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Dimitri - Trilogia DSaints

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Copyright © 2021 Alíssia Khalyne

Dimitri | Trilogia D’Saints - Livro III

1ª Edição

REVISÃO: Carina Barreira


DESIGN CAPA: Ester Costa
DIAGRAMAÇÃO: Alíssia Khalyne

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens,


lugares e acontecimentos descritos são produtos
da imaginação da autora. Qualquer semelhança
com nomes, datas e acontecimentos
reais, é mera coincidência.

São proibidos o armazenamento e/ou a


reprodução de qualquer parte desta obra através
de qualquer meio — tangível ou intangível —
sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido pela lei nº 9.610/98 e punido
pelo artigo 184 do Código Penal.

Todos os direitos reservados.


Edição Digital | Criado no Brasil.
Uma obra de Alíssia Khalyne
Sumário
Sinopse
Contato da Autora
Playlist
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Epílogo
Epílogo
Epílogo
Contato de Autora
Agradecimentos
Sinopse
Alicia Albuquerque é uma mulher trabalhadora, esforçada, amiga e
independente. Ela sempre quis uma vida boa longe do morro e conseguiu.
Sempre desejou um relacionamento sincero e honesto, mas até então, não
teve sorte. Já foi muito enganada, iludida e até chegou a ser segunda opção,
até não querer mais um relacionamento. Mas tudo muda quando ela consegue
uma vaga de trabalho em uma das empresas de perfumaria mais requisitadas
e bem vista pelo mundo, e dá de cara com o caçula dos trigêmeos D'Saints.

Dimitri D'Saints é um homem espontâneo, divertido, que adora uma


farra, e se nega a se prender a relacionamentos, sente náuseas só de pensar.
Adora sua vida de solteiro, até ver uma brasileira de pele bronzeada e cabelos
negros como a noite, balançar seu mundo. Mas Dimitri é orgulhoso demais
para admitir que a morena mexe com ele, como nenhuma outra foi capaz.

Dimitri se nega a admitir que tem sentimentos pela morena.

Alicia não sabia que amar Dimitri, a faria sofrer tanto.


Contato da Autora

Instagram
https://www.instagram.com/autora_alissiakhalyne/

Facebook
https://www.facebook.com/autoraalissiakhalyne.3/
Playlist

Clique na imagem.
Prólogo

Não vou negar que Dimitri D’Saints é um absurdo de gostoso, porque o


filho da puta é, com toda a certeza. Dimitri é lindo demais, parece que foi
desenhado. Já o tinha visto em revistas de fofoca, e logo se tornou o meu
crush. Existem várias fofocas relacionadas a ele, e não são poucas. Sempre a
mesma coisa: vê-lo com mulheres em clubes, fotos dele com mulheres em
jantares beneficentes...
Dimitri leva o título de cafajeste, e aparentemente ele adora. E ele é,
demais. Já pegou metade das funcionárias da empresa Vintage Essence, na
qual eu fui contratada como gerente de mídias sociais, e eu não fiquei de fora
da sua lista interminável. De jeito nenhum. Não iria recusar passar uma noite
com ele, não é? Só se eu fosse louca ou retardada. Porque uma pessoa em sã
consciência não recusa uma noite de sexo com esse homem. Porque vou ser
sincera, o homem fode muito bem. Ele domina a pessoa de uma forma
deliciosa, que me deixou de pernas bambas. Foi a noite mais incrível que eu
já tive, um marco para minha vida sexual frustrada. Me recordo dia e noite,
em como ele me fodia de jeito no quarto do luxuoso hotel, e como boa
funcionária, eu não disse a ninguém, fiquei quietinha na minha.
Claro que eu disse a minha amigona, minha parceira de todas as horas
que é Valentina, e ela ficou de queixo caído com os detalhes sórdidos, eu
posso confiar em falar essas coisas com ela. Qual mulher não conta à sua
amiga como foi a melhor noite de sexo da sua vida? Pois é, quem não conta,
entre em contato comigo, que eu lhe ensino direitinho a fofocar com sua
melhor amiga. Com Miguel eu também falo, mas não com esses detalhes, é
claro, mas como meu segundo best friends, claro que contei.
Sacudo a cabeça, me concentrando no meu trabalho. Pego o iPad em
cima da minha mesa, e saio da minha sala, mas assim que eu saio da sala, um
idiota faz questão de derramar café na minha blusa, branca.
— Oh, seu idiota, você não olha por onde anda? — falo irritada, olhando
minha blusa toda manchada.
Que inferno! Já é a segunda vez que isso acontece, só essa semana, pela
mesma pessoa.
— Me desculpe, eu não lhe vi — diz, ajeitando seus óculos de grau.
— Você precisa mudar o grau desses seus óculos. Pelo amor de Deus,
Felipe, é a segunda vez. — O olho, irritada. — Você está me devendo duas
blusas.
— Sim. Irei lhe dar — fala apressado e se retira.
— Isso é palhaçada demais — murmuro e volto para a minha sala.
Deixo o iPad em cima da mesa, e sigo para o banheiro que tem em
minha sala. Abro os botões da minha blusa social. Quando aconteceu pela
primeira vez, eu liguei para Valentina pedindo uma blusa emprestada, porque
eu sei que ela anda sempre com uma, só por precaução, e agora eu sempre
deixo duas blusas de reserva em minha sala. Retiro minha blusa, ficando
apenas com a saia social de cintura alta e o sutiã de bojo na cor preta.
— Ah, cazzo! — Escuto alguém falar.

Fico tensa e rapidamente giro meu corpo, vendo Dimitri me olhando de


forma intensa. Seus olhos azuis estão em meus seios cobertos pelo sutiã e
minha barriga.
— Dimitri, o que está fazendo aqui? — Cruzo os braços, tampando meu
sutiã.
Ele volta seu olhar para mim e meu coração dispara. Toda vez é isso,
quando ele me dá esse olhar desejoso, me sinto atraída demais. Seus cabelos
quase loiros, grandinhos, que me lembro bem quando afundei meus dedos
neles, sentindo o prazer que Dimitri me proporcionava, estão bem alinhados.
Desço meu olhar, vendo-o de terno. Minha nossa. Dimitri fica tão gostoso de
terno, uma delícia.
Volto meu olhar para seu rosto, fitando seus olhos azuis, que são tão
lindos.
— Ah, brunetta... — Dimitri se aproxima de mim.
— O que é brunetta? — questiono.
Dimitri sorri de lado, deixando minhas pernas bambas.
— Morena, diaba. Morena. — Segura minha cintura, colando nossos
corpos.
— O que você está fazendo? — pergunto me sentindo nervosa, por esse
monumento estar me agarrando.
— Agarrando você, diaba. — Passa o nariz em meu rosto.
Apoio minhas mãos em seu peito por cima do paletó, suspirando.
— Isso é assédio — sussurro.
Ele desce seus lábios pelo meu pescoço, me fazendo fechar os olhos.
— Não é assédio, quando os dois querem, brunetta — sussurra em meu
ouvido.
— E quem disse que eu quero? — Mordo o lábio.
— Você quer, sim. Você pode dizer que não, mas seu corpo lhe entrega,
diabinha. — Morde meu lábio, me encostando na parede.
— Por que você me chama assim? — Afundo meus dedos em seus
cabelos, quando ele pressiona seu quadril em mim, para eu senti-lo duro.
— Porque você é uma diaba na cama. Você é fogosa demais, me dá um
tesão. — Esfrega seu quadril em mim.
Ele se afasta um pouco, me levanta e me senta na pia do banheiro, abre
minhas pernas e se encaixa no meio delas. Dimitri puxa minha nuca e ataca
minha boca, violentamente, me dando um beijo feroz e delicioso.
— Eu quero você, de novo. — Morde meu lábio. — De novo, e de novo.
Diversas vezes, até me saciar de você.
— Mas você não transa duas vezes com a mesma pessoa — sussurro.
Ele beija meu pescoço, subindo para a minha orelha.
— Mas com as outras eu me saciava, com você não. — Mordisca meu
lóbulo. — Não consigo me saciar, é um tesão imenso que sinto por você,
diaba. Você me fodeu de jeito.
— Hum... Isso é bom! — murmuro, excitada.
Ele passa a língua no volume dos meus seios, olhando em meus olhos.
— Não, isso não é bom. Porque quando eu pegar você de novo,
brunetta. — Segura meu queixo e me fita. — Você vai se arrepender de ser
tão gostosa e insaciável.
Isso não é bom. De forma alguma. Eu sempre descarto, eu que peço para
elas irem embora, e agora estou aqui, implorando por essa morena de tirar o
fôlego por mais uma noite de sexo selvagem. Alicia é uma delícia, gostosa
demais. Sabe aquela mulher que te leva para cama e tira todas as suas
energias? Pois é, ela se chama Alicia Albuquerque. Uma morena estonteante
que sentou no meu pau de um jeito, que me fez perder a cabeça.
Alicia é uma mulher linda, charmosa, sexy e várias outras coisas, no
qual chama atenção de um homem. Uma brasileira linda demais, sua pele
bronzeada pelo sol quente do Rio de Janeiro a deixa ainda mais gostosa. Seus
longos cabelos pretos e lisos, de um preto lindo e brilhoso, e seus olhos
castanhos escuros que me fascinam. O seu corpo é uma gostosura. Alicia tem
seios fartos, cintura fina, quadril largo, com uma bunda durinha e empinada,
e coxas grossas. Ela é toda linda, zero defeito. E o meu erro, foi ter transado
com ela, porque eu a quero de novo, e isso não deveria acontecer, de forma
alguma.
Me afasto dela, criando um pouco de juízo, porque estamos em ambiente
de trabalho, e a olho, apenas com uma saia social de cintura alta, saltos e um
sutiã de renda preto, que deixou meu pau duro. Passo a mão no rosto.
— Vou esperar você na sala. — Ela me fita, com seus olhos castanhos.
— Dominic e Demétrio querem saber a nova estratégia de marketing que
você preparou.
— Certo. Vou só colocar outra blusa. — Sai da pia.
— O que aconteceu com a sua? — Olho bem seus peitos empinados
pelo sutiã de bojo.
Nossa, essa morena é uma tentação, porra!
— Ah! Felipe esbarrou em mim, de novo, e me sujou com café —
explica.
— Está bem. Vou te esperar aqui na sua sala. — Me retiro do banheiro e
sigo para a sua sala.
Me encosto na parede e espero Alicia se organizar. Ela aparece já
vestida com outra blusa social, com as mangas dobradas nos cotovelos, por
dentro da saia e um blazer por cima. Ela pega o iPad e saímos de sua sala
para irmos até à sala dos meus irmãos.
Após chegarmos e nos sentarmos, ela começa a explicar toda a
estratégia, que por sinal dará muito certo. Ela nos explica tudo que está em
seu iPad, nos mínimos detalhes, e deixa claro que podemos mudar algo se
quisermos.
— Muito bom, Alicia! — Dom elogia. — Tenho certeza de que dará
certo.
— Pensamos em muitas coisas, menos nisso — Demétrio comenta.
— Bom, eu fiz uma pesquisa e uma análise, e essa estratégia ficou
perfeita — Alicia fala.
— Certo. Mas você tem algo para nos falar. — A olho.
Ela se ajeita melhor na cadeira, e procura algo em seu iPad e nos olha.
— Eu fiz uma pesquisa de mercado, a pesquisa recentemente que eu fiz
de perfumaria, subiu em média por mês, setecentas mil pesquisas, e noventa e
dois por cento foram realizadas pelo celular. — Nós assentimos. — Fora que
desde que a loja online foi ao ar, tivemos diversos acessos e compras.
— Isso é muito — Demétrio fala
— Sim. Eu esperava bem menos. — Ela coloca o iPad em cima da mesa.
— Aqui está o gráfico, com tendência do volume de pesquisas. O azul é o
total, e o vermelho foi de smartphones.
Olhamos a tela do tablet com o gráfico perfeitamente explicado, com o
auxílio dela. Ela fica ainda um tempo nos mostrando o gráfico, explicando
algumas estratégias que tem em mente, e algumas sugestões que anotamos
para conversarmos em outra reunião. Após finalizar, ela sai da sala e volta ao
seu trabalho.
— Posso saber o que está rolando entre vocês? — Dom me pergunta.
— Entre mim e Alicia? — Ele assente. — Nada!
— Pode falar, fratello[i]. Sei muito bem quando há algo rolando. —
Demétrio me olha.
— Já falei que não está acontecendo nada — falo irritado. — E se
aconteceu, algum problema?
— Claro que tem! Ela é nossa funcionária, a melhor por sinal, que tem
se mostrado bastante eficiente nessas primeiras semanas de trabalho —
Dominic argumenta.
— O que tem a ver? Se eu fiz algo com ela, fiz fora do ambiente de
trabalho. — Me levanto da cadeira.
— Esse é o problema, isso pode afetar o trabalho. — Demétrio me olha.
— E eu não quero perder aquela funcionária que está sendo ótima para a
empresa, porque você não consegue manter seu pau dentro das calças. Uma
vez na vida, pense com a cabeça de cima, e não com a debaixo.
Nem fodendo.
Eu vou pegar aquela morena, de novo. E nada vai me impedir.

Sentada na minha cadeira, trabalho o restante da tarde, sem interrupções,


bem tranquila. Suspiro ao pensar no que aconteceu há poucas horas no
banheiro da minha sala, com Dimitri. Eu tenho que me fechar, não posso
ficar apaixonada por ele. Se eu me apaixonar, estou fodida, porque Dimitri
não vai ficar comigo, ele não vai se comprometer a um relacionamento entre
duas pessoas, e ainda mais com sua funcionária. Dimitri pega a primeira
mulher que aparece na frente dele. Não é à toa que já ouvi algumas
funcionárias fofocando, sobre ter dormido com ele e ter tido a melhor noite
que elas poderiam ter. Se eu me sinto mal? Sim. Não quero ser só mais uma
para ele, não quero ser mais uma na lista de quem ele pegou e descartou. Já
fui muito enganada, trocada e magoada. Não quero sofrer por isso
novamente, principalmente por um homem que estou começando a ter
sentimentos por ele, e o pior, eu sei que não vou ter retorno. Acho que eu sou
masoquista, adoro sofrer, sentir dor, porque eu sei que ele não vai me olhar
com outros olhos.
Sou interrompida dos meus devaneios, quando escuto baterem na minha
porta e Dimitri passar por ela. Ele fecha a porta atrás de si e vem até a minha
mesa, empurra um pedaço de papel em minha direção e me fita, com seus
olhos azuis intensos.
— Hoje, às nove, no mesmo hotel e no mesmo quarto — avisa e se
retira.
Pisco os olhos processando a informação. Pego o pedaço de papel em
cima da mesa, lendo o que está escrito com a sua caligrafia perfeita, o local
do hotel e o quarto.
Após terminar de trabalhar, recolho minhas coisas para ir embora.
Seguro a alça da minha bolsa pendurada no ombro, e paraliso ao ver Dimitri
conversando com uma funcionária no canto da parede, no corredor dos
elevadores, num lugar bem discreto e escondido. Dimitri sorri para ela,
segura seu queixo e beija sua boca. Sinto meu peito apertar e seguro forte a
alça da minha bolsa. A mesma boca que me beijou com fome mais cedo, é a
mesma que está beijando outra boca.
Eu nunca pensei que amar Dimitri, se tornaria doloroso demais para
mim.
Capítulo 1

No aeroporto de Paris, espero por Dominic que é quem virá me buscar,


junto com seus seguranças. Ponho minhas malas no carrinho e fico em um
lugar visível. Sei andar nesse aeroporto de olhos fechados, de tantas vezes
que já vim aqui visitar minha amiga. Espero alguns minutos, e logo vejo
Dominic me procurando com Theo e Daniel, eles me acham e vêm até mim.
Levanto da cadeira e arrasto o carrinho com minhas cinco malas grandes.
— Como foi a viagem? — Dominic me abraça.
— Foi tranquila — respondo com um sorriso. — Só estou bem cansada.
— É uma viagem longa, mas quando você chegar em casa, descansa. —
Assinto, com um sorriso.
Ele segura o carrinho com minhas malas e empurra o carro.
Cumprimento os seguranças e seguimos para seu carro. Após todas as minhas
malas serem colocadas no carro, seguimos para sua casa.
— Como foi se despedir dos amigos? — pergunta, dirigindo.
— Ah, foi tranquilo. Não tenho muitos amigos lá, exceto Helena, que
chorou muito. — O olho.
— Ah, Helena. Valentina estava falando com ela essa semana pelo
telefone — Dom, comenta. — Estavam marcando de ela vir aqui, passar
alguns dias.
— É, Helena é legal demais, uma amiga e tanto. — Ele assente,
prestando atenção na estrada. — Cadê Valentina e Lorena?
— Valentina está na clínica. Ela está com vários pacientes, sai logo cedo
de casa e só chega quase à noite, cansada, porém, satisfeita e feliz. — Sorri
orgulhoso, me olhando rápido. — E Lorena está na escola.
— E como está Lorena com os estudos? — pergunto.
— Lorena é bastante inteligente, já fala muito em inglês e francês, aos
poucos ela aprende mais outras línguas.
Dominic pega o telefone, vê algo nele e o trava, voltando sua atenção
para o trânsito.
— É Valentina, pedindo para buscar Lorena na escola, porque ela não
vai poder. Apareceu mais dois pacientes de última hora.
— A clínica está lotada. Tenho falado muito com ela — comento. — Ela
está bem feliz.
— Demais. Está sendo a realização de um sonho para ela. — Dom sorri,
passando a mão na nuca.
— Graças a você, se tornou realidade para ela.
— Não gosto quando falam isso. Ela quer me devolver o dinheiro, então
é o esforço dela. — Ele me olha e volta sua atenção ao trânsito. — Ela está se
esforçando dia e noite para a clínica dar certo. Ela ama o que faz.
— Valentina é uma ótima fisioterapeuta — digo.
Dominic assente.
— Você pode aumentar o engajamento da rede social dela? Sabemos
que a internet vem ganhando mais espaço, e será bom para ela. — Pede.
Dom passa pelos portões de ferro do condomínio e segue na via.
— Claro. Vou ver seu público-alvo, e farei um ótimo engajamento. — O
olho.
— Eu vou te pagar para fazer esse trabalh... — O interrompo.
— De maneira alguma, Dominic. — Retiro meu cinto quando ele
estaciona em frente à sua casa. — Não precisa me pagar nada, Valentina é
minha amiga, e vou ajudá-la. Sem contar que ficarei na casa de vocês sem
custo algum.
— Alicia, esqueça isso de custear algo na nossa casa, você é a melhor
amiga da minha esposa, pode ficar quanto tempo quiser. — Retira seu cinto e
saímos do carro.
Os seguranças de Dominic nos ajudam a retirar todas as minhas malas e
as colocamos dentro da casa.
A mansão de Valentina e Dominic é enorme e muito moderna. Subimos
com todas as malas até o primeiro andar.
— Esse aqui é seu quarto, o que você dormia antes. — Dominic abre a
porta.
Adentramos colocando todas as malas, os seguranças se despedem e
saem, me deixando a sós com Dominic.
— Você pode decorá-lo como quiser. — Ele me fita. — Se quiser, pode
falar com minha mãe, para ela decorar todo seu quarto.
— Acho que não vai precisar. — Olho o quarto. — Só colocarei alguns
quadros, alguns arranjos..., nada demais.
Dominic olha a hora em seu relógio de pulso e me fita.
— Tudo bem. Bom, vou buscar a pequena. Qualquer coisa, pode chamar
Clarisse.
— Obrigada, Dominic! — Agradeço.
Ele se despede, me deixando sozinha no meu novo quarto. Pego a
caixinha de transporte de animal com minha gatinha dentro. Serafina é uma
gatinha linda, branca de olhos azuis. Ela sai meio sonolenta por causa do
remédio que o veterinário deu e a coloco em minha cama. Ela sobe para os
travesseiros e cochila. Começo a desfazer minhas malas, guardando algumas
coisas no closet, para não deixar tudo para depois.
Pego minha bolsa e me sento na cama, retiro meu celular de dentro e
ligo para Miguel, que me atende no quarto toque.
— E aí, gatinha? Já está em sua nova casa?
— Oi, Miguelito! Cheguei há alguns minutos, cheia de malas. Como
está?
— Estou bem. E você?
— Bem também. Cadê Hannah? Quando Sophie vai nascer? Estou louca
para vê-la.
— Ah, Hannah está na cozinha fazendo a comida. Estou ansioso para
ver minha menina, logo ela chegará.
— Alessandro mexe demais na barriga de Manu, principalmente quando
Demétrio alisa sua barriga e fala.
— Comigo é assim também. A médica disse que isso é muito bom.
— É sim. Quando vocês vão vir?
— Pretendemos ir quando Sophie nascer, a médica não aconselhou
viajarmos. Hannah pode entrar em trabalho de parto a qualquer momento.
Assim que Sophie nascer, e a médica liberar viajar, nosso primeiro destino
será Paris.
— Que ótimo... — Paro de falar, quando Dimitri aparece na porta,
vestido de terno. — Preciso desligar, muitas malas para serem desfeitas e
outras para serem despachadas.
Dimitri ergue a sobrancelha e coloca as mãos nos bolsos.
— Amo você! Se cuida.
— Amo você! Manda um beijo para Hannah.
— E manda um beijo para as minhas meninas, e um abraço apertado
para os meninos. Beijos.
Desligo o telefone e olho para Dimitri.
— O que está fazendo aqui? — Levanto-me da cama.
— Vim ver você. — Entra em meu quarto, me olhando.
— Já me viu, pode ir embora. — Dou-lhe as costas.
Arrasto minha mala e a coloco em cima da cama.
— Poderia ter me pedido para buscá-la no aeroporto. Não precisava ter
pedido ao Dom — ele diz, se aproximando da cama.
— Não queria que você fosse me buscar. — Retiro minhas roupas da
mala, sem olhá-lo.
Segurando minhas roupas dobradas, sigo para o closet para colocar junto
com as outras, que já estão dobradas.
— Não sabia que você viria hoje. — Escuto-o falar.
Suspiro e o vejo dentro do closet.
— Não falei, porque eu sei que você ia querer me buscar — digo. — E
ninguém sabia, exceto Dom. Nem Valentina sabe, quero fazer uma surpresa.
Passo por ele e volto para o quarto, para pegar mais roupas.
— Qual o problema? — ele pergunta.
— Não quero você por perto — respondo. — E nem sei por que você
está aqui, Dimitri. Fazendo tanta questão de ter ido me buscar no aeroporto.
Para que tanto esforço? — O olho. — Quando era para você fazer questão,
você não fez, agora não faz sentido. Pode ir embora.
— Por que você está assim comigo? O que eu te fiz? — pergunta, se
aproximando da cama.
Dou uma risada sem humor e o fito.
— O que você fez? Quer que eu desenhe ou soletre? — O olho. — Vai
embora! Sério. Acabei de chegar de uma longa viagem, e quero descer para
receber minha amiga...
— Você não me quer aqui? — Seus olhos azuis me fitam.
— Eu só estou cansada de tudo. Cansada de você. Cansada de... — Sou
interrompida.
A porta do meu quarto é aberta, por um furacão chamado Lorena,
vestida com o uniforme da escola.
— Tia Alicia! — Ela corre até mim. — A senhora chegou cedo.
Me agacho e pego minha sobrinha nos braços.
— Você está pesada, hein. — Beijo sua bochecha. — O que tanto você
come, mocinha?
A coloco na cama, para ficar na minha altura.
— Muito biscoito da vovó Michele. — Sorri.
— Nem falou comigo. — Dimitri faz bico para ela.
— Tio Dim, eu vejo o senhor todos os dias. Já faz um tempão que não
vejo tia Alicia. — Ela faz bico. E olha para cama. — A senhora trouxe
Serafina. Ela vai adorar Luke e Mel.
Dominic entra no quarto e olha seu irmão, franzindo a testa.
— O que faz aqui? Pensei que estava na empresa. — Se aproxima.
— Vim dar boas-vindas à Alicia — Dimitri responde. — Mas eu já
estava de saída. — Ele se aproxima de Lorena e beija sua cabeça, e volta seu
olhar para mim. — Podemos conversar depois?
— Não — respondo, sem muita importância.
Ele prensa os lábios, me olhando. Fito seus olhos azuis, que fazem meu
coração acelerar, mas me sinto magoada demais por tudo que ele me fez
passar. Ele se despede do irmão e da sobrinha, e sai do meu quarto.
— Está tudo bem, entre vocês? — Dom me pergunta.
Nego com a cabeça, suspirando, para não chorar.
— Quer conversar? Podemos conversar antes que Valentina chegue. —
Se aproxima.
Suspiro, e pisco os olhos.
— Não. Não agora.

Desço as escadas, após desfazer algumas malas e organizar as roupas no


closet, quando Valentina passa pela porta.
— Olá! — Chamo a sua atenção.
Valentina para seus passos e me olha, arregalando os olhos.
— Sua piranha! — Larga sua bolsa na mesinha ao lado da porta e corre
até mim, e me abraça. — Você disse que iria chegar na próxima semana.
— Pois é, pedi a Dominic para não dizer nada. Quis fazer uma surpresa.
— Sorrio.
— Olha, mamãe, tia Alicia chegou cedo. — Lorena desce as escadas
com Dominic.
Dom a ajuda descer e larga sua mão, que vai correndo até Valentina.
Minha amiga se agacha e cumprimenta sua filha com um beijo na bochecha.
— O papai nos enganou direitinho. — Valentina sorri.
— A senhora vai morar aqui para sempre? — Os olhos azuis de Lorena
me fitam.
— Não sei, meu bem. Mas eu vou ficar por um bom tempo. — Mexo em
seu cabelo.
Os cachorros de Lorena correm pela casa — já estão bem maiores e
grandes —, pulam em cima de mim, e começam a me lamber.

Acordo me sentindo relaxada, tomo um banho morno e vou até o closet


me vestir, vou com Dominic à empresa para conhecer e iniciar meu trabalho.
Coloco mais ração e água nos potinhos de Serafina. Após estar pronta, pego
minha bolsa e desço. Sigo para a cozinha, e vejo Valentina conversando com
Clarisse, enquanto Lorena come seu cereal.
— Bom dia! — Valentina me cumprimenta. — Dormiu bem?
— Muito bem! — Sorrio e olho Clarisse. — Como vai, Clarisse?
— Vou bem, Alicia. O que deseja comer? — pergunta, enquanto assa os
ovos.
— O que todos forem comer — digo.
— Bom dia! — Dominic nos cumprimenta, assim que entra na cozinha.
Dominic beija sua esposa e beija sua filha. Seguimos para a mesa,
quando Clarisse nos serve, Dimitri entra cumprimentando a todos. Eu faço
apenas um aceno e continuo a comer.
— Ansiosa para conhecer a empresa, Alicia? — Dimitri pergunta, me
fitando.
Ele pega a xícara com café e a leva até a boca.
— Muito — respondo.
— Você vai gostar da sede daqui de Paris. — Puxa assunto. — É maior
que a do Rio, e mais aconchegante.
— Que legal. — Dou um sorriso forçado, não querendo assunto com ele.
— Tia Alicia, Serafina pode brincar com Luke e Mel? — Lorena me
olha.
— Claro, meu amor. Serafina é supertranquila. — Sorrio para ela.
Passamos o restante do café sem silêncio. Dom puxa assunto, após notar
o clima tenso entre mim e Dimitri e fala algo relacionado à corrida de carros
que eles fazem, e Dimitri mantém seus olhos em mim o tempo todo.
Valentina ergue a sobrancelha em questionamento, mas dou de ombros, sem
dar muita importância. Após comer, me despeço de Valentina e Lorena, e
sigo com Dominic para fora da sua casa. Dominic vai em direção a Theo e
Daniel, enquanto Dimitri se mantém ao meu lado.
— O que está fazendo aqui? — O olho.
— Eu quero saber se você vai comigo até a empresa. — Me fita.
— Não — respondo secamente. — O combinado é que irei com
Dominic todas as manhãs, exceto quando ele precisar sair mais tarde. Quando
houver algum imprevisto, irei com seus seguranças. — Desvio meu olhar do
seu.
— Posso te dar carona, quando precisar. — Estende o assunto.
— Eu não vou ficar ao seu lado, Dimitri. Quanto mais puder ficar longe
de mim, eu agradeço — digo, rude.
— Vamos, Alicia? — Dom me chama.
Sem me despedir de Dimitri, entro no carro de Dominic e seguimos para
a empresa. Uns vinte minutos depois, Dom estaciona em frente ao grande
prédio, muito sofisticado, em uma das avenidas mais famosas de Paris.
Descemos do carro e ele entrega a chave do carro aos seus seguranças. Logo
o carro de Dimitri — um esportivo vermelho que chama atenção de todos —,
estaciona atrás do carro dos seguranças de Dominic. Ele joga suas chaves
para seus seguranças e vem até nós, com seus óculos de sol, que o deixa
ainda mais gostoso.
Entro no prédio com eles, enquanto ambos me mostram todo o prédio.
As funcionárias, todas elas, param o que estão fazendo quando Dominic e
Dimitri passam pelo corredor, babando por eles. Imagina se Demétrio
também estivesse ao nosso lado? Estou bem apagada no meio deles dois,
porque todos os olhares estão voltados para eles.
Subimos para o último andar, onde as paredes são todas de vidro, dando
uma bela visão da Torre Eiffel próxima ao prédio.
— Você terá sua própria sala, como tinha no Rio — Dominic informa.
— A sua será em frente à sala de Dimitri.
— Jura? — Olho irritada para Dimitri.
Ele dá de ombros, sorrindo. Idiota. Isso foi ideia dele, tenho certeza.
— Falou algo? — Dom vira seu corpo e me fita.
— Não. Não falei nada. — Dou um sorriso.
Dominic me leva até minha sala, que por sinal é bem mais bonita e mais
ampla que a do Rio. Tem um banheiro acoplado, com tudo que irei precisar.
Um pequeno sofá, uma mesa linda de vidro temperado, uma cadeira
superconfortável, e duas em frente à mesa.
O celular de Dominic toca e ele atende. Fico olhando minha sala, que
tem uma grande janela com uma bela vista de Paris. Vou adorar trabalhar
olhando essa vista.
— Vou precisar me encontrar com Demétrio lá embaixo. Você mostra a
sala a ela, Dimitri — Dom fala e se retira, apressado.
Bufo. Coloco minha bolsa em cima da mesa e olho a grande vista.
— Isso é coisa sua, não é? — Cruzo os braços, sem olhá-lo.
— O que exatamente? — Escuto sua voz rouca, preencher minha sala.
Giro meu corpo e o olho.
— Minha sala em frente à sua. Você jura que vai rolar alguma coisa? —
Cerro os olhos.
— Não sei do que você está falando. — Coloca as mãos nos bolsos,
sonso.
— Ah, não sabe? Me escute bem — descruzo meus braços e ando até ele
—, não vai rolar mais nada, Dimitri. Escute bem o que estou falando a você.
— Abro a porta da minha sala. — Por gentileza, pode se retirar?
— Está me expulsando? — Ergue a sobrancelha, com um sorriso.
Merda, ele tem um sorriso tão lindo.
— Estou. — Abro mais a porta.
Ele assente me olhando, retira suas mãos dos bolsos e fica diante de
mim. Dimitri ergue sua mão e acaricia meu rosto, me fazendo estremecer
pelo seu toque.
— Você está linda, brunetta[ii]. — Passa o polegar em meus lábios. —
Bem-vinda à empresa.
Se retira da sala e solto a respiração, que nem sabia que havia prendido.
Capítulo 2

Batuco meus dedos em cima da minha mesa, decidindo se vou ou não na


sala de Alicia, ver como ela está, ou se precisa de algo. Só mais uma desculpa
para vê-la. Ver seu rosto perfeito, como uma linda diabinha. Merda! Me
encosto na cadeira e giro minha cadeira olhando Paris, através das janelas do
meu escritório.
Assim que bati meus olhos nela, senti uma atração imensa. Ela é a mais
linda de todas que já fiquei, não posso negar ou desmerecer as outras com
quem já estive, mas Alicia é diferente, não sei... só sei que ela é diferente.
Não resisti e passei as primeiras semanas ao seu lado, jogando meu charme
até ela cair na minha lábia. Mas eu pensei: é só mais uma foda, não será nada
esplêndido. E foi aí que eu me fodi, transei com ela mais uma vez, e depois,
várias outras vezes.
Alicia é uma tigresa, gostosa demais, e safada, tenho que mencionar
isso. Eu sei que se eu for para cama com ela, eu vou gastar todas as minhas
energias. Ela é foda na cama. Por isso transei várias vezes com ela, e até
agora não me saciei. Estou fodido, não é? Pensei que tudo isso iria passar
quando eu fosse embora do Brasil. Eu sabia que quando Valentina viesse
morar definitivamente com meu irmão, ela iria os visitar, mas seria poucas
vezes ao ano. E de repente, meus queridos irmãos falaram comigo a respeito
de trazê-la para cá. E como eu fico? Louco para transar com ela, de novo.
Eu já tinha me esquecido um pouco dela, e estava seguindo minha vida,
ficando com outras mulheres, como de costume. Mas será um pouco
complicado, agora que ela está aqui, me fazendo pensar em mil coisas, só
para vê-la. O nosso sexo é maravilhoso, minha nossa..., é selvagem demais.
Alicia é demais na cama, deixa qualquer homem cansado, de tanto trepar. Ela
é insaciável, assim como eu.
Lembro-me de cada curva sua, como se fosse ontem. Alicia tem um
corpo gostoso demais, ela é o tipo de mulher brasileira que todo homem quer
pegar. Ela é bem natural, tem estrias e celulites como toda mulher tem, e que
algumas preferem esconder por questão de vergonha ou estética mesmo. E os
peitos..., aqueles peitos são uma tentação para mim. Grandes e convidativos
demais, que me fazem salivar só de lembrar. E a bunda? Minha nossa... uma
bunda grande e empinada, que faz meu pau pulsar.
E agora, aquela diaba resolve me dar um gelo. Eu vou saber o motivo
desse gelo.

— Quer dizer que chegou uma nova funcionária? — Benjamin pergunta


a Dom.
— Sim. Ela trabalhava na filial do Brasil — meu irmão responde. — Ela
é a melhor amiga da minha esposa.
— Bom que já a conhecem. — Ben toma seu café.
— Ela é uma ótima funcionária — Demétrio responde.
— E você, Dimitri? Não tem nada para falar? — Ben me olha.
— Nada para falar. — Bebo meu café.
— Uau... É aquela? — Ben aponta para trás de mim.
Giro meu corpo e vejo Alicia sorrindo, falando algo com Morgana que a
faz sorrir. Alicia está chamando atenção de todos na copa da empresa. O traje
perfeitamente bonito, igual a ela: uma calça skinny apertada em suas coxas,
blusa de seda e saltos. Seus cabelos pretos longos que batem em cima da
bunda, todo ondulado mostrando seu brilho natural
— É ela. — Demétrio volta a tomar seu café.
— Ela já conhece Morgana? — Ben franze a testa.
— Você sabe que Morgana sempre viaja conosco a trabalho, e quando
abrimos a filial no Brasil, ela foi. Foi lá que ambas se conheceram, e pelo
visto, se deram muito bem — Dominic comenta.
— Nossa, ela é muito linda, hein! — Ben fala, me deixando
incomodado. — Ela é solteira?
— Não a vi com ninguém, então... — Demétrio me dá um sorriso.
Stronzo. — Por que não fala com ela?
— Boa ideia, chefe. Vou falar com ela, não hoje, mas essa semana darei
minhas boas-vindas. — Nosso advogado sorri.
Minha cara se fecha e aperto forte a xícara.
— Que cara de bunda é essa? — Dominic me olha.
— Nada. Vou voltar para meu escritório. — Me levanto da mesa e saio
da copa, bufando.

Sentado em minha cadeira, verificando alguns e-mails e respondendo


outros, escuto o telefone da minha sala tocar.
— Fala, Morgana.
— Scarlet está aqui. E deseja falar com você.
Passo a mão no rosto.
— Mande-a entrar — finalizo a ligação.
Me encosto na cadeira, na hora exata que a loira estonteante entra no
meu escritório, fechando a porta.
Scarlet é uma loira que me faz salivar. Um corpo gostoso, que uso
constantemente.
— Seu noivo está viajando? — Me encosto na cadeira.
— Sim. Só volta na segunda-feira. Temos todos esses dias para ficarmos
juntinhos. — Ela se aproxima de mim.
— Hum... E o que vamos fazer? — pergunto.
Ela se ajoelha na minha frente, e passa as mãos em minhas coxas,
começando a me deixar duro de expectativa.
— Primeiro, eu quero te chupar. — Desafivela meu cinto. — Estou com
saudade de ter seu pau em minha boca. — Segura nas laterais da minha calça
e a desce, com a minha ajuda. — Depois você me come de jeito nessa mesa,
como na semana na passada.
Ela segura meu pau, já duro, e começa a me masturbar. Me encosto
melhor na cadeira, quando ela abocanha meu pau, me levando todo em sua
boca. Seguro seus cabelos no alto da sua cabeça...
— Dimitri, eu bati na porta, mas... — A voz de Alicia soa em meu
escritório.
Viro meu rosto, vendo Alicia paralisada olhando a loira que há poucos
segundos estava com meu pau em sua boca. Alicia me olha, e seu olhar é
indecifrável. Ela se retira, fechando a porta, batendo-a com muita força.
Merda! Empurro um pouco a loira, para poder me levantar.
— Ah, não, benzinho! Vem aqui. — Scarlet me chama.
Ajeito meu pau dentro da cueca e fecho a calça.
— Tenho algo para resolver. — Ajeito minha camisa dentro da calça.
— Não faz isso. Vem cá. — Scarlet se aproxima de mim.
— Depois, Scarlet. — Me desvio do seu toque e saio da sala.
Olho o espaço de Morgana na mesa, e não a vejo. Sigo para a sala de
Alicia e abro a porta sem bater. Olho o interior da sua sala e não a encontro.
Pronto para sair da sala, eu a vejo sair do banheiro. Ela levanta seu olhar e me
olha, com os olhos vermelhos.
— O que está fazendo aqui, Dimitri? — Me olha irritada.
— Alicia..., eu... — Ela me interrompe.
— O que foi? É algo relacionado ao trabalho? — Me olha com raiva.
— Não queria que tivesse visto. Aquela mulher... — Ela ergue o dedo,
me calando.
— Você não me deve satisfações. Pode voltar para sua sala e continuar o
que estava fazendo. Eu me resolvo aqui. — Se senta em sua cadeira.
— Alicia... — Me aproximo dela.
Ela se levanta bruscamente da cadeira, parando meus passos, batendo
com as duas mãos na mesa, me dando um leve susto.
— Vai embora daqui seu idiota! — Grita.
Pisco os olhos e a vejo andar pisando duro na sala, caminhando até sua
porta.
— Vai Dimitri! — Esbraveja.
— O que é que você tem? — Encolho os ombros, olhando-a.
— O que eu tenho? Você que... Inferno! Só vai embora. — Segura forte
a porta.
Passo por ela, olhando seus olhos escuros, que estão muito vermelhos.
— Ainda vamos conversar — digo sério.
— Não tenho nada para conversar com você — responde, ríspida.
— Vamos conversar, sim. — Fito seus olhos, antes de sair da sua sala,
mal saio e escuto a porta ser batida com muita força.

Saio do trabalho e sigo para o hotel, para me encontrar com Scarlet. Ao


entrar, eu já a encontro nua, deitada toda aberta na cama. Retiro meu paletó,
jogando-o em cima da mesa, e começo a tirar minha roupa. Me aproximo
dela e caio de boca na sua boceta, não querendo perder tempo. A loira puxa
meus cabelos com força, gemendo, e implorando por mais. Deixo a loira
gozar e me levanto.
— Onde você vai? — ela pergunta.
— Quietinha, aí. — Aponto para ela.
Ela assente com um sorriso. Sigo até o armário, onde deixo todas as
minhas coisas, incluindo os apetrechos eróticos. Pego um par de algemas e
uma camisinha. Volto para a cama, coloco as algemas nos pulsos dela e a
prendo na cabeceira da cama, deixando-a de quatro para mim. Visto meu pau
com a camisinha e entro nela.
Começo a bombear forte dentro dela indo fundo e rápido. Scarlet grita e
geme loucamente, pedindo por mais. Enrolo seu cabelo em minha mão e
meto mais fundo.
— Por que você sempre me procura? Seu noivo não dá conta? —
pergunto ofegante.
— Não... Hum... Você me fode bem gostoso. — Ela geme.
— É? Ele não te fode bem? — Meto mais fundo.
— Ele mal sabe onde enfiar — murmura.
— Hum... Então eu te fodo muito gostoso. — Rosno. — Você gosta de
ser minha putinha, não é?
— Eu amo. Oh, Dimitri... mais forte. — Pede, ensandecida.
A faço gozar e em seguida eu não resisto. E o pior, gozo pensando em
Alicia. Desabo ao lado dela, controlando minha respiração. Me levanto da
cama depois de alguns minutos e sigo para o banheiro e decido tomar um
banho. Visto minha cueca e a calça e vou até o pequeno bar e me sirvo de
uma dose de uísque.
— Você sabe que o que está fazendo, é errado, não é? — A olho.
— O quê?
— Traindo o seu noivo — digo.
Ela bufa e se senta na cama.
— Qual é, Dimitri? O cara nem sabe foder direito. — Revira os olhos.
— Ele pode ser ruim de foda, mas garanto que ele faz tudo por você —
respondo.
— Eu não o amo, você sabe disso. E só estou com ele, porque ele me
proporciona muitas coisas — fala.
— Isso daí é com vocês, eu tô fora. — Coloco o copo em cima da mesa.
— Como é? Vai me largar? — Scarlet sai da cama.
Pego minha camisa e começo a vesti-la.
— Não estamos juntos, Scarlet. Apenas estou dizendo que o sexo que
tínhamos, acabou. — Abotoo minha camisa.
— Só por causa do meu noivo? — Ergue a sobrancelha.
— Sim. Não quero ser o culpado quando isso vier à tona — respondo.
Termino de colocar a minha roupa, pego minha carteira e o celular.
— Mas isso não vai vir à tona — diz.
— Claro que vai, Scarlet. Não sou burro, já basta que várias revistas
falem do meu envolvimento com outras mulheres, eu não quero parar numa
capa de revista por ter sido o culpado do término de um relacionamento. — A
olho.
— Se for por causa disso, eu termino com ele. — Me olha.
— Você não vai terminar com ele, porque eu não quero nada com você
— digo sério.
— É por causa dela, não é? Alicia. — Me olha com raiva.
Franzo a testa sem entender.
— Você falou o nome dela enquanto gozava, Dimitri. Quem é ela? —
Se aproxima de mim.
Dou de ombros, sem dar muita importância. Mas eu estou totalmente
surpreso. Como não percebi que falei o nome dela?
— Não lhe devo satisfações. — A olho. — Você é a única aqui que deve
satisfações ao seu noivo.
— Ele vai saber. — Sorri, friamente.
— Saber o que exatamente? — Cruzo os braços.
— Vou dizer a ele que você me seduziu — fala.
— Eu te seduzi? Essa não cola, Scarlet. Eu não te seduzi, você me
procurou pedindo por sexo selvagem, porque seu noivo não sabia te comer
direito. — Dou um sorriso.
— Mas ele vai acreditar em mim — diz, com raiva.
— Será? — Sorrio.
Retiro meu telefone do bolso, mostrando a ela que a conversa foi
totalmente gravada. Ela me olha com tanta raiva, que seu rosto fica vermelho.
— Acho que ele vai acreditar em mim. — Travo o celular, colocando-o
no bolo. — Passar bem, Scarlet.
— Seu canalha, idiota! — Ela vem para cima de mim.
Seguro seus punhos e a olho seriamente.
— Não pise mais na minha empresa e não me procure. Para seu bem,
Scarlet — digo.
Largo seus punhos, vendo suas lágrimas descerem pelo seu rosto e saio
do quarto.
Capítulo 3

Saio da minha sala após uma manhã cheia de trabalho, e me deparo com
um homem lindo, vestido de terno, conversando com Morgana. Morgana me
olha e acena para eu ir até eles.
— Alicia, esse aqui é Benjamin. Ben essa é Alicia, nossa gerente de
mídias sociais. — Morgana nos apresenta.
O rapaz de olhos verdes me fita, com um sorriso nos lábios. Seus
cabelos castanhos claros e perfeitamente penteados, um par de óculos de
grau, que sinceramente, o deixou mais lindo do que já é. Sua barba ralinha
escura, e bem aparada fica perfeita em seu rosto. Ele abre um sorriso bem
bonito, capaz de deixar qualquer mulher balançada. Benjamin é muito lindo,
alto e forte. Uma postura séria que o deixa sexy e atraente.
— Bem-vinda, Alicia — fala em inglês.
Ele estende sua mão e a aperto. Converso com ele em inglês.
— Muito obrigada! — Sorrio e ele abre um sorriso de lado, mostrando
seus dentes brancos. — Você trabalha aqui?
— Sim. Sou o advogado — responde. — Os meninos me falaram que
você trabalhou na filial do Rio de Janeiro.
— Sim. Trabalhei por lá, e no final do ano passado eles fizeram uma
proposta irrecusável para eu vir trabalhar aqui. — Ele assente.
— Você foi na sede quando era em Milão? — pergunta, apoiando seu
cotovelo no balcão de Morgana, sem tirar os olhos de mim.
— Só passei pela frente, mas não entrei — digo.
— Aqui com certeza é melhor do que lá. — Bem sorriu.
— Está gostando de trabalhar aqui? — Morgana me olha.
— Só faz cinco dias, e está sendo os melhores dias de trabalho que eu já
tive. — Minto, pensando rapidamente em Dimitri com a loira em seu
escritório. — Confesso que trabalhar aqui, está sendo melhor do que no Rio.
— Você vai adorar trabalhar aqui. — Benjamin sorri e olha seu relógio
no pulso. — Preciso ir. Vamos almoçar juntos? Eu sempre almoço com
Morgana, você pode vir conosco.
— Vou sim — respondo, com um sorriso. — Morgana me chama,
quando for a hora.
— Perfeito. — Benjamin se aproxima de mim e beija minha bochecha,
segurando minha cintura, dando um leve aperto. Uau. — Foi bom te
conhecer, Alicia. — Pisca o olho e se afasta, indo embora.
Sorrio e o vejo indo embora, meneando a cabeça, vendo sua bunda na
calça social. Que coisa linda...
— Viu como ele te olhou? — Morgana cochicha, quando passa algumas
pessoas pelo corredor.
— Como? — Sacudo a cabeça e a fito.
— Com certeza ele te achou bonita. Claro que você é bonita, mas ele
não parava de te olhar. — Apoia os braços no balcão.
— Ele estava falando comigo, né, Morgana — respondo e bebo minha
água.
— Você se faz de sonsa. — Morgana cerra os olhos, com um sorriso. —
Pode admitir, Benjamin é lindo, não é?
— Sim. Muito lindo. Ele realmente é lindo. — Sorrimos.
— Quem é lindo? — Escuto a voz de Dimitri.
Viro meu corpo, apoiando meu braço no balcão de Morgana e vejo
Dimitri me olhando muito sério, com cara de poucos amigos.
— Dimitri, estamos no intervalo, por isso estamos conversando —
Morgana fala.
Dimitri assente e volta seu olhar para mim.
— Então, quem é bonito? — Coloca as mãos nos bolsos e mantém seus
olhos azuis em mim.
— Benjamin — respondo com um sorriso. — Ele me chamou para
almoçar com ele e Morgana.
Ele fecha mais ainda a cara.
— E você vai almoçar com ele? — Trinca os dentes.
— Ué, claro que vou. — Dou de ombros. — Meu colega de trabalho,
vou adorar conhecê-lo. Sem contar que, estou bastante interessada. Benjamin
é muito legal, e supersimpático.
Ele trinca o maxilar e prensa os lábios.
— Bom almoço, então. — Se vira e vai embora, indo em direção ao
elevador.
Acompanho seu andar e ele entra no elevador e se vira, me olhando.
Dimitri aperta o botão do elevador e antes que as portas se fechem, dou um
aceno e um sorriso falso. Idiota. Estúpido.
— O que ele tem? — Morgana me olha.
— Falta do que fazer. — Dou de ombros.

Pego minha bolsa saindo da sala, encontro Morgana se preparando para


sairmos para almoçar. Vamos para o elevador e descemos para o hall do
prédio, onde encontramos Benjamin com as mãos nos bolsos da calça social,
nos esperando. Ele sorri ao nos ver e vem até nós.
— Que bom que você veio. — Ben sorri.
— Obrigada por me convidar. — Agradeço, gentilmente.
— Vamos. O restaurante é bem pertinho, sempre vamos andando. — Ele
nos chama.
Saímos da empresa, e vamos conversando coisas aleatórias, até
chegarmos no restaurante, perto da empresa. Entramos e o gerente vem até
nós, com um sorriso.
— Bonsoir[iii]. Sejam bem-vindos — o gerente nos cumprimenta. —
Desejam uma mesa?
— Sim, por favor. — Benjamin pede.
Andamos por dentro do restaurante que é sofisticado e confortável.
Pegamos uma mesa, fazemos nossos pedidos e não demora muito para
sermos servidos.
— Fale um pouco sobre você. — Benjamin me olha. — Onde morou?
— Eu nasci e fiquei toda a minha adolescência, até a fase adulta
morando na favela. — Dou um gole do suco. — Assim que consegui um
trabalho na empresa dos meninos no Rio, eu e um amigo dividimos um
apartamento.
— E seus pais? — ele pergunta.
— Bom, minha mãe morreu há alguns anos, e meu pai... não sei. Ele me
abandonou dois dias após a morte da minha mãe — respondo, me sentindo
desconfortável.
— Sinto muito, eu não deveria ter perguntado — Benjamin fala
apressadamente, limpando o canto da boca com o guardanapo. — Me
desculpe.
— Não precisa se desculpar, Benjamin. Não se preocupe. — Dou um
sorriso. — É porque é doloroso demais para mim.
— Imagino. Perder a mãe, e logo depois o sumiço do pai, deve ter sido
horrível — Morgana comenta.
— Muito. Mas ainda bem que os pais de Valentina me acolheram —
falo, sentindo um aperto em meu peito. — Eles cuidaram de mim, eu não
sabia o que seria de mim sem eles. Eu serei eternamente grata a Maria Liz e
Túlio.
— Eles estão vivos? — Benjamin me olha.
— Não. Infelizmente. Foi horrível! Valentina tinha acabado de descobrir
que estava grávida de Lorena, e foi uma tristeza só. Aí foi a minha vez de
confortá-la. — Ele assente. — Tia Flor caiu do céu, é a tia de Valentina, a
única que a acolheu, porque o restante da família sequer foi para o enterro.
— Às vezes família é um saco. Quando a gente precisa, todos viram as
costas — Morgana comenta.
— Concordo com você, Morgana — Benjamin fala.
— Tia Flor cuidou de mim e Valentina. E Miguel, que é o nosso amigo,
sempre esteve conosco. Agora ele mora em Nova York, com Hannah.
— Hannah Fisher? — Ben arregala os olhos. — Não acredito que ele
está com ela.
— Vão ter uma filha. Hannah está grávida, logo Sophie chegará. —
Sorrio. — Estou louca para ver minha sobrinha.
— Uau. Nunca imaginei que a Hannah estivesse grávida. Os meninos
não contaram, mas ultimamente está uma correria grande na empresa, foram
muitas pessoas contratadas e não tiveram tempo de falar. Quando Hannah ia
para Milão, ela passava na sede e conversávamos muito. — Bem me olha.
— Pois é. Está um caos na empresa, mas creio que Hannah logo virá a
Paris, com a filha nos braços. — Morgana nos olha.
— Por quanto tempo você ficará aqui em Paris? — Benjamin me olha.
— Não sei. Os meninos não falaram em contrato, só que eu estarei fixa
aqui. Meus parentes são bem distantes, não falo com eles, então se for preciso
ficar aqui, eu fico — respondo.

Analiso alguns gráficos na tela do computador e faço algumas anotações


para deixar separado, para quando for apresentar uma nova estratégia de
marketing para os meninos. A porta da minha sala é aberta e Dimitri passa
por ela, fechando-a atrás de si.
— Você está me atrapalhando — murmuro, prestando atenção no
computador.
Ele me ignora e senta na cadeira em frente à minha mesa.
— Como foi seu almoço? — Abre seu paletó.
— Ótimo, por sinal. Mais alguma coisa? — Continuo mexendo no
computador.
— Gostou do Benjamin?
Desvio meu olhar da tela do computador e o olho. Dimitri é um homem
absurdamente lindo, com seus cabelos quase loiros um pouco grandes, a
barba cheinha e aqueles malditos olhos azuis, que eu amo tanto. Infelizmente.
— Por que o interrogatório? — Apoio meus braços na mesa.
Ele desce seu olhar e fixa seus olhos no meu pequeno decote.
— Apenas querendo saber. — Volta seu olhar para meu rosto. — Então,
gostou dele?
— Muito. Um homem muito respeitador e legal — respondo, voltando
minha atenção à tela do computador.
— Hum... Ele contou que é casado? — Escuto-o falar.
— O que eu tenho a ver com isso? — O olho.
— Bom, ele está bem interessado — comenta.
— Nem percebi. — Dou de ombros.
— Ficará feio. Você, uma mulher inteligente, se relacionando com um
homem casado, ainda mais na empresa.
Solto uma risada sem humor e o olho.
— Eu saí com alguém pior, você. Se ele for comprometido, isso é
problema dele, não meu. — Me levanto da cadeira. — E deixa de ser
hipócrita, aquela loira que estava com seu pau enfiado na boca, é noiva.
Então não venha me dizer o que eu devo ou não fazer, Dimitri. A vida é
minha e faço dela o que bem entender.
Sigo para a porta e a abro.
— Se me der licença, tenho muito o que fazer. — O olho, irritada.
— Só para saber, eu não estou mais com ela. — Se levanta da cadeira.
— Oh, isso não me interessa, Dimitri. Mas não venha falar do sujo, seu
mal lavado — falo com raiva. — Eu sou solteira, fico com quem eu quiser e
na hora que eu quiser.
— Então fica comigo, mais uma vez. — Puxa minha cintura.
Apoio minhas mãos em seu peito.
— Você não sai da minha cabeça, brunetta — murmura, passando o
nariz em meu rosto.
Sinto minhas pernas um pouco bambas, e meu coração acelerado. Há
meses, anseio pelo seu toque, seus beijos, seu carinho, mas eu não posso
ceder de novo, ou sofrerei mais uma vez.
— Sai. — O empurro, me afastando dele.
— O que foi? — Dimitri fecha a porta. — Sempre ficamos juntos.
— Dimitri, eu não serei uma reserva para você. — Me afasto dele.
— Você nunca foi reserva — diz.
Viro meu corpo e olho para ele, com um sorriso irônico nos lábios.
— Dimitri, essas suas palavras não me enganam mais. A antiga Alicia,
se foi, ela acreditava nessa sua lábia de cafajeste. — Aponto para ele. —
Aquela mulher frágil, em busca de carinho e atenção, se foi. Aquela que
acreditou nessas suas palavras, se foi, Dimitri. Não adianta vir com isso, eu
não acredito mais.
— E como faço para você acreditar nelas? — Se aproxima de mim.
— Para que tanto esforço, Dimitri? Não acredito. Perdi a confiança em
você. Eu cansei de ficar horas te esperando, depois de ter ficado com outra.
— Meus olhos ficam marejados. — Eu cansei de ver você com marcas de
batom, cheiro de outras mulheres quando ia me ver.
— Alicia, eu... — O interrompo.
— Não, Dimitri. — Ergo a mão, o parando. — Por favor, vá embora!
Ele engole em seco, quando não consigo segurar o choro e desabo na
sua frente. Ando até a porta, enxugando minhas lágrimas e abro a porta.
— Vai embora. Me deixa sozinha. — Peço.
Ele fica um tempo parado me olhando e sai da sala sem falar nada. Bato
a porta e me encosto nela, escorregando até o chão, apoiando a cabeça na
porta, sentindo as lágrimas escorrerem em meu rosto, me fazendo soluçar.
Sinto um aperto grande no peito, e choro mais ainda.
Por que amar Dimitri, me faz sofrer tanto?
Capítulo 4

O final de semana finalmente chegou, e Dominic quis fazer um


churrasco de boas-vindas para mim. Tia Flor chegou na quinta-feira à noite,
para passar uns dois meses aqui, e estou morrendo de saudades dela. Todos
estão aqui: Manuela com seu barrigão, Demétrio, Michele, Nathaniel e...
Dimitri, que não para de me olhar. Me senti uma fraca, chorando na sua
frente, prestes a dizer que o amo. Não queria que ele tivesse me visto daquela
forma, quero mostrar que estou bem, que superei o que tivemos. E se for para
esquecê-lo, conhecerei melhor Benjamin, que se mostrou bem interessado nas
últimas semanas.
Tudo já está pronto na cozinha externa na casa da minha amiga, e a
piscina pronta para ser usada. Pus um biquíni simples, mas resolvi tirar meus
piercings dos seios, para não chamar atenção. Os coloquei recentemente,
antes de vir para Paris, achei bonito e resolvi colocar. Desço as escadas
vestindo minha saída de banho e vou para a área externa da casa.
Vejo Valentina colocar as boias nos bracinhos de Lorena e a colocar na
piscina de adulto, para ficar com Dominic, que já está dentro da piscina. Me
sento ao lado de tia Flor, que está comendo alguns aperitivos e tomando sua
cerveja.
— A senhora adora uma cerveja — digo, com um sorriso.
— Com certeza, minha filha. — Tia Flor sorri. — E você, não vai
beber?
— Vou sim. Só estou esperando uma pessoa chegar — digo.
— Um namorado? — Ela me olha, com um sorriso.
— Não. — Sorrio.
Sinto meu celular vibrar em minhas mãos, e vejo uma mensagem de
Benjamin.
Benjamin: Estou aqui na frente.
Eu: Vou te buscar.
Deixo o telefone em cima da mesa e saio da área externa indo em
direção à porta principal da casa. Ao abrir, vejo Benjamin com uma roupa
despojada, pronto para um sábado de piscina e cerveja.
— Uau! Você está linda! — Me olha de cima a baixo, com um sorriso.
Vou até ele e o puxo para um abraço.
— Vem, entra. — Puxo sua mão.
Após entrarmos na casa, andamos até a área externa, e todos vem
cumprimentar Benjamin
— Trouxe cervejas. — Benjamin ergue a sacola. — Sei que não
precisava, mas não quis vir de mãos vazias.
— Não precisava trazer, mas já que trouxe... Vamos tomar todas elas. —
Dom sorri, e o abraça.
Demétrio pega as cervejas, após cumprimentá-lo. Dimitri aparece com
cara de poucos amigos, e cumprimenta Benjamin com um aperto de mão.
— Não sabia que iria vir — Dimitri fala.
— Alicia me convidou, e eu aceitei o convite. Espero que não fique
incomodado — Benjamin diz
— Ninguém ficará chateado. — Dominic se aproxima de nós. — Que
bom te ver, Benjamin.
— Olha gente, sem conversa sobre trabalho, ok? — Manuela aparece,
expondo seu barrigão. — Deixe a conversa de trabalho para segunda-feira.
Hoje é dia de descanso.
— E aí, gravidinha? Alessandro está mexendo muito? — Ben a abraça.
Manuela acaricia sua barriga exposta e sorri.
— Mexe demais, você não tem noção. — Ela o olha.
— Vamos pegar uma cerveja, Benjamin. — Dominic o chama.
Ele me olha e assinto para ele ir. Benjamin vai com Demétrio e Dominic
até a cozinha externa pegar cerveja e carne, e vejo Dimitri me olhando.
— Posso conversar com você, rapidinho?
Dou de ombros e ando pelo jardim com ele, um pouco distante do
pessoal da piscina. Ficamos atrás de uma árvore e Dimitri fica de frente para
mim, colocando as mãos no quadril, impaciente.
— Por que você convidou Benjamin? — Me olha.
— Ué! Dominic e Valentina me deixaram à vontade para convidar quem
eu quisesse. — Dou de ombros.
— Mas tinha que ser ele? — fala entredentes.
Solto uma risada.
— Se eu não te conhecesse bem, poderia dizer que está com ciúmes. —
Sorrio, sem humor.
Dimitri passa suas duas mãos nos cabelos, bagunçando-os mais.
— E estou. Você não percebeu? — Se aproxima de mim.
— Nem vem, Dimitri. — Me afasto, olhando-o. — Eu já disse, não serei
mais usada por você. Não acredito mais nas suas palavras.
— O que eu preciso fazer para te provar, que o que estou falando é
muito sério? — Me olha.
Engulo em seco, sentindo meu coração bater rápido demais por suas
palavras, que por milésimos de segundos eu acredito, mas logo subo a
muralha que construí, para me proteger.
— Não vale a pena se esforçar, Dimitri. — Dou-lhe as costas, o
deixando sozinho.
Sigo de volta para a piscina e vou até Benjamin, que está sentado em um
dos bancos da ilha da cozinha, tomando uma cerveja. Me aproximo dele e
sento-me ao seu lado.
— Dimitri não gostou de me ver aqui. — Seus olhos verdes me fitam.
— É. Mas não liga. — Pego uma long neck.
Abro a garrafa de cerveja e o chamo para nos sentarmos nas
espreguiçadeiras, perto da piscina.
— Você e o Dimitri tiveram algo? — Benjamin me olha.
Desvio meu olhar do seu, e dou um gole na minha cerveja.
— Pode falar, Alicia. Eu não vou me sentir desconfortável. — O olho.
— Você é uma mulher solteira agora, e sou muito tranquilo em relação a isso.
Assinto.
— Eu e Dimitri tivemos um lance há pouco tempo, e hoje não temos
mais nada — respondo, com sinceridade.
— Entendi. Por isso ele está com um olhar assassino para mim. — Ben
sorri.
Não me atrevo a olhar Dimitri, pois sinto seu olhar sobre mim o tempo
todo.
— Esquece ele — digo. — Me fale sobre você.
Ele dá um gole na sua cerveja e me olha.
— Sou divorciado há alguns meses. Estive casado por cinco anos, e não
deu muito certo. Sempre brigávamos por besteiras. Qualquer coisa era motivo
para discussões. — Faz uma pausa. — A maioria das discussões era por
filhos. Eu quero muito ser pai, e ela não queria ser mãe. Mas o problema foi
que ela casou comigo sabendo que meu sonho é ser pai, e ela nunca havia
falado sobre sua objeção em querer ser mãe. Tinha facilitado muita coisa se
ela tivesse falado comigo, não é? — Assinto. — Não terminou muito bem,
descobri que ela estava me traindo com o segurança do prédio onde
morávamos.
— Nossa, sinto muito. — Toco seu braço. — Garanto que ela perdeu um
grande homem.
Ele sorri, sem jeito.
— Ela sempre dava desculpas para não engravidar. Sempre tomava seus
remédios religiosamente, e toda vez que eu falava sobre filhos, brigávamos.
Todas às vezes. Até que eu descobri que ela estava com o segurança do
prédio, e ela estava grávida dele.
— Poxa, Ben. Que mulherzinha, viu. Você merece muito mais. E tenho
certeza de que você será um ótimo pai.
— Obrigado! Com isso eu me divorciei e depois de alguns meses, ela
apareceu na porta do meu apartamento, pedindo para voltar e assumir a
criança junto com ela.
— Que cara de pau. — O olho, chocada.
— Pois é. Me disse que o rapaz não queria ficar mais com ela, e muito
menos assumir a criança. — Olha sua long neck. — Às vezes me pergunto se
ela me amou mesmo, porque quem ama não trai.
— Com certeza, Ben. Você não perdeu nada com isso, quem perdeu foi
ela.
Seguro a garrafa de cerveja com força, quase a quebrando em minha
mão, olhando Alicia sorrir para Benjamin, enquanto ambos conversam.
Aquele patife de olho nela, está me dando muita raiva. Alicia sorri de um
jeito tão espontâneo para ele, que sinto inveja, por ele estar recebendo esses
sorrisos, que deveriam ser para mim.
Assim que entrei na casa do meu irmão, eu a vi descendo as escadas,
totalmente linda naquela saída de banho um pouco transparente, revelando
seu corpo gostoso vestido com um biquíni pequeno. Alicia é muito linda.
Linda é pouco. Alicia é perfeita. Sensacional. Por todo lugar que ela passa,
chama atenção com seus longos cabelos ondulados que batem na bunda, o
seu corpo bem-feito e seu sorriso. Nossa, o sorriso... o sorriso dela é lindo,
como não notei antes?
Dominic se aproxima de mim e se senta na cadeira. Leva a garrafinha de
cerveja até a boca e dá um gole.
— Sua cara não está nada bonita, se quer saber — comenta, com um
sorriso.
Reviro os olhos e bebo minha cerveja.
— Você não gostou de o Benjamin ter vindo? — Me olha.
— Não. Ela tinha que chamar justo ele? — O olho, com raiva.
— Ela chamou Morgana também, se isso te alivia. — Dá um gole na
cerveja. — Mas ela não pode vir. Foi visitar os pais.
— Se ela tivesse chamado qualquer outra pessoa... Tá, poderia ter
chamado um dos seguranças da empresa, eu ficaria de boa — falo, olhando-a
sorrir com o que aquele patife fala.
— Você está assim, porque você sabe que ele está interessado nela, e
você não está gostando nem um pouco disso.
Bufo e reviro os olhos.
— Poderia ser qualquer pessoa, porra. Tinha que ser Benjamin? — falo
entredentes.
— Qualquer homem se interessaria por ela, Dimitri. Alicia é uma
mulher bonita e inteligente. Se você não percebeu, todos os homens a olham
quando ela passa. Você teve a chance de fazer isso dar certo entre vocês,
agora aguente as consequências.
— Vou ao banheiro — aviso a Benjamin.
— Acho que vou dar um mergulho nessa piscina. — Ben me olha. —
Você vai entrar quando voltar?
— Vou sim. Vai entrando que logo eu entro — digo.
Ele assente e me levanto da cadeira, deixando a long neck na ilha da
cozinha e sigo para o banheiro. Após fazer meu xixi, e me lavar com o
chuveirinho, lavo minhas mãos e abro a porta. Tomo um susto quando
Dimitri entra, me fazendo dar alguns passos para trás. Ele fecha a porta atrás
de si, e vem até mim.
Me prensa na parede e me dá um beijo. Mal tenho tempo de raciocinar
direito, quando ele enfia sua língua dentro da minha boca, me dando um beijo
delicioso. Passo minhas mãos em volta do seu pescoço e o puxo mais para
mim. Solto um gemido e ele me aperta mais contra ele. Desço minhas mãos
por suas costas, sentindo-o sem camisa. Dimitri chupa meu lábio e volta e me
beijar com vontade, me deixando totalmente sem fôlego.
— Dimitri... — sussurro.
Dimitri morde meu lábio, soltando um gemido. Suas mãos descem pelas
laterais do meu corpo, indo até o laço da minha saída de banho e desfazendo-
o, puxando minha cintura, colando nossos corpos.
— Você é tão linda... — Sua voz sai rouca. — Te quero tanto...
Ele toma meus lábios de novo, com mais força. Sua língua se move com
maestria dentro da minha boca, me deixando excitada. Enfio minha língua em
sua boca, retribuindo o beijo delicioso. Dimitri me encosta mais na parede,
sobe sua mão, por cima do meu peito e segura minha mandíbula, me dando
um beijo molhado e gostoso. Desço minhas mãos pelas suas costas e aperto
sua bunda, trazendo-o mais para mim.
— Vamos subir. — Desfaz nosso beijo, e beija meu queixo.
— Dimitri, eu não posso... — Me afasto um pouco dele, para olhar seus
olhos. — O Benjamin...
— Esquece ele, vamos para o seu quarto. Quero você, eu preciso de
você — insiste.
Ele aperta minha bunda, me trazendo mais para perto dele.
— Hum? Vamos. — Beija meu pescoço, e eu fecho os olhos, afundando
meus dedos em seu cabelo. — Ninguém vai perceber. Você diz que recebeu
uma ligação de algum amigo seu, e que precisa atender com urgência.
Faço menção de falar, mas ele me cala com um beijo casto.
— Vai. Vou subir para seu quarto, para ninguém suspeitar — fala de um
jeito sexy.
Dimitri puxa minha nuca, me dando um outro beijo de tirar o fôlego e se
afasta, indo até a porta, abrindo-a. Ele coloca o rosto para fora e me fita com
seus olhos azuis.
— Não tem ninguém, pode sair. — Abre mais a porta. — Vou lhe
esperar no seu quarto.
Saio do banheiro, sem reação alguma, processando o que acabou de
acontecer. Pisco os olhos, chocada com o que aconteceu, sentindo meu
coração bater forte demais dentro do peito. Ao chegar no jardim, vejo
Benjamin mexendo no telefone perto da piscina. Ao me ver, ele vem até
mim. Engulo em seco e dou um sorriso, mostrando que estou bem, o que na
verdade, não estou.
— Preciso ir. Uma tia está na porta da minha casa, acabou de chegar de
viagem. — Guarda o celular no bolso. — Sinto muito, não sabia que ela
chegaria hoje. Acabei de chamar um Uber, e ele já está bem perto.
— Não se preocupe. — Pego meu telefone na espreguiçadeira. —
Venha, eu levo você até a porta.
Após Benjamin se despedir de todos, vejo discretamente Dimitri entrar
na casa da minha amiga, após cumprimentar Ben. Seguro forte meu telefone e
caminho com Benjamin até a porta.
— Te vejo na segunda? — Benjamin para na minha frente.
— Claro. — Sorrio.
Benjamin se aproxima de mim, puxa minha cintura e me abraça, um
abraço tão gostoso, sinto todos os seus músculos e seus braços fortes em
minha cintura. Uau. O abraço dele é uma delícia. Nos afastamos e Benjamin
se inclina para beijar minha bochecha e acaba beijando o cantinho da minha
boca. Ele me fita com seus olhos verdes, por trás das lentes transparentes dos
seus óculos e me dá um sorriso de lado, um sorriso lindo. Se vira e caminha
até o Uber que está parado em frente à mansão, entra nele e vai embora.
Entro na casa, fechando a porta me escorando em seguida, sentindo meu
coração bater forte. Que merda está acontecendo?
— Psiu! — Alguém chama minha atenção. — Psiu!
Sigo o som da voz e vejo Dimitri no início da escada, me chamando. Ele
acena para mim e minhas pernas têm vida própria e subo as escadas, após
verificar que ninguém me viu. Assim que subo todos os degraus, ele segura
minha bunda e me levanta, fazendo-me cruzar minhas pernas em seu quadril.
— Dimitri, isso é loucura. — Envolvo meus braços em seu pescoço.
Ele anda comigo pelo corredor, e abre a porta do meu quarto. Serafina
nos olha, sentada no carpete e olha Dimitri, com seus olhos azuis.
— Vamos bebezinha, me deixe a sós com a sua mamãe. — Dimitri
pede, ainda me segurando em seus braços.
Serafina balança seu rabo grande e cheio de pelos brancos e o ignora.
— Serafina, meu amor. Venha. — Peço.
Ela mia e se levanta, saindo do quarto, esfregando seu rabo na perna de
Dimitri. Após ela sair, sem pressa, Dimitri fecha a porta e tranca.
— Debochada igual à mãe — ele diz com um sorriso.
— Idiota. — Dou um murro em seu braço.
Ele anda comigo em seu braço e me joga na cama, pairando sobre mim.
Se inclina e beija minha boca, com fome. Abraço seu quadril com minhas
pernas, e retribuo seu beijo, também faminta. Sinto sua mão descendo e solta
o laço da minha saída de banho e desfaz o nosso beijo. Desce seus beijos pelo
meu pescoço, me fazendo morder o lábio e afundar meus dedos em seu
cabelo. Desço meu olhar, vendo um par de olhos azuis lindo e tudo vem à
tona.
Me lembro de todas as vezes que me deixou esperando enquanto estava
com outra, as fofocas que circulavam pela empresa. As marcas de batons pelo
pescoço, camisa, as conversas picantes no celular com outras mulheres...
Tomo força e empurro seu corpo e saio debaixo dele, fechando a minha saída
de banho, com os olhos ardendo.
— O que foi? — pergunta, se sentando na cama.
— Eu não posso fazer isso... E-eu... — Passo a mão no cabelo — Vai
embora.
Dimitri se levanta da cama e fica de frente para mim.
— O que foi, Alicia? — Me olha, preocupado.
Vejo seus olhos azuis, sentindo meu coração apertar. Eu o amo tanto, e
me odeio por isso.
— Vai embora, Dimitri. — Peço, sentindo meus olhos marejados.
Dimitri fica um tempinho me olhando, processando o que acabei de
dizer e assente, contrariado, e sai do quarto fechando a porta. Permito que as
lágrimas escorram em meu rosto, e me encolho na cama. Me odeio por
permitir que Dimitri me toque dessa forma, de novo. Prometi a mim mesma
que nunca mais faria isso, e estou me odiando por ter quebrado minha
promessa, me deixando fraca mais uma vez.
Capítulo 5

Desço as escadas, sentindo meu celular vibrar dentro da bolsa. Paro no


meio das escadas e retiro meu telefone de dentro da bolsa, vendo uma
mensagem do Benjamin.
Benjamin: Bom dia, Alicia. Como está? Quero saber se você quer uma
carona para ir ao trabalho.
Sorrio e decido responder sua mensagem.
Eu: Bom dia, Ben. Opa! Quero sim. Já estou pronta.
O vejo online e digitando.
Benjamin: Que ótimo. Estou saindo de casa e passo aí em poucos
minutos. Bye.
Digito um ok e travo o celular. Termino de descer as escadas, deixo
minha bolsa com minha pasta e o blazer em cima do sofá e sigo pelo corredor
até chegar na sala de jantar e encontrar Dimitri sentado, tomando seu café da
manhã, conversando com seu irmão. Suspiro e levanto o rosto, não me
deixando abalar pela sua presença.
— Bom dia! — Cumprimento todos.
— Bom dia, amiga. Dormiu bem? — Valentina me pergunta, limpando
a boca de Lorena, toda melada de iogurte.
— Muito bem! — Sorrio e fito Dom. — Dom, eu não vou com você
para a empresa. Benjamin vai me dar uma carona.
— Carona? E você vai sair para algum lugar, fratello? — Dimitri fita seu
irmão, seriamente. — Porque eu poderia dar carona a Alicia, até a empresa
— Não, obrigada. — Sento-me na cadeira, pegando a garrafa de café. —
O Ben me ofereceu carona, e aceitei.
Encho minha xícara com o café quente, e o bebo, sentindo o olhar de
Dimitri sobre mim. Pego a geleia, passo no pãozinho e o levo até a boca,
mastigando.
— Estou pensando em ir ao shopping hoje, após o almoço, quer ir
comigo? — Valentina me olha. — Estou precisando comprar algumas coisas
e é péssimo ir sozinha.
— Em qual? — Dou um gole do café.
— No Beaugrenelle. O que acha? — Me olha.
— Ótimo! Se os patrões aqui me liberarem, vou sim. — Dou um sorriso,
fitando Dominic.
Ele sorri e dá um gole no seu café.
— Pode sim. Só temos uma pequena reunião agora pela manhã e depois
você está livre — diz, e morde seu croissant.
— Obrigada, Nick. — Tina sorri para ele e me fita. — Hoje eu tenho
poucos pacientes na clínica, e vou ficar livre pela tarde. Depois podemos
pegar Lorena na escola.
— Queria ir ao shopping também. — Lorena faz bico. — Eu gosto de ir.
— Mas você tem coisas na escola para fazer, meu amor. — Tina olha
sua filha.
— Eu vi na agendinha dela ontem à noite, e não tem muita coisa
importante. Você pode pegá-la após o almoço e ir ao shopping — Dominic
fala.
— Tudo bem. Eu ligo para a escola, e peço a liberação dela. —
Valentina toma seu café
— Eba! — Lorena bate as mãozinhas.
— Vou pedir a Clarisse para pôr uma roupinha a mais na sua bolsa —
Valentina fala.
Termino de tomar meu café, e vejo no meu relógio smartwatch uma
mensagem de Benjamin, dizendo que acabou de passar pelos portões do
condomínio. Pego o guardanapo e limpo minha boca.
— Preciso ir, o Ben chegou. Amiga, você liga para mim? — Ela assente
e me levanto da cadeira.
Me despeço deles e beijo a cabeça de Lorena. Sigo para a sala, ajeitando
as mangas da blusa de seda nos cotovelos, indo até o sofá pegar minhas
coisas.
— Alicia, eu posso falar com você? — Escuto a voz de Dimitri.
— Estou atrasada — digo, pegando minha bolsa, o blazer e a pasta.
— É só um minuto — insiste, se aproximando de mim.
Giro meu corpo e o olho. Suspiro, sentindo meu coração bater forte,
vendo-o lindo de terno, como sempre. Dimitri prensa os lábios, me olhando
com seus olhos azuis.
— Estou atrasada, Dimitri. — Dou-lhe as costas e sigo até a porta,
batendo meus saltos no piso de madeira.
Abro a porta e passo por ela, vendo a SUV linda de Benjamin
estacionada em frente à mansão. Sorrio e desço os degraus, vendo Benjamin
sair do carro e vir até mim.
— Uau! Você está linda. — Me olha de cima a baixo, com um sorriso.
— Vamos?
Assinto e ele abre a porta do carro para mim. Entro no seu carro
luxuoso, pondo minhas coisas no colo. Benjamin entra no carro e olho pela
janela, vendo Dimitri em pé na porta olhando para o carro. Engulo em seco,
vendo sua feição e coloco o cinto.
— Dimitri falou alguma coisa? — Benjamin chama minha atenção.
Liga o carro e acelera.
— Não, não falou nada. — Dou um sorriso forçado. — Ele não tem que
falar nada.
Benjamin passa pelos portões do condomínio e segue o caminho da
empresa.
— Bom, a cara dele mostra tudo — Benjamin diz. — Espero que não dê
problema para você.
— Ah, não mesmo. Dimitri não vai fazer nada, fique tranquilo — digo,
olhando-o.
— Bom, se não for um problema, eu quero muito te convidar para
jantarmos hoje. — Me olha rapidamente, e volta sua atenção para a estrada.
— Me convide então. — Sorrio, ficando de lado, para vê-lo melhor.
Benjamin sorri mostrando sua covinha, e me fita com seus olhos verdes.
Benjamin é tão lindo.
— Você quer sair hoje à noite para jantar comigo?
— Claro. — Sorrio.
— Perfeito! Posso te buscar às oito, o que acha? — Me olha e volta sua
atenção para a estrada.
— Está perfeito nesse horário. Hoje, após o almoço, vou sair com
Valentina para irmos ao shopping, mas chego antes do horário para sairmos
— digo.
— Entendi. Você tem alguma preferência de comida? — pergunta.
— Hum... Não. Nenhuma. Como de tudo um pouco — respondo.
— Então eu posso te levar a um restaurante especializado em culinária
de frutos do mar? — Sorri para mim.
— Se tiver camarão, eu topo. — Sorrimos.

— O que acha desse vestido, amiga? — Saio do provador.


Vejo Valentina sentada no sofá redondo no meio do provedor, com
Lorena que está com um conjuntinho lindo no colo, babando por ele.
Valentina me olha e arregala os olhos, colocando a mão na boca.
— Que arraso. — Ela se levanta do sofá. — Ficará linda para se
encontrar com o Benjamin.
Sorrio e me olho no espelho, vendo que o vestido ficou perfeito. Não
estava em meus planos comprar roupas no shopping, estou tentando me
estabilizar financeiramente para poder ter meu próprio canto, mas com o
convite de Benjamin, tudo mudou, vi que realmente preciso de algo que
nunca usei, para o jantar de hoje à noite.
Valentina me incentivou muito a comprar esse vestido nessa loja, disse
até que me emprestaria dinheiro para o comprar e que eu pagasse quando
puder, aceitei porque ela é minha amiga e quer me ajudar. Ultimamente
conversamos muito sobre Dimitri, desabafei muito com ela e ela me ajudou
muito. Valentina é uma ótima amiga, moro em sua casa e não pago
absolutamente nada, nem uma ajuda, e tento agradecer da forma mais
simples, que é o mais importante.
— Vai levá-lo? — Me pergunta.
— Vou sim. Achei lindo esse vestido — respondo, com um sorriso.
— Estou pensando aqui, tenho um salto nude que vai ficar perfeito em
você, e alguns acessórios. Quer emprestado? — Me olha no espelho.
— Ai, amiga, você é dez. Quero sim. — Sorrio.
— Então vamos cuidar, que já são seis horas e o Benjamin vai lhe
buscar às oito. — Assinto.
Volto para o provador, retiro o vestido. Após pagar a conta, voltamos
para o carro acompanhadas de Theo e Daniel, carregando diversas sacolas. A
tarde foi maravilhosa. Valentina comprou muita coisa para ela, Lorena,
Dominic e sua tia, em cada loja que entrava. Fizemos um lanche no meio da
tarde, fomos até um salão para poder dar uma ajeitada no visual, e depois
voltamos às compras.
O caminho de volta para casa foi um pouco lento, mas chegamos bem.
Os seguranças nos ajudam a carregar as sacolas para dentro da casa, quando
vemos Dominic saindo do corredor e sorri ao ver sua filha e esposa.
— Papai! — Lorena corre até ele.
Dominic se agacha e a pega nos braços, beijando sua bochecha.
— Aproveitou muito, meu amor? — Olha sua filha.
Lorena assente com um sorriso.
— Mamãe comprou muita coisa — diz, agarrando seu pescoço.
— Foi? — Dom sorri e se aproxima de Valentina. — Oi, meu anjo.
Valentina beija seus lábios e passa a mão em sua barba.
— Comprei umas coisinhas para você... — Ela se afasta, colocando sua
bolsa no sofá. — Algumas gravatas, abotoaduras, sapatos...
— Não precisava, meu anjo. — Dom se senta no sofá, com Lorena em
seu colo.
Essa menina é um grude com ele. É lindo de se ver.
— Ah, você adora usar novas gravatas, abotoaduras e, você vai naquela
reunião de negócios bem importante, aí pode usar alguma gravata nova... —
Valentina dá de ombros. — Comprei várias roupinhas para Lorena também,
sandálias, acessórios... e para tia Flor, comprei uns vestidos que ela vai
adorar, e umas sandálias bem confortáveis.
— Se deixasse, ela levaria a loja inteira. — Sorrio.
Dominic sorri, assentindo.
— Com certeza. Agora eu pergunto, comprou o que para você, meu
anjo? — Ele a fita.
— Algumas lingeries, loções... coisas básicas — minha amiga responde.
— Está vendo? — Dominic sorri para mim. — Compra para todo
mundo, menos para ela.
Assinto com um sorriso.
— Benjamin me falou que vão sair para jantar hoje. — Me olha.
— É, ele me convidou — respondo.
— Ele é um bom rapaz, honesto e respeitador — diz, mexendo no
cabelo de Lorena.
— Sim. Gosto muito dele. — Vejo a hora em meu relógio. — Preciso
subir para me arrumar.
— Ah, vou subir para te entregar as coisas — Valentina diz.
Pego minhas sacolas, subo com ela, e vou direto para meu quarto,
enquanto ela vai até o dela, pegar as coisas que vai me emprestar. Coloco as
sacolas em cima da cama e vejo Serafina andando até mim, miando. A pego
nos braços e mexo nos seus pelos brancos e a coloco no chão, ela vai até a
sua caminha se deitar.
Valentina passa pela porta, com a sandália em mãos e uma bolsa.
— Aqui. — Coloca tudo na cama. — Se precisar de mais alguma coisa,
é só pedir.
— Obrigada, amiga. Mas será suficiente. — Sorrio para ela.
— Tá bem. Vou descer então. — Solta um beijo e sai do quarto.
Capítulo 6

Tomo um banho e vou até meu quarto, começar a me organizar. Seco


todo meu corpo e visto minha lingerie. Faço uma maquiagem não tão pesada
e visto meu vestido. Coloco os acessórios que Valentina me emprestou, calço
a sandália que por sinal é altíssima, penteio meus cabelos e me olho no
espelho.
Nunca tive problema de autoestima, sempre me achei linda e gostosa.
Sei das curvas que tenho. Peitos fartos, quadril largo, bunda grande..., nunca
tive problema de me achar feia ou algo do tipo. Todos os homens com quem
fiquei, sempre deixaram claro o quanto sou gostosa.
Passo a mão no vestido e dou um sorriso. O vestido é lindo, azul royal,
de mangas compridas que vão até meu punho com um decote em V bonito,
justo na cintura e rodado que vai até metade da coxa, todo rendado com forro
nude, deixando-o mais lindo. O salto ficou perfeito. Estilo meia pata com a
amarração no tornozelo, que deixou minhas pernas torneadas. Meus cabelos
estão lindos lisos acima da minha bunda, nunca tive coragem de cortá-los, a
maquiagem top e os acessórios que Valentina me emprestou ficaram
perfeitos.
Volto até o quarto para pegar a bolsa nude com alças de corrente
prateada que também me fora emprestado, e ponho tudo que eu possa
precisar dentro dela, quando sinto meu celular vibrar em cima da cama. O
pego e vejo uma mensagem de Benjamin.
Benjamin: Estou aqui embaixo.
Sorrio e envio uma mensagem.
Eu: Estou descendo.
Travo o celular e o coloco dentro da bolsa. Borrifo perfume em mim, me
despeço de Serafina e saio do quarto. Desço as escadas, vendo Dominic
mexendo no celular. Ele levanta a cabeça e me olha.
— Olha só. — Sorri. — Está bonita.
— Obrigada. — Sorrio e desço os degraus.
— Benjamin já está aí na frente — avisa.
— Ele enviou uma mensagem avisando. — Ele assente. — Avisa a
Valentina que já fui.
— Aviso sim. Bom jantar.
— Obrigada, Dom. — Sorrio, agradecendo.
Passo pelo hall da sala e abro a porta, vendo Benjamin encostado no seu
carro, com as mãos dentro dos bolsos da calça. Ele sorri para mim e
desencosta do carro, vindo ao meu encontro.
— Uau! Você está muito linda! — Me olha de cima a baixo. — Linda
mesmo. Nossa.
— Você também não está nada mal. — Sorrio.
Ben sorri e se aproxima para beijar minha bochecha.
— Pronta? — Assinto.
Ele apoia sua mão na base da minha coluna e me conduz até o carro,
abre a porta para mim e me sento no banco. Benjamin entra no carro e vamos
para o restaurante.

Entramos no restaurante bastante sofisticado e a hostess nos conduz até


a mesa que Benjamin reservou em seu nome. Nos acomodamos nas cadeiras
superconfortáveis e o especialista em vinho vem até nós e nos mostra a carta
de vinhos, escolhemos um e ele se afasta. O garçom vem, fazemos nossos
pedidos e ele se retira.
— Você já veio aqui? — Ben apoia seus antebraços na mesa.
— Não, nunca vim — comento, cruzando minha perna. — Aqui parece
ser bem legal.
— É sim. A comida é sensacional — ele diz. — Já vim aqui com os
meninos em reunião de trabalho. O camarão é divino.
— Adoro camarão. — Sorrimos. — Mas Dom já me falou desse
restaurante, e que ele adora. Só não vem com frequência, porque Lorena tem
alergia a camarão, peixes...
— Nossa. E Lorena come de tudo, não é? — Assinto.
— Ela adora comer frutos do mar. — Apoio meus antebraços na mesa.
— Por isso Dominic evita de vir, porque ela fica doida para comer.
— Poxa! Que pena. — Ben meneia a cabeça.
Somos interrompidos por uma pessoa que traz o vinho, nos serve e se
retira. Levo a taça de vinho até os lábios e o degusto, saboreando-o.
— Você já foi ao Brasil? — pergunto, colocando a taça na mesa.
— Fui apenas uma vez, no dia da inauguração da loja dos meninos —
diz.
— Não acredito! Como não vi você? — Arregalo os olhos.
— Não sei, mas eu vi você. — Ele sorri, e dá um gole do seu vinho. —
Vi você linda naquele vestido, conversando com suas amigas. Não pude ir
adiante, porque ainda estava casado, mas se eu estivesse solteiro, com certeza
teria falado com você.
Sorrimos.
— Não lembro de você. — O olho.
— Você não viu porque estava de olho em Dimitri o tempo todo. Só
tinha olhos para ele.
Meu sorriso morre e engulo em seco.
— Não precisa ficar desconfortável. — Se apressa em falar. — E não
vamos falar sobre ele. Tudo bem?
Assinto e dou um gole no vinho.
— Foi a única vez que fui ao Brasil. Não pude desfrutar de muita coisa
— fala, me fitando.
— Você iria adorar conhecer o Brasil. Sinto falta, mas estou feliz aqui
em Paris. Lá eu iria ficar muito sozinha, sabe?! — Benjamin assente. —
Miguel mora em Nova York, Valentina aqui, tia Flor fica mais aqui do que
no Brasil. Só tenho uma amiga lá que é Helena, que mal nos víamos porque
ela trabalha muito.
— Entendo. Você estava sozinha lá. — Dá um gole no vinho.
— Sim, estava muito sozinha, por isso decidi aceitar esse emprego. Sem
contar que aqui ganho mais. — Ele assente e dou um gole no vinho.
— Verdade. Antes de se tornar chefe de mídias sociais, o que você
fazia? — pergunta.
Encosto na cadeira e giro a taça, vendo o líquido se movimentar.
— Fazia uns bicos no morro, era pouco, mas com isso fui juntando até
pagar a faculdade para me tornar hoje quem sou. Mas eu fazia cabelo, unha,
depilação... — Ben assente. — E me orgulho muito disso. Paguei minha
faculdade e passei um tempo morando no morro, até ter condições de sair de
lá. Dividi apartamento com Miguel, que é esposo de Hannah, e conseguimos
sair do morro, na mesma semana em que Valentina saiu. Foi maravilhosa
essa conquista para nós.
— Imagino. Morar em comunidade não deve ser nada fácil. — Assinto e
o vejo levar a taça até os lábios.
— Eu sempre fui centrada, e nunca quis me envolver com alguém
errado. Muitos pensam que quem mora no morro, é só ladrão, traficante...,
estão redondamente enganados. Tem muita gente de família, honesta e
trabalhadora.
— Sim. Concordo plenamente. — Ele assente.
— Mas temos que ser sinceros, a maioria das comunidades é
extremamente perigosa. Onde eu morava é uma delas. Tem muitas mortes em
confronto com a polícia, muito tiroteio... Não tínhamos paz. — Meneio a
cabeça e fito Benjamin. — Agora me fale sobre você.
Benjamin se acomoda melhor na cadeira e me olha.
— Meus pais sempre tiveram ótimas condições financeiras, então não
fiz muito sacrifício para me tornar um advogado renomado. Sou uma pessoa
simples, acho que já notou isso, não gosto de esbanjar luxo. Saí do ensino
médio e fui direto para faculdade. Ainda na faculdade consegui estágios e fui
criando amizades e contatos. Assim que concluí consegui um trabalho muito
bom em Chicago, que foi onde conheci os meninos, e eles me fizeram uma
oferta irrecusável para trabalhar na empresa, como advogado. E é o melhor
trabalho que já tive. Uma oportunidade gigantesca.
— Para mim também. Quando me candidatei à vaga de chefe de mídias
sociais, eu não tinha muitas expectativas, mas estava ansiosa pelo resultado.
Mas graças a Deus, deu tudo certo e é o melhor emprego que já tive. — Levo
a taça de vinho até a boca.
O garçom se aproxima da mesa, serve nossos pratos e se retira. Minha
boca enche de água vendo os camarões grandes que eu adoro. Pego o garfo e
pego um camarão, levando-o até a boca. Solto um gemido, sentindo o gosto
delicioso dele.
Vejo Benjamin sorrindo, levando um camarão até a boca.
— Você gosta mesmo de camarão, hein. — Sorri.
— Demais, você não tem noção — respondo e volto a comer. — Me
conta como conheceu sua esposa.
Benjamin se remexe na cadeira, um pouco desconfortável.
— Conheci a Amélia em um bar de Chicago, tínhamos levado um cano
dos nossos acompanhantes naquela noite. Estava sozinho no balcão já ciente
de que a moça não iria ao meu encontro, quando Amélia se aproximou e
engatamos numa conversa bem legal. Foi amor à primeira vista, pelo menos
para mim. — Assinto e levo um pouco de comida até a boca. — Naquela
mesma noite saímos e ficamos juntos a noite toda, trocamos números e
ficamos conversando por mensagens e ligações por um tempo. Gostei
bastante dela, extrovertida, carismática, gentil e simpática. Era impossível
alguém não gostar, até começar a conviver com ela no dia a dia, após nos
casarmos.
— E como era a convivência? — O olho.
— No início foi tranquilo, era maravilhoso. Uns meses depois, ela
começou a mudar e foi estranho. Começou a ficar mais grosseira,
impaciente... — Faz uma pausa. — Mas até então, não dei muita importância.
Aguentei tudo isso por um bom tempo, até pedir o divórcio quando soube que
ela estava me traindo e grávida do segurança do prédio.
— Deve ser horrível você se casar com uma pessoa e descobrir outra na
convivência.
— É, aguentei por muito tempo, e nem sei como. Ela se tornou uma
pessoa totalmente diferente, e hoje agradeço por ter me livrado dela. Soube
de muitas coisas depois que nos separamos e não foram poucas, não — diz, e
volta a comer.
Assinto, triste.
— Deve ser chato demais — comento.
Benjamin desvia seu olhar do meu e olha algo atrás de mim, que muda
sua feição. Largo o garfo na mesa e viro um pouco meu corpo e sinto meu
coração acelerar, vendo Dimitri sentado em uma mesa próxima da nossa,
conversando com uma negra linda, de chamar atenção. Engulo em seco
quando seus olhos azuis me fitam de longe e seu sorriso morre ao me ver com
Benjamin. Dimitri coloca a taça em cima da mesa, com certa força, sem tirar
os olhos de mim. A negra que está ao seu lado nos olha e faz uma cara feia
para nós. Toca na mão de Dimitri chamando sua atenção, e ele desvia seu
olhar do meu e volta a conversar com a mulher, que toca sua mão com
extrema intimidade.
Viro meu rosto, sentindo um aperto no peito e Benjamin me olha.
— Não sabia que ele iria vir — diz, e aperta minha mão sobre a mesa.
— Me desculpe.
— Não. Tudo bem. Você não teve culpa. — Dou um sorriso forçado.
— Mas vejo claramente o quanto está desconfortável — fala.
— Apenas surpresa. — Levo a taça até os lábios. — O que você gosta
de fazer?
Benjamin se encosta na cadeira e posso sentir o olhar de Dimitri sobre
nós.
— Gosto muito de ler, assistir séries e filmes. Meus finais de semana são
assistindo. — Sorrimos. — Adoro maratonar séries.
— Ah, eu também gosto. — Sorrio, me encostando na cadeira. — Viro a
madrugada assistindo. Superlegal.
— Sim. Gosto muito — diz, com um sorriso.
Levo a taça até os lábios e a coloco de volta na mesa.
— Vou à toalete. — Ele assente. — Volto já.
Pego minha bolsa e me levanto da cadeira, pendurando-a em meu ombro
e sigo para o banheiro, passando pelas mesas ocupadas do restaurante. Entro
no banheiro, que tem algumas pessoas, e sigo para a cabine. Após fazer meu
xixi, sigo até a pia, para lavar minhas mãos e tomo um susto ao ver Dimitri
através do espelho, dentro do banheiro.
— O que você está fazendo aqui? — Viro-me e o olho.
— Eu que pergunto. — Trinca os dentes. — O que está fazendo aqui?
— Estou no banheiro feminino. Você que não deveria estar aqui dentro
— digo o óbvio.
— Você entendeu. — Se aproxima de mim. — O que está fazendo aqui
com o Benjamin?
— Jantando com ele, ou é proibido? — Cruzo os braços.
— Não estou gostando disso. — Me fita.
— Quem tem que gostar sou eu, seu idiota. Você não tem nada a ver
com isso — retruco. — Está cobrando o que de mim? Fidelidade? Satisfação?
Não temos nada um com o outro, Dimitri.
Passo por ele, mas ele segura meu braço, me fitando com seus olhos
azuis.
— Você sabe bem o que temos. — Olha minha boca por alguns
segundos, até olhar em meus olhos.
— Se tivéssemos algo, Dimitri, com certeza eu não estaria aqui com o
Benjamin, e nem você com aquela mulher — digo, com raiva. — Não me
cobre nada, você não tem motivos para me cobrar, Dimitri. Não temos
absolutamente nada um com o outro. Nunca tivemos, na verdade — digo
amarga. — Nunca passou de sexo, lembra? Essas foram as suas palavras.
— E me arrependo disso amargamente. — Me fita, falando entredentes.
— Ah, é? Pois que morra com seu arrependimento. — Sacudo meu
braço, me livrando do seu aperto. — Não me cobre algo que você não tem o
direito de cobrar.
Giro meu corpo e saio do banheiro. Passo pelas mesas e vou até
Benjamin, que ao me ver, franze a testa. Sento-me na cadeira.
— Ele foi atrás de você — ele diz. — Eu o vi te olhar indo até o
banheiro e indo até lá. O que ele te falou para te deixar magoada?
— Deixa para lá. Dimitri sendo o idiota de sempre. — Dou um sorriso
forçado. — Será que podemos pedir a conta?
— Não quer pedir a sobremesa? — Me olha.
— Não, podemos comer a sobremesa em outro lugar. O que acha? —
sugiro, louca para ele dizer sim.
— Tudo bem. Vamos pedir a conta — diz.
Para meu alívio, Ben acena para um garçom para finalizar o nosso
jantar. E me odeio mais uma vez por deixar Dimitri me afetar dessa forma,
estragando completamente meu jantar com um homem que estou disposta a
conhecer melhor e seguir em frente.
Capítulo 7

Após terminar uma videoconferência com meus irmãos, sigo para a


minha sala, cabisbaixo. Fecho a porta atrás de mim, e vou até minha cadeira e
me sento, muito pensativo sobre o que aconteceu no final de semana, na casa
do meu irmão. Que merda aconteceu com Alicia, para ela me dispensar
daquela forma? Porra, estávamos indo bem, ela estava excitada, eu estava
ostentando uma puta ereção por causa dela e do nada, ela me manda embora.
Que merda aconteceu? Forço minha memória, para me lembrar de algo que
falei ou que fiz, mas nada me vem à mente. Eu simplesmente não falei nada
que a magoasse ou fiz algo que não gostasse.
Soube pelo meu irmão mais velho que Alicia e Benjamin iriam sair para
jantar fora, e um ciúme gigantesco me bateu. O idiota do Benjamin sabe do
meu envolvimento com Alicia, e insiste em sair com ela sabendo que não vai
acontecer nada. Eu e Alicia temos algo, mas ela se nega a afirmar isso. Para
fazê-la sentir ciúmes, convidei uma mulher com quem já tive algo meses
atrás, e fui ao mesmo restaurante que eles. Não precisei fazer muito esforço,
sabendo o quanto Alicia adora comer frutos do mar, principalmente camarão.
Claro que o idiota do Benjamin iria levá-la até lá para lhe agradar.
Alicia estava linda, o vestido ficou perfeito nela. Nossa, ela é
absurdamente linda. Seus cabelos chamam atenção demais. Lembro-me das
vezes que transamos, que a coloquei de quatro, puxei seus longos cabelos
pretos e meti com força nela, sem dó. Os cabelos que batem na bunda, me
fazem ter pensamentos eróticos demais, puxando-os enquanto eu a fodo com
força. Passo a mão no rosto. Merda! Desde que transei com a Scarlet, não
consigo transar com mais ninguém. Só consigo pensar na morena gostosa.
Estou igual a um maldito adolescente entrando na puberdade. Me
masturbo praticamente todas as noites pensando nela, no seu corpo... Nossa!
Não consigo parar de pensar que ela e Benjamin podem estar tendo algo a
mais que uma simples amizade.
Será que eles estão tendo algo? Será que eles transaram? Será que ele a
beijou? São tantas possibilidades, que fazem meu sangue ferver. Que merda
estou fazendo da minha vida? Estou correndo atrás de uma mulher, que só
está me dando gelo, e eu nem sei o porquê.
A porta do meu escritório é aberta, e meus irmãos passam por ela, junto
com Morgana. Alicia entra logo em seguida, com seu iPad em mãos. Ela não
dirige o olhar para mim, e isso me deixa incomodado.
— O baile anual é esse ano. — Morgana inicia, se sentando na cadeira.
— Como será?
— Como o de sempre. — Dou de ombros, sem muita importância.
— Dimitri, é a festa anual da empresa. Portanto, se concentre. —
Demétrio pede.
Assinto, olhando a enorme janela que me dá uma visão perfeita de Paris.
— Estava pensando, que poderia ser no hotel de Aaron. O que acham?
— Dominic sugere.
— Uma ótima ideia — comento, e os olho. — No hotel dele tem um
salão enorme que comporta mil pessoas. Fora que é bem sofisticado e
climatizado.
— O que vocês acham? — Demétrio pergunta.
— Lá é bom. Podemos marcar uma reunião com Aaron, alugar o espaço
e fazer o que tiver de ser feito — Dominic fala.
— Certo. O buffet, decoração, música...? — Morgana pergunta, após
anotar em seu iPad.
— Você ainda tem o contato de todos da festa do ano passado? —
pergunto.
— Tenho. Mas para eu entrar em contato com eles, precisamos da lista
dos convidados — Morgana fala.
— Faremos hoje mesmo, chamarei Aaron para vir aqui, se ele puder —
Dom diz.
— Perfeito. Assim que tudo estiver pronto, Alicia entra com o marketing
— falo.
Ela levanta a cabeça, desviando seu olhar do iPad e me fita.
— Farei sim — responde, me olhando. — Estou pensando em várias
coisas, assim que colocar tudo no papel e organizar, podemos fazer uma
reunião e discutir sobre a pauta.
Por que essa diaba tem que ser tão linda?
Seu rosto é lindo, tenho que admitir que Alicia se cuida, cuida do seu
corpo. Seus olhos escuros ainda me fitam, e eu não desvio o meu, ainda a
olhando. Não sei explicar, mas toda vez que a vejo, meu coração dispara. Ela
mexe comigo, o que nenhuma mulher conseguiu. Eu me arrependo pra
caralho de ter me envolvido com ela, mas só pelo fato de ainda querê-la.
Admito que sinto falta do seu sorriso, de qualquer coisa que eu falava para
ela. Do toque dos seus dedos em meu rosto, contornando meu nariz,
sobrancelha..., dos seus dedos em meus cabelos, dos seus beijos que anseio
todos os dias em tê-los só para mim...
Eu admito, porra! E isso me enlouquece, porque isso nunca aconteceu.
Eu nunca precisei tanto de um toque, de um carinho, como preciso dela. O
que está acontecendo comigo? Alicia é uma mulher incrível, inteligente,
amorosa e charmosa, demais. Sortudo será o homem que ficar ao lado dela.
Mas por que só de imaginá-la com outra pessoa, me deixa nervoso e
extremamente incomodado?

Saio da minha sala, indo em direção à copa, vendo algumas mulheres


cochicharem, quando veem Dimitri entrando na copa, no lado oposto ao meu.
Vejo o semblante delas ao olhar Dimitri, e me sinto magoada. Algumas
falam, e que dá para eu escutar.
“Minha nossa, eu queria ser comida por ele, de novo.”
“Dimitri é tão gostoso.”
“Dizem que ele adora dividir mulheres, eu queria ser uma das
sortudas.”
Sacudo a minha cabeça, tentando não escutar mais nada. Pego café e um
pedaço de bolo e sigo para a mesa que Morgana está. Sento-me e começo a
comer.
— Como foi o jantar com o Benjamin? — pergunta.
— Foi maravilhoso. Adorei conhecê-lo melhor. — Sorrio e mordo meu
bolo.
— Hum... Vai dar namoro? — Me olha desconfiada, com um sorriso.
Sorrio e dou um gole no café.
— Não sei. Mas quem sabe? Eu e Benjamin temos muitas coisas em
comum, ele é uma pessoa supersimpática e carismática. — Dou de ombros.
— Pretendo seguir em frente, Morgana, e se Benjamin for o meu “seguir em
frente”, estou tranquila.
— E o Dimitri? — Me olha.
Suspiro e apoio meus antebraços na mesa.
— Pretendo esquecê-lo de vez. Não vale a pena, Morgana. — Suspiro.
Morgana assente e logo se anima.
— Com quem você vai ao baile anual?
— Não sei. — Dou um gole do café. — E você? Vai com quem?
— Vou com Marcel — fala.
— O quê? Com o segurança? — pergunto, com um sorriso.
— Ele é lindo, não é? Mesmo sério, naquele terno preto, fazendo a
segurança da entrada do prédio — comenta, se abanando. — Um negro
delicioso, puta merda.
— E aí? Vocês já ficaram, tá rolando algo? — Mordo meu bolo.
— Já faz um tempo que a gente conversa, e já rolou. — Ela sorri,
cobrindo a boca.
— Minha nossa. Pela sua cara, a coisa foi boa — comento, mastigando
meu bolo.
— Ah, sim, com toda certeza. Ai, Alicia, ele é demais! — Bebe seu
café. — Eu pensei que ele iria se afastar, e não me ligar mais, mas ele me
procura, espera eu largar para me acompanhar até minha casa...
— Que cavalheiro. — Sorrio. — Então ele te chamou para ir ao baile?
— Sim. Eu nem esperava isso dele, sabe?! Eu pensei que ele não queria
fazer tanta exposição assim... — Dá de ombros.
— Por quê? Só porque trabalham no mesmo lugar? — pergunto.
— É. Acho que os meninos não vão gostar disso, uma das regras é não
se envolver com funcionários, já para não gerar problemas no ambiente de
trabalho — explica.
— Então Dimitri é um hipócrita — murmuro. — Ele se envolveu
comigo, e mais da metade das funcionárias da empresa
Somos interrompidas por Benjamin, que nos cumprimenta e se senta
conosco.
— Animadas para o baile anual? — ele nos pergunta.
— Não estou muito — respondo, e bebo meu café.
— Você tem alguém para ir? Se não tiver, podemos ir juntos, se quiser,
é claro. — Me olha.
— Olha aí, amigona, já tem alguém para ir ao baile. — Morgana me
incentiva.
— Vou adorar ir com você. — Sorrio para ele.
Benjamin sorri para mim, um sorriso lindo.

— Para de olhar para eles — Dominic murmura.


— Você acha que ele a está convidado para ir ao baile? — pergunto.
Vejo Morgana se retirar da mesa, deixando os dois a sós.
— Se ele for esperto, sim — meu irmão diz.
— Você está do meu lado ou do lado dele? — Olho para Dominic.
— Dimitri, se você não quer nada com ela, deixa-a ser feliz — diz, sem
me olhar.
— Com Benjamin? — falo entredentes.
— Com quem ela quiser, Dimitri. — Ele apoia seus braços na mesa, e
mantém seus olhos em mim. — Se você não é capaz de ficar com ela, apenas
com ela, deixe-a ir.
— Que conselho... Muito obrigado, fratello — murmuro, irritado.
— Alicia não é dessas mulheres com quem você fica, Dimitri. Alicia é
mais que isso, ela merece um homem bom, que a valorize.
— E eu não a valorizo? — O olho.
— Não. Você não a valoriza. Não é só dizer que é bonita, e tudo está
feito. — Bebe seu café. — Valorizar uma mulher é totalmente diferente de
dizer que ela é bonita. É você cuidar, zelar, amar..., isso é valorizar, e não só
levá-la para cama e elogiá-la na hora do sexo, principalmente pelo corpo.
— Ela não está ajudando — murmuro.
— Alicia cansou, Dimitri. Ela cansou de ser sua segunda opção, cansou
de fazer de tudo, e você não fazer nada. Uma hora a pessoa cansa, cansa de
ser colocada para escanteio. — Me olha. — Ela cansou. Alicia te amou,
Dimitri, mais do que a si mesma, e você só a usou.
— E como você sabe disso tudo? — pergunto, curioso.
Dominic coloca sua xícara em cima da mesa e se levanta, fechando seu
paletó.
— Às vezes você esquece que Alicia é a melhor amiga da minha esposa,
na qual desabafa comigo. — Me olha. — Se quer algo com Alicia, algo sério,
para valer, sugiro que ande logo, antes que alguém fique em seu lugar.
— E o que eu devo fazer? — A olho.
— Primeiro, você vai mostrar que está arrependido, e vai demorar para
ela acreditar em você. Então se está disposto a querer realmente ficar com
ela, vai se esforçar muito. Alicia não vai te perdoar nem tão cedo.

Meus irmãos entram em minha sala, e logo Aaron entra, nos


cumprimentando com apertos de mãos e abraços. Após ele se sentar e sermos
servidos com café, começamos a conversar.
— Então vocês querem alugar o salão do hotel, para fazer o baile? —
Aaron nos olha, tomando seu café.
— Sim. Se depender de mim, será lá, caso queira alugar — Dominic
fala.
— Bom, posso alugar para vocês, por um preço bacana — Aaron diz. —
Vocês já têm ideia do que fazer?
— Além de querermos o salão, vamos alugar suítes, porque vamos
convidar alguns clientes importantes, algumas pessoas do nosso ciclo, e elas
já vão se hospedar no hotel — informo.
— Certo. Preciso saber o dia, porque já agilizo, para deixarem os
quartos reservados — Aaron comenta.
Conversamos e acertamos muitas coisas, foi uma conversa longa e bem
detalhada. Após acertamos o dia para deixarem as suítes reservadas, e sobre o
salão, ficamos conversando coisas bem aleatórias.
— Cadê Nicole e os meninos? — pergunto.
— Ah, Nicole está na sua casa, Dom. — Aaron olha meu irmão. —
Valentina a chamou para um lanche.
— Acho que Valentina esqueceu de comentar — Dom fala. — E
Damien e Marlon?
— Estão por lá também, Marlon está um pouco adoentado, mas vai
melhorar — Aaron fala.
— Então vamos embora, e você fica para o jantar. O que acha? — Dom
sugere.
Todos nós concordamos, e avisamos a Morgana que iremos embora
antes do expediente. Fico responsável de avisar Alicia para irmos embora, e
estou torcendo para ela ir comigo no carro. Os meninos desceram para o
térreo e eu sigo para a porta de Alicia. Dou duas batidas e abro.
— Alicia? — Olho dentro da sala, e não vejo ninguém.
— Quem é? — Escuto sua voz vindo do banheiro.
— Sou eu. Dimitri — digo.
Passo pela porta, fechando-a atrás de mim. Vejo Alicia sair do banheiro
e me olha.
— O que foi? — Vai até sua cadeira e se senta, se aproximando mais da
sua mesa.
— Os meninos vão embora porque Aaron e Nicole estão na casa de
Dominic, e ele os convidou para jantarem conosco — aviso.
— Hum. Tudo bem, eu pego um táxi quando eu largar. — Ela me olha, e
volta sua atenção para o computador. — Obrigada por avisar.
— Eles pediram para você vir também. Já que você se dá bem com
Nicole, e Damien vai estar por lá — digo. — Você pode ir comigo.
— Eu pego um táxi. Só vou terminar aqui e vou embora. — Mexe no
mouse, concentrada no que vê na tela do computador.
Me aproximo da mesa e suspiro.
— Alicia. — Ela me olha. — Eu vou para lá, não custa nada eu te dar
uma carona. — Me aproximo mais da mesa. — Por favor, é só uma carona.
Apoia seus cotovelos na mesa e passa as mãos em seu rosto, colocando
os cabelos para trás. Alicia suspira e me fita.
— Ok. Deixe-me terminar aqui, só cinco minutos. — Pede.
Dou um sorriso.
— Pode tirar esse sorriso idiota do rosto — diz, impaciente.
Após ela terminar tudo, saímos da empresa e vamos até o meu carro
esportivo em frente ao prédio. Cumprimento Simon e Thomas, meus
seguranças, que logo entram na SUV que faz a minha escolta. Eu e Alicia nos
acomodamos no carro e seguimos para casa. O caminho é feito em completo
silêncio, o que me deixa bastante incomodado. Vejo-a de soslaio mexendo
em seu celular, bastante distraída, durante mais da metade do caminho.
— Vai ao baile da empresa? — Puxo assunto.
Alicia para de mexer no celular e me olha.
— Vou sim — responde e volta sua atenção ao celular.
— Quer ir comigo? — pergunto, e a olho rapidamente.
Escuto sua respiração profunda.
— Já fui convidada, e aceitei o convite — fala baixo, olhando a janela.
— Você dá uma desculpa e vai comigo — sugiro, doido para ela aceitar.
— Não posso dar o bolo em Benjamin — diz.
Dou um sorriso irônico, mas puto da vida. Ele foi mais rápido do que eu.
Stronzo.
— Qual a graça? — pergunta, me fitando.
— Nada. — Batuco os dedos no volante.
Passo pelos portões do condomínio e faço a volta, parando em frente à
mansão do meu irmão. Desligo o carro e retiro o cinto. Apoio meus
antebraços no volante, respirando fundo.
— O idiota está todo apaixonado — murmuro para mim mesmo.
— Qual o problema de se estar apaixonado? — Alicia me fita.
Dou de ombros.
— Eu nunca vou me apaixonar. — A olho. — Isso é ridículo!
— Cuidado com o que fala, Dimitri. Palavras tem poder. — Abre a porta
do carro e sai, batendo a porta com força.
Abro minha porta saindo do carro e a olho.
— Ah, é? E como você sabe? — Cruzo meus braços, me encostando no
carro.
Ela segura a alça da bolsa e me olha.
— Soube da pior maneira possível. — Desvia o olhar do meu.
— Deve ter sido horrível, não é? — Sorrio, irônico. Eu não acredito
nessas merdas. — E como foi?
Alicia me olha e vejo seus olhos marejados, e uma lágrima escorre do
seu rosto.
— Eu descobri que as palavras têm poderes quando... eu desejei a morte
da minha mãe. — Mais lágrimas caem em seu rosto.
Meu sorriso morre em meus lábios, e desencosto do carro.
— As palavras têm poderes, Dimitri. Elas podem demorar a se
concretizar, e outras não. — Um soluço escapa dos seus lábios. — A minha
se concretizou em menos de um minuto. — Ela me olha, com os olhos
vermelhos. — Ela morreu em meus braços, e eu nem tive tempo de me
despedir e pedir perdão.
Apresso meus passos, para poder abraçá-la e confortá-la, mas ela ergue a
mão, me fazendo parar.
— Quero ficar sozinha.
Alicia se vira e entra na casa, me deixando pior do que já estava.
Capítulo 8

Enxugando minhas lágrimas, entro na casa da minha amiga, escuto um


miado e vejo Serafina sentada na escada, balançando seu rabo volumoso.
— Oi, Serafina. A mamãe chegou. — Subo as escadas.
Ela levanta e se espreguiça. Me agacho, a pego nos braços e sigo para
meu quarto alisando seu pelo branco como a neve. A coloco em cima da
minha cama e ela continua miando. Pego o seu sachezinho do lanchinho da
tarde, e coloco em sua vasilha. Ela desce da cama e vai até sua vasilha e
começa a comer.
Coloco minha bolsa em cima da mesa e sigo para o banheiro. Fico um
bom tempo me lembrando de algo que ficará comigo para o resto da minha
vida, do quanto fui culpada pela morte da minha mãe, o quão as minhas
palavras foram fortes, as quais eu nunca deveria ter dito. Vou carregar isso
por um bom tempo, vendo o quanto fui culpada pela sua morte, o quanto fui
cruel em dizer tais palavras tão severas...
— Amiga? — Escuto a voz de Valentina.
— Oi! Tô no banho. — Grito, fechando o chuveiro. — Já vou sair.
Enrolo-me na toalha e saio do banheiro. Vejo Valentina sentada na
cama, alisando Serafina. Valentina me olha.
— Dimitri disse que chegaram faz tempo — fala.
Perdi totalmente a noção do tempo debaixo do chuveiro.
— É, não estava me sentindo bem, mas já vou descer — aviso.
Ela se levanta, passando a mão na sua calça.
— O que foi? Estava chorando. — Me analisa. — Seus olhos e o nariz
estão vermelhos.
— Não é nada — respondo.
— Dimitri falou algo que te deixou magoada? — Se aproxima de mim.
— Não. Não foi ele. — Seguro forte a toalha. — Foi algo que me
lembrei.
Ela meneia a cabeça e vem até mim e me abraça.
— Não fique se culpando. Foi uma tragédia, amiga. — Me consola.
Reprimo o choro, e assinto. Ela se afasta de mim e me olha.
— Nicole perguntou por você — diz.
— Vou trocar de roupa e vou descer. Só cinco minutos. — Peço.
Ela assente e se retira do quarto. Vou até meu closet e ponho um vestido
soltinho e desço. Passo pela sala e vejo o pessoal na mesa do jardim. Clarisse
se aproxima da mesa, colocando algumas comidas e se retira. Luke e Mel
correm até mim, e começam a me lamber, depois de minha total atenção, eles
se afastam e Serafina começa a brincar com eles.
— Alicia! — Escuto a voz de Nicole.
Viro meu rosto, e a vejo se levantando, toda elegante. Sorrio e me
aproximo dela, nos abraçamos forte com beijos na bochecha.
— Como está, Nicole? — A olho.
— Ah, querida, estou ótima! E você? — me pergunta, com um sorriso.
— Estou bem! — Sorrio e vejo Aaron se aproximando. — Como vai,
Aaron?
— Olá, Alicia! — Ele me abraça. — Nem vi você na empresa.
— Dimitri me deu uma carona, assim que você veio com Demétrio e
Dominic.
Risos chamam nossa atenção, e vemos Lorena, Marlon e Damien
correndo pelo jardim, atrás de uma borboleta.
— Ei, crianças, não vão falar com a titia aqui? — Chamo atenção deles.
Eles me olham e correm até mim. Eles abraçam minhas pernas, e mexo
em suas cabeleiras loiras.
— Quem deu essa rosa para você? — pergunto à minha sobrinha, que
tem uma flor na cabeça.
— Ah, tia, foi o Damien que me deu. Né, bonita? — Sorri mostrando
seus dentinhos.
Olho para Damien que tem um sorriso grande nos lábios, mostrando
seus dentes.
— É linda! — Sorrio e olho Marlon, vendo seus olhinhos azuis. — Você
tá melhor?
Ele assente com um sorriso, todo manhoso.
— Venha, Alicia, se sente conosco para conversarmos. — Nicole me
chama. — Deixe-os correr, precisam gastar as energias.
Lorena e os meninos se afastam, indo brincar com os cachorros e
Serafina, e eu me sento em uma cadeira vazia, que infelizmente é ao lado de
Dimitri. Sinto seu olhar sobre mim, mas não o olho. Me sirvo de um café
preto e pego algumas torradinhas com geleia.
— Está gostando da empresa, Alicia? — Nicole me pergunta.
— Estou adorando. Me sinto mais em casa. — Sou sincera. — Quando
os meninos me fizeram o convite de vir trabalhar aqui, fiquei muito feliz.
— Eu achei o máximo, assim ela não fica sozinha no Rio, e aqui tem eu,
Lorena e todo mês minha tia Flor está por aqui — Valentina diz.
— E cadê ela? — Aaron pergunta.
— Foi ao médico, logo ela chega — Dominic informa.
— Vai ficar quanto tempo? — Nicole me olha.
— Até quando os meninos me quiserem por aqui. — Sorrio.
— Se depender de nós, você nem sai mais da empresa — Demétrio fala.
Sorrimos. Vejo Manuela acompanhada da tia Flor, se aproximando de
nós. Tia Flor vem mancando, Manuela foi com ela até o médico, porque
Valentina e Dominic não puderam ir. Dominic se levanta e vai até ela, e a
ajuda a se sentar. Cumprimentamos tia Flor e Manu, que exibe um barrigão.
— Como foi a consulta? — Dominic pergunta a tia Flor.
— Foi ótima. Não se preocupe. — Tia Flor sorri.
— Quando vão ser os exames? — Valentina pergunta.
— Já estão marcados para a próxima semana — Tia Flor responde.
— O que a senhora tem? — Aaron pergunta.
— Umas dores fortes no joelho — Tia Flor responde. — Valentina e
Dominic me pediram para vir para cá, e me consultar por aqui.
— Mas é claro, aqui ficaremos de olho — Dominic fala. — Se precisar
de cirurgia, ela terá todo auxílio. Claro que vamos buscar todos os meios
possíveis para não fazer uma cirurgia.
— Sente mais o quê? — Nicole pergunta.
— Sinto dores demais quando me movimento, e o alívio vem quando
repouso, sem contar que meu joelho está inchado. — Tia Flor bebe seu café.
— Tenho certeza de que isso é artrose — Valentina fala. — Mas vamos
esperar os exames. Se precisar de fisioterapia, ela fará comigo na clínica.
— Então a senhora vai ficar aqui por quanto tempo? — Dimitri
pergunta.
— Não sei, querido. Mas Valentina quer que eu fique por mais tempo —
responde. — Se depender dela e de Dominic, eu moro aqui.
— Claro, tia, nunca concordei em a senhora ficando sozinha no Rio —
Valentina diz. — Principalmente com essas suas dores, que estou bastante
preocupada. A senhora sempre foi muito ativa, e agora está parada por causa
dessas dores e esse inchaço.
— Realmente é preocupante, dona Flor. — Nicole a olha. — Se eu fosse
a senhora ficaria por aqui, porque se for caso de cirurgia, vai levar um tempo
para se recuperar e precisará de fisioterapia. Será alguns meses ou até um ano
aqui.
— É. Você está certa. — Tia Flor toma seu café. — Se meu genro me
quiser aqui, com certeza eu fico.
Dominic sorri.
— Se quiser eu mando buscar suas coisas no Rio hoje mesmo. —
Dominic acaricia seu ombro.
— Esse é o genro dos sonhos. — Tia Flor sorri, nos fazendo sorrir. —
Falta agora Alicia me arrumar um genro.
Fico tensa e sinto Dimitri me olhar.
— Não, tia, tá longe ainda — murmuro, mexendo no sachê de açúcar
em cima da mesa.
— E você não está namorando? — Nicole me olha.
— Não. Nem quero, por enquanto. Mas estou conhecendo uma pessoa
— falo, para Dimitri escutar.
Sinto seu braço bater no meu, e ele coloca a xícara com força no pires.
— Ela está conhecendo melhor o Benjamin — Demétrio fala.
— Ah, Benjamin é maravilhoso. — Nicole sorri para mim. — Um ótimo
rapaz, muito respeitador e honesto. Tenho certeza de que vão se dar bem.
— Concordo com Nicole. — Aaron reforça.
Dimitri faz um barulho com a garganta, totalmente desconfortável.
No trabalho me mantenho muito ocupada, tentando me livrar de
qualquer coisa que faça lembrar minha mãe ou Dimitri, estou o evitando
desde o dia em que cheguei em Paris. Estou trabalhando pesado para dar tudo
certo para o baile anual da empresa, preparando para tudo ficar em ordem.
Escuto baterem na porta e em seguida é aberta.
— Oi — Morgana fala. — Tem uma encomenda para você.
— Para mim? — Me levanto da cadeira. — Não pedi nada.
— Bom, mandaram algo para você.
Um rapaz alto, trajando uma roupa da floricultura entra em minha sala,
com um buquê de flores brancas.
— Bonjour[iv]. A senhorita é Alicia Albuquerque? — Ele me olha.
— Bonjour. Sou eu, sim — respondo.
— Mandaram entregar essas flores para você. — Me entrega o pequeno
buquê.
Franzo a testa, e o pego de suas mãos.
— Quem mandou entregar? — pergunto, olhando as flores.
— A pessoa não se identificou — responde.
Assinto.
— Merci! [v]— Agradeço.
Ele sorri, assentindo.
— Au revoir. [vi]— Se despede e sai da sala.
— Ah! Isso é coisa do Benjamin. — Morgana se aproxima, vendo as
flores de perto.
— Será? — A olho. — Ele teria se identificado.
— Ou quer causar um suspense. — Pisca o olho. — Vou mandar
arrumar um vaso.
Passo o restante da manhã fazendo os relatórios, boto todos eles para
serem impressos e coloco-os dentro de uma pasta fina. Alguém bate em
minha porta e a abre. Vejo Dimitri entrar e fechar a porta.
— Hum... Algum problema? — pergunto.
Ele me olha, e coloca as mãos nos bolsos da calça social.
— Não, nenhum. É só que você ficou de entregar os relatórios — fala.
— Ah, sim! Já ia me esquecendo. — Me levanto da cadeira, contorno
minha mesa e pego a pasta em cima da mesa e entrego a ele.
— Se quiser, pode marcar um horário com eles, para eu poder explicar
melhor — digo.
— Não precisa. Você sempre deixa tudo bem claro. — Faz uma pausa,
mantendo seus olhos azuis em mim. — E você deve estar bem ocupada.
Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha e assinto.
— Mas o meu trabalho é esse. Se quiser, posso explicar melhor — falo.
Ele assente.
— Meus irmãos estão em uma videoconferência, e me pediram para
analisar esse relatório. — Assinto, colocando minhas mãos nos bolsos
traseiros da minha calça. — Você pode me explicar? Posso passar para eles, e
não tomar tanto seu tempo.
— Tudo bem. Senta. — Aponto para a cadeira.
Contorno minha mesa e me sento, vendo-o se sentar em frente à minha
mesa. Ele empurra a pasta em cima da mesa, retiro os papeis de dentro dela, e
os coloco em cima da mesa em ordem. Apoio meus braços sobre a mesa.
— Aqui estão todas as métricas. Tem os comentários, curtidas,
engajamento, alcance — falo.
Ele fica atento, olhando os papéis, completamente concentrado em tudo
que eu explico, detalhe por detalhe, sem deixar nada de fora. Vou mostrando
tudo a ele, que assente. Faz algumas perguntas, com algumas dúvidas e faço
questão de respondê-las.
— Aqui também estão as mensagens diretas, com informações sobre
cidade, idade e gênero. — Empurro outros papéis.
Ele os pega e começa a ler.
— Os próximos relatórios só no início do próximo mês — falo.
Ele assente e se encosta na cadeira.
— Tem alguma dúvida? — Recolho os papéis.
— Não. Entendi tudo. — Ele me fita. — Daria uma ótima professora.
Coloco os papéis dentro do envelope e lhe entrego.
— Estudei muito — digo.
Ele assente e desvia seu olhar do meu para o vaso com as flores brancas.
— Ficou bonito o vaso. — Aponta para as flores. — Você comprou?
— Han... é... — Limpo a garganta. — Eu ganhei.
Seus olhos azuis me fitam com seriedade.
— Benjamin — afirma, falando entredentes.
Ele se levanta bruscamente da cadeira, me assustando.
— Na verdade, eu não sei — respondo.
Ele pega o envelope da mesa e me olha.
— Claro que foi ele. Quem mais seria? — pergunta.
— Você, talvez. — Dou de ombros.
Dimitri solta uma gargalhada, me deixando incomodada.
— Eu? Dando flores? — Sorri. — Alicia, eu dou outra coisa, e não
flores. E você sabe muito bem o que eu dou, já que você já recebeu, não é?
— Ele me fita. — Quem dá flores são otários.
Sinto um aperto em meu coração, que faz meus olhos arderem.
— Já expliquei tudo. Vou voltar ao meu trabalho. — Volto minha
atenção ao computador.
Sinto o silêncio se instalar na minha sala, e faço de tudo para não
derramar uma lágrima. Não irei chorar na frente dele, não mais.
— Alicia, eu... — O interrompo.
Fito seu rosto, sentindo ainda mais meus olhos marejados.
— Vai, Dimitri. Tenho muita coisa para fazer — digo. — Se me der
licença, preciso estar cem porcento, concentrada.
Ele engole em seco e sai da sala. Permito que as lágrimas caiam em meu
rosto, me sentindo fraca por estar completamente apaixonada por ele.
A cada dia que passa, eu tenho a confirmação de que fui só mais uma
para ele. E me arrependo disso amargamente.
Capítulo 9

Passo a mão no rosto, totalmente frustrado com toda essa merda, entre
mim e Alicia. Por que ela está se fazendo de difícil? Era tão fácil antes, era só
eu ligar, e tudo estava certo. Tudo entre a gente era intenso e gostoso demais,
era o encaixe perfeito. Tínhamos uma química, que muitos casais não têm,
era algo surreal. Uma mulher nunca me recusou, nunca me rejeitou, e eu vou
saber o motivo de toda essa merda. Ah, se vou.
Analiso alguns documentos, quando Morgana avisa que Benjamin quer
entregar alguns documentos para mim. Me encosto na cadeira, vendo-o entrar
em minha sala. Ele anda até minha mesa e deixa uma pasta.
— Aqui está o documento que me pediu, Dimitri — fala.
Assinto e pego o envelope. Retiro alguns papéis de dentro e começo a
analisá-los.
— Oh, Dimitri, para de me tratar desse jeito. — Escuto-o falar.
Coloco os papéis em cima da mesa, e olho para ele.
— De que jeito? — pergunto, ficando irritado.
Ele senta na cadeira e suspira.
— Olha, a gente sempre se deu super bem, não vamos ficar estranhos
por causa da mesma mulher — fala.
— Na qual esteve comigo — digo entre os dentes.
— Você falou certo, Dimitri, esteve, não está mais. — Me olha.
— Você é um fura olho do caralho. — Aponto para ele, irritado.
— Eu sou um fura olho? Você nem está mais com ela, Dimitri. — Faz
gestos com as mãos. — E eu nem sabia que você tinha ficado com ela. Soube
quando fui até a casa de Dominic, foi quando eu percebi tudo, e ela me
contou.
— Contou o quê? — pergunto.
— Que vocês já tiveram algo, apenas sexo — responde.
— Ah, Benjamin, o que tivemos foi mais do que sexo. Você não sabe de
nada — digo impaciente.
— Posso não saber de tudo, mas o que eu sei é que ela não te quer mais.
— Me olha.
— Ela me quer, sim. Só está confusa — murmuro.
— Alicia não está confusa, Dimitri. Ela apenas sabe que foi apenas mais
uma para você. — Aponta para mim.
— Ela não foi mais uma para mim, ela sabe disso — falo, entredentes.
— Se ela soubesse, com certeza ela estaria com você, agora. — Se
levanta da cadeira.
— Fique longe dela, Benjamin. — Me levanto, apontando o dedo para
ele.
— Vai fazer o que se eu não me afastar dela? — me desafia.
— Não será nada bom. — Trinco o maxilar.
— Cara, deixa de ser ridículo. Isso não é uma competição, Dimitri.
— É, sim! — afirmo.
— Não é, não! Não para mim — fala sério. — Você já teve sua vez.
— Agora a vez é sua? — Dou um sorriso, irônico.
— É! E eu vou fazer o que você não fez — diz.
Em milésimos de segundos agarro seu colarinho e o prenso na parede.
— Vai fazer o que, seu idiota? — Rosno.
— Dá valor a ela, uma coisa que você não foi capaz de fazer — fala sem
fôlego. — Vou amá-la, valorizá-la. Ela merece mais do que isso. Não um
playboyzinho como você, que adora ter mulheres aos seus pés na hora que
você quiser.
— Você está brincando com a sorte. — Rosno. — Posso te demitir.
— Ah, é? Me demite. Será que seus irmãos vão concordar com isso? Eu
acho que não. — Tosse quando aperto mais seu colarinho. — Isso com
certeza não é um motivo plausível para eu ser demitido. Eu sou um ótimo
advogado, nunca deixei nenhum de vocês na mão.
Respiro fundo e largo seu colarinho, me afastando dele. Passo a mão no
rosto, sentindo meu sangue ferver.
— Dimitri, eu sou seu amigo, porra. Que caralho está acontecendo? —
Ele se exalta. — Eu não sou seu inimigo.
O olho sentindo a raiva se esvair em todo meu corpo. Eu não consigo
pensar ou me sentir conformado ao saber que Alicia está com outro, ao invés
de mim.
— Você a ama. — Me olha.
— Não — respondo.
— Você a ama, sim. E isso te apavora. — Seus olhos verdes me fitam.
— Você não quer amá-la, porque se você amar Alicia, sua vida de solteiro
vai acabar e ficará preso a uma só mulher.
Passo a mão no rosto.
— É difícil não a amar — murmura.
— Você a ama? — Meneio a cabeça, sentindo meu sangue ferver.
— Tenho sentimento mais forte por ela, mais que amizade — ele
responde. — E vou fazer de tudo por ela.
— Você realmente não tem amor à sua vida, não é? — falo, entredentes.
— Fique longe de Alicia.
— Eu ficarei longe dela, se ela chegar até mim e dizer para me manter
distante. Do contrário, a farei se apaixonar por mim. — Meu sangue ferve. —
Se você não a quer, fique longe dela. Ela já sofreu demais por você, não
merece continuar sofrendo por alguém que só a quer na cama.
— Ela vai ficar comigo! — Praticamente grito.
— Bom, ela terá que escolher, não é? Mas antes disso, farei de tudo por
ela. — Me olha, sério.
— Vamos ver com quem ela vai ficar. — Sorrio, com raiva.
Ele anda até a porta, mas antes de sair, diz:
— Alicia não é um troféu, ou uma conquista, Dimitri, ela é uma mulher
que merece ter um homem que a valorize. E se você quiser realmente ficar
com ela, terá que mudar seu estilo de vida e rever seus conceitos, porque a
verdade, Dimitri... — Ele me olha sério. — É que você não merece Alicia.
Benjamin sai da minha sala e solto um grito alto, passando minhas mãos
pela minha mesa derrubando tudo pelo chão, sem me importar se quebrou
algo. Porra! Mil vezes porra!
Rapidamente paro, ofegante, e paraliso no lugar. Porra! Eu a amo. Como
não percebi isso antes?
Puta que pariu, Dimitri! Você é um tapado de merda, que merece uma
surra. Parabéns, seu idiota! Você fodeu com tudo. Meu inconsciente zomba
de mim, esse filho da puta.
Eu poderia me socar agora mesmo, eu mereço. Mereço qualquer castigo
por ter feito Alicia sofrer por minha causa. Caio na cadeira, ainda
processando tudo. Que merda cara. Eu sou completamente idiota. Burro.
Retardado. Aquele sorriso dela, aquele olhar... nossa, eu a amo. E isso agora
está me consumindo. Minha consciência agora está pesada. Porra, como eu
tratei aquela mulher como uma segunda opção? Como não a tratei como
merecia? Simplesmente, a tratei como tratei todas as mulheres que não tinha
compromisso, e meu erro foi esse. Não ver o mulherão que estava ao meu
lado.
Meu Deus! Ela sentia o cheiro de outras mulheres em mim, via manchas
de batom, conversas no celular...? Meu Deus, o que Alicia passou ao meu
lado foi... ai, minha nossa. Como eu fui capaz de fazer isso? Estava tão
empenhado em não me apaixonar por ela, que acabei fazendo merda. Estou
me sentindo o pior cabra safado que existe nesse mundo. Me sinto um lixo,
um idiota por ter feito isso com ela.
Minha consciência pesa, e não é nada leve. É um peso gigante que está
sobre mim e isso está me deixando em um desespero enorme. Eu preciso
fazer alguma coisa, para ontem. Com urgência. De imediato. Eu não posso
deixar Alicia se envolver com o Benjamin, não que ele seja um homem ruim,
ele é um rapaz bom, honesto e respeitador, ao contrário de mim. Alicia tem
que ficar comigo, nascemos para ficarmos juntos. Descobri isso um pouco
tarde e posso recuperar tudo antes que eu a perca de vez. Não posso vacilar.
Tenho que mudar meu estilo de vida para poder ficar exclusivamente com
ela. Estou disposto a abrir mão da minha vida de solteiro para ficar apenas
com ela. Eu sei que vou precisar lutar, Alicia é uma mulher forte e decidida.
Não vai ser fácil, mas não vou deixar de lutar até ela estar ao meu lado, me
amando.
Toda vez que vou até à copa, vejo Alicia e Benjamin conversando aos
risos, e meu sangue ferve. Me sinto incomodado toda vez que a vejo saindo
toda bonita da casa do meu irmão, para sair com ele. Isso tudo está me
deixando angustiado, mal-humorado e irritado.
Era para ela estar comigo, sair comigo, aquele sorriso que preenche meu
peito, era para ser para mim, e não para ele. E, por que não é? Porque eu sou
um idiota que não soube valorizar o mulherão que estava ao meu lado.
Benjamin estava certo em tudo que falou. Eu fui um idiota com ela, e quero
fazer o certo agora.
Antes que eu possa tomar qualquer atitude, meus irmãos entram em meu
escritório e sentam.
— Que bagunça é essa nesse escritório? Passou algum tornado aqui? —
Dominic me olha.
Vejo vários papéis jogados no chão, o computador com a tela quebrada,
também no chão... a fúria que tive há poucos minutos foi grande.
— Alguma novidade sobre a loja em Londres? — Mudo de assunto e
olho para eles.
Meus irmãos me olham, desconfiados, mas resolvem não falar sobre.
— Talvez você tenha que ir — Demétrio fala. — Não posso ir, Manuela
pode entrar em trabalho de parto a qualquer momento.
— E eu tenho que ficar para dar suporte à dona Flor, que fará a cirurgia
amanhã. — Dominic meneia a cabeça.
— Ela vai mesmo fazer a cirurgia? — O olho.
— Vai. Valentina tem que ir para a clínica, mas ela vai sair mais cedo
todos os dias. E eu ficarei trabalhando em casa, só vou vir aqui quando for
algo bastante necessário — Dom avisa.
— Deu artrose mesmo? — pergunto a Dom.
— Foi feita uma radiografia e uma ressonância, e Valentina disse que
deu osteoartrose ou gonartrose. Ambos se referem ao desgaste da cartilagem
do joelho. — Assinto, compreendendo. — Após a cirurgia, ela vai fazer
fisioterapia com a Valentina, na clínica, fará uma dieta para perda de peso e
praticar exercícios físicos.
— E ela já se decidiu sobre morar aqui? — Demétrio pergunta.
— Já está tudo certo. Nessa próxima semana Valentina vai até o Rio,
buscar as coisas dela. Já falei com Tavares sobre o apartamento, para ser
vendido, enquanto Valentina resolve sobre as contas. Vai ficar na cobertura
por uma semana, enquanto resolve tudo isso — Dom explica.
— Ah, sim. — Assinto.
— Alicia se ofereceu para cuidar de Lorena junto com Clarisse,
enquanto eu cuido de dona Flor. — Ele nos olha. — Se vocês concordarem,
Alicia pode trabalhar de casa.
— Claro! Dona Flor precisa de alguém com ela o tempo todo para se
locomover, e Alicia para ajudá-la no banho. E também tem Lorena — digo.
— É. Valentina queria levar Lorena para não dar tanto trabalho, mas ela
vai entrar em semana de provas. Então está fora de cogitação — Dom fala.
— Por mim, ela trabalha em casa. — Dou de ombros. — Coloca tudo no
MacBook, e à noite ela nos avisa qualquer problema.
— Pois é. E dona Flor, vai querer ir ao baile? — Demétrio pergunta.
— Ela quer ir, por isso adiantamos a cirurgia para amanhã. Ela ficará
com os pontos por alguns dias e repouso absoluto. Já contratei uma
enfermeira para qualquer circunstância, e ela ficará boa a tempo de ir ao baile
— Dom responde.
— É bom uma mesa perto para ela, assim não anda muito — digo.
— Sim. Pensei nisso, mais tarde falarei com Valentina sobre esses
detalhes — Dominic murmura. — Acho que vou embora. Dona Flor vai para
a clínica amanhã logo cedo, vou ver o que precisa.

Saio da minha sala, e dou de cara com Dimitri saindo de sua sala, junto
com seus irmãos. Seus olhos azuis me fitam, e sinto meu coração acelerar.
Toda vez é isso. Preciso esquecer Dimitri, preciso seguir em frente
— Eu já ia na sua sala. — Dominic se aproxima. — Estou indo para
casa arrumar as coisas com Valentina para a cirurgia de amanhã da dona Flor.
— Han... Você quer que eu vá agora também? — pergunto.
— Você pode levar tudo que precisa para casa, e trabalhar por lá — diz.
— Então vou recolher as coisas. Acho que vou precisar de umas duas
caixas de papelão e consigo colocar todos os papéis e outras coisas que vou
precisar — digo.
— Eu consigo as caixas — Dimitri diz.
— Obrigada. — Agradeço, com um sorriso.
Ele assente e se retira.
— Preciso ir, Manuela tem uma consulta — Demétrio avisa. —
Qualquer coisa vocês me avisam.
Ele se despede de nós e sai do corredor indo até o elevador. Dom avisa
que me esperará lá embaixo e eu resolvo ir para minha sala, começar a
organizar tudo. Escuto alguém bater na porta. Vou até ela e a abro.
— Oi! — Benjamin sorri. — Queria te ver, antes de você passar um
tempo fora da empresa. — Ele entra na sala.
Fecho a porta e ele para no meio da sala.
— Hoje eu vou sair mais cedo, e só volto para a empresa em duas
semanas. — Ando até minha mesa.
— Eu quero te fazer um convite. — Escuto-o falar.
Levanto meu rosto, e o olho. Benjamin é tão lindo, chama muita
atenção. Seus cabelos castanhos cor de chocolate perfeitamente penteados,
combinam com seus olhos verdes. O charme a mais são os óculos de grau,
que o deixam mais lindo. Lembro-me bem do seu porte físico quando foi à
casa de Dominic para o churrasco. Sua camisa de gola V mostrou bem que
ele pratica exercícios físicos, e os braços tatuados.
— Pode fazer. — Dou um sorriso de lado.
Ele coloca as mãos nos bolsos da calça social e me fita, prensando os
lábios.
— É... quero te convidar para jantar, de novo. — Sorri de lado.
— Quando? — pergunto, largando os papéis em cima da mesa.
— Quando você quiser, e estiver disponível — fala.
— Bom, eu só vou poder sair mesmo, quando tia Flor estiver melhor.
Mas eu aceito seu convite para jantarmos. — Sorrio.
Ele assente, sorrindo. Benjamin olha o vaso e me olha.
— Ganhou? — Aponta para as flores.
Contorno a mesa e o olho.
— Então..., eu pensei que você tinha me dado. — Ele franze a testa. —
Semana passada um entregador de uma floricultura aqui perto, mandou me
entregar. E foi anônimo.
Ele coça a barba.
— Eu não mandei essas flores. Não faria sentido fazer isso, eu mesmo
poderia te dar, sem rodeios. — Dá de ombros. — Não foi o Dimitri?
— Aquele idiota? Ele não dá flores — murmuro.
Ele assente, me analisando. Viro meu corpo e começo a arrumar minhas
coisas em cima da mesa.
— Então quem poderia ter sido? — pergunta, se aproximando.
— Não sei quem foi — respondo.
— Alicia, eu consegui... — Dimitri para na porta e nos fita.
Dimitri olha para Benjamin e me fita, bastante sério. Vejo o quanto
Benjamin fica desconfortável e me olha.
— A gente vai se falando por mensagens. — Benjamin se aproxima e
beija minha bochecha.
Dou um sorriso para ele e o vejo cumprimentar Dimitri apenas com um
aceno e sai da minha sala. Termino de arrumar minhas coisas em cima da
mesa, e sinto Dimitri se aproximar e ficar ao meu lado. Ele põe as duas caixas
grandes de papelão em cima da mesa. Encaixotamos todas as minhas coisas,
eu só vou levar o que realmente preciso. Depois de tudo encaixotado,
descemos para o hall do prédio e encontramos Dominic me esperando. Ele
retira o telefone do bolso e atende.
— Oi, meu anjo, já estou saindo, e Alicia vai comigo. — Faz uma pausa
e sua feição muda completamente, para uma extremamente preocupada. —
Cazzo! [vii]Tudo bem. Vamos resolver isso quando eu chegar. — Outra pausa.
— Sem estresse, meu anjo. Em poucos minutos eu chego.
— O que houve? — Dimitri pergunta.
— Quando chegar em casa você vai saber o problema que nos espera —
Dom diz, sério.
Após chegarmos em casa e Dimitri colocar as caixas próximas da
escada. Uma mulher loira de olhos azuis se levanta do sofá, parecendo uma
perua de tão vulgar que essa mulher é. Ela anda até nós, pisando com seus
saltos agulha no piso de madeira, mascando chiclete, totalmente debochada.
Ela me olha de cima a baixo, e volta seu olhar para os trigêmeos que estão
atrás de mim e abre um largo sorriso.
— Olá, cuginetti[viii]. Estava com saudades de vocês.
Capítulo 10

Ai! Meu! Deus!


Não, não, não... Não pode ser.
Estou tendo alguma alucinação, tem que ser uma porra de uma
alucinação!
— Vocês vão ficar com essas caras, ou vão abraçar sua cugina[ix]? —
Francesca nos olha.
— O que você está fazendo aqui, Francesca? — Demétrio pergunta.
Ela sorri, tentando seduzi-lo, e estoura o chiclete na boca.
— Vim ver meus primos gatos. — Sorri e fita Alicia, fazendo uma
careta. — Quem é você?
— Sou Alicia, melhor amiga das esposas de Demétrio e Dominic —
Alicia responde, no mesmo tom de deboche.
Francesca fez uma careta nada agradável.
— Non me lo merito[x]. — Coloco a mão no rosto.
— O que foi, querido? Não sente minha falta? — Francesca se
aproxima de mim.
Me afasto dela, erguendo meus braços, impossibilitando-a de me tocar.
— Nem um pouco — respondo.
Ando até o meio da sala, sentindo uma raiva se espalhar pelo meu corpo.
O que essa donnetta[xi] está fazendo aqui? Depois de muito tempo, depois de
ter feito tanto inferno, ela volta para fazer mais, porque é só o que ela sabe
fazer, nos causar estresse.
Valentina aparece segurando a mão de Lorena, com uma cara de poucos
amigos.
— Olha ela aí. Vem cá pequena, conhecer sua priminha. — Francesca se
aproxima.
Valentina segura a mão de Lorena, e se coloca na frente dela. Minha
sobrinha mostra a língua pra Francesca, que me faz sorrir. É minha sobrinha
mesmo. Minha cunhada fita meu irmão, seríssima, que chega dá medo.
— Nick, resolva isso — ela diz, e olha para Alicia. — Vem amiga.
Alicia me olha e eu assinto. Ela deixa uma caixa perto das outras e segue
até sua amiga, e somem da sala.
— A filha dela é uma graça. — Francesca sorri. Falsa.
— Nossa filha — Dominic corrige. — E fique aí, sentada, ligarei para
meus pais para resolver essa situação.
Francesca dá de ombros, e se senta no sofá, como se fosse a dona da
casa. Saio da sala em passos largos e vou para a outra sala.
— Que merda Francesca está fazendo aqui? — Demétrio fala
entredentes.
— E eu sei, porra! Por mim ela nem estava aqui. — Rosno, passando a
mão no rosto.
Vejo Dom falando ao telefone com nossos pais, totalmente exaltado e
sem paciência. Coloco a mão na cintura, pensando em mandá-la embora no
primeiro avião, para o outro lado do mundo, sem passagem de volta.
— Eles já estão vindo — Dom fala, guardando seu telefone no bolso.
— Eu só quero saber o que essa mocréia faz aqui — digo, irritado.
Sento-me no sofá, totalmente impaciente e irritado. Por que depois de
tantos anos ela resolveu aparecer? Isso é para me atormentar, atormentar a
todos. Francesca é uma mulher que adora irritar as pessoas, deixá-las com
raiva com seu deboche. Ninguém da família a suporta, ela é grosseira, adora
humilhar, falar o que não deve. Infelizmente ela é filha do irmão do meu pai,
que é um homem incrível, e sua esposa também. Nem parece que ela é filha
deles, porque Francesca é o oposto deles.
Meus pais chegam em poucos minutos, e logo procuram saber de
Francesca, que finge estar com saudades ao vê-los. Como minha mãe também
não gosta dela, ela deu logo um corte no seu cinismo e sua falsidade.
— Pode dizer o que está fazendo aqui? — meu pai pergunta.
— Ah, tio, vim fazer uma visitinha a vocês. — Francesca cruza as
pernas.
— Não acredito em você! Pode dizer o que veio fazer, não precisa
mentir — mamãe diz.
— Eu não estou mentindo. — Francesca coloca a mão no peito, se
fazendo de vítima. — Assim você me ofende, titia.
Reviro os olhos e bufo.
— Não faz essa carinha. Você é tão lindo para estar de cara emburrada.
— Ela faz bico, me olhando.
Alicia revira os olhos e volta a mexer no celular.
— E, por que essa daí está aqui na sala? — Francesca aponta para
Alicia.
— Porque ela é da família — respondo rapidamente.
Alicia me olha, e dá um sorriso.
— Mas ela nem é uma D’Saints, nem tem nosso sangue — Francesca
rebate.
— E daí? Laço sanguíneo não significa família. Você, por exemplo, tem
o nosso sangue, mas não te consideramos como da família. — Cruzo os
braços, com um sorriso diabólico.
— Nossa. Quando você ficou tão grosseiro assim? — Coloca a mão no
peito.
— Sua presença desperta o pior de mim. — Sorrio.
Ela bufa e fita suas unhas enormes, pintadas de vermelho.
— Ligarei para Rafael agora mesmo, e talvez ele me conte o motivo de
você estar aqui. — Papai retira o celular do bolso.
Meu pai disca o número do meu tio e o leva até a orelha.
— Não tio... — Francesca é interrompida.
— Olá, Fratello. Como vai? — Papai fala ao telefone.
Vejo Francesca tensa, e eu sei que tem caroço nesse angu.
— Bom, minha querida sobrinha está aqui em casa... Isso mesmo,
Francesca acabou de chegar. — Meu pai faz uma pausa. — Foi? Por que a
expulsaram de casa?
Todos olham para Francesca que está encolhida na poltrona, toda tensa.
— Interessante, Rafael. E como farei?... Certo. — Meu pai faz uma
pausa. — Vocês vão vir para cá, então?... As portas estão abertas para vocês,
caso queiram vir.
Francesca me olha, e vejo pânico em seus olhos. Sorrio para ela, que me
olha com raiva. Meu pai se despede do meu tio no telefone e olha para
Francesca.
— Parece que alguém envergonhou os pais, não é? — Papai a olha.
— Eu não fiz nada! Eles que estão inventando tudo — Francesca
argumenta.
— Será, Francesca? — meu pai fala sério. — Pode me dizer por que
seus pais pegaram você transando com o amigo dele, na cama deles?
Todo mundo fica em silêncio, absorvendo o que acabaram de ouvir.
Minha nossa, quando eu penso que ela é uma perua da pior espécie, ela vai e
faz isso.
— Seus pais estão decidindo se virão ou não, para te levar embora —
papai avisa e me olha. — Dimitri, me faça esse grande favor, meu filho.
Deixe um quarto separado na sua casa para ela, até seus tios chegarem.
— Por que na minha? — Cruzo os braços.
— Porque Francesca mal chegou e já deixou Manuela e Valentina
estressadas com sua presença, e elas não são obrigadas a aturar Francesca. —
Papai me olha. — Por favor. Você sempre fica por aqui, ou na casa de
Demétrio todo santo dia. Não precisa ficar por lá, só quando for se trocar.
— De jeito nenhum que vou deixar essa louca na minha casa sozinha.
Ela é capaz de montar um estúdio de filme pornô. Eu vou ficar lá, e ela que
não ouse fazer nada além do que deve. — Olho para ela.
— Podemos rever os velhos tempos, que tal? — Ela sorri, cínica.
— Francesca, estou falando sério. — Me aproximo dela, olhando-a sério
demais, que a faz engolir em seco. — Nem ouse levar ninguém para minha
casa. Você está me ouvindo? E entre nós dois..., não vai rolar uma outra vez.
Então abaixa esse fogo no meio de suas pernas e aprenda a respeitar as
pessoas.
Ela fica me olhando, sem dar um pio.
O jantar está sendo em completo silêncio, de tão insuportável que está a
presença de Francesca. Ela tenta puxar assunto com todo mundo, mas
ninguém dá ouvidos, falo apenas com palavras curtas, mostrando claramente
que não quero conversar.
Faz gracinha para Lorena, mas minha querida sobrinha nem dá atenção,
e ainda faz cara feia para ela. Uma verdadeira D’Saints. Valentina se ocupa
em conversar discretamente com Manuela e Alicia, que ficou desconfortável
ao saber que entre mim e Francesca rolou algo no passado. Mas o que eu
poderia fazer? Tinha que dar as cartas para essa dissimulada, para não se
meter mais comigo e nem com meus irmãos. Manu e Alicia nem olham para
Francesca, na testa delas está escrito ciúmes em luz fluorescente, piscando.
Não posso discordar, Francesca em pouco tempo que está aqui, deu em
cima de nós três na maior cara de pau. Valentina está se roendo por dentro, e
Manuela respira fundo, para não causar mal ao bebê. Alicia nem olha na
minha cara, e era só o que me faltava. Eu não tenho culpa dessa mulher ser
tão descarada e dissimulada.
— Sua filha é uma gracinha, Nick. — Francesca sorri.
Valentina larga o talher na mesa, chamando nossa atenção. Fita
Francesca com um olhar mortal. Nunca vi minha cunhada dessa forma.
— Quem te deu a liberdade de chamar o meu marido de Nick? — fala
entredentes.
Francesca sorri, cinicamente.
— Que isso, minha querida. Eu ouvi você o chamando assim, e quis
chamar. — Francesca dá de ombros, colocando um pedaço de carne na boca.
— Eu não sou sua querida, Francesca. Meu nome é Valentina, e só eu
chamo meu marido de Nick. — Valentina a fita. — Você ouviu, não é? Só eu
o chamo assim.
— Nossa, me desculpa. — A dissimulada coloca a mão no peito.
Valentina larga o guardanapo em cima da mesa e se levanta.
— Com licença, perdi o apetite.
Valentina tira Lorena da mesa, vendo que já terminou seu jantar e sai.
— Ela é chata, hein — Francesca murmura.
— Se você tem um pingo de noção, você não vai repetir isso. —
Dominic alerta, muito sério. — Lembre-se que está falando da minha mulher,
e eu não vou tolerar você falar dela. Você está na minha casa, exijo respeito!
Francesca engole em seco.
— Você já foi mais amável, priminho. — Toma um gole do vinho.
— Continuo sendo, mas não com você — Dom responde. — Agora se
você puder engolir mais rápido sua comida, eu agradeço.
— Está querendo que eu vá embora? — Francesca faz beicinho.
— O quanto antes — meu irmão responde.
— Me desculpem, mas não estou me sentindo bem. — Manu limpa a
boca. — Estou me sentindo cansada, e enjoada. — Minha cunhada olha
Demétrio. — Vamos, Deme?
— Claro, Bambina[xii]. Gente, amanhã a gente se fala. — Meu irmão se
levanta e ajuda minha cunhada a se levantar, com seu barrigão.
Eles se despedem de nós e vão embora. Todo cuidado é pouco com
Manu, ela está perto de entrar em trabalho de parto, então estamos todos em
alerta. Dominic também se retira, todo irritado.
— Acho que vou me retirar também. — Alicia dá o último gole no
vinho. — Boa noite!
Alicia levanta e se retira da sala de jantar. Vejo meus pais comendo
tranquilamente, sem se importar com a presença de Francesca. Dona Flor já
estava deitada faz tempo, ela dorme cedo. Pelo menos ela não teve o
desprazer de conhecer essa cobra venenosa.
— Nossa, realmente ninguém gostou de mim. — Francesca beberica seu
vinho.
— Eu quero saber quem é que gosta de você — digo e bebo meu vinho.
— Até meus tios te deserdaram.
Francesca fica calada, e ingere um grande gole de vinho.
— Pelo menos sobrou Dimitri. — Me fita.
— Ah, priminha, sinto muito em te decepcionar, mas estou fazendo
companhia aos meus pais — respondo com um sorriso.
Ela me olha séria, e meu sorriso só aumenta. Sou um sádico do caralho.
O restante do jantar é um saco, fico mexendo no celular o tempo inteiro, só
para dar tempo da naja terminar de comer e se satisfazer. Após terminarmos,
meus pais sobem para falar com o pessoal e eu saio da casa do meu irmão,
com a louca ao meu lado.
— Você é um cavalheiro, Dimitri. Carrega minhas malas. — Escuto-a
falar.
— Eu não. Você tem duas mãos para levá-las — respondo.
Abro a porta da minha casa, deixando a chave no aparador e sigo para o
corredor. Abro a porta de um quarto e dou espaço para ela entrar.
— Você ficará aqui. O meu quarto fica lá em cima, o mais longe
possível do seu — digo.
Francesca arrasta suas malas grandes e fica no meio do quarto.
— Por que eu não fico lá em cima? Garanto que tem outros quartos
disponíveis. — Me olha.
— Porque eu não quero correr o risco de ser assediado por você — digo,
sério. — Nem ouse subir.
Ela larga a bolsa em cima da mesa e vem até mim, em passos sedutores.
— Poxa, pensei que a gente iria se divertir. — Faz beicinho.
Ela levanta as mãos para colocar em mim, mas eu seguro a tempo e olho
para ela.
— Não vai rolar mais nada, Francesca. Estou falando sério. — Fito seus
olhos azuis. — Você só está aqui, porque eu tenho consideração pelo tio
Rafael e tia Pietra, se não fosse por eles, você não estaria aqui. Portanto, fique
o mais longe possível do meu quarto, Francesca. Estou falando muito sério.
Largo suas mãos e saio do quarto, resmungando.
Capítulo 11

Desço as escadas verificando a hora em meu relógio no celular,


enquanto vejo algumas mensagens importantes do trabalho, levanto a cabeça
e reviro os olhos vendo Francesca deitada no sofá vestindo um robe, como se
estivesse em sua própria casa.
— Eu fui à cozinha e não tinha ninguém para fazer meu café. — Se
levanta, abrindo mais o robe.
Reviro os olhos.
— Você tem duas mãos para fazer sua comida. Os armários e a
geladeira têm comida em excesso. É só você fazer — digo.
Ando até a cozinha, pego uma garrafa de água e despejo em um copo e
bebo.
— Você vai fazer o seu, pode fazer o meu, né? — Escuto sua voz.
Giro meu corpo e reviro os olhos. Ela está com seu robe entreaberto,
mostrando sua camisola totalmente transparente. Volto meu olhar para seu
rosto, que tem um sorriso malicioso nos lábios. Ela ainda pensa que pode me
seduzir? Coitada.
— Eu não vou comer aqui. Vou comer na casa de Dominic — respondo.
Coloco a garrafa de volta na geladeira e o copo na pia.
— Ah, então vou me arrumar para ir — fala.
— Ah, mas não vai mesmo — digo. — Meu irmão não deixou claro que
não te quer por lá?
— Mas... — Eu a interrompo.
— Minha cunhada deixou claro que não quer sua presença na casa dela,
então nem vá — aviso.
— Aquela mulherzinha sem sal — murmura.
Respiro fundo e me aproximo dela.
— Dominic te deu um aviso, e agora sou eu que vou lhe dar. — Fito
seus olhos. — Nem ouse falar mal da minha cunhada, você nem a conhece,
nem conhece sua história para ficar falando dela. E se você talvez
conhecesse, eu não iria e nem vou admitir que fale mal dela e da minha
sobrinha. Está me ouvindo, Francesca?
— Aquela pirralha nem é filha de Dominic. — Dá de ombros.
— Fala mais alguma coisa, Francesca. — Me aproximo dela. — Fala!
Eu te mando embora agora mesmo, sua dissimulada de quinta. — Ela engole
em seco. — Não me teste, Francesca, você se dará mal. Estou avisando.
Quem avisa, amigo é.

Passo pela sala, e vejo Dimitri entrando na casa de Dominic, trajando


seu terno de sempre. Ele me olha de cima a baixo e fita meus olhos.
— Bom dia! — O cumprimento.
Dimitri apenas acena. Ando até tia Flor que está sentada no sofá, com
sua malinha pronta para ir fazer sua cirurgia.
— Como a senhora está? — Me sento ao seu lado.
— Ansiosa demais. — Esfrega as mãos no tecido do vestido.
— Vai dar tudo certo, tia. Vamos rezar para que tudo fique bem. —
Seguro suas mãos, lhe passando conforto.
— Seja o que Deus quiser, minha filha. — Suspira, nervosa.
Dominic desce as escadas, segurando a mão de Lorena, que já está com
o uniforme da escola, e com a outra mão ele segura sua bolsa.
— Bom dia, vovó! — Lorena vai até tia Flor.
— Bom dia, meu docinho! — Tia Flor a abraça e se senta ao seu lado.
Dom me cumprimenta e cumprimenta Dimitri, que se senta na poltrona.
Logo Valentina desce, trazendo sua bolsa. Valentina me cumprimenta com
um sorriso e deixa sua bolsa ao lado da sua tia.
— Vamos, tia? — Valentina pergunta. — Temos que estar lá às nove.
— Vamos, que no caminho deixo Lorena na escola — Dom diz.
Tia Flor se levanta com a ajuda de Dimitri e eu ajudo com as bolsas para
levar até o carro, onde Theo e Daniel estão esperando. Após acomodar tia
Flor no banco e colocar as malas dentro do carro, me despeço e sigo para
dentro de casa com Dimitri.
— Não vai para a empresa? — O olho.
— Só mais tarde — ele responde. — Eu quero conversar com você.
Passo as mãos nos cabelos.
— Eu vou estar no escritório de Dominic, ele liberou para eu trabalhar
esses dias em casa — informo.
— Tudo bem. Vou tomar café e vou para lá — avisa.
Sigo para o escritório de Dominic, sento-me na cadeira e começo a fazer
meu trabalho, mexendo no meu MacBook. Consigo finalizar algumas
pequenas pendências que tinha deixado de fazer ontem, e que precisava fazer
com certa urgência. Ligo para Morgana, peço algumas informações do
trabalho que ela possa me dar, quando Dimitri entra no escritório. Dimitri
caminha até o sofá e se senta.
Finalizo a ligação com Morgana, e travo o celular.
— Como foi a noite com sua prima? — pergunto, verificando alguns
papéis.
— Nada legal, mas tudo isso vai mudar quando ela for embora. — Passa
a mão no rosto.
Assinto e ficamos um tempo em silêncio. Apoio meus braços na mesa e
fito Dimitri, que está olhando o teto, inerte.
— Ontem ela mencionou sobre vocês reverem os velhos tempos. — Ele
me olha.
Dimitri suspira, e passa a mão no rosto, aparentemente cansado.
— Já ficamos, sim — diz.
— Mas vocês são primos. Ela é filha do seu tio — digo.
— Só que nem eu e meus irmãos sabíamos que Francesca era nossa
prima — fala.
— Como assim? — Franzo a testa.
Ele levanta, retira o paletó, coloca-o em cima do sofá e olha a grande
janela do escritório que dá para o jardim da casa da minha amiga, afrouxando
a gravata.
— Tio Rafael e tia Pietra sempre foram bem presentes, quando ainda
morávamos em Milão, eles tentavam ter um filho, mas não conseguiam,
minha tia tinha um problema de ovário policístico, que a impedia de
engravidar. — Ele coloca as mãos nos bolsos, pensativo. — Depois de alguns
anos, tia Pietra conseguiu engravidar e tudo ficou bem. Até ela perder o filho
que ela estava esperando.
Abro a boca, mas nada sai.
— Francesca é adotada. — Dimitri me olha.
— Ela é loira — murmuro. — Ninguém da sua família tem cabelo loiro,
apenas olhos azuis
— Pois é, alguns dizem que ela pinta. Ninguém fora da família sabe que
Francesca é adotada, para todos ela é uma D’Saints — explica.
— Quando ela disse que eu não era da família, por não ter o sangue
D’Saints... — Ele me interrompe.
— Ela tem o sangue. Mais nova, ela passou por uma cirurgia e acabou
precisando de transfusão de sangue, então o tio Rafael fez a transfusão. Então
sim, ela tem o mesmo sangue que o meu. — Assinto e ele continua: — Eu e
meus irmãos ainda não tínhamos a conhecido, nem tínhamos visto uma foto
dela. Do nada ela apareceu em Milão e começou a se aproximar de nós,
interessada até demais.
— Francesca sabia que vocês eram primos dela? — Apoio meus braços
na mesa.
— Ela sabia e mesmo assim nos enganou. Francesca fez nossas cabeças,
para não contarmos sobre ela para nenhum de nós três, para continuar nos
usando como seus brinquedinhos. — Ele passa a mão no rosto. — Eu fui
enganado pela sua beleza angelical, sua fala bonita, seu jeito..., mas no fundo
ela sempre foi uma dissimulada.
— E o que ela fez, exatamente? — O olho.
— Ela transou com cada um de nós. — Ele me olha. — Ela se
aproveitou de nós, ela tirou nossa virgindade.
— Então ela foi a primeira mulher com quem você... — Engulo em
seco.
— Sim. Ela foi a primeira mulher com quem transei — confessa,
suspirando. — Eu era jovem, e acabei me apaixonando, e ela usou isso a seu
favor. Cada vez que eu estava com ela, ficava mais apaixonado.
— Até você e seus irmãos descobrirem que era a mesma mulher —
comento, me sentindo desconfortável.
— Sim. Desconfiamos, porque nós conversávamos sobre sexo, o que é
normal. Até chegarmos à conclusão de que estávamos falando da mesma
mulher. — Ele faz uma pausa. — Enganamos ela. Demétrio marcou um
encontro, e ela foi, quando chegou, nós três a vimos.
— Nossa. — Suspiro.
— A casa caiu para ela, e ela confessou ser nossa prima. Além disso,
confessou que só estava nos usando para seu bel prazer. — Ele dá uma risada
sem humor. — E ainda disse: “Vocês acham que eu iria deixar essa
oportunidade passar? Eu fui a primeira dos três. Eu sou uma puta sortuda
por ter transado com cada um de vocês. Só não fui sortuda ao ponto de
transar com os três ao mesmo tempo, que deve ser uma delícia ter vocês três
fodendo uma mulher. Vocês nunca esquecerão a primeira mulher com quem
treparam. Confessem, admitam que nossas trepadas foram memoráveis,
priminhos.”
Engulo em seco, vendo seu desconforto em falar cada detalhe.
— E... você esqueceu? — pergunto, com cautela.
— Esqueci. Enxerguei que não a amava, e tudo que eu sentia por ela se
transformou em nojo. — Ele me olha. — Eu tive nojo de mim mesmo,
quando soube que ela é minha prima, só não sabia que ela era adotada. Como
falei, meus tios moravam distantes, só soube disso anos depois, quando meus
pais viram Francesca em Milão e a chamou para a casa deles.
— Essa mulher é escrota, nojenta — murmuro, sentindo meu estômago
se revirar.
— Sim. O que você escutou sobre ela ter transado com o amigo do meu
tio, na própria cama do pai, é o mínimo. Francesca é dissimulada, cínica. Não
é à toa que meus tios a expulsaram de casa. Francesca sempre deu dor de
cabeça aos pais, ela já se prostituiu, se drogou, e várias outras coisas.
— Minha nossa. Imagino como Rafael e Pietra ficaram com toda essa
situação — sussurro.
— Abalados, extremamente magoados com todas as atitudes da filha.
Nunca imaginaram que ela poderia ser assim. — Dimitri passa a mão no
rosto. — Agora no café da manhã, meu pai me ligou, dizendo que Rafael e
Pietra estão desesperados, porque Francesca pode fazer algo que manche a
nossa reputação, e que infelizmente não poderão vir. Mas meu pai é gente
boa e pulso firme, com ele aqui ela não fará nada exagerado.
— Espero que não — murmuro.
Ele me fita e caminha até a mesa. Apoia suas mãos na mesa e me olha
intensamente, com seus olhos azuis.
— Eu sinto sua falta, morena. Muito mesmo — diz
Engulo em seco, e me levanto da cadeira, fechando meu cardigã e ando
pelo escritório, nervosa.
— Eu sinto sua falta, brunetta. — Escuto-o falar. — Todos os dias.
— Você não pode me falar essas coisas — murmuro.
Viro meu corpo e o vejo caminhando até mim.
— Não só posso, como estou falando. — Me olha.
— Mas eu não acredito — digo.
— Que pena. — Sorri de lado, deixando minhas pernas bambas. —
Nunca falei tão sério em toda minha vida.
Me afasto dele e apoio minhas mãos na mesa, respirando fundo.
— Volta para mim. — Pede.
Meus olhos ficam marejados, sentindo meu coração bater forte. Dimitri
segura minha cintura e gira meu corpo lentamente, para me olhar. Cruzo os
braços, sentindo seus braços em volta da minha cintura.
— Não posso ficar com você — sussurro, piscando os olhos.
— Por que não? Sempre nos demos bem. — Se aproxima de mim.
Permito, querendo sentir seu toque. Dimitri fica de frente para mim, com
seu corpo colado ao meu. Dimitri ergue a mão e acaricia meu rosto, fecho os
olhos sentindo seu toque.
— Você é tão linda — sussurra.
Abro meus olhos, e o vejo analisando todo meu rosto. Engulo em seco e
ele me fita. Dimitri afasta meus cabelos, colocando-os para trás e segura meu
rosto. Seu rosto se aproxima do meu e roça seus lábios nos meus, me
deixando mole, desesperada pelo seu toque.
— Dimitri... — sussurro.
— Shh... Eu quero tanto te beijar. — Beija meus lábios, levemente. —
Eu quero tanto ficar com você.
— Ficar como? — O olho, sentindo meu peito bater fortemente.
— Quero um relacionamento com você. — Meu coração acelera. —
Assumir você como minha namorada.
— Dimitri, não... — Ele me dá um selinho.
— Eu quero você, Alicia.
Ele aproxima sua boca da minha e me beija. Suas mãos seguram meu
rosto, e sua língua entra em minha boca, me dando um beijo de tirar o fôlego.
Dimitri desce suas mãos até minhas pernas, me levanta, e me coloca sentada
na mesa. Ele fica no meio das minhas pernas e aprofunda mais o beijo.
Passo minhas mãos em suas costas e o puxo mais para mim com minhas
pernas. Gemo e afundo meus dedos em seus cabelos, sentindo-o chupar meus
lábios. Ele se afasta, ofegante, anda a passos largos até a porta e passa a
chave. Caminha até mim, tira a gravata jogando-a no chão e se aproxima, me
beijando com paixão, como ansiei por muito tempo.
Capítulo 12

— Dimitri, é melhor não fazermos isso aqui — Alicia fala, ofegante.


— Shh... — Beijo seus lábios. — Não fala nada, não agora.
Puxo sua nunca e ataco sua boca, ansiando pelo seu beijo. Alicia desiste
e se entrega, passando as mãos em meus ombros e aproximando mais seu
corpo, aprofundando o beijo. Sua língua entra em minha boca de forma
gostosa e saborosa, me deixando cheio de desejo. Passo minhas mãos pelas
suas coxas, e subo, passando por debaixo do vestido, sentindo sua pele macia
e sedosa.
As mãos de Alicia vão de encontro aos botões da minha camisa social, e
começa a desabotoá-la com certa pressa. Solto seus lábios, apenas para tirar
minha camisa, e tiro seu cardigã. Fito seus lábios rosados inchados por causa
dos nossos beijos.
— Não é melhor subirmos? — sussurra, passando as mãos em meu
peito.
— Não. Eu não aguento esperar, brunetta — digo, ofegante.
Jogo seu cardigã no chão junto com a minha camisa, e abaixo as alças
do seu vestido, deixando seus seios fartos à mostra, com os biquinhos escuros
enrijecidos. Passo a língua nos lábios, totalmente faminto deles. Me inclino e
coloco seu seio na boca, fazendo Alicia gemer baixinho, segurando meus
braços. Me delicio dessas belezuras por um bom tempo, sentindo falta deles,
e subo deixando trilha de beijos pelo seu pescoço, até chegar em seus lábios e
mordê-los.
— Fica de pé. — Peço.
Ela sai de cima da mesa e retiro seu vestido, deixando-a apenas com
uma minúscula calcinha, totalmente rendada.
— Ah, danada! — Seguro seu queixo, fazendo-a me olhar e fito seus
olhos escuros. — Você me deixa louco.
Ela sorri e morde o lábio.
— Você não tem noção de como meu pau está. — Pego sua mão e a
faço apertá-lo sobre a calça. — Está sentindo como ele está por você?
— Hum... Dimitri, você é tão gostoso. — Passa a língua nos lábios.
Ela aperta mais, me fazendo soltar um gemido. A coloco sentada na
mesa e fico no meio de suas pernas. Desço meu olhar, vendo sua pele
levemente bronzeada que me deixa louco. Seguro seus seios e os aperto,
preenchendo minhas mãos.
— Estou louco para entrar em você. — Olho para ela.
Ela sacode seus cabelos negros de uma forma bem sexy, e me fita com
seus olhos escuros com muita intensidade. Puxo seu quadril para a beirada da
mesa e afasto suas pernas, vendo sua calcinha de renda mostrando um pouco
da sua boceta. Mordo o lábio e afasto sua calcinha, vendo-a toda molhadinha
para mim, não resisto e caio de boca, chupando e lambendo, me deliciando
com seu gosto único. Alicia se segura em mim, gemendo e puxando meu
cabelo.
— Minha nossa... Dimitri... — Ela joga a cabeça para trás.
Rosno e intensifico minha chupada em seu clitóris, fazendo-a revirar os
olhos de prazer. Alicia geme alto, perto do seu orgasmo, e o meu pau pulsa
de desejo dentro da cueca. Com uma mão livre, desafivelo meu cinto e abro
minha calça colocando meu pau para fora, ainda chupando-a.
— Dimitri... Ah! — Alicia se deita na mesa, erguendo o quadril.
Me masturbo, chupando Alicia deliciosamente. Enfio um dedo dentro
dela, atingindo seu ponto G, e ela goza em meus dedos, deixando-os
molhados. As pernas de Alicia estão trêmulas e ela está toda suadinha,
deixando um destaque lindo em sua pele bronzeada. Fico de pé e começo a
retirar o restante da minha roupa, largando tudo pelo chão e me aproximo de
Alicia.
— Vem cá. — A chamo.
Ela se senta, ainda toda grogue por causa do orgasmo intenso e eu a
pego nos braços e ando com ela pelo escritório, me sento no enorme sofá com
ela em meu colo. Seguro sua nuca e a puxo mais para mim e beijo sua boca.
Nós gememos, loucos de tesão e solto um gemido quando ela segura meu pau
entre nós, e começa a masturbá-lo.
— Isso... — Incentivo e volto a beijá-la.
Alicia se esfrega em meu pau, me deixando louco de tesão. Ela geme em
meus lábios, completamente entregue, fazendo meu pau pulsar em suas mãos,
todo babado.
— Me coloca dentro de você. — Mordo seu lábio.
Alicia levanta seu quadril, posiciona meu pau na sua entrada e desce, de
vez, me fazendo gemer alto. Seguro forte seu quadril, mantendo-a um pouco
parada, porque estou por um fio de gozar. Sua boceta prende meu pau de um
jeito gostoso, que o faz pulsar dentro dela. Seguro sua nuca, fazendo-a me
olhar, quando aqueles olhos escuros me fitam, meu coração bate forte dentro
do meu peito. Ela começa a se movimentar devagar, se acostumando com
meu tamanho. Fecha seus olhos, gemendo baixinho cavalgando em mim.
Meus dedos afundam em sua bunda, forçando seu quadril para meu pau
entrar mais fundo nela.
— Hum... — Morde o lábio.
— Você é gostosa. — Beijo seu pescoço e sussurro em seu ouvido. —
Me deixa louco, amor.
Ela se inclina e beija meus lábios. Alicia afunda suas unhas em meu
peito, cavalgando gostoso no meu pau. Abraço sua cintura com meus dois
braços, fazendo nossos corpos se colarem. Mordo seu lábio, e saio deixando
trilha de beijos pelo seu pescoço, sentindo seu cheiro, que me deixa louco.
Meu pau desliza com tanta facilidade dentro da sua boceta, deixando-o todo
molhado do seu prazer. Alicia afunda seus dedos em meu cabelo, gemendo
em meu ouvido, cavalgando mais rápido.
— Minha nossa — sussurra, ofegante.
Alicia se afasta e me olha, com a boca entreaberta, gemendo. Desço meu
olhar, vendo seus seios balançarem, me fazendo salivar. Me inclino e os
chupo com vontade, fazendo Alicia gemer mais alto e puxar meus cabelos
com força. Deixo beijos molhados subindo para seu pescoço e ataco sua
boca, com vontade.
— Dimitri... — Geme, ofegante.
Gemidos abafados saem da minha garganta, sentindo sua boceta prender
meu pau e ela começa a gozar. Ergo meu quadril, forçando-o ir mais fundo,
prolongando seu orgasmo.
— Essa boceta é gostosa demais. — Mordo seu lábio. — Está sentindo
como meu pau está duro por você, morena?
Ela assente, mordendo o lábio. Segurando suas nádegas, me levanto com
ela em meus braços e a coloco deitada no sofá. Sem sair de dentro dela, fico
por cima e a penetro mais fundo. Ela me abraça com suas pernas, erguendo o
quadril, querendo mais. Bombeio duro e forte dentro dela, louco para gozar.
Me inclino, deixando meu rosto próximo do seu.
Seguro seu rosto, fazendo-a me olhar.
— Eu te amo — confesso, sentindo meu coração bater forte, e não é por
causa do meu esforço físico.
— Dimitri... — Me olha.
Seus olhos ficam marejados.
— Eu te amo, Alicia — confesso mais uma vez. — Te amo demais.
Colo nossos lábios, e bombeio dentro dela. Solto um gemido alto e gozo
dentro dela, sentindo um arrepio na minha espinha.

Fito o teto deitado no sofá, com Alicia deitada em meu peito, ainda nus,
após transarmos no sofá. Acaricio seu ombro, vendo nossas pernas cruzadas.
— Seu coração está batendo forte — murmura.
Aliso seus cabelos e dou um beijo em sua cabeça. Alicia levanta seu
rosto, e me fita com seus olhos escuros. Retiro alguns fios de cabelos do seu
rosto, me dando uma visão perfeita dela. Alicia é muito linda. Ela apoia seu
queixo em meu peito e acaricia minha barba.
— Alicia, naquele dia que você me disse sobre ter cuidado com o que eu
falo... — Ela meneia a cabeça. — Como era sua vida com seus pais?
Ela prensa os lábios e coloca algumas mexas de cabelo atrás da orelha.
— Era complicado. Meu pai era o braço direito do traficante do morro
— suspira —, e minha mãe, era uma desempregada, que adorava ganhar as
coisas do meu pai. Meu pai nunca quis saber de trabalhar, a vida dele foi no
morro e no tráfico. Meu pai sempre gostou de ter as coisas fáceis, e minha
mãe de ganhar coisas boas, sem precisar trabalhar. — Me olha. — Eu sempre
discutia isso com ela, pedia para ela arrumar um trabalho digno e se sustentar,
mas meu pai negava, dizendo que ela não precisava, porque ele já dava de
tudo para nós.
— E você? — Acaricio suas costas.
— Nunca quis nada, até poder sair para trabalhar. Quando eu era nova,
tudo que eu tive veio do dinheiro do tráfico. Mas a partir do momento que
percebi que podia me virar, eu não quis mais nada. — Faz uma pausa. — Eu
comecei com manicure antes dos meus dezoito anos. Pedi dinheiro
emprestado aos pais de Valentina e a tia Flor, para comprar os materiais e
começar aos poucos. Comecei a fazer as unhas de muitas mulheres do morro,
aos poucos fui comprando itens de cabelo, depilação... e assim foi. —
Assinto. — Sempre fui estudiosa, e todo dia eu tirava um tempo de duas
horas para estudar.
Ela se levanta e fica sentada no sofá, puxa meu blazer para cobrir sua
nudez.
— Um dia, meu pai brigou comigo, dizendo que eu não precisava
trabalhar, e eu rebati. Minha mãe sempre ficou calada, concordava com tudo
que ele dizia. Nesse dia ele gritou comigo, quebrou todas as minhas coisas
para eu não trabalhar antes do tempo, e minha mãe ficou lixando as unhas,
sentada no sofá. — Ela desvia seu olhar do meu, e fita o chão. — Nesse dia
eu explodi, gritei, falei que iria sair de casa, ficar longe deles e do tráfico.
Ela solta um soluço, e me aproximo, me sentando ao seu lado. Retiro
seus cabelos dos ombros, para poder olhá-la.
— Eu tinha feito minhas malas, com as poucas coisas que eu tinha, para
ir embora, sem rumo algum, eu só queria ficar longe de tudo aquilo que me
fazia mal. — Enxuga as lágrimas. — Meu pai logo saiu de casa, para resolver
alguns problemas, apenas ficando eu e minha mãe. Ao chegar na sala, ela
nem se manifestou ao me ver pronta para ir embora. Ela nunca demonstrou
nada por mim, não seria nesse dia que seria diferente. Chorei, implorei para
ela ir comigo, mas ela recusou, alegando que não queria ter uma vida
miserável ao meu lado.
Lágrimas caem em seu rosto, e eu as limpo com meu polegar.
— Isso me magoou tanto, que eu tive certeza de que ela nunca me
considerou como filha. Ela nunca sentiu amor materno por mim, e aquilo me
causou raiva. — Ela suspira, com o queixo trêmulo. — Então eu desejei sua
morte, gritei, berrei falando isso, e foi aí que ela começou a discutir comigo.
Arrastei minhas malas para fora de casa, escutando-a gritar comigo. Foi
quando tudo aconteceu, estava tendo troca de tiros no morro, e um dos tiros a
acertou.
Ela desaba em meus braços e eu a conforto, sentindo um aperto grande
em meu peito, por ela estar assim.
— Eu desmoronei, o arrependimento bateu na hora, e implorei para ela
viver, mas foi em vão, ela morreu em meus braços, toda suja de sangue. —
Chora descontroladamente em meus braços. — E eu não pude fazer nada por
ela.
Beijo sua cabeça, sentindo-a me apertar.
— Dois dias depois do enterro dela, meu pai estava sendo procurado
pela polícia federal. Quando cheguei em casa, ele tinha ido embora, deixando
apenas um bilhete, que um dia ele iria voltar, para ser o pai que nunca foi.
Ela suspira, ainda abraçada a mim.
— E até hoje ele nunca me procurou. — Ela se afasta e me olha, com os
olhos vermelhos. — Nunca recebi uma ligação, uma carta. Nada. E não
espero nada, a partir daquele dia eu não quis mais saber dele. Tive o apoio
dos pais de Valentina, que na época ainda eram vivos, e me acolheram. Me
deram tudo que eu precisava, mesmo sem ter muitas condições.
— Você não tem interesse de saber como ele está? — A olho, colocando
seus cabelos para trás.
— Não. Não tenho interesse algum. Ele me abandonou na hora que mais
precisei dele. Ele poderia ter feito uma coisa, ter se entregado para a policial
federal, mas ele não fez. E não sei se depois disso ele se entregou, porque eu
não tenho notícias e nem quero — responde, enxugando suas lágrimas.
— Eu sinto muito, Alicia. Por tudo isso que você passou. — Ela me
olha.
— Eu consegui viver, me virar para ter meus trocados, mas eu nunca
quis ceder ao tráfico. Nunca quis essa vida para mim. — Suspira.
Capítulo 13

Coloco meu vestido, sentindo o olhar de Dimitri sobre mim. O olho de


soslaio, vendo-o sentado no sofá naquela posição bem sexy, de pernas
abertas, apenas vestido com sua calça social, e sem camisa, mostrando seus
músculos e sua barriga tanquinho.
— O que foi? — pergunto, ajeitando meu vestido.
— Você é muito bonita, sabia?! — Ele se levanta e vem até mim.
Ofego, assim que ele se aproxima. Dimitri é muito gostoso, esse homem
deveria ser castigado por ser tão bonito. Desço meu olhar pelo seu corpo,
sentindo uma sensação gostosinha em meu ventre. O zíper da sua calça está
aberto, mostrando sua cueca Armani e aquele maldito V na virilha.
— Você está com cara de quem quer trepar. — Escuto-o falar.
Sinto meu rosto queimar e o olho, vendo o idiota com um sorrisinho
cafajeste nos lábios. Seus olhos azuis estão com um brilho diferente, que
nunca vi.
— Engano seu. — Minto, me afastando dele.
Contorno a mesa, sentindo seu olhar em mim. Sento-me na cadeira,
arrastando meu caderno para perto do computador. Levanto meu olhar,
vendo-o com suas mãos apoiadas na mesa, me fitando com seus olhos azuis.
Ergo a sobrancelha em questionamento.
— Alicia, há poucos minutos eu confessei algo, que nunca imaginei que
iria confessar um dia. Não vai falar nada? — Me olha.
— E o que você falou? — O olho.
— Que eu te amo. — Meu coração acelera mais uma vez. — Você não
vai dizer nada?
— Não tenho nada a dizer. — Desvio meu olhar do seu, nervosa.
— Não era isso que você queria? Agora você me tem, por completo —
ele diz.
— Não tenho você por completo, eu nunca vou ter, Dimitri. — O olho.
— Você não vai sossegar com uma mulher só, você sempre vai sair com
outras, sair para boates e voltar com duas ou três mulheres para o hotel mais
próximo, e transar a noite toda. — Meus olhos ardem, mas eu me nego a
chorar novamente na sua frente. — Eu não vou passar mais por isso. Nunca
mais irei ficar te esperando em um hotel, enquanto você termina sua foda
com outra mulher, e vir até mim com o cheiro dela.
Ele engole em seco, abre a boca para falar, mas sou mais rápida.
— Eu sofri demais ao seu lado, Dimitri. Você nunca me disse que seria
apenas sexo, nunca me disse. Você simplesmente agiu como um maldito
namorado. Me dava flores, bombons, carinho depois do sexo, ligações,
mensagens..., você se comportou como um namorado. — Respiro fundo. —
Você me enganou, me iludiu. E não serei mais iludida por você, não serei
mais enganada. O que tivemos há pouco tempo, foi apenas sexo. Estou te
alertando, uma coisa que você não foi capaz de fazer.
— Estou aqui, dizendo a você que sou completamente seu, Alicia. —
Me olha. — Eu não tenho mais ninguém.
— Palavras não bastam. E eu não confio em você. Eu deveria saber
que... — faço uma pausa, sentindo meus olhos arderem —, amar você foi um
jogo perdido, Dimitri.
— Como faço para você confiar em mim? — pergunta, aflito.
— Você não vai fazer nada, porque eu não confio — digo.
Me levanto e ando pelo escritório.
— Tem que ter algo, Alicia. — Escuto-o falar. — Eu quero você. Eu te
amo, Alicia. Demorou, mas aconteceu. Esse sentimento toma conta de mim.
— Não dá, Dimitri. Estou insegura, não confio mais. Nessa vida, eu já
fui iludida, usada, traída, enganada, jogada para escanteio e fui até a última
opção, de você e de outros namorados que tive. Portanto, você não fará nada,
porque estou decidida em não ter mais nada com você.
Ele se aproxima de mim, passando a mão no rosto.
— Você não me ama mais? — Vejo sofrimento em seus olhos.
— Eu cansei de ser trouxa, Dimitri. Você sabe como eu me sentia ao
sentir cheiro de outras mulheres em você? De te esperar para me encontrar,
sabendo que você estava com outra, ou outras? De ver você de chamego com
as funcionárias da empresa, debaixo dos meus olhos? Que após você ter me
beijado com fome na minha sala, você no mesmo dia beijou outra boca? Ver
mensagens em seu celular, de encontros marcados com outras? — Me
aproximo dele. — Me fale você, Dimitri, se fosse ao contrário, como você
iria se sentir?
Ele trinca os dentes, fechando os punhos.
— Você não gosta nem de imaginar, não é? — Sorrio, sem humor. —
Saiba que isso tudo que passei foi humilhante demais. Nunca pensei que iria
me prestar a isso. Ficar mendigando atenção de um homem, que só quer saber
do meu corpo. Que só me procura para fazer sexo, ou fazer um mimo para ter
algo depois. Eu não vou ser mais uma para você, Dimitri. Não vou, nunca
mais. — Ele engole em seco. — Eu cansei de tudo isso. Eu mereço mais, eu
mereço um homem que me ame, que me coloque como sua prioridade.
— Benjamin, não é? — Range os dentes.
— E se for? Não lhe devo satisfações, Dimitri. — Cruzo os braços. —
Mas saiba que eu não dei esperanças a ele, mas se der e perceber que posso
ser feliz, por que não?
— Não! — Se exalta.
— Não o quê? — Dou um sorriso.
— Você tem que ficar comigo — implora. — Não faz isso, Alicia!
— Não faz isso, Alicia? Como assim? Você acha que é só você dizer
que me ama e tudo será esquecido? De maneira alguma. — Me aproximo
dele e olho em seus olhos. — Mas há algo que você pode fazer.
— O quê? O que posso fazer? — pergunta apressado.
— Se esforce, me mostre que é isso que você quer. — Ele ergue a
sobrancelha. — Não vou criar esperanças, mas você pode fazer algumas
coisas, que talvez, só talvez me faça voltar atrás em minha decisão.
— Que coisas são essas? — pergunta, ansioso.
— Quer mastigado também para engolir facilmente? — Reviro os olhos.
— Criatividade, Dimitri. Saiba conquistar uma mulher, sem ser através do
sexo.
— Você quer receber flores, bombons, como antes? — fala apressado,
completamente ansioso.
— Não. Antes você tinha interesse apenas no sexo, agora terá interesse
pela minha pessoa. Portanto, se quer me dar buquês ou bombons, me dê, mas
dê de coração, querendo me conquistar, não com segundas intenções —
explico.
— Me diz mais alguma coisa. — Pede.
— Não! Seja criativo, Dimitri. Vou te dar uma dica. — Fica atento. —
Dá uma pesquisada no google, como se faz para conquistar uma mulher, que
lá terá mil e um dicas. — Ando até a porta e abro. — Se me der licença,
tenho muito trabalho a fazer.
Ele assente, e pega suas roupas pelo chão. Vem até mim e para na minha
frente.
— Você não vai se arrepender, Alicia. Eu juro. — Me fita, seriamente.
Engulo em seco, sabendo que ele vai fazer de tudo. Desta vez, sim.
— Já disse, não vou criar esperanças. — Ele prensa os lábios. — Mas
vou adorar te ver tentando me reconquistar.
— Você está gostando, não é? De me ver implorar. — Se aproxima de
mim.
— Estou adorando. — Dou um sorriso.
Ele segura meu queixo se inclina e beija minha boca, de surpresa. Solto
um gemido, sentindo sua língua percorrer minha boca, que ao se afastar me
deixa tonta.
— Você não vai se arrepender. — Me fita e sai do escritório, me
deixando de pernas bambas.
Dimitri tem esse poder de me deixar louca por ele.

Após passar horas trabalhando no escritório de Dominic, saio, discando


em meu celular o número de Valentina.
— Oi, amiga!
— E aí, como foi a cirurgia da tia Flor?
— Foi bem, graças a Deus. Ela está no quarto, ainda dormindo. O
médico disse que ela está bem.
— Graças a Deus. E você, vai ficar por aí mesmo ou é Dominic?
— Vou ficar, ele até queria ficar, mas é só uma noite, amanhã à tarde
estamos de volta.
— Se quiser, posso ficar com ela.
— Não precisa. Amanhã não tem aula para Lorena, e ela ficará em
casa. Nick vai resolver algumas coisas no trabalho, para voltar cedo, para
nos buscar.
— Tudo bem. Mas se precisar de algo, é só me ligar.
— Obrigada, amiga. Vou desligar agora, mais tarde ligo. Beijos.
— Beijos — finalizo a ligação.
Sinto meu celular vibrar, vendo o nome de Miguel na tela.
— Fala, bonitão.
— Ah, Alicia, Sophie nasceu!
— Minha nossa! Que bom, Miguel. Nasceu hoje? — Me animo.
— Sim. Estão levando Hannah para o quarto agora, e outros
enfermeiros estão cuidando dos procedimentos dos recém-nascidos. Ah,
cara, ela é linda, Alicia!
— Imagino, Miguel. Como foi que aconteceu?
— Hannah estava saindo do banho quando a bolsa estourou. Por sorte,
tínhamos tudo preparado, e logo viemos para o hospital. O parto foi
supertranquilo, foi normal, e ambas estão bem. Vou te mandar a foto por
mensagem, para você ver minha menina.
— Manda mesmo. Vou mostrar a todos aqui.
— Assim que elas estiverem bem, e liberadas para viajarem de avião,
vamos passar umas duas semanas por aí.
— Nossa, vem mesmo, estamos com saudades. Estou louca para ver
minha sobrinha.
— Muito fofa, e risonha, Alicia. Você acredita? Se eu não tivesse visto,
nem iria acreditar. Ela chorou e logo abriu um sorriso lindo. Consegui uma
foto dela assim, que se tornou meu novo papel de parede do telefone.
— Pai babão! Vou desligar, quero ver a foto da minha sobrinha.
Me despeço dele, e logo abro o WhatsApp, para ver as fotos. Faço os
downloads das fotos e sorrio ao ver todas elas
— Ah, gente, que fofura!
Capítulo 14

Saio da cozinha, após beber água e comer uma fruta. Coloco meus fones
Bluetooth e ao chegar na sala, vejo Dominic entrando pela porta que dá
acesso ao jardim, com roupa de ginástica. Ele me olha e vem até mim.
— Bom dia! Vai correr? — pergunta.
Assinto e termino de descer as escadas.
— Sim. Você já correu? — Me aproximo dele.
— Já. Mudou o horário? — Me olha.
— Ah, é, vou dar uma testada essa semana, para ver como me saio
correndo de manhã cedo e trabalhar depois — digo.
— Muito bom. Me dá mais energia para enfrentar o trabalho e os
problemas. — Sorri.
— Vou ver como me saio. — Sorrio.
— Quer companhia? Eu aguento correr de novo, e ainda está bem cedo.
Valentina e Lorena ainda dormem. Posso ir, se quiser — sugere.
Dou de ombros.
— Vamos, então. — Ele assente.
Deixo meus fones no sofá e saímos da sua casa e começamos a correr
por dentro do condomínio, que é muito grande. Enorme, na verdade.
— Então, quer conversar? — Dominic puxa assunto.
— Sobre? — O olho.
— Você e o Dimitri. — Respiro fundo um pouco ofegante.
— Dimitri quer tentar me reconquistar, mas não estou criando
esperanças — digo.
— Aham! Ele conversou comigo a respeito — diz.
— Foi? — Ele assente, ofegante.
— É, ele conversou. Alicia, eu vou ser bem sincero com você. Já temos
uma certa intimidade, e podemos falar qualquer coisa um com o outro. —
Assinto, em concordância. — Dimitri é um idiota, eu disse isso a ele. Disse
que ele está perdendo uma grande mulher. Dimitri está vacilando muito. Ele
nunca foi de namorar, sempre foi centrado no que queria, e era apenas sexo.
— Sim. Todas as vezes ele deixou isso claro — digo, magoada.
— Vejo o quanto as atitudes do meu irmão lhe fizeram mal. — Dominic
para de correr e ficamos ofegantes, por nosso pequeno intervalo. — Alicia, se
Dimitri fizer mais alguma merda, pode me dizer, que eu mesmo falarei com
ele.
— Você já tem problemas demais para resolver, Dominic. Não precisa
se envolver nisso. — Toco seu braço.
— Eu preciso me envolver, Alicia. Você é a melhor amiga da minha
mulher, a tem como irmã e minha filha como sobrinha, claro que preciso me
envolver. Você não é apenas amiga de Valentina, você já é parte da família, e
Dimitri precisa parar de fazer merda. Sou irmão dele, mas se for preciso dar
uns esporros nele para acordar, eu dou. Você não merece ser tratada dessa
forma por ele. — Suspiro e coloco as mãos na cintura.
— Bom, temos que ver como ele vai agir a partir de agora. — Dou de
ombros.
— Se você não se sentir confortável, você pode voltar para o Brasil, ou
se quiser pode ir para Nova York, trabalhar na sede de lá. Lá tem o Miguel e
a Hannah, assim você não irá ficar sozinha. — Dominic me fita, com seus
olhos tão azuis, idênticos aos de Dimitri. — Posso ver algum apartamento
para você, até se estabilizar
— Ah, Dom, você é o melhor cunhado que eu poderia ter. — Sorrimos.
— Mas não precisa, agradeço imensamente pelo convite de trabalhar na sede
oficial, que está sendo um grande aprendizado para mim. Confesso que é o
melhor trabalho que eu já tive, mas estou bem aqui, não se preocupe. Caso
venha a ocorrer algum mal-entendido que prejudique a todos, com certeza eu
vou para Nova York. Mas enquanto tudo estiver normal, podendo ir levando
a cada dia, quero continuar aqui.
— Certo. Você que sabe. Mas você pode falar qualquer coisa comigo.
Sabe que além de ser seu patrão e cunhado, sou seu amigo para todas as
horas. De qualquer forma, sou eternamente grato por ter ajudado Valentina a
pensar melhor e ficar comigo.
— Não precisa me agradecer. Quero o bem dela, sempre desejei que ela
encontrasse alguém que a amasse de verdade. Valentina era imatura, só vivia
para cuidar da filha, e ficou com medo, talvez pensou na filha também, de
como seria quando todos vissem que ela não é sua filha. Depois que
Valentina perdeu os pais, ela não quis se envolver emocionalmente com
ninguém, vivia em função de Lorena, cuidando, zelando... A vida foi dura
para ela.
— Concordo com você. Por isso eu lhe dei tempo. Eu tinha esperanças
de que ela voltaria para mim, ela só precisava de um empurrãozinho. Estava
insegura com diversas coisas, sempre notei isso. Aos poucos fui conversando,
abrindo seus olhos, mas eu entendi quando recusou meu pedido. Valentina
poderia ser madura em questão de ter que se virar sozinha e cuidar de sua
filha pequena, que precisava dela a todo momento, mas com sentimentos...
Não era tão madura assim. Era nova, estava começando a viver mais depois
que começou a ficar comigo, dei muitas oportunidades para ela... Ficou com
medo da sociedade crucificar ela e Lorena. Nunca me importei com opiniões
alheias, mas eu entendo o lado dela.
— Você tem razão. Finalmente abriu os olhos e voltou para você. —
Sorrio.
— Sim. Não consigo ver minha vida sem elas, Alicia. Elas duas são o
meu mundo. Minha vida. Faço tudo por elas. Meu amor por Valentina cresce
mais a cada dia. Conviver com ela, está sendo incrível. Você não sabe como
me sinto quando Lorena me chama de pai. — Fica um pouco emocionado. —
Fico tão feliz, Alicia, é uma alegria que mal cabe dentro de mim, sabe?! —
Assinto, emocionada vendo seus olhos marejados. — É algo forte demais,
que nunca pensei que iria sentir. Quando ela me chama de papai, me dá até
vontade de chorar, de tanta emoção. Lorena é uma criança extremamente
inteligente e amável. Ela demonstra facilmente quando gosta de alguém, e
comigo é um grude. Adora quando eu a coloco para dormir, quando lhe conto
alguma história, quando saio com ela...
Sorrio, limpando o cantinho dos meus olhos.
— Eu vejo isso. Ela fica o tempo todo com você.
— É. Eu amo isso. Amo ter esse relacionamento com ela. Sei que no
futuro, seremos grandes amigos. Sei que ela poderá me contar qualquer coisa.
— Com certeza. Acho linda essa união de vocês. — Ele sorri.
— É sim. Perfeita! — Sorrio, vendo-o feliz demais.
Guardo alguns papéis dentro de algumas pastas e guardo em um
pequeno armário dentro do escritório de Dominic e volto para a mesa.
Analiso alguns gráficos, anoto algumas coisas em alguns papéis, quando
alguém bate na porta e a abre.
Levanto minha cabeça e vejo Dimitri entrar.
— Oi! — Sorri de lado. — Perguntei a Clarisse onde estava e ela me
disse que você estava aqui.
— Estou finalizando alguns gráficos — digo. — O que foi?
— Está terminando? — Se aproxima da mesa, com as mãos nos bolsos.
— Uhum. Por quê? — O olho.
Dimitri passa a mão na nuca e apoia a mão na mesa, me olhando.
— Quero te levar a uma sorveteria — diz.
Franzo a testa.
— Mas já é quase de noite — falo.
— Podemos sair de lá, e jantar em algum lugar. O que acha? — Me fita,
com um sorriso.
Suspiro e fito seus olhos azuis, sentindo-me um pouco nervosa. Dimitri
tem um sorriso lindo de lado, o que o deixa mais lindo. Vejo em seus olhos o
quanto está ansioso em saber minha resposta. Devo ir? Ou é ruim eu ir? É só
uma sorveteria, não é? Nada de mais.
— Tudo bem, eu vou. — Ele abre um sorriso lindo. — Só tenho que
esperar Valentina ou Dominic chegar para poder sair. Tia Flor pode precisar
de mim.
— Ah, eu liguei para Dominic, e ele me disse que já está a caminho
junto com Valentina e Lorena. Então você já pode ir se trocando. — Se
apressa em falar. — Eu vou em casa trocar de roupa e venho te buscar.
— Tá bem! — Dou um sorriso.
Dimitri sai do escritório apressado e suspiro, voltando minha atenção
aos papéis na mesa. Guardo todos eles em uma pasta, desligo o computador e
saio do escritório, fechando a porta. Ando pelo corredor e vejo tia Flor
fazendo crochê sentada no sofá, com a perna da recente cirurgia que foi feita
no joelho, esticada na mesinha de centro.
— A senhora quer alguma coisa, tia? — Me aproximo dela.
Tia Flor me olha e nega.
— Não, querida. Clarisse acabou de levar a minha xícara com meu café
preto. — Sorri.
Assinto.
— Valentina e Dominic estão chegando e eu vou subir. Vou sair com o
Dimitri — digo.
Tia Flor para de fazer seu crochê e me olha preocupada.
— Tem certeza, minha filha? Eu não quero você com o coração mais
partido do que já está — diz.
Suspiro e me sento ao seu lado.
— Ah, tia, ele quer tentar me reconquistar. Insistiu nisso, o que posso
fazer é deixar, mas sem criar grandes expectativas — murmuro.
Tia Flor segura minha mão e me olha.
— Não quero lhe ver triste, tá bem? — Assinto. — Agora vá se arrumar,
para não atrasar.
Levanto-me do sofá e subo para meu quarto, me arrumar. Tomo um
banho rápido, dou uma escovada rápida em meus cabelos e vou para o closet.
Opto por uma jardineira jeans, com um suéter e coturnos. Faço uma
maquiagem leve, coloco alguns acessórios e estou pronta. Pego minha bolsa
colocando o necessário e saio do quarto, vendo algumas mensagens no
celular. Desço as escadas guardando o celular na bolsa, vendo Dimitri em pé,
mexendo no seu celular, com uma roupa formal. Uma jaqueta de couro,
camisa, calça jeans e sapatênis.
Dimitri sente a minha presença e levanta a cabeça e me olha. Seus olhos
azuis me fitam, e sinto meu coração bater forte toda vez que ele me olha sexy
dessa forma. Dimitri guarda seu telefone no bolso da calça e vem até mim,
com um sorriso.
— Você está linda! — diz, me analisando.
— Obrigada! — Agradeço, com um sorriso.
— Vamos? Valentina e Dominic acabaram de chegar, e já levaram dona
Flor lá para o jardim — fala e eu assinto.
Capítulo 15

Saímos da casa da minha amiga e caminhamos até seu carro esportivo


estacionado em frente. Dimitri apressa seus passos e abre a porta para mim.
Prenso os lábios um pouco surpresa pela sua atitude de cavalheiro e entro.
Dimitri contorna o carro e entra. Colocamos nossos cintos e Dimitri dá
partida. O caminho é feito em silêncio, apenas escutando uma música suave
tocar no rádio, bem romântica. Sinto o olhar de Dimitri em mim algumas
vezes durante o caminho.
Chegamos na sorveteria bem sofisticada, e Dimitri estaciona em frente a
ela, chamando certa atenção por causa do sua Bugatti. Dimitri se apressa em
sair primeiro e vem até minha porta, e a abre. Dimitri estende a mão e me
ajuda a sair, sem se importar de as pessoas estarem com celulares em mãos,
tirando fotos.
Dimitri ainda segura minha mão, e me leva para dentro da sorveteria,
que é linda por dentro. Estilo tumblr, muito fofa. Andamos até uma mesa no
canto, com um pequeno sofá que cabem duas pessoas. Escorrego pelo banco
indo para o canto da mesa, pensando que Dimitri ficaria de frente para mim,
mas ele se senta ao meu lado.
— O que foi? — Dimitri me olha.
— Ah, nada.
Olho toda a sorveteria que é linda demais. Tem muita coisa gostosa na
vitrine para comer, e me deu até água na boca.
— Acho que vou ficar por aqui mesmo, nem vamos precisar sair para
jantar. — Sorrio.
— Por quê? — Dimitri sorri, apoiando seus braços na mesa.
— Nossa... aqui tem muita coisa gostosa. Vou comer um pouco de tudo
— digo.
— Pode comer o que quiser, morena. — Pisca o olho. — Se quiser ficar
por aqui, não tem problema.
Assinto com um sorriso. Vejo uma garçonete vindo até nós e olha
Dimitri, de um jeito bem sedutor.
— Olá, senhor D’Saints. Que honra o ter aqui. — Toca no ombro dele.
— O que o senhor deseja?
— Veja primeiro o que minha morena quer. — Dimitri se encosta na
cadeira, quebrando o contato da mão da megera.
A mulher me olha estranho e dou um sorriso.
— Pode me dar o cardápio, por favor? — Peço. — Não sei o que vocês
oferecem.
A mulher assente com certo desdém e me entrega. Vejo o cardápio
atentamente, salivando com todas as delícias que estão disponíveis e peço um
sorvete, que na foto é em um pote grandinho, com calda de chocolate e várias
outras coisas.
— Só isso? — Dimitri me olha.
— Por enquanto, sim — respondo.
Um gesto bastante significativo para mim que não deveria ser, mexe
comigo quando Dimitri levanta seu braço e apoia em meu ombro, me
puxando mais para ele. Sinto meu coração bater forte e a mulher olha feio
para mim. Vejo Dimitri de soslaio olhando o cardápio.
— Pode ser o mesmo que o dela. — Dimitri entrega o cardápio à moça,
que se afasta.
Mexo em minhas unhas, um pouco inquieta e Dimitri me olha.
— O que foi? — pergunta.
— É só que... — Engulo em seco e fito seus olhos. — Você nunca fez
esse gesto comigo.
— Que gesto? — Franze a testa.
— De... apoiar seu braço em meus ombros — digo.
Dimitri faz uma cara pensativa e assente.
— É. Nunca fiz, mas agora eu faço. Tem algum problema? Se quiser, eu
posso tirar — diz.
— Não é isso, é só que... — Dimitri me interrompe.
— Alicia, eu disse que iria mudar, e quero que isso funcione, que dê
certo. — Mordo o lábio, pensativa. — Esses tipos de gestos se tornarão
frequentes, junto com meu novo jeito de ser. Prometi que vou mudar, e tudo
isso faz parte da promessa.
Assinto vendo seus olhos bem intensos. Dimitri ergue a mão afastando
alguns fios de cabelo, acompanhando o movimento da sua mão e volta seu
olhar para mim. Mordo involuntariamente meu lábio e Dimitri fita meus
lábios e olha nos meus olhos. Ele se aproxima mais de mim, e sinto meu
coração bater forte.
— Alicia, eu quero te beijar — Dimitri sussurra, fitando meus lábios.
Passo a língua em meus lábios, umedecendo-os e fito sua boca rosinha,
bem convidativa.
— Eu quero ser beijada — digo.
Dimitri dá um sorriso de lado e avança, colando nossos lábios. Abro a
boca e ele enfia sua língua levemente na minha boca, beijando-me de leve,
sem pressa. Dimitri desfaz nosso beijo, passando seu nariz em meu rosto e
gira um pouco sua cabeça para uma posição melhor e volta a beijar meus
lábios. Levo minha mão até seu pescoço e enfio minha língua em sua boca,
suavemente, sentindo nossas línguas duelarem em um beijo lento e delicioso.
Escutamos um pigarro, cortando todo o clima. Dimitri desfaz nosso
beijo e olhamos a garçonete com os dois sorvetes em mãos.
— Não queria atrapalhar — diz, mas vejo claramente o quanto quis.
Dimitri assente e pega os dois sorvetes e coloca na mesa sem olhá-la, e
ela se afasta de cara emburrada. Puxo o pote, vendo a montanha de sorvete
com calda de chocolate. Pego a colher e começo a tomar o sorvete, que é
delicioso.
— Nossa, é muito bom — digo.
Dimitri assente.
— Muito bom. — Leva uma colher de sorvete na boca.
— Você já veio aqui? — O olho.
— Não. Nunca vim para esses tipos de lugar. Sempre foi restaurantes,
bares, boates... — Dá de ombros. — Primeira vez que venho a uma
sorveteria, exceto quando era pequeno.
Levo uma colher de sorvete à boca e assinto.
— Está gostando? — pergunto.
— Está sendo uma nova experiência, Alicia. Mas admito que está sendo
muito bom estar aqui com você. — Ele sorri.
Sorrio e volto a tomar o sorvete.
— Está gostando de trabalhar aqui? — Dimitri pergunta.
— Sim. Estou gostando muito. É bem melhor, na verdade. — Dimitri
assente. — Pretendo procurar um apartamento para mim.
— É? — Assinto.
— Morar na casa de Valentina e Dominic está sendo maravilhoso, não
me cobram nada, não me deixam pagar nada, me deixam bastante à vontade.
Mas eu quero ter meu cantinho para mim e minha gata, sabe?! — Ele assente
e toma o sorvete. — Quero ter minha casa, minhas coisas..., mas por
enquanto, estou me estabilizando financeiramente, para depois dar esse
passo.
— Quando você saiu do morro, dividiu o apartamento com o Miguel,
não foi? — Assinto. — É mais fácil, porque você sabe que não vai arcar com
tudo sozinha.
— É. Por isso estou pensando minuciosamente em cada detalhe. Vou
arcar com tudo sozinha, preciso ter um equilíbrio para pagar todas as contas,
o apartamento... — Assente. — Mas não agora, estou vendo alguns
apartamentos bem legais.
— Se tiver pronta para comprar um, pode falar comigo, que eu falo com
algum corretor para você — diz.
— Obrigada. Com certeza vou precisar — digo, com um sorriso. —
Você gosta de morar sozinho?
— Hum... Bom, agora tem a cobra da Francesca lá, e acabou com a
minha privacidade. Gosto de morar sozinho, a empregada vai uma vez na
semana limpar a casa, e nem cozinheira eu tenho, porque eu sempre faço as
minhas refeições na casa dos meus irmãos ou dos meus pais. Mas eu me viro.
Se tiver de fazer minha própria comida, eu faço. Lavo a louça... — Dá de
ombros. — Não dependo muito das empregadas para isso. Por isso a
empregada só vai lá uma vez na semana.
— Mas você gosta de morar sozinha naquela mansão? Porque sua casa é
enorme. — Sorrio.
— Pois é. Adoro ficar sozinho. Andar pelado, de cueca. — Sorrimos. —
Mas agora com Francesca lá, está sendo bastante complicado.
Sinto um desconforto e pergunto.
— Como você se envolveu com a Francesca?
Dimitri larga sua colher após terminar seu sorvete, ele se encosta no
banco e suspira.
— Conheci a Francesca em um bar. Um amigo estava a passeio em
Milão, e decidimos sair para beber. Nesse dia Dom e Dem não puderam ir,
então foi apenas nós dois. Eu a vi entrando no bar, chamando atenção de todo
mundo e nossos olhares se encontraram. Me senti atraído de cara. Linda,
charmosa e elegante, fui logo conversando com ela, depois que vi que ela
estava sozinha. Continuamos conversando e deu no que deu. E me arrependo
amargamente. — Batuca os dedos na mesa. — Mas fazer o quê? Não posso
mudar o passado.
— Se você tivesse o poder de mudar o passado, você mudaria o quê? —
O olho.
— Mudaria tudo em relação a nós dois, não teria sido um babaca escroto
e idiota que fui com você. Teria lhe tratado como uma rainha, não como uma
segunda opção. Teria lhe respeitado, sido carinhoso, amoroso, um homem
perfeito para você.
Mordo o lábio, sentindo meus olhos marejados.
— Se arrepende de algo do passado?
Dimitri me olha e se aproxima mais de mim, fazendo meu coração bater
forte.
— O meu maior arrependimento, foi ter feito você sofrer por minha
causa. Isso me atormenta todos os dias. — Dimitri olha bem em meus olhos.
— Você pode não acreditar em mim, não tiro sua razão, mas... estou
mudando. Mudando por você, por nós. Eu vou ser o homem que você quer,
Alicia. Eu amo você, brunetta. Se quer acreditar em algo, acredite no quanto
amo você, minha morena.
Engulo em seco e Dimitri puxa minha nuca para me dar um beijo forte,
de tirar o fôlego, me deixando um pouco tonta. Desfaz nosso beijo e fita
meus olhos, segurando meu queixo.
— Quer mais alguma coisa, morena? — sussurra, roçando seus lábios
nos meus.
Pisco os olhos, ainda tonta.
— Quero. — Assinto, nervosa. — E você?
Dimitri dá um sorriso de lado, capaz de deixar minhas pernas bambas e
um friozinho na barriga.
— O que eu quero, morena... — Puxa meu queixo, fazendo nossos
lábios se tocarem. — ..., é beijar essa boca, que me deixa louco.
Puxando minha nuca Dimitri me beija, me deixando um pouco sem
reação, mas logo enfia sua língua em minha boca, em um beijo forte e
delicioso. Solto um gemido baixo ao senti-lo chupar meu lábio e voltar a me
beijar. Minha nossa, Dimitri é intenso demais. Misericórdia! Será que é de
família? Valentina e Manuela já me disseram o quanto Demétrio e Dominic
são intensos. Claro que com Dimitri não seria nem um pouco diferente.
Dimitri é um D’Saints, certo?
Intensidade faz parte do sobrenome deles.
Capítulo 16

Tia Flor está quase cem por cento boa, se recuperando perfeitamente da
cirurgia. Já retirou os pontos e está fazendo fisioterapia com Valentina na
clínica e em casa. Já Dominic contratou um professor de educação física para
ajudar tia Flor a perder peso, como o médico havia pedido. Voltei para a
empresa trabalhando todos os dias, como antes, mas volto sempre mais cedo,
e tem dias que Dominic me pede para trabalhar em casa, quando Valentina
tem muitos pacientes na clínica, para tia Flor não ficar muito tempo sozinha,
claro que Clarisse ajuda muito, o que facilita para todos nós.
Recolho alguns papéis na mesa, pego minha bolsa e saio da sala. Vejo
Morgana falar com o rapaz que me trouxe flores no mês passado, com outro
buquê nas mãos. Morgana me olha e acena para mim.
— Oi! — A cumprimento.
— Esse rapaz tem encomenda para te entregar — informa.
Olho o rapaz, que me dá um leve aceno. Pego o grande buquê de rosas
vermelhas de sua mão, e agradeço. Ele se despede e se retira.
— E aí, de quem é? — Morgana me olha, curiosa.
— Será que dessa vez veio um bilhete? — Olho o buquê, andando de
volta até minha sala.
O coloco em cima da mesa, retirando minha bolsa do ombro, vendo um
pequeno bilhete no meio das rosas. Morgana se aproxima, quando pego o
pequeno envelope, retiro o papel de dentro e leio.

Feliz Aniversário, brunetta.


Dimitri.

— Uau! Dimitri que te deu. — Morgana me olha.


Suspiro, sentindo meu coração bater forte.
— É, foi ele! — murmuro, olhando as rosas.
O buquê realmente é grande, vou ter que pedir a um dos seguranças de
Dominic, para comprar um vaso grande para levar esse buquê para casa.
— E aí, amiga? Ficou sem fala? — Morgana sorri.
Suspiro.
— Aconteceu algo nesse tempo que fiquei na casa de Dominic
trabalhando, que nem lembrei de te falar de tamanha correria, mas Dimitri
confessou que me ama. — Morgana arregala os olhos. — Pois é. Fiquei
surpresa também.
— E o que você disse? — Se aproxima.
— Disse que não tinha nada a dizer, mas Dimitri falou que vai tentar me
reconquistar. — Mordo o lábio. — E foi convicto demais.
— E você acha o que disso tudo? — Me olha.
Dou de ombros.
— Ah, Morgana, já sofri demais por ele. Eu cansei, falei isso e disse
muita coisa a ele. Botei tudo para fora, para ele ver o quanto me feriu e me
magoou com suas atitudes. E mesmo assim ele disse que vai me reconquistar.
Não vou criar expectativas, Morgana, se ver que vai dar certo, tudo bem, mas
se não der... — Suspiro. — É seguir em frente.
Somos interrompidas quando escutamos batidas na porta. Giro meu
corpo, na hora que ela é aberta e Dimitri entra. Ele me olha, e me dá um
sorriso de leve. Desço meu olhar pelo seu corpo, vendo que o traje perfeito
para ele é o terno de três peças. Fica perfeito.
— Vou resolver umas coisas. Depois nos falamos. — Morgana beija
minha bochecha e sai da sala, após cumprimentar Dimitri.
Morgana fecha a porta, deixando-nos a sós. Me sento na beirada da
mesa, apoiando minha polpa da bunda, com as mãos na borda da mesa.
— Obrigada pelas flores. — O olho.
Dimitri retira as mãos dos bolsos e vem até mim. Para à minha frente, e
olha as flores.
— Achei poucas. Por mim, eu compraria o outro buquê com mais de
duas mil flores. — Ele sorri.
— Não precisa, essas estão maravilhosas. — Dou um sorriso. — Mas
você não disse que quem dá flores são otários?
O sorriso de Dimitri some dos lábios, e fica desconfortável de imediato.
Me apresso em dizer, para não quebrar o clima. Ele está tentando mudar,
certo?
— Estou brincando. Relaxa. — Amenizo a situação.
Dimitri suspira e lhe dou um sorriso. Ele se aproxima de mim, fazendo
meu coração acelerar. Coloca meus cabelos para trás, sem tirar os olhos de
mim.
— Toda vez que você me olha dessa forma, eu tenho vontade de dizer
que te amo — sussurra. Engulo em seco. — Eu te amo muito, Alicia. E um
dia, quem sabe, esse seu coração me ame de novo?
Meu interior quer gritar para dizer que o amo, mas eu não posso. Se ele
me ama de verdade, como diz, e eu ver que tudo é verdadeiro, eu me entrego
de corpo e alma, mais uma vez. Dimitri tem que lutar para me conquistar, se
ele me ama mesmo, ele vai continuar mudando.
Dimitri se inclina e beija meus lábios. E eu deixo. Porque anseio por ele.
Ele segura meu rosto e me beija com delicadeza, lento e molhado. Passo
minhas mãos por dentro do seu paletó, e o puxo mais para mim, colando
nossos corpos aprofundando mais o beijo.
— Eu trouxe um presente para você — sussurra em meus lábios.
Ele se afasta, pega algo dentro do seu paletó e me entrega um papel.
— Uma tarde inteira no SPA. — O olho. — Você pode ir agora, lá terá
comida e tudo o que você precisar. Dom também deu um a Valentina, para te
acompanhar. Manu só não vai, porque está se sentindo muito cansada com
seu barrigão.
Dou um sorriso.
— Obrigada. — Olho o buquê. — Eu vou pedir ao Theo para comprar
um vaso...
— Deixe que eu resolvo. — Me dá um selinho. — Agora vá, que
Valentina está lá embaixo te esperando.
Pego minha bolsa e saio com ele da sala, que me leva até o elevador e
antes de ir embora, me dá um beijo de tirar o fôlego. O filho da puta está
agindo como um namorado. Se esse cretino fizer merda, eu vou dar na cara
dele. Dimitri que me aguarde.
— Nossa..., estava precisando mesmo dessa massagem — murmuro.
Escuto Valentina sorrir, deitada no outro lado, recebendo massagem.
— Também estava precisando. Nossa, a vida de casada às vezes é
cansativa. — Sorrimos.
— Ainda bem que Dom te ajuda em tudo — digo.
— Sim. Me ajuda muito. — Escuto-a falar. — Quando estou com tia
Flor, ele dá banho em Lorena, faz sua comida, assiste desenho... escolhi o
homem certo.
— Com toda certeza, amiga. Dominic é maravilhoso para você. — Sou
sincera. — Me responde uma coisa, saindo daqui vamos para onde? Você
ficou de me dizer e não disse nada.
— Eu peguei roupas para nós, vamos jantar fora. Mas antes disso,
vamos em casa, deixar nossas coisas e vamos com o pessoal para aquele
restaurante de comida brasileira que adoramos.
Depois de horas e horas de massagens, banho de lua, limpeza de pele e
muitas outras coisas a que tive direito, vamos até uma parte do SPA para
fazer nossas unhas e os cabelos. Decido pintar de um vermelho escuro muito
lindo, e agora estou sentada diante ao enorme espelho estilo camarim, com a
cabeleireira esperando minha resposta.
— Quero cortar, na altura dos meus ombros, corte Chanel — digo.
— Mas seu cabelo é tão lindo, compridão, um preto muito brilhoso de
causar inveja. Vai querer cortá-lo? — Me olha através do espelho.
— Vou. Quero mudar, e começarei pelos cabelos. Acho que com esse
corte vai ficar lindo. — Dou um sorriso.
Ela sorri, assentindo.
— Tenho certeza. — Mexe em meus cabelos.
— Ah, e não joga fora o cabelo, porque vou querer doar para uma
instituição de tratamento para o câncer — aviso.
Ela segura meus ombros.
— Que bela atitude a sua. Garanto que quem for receber esses lindos
cabelos, será muito feliz e eternamente grata. — Sorri.
— É isso que eu quero. — Dou um sorriso.

— Por que vamos descer? — Olho Valentina retirar seu cinto.


— Porque vamos colocar nossas coisas no quarto e chamar o pessoal. —
Ela me olha. — Aliás, amiga, você está uma gata com esse novo corte de
cabelo. Está um mulherão. Ficou perfeito, te deixou mais mulher, hein. Que
gata!
Sacudo meus cabelos de leve, com um sorriso.
— Ficou legal, não foi? — A olho.
— Linda! Isso tudo é para Dimitri, ou por que estava enjoada do seu
cabelão? — Saímos do carro e caminhamos até a entrada da sua casa.
— Quis mudar. — Dou de ombros, sorrindo.
Passamos pela porta e noto tudo escuro. Valentina caminha até o
interruptor e acende todas as luzes.
— FELIZ ANIVERSÁRIO!
Dou um pulo de susto e abro um largo sorriso, vendo todos com balões
nas mãos na sala, com uma decoração linda para comemorar meu aniversário.
— Não acredito! — Coloco a mão na boca.
Valentina vem até mim, e me abraça forte.
— Feliz aniversário, amiga! — Me olha. — Sabia que você não iria
querer comemorar em um restaurante, e sim em casa, com todos os seus
amigos, comendo pizza e bebendo.
— Tia Alicia! — Escuto a voz de Lorena.
Giro meu corpo, vendo-a correr até mim. Me agacho e a abraço forte.
— Feliz aniversário, tia! — Me olha com seus olhos azuis. — A senhora
tá bonita com esse cabelo.
— Obrigada, meu amor. — Beijo sua bochecha.
Dominic e Demétrio vem até mim e me abraçam, desejando feliz
aniversário. Logo Michele e Nathaniel me cumprimentam, e vou até Manu
que está sentada com seu barrigão.
— Feliz aniversário, amiga! Você está uma gata! — Mexe em meus
cabelos. — Te deixou mais mulherão.
— E você está linda com esse barrigão. Quando o Alessandro vai
nascer, hein? Estou doida para pegá-lo nos braços. — Sorrio.
— Ah, a médica disse que mês que vem. — Alisa sua barriga. — Estou
bem ansiosa.
— E seu desfile que é daqui há três meses? — A olho.
— Eu vou. Assim que o Alessandro nascer, vou continuar minha rotina
de exercícios físicos, e minha alimentação ficará mais rígida. Terei que estar
em forma para o desfile — responde.
Sorrio, vendo Dimitri se aproximar. Meu coração acelera e engulo em
seco. Me levanto e ele me puxa para um abraço, dando um beijo em meu
pescoço, me causando arrepios.
— Feliz aniversário, morena! — Me olha, com seus olhos azuis, que eu
amo tanto. — E você está perfeita com esse corte de cabelo.
— Obrigada, Dimitri. — Dou um sorriso.
Dimitri me abraça de novo e vejo Miguel parado atrás dele, com um
sorriso grande nos lábios. Desfaço o abraço de Dimitri e corro até Miguel.
— Miguel! — O abraço forte, sentindo seus braços em minha cintura.
— Ah, doida, que saudades de você. — Beija minha bochecha. — Feliz
aniversário!
— Minha nossa! Você veio. — O olho, emocionada. — A que horas
você chegou?
— Chegamos após o almoço. — Ele sorri. — E para deixar bem claro,
tudo isso foi ideia de Dimitri.
Mordo o lábio, vendo Dimitri sorrir para mim, com as mãos nos bolsos.
— Ele que mandou o jatinho dele para New York, nos buscar — diz
Miguel.
— Espera. Hannah e Sophie também vieram? — O olho, ansiosa.
— Olá! — Escuto a voz de Hannah.
Giro meu corpo, vendo Hannah chegando na sala, com Sophie nos
braços. Ando até ela sem gritar, para não acordar Sophie e a abraço.
— Feliz aniversário, Alicia! — Me dá um sorriso.
— Obrigada por vir. — Sorrio e olho Sophie. — Posso pegá-la?
— Claro que sim. — Hannah sorri.
Pego Sophie em meus braços, com cuidado, e a olho fazendo biquinho,
enquanto dorme.
— Oh, meu Deus! Ela é linda! — Acaricio seus cabelinhos.
— Ela é uma graça — Valentina diz.
Acaricio seus cabelinhos e ela desperta, se espreguiçando em meus
braços. Ela abre os olhinhos devagar e começa a chorar.
— Acho que ela está com fome. — Olho para Hannah.
— Sim, desde que chegamos, ela não comeu. Ficou dormindo. —
Hannah a pega nos braços. — Vou para a outra sala, dar de mamar e venho.
Assinto e ela sai da sala. Vou até Miguel e lhe dou um abraço.
— Estava com muitas saudades de você. Vai passar quanto tempo?
— Tirei um mês de férias, e Hannah não vai trabalhar por uns bons
meses. Então se um dos trigêmeos decidir aguentar nós três por alguns meses,
eu fico. — Miguel sorri.
— Cara, você fica lá em casa. — Demétrio se apressa em falar. — Tem
quarto, terá tudo que irão precisar.
— Valeu, mano. — Miguel aperta sua mão. — Mas vou ficar em um
hotel, nem se preocupe.
— De maneira alguma. Vocês ficarão na minha casa, com mais
segurança e tranquilidade — Demétrio insiste. — Não se preocupem com
despesas.
— Pelo menos vou ter Hannah para passar um tempo, e me falar coisas
sobre maternidade. — Manu o olha.
— Então vou ficar.
Capítulo 17

Dimitri organizou tudo; um pequeno buffet, comprou várias pizzas,


doces..., tudo para comemorar meu aniversário. E eu besta, amei tudo, cada
detalhe. Balões na cor rosé, decora a parte do bolo, com uma pequena
decoração que ficou linda, onde tiramos muitas fotos, e Dimitri fez questão
de tirar várias fotos nossas. Morgana chegou minutos depois, atrasada, como
sempre.
Já tinha trocado de roupa, optando por uma roupa mais leve e chinelos.
Estou sentada no chão, em cima do tapete super fofo da minha amiga,
bebendo minha cerveja e comendo pizza. Estamos todos conversando,
sorrindo e bebendo. Dimitri me olha de longe, bebendo sua cerveja e pisca o
olho para mim, que dou um sorriso de lado e volto a conversar com meus
amigos, sentindo o olhar dele sobre mim, o tempo todo. Nunca tive um
aniversário tão perfeito, como esse. Simples e com meus amigos, é tudo que
eu preciso.
Me levanto do chão e vou até à cozinha, buscar outra cerveja para mim.
Abro a geladeira e retiro uma long neck, vendo Dimitri entrar na cozinha, me
olhando.
— Está gostando? — Se aproxima.
Assinto, abrindo a long neck com um pano.
— Você está linda com esse corte de cabelo. — Me olha.
— Decidi mudar. — Coloco a cerveja em cima do balcão da ilha.
Ele ergue sua mão, e mexe em meus cabelos.
— Está mais linda do que já era. — Me fita, e meu rosto cora. — Você
mexe muito comigo, sabia!? Quando mudar algo em você, me avise. — Seus
olhos azuis me analisam. — Porque é muita beleza para uma pessoa só, tenho
que estar preparado para uma nova Alicia.
Mordo o lábio, fitando os seus. Dimitri se aproxima mais, me colocando
encostada no balcão. Sua mão puxa minha cintura, fazendo nossos corpos se
colarem.
— Eu quero muito te beijar — sussurra.
Subo meu olhar e o fito. Ele se inclina, passando seu nariz em meu
rosto, fazendo meu coração acelerar. Respiro fundo quando ele roça seus
lábios nos meus, sentindo meu coração bater muito forte. Fecho os olhos
respirando fundo, mas ele gosta de me provocar. Dimitri passa sua língua de
leve em meus lábios e em seguida o morde.
— Quando todos forem embora, vai lá em casa — sussurra.
— Fazer o quê? — pergunto, num sussurro.
— Vou lhe dar seu presente. — Dá um sorriso de lado, daqueles que me
desmancha toda. — E não estou falando de sexo.
— Hum... O que você vai me dar, então? — O olho, curiosa.
— Vá mais tarde que vou lhe mostrar. — Pisca o olho.
Ele levanta seu olhar para trás de mim, e giro meu corpo, vendo Michele
parada, com um sorriso nos lábios, envergonhada. Rapidamente me afasto de
Dimitri.
— Não quis interromper, mas me disseram que você estava aqui. — Ela
me olha. — Vim me despedir, mas se eu estiver interrompendo, posso sair.
— Não. — Me apresso em falar. — Não está atrapalhando.
Ela sorri e vem até mim, me dá um abraço forte. Dimitri se aproxima de
nós, e beija a cabeça da sua mãe.
— Estou indo. Tenho algo para preparar. — Ele me olha. — Estarei te
esperando.
Engulo em seco e assinto, vendo-o sair da cozinha, deixando-me a sós
com Michele.
— Então, como estão vocês dois? — Me olha, cúmplice. — Estão se
acertando?
— Dimitri está tentando fazer dar certo entre nós, mas não estou criando
nenhuma expectativa.
Ando até a ilha e pego minha cerveja.
— Ele está mudando, eu vejo isso. — A olho. — Não estou passando a
mão na cabeça dele, pois sei que a vida que ele vive, eu mesma não
concordo. Meu sonho é ver meus três filhos, com seus filhos e suas esposas,
vivendo muito felizes, e quero muito que você seja minha nora. Acho que
deixei isso claro há um bom tempo.
— Sim, você deixou. Mas eu não posso me submeter a ser a segunda
opção dele, dona Michele. — Me apoio no balcão.
— E eu concordo com você. Você é uma mulher linda, educada,
charmosa, o homem que ficar com você será um sortudo. — Faz uma pausa.
— E Dimitri descobriu um pouco tarde o quanto você é valiosa. Conheço
meu filho muito bem, para dizer que ele está mudando. Você pode não
acreditar, mas ele está se esforçando muito.
Ela se aproxima mais de mim e segura minhas mãos.
— Deixe Dimitri fazer das tripas ao coração para lhe reconquistar. Não
aceite as desculpas dele facilmente, deixe-o lutar, se esforçar. Dimitri sempre
teve tudo fácil, tudo de mão beijada, exceto a empresa, que lutou muito, mas
fora isso ele sempre teve o que quis. — Me olha.
— Eu tive uma conversa séria com ele sobre isso, que não iria ceder
facilmente. — Ela assente. — Que se ele me ama mesmo como diz, terá que
lutar muito.
— Isso, faça isso mesmo. Você é muito linda, para estar sofrendo por
alguém que não te dá valor. É meu filho, mas não vou passar a mão na cabeça
dele. Ele errou, e está reconhecendo o erro dele. Deixe-o te reconquistar,
lutar. Porque isso é o mínimo que você merece, Alicia.

Mexo minha perna totalmente impaciente, esperando Alicia passar pela


porta da minha casa. Dou um gole no uísque, sentindo uma ansiedade
enorme. Será que ela vem? Ou ela vai me fazer implorar mais? Foda-se, vou
implorar, me rastejar quantas vezes forem necessárias. Alicia tem que me
amar de novo, eu a quero. Eu a amo.
Errei, admito isso, estava cego em não ver a mulher extraordinária ao
meu lado, só esperando por mim. Alicia merece mais, merece o mundo, e se
for preciso eu darei o mundo inteiro a ela. Estou lutando para reconquistá-la.
Farei de tudo para tê-la comigo. Vou fazer qualquer coisa para recuperá-la, e
finalmente dizer que me ama, como eu a amo. Não me importo de lutar por
ela, talvez dure por muito tempo até que ela volte a me amar, mas não me
importo. Pode durar o tempo que for, vou lutar todos os dias por ela.
— Está esperando alguém? — A voz melosa de Francesca ecoa na sala.
Reviro os olhos e dou um gole no uísque. Francesca se senta na minha
frente, com uma camisola totalmente transparente, mostrando sua lingerie.
— Estou — respondo, sem humor.
Ela ajeita seus cabelos, de um jeito sensual, tentando me seduzir.
— Quem? — Me olha.
— Alicia.
Francesca revira os olhos e bufa.
— O que ela vem fazer aqui? — Me fita.
— A casa é minha ou sua? — A fito, sem muita paciência. — Você não
tem que estar questionando nada, você está aqui de favor, Francesca. Lembre-
se disso. Eu mando aqui, eu que questiono, e Alicia vem aqui quantas vezes
ela quiser. Se você está tão incomodada, é só ir para o quarto e ficar por lá.
Francesca abre a boca para falar, mas é interrompida quando a porta de
entrada é aberta, e o amor da minha vida passa por ela. Abro um largo sorriso
e me levanto do sofá, deixando meu copo de uísque na mesinha ao lado, e me
aproximo dela, ela me olha e sorri. Colocando algumas mexas de cabelo atrás
de sua orelha, desço meu olhar vendo que ela trocou de roupa, e está com um
vestido preto colado, de alças finas até acima do joelho e uma rasteirinha de
dedo, dourada.
— Oi! — Me cumprimenta com um sorriso.
— Oi! — Sorrio. — Você está linda!
Ela cora e morde o lábio.
— Não sei bem o que você tem para me mostrar, então vim um pouco
bonita. — Me olha.
— Um pouco bonita, morena? — Me aproximo dela. — Você é linda de
qualquer jeito.
Ergo minha mão e acaricio seu rosto, sentindo a maciez de sua pele,
passo meu polegar em seus lábios rosados, sem batom e me inclino, para lhe
dar um beijo casto.
— Vem, vamos subir. — Seguro sua mão.
Subimos as escadas, ignorando a presença de Francesca. Andamos pelo
longo corredor e paro diante da porta do meu quarto. Retiro a chave de dentro
do bolso para destrancar a porta e a abro. Dou passagem para ela passar
primeiro e logo eu entro, fechando a porta.
Alicia paralisa e olha todo o quarto, com cautela. Organizei-o todo para
recebê-la. Coloquei velas aromáticas pelo chão do quarto e em alguns
móveis, com pétalas de rosas vermelhas espalhadas. O lençol da minha cama
foi trocado por um conjunto vermelho de seda, com um buquê enorme com
rosas vermelhas em cima dela, com uma caixa quadrada vermelha da Cartier
em cima.
Me aproximo de Alicia, que segura seu celular, olhando cada detalhe.
As luzes estão apagadas, e o que ilumina o quarto são as velas espalhadas,
dando um ar romântico, que nunca pensei que iria fazer.
— Gostou? — A olho.
Ela me fita, surpresa.
— Minha nossa, Dimitri. — Volta a olhar o quarto. — Está lindo. Foi
você que fez?
— Sim. Comprei tudo e fiz, sozinho — respondo, nervoso.
Ela prensa os lábios, contendo um sorriso. Me afasto dela andando até a
cama, pego o buquê e fico de frente para ela.
— Aqui. O buquê que eu realmente quis comprar para você. — Ela sorri
e o pega.
O buquê é enorme, e a deixa menor do que já é. Alicia não é alta, deve
ter um e sessenta e cinco de altura, linda e gostosa. Alicia abaixa sua cabeça e
cheira o grande buquê, fechando os olhos.
— São lindas. — Me olha com brilho lindo nos olhos. — Obrigada.
Me aproximo da cama e pego a caixa da Cartier, e ela me olha curiosa.
— Esse é seu presente de aniversário.
Ela arregala os olhos ao ver a caixa em minhas mãos. Se aproxima da
cama e deixa o buquê em cima dela, e pega a caixa. Ela passa os dedos de
leve pelo nome da marca em dourado e abre. Alicia arregala os olhos.
— Oh, meu Deus, Dimitri! — Ela me olha. — Isso... é...
— Seu presente de aniversário. — Sorrio.
Ela olha seu presente e sorri emocionada. Eu comprei um lindo relógio
na cor rosé com diamantes cravejados, com mais duas pulseiras na mesma
cor do relógio, também com diamantes. As pulseiras têm uma chave
apropriada para abri-las. Se não tiver essa chave, a pulseira não abre.
— Ah, Dimitri, que lindo. — Seus olhos ficam marejados. — Obrigada.
— Posso colocar em você? — A olho.
Ela assente com um sorriso. Pego a caixa de sua mão e a coloco em
cima da cama. Após colocar o relógio e as pulseiras, e explicar a importância
das chaves, ela olha em seu pulso.
— Meu Deus, isso com certeza custou bastante caro. — Me olha.
— Você merece mais que isso. — Sou sincero.
Me afasto dela e vou até à mesinha, e nos sirvo com um champanhe
rosé, que comprei especialmente para essa noite. Eu não quero que ela pense
que é sexo, ao contrário, quero ficar ao lado dela, lhe fazer um carinho,
conversar. Com as duas taças nas mãos, entrego uma a ela, que aceita de bom
grado.
— Saiba que não lhe trouxe aqui para sexo. — Começo a falar.
— E se acontecer? — Dá um gole no champanhe, me fitando.
— Vai ser gostoso, como sempre é. — Dou um sorriso, girando a taça.
Ela morde o lábio, e leva a taça até a boca e engole todo o líquido de
uma vez. Após beber, ela pega minha taça, colocando-a em cima da mesinha
ao lado, e me empurra, me fazendo sentar na cama. Com as mãos apoiadas
em meus ombros, ela se senta em meu colo, colocando uma perna em cada
lado da minha, atacando minha boca, me pegando totalmente desprevenido.
Capítulo 18

Sinto as mãos de Dimitri percorrerem meu corpo, enquanto devoro sua


boca, cheia de tesão. Meu quadril se mexe involuntariamente sobre seu
membro semiereto, que vai despertando aos poucos, me fazendo gemer com
o atrito. Minha língua duela com a sua, em um beijo selvagem e delicioso.
— Hum... essa sua boca, me leva à loucura, brunetta — ele sussurra,
apertando minha bunda.
Mordo seu lábio e me esfrego mais nele, sentindo seu membro ereto,
pronto para qualquer coisa. Suas mãos seguram a barra do meu vestido e o
sobe, retirando-o do meu corpo. Ele o joga pelo quarto, e seus olhos azuis
fitam meu corpo com muita intensidade.
— Minha nossa, você é muito linda! — Morde o lábio, subindo seu
olhar até meu rosto. — Gostosa pra caralho.
Suas mãos acariciam minha bunda, sem tirar os olhos de mim.
— Porra, Alicia. Preparei um jantar para nós dois. — Aperta minha
bunda. — Quero conversar, aproveitar...
— Deixa pra depois. — Dou um sorriso.
— Você veio preparada, não foi? — Olha meu corpo. — Esse conjunto
está sexy pra caralho. Levanta, para eu te ver melhor.
Saio de cima do seu colo, ficando de pé na sua frente. Ele morde o lábio,
retirando seu sapato, vendo meu corpo com uma lingerie sexy demais. Eu
sabia que Dimitri não planejava fazer sexo, mas eu quero. Quero vê-lo
venerar meu corpo, senti-lo dentro de mim. Então escolhi um sutiã meia taça,
com total transparência e uma calcinha fio dental. Dou uma voltinha e sinto
um tapa forte na bunda.
— Gostosa! Você veio preparada, você é uma safada, Alicia. — Dou um
sorriso, olhando-o de soslaio. — Essa calcinha fio dental está me deixando
insano, brunetta. Você não pode aparecer assim, meu coração não aguenta.
— Mas é minha calcinha do dia a dia. — Sorrio.
— Cazzo! Nunca mais vou olhar sua bunda como antes. — Solta um
gemido. — Toda vez que ver você cruzando os corredores da empresa, vou
imaginar você usando uma maldita e minúscula calcinha. Merda! Não vou ter
sossego nunca mais.
Ele fica de pé, e me abraça por trás, esfregando sua ereção na minha
bunda, solto um gemido baixo e me esfrego nele. Ele beija meu ombro,
subindo para meu pescoço. Suas mãos acariciam minha barriga, subindo para
meu sutiã e aperta meus seios. Giro meu corpo, ficando de frente para ele, e
começo a desabotoar sua camisa, expondo seu abdômen.
Após jogar sua camisa no chão, vou descendo ficando de joelhos no
chão, vendo-o ofegar, me fitando. Abro sua calça jeans e desço o zíper e
retiro sua calça, deixando-o apenas com uma cueca. Levanto-me ficando de
frente para ele, e o empurro, fazendo-o se sentar na beirada da cama. Ele sorri
para mim e me aproximo dele, apoiando minhas mãos em seus ombros. Sinto
suas mãos em minha bunda, me trazendo para mais perto dele.
Me inclino e beijo seus lábios, sentindo suas mãos percorrerem meu
corpo. Afasto-me um pouco, e deixo uma trilha de beijos por todo seu corpo,
até ficar de joelhos diante dele. Ele morde o lábio e ergue sua mão, afastando
meus cabelos do meu ombro, colocando-os para trás.
— Você fica linda assim. — Me olha.
Sorrio e passo minhas mãos em seu membro por cima da cueca, sentindo
sua protuberância quase saltando para fora. Passo meus dedos pelo elástico
da cueca e vou retirando aos poucos com sua ajuda, ao levantar o quadril.
Mordo o lábio ao ver seu membro ereto, apontando para o umbigo. Dimitri é
muito gostoso, me faz salivar só de olhar todo seu corpo. Seu membro é lindo
demais, rosinha, com veias um pouco grossas. Minha nossa senhora!
Me aproximo mais e o seguro com minhas mãos, sentindo sua maciez.
Dimitri se inclina um pouco para trás, com as mãos apoiadas na cama, me
dando livre acesso ao seu membro. Passo meu polegar na sua glande rosada,
espalhando seu líquido transparente. Minha boca saliva muito. Nunca gostei
de fazer oral, mas desde que fiz em Dimitri, eu amei. Não faço para agradá-
lo, e sim, porque eu adoro chupá-lo. Me excita muito.
Me inclino e coloco seu membro em minha boca, chupando-o de leve,
lentamente. Levanto meu olhar, vendo Dimitri fazer uma cara de tesão
mordendo o lábio. Fecho a boca, chupando-o com vontade, levando-o todo
em minha boca. Dimitri solta um gemido e segura meus cabelos no alto da
minha cabeça.
— Ah, nossa... que delícia. — Joga a cabeça para trás.
Subo minhas mãos pelas suas pernas, indo até seu abdômen arranhando
de leve com minhas unhas. Dimitri me olha com a boca entreaberta, e enfio
seu membro até minha garganta, sem tirar os olhos deles.
— Isso... — Ergue o quadril involuntariamente. — Porra Alicia, você
chupa tão gostoso.
Com minhas duas mãos eu o masturbo enquanto o chupo com vontade.
Dimitri aperta mais os meus cabelos e geme mais alto, sem se preocupar com
quem vai escutar no outro lado da porta. Tiro-o da boca, todo babado e o
masturbo forte e rápido.
— Ah, nossa..., continua, amor. — Me olha, mordendo o lábio.
Me inclino e chupo suas bolas, sem parar de masturbá-lo, e o vejo
revirar os olhos de prazer, apertando meus cabelos. Dimitri fala alguns
palavrões em italiano e sinto seu pau inchar em minhas mãos. Ele segura meu
rosto e me levanta, beijando minha boca com vontade. Com minhas mãos
livres, retiro meu sutiã jogando-o pelo chão. Dimitri se afasta um pouco
ofegante e olha para meus peitos.
Ele solta um gemido e leva suas mãos até eles, e os aperta, preenchendo
suas mãos, vejo-o se inclinar e colocar meu seio na boca, chupando meu
mamilo. Solto um gemido baixo, afundando meus dedos em seu cabelo. Ele
solta meu seio e se levanta, deixando nossos corpos juntos.
— Fique aqui.
Assinto, excitada, já sabendo o que ele vai buscar no closet.
Volto ao quarto, vendo Alicia de pé, próxima da cama, como mandei.
Nas minhas mãos tem um Harness de couro para pernas e coxas, com um par
de algemas. Alicia me olha e ofega ao ver o que fui buscar. Fico de frente
para ela e deixo as algemas em cima da cama e a olho.
— Tira a calcinha. — Mando.
Alicia assente e a retira, sem questionar. É disso que eu gosto. Me excito
vendo Alicia fazendo o que eu mando sem contestar. Ela gosta disso tanto
quanto eu. Alicia me entrega a calcinha, a pego de sua mão e a levo até meu
nariz, sentindo o cheiro delicioso da sua boceta e de sua excitação, que faz
meu pau pulsar.
Coloco a calcinha em cima da cama e ergo minha mão mostrando o
Harness a ela.
— Você sabe que nunca vou te machucar, não é? — Ela assente,
olhando o Harness. — Olhe para mim, Alicia. — Seus olhos escuros me
fitam. — Muito bem. Adoro ver seus olhos, brunetta. Eles têm um brilho que
eu amo.
Ela morde o lábio com um sorriso contido.
— Vou colocar isso em você — digo.
O Harness se parece muito com uma cinta liga, em couro com argolas
pratas, com fechos para algemas nas laterais da cintura. Após colocá-lo em
Alicia — que está perfeito nela —, fico de pé e a olho. Peço para ela subir na
cama de pernas abertas e é isso que ela faz, como uma boa menina. Solto um
gemido vendo sua boceta molhada, me dando água na boca. Pego as algemas
e subo na cama. Pego seus punhos e coloco as algemas e as levo até a
cabeceira, prendendo-as, impossibilitando-a de se soltar.
Olho para baixo, vendo meu pau próximo do rosto dela, e ela mordendo
o lábio. Seguro seu queixo, fazendo-a me olhar.
— Quer chupar de novo, morena? — Minha voz sai rouca.
— Quero. — Morde o lábio.
Seguro meu pau e bato na sua boca com ele, fazendo a safada sorrir.
— Chupa. — Mando. — Gostoso.
Ela sorri e abre a boca para me receber e enfio todo meu pau em sua
boca, sem pena. Solto um gemido alto, sentindo sua boca macia chupar todo
ele. Olho para baixo, vendo-a se lambuzar nele, como um pirulito. Forço meu
quadril, e ela me abocanha por completo, me engolindo todo. Trinco os
dentes, soltando gemidos abafados. Porra!
— Nossa... Você me chupa gostoso demais. — Forço meu quadril. —
Mas eu não quero gozar agora.
Retiro meu pau da sua boca, e ela choraminga. Sorrio e me ajeito melhor
na cama, para provar dessa boceta, que me alucina.
— Não, Dimitri. — A olho. — Deixa isso para depois. Quero você
dentro de mim.
Ela me olha, com as mãos presas nas algemas, sem poder se inclinar e
me ver melhor.
— Está com pressa, morena? — Dou um sorriso.
Ela assente mordendo o lábio.
— Mas eu quero provar um pouquinho dessa boceta — digo.
Ela apoia a cabeça no travesseiro e eu caio de boca no paraíso. Alicia
geme alto, e escuto a zoada das algemas batendo na grade da cabeceira.
Chupo seu clitóris com vontade, fazendo-a gemer ainda mais alto, do jeito
que eu gosto. Enfio dois dedos dentro dela e Alicia choraminga erguendo o
quadril. Massageio seu ponto G, fazendo Alicia gozar gostoso, e continuo
massageando seu clitóris, prolongando seu orgasmo e passo a língua.
— Oh, merda! Dimitri... — Arqueia as costas.
Chupo sua boceta todinha, lambendo seu gozo sem deixar um pingo de
fora. Levanto meu rosto, lambendo os lábios, olhando-a corada e com a
respiração ofegante. Aproveito seu momento distraída, e me ajeito no meio
de suas pernas e a penetro de uma vez. Alicia solta um gemido alto, e eu
rosno, sentindo-a molhada demais, porra!
— Ah, caralho. — Ranjo os dentes.
Me inclino e a beijo, para ela sentir seu gosto, e eu sentir o meu nos seus
lábios, e a mistura dos dois é deliciosa. Entro fundo nela, sem piedade
alguma, do jeito que gostamos. Mordo seu lábio, vendo seus peitões
balançarem conforme minhas investidas fundas e rápidas.
— Porra de boceta gostosa. — Envolvo meus dedos em seu pescoço.
— Ah, Dimitri! — Revira os olhos. — Mete gostoso em mim.
Rosno fechando minha mão em seu pescoço, do jeito que ela gosta,
metendo mais fundo e rápido, sentindo minhas bolas baterem na curvatura da
sua bunda. Alicia revira os olhos com a boca entreaberta, gemendo muito, e
gostoso, música para meus ouvidos. Suor brota em nossos corpos, grudando
um no outro. Sua pele bronzeada está perfeita com o contraste do suor
iluminando seu corpo gostoso.
Me afasto, tirando minha mão do seu pescoço, ficando de joelhos na
cama. Saio de dentro dela, e giro seu corpo, fazendo-a ficar de quatro,
empinando esse rabo gostoso para mim. Me inclino e retiro as algemas da
grade da cabeceira e prendo seus punhos no Harness, na base da sua coluna.
Lhe dou um tapa certeiro na bunda, deixando a marca dos meus dedos e
entro nela, sem dó.
— Puta merda. — Choraminga.
Rosno e meto minha rola forte e duro dentro dela, vendo-o ser
totalmente engolido. Amasso sua bunda com minhas mãos, sentindo meu pau
ser molhado por essa boceta gulosa, de tão excitada que ela está.
— Caralho, Alicia. — Meto mais fundo. — Que delícia!
Jogo a cabeça para trás, metendo sem parar, sentindo o suor escorrer em
meu corpo e minha respiração entrecortada. Sinto sua boceta se contrair, e
apertar meu pau.
— Você não vai gozar agora. — Vou mais fundo nela.
— Dimitri... — lamenta.
— Não vai gozar agora, amor. — Rosno, indo mais rápido.
— Dimitri..., vai mais devagar. — Pede, gemendo baixinho.
Desço minhas mãos pelas suas costas e puxo seu cabelo, deixando sua
bunda mais empinada.
— Por que eu iria mais devagar, se rápido está delicioso? — falo
ofegante.
— Porque eu vou gozar se você continuar assim. — Geme alto.
Dou um sorriso satisfeito, e meto mais forte, fazendo Alicia gozar
gostoso no meu pau, molhando-o e apertando-o muito gostoso. Ela
choraminga, grita e geme sem parar, enquanto molha todo meu pau com seu
gozo. Sinto-o inchar, mas não irei gozar sem olhar para ela.
Saio de dentro dela, retirando as algemas dos seus punhos, jogando-as
em cima da cama e a puxo para cima de mim.
— Cavalga bem gostoso. — Seguro seu queixo, sentindo meu pau ser
engolido por sua boceta. Ela revira os olhos, e senta de vez, me colocando
todo dentro dela.
Mordo o lábio, vendo-a jogar a cabeça para trás, seguindo seu ritmo
delicioso. Suas mãos circulam em meu pescoço, juntando nossos corpos
deixando nossos rostos muito próximos. Beijo seus lábios tomando seus
gemidos, em um beijo forte e intenso. Alicia cavalga com mais força e
rapidez, me deixando louco. Desfaço nosso beijo e chupo seus peitos,
passando a língua e mordiscando-os, fazendo Alicia gemer gostoso e puxar
meus cabelos.
Me afasto um pouco e fito seu rosto. Solto gemidos com a boca
entreaberta e sinto meu pau pulsar.
— Mais rápido, amor. — Afundo meus dedos em sua bunda, sentindo
minhas bolas se comprimirem. — Eu vou gozar. — Rosno. — Olha para
mim.
Ela se afasta um pouco e me fita, corada, mole, dando tudo de si,
cavalgando gostoso demais. Meu pau incha e um arrepio forte passa pela
minha espinha e eu gozo, gemendo sem tirar os olhos dela, que não para de
cavalgar em mim. A preencho com minha porra, sentindo-me totalmente
satisfeito.
— Eu te amo — me declaro, ofegante.
Capítulo 19

Me espreguiço na cama, sentindo a maciez dos lençóis enroscados em


meu corpo. Aos poucos abro os olhos e vejo que Dimitri não está na cama.
Abro um sorrisinho lembrando de ontem à noite. Depois do sexo maravilhoso
que tivemos, ele me levou até a mesa aqui no quarto e jantamos. Foi uma
comida leve, porque tínhamos comido e bebido na casa de Dominic, então
jantamos e bebemos champanhe.
Ficamos conversando por um bom tempo, coisas bem aleatórias e logo
sentimos vontade de fazer sexo novamente, mas dessa vez foi bem lento,
Dimitri dizendo o quanto me ama, e que iria me conquistar até me fazer dizer
que o amo. Meu coração acelera mais e mais quando ele se declara, mas no
momento eu vou querer vê-lo lutar por mim, e se eu ver que realmente
Dimitri mudou, nós ficaremos juntos.
Suspiro e me sento na cama, vendo-me nua, vejo a camisa vinho de
botões que Dimitri usou ontem e vou até ela para me vestir. Fecho todos os
botões, deixando os dois primeiros abertos, e ajeito as mangas dobrando-as
nos meus cotovelos, vendo que a camisa ficou um vestido em mim. Saio do
quarto de Dimitri, andando pelo corredor e desço as escadas, sentindo cheiro
de ovos vindo da cozinha. Ando pela enorme e elegante sala e encontro
Dimitri na beira do fogo, assando ovos, vestindo apenas uma bermuda de
moletom, deixando todos os seus músculos à mostra.
Ando com cautela e me apoio no balcão, silenciosamente, vendo aquele
monumento na beira do fogão, fazendo café da manhã. No balcão tem uma
bandeja com misto quente, um prato com queijo e presunto enrolado, dois
pedaços de bolo, geleias, uns pãezinhos pequenos numa tigela de vidro,
xícaras, uma garrafa de café e uma rosa vermelha.
Levanto meu olhar no mesmo instante que ele vira seu rosto e me olha.
Ele abre um sorriso lindo, que faz meu coração acelerar. Desço meu olhar,
vendo seu peitoral e abdômen um pouco marcados pelas minhas unhadas de
ontem à noite e volto meu olhar para seu rosto, vendo um sorriso nos lábios.
— Bom dia! — Desliga o fogão. — Faz tempo que está aqui?
— Não muito. Mas o suficiente para desfrutar da visão perfeita da sua
bunda. — Sorrio.
Dimitri sorri, sacudindo a cabeça. Ele coloca os ovos no prato dentro da
bandeja e vem até mim, com um olhar diferente, um brilho diferente. Se
aproxima, me levanta e me coloca sentada na ilha ficando no meio das
minhas pernas.
— Essa camisa fica melhor em você, do que em mim. — Beija meus
lábios.
Envolvo meus braços em seu ombro, e o olho.
— Você não deveria ter acordado agora, estava preparando esse café da
manhã para você. — Abraça minha cintura.
— Posso ir para o quarto e fingir que não sei de nada. — Sorrio.
— Já que está aqui, vamos tomar café aqui mesmo. — Me olha.
Assinto e me inclino para beijar seus lábios, em um beijo lento que a
intensidade vai aumentando aos poucos. Cruzo minhas pernas em seu quadril
puxando-o para mais perto de mim. Solto um gemido baixo, e ele morde meu
lábio.
— Vocês deveriam ter um pingo de respeito comigo. — Uma voz soa na
cozinha.
Desgrudo meus lábios da boca de Dimitri e vejo Francesca com uma
cara emburrada, com os braços cruzados usando uma camisola transparente,
mostrando tudo. Uma raiva me consome.
— Devo te lembrar que estou na minha casa? — Dimitri fala.
— E se eu chegasse e visse algo a mais? — Ela me fuzila.
— Nós iríamos continuar fazendo. — Dimitri dá de ombros. — Você
iria sair sem falar nada, para nos dar privacidade.
— Não sou obrigada a ver esse tipo de coisa — fala entredentes.
— É só não ver — respondo.
Ela me fuzila e descruza os braços, mostrando claramente seus seios.
— Olha aqui, sua anã de jardim, você fique na sua. Aqui não é sua casa.
— Aponta para mim, vermelha de raiva.
— Ah, que pena. — Sorrio. — Mas é a casa do meu namorado.
Ela abre a boca para falar, e antes que ela fale alguma coisa, eu puxo a
nuca de Dimitri e beijo sua boca, para Francesca ver. Dimitri entra no clima e
rapidamente esquecemos Francesca, e os amassos se iniciam. Dimitri me
abraça mais forte, me puxando para mais perto dele. Gemo em sua boca,
roçando minhas pernas em sua bunda redonda e definida, trazendo-o mais
para mim.
Abro os olhos vendo que estamos sozinhos e mordo o lábio de Dimitri.
— Hum... Virei namorado? — Me olha divertido.
— Ah, cala a boca e me beija. — Puxo sua nuca e o beijo de volta.

Vejo Alicia sair do banheiro, ajeitando seus cabelos, já pronta para ir


embora. Ela anda até a mesinha, pega seu celular e olha algo nele.
— Quero conversar algo contigo. — Me levanto da cama.
Ela trava o celular e me olha.
— Sobre o que você disse de sermos namorados à Francesca. — Me
aproximo dela.
— Dimitri, aquilo não foi sério. Só falei para ela ir embora. — Me fita.
— Mas eu quero te namorar. — Me olha atenta. — Não quero ficar
nisso, de ser apenas sexo. Quero te assumir, quero você como minha
namorada.
Ela abre a boca para falar, mas eu coloco meu indicador nos seus lábios,
calando-a.
— Eu sei que você disse para eu lutar por você, e é isso que vou
continuar fazendo e nunca irei parar. Sempre vou te mimar, te conquistar
todos os dias. Só quero essa oportunidade, por favor.
— Dimitri... — Eu a interrompo.
— Por favor. Vamos fazer assim..., uma fase de teste. — Ela franze a
testa. — Nesse tempo você vai me analisar, se estou me saindo bem e se
estou fazendo o certo. Vamos sair juntos, andar de mãos dadas, assumir para
todos que estamos juntos.
Ela me fita, indecisa.
— Prometo a você que não irei te decepcionar em nada. Desde que você
chegou aqui, eu só saí com a Scarlet, com mais ninguém, não tenho por que
mentir. Se não acredita em mim, pode perguntar aos meus irmãos, que eles
vão confirmar tudo, porque é verdade. Nem com aquela mulher que você me
viu no restaurante. Eu não transei com mais ninguém. — Faço uma pausa. —
Estou disposto a tudo, Alicia. Se você concordar em me dar essa chance,
você não vai se arrepender. Prometo fazer o certo, vou continuar tentando de
tudo para ser o homem que você quer que eu seja. Mas me dê só essa chance,
a última. Por favor.
Ela prensa os lábios, pensativa.
— Tudo bem, Dimitri. — Um alívio percorre meu corpo. — Mas não
vou criar expectativas.
Sorrio e a abraço, beijando sua cabeça.
— Você não vai se arrepender — sussurro em seu ouvido. — E
obrigado por essa chance. Prometo que vai dar certo dessa vez.
— É a última Dimitri. — Me olha, séria. Assinto, eufórico. — Preciso ir,
Serafina deve estar me procurando.
— Eu te levo até a casa do meu irmão. — Ela assente.
Pego minha carteira e o celular, saímos do quarto após eu trancar a
porta, para Francesca não entrar, e saímos de mãos dadas até a casa do meu
irmão. Ao passar pela porta, vemos Serafina esperando Alicia deitada com as
patinhas cruzadas. Ao ver Alicia ela se levanta e vai correndo até ela, que a
pega nos braços e faz um carinho enquanto ela mia.
— Ela realmente está com saudades. — Sorrio.
— Nunca passamos muitas horas afastadas — Alicia responde, beijando
a gata.
— Fratello, o que te traz aqui? — Dominic aparece na sala.
— Vim trazer Alicia, e ficar um pouco por aqui — respondo.
Ele assente e olha Alicia.
— As meninas estão na piscina. Manuela e Hannah também estão por lá
— avisa.
Vejo Demétrio entrar na sala e vir até nós.
— Vou para lá então. — Ela sorri e sai, após se despedir dos meus
irmãos.
Vejo Alicia andar naquele vestido justíssimo, e me lembro da noite
maravilhosa e gostosa que tivemos.
— Posso saber o que está acontecendo? — Demétrio me fita.
— Alguma coisa aconteceu. — Dominic me fita.
— Vamos para a área da piscina e lá eu converso com vocês. — Eles
assentem.
Andamos até a área da piscina, vejo dona Flor sentada na
espreguiçadeira conversando com minha mãe, numa área coberta. Vejo meu
pai na cozinha gourmet com Miguel segurando Sophie nos braços, Valentina
está na piscina com Lorena na parte rasa, com Manu e Hannah.
Ando com meus irmãos para uma área um pouco distante da piscina.
— Pedi Alicia em namoro — digo, vendo-a de longe, interagir com as
meninas.
— E como foi? Ela aceitou? — Dominic me olha.
— Depois de muita insistência minha, sim. — Suspiro aliviado.
— Olha cara, vê se dessa vez faz a coisa certa. — Demétrio me fita. —
Alicia merece ser feliz.
— Sim. E eu vou fazê-la feliz — respondo, com sinceridade. — Pedi
essa chance, uma fase de teste, para ela ver como vou me sair.
— Toma jeito dessa vez — Dom fala.
— Estou disposto a ficar somente com ela. — Eles assentem. — Eu a
amo. Nunca pensei que iria dizer isso um dia, mas eu a amo muito.
— Que bom, fratello. — Demétrio aperta meu ombro.
— Espero que fique tudo bem entre vocês. — Dom me olha. — Torço
muito para vocês ficarem juntos, assim também como nossos amigos e nossa
família. Alicia faz parte da família, e nossos pais a adoram demais.
Vejo-a de longe sorrindo, segurando Sophie nos braços. Vejo Clarisse ir
até ela, com uma caixa preta em mãos. Vejo sua reação surpresa ao pegar a
caixa, e logo fico em alerta. Vou até elas com meus irmãos ao meu lado.
— Tem certeza de que é para mim, Clarisse? — Alicia pergunta,
olhando a caixa.
— Tenho sim. Mandaram lhe entregar — Clarisse responde.
Alicia agradece com um sorriso e Clarisse se afasta, indo para dentro da
casa. Alicia abre a caixa, e tem uma linda pulseira com pedras lindas de
Quartzo rosa. Alicia pega o pequeno bilhete e lê.
— Não tem nome. — Ela nos olha.
— De novo, isso? — questiono-a. — A mesma coisa do buquê de flor?
— Sim. Sem identificação — responde. — Apenas: Feliz Aniversário,
Alicia.
— Não tem em mente quem seja? — Demétrio a olha.
— Não. — Alicia nega.
— Não é o Benjamin? — falo, escondendo meu ciúme, que falho com
sucesso.
Ela nega.
— Ele disse que não tinha por que me dar algo sem se identificar —
responde.
— Isso te assusta? — Me aproximo dela.
— De certa forma, sim. Não conheço essa pessoa que está me mandando
essas coisas. — Ela me olha.
— Então vou falar com Simon e Thomas, para te acompanhar onde você
for — aviso.
— Não precisa — ela diz.
— Dimitri tem razão, Alicia. — Dominic começa a falar. — Ninguém
sabe quem é essa pessoa, não sabe as intenções com você. Pode ser um
lunático.
— Acho que não. — Alicia me olha, atenta.
— São várias possibilidades, morena. — Ela assente. — Ninguém sabe
de nada, mas vamos ficar de olho. Meus seguranças estarão de prontidão para
você.
— Os nossos também. — Meus irmãos falam em uníssono.
— Quando um estiver ocupado, o outro vai estar disponível — Demétrio
diz, e eu assinto.
Alicia me olha e eu a puxo para um abraço, beijando sua cabeça.
Capítulo 20

Quando Dimitri disse que teria seguranças à minha disposição, não sabia
que estava falando tão sério, pensava que era coisa de momento, e que não
iria levar tão a sério o que ele mesmo disse, mero engano. Estou de pé, em
frente à casa da minha amiga, vendo Dimitri com as mãos nos bolsos, vestido
de terno com óculos de sol, encostado no seu esportivo preto, todo sexy e
gostoso, com mais dois carros com seguranças vestidos de ternos.
— Sério, Dimitri? — Cruzo os braços.
Dimitri desencosta do carro, vindo até mim, retirando seus óculos de sol,
me deixando de pernas bambas. Seus olhos azuis analisam meu corpo de
cima a baixo, parando um tempinho no meu pequeno decote da minha blusa
de seda e fita meus olhos, com um sorriso de lado, deixando-o mais lindo do
que já é. Merda! Bonito e gostoso desse jeito deveria ser um pecado.
— Bom dia, morena! — Puxa minha cintura e beija meus lábios.
Mal tenho tempo para racionar, quando Dimitri enfia sua língua me
dando um beijo delicioso, sem se importar com os seguranças presentes.
Puxo sua gravata retribuindo o beijo, ansiando mais por ele. Dimitri puxa
mais minha cintura, apertando-me, deixando nossos corpos mais colados do
que já estão. Dimitri morde meu lábio, me dá um selinho e fita meus olhos.
Ergue sua mão e afasta alguns fios de cabelo do meu rosto, balançados pelo
vento frio e forte.
— Como você está? Dormiu bem? — Acaricia meu rosto.
Assinto e solto sua gravata. Fito seus seguranças que estão alheios
olhando alguma casa e fito os olhos azuis de Dimitri.
— E esses seguranças, Dimitri? — Ergo a sobrancelha.
Dimitri revira os olhos.
— Eu falei sério a respeito deles, morena. — Me fita. — Sua segurança
está em primeiro lugar.
Bufo e reviro os olhos. Me afasto dele e ando em direção ao seu carro,
caríssimo. Escuto seus passos atrás de mim e entro, fechando a porta com
força. Coloco o cinto, vendo-o entrar no carro, todo elegante. Ele dá partida e
permaneço calada, com raiva.
— Não faz bico — diz, divertido.
O olho com raiva.
— Por quê?
— Está com raiva por causa dos seguranças? — Coloca sua mão em
minha coxa.
— Estou. Você sabe que eu não gosto disso. — Tiro sua mão da minha
coxa.
— Mas você gostando ou não, terá seguranças para onde você for. —
Põe sua mão de volta na minha coxa.
Viro meu rosto e fico calada o caminho todo, apenas o escutando
cantarolar uma música que toca no rádio e faz carinho em minha coxa com a
sua mão. O grande prédio da Vintage Essence logo aparece, retiro o cinto
segurando minha bolsa e abro a porta assim que Dimitri estaciona. Saio do
carro escutando Dimitri pedir para esperá-lo. Ignorando-o, subo os degraus
que levam até a grande porta de vidro.
— Ei! — Dimitri segura meu braço. — Me espera.
Giro meu corpo e fito seu rosto.
— Esperar para quê? — Cerro os olhos.
— Para entrar comigo. — Retira os óculos de sol, pendurando-o no
bolso do paletó. — Somos namorados, e quero andar ao seu lado, segurando
sua mão.
— Estamos em ambiente de trabalho. — Passo pelas portas de vidro,
acenando para os dois seguranças presentes. Ando até o elevador, sentindo a
mão de Dimitri na base da minha coluna.
— Mas isso não impediu a gente de fazer umas sacanagens na empresa
do Rio — sussurra em meu ouvido, me fazendo respirar fundo.
As portas do elevador se abrem e eu entro, Dimitri aperta o botão para
fechar as portas e me encosta na parede. Antes que eu fale qualquer coisa, ele
me beija. Puxa minha cintura, fazendo nossos corpos se colarem. Solto minha
bolsa no chão e o puxo para mais perto, enfiando minha língua em sua boca.
Dimitri levanta minha coxa, se esfregando em mim, enfiando sua mão por
dentro da minha saia, em direção à minha bunda.
— Dimitri... — sussurro em seus lábios.
Dimitri volta a me beijar com vontade, tirando todo meu fôlego e afundo
meus dedos em seus cabelos, gemendo baixinho em sua boca. Dimitri aperta
minha bunda e desfaz nosso beijo. Com a respiração ofegante, pego minha
bolsa do chão, vendo no painel que o elevador vai parar no meu andar.
Dimitri passa o seu polegar em meus lábios, limpando minha boca e fito os
seus, melados com o meu gloss.
— Bom trabalho, morena. — Dá um beijo casto, com um sorriso safado.
— Pense em mim.
— Digo o mesmo — sussurro, fitando seus olhos azuis.
— Eu sempre estou pensando em você, amor. — Olha meu decote e fita
meus olhos.
As portas do elevador se abrem e ele se afasta de mim, para eu passar.
Respiro fundo e saio do elevador com as pernas bambas. Viro-me e o vejo
com seu polegar em seus lábios, com um sorrisinho safado no rosto, e antes
das portas se fecharem, ele pisca o olho. Me encosto na parede, sentindo
minhas pernas bambas e meu coração acelerado.
— Minha nossa — murmuro, ofegante.

Após trabalhar muito, e não parar de pensar um minuto naquele beijo


ardente dentro do elevador, tiro um descanso de dez minutos em minha sala,
sozinha, para organizar meus pensamentos. Largo a caneta em cima da mesa
e me encosto na cadeira, colocando meus pés na mesa.
Dimitri está se esforçando muito, tenho que admitir. Não quero criar
esperanças, mas não vou mentir dizendo que ele não está tentando. Ele me
liga, manda mensagem, e vejo que não está saindo com ninguém, nem de
conversinha com alguma mulher. Ele está mais carinhoso e mais atencioso, e
estou amando, mas não vou admitir isso, porque o ego do homem é
gigantesco. Já imagino o sorrisinho cafajeste dele quando eu admitir isso para
ele. Canalha gostoso.
Meu celular vibra em cima da mesa, estico meu braço para pegá-lo,
vendo uma notificação com uma mensagem de Dimitri.
Dimitri: Você está na sua sala?
Eu: Sim. Por quê?
Dimitri: Vai chegar uma coisa para você.
Nem tenho tempo para responder, quando escuto baterem em minha
porta. Mando entrar e ajeito minha postura, vendo um homem passar por ela
com uma caixa na mão.
— Para a senhora. — Me entrega a caixa. — Em nome de Dimitri
D’Saints.
— Obrigada. — Agradeço com um sorriso e ele se retira.
Coloco-a em cima da mesa, desfaço o laço vermelho e abro a caixa,
vendo vários bombons e um bilhete dobrado. Pego o bilhete e leio.

Espero que goste dos bombons, morena.


Seu Dimitri.

Suspiro e abro um sorriso, vendo que o bilhete foi escrito por ele, porque
eu conheço essa letra e o seu cheiro está no papel. Pego um bombom, abro a
embalagem e levo o bombom até a boca, desfrutando do delicioso chocolate
trufado, que eu amo. Solto um gemido de satisfação, saboreando.
— Acertei, então. — Escuto a voz de Dimitri.
Levanto meu olhar, vendo-o parado com as mãos nos bolsos com um
sorriso nos lábios.
— É. — Sorrio.
Dimitri fecha a porta e vem até mim, se escora na mesa com as mãos
nos bolsos e me olha com um sorriso bonito.
— Eu sei que o seu favorito é trufado — comenta, me olhando. —
Todos aí são iguais.
— Obrigada. Vou até comer devagar, porque está gostoso. — Sorrio, um
pouco de boca cheia.
— Pode comer de uma vez. Comprarei mais. — Retira as mãos dos
bolsos, e acaricia meu rosto.
Engulo o chocolate vendo-o se agachar para ficar na minha altura.
Dimitri retira alguns fios de cabelo dos meus ombros, acompanhando o
movimento das mãos.
— O baile da empresa é em três dias. — Me fita. — Você vai comigo?
— O Benjamin tinha me convidado e eu aceitei. — O olho.
— Sim, eu sei. Mas ficará chato, não acha? Nós estamos namorando, e
ficará estranho você ir com ele.
Suspiro.
— Eu quero muito ir com você, e te assumir publicamente como minha
namorada. — Ele segura minhas mãos. — Entrar com você, te exibir como
minha namorada, minha parceira, alguém com quem quero casar, ter filhos...
Engulo em seco, sentindo meu coração acelerado.
— Fala com ele, e diz que vai comigo. — Seus olhos azuis me fitam.
— Vai ficar chato, Dimitri — murmuro. — Ele já tinha me convidado,
não posso fazer isso com ele três dias antes, só porque estamos namorando.
Eu o considero muito, e se eu fizer isso seria uma falta de consideração
enorme por ele.
— É sério isso? — Dimitri se levanta. — Cara, ele é apaixonado por
você!
— Mas eu não tenho culpa de nada. — Me levanto da cadeira.
— Então para de dar esperanças para ele! — Me olha, aflito.
— Eu não estou dando esperanças, Dimitri. Benjamin pode estar
gostando de mim além da amizade, mas eu não. Eu deixei isso claro, que não
estava pronta para um relacionamento — explico.
— Mas ele está determinado a te conquistar. — Passa a mão no rosto.
O vejo andar pela minha sala, pensativo.
— Está com medo dele conseguir? — O olho.
— Claro que estou! — Me fita. — Eu vacilei com você, errei diversas
vezes. Ele não. — Faz gestos com as mãos. — Benjamin é o tipo namorado
perfeito, que nunca errou e nunca vai errar.
— Você está com ciúme. — Sorrio, sentindo meu coração bater forte.
— Estou. Cazzo! — Passa a mão no rosto. — Porque eu tenho medo de
falar algo, e te machucar, fazer algo...
— O que exatamente? Sair com outra? — pergunto, receosa.
— Não, claro que não. Eu prometi a você que não iria sair com mais
ninguém, e eu vou cumprir essa promessa. — Um alívio percorre meu corpo.
— Estou falando de qualquer coisinha te machucar e você desistir de mim.
Eu sei que só faço merda, mas agora estou disposto a mudar. Mudar por você,
para você.
Sinto meus olhos marejados.
— Eu te amo, Alicia, e tenho medo de perder você para Benjamin ou
para qualquer outro homem. — Ele se aproxima de mim. — Porque ele e
qualquer outro homem vai fazer o que eu não fiz: te valorizar, te amar e te
respeitar. Porque você merece mais. E eu quero te dar mais, quero ser esse
homem para você. E ser fiel a você.
Ele fica diante de mim, e vejo desespero em seus olhos.
— Eu nunca amei alguém, nunca senti um sentimento tão forte, como
sinto por você. Me arrependo todo os dias pelo que te fiz passar. E quero me
redimir todos os dias te mimando, te amando e te respeitando. — Faz uma
pausa, ofegante. — Eu sei o que muitos falam: “Sortudo é o homem que terá
Alicia ao seu lado.” Porra, eu quero ser esse homem sortudo. Eu quero me
sentir sortudo por estar ao seu lado, Alicia.
— Dimitri, respira. — Peço, tocando seu rosto.
Ele fecha os olhos e beija minha mão, carinhosamente.
— Você não vai entender o tamanho do meu desespero. — Ele respira
fundo. — Mas será no seu tempo. E espero que um dia, você diga que me
ama de novo. E eu vou lutar com todas as armas que eu tenho, para você me
dizer essas três palavras.
Ele beija minha testa e sai da sala, me deixando tonta.

— Estou sabendo, hein. — Morgana sorri.


Dou um gole no café e a olho.
— Do quê? — pergunto.
Ela retira o celular do bolso e mexe nele. Me entrega o celular e arregalo
os olhos. Tem uma foto minha dormindo, tirada por Dimitri com a seguinte
legenda: O amor da minha vida, minha namorada.
— Desde quando essa foto está no feed do Instagram dele? — Devolvo
o celular.
— Desde ontem — responde, travando o celular.
Suspiro.
— Então você realmente está namorando o Dimitri? — Me olha.
— É. Ele me pediu em namoro, e eu aceitei — murmuro.
— E você está feliz? Ele está te fazendo feliz? — pergunta.
— Ele está se esforçando, Morgana. Mas não estou criando esperanças
com isso. — Ela assente. — Tenho que ver se ele realmente está disposto a
tudo
Vejo Benjamin vir em nossa direção, e fica diante de mim. Ele
cumprimenta Morgana e me fita.
— Alicia, eu posso falar com você? — pergunta.
Assinto e me levanto da cadeira, indo com ele para o corredor, em
direção aos elevadores. Benjamin para na minha frente e suspira.
— Eu vim conversar com você a respeito do baile. Acho que não faz
mais sentido irmos juntos, agora que está namorando o Dimitri. — Me olha.
— Desculpa, Ben. — Apoio minha mão em seu braço.
— Não se desculpe, Alicia. A gente não manda no coração. — Suspira.
— Eu realmente quis um relacionamento com você, queria te fazer esquecer
Dimitri, para você se apaixonar por mim. Porque Dimitri não te merece, você
merece alguém que te valorize.
— Dimitri está se esforçando — explico. — Está fazendo de tudo para
dar certo.
— Tem certeza, Alicia? — Assinto. — Não vou ficar aqui falando mal
dele. Se ele está tentando, bom pra vocês. Ele tem que lutar muito por você.
— Faz uma pausa. — Você está feliz?
Suspiro.
— Estou vendo que ele realmente está tentando, e isso me faz feliz —
respondo.
— Que bom, Alicia. — Ele sorri, fraco. — Espero que você seja feliz e
que ele te faça muito feliz. Espero que ele realmente mude por você. — Se
aproxima de mim e beija minha bochecha. — Não vou ser inimigo de
ninguém, mas quero realmente sua amizade.
— Sim. Você terá minha amizade. — Sorrio. — Obrigada Ben. Gosto
muito de você, mas...
— Seu coração já tem dono, e ele é de Dimitri. — Suspira. — No fundo
eu sabia que não iria conseguir te conquistar. Vejo como você o olha, e tinha
certeza de que você não olharia para mim da mesma forma. Mas eu tentei,
não é? Isso me deixa aliviado.
— Ben... — sussurro, triste.
— Não precisa ficar assim, Alicia. Se você está feliz, eu também estou.
Só quero que me dê um tempo para processar tudo isso. — Me fita, triste. —
Nutri sentimos a mais que amizade, e não quero atrapalhar ninguém. Vou
ficar um tempinho afastado, tenho férias para serem tiradas, e vou fazer uma
viagem. Já comuniquei aos meninos e ao RH, vou após o baile anual da
empresa.
Assinto, sentindo meu peito doer.
— Sinto muito, Ben — sussurro.
— Estou bem, Alicia. — Ele beija minha testa. — Se cuida. Depois eu
volto como seu amigo.
No fundo eu sei que amei Benjamin, não como amigo e nem da mesma
forma que amo Dimitri. E isso me machuca, porque eu feri alguém especial
demais, que merece uma pessoa extraordinária ao lado dele.
Capítulo 21

O cabeleireiro termina meu cabelo e o maquiador finaliza os últimos


detalhes da minha maquiagem. No meu cabelo pedi para colocar um aplique
para ficar maior e liso, na mesma cor que o meu, preto. A maquiagem está
bem pesada num dourado lindo finalizado com batom vermelho. Minhas
unhas pintadas de vermelho estão lindas, vão combinar perfeitamente com os
anéis dourados.
Após o pessoal se despedir de mim e das meninas, eles vão embora e
nos deixam livres para nos organizar para o baile anual da empresa. As
meninas vão para seus quartos, e eu vou para o meu. Olho o lindo vestido em
cima da cama e me lembro do conjunto lindo de diamantes da Cartier que
Dimitri me deu de presente de Natal no ano passado. Vou até o closet e pego
a caixa vermelha na ilha e abro, vendo o lindo conjunto de colar e brincos.
Começo a me trocar, pois enviei uma mensagem para Dimitri pedindo
para ele vir aqui, antes de ir. Ele não sabe que Benjamin não vai mais
comigo, então quero lhe fazer uma surpresa. Visto um shortinho de tecido
fino de cintura alta na cor vermelha, porque meu vestido é todo trabalhado na
transparência com flores rendadas enfeitando todo o vestido. E nos seios
visto um top sem alças na mesma cor que o shortinho. Escolho um salto
plataforma meia pata, altíssimo de salto fino, com amarração no tornozelo na
cor preta, para combinar com minha bolsa de mão.
Me olho no espelho, e me vejo extremamente sexy nesse vestido e esse
cabelão liso. Nossa, é maravilhoso me sentir sexy, gostosa e empoderada.
— Nossa. Que gostosa! — Pisco o olho, me olhando pelo espelho.
Sorrio sozinha, e escuto meu celular vibrar em cima da cama. Ando até a
cama e vejo uma mensagem de Dimitri.
Dimitri: Estou aqui embaixo.
Eu: Estou descendo.
Pego minha bolsa, me despeço de Serafina que está deitada na minha
cama e saio do meu quarto, indo até Dimitri.

Com as mãos nos bolsos, espero Alicia descer. Acho que ela nem está
pronta ainda, e Benjamin a qualquer momento vai chegar para buscá-la. Não
vou mentir que estou triste por ela não ir comigo. Queria muito exibi-la como
minha namorada, minha parceira. Mostrar que estou comprometido e que sou
apenas de uma mulher. Escuto zoada de saltos no piso sofisticado de madeira
da casa do meu irmão, vindo do primeiro andar, e giro meu corpo, no exato
momento em que uma rainha começa a descer as escadas.
— Puta merda! — sussurro, vidrado nela.
Desço meu olhar sentindo meu coração acelerado. O vestido com total
transparência deixa à mostra suas coxas grossas, sua barriga reta com a
cintura fina e os seios apertados pelo top, levantando-os. Seus cabelos estão
grandes e lisos, deixando-a mais sexy e tentadora. Ela tem um sorriso lindo
nos lábios, pintados de um vermelho vivo, que estão convidativos demais.
Minha nossa. Alicia está perfeita, linda demais.
Alicia desce as escadas e fica diante de mim. Porra! Ela está gostosa
demais. Um desejo insano de agarrá-la me bate, mas me contenho.
— Caralho! Você está gostosa demais. — A olho de cima a baixo. —
Minha nossa!
— Gostou? — Ela gira o corpo.
Um gemido abafado sai da minha garganta, vendo sua bunda naquele
shortinho curtinho, deixando-a empinada. Ela coloca seus cabelos para trás,
me deixando vê-la melhor. Ela finalmente está usando o conjunto de brinco e
colar que lhe dei no Natal, do ano passado.
Me aproximo dela, mordendo o lábio.
— Nem venha, senhor D’Saints. — Se afasta com um sorriso. — Temos
que ir a um baile. Não temos tempo para sacanagens.
Faço bico com carinha de pidão.
— Você está gostoso de smoking. — Me olha de cima a baixo.
— Estou? — Dou um sorriso.
— Demais. — Morde o lábio, me fazendo desejá-la ainda mais. — Mas
deixaremos isso para depois. — Se aproxima de mim. — Vamos?
Franzo a testa.
— Você está esperando o Benjamin — digo.
— Não. Não vou mais com o Benjamin. Depois eu explico. — Me olha.
— Então iremos juntos? — Sorrio, me aproximando dela.
— Sim, namorado. — Ela sorri, fazendo-me sorrir. — Vamos juntos.
Abro um grande sorriso e seguro sua mão. Meu irmão vem com minha
cunhada, prontos, após se despedir de Lorena, que ficará com Clarisse e
Sophie.
Conduzo Alicia até a SUV, entramos e fecho a porta. Pela janela fumê
do carro vejo meus irmãos entrando nos outros carros, junto com Hannah,
Miguel, dona Flor e meus pais.
Aperto o botão da divisória do carro que sobe para nos dar privacidade e
meu motorista dá partida. Me aproximo de Alicia, passando minha mão em
sua coxa. Ela ofega e me olha, cheia de desejo.
— Eu já disse que você está linda? — Me aproximo mais dela.
Alicia assente, mordendo o lábio. Olho seus lábios, e sinto uma vontade
enorme de beijá-los, que involuntariamente mordo o meu. Para a minha
surpresa, ela puxa minha nuca e me beija. Puxo sua cintura trazendo-a para
meu colo, ela sobe seu vestido para se sentar melhor em meu colo e puxa
meu corpo. Nosso beijo é delicioso, cheio de desejo e tesão. Meu pau pulsa
dentro da cueca para fodê-la aqui nesse carro. Todo o caminho foi assim, nos
beijando, famintos um pelo outro.
— Você se prepare, morena. — Mordo seu lábio. — Mais tarde vou te
pegar de jeito. Vamos foder muito, que você vai precisar de uma pomada de
assadura.
Sinto o carro parando, e pela janela com a película escura, vejo vários
fotógrafos esperando para sairmos, e tirar diversas fotos. Escuto Simon dizer
que após Manu e Demétrio saírem será a nossa vez. Alicia sai do meu colo e
se organiza. Vejo seu batom intacto, para o meu alívio.
Thomas, o meu outro segurança, sai do carro e abre a porta para
sairmos. Vou primeiro, e ajudo Alicia a descer do carro com seu salto enorme
e fino. Vários flashes caem sobre nós e passamos pelo mar de repórteres,
perguntando sobre nosso relacionamento, e eu apenas respondo:
— Eu e Alicia Albuquerque, estamos sim, namorando.
Thomas e Simon nos dão cobertura para entrarmos no evento, para o
tapete vermelho. Após várias fotos junto dela, que com certeza vão fazer
sucesso, entramos para dentro do evento.

O evento está uma maravilha, os meninos já fizeram o discurso, que foi


lindo e foram bastante aplaudidos. Eles presentearam alguns funcionários
com cargos maiores e importantes na empresa, e distribuíram presentes para
todos os funcionários. De longe eu vejo Benjamin conversando com alguns
funcionários, e ele me olha rapidamente e me dá um sorriso de canto. Não
nos falamos esses dias, nem o vi, na verdade. Me sinto culpada por ele ter se
apaixonado por mim. Eu realmente queria tentar algo com ele, mas nunca dei
esperanças. Benjamin é um rapaz tão bom e respeitador, que vi uma
oportunidade de tentar algo com ele, mas nunca cheguei a lhe dizer.
Entendo o porquê de Benjamin querer se afastar um pouco. Eu via seu
olhar direcionado a mim, e tinha certeza de que ele estava apaixonado, e tudo
que ele fez, me fez o amar. Eu amei dois homens? Sim, amei. De maneira
diferente, mas amei. Isso me faz ser o quê? Uma leviana? Uma puta? Não sei.
E acho que nunca vou saber. Amei o Benjamin e Dimitri ao mesmo tempo.
Benjamin sempre foi carinhoso, amoroso, sempre buscou de todas as
maneiras me fazer sorrir, me sentir amada. E eu amei um homem que nunca
beijei, que nunca transei. Sinto que ainda nutro sentimentos por ele, mas eu
tinha que escolher. Entre Benjamin e Dimitri, escolhi Dimitri, mais uma vez.
Desvio meu olhar do seu, e dou um gole no champanhe, tentando me
fazer esquecê-lo. Olho todo o espaço do evento, vendo o quanto está lindo,
muito bem decorado e organizado. Diversos empresários, famosos..., que são
clientes, estão presentes prestigiando o baile anual da empresa.
— Tem muita gente — Valentina comenta, comendo um aperitivo.
Assinto em concordância. Estou sentada com ela, Manu, tia Flor e
Hannah, tomando champanhe e comendo alguns aperitivos, enquanto os
meninos conversam com alguns clientes que circulam pelo salão.
— Acho que vou ao banheiro. — Elas assentem.
Pego minha bolsa e me levanto, indo em direção ao luxuoso banheiro.
Espero desocuparem um, e entro, faço meu xixi com calma, lavo minhas
mãos, e retoco meu batom.
Segurando minha bolsa eu saio do banheiro.
— Hum... Um Versace. — Escuto a voz de Francesca. Ela fica de frente
para mim, com um sorriso cínico. — Com que dinheiro você comprou esse
vestido?
Um rapaz passa com uma bandeja com taças de champanhe e me sirvo.
— Com o seu que não foi. — Dou um gole no champanhe.
— Aposto que foi meu priminho Dominic que pagou, ou a songa monga
da esposa dele. — Revira os olhos.
— Minha amiga não é nenhuma songa monga. E não foi nenhum dos
dois que pagou esse vestido. — A olho, com raiva.
Francesa sorri, e dá um gole no champanhe.
— Deixe-me adivinhar. — Faz uma cara pensativa, falsa. — Aposto
todo meu dinheiro que foi Dimitri. Com certeza foi ele. — Sorri, cínica. —
Você deu muito para ele te dar esse vestido, não foi? Pode me falar, ficará
entre nós duas.
— Por que você acha que eu tive que dormir com Dimitri, para ter um
vestido desses? — questiono.
— Porque uma pobretona da favela do Rio de Janeiro como você, com
certeza dormiu com ele para conseguir esse vestido caríssimo. — Me olha
com desdém.
Meu sangue ferve e seguro a taça de champanhe com força.
— Sua amiguinha sem sal foi esperta. Casou com um bilionário, fez
com que ele assumisse a pirralha e agora a vaca está riquíssima, sentando
num vaso sanitário de ouro. — Sorri sem humor. — Com uma conta
gordíssima. Teve sorte.
Um garçom passa com a bandeja vazia, coloco minha taça nela e me
aproximo de Francesca, que fica tensa.
— Olha aqui, sua vaca mal-amada. Quem você pensa que é para falar
essas merdas sem sentido? Eu fui para a cama com Dimitri, porque ele sabe
fazer gostoso, e não por uma merda de vestido. — Ela engole em seco. —
Vim do morro, sim, e me orgulho de não ter me misturado com quem não
deveria. E esse Versace lindíssimo que veste meu corpo perfeitamente, foi
comprado com meu dinheiro. — Bato de leve em meu peito. — Suei, batalhei
para ter meu dinheiro, e me dar o luxo de vestir uma marca de grife. Porque
eu sou independente, eu vivo do meu dinheiro.
Francesca fica tensa, e pálida.
— Não venha falar merdas para mim. Você nem me conhece. Eu não
sou você, que sai com empresário em troca de bens materiais. — Ela fica
vermelha. — E você lave a boca para falar da minha amiga, porque Valentina
não é interesseira, você não conhece a história dela e do marido, para falar
que ela foi esperta em fisgar o bilionário. Você deve falar essas merdas,
porque você faz isso, não é? — Me aproximo dela. — Pode me falar, ficará
entre nós duas.
— Eu não saio com ninguém em troca de nada — rebate, nervosa.
— Ah, não? E aquele carrão que você tem? Não me diga que você é o
velho rico da lancha, amor, porque você não é. Seus pais nem te dão mais
dinheiro, você não tem onde cair morta, Francesa. — Dou um sorriso, vendo-
a trincar os dentes com raiva.
— Você fique longe do Dimitri. — Dá um passo à frente.
— Senão o que, Francesca? — A fito, sem me intimidar.
— Não será nada legal para você. — Dá um sorriso cínico. — Fique
longe dele, estou avisando. Termine esse namoro idiota, e se afaste dele.
Gargalho vendo Francesca incomodada.
— Se me der licença, vou falar com meu namorado. Passar bem.
Francesca.
Dou-lhe as costas, vendo Dimitri falar com alguém de longe e me olhar.
Olho o perfil do homem e ele não me é estranho, sinto que o conheço de
algum lugar. Dimitri franze a testa, se despede do homem e vem até mim,
todo gostoso, vestido nesse smoking maravilhoso.
— O que foi, morena? — Me analisa. — Que cara é essa?
— A sua prima é uma insuportável. — Trinco os dentes. — Disse que
eu dormi com você para conseguir esse vestido. Acredita?
— Não liga para o que ela fala. — Se aproxima e beija meus lábios. —
Ela está com inveja. Francesca faz isso para irritar, esquece ela.
Suspiro.
— Quero te apresentar a uma pessoa. — Me olha.
Abro um largo sorriso, feliz por essa atitude.
— E quem é? — pergunto, curiosa.
— É Sebastian, um novo cliente que está ansioso para comprar alguns
perfumes, e alguns exclusivos, é claro. — Dimitri sorri, apoia sua mão na
base da minha coluna e anda comigo pelo meio das pessoas, e para, olhando
para os lados.
— O que foi? — O olho.
— Sebastian estava aqui há poucos segundos. Você me viu falando com
ele. — Franze a testa. — Eu disse que iria te chamar para te apresentar a ele,
e ele concordou em esperar. Estava até ansioso para te conhecer.
— Ah, acho que ele foi fazer alguma coisa. — Dou de ombros. —
Depois você me apresenta a ele.
Dimitri assente.
— Vem, vou te apresentar a outras pessoas. — Segura minha mão.
Andamos pelas pessoas até ver Valentina vindo até nós, com pressa.
— O que foi? Algum problema? — Dimitri pergunta.
Ela faz uma pausa, ofegante, tentando recuperar o fôlego.
— A bolsa de Manuela estourou.
Capítulo 22

Corremos entre as pessoas até ver Demétrio segurando Manuela pela


cintura, levando-a até a saída de emergência, onde o carro com os seguranças
já está esperando. Dominic aparece e os seguimos. Os meninos ajudam
Manu, e entramos no carro para irmos até o hospital.
— A bolsa do bebê? — pergunto a Valentina.
— Demétrio me disse que anda com ela para todo lugar — responde,
mexendo no celular, apressada.
Passa a mão na nuca, preocupada e logo chegamos no hospital. Os
meninos vão ajudar Manu a sair do carro, e eu corro para dentro do hospital.
— Gente, minha amiga está entrando em trabalho de parto — falo,
apressada.
Enfermeiros aparecem com uma maca e correm até o carro, que está em
frente à entrada do hospital. Eles a colocam Manu na maca, Valentina corre
até o carro para pegar a bolsa.
— Alicia, liga para a médica de Manuela. — Demétrio grita, ao entrar
no hospital.
Retiro meu celular da bolsa entrando com o pessoal no elevador e ligo
para a médica, que me atende no terceiro toque.
— Boa noite. Quem é?
— Boa noite! É Alicia Albuquerque, amiga de Manuela D’Saints. Ela
está em trabalho de parto. Acabamos de chegar no hospital.
— Me passe o endereço por mensagem. Chego em poucos minutos.
Desligo o telefone e envio a localização para ela. Saímos do elevador e
vamos até à sala de espera. Sento-me no canto, e cruzo a perna, ansiosa.
Balanço meu pé, vendo Dimitri falar ao telefone e abrir os botões do paletó
do smoking. Valentina está falando ao telefone com Clarisse para saber das
meninas, e avisar que Hannah, tia Flor e Miguel foram para casa, ficar com
elas, pois já são três horas da manhã.
Dimitri desliga o telefone e vem até mim, colocando o telefone no bolso.
Ele retira o paletó do smoking e se senta ao meu lado.
— Deixe-me colocar em você.
Assinto e o deixo colocar em meus ombros e me ajuda a vesti-lo.
— Por quê? — O olho.
— Além de todos aqui estarem olhando para você, está frio — murmura.
— Com ciúmes? — Sorrio.
— Claro!
— Mas o vestido nem é tão chamativo. — Brinco, batendo meu braço
no seu.
— Ah, não é? Só mostra praticamente todo seu corpo — resmunga, com
ciúmes. — Odeio quem fica te cobiçando.
— Deixa de ciúme. — Sorrio.
Dimitri puxa minha nuca, para me dar um beijo singelo nos lábios. Se
encosta na cadeira, e me puxa para me deitar em seu peito, fazendo um
carinho em meu cabelo. Minutos depois a médica de Manuela passa correndo
pelo corredor, indo em direção à sala onde Manuela está com Demétrio.
Valentina se senta na minha frente, com Dom ao seu lado, lhe fazendo
carinho, enquanto todos nós esperamos.
— Vocês não querem ir para casa? — Dom olha para mim e Valentina.
— Está tarde, vocês estão cansadas.
— Manu não vai se importar de vocês irem embora — Dimitri reforça.
— Não. Eu vou ficar — respondo.
— Eu também vou ficar aqui — minha amiga responde.
Dimitri e Dom assentem.
— Então vou pegar café para nós. — Dimitri olha para o seu irmão. —
Vamos comigo?
— Claro. — Dom assente.
Eles saem nos deixando sozinhas, e Valentina se senta ao meu lado.
Meu celular vibra dentro da bolsa e retiro, vendo o nome de Miguel na tela.
— E aí, Alessandro já nasceu?
— Nada. A médica chegou há poucos minutos. Estamos aqui esperando.
— Amiga, pergunta da Lorena. — Valentina pede.
— Lorena e o pessoal já dormiu?
— Ela e Sophie já estão no décimo sono, não se preocupem. Clarisse
está dormindo também, quando chegamos já estavam dormindo.
— Tá bem! Qualquer coisa a gente te liga.
— Douglas e Mila falaram alguma coisa já?
— Não sei se alguém já avisou, mas vou perguntar.
— Tá ok. Me liga se precisar de algo.
Me despeço, vendo Dimitri vir com Dominic com copos térmicos com
café. Dimitri me entrega um e se senta ao meu lado.
— Os pais de Manu já sabem? — pergunto.
— Liguei para eles, e já avisaram que vão pegar o primeiro voo com
Douglas, Mila e Henrique — Dominic informa.
Assinto e mexo minhas pernas, ansiosa e preocupada. Horas se passam,
vemos o sol nascer, quando Demétrio chega na sala, com um sorriso grande
nos lábios e o queixo trêmulo.
— Alessandro nasceu.

Depois de muito tempo, liberaram nossa entrada no quarto de Manu, que


está deitada na cama, ao lado da caminha que Alessandro está deitado,
dormindo tranquilamente. Após cumprimentar Manu, vou até Alessandro,
para vê-lo melhor.
— Ele é muito lindo — sussurro, com um sorriso.
Alessandro se mexe, sonolento.
— Ele está igualzinho ao Demétrio — Michele comenta, sorrindo. — É
Demétrio todinho. Meu segundo netinho.
— E como você está se sentindo? — Valentina pergunta a Manu.
— Muito bem! — Manu sorri. — Alguém falou com meus pais e meu
irmão?
— Eu falei. A essa hora já devem estar a caminho — Dominic informa.
Manuela agradece e olha seu filho.
— Melhor vocês irem para casa. — Demétrio nos olha. — Precisam
descansar, já amanheceu.
— Tudo bem. Mas qualquer coisa vocês liguem, hein — Nathaniel fala.
— Pode deixar. Creio que nada vá acontecer, é só aguardar para eles
terem alta e irmos para casa — Demétrio diz.
Após nos despedirmos, saímos do hospital indo diretamente para o
carro. No carro mesmo, retiro meus saltos e Dimitri tira sua gravata
borboleta, abrindo os primeiros botões da sua camisa.
— Nossa, estou tão cansada. — Suspiro, me encostando no banco.
Ele assente, abrindo as abotoaduras.
— Posso dormir com você? — Me olha, e eu assinto. — Do jeito que
estou, nem consigo atravessar até minha casa, para dormir. — Sorrimos.

Me espreguiço na cama, bocejando, sentindo-me ainda um pouco


cansada. Olho para o lado, vendo Dimitri dormir tranquilamente de barriga
para baixo com o rosto virado para mim. Escuto batidas de leve na porta, e
me levanto sem acordá-lo, ando até a porta e vejo Valentina.
— Oi, não queria incomodar, mas o almoço tá quase pronto. — Assinto.
Assinto, esfregando o olho direito com meus dedos.
— Vou acordar Dimitri e já vamos descer. — Ela assente e se retira.
Fecho a porta e ando até Dimitri, me deitando ao seu lado. Faço um
carinho em sua barba clarinha, fazendo-o despertar aos poucos. Dimitri abre
os olhos, sonolento, e seus olhos estão tão azuis e intensos, que faz meu
coração acelerar.
— Hora de acordar. Valentina veio aqui para dizer que o almoço já está
quase pronto.
— Hum... Não posso cochilar mais um pouquinho? — Faz um bico
sexy.
— Não. Temos que almoçar. — Faço carinho em seu cabelo.
Ele fecha os olhos, sonolento.
— Dimi. — O chamo.
— Hum... — murmura de olhos fechados.
— Hora de acordar. — Beijo seu nariz.
— Então pare de mexer em meus cabelos, senão vou dormir de novo —
sussurra.
Me sento na cama e retiro o lençol, vendo-o totalmente pelado. Olho sua
bundinha sexy e definida. Ainda vou achar algo feio nele, tenho certeza de
que vou achar, porque não é possível. Até a bunda desse homem é bonita.
— Você dormiu pelado? — O olho.
— Uhum — murmura.
— Que safado! — Dimitri abre um sorriso de lado, ainda de olhos
fechados.
Me levanto da cama, retiro a minha camisola e sigo para o box. Tomo
um banho de cabeça, refrescando-me, e despertando aos poucos. Giro meu
corpo vendo Dimitri vindo nu até mim, abre o box e o fecha atrás de si. Seu
olhar desce pelo meu corpo, e vejo seu pau duro, apontado para mim. Ele se
aproxima, me encostando no azulejo frio da parede e ataca minha boca. Mal
tenho tempo de racionar, quando ele me pega nos braços, fazendo-me cruzar
as pernas em seu quadril.
— Será que temos alguns minutinhos antes de descermos? — Morde
meu lábio. — Estou louco para entrar em você.
— Com certeza — respondo, sentindo-o entrar dentro de mim, me
preenchendo.

Descemos as escadas, vendo Mila conversar com Michele, e Douglas


com Henrique nos braços. Ao nos ver eles sorriem e veem até nós, nos
cumprimentar.
Beijo a cabeça de Henrique.
— Ele está bem grandinho. — Faço cócegas nele, que gargalha.
Ele estica os bracinhos e vem para meus braços, mexendo em meus
cabelos. Cheiro seu pescoço, fazendo-o sorrir.
— Cadê Hector e Karen? — Dimitri pergunta.
— Foram ao hospital ver Manuela — Douglas responde.
Saio de perto deles, com Henrique nos braços, indo em direção ao
jardim. Vejo Lorena na piscina de criança, com Valentina de olho nela,
conversando com a tia Flor.
— Já viram esse homenzinho lindo? — Me aproximo delas.
— Ele está bem grandinho. — Tia Flor sorri. — Bem safado ele.
Risonho demais.
— Né. — Sorrio, balando meu braço.
— Henrique vai brincar muito comigo. — Lorena sorri.
— Ainda vai demorar um pouquinho — diz Valentina.
Ando com Henrique em meus braços e volto para dentro de casa, vendo
Dimitri caminhando até onde estou. Ele sorri para mim e olha Henrique.
— Você gosta de crianças, não é? — Coloca meus cabelos para trás.
— É. Eu gosto muito. — Sorrio, olhando Henrique brincando com meu
colar. — Acho que serei uma ótima mãe.

A porta da casa de Dominic é aberta, e os pais de Manu passam por ela e


logo Manu passa acompanhada de Demétrio.
— Olha quem chegou. — Valentina se anima.
Hector segura Alessandro nos braços, e Karen a bolsa grande da
maternidade. Demétrio ajuda Manuela a se sentar no sofá, e Hector se senta
ao lado, com Alessandro chorando em seus braços.
— Meu priminho chegou! — Escuto Lorena gritar.
Giro meu corpo, vendo-a correr pela sala, toda animada.
— Ei, filha, calminha aí. — Dominic segura seu braço. — Precisa lavar
as mãozinhas para pegar no Alessandro.
— Ah, papai, eu quero ver meu priminho. — Lorena faz bico.
— Primeiro vamos lavar as mãos, para você se aproximar dele —
Dominic fala.
Segurando o braço da minha sobrinha ele anda até o corredor, indo para
o banheiro social. Valentina entra com tia Flor, e Hannah com Sophie nos
braços, que vem cumprimentar o mais novo membro da família D’Saints.
Capítulo 23

— Dimitri, precisamos ir trabalhar — sussurro.


— Temos alguns minutinhos ainda. — Mordisca minha orelha.
Solto um gemido, sentindo sua ereção na minha bunda.
— Eu tenho que agilizar algumas coisas. — Solto um gemido baixo.
— Vai dar tempo. — Beija meu ombro, apertando meus seios. —
Vamos brincar um pouquinho.
Estico meu braço pegando meu celular na mesinha de cabeceira vendo
que estamos atrasados. Me levanto da cama de vez, fazendo Dimitri
resmungar.
— Estamos atrasados. — Corro para o banheiro e tranco a porta.
Faço minha higiene e corro para o banho. Após tomar meu banho, me
enrolo na toalha, abro a porta e vejo um deus grego com o antebraço apoiado
no batente da porta, completamente nu, de pau duro, olhar intenso, e um
biquinho bem sexy. Minha periquita bate palmas, quando desço meu olhar
vendo esse monumento todo na minha frente. Seus cabelos estão bagunçados,
a carinha de sono e seus olhos azuis me olham intensamente, me fazendo
desejá-lo ainda mais.
— Por que trancou a porta? — Fez bico. — Queria tomar banho com
você.
— Iríamos fazer outra coisa, além do banho. — Passo por ele.
— Mas essa era a ideia. — Ele abraça minha cintura, encostando seu
corpo no meu.
— Dimitri... — sussurro, esfregando minha bunda nele.
Dimitri puxa minha toalha, me deixando totalmente nua. Gira meu
corpo, segura meu braço, me levando até a cama. Antes que eu possa
raciocinar, ele me coloca de quatro e sinto sua língua na minha boceta. Solto
um gemido baixo, agarrando-me nos lençóis, sentindo a língua quentinha de
Dimitri me dar prazer. Esfrego-me em sua cara, pedindo por mais e ele me dá
o que peço. Sinto seu dedo dentro de mim e gemo alto quando ele atinge meu
ponto G.
— Está gostoso? — pergunta, enfiando o dedo dentro de mim.
— Ah, Dimitri... não para. — Imploro, rebolando em seus dedos.
Escuto seu rosnado, e ele para seus movimentos. Choramingo e solto um
gemido alto, quando ele me penetra de vez com seu pau.
— Ah, caralho! — fala entredentes. — Porra, Alicia! Que gostosa.
Rebolo em seu pau, sentindo-o ir mais fundo em mim. Ele se inclina
pegando meus punhos e os segura na base da minha coluna e começa a me
estocar com força, batendo suas bolas em minha boceta. Sua pélvis bate com
força em minha bunda, indo fundo e rápido demais, me fazendo gozar
gostoso, deixando minha visão turva.
— Nossa... Ai, Dimitri. — Choramingo.
Dimitri solta meus pulsos e segura forte meu quadril, bombeando forte.
Afundo meu rosto na colcha, abafando meus gemidos, sentindo meu coração
acelerado demais. Empurro-o com minha bunda, fazendo-o sair de dentro de
mim. Ele faz menção de falar, o puxo pelo braço, fazendo-o se deitar na cama
e subo nele, colocando-o dentro de mim. Solto um gemido, sentindo Dimitri
totalmente dentro de mim. Apoio minhas mãos em seu peito e começo a
cavalgá-lo, com força e rapidez. Dimitri joga a cabeça para trás, afundando
seus dedos em minha bunda, trincando os dentes.
Ele levanta a cabeça me fitando com seus olhos azuis, mordendo o lábio.
Jogo a cabeça para trás, gemendo alto, gozando. Respiro ofegante, sentindo
as mãos de Dimitri segurarem meus seios, brincando com meus mamilos, me
estimulando.
— Gostosa demais, cazzo! — Rosna. — Eu já vou gozar. Merda!
— Não segura. — Peço, ofegante. — Goza, Dimitri!
E é o que ele faz, goza gostoso dentro de mim.
Descemos as escadas, nos abraçando e sorrindo, como um casal super
apaixonado, indo em direção à cozinha. Ao chegarmos meu sorriso morre ao
ver Francesca sentada no banco, com uma camisola totalmente transparente.
— Você não tem vergonha na cara, não? — Cruzo os braços.
Ela chupa os dedos, sensualizando, olhando para Dimitri. Um ciúme me
corrói por completo.
— O que foi? — pergunta, cínica.
— Você usando esse tipo de roupa na casa do meu namorado. — Me
aproximo dela. — Trate de usar outras roupas, porque eu não vou aceitar
você andando nua na frente do meu namorado, como se fosse algo normal.
— Eu não estou nua. — Dá de ombros.
— Ah, não? Seus peitos totalmente à mostra e essa calcinha toda de
renda, é o que? — Fico de frente para ela.
— Eu não vou mudar minhas roupas porque você quer, queridinha. —
Revira os olhos.
— Não vai, não? — Cerro os olhos.
Ela nega com a cabeça e sorri. Ando até o armário e pego uma tesoura, e
saio da cozinha andando em direção ao quarto dela, no corredor. Abro a porta
de vez, e vou em direção ao closet, escutando os gritos dela atrás de mim.
Abro as gavetas e procuro suas lingeries, e começo a cortá-las ao meio,
impossibilitando-as de serem usadas novamente.
— Sua louca! — Grita, descontrolada. — Minhas roupas!
Sorrio e continuo cortando todas as suas lingeries; calcinhas, sutiãs,
camisolas...
— Sai daí. — Vem para cima de mim.
Me levanto de vez, apontando a tesoura para ela.
— Fica aí, ou enfio essa tesoura em você. — Rosno, puta de raiva. —
Fique aí.
Ela para onde está e me olha, com muita raiva. Me ajoelho no chão e
volto a cortar suas roupas. Quando termino, me levanto do chão e a olho.
— Vê se agora, compra roupas decentes. — Passo por ela, girando a
tesoura em meus dedos.
— Você me paga sua vagabunda. — Escuto-a falar, antes de sair do seu
quarto.

— Para que esse bico? — A olho, com um sorriso de canto.


Alicia me olha de soslaio e viro o rosto, olhando a janela do carro.
— Não quero Francesca usando aquele tipo de roupa mais — diz, firme.
— Não vou aceitar, Dimitri.
— Mas eu já falei a você, amor. Já disse que falei com ela a respeito
disso. — Seguro sua mão. — Só que eu não posso fazer nada. Você sabe que
eu só a aceito na minha casa, em consideração aos meus tios.
— Tá, Dimitri. Mas estou avisando, se ela voltar a usar aquele tipo de
roupa, eu não respondo por mim — fala.
Thomas estaciona o carro, e Alicia sai, sem me esperar. Saio logo em
seguida, tentando acompanhar seus passos. Seguro seu braço no meio dos
degraus fazendo-a me olhar.
— É sério que vai ficar assim? — Desço mais um degrau, para ficar à
sua altura. Minha morena é baixinha. — Eu não tenho culpa!
— Tá, Dimitri. — Bufa, e sobe mais um degrau.
Seguro seu braço, impedindo-a de ir.
— Eu não vou permitir que isso nos afaste, Alicia — digo sério. — Não
vou mesmo. Esquece Francesca, deixe pra lá, você sabe que ela só quer te
irritar.
— É fácil você falar, porque você não vê com clareza essa situação. —
Vira o rosto.
— Me explica. Me explica, morena, porque não estou entendendo
absolutamente nada. — Peço, angustiado.
— Você não enxerga que ela te ama? — Me fita.
— Me ama? — Sorrio, sem humor. — Aquela sucuri não ama nem a si
mesma, quem dirá a mim.
— Você não leva a sério o que estou falando. — Vira o rosto, fugando.
— Ei. — Seguro seu queixo, fazendo-a me olhar. — Não faz isso. Você
sabe que a única mulher com quem eu quero ficar, é só você, morena. — Me
aproximo mais dela, segurando sua cintura. — Eu amo você, Alicia! E não
importa quais são os sentimentos dela por mim, não é recíproco.
Ela fica calada me olhando.
— Não fica assim, tá bom? — Ela assente. — Agora me dá um beijo.
Alicia envolve seus braços em meu pescoço, se aproximando de mim.
Beijo seus lábios lentamente, com paixão e todo meu amor.

Num site de fofoca circulam fotos minha e de Alicia, de hoje mais cedo,
nos degraus da empresa nos beijando, com o seguinte título: O amor está no
ar. Hoje foi visto um dos casais mais queridos de Paris. Alicia Albuquerque e
Dimitri D’Saints foram vistos aos beijos nos degraus da empresa Vintage
Essence. Que beijo foi esse?
Sorrio, vendo como ficamos bem nas fotos em diversos ângulos.
Recolho alguns papéis em cima da mesa, quando escuto o telefone da sala
tocar.
— Oi, Morgana.
— Dimitri, Sebastian Torres está aqui e deseja falar com você.
— Pode mandá-lo entrar.
Finalizo a ligação, e não demora muito até Sebastian entrar, vestido de
terno, todo elegante. Me levanto com um sorriso nos lábios.
— Olá, Sebastian. Como vai? — Aperto sua mão.
— Vou bem, Dimitri — fala em italiano. — Me desculpe por ter ido
embora do baile anual, recebi uma mensagem importante, e tive que sair.
Aponto para a cadeira, e ele se acomoda. Contorno a mesa e sento-me na
minha cadeira, apoiando minhas mãos sobre a mesa.
— Eu te procurei. Minha namorada estava ansiosa para te conhecer —
digo.
— Alicia, não é? — Assinto. — Deve ser gente boa, para você querer
me apresentá-la.
— É sim. O amor da minha vida. — Sorrio, feliz. — Estávamos
passando por um tempo ruim, e agora aos poucos estamos construindo nossa
relação.
— Fico feliz. Vocês formam um belo casal — ele diz, e vejo sinceridade
em seus olhos.
— Obrigado. — Faço uma pausa. — O que te traz aqui?
— Eu... — Somos interrompidos, por Morgana que entra na minha sala
de uma vez.
— Morgana, você sabe que odeio ser interrompido... — Me interrompe.
— Dimitri, você não vai gostar nada disso. — Vem até a mesa,
completamente nervosa. — Me desculpe interromper, você sabe que eu não
sou disso. — Me entrega o iPad. — Mas isso aqui é muito mais importante.
Pego o iPad de sua mão, achando sua reação totalmente estranha e
preocupante, mas quando vejo o que se passa na tela do iPad, meu coração
gela e minhas mãos ficam trêmulas, minha boca fica seca, e eu só consigo
pensar em Alicia.
— O que foi, Dimitri? Você está pálido. — Sebastian me fita, aflito. —
Alguma coisa aconteceu com a... Alicia?

Verifico a hora em meu relógio de pulso, vendo que tenho vinte minutos
de intervalo. Dá tempo de fazer um xixi rápido e comprar uma garrafinha de
suco na copa, para esperar até o almoço. Pego meu celular e saio da minha
sala, acenando para Morgana, que está ao telefone. Ela devolve o aceno com
um sorriso e sigo para o banheiro, faço meu xixi e vou para o elevador para
subir até a copa.
Passo direto para comprar o suco, sentindo olhares estranhos sobre mim.
Franzo a testa, mas não dou importância. Retiro meu cartão e passo na
maquineta, fazendo o pagamento. O rapaz agradece e ando pela copa,
sentindo vários olhares direcionados para mim, todos com os celulares na
mão.
Uma mulher para na minha frente, me olhando de cima a baixo, com o
celular na mão.
— Você não tem vergonha na cara, não? — Me fita.
— Do que você está falando? — Franzo a testa.
— Você é mesmo uma interesseira. Um oportunista, vagabunda! — Me
olha com um sorriso cínico.
— Olha, não sei o que está acontecendo, mas eu exijo respeito. —
Aponto para ela, sem me importar que estamos tomando a atenção de todos.
— Você exigindo respeito? — Ela solta uma gargalhada, que me
incomoda. — Você deveria ter vergonha de ir para a cama com o chefe.
Abro a boca para rebatê-la, mas sou impedida quando ela estende seu
telefone para que eu veja. Pego o telefone de sua mão, e quando vejo o que
tem na tela, um soluço escapa dos meus lábios. O vídeo mostra um momento
íntimo e explícito meu e de Dimitri em seu quarto. O vídeo tem duração de
dez minutos, e passa diversas cenas, momentos nossos, que deveriam ser
apenas nosso. O vídeo mostra explicitamente meu corpo nu, toda minha
nudez. Sinto lágrimas ao ver o título: Olha como ela conseguiu o emprego na
empresa dos irmãos D’Saints. É mesmo uma vagabunda.
Olho para a mulher, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Minha
visão está totalmente embaçada, mas consigo ver os olhares sobre mim,
escuto alguns risos de deboche, e olhares de pena. Estou me sentindo tão
vulnerável, sem chão, em pânico. Solto soluços sôfregos, sabendo que um
vídeo íntimo meu está circulando por toda empresa. Todos viram. Alguns
estão rindo de mim, outros com pena. Todos viram meu corpo, minha
intimidade, meu momento. Violaram minha intimidade. Me sinto perdida.
Minha cabeça gira em trezentos e sessenta graus.
— Você deveria pedir demissão e ir embora de volta para o Brasil. Seu
lugar não é aqui — a mulher fala, enojada.
— E-eu n-não... — Um soluço escapa da minha boca.
— Alicia! — Escuto alguém falar.
Viro meu rosto vendo Benjamin vindo apressado até mim.
— Ben... — Eu choro, soluçando. — V-você viu?
Ele me olha com pena e assente.
— Ai, meu Deus! — Coloco minhas mãos no rosto, chorando
descontrolada.
Sinto seus braços me abraçarem, quando escuto um berro no meio da
copa.
— EU QUERO ESSA MERDA FORA DO CELULAR DE TODO
MUNDO, AGORA!
Levanto meu rosto, vendo Dimitri vindo em minha direção, totalmente
transtornado, fora de si. Me puxa dos braços de Benjamin, abraço sua cintura,
e choro dolorosamente.
— Quero saber quem compartilhou essa merda! — Dimitri grita.
Vejo Morgana chorando quieta e se aproxima de mim. Dimitri aproveita
que eu me afasto e pega o celular da minha mão.
— De quem é essa merda de telefone? — Dimitri olha todo mundo
sério.
— Meu, senhor. — A mulher que me ofendeu responde, mansa.
— Ah, é seu? — Dimitri sorri, sem humor. Totalmente frio. — Como
conseguiu esse vídeo?
A mulher fica muda.
— Bora! Responda! — Dimitri exige. — Porque isso é um momento
íntimo meu com minha namorada, que foi violado. Sabe que você pode ser
processada, não é?
— Mas não é apenas eu que tenho esse vídeo. Toda empresa recebeu,
está circulando em todos os celulares — a mulher responde.
— De onde veio esse caralho? — Dimitri a olha, furioso.
— Veio de um site de fofoca. — A mulher o olha.
— Você compartilhou isso? — Dimitri mostra o telefone. A mulher
nega rapidamente. — Se eu souber, saiba que será processada. — Dimitri gira
seu corpo, fitando todos na copa. — Isso serve para todos vocês. Se eu souber
que alguém aqui compartilhou esse vídeo, além de receber a demissão na
mesa de vocês, também serão processados. Estou avisando.
Morgana me aperta a ela, e eu choro silenciosamente.
— O QUE TEM ESSA PORRA DE VÍDEO? — Dimitri grita. — É um
vídeo íntimo com minha namorada. Minha. Namorada. Um momento que
deveria ser apenas nosso, todos estão vendo e rindo da cara dela. Vocês são
tão cruéis, tão desumanos. Vocês deveriam acolhê-la, e não ficar rindo dela.
Porque tudo que eu fiz com ela, vocês fazem com outras pessoas. — Dimitri
berra, para todos escutarem.
Vejo Dominic e Demétrio chegando na copa, transtornados, vindo até
nós. Meu namorado fita o advogado da empresa.
— Benjamin, eu quero que resolva isso. — Benjamin assente. — Quero
uma ordem para ontem para tirar esse vídeo do ar, e processar todas as
pessoas envolvidas. Tanto o proprietário do vídeo, quanto as pessoas que
compartilharam.
— Farei agora mesmo. — Benjamin sai da copa correndo.
— Eu quero ir embora — sussurro, chorando.
Dimitri me olha, com os olhos marejados e vem até mim.
— Vamos, amor. — Me abraça e anda comigo.
Capítulo 24

Abraço Alicia andando ao seu lado, saindo do elevador. No elevador ao


lado vejo meus irmãos saírem apressados. Alicia segura meu paletó, andando
rápido comigo, com lágrimas escorrendo em seu rosto.
— Mas que merda está acontecendo? — Demétrio pergunta,
acompanhando meus passos.
— Vazou um vídeo meu com Alicia — respondo, irritado. — Um
momento íntimo, porra!
— Ma che cazzo! [xiii]— Dominic xinga alto.
Vejo Thomas e Simon vindo em nossa direção. Explico toda a situação a
eles, e vejo vários repórteres na frente da empresa, querendo entrar, mas os
seguranças do prédio impedem.
— Merda! — resmungo.
— Dimitri, eu não quero passar na frente deles. — Alicia me olha, com
os olhos vermelhos.
Beijo sua testa e assinto.
— Levarei o carro para a saída de emergência — Simon avisa e se retira.
— Eu vou chamar a atenção deles. — Dom me olha. — Vou dizer que
vocês não vão sair agora... enfim, eu vejo o que vou falar para ganhar tempo,
até vocês irem embora. Falarei com as relações públicas, para ver o que
deverá ser feito.
— Valeu, fratello. — Ele assente apertando meu ombro.
— As coisas dela. — Morgana aparece, segurando a bolsa de Alicia.
Agradeço pegando de sua mão, saio com Alicia ainda abraçada em
minha cintura, escondendo o rosto, ainda chorando. Demétrio nos acompanha
até a saída de emergência, junto com Thomas que faz a segurança. Abro a
porta, vendo a SUV próxima de nós e Demétrio se apressa ao abrir a porta.
— Vão! — fala, apressado.
Alicia entra primeiro no carro e entro em seguida. Thomas toma seu
lugar na frente, ao lado de Simon que dá partida no carro. Alicia desaba em
meus braços e eu a abraço forte.
— Calma, amor. Eu vou tirar esse vídeo da internet — sussurro, em seu
ouvido.

Simon estaciona em frente à casa do meu irmão e descemos do carro.


Ao entrarmos, Miguel, Valentina e Hannah, estão nos esperando, ansiosos.
Alicia sai dos meus braços e corre para os braços de sua amiga, que e abraça
forte.
— Como essa merda aconteceu, Dimitri? — Miguel me fita.
Coloco a bolsa de Alicia no sofá e passo a mão no rosto.
— Até agora não sei quem vazou, mas quando eu souber quem foi,
levará um ótimo processo — digo, irritado.
— Dominic me falou que está um caos na frente da empresa —
Valentina responde. — Talvez ele e Demétrio demorem a voltar para casa.
— A violação desse vídeo está sendo comentada em vários canais de tv,
e um bocado de canto. — Miguel me olha, com raiva.
— Benjamin está agilizando tudo, e a essa hora Dominic deve ter falado
com as relações públicas da empresa, para ver o que pode ser feito. — Passo
a mão no rosto.
— E como você está, criança? — Dona Flor segura
Alicia enxuga suas lágrimas e suspira.
— Estou sem chão, me sentindo totalmente violada. — Coloca a mão no
rosto, chorando. — Me viram nua. Ficaram rindo de mim.
Valentina e Hannah a abraçam, e eu passo a mão no rosto,
completamente nervoso e preocupado com ela. Alicia se levanta do sofá,
pegando sua bolsa.
— Eu vou tomar banho, estou exausta. Preciso ficar sozinha.
Anda até as escadas, mas seguro seu braço, fazendo-a me olhar.
— Amor. — Faço uma pausa. — Eu...
— Dimitri, ela precisa ficar um pouco sozinha — Dona Flor fala.
Engulo em seco e fito Alicia, que derrama mais uma lágrima em seu
rosto. Ergo minha mão, passando o polegar em seu rosto, enxugando sua
lágrima.
— Eu vou resolver isso. — Ela assente, segurando o choro. — Eu amo
você.
Seu queixo treme e vira seu corpo, subindo as escadas.

Há três dias estou trancada dentro do quarto, sem falar com ninguém.
Passei dia e noite trancada, com vergonha de tudo que aconteceu. Dimitri
bateu na porta diversas vezes para falar comigo, implorando, mas eu queria
ficar sozinha. Só quem entrou foi Valentina, que trouxe minha comida e
conversou comigo. Serafina sente que não estou bem, e ficou ao meu lado,
deitada comigo. Vi as mensagens de Dimitri em meu celular, para saber como
eu estava, mas eu não o respondi. Eu sei que ele está sofrendo com tudo isso,
ele também foi violado, mas eu precisava de um tempo para mim. Em suas
mensagens, ele disse que o vídeo foi retirado do ar e que o juiz está a par de
tudo.
Eu mal comi, e vejo claramente que estou mais magra, com olheiras
profundas e ultimamente me sentindo enjoada e vomitando com frequência.
Minha crise de ansiedade voltou com força total, fazia muito tempo que eu
não tinha, mas nesse tempo, eu pensei com clareza e sei quem realmente fez
esse vídeo e colocou na internet. E hoje essa pessoa vai me pagar.
Me levanto da cama e ando até o closet. Retiro meu vestido e visto um
short jeans e uma blusa, pego meu celular em cima da cama e saio do quarto.
Desço as escadas, vendo todos os meus amigos me olharem com surpresa.
Dimitri rapidamente se levanta do sofá.
— Ei. — Ele sorri para mim. — É tão bom te ver.
Engulo em seco e dou um sorriso forçado e sigo para a porta. Escuto-o
me chamar, mas o ignoro. Ele puxa meu braço e me olha.
— Onde você vai? — Me fita, com seus olhos azuis.
— Me solta. — Sacudo meu braço, soltando-me do aperto dos seus
dedos.
Ando em direção à casa de Dimitri, vendo Enzo de pé.
— Quero que filme tudo. — Entrego meu celular a ele.
Ele assente e pega meu celular. Entro na casa de Dimitri procurando
pela vagabunda da Francesca. Logo ela aparece na sala e quando me vê, fica
branca. Dou um sorriso vingativo e vou até ela, que tenta correr de mim, mas
falha com sucesso. Puxo seus cabelos e a arrasto para fora da casa, vendo
Enzo segurar meu celular filmando tudo.
— Sua louca! — Francesca grita, assim que a solto.
— Você gosta de gravar vídeos e colocar na internet, não é? — Ela
empalidece. — Agora você quem vai ser filmada.
Voo para cima dela, puxando seus cabelos, com força total. Ela grita e
tenta se desvencilhar de mim, mas não consegue. Acerto um tapa na cara, e
minhas unhas rasgam sua pele.
— Você acabou com minha vida, sua vagabunda! — Dou-lhe outro tapa.
— Você me fez passar vergonha, violou a minha intimidade!
Ela grita e consegue se afastar de mim, arrumando os cabelos
completamente fora de si.
— Eu mandei você se afastar de Dimitri — fala entredentes.
— Sim, lembro-me bem disso. — Dou um sorriso sarcástico. — Mas eu
não me afastei e nem vou me afastar.
Parto para cima dela, e começo a rasgar sua roupa, cheia de raiva, ódio e
fúria. Não sei onde consegui tanta força para rasgar seu vestido e seu sutiã.
Ela fica completamente nua, e sorrio por atingir meu objetivo.
— Não faz isso — implora, tentando se cobrir.
— Quando você me filmou e colocou na internet, não pensou nisso. —
A olho. — Você nem se importou. Por que eu vou me importar com você?
Puxo seus cabelos, fazendo-a cair no chão e fico em cima dela, dando
tapas certeiros no seu rosto. Arranco alguns fios de seus cabelos, sentindo a
raiva e o ódio me consumir por completo.
— Agora, seu vídeo vai circular na internet. E você vai provar do seu
próprio veneno, sua vadia desgraçada. — Puxo seus cabelos.
Ela grita tentando me afastar, mas sinto mãos em minha cintura, me
puxando para longe dela.
— Para, Alicia. Chega! — Dimitri pede, me segurando, mantendo-me
de costas para ele.
— Eu não fiz um terço do que quero fazer com essa vagabunda
dissimulada. — Afundo minhas unhas em seus braços.
— Não adianta, que você fazendo isso não vai me fazer soltá-la — diz,
mantendo-me presa em seus braços. — Daqui a pouco a polícia chega e você
vai acabar sendo presa.
Francesca se levanta, cobrindo seus seios. Nathaniel pega meu telefone
das mãos de Enzo e me olha.
— Eu não vou deixar você se rebaixar desse jeito. — Me fita. — Você é
melhor que isso, Alicia. Fazendo isso você será igual a ela.
— Tio... — Francesca sussurra.
— Nem um pio, Francesca. — A voz de Nathaniel sai fria como gelo, e
a fez estremecer. — Calada!
— Eu mandei Alicia se afastar dele — Francesca fala, me dando mais
raiva. — Não o quero com ela!
— Calada, Francesca! — Nathaniel se aproxima dela, pegando seu
vestido no chão totalmente rasgado. — Mandei ficar calada.
— Pai, na minha casa ela não fica mais — Dimitri diz. — Ela vai pegar
as coisas dela e vai embora agora mesmo.
— O quê? — Francesca o olha.
— Minha consideração tem um certo limite, e você ultrapassou todos
eles. Meus tios que me perdoem, mas aqui você não fica mais — meu
namorado fala.
— Por causa dessa aí? — Francesca aponta para mim. — Ela não te
merece. Você deve ficar comigo! Eu amo você.
— Você não ama a si mesma, Francesca — Nathaniel fala rudemente.
— Você usou meus filhos, os enganaram. Você deveria ter vergonha de tudo
que você fez. — Ela se encolhe. — Dimitri está com Alicia e meus outros
dois filhos muito bem-casados. Você deveria seguir sua vida, e deixar todos
nós em paz.
Francesca olha para Dimitri.
— Eu fiz isso por nós — murmura.
— Nós? Não existe nós, nunca existiu! — Dimitri responde. — Entre e
vá pegar suas coisas, que você vai embora agora!
Ela engole em seco, segurando sua roupa rasgada, que mal cobre sua
nudez e passa por nós. Seguro seu braço, fazendo-a me fitar.
— O processo vem, Francesca.

— Ai! — Alicia murmura, fazendo careta.


Termino de passar o cotonete com o remédio no corte pequeno do seu
rosto.
— Pronto. — Jogo o cotonete no lixo.
Me levanto da cadeira para jogar as coisas fora, mas ela segura meu
braço e me fita.
— Senta. — Pede.
Assinto e volto a me sentar de frente para ela. Ela pega a caixinha de
primeiros socorros, passa o remédio no algodão e puxa meu braço, onde está
sangrando um pouco, causado pelas suas unhas grandes.
— Desculpa — murmura, sem me olhar.
Fito a piscina, suspirando. Estamos sentados numa área coberta do
jardim, perto da piscina. Já é noite, e o jardim está todo aceso, muito bonito.
Alicia termina de passar o remédio, joga fora o algodão usado, e fecha a caixa
de primeiros socorros.
— Você está mais magra. — A olho.
Alicia levanta a cabeça e me fita com seus olhos escuros, que eu amo
muito.
— Você não comeu durante esses dias? — pergunto, preocupado.
— Não tive muita fome — responde, baixinho.
Coloca alguns fios de cabelo atrás da orelha, olhando o jardim. Estico
meu braço e seguro sua mão, fazendo carinho com meu polegar.
— Por que não me deixou entrar em seu quarto, nem respondeu minhas
mensagens? — murmuro.
— Precisava ficar sozinha — responde, fazendo uma pausa. — De
alguma forma Valentina ia falar como eu estava.
— Ela só me falou que você não queria muita conversa. — Suspiro. —
Queria muito ficar ao seu lado, lhe dar todo apoio. Eu sei que para você é
mais difícil, tem a vergonha e tudo mais, mas para mim também foi. Fui
violado, assim como você foi.
— Eu sei. Desculpa. Não queria te deixar magoado ou triste. — Faz uma
pausa, olhando a piscina. — Só queria ficar sozinha e pensar em tudo.
— Pensar em quê? Sobre nós? — pergunto, angustiado.
Ela engole em seco, e sinto meu coração acelerado.
— A mulher que me mostrou o vídeo na empresa, me chamou de
interesseira. — Faz uma pausa, e me fita com seus olhos marejados. — Eu
sou interesseira? E-eu não sou. Eu sempre trabalhei, paguei minhas coisas...
— Amor. — A interrompo. — Você não é interesseira. Isso nunca
passou pela minha cabeça. Jamais! — Me aproximo dela.
— Eu não sei com que cara eu vou voltar para a empresa. — Faz uma
pausa, com o queixo trêmulo. — Acho que é melhor eu pedir demissão ou
transferência e voltar para o Brasil.
— Não. Nada disso. — Me apresso a falar. — Você não vai embora,
Alicia! Você vai ficar aqui, ao meu lado.
— Eu não sei, Dimitri. — Encolhe os ombros. — Quando eu voltar, vai
estar tudo recente...
— Alicia, coloque uma coisa na sua cabeça. Muitas pessoas falam o que
não deve, e o que rolou no vídeo não é um bicho de sete cabeças, o que
estávamos fazendo muitos casais fazem. E você estava fazendo comigo, seu
namorado. Não foi com outra pessoa. Pense nisso. Eu sei que tem a vergonha,
mas se lembre que você estava fazendo comigo.
Ela respira fundo e suspira.
— Antes de acontecer o que aconteceu hoje, estava falando com o
pessoal para irmos à Saint Jean Cap Ferrat. Fica perto daqui, iríamos de
jatinho mesmo. — Ela me olha, atenta. — Passaríamos umas duas semanas
por lá, em um hotel em frente à praia, com tudo incluso. Assim você iria
espairecer um pouco, desopilar a mente. — Ela morde o lábio pensativa. —
Todos concordaram em ir. Até Hannah e Miguel vão.
Ela fica pensativa, mas não me responde.
— Quero ficar esse tempo com você. Todos concordaram em irmos na
quinta-feira pela manhã, assim que tomarmos café. — Ela assente. — Vamos,
quero ver seu sorriso de volta.
Alicia ergue a mão e acaricia meu rosto, se inclina e me dá um beijo
casto, demorado.
— Tudo bem.
Capítulo 25

Vejo Alicia sentada olhando para a janela do jatinho, pensativa com


fones de ouvido, inerte. Esses dias ela ficou um pouco distante ainda, com
vergonha. Benjamin conseguiu uma ordem para tirar o vídeo do ar, mas eu
sei que continua circulando por muitos telefones por aí, principalmente em
sites de pornografia ilegal. Eu dei uma nota de esclarecimento, e ficou tudo
certo. Francesca sumiu do mapa, se ela pensa que ficará longe do processo,
está enganada. Ela simplesmente desapareceu, ninguém tem notícias dela.
Meus tios queriam vir de qualquer forma, mas meu pai conversou com eles
pelo telefone, dizendo que ela não estava mais na minha casa. Eles quiseram
falar com Alicia pelo telefone e pediram milhões de desculpas, Alicia sendo
uma pessoa maravilhosa, conversou bastante com eles alegando que a culpa
não foi deles, e sim, da filha.
Alicia bateu muito em Francesca, a deixou com vários arranhões pelo
corpo e no rosto, sem contar que arrancou muito cabelo dela, tamanha ira que
ela estava sentindo. Eu a deixei descarregar um pouco a raiva, porque Alicia
precisava, Francesca merecia essa surra. Mas vi que se dependesse de Alicia,
Francesca sairia direto para o hospital, e não era isso que eu queria. Não
quero que Alicia se prejudique por causa de Francesca.
Meu pai depois conversou com ela a respeito do vídeo que ela fez, para
devolver o que Francesca fez com ela, e meu pai foi super sensato. Concordei
com ele em tudo, não quero Alicia prejudicada, e me senti mais aliviado
porque as meninas e minha mãe, ficaram com ela, apoiaram, e foram muito
amigas. Morgana também, foi superamiga e ficou ao seu lado sempre que
pode.
A fito, vendo o quanto eu a amo. Ela veste um shortinho jeans com um
cropped e uma sandália de dedo com amarração no tornozelo. Seus cabelos
estão presos em um rabo de cavalo e tem uma maquiagem bem leve,
realçando sua beleza. Ela desvia o olhar da janela e me fita. Retira um fone
do seu ouvido.
— O que foi? — pergunta.
— Nada — respondo, com um sorriso.
Noto que ela está um pouco mais magra, devido à preocupação das
últimas semanas, ela mal comeu. Ela também tem crises de ansiedade, o que
ajudou muito na sua perda de peso. O pouco que comia, vomitava. Fazia
tempo que ela não tinha essas crises, o que me deixou preocupado.
A comissária de bordo avisa que vamos pousar e logo nos ajeitamos nas
poltronas, colocando o cinto. Não demora muito e o jatinho pousa em Nice,
para irmos até Saint Jean Cap Ferrat. Todos nós descemos e já tem carros
nos esperando, com nossos seguranças. Nos acomodamos nos carros, após
pegarem todas as nossas malas, Serafina e os cachorros de Lorena para irmos
até ao hotel. Alguns minutos depois chegamos ao luxuoso hotel à beira-mar.
Entramos e fazemos o check-in. Meu irmão trouxe os cachorros de Lorena,
porque aqui tem um espaço para animais e porque Alicia também trouxe
Serafina. O rapaz responsável pela comodidade dos animais, pega-os para
levá-los até o local adequado e subimos para o quarto.
Passo o cartão no leitor da porta e ela é aberta, dou espaço para Alicia
entrar primeiro e entro logo em seguida, com o rapaz que carrega as malas
em um carrinho atrás de mim. Após ele deixar nossas malas, e dar todas as
instruções necessárias, se retira nos deixando a sós. Coloco meus pertences
em cima da mesa, vendo Alicia na varanda do quarto, olhando o mar. Vou até
ela, e a abraço por trás, beijando seu ombro.
— Gostou? — Apoio meu queixo em seu ombro.
— Sim. Aqui é tão lindo! — Ajeita seu cabelo por causa da ventania.
— Sabia que iria gostar. — Beijo sua bochecha. — Vou falar com os
meninos, para saber se vão almoçar agora.
Ela assente e volto para o quarto, pego meu celular e ligo para Dom, que
atende no segundo toque.
— Fala, fratello.
— Vocês vão almoçar agora, como é?
— Cara, os meninos querem petiscar e beber alguma coisa lá no bar.
Valentina disse que Lorena está com fome, então elas vão almoçar no
restaurante com a nossa mãe, Manuela, Clarisse e Hannah. Chama Alicia
para ir com elas e vai com a gente para o bar.
— Tá bem! Vocês vão descer que horas?
— Valentina já está se organizando para descer com Lorena e as
meninas.
— Ok. Vou me organizar para descer com Alicia.
Me despeço e finalizo a ligação.
— Amor, os meninos vão para o bar petiscar e beber alguma coisa, e as
meninas vão almoçar porque Lorena está com fome. Você quer ir com elas?
— Me aproximo dela.
— Vou sim. Minha barriga roncou. — Me olha.
— Tudo bem. Vamos descer que Valentina já vai descer com Lorena. —
A chamo.
Ela pega seu telefone e o cartão de crédito, para colocar no bolso.
— Nada disso. — Retiro o cartão do seu bolso e ela me fita. — Não vai
comprar nada com seu dinheiro.
Ela abre a boca para falar, e eu a calo com um beijo casto.
— Não, Alicia. Será tudo por minha conta. Se você quiser comprar
alguma besteirinha de lembrança, para dar algo de presente, pode usar seu
dinheiro, mas todo seu consumo, será por minha conta. — A olho.
Ela bufa e revira os olhos. Coloco de volta seu cartão na carteira, seguro
sua mão e saio do quarto, para descer até o hall do hotel, esperar os meninos.
Já no hall, puxo a cintura de Alicia, para mantê-la mais perto de mim,
beijando seu pescoço.
— Você está carente? — Alicia pergunta, divertida.
Levanto a cabeça e a olho.
— Não posso dar carinho à minha namorada? — pergunto.
Ela envolve seus braços em volta do pescoço e sorri.
— Pode — responde, com um sorriso.
Beijo seus lábios. Vejo o pessoal vindo em nossa direção.
— Vamos tia Alicia, tô com fome — Lorena fala, nos fazendo sorrir.
— Vamos sim, mocinha. — Alicia sorri e segurando sua mão, ela me
fita. — Cuidado, hein!
— Por que cuidado? — Sorrio.
— Tem muita mulher bonita aqui, dando bobeira — fala cheia de ciúme.
— Pode deixar. — Beijo seus lábios. — A única mulher que tenho
olhos, é só você.
— Acho bom. — Faz bico.
Me despeço das meninas e sigo com meus irmãos, meu pai e Miguel
para o bar do hotel. Peço um drink de hortelã e limão, bem refrescante e
sento-me no banco do balcão, retirando meus óculos de sol, pendurado na
gola da camisa.
— Alicia gostou do hotel? — Meu pai bebe sua bebida.
Termino de engolir o petisco e assinto.
— Adorou — respondo.
— Quem vai adorar é Lorena — Dom comenta, com um sorriso. —
Adora praia.
— Se depender da minha neta, ela vive o dia inteiro na água. — Papai
arranca sorrisos nossos.
— Por que você não a coloca na aula de natação? — Demétrio pergunta
a Dom.
— Eu e Valentina estávamos falando sobre isso esses dias — meu irmão
responde. — Ela está ansiosa para ir, e disse que quer ir para a mesma que
Damien vai.
Sorrio.
— Damien e Lorena, são a dupla. — Miguel sorri. — Aqueles dois
parecem irmãos siameses.
— Demais. Damien estava pedindo a Aaron e Nicole, para ir estudar na
mesma escola que ela. — Dom bebe sua bebida.
— E Lorena está doida para Henrique e Alessandro crescer — Demétrio
comenta.
— Pois é. — Dom assente. — Ela adora crianças.
— E você, Dimitri? Não quer ter filhos? — Miguel me fita. — Seus
irmãos casados, com filhos. Nem pensa em casar?
— Filhos..., não agora — respondo, pensativo. — Mas me casar, quero
sim. Só estou esperando meu relacionamento com Alicia ficar tudo bem, para
pedi-la em casamento.
— Tia Alicia, papai vai me levar pra Disney no meu aniversário. —
Lorena me olha.
— Que bom, meu amor. — Sorrio, e bebo meu suco.
— Ele disse que poderia levar quem eu quisesse. Pensei em levar
Damien e Marlon, eles vão gostar.
— Então os chame — digo.
— É. Vou falar com o papai — murmura, colocando o pedaço de carne
na boca.
— Ela nem dorme. — Valentina sorri.
— Eu tô ansiosa, mamãe. Lá deve ser superlegal. — Lorena se anima.
— Meu amor, seu aniversário será em alguns meses. — Tia Flor sorri.
— Eu sei, vovó. — Lorena olha para ela. — Mas eu tô muito ansiosa.
— Assim que Alessandro tiver maior, vou levá-lo também — Manu
fala, olhando Alessandro no carrinho, que dorme tranquilamente.
— Sophie também — Hannah comenta.
— E tem até o Henrique — comento, e levo um pedaço de carne na
boca. — Que pena que seu irmão e sua cunhada não vieram.
— É. Estão trabalhando muito no FBI — Manu explica. — Mas querem
vir, para passar mais tempo.
— E aí, Clarisse, está gostando? — Michele pergunta.
Clarisse assente, com um sorriso.
— Aqui é muito lindo. Nem sei como agradecer a dona Valentina e
Dominic, por me proporcionar isso — fala, gentilmente.
— Que isso. Você merece, sempre quando preciso você sempre está
ajudando. — Valentina a olha.
— E cuida de nossas crias, hein. Não vamos esquecer. — Manu leva o
copo de suco até a boca.
— Eu adoro crianças, se quiserem sair à noite, podem me dar as
crianças, que fico com elas — Clarisse fala, com um sorriso. — Será um
prazer ficar com elas.
— Podem contar comigo também. — Michele nos olha. — Eu e
Nathaniel mal saímos à noite, e vi que tem uma boate por aqui por perto.
Vocês vão?
— Miguel comentou comigo sobre essa boate, e disse que iria falar com
os meninos — Hannah diz, olhando sua filha no carrinho.
— Se vocês forem, nos avisem, porque eu fico com Clarisse e Nathaniel,
junto com as crianças — Michele fala.
Após finalizar o almoço e colocar minha conta no meu quarto com
Dimitri, andamos pelo hotel, para conhecer, e passamos em frente ao bar,
vendo os meninos sorrindo e conversando. Vejo Dimitri de longe, e meu
coração acelera. Ele é tão lindo, que chama atenção de todos. Mas tenho que
admitir que os trigêmeos, o pai e o amigo, chamam a atenção de todos,
porque eles são bonitos, o que está atraindo muitos olhares femininos, e até
masculinos.
Entramos no bar, e assim que Dimitri me vê, ele se levanta e me abraça.
— Almoçou? — Beija meus lábios.
— Uhum — murmuro.
— Vem, senta aqui. — Me puxa para o banco.
Sento-me no banco, apoiando meu braço no balcão, e ele fica no meio
das minhas pernas, de costas para mim.
— Não vai tomar banho de mar? — Pega seu drink.
— Vou. — Acaricio sua nuca.
— Vou pedir a conta para subirmos e trocarmos de roupa. — Me olha.
— Quer beber alguma coisa?
— Não. Estou cheia — digo.
Ele pede a conta, e subimos para o nosso quarto. Decidi colocar um
biquíni na cor amarela que comprei recentemente, ele é lindo, simples e ideal
para pegar um bronze. Saio do banheiro vendo Dimitri colocar o calção de
praia. Ele para e me olha, engolindo em seco.
— O que acha? — Dou uma voltinha.
— Nossa... — Me olha de cima a baixo. — Vai com calma, morena.
Não quero ter um infarto.
— Ah, ele é simples e comportado. Nem é fio dental. — Me aproximo
dele.
— Mas ele tá bem curtinho atrás. — Morde meu lábio. — Mas está
linda, como sempre.
Puxa minha cintura e beija meus lábios.
— Vamos, que se continuarmos aqui, nem à praia vamos. — Sorri e me
dá um selinho.
Coloco minha saída de banho, pego minha bolsa de praia colocando
tudo que será necessário e saio do quarto com ele de mãos dadas.
Encontramos o pessoal no hall do hotel e seguimos para a praia, que fica na
beira do hotel. Sento-me em uma espreguiçadeira, tirando minha saída de
praia, pego um óleo de bronzeamento dentro da bolsa e passo em todo meu
corpo. Deito-me na espreguiçadeira, colocando meu chapéu de praia, vendo
Dimitri tirar a bermuda, ficando apenas de sunga preta e ir com seus irmãos
para o mar.
Aproveito bem o sol, para pegar uma corzinha. Estou muito amarela.
Depois de algum tempo, vejo Dimitri saindo da água, sacudindo a cabeça,
tirando o excesso de água do cabelo, de forma tão sexy, que meu ventre se
contrai todinho, com tamanha cena. Desço meu olhar pelo seu corpo assim
que ele se aproxima, vendo que ele está mais forte. Ultimamente está
praticando muito exercício físico.
Dimitri se agacha na minha frente, olhando todo meu corpo, mordendo o
lábio.
— Você sabe que eu amo essa sua pele bronzeada. — Me fita, com seus
olhos azuis. — E quando pega cor... Hum... fica uma delícia.
Fito seus olhos azuis que estão bem mais claros, vendo seu sorriso
sacana. Dimitri puxa um pouco o sutiã do biquíni e solta um assobio.
— Já pegou um bronze. — Sorri para mim. — Vou adorar ter você sem
roupa mais tarde, toda bronzeada para mim, com a marquinha do biquíni.
— Então ficarei mais tempo.
— Ah, morena...
Capítulo 26

Termino de calçar meu tênis, e espero Alicia sair do banheiro. Me


levanto da cama, pego minha camisa de botões e a visto. Dobro as mangas
até os cotovelos, e coloco meu relógio dourado.
— Amor, já está pronta? — Grito.
— Quase, só um minuto. — Grita de volta.
Bufo e me sento na cama, cruzando as pernas. Pego meu celular e vejo
algumas mensagens importantes, principalmente as fotos que circulam na
internet de que minha família está em Saint Jean Cap Ferrat. Tem fotos
minhas com Alicia na praia, eu passando protetor nas suas costas, outras no
bar, andando pelo hotel, algumas de mãos dadas e abraçados na beira do mar.
Escuto a porta ser aberta e travo o celular.
Levanto meu olhar e quase tenho um treco ao ver o amor da minha vida,
totalmente gostosa. Alicia veste um vestido bastante decotado, de tecido
brilhoso, fino e mole, que vai até à metade da coxa. Vejo claramente que ela
não está usando sutiã, e posso até duvidar que esteja usando calcinha, porque
não vejo marca alguma. Seus cabelos curtos estão ondulados, uma
maquiagem pesada a faz mais mulher e sua pele bronzeada faz o contraste
perfeito com o vestido.
Engulo em seco, vendo sua perna torneada à mostra, com um salto bem
alto, que a deixa sexy pra caralho. Ela dá uma voltinha e solto um gemido,
vendo sua bunda empinada no vestido, e as costas totalmente nuas,
mostrando a marca fininha do biquíni. Ela para na minha frente e desço meu
olhar para seu decote, bem generoso, que está me fazendo salivar.
— Porra, Alicia! — Me levanto da cama, jogando o celular. — Caralho!
Alicia sorri de forma sexy, com os lábios pintados de um vermelho bem
vivo.
— Amor, vou adorar ter você assim aqui na cama. — Me aproximo
dela.
Alicia recua um passo e me dá as costas, balançando a bunda, para me
atormentar. Fico vidrado na bunda dela, enquanto ela anda pelo quarto,
batendo o salto no chão. A bunda dela está maior ou é impressão minha?
Foda-se. Ela tá gostosa demais!
— Você pelo menos está usando a porra de uma calcinha? — A olho,
cheio de desejo.
— Talvez sim, talvez não. — Dá de ombros, olhando as unhas.
— Amor, vem cá, vem. — Me aproximo dela, excitado. — Vamos sair
outra noite.
— Nada disso. Eu quero dançar e me divertir. — Ela me fita. Porra, ela
está linda, gostosa demais.
— Mas temos outros dias para irmos. — Peço, sentindo meu pau duro
dentro da calça.
— Vamos, querido. — Ela vai até a sua bolsa, e a pega, pendurando no
ombro. — O pessoal já deve estar nos esperando. — Anda até a porta, me
deixando de boca aberta, com tamanha boniteza que essa mulher tem. Pego
meu celular e a acompanho.
— Amor, você está usando calcinha? — pergunto, olhando-a de cima a
baixo.
— Isso você só vai saber mais tarde. — Pisca o olho.
Merda, estou muito fodido.

Entramos na boate, acompanhados dos seguranças, que estão com


roupas normais, sem os ternos, porque vão se divertir também, não vieram
apenas a trabalho. Segurando a mão de Alicia, subimos para o camarote,
colocamos as pulseiras e vamos em direção à mesa. Fazemos nossos pedidos
e puxo Alicia para mim.
— Você está chamando muita atenção — sussurro em seu ouvido.
— Poxa, a intenção era chamar a sua atenção. — Faz bico.
— Ah, morena, você tem minha total atenção. — Roço meus lábios nos
seus.
Alicia envolve seus braços em meu pescoço, me inclino e beijo sua
boca, sem me importar de estarmos no meio de tanta gente. Nosso beijo é
quente, com a promessa de que hoje à noite será muito quente entre nós dois.
Estou louco para entrar nela, nesses últimos dias não fizemos nada, e ela está
me mostrando que hoje tem, e estou ansioso. Aperto sua cintura, trazendo-a
mais para mim, aprofundando mais o nosso beijo. Mordo seu lábio, e lhe dou
um selinho.
— Meninas vamos dançar? — Valentina chama
Alicia me dá um beijo e sai com as meninas para o térreo, para a pista de
dança. Em pé de frente à mesa com meus irmãos e nosso amigo, pego o copo
de uísque e dou um gole.
— Sua cara não está nada bonita — Demétrio comenta, bebendo.
— Vocês não sentem ciúmes delas, não? — Olho para eles. — Porque
estou me controlando para não socar a cara de alguém.
— Tenho ciúmes demais — Dom comenta, comendo um petisco. —
Mas não posso fazer nada, não vou proibir Valentina de usar a roupa que ela
quiser. Confio totalmente nela.
— Cara, se elas estiverem de burca, todos vão olhar. — Miguel sorri. —
Porque temos que admitir, nossas mulheres são lindas demais.
— Tenho que concordar com o Miguel. — Demétrio sorri. — Mas
provavelmente Alicia está te provocando.
— Pode apostar que sim. — Dom me olha com um sorriso. — Hoje tem,
hein... A troca de olhares, o beijo que deram. Hum... a cama vai quebrar
hoje?
Solto uma gargalhada, jogando a cabeça para trás.
— Quero quebrar, hein. — Sorrimos.
— A noite vai ser quente. — Miguel aperta meu ombro. — Aproveite,
viu.
— Filho não atrapalha nesses momentos? — pergunto.
— Atrapalhar? Qualquer minuto é válido. — Demétrio me olha. — Eu e
Manuela sempre arrumamos tempo.
— Eu e Hannah também, nem que seja dez minutos. — Miguel sorri.
— Exatamente — Demétrio concorda.
— Bom, minha filha já é grande. — Dom bebe sua bebida. — Não
atrapalha, mas quando Valentina estiver grávida, não vai ser empecilho
algum.
— Vocês pretendem ter mais filhos quando? — Beberico minha bebida.
— Cara, eu e Valentina estamos nos programando para quando Lorena
fizer dez anos, ela ficar grávida — Dominic explica. — Ela sonha em ser mãe
de novo, e eu sonho em ser pai de novo.
— E se vier trigêmeos como nós? — Demétrio sorri.
— Terei cabelos brancos antes do tempo. — Meu irmão nos faz sorrir.
— Mas se vier, vamos amar todos. Mas estou me preparando para quando
Lorena ficar maior e vir com papo de namorar.
— Pode apostar que você vai sofrer — Miguel comenta, sorrindo.
— Pode crer. Tá louco que vou deixar esses marmanjos encostarem
nela! — Dominic fala sério. — Eu quero que seja um homem de família,
honesto. Não quero esses carinhas que só querem saber de transar. Ela
merece mais. Ela não merece um homem como eu fui.
— Dominic, vai ser difícil de achar. — Sorrio. — Muitos jovens vivem
como vivíamos.
— Sim, eu sei. E esse é o meu medo. Não quero que ela sofra, ela vai
arrumar alguém que eu confie. Ela pode brigar, discutir comigo, mas ela vai
ficar com alguém que a respeite — Dom fala, muito sério. — Eu mudei para
ficar com Valentina, e a pessoa que quiser ficar com minha filha, terá que
mudar para ficar com ela.
— Homem de Deus, sua filha ainda está com seis anos, tem muito
tempo pela frente. — Miguel gargalha.
— Mas já estou sofrendo com antecedência — meu irmão murmura. —
Já estou pensando em possíveis situações, e já tenho que estar preparado.
Lorena vai ser igual à mãe, um mulherão de parar o trânsito, meus amigos.
Então todo cuidado será pouco.
Sorrimos e olho para o térreo, vendo Alicia dançar com as meninas,
chamando a atenção de todos, principalmente dos homens. Ingiro todo o
restante do uísque e saio do camarote, descendo as escadas.
Sinto mãos em meu quadril e em frações de segundos, penso em sair,
mas logo sinto o cheiro de Dimitri invadindo minhas narinas. Seu corpo
encosta no meu, colando em minhas costas, dançando no mesmo ritmo que o
eu. Na boate toca um reggaeton maravilhoso e bem envolvente, fazendo-me
remexer mais o quadril. As mãos de Dimitri me causam arrepios, porque o
jeito que ele aperta levemente minha cintura, me faz fechar os olhos e me
entregar na dança.
Não sabia que Dimitri dança tão bem, porque ele se mexe mesmo, se
entrega mesmo na dança. Ele segura minha mão e gira meu corpo, no ritmo
da dança e me mantém de frente para ele. Apoia sua mão na base da minha
coluna, e mexe seu quadril com o meu, girando nossos corpos. Sinto meu
corpo suado, alguns fios de cabelos grudados na minha nuca, de tanto que
estou dançando.
Escutamos palmas, e vejo que somos a atenção principal da boate.
Dimitri me fita com seus olhos azuis, e um sorriso sexy nos lábios. Me puxa,
mantendo nossos rostos próximos, e morde meu lábio, fazendo o pessoal
gritar e bater palmas.
— Não sabia que você dança. — O olho.
— E você é uma delícia dançando. — Se aproxima de mim e fala em
meu ouvido: — Vamos para um lugar mais reservado.
Segura minha mão e me puxa, sem se importar de todos estarem
assobiando. Passamos pelo mar de pessoas, e vejo que ele nos leva até um
corredor escuro, que mal dá para ver. Vejo alguns casais se pegando. Os
rostos eu mal vejo e nem quem são. Dimitri me coloca na parede e ataca
minha boca. Envolvo meus braços em seu pescoço, me entregando ao beijo
ardente. Suas mãos descem pelo meu corpo e me esfrego ainda mais,
fazendo-me senti-lo duro.
Solto um gemido quando ele chupa minha língua e volta a me beijar, me
deixando ofegante, e necessitada. Afundo meus dedos em seus cabelos,
puxando-o mais para mim. Dimitri desvencilha do beijo, e vai deixando uma
trilha de beijos pelo meu pescoço. Solto um gemido baixo, quando sinto suas
mãos grandes em minhas nádegas.
— Porra, Alicia! — Ele me fita, cheio de desejo. — Sem calcinha?
— Olha, você descobriu. — Sorrio.
— Você é uma diaba mesmo. — Segura meu queixo e me dá um beijo
de tirar o fôlego. — Vamos embora!
— Já?
— Eu preciso ter você agora. E você? Quer ficar ou ir comigo?
— Quero ir — respondo, ofegante.
— Eu preciso ter você com urgência. — Me encosta mais na parede. —
Mas antes, vou aproveitar que você está sem calcinha.
Abro a boca para falar, e solto um gemido quando sinto seus dedos em
meu clitóris. Mordo o lábio contendo o gemido, sentindo-o me estimular.
Dimitri me fita, com um sorriso convencido nos lábios, me deixando de
pernas bambas. Minha respiração fica ofegante, e aperto seu braço jogando a
cabeça para trás.
— Dimitri..., alguém pode nos ver — falo ofegante.
Ele estimula mais meu clitóris, me ignorando completamente. Ele se
aproxima do meu corpo e beija meus lábios. Meu quadril involuntariamente
se move, e me esfrego em seus dedos. Dimitri morde meu lábio e esfrega sua
ereção em mim. Levo minha mão até sua ereção e a aperto.
— Nossa... — sussurra em meus lábios.
Ele enfia dois dedos dentro de mim e eu gemo em seus lábios, sentindo
meu orgasmo próximo. Desfaz nosso beijo e leva seus lábios até meu ouvido,
respirando ofegante.
— Goza. — Pede, com a voz rouca. — Goza, meu amor.
Ele acaricia meu clitóris com seu polegar e não aguento, explodo em
seus dedos, abafando meus gemidos em sua camisa. Levanto minha cabeça e
o olho.
— Vamos, que eu preciso estar dentro de você o quanto antes.
Capítulo 27

Saímos do carro afobados, após nos agarrarmos por todo o caminho até
Simon estacionar a SUV em frente ao hotel que estamos hospedados. Dimitri
segura minha mão e vamos a passos largos até o elevador, que tem um casal
prestes a entrar. Nós os cumprimentamos e entramos no elevador em silêncio.
Logo chegamos no nosso andar e saímos, andando pelo corredor até o nosso
quarto. Dimitri passa o cartão-chave no leitor da porta, e logo entramos, joga
o cartão sei lá onde e ataca minha boca.
Solto minha bolsa, a escuto cair no chão e Dimitri move seus pés me
levando até a parede mais próxima. Sinto sua mão em minha coxa, subindo
para dentro do meu vestido, de encontro à minha intimidade.
— Molhadinha... — Dimitri sussurra em meus lábios.
Levo minhas mãos até os botões de sua camisa, e puxo, arrebentando
todos os botões, com muita pressa.
— Ainda bem que você necessita de mim, como eu necessito de você.
— Ele sorri.
Termino de arrebentar todos os botões e tiro a camisa do seu corpo,
jogando-a no chão do quarto. Desafivelo seu cinto e abro sua calça, descendo
o zíper. Ele mesmo retira seus sapatos com os próprios pés e me ajoelho a sua
frente, tirando sua calça junto com a cueca, e seu pau salta, apontando para
mim.
Mordo o lábio vendo-o todo babado e duro, muito duro. Levo minhas
mãos até sua ereção, sentindo-a quente e pulsante. Levanto meu olhar e vejo
Dimitri com olhar ofegante, e o olhando, coloco seu pau em minha boca.
Dimitri morde o lábio, soltando um grunhido. Chupo seu pau como chupo um
pirulito, sentindo seu gosto delicioso.
Sinto suas mãos em meus cabelos, prendendo-os entre os dedos,
forçando seu quadril, enfiando seu pau em minha boca. Levo minhas mãos
até seu saco e o estimulo, escutando gemidos de Dimitri, nada baixos.
— Puta merda! Ahh! — Rosna. — Me chupa gostoso... Isso... Assim
mesmo...
Lambo todo seu pau e volto a chupá-lo com gosto, porque eu chupo por
prazer e não por agradar, chupá-lo me excita muito. Me inclino e o levo todo
em minha boca, fazendo a garganta profunda. Dimitri solta um gemido alto e
retira seu pau da minha boca, fazendo minha saliva escorrer. Me puxa para
cima, e procura o zíper do meu vestido. Retira do meu corpo e me vê
completamente nua para ele, ficando apenas com os enormes saltos.
— Nossa... Gostosa demais. — Morde o lábio.
Dimitri me empurra, me encostando na parede e abocanha meus peitos.
Solto um gemido, afundando meus dedos em seus cabelos, que estão
completamente bagunçados. Dimitri larga um seio e vai para outro, faminto.
Desço meu olhar e vejo um par de olhos extremamente azuis me fitando,
cheios de desejo. Ele larga meu seio após se lambuzar inteiro e vai descendo,
beijando minha barriga até chegar na minha boceta.
Segura minha coxa e a coloca em seu ombro e sem mais delongas, ele
cai de boca, me fazendo revirar os olhos e ofegar. Seguro seus cabelos me
contorcendo de prazer. Nossa..., Dimitri sabe chupar cara, puta merda! Ele
faz porque gosta, ama. E o jeito que ele me chupa, mostra o quanto está
faminto e ansioso.
— Ahh! — Jogo a cabeça para trás.
Dimitri chupa meu clitóris de um jeito tão gostoso, que faz meu orgasmo
ficar mais próximo. Me penetra com dois dedos atingindo meu ponto G,
enquanto chupa meu clitóris, me fazendo gemer alto, alto mesmo. Há dias
que não fazemos nada, e tudo será descontado hoje, e estou louca de tesão
acumulado.
— Dimitri... — Ofego, sentindo sua língua em toda minha boceta.
Minha respiração fica entrecortada, quando o orgasmo vem forte e
intenso. Gemo, jogando a cabeça para trás, puxando seus cabelos com força,
sentindo meu corpo tremer. Olho para baixo, vendo-o se deliciar de todo meu
gozo, com um sorriso cínico nos lábios.
Mordo o lábio, assim que ele se levanta ataca minha boca, fazendo-me
sentir meu próprio gosto.
— Vou te comer assim, em pé, com esses malditos saltos. — Sua voz sai
rouca.
Dimitri levanta uma perna minha, segurando-a e com a outra mão ele
segura seu pau, direcionando em minha entrada, e em uma estocada firme ele
entra de vez, me fazendo revirar os olhos. Dimitri não perde tempo e começa
a bombear dentro de mim, sem piedade, me fazendo senti-lo por completo.
Afundo meus dedos em seus cabelos, gemendo alto e bem no seu ouvido, o
que lhe dá mais incentivo, porque ele vai mais fundo e forte.
— Cazzo! — Trinca os dentes.
Envolve seus dedos em meu pescoço, encostando minha cabeça na
parede. Dimitri aperta meu pescoço de um jeito delicioso, que faz meu ventre
se contrair. Ataca minha boca, em um beijo selvagem, que me deixa sem ar.
— Senti muita falta disso aqui. — Morde meu lábio. — De estar dentro
de você, foder essa boceta com gosto, porque ela foi feita especialmente para
mim.
— Nossa... — Reviro os olhos.
— Sente o quanto meu pau entra fundo em você — sussurra em meus
lábios, com sua mão em volta do meu pescoço. — Sente como ele entra e sai
gostoso.
— Sim... — Solto um gemido. — Eu sinto, e é delicioso.
— Isso. — Vai mais fundo. — Sente o quanto eu te preencho, e que
você foi feita para mim.
Solto um gemido, sentindo meu orgasmo próximo. Desço minhas mãos
pelas suas costas e afundo minhas unhas em sua bunda, o trazendo mais para
mim, querendo tudo dele. Ele solta meu pescoço e afunda seu rosto nele, me
chupando, lambendo e mordiscando. Mordo o lábio, sentindo suor escorrer
pelos nossos corpos, de tão intenso e gostoso que está. Solto um gemido alto
sentindo o orgasmo me consumir, deixando minha visão turva e as pernas
bambas.
Me seguro forte nele, assim que ele me coloca em seus braços e anda
comigo até a cama. Sai de dentro de mim e beija meus lábios, descendo até
meu pescoço, de um jeito carinhoso, mas eu não quero carinho, não hoje. Eu
preciso dele, como preciso de ar, com intensidade. Me sento na cama, e o
empurro, deitando-o na cama. Subo em cima dele, e o coloco dentro de mim.
— Ah, caralho! — Joga a cabeça para trás.
Apoio meus braços em seu peito e dou tudo de mim, montando-o com
gosto, com prazer. Seus dedos afundam em minha carne, soltando gemidos
excitantes. Rebolo gostoso nele, gemendo sentindo suas mãos em meus
peitos, me estimulando. Desço minha mão e envolvo meus dedos em seu
pescoço, sabendo que ele também gosta disso. Desço com mais força,
deixando seu pau tocar em meu ponto mais sensível dentro de mim.
— Porra! — Ele me fita. — Merda, eu vou gozar.
Rebolo mais rápido, sentindo seu pau inchar dentro de mim, e logo os
jatos me preenchem. Dimitri solta um gemido animalesco, enquanto goza
dentro de mim.
Desabo em cima dele, que me abraça, e me coloca na cama, beijando
meus lábios, carinhosamente.
Impossível não o amar.

Me espreguiço na cama, sentindo uma preguiça gostosa de não querer


levantar, porque a cama tá bem gostosinha e quentinha, poderia passar o dia
aqui. Viro meu rosto vendo Dimitri dormir de barriga para cima, todo lindo,
como sempre. Me levanto, vendo o mar através das portas de vidro e ando até
o banheiro, nua, e fecho a porta. Após fazer minha higiene matinal e escovar
os dentes, entro no box e tomo um banho bem relaxante, para despertar.
Saio do box, enrolando-me na toalha e saio do banho, vendo Dimitri
sentado na cama. Ele levanta seu olhar e sorri. Se levanta e vem até mim,
completamente nu.
— Bom dia, brunetta. — Beija meus lábios.
— Bom dia! — respondo, com um sorriso. — Eu vou trocar de roupa,
porque Valentina vai levar Lorena para tomar banho de mar agora cedinho.
— Tudo bem. — Beija meus lábios e vai para o banho.
Vou até minhas malas no pequeno closet, visto um biquíni simples, um
short jeans curto e uma blusa regata fininha. Pego minha bolsa de praia,
óculos e o celular. Ando até a porta do banheiro, dou duas batidas e abro-a
vendo Dimitri tomar banho. Nossa..., ele esfrega seu corpo com o sabonete de
um jeito tão sexy, que é um colírio para meus olhos.
Bendito seja o sabonete que desliza nesse corpo
— Quer entrar? — Escuto-o falar.
Olho seu rosto, que tem um sorriso cafajeste nos lábios.
— Se quiser, pode vir. — Ele fica de frente para mim, mostrando seu
pau semiereto. — Vou adorar tomar banho com você.
Sacudo a cabeça, livrando minha mente de coisas obscenas a essa hora
da manhã.
— Passando para dizer que vou descer.

— Tia Alicia, a água tá tão boa. — Lorena se aproxima de mim.


Seus olhos estão tão azuis por causa do sol, que a manchinha marrom no
olho direito está mais destacada. Os olhos de Dimitri também estão bem azuis
mesmo, que o deixa mais lindo.
— Deus me livre. Deve estar gelada — digo, sorrindo.
Valentina pega a toalha na cadeira e a enxuga.
— Mas está bem quentinha. — Valentina se senta na espreguiçadeira. —
Nem parece.
Valentina entrega os brinquedos de Lorena, que se senta na areia e
começa a brincar, ficando entretida. Valentina pega seu protetor solar e passa
em Lorena e depois passa em si, no exato momento que me lembro de algo,
que faz meu coração gelar.
— O que foi? — Valentina me olha, parando de passar o protetor solar
em seu corpo.
Levanta seus óculos na altura da cabeça e seus olhos ímpares me fitam,
curiosos.
— Quando você estava grávida da Lena, quais sintomas você teve? — A
olho, me sentando de frente para ela.
Tina fica pensativa e fecha o tubo de protetor solar.
— Enjoos, desejos por comida, vômitos..., mas qual a finalidade da sua
pergunta? — Franze a testa.
— Tina..., eu me dei conta que minha menstruação ainda não desceu —
falo nervosa.
— Olha, você lembra que antes de eu ir morar com o Nick em Milão, eu
tive suspeita? — Assinto. — Minha menstruação realmente não desceu, mas
foi porque eu não ovulei naquele mês, o que pode estar acontecendo com
você.
Assinto, ainda um pouco perdida.
— Você e o Dimitri usam camisinha? — Me olha.
Suspiro, negando com a cabeça.
— Desde que cheguei em Paris, não transamos com camisinha. — Ela
me olha, atenta. — Mas os meus remédios estão em dia, tomo todos os dias.
— Ai, amiga, é complicado. Nem todos os contraceptivos são cem por
cento eficazes. Algum remédio pode não ter tido o efeito que deveria ter... —
Ela sacode a cabeça. — Mas não sei como funciona. Eu e Nick não usamos,
mas eu tenho o implante hormonal, com a certeza de que ele também não é
cem por cento eficaz, e Nick tem noção disso, sabendo que poderá vir uma
gravidez a qualquer momento. Mas você está com suspeita?
— Tô né, amiga. — Dou de ombros e me aproximo dela. — Eu e
Dimitri temos feito muito, sabe?!
Ela sorri alto, me fazendo ficar vermelha.
— O negócio está quente, hein. Mas falando sério agora, não quer fazer
um teste? Esses dias eu estava andando com Nick pelo hotel e vi uma
pequena farmácia perto das lojinhas que tem no hotel. Quer ir lá?
— Não sei, Tina — murmuro, nervosa.
— Vamos, eu vou contigo. — Ela se levanta. — Vamos lá rapidinho,
você vai e voltamos para cá. Vai que seja só um atraso mesmo?
Suspiro e assinto.
Recolhemos nossas coisas e seguimos até a farmácia. Valentina fica do
lado de fora com Lorena, e eu vou até às prateleiras onde tem poucas
caixinhas de testes, vou até o caixa e coloco na conta do quarto em meu
nome, para eu pagar depois sem que Dimitri veja. Saio da farmácia com a
sacolinha em mãos e seguimos para o banheiro mais próximo, no hall do
hotel.
Leio todas as instruções e faço como está escrito e espero os três
minutos, o que demora uma eternidade. Com as mãos trêmulas pego o teste e
vejo o resultado. Abro a porta do banheiro vendo Valentina me olhar atenta.
Engulo em seco e lhe entrego o teste. Ela o pega da minha mão e abre
um largo sorriso.
— Ai, meu Deus! — Me abraça. — Você vai ser mamãe.
— Estou... grávida! — digo com a voz trêmula.
— Grávida?
Olho para trás de Valentina e vejo Dimitri, me olhando apavorado.
Capítulo 28

Alicia me fita com os olhos marejados, e a cada segundo sinto o chão


desaparecer dos meus pés, tendo a confirmação dos seus olhos. É meu. Alicia
está esperando um filho meu. Minha boca fica seca, e eu começo a suar frio.
Não. Não. Não. Não pode ser. Não agora. Não! Sinto meu coração bater forte
dentro meu peito, e minha garganta se fechar.
Minha cunhada me olha, esperando por uma resposta minha, mas eu não
consigo falar. Só consigo olhar para Alicia e sua barriga ao mesmo tempo,
tentando acreditar que isso seja tudo mentira, que ela não está grávida de
mim.
— Dimitri. — Demétrio me olha, um olhar que diz “não faz merda,
porra!”
O olho apavorado, e giro meu corpo forçando meus pés a saírem daqui o
mais rápido possível. Escuto meus irmãos me chamando, mas eu os ignoro e
sigo pelo hall do hotel indo em direção à parte de fora do hotel, andando
apressado, totalmente desesperado. Paro perto da varanda que dá uma vista
maravilhosa para o mar, e me apoio na grade, respirando fundo, tentando me
acalmar.
Meu pai sempre me disse que é importante formar uma família e que
uma das coisas maravilhosas é ter um filho. Eu não estou preparado, não
quero ser pai agora, porra! Talvez eu não seja um bom pai. Que influência eu
darei a ele? Que magoei sua mãe diversas vezes, que é impossível contar nos
dedos? Que eu não a respeitei, não a valorizei? O que ele vai pensar de mim?
Ele terá raiva de mim, com toda certeza. Eu não sou uma pessoa boa, sou
uma péssima influência.
Meu pai me falou que quando descobriu que a mamãe estava grávida foi
a maior alegria dele, mas o desespero veio quando soube que éramos
trigêmeos. Entrou em pânico, porque não sabia lidar com essa notícia e não
sabia como iria criar três filhos recém-nascidos de uma vez. Mas ele sentou e
pensou, que um filho é uma benção, e três filhos é benção em triplo.
Estou apavorado, eu nem sei trocar a porra de uma fralda, nem sei
segurar uma criança direito em meus braços. Como vou ser a porra de um
excelente pai? Não sei dar bons conselhos, como vou educar meu próprio
filho? Serei um maldito hipócrita educando e ensinando-o a respeitar uma
mulher, porque eu fui totalmente desrespeitoso com a mãe dele. Que merda
de pai eu vou ser?
Escuto passos e vejo Dominic na minha frente, ofegante, por ter vindo
correndo.
— Que merda você pensa que está fazendo? — Me fita.
— Ela está grávida... — Ele me interrompe.
— E daí? Não é uma doença contagiosa, caralho! Que merda, Dimitri!
— Faz gestos com as mãos.
— Eu não quero. — Passo as mãos nos cabelos.
— Como é? — Dominic fala entredentes. — Repete, caralho!
— Eu não quero, não vou...
Tudo acontece muito rápido. Só vejo o punho de Dominic vindo em
direção ao meu rosto e acerta meu nariz, me fazendo cair no chão, com a
força.
— Que diabos está acontecendo aqui? — Demétrio aparece, vindo em
nossa direção.
Limpo meu nariz vendo sangue em minha mão.
— Esse... Caralho! Ele disse que não quer. — Dominic passa a mão no
rosto, desesperado.
— Você não vai abandonar Alicia nesse momento, Dimitri. — Demétrio
me fita.
— Ela estava tomando o maldito anticoncepcional. — Me levanto do
chão, limpando meu nariz.
— Ah, é? E você acha que a porra de contraceptivo é cem por cento
confiável? — Demétrio me fita, extremamente sério. — Nenhum deles são.
Por que não encapou a porra do seu pau? Não sei se você lembra, mas a nossa
sobrinha foi abandonada com a sua cunhada por um inconsequente filho da
puta, que não assumiu a responsabilidade. E agora, você se nega a assumir?
Não foi você que julgou tanto as atitudes do filho da puta do Pedro, por que
está fazendo o mesmo que ele fez? Hein?
— Porque.... — Me calo.
— Você deve assumir as consequências. Deveria saber que transar sem
a porra da camisinha, corre o risco de vir uma gravidez. — Dominic me olha.
— Do mesmo jeito que você não está preparado, imagino que ela não esteja.
Então porra, uma vez na vida, faça o certo.
Engulo em seco.
— Agora vai lá para dentro e converse com ela. Você vai assumir,
Dimitri. Eu não vou permitir que você renegue seu filho. — Demétrio me
olha. — Nosso pai nos ensinou a ser homens, e não moleques.
— Eu não sou moleque — murmuro, irritado.
— Mas está agindo como um maldito moleque inconsequente. Moleques
fazem isso, você já é homem. — Dominic me fita. — Vai lá e converse com
ela. Eu não vou deixar você fazer o mesmo que o Pedro fez com a minha
filha e minha mulher. Não mesmo! Você é um homem, um D’Saints. Os
D’Saints assumem suas responsabilidades e não será você que vai fazer
diferente, Dimitri. Se eu soubesse que você iria fazer tanta merda, eu tinha te
comido na barriga da nossa mãe.
Vejo Miguel vindo até nós, soltando fogos pelo nariz. Ele segura a gola
da minha camisa e me sacode, puto da vida.
— Que caralho você está fazendo? — Rosna. — Que merda é essa,
Dimitri? Você deixou a Alicia magoada, de novo caralho! Você prometeu
que não iria fazer mais isso, porra! Prometeu que não iria magoá-la, Dimitri.
Que merda de homem é você que não assume as responsabilidades e não faz
o que promete?
— Mas eu nem disse nada! — Me defendo.
Miguel segura forte a gola da minha camisa e me fita, cheio de raiva.
— Não precisou dizer nada, caralho. Seu olhar disse tudo. — Ele me
larga. — Porra, Dimitri! Você vai subir e vai falar com ela, porque ela está
muito magoada com você.
Passo a mão no rosto.
— Và bene. [xiv]Só lembrando, quando ele começar a chorar, o colocarei
no braço de vocês — aviso e esses putos sorriem.
— Estarei de braços abertos para recebê-lo. — Demétrio aperta meu
ombro.
— Só não te chamo de filho da puta, porque considero muito a Michele
para insultá-la dessa forma. — Miguel esconde o riso.
Dominic me olha e se aproxima de mim.
— Foi mal pelo soco. Você mereceu. — Aperta meu ombro. — Você
quer fazer o certo uma vez na sua vida? Essa é a oportunidade. Converse com
ela, e assuma essa criança. Ele ou ela não tem culpa, não pediu para vir ao
mundo. — Suspiro, passando a mão no rosto.
— Vou subir e falar com ela. — Eles assentem.
Ando de volta ao hall do hotel e vou em direção ao elevador e subo até o
andar do quarto. Ando pelo corredor, passo o cartão chave no leitor e abro a
porta. Meu coração acelera ao ver Alicia colocando suas roupas dentro da
mala. Valentina me olha e sai do quarto, me dando um olhar de aviso, antes
de ir embora. Se um olhar matasse, eu estava duro no chão, morto.
Valentina fecha a porta e fito Alicia, que me ignora colocando as roupas
dentro da sua mala.
— Vai aonde? — pergunto.
— Embora — responde, sem me olhar.
— Para onde? — Me aproximo.
— De volta para a casa de Dominic — fala, rude.
Alicia anda até o pequeno closet, pegando o restante das suas coisas, me
causando pânico.
— Amor... — Ela me interrompe.
— Amor é o caralho! — Se exalta, jogando as roupas na cama e me fita
furiosa. — Fica quieto aí, e me deixa em paz.
— Alicia. — Faço uma pausa. — Vamos conversar.
— Conversar o quê? — Me olha, com raiva. — Conversar o quê,
Dimitri? Não tenho nada para falar.
— Mas eu tenho — insisto.
— O que tem para falar? — Coloca as mãos no quadril. — Vai dizer que
não quer? Que não pretende ter filhos? Que não vai assumir? — Sorri, sem
humor. — Vai ser perda de tempo, porque o seu olhar demonstrou tudo isso.
— Quero que você entenda... — Me interrompe.
— Entender o quê? Seu olhar foi de puro desprezo, negação, pavor,
horror. — Faz uma pausa, segurando o choro. — Eu não estou pedindo para
você assumir, merda!
— Alicia... — Ela me interrompe, mais uma vez.
— Não estou pedindo para você assumir, Dimitri. Em nenhum momento
eu disse isso. — Ela enxuga suas lágrimas. — Se você não quer, tudo bem, eu
vou assumir sozinha. Não vou morrer por causa disso. Darei o melhor para
meu filho, não quero um centavo seu. Nem se preocupe que seus pais não vão
saber que você é um covarde, que não assume suas responsabilidades...
— Cala a boca, porra! — Grito, fazendo-a se assustar. — Cazzo! Estou
tentando te dizer que eu vou assumir a criança, junto com você.
Ela paralisa e me fita confusa, piscando os olhos.
— M-mas... — Gagueja, confusa.
— Cala essa boca, e me deixa falar. — Passo a mão no rosto,
angustiado. Suspiro, colocando as mãos no quadril. — Tá, eu admito que tive
medo, pavor, negação... tudo que você falou foi verdade, porque eu não
esperava por isso. Você estava tomando os remédios.
— Sim, eu estava tomando. Todos os remédios estão em dia —
responde, se sentando na cama.
— Sim. E eu estava contando com isso, de não vir um filho assim. —
Suspiro. — Mas veio, e eu vou assumir esse bebê junto com você.
Vou até ela e me ajoelho à sua frente, para ficar na sua altura.
— Desculpa pelo modo que agi, mas eu realmente continuo apavorado,
com medo. — Seguro suas mãos.
— Medo de quê? — pergunta.
— De eu não ser um bom pai. O que ele vai pensar de mim ao saber que
te magoei diversas vezes? — A olho.
Alicia acaricia meu rosto e me olha.
— Vai pensar que você errou e consertou tudo. — Me olha, com amor.
— Que você está se esforçando todos os dias para me reconquistar. Ele vai
entender.
— Tenho medo de não ser o pai que ele ou ela vai precisar — murmuro,
deitando minha cabeça em sua perna. — Tenho medo de falhar e ser o pior
pai desse mundo. Não sei cuidar de uma criança direito, nem pegar eu
consigo com medo de machucar.
Sinto suas mãos em meus cabelos, fazendo carinho.
— Não somos perfeitos, Dimi. — Faz uma pausa. — Vamos dar o nosso
melhor, para educar e amá-lo, o resto, vamos aprendendo no dia a dia. É
difícil, mas vamos nos ajudar.
— Desculpa. Estava apavorado e nervoso — murmuro.
— Desculpa também. Te chamei de covarde — sussurra.
— Mas eu fui um covarde naquele momento. — Suas mãos afundam em
meu cabelo, me fazendo carinho. — Deveria estar com você, mas estava
apavorado, ainda estou. Esperava qualquer coisa, menos uma gravidez sem
planejamento. Mas já que veio, vou ser o melhor para você e nosso filho. Eu
prometo.
Escuto-a suspirar e beijo sua coxa.
— Deita na cama. — Peço.
Ela franze a testa, mas faz o que eu peço. Subo na cama, e levanto sua
blusa, deixando sua barriga exposta. Inclino e beijo sua barriga, escutando
um sorriso abafado de Alicia. Levanto meu olhar, e a vejo me olhando com
um sorriso.
— O que foi? — pergunto.
— Você vai ser um pai babão. — Faz carinho em meus cabelos.
— Você acha? — Beijo sua barriga, sem tirar os olhos dela.
— Tenho certeza — afirma, com um sorriso.
Dou um sorriso e beijo sua barriga, que ainda está lisinha.
— Papai ama você, viu? Muito. — Encosto meu ouvido na sua barriga.
— Ama muito, e serei o melhor papai do mundo. E a mamãe te ama muito
também, e ela será a melhor mamãe. Desculpa por ter feito sua mamãe sofrer,
estou me esforçando muito para mudar tudo isso. E você será uma benção
para nós dois. — Acaricio sua barriga, com o ouvido nela.
Alicia sorri, emocionada. Sento-me na cama e a puxo para se deitar em
meu corpo, penteando seus cabelos negros e curtos com meus dedos.
— Quer morar comigo? — pergunto.
Alicia me fita com seus olhos escuros.
— Morar com você? — Assinto.
— Sim. Agora que vamos ter um filho juntos, eu quero estar mais perto
de você, acompanhar tudo de perto. — Contorno sua sobrancelha bem-feita,
com meu polegar. — Estar presente em todos os momentos.
— Você não acha cedo demais? Um passo muito grande? — pergunta,
mexendo em suas unhas.
— Não acho que seja um passo grande. O filho já é um passo grande,
amor. — Ela assente. — Quero estar por dentro de tudo, de cada enjoo, cada
tontura, realizar seus desejos. Montar o quarto, comprar o enxoval do nosso
filho. Quero ser bem presente.
Alicia me olha e faz uma expressão pensativa.
— E você morando comigo, me sinto mais tranquilo — digo.
— Em relação a quê? — Me fita.
— A gravidez tem todo um cuidado, né? Tem as tonturas e tudo mais, e
quero estar bem presente. — Beijo seus dedos. — E quero muito que vá
morar comigo.
Ela se senta na cama e vem para meu colo, se sentando de frente para
mim.
— Eu vou morar com você. — Envolve seus braços em meu pescoço.
Abro um largo sorriso e beijo seus lábios.
— Eu tô muito feliz, porra! — sussurro em seus lábios. — Muito
mesmo. Amo vocês.
Esse filho é uma benção!
Capítulo 29

Sentada na cama, coloco algumas coisas minhas dentro das caixas,


pronta para me mudar para a casa da frente. Dimitri insistiu tanto, que me fez
organizar tudo nesse final de semana. Já faz alguns dias que descobrimos a
gravidez, e nossa, está perfeito. Estou feliz demais, nunca pensei que estaria
grávida. Sempre tomei meus remédios em dia, e mesmo assim o bendito
falhou. Bendito porque foi a melhor coisa que já me aconteceu. Semana
passada fomos a uma consulta em uma clínica fazer o beta hcg e deu positivo.
Dimitri chorou igual um menino quando ganha presentes de Natal, e eu desde
então me emociono com tudo. Essa gravidez está sendo surreal para mim,
maravilhosa. Estou com os sentimentos fortes demais por esse bebê que está
sendo gerado dentro de mim, que nunca imaginei sentir.
Levo minha mão até a barriga ainda plana, sentindo meus olhos arderem
de tamanha emoção que estou sentindo nos últimos dias. É algo puro,
incondicional, intenso, é amor materno. É lindo tudo isso, incrível.
— Oh, amor da minha vida, você já está... — Levanto minha cabeça e
vejo Dimitri parado na porta do meu quarto, com Serafina em seus braços.
Dimitri abre um sorriso tão lindo, e meu coração bate forte. — Oi, amor.
Sorrio para ele que atravessa a porta do meu quarto, trajando uma
bermuda jeans com uma camisa de gola v e chinelos. Dimitri se inclina e
beija meus lábios, coloca Serafina na cama.
— O que foi? Está quietinha. — Acaricia meu rosto.
— Só pensando. — O olho.
— Não pense muito, senão você vai decidir não morar mais comigo. —
Sorri.
— Seu bobo. Eu vou morar com você, fique despreocupado. — Beijo
seus lábios.
— E por que nem tudo está encaixotado? — Olha o quarto.
— Senti uma leve tontura e acabei me sentando um pouco — digo.
— Deveria ter me chamado, morena. Assim teria lhe ajudado com tudo
isso. — Fica de pé. — Fique aqui sentada, que vou encaixotar tudo.
— Tem muita coisa. — Me levanto.
— Nada disso. — Dimitri me coloca sentada na cama, e me deita. —
Fique aqui, que eu encaixoto tudo.
— Mas... — Me interrompe.
— Sem mais, brunetta.
Bufo e cruzo os braços, vendo Dimitri encaixotar várias coisas e colocar
minhas roupas em malas durante um bom tempo, até tudo estar dentro de
caixas e malas. Alguns homens com fardas de uma empresa de transporte
entram em meu quarto, retirando as malas e caixas de dentro do quarto.
— Para que você chamou esse pessoal, Dimitri? — O olho.
— Ué, para levar suas coisas lá para casa. — Dá de ombros.
— Nós dois poderíamos fazer isso. — Reviro os olhos.
— Você não.
— Dimitri, gravidez não é doença. Ainda posso me locomover e pegar
algumas coisas — digo o óbvio.
— Você não pode pegar peso. — Olho os homens tirarem minhas coisas
do quarto. — Não pode fazer muito esforço durante os primeiros meses, é
cuidado redobrado. Se você não pesquisou sobre isso, eu pesquisei por nós
dois. Ei... cuidado com isso! Aí tem vidro.
— Desculpa, senhor D’Saints. — O homem pega a caixa com cuidado.
Dimitri me olha e estende a mão, com um sorriso.
— Vamos para sua nova casa, amor.
Seguro sua mão com um sorriso e me levanto. Serafina desce da cama e
nos acompanha. Nunca tive problema com ela de fugir. Serafina sempre
andou comigo sem usar coleira ou fica em meus braços. Essa gatinha é um
grude comigo. Descemos as escadas vendo minha amiga e meu irmão
olharem o pessoal sair com as caixas.
Valentina vem até mim e me abraça.
— Vou sentir saudades de você. — Me olha. — Já estava acostumada
com você aqui todos os dias.
— Agora ela tem uma nova casa. — Dimitri a olha, com um sorriso.
— É... Eu sei. — Valentina enxuga o canto do olho. — Vou sentir sua
falta.
Vou até a minha amiga e lhe abraço forte.
— Vou estar aqui na frente, qualquer coisa eu volto para cá.
— Nada disso. — Dimitri me olha. — Vai voltar não.
Sorrio e desfaço o abraço da minha amiga.
— Tia Alicia, promete vir aqui todos os dias? — Lorena me olha.
— Claro que sim, bonequinha da titia. — Ela sorri, mostrando seus
dentinhos. — Venho todos os dias. — Olho tia Flor que está sentada no sofá,
limpando o rosto discretamente.
Saio de perto de Lorena e caminho até tia Flor e me sento do seu lado no
sofá e seguro suas mãos.
— Chora não, tia. Não vou me mudar para longe. Vou morar aqui na
frente. — Acaricio suas mãos com meus polegares.
— Não é isso... é só que... — Me olha e suspira. — Você está formando
uma família..., e isso me deixa muito feliz, menina. Ver você, Valentina e
Miguel construindo uma família é tudo que eu sempre quis. — Fica um
pouco emocionada. — Me deixa feliz demais isso. Sei que todos os meus
meninos estão em ótimas mãos e bem. Rezei dia e noite para sairmos daquele
morro, ver vocês trabalhando e vivendo em um lugar menos perigoso, e Deus
ouviu minhas orações. Agora só resta você, menina. Lhe desejo toda a
felicidade do mundo. Que você seja feliz, que meu netinho fique bem e com
saúde.
Meus olhos ardem e eu a abraço. Eu sempre tive tia Flor como uma mãe
para mim. Ela é uma mãe para mim e para meus amigos. Nunca falhou em
nada. Tudo que ela podia fazer, ela fez e às vezes até o que não podia, ela
fazia. Porque ela nos ama como filhos e isso é o que importa.
— Obrigada. — A abraço com força. — Amo a senhora.
— Eu te amo, minha filha. Fica bem.
— Gente, estamos nos despedindo como se eu fosse morar em outro
país. — Sorrimos.
— Já estávamos acostumados com você aqui. — Dominic sorri. — A
hora que quiser vir passar tardes, noites... e quiser voltar, as portas estarão
abertas.
Me levanto da cadeira e abraço meu cunhado.
— Obrigada por ter me acolhido.
— Não precisa agradecer. Essa é sua casa também, quando quiser voltar,
é só falar. — Dominic retribui o abraço.
— Vamos parando com tanta despedida. Alicia vai decidir não ir morar
comigo. — Dimitri se aproxima nos fazendo sorrir. — Vamos, amor? Temos
muita coisa para organizar.
Assinto e me despeço do pessoal, saindo da casa da minha amiga com
Dimitri segurando minha mão o tempo todo. Atravessamos o condomínio e
vamos em direção à sua casa. Dimitri abre a porta e dá espaço para eu poder
passar.
— Bem-vinda à sua nova casa, morena.
Sorrio e passo pela porta, vendo tudo dentro. Foi tirado várias coisas;
quadros, jarros e alguns móveis. A casa de Dimitri é enorme, bastante
aconchegante e luxuosa. Nem sei como ele conseguia viver sozinho nessa
mansão. Vejo alguns homens descendo as escadas para pegar as caixas e
subir com outras.
— Por que tirou algumas coisas? — Cruzo os braços, andando pela
longa sala.
— Ah... então, eu tirei para dar mais espaço para as suas. — Coloca as
mãos nos bolsos da bermuda jeans. — Talvez queira decorar com suas coisas.
— O máximo que vou decorar será meu quarto. — O olho, com um
sorriso.
— Você sabe que vai ficar no meu quarto, não é? Que é nosso a partir de
agora. — Se aproxima de mim.
— Eu posso ficar em outro quarto. Não quero tirar sua privacidade, e
ocupar um grande espaço no seu closet. — Sorrio.
Dimitri retira suas mãos dos bolsos e segura minha cintura, se
aproximando mais de mim.
— Vamos ficar em um quarto, como um casal normal. Mas se quiser,
pode ter seu próprio quarto. Não vou invadir sua privacidade em momento
algum. E sobre você ocupar meu closet... Vou adorar ver vários sutiãs e
calcinhas por lá. — Sorrio e envolvo meus braços em seu pescoço. — Não
me importo de você ocupar meu closet. Ele é imenso, vai caber todas as suas
coisas.
Me inclino e beijo seus lábios.
— Quero te mostrar algumas coisas. — Assinto.
Dimitri segura minha mão e me leva até o seu sofá retrátil e se senta ao
meu lado. Pega o iPad na mesinha de centro e desbloqueia a tela, apoiando
seu braço em meus ombros.
— Estava pensando e quero discutir isso com você. Essa casa é muito
masculina, e pouco decorada. O que acha de redecorarmos? — Me olha.
— A casa toda? — questiono.
— Sim. Quero tudo do nosso jeito. Daríamos prioridade ao nosso
quarto, e assim que descobrirmos o sexo do nosso filho, podemos pensar em
várias coisas. — Mexe no iPad. — Minha mãe passou alguns projetos em 3D
para mim, para quartos de casais e vi alguns bem bonitos. Podemos escolher
juntos.
— Me mostra. — Me aproximo.
Dimitri mostra todos os projetos que a empresa de Michele e Nathaniel
de arquitetura e designer de interiores fizeram, e decidimos por um projeto
lindo que ficará perfeito. É bem a nossa cara. Só vamos querer poucas coisas
de diferente, nada demais. Nada que altere muito o projeto.
— Salvei e encaminhei para o e-mail da empresa, solicitando esse
projeto para começar a ser realizado essa semana. — Assinto. — Agora
podemos ver outros projetos para o restante da casa, enquanto mudam o
nosso quarto, outras pessoas podem projetar outros cômodos. O que quer
mudar?
— Acho que a cozinha. Não muita coisa — digo. — Mais para frente,
montar um pequeno parquinho no jardim para o nosso filho.
— Super válido, amor. Minha mãe mandou de tudo para mim. Podemos
ver com calma. — Assinto.
Dimitri trava o iPad e o coloca em cima da mesinha de centro e se
aproxima mais de mim, colocando minhas pernas esticadas nas suas.
— Estou muito feliz por você estar aqui. — Me olha, acariciando
minhas pernas. — É um passo grande, mas estou pronto para qualquer coisa.
Somos adultos e sabemos o que queremos. E eu quero você aqui, comigo, e
em breve nosso filho estará aqui conosco.
— Também estou feliz por estar aqui. — Acaricio seu queixo.
— Em breve vamos para a nossa primeira consulta fazer o pré-natal, e
acompanhar toda a gravidez com cuidado. Na clínica privada onde nossa
família se consulta com frequência, fiz seu cadastro e você terá todo auxílio,
durante e após a gravidez. Então, vamos marcar logo a consulta e ver como
nosso filho está.
— Você está bem ansioso. — Sorrio.
— Não é questão de ansiedade, e sim, de cuidado. Precisamos saber se o
coração do nosso filho está batendo no ritmo certo... e tudo mais. E o cuidado
com você, né. Não quero que nada dê errado. — Me olha com carinho.
Assinto, sentindo meu coração quentinho por ele realmente estar
mudando por mim, por nós. Pessoas de fora podem não acreditar nessa sua
mudança, mas eu vejo o quanto está mudado e isso me deixa feliz e tranquila.
Dimitri me olha e suspira.
— Alicia, eu não quero pressionar e não quero ser ansioso e chato,
mas... — Segura minha mão. —, o que você sente por mim... está mudando?
— Está sim.
— Mas assim... para melhor ou...? — Engole em seco.
Me sento melhor no sofá e acaricio seu rosto, olhando em seus olhos,
que demonstram ansiedade e aflição. Suspiro e dou um sorriso de lado.
— Para melhor, Dimitri. Estou vendo que realmente você está mudando,
e isso me conforta. Nunca pensei que um dia você iria se tornar esse homem
que você é hoje. Obrigada por estar se esforçando, mostrando que você pode
ser melhor. Um homem honesto, fiel e respeitador.
Dimitri abre um largo sorriso e beija minha boca.
Capítulo 30

— Fala sério, Dimitri. — Minha morena revira os olhos.


— O que foi, morena? — Cruzo os braços.
— Me deixa andar, cacete. Que saco! — Bufa, passando as mãos nos
cabelos. — Estou grávida, mas posso andar.
— Não quero que você se esforce. — A olho.
— Dimitri, pelo amor de Deus, se você não parar com isso, eu vou te dar
umas bofetadas com essa bolsa, seu cretino! — fala entredentes, para
ninguém da loja escutar. — Eu quero andar, esticar as pernas, ver as coisas...
me deixa em paz, homem.
Inferno de mulher teimosa. Faço menção de abrir a boca, mas Alicia
mostra sua bolsa.
— Se abrir essa boca para falar coisas que já estou cheia de ouvir, eu
bato em você com essa bolsa. E nem me importo de chamar atenção. —
Alicia cerra os olhos. — Vou adorar ver você em uma capa de revista,
levando bolçada na cara.
— Eu já disse que adoro você assim, raivosa? — Me aproximo dela,
colando nossos corpos. — Uma tigresa selvagem. — Fito seus lábios
carnudos. — Na cama você é maravilhosa assim, e fora dela... você me deixa
duro, morena. Adoro esse seu jeito de tigresa gostosa.
— Aqui não, seu idiota. — Bate com a bolsa em meu braço, me fazendo
sorrir. — Além de ser público, tem câmeras e pessoas circulando na loja,
literalmente de olho em nós.
É, ela tem razão. Bom, sou um D’Saints, aonde um D’Saints vai, chama
atenção. E é dificílimo ver um D’Saints em loja de bebês, então a atenção
está sobre nós e os seguranças em nosso encalço.
— Eu sei, minha tigresa gostosa. Mas adoramos uma adrenalina. —
Olho seus olhos escuros. — Me lembro da gente transando no escritório com
a porta destrancada, com puro tesão, loucos para gozar, sabendo que alguém
poderia entrar a qualquer momento.
Alicia engole em seco e vejo o desejo estampado em seus olhos. Ela
sacode a cabeça e sai dos meus braços, me fazendo revirar os olhos.
— Se está com tesão, em casa resolvemos.
— Você vai dar para mim? — Sorrio de lado.
— Sim. A tarde inteira, mas só se você se comportar. — Me olha,
cerrando os olhos.
Me animo logo e decido me comportar, louco para chegar em casa e
pegar essa tigresa gostosa de jeito. Caminhamos pela loja, vendo de tudo um
pouco, analisando tudo. Um rapaz se aproxima de nós e sorri.
— Boa tarde. Sou o René. Posso ajudar em algo? — Nos olha.
— Enxoval completo — respondo.
Ele olha para Alicia e desce seu olhar para sua barriga. É algo de
suspeitar. Eu e Alicia numa loja de bebês pedindo enxoval completo, certeza
de que vão pensar que Alicia está grávida de mim. Ninguém da mídia sabe, e
pretendemos continuar com esse segredinho. Queremos aproveitar a gestação
tranquila, sem nos preocupar com os hater que terá depois. Apenas família e
amigos sabem disso, ninguém de fora sabe, e pretendemos continuar desse
jeito.
— Um sobrinho meu da família está prestes a nascer, e queremos dar o
enxoval completo de presente. Somos os padrinhos. — Minto, sorrindo.
— Oh, sim. Certo. Sabem o sexo do bebê, ou preferem cor que seja para
ambos? — pergunta.
— Cor para ambos os sexos — Alicia responde, ajeitando a bolsa no
ombro.
— Certo, venham comigo, por gentileza. — Pede.
Alicia me dá um olhar de lado e reviro os olhos. Apoio minha mão na
base da sua coluna e a conduzo pela loja, acompanhando o vendedor que nos
leva até uma área reservada da loja, numa sala climatizada e sofás
extremamente confortáveis.
Alicia se senta no sofá e me sento ao seu lado, abrindo meu paletó.
— Deseja uma bebida, senhor D’Saints? — René me olha.
— Se tiver uísque, aceito. — Me encosto no sofá, cruzando a perna.
— E a senhorita? Um champanhe, talvez? — René fita Alicia.
— Não, obrigada. Mas aceito uma água. — Alicia sorri gentilmente.
— Vou buscar. — Se retira da sala, fechando a porta.
— Com certeza ele desconfiou — Alicia murmura.
Apoio meu braço em seus ombros e a puxo mais para mim.
— Relaxa, morena. Não ligue para isso, estamos sendo discretos,
ninguém desconfia de que estamos grávidos — digo.
Alicia me olha, erguendo a sobrancelha.
— Grávidos? — Sorri.
— Sim. Estamos grávidos, amor. Tem um pedacinho meu aí dentro de
você, então sim, estamos grávidos. — Sorrio.
Alicia acaricia meu rosto, sorrindo.
— Você é tão fofo, às vezes.
— Só às vezes? — Faço bico.
— Sim, porque na maior parte do tempo você é um cretino safado. —
Dá uma tapinha na minha coxa.
— Isso é uma reclamação? — Ergo a sobrancelha.
— De maneira alguma, nunca deixe de ser assim. — Se inclina e beija
meus lábios.
Acaricio seu rosto enquanto a beijo. Alicia se afasta e eu a olho.
— Está feliz? — Passo o polegar em seu queixo.
— Muito. — Me olha, com um sorriso lindo.
— E comigo? Está feliz? — A olho.
Alicia assente com um largo sorriso e sorrio por dentro. Sei que estou no
caminho certo, não posso fazer uma curva errada. Somos interrompidos
quando René volta para a sala com meu uísque e a água de Alicia. René se
senta conosco e começa a nos mostrar todos os enxovais disponíveis no iPad,
que podem ser entregues em casa. Escolhemos tudo com muito carinho.
Alicia logo pediu roupões para mandar bordar o sobrenome e logo fico
animado, porque tem muitas roupas que podem ser bordadas e tivemos
diversas ideias.
Simon estaciona em frente ao restaurante em uma das avenidas nobres
de Paris, desço do carro e ajudo Alicia. Segurando sua mão, caminho para
dentro do restaurante e somos acompanhamos até a mesa que foi reservada
em meu nome. Me sento de frente para Alicia, que coloca sua bolsa
pendurada na cadeira. O garçom faz nossos pedidos e se retira.
Retiro meu celular de dentro do paletó e vejo algumas mensagens
importantes do trabalho. Levanto minha cabeça rapidinho e vejo Alicia me
olhando, com um sorriso.
— O que foi?
— Sei lá... te acho lindo de terno. Fica bem bonitão, chama atenção.
Principalmente quando está com esses óculos Ray-Ban.
— Só de terno? — Dou um sorriso de lado.
Travo o celular e o coloco dentro do paletó.
— Não..., mas tenho uma fantasia em mente, e acho que ficará um gato
nela. — Morde o lábio.
— Fantasia, morena? Que fantasia? — Ergo a sobrancelha, curioso.
— Vi uma fantasia em um sex shop um dia desses, e estou pensando em
comprar para você usar. — Sorri, se encostando na cadeira.
— Que fantasia é essa? Estou curioso. — A olho.
— Bom, terá que descobrir mais tarde. Quando sairmos daqui, vou
passar no sex shop e vou comprar essa fantasia. — Dá um sorriso de lado. —
Tenho vontade de ver uma coisa.
— Por que não me diz o que quer ver? Mostro para você. — Mordo o
canto do lábio.
— Oh, sim, você vai fazer. E estou ansiosa para isso.
Cerro os olhos, bastante curioso. O garçom chega trazendo nossos
pedidos e almoçamos tranquilamente.
Me sento na cama, esticando minhas pernas e cruzando-as, esperando
Dimitri sair do banheiro vestido com a fantasia que comprei para ele. Estou
ansiosa para vê-lo. Pego um travesseiro e o coloco no colo.
— Não acredito nisso, Alicia! Eu não vou usar isso. — Escuto a voz de
Dimitri, vindo do banheiro.
— Por favor! — Grito com um sorriso.
— Não mesmo! Que fantasia é essa?
— É bonita, né? Vai ficar um gato. — Sorrio.
— Não mesmo. Eu não vou usar isso, Alicia.
— Deixa de frescura e usa.
— Não!
— Se eu tivesse vestida de enfermeira ou policial podia, né?
— Claro que sim! Você ficaria extremamente sexy nessas fantasias.
Com essa fantasia aqui, eu pareço um....
— Gostoso! Deixa de reclamar e vem. Faz isso por mim? Se me ama,
você faz. — Mordo de leve minha unha.
— Isso é chantagem, porra! Não, Alicia!
— Se você me ama, você vai vestir. — Sorrio.
— Chantagista do caralho. Você me paga! — Escuto-o resmungar. —
Tá, porra! Eu uso isso aqui.
Bato de leve em meus braços, sabendo que venci essa. Espero
ansiosamente para ele sair do banheiro, enquanto mexo meus pés. Escuto a
porta do banheiro ser aberta. Viro meu rosto e o vejo saindo do banheiro com
a cara emburrada.
Mordo o lábio e desço meu olhar pelo seu corpo. Dimitri está mais
gostoso, um pouco mais forte. A barriga nem é tão tanquinho, e nem me
importo com isso, o meu fraco é esse V na virilha que o deixa um gato.
Dimitri coloca as mãos nos quadris e cerra os olhos.
— Satisfeita? — diz, irritado.
Sorrio e me ajoelho na cama. Ele está lindo vestindo essa cueca com
uma tromba de elefante. Uma graça.
— Sempre tive curiosidade de saber como seu pênis ficaria dentro dessa
trombinha. — Coloco a mão no rosto, segurando o riso.
— Fala sério, Alicia! — Dimitri passa a mão no cabelo. — Você me fez
vestir isso aqui, só por curiosidade?
— Sim! Você nunca teve? — Seguro o riso.
— Eu não! Isso fez meu pau amolecer em segundos. Você tem noção
disso? — Me olha, fazendo gestos com as mãos. — Eu todo animado, e
quando vejo essa maldita cueca, meu pau amolece. Nunca amoleceu tão
rápido, em toda minha vida.
— Ah, sem drama. — Faço bico.
— Se alguém souber que vesti isso aqui, se prepare sua danada. Não
será nada bom para você. — Cerra os olhos.
Saio da cama, seguro a barra do vestido e o retiro do meu corpo, ficando
apenas de calcinha em sua frente.
— E o que você vai fazer? — Mordo o lábio.
— Castigar você.
— Como? — Me aproximo dele.
— Vou pensar. — Faz charme.
Me aproximo mais dele e passo minhas mãos pelo seu peito.
— Essa é sua tentativa de fazê-lo ficar duro? — Assinto, mordendo o
lábio. — Acho bom ele ficar duro mesmo. Senão..., seu castigo será pesado,
morena.
— Por que ele não ficaria duro? — Me inclino e beijo seu peito,
passando minhas mãos pelos seus braços fortes.
— Ele ficou horrorizado com essa cueca aqui, talvez nem fique duro de
tamanha vergonha que o coitado está passando — diz, me olhando.
— Qual será meu castigo, se ele não ficar duro? — Mordo o lábio.
Dimitri segura meu queixo, me fitando. Puxa o bico do meu peito,
fazendo-me soltar um gemido baixo.
— Para início, você nem vai gozar, sua danada. — Morde meu lábio.
— Poxa. — Faço bico. — Você é cruel.
— Não sou, não. — Puxa minha nuca, deixando nossos rostos próximos.
— Você que é uma danada.
Sorrio mordendo o lábio e caio de joelhos diante dele. Dimitri me olha
com a boca entreaberta. Passo minhas mãos pelo seu abdômen e desço para
sua cueca fofa e empurro para baixo, tirando-a do seu corpo. Jogo a cueca no
chão do quarto e olho a perfeição que seu pau é. Nossa, digno de um troféu,
por ser tão lindo.
Sorrio e olho para cima, vendo Dimitri me olhar com um sorriso.
— Humm... alguém vai me fazer gozar muito hoje.
Capítulo 31

Abro os olhos me espreguiçando e tateio a cama à procura de Alicia,


mas sinto seu lugar vazio. Viro meu rosto vendo seu lugar um pouco
bagunçado e frio. Ela deve ter se levantado faz tempo. Sento-me na cama,
esfregando meus olhos e me levanto indo em direção ao banheiro. Faço
minha higiene, escovo meus dentes e vou até o box tomar um banho de
cabeça para despertar. Troco de roupa e saio do quarto.
Desço as escadas e vejo Antônia passando pela sala com toalhas
dobradas nas mãos. Contratei Antônia para fazer as refeições e cuidar da casa
junto com mais três funcionários, desde que Alicia veio morar aqui. Antes eu
comia na casa dos meus irmãos, e uma faxineira vinha duas vezes na semana
para manter tudo em ordem, mas agora tem Alicia e precisamos de mais
pessoas.
— Bom dia, senhor D’Saints! — Me cumprimenta, gentilmente. —
Deseja alguma coisa?
— Bom dia, Antônia. Você viu a Alicia?
— Ela está na piscina.
— Obrigada, Antônia. — Agradeço, com um aceno.
— Deseja comer algo? — Me fita.
— Sim. Vou chamar Alicia e vamos comer perto da piscina, tudo bem?
— Ela assente e se retira.
Ando pela sala indo em direção à porta que dá acesso ao jardim, onde a
vejo na beira da piscina, tomando banho de sol. Uma cena linda de se ver, de
limpar minhas vistas. Ela está no raso da piscina, de biquíni, deixando sua
barriga exposta. A barriga dela está linda, linda mesmo. Está bem
redondinha, porém pequena. Às vezes fico admirando-a vendo o quão linda
ela está grávida. A sensação é muito boa, de saber que meu filho está sendo
gerado, dentro dela. Fico pensando o quão isso é perfeito, gerar um filho.
Alicia levanta o rosto e sorri para mim, meu coração acelera de alegria.
As últimas semanas estão sendo as melhores da minha vida. O quarto do bebê
já está sendo construído aos poucos, e ficando cada vez mais lindo. Comprei
diversos livros sobre gravidez, e lemos juntos, aprendendo tudo aos poucos.
Temos dicas da minha mãe, Valentina, Manu e Hannah sobre a gestação, o
que me deixa em alerta para qualquer coisa.
Pensei que ela iria ter aqueles desejos que toda mulher tem, mero
engano. A gravidez está sendo tranquila, vez ou outra que ela me pede algo
para comer, e faço seu gosto. Mas não é aquela coisa de ter que sair para
comprar, porque está louca para comer. Está supertranquilo. Sempre vamos
ao médico, fazer o pré-natal e recentemente descobrimos o sexo do bebê.
Meu garotão está bem saudável, o cuidado que estamos tendo, é porque
Alicia está com pré-eclâmpsia. Estou muito preocupado e tenso.
Descobrimos quando Alicia estava com vinte semanas de gestação.
Fiquei extremamente preocupado, com o que o médico falava o que é pré-
eclâmpsia e seus riscos. O médico explicou da maneira mais detalhada
possível, para entendermos o que de fato é, e que pode ser hereditário ou por
ser a primeira gravidez. Alicia falou que a mãe dela não teve nada durante a
gravidez, o que levou o médico a dizer que é por causa da primeira gravidez.
Depois dessa consulta, estamos tomando todo o cuidado. Estou sempre em
alerta a todos os sinais que o médico pediu para ficar de olho, e Alicia mudou
totalmente sua alimentação, para não se prejudicar e não prejudicar nosso
filho.
Alicia voltou ao trabalho depois de todo aquele escândalo envolvendo
nós dois em um pequeno clipe pornô criado pela minha priminha cobra, e
temi por isso. Mas tudo correu bem, os funcionários fizeram uma festinha de
boas-vindas e todos se desculparam por terem rido dela, ao invés de terem
ajudado. Eu não queria que ela fosse trabalhar, mas ela insistiu, alegando que
quer sua independência. Quem sou eu para falar algo? Por mim ela não iria,
aproveitava sua gravidez tranquila e sossegada, sem precisar de ir trabalhar,
porque eu arcaria com tudo, sem reclamar. Mas se ela quer, não sou eu que
vou proibir.
Desencosto da parede e vou até ela, que se levanta ficando de pé,
mostrando sua barriga, que está linda. Estico meu braço para ela segurar
minha mão e a ajudo sair da piscina.
— Bom dia, meu amor. — Beijo seus lábios. — Dormiu bem?
— Bom dia. Dormi sim e você? — Abraça minha cintura.
— Muito bem, mas senti sua falta quando acordei. — Beijo seus
cabelos.
— Decidi tomar um banho de sol. É bom o solzinho de manhã cedo.
Vejo Antônia levando nosso café até a mesa, pego o roupão de Alicia na
espreguiçadeira, seguro sua mão e ando com ela até a mesa. Nos sentamos,
um de frente para o outro, e começamos a comer. A olho vendo que ela não
mudou nada. Seu rosto fino e delicado continua o mesmo, a não ser os seios
que estão bem maiores, e apetitosos, é claro. Mas ela está linda. Reclama
algumas vezes sobre comprar novos sutiãs maiores, mas eu não tenho do que
reclamar, porque estou amando-os assim.
— Dimitri! — A olho, franzindo a testa. — Para de olhar para meus
peitos.
— Amor... — Ela me interrompe.
— Deixa de ser safado. — Bebe seu suco, escondendo o riso.
— Querida, só estou admirando. — Sorrio para ela.
— Sei... admirando... — Me olha desconfiada.
Dou um gole no café e seguro sua mão, sobre a mesa.
— É sim, se não acredita, não posso fazer nada. Não sou vinte e quatro
horas um safado. — Ergue a sobrancelha, com um sorriso desconfiado. —
Estou admirando minha mulher, não posso? Estou vendo o quanto está
mudada, ficando mais linda.
Ela cora e sorri.
— Nem estou tanto assim — murmura, olhando seu copo com suco. —
Estou ficando com estrias, meus peitos estão maiores...
— Meu amor, você está ficando mais linda do que já é. — Faço carinho
em sua mão, com meu polegar. — Você está mudando, porque tem uma
vidinha aí dentro de você que está crescendo a cada dia. Não se importe com
estrias, isso a torna mais linda, mais mulher. Eu sinceramente não me importo
com estrias, faz parte.
— Mas estou bem incomodada com meus peitos — fala, cabisbaixa.
— Morena, eu não quero te ver assim. — Ela me fita. — Você está
linda, meu amor. Linda mesmo. Não estou falando isso para levantar sua
autoestima, e sim, porque você está linda demais, grávida. Seus seios depois
vão voltar ao normal, creio eu. — Dou um sorriso. — Se não voltarem,
lembre que eu os adoro do jeito que estão. Qual a sua preocupação?
— Não me sinto confortável — sussurra. — Eles estão bem maiores, e...
— E...? — Incentivo-a.
— Caídos — murmura.
— E daí? Qual o problema disso? — Seguro sua mão. — Amor, pense
que eu amo você do jeito que está. E estou adorando-os assim, maiores. —
Sorrio.
Ela rola os olhos.
— Você é muito safado. — Sorri.
— Só com você. — Beijo seus dedos, arrancando um sorriso seu.
Após tomarmos nosso café, subimos para o nosso quarto para trocarmos
de roupa. Visto meu terno, vendo Alicia terminar de colocar a roupa. Ela fica
linda quando coloca a saia social de cintura alta. A mídia ainda não sabe
sobre Alicia estar grávida, só a família e alguns amigos. Alicia sai muito com
blazer e casacos, o que esconde o volume de sua barriga, já que ainda não
está muito grande, nem parece que está grávida.
Portanto, ninguém da empresa desconfia, e quero que continue assim, já
fomos expostos demais desde o nosso vídeo íntimo vazado. Decidimos que
vai continuar assim, e depois será anunciado que teremos mais um D’Saints a
caminho.
Termino de colocar minhas abotoaduras quando ela finaliza calçando
um louboutin de salto um pouco baixo.
— Amor, não é melhor um sapatinho ao invés desses saltos? — Me
aproximo dela, vestindo meu paletó.
— Me sinto confortável com eles, ainda. — Coloca seu blazer. — Meus
pés estão muito inchados, mas ele é o único que está bonitinho nesses pés
gordinhos.
— Mas leve alguma sandália mais baixa, caso se sinta desconfortável.
— A olho.
— Tem um na minha sala já. — Assinto, vendo-a pegar a bolsa. —
Vamos? Acho que estamos atrasados.
Assinto e saímos do quarto, descendo as escadas juntos. Ao sairmos de
casa, vejo meus seguranças prontos para nos levar até a empresa, quando vejo
minha cunhada Valentina, saindo de sua casa e acenando para nós irmos até
lá. Faço um aceno para meus seguranças aguardarem e vamos até à casa do
meu irmão mais velho.
Entramos em sua casa, vendo dona Flor ajeitando o uniforme de Lorena,
que está prestes a ir para a escola.
— Tio Dim! — Lorena vem até mim.
Me agacho e a abraço.
— Bom dia, pequena. — A olho, com um sorriso. — Que sorriso é esse?
— O papai falou com tio Aaron e tia Nicole, e eles deixaram Damien ir
com a gente pra Disney. — Bate palmas.
— Que coisa boa. — Sorrio. — Vai para a escola?
— Vou. Tô esperando tio Theo vir me buscar, ele já tá chegando — fala,
mostrando seus dentinhos.
Beijo seus cabelos loiros, e me levanto ao ver Dom descer as escadas,
ajeitando suas abotoaduras. O cumprimento com um aperto de mão.
— Amiga, mandaram isso aqui para você. — Valentina entrega um
pequeno envelope a Alicia.
Alicia franze a testa, larga a bolsa no sofá e pega o envelope da mão da
sua amiga. Ela abre e retira de dentro um pedaço de papel dobrado. Ela o abre
e lê atenta, franzindo a testa.
— O que foi? — A olho.
— Como sempre, sem identificação. — Olha o papel e lê: — Estou
chegando, meu amor.
Pego o papel de sua mão vendo que tudo foi digitado, nada escrito à
mão.
— Quem trouxe? — Olho meu irmão.
— Não sabemos. Deixaram isso na portaria do condomínio, com uma
rosa vermelha — meu irmão responde.
— Quem será? — Valentina cruza os braços.
— Eu não sei. — Alicia morde o lábio, pensativa.
— Algum ex-namorado? — A olho, com certo ciúme.
— Não. Nunca fui de namorar muito... — Dá de ombros. — Não sei
quem poderia mandar essas coisas para mim.
— Nem suspeita? — Cruzo os braços.
— Não. Nada em mente. — Bufa, pensativa. — Mas vou pensar em
quem pode ser essa pessoa que vive me mandando essas coisas,
anonimamente.
Assinto, preocupado e pensativo. Ergo o punho e verifico a hora em meu
relógio de pulso, vendo que estamos atrasados.
— Vamos. Tenho um cliente que vai chegar às dez.
Vejo os gráficos na tela do computador, vendo que tudo está certo com
eles, e o aumento de vendas na loja virtual subiu vinte por cento. Mordo
minha maçã, sem tirar os olhos do gráfico, totalmente concentrada. Coloco
tudo para imprimir na impressora dentro da minha sala. Recolho todos os
papéis, e os coloco dentro de um envelope e saio da sala, vendo Morgana
mexer no computador.
— Ei. — Ela me olha. — Dimitri está em reunião?
— Está com o Sebastian Torres, um dos seus clientes exclusivos. Por
quê?
— Eu preciso entregar esses gráficos e levar um papel para ele assinar.
— Ela assente.
— Espera só um momento. — Morgana pega o telefone e disca para a
sala de Dimitri. — Dimitri, Alicia quer entregar uns gráficos, e um papel para
você assinar. Ela pode entrar?... Está bem. — Põe o telefone de volta e me
olha. — Ele disse que pode entrar.
— Valeu, Morgana. — Pisco para ela.
Caminho em passos calmos até a porta do escritório do meu namorado,
dou duas batidas e giro a maçaneta, vendo meu namorado conversar com o
cliente que está sentado de costas para a porta. Dimitri levanta a cabeça e me
olha, abrindo um sorriso.
— Sebastian, sei que no baile você não teve a oportunidade de conhecer
minha namorada, e agora ela está aqui. — Dimitri se levanta da cadeira, e
caminha até mim.
Sorrio e ele beija minha bochecha, quando o homem se levanta.
— Sebastian, essa é Alicia. — Dimitri nos apresenta com um sorriso.
Meu sorriso morre ao ver o rosto do homem. Ele me fita pálido e engole
em seco. Deixo a pasta cair no chão, com as mãos trêmulas, sentindo o chão
desabar em meus pés. Sinto minha visão turva, e meu corpo vacila um pouco.
Sinto as mãos de Dimitri me segurando.
— Amor. O que foi? — Dimitri pergunta, preocupado.
— E-ele... — Gaguejo, sentindo meus olhos marejados. — Ele não é o
Sebastian.
Meu namorado me fita confuso, franzindo a testa.
— Amor, ele é o Sebastian, meu cliente — Dimitri fala.
Sacudo a cabeça, negando.
— Dimitri, eu não me chamo Sebastian Torres — o homem fala,
chamando atenção do meu namorado. — Meu nome é Fernando
Albuquerque, eu sou...
— Meu pai — completo a frase, sentindo meu corpo trêmulo. Dimitri
me olha com os olhos arregalados, e falo antes de ser levada pela escuridão.
— Ele é o meu pai...
Capítulo 32

— Ah, não, merda! — Seguro Alicia nos braços, desmaiada.


