Dimitri - Trilogia DSaints
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1ª Edição
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Prólogo
Saio da minha sala após uma manhã cheia de trabalho, e me deparo com
um homem lindo, vestido de terno, conversando com Morgana. Morgana me
olha e acena para eu ir até eles.
— Alicia, esse aqui é Benjamin. Ben essa é Alicia, nossa gerente de
mídias sociais. — Morgana nos apresenta.
O rapaz de olhos verdes me fita, com um sorriso nos lábios. Seus
cabelos castanhos claros e perfeitamente penteados, um par de óculos de
grau, que sinceramente, o deixou mais lindo do que já é. Sua barba ralinha
escura, e bem aparada fica perfeita em seu rosto. Ele abre um sorriso bem
bonito, capaz de deixar qualquer mulher balançada. Benjamin é muito lindo,
alto e forte. Uma postura séria que o deixa sexy e atraente.
— Bem-vinda, Alicia — fala em inglês.
Ele estende sua mão e a aperto. Converso com ele em inglês.
— Muito obrigada! — Sorrio e ele abre um sorriso de lado, mostrando
seus dentes brancos. — Você trabalha aqui?
— Sim. Sou o advogado — responde. — Os meninos me falaram que
você trabalhou na filial do Rio de Janeiro.
— Sim. Trabalhei por lá, e no final do ano passado eles fizeram uma
proposta irrecusável para eu vir trabalhar aqui. — Ele assente.
— Você foi na sede quando era em Milão? — pergunta, apoiando seu
cotovelo no balcão de Morgana, sem tirar os olhos de mim.
— Só passei pela frente, mas não entrei — digo.
— Aqui com certeza é melhor do que lá. — Bem sorriu.
— Está gostando de trabalhar aqui? — Morgana me olha.
— Só faz cinco dias, e está sendo os melhores dias de trabalho que eu já
tive. — Minto, pensando rapidamente em Dimitri com a loira em seu
escritório. — Confesso que trabalhar aqui, está sendo melhor do que no Rio.
— Você vai adorar trabalhar aqui. — Benjamin sorri e olha seu relógio
no pulso. — Preciso ir. Vamos almoçar juntos? Eu sempre almoço com
Morgana, você pode vir conosco.
— Vou sim — respondo, com um sorriso. — Morgana me chama,
quando for a hora.
— Perfeito. — Benjamin se aproxima de mim e beija minha bochecha,
segurando minha cintura, dando um leve aperto. Uau. — Foi bom te
conhecer, Alicia. — Pisca o olho e se afasta, indo embora.
Sorrio e o vejo indo embora, meneando a cabeça, vendo sua bunda na
calça social. Que coisa linda...
— Viu como ele te olhou? — Morgana cochicha, quando passa algumas
pessoas pelo corredor.
— Como? — Sacudo a cabeça e a fito.
— Com certeza ele te achou bonita. Claro que você é bonita, mas ele
não parava de te olhar. — Apoia os braços no balcão.
— Ele estava falando comigo, né, Morgana — respondo e bebo minha
água.
— Você se faz de sonsa. — Morgana cerra os olhos, com um sorriso. —
Pode admitir, Benjamin é lindo, não é?
— Sim. Muito lindo. Ele realmente é lindo. — Sorrimos.
— Quem é lindo? — Escuto a voz de Dimitri.
Viro meu corpo, apoiando meu braço no balcão de Morgana e vejo
Dimitri me olhando muito sério, com cara de poucos amigos.
— Dimitri, estamos no intervalo, por isso estamos conversando —
Morgana fala.
Dimitri assente e volta seu olhar para mim.
— Então, quem é bonito? — Coloca as mãos nos bolsos e mantém seus
olhos azuis em mim.
— Benjamin — respondo com um sorriso. — Ele me chamou para
almoçar com ele e Morgana.
Ele fecha mais ainda a cara.
— E você vai almoçar com ele? — Trinca os dentes.
— Ué, claro que vou. — Dou de ombros. — Meu colega de trabalho,
vou adorar conhecê-lo. Sem contar que, estou bastante interessada. Benjamin
é muito legal, e supersimpático.
Ele trinca o maxilar e prensa os lábios.
— Bom almoço, então. — Se vira e vai embora, indo em direção ao
elevador.
Acompanho seu andar e ele entra no elevador e se vira, me olhando.
Dimitri aperta o botão do elevador e antes que as portas se fechem, dou um
aceno e um sorriso falso. Idiota. Estúpido.
— O que ele tem? — Morgana me olha.
— Falta do que fazer. — Dou de ombros.
Passo a mão no rosto, totalmente frustrado com toda essa merda, entre
mim e Alicia. Por que ela está se fazendo de difícil? Era tão fácil antes, era só
eu ligar, e tudo estava certo. Tudo entre a gente era intenso e gostoso demais,
era o encaixe perfeito. Tínhamos uma química, que muitos casais não têm,
era algo surreal. Uma mulher nunca me recusou, nunca me rejeitou, e eu vou
saber o motivo de toda essa merda. Ah, se vou.
Analiso alguns documentos, quando Morgana avisa que Benjamin quer
entregar alguns documentos para mim. Me encosto na cadeira, vendo-o entrar
em minha sala. Ele anda até minha mesa e deixa uma pasta.
— Aqui está o documento que me pediu, Dimitri — fala.
Assinto e pego o envelope. Retiro alguns papéis de dentro e começo a
analisá-los.
— Oh, Dimitri, para de me tratar desse jeito. — Escuto-o falar.
Coloco os papéis em cima da mesa, e olho para ele.
— De que jeito? — pergunto, ficando irritado.
Ele senta na cadeira e suspira.
— Olha, a gente sempre se deu super bem, não vamos ficar estranhos
por causa da mesma mulher — fala.
— Na qual esteve comigo — digo entre os dentes.
— Você falou certo, Dimitri, esteve, não está mais. — Me olha.
— Você é um fura olho do caralho. — Aponto para ele, irritado.
— Eu sou um fura olho? Você nem está mais com ela, