. Chris segura
a minha mão e coloca o anel em
meu dedo.
— Prometo te fazer a
mulher mais feliz do mundo. —
beija a minha mão. — Eu te amo...
— Não precisa fazer todas
aquelas declarações que os casais
fazem. — o interrompo. — Você já
provou o seu amor, me magoou
muito algum tempo atrás e eu
entendo o seu motivo, na época eu
não queria te ouvir, mas eu entendo
tudo. Não precisa pedir perdão o
resto da vida, se fizer isso será
muito chato. — nós dois sorrimos.
— Vamos começar do zero.
Esqueceremos o passado e
viveremos o futuro.
— Eu te amo mais que tudo.
Beijamo-nos
apaixonadamente. Pela primeira
vez na vida, eu me sinto
completamente feliz. Estou com o
meu filho e o único homem que me
fez quebrar a barreira do ''eu não
vou me apaixonar''. Juntos,
recomeçaremos a nossa vida.
Capítulo 24
Jessica
Duas semanas depois...

— Pode beijar a noiva.


E é com essas palavras que
selamos o nosso matrimônio. Beijo
os lábios de Christopher e ele
agarra a minha cintura, me
inclinando para trás, como uma
cena típica de filmes.
— Para, estamos na igreja.
— bato em seu peito, me afastando.
Fico envergonhada com os gritos e
aplausos dos convidados.
— Deixe de frescura. Deus
deve estar feliz como o nosso
casamento.
— Mas só deveríamos dar
um selinho.
— Chata!
— Tarado!
Sorrimos um para o outro e
Chris me coloca novamente no
lugar. Viramo-nos para os
convidados e encontro todos
sorrindo para nós. Olho para o lado
e vejo Brittany enxugando as
lágrimas. Ando em sua direção.
— Emocionada?
— A minha caçula está
casada e eu fui à madrinha! Deus!
Tem noção do quanto estou feliz?
— abraça-me apertado. — Adeus
maquiagem que demorou horas para
ser feita.
— Não teria graça se não
derramássemos uma lágrima.
— Posso me unir às irmãs?
— Vicent nos abraça. — Te desejo
toda a felicidade do mundo, mesmo
com você não me deixando ser a
madrinha para entrar com Matt.
Rio da reclamação de
Vicent.
— Desculpe, Vicent, mas
você é do Ricky.
Afasto-me deles e sorrio
para Ricky, o futuro namorado de
Vicent. Ele é o médico que cuidou
dos seus ferimentos e, logo após,
não se desgrudaram mais.
— Agora é o momento que
saímos da igreja para irmos à festa.
— Chris sussurra em meu ouvido.
— Já estou indo.
Seguro a sua mão e saímos
da igreja debaixo de uma chuva de
arroz. Somos parabenizados pelo
casamento antes de entrarmos no
carro.
— Imaginou que seria
assim? — Chris me olha e sorrio
por causa do seu jeito feliz. — Esse
é o melhor dia da minha vida.
— Você parece uma criança
feliz. — passo a minha mão por sua
barba.
— Criança eu acho que não,
mas, acredite, estou muito feliz.
Encostamos a nossa testa e
ele segura cada lado do meu rosto.
— Só queria te tirar daqui e
ir para a nossa lua de mel.
— Sabe que ainda temos
coisas para serem resolvidas. —
tento falar sem demonstrar minha
tristeza por isso. — Assim que
todas as reformas terminarem, nós
iremos a nossa lua de mel.
— Será que somos os
únicos noivos que levam o filho
para a lua de mel? — sorri. — Mas
eu não deixaria Drew para trás.
Essa vai ser as nossas férias em
família.
— A primeira de muitas.
— A primeira de muitas. —
repete, concordando com minhas
palavras.
— Christopher merece um
prêmio por ser o noivo mais
apressado. — Brittany sorri,
olhando para o meu marido que está
carregando Dulce, enquanto
reclama com Matt sobre a sua gula
com os aperitivos. — Conseguiu
casar no civil depois de uma
semana e, logo após, ainda
conseguiu uma vaga na igreja. Ele
não quer perder um segundo ao seu
lado.
— A lua de mel de um mês
prova que ele realmente me quer ao
seu lado. — seguro a mão de
Brittany. — E você, como está?
— Superando. — me dá um
sorriso triste. — Mas, não vamos
falar disso agora. Hoje é o seu dia.
Alejandro não quer receber
a visita de ninguém, o que me choca
é que Brittany parece não se
importar com isso. Ela acredita na
inocência dele, mas parece que ela
não se importa com o fato de não
poder vê-lo.
Deve estar camuflando a
sua dor.
— Não é o momento para
isso, mas você poderia deixar as
reformas para depois, ou deixar que
Vicent cuidasse disso.
— Christopher não quer, ele
quer que tudo seja decorado da
nossa maneira. Ele está tão
empolgado com isso que resolveu
até decorar o quarto de Drew por
conta própria.
— Seu marido está saindo
melhor do que imaginávamos. Eu
nunca imaginei que ele sairia da
empresa, tudo bem que ele ainda é
muito rico, só que, mesmo assim...
— Para um cara que estava
na lista dos mais ricos, abdicar de
tudo poderia ser difícil. Se me
falassem disso no início eu não
acreditaria, mas vendo o seu
sorriso... Não lembro de tê-lo visto
assim anteriormente. — olho para
Chris novamente.
— É o amor. Agora ele vai
ter todo o tempo do mundo para
ficar com você e Drew.
— Christopher pensa em
montar algo por aqui, ainda não
sabe o quê. — sorrio quando vejo
Drew esticando os braços para que
Chris o carregue, ele segura o filho
e Dulce juntos. — Você sabe que
Matt já começou a montar o estúdio
de tatuagem e, antes disso, ele já
havia falado com alguns tatuadores
que ele conhece. Mas eu não
acredito que Chris vai se manter
apenas nisso, ele é muito agitado
para ficar parado.
— Com tanto que não volte
a ser o empresário estúpido de
antes. — pisca um olho para mim.
— Mas o amor mudou o seu
marido.
— Meu marido... Estranho
dizer isso.
— Porque você jurou não se
apaixonar.
— E não deu certo, estou
aqui casada e com filho. O mesmo
vale para você, senhorita Brittany.
Brittany mostra a língua
para mim.
— Poderia dançar com a
minha filha caçula?
Olho para cima e vejo Juan
com a mão estendida para mim.
Aceito o seu pedido e me levanto,
para acompanha-lo na dança.
— Nunca imaginei vê-lo
com terno e gravata. — sorrio
quando Juan ajeitando a gravata, ou
melhor, ele está folgando o nó.
— Isso não é para mim.
Quero trocar de roupa, mas vai ser
esquisito o pai da noiva totalmente
desarrumado.
— Pode trocar, não me
importo com isso, quero que se
sinta bem.
— E eu quero que as fotos
fiquem boas, estamos no seu
casamento e tem fotógrafos
registrando o momento. Quero que
o seu dia seja perfeito, melhor
dizendo, quero que sua vida seja
feliz.
— Já está sendo.
Beija a minha testa.
— Eu te amo.
— Também te amo, pai.
— Você sabe que estarei
voltando para casa, mas eu juro que
sempre voltarei para te ver.
— Promete?
— Prometo. Agora eu vou
te entregar ao seu marido.
Juan se afasta, dando lugar a
Christopher e Drew.
— Queria dançar com você,
mas Drew quer o mesmo, então,
dançaremos os três juntos.
Christopher segura a minha
cintura com uma mão e a com a
outra ele carrega Drew. Beijo o
rosto do meu filho enquanto
dançamos a música lenta que toca.
— Retiro o que disse. —
diz em meu ouvido. — Esse é o
momento mais feliz da minha vida.
Agora está tudo correto, estou com
meu filho e a minha mulher, a
melhor família que eu poderia
querer.
Capítulo 25
Jessica
— Não precisava me
carregar. — rio quando sou
colocada na cama. — Sabe que não
me importo com isso.
— Se nos casamos,
devemos fazer tudo corretamente.
— Você me viu vestida de
noiva. — arqueio a sobrancelha. —
Você quebrou a tradição.
— Sofro de ansiedade, sabe
disso. Eu teria um infarto se não te
visse. Estava louco para te ver
vestida de noiva.
— Gostou do que viu?
— Você foi à noiva mais
linda de todos os tempos. Pena que
tirou o vestido.
— Eu não andaria com
aquilo durante a festa. Viu o
tamanho daquela saia?
— Você parecia uma rainha.
— E você o rei?
— Claro que sim.
Sorrio para a sua modéstia
e levanto da cama.
— Para onde pensa que
vai?
— Lingerie da noite de
núpcias?
— Não precisamos disso.
— Mas eu comprei...
— Use isso em outro
momento, agora não quero perder
mais tempo.
Segura a minha mão e beija
cada dedo, quando chega à aliança,
ele demora um pouco mais.
— Senhora Dalgliesh. —
olha para mim. — Eu te amo. Sei
que já disse essas palavras
milésimas vezes, mas...
— Não vou cansar de
repetir. — completo a sua frase. —
E nem me cansarei de escutar.
Sorrimos um para o outro.
Ele coloca as mãos em
minhas costas e desce o zíper do
meu vestido, assim que ele termina,
abaixa as alças e o vestido cai aos
meus pés.
— Você não deveria estar
sem sutiã, se acontecesse algo e
todos vissem os seus...
Calo a sua boca com a
minha. Fico nas pontas dos pés,
tentando manter o equilíbrio.
Mesmo com os sapatos de salto, eu
não fico nem perto da altura do meu
marido.
Christopher me pega de
surpresa quando me tira do chão e
faz com que eu entrelace as minhas
pernas em seu corpo. Não paramos
de nos beijar. Ele começa a andar e
abaixa os nossos corpos, estamos
deitados na cama e ainda estamos
nos beijando.
A sua mão passa por toda a
lateral do meu corpo e aperta o meu
quadril, assim como os meus seios.
Mordidas são distribuídas do meu
ombro até a orelha. Ele começa a
retirar a minha calcinha.
— Ainda bem que está com
calcinha. — grunhe em meu ouvido
e recebo um tapa no quadril que,
para a minha surpresa, não doeu em
nada, muito pelo contrário.
— Vai ser possessivo?
— Jess, eu sempre fui
possessivo. Possessivo não, estou
apenas cuidando do que é meu.
— Sua.
— Sim. Você sempre será a
minha eterna mulher.

— Você é louca por não ter


lua de mel com aquele deus em
forma de gente. — Vicent fala com
desaprovação, quando me vê
entrando no espaço onde ficará o
nosso restaurante/confeitaria.
— Precisamos resolver
tudo sobre a casa e o restaurante.
— respondo. — O casamento nem
aconteceria agora, Chris que foi
apressado.
— Então, as coisas já estão
sendo colocadas no lugar. Ingrid e
Whitney estão vendo se tudo está
correto.
— E você?
— Eu? Bem, eu estou
esperando a sua irmã chegar para
fazermos uma lista dos alimentos
que faltam.
A ideia do restaurante foi
mantida, mas acrescentamos
confeitaria nesse meio. A cidade
não é tão pequena como eu
pensasse que fosse, na verdade, ela
é até desenvolvida, mas faltam
algumas opções de culinária nesse
lugar. Eu faço mais comidas
caseiras e alguns doces, mas Ingrid
fez um curso de gastronomia, mas
nunca exerceu a função por falta de
incentivo.
— Tenho uma surpresa para
você. — Christopher segura a
minha cintura com uma mão e com a
outra ele me entrega um envelope.
— A última surpresa
envolveu o casamento. — Vicent
diz. — Qual é dessa vez?
Abro o envelope e encontro
alguns papéis. Logo de primeira eu
vejo o nome da universidade que
fica perto daqui.
— Isso é...
— Isso é a sua matrícula na
universidade. Eu já paguei por todo
o curso, estava lá até agora. Lembra
a nossa conversa? Você está tão
animada com a história do
restaurante que resolvi te matricular
no curso de gastronomia.
— Eu nunca pensei que...
— Entraria na faculdade.
Estou realizando o seu sonho.
Abraço-o e beijo o seu
rosto, gritando inúmeros ''obrigada''
e ''te amo''.
— Podemos terminar isso
no quarto, mas, agora, preciso
atender o meu celular.
— A outra pessoa do outro
da linha é mais importante que eu?
— cruzo os braços e finjo que estou
chateada com isso.
— Claro que não. Ninguém
será mais importante que você, só
que...
— Pode atender. — sorrio.
— Estava brincando.
Percebo o alívio em seu
rosto e sorrio ainda mais por isso.
Ele se afasta para atender a ligação.
— O que aconteceu? —
pergunto, quando vejo o sorriso que
Chris ostenta.
— Alejandro foi solto. —
responde. — Encontraram provas
que ele não foi o culpado do
estupro.
— Como assim? —
pergunto. Brittany vai ficar muito
feliz com isso.
— O advogado só falou
isso. Alejandro já está solto.
— Qual a demora de
Brittany? — Vicent pergunta ao meu
lado. — Ontem eu não dormi em
casa, com certeza ela se atrasou e,
se duvidar, ainda está dormindo. Eu
sabia que ela precisava de mim
para acordar, ela não é nada
pontual.
— Alejandro foi solto,
precisamos dar essa noticia a ela.
— Quando Britt souber
disso, ela vai vir correndo. —
Vicent pega o celular. — Estou
ligando para ela novamente.
Ricky entra na lanchonete e
percebo que sua cara não é muito
boa.
— O que aconteceu? — eu
e Vicent perguntamos ao mesmo
tempo, sabemos que tem algo
anormal aqui.
— Brittany e Dulce não
estão em casa, na verdade, nem as
roupas estão. Eu encontrei essa
carta. — me entrega o papel. —
Está escrito que é para Jessica e
Vicent.
Minha mão começa a
tremer.
Eu sei que Brittany foi
embora, por que ela fez isso?
Controlo as minhas lágrimas que
insistem em cair. Britt foi embora
sem nem ao menos avisar, ela
estava sofrendo todo esse tempo
calada? Por que ela não conversou?
Por que fugir?
Abro a carta e começo a ler
tudo o que está escrito:

'' Jess, não tenha raiva de


mim, eu fiz o correto. Não poderia
te contar nada antes, eu estava
muito mal por te esconder isso,
mas era preciso. Você sempre
perguntou por que eu estava tão
mal, eu sempre menti. Não, eu não
estava mal por causa de David e
do meu passado, claro que isso
afetou a minha vida, mas eu
superei essa situação há muitos
anos, mas essa foi a melhor
mentira que encontrei.
Eu estava mal por outra
coisa...
Quando você ler essa
carta, é porque Alejandro está
solto e eu decidi fazer a coisa
certa. Eu estava com todas as
provas de sua inocência. Tem
noção de como é estar com a
verdade nas mãos e não poder
contar? Ver o único homem que
você ama sendo preso e não poder
fazer nada? Parece fácil, afinal,
era só entregar as provas e pronto,
mas não é bem assim...
Estou fugindo por causa
disso. Eu fiz o certo, mas não
posso continuar aqui, tenho que
proteger Dulce e a mim, ou melhor,
eu tenho que proteger todos que
amo.
Por favor, não me odeie.
Estou apenas salvando as pessoas
que amo.
Eu voltarei em breve, ainda
temos que juntar Dulce e Drew
para que eles namorem e casem no
futuro.
Toda a felicidade do mundo
para todos vocês, eu sempre
amarei todos.
Ps: Não mude o número do
seu celular, eu sempre entrarei em
contato com vocês e queime essa
carta pelo bem de todos, não conte
a ninguém sobre isso.
Com amor: Dulce e a
melhor irmã/tia/mãe (ok, no
quesito mãe você empata comigo)
/amiga e pessoa do mundo,
Brittany.''