A coloco em meus braços, levo-a até o sofá e a deito com cuidado.
— Acho melhor eu ir — Sebastian fala.
Sebastian não, Fernando Albuquerque.
— Fique aí! — digo furioso. — Você vai ficar aí!
— Não acho que seja bom... — O interrompo.
— Agora você acha isso, porra? — Me exalto.
Passo a mão no rosto, tentando assimilar tudo. Volto meu olhar para
Alicia e abro os botões do seu blazer e os botões da sua blusa, sabendo que
ela está usando um top. Pego uma pasta fina em cima da mesinha de centro e
abano, fazendo vento para refrescá-la.
— Ela está grávida? — Escuto-o falar.
Olho minha mulher ainda desacordada, com a barriga exposta.
— Está — respondo, olhando-a com carinho.
— É seu?
Viro minha cabeça e fito seus olhos escuros iguais aos da Alicia.
— Claro que é meu. Quem você acha que sua filha é? — resmungo,
indignado.
Fernando abre um sorriso e a olha com carinho. Por alguns segundos o
vejo perdido em pensamentos, imaginando sei lá o quê.
— Ela formou uma família. — Dá um sorriso fraco. — Era isso que eu
sempre quis. — Ele me olha. — Minha menina está tão crescida.
— Vai ficar se lamentando? Ela não quer te ver nem pintado de ouro.
— Eu sei — murmura, cabisbaixo.
— E, por que está aqui na França? Na empresa em que ela trabalha,
falando com o marido dela. — O olho.
— Não sabia que tinham se casado. — Me fita.
— Oficialmente não. Mas eu a trato como minha esposa, mãe do meu
filho. Uma merda de papel não significa nada — digo.
— Você a ama — Fernando fala. — Fico feliz com isso.
— Dimitri, olha... — Dom entra na sala.
Dominic paralisa, vendo-me sério demais diante do Fernando e arregala
os olhos quando vê Alicia deitada no sofá.
— O que está acontecendo? — Dom me pergunta, e fita Fernando. —
Como vai, Sebastian?
— Ele não é o Sebastian, Dominic — falo entredentes. — Ele é
Fernando Albuquerque.
— Quê? Como assim, Dimitri? — Dom me fita. — Me explica isso
aqui. Por que Alicia está desacordada?
— Esse homem que está diante de você, é o pai da melhor amiga da sua
esposa — respondo, passando a mão no rosto.
Dom arregala os olhos e fita Fernando.
— Você é o pai de Alicia? — Dom pergunta, incrédulo.
— Sou sim. — Fernando assente.
— Caralho! — Dom passa a mão no rosto.
— Pede para Simon e Thomas preparem o carro, vou levá-la para casa.
— Peço, indo até Alicia.
Dom assente e sai da sala, ainda processando a informação que acabou
de saber.
— Dimitri, deixe-me falar com ela assim que acordar. — Fernando
pede.
— Não, eu não vou deixar! Só de ela ver você, desmaiou. Não a quero
passando mal, ela está grávida — digo, e volto minha atenção a ela, retirando
alguns fios de cabelo do seu rosto.
— Por favor, Dimitri. Deixe-me falar com minha menina — implora. —
Eu anseio por isso há anos...
— Você me falando isso não vai adiantar de nada. Não foi a mim que
você abandonou — retruco, impaciente.
Ele engole em seco e volto minha atenção a ela, que está abrindo os
olhos, aos poucos.
— Oi, amor. — Acaricio seu rosto. — Estou aqui.
— Dimi... — sussurra, acordando aos poucos.
— Shh! Dominic foi falar com os seguranças, para preparem o carro. —
Ela assente.
— Dimitri, como ela está? — Fernando pergunta, preocupado.
— O que ele... ainda faz aqui? — Alicia o olha, tentando se levantar.
— Filha... — Alicia o interrompe.
— Não me chame de filha. Não sou sua filha! — Alicia se exalta um
pouco.
— Amor, fique calma. — Seguro seu rosto, fazendo-a me fitar. —
Respira fundo e solta. Não se estresse, lembre-se que nosso bebê está dentro
de você.
Ela assente, e suspira. Alicia se senta no sofá e ajudo a fechar sua blusa
e o blazer.
— Quero ir embora — murmura, me olhando.
Assinto, ajeitando seus cabelos e por fim, seu blazer.
— Vamos sim. — Beijo sua testa.
— Alicia, eu preciso falar com você. — Fernando se aproxima.
— Não quero falar com você. — Alicia o olha, com raiva.
— Por favor! — Fernando implora. — Só quero conversar.
Alicia me olha, pedindo ajuda. Sei que está confusa e não quer falar com
ele. Não posso fazer muita coisa, só cabe a ela decidir. Seja qual for sua
decisão, estarei ao seu lado.
— Amor, a decisão é sua — digo.
Alicia respira fundo e suspira, cansada.
— Eu vou para casa. — Alicia o olha. — Se quiser falar comigo, vai ser
lá.
— Perfeito. — Fernando sorri.
— Não se anime. — Alicia o olha. — Isso não quer dizer que vou
perdoar você por todos esses anos.
Dimitri me ajuda a sair do carro, segurando minha bolsa, e de longe,
vejo o meu pai, saindo do seu carro, vindo em nossa direção. Suspiro, ainda
não acreditando que esse homem está diante de mim, após anos. Dimitri
ainda me segura pela cintura, e me conduz até a casa de Valentina.
Passamos pela porta, e vejo minha amiga andando de um lado para o
outro. Ela me olha e suspira.
— Amiga. — Valentina vem até mim. — Você está bem? Nick disse
que você desmaiou. Está sentindo alguma coisa? Quer ir ao médico?
Ando até o sofá, e me sento. Dimitri pega meus pés colocando-os em
cima da mesinha de centro. Dou um sorriso carinhoso, acariciando sua barba.
— O quê? — Valentina olha meu pai. — O que você está fazendo aqui?
— Ela me olha. — Amiga, me explica isso.
— Como vai, Valentina? — Fernando coloca as mãos nos bolsos. —
Está crescida, formou uma família.
— Sim, formei — minha amiga responde, sem muita importância. —
Alguém me explica o motivo dele ter voltado?
— Fernando se tornou um cliente meu — meu namorado começa a falar.
— Se passou por Sebastian Torres, um grande empresário, e eu acreditei,
porque eu nunca o tinha visto antes.
— Eu só queria me aproximar da minha filha. — Fernando se defende.
— Eu não sou sua filha — digo irritada.
— Mas o sangue que corre em suas veias, é meu — fala rudemente.
— Olha como fala com ela. — Dimitri se levanta.
— Eu não vou aceitar que ela diga que não é minha filha. — Fernando o
olha, com raiva. — Eu a criei, eduquei...
— Você chegou agora e já quer sentar na janela? — Me levanto do sofá.
— Você não é mais meu pai, Fernando. Posso não ter passado fome, mas
educação? Você nunca sentou para me educar, conversar. E ainda se acha no
direito de pai.
— Eu sou seu pai, sim.
— Pai é apenas uma palavra, o significado por trás dessa palavra tem
muitas coisas, na qual você não se enquadra em nenhuma — digo irritada. —
Minha mãe morreu, e dois dias depois você foi embora. Você me largou,
sozinha! Eu não tinha ninguém para me amparar.
— Eu não era um pai decente para você, filha. — Faz uma pausa. — Eu
queria ser alguém melhor para você.
— E decidiu me abandonar? — Rio, sem humor. — Isso é ser um pai
decente?
— Tente me entender. Você nunca aceitou a vida que eu levava.
Abominava o tráfico. Não me aceitava como um dos chefes do tráfico do
morro. Eu queria largar isso, queria ser alguém melhor. Por isso eu saí do
morro — justifica.
— Está tirando onda com a minha cara? Veja se está escrito trouxa na
minha, Fernando? Saiu do morro para roubar bancos, e para se tornar o
traficante mais procurado? — O olho. — Você acha que eu vou acreditar
nesse seu discurso de arrependimento?
— Como você soube disso? — Ele me olha.
— Como eu soube? Pelo seu rosto estampado em diversos jornais e
revistas, como o traficante mais procurado do Brasil — digo. — Você pode
dar meia volta, e voltar de onde nunca deveria ter saído. Eu não te quero na
minha vida.
— Filha... — Cerro os olhos. — Alicia, eu mudei. Eu não vivo mais
disso.
— Ah, não? — Coloco as mãos no quadril. — Então me explica qual a
sua profissão? Sei que é empresário, mas o que você fez para levantar a
empresa? Pediu empréstimo no banco, no qual roubou? Porque isso não foi,
senão você teria sido preso. Essa empresa que você montou, a vida que você
vive, é tudo fruto dos seus roubos.
— Mas como eu iria levantar uma empresa do zero? — Faz gesto com
as mãos.
— Trabalhando honestamente, merda! — Grito. — Juntando dinheiro,
trabalhando duro. Porque pessoas assim conseguem algo honesto na vida.
Pessoas honestas fazem isso, não roubam.
Rapidamente sinto minha visão turva e minha cabeça gira. Sinto as mãos
de Dimitri em minha cintura e ele me coloca sentada no sofá. Valentina se
senta ao meu lado e segura minha mão.
— Fernando, eu acho melhor você ir embora — Dominic fala.
— Eu não vou, porra! Quero falar com a minha filha. — Fernando se
exalta.
— Você vai, sim. Não está vendo que está fazendo mal a ela? —
Valentina fala, segurando a minha mão.
Respiro fundo e suspiro.
— Não se meta, Valentina. Esse assunto é meu e da minha filha —
Fernando fala, rude.
— Como é? — Dominic dá um passo à frente, com uma cara bastante
séria. — Se você tem amor à sua vida, trate de respeitar e falar direito com a
minha mulher.
Respiro fundo e suspiro.
— Eu... — Dominic o corta.
— Você está na porra da minha casa! Exijo respeito à minha família e à
minha mulher. — Dominic o olha, frio. — Quem você pensa que é para falar
desse jeito com a minha mulher e a irmã dela? Cuidado como fala, só aviso
dessa vez, não terá uma segunda vez, Fernando.
Vejo os seguranças de Dominic e Dimitri de prontidão. Fernando olha
para eles, vendo-os com as mãos nos coldres discretamente por dentro do
paletó, prontos para sacar as armas, apenas esperando as ordens dos seus
patrões.
— Peça para eles guardarem as armas. — Fernando pede. — Eu não vou
fazer mal algum.
— O que me garante que você não está armado? — Dimitri se aproxima
dele.
Respiro fundo e suspiro. Olho Valentina que me dá um sorriso e segura
forte minha mão.
— Estou armado, mas se quiser, eu entrego. — Fernando olha meu
cunhado. — Não farei nada.
Dominic acena para Theo, que vai até Fernando e retira duas armas do
coldre que é coberto pelo paletó. Ele suspira, passando a mão no rosto.
— Me desculpe. Eu me exaltei, não era minha intenção. — Fernando me
olha, triste. — Eu só quero conversar com ela.
— Ela não está bem — Valentina diz. — A gravidez é de alto risco.
— O que ela tem? — Fernando pergunta.
— Tenho pré-eclâmpsia — respondo.
Clarisse aparece com o aparelho medidor de pressão, e coloca em meu
braço verificando minha pressão, com tranquilidade.
— Está alta, melhor você se deitar. — Clarisse me olha.
— E já está na hora de você tomar seu remédio. — Dimitri segura minha
mão.
Clarisse avisa que vai pegar meus remédios e se afasta para buscá-los
dentro da minha bolsa.
— Alicia está sendo acompanhada por algum médico? — Fernando olha
meu namorado.
— Claro que está! Ou você acha que não me preocupo com a minha
mulher? Está sendo acompanhada por um dos melhores médicos — meu
namorado responde, grosso. — Veio de Londres para acompanhar de perto a
gravidez dela.
— Fernando, acho melhor você ir. — Minha amiga pede. — Ela não
está bem, a gravidez é de risco, e ela não pode ficar estressada e se exaltar.
Dimitri tira alguns fios de cabelo do meu rosto, enquanto respiro e
inspiro, tranquila. Vejo Fernando me olhando atentamente, e vejo amor e
carinho sendo transmitidos pelos seus olhos. Ele se aproxima com cautela,
sobre o olhar de raiva de Dimitri, se agacha ao meu lado e segura minha mão.
Suspira e seus olhos escuros idênticos aos meus, me fitam.
— Eu não quero que se sinta mal por minha causa. Apenas quero
conversar e me redimir com você. — Ele beija minha mão e me dá um
sorriso de leve. — Saiba que estou muito feliz por estar formando uma
família, querida. Era isso que eu queria para você. Sei que meu
comportamento foi totalmente errado, mas eu sempre lhe amei, tentei buscar
algo para lhe dar vida boa e tudo do melhor, mas encontrei a maneira errada
para fazer isso.
Engulo em seco, e o vejo retirando um cartão de visitas de dentro do
paletó e me entrega.
— Aqui está meu telefone pessoal e o da minha secretária. — Olho o
cartão de visita. — Atrás tem meu endereço pessoal, onde estou morando. —
O olho. — Quando se sentir à vontade para conversar comigo, é só me ligar.
Eu só vou embora se você me disser que definitivamente não quer conversar
comigo, se quiser, eu fico o tempo que for necessário. — Ele acaricia minha
mão e me olha com os olhos marejados. — Eu te amo muito, filha. Por isso
fiquei distante todo esse tempo, eu não era o pai que você queria.
— E agora é? — O olho.
— Sim, agora eu sou! E se você estiver disposta a me dar uma outra
chance, ficarei bastante feliz.
Capítulo 33

Sento-me na cadeira por cima dos meus calcanhares, com uma xícara de
chá na mão. Apoio meu braço no encosto do sofá, vendo a piscina da minha
casa. Já é de noite, e as luzes iluminam todo o jardim, deixando-o mais lindo.
Serafina vem até mim, sobe no sofá e se deita em meu colo, à procura de
carinho. Acaricio seus pelos brancos e dou um gole no chá, repensando tudo
que aconteceu.
Meu pai, depois de anos resolveu aparecer e dizer que agora é um bom
pai. Devo acreditar que se tornou uma boa pessoa? Que ele deixou o tráfico
de lado? Que é uma pessoa decente? São várias e várias perguntas que vêm à
minha cabeça. Antes, minha única preocupação era Dimitri, com medo de ele
nunca ter mudado, mas ele mudou e é completamente meu. Agora, minha
preocupação é o meu pai, que diz ser uma pessoa boa e honesta.
Desde que ele foi embora, me deixando desamparada, sem rumo algum,
decidi seguir em frente, comecei a trabalhar, fiz meu curso pagando com o
meu trabalho e consegui viver bem, sem ajuda de ninguém da minha família.
A família dos meus pais, sempre foi distante, e eu nunca soube de nenhum
deles. A única família que me amparou, foram os pais da Valentina e Miguel.
Nunca mais soube dele, após alguns meses que vi a notícia dele ser o
traficante mais procurado do Brasil, por roubar milhões em bancos. Depois
disso, nunca mais tive notícias, e fiquei feliz por não saber mais de nada. Eu
realmente queria o tráfico longe da casa onde eu morava, mas eu não queria
que ele tivesse ido embora, mas fazer o quê? Ele foi porque quis. Mas e se ele
realmente mudou? Se o que ele me disse, for verdade?
São vários “e se”.
Minha cabeça está a ponto de explodir. Sinto meu bebê se mexendo em
minha barriga, e sorrio, acariciando-a. Nunca sonhei que iria ser mãe antes
dos meus trinta anos. Eu tinha algo planejado; namoro, noivado, casamento,
aproveitar casamento e só depois os filhos. Essa era a minha meta. Mas tudo
é no tempo de Deus, e ele me concedeu esse milagre que está em minha
barriga.
Minha gravidez é de alto risco, tenho pré-eclâmpsia, todo cuidado é
pouco. Dimitri fica em casa comigo, e só vai para a empresa quando é
necessário. Ele quer estar comigo, porque eu posso precisar de ir ao hospital.
Estou adorando esse seu lado preocupado e cuidadoso. Ele mudou cem por
cento. Não vi mais safadeza dele com outras mulheres, no início eu procurava
algo em seu celular e não achava nada. Ele mesmo me dava a senha para eu
acessar seu celular para ver que ele não escondia mais nada de mim.
Dimitri está se doando cem por cento à nossa relação, se dedicando,
mostrando que está mudando. Ele tinha me pedido uma fase de teste, e eu lhe
dei. Eu realmente não criei expectativas, deixei rolar, e ele mudou por mim,
por nós, e isso me deixa feliz. O nosso relacionamento foi para outro patamar
quando descobrimos que iríamos ser pais.
Eu amo Dimitri, com todas as minhas forças, mas ainda não disse a ele,
e no fundo estou insegura em lhe dizer isso agora, e Dimitri não me cobra.
Mas em qualquer oportunidade ele diz que me ama, e vejo sinceridade em
seus olhos azuis tão profundos.
Mês passado fomos a uma loja de bebês e compramos várias coisinhas
para o nosso menino, que ainda não decidimos o nome. Combinamos de
colocarmos o nome só quando o virmos pela primeira vez. Dou um gole no
chá, vendo Dimitri passar pela porta que dá acesso ao jardim, falando ao
telefone. Ele passa o olhar pelo local, e nossos olhares se encontram, ele vem
em minha direção, passando a mão no cabelo andando até mim.
— Ok. Vou amanhã, sim. Irei falar com a clínica que minha mulher está
sendo acompanhada, para solicitar uma enfermeira, para ficar aqui com ela.
— Faz uma pausa e se senta na poltrona ao meu lado. — Certo. Às onze
estarei lá. Boa noite.
— Vai sair amanhã? — pergunto, e tomo um gole do chá.
Ele assente e coloca o celular na mesinha de vidro.
— Vou precisar ir a um almoço de negócios, inadiável. — Me fita. — E
como não quero te deixar sozinha, vou solicitar uma enfermeira para ficar
com você enquanto eu estiver fora.
Assinto, não podendo discordar. Não posso ficar sozinha. Dou um gole
no chá, acariciando Serafina que se espreguiça em meu colo.
— Você está pensativa. — Dimitri me olha. — O que foi? É sobre seu
p... Fernando?
Assinto.
— São coisas que não saem da minha cabeça. Estou com muita dúvida.
— Suspiro, e coloco a caneca na mesinha de vidro ao lado do sofá. — Não
sei se ele está falando a verdade, se está mentindo... Eu realmente estou no
escuro, Dimitri.
Ele levanta e se senta ao meu lado, me puxando mais para ele.
— Por que não conversa com ele? — O olho, arqueando a sobrancelha.
— Amor, ontem eu discordei de tudo, porque ele abordou tudo de uma
maneira apressada, que te deixou estressada. E estou muito preocupado com a
sua gestação. Rezo dia e noite para não perder vocês dois na hora do parto. —
Seus olhos azuis me fitam, aflitos. — Eu apenas quis cuidar de você naquele
momento, para você não ser internada com a pressão alta, como mês passado.
— Ele passa a mão na nuca. — Mas eu vejo que ele quer realmente conversar
com você. Vejo sinceridade nos olhos dele.
— Você acha? — murmuro.
Serafina sai do meu colo e vai para o de Dimitri, se aconchegando nele.
— Acho não, tenho certeza, meu amor. — Ele acaricia meus cabelos. —
Vocês deveriam conversar. Sei que tem muito rancor de tudo, e isso não faz
bem a você. Converse com ele, tente entender o seu lado, e se acertem. Vocês
merecem isso. Sei que a vida que ele decidiu seguir foi totalmente errada,
mas foi como ele disse, fez para te dar uma vida boa. Entende o que quero
dizer?
Assinto e deito minha cabeça em seu peito.
— Ele lhe deu o cartão, ligue para ele e converse. Se quiser pode chamá-
lo até aqui, não irei me intrometer. Deixarei vocês bem à vontade, ficarei no
escritório ou em algum cômodo distante. Mas ele tem que me garantir que
não a fará se exaltar. — O olho. — Não aconselho você sair, não quero você
fazendo esforço, ele é que tem que vir. Você quer conversar com ele?
Respiro fundo e assinto.
— No fundo, eu sei que preciso dessa conversa. Pode ser que seja a
nossa última, ou uma conversa que nos fará ficar unidos, como nunca
ficamos.
— Sim, concordo. Se quiser, posso pegar o cartão para você. — Dimitri
me olha.
— Ele está aqui, dentro da capa do meu celular. — Pego meu celular em
cima da mesinha, retiro a capa e pego o cartão.
— Você quer ligar agora? — Dimitri acaricia meu ombro. — Se quiser,
posso ficar aqui com você.
Assinto e desbloqueio meu celular, digito o número dele com os dedos
trêmulos e levo o telefone até o ouvido. Dimitri segura minha mão e escuto o
telefone chamar e por fim ser atendido.
— Sebastian Torres falando.
Suspiro, com as mãos trêmulas.
— Oi..., É... Alicia.
Escuto sua respiração funda.
— Oi, filha. Fico feliz que tenha ligado.
— Estou atrapalhando?
— Não, querida. Você nunca me atrapalharia.
— É... eu liguei para podermos conversar.
— Nossa. Que notícia boa, querida. Fico muito feliz. Quando você quer
conversar? Estou livre amanhã pela tarde, umas quatro horas. Se quiser,
conversamos amanhã.
— Amanhã? Às quatro horas? — Olho Dimitri, que assente, acariciando
minha mão. — Pode ser. Mas você pode vir aqui em casa? Eu não posso
fazer muito esforço.
— Claro. Claro que eu vou, querida. E Dimitri? Ele concordou?
— Foi ele que me encorajou a te ligar
— Ah, sim, fico feliz.
Dimitri me pede o celular e lhe entrego.
— Como vai, Fernando? É Dimitri... Vou bem. Bom, quero combinar
algo com você. Não quero minha mulher exaltada com sei lá o que você vai
falar. Peço que seja maleável com as palavras, Alicia está sentimental,
sensível e não pode se alterar devido a sua gravidez de risco. — Faz uma
pausa. — Me garante isso, não é?... Certo. Obrigado, Fernando. Até amanhã.
Dimitri finaliza a ligação e me olha.
— Pronto, meu amor. — Beija minha testa. — Vai ficar tudo bem.
Assisto uma série na tv, passando o tempo. Dimitri ainda não chegou, e
ele disse que iria chegar antes do Fernando. Vejo a hora em meu relógio,
vendo que ainda tem meia hora para Dimitri chegar.
— Aqui está seu lanche. — Antônia se aproxima com uma tigelinha em
mãos.
— Obrigada, Antônia. — Agradeço e pego a tigelinha de suas mãos.
Ela se retira e me deixa sozinha. Como minhas frutinhas de toda a tarde,
esperando Dimitri. Vejo Rebeka, a enfermeira entrando na sala, com o
medidor de pressão nas mãos. Senta ao meu lado e afere.
— Está sentindo alguma coisa? — Ela retira o aferidor do meu braço
— Só muita dor de cabeça, e a visão um pouco turva. — A olho.
Ela verifica a hora em seu relógio de pulso.
— Já está na hora de tomar seus remédios. Vou pegá-los. — Me olha.
Assinto, ela se levanta e vai buscar meus remédios quando Dimitri passa
pela porta retirando sua gravata com uma aparência cansada. Vem até mim,
se inclina, e beija minha testa e minha barriga.
— Você está bem? Sentiu alguma coisa? — Seus olhos azuis me fitam.
— Estou bem. Apenas dor de cabeça, e esses pés mais inchados a cada
dia. — Bufo.
Ele acaricia meu rosto.
— O Fernando já ligou? — pergunta, se sentando ao meu lado.
Nego com a cabeça.
— Ele não ligou — respondo, e coloco um pedaço de fruta na boca. —
Mas ele disse que iria chegar às quatros horas, tenho que esperar.
Rebeka aparece com os remédios e um copo d’água.
— Boa tarde, senhor D’Saints. — Ela o cumprimenta, com um sorriso
simpático.
— Boa tarde, Rebeka. Minha mulher esteve bem? — Dimitri a olha.
— Dimitri, eu já disse que não senti nada. — O olho.
— Mas eu não acredito. Você pode ter sentido algo, e não vai querer me
dizer para eu não ficar preocupado. — Ele segura minha mão e fita Rebeka.
— Ela se sentiu mal?
— Não, senhor. Só a pressão que deu alta, mas aqui estão os remédios
que ela deve tomar. — Ela me entrega alguns comprimidos e ingiro com a
água.
— Certo. Obrigado, Rebeka. Se quiser, já pode ir. — Dimitri se levanta
do sofá.
— Eu prefiro ficar até à noite, se não for incômodo. — Ela o olha.
— Algum problema? Você me disse que ela está bem — Dimitri fala,
preocupado. — A gravidez dela é de risco, Rebeka. E você sabe disso. Todo
cuidado é pouco. Atenção cem por cento nela.
— Sim, eu sei disso. Mas eu apenas quero ficar, para cumprir meu
horário — Rebeka fala. — Fique despreocupado, senhor D’Saints.
— Não dá para ficar, Rebeka. Minha mulher precisa de atenção
redobrada — meu namorado diz. — Ela tem pré-eclâmpsia. Preciso soletrar?
Você estudou sobre isso, sabe a gravidade da situação.
— Dimitri, se acalma. — Seguro sua mão, fazendo-o me fitar. — Deixa
de ficar assim, está me estressando. Já dissemos que estou bem, não me senti
mal.
Ele suspira.
— Eu fico preocupado. — Passa a mão no rosto.
— Desculpe interromper, mas o Sebastian Torres acabou de chegar — a
empregada avisa.
Dimitri assente, e a empregada vai até à porta para recebê-lo. Sinto
minhas mãos trêmulas e meu coração acelerado, de ansiedade. Rebeka se
retira, indo em direção ao corredor. A porta é aberta e Fernando passa por ela,
acenando para a empregada que sorri para ele e fecha a porta. Fernando me
olha e abre os botões do paletó.
— Olá, Fernando. — Meu namorado o cumprimenta.
Fernando estende a mão e meu namorado aperta.
— Olá, Dimitri. — Dimitri acena e Fernando me olha.
Engulo em seco, e vejo o quão meu pai é bonito. Não aparenta ter a
idade que tem. Seus cabelos estão um pouco grisalhos, a barba da mesma
maneira, e ele fica mais jovem ainda de terno. Me pareço demais com ele,
principalmente o formato dos olhos, grandes, expressivos e escuros. Pele no
mesmo tom, e lembro-me de como seu cabelo era bem preto, que brilhava,
assim como o meu.
Meu pai suspira e se aproxima mais.
— Oi! Como você está? — Sorri de lado.
— Vou bem — respondo, tentando controlar meu nervosismo.
— Fernando, eu vou deixar vocês a sós. — Fernando olha Dimitri. —
Estarei no escritório, e não quero interromper. Mas faça o que me prometeu.
— Pode deixar, Dimitri. Não vou deixar Alicia estressada, e se exaltar
— meu pai fala. — Apenas quero me acertar com minha filha.
— Onde quer conversar, amor? — Dimitri me olha.
— Estou me sentindo um pouco enjoada, mas acho que lá fora, será
melhor para mim. Ar fresco vai me fazer sentir melhor — respondo.
Ele assente e me ajuda a levantar.
— Quer ajuda? — Fernando pergunta, me olhando.
— Eu a levo — Dimitri murmura.
Capítulo 34

Dimitri anda comigo para o jardim, em direção ao espaço coberto, com


janelas francesas em todas as paredes, com sofás e poltronas decorando o
local. Dimitri me coloca sentada no sofá e põe algumas almofadas em minhas
costas. Arrasta um pufe e apoia minhas duas pernas e beija minha cabeça.
— Se precisar é só ligar — ele diz, me olhando.
Assinto, acariciando sua barba.
— Vou tomar banho e vou para o escritório. Me ligue se quiser ir lá para
dentro. — Beija minha testa. — Deseja alguma coisa, Fernando? Água, suco,
uísque...?
— Não. Estou bem assim. — Fernando senta ao meu lado.
Dimitri se despede de nós e se retira. Suspiro e olho para Fernando,
catucando as minhas unhas, um pouco nervosa.
— Pode começar. — Peço.
Ele assente, afrouxa a gravata, suspira e passa a mão na nuca,
aparentemente nervoso.
— Eu sinto muito por ter sido o pior pai que você poderia ter. Saiba que
sempre amei você, da minha maneira, mas sempre amei. Talvez em algum
momento tenha duvidado, mas você sempre foi meu tesouro, meu bem mais
precioso. — Suspira e faz uma pausa. — A vida que eu decidi levar foi
errada, eu sei. Mas na minha adolescência eu não tive muitas oportunidades,
não pude fazer cursos ou faculdade. Desde novo eu trabalhava para ajudar
meus pais, e quando sua mãe engravidou de você, eu não tive condições de
assumi-las junto com a casa, e pagar a faculdade que eu queria fazer na
época. — Faz uma pausa, apoiando os cotovelos nos joelhos. — Portanto, eu
fui para a maneira mais fácil possível: o tráfico. Comecei por baixo, e quando
você estava já na adolescência, consegui ser o braço direito de Mauricio.
Seguro uma almofada em meu colo, escutando tudo que ele fala,
atentamente.
— Desde novo eu sempre quis ter uma vida boa. Quem não quer? E era
isso que eu queria dar para você e sua mãe. Sua mãe se acostumou com a
vida que tinha no tráfico, as joias, o ouro, os bailes funks... ela gostava disso,
e não queria mudar a vida. Mas eu queria. Eu passei todo aquele tempo no
tráfico, para ter dinheiro suficiente para sair do morro e dar uma vida melhor
e honesta para vocês. Em algum momento você deve ter pensado que eu
gostava daquela vida, mas a verdade é que eu não gostava. Não gostava de
pôr vocês duas em perigo, constantemente.
— E por que você foi embora dois dias após minha mãe morrer? — O
olho, sentindo meus olhos marejados.
— Eu tinha descoberto que sua mãe estava tendo um caso com o dono
de outro morro, inimigo do nosso. Eu nunca tinha suspeitado, sua mãe
sempre mostrou me amar. Eu a amava muito e isso me magoou demais ao
ponto de eu ir embora.
— Mas ela nunca demonstrou isso para mim — murmuro, sentindo uma
dor no peito.
— Querida, o que eu vou te falar, vai doer muito. — Seus olhos pretos
me fitam. — Sua mãe nunca quis um filho, ela nunca te amou como mãe.
Não consigo me controlar, e lágrimas caem em meu rosto, deixando
minha vista embaçada.
— Por quê? — murmuro com a voz embargada.
— Quando ela engravidou, quis abortar. Ela nunca quis ser mãe, e isso
me deixava bem triste, porque eu sempre sonhei em ser pai. Mas eu continuei
com ela, para mais na frente, fazê-la mudar de ideia sobre isso, mas quando
ela soube, ficou desesperada, querendo tirar. Eu não podia deixá-la fazer isso.
— Ele me olha. — Se eu tivesse concordado, hoje você não estaria aqui,
filha. Eu concordei em assumir você sozinho, e ela só precisava fazer o
básico, que era dar de mamar a você. O restante foi tudo por minha conta. Por
isso eu entrei no tráfico, não tinha muitas condições para sustentar você, sua
mãe e a casa.
— Entrou no tráfico por minha causa — murmuro, me sentindo mal.
— Não fique assim, querida. Eu poderia ter vendido água, sorvete...
poderia fazer outras coisas, mas o dinheiro ainda assim, não seria suficiente.
— Ele suspira. — Eu precisava de um dinheiro que viesse mais rápido, para
poder sustentar vocês. E não me arrependo, se eu não tivesse feito isso, talvez
você nem estivesse aqui, querida.
Enxugo minhas lágrimas, fitando minhas mãos.
— Eu decidi ir embora, porque talvez você não merecesse o pai que eu
era. Um homem errado, desonesto. E eu sinto muito por isso, filha. Talvez
você não me perdoe por isso. Eu deveria ter ficado ao seu lado, agido como
pai. — Ele faz uma pausa. — Comecei a roubar bancos, para juntar dinheiro
para um dia poder voltar para você. Montar minha empresa, e dar uma vida
boa para você. Eu prometi que iria voltar, demorou, mas eu voltei. Eu quero
ser o pai que eu não fui.
— Foi você que deu as flores, a pulseira... — O olho e vejo seus olhos
marejados.
Meu pai assente, prensando os lábios.
— Quero meu tesouro de volta, minha filha de volta. Quero ser o pai
que você sempre quis. Estou livre do tráfico, dos roubos. Não vivo mais essa
vida.
— Mas ainda é o traficante mais procurado do Brasil — digo.
— É. Infelizmente, ainda estou sendo procurado. Mas tenho outra
identidade, moro em outro país — ele diz.
— E onde você mora? — O olho.
— Moro no Canadá, com minha esposa e meu filho.
— Filho? V-você tem um filho? — Arregalo os olhos.
Ele assente com um sorriso.
— O nome dele é Eric. Tem nove anos, adora ler, é muito estudioso e
quer se tornar escritor. — Sorrio, sentindo meus olhos marejados. — E ele é
louco para te conhecer.
— Você falou sobre mim? — sussurro.
— Sim. Eu nunca iria esconder que tenho uma filha. Ele ficou bem feliz,
por ter uma irmã. Ele é louco para te conhecer. Quando eu disse que viria a
Paris para tentar ter contato com você, ele insistiu para vir, mas eu achei que
não iria ser legal agora. Primeiro eu queria me acertar com você.
— Eu tenho um irmão — murmuro pensativa. — Você disse que é
casado.
— Sim. Sou casado, e amo muito minha esposa. Ela é maravilhosa,
simpática. Ela quer muito te conhecer também. A Cátia é uma esposa
perfeita, cuida muito bem de mim e do Eric — fala, perdido em pensamentos.
— Ela não fica chateada, por você ter uma filha de outro casamento? —
pergunto, curiosa.
— Não. Cátia diz que filhos não têm culpa de nada com o que houve
entre os pais, e ela quer muito te conhecer. Se você quiser, é claro. — Meu
pai me olha.
— Eu quero, sim. Adoraria conhecê-los. — Sorrio. — Eles sabem sobre
o seu passado?
— O Eric não sabe muito a respeito, mas Cátia ficou ao meu lado. —
Passa a mão na nuca.
Assinto e ele se aproxima mais de mim, pega minhas mãos e me olha.
— Me perdoe, filha, por eu não ter sido o pai que você quis que eu
fosse, me perdoe por ter dado uma vida horrível para você, por ter ido
embora. Eu nunca vou me perdoar por ter abandonado você, quando mais
precisou. Estou mudado, sou um outro homem. Sou um novo pai, e quero ser
esse novo pai com você. Quero acompanhar você, acompanhar a vida do meu
neto que está prestes a nascer. Ver você se casando... — Ele faz uma pausa,
com os olhos marejados. — Perdi muita coisa, e não quero perder mais nada
em relação a você, filha. Você e o Eric são meus tesouros, sãos meus amores.
Minha vida.
Lágrimas caem em meu rosto.
— Eu sei que será difícil, mas estou disposto a tentar ser o melhor pai
que você merece. — Segura minhas mãos. — Me perdoa, filha. Estou de
coração aberto aqui.
Lágrimas caem pelo meu rosto, vendo as lágrimas escorrerem pelo seu.
Eu sempre quis um pai e nunca tive, e vejo em seus olhos o quanto está
disposto a me querer em sua vida, novamente. Não posso negar que eu
sempre quis que ele mudasse, que fosse um pai de verdade para mim. E com
essa nossa conversa, ele demonstrou estar disposto.
Assinto, com lágrimas nos olhos e desabamos juntos. Ele me puxa para
um abraço forte, e me sinto segura em seus braços. No fundo eu sempre
ansiei por esse momento, em reencontrar meu pai, saber como tudo realmente
aconteceu e poder perdoá-lo. Meu coração está aliviado. Eu me sinto bem,
confortável e feliz, como nunca estive antes.
— Eu te amo, minha filha. Prometo que serei o pai que você sempre
quis. — Beija minha cabeça e me olha, ainda chorando.
— Eu também te amo... pai. — Ele sorri e me puxa para outro abraço.
Me sinto completa.
— Você tem um irmão? — Valentina me olha.
Assinto, com um sorriso bobo.
— Sim, e ele se chama Eric. Vi fotos dele, ele é lindo, amiga. Pele
bronzeada como a mãe, cabelos encaracolados, olhos escuros e um sorriso
lindo — digo, emocionada.
Valentina sorri e segura minhas mãos.
— E quando você vai conhecê-lo? — Me olha.
— Meu pai disse que comprou as passagens áreas para eles virem ainda
essa semana, e gostaria de almoçarmos juntos — digo.
— E o Dimitri? Como está com tudo isso? — Morde o canto do lábio.
— Muito feliz. Ele ficou surpreso pelo Eric, mas ficou contente em
saber que eu e meu pai nos acertamos, definitivamente. — Ela assente, com
um sorriso. — Eles tiveram uma conversa, e Dimitri abriu as portas para ele.
— Que bom, amiga. — Valentina sorri. — Fico muito feliz, Alicia, de
verdade. E você e o Dimitri, como estão?
— Estamos bem, ele tem se dedicado muito, se esforçado. Não o vejo de
conversa com outras mulheres, está se comportando como homem
comprometido. — Sorrio.
— Isso é bom. Mas você sabe que logo vai vir um pedido de casamento,
não é? — Arqueio a sobrancelha. — Alicia..., Dimitri ama você, e agora que
vão ter um filho, tenho certeza de que ele vai te pedir em casamento.
— Sei não. Ele não demonstrou nada, não falamos sobre isso. — Dou de
ombros. — Acho que vamos ficar assim, morando juntos e criando nosso
filho.
— Duvido muito. Tenho certeza de que ele vai te pedir em casamento.
Todo mundo fala que você é a esposa dele, e ele nunca corrigiu ninguém —
Valentina diz. — E você também nem se preocupa em corrigi-lo.
— Ué, porque quando eu vou corrigi-lo, ele atropela tudo e fala. —
Sorrio.
— Porque sabe que você vai corrigir. — Ela sorri. — Mas fique esperta,
que ele vai te pedir.
— Cadê Lorena? — Mudo de assunto.
— Brincando com Damien. Aqueles dois só Jesus na causa. — Coloca
os cabelos para trás.
— Vai dar namoro quando estiverem maiores — digo, sorrindo.
— Tá louca? Nem em sonho deixa Nick escutar isso. Ele vai surtar
bonitinho. — Gargalha.
— Qual o problema? Damien é filho de Aaron e Nicole, ótimas pessoas,
e Damien tem uma ótima educação e terá um futuro brilhante — comento.
— O problema, é que Nick é ciumento demais. Já está com umas
conversas de deixar a menina em casa, para não vir marmanjo e dar um de
homem honesto e querer namorar Lorena.
— Ele sabe que Lorena vai querer namorar, dar uns beijinhos na boca...
Isso vai ser inevitável. — Sorrio.
— Vai dizer isso a ele. — Valentina sorri. — Ele tem um infarto na
hora.
— Dominic que é dramático demais. Ela vai ser adolescente e vai querer
fazer as coisas que todo adolescente faz. Namorar, beijar muito na boca...
— Eu já disse a ele, e ele ficou uma semana de cara emburrada. —
Valentina revira os olhos. — Sou bem tranquila, quero que Lorena tenha a
adolescência que eu não tive, que aproveite a vida, namore, e que tenha juízo.
Não quero que ela fique grávida cedo, como eu fiquei. Meus pais não tinham
tempo para esse tipo de conversa, ou por vergonha... não sei, mas eu vou
conversar com ela, explicar tudo.
— É bem importante ter esse tipo de conversa. Nós não tivemos com
nossos pais, mas é importante quando Lorena chegar na fase da adolescência
ter essa conversa — comento, sorrindo. — Mas que Dominic vai surtar
quando ela quiser namorar, ele vai, viu.
— Bonitinho. — Gargalhamos.
Capítulo 35

Vejo Alicia sair do closet, colocando seu cardigã, e sorrio ao ver sua
barriga grande com meu meninão dentro, crescendo. Estava esperando-a
terminar de se arrumar, para jantarmos fora com o Fernando, sua mulher e
seu filho. Eu preferia que eles viessem para cá, para Alicia ficar tranquila sem
fazer esforço, mas ela quer sair um pouco, já está em casa há alguns meses e
isso a está deixando entediada.
Eu a entendo, o médico disse que ela deveria ficar de repouso, e ela já
está estressada. Alicia sempre foi bem ativa, e com a gravidez e essa maldita
pré-eclâmpsia, está deixando Alicia num tédio, que só Jesus na causa. Eu que
lute para aguentar os surtos repentinos da minha mulher. Estou nervoso pra
caralho, bastante preocupado, tem noite que eu nem durmo, apenas velando
seu sono e com medo de ela sentir algo.
Estou com grandes olheiras, um cansaço fora do normal, tudo por causa
das noites mal dormidas. Só vou à empresa quando é algo extremamente
necessário, que precise mesmo da minha presença. Até documentos são
enviados para mim, via motoboy, porque eu não quero deixar Alicia sozinha
um minuto.
— Você acha que está boa essa minha roupa? — Ela me olha.
Assinto, com um sorriso. Ela veste um vestido folgadinho, com o
cardigã por cima e rasteirinha de dedo. Seus cabelos estão soltos, e uma
maquiagem bem leve realça sua beleza.
— Está linda, meu amor. — Caminho até ela. — Você sempre está
linda. — Ela sorri, tímida.
— Está pronta? — Ela assente.
— Vou só pegar minha bolsa — fala.
Caminha até a cama, pega sua bolsinha tiracolo e vem até mim. Eu pego
a bolsa de sua mão e a penduro em meu ombro, vendo Alicia com um sorriso.
— Quê? — Franzo a testa.
— Saiba que está lindo, todo playboy, usando uma bolsinha dourada
pendurada no ombro. — Gargalha.
Cerro os olhos e acabo sorrindo. Minha roupa está normal. Uma camisa
de botões com as mangas dobradas nos cotovelos, calça jeans e tênis.
Supernormal, para um jantar com meu sogro em um dos restaurantes mais
sofisticados de Paris.
— Não estou playboy. — Faço uma careta.
— Não mais. Agora você é um homem de uma mulher só. — Pisca o
olho.
— Com toda certeza. — Sorrio, orgulhoso. É claro.
Saímos do nosso quarto, e descemos as escadas, vendo Simon e Thomas
nos esperando, ambos vestidos com roupas casuais para um jantar tranquilo,
eles ficarão à paisana, um pouco distante da nossa mesa, para fazer nossa
segurança, enquanto jantamos, tranquilamente. Aceno para eles, que
caminham para fora de casa. Simon abre a porta da SUV preta e permito que
Alicia entre primeiro e se acomode para eu poder entrar e seguirmos para o
restaurante.

Assim que Thomas estaciona em frente ao restaurante com uma vista


belíssima para Torre Eiffel, saio do carro e ajudo Alicia a descer, com calma,
para não cair. Vejo flashes sobre nós, e vejo que são os malditos paparazzis.
Recentemente foi divulgado que teremos mais um herdeiro D’Saints, e foi
um alvoroço só. Mal podíamos sair, que eles queriam uma entrevista a
respeito. A assessoria da empresa falou sobre tudo e como estava delicada a
gravidez de Alicia, e foi aí que eles pararam um pouco de nos perturbar. Mas
ainda assim, sempre que saímos, eles querem fotos e falar mais sobre a
gravidez. Ignoramos os flashes sobre nós, e meus seguranças nos
acompanham para dentro do restaurante.
— Boa noite, senhor D’Saints. Boa noite, senhorita. — A hostess nos
cumprimenta, e eu aceno. — Fizeram reserva?
— Sim, está em meu nome — respondo, abraçando Alicia pela cintura.
A hostess assente e verifica algo em seu iPad.
— Me acompanhem, por gentileza. — Ela pede.
Caminho com Alicia ao meu lado, com meu braço em sua cintura, e a
hostess nos leva até a mesa que reservei com vista para a torre. Arrasto a
cadeira para Alicia, ela se senta devagar e com calma, e me sento ao seu lado.
— O maître já vêm fazer seus respectivos pedidos, com licença. — A
hostess se retira, nos deixando sozinhos.
Alicia coloca sua bolsa pendurada na cadeira e se acomoda melhor na
cadeira.
— Nervosa? — Seguro sua mão.
Ela suspira e assente.
— Um pouco. Mas nada demais.
— Se sentir alguma coisa, você me diz, por favor. — Peço, preocupado.
— Por enquanto não estou sentindo nada — responde.
Um rapaz alto de terno se aproxima de nós.
— Boa noite, me chamo Robson. Desejam fazer o pedido agora? — Ele
nos pergunta.
— Boa noite. Não agora, estamos esperando mais algumas pessoas
chegarem. — Ele assente e fito Alicia. — Quer alguma coisa, amor?
— Uma água — ela diz.
O rapaz anota o pedido e se retira.
— Você acha que eles vão demorar? — Alicia me olha.
— Não sei. Chegamos alguns minutos antes do horário marcado. — Ela
assente. — Mas logo eles vão chegar.
Desvio meu olhar do seu, vendo Fernando falando com a hostess, que
caminha com ela, sua esposa e uma criança. Me levanto quando eles se
aproximam, e aperto a mão de Fernando.
— Fico feliz que tenham vindo. — Fernando sorri para mim e fita
Alicia, que se levanta aos poucos. — Filha. É muito bom te ver.
Alicia abre um sorriso e o abraça.
— Quero te apresentar Cátia, minha esposa — Fernando fala.
Uma mulher muito bonita sorri para Alicia e a abraça.
— É muito bom finalmente te conhecer — Cátia fala, gentilmente.
— É um prazer lhe conhecer, Cátia. — Alicia sorri e me olha. — Esse é
Dimitri, meu...
— Esposo — falo, e sorrio para Cátia. — É um prazer.
— Olha só, Dimitri D’Saints. — Ela sorri, ao apertar minha mão. —
Nunca pensei que conheceria um D’Saints.
Sorrio, gentilmente. Fernando se afasta um pouco, para o Eric ficar de
frente para mim. Ele tem seus olhinhos vermelhos ao me ver.
— Filho, esse é o seu cunhado — Fernando fala.
O menino me abraça forte, e eu fico sem reação por alguns segundos, até
abraçá-lo. Ao se afastar, ele enxuga suas lágrimas.
— E aí, garotão. Por que está chorando? — pergunto sendo amigável.
Ele enxuga suas lágrimas.
— É porque eu sou muito seu fã — diz, emocionado. — Te admiro
muito, o senhor e seus irmãos.
Abro um sorriso largo.
— Obrigado, Eric. — Aperto seu ombro. — Fico muito feliz por isso.
Ele sorri para mim.
— Eric, filho, essa é Alicia, sua irmã — Cátia fala.
Eric olha para Alicia e uma lágrima escorre em seu rosto. Alicia abre os
braços para ele que a abraça forte, chorando com ela. É uma cena linda.
Alicia deixa algumas lágrimas escorrem pelo seu rosto, emocionada.
Alicia se afasta um pouco e olha para seu irmão.
— É bom te conhecer, Eric. Me chamo Alicia — ela fala, com um
sorriso.
— Eu posso te chamar de mana ou irmã? Eu sempre sonhei em ter uma
irmã para chamar assim. — Eric a olha.
— Claro, meu amor. — Alicia acaricia seu cabelo. — Pode me chamar
do que quiser, somos irmãos.
Eric assente com um sorriso.
— Bom, vamos nos sentar e fazermos nossos pedidos — Fernando fala,
um pouco emocionado.
O garçom se aproxima com nossos pedidos, e eu pergunto diversas
vezes se tem sal na comida de Alicia, que por ordem médica, ela não pode
comer por causa da pré-eclâmpsia.
— O rapaz disse que não tem, não tem por que ficar perguntando muito.
— Alicia me olha.
— Não. Eu quero ter cem por cento de certeza. Vai que tem sal e te levo
para o hospital com a pressão altíssima, correndo risco? Pode me chamar de
paranoico, se quiser. — Dou de ombros.
— Ele é sempre assim, filha? — Fernando pergunta, com um sorriso.
— Com certeza. — Alicia responde. — Desde que descobrimos sobre a
pré-eclâmpsia, ele está desse jeito.
— Mas é claro — digo olhando-a e fito Fernando. — A comida dela em
casa é sem sal, por ordem médica. Claro que eu vou perguntar, só para
confirmar que não tem sal.
— Minha amiga teve pré-eclâmpsia, e foi bem grave. Todo cuidado é
pouco — Cátia alerta.
— Olha aí. — Olho Alicia. — Por isso minha preocupação extrema.
— Deixa de ser um pouquinho paranoico, Dimitri. O coitado do garçom
já está começando a ficar com dúvida se tem sal ou não, depois de tanta
pressão — Alicia fala.
Olho o garçom, que me olha um pouco nervoso, engolindo em seco.
— Você garante, não é? — pergunto.
— Sim, senhor — responde.
— Moço, não se preocupe. Pode se retirar — Alicia fala gentilmente. —
Já ocupamos muito seu tempo.
O garçom sorri assentindo e sai o mais rápido possível.
— Deixa de ser chato — Alicia murmura.
Fernando e Cátia sorriem.
— Não sou chato, brunetta, apenas preocupado — digo, e dou um gole
no vinho.
— Oh, tio. — Eric me chama. — Posso te chamar de tio, né?
— Claro, parceiro. — Sorrio, pondo a taça na mesa.
— O que é brunetta? — ele pergunta.
Sorrio.
— Brunetta significa Morena, Eric — respondo. — Você sabe que eu
sou italiano, e um dos apelidos da sua irmã é esse.
— Ah, tá! Você pode me ensinar a falar italiano, depois? — Eric
pergunta.
— Claro que sim, amigão. — Sorrio.
— Acho bonito — ele diz. — Francês também, mas é um pouco difícil.
— Com o tempo você pega a prática — Alicia fala. — Eu também não
sabia muito. Mas a minha amiga Valentina se casou com Dominic, ela sabia
pouco francês, ela domina o italiano, mas o francês foi um pouco
complicado, mas rapidinho ela aprendeu.
— Ah, filho, esqueci que você tem primos. — Fernando olha seu filho.
— É? Quem são? — Eric pergunta, curioso.
— Tem Lorena, Alessandro, Henrique e Sophie — Alicia fala. —
Depois você os conhece. E agora é titio. — Alicia acaricia sua barriga.
— É menino, né? — Eric pergunta e nós assentimos. — Já sabem o
nome?
— Ainda não. Vamos decidir quando pegarmos ele no braço — Alicia
responde.
— Quer dizer que você quer ser escritor? — Olho Eric.
Ele engole sua comida e assente.
— Sim, eu quero muito. Adoro ler e gosto muito de escrever — Eric
fala.
— Quando chegar a maioridade, conheço um dono de uma editora bem
requisitada aqui na França. Se quiser publicar seu livro, é só falar comigo. —
Levo o pedaço de frango na boca.
— É? Olha pai. — Eric se anima. — O senhor deixa?
— Claro que deixo, filho. — Fernando me olha. — Agradeço.
— Não precisa me agradecer. Quero esse garotão com um futuro
brilhante — digo, com um sorriso. — E comprarei o livro.
— Poxa, como a gente faz para ter dezoito anos logo? — Ele faz bico.
Sorrimos. Ele é muito inteligente.
— Vai demorar um pouquinho. Mas quando chegar, se prepare. —
Sorrio.
— Depois você me leva para conhecer a sua empresa e seus irmãos? —
Eric pede.
— Filho, você está pedindo demais — Cátia fala, envergonhada.
— Pode deixar, Cátia. Levo sim, amigão. Meus irmãos vão adorar te
conhecer. — Sorrio para ele.
— Alicia, você tem vontade de voltar para o Brasil? — Cátia pergunta a
Alicia.
Alicia dá um gole na sua água e limpa o canto da boca com o
guardanapo.
— Não, não pretendo voltar. Quando os meninos me fizeram a proposta
de trabalhar aqui em Paris, não foi por contrato, é trabalho fixo. — Cátia
assente, e Alicia prossegue: — E agora com minha gravidez, não pretendo
voltar.
— Estamos construindo nossa família. — Alicia sorri para mim, com os
olhos brilhando. — E está sendo perfeito.
Capítulo 36

Saio do closet vendo Dimitri deitado na cama, com as pernas cruzadas,


mexendo no celular com a testa franzida.
— Algum problema? — pergunto.
Ele desvia o olhar da tela do celular e me fita com seus olhos azuis.
— Só alguns problemas no trabalho. Estou fazendo o máximo para
resolver pelo celular — responde, colocando o celular na cama.
— Eu acho que você deveria ir para a empresa resolver esses problemas
pessoalmente. — Acaricio minha barriga por cima do vestido longo.
Dimitri passa a mão no rosto, cansado.
— Enquanto eu puder resolver tudo de casa, não vou. Não gosto de te
deixar sozinha. — Me olha.
— Mas tem a enfermeira que está à disposição todos os dias, fora os
empregados. O pessoal mora aqui na frente, é só os chamar se precisar. — O
olho. — Eu sei que está com vários problemas no trabalho, e você deve ir
resolver.
— Meus irmãos estão cuidando disso, e eles entendem que a sua saúde e
a do nosso filho está em primeiro lugar. — Ele se senta na beirada da cama.
— Vem cá.
Caminho até ele, que abraça minha cintura e beija meu barrigão.
— Como o meu garotão está? — Ele coloca a mão na barriga, com o
ouvido nela.
Sentimos um chute dele, nos fazendo sorrir.
— Isso é um sinal bom, garotão? — Dimitri beija minha barriga. — Não
vejo a hora de ter você em meus braços, filho.
— Você sabe que ele não entende, né? — Sorrio.
— Mas a médica disse que é importante o bebê escutar as vozes dos
pais. — Seus olhos azuis me fitam. — Seu pai vem hoje?
— Ele disse que iria vir. Falei por mensagem com Cátia hoje pela
manhã, e está bem ansiosa, principalmente o Eric — digo com um sorriso.
— Chama Lorena para cá. Ela vai adorar brincar com ele. — Dimitri
sugere.
— É. Vou falar com Valentina — digo.
Dimitri verifica a hora em seu relógio e se levanta da cama.
— Vamos descer, acho que o almoço está pronto. — Ele segura minha
mão.
Saímos do quarto de mãos dadas, com Serafina em nosso encalço,
descemos as escadas e seguimos para a sala de jantar, a empregada já estava a
caminho de nos chamar. Nos sentamos e começamos nosso almoço em
silêncio, desfrutando da companhia um do outro. Revezando entre pegar o
copo de suco e nossas mãos entrelaçadas, fazendo carinho com o polegar,
como todos os dias.
Após nosso almoço, seguimos para o jardim e nos deitamos numa rede
em uma área coberta, e descanso minha cabeça no peito dele, aproveitando o
vento frio e refrescante.
— Com quem você acha que o nosso garotão vai parecer? — Ele
acaricia minha barriga.
— Não sei. Talvez você.
— Por quê? — Beija minha cabeça.
— Porque sempre é assim. Uma puta sacanagem. A mãe carrega o filho
na barriga por meses, muda seu estilo de vida, suas refeições... muda tudo,
para ele nascer a cara do pai. — Sorrimos.
— Pelo menos vamos saber que ele será bonito — diz, divertido.
— Você é muito convencido. — Dou um murro de leve na sua barriga.
— Mas eu tenho certeza de que ele se parecerá conosco — diz,
pensativo.
— Como você o imagina? — O olho.
Escuto-o suspirar e acariciar minha barriga.
— O imagino com os cabelos negros, iguais aos seus. A pele um pouco
bronzeada e meus olhos azuis.
— Eu tenho certeza dos olhos azuis. — Viro meu rosto e apoio meu
queixo em seu peito.
Ele retira os cabelos do meu rosto, colocando-os para trás. Dimitri
acaricia meu rosto, e acompanha os movimentos dos seus dedos.
— Às vezes, eu paro e penso nas merdas que fiz. Fico com vergonha
pela maneira como te tratei. Não foi nada legal. Fui bem desrespeitoso. —
Ele me olha. Seus olhos são tão lindos, um azul bem claro e bem expressivo.
— Passarei o resto da minha vida me redimindo com você, morena. Eu te
humilhei demais, e não era minha intenção. Nada foi minha intenção. Apenas
fui um cafajeste que não enxergava o mulherão ao meu lado. — Passa o
polegar em meu lábio. — Quero me redimir o resto da minha vida, e acho
que será pouco.
— Está tudo bem. É passado.
— Nunca vou me esquecer do canalha que fui com você. E vou fazer de
tudo para você dizer que me ama novamente, Alicia. Não vou desistir e nunca
vou parar de lutar por você e te conquistar dia e noite.

Entramos em casa de mãos dadas, porque um dos empregados anunciou


que meu pai havia chegado junto com a esposa e o filho. Adentramos à sala
de estar, vendo um dos empregados recepcionar meu pai, Cátia e meu irmão.
Ao nos ver, eles vêm até nós, Eric vem correndo e me abraça.
— Filho, cuidado — meu pai alerta. — Sua irmã está grávida. Não pode
se jogar assim em cima dela.
— Mas eu tô morrendo de saudade dela. — Eric me abraça.
— Também estou com saudades. — Sorrio, mexendo em meu cabelo.
— Eita! — Ele se afasta rapidamente e olha minha barriga. — Seu
neném se mexeu.
— E foi? — Eric assente, sorrindo. — Ele gostou de você, então.
— Como vai, Fernando? — Dimitri estende a mão para meu pai.
— Vou ótimo, Dimitri. — Meu pai aperta sua mão e vem até mim. —
Oi, Filha. Você está linda com esse barrigão!
Sorrio e o abraço.
— Dimitri está cuidando bem de você? — Meu pai sorri, já sabendo a
resposta.
— Monitora todos os meus passos. — Sorrimos. — Fica até no banheiro
comigo, não me deixa um segundo em paz. Nem aguento mais olhar na cara
dele.
— Poxa amor, assim você me magoa. — Dimitri vem até mim, me
dando um beijo na bochecha. — Fernando, comprei aquele uísque que te
prometi.
— Opa... Que maravilha! Que tal tomarmos uma dose agora? — Meu
pai o olha, com um sorriso.
Dimitri assente e os dois saem rumo ao pequeno bar que tem na sala de
estar. Aceno para Cátia se sentar na poltrona de frente para mim.
— Querido, pega essa caixa aqui, por favor. — Peço a Eric.
Ele assente e pega a grande caixa colocando-a em cima do sofá. O
chamo para se sentar em meu colo, porque ele é bem magrinho, como eu era.
— Aqui tem seu presente de aniversário. — Fito seus olhos escuros.
— Presente? — Se anima.
— Eu e seu tio Dimitri compramos para você, antecipado. — Ele
assente com um largo sorriso. — Já que não posso viajar até o Canadá para
comemorar com você.
— Por quê? — Seu sorriso murcha.
— Querido, sua irmã tem uma gravidez de alto risco, não pode estar
fazendo esforço e viajando para muito longe — Cátia explica ao seu filho. —
Ela poderá ir ao Canadá quando seu sobrinho nascer.
Eric assente e me olha.
— Por isso compramos logo seu presente. Dimitri, querido, vamos dar o
presente do Eric.
Dimitri vem até nós com meu pai ao seu lado, com uma dose de uísque
na mão. Dimitri deixa seu copo de cristal na mesinha de vidro e se senta ao
meu lado.
— Eu e sua irmã escolhemos juntos esse seu presente e espero que
goste. — Dimitri sorri para ele. — Pode abrir.
Eric sai rapidamente do meu colo e se ajoelha no chão e começa a abrir
a grande caixa no sofá. Retira todo embrulho e arregala os olhos. Eu e
Dimitri compramos um MacBook para ele, cadernos para ele escrever,
canetas, lápis, marcadores de texto...
— Sabemos que quer ser um grande escritor, e sei que isso poderá lhe
ajudar — digo, olhando.
Seus olhinhos ficam marejados.
— Obrigado. — Ele se joga em nossos braços e nos abraça, forte.
— Poxa, filha. Obrigado — meu pai fala, emocionado.
— Eu sei que você tem condições de dar tudo isso e mais para ele, mas
se ele quer ser um escritor conhecido, terá que praticar muito. — O olho.
— E amigão — Dimitri olha Eric, que o fita enxugando suas lágrimas
—, seu presente de dezoito anos será o seu contrato com a editora mais
famosa da França. Já falei com meu amigo que é dono dessa editora. Seu
contrato está mais que garantido quando fizer dezoito anos.

A tarde foi supertranquila. Ensinei Eric a ligar o notebook e a mexer um


pouco nele, para poder estudar e fazer suas pesquisas, caso queira pesquisar
algo relacionado ao seu livro ou pesquisas de escola. Ele adorou o kit de
canetas, lápis... E foi muita coisa mesmo. Um kit de papelaria com tudo;
cadernos, agendas, bloquinhos, marcadores de página..., tudo mesmo.
Dimitri e meu pai se ocuparam de beber e conversar sobre sei lá o quê, e
Cátia ficou comigo o tempo todo, conversando. Adorei conhecê-la melhor,
muito gentil e educada. Eric quis entrar na piscina e acabou entrando de
cuequinha mesmo, ele aproveitou e ficou atrás de Serafina que adorou a
companhia dele. Lorena tinha vindo para cá para brincar com Eric e antes de
anoitecer ela foi embora, porque amanhã ela vai viajar com Valentina,
Dominic, Damien, Marlon e seus pais para Disney, conforme Dominic havia
prometido.
Já estava anoitecendo, quando Cátia o tirou da piscina para não pegar
um resfriado e o enxugou com a toalha e eu disse a ela para levá-lo ao
banheiro tomar um banho e colocar a roupa.
Levanto-me da espreguiçadeira e caminho para a cozinha e vejo Antônia
junto com mais duas empregadas. Ela me fita e deixa o pano de prato na ilha.
— Deseja alguma coisa, senhora? — pergunta.
— Terá o quê para o jantar, Antônia? — pergunto.
— Será Filet mignon au poivre — responde. — E pode ficar tranquila, o
seu está sendo feito à parte, sem sal. Sendo feito por mim, para não confundir
com os demais.
— Obrigada, Antônia. — Ela sorri e volto para a sala.
Vejo Dimitri dando um gole no uísque, conversando com meu pai,
sentados no sofá.
— O que vocês tanto conversam? — Me aproximo.
Dimitri me puxa, abraçando minha cintura.
— Uns assuntos de homens. — Dimitri pisca o olho. — Mas fique
despreocupada.
— Quando terá meu neto? — Meu pai me fita, dando um gole no
uísque.
— Em breve, pai. Acho que daqui a dois meses. — Dimitri beija minha
barriga e a acaricia. — Se ele for apressado como Dimitri, com certeza vem
antes.
Dimitri sorri e me fita com seus olhos grandes e azuis.
— Não vejo a hora de pegá-lo nos braços — ele diz e deita a cabeça
levemente na minha barriga.
— Esse vai ser o tipo pai babão. — Meu pai sorri.
— Eu já sou, Fernando. — Dimitri acaricia minha cintura.
— Mamãe, eu tô com fome. — Escuto a voz de Eric, vindo do corredor.
— Filho, fale baixo! — Cátia o repreende. — Quando estamos na casa
de outras pessoas, temos que esperar sermos convidados para comer. É feio
ficar dizendo que está com fome na casa dos outros, têm pessoas que não
ficam confortáveis.
— Se esse mocinho está com fome, então vamos comer. — Dimitri se
levanta.
Antônia avisa que o jantar já será servido e todos vamos para a sala de
jantar e jantamos conversando. Conheci mais o dia a dia de Cátia com Eric e
meu pai. Eu não aceito ainda que ele tenha sua empresa com o dinheiro do
tráfico. Por mim, ele vendia... sei lá, só que começasse um negócio com
dinheiro limpo. Mas está sendo um avanço. Ele não está mais envolvido com
o tráfico, mas isso não o faz ficar de fora da perseguição dos federais no
Brasil, que ainda o procuram como um dos assaltantes mais procurados do
Brasil.
Após nosso jantar, seguimos para a sala de estar e nos sentamos no sofá,
para conversarmos mais, até que Dimitri se levanta, chamando nossa atenção.
— Bom, quero dizer que estou muito feliz por estarem aqui, junto
comigo e minha esposa. — Ele sempre deixa isso claro, e confesso que eu
gosto. — Isso é muito importante para ela, que no fundo, sonhava em um dia
ter o pai que nunca teve. — Meu pai sorri, e me olha com os olhos brilhando.
— E isso me deixa muito feliz, a felicidade dela é a minha. Sei o quanto ela
está feliz por ter seu pai ao seu lado e agora um irmão que ela nunca
imaginou que iria ter.
Sorrio para ele, que pisca o olho para mim.
— Mais cedo você me perguntou sobre o que andava falando com seu
pai. E agora você vai saber, meu amor. — Dimitri me olha. — Estávamos
falando sobre você. Sobre você ser uma mulher incrível, amável, gentil e
educada, e que me faz feliz todos os dias. Você e o nosso filho são as minhas
prioridades, são os amores da minha vida. E hoje, é a oportunidade perfeita.
Ele coloca o seu copo de uísque na mesinha e enfia a mão no bolso da
sua calça e meu coração acelera, vendo-o tirar a caixinha de veludo do seu
bolso.
— Eu pedi ao seu pai, e ele me deu sua permissão para pedi-la em
casamento agora. — Ele se ajoelha na minha frente, abrindo a caixinha de
veludo, mostrando um lindo solitário de diamante. — Eu te amo, Alicia. Te
amo muito, como nunca pensei que iria amar alguém. Sei que fui um homem
cheio de falhas, errei muito com você e sempre vou me redimir dia e noite
por tudo que te fiz passar, e serei o homem que você merece ter. — Lágrimas
escorrem em meu rosto. — Aqui, ajoelhado em sua frente, com esse anel,
prometo ser o homem que você sempre sonhou ter. Te farei feliz pelo resto da
minha vida. Você aceita se casar comigo?
Assinto, com lágrimas escorrendo em meu rosto e vejo seus olhos
marejados. Dimitri retira o anel da caixinha aveludada, o coloca em meu
anelar e seus olhos me fitam.
Sorrio e beijo seus lábios, completamente feliz.
Capítulo 37

Vejo Dimitri sair do closet, terminando de colocar seu paletó azul royal
e ajeitar suas abotoaduras. Ele está um gato assim. Ele fica gostoso demais de
terno, e quando é azul desse jeito, seus olhos ficam em destaque. Dimitri
levanta seus olhos azuis e abre um sorriso de lado. Nossa..., ele é tão...
gostoso.
— Posso saber por que você está me secando, mocinha? — Cerra os
olhos.
Fecho o livro e mordo de leve minha unha, com um sorriso de lado.
— Já falei alguma vez como você fica lindo e gostoso de terno? —
Coloco meu livro em cima da cama.
— Todas às vezes você diz, amor. Mas qual a diferença de hoje? — Se
aproxima.
Seus passos são calmos e seus olhos transmitem puro desejo. Senta na
beirada da cama, abre mais seu paletó calmamente, de um jeito extremamente
sexy.
— Porque, ternos azuis, deixam você mais gato. — Fico de joelho na
cama e me aproximo mais dele. — Fica um gato. Gostoso demais.
Dimitri fita minha boca e meus olhos.
— Com tesão, morena? — Segura minha nuca e aproxima meu rosto do
seu.
— Muita. Você esqueceu de mim durante esses meses, e estou com
tesão acumulado. — Mordo seu lábio.
— Não esqueci de você, morena. Apenas estou preocupado para pensar
em sexo. — Seus olhos azuis me fitam.
— Vai me dizer que não sentiu vontade de transar durante esses meses?
Que não ficou de pau duro? — Dimitri respira fundo.
— Sim, amor. Passei esses malditos meses de pau duro, querendo te
foder de todas as maneiras possíveis. — Morde meu lábio. — Ver você nua,
tomando banho... Hum... Esses peitões aqui... — Beija meu pescoço. — Está
sendo uma tentação para mim, morena.
— Se não estivesse tão atrasado, poderia te chupar gostoso. — Mordo
sua orelha e Dimitri solta um gemido baixo. — Você poderia chegar mais
cedo, para realizar um desejo de uma grávida, não é?
— Com toda certeza, meu amor. — Segura minha nuca e beija meus
lábios. — Pode ter certeza de que vou chegar cedo para realizar seus desejos,
mas agora eu preciso ir.
Faço beicinho e ele beija meus lábios com um sorriso.
— Cátia já enviou uma mensagem? — Se levanta da cama.
— Já. Disse que em vinte minutos ela chega com o Eric — respondo,
sentando-me na cama.
— Tem certeza de que quer ficar na casa de Valentina mesmo? —
pergunta, preocupado.
— Rebeka vai para lá também, Dimitri. Vou me entreter com Lorena,
Damien e Eric. Valentina, Cátia e tia Flor me farão companhia. Não se
preocupe. — Levanto-me da cama.
— Me preocupo, sim. Está pronta? — Me olha.
Assinto e Dimitri pega minha bolsa com tudo que vou precisar e
descemos as escadas, vendo Rebeka trajando sua roupa branca de enfermeira,
nos esperando. Caminhamos para fora da casa e vamos até a casa da minha
amiga, que está descendo as escadas.
— Valentina, por favor, qualquer coisa, qualquer mal-estar, tontura...
Me ligue. — Dimitri pede.
— Pode deixar, Dimitri. — Minha amiga vem até nós. — Ela não está
nem doida de esconder qualquer coisa que estiver sentido. Ficarei de olho.
— Obrigado, cunhada. — Dimitri me fita. — Cuidado, amor. Fique
longe de escadas, de lugares escorregadios...
— Tá, senhor paranoico. — Seguro seu rosto e beijo seus lábios. —
Pode ir tranquilo.
Ele assente e beija meus lábios.
— Por favor — sussurra me deixando com dó, de tanto que está
preocupado. — Prometo que volto logo para cuidar de você.
Vejo Lorena, Damien e Eric brincando na beira da piscina, aproveitando
a tarde. Tenho certeza de que vão se dar bem. Me levanto da cadeira,
ajeitando meu vestido folgado.
— Vai aonde? — Valentina me fita.
— Beber água — respondo.
— Eu vou buscar para você. — Se levanta.
— Eu vou, amiga. Preciso andar um pouco, para o sangue circular. Não
aguento mais ficar sentada. Meus pés estão muito inchados. — Ela me fita
com seus olhos ímpares e assente.
Me afasto dela e caminho para dentro da sua casa, andando até a
cozinha. Abro a geladeira para retirar a garrafa e pego um copo e o encho,
vendo algumas coxinhas em um recipiente de vidro em cima da ilha. Mordo o
lábio. Adoro coxinha.
— Uma coxinha não me fará mal — murmuro.
Largo o copo vazio na ilha, abro a tampa de vidro e tiro de lá uma
coxinha e levo até a boca, mordendo. Saboreio o gostinho delicioso dela
soltando um gemido, sentindo o quanto está delicioso. Minha amiga sempre
gosta de ter comidas brasileiras em casa, o que Dominic adora, sempre pede
para ela fazer algumas coisas, e ela faz com maior gosto para seu marido.
Termino de comer a coxinha, antes que alguém veja e tampo o recipiente.
Coloco a garrafa de volta na geladeira e saio da cozinha, vendo Manuela
entrar na casa da minha amiga, com Alessandro nos braços.
— Ei, gravidinha. — Sorri para mim. — Como você está?
Nos abraçamos e beijo a cabeça de Alessandro que sorri para mim, com
os dedos na boca, todo babado.
— Cansada de ficar sentada. E você? — A olho.
— Muito bem! Cadê o pessoal? — Ajeita Alessandro melhor nos
braços.
— Valentina, tia Flor e Cátia estão lá atrás, vendo os meninos na
piscina. Vamos até eles. — A chamo.
Caminhamos para a área externa, e nos sentamos para conversar, e dura
toda a tarde. Quando está anoitecendo, Dimitri chega com seus irmãos. Como
sempre, Dimitri questiona todo mundo se eu fiquei bem, com sua paranoia.
Ele dispensa Rebeka e minha amiga me chama para ficar para o jantar.
— Seu pai mandou um beijo para você. — Cátia me olha. — Uma pena
não estar aqui. Ele teve alguns problemas na empresa e teve que voltar para o
Canadá.
— Quando ele volta? — pergunto, colocando a almofada em meu colo.
— Amanhã. Ele vai pegar o voo hoje à noite, deve chegar logo cedo —
responde.
— Amor, não quer tomar banho para jantar? — Dimitri pergunta,
chegando na sala.
Peço licença à Cátia e sigo com Dimitri para um quarto no térreo e
entramos. Vou até o banheiro, retiro minha roupa e me olho no espelho. Bom,
não estou nada bonita. Estou mais inchada que tudo e isso está me
preocupando muito. Dimitri para na porta e me olha.
— Pensei que já estava no banho. — Se aproxima. — Algum problema,
amor?
— Estou me achando inchada demais. — Me olho no espelho.
Sinto minha visão turva e vejo estrelinhas, me apoiando na pia.
— Ei! Ficou tonta, não foi? — Suspiro, sentindo suas mãos em volta de
mim. — Venha, vou dar um banho em você.
Ele retira sua roupa em tempo recorde, me segurando, me leva até o box.
Liga o chuveiro e faz me apoiar nele e me dá banho, lavando todo meu corpo
esfregando a esponja com o sabonete líquido. Após o banho, ele enxuga todo
meu corpo com cuidado e me veste com o roupão, me leva de volta para o
quarto e me sento na cama, colocando os pés para cima.
Dimitri volta para o banheiro, para tomar um banho rápido e volta para o
quarto, vestindo uma bermuda cáqui sem camisa, mostrando todos os seus
músculos. Senta na beirada da cama e segura minha mão.
— Você está cuidando tão bem de mim. — O olho.
Dimitri me fita, e me dá um sorriso de lado.
— Quem ama cuida — responde, fazendo carinho em minha mão.
Suspiro e fecho os olhos por um momento e o fito.
— Eu também amo você — confesso, sentindo meu coração bater forte.
Os olhos azuis de Dimitri me fitam arregalados e ele se aproxima mais
de mim. Olha em meus olhos por longos segundos, processando a
informação.
— Repete. — Pede, emocionado.
— Eu amo você. — Repito, com um sorriso.
Dimitri abre um largo sorriso com os olhos marejados.
— Pensei que nunca iria escutar isso, de novo. — Me olha, emocionado.
— Quis te fazer sofrer um pouco. — Rimos, e sinto meus olhos
marejados. — Mas eu te amo desde que te vi na empresa.
Ele se aproxima mais de mim, segura meu rosto e me beija. Um beijo
lento e carinhoso, mostrando o quanto me ama e que cuida de mim. Dimitri
me dá um selinho e acaricia meu rosto.
— Eu te amo muito, amor. Muito mesmo. — Uma lágrima escorre em
seu rosto. — Me perdoa por tudo que eu fiz, prometo ser um homem melhor
para você.
Acaricio seu rosto, pegando sua lágrima com meu polegar.
— Eu te perdoei faz tempo, Dimitri. Você que ainda não notou.

Vejo Alicia fazendo uma caretinha de dor deitada na cama, mexendo em


seu celular. Suspiro e giro um pouco minha cadeira para olhá-la.
— O que foi, amor? — Alicia me fita.
— Azia chata do caralho — resmunga, jogando o celular na cama e fica
de lado, acariciando sua barriga exposta.
— Vou só finalizar aqui e vou ficar aí com você.
Alicia assente e se agarra ao travesseiro. Termino de ler alguns
documentos que foram enviados para o meu e-mail. Envio outros o mais
rápido que posso, desligo o MacBook e me levanto da cadeira e vou até ela,
me deitando ao seu lado, acariciando sua barriga.
— Se você não melhorar após o almoço, vamos ao médico — digo e ela
assente. — O médico disse que era para ficarmos atentos com essa dorzinha
no estômago.
— Uhum — murmura.
Ficamos juntinhos assim por um bom tempo, aproveitando a companhia
um do outro. Beijo seu ombro e vejo que cochilou. Me afasto devagar e saio
da cama. Pego minha camisa em cima da cadeira e a visto. Saio do quarto em
silêncio e fecho a porta, desço as escadas e vejo Antônia passando para ir até
a cozinha.
— Deseja algo, senhor? — Me olha.
— O almoço já está pronto, Antônia?
— Já sim. Já ia chamar o senhor. — Assinto.
— Você pode levar o almoço lá para cima? Alicia está com uma dor no
estômago e está deitada. — Peço.
— Sim, senhor. Vou preparar e irei subir. — Sorri, gentil.
— Obrigado, Antônia.

Alicia comeu pouco no almoço se queixando da dor de estômago e fico


mais preocupado por ainda não ter passado a dor, mesmo depois de ter
tomado remédio. Liguei para a clínica perguntando se o médico dela está
trabalhando e quando tenho a confirmação, agilizo para trocar de roupa e
ajeitar Alicia para irmos até lá.
O caminho é curto e Simon pisa mais no acelerador para irmos o mais
rápido possível. Assim que Simon estaciona em frente à clínica, Thomas salta
do carro e abre a porta. Ajudo Alicia a descer e adentramos na clínica
bastante sofisticada daqui de Paris. Ela é encaminhada direto para o
consultório, sem precisar esperar. O médico afere sua pressão e afirma estar
alta, o que me preocupa bastante, porque a fisionomia do médico não é nada
boa.
— Como é essa dor, Alicia? — o médico a questiona.
— Como se eu tivesse levado um soco, doutor. Está doendo muito. —
Alicia suspira.
O médico assente e encaminha Alicia para fazer alguns exames na rua
ao lado da clínica e trazer os exames ainda hoje para ele. Voltamos para o
carro e Simon nos leva.
Rebeka vai até à recepção agilizar logo os exames, enquanto ajudo
Alicia a se sentar na poltrona na sala de espera.
— Senhor, eles me disseram que teremos que esperar três horas para
fazer esses exames. — Rebeka se aproxima de nós.
— Como é? Eles vão fazer agora! — Arranco os papéis da sua mão e
vou até à recepção.
Ao meu aproximar do balcão, a recepcionista me olha e abre um sorriso
gentil.
— Boa tarde, senhor... — A interrompo.
— Quero que esses exames sejam realizados agora mesmo. — Jogo os
papéis em cima do balcão.
Ela pega os papéis e começa a ler.
— Senhor, o responsável por fazer esses exames, não se encontra...
— Não quero saber! Arrume alguém para fazer. — Sou rude.
— Mas senhor, não tem ninguém...
— Olha aqui... — Fito seu crachá, vendo seu nome. — Renata. Você
sabe quem eu sou? Sou Dimitri D’Saints. D’Saints, Renata. Com certeza já
tem alguém de prontidão para realizar esses exames em minha mulher, com
urgência.
A mulher engole em seco.
— Minha mulher precisa fazer esses exames agora, Renata. Não estou
pedindo. Pago muito caro por essa clínica, e quero que seja realizado agora
esses malditos exames. Ou você ainda não entendeu?
— Senhor, eu entendo...
— Você não está entendendo, Renata. Se entendesse a gravidade do que
a minha mulher tem, ela já estava na sala de exames, ao invés de eu estar aqui
tentando lhe explicar de diversas formas que tenho privilégios por causa do
meu sobrenome. — Ela engole em seco. — Quando eu quero esses malditos
privilégios, eles não são concedidos — murmuro a última frase. — Agilize,
querida. Minha mulher vai realizar esses exames agora, nem um minuto a
mais.
Rebeka aparece e olha para a recepcionista.
— Renata, por favor. Se não tem ninguém, eu posso fazer. Sei mexer
nos equipamentos.
A mulher me fita, nervosa.
— Ainda está sentada? Vamos, moça, minha mulher não pode esperar.
Se algum equipamento quebrar, eu pago. Dinheiro não falta na minha conta.
— Bufo, impaciente. — Me resolvo depois com o responsável pela clínica,
que por coincidência é amigo de longa data da minha família. Com certeza
ele não vai dar uma bronquinha em você, quando eu explicar toda a situação.
Se ainda for querer o trabalho, né.
A moça se levanta imediatamente e sai com Rebeka, para preparar os
equipamentos. Volto para a sala de espera e vou até Alicia.
— Vamos, amor. — Ajudo-a se levantar.
Capítulo 38

Rebeka fez todos os exames em Alicia que o médico pediu para ser feito
com urgência. Não demorou muito e vários funcionários foram ajudá-la a
realizar os exames. É só dá um empurrãozinho e tudo dá certo. Foram feitos
exames de urina, sangue, ecografia e cardiotocografia, onde podemos escutar
o coração do nosso menino, o que nos alivia em saber que ele está bem, mas
não deixo de lado a preocupação que estou por Alicia. Como era de se
esperar, o dono da clínica liga rapidamente para mim me pedindo desculpas
pelo ocorrido e que a clínica está passando por algumas alterações,
cronogramas..., enfim.
O meu humor não está dos melhores. Eu nunca estive com um mau
humor tão insuportável, que nem eu estou me aguentando. Estou agoniado,
preocupado, com dor de cabeça, vendo Alicia sentir dor e não podendo fazer
nada. Absolutamente nada.
Volto para a sala de espera, vendo Alicia passar a mão na barriga de
olhos fechados e suspirando.
— Aqui, amor. — Me aproximo dela.
Alicia me fita e pega o copo d’água da minha mão e ingere em um gole
só.
— Aliviou a dor? — Seguro sua mão e me sento ao seu lado.
— Não — responde e encosta a cabeça na parede.
Suspiro e fecho os olhos, abaixando a cabeça rezando silenciosamente
para que tudo fique bem com ela e nosso filho. Não posso perdê-los. De
maneira alguma. Não sei o que será de mim se eu os perder.
Apoio minha mão sobre a sua onde tem a sua aliança de noivado e
acaricio sua mão, encostando minha cabeça na parede, esperando os exames
ficarem prontos. Sinto meu celular vibrar dentro do bolso e retiro-o de dentro,
vendo o nome da minha cunhada na tela.
— Oi, Valentina!
— Alicia está bem? Já fez os exames?
— Já sim. Estamos esperando os resultados saírem.
— Ela ainda sente dores? Porque não é normal, Dimitri. Estou muito
preocupada com ela.
— Infelizmente não posso fazer nada, Valentina. — Seguro forte a mão
de Alicia. — Estou bastante preocupado também.
— Já entrou em contato com o Fernando? Soube que ele chega hoje em
Paris. Ele pediu para qualquer novidade ligar para ele.
Verifico a hora em meu relógio.
— Ele já deve ter aterrissado. Vou ligar para ele.
— Qualquer coisa me liga.
Me despeço e ligo para Fernando, que me atende no terceiro toque.
— Fala, Dimitri.
— Oi, Fernando. Já aterrissou?
— Já, sim. Estou a caminho da sua casa, porque preciso falar com
minha filha. E não dá para ser pelo telefone.
— Não estamos em casa. Estou na clínica com ela, porque desde ontem
Alicia está sentindo algumas dores e o médico mandou realizar alguns
exames, agora estamos aguardando.
— Me passe a localização dessa clínica que vou mudar meu percurso
agora mesmo e vou até aí.
— Mandarei por mensagem.
Finalizo a ligação e envio a localização da clínica para ele, quando
Rebeka aparece com alguns envelopes em mãos.
— Os resultados saíram. Vamos voltar para a outra clínica.
Ajudo Alicia a se levantar devagar e caminho com ela para o carro.
Thomas abre a porta, entramos com calma e seguimos para a outra clínica. Só
essa perda de tempo está me deixando totalmente estressado.
— Essa porra era para ser tudo em um lugar só. Tudo só para atrapalhar,
esse caralho. — Dou um murro no banco.
— Vai ficar tudo bem. — Alicia me olha, e segura minha mão. — Fica
calmo.
Me inclino e beijo sua testa, com as mãos trêmulas. Porra, estou
nervoso pra caralho. Thomas estaciona o carro no estacionamento da clínica.
Desço primeiro e ajudo Alicia a descer.
— Vou entrando, para agilizar — Rebeka avisa e eu assinto, vendo-a
sair do carro às pressas, indo para a clínica.
Deixo Alicia em pé, parada, encostada no carro, contorno o carro e pego
sua bolsa. Mas quando volto para perto de Alicia, meu coração gela.
— Olá, priminho. — Francesca nos olha, com uma arma apontada para
Alicia.
Thomas rapidamente tira sua arma do coldre e aponta para Francesca.
Francesca tem os olhos fixos em mim. Ela está totalmente diferente. Sua pele
está horrível, totalmente desidratada. Os cabelos loiros bagunçados e
quebradiços amarrados em um rabo de cavalo e uma roupa horrorosa, rasgada
e suja.
— Onde conseguiu essa arma? — pergunto, ficando na frente de Alicia,
que segura forte minha jaqueta de couro.
— Onde eu consegui? Vende armas em vários lugares, cuginetto. —
Estala a língua. — Mas eu conheço alguém que me vendeu por um preço bem
bacana.
— Se prostituindo, você quis dizer. — Dou um sorriso amargo, sentindo
meu coração bater forte. — Porque tio Rafael e tia Pietra nem te dão mais
nada.
Francesca dá de ombros, ainda mantendo a arma apontada para mim e
Alicia.
— Saia da frente dela. — Francesca me fita. — Meu assunto é com essa
vagamunda desgraçada.
— Francesca, me deixe em paz. — Alicia a olha, se apoiando no carro.
Alicia faz uma careta e suspira. Merda! Isso não está nada bom.
— Está com medinho agora, sua piranha? Quando me bateu se garantiu
toda. — Francesca trinca os dentes. — Saia de trás dele e me enfrente,
vagabunda.
— Francesca, eu preciso levar Alicia para a clínica. Ela está grávida...
— Foda-se! Esse pirralho não vai viver mesmo. Muito menos essa
desgraçada que te roubou de mim. — Me fita, com os olhos vermelhos. —
Para que tanta preocupação, amor? É comigo que você vai ficar e não com
ela. É comigo que você terá filhos. Não está vendo que ela é uma doente que
nem consegue ter uma gravidez saudável? Ainda quer continuar com essa
pobretona que só quer seu dinheiro?
— Abaixe essa arma, Francesca. — Thomas se aproxima, ainda mirando
a arma nela. — Será melhor para todo mundo.
— Eu lhe dou um bom dinheiro para ir embora agora, Francesca. Você
terá o luxo que sempre teve. Apenas nos deixe em paz. — Peço, com medo.
— Você pode ir agora, que não farei nenhuma denúncia contra você,
ninguém da família vai saber, nem mesmo seus pais. Tudo pode ficar bem, se
você colaborar e ir embora.
Francesca gargalha, ainda com a arma em mãos. Eu só consigo pensar
que ela pode atirar em Alicia e posso perdê-la junto com nosso filho. Isso não
pode acontecer. Não pode. Não pode.
— Você ainda não entendeu que eu não vou embora sem você, amor. —
Francesca me fita. — Ou você vai comigo, ou vou matar essa piranha na sua
frente, junto com seu filhinho bastardinho de merda.
Trinco os dentes e dou um passo à frente. De repente, Fernando aparece
e aponta a arma para a cabeça de Francesca, que vacila um pouco, surpresa.
Fernando está atrás de Francesca e fala bem perto do seu ouvido.
— Abaixe sua arma agora, Francesca — Fernando diz friamente. — Ou
estouro seus miolos, sua vagabunda. Deixe a minha filha e o marido dela em
paz, ou mato você aqui e agora.
Francesca ri, ainda com a arma mirada em Alicia. Sinto meu coração
bater forte demais, com medo de que ela faça algo para minha mulher e meu
filho. De onde Fernando saiu?
— Abaixe a arma, Francesca. — Peço, sentindo minhas mãos trêmulas.
— Seu fim não será nada bom.
— Você tem duas opções, Francesca. — Fernando empurra a arma na
sua cabeça.
— Você não teria coragem. — Francesca ri, revirando os olhos.
— Você acha que eu não tenho? Você realmente não me conhece,
boneca — Fernando diz, frio. — Eu não tenho nada a perder, Francesca.
Você tem. Se eu te matar aqui e agora, nada vai acontecer comigo. Já com
você... — Fernando sorri, fazendo Francesca trincar os dentes. — Dimitri não
vai ficar com você. Você não vê o quanto ele ama minha filha e vivem muito
bem? Você acha que terá isso com ele? Nunca terá o que eles têm.
— Vou ter sim. — Francesca trinca os dentes.
— Não mesmo. — Nego com a cabeça.
— Por que você acha isso? Eu vou viver e vamos viver juntinhos, amor.
É para você estar comigo! E não com essazinha. Eu amo você. Ela não te
ama, Dimitri. Ela só quer saber do seu dinheiro, como a amiguinha dela fez
com seu irmão. Se casou com ele e fez com que Dominic passasse tudo para
o nome dela e da pirralhada defeituosa, igual à mãe.
Uma raiva me consome e acabo me alterando.
— Não. Minha cunhada ama meu irmão, é totalmente diferente,
Francesca. Você não sabe o que é amor. Você nunca amou ninguém. Não
ama nem a si mesma! Você é uma doente. Precisa internar e se tratar! Eu não
amo você, e nunca vou amar ...
Francesca solta um grito de raiva e aperta o gatilho em direção à Alicia,
me coloco na sua frente com uma rapidez surreal, sendo acertado pela bala e
acabo escutando mais outro disparo.

Solto um grito bem alto, vendo Dimitri cair no chão atingido pela bala e
pelo meu pai ter atirado na cabeça de Francesca que cai morta no chão com
os olhos vidrados em mim e Dimitri, sem vida. Me ajoelho no chão com
lágrimas nos olhos, vendo que a bala atingiu a barriga de Dimitri, e vejo
muito sangue sujar sua roupa.
— Amor... — Minha voz sai embargada. — Vai ficar tudo bem.
Ele assente e suspira.
— Thomas, chama alguém logo! — Peço, agoniada.
Vejo meu pai olhar friamente para Francesca no chão, morta por ele, e
guarda sua arma por dentro do paletó e vem até mim.
— Você está bem? — Me analisa preocupado, e assinto.
— Ele levou um tiro, pai. — Lágrimas escorrem em meu rosto e fito os
olhos azuis do amor da minha vida. — Você vai ficar bem, meu amor.
— Fernando... Leve-a para dentro... — Dimitri faz uma pausa e uma
careta. — Ela está passando mal... Está com dores... Precisa voltar para o
médico...
— Não. Não vou sair do seu lado — falo apressada, passando a mão em
seus cabelos.
— Amor..., você precisa... — O interrompo.
— Não vou sair do seu lado — digo, sentindo lágrimas descerem pelo
meu rosto.
— Eu vou ficar bem, amor. — Faz uma pausa, engolindo em seco. —
Mas você está...
— Não vou sair do seu lado. — Repito e passo minhas mãos em seu
rosto.
Ele ergue a mão e limpa as lágrimas do meu rosto.
— Eu amo você, morena. — Me fita com seus olhos azuis. — Te amo
muito.
— Eu amo você, Dimitri — confesso, emocionada.
Uma lágrima solitária escorre em seu rosto e limpo com meu polegar.
Fito seus olhos azuis com a minha vista embaçada.
— Senhora, peço que se afaste. — Um enfermeiro se aproxima com
mais duas pessoas.
Olho Dimitri que assente.
— Vai ficar tudo bem... — Dimitri fita meu pai. — Fica com ela... —
Faz uma pausa. — Não saia de perto dela nem por um segundo, Fernando.
Meu pai assente. Os enfermeiros colocam Dimitri em uma maca e
entram dentro da clínica, fazendo os procedimentos necessários. Vejo várias
pessoas no local, vendo Francesca morta no chão. Thomas se aproxima
falando ao telefone e fito meu pai, nervosa.
— Você pode se prejudicar... — falo, com medo.
Meu pai me abraça e beija minha cabeça.
— Vai ficar tudo bem, meu amor. — Apoia seu queixo em minha
cabeça. Vejo os olhos mortos de Francesca ainda abertos, e fecho os meus. —
Vai ficar tudo bem. Vamos entrar.
Ele me puxa, me impossibilitando de olhar Francesca e entramos na
clínica, vendo Rebeka vir até nós, preocupada. Meu pai me coloca sentada
numa poltrona e a dor volta com força total.
— Eu já entreguei os exames ao médico — Rebeka informa. — Ele teve
que dispensar uma paciente para dar prioridade a você.
Passo a mão na barriga, suspirando.
— O Dimitri vai ficar bem? — pergunto, preocupada.
— Vai. Ele vai ficar bem — Rebeka afirma.
Meu médico aparece na sala me procurando e ao me ver, vem até nós.
— Alicia, você precisa entrar em trabalho de parto agora. Sua pré-
eclâmpsia evoluiu para a síndrome de hellp.
Sinto minha cabeça girar. Pisco os olhos, tentando processar a
informação.
— O quê? Mas não está na hora... — Gaguejo, nervosa. — Ainda é
prematuro...
— Você e o bebê correm risco de vida, Alicia. O bebê tem que nascer
agora e não pode esperar até amanhã. — O meu médico me olha.
— M-mas... eu nem trouxe a mala com as roupinhas dele... — Meus
olhos ficam marejados.
— Alicia. — Rebeka me olha, aflita. — Ele não vai usar roupa na UTIN.
— Precisamos ir agora para a sala e fazer esse parto. — O médico me
fita, extremamente preocupado.
Capítulo 39

Alicia é trazida para a sala de cirurgia para ter meu neto em um parto
cesáreo. Vejo os médicos e enfermeiros preparando tudo para realizar o parto
e a anestesista aplica a peridural em Alicia. Tudo é preparado com cautela e
certa rapidez, para fazer o quanto antes o parto da minha filha. Depois de
alguns longos minutos, o parto inicia e me mantenho ao lado da minha filha,
segurando sua mão, tentando lhe passar conforto. Sei que Alicia está nervosa
tanto pelo parto quanto por Dimitri que está em outra sala de cirurgia.
Fecho os olhos por um momento, vendo o olhar da minha menina de
desespero vendo aquela louca com a arma apontada para ela e Dimitri. Já faz
um bom tempo que atirei em alguém para matar. Eu tive que fazer isso, eu
não podia deixar aquela louca matar minha filha e meu neto. Estava com a
arma no coldre, e por que não fazer? Não pensei duas vezes ao sacar a arma e
apontar para a cabeça de Francesca. Sabia muito bem da existência das
câmeras de segurança no estacionamento da clínica, mas toquei o foda-se e
fiz sem pensar duas vezes.
Estava disposto a assumir as consequências.
Minha filha e meu neto estavam em perigo, em risco, junto com Dimitri,
que estava disposto a levar o tiro por ela. O admiro demais por isso, ele ama
demais a minha filha e estou tranquilo com isso, sei que ele não a fará mais
sofrer. A vida deles é importante demais para mim. Também vi o desespero
da minha filha ao ver o que eu tinha feito. Sei que não foi pelo fato de eu ter
matado alguém, e sim, pelas consequências que eu poderia ter depois. Mas
para meu alívio, o segurança de Dimitri me deu um olhar de “Fique
tranquilo, que vamos resolver. Você não será o culpado pela morte dela”.
Suspirei aliviado, ainda abraçado com a minha filha que desviou seu olhar de
Francesca e afundou seu rosto em meu peito.
Sei que não fui um bom pai, na verdade, fui um péssimo pai. Um bom
pai abandona sua filha quando ela mais precisa? A deixa desamparada? Não
mesmo. Admito que fui um pai horrível para ela, e me arrependo disso
amargamente. A cada dia eu sofro por tudo que a fiz passar. Me sinto um
covarde. Eu tinha prometido que a protegeria e que cuidaria dela assim que a
peguei nos braços pela primeira vez, e falhei. Errei demais com ela, e eu não
merecia seu perdão. Minha filha tem um coração de ouro, ela é incrível. O
oposto da sua mãe, que não se importava com ninguém, além de si mesma.
Ela já era um pouco egoísta antes de engravidar, mas depois que
engravidou... mudou completamente. A mulher que eu amei, se tornou uma
pessoa que eu desconhecia totalmente. Se tornou mais egoísta, arrogante... e
vê-la olhar nossa filha como se ela fosse um lixo, me doía. O olhar de
desprezo que ela dava para Alicia..., me sentia mal com tudo isso.
Eu vi o seu desespero quando soube que ela estava grávida, de início eu
pensei que ela estivesse nervosa, é claro. Mero engano...

[...]
— Fernando. — Cibele entra em meu quarto.
Largo a Caneta em cima do caderno, vendo-a nervosa ao extremo. Me
deixando bastante preocupado.
— O que foi, amor? Algum problema? — Me levanto da cadeira.
Cibele passa as mãos em seus cabelos, com lágrimas nos olhos,
andando de um lado para o outro, completamente fora de si, nervosa. Ela me
fita com os olhos vermelhos.
— Fala. O que foi? — pergunto preocupado.
Ela suspira e limpa o rosto com o dorso da mão.
— Estou grávida!
Sinto meu coração bater rápido demais em meu peito e sinto minhas
mãos trêmulas. Meus olhos rapidamente ficam marejados, pela tamanha
felicidade. Uma descarga elétrica passa por todo meu corpo e vibro. Grito
bem alto, completamente feliz. Corro até o amor da minha vida e a puxo
para um abraço, agradecendo repetidas vezes pela notícia. Eu sempre sonhei
em ser pai, e ele acaba de ser realizado.
— PORRA! Que notícia maravilhosa. — Puxo seu rosto e beijo seus
lábios.
Sinto que ela não retribui e me afasto, para olhar em seu rosto. Não
vejo emoção alguma, nem um brilhozinho diferente em seus olhos eu vejo.
Cibele me olha diferente, como nunca tinha me olhado. Me afasto mais um
pouco.
— O que foi? Você não está feliz? — Engulo em seco.
— Não — responde, sem emoção.
— Por quê? Você está grávida, meu amor. Um serzinho está dentro de
você, nosso filho.
Cibele permanece me encarando e não demonstra nenhuma emoção.
— Você deve estar em choque. — Sorrio, nervoso. — É normal, amor.
Eu sei que é aterrorizante no início, principalmente quando vem assim, de
surpresa...
— Não estou em choque, Fernando. — Ela me corta, rude. — Você não
está vendo que eu não estou nem um pouco feliz com essa notícia?
— Mas amor..., é o nosso sonho sermos pais. — A olho, sem entender.
— Não. Esse é o seu sonho, não o meu — diz, com ignorância. — Eu
nunca disse que quero ser mãe. Isso nunca saiu da minha boca. Já você, fica
igual um tabacudo, sonhando, se iludindo que um dia eu poderia carregar
um filho seu. Mas você pediu tanto ao seu Deus, que ele concedeu seu
pedido, mas ele não pensou em mim. Eu. Não. Quero. Ser. Mãe.
Pisco os olhos, vendo uma mulher totalmente diferente à minha frente.
Não a reconheço. Não sei quem é essa mulher que estou vendo.
— O que você quer dizer com isso? — Engulo em seco.
Ergue a sobrancelha, sem paciência.
— Estou dizendo que vou tirar. Comprei no caminho o remédio para
tomar e abortar.
— O QUÊ? VOCÊ ESTÁ LOUCA? — Grito, horrorizado. — Você não
vai tirar, Cibele. Eu não vou deixar!
— Você não manda em mim, Fernando! Eu vou tirar, sim. Eu não quero
esse feto dentro de mim. Nunca quis. Agora que eu não quero mesmo! — Me
olha, com raiva.
— Você não vai tirar, Cibele. Eu não vou deixar você fazer isso com
meu filho. — Lágrimas escorrem em meu rosto. — Você não pode fazer isso!
— Não só posso, como vou! O corpo é meu, e faço dele o que bem
entender — rebate, com raiva.
— Foda-se! Eu não vou deixar. — Tomo a sacolinha de sua mão, com o
veneno dentro. — Isso aqui vai para o lixo.
Ela ri sem humor.
— Querido, vende tantos desses por aí. Superfácil de achar. — Meneia
a cabeça.
Largo a sacola em cima da cama e passo as mãos em meus cabelos,
desesperado e aflito.
— Cibele, não faz isso. — Eu choro. — É meu filho. Nosso filho. Um
serzinho que está dentro de você. Não faz isso! Estou te implorando. Pensa
bem.
— Não tenho o que pensar, Fernando. Eu não vou ter essa criança! —
Bate o pé no chão. — Nunca quis ser mãe, Fernando. E isso não vai mudar
agora. Eu vou ficar feia, com estrias, celulites...
— É com isso que você está pensando? — A olho, com raiva. — Você
nem está pensando que vai matar uma vida, Cibele?
— Vida? Esse feto nem está formado para ter vida, Fernando. — Ela ri,
me olhando. — Você é tão obcecado em ser pai, que já começa a se iludir, de
novo. — Revira os olhos.
— Por favor, Cibele. Eu faço qualquer coisa, mas não tira — imploro,
chorando.
Cibele me fita com seus olhos escuros e bufa.
— Tá. Eu gero esse feto, se você comprar todos os cremes para estrias,
celulites... — Eu a corto.
— Compro, faço qualquer coisa, só para você não o tirar — falo
apressado, passando a mão no cabelo.
Cibele dá de ombros.
— Tudo bem. — Se aproxima de mim. — Mas saiba de uma coisa,
Fernando. — Me fita, séria. — Eu não vou ter nenhum vínculo com essa
criança. Não terei nenhum afeto por ele ou ela. Não o amarei. Será
insignificante para mim. Posso amar você, continuar com você, mas essa
criança... não terei vínculo algum.
Engulo em seco, vendo a mulher fria e sem coração na minha frente.
— Só peço que o amamente, até a idade que o médico exigir. — Peço,
sentindo lágrimas escorrerem em meu rosto.
Dá de ombros sem muita importância.
— Pode registrá-lo sozinho. Não quero o meu nome como mãe na
certidão de nascimento. Irei amamentá-lo até o tempo certo e fim de papo.
Você cuidará dele sozinho.
— Você não é a mulher por quem eu me apaixonei — digo. — Nem de
longe.
— Sempre fui eu mesma, Fernando. Você que estava cego. — Entorta a
boca.
Assinto, prensando os lábios.
— Realmente. Você sempre foi a mesma pessoa, eu que me iludi. — A
olho, incrédulo.
— Posso ir? — Faz cara de paisagem.
— Promete que não vai tirar? — pergunto, nervoso.
Cibele bufa e revira os olhos.
— Se você cumprir com sua parte, eu não tiro. — Se vira e vai embora.
Sento-me na cama, exausto. Pego a sacolinha em minhas mãos e retiro
o remédio. Remédio não, veneno. Essa porra é um veneno, um maldito
veneno que mata inocentes que não pediram para vir ao mundo. Suspiro,
sentindo meu queixo trêmulo. Farei de tudo pelo meu filho ou filha. Não vou
deixar faltar nada, terá de tudo. Assumirei essa responsabilidade sozinho.
Farei das minhas “tripas ao coração” para ser um bom pai. Nunca vai
passar fome, porque isso eu posso garantir. Nem que eu entre para o tráfico
para mantê-lo, e não passar necessidade. Serei o melhor pai que essa
criança terá.
[...]

Prometi à minha filha que serei um pai que ela nunca teve e essa
promessa eu vou cumprir. Olho a médica retirar meu neto da barriga de
Alicia e lágrimas escorrem pelo meu rosto, vendo meu netinho nos braços de
uma médica. Olho minha filha que chora silenciosamente ao ver seu filho nos
braços da médica, ainda todo meladinho de secreção e sangue.
— Estou tão feliz, filha. Tão feliz por você. — Beijo a testa da minha
filha, sentindo meu queixo trêmulo. — Você foi muito forte, uma guerreira.
Alicia sorri para mim com os olhos marejados, me afasto um pouco
vendo Alicia virar o rosto, vendo a médica com seu filho.
— Moça, deixe-me ver meu filho. — Ela pede, com a voz embargada.
A médica se vira com meu netinho nos braços e fico emocionado
demais. Ele é perfeito. Pequenininho, meu neto.
— Deixe-me pegá-lo. — Alicia pede, emocionada.
— Não pode, senhora. Preciso levá-lo à UTIN agora mesmo — a médica
informa.
— O quê? Não vou poder pegá-lo? — Lágrimas escorrem no rosto da
minha filha.
— Sinto muito, senhora. — A mulher sai cabisbaixa, levando meu neto
nos braços.
Alicia chora alto e me parte o coração vê-la dessa forma. Seguro suas
mãos, vendo-a chorar, enquanto ela vê seu filho se distanciando nos braços
da médica. Seus olhos escuros me olham, banhados de lágrimas.
— Eu só queria pegar meu filho. — Lágrimas escorrem em seu rosto. —
Meu menino. Eu nem pude vê-lo direito.
— Não fique assim. — Engulo o choro. — Ele precisa de cuidados
agora.
Alicia solta um soluço sôfrego e mais lágrimas escorrem em seu rosto.
— Mas eu só queria pegá-lo pela primeira vez...
Capítulo 40

Abro os olhos aos poucos e fecho em seguida, sentindo uma claridade


enorme incomodar meus olhos sensíveis. Sinto um cheiro forte de éter e um
bip de algum lugar. Respiro fundo e abro os olhos aos poucos, vendo um teto
branco com uma luz muito forte, deixando meus olhos sensíveis demais.
Sinto minha garganta seca, tento engolir saliva para aliviar um pouco o seco
que está, mas não adianta, porque desce arranhando.
Mexo meu corpo e solto um gemido, ao sentir uma dor forte na minha
barriga.
— Filho? — Escuto a voz do meu pai.
Viro o rosto, vendo meu velho se levantar da poltrona com um sorriso
nos lábios vindo em minha direção. Meu pai segura minha mão, e me olha
com os olhos marejados.
— Graças a Deus você acordou. Estávamos bem preocupados.
Faço menção de falar, mas a minha garganta está muito seca.
— Vou chamar a médica — avisa.
Assinto e meu pai sai da sala um pouco apressado, fechando a porta
atrás de si. Faço um barulho na garganta para poder conseguir falar, mas doí.
Abaixo a cabeça, vendo-me deitado numa cama de hospital, com uma roupa
de hospital nada bonita. Tem alguns trecos em meu corpo, que não sei bem o
que é e minha barriga enfaixada. Apoio minha cabeça no travesseiro, vendo a
porta ser aberta e uma médica passar por ela, junto com meus pais. Mamãe
vem até mim, com lágrimas em seu rosto.
— Oi, meu amor. Estou tão feliz que tenha acordado. — Sorri para mim,
acariciando meu rosto.
— E-eu... que-ro água — sussurro, sentindo minha garganta arranhar.
— Só um minutinho — a médica fala.
Ela tem uma prancheta em mãos e verifica alguma coisa nos
equipamentos, e anota no papel. Gira seu corpo e vai até o canto do quarto e
depois volta com um copo de água.
— Tome devagar. — Pede.
Pego o copo de sua mão e levo até a boca, ingerindo o líquido aos
poucos, sentindo minha garganta aliviar um pouco.
— Sente alguma coisa? — a médica pergunta.
— Só a... dor na barriga — murmuro.
Minha mãe pega o copo da minha mão e o joga no lixo.
— O que aconteceu? — Olho a médica.
— O senhor levou um tiro na barriga, tivemos que fazer uma cirurgia
para a remoção do projétil — responde. — Sente algo a mais que a dor na
barriga?
Nego com a cabeça.
— Vou prescrever alguns medicamentos para aliviar a dor. — Assinto e
ela se retira da sala.
Pisco os olhos e lembro de Francesca, que estava com a arma em mãos,
Fernando mirando sua arma nela e...
— Cadê a Alicia? — Olho minha mãe, um pouco desesperado.
— Filho... — Interrompo meu pai.
— Onde está a Alicia? Quero vê-la. Agora!
Me remexo na cama e solto um gemido de dor e jogo a cabeça para trás,
trincando os dentes.
— Você não pode se mexer muito, filho. Senão os pontos irão abrir —
minha mãe alerta.
Suspiro e volto a olhá-la.
— Mãe, cadê a Alicia? Ela e meu filho estão bem? — pergunto,
extremamente preocupado.
Os olhos dela ficam marejados e meu coração gela.
— Mãe? — insisto, nervoso.
— Alicia está bem. — Enxuga suas lágrimas.
Fito meu pai que permanece calado e volto meu olhar para minha mãe.
— E meu filho, mãe? — Engulo em seco.
O queixo da minha mãe treme e mais lágrimas caem em seu rosto. Meu
coração acelera mais ainda, com várias possibilidades que se passam em
minha cabeça.
— Pai? — Fito meu pai, angustiado.
Meu pai suspira.
— Assim que você entrou para a sala de cirurgia, o médico da Alicia já
estava com os exames dela em mãos, analisando o que de fato Alicia tinha e
foi detectado através dos exames a Síndrome de HELLP. Não Entendi bem o
que é quando o médico explicou, mas eu só entendi que era gravíssimo.
Meu coração gela outra vez.
— O senhor disse que era gravíssimo. Não é mais? — O olho, sentindo
meu coração bater forte. — Pai, o que aconteceu com meu filho?
— Enquanto você estava na sala de cirurgia, Alicia teve que entrar em
trabalho de parto o quanto antes — Papai me explica. — Porque Alicia e seu
filho corriam grande risco de vida.
Meus olhos ficam marejados, pensando na possibilidade de ele ter
morrido. Sinto uma dor forte em meu peito. Não, ele não pode ter morrido.
Meu filho tem que estar vivo!
— Ele... está bem? — pergunto, nervoso.
Minha mãe chora e isso só me confirma a pior notícia.
— Seu filho está na UTIN e Alicia está no quarto — Papai responde.
Lágrimas escorrem em meu rosto.
— Alicia está bem, meu filho. — Mamãe segura minha mão. — E meu
neto também ficará bem. Seu filho ficará bem.
— E, porque ele está na UTIN? — pergunto, aflito.
— Ele nasceu prematuro, filho. Precisa ficar na UTIN para receber todos
os cuidados necessários. Mas a médica disse que ele é forte, vai ficar bem. —
Meu pai sorri, emocionado.
Coloco a mão no rosto e choro, um choro alto e doloroso. Minha mãe
me abraça e choro de alívio. Choro em soluços altos. Olho meus pais, vendo-
os emocionados.
— Eu quero vê-los. — Minha voz sai embargada.
— O seu filho não dá, só através da parede de vidro, e Alicia está no
quarto aqui ao lado. Essa noite ela dormiu aqui. Depois de muita insistência,
a médica liberou. — Papai sorri.
Uma recordação vem rápida em minha cabeça, quando tive um sono
bem levinho à noite, sentindo dedos penteando meus cabelos. Era ela, meu
amor, minha morena.
— Se eu não posso ver meu filho agora, eu preciso vê-la. — Peço.
— Não sei se a médica vai liberar... — Papai para de falar quando
escutamos vozes altas vindo do corredor.
— Como é? Eu vou entrar, sim! Você não vai me impedir.
— Senhora, não pode ficar se exaltando, está em observação ainda...
— Foda-se! Quero ver meu marido agora mesmo! Se você não sair da
minha frente, eu arranco seus cabelos!
É Alicia. Minha brunetta.
— Mas senhora...
A porta do quarto é aberta de vez e vejo uma morena extremamente
raivosa, parada. Alicia me olha e a expressão de raiva se esvai e uma
extremamente emocionada se instala em sua face. Vejo que ela também traja
um vestido de hospital, seus cabelos estão presos em um rabo de cavalo e
calça chinelos. Minha morena morde o lábio e uma lágrima escorre em seu
rosto. Abro um sorriso gigantesco para ela, e uma lágrima escorre em meu
rosto.
— Vem cá, brunetta. — A chamo, com um sorriso.
Alicia sorri e vem até mim a passos largos, se inclina e me abraça forte.
Reprimo um gemido de dor, não querendo que ela se afaste de mim.
Choramos juntos, abraçados. Afundo meu rosto em seu pescoço, sentindo seu
cheirinho único que tanto amo, me sentindo aliviado. Obrigada meu Deus.
Alicia se afasta um pouco e me olha com os olhos marejados.
— Estou tão feliz que está acordado. — Acaricia meu rosto, aflita. —
Fiquei tão preocupada.
— Estou aqui, amor. Estou aqui. — Beijo seus lábios e a olho. — Como
você está?
— Eu que pergunto. Como você está? — Mexe em meus cabelos.
— Não importa. Você está bem? Nosso filho está bem? — A olho,
ansioso.
Alicia suspira.
— Nosso menino teve que nascer o quanto antes, Dimi. Tive que tê-lo
em um parto cesáreo. O médico disse que minha pré-eclâmpsia evoluiu para
Síndrome de HELLP. — Suspira, segurando minha mão. — O médico
explicou que é caracterizada por hemólise, que corresponde à destruição das
hemácias, alteração das enzimas do fígado e diminuição na quantidade de
plaquetas, o que pode colocar em risco tanto a mãe quanto o bebê. No caso, a
mim e ao Giovani.
Pisco os olhos e a olho.
— Giovani? — Ergo a sobrancelha.
— Ai, amor, desculpa. — Segura minhas mãos, um pouco triste. — Eu
tive que escolher um nome para ele, e você não tinha... acordado.
— Ei, amor, não fica assim. — Vejo seus olhos marejados. — Adorei o
nome. É lindo. Perfeito.
Ela dá um sorriso fraco e seus olhos ficam marejados.
— Eu nem pude segurá-lo. Só o vi de longe. — Ela enxuga suas
lágrimas. Sinto algumas lágrimas descerem em meu rosto. — Eu fiquei
péssima, deprimida. Queria pelo menos ter sentido o cheirinho dele, ter lhe
dado um beijinho..., eu nem pude.
Alicia abaixa a cabeça e chora. Afago suas costas, imaginando a cena.
Estou triste pra caralho, por não ter visto meu menino nascer. Uma cena tão
linda e única, que nem pude presenciar. Nós estamos tristes.
— Alguém ficou com você no parto? — A olho.
— Meu pai. Ele ficou comigo o tempo todo — responde, fungando.
Suspiro aliviado.
— O pessoal todo está aí fora, querendo lhe ver. — Alicia me fita. —
Seus irmãos estão doidos para entrar. Vou avisá-los.
Assinto. Alicia se levanta e vai até à porta do quarto. Meus irmãos,
minhas cunhadas e até minha sobrinha entram para falar comigo. Fico
emocionado. Eu sou sortudo por ter uma família que me ama demais. Miguel
e Hannah também vieram para me ver, só não vieram Sophie e Alessandro,
porque ficaram em casa com a babá. Todos me cumprimentam, e logo
Fernando entra no quarto, cumprimentando a todos. Ele vem até mim com
um pequeno sorriso.
— Como você está? — pergunta, colocando as mãos dentro dos bolsos
do sobretudo.
— Bem. Depois de saber que ficou com Alicia o tempo todo —
respondo.
Ele assente.
— Cumpri com a minha promessa, e eu não poderia deixar minha
menina sozinha. — Assinto.
— Obrigado por ter ficado com ela no nascimento do meu filho. —
Agradeço, um pouco emocionado.
— Pedi para um enfermeiro gravar o parto, porque sabia o quão
importante esse momento é para os pais. — Ele me entrega o celular.
Pego o celular de suas mãos e vejo todo o parto, com os olhos
marejados. Vejo todo o procedimento sendo realizado com cautela. Lágrimas
escorrem em meu rosto, quando o médico pega meu filho nos braços, todo
sujo e um pouco meladinho de sangue. Enxugo minhas lágrimas. Meu
menino. Meu filho. Ele é lindo. Perfeito.
Obrigado, meu Deus. Que o senhor o proteja e que o permita viver.
Capítulo 41

Hoje pela manhã fui ver meu menino com Dimitri na UTIN e me
emocionei muito. Queria tanto pegá-lo em meus braços, lhe dar um cheiro...,
mas ainda não posso. Chorei demais vendo-o através da parede de vidro. Tão
pequenino e lindo. Giovani Albuquerque D’Saints é perfeito. Uma junção
perfeita de mim e Dimitri. A médica disse que estão tomando todos os
cuidados necessários para o nosso filho crescer bem e saudável, mas ver meu
filho apenas através de um vidro me parte o coração. Morro de medo de
receber uma notícia de que ele teve uma piora. Tudo me assusta: os apitos
dos monitores, a incerteza de quando poderemos levá-lo para casa, e
principalmente, o medo de não ser forte o suficiente pelo meu filho e pelo
Dimitri, que ainda está se recuperando. Tenho que aceitar que não posso fazer
nada, a não ser estar ali, todos os dias, mesmo vendo meu filho furado, com
sonda e entubado.
O que me mais dói, é pensar que o meu menino ficará sozinho quando
eu voltar para o quarto, sozinho sem ninguém para abraçá-lo, com alarmes,
sendo furado, barulhos, luzes... Eu e Dimitri choramos muito, rezamos juntos
o tempo todo, para que o nosso menino fique saudável e saia logo da UTIN.
Assim que me levam para o quarto, me sinto totalmente vazia. Ontem
recebi um kit mãe de UTI, com uma chavezinha de um armário e instruções
para higienização. Quando o encontrei para o primeiro toque, foi outra
criança que pari. O bebê que encontrei tinha uma sonda até o estômago,
oxímetro, eletrodos no peito, e um cateter maior que sua mãozinha. Chorei
demais, me desmanchei vendo meu menino naquela situação e não pude fazer
nada. Eu tinha até tirado uma foto dele, para poder vê-lo todos os dias,
enquanto eu não estivesse perto dele. Depois descobri que é proibido, mas
graça a Deus eu tinha conseguido tirar a foto, antes que alguém visse.
Os tios de Dimitri vieram nos ver, e infelizmente para enterrar a única
filha deles. Me sinto péssima com toda essa situação. Sei que Francesca
aprontou demais, só deu desgosto para eles, mas era filha. Rafael e Pietra
estão arrasados com tudo. Toda a situação foi exposta em todos os
noticiários, e onde nossa família anda, os repórteres vão atrás de qualquer
informação. Nunca temos sossego.
Soubemos que meu pai não levou a culpa pela morte de Francesca.
Simon e Thomas tomaram a frente da situação, e onde tudo aconteceu, tinha
um ponto cego da câmera, onde não podiam nos ver. Então Thomas assumiu
que matou Francesca, por legítima defesa. Não deu em nada para ele, porque
ele é segurança, tem porte de arma e ele faz exatamente isso, proteger a
pessoa que o contratou. Graças a Deus meu pai não se prejudicou.
— Está bem quietinha, morena. — Dimitri me olha.
Suspiro.
— Pensando em tudo que aconteceu — murmuro.
— Em que exatamente? — Ele se aproxima de mim.
— Francesca. Por mais que ela tenha feito muita merda conosco, e só ter
dado dor de cabeça aos pais, é uma vida. Seus tios perderam uma filha —
digo.
Dimitri se senta ao meu lado. Recebemos alta e estamos recolhendo
nossas coisas para irmos embora, e isso me parte o coração, porque meu
menino ainda não pode ir.
— É complicado, meu amor. — Dimitri beija minha testa. — Francesca
estava mentalmente doente, isso era claro. E não podíamos fazer nada.
Assinto e o abraço, deitando minha cabeça em seu peito.
— Não estou pronta para ir embora. — Minha voz sai embargada. —
Nosso menino vai ficar sozinho aqui, sem ninguém... Eu não quero deixá-lo
sozinho.
Dimitri me abraça mais e respira fundo.
— Também não quero ir, amor. Me sinto mal por deixar nosso menino,
mas não podemos ficar.
Desço as escadas de casa, vendo minha morena olhando algo no celular,
com uma carinha triste. Vou até ela e me sento ao seu lado, puxando seu
corpo para deitar em meu peito, vendo junto com ela a foto do nosso menino
na UTIN. Alicia passa o dorso da mão em seu rosto, limpando sua lágrima
solitária que escorre em seu rosto. Meu menino... sinto meus olhos arderem.
— Não vejo a hora de tê-lo em meus braços — sussurra.
Acaricio seu ombro e beijo sua cabeça, vendo a foto do nosso menino.
— Sim, meu amor. Eu também — murmuro.
Vejo a porta da minha casa ser aberta e meus irmãos passam por ela,
junto com minhas cunhadas, e meus sobrinhos.
— Tio Dim. O senhor tá melhor? — Lorena vem até mim.
— Estou melhor sim, principessa. — Sorrio, passando o dedo em seu
nariz, fazendo-a sorrir.
— E aí, fratello. — Dominic aperta minha mão. — E a barriga,
melhorou?
— Melhorando. Às vezes sinto algumas dores e tomo um analgésico —
respondo.
— E você, amiga? Teve notícias do Giovani? — Valentina pergunta a
sua amiga.
Alicia nega com a cabeça.
Semana passada recebemos uma notícia que nos abalou. Nosso pequeno
teve uma parada respiratória e uma distensão no abdome. Ficamos arrasados,
angustiados, choramos demais e passamos a noite em claro no hospital para
receber uma notícia boa depois de tanta angústia e desespero. Tenho duas
preocupações, Alicia e meu filho. Alicia ainda está sendo acompanhada pelo
médico por causa de sua pressão, que ainda não voltou ao normal. O médico
nos disse que algumas mulheres conseguem voltar após algumas semanas
após o parto, e há casos que a mulher se torna hipertensa para o resto da vida,
e isso me preocupa. Não a quero doente para o resto da vida, sem poder
comer as coisas que ela tanto gosta, com medo de que a pressão vai subir.
Alicia anda deprimida demais, mal quer comer, só quer ficar na cama ou
nos cantos da casa, sozinha, cabisbaixa. Às vezes a pego chorando dentro do
quartinho do nosso filho e isso me parte o coração. Eu fico triste pra caralho,
às vezes também choro. Sou pai, amo meu filho, e não vejo a hora de tê-lo
em meus braços.
— O Fernando disse que quer falar com você. Ele disse quando vem? —
pergunto a Alicia.
— Não — murmura.
Valentina e Manu a olham, preocupadas. Alicia anda tão deprimida, que
parte meu coração. As meninas já tentaram animá-la, inclusive Lorena, uma
criança tão gentil e doce, veio todos os dias para ficar com sua tia e lhe fazer
companhia, mas não surtiu efeito algum. Odeio vê-la dessa forma.
— Vamos andar pelo jardim. — Manu se levanta com Alessandro nos
braços.
Valentina puxa Alicia que se levanta e vai com elas e Lorena para o
jardim da nossa casa. Passo a mão no rosto.
— Ela está tão deprimida — Demétrio comenta.
— Muito. Vocês não têm noção — murmuro, cabisbaixo.
— Você tem feito algo para ela se animar um pouco? — Dominic me
olha.
— De tudo, Dom. Já fiz de tudo, e nada funcionou. Ela só vai se animar
quando o nosso filho estiver aqui em casa, em nossos braços, saudável —
digo.
— Passei por uma situação bem parecida. Embora seja diferente, eu
entendo sua dor — Demétrio murmura. — Eu e Manu ficamos arrasados com
a perda do nosso primeiro filho. É uma sensação... terrível.
— Meu sobrinho é forte. Ele vai sair dessa. Ainda vamos vê-lo correndo
com nossos filhos e os primos pelas nossas casas. — Dominic me olha. —
Giovani é um D’Saints. Ele é forte. Temos que ter fé, irmão.
Assinto, sentindo meus olhos marejados.
— Eu tenho muito medo dele não sobreviver. — Lágrimas escorrem em
meu rosto e minha voz sai embargada. — Rezo dia e noite para ele ser forte.
Não sei o que será de mim se ele não conseguir sobreviver.
Enxugo minhas lágrimas, sentindo meu peito doer.
— Fico em pânico quando o nosso telefone toca, achando que pode ser
do hospital... dando a pior notícia. — Minha voz sai embargada. — Não
consigo dormir, preocupado, e vendo Alicia no estado que está... me doí,
porque eu não posso fazer nada a respeito. Fico desesperado pensando mil e
uma coisas ao mesmo tempo. — Olho meus irmãos com a vista embaçada. —
Quando o vejo na UTIN... parte meu coração. Vê-lo naquele estado... me
deixa tão... — Um soluço escapa dos meus lábios. — Eu só penso que ele
pode...
— Não fale isso — Demétrio me repreende. — Nem por um segundo,
Dimitri! Você tem que ser forte, tem que ser forte para sua mulher e seu filho.
Alicia já está do jeito que está, vocês precisam ser fortes e ter fé.
— Giovani vai sobreviver, Dimitri. Estamos rezando para que ele saia
logo da UTIN e venha para casa. — Dominic me conforta.
Assinto, enxugando minhas lágrimas.

Desço as escadas, apressada, junto com Dimitri. Seguro forte a malinha


de maternidade do Giovani, com um sorriso grande nos lábios. Passamos pelo
hall caminhando para fora de casa, vendo Thomas e Simon à nossa espera.
Entramos no carro e Simon dirige até a clínica.
Rezo silenciosamente, feliz demais por meu filho finalmente estar
saudável. Abro um sorriso grande nos lábios, sentindo Dimitri apertar minha
mão, completamente feliz.
— Vai mais rápido, Simon. — Peço ansiosa.
Simon assente com um sorriso e pisa mais no acelerador. Aperto forte a
mão de Dimitri, me remexendo no banco, completamente ansiosa. Depois de
alguns minutos, Simon estaciona em frente à clínica e salto do carro, andando
a passos largos para dentro da clínica. Passamos direto pela recepção, ao
encontro da médica.
— Onde fica a sala dezenove? — Dimitri pergunta a um médico que
passa pelo corredor.
— Corredor à direita — o médico informa.
Assentimos e vamos para o corredor indicado. Procuramos pelas
numerações das portas e logo achamos a sala. Suspiro e dou duas batidas, e
só a abro depois de escutar um “entre”. Eu e Dimitri passamos pela porta,
vendo a médica trajando uma roupa de hospital. Desço meu olhar, vendo meu
menino dormindo em seus braços, enrolado em um paninho azul.
Lágrimas escorrem em meu rosto e um soluço escapa dos meus lábios.
Deixo a bolsinha da maternidade na cadeira mais próxima e vou até à parede
onde tem álcool em gel e limpo minhas mãos me aproximando da médica.
— Finalmente, mamãe. — A médica sorri para mim, emocionada.
Sorrio, com lágrimas escorrendo em meu rosto e me aproximo mais.
Vejo meu menino chupando sua boquinha, no soninho tão lindo.
— Você pode pegá-lo. — A médica me olha.
— Posso mesmo? — pergunto ansiosa.
A médica sorri, assentindo. Sinto a presença de Dimitri ao meu lado e
estico meus braços e a médica me entrega meu filho. Mais lágrimas escorrem
em meu rosto, vendo meu menino finalmente em meus braços, onde é seu
lugar. Passo meu indicador em seus cabelos escuros.
— Ele é tão perfeito — sussurro, emocionada.
Dimitri se aproxima mais e olha nosso filho.
— Nosso príncipe é lindo — digo, sentindo lágrimas escorrerem em
meu rosto.
Giovani boceja esticando seus bracinhos fazendo-nos sorrir, admirados.
Ele mexe a boquinha rosinha e vai abrindo os olhos aos poucos, revelando-
os. Dimitri passa sua mão em minha cintura e acaricia a cabeça do nosso
filho. Giovani me olha e olha Dimitri, e abre um sorrisinho lindo. Olho
Dimitri, vendo-o com lágrimas escorrendo em seu rosto, completamente
emocionado.
Dimitri me olha com seus olhos vermelhos.
— Eu disse, amor. Eu disse que ele iria ser uma junção perfeita nossa.
— Dimitri sorri, com lágrimas escorrendo em seu rosto.
Olho nosso filho, que tem agora seus olhos em mim, criando uma
conexão surreal e indescritível comigo. Meu coração transborda de alegria.
Uma sensação inexplicável. Finalmente tenho meu filho nos braços.
Capítulo 42

Sorrio vendo meu menino dormir tranquilamente na minha cama, em


minha casa, finalmente. Os últimos dias foram de aprendizado, tanto para
mim quanto para Dimitri. Sempre estamos aprendendo coisas novas com
nosso menino. Estamos encantados por ele. Giovani vai ficar igual ao pai. Eu
que lute quando ele ficar maior. Muitos problemas irão bater em minha porta,
porque Dimitri é lindo demais, parece que foi desenhado. Imagina Giovani.
Tenho certeza de que terá os olhos idênticos aos do pai, e os meus cabelos
pretos.
Dimitri já é convencido, e sabendo que nosso filho ficará a cópia dele, o
ego está lá no topo. Dimitri está muito babão. Adora ficar com ele nos braços,
trocar fraldas, dar banho... faz tudo. Ele divide muito suas atividades comigo,
sendo um perfeito parceiro nessas horas. À noite quando Giovani acorda,
levantamos juntos e quando Giovani não quer mamar, Dimitri pede para eu ir
dormir que ele fica com nosso filho até ele conseguir dormir tranquilo.
Tem noites que estou tão cansada, que Dimitri se levanta, pega o
Giovani e o traz para o nosso quarto e o coloca em meus braços para mamar,
o cansaço é tão grande que eu pego no sono, e não lembro de Dimitri ter
tirado o Giovani dos meus braços. Dimitri está sendo perfeito. A cada dia eu
o amo mais ainda.
Dimitri voltou ao trabalho aos poucos, mesmo o médico dizendo que ele
não está cem por cento recuperado do ferimento na barriga, mas infelizmente
está acontecendo alguns problemas por lá, e ele precisa estar presente. Ontem
ele me disse que teria que viajar para Londres, porque surgiu um problema,
mas ele está fazendo de tudo para não ir, porque não quer me deixar sozinha
com Giovani. Está adiando o máximo, até Giovani poder andar de avião.
Essa semana iremos falar com a pediatra para saber todas as restrições e
preocupações para Giovani poder viajar tranquilo. Mesmo que seja uma
viagem com poucas horas de avião, tem as preocupações, se ele vai poder ou
não viajar.
Verifico a hora em meu relógio de pulso, vendo que Dimitri pode chegar
a qualquer momento. Deixo alguns travesseiros ao redor de Giovani e vou até
o banheiro rapidinho preparar a banheira, para lhe dar o banho. Deixo a água
um pouquinho morna, despejando o sabonete líquido fazendo um pouquinho
de espuma. Volto para o quarto e retiro sua roupa e o levo até a banheira para
lhe dar um banho bem relaxante. Após o banho, enrolo-o na sua toalhinha
com o bordado do seu nome e sobrenome que Nathaniel e Michele deram, e
levo-o até a cama.
Enxugo suas partes íntimas com cuidado, passo pomada e coloco a
fralda com certa dificuldade, porque meu menino não para de se mexer. Pego
seu macacão azul e o visto. Penteio seu cabelinho e coloco perfume, para
finalizar.
— Eita, que meu neném tá cheirosinho e limpinho. — Sorrio, vendo-o
mexer suas perninhas e seus bracinhos.
Fecho todas as coisinhas que usei, e as coloco em cima da mesinha ao
lado da cama. A porta do quarto é aberta e Dimitri passa por ela, retirando a
gravata. Meu coração acelera quando ele abre um sorriso lindo para mim.
Seus olhos azuis são tão expressivos e lindos, um tom de azul tão perfeito,
que combina perfeitamente com seu terno azul. Fico reta e ele fecha a porta
atrás de si, vindo até mim.
Dimitri puxa minha cintura segurando minha nuca, e beija meus lábios,
faminto. Sua língua entra em minha boca, me beijando de uma forma intensa,
que me faz soltar um gemido. Dimitri chupa e morde meu lábio, e solto um
gemido baixo. Ele me fita com seus olhos azuis, com um brilho lindo neles.
— Oi, amor! — Me cumprimenta com um sorriso.
Meu coração acelera e sinto minhas pernas bambas. Nossa, ele me deixa
tão caidinha por ele. Esse sorriso me deixa toda derretida.
— Oi! — Sorrio.
Dimitri se inclina e me dá um selinho demorado. Me afasto um pouco e
ele vê nosso filho deitado na nossa cama, mexendo as perninhas. Dimitri abre
um sorriso lindo e se aproxima da cama.
— Oi, filhão! — Giovani para de se mexer e fita seu pai. — O papai
chegou.
Giovani começa a mexer as pernas de novo, feliz. Dimitri me olha com
um sorriso.
— Vou tomar um banho, antes de pegá-lo. — Assinto.
Dimitri se afasta e vai para o banho. Me aproximo da cama e subo, me
deitando ao lado de Giovani. Fico entretendo-o, com um bonequinho que
Manuela lhe deu de presente, enquanto Dimitri não volta. Dimitri sai, vestido
apenas com a bermuda de moletom, sem cueca. Isso é para tirar o resto da
minha sanidade.
Dimitri sobe na cama e deita ao lado de Giovani e começa a mexer com
ele, que abre um sorriso para o pai, completamente feliz.
— Amor, hoje à noite vamos sair — Dimitri fala.
— Para onde? — O olho.
— Surpresa. — Pisca o olho, com um sorriso.
— Era para você ter dito antes, porque já tinha organizado o Giovani. —
digo, me sentando na cama.
— Mas será apenas nós dois. Valentina se propôs a ficar com Giovani.
— Dimitri me olha.
— Ah! — Mordo o lábio. — A que horas vamos sair?
— Em meia hora — responde, calmamente.
— Quê? Por que não me disse antes? — Me levanto da cama, indo para
o closet.
— Só se arrume, morena. Eu espero. — Escuto-o falar.
Olho o closet, vendo meus vestidos e não sei bem o que usar.
— Eu visto que roupa? — Grito, para ele escutar.
— Quanto menos roupa, melhor. — Grita.
Mordo o lábio com um sorriso, ansiosa. Opto por um vestido preto justo,
com decote reto e alças lindas de correntes douradas. Eu sei que meu corpo
não está dos melhores, minha barriga ainda está um pouquinho grande e os
peitos parecem duas melancias. Pelo modo que meu cafajeste gostoso falou,
será algo bem íntimo. Então decido colocar uma calcinha pequena de renda e
visto o vestido. Agradeço mentalmente por ter ajeitado meu cabelo mais
cedo. Faço uma maquiagem leve e calço meu louboutin que eu amo. Pego
minha bolsa colocando tudo que eu vá precisar, borrifo meu perfume e ponho
alguns acessórios.
Saio do closet, vendo Dimitri falando ao telefone. Ele me olha de cima a
baixo com um sorriso safado no rosto e finaliza a ligação no telefone.
— Uau, morena. Que gata. — Me elogia.
Dou uma voltinha e o olho com um sorrisinho.
— Tá linda, morena. Sua bunda e seus peitões ficaram perfeitos nesse
vestido justinho. — Me olha com desejo.
Dimitri se levanta da cama e vem até mim, com um olhar faminto.
Respiro fundo, vendo-o me olhar de cima a baixo, vendo cada detalhe do meu
corpo e ficar atrás de mim. Sinto um arrepio quando os dedos de Dimitri
percorrem meus ombros indo até minha nuca. Solto um suspiro, sentindo os
lábios dele na minha nuca, me dando um beijo casto. Mordo o lábio,
segurando minha bolsa com força, quando sinto seus lábios em meu ouvido e
ouvi-lo falar com a voz rouca de desejo:
— Estou louco para tirar esse vestido e te ver nua, morena. — Fecho os
olhos, sentindo um arrepio gigantesco passar pelo meu corpo, como uma
corrente elétrica. — Vamos foder muito hoje. Como dois malditos coelhos no
cio.
Dimitri se afasta e me olha nos olhos, com um sorriso tão safado nos
lábios... Nossa. Ele é quente demais. Puta que pariu. Dimitri se afasta de
mim, indo em direção ao closet, sem tirar o sorriso dos lábios e pisca o olho
antes de sumir pela porta, mordendo o lábio.
Solto a respiração, que nem sabia que havia prendido. Minha nossa.

— Sabe que eu não quero te incomodar. — Olho minha amiga.


— Deixa disso, Alicia. Dimitri falou que queria sair com você e eu me
propus a ficar com Giovani essa noite. — Valentina me olha.
— E Dominic? — A olho.
— Dominic vai adorar passar a noite com o sobrinho. — Tina sorri. —
Fique tranquila. Tem Lorena, tia Flor, e tem até a Clarisse. Fora que
Nathaniel e Michele também vêm. Fique despreocupada.
— Qualquer coisa você liga. — Peço.
— Ligo se for algo grave de levá-lo ao hospital, mas fora isso, curta sua
noite tranquila. — Segura minhas mãos com um sorriso.
— Obrigada, amiga. — Abraço-a.
— Aproveite sua noite e tire o atraso — sussurra em meu ouvido.
— Olha para isso. — Abro a boca chocada.
Sorrimos. Vejo Dimitri e Dominic saírem do corredor, ambos
conversando e vêm até nós.
— Podem ir. — Dominic abraça sua esposa. — Aproveitem a noite.
Nos despedimos e saímos da casa da minha amiga, vendo a
Lamborghini preta de Dimitri estacionada. Esse carro é lindo demais. Minha
nossa. Adentramos no carro e seguimos para o lugar que Dimitri insiste em
não me dizer, mas logo reconheço que é o hotel de Aaron. Nunca entrei em
um dos quartos deste hotel, só sei que é puro luxo. Dimitri estaciona na
garagem subterrânea do hotel e descemos. Dimitri contorna o carro e estende
sua mão para eu segurá-la.
Adentramos no elevador ainda em silêncio. Olho-me rapidamente no
espelho, vendo como está meu visual, que está perfeito. Meus cabelos pretos
estão escorridos acima do ombro em um corte Chanel, que mantive desde o
primeiro corte, e Dimitri ama meus cabelos desse jeito, ele diz que eu fico
mais mulher, mais gostosa. Um mulherão.
As portas do elevador se abrem e andamos por um grande corredor, com
um tapete gigante pelo chão. Passamos por diversas portas duplas até
chegarmos em uma, no final do corredor. Dimitri retira um cartão de dentro
do bolso e passa em cima do leitor da porta que é destrancada em seguida.
Dimitri me dá espaço para eu entrar e abro a boca chocada com o luxo
do quarto. Minha nossa. O quarto é perfeito. Parece quarto de motel, mas
não, é a suíte Deluxe, o quarto mais caro do hotel de Aaron, com vista
privilegiada para a Torre Eiffel, e com serviços exclusivos. Olho todo o
quarto, vendo admirada o quanto é lindo e bastante sofisticado. Dimitri fecha
a porta, coloca o cartão em cima da mesa de vidro junto com a carteira e o
celular.
— Gostou? — Dimitri pergunta, retirando seu blazer.
Assinto com um sorriso nos lábios. Vejo que na mesa de vidro tem um
balde grande de gelo, com duas garrafas de champanhe, e duas taças de
cristal ao lado. Tem alguns aperitivos em pratos, uma tigela com morangos e
outra com chocolate derretido e um buquê lindo de rosas vermelhas.
Capítulo 43

Deixo minha bolsa em cima de uma poltrona vendo Dimitri se


aproximar mais, dobrando as mangas da sua camisa de botões, revelando seus
antebraços fortes com veias salientes.
— Por que me trouxe aqui? — O olho.
— Quero passar um tempo com você. Apenas nós dois. — Puxa minha
cintura, colando nossos corpos.
— É? — Sorrio, apoiando minhas mãos em seus braços fortes.
Ele assente com um sorriso bonito.
— Vou abrir o champanhe. — Beija meus lábios.
Dimitri se afasta e caminha até a mesa. Pega uma garrafa de champanhe
e abre, enche nossas taças e me entrega uma. Brindamos e damos um gole no
champanhe, que por sinal é delicioso. Dimitri caminha até um painel digital
perto da porta, mexe e uma música suave toca no local e apaga algumas
luzes, deixando poucas luzes acesas. Dimitri volta e pega a minha taça
colocando-a em cima da mesa junto com a sua e vem até mim.
— Vamos dançar uma música. — Puxa minha cintura.
Apoio minha mão em seu peito e a outra em seu braço, começando a
dançar a música lenta e romântica. Reconheço a voz, é do Ne-Yo música
Never Knew I Needed. Fecho os olhos, encostando meu rosto no de Dimitri,
aproveitando o momento, até que ele começa a cantar suavemente e baixinho
em meu ouvido.

You're the best thing I never knew I needed (oh)


Você é a melhor coisa que eu nunca soube que precisava
So when you were here I had no idea
Então quando você estava aqui eu não fazia ideia
You're the best thing I never knew I needed
Você é a melhor coisa que eu nunca soube que precisava
(that I needed)
(que eu precisava)
So now it's so clear I need you here Always
Então agora está claro que preciso de você aqui sempre
My accidental happily (ever after oh oh oh)
O meu acidente feliz (para sempre oh oh oh)
The way you smile and how you comfort me
O seu sorriso e o seu modo de me confortar
(with your laughter)
(com a sua risada)
I must admit you were not a part of my book
Devo admitir que você não fazia parte do meu livro
But now if you open it up and take a look
Mas agora se você abrir e der uma olhada
You're the beginning and the end of every chapter (oh oh)
Você é o começo e o fim de todos os capítulos (oh oh)

Meus olhos ficam marejados, escutando e entendo bem a letra em inglês


que Dimitri canta perfeitamente em meu ouvido, só para eu poder escutá-lo.
Dimitri afasta seu rosto do meu e vejo seus olhos brilhando, cantando
suavemente, olhando em meus olhos profundamente. Ele ergue a mão e limpa
a minha lágrima solitária que escorre pelo meu rosto, e mantenho meus olhos
nele, enquanto canta baixinho.

Who'd knew that I'd be here


Quem imaginaria que eu estaria aqui
(who'd knew that I'd be here oh oh)
(quem imaginaria que eu estaria aqui oh oh)
So unexpectedly
Tão inesperadamente
(so unexpectedly oh oh)
Tão inesperadamente oh oh
Undeniably happy (hey)
Inegavelmente feliz (ei)
Said with you right here, right here next to me (oh)
Disse que com você aqui, bem aqui ao meu lado (oh)
Girl you're the...
Garota, você é a
You're the best thing I never knew I needed
Você é a melhor coisa que eu nunca soube que precisava
(said I needed oh oh)
(disse que precisava oh oh)
So when you were here I had no idea
Então quando você estava aqui eu não fazia ideia
You're the best thing I never knew I needed
Você é a melhor coisa que eu nunca soube que precisava
(needed oh)
(precisava oh)
So now it's so clear I need you here Always
Então agora está claro que preciso de você aqui sempre
Baby baby
Baby baby
Now it's so clear I need you here Always
Agora está claro que preciso de você aqui para sempre

Mais lágrimas escorrem em meu rosto, me sentindo totalmente


emocionada.
— Você é tudo que eu preciso, morena. Tudo. Sem você eu não sou
nada. Sem você e meu filho, não sou nada. Você é o ar que eu respiro. Meu
coração bate por você. Eu existo para você. — Dimitri ergue a mão e acaricia
meu rosto. — Eu te amo tanto, Alicia. Tanto que doí. Passarei o resto da
minha vida me redimindo, por tudo que te fiz passar. Hoje, eu sou um novo
Dimitri. Um novo homem. Hoje, eu sou pai. Esposo...
— Esposo ainda não. — Sorrio, limpando minhas lágrimas.
Ele ri, assentindo.
— Ainda não. Talvez eu seja em poucos minutos — diz.
Franzo a testa. Dimitri se afasta de mim e anda até a mesinha de
cabeceira da cama, retira de lá um envelope e volta até mim. Dimitri suspira e
me fita.
— Hoje não é apenas para passar um tempo com você, morena. Eu
pretendia ficar com você a noite toda na cama, mas surgiu uma ideia e não
pude deixar passar. — Faz uma pausa. — Aqui, dentro desse envelope, tem
um documento totalmente legalizado, onde podemos assinar e nos casar
agora mesmo.
Arregalo os olhos, sentindo meu coração bater forte demais.
— Eu sei, é loucura. — Dimitri ri, nervoso. — Poderia ser na casa dos
meus irmãos, com nossa família toda reunida, mas eu quis um momento
apenas nosso. Apenas eu e você, sem ninguém.
Meus olhos ficam marejados, quando ele retira uma caixinha de dentro
do bolso e se ajoelha na minha frente. Dimitri abre a caixinha de veludo,
mostrando um par de alianças de ouro com diamantes cravejados.
— Você aceita se casar comigo, Alicia? Se tornar a senhora D’Saints?
— Seus olhos azuis brilham.
Lágrimas escorrem em meu rosto.
— Eu já disse que sim uma vez. — Sorrio, limpando minhas lágrimas.
Dimitri assente, me olhando.
— Eu sei, lembro-me bem desse dia, mas agora, se você disser que quer
ser minha esposa, assinaremos esses papéis e você se tornará Alicia
Albuquerque D’Saints. — Seus olhos azuis me fitam. — Você aceita ser
minha esposa?
Um soluço escapa dos meus lábios e assinto.
— Eu aceito.
Uma lágrima escorre no rosto de Dimitri e ele se levanta, me puxando
para ele, me dando um beijo casto, apaixonado. Dimitri se afasta e retira a
minha aliança de dentro da caixinha e a põe em meu anelar, e coloca minha
aliança de noivado junto com a de casamento no anelar esquerdo, e faço o
mesmo com ele.
Sorrimos e ele segura minha mão, me levando até a mesa de vidro
colocando os papéis em cima da mesa. Dimitri retira uma caneta de dentro do
seu bolso e me entrega.
Pego de sua mão e assino em todos os papéis com lágrimas escorrendo
pelo meu rosto e entrego a Dimitri que faz o mesmo. Dimitri me olha,
colocando a caneta em cima dos papéis e se aproxima de mim. Segura meu
rosto, me fazendo olhá-lo.
— Eu te amo tanto, Alicia, tanto que nem consigo descrever o que eu
sinto. — Uma lágrima escorre em seu rosto. — Me perdoa por tudo, amor.
Sei que não mereço ter você, por tudo que eu fiz, mas sou tão feliz ao seu
lado. Eu quero acordar todos os dias com você para o resto da minha vida.
Chegar do trabalho e ver você e o nosso filho me esperando...
— Eu já te perdoei, amor. É passado. Agora você é outro homem. Um
homem que eu amo com todas as minhas forças. — Acaricio seu rosto,
vendo-o emocionado. — Você mudou minha vida, meu bem. Você me deu
um filho lindo, me traz paz, felicidade, faz-me sentir a mulher mais linda do
mundo.
— E você é, meu amor. Você é a mulher mais linda desse mundo. Você
é o meu universo. Você é a minha pedra preciosa, minha vida, o ar que eu
respiro. Você é tudo para mim, Alicia. — Dimitri puxa minha nuca e me
beija.
Envolvo meus braços em seu pescoço, enfiando minha língua em sua
boca, beijando-o com todo o meu amor. Dimitri puxa minha cintura mais
para ele, aprofundando mais o nosso beijo. Afundo meus dedos em seus
cabelos, ficando na ponta dos pés. Dimitri se inclina e me pega nos braços,
andando comigo pelo quarto e me coloca deitada na cama extremamente
macia e fofa.
Dimitri sobe em cima de mim e volta a me beijar, sem pressa, com
calma, com carinho, com delicadeza. Passeio minhas mãos por suas costas,
retribuindo o beijo delicado. Dimitri morde meu lábio e raspa seus lábios por
minha bochecha, descendo pelo meu pescoço, deixando um beijo que me
deixa arrepiada. Fecho os olhos, sentindo seu amor através dos seus beijos e
toques.
— Eu te amo tanto, morena — sussurra em meu ouvido. — Te amo
tanto...
Abro os olhos e o vejo me olhando, com tanto carinho que faz meus
olhos marejarem. Dimitri acaricia meu rosto, acompanhando o movimento da
sua mão e me fita com seus olhos azuis. Passa seu polegar em meu lábio e se
inclina para me beijar. Sacudo meus pés, me livrando dos meus louboutins e
abraço Dimitri com minhas pernas. Enfio minha língua em sua boca,
sentindo-o chupá-la e voltar a me beijar.
Levo minhas mãos até os botões da sua camisa, e começo a abrir todos
os botões deixando sua camisa aberta. Passo minhas mãos pelo seu peitoral,
descendo para sua barriga, sentindo a ondulação dos seus músculos. Dimitri
desfaz nosso beijo e fica de joelhos na cama, e retira sua camisa, jogando-a
pelo quarto. Sento-me na cama e Dimitri se inclina segurando meu rosto, me
dando uma sequência de selinhos. Sinto suas mãos em minhas coxas,
segurando a barra do vestido. Remexo meu quadril, ajudando-o a retirá-lo,
levanto meus braços e Dimitri retira meu vestido, jogando-o na cama. Dimitri
me fita, com muito desejo olhando todo meu corpo.
Algumas vezes fiquei pensando que talvez ele não fosse mais sentir
desejo por mim, pelo fato do meu corpo ter mudado muito por causa da
gravidez. Minhas estrias antes eram bem claras mesmo, mal dava para serem
notadas, agora, após a gravidez, estão um pouco mais evidentes. Meus seios
estão bem maiores, e Dimitri não está nem um pouco incomodado por eles
estarem maiores e um pouco caídos. Olho em seus olhos e vejo admiração,
enquanto olha todo meu corpo. Não me sinto envergonhada por minhas
mudanças, porque Dimitri me elogia todos os dias, dizendo o quanto estou
linda. Ele sai da cama, ficando de pé, retira seus sapatos e a calça junto com a
cueca, mostrando seu pênis completamente duro. Dimitri se aproxima mais
da cama, passando suas mãos pelas minhas coxas e segura o elástico da
minha calcinha e desce pelas minhas pernas, retirando do meu corpo.
Sobe em cima da cama, pairando sobre mim e beija meu queixo, abrindo
minhas pernas, para ficar no meio delas. Sinto seus dedos em minha virilha
indo até minha intimidade. Dimitri me olha e passa seus dedos em meu
clitóris, me deixando mais excitada e molhada. Ele estimula meu clitóris em
movimentos circulares, de um jeito tão delicioso, que mordo o lábio. Dimitri
retira seus dedos da minha intimidade e aproxima mais seu membro na minha
entrada e me olha.
— Temos o restante da noite para aproveitarmos juntos. Sabemos o
quanto gostamos de sexo forte e bruto... — Beija meu queixo, colocando seu
pau na minha entrada. — Mas agora... eu quero te amar lentamente,
aproveitar o momento com você.
— Dimitri... — sussurro.
Dimitri beija meus lábios, entrando lentamente em mim, com cuidado,
para me acostumar com seu tamanho. Já faz alguns meses que não transamos,
e agora, após o meu resguardo, estamos liberados. Dimitri vai entrando
lentamente, beijando meu pescoço. Passo minhas mãos em suas costas, lhe
fazendo carinho, enquanto nos amamos. Beijo a boca de Dimitri
carinhosamente, gemendo baixinho, sentindo o prazer aos poucos começar a
se espalhar pelo meu corpo.
— Eu te amo, Dimitri — sussurro em seus lábios.
Dimitri me fita com seus olhos brilhando, sem parar de se movimentar
dentro de mim, entrando todo. Seus dedos acariciam minha bochecha e
capturam uma lágrima solitária que escorre em meu rosto. Meu Deus! Eu o
amo tanto, que chega doer. É tão forte, tão intenso, que todo meu sentimento
quer transbordar.
— Eu te amo, Alicia!
Capítulo 44

Abraço mais o travesseiro, ainda de olhos fechados, sentindo os beijos


de Dimitri em minhas costas, fazendo uma leve cócegas. Me remexo na
cama, com um sorrisinho nos lábios, e escuto seu sorriso abafado.
— Bom dia, senhora D’Saints. — Escuto sua voz rouca.
Giro meu corpo com um sorriso nos lábios, e fito um homem muito
lindo, com um sorriso nos lábios, cara amassada e cabelo bagunçado.
— Senhora D’Saints é? — Sorrio.
Dimitri sorri e olha meu corpo, e agora noto que estou nua da cintura
para cima. Seus olhos azuis me fitam, com um brilho lindo demais.
— Sim. Agora você é uma D’Saints. — Beija meus lábios. — Minha
esposa. Minha mulher.
— Hum... Agora fará sentido você me chamar de esposa. — Sorrio,
acariciando sua barba.
— Por quê? — Me olha.
— Porque você sempre dizia que eu era sua esposa, e eu era apenas sua
namorada — explico.
Dimitri nega com a cabeça, e acaricia meu rosto.
— Não. Quando você começou a morar comigo, se tornou minha
esposa. Aquele papel que assinamos, é apenas um papel. — Beija meus
lábios. — E aproveitando essa conversa de esposa, quero dizer que tudo que
eu tenho será seu também. Tenho alguns imóveis, carros... que serão
passados para seu nome. E o nosso filho será herdeiro de tudo.
— Hum... Não precisa — murmuro.
Apoio minha mão em seu peito, lhe fazendo um carinho.
— Sim. Precisa sim. Não quero deixar você e meu filho desamparados.
— Beija meu nariz. — E outra coisa que eu esqueci. Sobre o casamento pode
agilizar, viu. Quero esse casamento para ontem.
— Como assim?
Ele afasta alguns fios de cabelo dos meus ombros e me fita.
— Nosso casamento religioso, morena. Já vamos começar a organizá-lo.
Quero dizer, você vai. Será tudo do seu jeito, mas eu só tenho uma objeção.
— Qual?
— Que seja o mais rápido possível. Se possível para ontem. — Seus
dedos tocam o meu pescoço, descendo para meu colo. — Não aguento mais
esperar para estar casado com você, perante Deus, todos os nossos amigos e
família. Por isso escolhi essa nossa aliança discreta e um pouco fina. Porque
quando nos casarmos no religioso, vamos usar a de noivado que também é
discreta, do casamento civil e do religioso que chamará mais atenção.
Abro um sorriso grande, com os olhos marejados. Olho meu anelar,
vendo as duas alianças bem discretas, porém, lindas e caras, é claro.
— Tem alguma ideia de como vai ser? — Nego com a cabeça. — Então,
você falará com Valentina e Manuela sobre isso. Será a mesma empresa que
ornamentou o casamento delas.
— Hum..., mas vai sair bem caro. — O olho.
— E daí? Dinheiro tem de sobra na conta, amor. Para que guardar tanto
dinheiro, se podemos gastar com várias coisas? — Beija meus lábios. — O
casamento tem que ser digno de um D’Saints, morena. E um casamento dos
D’Saints fica em capa de revista, não se esqueça disso. — Dimitri acaricia
meu pescoço com seus dedos, acompanhando seus movimentos. — Faça tudo
do jeito que você sempre quis: vestido, buffet, local, lua de mel..., tudo. —
Dimitri me olha. — Escolha tudo, não se importe com o valor. Seu maridão
aqui vai bancar tudo.
— Maridão, é? — Sorrio.
Dimitri afasta o lençol me deixando nua e fica em cima de mim, envolvo
meus braços em seu pescoço, abraço-o com minhas pernas, sentindo sua
ereção crescente em minha intimidade.
— Sim, seu maridão. — Beija meus lábios. — Agora vamos deixar de
falar, e aproveitar mais um pouquinho antes de irmos embora.
Dimitri se inclina mais e beija meus lábios, enfiando sua língua em
minha boca. Solto um gemido baixo e empurro mais sua bunda com meus pés
para ele entrar em mim o quanto antes. Dimitri sorri e morde meu lábio.
Desço e seguro seu membro duro que pulsa em minhas mãos.
— Me coloca dentro de você, amor — Dimitri sussurra em meus lábios.
Passo meu polegar em sua glande, espalhando o seu líquido transparente
e coloco na minha entrada. Dimitri força seu quadril para frente, entrando em
mim, em uma estocada só. Solto um gemido um pouco alto em seus lábios.
Cravo minhas unhas na sua cintura e Dimitri solta um grunhido.
— Fizemos amor boa parte da madrugada, morena. Mas agora... —
Dimitri morde meu lábio e me fita. —, vamos foder muito gostoso.
Dimitri sai todo de dentro de mim e entra com força, me fazendo revirar
os olhos. Dimitri se afasta um pouquinho e coloca minhas duas pernas para
cima, apoiando meus tornozelos em seus ombros e entra com tudo dentro. Me
seguro nos lençóis soltando gemidos de prazer. Dimitri vai bem fundo,
atingindo o máximo que pode dentro de mim. Vejo-o me olhando com uma
cara de tesão, mordendo o lábio, soltando gemidos abafados.
Fecho os olhos, jogando a cabeça para trás, sentindo meu corpo sendo
movimentado com força para cima e para baixo, com os movimentos brutos e
fortes de Dimitri, que investe sem dó.
— Ai, nossa... — Solto um gemido baixo, mordendo meu lábio.
— Nunca vou me cansar de você, morena — Dimitri fala ofegante. —
Você é tão gostosa, tão apertada, tão molhada.... Cazzo!
Dimitri fecha os olhos e aumenta sua velocidade indo mais rápido dentro
de mim, me comendo com força, como gostamos. Levo minhas mãos até seus
braços, vendo seus músculos tensionados e as veias salientes em seus
antebraços que sou louca. Cravo minhas unhas em seus braços, gemendo alto.
— Porra! Eu senti muita falta de estar dentro de você — diz, rouco. —
De sentir sua boceta quente em volta do meu pau, de como ela me prende
enquanto você goza gostoso para mim..., seus gemidos... Nossa...
Mordo o lábio, gemendo alto. Dimitri tira meus pés dos seus ombros e
se inclina ficando por cima de mim e ataca minha boca, em um beijo ardente.
Afundo meus dedos em seus cabelos, lhe beijando com vontade. Meus
gemidos são engolidos pelos seus beijos, que me tiram o fôlego. Dimitri
desfaz nosso beijo e beija meu pescoço, intercalando com mordidas e
chupadas. Desce seus lábios pelo meu colo e chupa meu peito, sem se
importar de que vá sair um pouco de leite. Passa a língua entre meus seios
subindo pelo meu colo e ataca minha boca novamente, sem me deixar
respirar direito.
Dimitri se afasta e sai de dentro de mim. Gira meu corpo, me deixando
de bruços na cama, ele afasta minhas nádegas e entra em mim, batendo sua
pélvis em minha bunda. Deito minha cabeça de lado, sentindo Dimitri meter
forte e rápido. Seguro forte os lençóis de seda, soltando gemidos de prazer.
Dimitri se inclina mais e afasta meus cabelos, para ter livre acesso ao meu
pescoço.
— Sente como eu entro gostoso? — sussurra, ofegante.
— Dimitri... Ai! — Gemo.
— Ah, morena, você é gostosa pra caralho! — Morde meu lóbulo.
Dimitri segura minha mão esquerda, mostrando suas alianças brilhando
por causa dos pequenos diamantes cravados, e entrelaça nossos dedos. Fecho
os olhos, escutando seus gemidos abafados em meu ouvido, me dando mais
tesão. O prazer aumenta em meu corpo, dando indícios do orgasmo.
— Goza bem gostoso para mim, brunetta — fala com a voz rouca de
prazer, em meu ouvido. — Hum? Goza.
Mordo o lábio, me permitindo gozar, o orgasmo vem intenso e violento,
deixando minha visão turva. Fecho os olhos gemendo alto, sentindo Dimitri
meter mais fundo e rápido, prolongando ainda mais o meu êxtase. A
respiração de Dimitri fica mais intensa e sinto seu pau inchar dentro de mim e
logo em seguida se libera, chamando pelo meu nome.

— Giovani teve alguma coisa? — pergunto, olhando meu menino


dormir tranquilamente no carrinho.
— Não. Ficou bem tranquilo, nem deu trabalho. — Meu irmão olha o
sobrinho.
— Valeu, fratello. — Aperto o ombro de Dominic.
— E como foi a noite de vocês? Alicia assinou os papéis? — Dom me
fita.
— Assinou, sim. — Abro um largo sorriso.
— Então quer dizer que temos mais uma na família? — Demétrio sorri,
andando comigo e Dominic pela sala de estar.
— Sim, Alicia agora é uma D’Saints, minha mulher. — Sorrio, enfiando
minhas mãos nos bolsos da calça.
— Terá casamento religioso? — Demétrio pergunta.
— Mas é claro. Estou logo avisando que suas mulheres passarão pouco
tempo em suas casas. — Sorrimos. — Alicia com certeza vai falar com elas
sobre a empresa que ornamentou o casamento de vocês, e ficarão bastante
ocupadas.
— Manu adora participar dessas coisas, planejar..., por mim não tem
problema. — Demétrio passa a mão na nuca.
— Por mim. — Dom dá de ombros. — Contando que vocês sejam
felizes, pode alugar minha mulher pelo tempo que for.
Sorrio.
— Estamos felizes, Dom — digo, sentindo-me completo.
Vejo Alicia vindo em minha direção com o celular no ouvido falando
com alguém. Ela para na minha frente e desliga o telefone.
— Meu pai está lá em casa — diz, travando o celular. — Esqueci
completamente que ele quer falar comigo, e esqueci também que ele viria
hoje.
— Ah, então vou pegar o Giovani e vamos para casa. — Ela assente.
Me despeço dos meus irmãos e das minhas cunhadas e vou para casa
com Alicia e com Giovani nos braços. Ao entrarmos, vejo Fernando sentado
no sofá, com os cotovelos apoiados nos joelhos.
— Ai, pai, desculpa. Esqueci completamente que o senhor viria hoje. —
Alicia vai até ele.
Fernando se levanta e abraça sua filha, e vem até mim. Aperto sua mão e
Fernando olha seu neto em meus braços.
— Oi, meu amor, vem para o vovô. — Fernando estende os braços e eu
coloco Giovani em seus braços, que sorri olhando seu neto. — Está
grandinho, né?
— Sim. Ele mama muito. — Alicia o olha com um sorriso.
— Mas é bom. — Fernando acaricia o cabelinho de Giovani. — As
cólicas diminuíram?
Alicia e eu assentimos.
— Que bom! — Fernando balança o braço, ninando seu neto.
— O que o senhor quer falar comigo? — minha esposa pergunta.
— Ah, antes de qualquer coisa, parabéns pelo casamento. — Ele sorri
para nós.
— O senhor sabia? — Alicia o olha.
— Claro que sim. Dimitri falou comigo — Fernando fala.
Alicia me olha com um sorriso.
— Então, o que eu quero dizer é que decidi vir morar em Paris —
Fernando informa.
— O quê? Vai mesmo? — Alicia se anima.
— Sim, querida. Conversei com Cátia, e juntos decidimos nos mudar.
Muita coisa da empresa dá para ser resolvidas à distância, e tenho uma pessoa
de extrema confiança, para ficar em meu lugar quando eu estiver ausente —
explica Fernando.
— E quando será a mudança? — pergunto.
— Já faz um tempinho que eu queria falar, na verdade. Foi justamente
no dia que você levou o tiro e Alicia entrou em trabalho de parto. Mas houve
tudo aquilo, e não pude falar. — Fernando ajeita seu neto em seus braços. —
Era para saber o que você achava de eu vir morar por aqui.
— Eu acho o máximo, pai. — Minha esposa se anima.
Fernando sorri.
— Eu já vi algumas mansões e apartamentos, para ter uma ideia de
localização, mas já está cem por cento certo de virmos, falta só decidir qual
imóvel vamos morar. — Fernando nos olha.
— Que notícia boa, pai. Assim podemos ficar mais perto, nos vermos
com mais frequência. — Alicia sorri. — E agora que vamos planejar o nosso
casamento, vocês ficam por dentro de tudo. — Fernando assente, com um
sorriso. — Oh, pai, já que o senhor está aqui, quero fazer um pedido ao
senhor.
— Pode pedir, filha.
— Se o senhor pode entrar comigo... no casamento? — Alicia morde o
lábio.
Vejo Fernando emocionado. Ele ajeita meu filho em seus braços e
engole em seco, com seus olhos marejados.
— Meu Deus, é-é claro que eu entro com você, meu amor. — Fernando
a abraça, ainda com Giovani nos braços. — Nossa, estou tão feliz, filha. Eu
pensei que talvez você não fosse pedir... — Ele me olha, emocionado. — É o
dever do pai entrar com a filha no casamento, né?
Assinto com um sorriso, vendo Fernando muito emocionado, olhando
sua filha.
— Eu entro com você, filha. Levarei você até o altar.
Capítulo 45

— Bom dia, amor. — Escuto a voz rouca de Dimitri.


Me remexo na cama, abraçando mais o travesseiro, morrendo de sono.
Bocejo e me espreguiço, girando meu corpo ficando de lado para Dimitri, que
tem um sorriso lindo nos lábios.
— Bom dia. — Sorrio.
Dimitri se inclina e beija meus lábios.
— Dormiu bem? — pergunta, colocando meus cabelos para trás.
Assinto, passando a mão em seu peito.
— E você? — O olho.
— Não muito. Ansioso. — Sorri.
— Ansioso por hoje? — Ele assente. — Também estou ansiosa, mas
consegui dormir bem.
— Que bom, amor. Hoje será perfeito. — Beija meus lábios. — Nada irá
nos atrapalhar.
— Não mesmo. — Sorrio.
Dimitri puxa minha nuca e me beija. Retiro o lençol de cima de mim e
vou para cima de Dimitri, beijando-o com vontade. Mas como tudo que é
bom dura pouco, escutamos alguém bater na porta.
— Bom dia, noivinhos. Hora de acordar! A equipe já está aqui desde
cedo, ornamentando tudo para mais tarde. Vocês precisam levantar, porque
tem um café da manhã já pronto para vocês, e toda a equipe que vai ajudar,
já se encontram presente lá embaixo. — Escuto a voz de Valentina atrás da
porta.
Dimitri joga a cabeça para trás, com um sorriso.
— Giovani deve estar faminto a essa hora, e precisa do leite da mãe,
Dimitri. Deixe sua noiva sair do quarto e amamentar seu filho e se arrumar
para mais tarde — Manu fala.
Gargalho junto com Dimitri.
— Nem cinco minutinhos? — Dimitri grita.
— Nem um minuto a mais, cunhado — Valentina diz, batendo na porta.
— Vamos, que o tempo é curto e a Sapucaí é grande. O pessoal do spa já
está se preparando para seu dia de princesa, amiga. Se levante em nome de
Jesus!
Eu e Dimitri sorrimos.
— Te vejo mais tarde? — Dimitri segura meu queixo e beija meus
lábios.
— Serei a de branco. — Pisco o olho.

Termino de tomar meu suco de laranja e a babá vem com Giovani nos
braços, chorando e me entrega. Estico meus braços e o pego.
— Meu menino tá com fome, é? — Faço uma vozinha melosa.
Giovani para de chorar e me olha, com seus olhões azuis. Ele é a cara de
Dimitri meu pai. Eu que lute quando estiver mais velho. Seus olhos são tão
azuis como os do pai. Grandes, expressivos e claros. Não tem como não olhar
para Giovani e não ver Dimitri. Recentemente, minha sogra me mostrou o
álbum de fotos de Dimitri e pude comparar. A semelhança entre eles é
gritante. Ajeito Giovani melhor em meus braços, coloco meu peito para fora e
meu menino vai até ele, faminto. Acaricio seu cabelo, vendo-o chupar meu
peito, se alimentando.
Vejo Valentina entrar no quarto, com uma malinha na mão. Ela deixa a
mala no canto da parede.
— Adivinha quem chegou. — Me olha com um sorriso.
— Quem? — Franzo a testa.
— Sua madrinha surpresa!
Valentina vai até à porta e abre-a mais e vejo Helena passar por ela.
Abro a boca chocada. Helena trabalhou por alguns anos com Valentina no
Rustic Coffee em Ipanema, e a gente se tornou amigas desde então.
— Não acredito! — Arregalo os olhos.
— Eu disse que vinha, sua piranha. — Helena sorri, largando sua bolsa
no sofá do quarto.
Me levanto da cadeira, segurando Giovani em meus braços, que não
larga meu peito e a abraço. Eu sabia que Helena iria vir, só não sabia que ela
é minha madrinha de casamento surpresa, que fará par com Benjamin.
— Nossa, que saudades. — Sorrio. — Você chegou hoje?
— Acabei de chegar. O motorista do marido de Valentina foi me buscar
no aeroporto. — Helena me olha. — Vocês têm que ver como está a entrada
do condomínio, cheio de repórteres querendo entrar.
— Sim, Theo me disse, e falou que a segurança do condomínio triplicou
— Valentina comenta.
Helena assente e fita Giovani, mamando.
— Oh, que coisinha mais linda. E esses olhos? Minha nossa! Ele vai ser
a cópia cem por cento de Dimitri. — Helena ri, nos fazendo sorrir. — Os
olhos dele são bem azuis e claros, né? Igual aos do pai.
— Pois é. O que puxou de mim, foi os cabelos escuros. — Sorrio,
olhando meu menino me olhar, criando aquela conexão surreal que existe
entre mãe e filho.
— Você fica lá em casa durante esses dias, Helena. Nada de ir para um
hotel. — Valentina olha Helena. — Temos quartos de sobra.
— Quem tem amiga rica é outra coisa. — Helena pisca o olho, e
sorrimos.

Dou um gole no café, vendo meus irmãos falarem com o pessoal que vai
cortar nossos cabelos e ajeitar nossas barbas. Dou uma olhada pela janela,
vendo que o jardim da minha casa está totalmente equipado com várias coisas
para o casamento acontecer mais tarde. Várias pessoas andam de um lado
para o outro, empenhados em fazer seu trabalho.
— Você está aéreo, fratello. — Dominic se senta na cadeira.
— Não é nada, apenas ansioso. — Dou um gole no café.
— Helena chegou — Demétrio comenta, vindo até a mesa pegar uma
maçã.
— Quem é Helena mesmo? — Franzo a testa.
— Ela trabalhou alguns anos com Valentina, no café do Rafael — Dom
responde eu assinto, após me lembrar.
— Rafael já chegou? — pergunto, e coloco um pedaço de bolo na boca.
— Ele disse que está hospedado no hotel de Aaron com a esposa e o
filho — meu irmão mais velho responde.
Assinto.
— Desculpem atrapalhar, mas precisamos começar a preparar o noivo o
quanto antes. — O rapaz que foi contratado nos olha.
Termino meu café e me levanto da cadeira, para me sentar em uma outra
apropriada para o rapaz cortar meu cabelo e fazer a barba.
— Como você quer o corte? — pergunta o rapaz.
— Quero um pouco baixo nas laterais e um pouco alto no topo —
respondo.
— E a barba? — pergunta.
— Nem rala e nem cheia demais.
Passo um bom tempo na cadeira, com o rapaz cortando meu cabelo e
aparando minha barba. Às vezes mandava mensagem para Alicia
perguntando do nosso menino. Ele tem que ficar com ela durante o tempo
que ela está se arrumando, para poder dar de mamar. A babá já tinha separado
o leite de Alicia em um recipiente para quando a cerimônia estiver
acontecendo e Giovani ficar com fome, a babá dar a mamadeira a ele, e poder
tomar o leite tranquilo.
Após cortar meu cabelo e a barba, o pessoal do spa monta uma cama
equipada no quarto, para eu poder receber massagens e hidratar a pele, que
nem precisa. Mas as minhas cunhadas falaram que tudo isso está incluído no
pacote dos noivos. Depois de horas deitado, recebendo massagens e ter
hidratado o rosto, me levanto da cama, quando escuto alguém bater na porta
do quarto.
Demétrio abre a porta e vejo Fernando de pé, já pronto para a cerimônia,
nos olhando.
— Entra, Fernando. — Peço.
Ele assente e entra no quarto, um pouco nervoso.
— Eu quero falar com você. Na verdade, com vocês três a sós — ele
diz.
Dominic pede para o pessoal sair do quarto por alguns minutos e fecha a
porta, ficando nós quatro no quarto. Vejo Fernando um pouco sério e
nervoso.
— O que foi, Fernando? É algo sério? — pergunto, me aproximando.
Fernando suspira e assente.
— Sim, Dimitri. É algo que venho pensando nas últimas semanas. —
Engole em seco.
— Pode falar. — Peço.
Fernando me conta tudo nos mínimos detalhes, e não sei bem como
Alicia vai reagir a isso.

O maquiador finaliza minha maquiagem com o batom bem vermelho e


fosco, que é lindo demais. Ele me garante que esse batom só sai com um
demaquilante específico da mesma marca do batom, que eu ganhei junto com
o batom novinho. Meus cabelos decidi deixá-los soltos e ondulados, pois
estão um pouco abaixo dos ombros. A maquiagem é leve, porém com muito
iluminador do jeito que eu gosto. O cabeleireiro passa o laquê em meu cabelo
e me levanto da cadeira. Valentina arrasta a arara com meu vestido e vejo
Helena sendo maquiada por outro maquiador, que já está finalizando.
Abro meu roupão, ficando apenas de lingerie. Ela é simples, sutiã
branco de bojo, sem alças, que levanta bem meus seios, a calcinha também
branca de renda fio dental, com uma cinta liga presa na meia de seda também
na cor branca. O que me deixa um pouco mais à vontade, é que os homens
que estão aqui são gays e tem mulheres. Valentina retira meu vestido da cama
junto com um dos ajudantes e revela o lindo vestido da famosa estilista
Monique Lhullier, feito e desenhado exclusivamente para mim.
Minha amiga e o ajudante me ajudam a pôr o vestido com cuidado e
Valentina fecha todos os botões de pérolas nas minhas costas. O ajudante
pega meus sapatos exclusivos da Versace. Ele é lindo, todo branco, com o
salto fino dourado. O maquiador borrifa iluminador em todo meu colo e
ombros, enquanto o ajudante põe meus brincos de pérolas. Caminho até o
espelho, e suspiro ao me olhar.
O vestido é estilo sereia, bem justo em minha cintura e quadril, sem
alças, com um decote lindo em formato de coração. O vestido todo é de renda
e forrado, com uma calda linda. Uma tiara simples de pérolas decora minha
cabeça onde o véu está preso, e ele vai até o chão, maior que a calda do
vestido.
Sorrio sentindo meus olhos marejados de tamanha felicidade.
— Você está linda, amiga. — Valentina segura meus ombros, me
olhando através do grande espelho. — Linda mesmo. Perfeita.
Respiro fundo, controlando-me para não chorar.
— Estou tão feliz, amiga — digo, emocionada.
— Eu também estou muito feliz. — Me olha através do espelho.
— Mamãe, a gente vai descer que horas? — Lorena pergunta.
Lorena e Eric serão os pajens, e o vestido da Lorena está lindo, também
desenhado exclusivamente pela Monique Lhullier.
— Vamos agora, meu amor. — Valentina me olha. — Preciso descer,
amiga. Os padrinhos já devem estar sendo posicionados.
Puxo Valentina e a abraço.
— Eu te amo, amiga. E obrigada por tudo. — Sou sincera.
— Não precisa agradecer, sempre estarei aqui para você — ela diz, e me
olha com um sorriso. — Preciso ir.
Assinto, com um sorriso. Ela sai do quarto com Lorena e Helena, e logo
meu pai aparece com um sorriso lindo. Sorrio para ele, vendo-o entrar e
fechar a porta atrás de si. Meu pai se aproxima, esfregando as mãos umas nas
outras, um pouco nervoso.
— Você... está tão linda, filha. — Me olha emocionado. — Nunca
pensei que iria ver você vestida de noiva, assim, tão pertinho de mim. Sempre
sonhei com esse momento, filha, de te levar ao altar até o homem que você
ama. — Meu pai suspira, com o queixo trêmulo. — Estou tão feliz, minha
menina, que você não tem noção.
Uma lágrima escorre em meu rosto e meu pai a pega com o polegar.
— Estou tão orgulhoso de você, meu amor. Minha filha está construindo
sua família, e é isso que eu sempre quis para você. Ver você casada, com
filho e vivendo bem, ao lado do homem que ama você incondicionalmente,
me deixa muito feliz. — Faz uma pausa. — E Dimitri te ama
incondicionalmente, meu amor. Quando ele falou comigo sobre o casamento
civil, comentou sobre tudo que aconteceu entre vocês. Como tudo começou
na empresa dele, no Rio. Admito que fiquei bastante chateado com todas as
atitudes que ele teve com você, ele foi um babaca, devo afirmar isso. Mas ele
mudou, e isso me conforta bastante. De saber que você está em boas mãos
para o resto da sua vida.
Seguro forte suas mãos, um pouco emocionada, vendo os olhos escuros
do meu pai, marejados.
— Dimitri me disse nos mínimos detalhes como tudo aconteceu, para
poder pedir sua mão a mim. Ele disse que não seria justo eu não saber de tudo
que rolou entre vocês, e admito que isso foi admirável da parte dele. Para
Dimitri era importante saber minha opinião sobre tudo, e depois de muita
conversa, eu decidi que ele poderia casar com você, porque ele me deu todos
os motivos para ter certeza do quanto ele te ama, filha. — Sinto meus olhos
marejados. — Eu sei que foram muitas coisas que vocês passaram, mas não
duvide do amor que ele sente por você. Ele te ama de uma forma tão linda
que me deixa muito tranquilo, porque eu sei que ele vai cuidar muito bem de
você e do meu neto.
Suspiro, sentindo meu queixo trêmulo.
— Eu e o Dimitri passamos por várias situações, e ele realmente foi um
babaca comigo. Lhe dei uma segunda chance para consertarmos as coisas, e
eu sabia que essa chance seria para valer, porque Dimitri não mediu esforços
para me reconquistar. Mudou seu estilo de vida, para se adequar a um
relacionamento sério comigo. Eu vejo que ele realmente mudou, pai, e isso
me deixa muito feliz. Eu sempre coloquei na cabeça que eu só iria ao altar
dizer sim, para o homem que eu realmente amo. Poderia passar muitos anos,
mas eu só iria me casar com o homem que tivesse meu coração, e esse dia é
hoje. Dimitri tem meu coração e todo meu amor para ele, sem exceções. Me
sinto feliz e realizada. Estou prestes a ser esposa oficialmente, e sou mãe.
Nunca pensei que iria construir uma família tão nova assim. E me sinto mais
feliz ainda, por você estar aqui ao meu lado nesse momento único, de
podermos estar unidos e sem pensar no passado. Você se tornou o pai e a mãe
que nunca tive. Hoje, você não é só apenas meu pai que me levará ao altar, e
sim minha mãe também. Obrigada por tudo, pai. Obrigada por não ter
desistido de mim, por não ter deixado minha progenitora me abortar...,
obrigada por tudo. Infelizmente, você foi pelo caminho mais fácil para me dar
tudo do bom e do melhor, mas eu sempre irei admirá-lo por tudo que fez por
mim, por não ter me deixado passar fome e necessidades, se arriscando todos
os dias para me dar tudo que eu precisava. Eu te amo, pai. E sempre irei lhe
admirar.
Lágrimas caem em seu rosto e no meu.
— Assim eu choro mais ainda, filha. — Ele enxuga suas lágrimas. —
Isso é muito importante para mim. Muito mesmo.
Me aproximo dele, e enxugo suas lágrimas com meus dedos e fito seus
olhos tão idênticos aos meus. O abraço forte, escutando-o chorar baixinho.
Me afasto e enxugo suas lágrimas com meus dedos.
— Se recomponha, que você precisa levar sua filha até o altar. —
Sorrio.
Ele assente, enxugando suas lágrimas, se recompondo. Escuto baterem
na porta, uma funcionária aparece e me olha.
— Está na hora da sua entrada — informa.
Suspiro e assinto. Olho meu pai e respiro fundo.
— Pronto para levar sua filha até o altar?
— Esperei muito por esse momento. Estou mais que pronto, filha.
Capítulo 46

Desço as escadas, sendo ajeitado por três pessoas ao mesmo tempo.