Christopher me abraça e
beija a minha testa.
— Calma, ela deve estar
bem.
— Brittany está correndo
perigo, eu...
Começo a chorar com mais
força e perco as palavras. Britanny
salvou Alejandro e fugiu... Para
onde ela fugiu?
Chris me entrega um celular.
— Aqui, liguei para Juan e
ele me atendeu.
Pego o celular rapidamente.
— Juan? — pergunto e fico
aliviada por escutar a voz de
Brittany.
— Sou eu, Brittany.
— O que aconteceu? A
carta fala algo sobre você ter
inocentado Alejandro e, por isso,
você fugiu.
— Ele já saiu da prisão?
— Acho que sim. Britt,
volte para casa.
— É melhor que eu fique
longe.
— O que está acontecendo?
— Eu tinha todas as provas
da inocência de Alejandro, por
isso eu estava tão mal naquela
época. Eu entreguei as provas e
agora eu corro perigo.
— Brittany! Mas, e agora?
— E agora estou com Juan,
ele e todos os outros poderão me
proteger.
— Eu não acredito. Depois
de tudo o que passamos ainda tem
isso?
— Infelizmente sim. Um tal
de Salazar quer pegar Alejandro.
Parece que Alejandro engravidou
a mulher desse cara e agora ele
quer vingança.
— Eu queria estar aí com
você para te ajudar.
— Não se preocupe, eu vou
aprender a usar uma arma. Lutar
eu já sei.
— Isso não é uma
brincadeira.
— E quem está brincando?
Mudando de assunto, como todos
estão?
— Estamos bem, estaríamos
melhor se a senhorita estivesse
aqui.
— Isso foi lindo. Em breve
eu estarei aí. Estou com saudade
de todos, Du também sente falta do
amigo e futuro namorado.
— Você não perde o humor.
— percebo o humor em sua voz. —
E se Alejandro perguntar se eu falei
com você?
— Fale que estamos bem e
continuaremos assim. Assim que
tudo isso acabar, eu voltarei para
todos vocês. Agora, preciso
desligar.
— Até breve e mantenha
contado.
— Vocês não se livrarão de
mim com facilidade, eu sempre vou
manter contato. Não se esqueça,
não fugi definitivamente, eu só
preciso ficar longe de tudo.
— E se...
— Vou voltar, tenha calma.
Juan tem um arsenal e um exército
para me proteger. Fora que você
sempre terá notícias minhas.
Agora, eu preciso ir. Te amo e dê
beijos e abraços em todos. E,
prometa que não vai parar a sua
vida por minha causa. Quero que
você e seu marido tenham as férias
merecidas. Estou bem aqui, Carlos
é uma ótima babá. — escuto um
homem resmungando ao fundo e sei
que é Carlos. — Prometa.
— Também te amo e
prometo que vou seguir em frente.
Terminamos a ligação.
— Está melhor? — Chris
pergunta.
— Britt está com Juan. Ele
vai ser a melhor pessoa para
protegê-la, mesmo assim...
— Juan vai dar a própria
vida por Brittany. Quem quer que
esteja atrás de Alejandro, será pego
antes de chegar em Brittany.
Poderia ficar mais calma?
— Sim, estou mais calma.
— Não quero parecer
egoísta, mas...
— Teremos as nossas
férias. Brittany até pediu para que
eu não parasse a minha vida. Talvez
esse tal de Salazar não seja
perigoso.
— Mesmo nas férias,
manteremos contato com sua irmã,
não se preocupe.
— Obrigada.
— Somos uma família
agora. Também me preocupo com
sua irmã.
— Uau! Vocês se odiavam.
— Porque sua irmã te ama e
sabia que era um estúpido com
você. Mas, se até Brittany entendeu
que te amo, é porque...
— Você fez por merecer.
— Sim. E, se ela precisar
de ajuda, cancelamos tudo e eu vou
atrás dela.
— Só você?
— Você acha que eu vou
correr o risco de te ver machucada?
— Mas se você for...
— Sem discussão. Vamos
para casa, começaremos a arrumar
as malas. As reformas terminarão
daqui a alguns dias e sabemos
como você demora para arrumar as
coisas. Enfim, teremos os nossos
momentos sozinhos.
Epílogo
Christopher
Sorrio quando olho para
Jessica ensinando Drew a andar.
Ele dá alguns passos enquanto é
segurado pela sua mãe.
— O papai está sendo um
cara muito folgado enquanto está
deitado me olhando ter todo o
trabalho. — Jessica aproxima
Drew de mim. — Ele te quer.
— Ele me ama, sabe disso.
Lembro de Brittany dizendo que
Drew tem mal gosto como você. —
sorrio com a lembrança.
— Sabe o que me deixa
aliviada? É que mesmo com essa
tensão sobre Salazar, Brittany não
deixa de ser louca e viver a vida.
Reparei que ela voltou a ser como
era antes.
— Ela estava mal por causa
de Alejandro, agora ela sabe que
ele está bem. O amor nos destrói e
nos reconstrói.
— Somos a prova viva
disso. — deita ao meu lado. —
Obrigada por realizar um dos meus
sonhos de conhecer o Caribe.
— Estou aqui para isso,
para realizar todos os seus sonhos.
— Papapapa. — Drew
repete as palavras e bate palmas.
— Papai. — falo. —
Repete comigo, papai.
— Oh Deus! Você e Drew
são fofos.
— Precisamos de uma
menininha agora.
— Tenha calma, ok?
— Ok. Eu só quero ter a
chance de acariciar a sua barriga,
escutar os batimentos do bebê, ir a
todos os exames...
— Você passou de
estupidamente arrogante para
estupidamente fofo.
— Estupidamente? —
arqueio a sobrancelha e ela sorri
para mim. — Ainda acho que essa
palavra não existe.
— Existe no nosso
dicionário. E falo a mais pura
verdade. Você passou de
empresário estúpido, arrogante e
insensível, para fofo.
— E você deve amar essa
mudança.
— Fui tonta de me
apaixonar antes de você ser um
amor de pessoa, imagine agora.
— Te amo e sempre te
amarei, meu primeiro e único amor.
Bônus
Jennifer (gêmea de
Jessica)
Buenos Aires -
Argentina

— Ei, poderia sorrir um


pouco? — Charlie pergunta com um
sorriso idiota.
— Desculpe, senhor. —
sorrio.
— Assim fica bem melhor.
Por que ficar triste? Estamos nesse
paraíso e a salvos. Se não fosse por
mim, estaríamos mortos.
Como eu gostaria que ele
tivesse morrido, seria a realização
de um sonho. Aquela explosão
poderia ter o matado, seria
eternamente grata a quem fez
aquilo, mas Charlie foi mais
esperto, saiu e me levou junto.
Não entendo por que
Charlie salvou a pessoa que ele só
maltrata. Já sei, para fazê-la sofrer
ainda mais.
— Você está me escutando?
— Sim, senhor. — minto.
— Estava pensando em
sairmos, que tal? Eu e você
podemos viajar para um local com
lindas praias, você nunca foi à
praia. Que tal o Brasil? — ele
espera a minha resposta.
— A praia me parece boa.
— seria melhor se acontecesse
algum acidente no meio do
caminho e você morresse.
— Não sei por que tanta
tristeza. — senta em uma poltrona.
— Isso é por causa de todos que
morreram? Eles mereceram.
— Você sabia daquilo?
— Mais ou menos. Não
consegui infiltrar nenhum
informante entre os nossos
inimigos, mas fiz com que os meus
comparsas fossem até aquela
fábrica. Tínhamos duas opções: ou
os inimigos invadiriam o local, ou
explodiriam. Eles fizeram à
segunda, como planejei. Eu sou
experto, sabia que eles fariam isso.
Armei tudo certinho. Eles pegariam
um dos meus homens, eles
contariam sobre as armas e eles
certamente explodiriam o lugar. Um
plano muito simples, por isso
consegui armar a nossa fuga.
— Por que não trouxe os
homens? — atrevo-me a perguntar.
— Por que faria isso? Seria
mais dinheiro para dividir. Só te
trouxe porque eu te amo e você não
necessita de dinheiro. — sorri.
— Vamos morar aqui? —
pergunto.
— Claro que não. Estamos
tirando férias. Precisamos voltar e
pegar todos aqueles que mataram
David e meu pai. Eles gostavam
tanto de você, eu sei que você
sentia o mesmo por eles.
Não, não sentia. David
conseguia ser pior que Charlie,
talvez fosse por causa da diferença
de idade. Acho que David era
muito mais velho. Eu lembro que
ele tentou me agarrar, mas Charlie o
impediu. Ambos eram loucos,
Charlie continua sendo e acho que
já está quase no mesmo nível que
David. Eu odeio todos dessa
família!
— Nós voltaremos em
breve, quero vingança. — levanta e
vem em minha direção. Segura o
meu queixo. — Eu sei que você
também quer vingança, eu te
entendo, eles mataram as pessoas
que amamos. Não se preocupe.
Deus! Eu odeio esse
homem!
Nunca entendi qual a minha
real importância em todo esse
plano. Charlie me levava a alguns
lugares estranhos, era o único lugar
para onde eu poderia sair, mas tinha
duas regras: Eu deveria sorrir o
tempo todo aparentando que éramos
um lindo casal e eu tinha que
aceitar ser chamada de Jessica, não
podia falar o meu verdadeiro nome.
Para todos aqueles homens, eu era
Jessica Montserrat García.
— Nem que demore meses,
anos, décadas, eu não me importo.
— continua falando suas loucuras.
— Eu me vingarei de todos aqueles
que mataram meu pai e David, meu
único irmão e único que me
entendia. Você será muito
importante nesse plano. Não me
importo quando isso vai ser
acontecer, mas Brittany pagará com
a vida!