Reviro os olhos, bufando.
— Pelo amor de Deus! Não tem nada fora do lugar. — Me exalto,
impaciente.
As três pessoas se assustam e me olham com os olhos arregalados. Uma
moça ergue a mão até a minha gravata e eu seguro seu punho.
— Não tem nada fora do lugar. — Repito, olhando em seus olhos.
— Mas senhor, sua gravata está torta — diz, envergonhada.
Respiro fundo e aceno para ela ajeitar o mais rápido possível. Depois de
ajeitar minha gravata, vejo minha mãe e meu pai se aproximando com um
sorriso. Termino de descer, ignorando as pessoas que já estão ajeitando meu
cabelo, de novo.
— Tire essa carinha emburrada, porque hoje é o seu dia. — Mamãe
passa a mão em meu paletó.
— Não aguento mais esse pessoal em cima de mim. — Bufo.
— Eles foram pagos para isso. — Papai sorri. — Está na hora, filho.
Está pronto?
— Prontíssimo — respondo, com um sorriso.
Caminhamos até perto da entrada do jardim, onde já tem vários
convidados presentes, sentados. Eu e minha mãe entrelaçamos nossos braços
e ela me fita, com seus olhos azuis tão idênticos aos meus.
— Estou muito feliz por você, filho, de verdade. Estou orgulhosa pelo
homem que você se tornou. Está construindo sua família, se tornando um
homem de família. Estou feliz. — Mamãe fica emocionada. — Fico muito
feliz que tenha mudado para se tornar esse homem admirável e de família.
— Isso é muito importante para mim — respondo, feliz.
Mamãe sorri. Suspiro e entramos no jardim, chamando a atenção de
todas as pessoas presentes. Andamos pelo tapete que nos leva até o altar.
Sinto minhas mãos suarem de puro nervosismo. Respiro fundo, tentando me
controlar ao máximo e não ter um treco aqui mesmo. Subimos no pequeno
altar projetado e cumprimento o padre com um leve aceno e suspiro, virando-
me para todos os familiares e amigos presentes. Vejo meus irmãos com
minhas cunhadas, Aaron e Nicole, Benjamin com Helena, Rafael com sua
esposa, e Hannah com Miguel, todos como padrinhos.
Alguns minutos se passam e nada de Alicia aparecer. Será que ela
desistiu? Sinto suor em minha testa escorrer pelo meu rosto e minhas mãos
suadas. Merda! Uma moça vem até mim com um copo d’água e um lenço.
Pego o lenço e enxugo minha testa, tomando a água de uma vez.
— Água não vai ajudar. Preciso de duas doses de uísque. Puro. Sem
gelo. — Peço, entregando o copo a ela.
— Nada disso. Você não pode beber agora. — Minha mãe me
repreende.
— Tá! — Bufo.
Suspiro e uma música lenta soa em todo o jardim, anunciando a entrada
de Alicia. Meu coração bate forte quando a vejo vindo com seu pai. Engulo
em seco. Nossa, ela está tão linda. Absurdamente linda. Maravilhosa.
Perfeita. Seu vestido está lindo nela, moldou perfeitamente seu corpo bonito.
Meu coração bate forte por ela. Ela sorri para mim, caminhando lentamente
pelo tapete. Abro um sorriso vendo-a me olhar. Ela está tão linda. Minha
nossa. Nunca imaginei que Alicia iria ficar tão linda em um vestido de noiva.
Meu coração bate forte demais dentro do peito e sinto meus olhos
arderem. Alicia abre um sorriso lindo para mim, um pouco emocionada.
Sinto uma felicidade imensa dentro do meu peito, que mal cabe dentro de
mim, meu corpo vibra de ansiedade e felicidade. Fernando e Alicia se
aproximam do alto e desço um degrau do pequeno altar e fico diante deles.
Fito os olhos escuros do amor da minha vida, vendo-os com um brilho lindo.
Sua maquiagem está linda, simples para um casamento à tarde, mas ela nunca
deixa seu batom vermelho de lado. Ela está perfeita.
Desvio meu olhar do seu e fito Fernando, que me olha sério.
— Cuide dela. — Pede.
— Pode deixar, Fernando. Ela está em boas mãos — digo.
Fito Alicia que me olha com um sorriso lindo nos lábios. Fernando beija
a testa da sua filha e se afasta de nós. Ergo meu braço e ela passa o seu em
volta do meu e a olho.
— Pronta, morena?
Alicia sorri para mim e assente.
— Pronta.

Depois de tanto tempo tirando fotos, cumprimentando convidados e


tirando mais fotos, chega a hora da dança dos noivos. Uma música lenta e
suave toca, enquanto eu e Dimitri dançamos. Seus braços estão em volta da
minha cintura e os meus envolvidos em seu pescoço. Vejo alguns fotógrafos
tirando fotos nossas. Alguns são contratados por nós e outros são de algumas
revistas que foram liberadas para entrarem, porque temos um contrato de
algumas fotos exclusivas serem publicadas para essas revistas bastante
famosas.
— Está gostando? — Dimitri sussurra em meu ouvido.
— Muito. — Apoio meu queixo em seu ombro.
— Está feliz?
— Demais. — Sorrio, sentindo-me completa.
— E por que está tão caladinha?
Me afasto um pouco dele e fito seus olhos azuis, ainda dançando.
— Aproveitando o momento. — Sorrio, acariciando sua nuca.
— Está sendo do jeito que você realmente planejou? — Me olha.
— Está perfeito. Saiu mais do que planejei. Antes eu pensava que uma
cerimônia simples era o que eu iria ter. Mas eu sempre sonhei em ter um
casamento assim, grande, chamativo. Eu fiz uma promessa que eu só iria até
o altar com o homem que realmente amo.
— Fico feliz que esse homem seja eu. — Dimitri me olha com carinho.
— Eu sempre quis ser o tal homem sortudo que está ao seu lado. Muitos
falavam que o homem que estivesse ao seu lado, seria sortudo. E hoje eu sou
o sortudo. — Dimitri se inclina e beija meus lábios. — Estou muito feliz,
amor.
— Também estou muito feliz. — Beijo seus lábios.
Encosto minha cabeça em seu ombro e continuamos dançando
calmamente a música lenta, até meu pai aparecer com um sorriso.
— Posso? — Olha Dimitri.
— Claro. — Dimitri sorri e me entrega ao meu pai.
Começamos a dançar, quando vejo Dimitri se afastar para dançar com
Michele. Eu e o papai passamos um bom tempo dançando. Duas músicas.
Três músicas. E estou achando estranho seu silêncio. Me afasto um pouco e o
olho.
— Pai, o que foi? Está calado.
Meu pai suspira e me olha preocupado.
— Já faz um tempo que quero te falar isso. Mas infelizmente, precisa ser
hoje. — Me fita.
— Você está me deixando preocupada. — Paro a dança e o fito.
— Filha, eu... — Ele é interrompido.
— Fernando, vamos ao meu escritório. — Dimitri pede.
Franzo a testa e o olho.
— O que está acontecendo? — Olho meu marido.
— Querida, vamos até o meu escritório e lá conversamos. — Dimitri me
olha.
Assinto e caminhamos pelas pessoas, adentrando na casa indo até o
escritório. Entramos e Dimitri fecha a porta atrás de si e paro no meio do
escritório, soltando um pouco o vestido, olhando meu pai.
— O que foi, pai? O que está acontecendo? — pergunto, nervosa.
Meu pai suspira, passando a mão na nuca.
— Eu vou voltar para o Brasil.
— Passear ou vai morar por lá? Se for para morar não faz sentido, já que
se mudou há poucas semanas. — Franzo a testa.
— Eu vou me entregar para a polícia federal, filha — Papai fala.
— O quê? — Meu coração gela. — Não!
— Alicia... — Interrompo Dimitri.
— Não, Dimitri! — Fito meu pai, desesperada. — Por quê? Por que
você vai se entregar? Localizaram você?
— Ninguém sabe de mim, filha. Eu vou me entregar por livre e
espontânea vontade.
— O quê? Vai me deixar, de novo? — Praticamente grito, sentindo as
lágrimas escorrerem em meu rosto. — Você nem sabe quantos anos vai pegar
na cadeia.
Meu pai se aproxima e suspira.
— É o certo, filha. Eu fiz muita coisa errada, e preciso pagar pelos meus
erros. Não sei quantos anos irei pegar na cadeia, mas preciso ir.
— Pai. — Lágrimas escorrem em meu rosto. — Acabamos de nos
acertar... e você vai passar longos anos longe de mim.
Ele ergue sua mão e enxuga meu rosto, com cuidado.
— Eu sei, meu amor. Mas eu preciso fazer isso. Preciso pagar por todos
os meus erros. — Ele me fita. — Quero ser o seu orgulho.
— Mas você é, pai — sussurro, com a voz embargada.
Meu pai segura meu rosto, com lágrimas escorrendo em seu rosto.
— Eu sei que no fundo você quer que eu pague por todos os meus erros.
Você é justa filha, e acho lindo também isso em você. Mas eu preciso fazer
isso, para ser o pai que você sempre quis que eu fosse.
— M-mas o Eric e a-a Cátia... — Ele me interrompe.
— Eu já conversei com o Dimitri sobre isso — ele diz.
Eu olho Dimitri, que tem as mãos nos bolsos da calça social.
— Você sabia disso? Desde quando? — pergunto com raiva.
— Fernando conversou comigo hoje, antes da cerimônia — Dimitri
responde se aproximando. — Foram longos minutos conversando com ele
sobre isso.
— Ele me prometeu cuidar da Cátia e do Eric enquanto eu estiver fora
durante esses anos. Sei que quando eu voltar, voltarei pobre. Porque vão
confiscar tudo meu. — Meu pai me fita.
— Eric e Cátia sabem disso? — pergunto.
— Sabem, sim. Cátia me apoiou e está ciente de tudo — Papai responde.
— Conversei com o Dimitri e ele disse que vai cuidar muito bem da Cátia e
do Eric. Não deixará faltar nada para nenhum dos dois, vai colocar Eric na
mesma escola que Lorena, e vai custear tudo, em troca de absolutamente
nada.
— Eu decidi assim. Vou bancar os dois, manterei eles na casa onde
estão, vou arrumar um trabalho para Cátia na empresa, ou em algum outro
lugar que eu tenha algum contato, e Eric vai estudar na escola que Lorena e
Damien estudam. Tudo por minha conta. — Dimitri me fita. — Cátia está
ciente disso também.
— Mas... — Ele me interrompe.
— Dominic vai falar com Tavares, seu advogado que mora no Rio.
Acho que Dom já entrou em contato com ele, e vai fazer de tudo para
Fernando não pegar muitos anos na cadeia. Vai ficar tudo bem, amor.
— Não. Não vai ficar tudo bem. — Eu choro e fito meu pai. —
Acabamos de nos reencontrar, e já vamos ficar afastados.
— Dessa vez é por uma coisa boa. Irei pagar minha pena na cadeia e
voltarei para cá, como um homem livre, sem viver com medo de ser pego. —
Papai segura meu rosto. — Vou ficar bem, filha. E vou voltar para você.
Lágrimas caem em meu rosto.
— Não vou te fazer desistir, não é? — Ele nega. Me jogo em seus
braços, chorando. — Oh, pai. Vou sentir tanto sua falta. Prometo que vou lhe
visitar.
— Não, eu não quero. — Ele me olha, após me afastar. — Não quero
nem você e nem a Cátia sendo revistadas, sendo humilhadas a esse ponto.
— Mas eu só irei te ver depois de quantos anos, pai? — O olho,
magoada.
— Filha, eu não vou me sentir bem sabendo que você vai se sujeitar a
ser revistada para me ver lá dentro — ele diz.
— Querida, irei falar com Tavares e vamos arrumar um jeito dele sair o
quanto antes. Ele pode sair por bom comportamento... são algumas
possibilidades de pegar poucos anos. — Dimitri segura minha cintura.
— Mas eu vou sim, lhe visitar. Tavares pode arrumar um jeito de eu não
ser revistada..., não sei. Mas eu não vou deixar de lhe ver. — Seguro seu
rosto, limpando suas lágrimas. — Estou orgulhosa.
— É isso que eu quero, que sinta orgulho de mim. Que meus filhos e
meu neto sintam orgulho de mim. — Me abraça. — Eu te amo muito, filha.
— Eu também te amo muito, pai. — O abraço forte. — Vou sentir muito
sua falta.
Nos afastamos e enxugo minhas lágrimas. Meu pai se recompõe
enxugando suas lágrimas e suspira.
— Bom, agora eu preciso ir.
— Já? — Arregalo os olhos.
— Minha passagem já está comprada e meu voo é daqui a pouco. Já me
despedi de todos, e a última pessoa é você, filha.
— Eu vou trocar de roupa e vou te levar no aeroporto — digo, um pouco
apressada.
— Não. Você vai ficar aqui e aproveitar seu casamento, e eu vou
embora.
Suspiro com o queixo trêmulo e o abraço.
— Se cuida, pai. Na cadeia não é nada fácil — digo, preocupada.
— Tavares vai fazer de tudo para ele ficar bem, Alicia. — Dimitri me
olha. — Fernando vai ficar bem. Pode ter certeza disso.
Assinto, enxugando minhas lágrimas.
— Dimitri me deu duas fotos com vocês e meu neto, e estou levando
duas fotos com Cátia e Eric. Vou levar vocês em meu coração. — Assinto. —
Agora preciso ir, meu amor, senão eu perco meu voo.
— Tavares estará lhe esperando no aeroporto quando desembarcar. —
Dimitri aperta a mão do meu pai. — E fique tranquilo, que irei cuidar de
Cátia e Eric também.
— Estou tranquilo com isso, porque eu sei que eles estarão em boas
mãos. — Papai me fita. — Até um dia, minha filha.
— Tchau, pai. — O abraço. — Se cuida, por favor.
— Se cuide também, meu amor. — Ele beija minha cabeça.
Me afasto e ele me olha uma última vez, antes de sair do escritório e ir
embora. Não consigo segurar as lágrimas e desabo. Dimitri me puxa para ele,
e eu me seguro em seu paletó.
— Ele vai ficar bem. — Dimitri beija minha cabeça.

Saio do banho, enxugando meu cabelo, com uma toalha enrolada no


quadril. Mas paro vendo minha mulher na varanda do quarto de hotel, numa
cadeira bastante confortável, com meu filho em seus braços se alimentando
direto do seu peito, enquanto ela olha a bela vista do mar de Dunmore Town,
nas Bahamas. É uma cena tão linda e única. Alicia balança seu braço,
ninando nosso filho. Giovani levanta sua mãozinha e toca o queixo de Alicia,
que desvia seu olhar do mar e fita o nosso filho e abre um sorriso lindo para
ele.
Giovani está com poucos meses de vida, mas é superinteligente e
sorridente. Giovani ainda mama, e a médica disse que o leite materno é muito
saudável para ele, e se tiver leite no peito de Alicia, que continuasse dando a
ele, porque o mantém forte. Mas estamos começando a dar outros alimentos
fora o leite, para ele começar a se acostumar.
Decidi há alguns meses fazer vasectomia. Eu fiquei muito apreensivo de
Alicia ficar grávida uma outra vez. Tenho medo de ela passar por tudo que
passou para gerar nosso filho. Conversei com ela, e juntos, decidimos fazer
essa pequena cirurgia que me impossibilita de engravidá-la uma outra vez.
Não seria justo que ela continuasse a tomar contraceptivos, se eu poderia
fazer essa pequena cirurgia. E eu também não quero usar camisinha com ela,
é muito mais gostoso fazer sem, porque posso senti-la quentinha em volta de
mim. E lembrando que mesmo ela tomando o anticoncepcional, ela
engravidou. Isso mostra que nenhum contraceptivo é cem por cento
confiável, e não quero que ela se entupa com esses remédios, que fazem
muito mal. Decidi fazer a vasectomia há alguns meses e não me arrependo.
Passamos só algum tempo usando camisinha, para todos os espermatozoides
saírem do meu canal e ficar livre do látex de vez. Nós não queremos ter outro
filho.
Agradeço a Deus por eles estarem saudáveis. A pressão de Alicia voltou
ao normal e Giovani está muito bem. Rezei demais para que eles ficassem
bem e fico feliz demais por isso.
Sigo para o closet, ponho uma cueca e uma bermuda de moletom, volto
para o quarto e caminho até a varanda, quando Alicia me fita. Ela a cada dia
está mais linda, mais mulher. O casamento está nos fazendo muito bem, e a
convivência com o nosso filho só tem melhorado. Caminho até ela e me sento
na cadeira ao lado, sentindo o vento forte vindo do mar. Giovani larga o peito
de Alicia, que ajeita a blusa e o coloca de pé em seu colo. Giovani coloca a
mão na boca, ficando todo babado.
— Ele mamou bem? — Olho para ela.
— Sim. Mas mamou pouco — responde, batendo de leve nas suas
costas, para ele arrotar. — Acho que ele em breve vai largar o peito de vez.
Estendo os braços para pegá-lo dos seus braços e ele vem de bom grado.
O coloco em pé no meu colo, que se balança com um sorriso lindo na boca.
Faço um barulhinho com a boca, ele gargalha jogando a cabeça para trás e
arrota. Giovani para de rir, acho que assustado com o próprio arroto. Ele tem
os olhos arregalados, revelando bem seus olhos azuis, tão expressivos como
os meus. Olho para Alicia e sorrio, Giovani volta a sorrir, com a mão na
boca, uma gargalhada tão gostosa de se ouvir. Meu filho é perfeito.
Ajeito melhor Giovani em meu colo, deitando-o de costas para mim,
para ele ver o mar. Puxo Alicia para perto de mim, e apoio meu braço em seu
ombro.
— Estou muito feliz, morena. Feliz por estarmos juntos aqui, com o
nosso filho, aproveitando a vida de casados. — Sou sincero.
— Também estou muito feliz, Dimi. Feliz por você ter mudado para
ficar comigo. Eu te amo muito e sou muito feliz ao seu lado. — Seus olhos
brilham.
— Eu te amo, morena. Para sempre.
Capítulo 47

Estou prestes a ver Alicia subir no altar e se casar com outro homem, e
isso não está me deixando nem um pouco confortável. Há alguns anos eu fui
até o altar e me casei com uma mulher, achando que ela me amava. Mero
engano. Quando conheci Amélia, a vi como um anjo, era linda, uma visão
perfeita para meus olhos. Uma negra linda, de chamar atenção de muitos
homens. Curvas generosas e os cabelos afro que combinava perfeitamente
com ela. Logo que a vi, me encantei. Estávamos em um bar em Chicago,
tínhamos levado um cano por nossos acompanhantes não terem ido ao bar.
Estava sentado no balcão, bebendo meu terceiro copo de uísque, quando ela
apareceu toda elegante se sentando no banquinho ao meu lado. Não tinha
como não ver Amélia, era impossível não a notar. Sua presença chamava
muita atenção. Amélia pediu gentilmente um gim ao garçom e foi quando
nossos olhares se encontraram.

[...]
— Bebendo sozinho? — A moça me olha, apoiando seus braços no
balcão e cruzando a perna.
Dou de ombros e ergo o copo.
— Levei um cano. E você? Uma moça tão bonita bebendo sozinha. — A
olho e dou um gole no uísque.
Ela sorri e me olha.
— Levei um cano também de um carinha, de última hora. — Meneia a
cabeça.
— O rapaz perdeu uma bela mulher — digo com um sorriso. — Qual o
seu nome?
— Amélia Simpson. E você?
— Benjamin Lennox. — Estendo minha mão e ela aperta, com um
sorriso.
— Conheço esse sobrenome de algum lugar. — Franze a testa.
Dou um gole no uísque e coloco meu copo no balcão.
— Muitos da minha família são formados em advocacia — digo.
— Ah, está explicado. Bem que eu desconfiava, passei essa semana por
um dos escritórios de Advocacia Lennox, por isso liguei o seu sobrenome ao
escritório. — Me olha. — Você é daqui mesmo?
— Sim, e você?
O garçom coloca o copo de gim no balcão e ela agradece, levando-o até
os lábios, dando um gole no gim.
— Não, sou de Seattle, estou aqui para visitar meus pais — responde,
passando seu indicador na borda do seu copo, mantendo seus olhos em mim.
— Posso me juntar a você? Se não for muito incômodo, é claro.
— Será um prazer. — Sorrio.
Amélia me dá um sorriso cheio de promessas e dou um gole no meu
uísque, mantendo meus olhos nela.
[...]

Naquela mesma noite, bebemos até sairmos bêbados do bar, fomos os


últimos a sair, e naquela mesma noite, fomos para o hotel mais próximo e
transamos. Ambos pensávamos que a nossa noite iria ser um fracasso total,
mas deu certo no final. Trocamos números de telefone e ficamos mantendo
contato, até que depois de alguns meses estávamos namorando e conhecendo
nossas famílias. Eu já estava completamente apaixonado por ela. Amélia se
mostrava ser gentil, educada e amorosa, e era. Enquanto namorávamos foi
perfeito. Éramos bastante parceiros em tudo, saíamos para boates com nossos
amigos em comum, íamos a bares, lanchonetes... era perfeito. Também não
demorou muito para pedi-la em noivado, ela aceitou de imediato e fiquei
muito feliz. Amélia estava ansiosa para se casar e fomos rápidos em fazer
todos os preparativos do casamento.
Mas foi só nos casarmos, para ela virar outra Amélia. Ela começou a
ficar grosseira, arrogante, a ser ignorante... e eu tentava ser o mais maleável
possível. Amélia só queria trabalhar e chegava em casa “cansada”. Amélia
tinha um trabalho que não fazia quase nada, só ficava sentada numa cadeira e
de vez em quando atendia aos telefonemas, era exatamente isso que ela fazia.
Tinha dias de ela chegar e dizer que só atendeu três telefonemas, e passar o
restante do dia lixando as unhas. E mesmo assim, ela dizia estar morta de
cansada.
Eu trabalhava que nem um condenado e quando chegava em casa, tinha
que lavar prato, roupa, ajeitar a casa..., não que isso seja uma obrigação de
uma mulher, claro que não. Mas éramos casados, não custava dividir as
obrigações da casa, não é? Mas não, eu fazia tudo em casa, enquanto ela
ficava assistindo tv, rindo de sei lá o quê que via no telefone. Tinha noites
que eu ia dormir pela madrugada e acordava bem cedo para mais um dia de
trabalho, por ter feito os serviços de casa sozinho.
Aguentei tudo calado para não arrumar confusão, mas a cada ano que
passava, sempre discutíamos por besteira. Principalmente por eu querer
filhos. Seria tudo mais fácil se ela tivesse me dito que não queria ser mãe
antes de nos casarmos. Tivemos tantas conversas sobre isso, e sempre deixei
claro que queria ser pai, e Amélia nunca me disse que não queria ser mãe. A
cada ano que passava, ela ficava ainda mais distante e esquisita. Teve noites
de até dormir fora e alegar que dormiu na casa de uma amiga. Até que um dia
ela entrou em casa às pressas, deixando algumas sacolas perto do sofá junto
com o celular e entrou no banheiro junto com uma sacolinha. Se a intenção
dela era esconder a sacolinha em suas mãos correndo para o banheiro, estava
enganada. Já estava desconfiando que ela estava me traindo e aproveitei que
ela foi correndo para o banheiro e fui até a mesinha pegar seu telefone.
Amélia mantinha o seu celular bem distante de mim, com frequência trocava
a senha e nunca me deixava pegá-lo, já comigo, eu era obrigado a dar a senha
do celular. E foi lá que vi todas as mensagens picantes e amorosas com o
segurança do prédio que morávamos. Fiquei sem chão, mesmo já estando
desconfiado. Eu sempre a tratei com muito amor e carinho, nunca a tratei
mal, com ignorância, ao contrário dela, que me tratava como um lixo. Não
tinha motivos para ela me trair, nunca dei motivos. Determinado a dar um
ponto final em tudo, entrei no banheiro e a vi completamente desesperada.
Ao me ver, ficou branca igual um papel. Desci meu olhar para a pia e vi
um teste de gravidez, positivo. Bom, aquilo com certeza foi uma surpresa.
Amélia tomava todos os seus remédios religiosamente todos os dias, e
sempre transávamos com proteção, por causa de suas paranoias. Aquele filho
não era meu, era certeza, não tinha como ser meu, em hipótese alguma.
Naquele mesmo momento corri até o quarto para fazer minhas malas,
determinado a ir embora e pedir o divórcio o quanto antes.
Meses depois, já divorciado e vivendo minha vida tranquilamente, ela
apareceu no meu trabalho, pedindo para voltar, exibindo seu barrigão. Fiquei
surpreso pela sua cara de pau, alegou que o rapaz não queria assumir a
criança e recorreu até mim. Apenas disse um sinto muito e pedi para sair do
meu escritório, alegando que tinha muito trabalho para fazer. Ela saiu
cabisbaixa e deprimida. Não vou dizer que aquilo não mexeu comigo, claro
que mexeu. Ainda nutria sentimentos por ela, mas por me valorizar e ter
amor-próprio, a deixei ir embora e nunca mais a vi. Aprendi a viver sozinho,
às vezes tinha encontros casuais e não me envolvi com mais ninguém, até que
vi Alicia e me vi encantado com a sua beleza. Alicia era o oposto de Amélia.
Alicia é uma mulher que todo homem quer se envolver. Não falo da sua
beleza, do seu corpo, mas sim, do seu interior. Ela é inteligente, extrovertida,
comunicativa... adorei conhecê-la, mas infelizmente, seu coração já tinha
dono, o meu chefe. Sabia que poderia ser um jogo perdido em tentar
conquistá-la, mesmo assim, eu tentei, de todas as formas eu tentei. Nem nos
beijamos, mas estava apaixonado por ela. Nós amamos não por beijos,
sexo..., mas sim, pelo que a pessoa é. E eu amei Alicia, e Alicia me amou.
Não amor de amizade, mas de mulher para homem. Alicia amou a mim e a
Dimitri, mas de diferente intensidade. Mas fico feliz por ter sido retribuído.
Estava mais que determinado a fazê-la se apaixonar por mim, mas não
foi possível. Mas eu tentei, não é? Depois que soube da sua volta com o
Dimitri, quis tirar alguns dias de férias, para ficar um pouco longe e esquecer.
Fiquei puto por Dimitri ter feito o que fez com ela, mas ele estava mudando,
por isso, decidi me distanciar. Mexeu demais comigo quando descobri sua
gravidez, ela estava muito feliz, e por alguns segundos, queria que fosse
comigo. Dimitri estava radiante com a notícia, e fiquei feliz demais por eles.
Tenho Dimitri e seus irmãos como amigos, e sei que é recíproco. Dimitri veio
falar comigo e me pedir desculpas pelo que aconteceu em seu escritório. O
desculpei, porque sou seu amigo e queria continuar com a sua amizade.
Queria que Alicia fosse feliz, e vejo o quanto ela está feliz no altar, ao
lado do homem que ama. Não vou mentir que isso não mexe comigo, claro
que mexe. Mas tento não pensar nisso, penso que ela está feliz, e se Alicia
está feliz, é isso que importa para mim.
— Eles formam um lindo casal, não é? — Helena puxa assunto.
Assinto e foco no que o Padre fala.
— Você é bem calado — murmura.
Sorrio e a olho de soslaio.
— Estamos na frente de todos, é feio ficarmos conversando — digo.
Helena assente e fica calada.
Adorei conhecê-la. É uma mulher ímpar. Helena é bastante extrovertida,
a conheci na festa de lançamento do perfume dos meninos no Rio de Janeiro,
quando Valentina era a garota propaganda do perfume. Também não pude
dar muita atenção, estava casado e tinha muito trabalho.
Depois de uma longa sessão de fotos dos padrinhos com os noivos,
fomos levados para a área da festa. A casa de Dimitri e Alicia é enorme, e
tem um imenso jardim. Um rapaz passa por nós com uma bandeja com taças
de champanhe, pego duas e entrego uma a Helena, e agradeço ao garçom.
— Então, agora você vai falar? — Helena toma seu champanhe e me
olha.
— O que você quer falar? — Sorrio e bebo o champanhe.
— Ah, você está solteiro, não é? — Me olha com seus olhos escuros.
— Por quê? — Sorrio.
— Ué, porque estou interessada em você. Não percebeu? — Ergue a
sobrancelha.
Bom, isso eu realmente não tinha notado. Estava focado demais em
Alicia para notar essa mulher linda ao meu lado.
— É, pela sua cara você não percebeu. — Ri e dá um gole no
champanhe. — Tudo bem, então. Vou ficar calada aqui, não precisa puxar
assunto, se não quiser.
— Não é isso. Estou surpreso — digo.
— Por quê? Você é um homem muito bonito, além de reservado, é
elegante. Por que não iria ficar interessada? — Helena me olha. — Vi muitas
mulheres de olho em você.
Sorrio, sacudindo a cabeça.
— Então você está interessada em mim? — A olho, ficando interessado.
Não tem como não ficar interessado em Helena, é uma mulher elegante
e muito linda. Fora dos padrões, uma gordinha atraente demais, com um
corpo muito formoso, com curvas vistosas. Gosto de me envolver com uma
mulher não apenas pelo corpo, e sim, pelo que tem dentro delas. Não tenho
um tipo de mulher, o meu tipo é mulher. Seja ela, branca, preta, gorda,
magra..., apenas gosto de mulher. E se for inteligente e educada, ganha
pontos comigo. Helena não liga para opiniões alheias, ela se acha bastante
atraente e bonita, mesmo gordinha. E não discordo.
— Só se você estiver interessado. — Ela sorri.
Assinto e dou um gole no champanhe.
— Podemos tentar nos envolver em um relacionamento. — Helena me
olha.
— Um relacionamento? — Ergo minhas duas sobrancelhas, com um
sorriso. — Já direto em um relacionamento?
— Querido Benjamin, me entenda, amor. — Se aproxima de mim. —
Você é um homem que toda mulher quer ter. É gentil, educado, reservado,
elegante... O que mais? Você acha que eu iria deixar passar uma
oportunidade de me envolver com você?
Me aproximo mais dela, mantendo o nosso contato visual.
— Vejo que é uma mulher determinada e sabe o que quer — falo.
Helena ergue sua mão e mexe na minha gravata, com um sorriso
presunçoso nos lábios.
— Eu sei exatamente o que eu quero, e quero você. — Me olha.
Apoio minha mão em sua cintura e aproximo mais nossos corpos.
— Eu também quero você. — Fito seus lábios carnudos e fito seus
olhos. — Mas acabei ficando envolvido emocionalmente com uma pessoa
recentemente...
— E você vai esquecê-la. Sabe por quê? — Nego com a cabeça. —
Porque você vai gostar de mim.
— Muito convencida você. — Sorrio, adorando isso.
— Sim, muito! Sou muito convencida. Principalmente quando se tem
um monumento desses diante de mim. — Morde o lábio.
— E você acha que devemos tentar? — Levo a taça de champanhe até
os lábios.
— Claro que sim. Por que não? Somos solteiros e eu não posso perder a
oportunidade de ter você só para mim.
— Ciumenta, é? — Fito seus olhos, com um sorriso.
— Se for me envolver com você, querido, serei muito ciumenta. Você é
muito gato, e deve ser muito gostoso por debaixo desse terno. Você pratica
exercício físico, Ben? — Me olha.
Sorrio jogando a cabeça para trás.
— Pratico, sim. Mas você também é muito gostosa. — Colo nossos
corpos e ela ofega. — Uma gordinha deliciosa. Suas curvas devem ser uma
tentação.
— Eu sou uma tentação, querido. — Puxa minha gravata. — E aí? Vai
encarar?
Vou me dar outra oportunidade de tentar me envolver com outra pessoa
e tentar ser feliz. Por que não me envolver com ela? Helena é maravilhosa,
uma pessoa incrível, e vejo que nos daremos muito bem.
— Um relacionamento sério? — Ergo a sobrancelha.
— Com direito a anel e blusas iguais. — Sorrimos. — Que tal?
— Por que não? — Sorrio, já empolgado para que isso dê certo.
— Perfeito! Finalmente tenho Benjamin Lennox só para mim. Agora,
namorado... Você pode me levar para o banheiro mais próximo e ver como as
minhas curvas são uma tentação. Porque estou louca para ver como você é
por debaixo desse terno.
Sorrio e assinto. Claro que já fico excitado só de saber que essa mulher
tem um par de peitos suculentos e uma bunda deliciosa.
— É pra já, namorada.
Epílogo

O jatinho de Dimitri aterrissa no aeroporto internacional do Rio e


suspiro aliviada, bastante cansada pela longa viagem. Após a conferência dos
passaportes, somos liberados para sair. Pego minha bolsa da Chanel
pendurando-a no ombro e Dimitri estende sua mão para sairmos da aeronave.
Coloco meus óculos de sol vendo Dimitri muito gostoso com óculos, estilo
aviador. Nossa, ele fica um gato.
— Vocês querem ir direto para o restaurante ou direto para a cobertura?
— Dimitri pergunta.
— Estou com fome, tio — Eric responde, passando o braço no ombro da
sua noiva. — Está com fome também, amor?
— Estou sim — Mia responde gentil.
— E você, Cátia? — Dimitri olha para Cátia.
— Ah, o que vocês escolherem — fala com um sorriso.
Dimitri assente e olho Giovani que está olhando o céu.
— Filho. — Ele me olha. — Quer almoçar agora?
— Quero sim — responde.
— Então vamos direto para o restaurante, Simon — meu marido fala ao
segurança.
Caminhamos até os carros pretos grandes com vidros escuros e
seguimos para o restaurante. Retiro meus óculos e suspiro. Já faz um tempo
que não venho ao Rio de Janeiro. Dimitri segura minha mão em cima da
minha coxa e o olho.
— Feliz, amor? — Me olha através das lentes escuras dos óculos.
— Muito. — Me aproximo mais dele e beijo seus lábios. — E você?
— Se você está feliz, eu também estou — sussurra em meus lábios e me
dá um selinho. — Já mandou mensagem para o pessoal avisando que já
aterrissou?
— Ainda não. — Retiro meu celular da bolsa e decido enviar uma
mensagem para minha amiga, avisando da nossa chegada.
Guardo o celular na bolsa e me encosto em Dimitri.

Simon estaciona em frente ao restaurante e descemos do carro, sentindo


olhares sobre nós. Segurando a mão de Alicia adentramos no restaurante com
o resto da nossa família e seguimos para a parte externa do restaurante, que
fica de frente para o mar. Pedimos peixe frito, outros pratos, e bebidas
geladas, porque está muito quente no Rio de Janeiro. Minha esposa começa a
conversar com Mia e Cátia e olho meu filho interagindo com seu tio.
Eric se tornou um homem adulto com várias responsabilidades. Como
prometido, aos dezoito anos consegui o contrato com a editora mais
requisitada de Paris e foi um grande sucesso. Vendeu milhões de livros e se
tornou um escritor bastante renomado. Escreve livros fantásticos de romance
policial. Sua noiva Mia, é uma neurocirurgiã bastante conhecida nos Estados
Unidos, trabalha em um dos hospitais mais requisitados. Mia e Eric se dão
super bem, são um casal perfeito. Namoram desde a adolescência e a pouco
tempo noivaram.
Cátia trabalha na Vintage Essence de Paris, no RH. Assim que o
Fernando foi preso anos atrás, ela quis trabalhar na Vintage Essence e a
coloquei lá, como chefe do RH. Mora sozinha em um apartamento, enquanto
seu filho mora nos Estados Unidos com a noiva, mas com frequência Eric a
visita. Ele é um bom filho, sempre está disponível para a mãe.
Vamos falar do meu filhão. Giovani é minha cópia, em tudo. Só às vezes
que é calado. Se tornou um homem honesto, respeitador e de
responsabilidades. Está se dedicando cem por cento em concluir seus cursos
para ficar em meu lugar na empresa. Estuda em uma das universidades mais
caras e requisitadas do mundo, junto com seus primos Lorena e Alessandro.
Giovani está sempre focado e empenhado, às vezes o vejo distante, mas é o
jeito caladão do meu garoto.
Acaricio o braço da minha mulher que me olha e abre um sorriso lindo e
volta a conversar com Cátia. Alicia é uma esposa excepcional, dedicada e
amorosa. Esses anos foram uma maravilha ao seu lado, aproveitamos muito,
viajamos bastante. Conviver com a minha mulher é maravilhoso. A amo
demais, não consigo nem olhar para outra mulher. Minha morena domina
meus pensamentos e meu corpo, e eu amo isso. Alicia ainda trabalha na
empresa como Gerente de Mídias Sociais. Por mim ela não trabalhava,
viveria aproveitando, porque eu posso cuidar das despesas sozinho, mas ela
insiste em trabalhar, então fizemos um acordo: ela continuou trabalhando e
seu salário — que não é pouco —, é para investir nela, para comprar suas
coisinhas e não precisar de pagar nenhuma conta em casa, e claro que sempre
presenteio minha mulher com joias, roupas, sapatos e viagens.
Sempre estamos viajando, aproveitando todo o tempo que temos, pois
não sabemos o dia de amanhã. Alicia conheceu vários países e se encantou
por muitos. Gosto de mimá-la, lhe dar vida boa, minha mulher merece. Ela é
incrível, e eu vou dar o mundo para ela.
O garçom traz nossos pedidos, nos serve e se retira.
— Adoro esse peixe frito. — Meu sobrinho leva a batata frita até a boca.
Sorrio vendo Eric com um prato cheio de comida.
— É muito bom. Adoro esse peixe daqui — meu filho comenta e dá um
gole do suco. — Meu paizão sempre faz questão de me trazer aqui quando a
gente vem ao Rio.
Sorrio para meu filho, que me olha com seus olhos azuis iguais aos
meus.
— Você está gostando, Mia? — Alicia a olha.
Mia assente com um sorriso.
— É muito bom esse peixe, gostoso demais — responde com um
sorriso.
Mia nunca tinha vindo ao Rio, é sua primeira vez. Na verdade, no Brasil.
— Poderíamos ir à praia amanhã logo cedo— Alicia sugere para Cátia e
Mia. — A cobertura fica de frente para a praia de Ipanema.
— Eu quero ir, só esqueci de comprar biquíni. — Mia murcha o sorriso.
— Amor, você pode ir ao shopping com elas após o almoço. Tem muitas
lojas de verão para você comprar o que quiser. — Eric a olha.
— Boa ideia! Podemos ir. — Alicia se anima.
— Assim que sairmos daqui, peço a Simon para deixar vocês no
shopping e vou para a cobertura — digo.
Elas assentem, animadas.

Como prometido, Dimitri pediu a Simon para nos deixar no shopping,


para mim, Cátia e Mia fazermos compras, enquanto os meninos foram para a
cobertura.
— Olha! Uma loja de biquíni. — Mia se anima.
Seguimos até a loja e logo somos recepcionadas por uma vendedora
super gentil que nos acompanha na compra. Separei alguns biquínis lindos
para mim, pequeno do jeito que eu gosto. Ideal para pegar um bronze, e eu
sei que isso deixa meu marido louco com meu corpo com marquinha de
bronze. Escolho bem uns dez conjuntos de biquínis, comprei alguns
acessórios, bolsas e óculos.
Saímos da loja com algumas sacolas em mãos, mas vejo uma loja de
lingerie mais à frente.
— Ah, vamos naquela loja? — Cátia me olha, apontando para uma loja
de itens masculinos.
— Vão indo lá que eu vou em outra loja — digo.
— Tudo bem. — Cátia assente e se afasta com Mia, indo para a outra
loja.
Caminho até a loja de lingerie e entro, olhando uma infinidade de peças.
Olho cada uma, querendo escolher uma bem sexy. Eu e Dimitri gostamos de
experimentar algumas coisas no sexo, para não cairmos na rotina. O nosso
sexo é maravilhoso, e adoramos apimentar a relação. Dimitri adora quando
visto uma lingerie bastante sexy e adoro deixá-lo excitado.
— Olá, boa tarde. O que a senhora deseja? — Uma vendedora se
aproxima.
— Estou procurando uma lingerie bem sexy, com cinta liga e meias.
Pode me mostrar? — A olho.
— Claro, querida. Venha, que vou lhe mostrar todas que temos na loja.
— Me chama.
Depois de um longo tempo dentro da loja, consigo escolher a lingerie
perfeita, junto com alguns apetrechos que resolvi comprar e vou de encontro
às meninas e as vejo ainda na loja. Caminho até elas e assim que Cátia me vê,
abre um largo sorriso.
— Demorei? — Sorrio ao me aproximar.
— Se demorou não sei, mas estávamos bem entretidas. — Ela sorri.
Sorrio e vejo Mia olhando umas camisas masculinas.
— Você acha que essas camisas vão dar no Eric? — Mia me olha.
Me aproximo dela, analisando as blusas e camisas em cima da mesa de
vidro.
— Acho que sim. Meu irmão usa o mesmo tamanho que o Giovani. Às
vezes até compartilham roupas. — A olho.
Mia assente, mordendo o canto do lábio.
— Vou levar essas então. — Mia sorri.
Depois das meninas pagarem as roupas, andamos mais um pouco no
shopping, fazemos um lanche na praça de alimentação e envio uma
mensagem para Simon vir nos buscar. Vejo algumas pessoas com celulares
em mãos, tirando fotos minhas enquanto ando pelo shopping. Essa foi uma
das consequências quando me casei com o Dimitri. Me tornei uma D’Saints,
e os D’Saints são bastante conhecidos. Já me acostumei a ser fotografada
aonde vou, e logo as fotos caem na internet. A essa altura já devem saber que
Dimitri está no Rio, junto com a sua família. Pego meu telefone dentro do
bolso do meu shortinho e envio uma mensagem para Dimitri, avisando que
estou indo.
Saímos do shopping e entramos no carro, porque Simon já estava à
nossa espera. O caminho é um pouco lento, por causa do trânsito. Admito que
sinto saudades do Rio de Janeiro, da temperatura, das praias... sinto muita
falta, e por isso Dimitri sempre dá um jeitinho de virmos para cá, aproveitar
um pouco.
Meu casamento é perfeito. Claro que temos nossas brigas e discussões,
mas sempre nos reconciliamos. Dimitri é um marido maravilhoso, me mima
demais, me trata como uma rainha. Meu filho é um rapaz bastante educado, e
puxou o sarcasmo e deboche do meu marido. Até na aparência, parecem que
são gêmeos, a semelhança é enorme. Meu menino nunca nos deu trabalho,
sempre foi estudioso, atencioso e namorador, devo ressaltar isso. Claro que
Giovani é a cópia do meu marido quando era solteiro.
Claro que meu maridão conversa bastante sobre mulheres com ele, e
soube que meu marido levou nosso filho para um clube de sexo para ter sua
primeira relação sexual. Isso é a cara do Dimitri. Embora já tivesse escutado
muitas conversas deles sobre mulheres e uma delas escutei quando Giovani
falou que queria ter sua primeira relação sexual, e óbvio que Dimitri levou
Giovani escondido de mim. Aquele safado sem vergonha e gostoso. Desde
então, meu menino está sempre de namorada nova, mas nunca levou ninguém
para a nossa casa. Segundo ele, seria uma falta de respeito trazer uma pessoa
com quem não terá um futuro e que só transa com ela. Bom, é a opinião dele,
e eu e Dimitri aceitamos e respeitamos a sua decisão. Mas o Giovani nunca
colocou uma mulher acima das suas prioridades, no momento ele pensa
apenas nos estudos para assumir a empresa do pai, o que acho lindo isso nele.
Simon passa pelos portões do luxuoso condomínio onde mantenho uma
cobertura com Dimitri e estaciona em frente ao prédio. Nos despedimos dele
e subimos para a cobertura, cheias de sacolas. Ao entrarmos, escuto risos
vindo do terraço. Eles devem estar na piscina. Deixamos as sacolas nos sofás
e seguimos para o terraço. Abro um sorriso vendo-os na piscina aos risos.
Meu filho olha para mim e sorri.
— Vem mãe! A água está uma delícia. — Grita.
Caminho até eles e retiro meus óculos de sol e me sento no banquinho.
— Talvez mais tarde. — Sorrio.
Meu esposo sai da piscina e desço meu olhar pelo seu corpo, vendo o
quanto meu marido é gostoso. Esse homem é uma tentação. Dimitri sacode a
cabeça, tirando o excesso de água, de um jeito bem sexy. Ele vem até mim,
com seus olhos azuis e apoia suas mãos no balcão e se inclina para beijar
meus lábios.
— Estava com saudades. — Beija meus lábios. — Se divertiu?
— Muito. E comprei muita coisa. — As gotas de água do seu corpo,
pingam em mim, me molhando. — Amor, você está me molhando.
— Eu gosto de você molhada — sussurra em meus lábios, com duplo
sentido. — Bem molhada.
— Safado! — Ele sorri. — Comprei umas coisas para você.
— Hum... Não precisava, mas agradeço. — Me dá um selinho. — Por
que não quer entrar na piscina? Ainda está menstruada?
Nego com a cabeça e Dimitri cerra os olhos.
— Não está mais menstruada? — Nego com a cabeça novamente. —
Por que não me disse?
— Para prolongar seu estado de excitação. — Sorrio.
— Que safada! Hoje você não escapa, brunetta. — O preto dos seus
olhos toma o lugar do azul cristalino dos seus olhos.
— Não pretendo escapar, marido. — Mordo o lábio e Dimitri sorri.
Epílogo

Depois do jantar, todos nós ficamos no terraço da cobertura, vendo a


visão maravilhosa do mar e da lua à nossa frente. Estou deitada no peito de
Dimitri, enquanto conversamos com o pessoal. Está um ventinho bem
fresquinho e vejo Mia bocejar, encostada em Eric.
— Acho que vou para cama. Estou bem cansada. — Se endireita.
— Vou também — meu irmão fala. — Vejo vocês amanhã de manhã,
boa noite.
— Boa noite, querido. — Sorrio para ele.
Meu irmão se tornou um homem tão lindo. Mia é sortuda por tê-lo, ele é
super carinhoso com ela e amoroso. Eric é bastante reservado, nunca o vi de
chamego com outras desde que está com a Mia, ele é muito respeitador.
Acompanhei seu crescimento e o ajudei muito, meu marido também, cumpriu
direitinho o que prometeu ao meu pai.
Eric se despede de nós junto com Mia e vão para o quarto. Vejo a hora
no meu relógio do celular e me sento na cadeira.
— Acho que vou me deitar. — Olho Dimitri. — Vai agora, amor?
— Vou ficar conversando um pouquinho com a Cátia e já chego no
quarto. — Me olha.
Assinto e me inclino para beijar seus lábios. Me despeço de Cátia e vou
para o quarto, fecho a porta e corro para trocar de roupa. Visto minha lingerie
linda que comprei, ela é vermelha, a cor preferida de Dimitri. Ela é de renda,
com o ferro que sustenta meus seios, a calcinha é pequena e de renda
também, deixando minha bunda maior e bem mais valorizada pelo fio dental.
Cinta liga eu sei que Dimitri pira, porque ele diz que eu fico gostosa demais.
As meias de renda 7/8 na cor vermelha também e calço meu louboutin. Faço
uma maquiagem rápida e precisa, passo meu batom vermelho e sacudo meus
cabelos, dando um volume ótimo neles. Passo hidratante rapidinho em meu
corpo e borrifo perfume. Ansiosa, sigo até a cama, me deito e pego meu
celular e tiro uma foto das minhas pernas, e envio para Dimitri.
Rapidamente Dimitri visualiza a mensagem e mordo o canto do lábio.
Travo o celular, o colocando na mesinha ao lado da cama e fico em uma
posição bem sexy e atraente, esperando ansiosamente para ele chegar. Não
demora acho que nem um minuto, Dimitri aparece no quarto, fechando a
porta atrás de si rapidamente e com um olhar faminto sobre mim. Dimitri
retira seus chinelos e desce seu olhar pelo meu corpo, extremamente
excitado.
— Porra, morena! O que é isso? — Se aproxima da cama, me comendo
com os olhos.
Me levanto da cama sobre seu olhar de puro desejo e ele morde seu
lábio, ao me ver de pé. Coloco o peso do meu corpo na minha perna
esquerda, fazendo uma pose sexy, sacudindo o cabelo, vendo o olhar de
desejo do meu esposo. Dimitri passa a mão na nuca e me dá um sorriso sexy
que faz meu ventre se contrair. Porra de homem gostoso! Dimitri retira sua
camisa, me fazendo morder o lábio. Leva suas mãos até o botão da bermuda e
a retira do seu corpo, junto com a cueca me fazendo ofegar.
Seu pau salta da cueca, duro e pulsante, me deixando rapidamente
molhadinha. Nossa, ele é tão gostoso. Seu pau é digno de um troféu, de tão
lindo que é. Dimitri deixa suas roupas pelo chão e caminha até mim, puxa
minha cintura e beija minha boca. Envolvo meus braços em seu pescoço,
aprofundando mais o beijo. Sinto as mãos de Dimitri descendo pelas minhas
costas e aperta minhas nádegas, me puxando mais para ele. Enfio minha
língua em sua boca e solto um gemido, sentindo seu membro quente e macio
tocando a minha barriga.
— Você está perfeita, muito gostosa — sussurra em meus lábios.
Dimitri afasta nossos lábios e desce seus lábios pelo meu pescoço, me
dando leves beijos molhados, arrepiantes. Mordo o lábio e fecho os olhos,
passando minhas mãos pelos seus braços. Desço minhas mãos e toco seu
membro, sentindo-o pulsante em minhas mãos. Dimitri solta um gemido em
meus lábios e passo meu polegar em sua glande.
— Eu quero te chupar — sussurro.
— Porra, morena! Você tem o poder de me desestabilizar — sussurra,
excitado. — Eu deixo você me chupar todinho.
Me afasto e o levo até a cama, sentindo sua mão grande estapear minha
bunda forte, me fazendo dá um pulinho de susto. Dimitri vai para a cama e
sobe, se deitando no meio. Mordo o lábio, vendo seu pau pesado arriado
sobre sua barriga e subo na cama, engatinhando. Dimitri morde o lábio
bastante excitado, vejo seus olhos azuis e abro um sorriso safado. Passo
minhas mãos pelas suas coxas e seguro seu pau, completamente excitada.
Dimitri ergue um pouco seu corpo, apoiando seus cotovelos na cama
para me ver melhor e morde o lábio.
— Visão do inferno, porra! — Sua voz sai rouca. — Empina mais essa
bunda, morena. Quero ver esse rabo gostoso no fio dental, enquanto você
chupa o meu cacete.
Assinto com um sorriso nos lábios e empino mais a minha bunda,
abaixando mais o meu tronco, para Dimitri apreciar a visão do inferno, como
ele diz. Me inclino e passo minha língua em todo seu membro subindo até a
glande, sem tirar os olhos dele, e o vejo mordendo o lábio. O masturbo
lentamente, sentindo seu membro quentinho e a pele bem lisinha e macia. Me
inclino mais um pouco e coloco seu pau na minha boca, chupando-o gostoso,
deixando minha saliva molhá-lo todinho. Escuto um gemido baixinho de
Dimitri, que ergue levemente o quadril, enfiando mais seu pau em minha
boca. Levanto meu olhar e Dimitri revira os olhos, jogando a cabeça para
trás.
Chupo sua glande com gosto, sentindo o gostinho do seu pré-gozo se
misturar com a minha saliva. Tiro seu pau da minha boca e passo minha
língua em todo seu comprimento, sem tirar os olhos dele. Dimitri ergue a
mão e afasta alguns fios de cabelo do meu rosto, para ter uma visão melhor.
Coloco seu pau novamente na minha boca e o chupo forte, sugando.
— Ah, merda... Assim... Continua, amor. — Pede com a voz rouca.
Chupo com mais vontade, escutando seus gemidos baixos e abafados.
Mexo em suas bolas, sentindo seu pau pulsar em minha boca. Minha saliva
escorre em seu pau e Dimitri se delicia com a visão, que para ele é perfeita.
Ele ergue o quadril, enfiando seu pau mais fundo em minha garganta.
— Porra! Vem cá. — Dimitri me puxa.
Fico por cima dele, colocando uma perna em cada lado do seu corpo e
Dimitri ataca a minha boca, em um beijo feroz, intenso, que tira todo meu ar.
Enfia sua língua na minha boca, me dando um beijo molhado e delicioso.
Sinto as mãos de Dimitri na minha calcinha e quando ela faz menção de
puxá-la, desfaço o beijo e o olho.
— Não mesmo! Você não vai rasgar essa calcinha, Dimitri — digo,
olhando em seus olhos.
— Por que não? Você gosta quando eu rasgo sua calcinha. — Morde
meu lábio. — E outra, prefiro você todinha nua para mim.
— Mas essa lingerie aqui, foi feita para ser colocada de ladinho, e não
rasgar, seu puto — resmungo. — Ela foi caríssima.
Dimitri sorri e beija meus lábios.
— Então a coloque de ladinho, minha tigresa gostosa, para eu enfiar
meu pau em você. — Pede, com a voz rouca.
Levo minha mão até a calcinha e a coloco de lado. Levanto um pouco e
posiciono seu pau na minha entrada e me pegando de surpresa, Dimitri ergue
o quadril, enfiando seu pau todo dentro de mim. Solto um gemido baixo,
apoiando minhas mãos em seu peito e fecho os olhos, deslizando em seu pau,
que atinge um ponto sensível dentro de mim. Dimitri solta um gemido baixo
e afunda seus dedos em minha bunda.
— Você está tão molhada... Puta merda — sussurra, excitado.
Começo a cavalgá-lo em um ritmo delicioso para nós dois. Seu pau me
alarga todinha, tomando seu espaço dentro de mim, e isso me deixa ainda
mais molhada. Fecho os olhos, sentindo as mãos de Dimitri passar por todo
meu corpo. Adoro sentir suas mãos em meu corpo, me deixa tão excitada.
Desço mais rápido, louca para gozar e fazê-lo gozar. Dimitri cola mais nossos
corpos e beija minha boca, afundando seus dedos em meu cabelo, mantendo
minha cabeça presa.
Desfaz o nosso beijo apenas para enfiar seus dedos em minha boca e
pede para eu chupá-los. Chupo seus dedos, imaginando ser seu pau e Dimitri
morde o lábio, completamente excitado. Dimitri retira seus dedos da minha
boca e volta a me beijar. Enfio minha língua na sua boca e desço com mais
força no seu pau, louca para gozar. Sinto a mão de Dimitri acariciar minha
bunda e afastar um pouco a calcinha e leva seu dedo até o meu ânus e
acariciá-lo. Solto um gemido em seus lábios.
— Dimitri... — sussurro em seus lábios, sentindo meu ventre se contrair.
Dimitri me penetra com um dedo, aos poucos e com a outra mão, sinto
seu dedão tocar em meus clitóris, me levando ao delírio. Afasto um pouco
minha boca da sua, gemendo abafado, cravando minhas unhas em seus
ombros. Dimitri enfia mais seu dedo dentro de mim, me comendo por trás e
pela frente. Ele sabe que eu gosto disso. Sabe que eu gosto quando ele toca
em todo meu corpo, sem exceções.
Fico com mais vontade ainda de gozar, e o cavalgo com mais força e
rapidez, sentindo minha boceta prender seu pau dentro de mim, que o sinto
pulsar.
— Isso... assim, amor. — Sua voz sai rouca. — Foi por causa dessa
maldita sentada gostosa, que me apaixonei por você, diaba.
Dimitri retira seu dedo do meu clitóris e leva sua mão até meu sutiã,
deixando meus peitos para fora e brinca com meus mamilos, me deixando
mais excitada. Mordo o lábio, soltando um gemido baixinho, sentindo meu
orgasmo bem próximo. Sinto a língua quentinha e macia de Dimitri em meu
mamilo e afundo meus dedos em seus ombros, aumentando mais o meu
ritmo. Dimitri me penetra com os dedos atrás, com mais rapidez e solto um
gemido mais alto em seus lábios. Cavalgo com gosto no meu marido,
arrancando altos gemidos dele, que se misturam com os meus. Dimitri passa
seu braço em volta da minha cintura e me coloca deitada na cama sem sair de
dentro de mim, e fica por cima, enfiando seu pau ainda mais fundo.
Dimitri beija meu pescoço, chupando e mordiscando, me deixando
bastante excitada. Ele afasta mais o sutiã, expondo mais os meus peitos e se
lambuza neles, arrancado gemidos abafados meus.
— Minha nossa... você está tão duro — sussurro, ofegante.
— Você me deixa assim... — Seus olhos azuis me fitam, ainda com meu
peito em sua boca. — Você me deixa duro demais, amor... Me deixa
excitado. Eu só quero entrar forte, fundo e duro dentro de você, dentro dessa
boceta gostosa.
— Então faz. Faz. — Peço, excitada.
Dimitri solta um grunhido e larga meu peito, entrelaça nossos dedos no
alto da minha cabeça e entra forte, fundo e duro dentro de mim, sem piedade
alguma. Arqueio as costas, colando meus seios em seu peitoral definido, me
sentindo totalmente preenchida por ele, me alargando mais e mais. Meu
coração bate forte, minha respiração está ofegante. Solto um grito abafado
sentindo o orgasmo tomar conta de mim. Vem violento, intenso e sufocante.
É tão... Porra, que sensação maravilhosa.
Jogo a cabeça para trás, me contorcendo debaixo dele. Dimitri aumenta
mais o seu ritmo, prolongando ainda mais o meu orgasmo, que deixa minha
visão turva. Aperto forte seus dedos, gemendo alto, sentindo sua respiração
ofegante perto do meu rosto. Após a sensação do meu orgasmo aliviar um
pouco, Dimitri sai de dentro de mim e segura seu pau com a mão, o guiando
para a entrada de trás. Mordo o lábio, sentindo a cabeça do seu pau alargar o
meu ânus e entrar aos poucos, centímetro por centímetro. Dimitri solta um
gemido baixo, entrando todo dentro de mim e beija minha boca.
Movimenta seu quadril, num vaivém delicioso. Dimitri solta minhas
mãos no alto da minha cabeça e se afasta mais um pouco, ficando numa
posição perfeita para ele e aumenta mais o seu ritmo. Levo minha mão até
meu clitóris e o estimulo, mantendo o contato visual com Dimitri, que está
perdendo a cabeça. Joga a cabeça para trás, forçando seu quadril, me
comendo gostoso por trás. Sinto minhas pernas trêmulas e acabo gozando
novamente, arqueando as costas, fechando os olhos. A sensação é deliciosa, e
se espalha pelo meu corpo, abro os olhos ao escutar um gemido rouco de
Dimitri.
Dimitri segura forte minhas pernas e sinto seu pau inchar dentro de mim
e logo sinto os jatos de sêmen. Os músculos de Dimitri estão bem
tensionados e ele se movimenta mais rápido, terminando de gozar. Com um
suspiro longo, Dimitri se inclina e me dá um beijo leve em meus lábios,
sussurrando um “eu te amo”.

Sentado na cama, vejo Alicia de pé diante da janela do nosso quarto


olhando o mar, completamente ansiosa. Me levanto e caminho até ela, lhe
abraço por trás, e beijo seu ombro.
— Muito ansiosa? — sussurro em seu ouvido.
— Demais. Esperei muito por isso. — Suspira. — A que horas vamos
sair?
— Só aguardando o pessoal terminar de se arrumar. — Beijo seu ombro.
— Vamos para a sala, esperar.
Alicia assente, pega sua bolsa e caminhamos até a sala. Vejo Giovani
sentado no sofá, bastante impaciente. Mexe sua perna com rapidez, do
mesmo jeito que faço quando estou nervoso e ansioso. Alicia senta ao seu
lado e ambos começam a conversar. Amo demais a minha família, eles são
tudo para mim. Alicia e Giovani sãos os amores da minha vida. Faço tudo por
eles. Giovani sempre foi um menino bom, educado, estudioso e gentil.
Sempre ensinei a ele os valores da vida, e contei o que aconteceu entre mim e
sua mãe. Fiquei com medo de ele ficar chateado, mas ele tentou me entender
e compreender a situação. Alicia é uma ótima mãe, isso tenho que admitir.
Ela sempre esteve presente, ensinando, mimando e educando. Ela é bastante
apegada ao Giovani, e meu filho a ela. Agradeço a Deus por Giovani ser
saudável e minha mulher também, por ter tido a gravidez de risco.
— Estamos prontos. — Cátia aparece na sala, com seu filho e nora.
— Vamos então.
Alicia se levanta do sofá, junto com nosso filho e saímos da cobertura.
Epílogo

Simon estaciona o carro e vejo Alicia suspirar, nervosa. Seguro sua mão
e seus olhos escuros me fitam. Dou um sorriso para ela, lhe passando
conforto. Thomas abre a porta do carro e ajudo minha esposa a sair, toda
elegante. No carro detrás do nosso desce meu sobrinho com sua mãe e sua
nora. Giovani desce, colocando seus óculos de sol e me olha.
— Nervoso, filho? — Ando até ele, segurando a mão da sua mãe.
— Um pouco, pai. Mas logo deve passar. — Passa a mão no cabelo,
alinhando-os por causa do vento forte.
Giovani encosta no carro e cruza os braços. Alicia vai até Cátia falar
com ela e me aproximo do meu filho.
— Por que está tão calado? — Me encosto no carro ao seu lado.
— Pensando. — Faz uma pausa, olhando o céu. — Se um dia serei igual
ao senhor. — Ele me olha. — Sabe que te admiro muito, não é? Pela
dedicação de ter montado a empresa junto com meus tios, e a luta para a
empresa ficar no topo e estar entre uma das melhores.
— Do que você tem medo? — Coloco as mãos nos bolsos e o olho.
Meu filho suspira e olha novamente o céu.
— De não ser tão bom como você é. Você comanda aquela empresa
com meus tios de olhos fechados. E eu não quero te decepcionar.
— Você não vai me decepcionar, filho. Você está estudando muito, se
dedicando. Eu tenho certeza de que você será melhor do que eu.
— O senhor acha? — Giovani me olha. — Eu não quero ser melhor.
— Mas você vai ser! E eu quero que você seja melhor do que eu. —
Desencosto do carro e fico de frente para ele. — Você faz parte da nova
geração D’Saints, meu filho. Você e seus primos vão subir ainda mais a
empresa, eu tenho certeza. Porque eu sei da sua capacidade, sei da capacidade
de Lorena e Alessandro, que também estão se dedicando totalmente. Também
tem a Maria Liz que quer ser modelo, se inspira muito na sua tia Manuela, e
Túlio se inspira nos seus avós, para se tornar um grande arquiteto.
Meu filho respira fundo e suspira.
— Preciso muito do seu apoio, pai. — Giovani me olha. — Não quero te
decepcionar.
— E isso você já tem, filho, meu total apoio. — Aperto seu ombro. —
Mas por que isso de não me decepcionar? Por que está assim?
— Tenho medo de errar e afundar a empresa — murmura, pensativo. —
Você é foda, pai. Porra, você é foda! E quero ser como você. Você comanda
a empresa de olhos fechados.
— Você não vai errar em nada, porque você é inteligente. Estou aqui
para você, filho. Qualquer dúvida, estou aqui. Sou seu pai, mas também sou
seu amigo, seu parceiro, seu conselheiro... sou o que você precisar, Giovani.
— Meu filho assente. — Deixe de ficar pensando nisso e foque em ser um
CEO invejado por muitos.
— Como você? — Giovani sorri de lado.
— Não. Melhor do que eu. — Olho em seus olhos. — Foque nisso,
Giovani. Não fique pensando nisso. Ok?
Meu filho assente e vejo Thomas se aproximando.
— Já está na hora, Dimitri — avisa.
Assinto e vejo minha mulher se aproximando com o pessoal. Estendo
minha mão para Alicia que a segura, passo meu braço por cima do ombro do
meu filho e seguimos pela calçada. Admito que estou bastante ansioso.
Ficamos parados bem próximo, para não ter erro. Passamos apenas dois
minutos contadinhos, e logo o portão do presídio é aberto e meu sogro passa
por ele, ajeitando a mochila nas costas. Alicia solta um soluço e lágrimas
escorrem pelo seu rosto. Fernando anda pela calçada e ao notar nossa
presença, levanta o rosto e nos olha. Meu sogro não sabia que iríamos vir
buscá-lo depois de anos, preso. Ele tinha ficado triste quando dissemos que
não poderíamos vir, mas a verdade é que já tínhamos tudo programado para
vir buscá-lo.
Fernando nos olha, completamente emocionado. Junta suas duas mãos
no rosto e lágrimas escorrem pelo seu rosto. Anda até nós com passos calmos
e nos olha. Fernando está bem diferente, seu cabelo está grisalho, a barba está
um pouco grande. Meu sogro está mais magro e um pouco abatido. Foram
alguns anos dentro do presídio, e graças a Deus ele conseguiu sair antes, por
bom comportamento. Fernando se arrependeu de todos os seus crimes e ficou
totalmente longe de brigas e confusões dentro do presídio para poder
conseguir sair o quanto antes, claro que Tavares fez de tudo para ele não
pegar muitos anos.
Fernando larga a mochila no chão e solta um soluço ao olhar sua
mulher, filho, nora, Alicia, Giovani e a mim.
— Meu Deus! — Lágrimas escorrem em seu rosto. — V-vocês...
vieram.
Cátia vai até ele e os dois se abraçam forte, chorando. Vejo Alicia
limpando o cantinho dos olhos, bastante emocionada. Cátia se afasta um
pouco e olha seu marido, muito emocionada. Nossa..., Cátia o ama de
verdade, esperou Fernando sair da cadeia por todos esses anos, sem traí-lo. É
muito amor, sincero e verdadeiro. Eles se beijam e se abraçam novamente.
— Meu amor... obrigado por tudo — Fernando fala com a voz trêmula.
Cátia enxuga seu rosto, analisando seu marido e Fernando olha Eric que
tem um largo sorriso nos lábios. Fernando prensa seus lábios e lágrimas
escorrem pelo seu rosto.
— Minha nossa! Meu Deus, você cresceu, meu filho. Oh, meu Deus,
que saudade de você, meu menino. — Fernando vai até Eric e os dois se
abraçam.
Pisco os olhos, um pouco emocionado pela cena, um reencontro e tanto.
Meu sobrinho chora baixinho ainda abraçado ao pai, completamente felizes
com esse reencontro. Eles se afastam um pouco e se olham.
— Ah, meu velho, que saudades de você. — Eric prensa os lábios, com
o queixo trêmulo. — Senti muito sua falta, pai. Demais.
— Ai, meu filho, você não sabe como senti saudades de você por todos
esses anos. — Fernando enxuga as lágrimas de Eric. — Você cresceu, está
adulto, um homem. Meu Deus! Você é a cópia da sua mãe.
Ambos sorriem, emocionados.
— Pai, quero que você conheça Mia, minha noiva. — Eric puxa Mia que
sorri para seu sogro.
— Oh, minha querida. Muito prazer em lhe conhecer. — Fernando a
abraça. — Desculpe por ser nessas circunstâncias...
— Que circunstâncias? — Mia olha para seu sogro com carinho. — O
senhor está livre, agora é um homem livre. Não tem coisa melhor.
Fernando assente com um sorriso.
— É um prazer enorme em conhecer o senhor. — Mia segura suas mãos.
— Estava bastante ansiosa por esse dia.
— Você é uma moça muito bonita e educada. Vou adorar conhecê-la
melhor. — Fernando sorri.
— Digo o mesmo. — Mia sorri para o seu sogro.
Fernando se afasta e finalmente olha para Alicia, que chora
silenciosamente ao ver o pai tão de perto. Alicia solta minha mão e vai até ele
e se joga em seus braços. Alicia chora, e Fernando a abraça apertado,
morrendo de saudades. Fernando gira seus corpos e ambos sorriem, felizes.
— Minha menina. Que saudade de você, meu tesouro. — Fernando a
coloca no chão e fita minha esposa. — Meu Deus! Você continua do mesmo
jeito. Não mudou nada. Como pode?
Sorrimos e Alicia enxuga suas lágrimas.
— Você está linda, minha filha. Meu Deus, que saudade de você! —
Fernando chora silenciosamente.
— Ah, pai... estava morrendo de saudade, eu ainda estou, na verdade. —
Alicia passa suas mãos nos cabelos do seu pai. — Esperei tanto por esse dia.
Rezei tanto para esse dia chegar logo e finalmente chegou, e agora você é um
homem livre.
Fernando enxuga suas lágrimas e assente.
— Também rezei dia e noite para sair desse presídio e ficar com a minha
família. Finalmente eu sou um homem livre — Fernando fala, emocionado.
Alicia assente e Fernando olha Giovani e suspira. Ele se afasta um
pouco e prensa os lábios ao ver meu filho, que tem algumas lágrimas em seu
rosto, também emocionado.
— Você deve ser o Giovani. — Fernando morde o lábio, reprimindo o
choro. — Eu sou seu avô.
Meu filho vai até seu avô e lhe abraça apertado, vejo Alicia limpando
seu rosto, ainda chorando. Passo meu braço em seu ombro, puxando-a mais
para mim, que se aconchega em meus braços. Vejo meu filho ainda abraçado
com seu avô e isso me deixa bastante emocionado. Giovani sempre quis
conhecer o Fernando, vivia falando o tempo inteiro e agora finalmente o
conhece.
— Meu garotão. — Fernando olha Giovani. — Meu Deus... finalmente
estou diante do meu primeiro neto. Você está grande, a cópia do seu pai. Vi
você bem pequeno, com poucos meses de vida.
Meu filho sorri.
— A mamãe me mostrou uma foto que estou com o senhor no colo.
Fernando assente com um sorriso.
— Sim. Tem diversas fotos, trouxe comigo também, para me lembrar
que eu não poderia abaixar a cabeça, porque eu sabia que tinha uma família
aqui fora me esperando. — Fernando analisa meu filho. — Olhando você, eu
vejo seu pai. A semelhança é enorme, até a voz é idêntica.
— Mamãe também diz isso. — Giovani sorri e Fernando assente com
um sorriso. — Estou muito feliz em te conhecer, vô.
O queixo de Fernando fica trêmulo e lágrimas escorrem em seu rosto e
Fernando me olha emocionado.
— Ele me chamou de vô. Esperei tanto por isso. — Fernando abraça
meu filho. — Estou tão feliz em te conhecer, Giovani.
— Também estou muito feliz em conhecer o senhor. — Meu filho o
olha. — Muito mesmo, estava ansioso.
— Fico feliz por isso. Contei dias, horas... para conhecer você e voltar
para a minha família. — Fernando me olha.
Aceno com um sorriso, feliz por tê-lo de volta. Fernando respira fundo e
acaba desabando novamente e eu o abraço. Sinto seu corpo trêmulo, enquanto
chora em meus braços.
— Eu nem sei como te agradecer, Dimitri, por tudo que você fez. — Se
afasta e me olha. — Obrigado por ter cuidado da minha família, enquanto
estive fora.
— Não precisa me agradecer, Fernando. Você é meu sogro, todos aqui
são a minha família também, e eu sempre coloco a família em primeiro lugar.
Sempre. E você sabe muito bem disso. — Fernando assente. — Nunca que eu
iria deixar a Cátia e o Eric desamparados. Jamais. Fiz o que prometi a você,
cuidei de seu filho e da sua esposa. Hoje, seu filho é um dos escritores mais
famosos, além de já ter recebido diversas indicações, com milhares de livros
vendidos pelo mundo. Sua esposa tem um bom cargo na minha empresa,
cuidei para que nenhum dos dois passassem necessidades.
Fernando me olha com os olhos marejados.
— Muito obrigado, Dimitri. Muito obrigado. — Me abraça forte e se
afasta para me olhar. — Eu nem sei como te agradecer.
— Não quero seu agradecimento. Quero que a partir de agora, você seja
um homem limpo, honesto e livre. É só isso que eu quero.
— Sim, serei. — Assente, emocionado.
— Vamos para casa? — Alicia o olha.
— Esperei muito por isso. — Fernando sorri.

Assim que chegamos em minha cobertura, Fernando se ocupa em se


atualizar de tudo. Ficamos conversando a tarde inteira, sem parar. Ele estava
ansioso para saber de tudo que aconteceu nesses últimos anos. Todo mundo
se reuniu no terraço da cobertura e conversamos muito. Fernando entrou na
piscina com roupa e tudo, comemorando sua liberdade e claro, que fizemos
um pequeno churrasco para comemorarmos.
Agora, estamos todos sentados no chão, em volta da mesinha de centro
da sala, conversando, enquanto uma música baixa e suave toca. Já é noite, e
Fernando foi tomar um banho, porque estava ansioso para tomar um banho
decente e vestir uma roupa confortável. Comprei de tudo um pouco: Pizza,
hambúrguer, sushi... porque meu sogro queria comer muitas coisas e fiz sua
vontade, é claro. Minha morena está radiante, como nunca esteve. Claro, não
é? Finalmente tem seu pai todo para ela, depois de todos esses anos na
cadeia.
— Quero um exemplar do seu livro, filho. — Fernando pede, e morde
uma fatia de pizza.
— Claro que vai ter, e terá meu autógrafo. — Eric sorri e bebe seu
guaraná.
Termino de engolir o sushi e chamo a atenção de Fernando.
— Fernando, durante esses anos, conversei muito com sua filha a seu
respeito. Estava querendo saber mais sobre você e Alicia me contou muitas
coisas, inclusive, que seu sonho era se tornar arquiteto — digo.
— É. Estava me preparando para fazer a faculdade gratuita de
arquitetura quando soube que minha ex-mulher estava grávida da Alicia. —
Fernando me olha, limpando o canto da boca.
— Sim, ela me disse isso. E tive muito tempo para pensar a respeito e
tomei uma decisão. Depois de pensar muito, decidi que quando você saísse
do presídio, iria te fazer essa pergunta: você ainda quer se tornar um
arquiteto? — O olho.
Fernando suspira e me olha.
— Olha Dimitri..., eu nem sei como vai ser minha vida a partir de agora.
Sou um homem com uma ficha criminal, nem todos os lugares aceitam
pessoas com essa mancha... — O interrompo.
— Responde a minha pergunta, Fernando. Você ainda quer? — Olho em
seus olhos.
— Sim! Claro que eu quero, é o meu sonho desde moleque — responde.
Assinto e vejo Alicia me olhar com a testa franzida.
— Certo. Bom..., você agora não tem mais a vida que tinha antes. Tudo
que você teve, foi embora. — Fernando assente. — Acho que você não se
lembra, meus pais são donos de uma empresa de arquitetura, com escritórios
espalhados em vários lugares: tem aqui no Rio, Los Angeles, Milão, Paris,
Nova York e agora no Canadá. Falei com eles dias depois quando soube do
seu sonho, e eles vão aceitar você na empresa deles se você cursar a
faculdade de arquitetura.
Fernando pisca os olhos, surpreso.
— A faculdade paga por mim, é claro — digo.
— O quê? — Alicia me olha, emocionada.
— Minha nossa... e-eu nem s-sei o que dizer. — Fernando me olha, com
os olhos marejados.
— Só aceite. Você não está velho e nunca é tarde para fazer o que gosta.
A faculdade será paga por mim e quando concluir, seu trabalho está mais que
garantido na empresa dos meus pais.
Fernando enxuga suas lágrimas, bastante emocionado e me olha.
— Meu Deus! Arquitetura... sempre foi meu sonho! — sussurra.
— Essa é a sua oportunidade de recomeçar, Fernando. Você vai escolher
onde quer cursar e vou custear tudo, só foque em estudar e aprender tudo
relacionado ao curso que quando sair, vai trabalhar na melhor empresa de
arquitetura moderna. — O olho com um sorriso.
Fernando se levanta da cadeira e vem até mim. Me levanto e ele me
abraça forte, agradecendo diversas vezes.
— Eu nem sei como te agradecer, Dimitri. — Me olha, emocionado. —
Você fez tanto por mim..., mas eu não quero te dar mais...
— Fernando, só aceite. — O olho. — Por favor. Se não for por mim,
pelos seus filhos, sua esposa e seu neto.
Fernando suspira.
— Eu aceito. Mas só se eu devolver todo o dinheiro gasto na faculdade
quando eu estiver trabalhando. — Faço menção de abrir a boca, mas ele é
mais rápido. — Por favor. Não quero te dar esse prejuízo.
Maneio cabeça e assinto.
— Feito. — Sorrio.
Fernando me abraça mais uma vez e vai até o pessoal para comemorar.
Sorrio e vejo Alicia vindo até mim, com os olhos marejados. Abro meus
braços e ela me abraça, ficando na ponta dos pés.
— Obrigada, meu amor. Obrigada mesmo por isso — sussurra em meu
ouvido. — Eu te amo tanto!
— Eu amo você, minha morena. — Beijo seu ombro. — Muito mesmo.
Me afasto um pouco e beijo seus lábios. Sorrimos e vejo meu filho
vindo até mim com um sorriso e me abraça, emocionado. Giovani se afasta e
me olha com seus olhos azuis, iguais aos meus.
— Te admiro demais, pai. Muito mesmo. Quero ser igual ao senhor
quando eu crescer. — Giovani sorri para mim.
Meu peito se enche de alegria e meus olhos ardem.
— Você será melhor do que eu, Giovani Albuquerque D’Saints. Eu
quero que você seja melhor do que eu, meu filho.

“Estou em paz.
A felicidade mal cabe dentro de mim.
Pensei que nunca encontraria uma mulher para passar o resto da vida ao
meu lado e construir uma família.
Eu achei!
Minha família é perfeita. Não troco por nada, são tudo para mim.
Agora vem uma nova geração.
Os Herdeiros D’Saints.”

Fim!
Dominic | Trilogia D’Saints - Livro I

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Valentina Mendes, uma moça dedicada e estudiosa, estudante de
fisioterapia, mora com sua tia em um dos morros mais perigosos do Rio de
Janeiro. Perdeu seus pais ainda jovem, o que a levou a abrir mão da sua
juventude para trabalhar e ter o que comer. Sempre dedicada e trabalhadora,
sempre se esforçou para conciliar trabalho, faculdade e cuidar da sua filha,
que foi gerada em um relacionamento que não teve futuro. Dominic D'Saints,
o irmão mais velho dos trigêmeos, um italiano sexy, cafajeste e bonito,
chama atenção por onde passa. Bilionário e de uma aparência de um deus
grego, as mulheres se jogam em seus braços, para garantir apenas uma noite.
Em uma viagem ao Rio de Janeiro, para abrir a nova filial da Vintage
Essence, uma das empresas de perfumes mais lucrativas, ele procura uma
mulher que se enquadre nos padrões exigidos para ser a garota propaganda do
lançamento do novo perfume, e Valentina é uma das selecionadas na seleção
para garota propaganda da Vintage Essence. Quando bate seus olhos em
Valentina, sua vida muda completamente. Aqueles lindos olhos ímpares, faz
com que seu coração bata mais forte e uma vontade imensa de tê-la por perto,
aflora. Dominic é um homem que sabe o que quer, e ele a quer.
Um D’Saints não é de desistir facilmente, e Dominic fará de tudo para ter
Valentina o mais perto possível.
Será que Valentina vai ceder aos encantos de Dominic?

Demétrio | Trilogia D’Saints – Livro II


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Manuela Peterson, uma moça gentil e sonhadora, uma modelo que está no
ramo desde pequena, hoje, faz muito sucesso nas passarelas das maiores lojas
de grifes. Sempre esteve com um sorriso no rosto, até se relacionar com seu
atual namorado, um abusador, que não a deixa fazer o que mais gosta,
desfilar. Manuela não tem forças para sair desse relacionamento conturbado,
que só a desgasta a cada dia psicologicamente e fisicamente, até Demétrio
D'Saints aparecer, e ocupar seus pensamentos e tudo mudar.
Demétrio D'Saints, o gêmeo do meio dos trigêmeos, é o mais observador e
sensato, quando quer. Leva uma vida de solteiro muito bem, obrigado, e se
sente confortável em ter sexo casual, sem compromisso algum. Junto com
seus outros gêmeos, fundaram uma das empresas mais lucrativas de Milão,
com suas fragrâncias únicas e exclusivas.
Os trigêmeos D'Saints são conhecidos pelo mundo dos negócios e pelas
revistas de fofocas. Apesar da vida de solteiro que vive, pensa em um
relacionamento sério, e quando bate seus olhos em Manuela, sabe que ela é a
mulher certa.

Me Apaixonei Por Um CEO


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Katherine Madison, uma moça gentil e educada, que morava na
Califórnia, gosta de todos ao seu redor, mas se envolveu com a pessoa errada.
Após esse relacionamento, teve certas consequências em sua vida, deixando
tudo para trás. Foi embora para New York, tentar recomeçar sua vida, lá ela
consegue o emprego dos sonhos. Alguns anos trabalhando nessa empresa, o
CEO da empresa se aposenta, e é seu filho mais velho quem assume o cargo,
e Katherine sente uma forte atração por ele. Gabriel Griffin, um homem
extremamente atraente e sexy, chama atenção por onde passa, um dos
bilionários solteiros mais cobiçado de New York, sente uma forte atração por
Katherine.
Katherine quer estar longe desse tipo, não quer seu coração quebrado
mais uma vez.
Gabriel, consegue tudo o que quer, e ele a quer de qualquer forma.
Tudo que um Griffin quer, ele consegue.
Contato de Autora

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Agradecimentos
Quero agradecer primeiramente a Deus, ao meu esposo, minha mãe,
minha amiga, família, amigos, parceiras e betas, e claro, aos meus leitores.
Não posso deixar de fora Carina Barreira, que revisou essa trilogia, que ficou
impecável.
Finalmente consegui concluir a Trilogia D’Saints, mas com uma dor
enorme no coração. Me apeguei demais a esses trigêmeos. Foram muitas
noites em claro escrevendo, pensando no que colocar nos livros para eles
estarem perfeitos para vocês. Escrever a trilogia não foi fácil, teve muitas
situações que foram reais, e por isso, precisei de todo o meu autocontrole.
Senti coisas que já fazia um bom tempo que não sentia.
A Trilogia D’Saints traz temas reais: relacionamento abusivo, crises de
ansiedade, pai idiota que resolveu voltar..., tudo isso e muito mais são fatos
verídicos.
Escrever um livro não é fácil, principalmente quando a autora passou
por quase tudo que foi descrito no livro. Por mais que sejam situações
passadas, é ruim ter que relembrar e reviver aquelas mesmas situações para
poder descrever e pôr no livro. Esses trigêmeos têm meu coração.
É realmente difícil. Antes de publicar na Amazon, eu achava fácil
escrever um livro, mero engano. Depois que comecei a colocar na Amazon,
vi o tamanho da responsabilidade, e ela é grande. Além de escrever, você tem
que estudar cidades, comidas típicas, clima..., tudo para poder entregar algo
certo para vocês. E eu gosto de fazer isso. Amo escrever.
Agora vem uma nova geração que estou ansiosa demais para escrever,
que são os Herdeiros D’Saints.
Agradeço demais a quem leu, avaliou e gostou dos meus livros, é
importante demais. Fiquei surpresa pela quantidade de pessoas que vieram
até mim, dizer que amou os livros. Confesso que até chorei, de tanta emoção.
Sou uma autora nova, escrevo há 3 anos, mas profissionalmente só há alguns
meses. Quero escrever mais livros incríveis para vocês lerem e gostarem.
Muito obrigada, amores! De verdade.
Que venha a geração Os Herdeiros D’Saints.
[i] Irmão;
[ii] Morena;
[iii] Boa tarde. Olá. (Francês);
[iv] Bom dia. Olá. Oi. (Francês);
[v] Obrigado (a);
[vi] Adeus (Francês);
[vii] Porra. Merda. Caralho;
[viii] Primos;
[ix] Prima;
[x] Eu não mereço isso;
[xi] Mulher;
[xii] Menina;
[xiii] Mas que porra!
[xiv] Está bem.

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