Continua no livro de
Brittany — Por amor a você –
Primeiro spin-off da Duologia
Estúpido...
Por amor a você
Primeiro Spin-off
da duologia Estúpido
(Livro de Brittany
e Alejandro)
Prólogo
Brittany
— Mais forte!
Eu não sou obrigada a
escutar essa prostituta ser
espancada.
Todo dia é isso, desde o dia
em que essa vadia entrou pela
porta do clube. Ela sempre grita
''mais forte''.
Não sei como alguém pode
gostar de ser espancada. Já vi
esses dois juntos algumas vezes,
não é nada legal de se ver. Não sei
como Alejandro suporta essa
vadia, ela é tão escandalosa e
estranha. Eu já vi o olhar que ele
dirige a ela, ele não gosta muito
de bater. Bater não, aquilo chega a
ser um espancamento. A garota é
bonita, não posso negar, mas não
vale a pena, o seu grito deixa
qualquer um surdo.
É só ignorar, você precisa
fazer o seu trabalho. Você precisa
colocar dinheiro em casa.
Subo em direção aos
quartos, preciso fazer a limpeza.
Jessica não sabe sobre essa parte.
Ela, com certeza, não vai gostar
de saber que faço trabalho extra.
Entro no quarto e o grito
dessa vadia só aumenta.
Alejandro, eu estou aqui.
Virgem e recatada, aposto que não
grito. Quando você vai me notar?
A música Alejandro de
Lady Gaga não sai da minha
cabeça. Eu gostava dessa música,
mas, agora, ela se tornou uma das
minhas preferidas.
Abro a porta do quarto
para sair e encontro Alejandro e a
vadia no corredor.
Que maravilha! Agora terei
que esperar esse showzinho
terminar.

Depois de tudo terminado,


eu saio do quarto para terminar o
meu trabalho.
— Você ainda está aqui? —
Alejandro pergunta.
O cara está sem camisa.
Por que isso? Ele poderia ser
gordo, peludo ou algo assim, por
que ter um V e barriga tanquinho?
Oh cara! Ele tem tatuagem.
Aquele V sexy, barriga
tanquinho, sotaque espanhol muito
sexy, cara de homem sério e
tatuagem.
Livrai-me da tentação!
— Olhe nos meus olhos,
não na minha barriga. — segura o
meu queixo e me faz olhar para
ele.
— São as tatuagens.
Ele sorri.
— Acredito. — sua voz sai
com humor. — Pode ir. Amanhã
outra menina vem arrumar.
Saio de seus braços e
praticamente corro para a saída.
Respiro fundo quando
chego à rua.
— Meu Deus! O que foi
isso?
Sorrio como uma idiota.
Vou andando como uma
idiota ao longo do caminho até
que vejo a vadia que ama apanhar.
Ela conversa com um homem.
Brittany, vai fazer isso
mesmo? Sim, eu vou!
Por que eu converso
comigo mesma?
Fico atrás de um poste,
retiro o meu celular do bolso e
começo a tirar foto desse
encontro. Sim, eu vou mostrar tudo
para Alejandro. As strippers são
proibidas de fazer programa nas
ruas, elas podem pegar alguma
doença e eu não quero que os
clientes fiquem doentes!
O que acontece é estranho,
ela mostra os hematomas no corpo
e os dois sorriem. Um sorriso
vitorioso.
Por que eu acho que essas
imagens vão valer muito?

Dias atuais...

É isso aí, Brittany, você fez


a coisa certa. Alejandro sairá da
prisão. Juan vai me proteger, se
alguém quiser me matar ele me
protege.
É isso aí, você fez o certo.
— Eu prometi a Alejandro
que não deixaria você cometer essa
besteira. — Juan resmunga.
— Estou salvando
Alejandro, ele querendo ou não.
— Agora você corre perigo.
Entramos no carro.
— Se eu não fizesse isso,
Alejandro seria julgado como
culpado, todas as provas indicaram
isso. Eu e você sabemos que não
foi assim que aconteceu.
Estava no clube, só tinha eu
como bartender. Às vezes eu ficava
responsável por olhar os quartos e
verificar se tinha algo estranho
neles, como drogas. Eu vi uma das
strippers dando em cima de
Alejandro, achei normal na época.
Desci para arrumar as minhas
coisas e escutei gritos, subi
correndo novamente e encontrei
Alejandro dando alguns tapas na
stripper, era algum tipo de fetiche
dela ou algo assim, dava para
perceber que ela estava gostando.
Os dias foram passando e
aquela cena foi se repetindo. Uma
vez eu os vi no corredor. A mesma
forma, ele tinha que bater nela. Eu
reparava aquilo com medo e achava
tudo muito esquisito. Alejandro não
é como esses homens dos livros, eu
percebia que ele não gostava de
bater na hora do sexo, eu percebia
pelo seu olhar dirigido a ela, mas
ela sempre pedia mais forte.
A cada dia que se passava,
aquela stripper estava mais roxa
que no dia anterior. Eu comecei a
estranhar tudo aquilo, ela chegou ao
clube sem marcas roxas e do nada
ostentava hematomas, afinal, se ela
gosta tanto disso, por que não fazia
antes?
Um dia eu saí do trabalho
mais tarde, eu vi a stripper
recebendo dinheiro de um homem,
ela começou a mostrar os seus
hematomas e a rir, o homem a
puxou e a beijou. Vi que tinha algo
estranho ali e mostrei as filmagens
a Alejandro.
Contei para Alejandro e
notei que ele ficou preocupado com
aquilo, mas não me contou nada. No
mesmo dia, ele, Christopher e Juan
outros levaram os tiros.
Naquela mesma noite, eu
levantei do quarto sem acordar
Jessica e Drew e fui até a sala onde
ficam as câmeras, sabia que aquela
vadia tentaria algo e eu sabia que
no corredor tinha câmeras
escondidas, Alejandro tinha me
falado sobre isso, só eu sabia. Fui
até lá e encontrei as imagens que
precisava. As imagens na qual ela
pede para ele fazer tudo aquilo.
Não pensei duas vezes, coloquei
tudo no celular e voltei para o
quarto.
Eu vi Alejandro
conversando com alguém, ele dizia
algo sobre ser preso por estupro.
— Não se meta nisso! —
Alejandro grita.
— Mas você não fez nada
disso, eu e você sabemos que ela
pedia, eu tenho provas.
— Nunca mostre isso a
alguém! — ele grita. Ele nunca
gritou comigo.
— Vai ser preso sendo
inocente?
— Se eu não fizer isso, eu
morrerei e a minha filha também.
— Filha? — pergunto sem
entender nada.
— A minha filha, ela ainda
é um bebê. Aquela stripper foi
colocada no clube para armar
contra mim. — ele vai até a cama
e senta. — A mãe da minha filha
namorava um mafioso ou algo
assim, eu não sabia disso, mas ele
sabia do nosso envolvimento. Eu
vim para essa cidade no intuito de
me afastar de todos os problemas,
mas Brianna estava grávida de um
filho meu.
— Onde o bebê está?
— Está vindo, dentro de
alguns dias Brianna me entregará
Dulce. Ela estava fugindo do cara,
mas agora ela vai se entregar.
— Ela vai morrer?
— Não, ela ama Salazar.
Por algum motivo estranho, ela
prefere esse homem que a filha.
— Ela pode estar tentando
salvar...
— Não, não está. — me
interrompe. — Ela só quer que
Dulce não atrapalhe a sua vida.
— Mas se você for preso,
quem ficará com Dulce?
— Posso te pedir duas
coisas? — confirmo. — Nunca
mostre essas provas para uma
pessoa, me deixe ser condenado,
assim Salazar terá a dívida paga.
Pode demorar anos, eu sei, mas
minha filha estará à salva. Eu sei
que você ama crianças, eu vi como
você cuida de Drew, você poderia
ficar com a minha filha? Ela não
tem ninguém para ficar. Não se
preocupe. Salazar não virá atrás
de vocês, ele não quer tanto o
bebê. Ele me quer longe de tudo.

— Quer comer alguma


coisa? — Juan pergunta.
— Não, obrigada. —
respondo.
Não sei se um dia
conseguirei comer como antes.
Esses tempos tem sido difíceis.
Estava em uma longa batalha sobre
contar ou não contar a polícia a
verdade. Meu apetite estava cada
vez menor, quando finalmente
comia, eu vomitava tudo. Tive que
contar sobre David, para Jessica
não desconfiar do que eu sabia.
Quanto menos pessoas
nessa história, melhor.
— Tem certeza que quer
isso? — Juan pergunta.
— Claro que tenho. —
abraço Dulce que, no momento,
dorme. — Eu e Dulce precisamos
de você e dos outros. Entreguei as
provas da inocência de Alejandro,
agora eu serei procurada, eles
saberão que alguém entregou as
fotos. Está bem claro. A stripper
beija aquele homem e tem o vídeo
onde ela e Alejandro fazem
''aquilo'' e ela está bem animadinha.
— Eu te protegerei de tudo.
— coloca o braço no meu ombro.
— Obrigada, cara. Agora
será que podemos entrar?
— Pronta para morar
comigo?
— Pronta não estou, mas
estou com a consciência tranquila.
Então, vamos ao seu país.

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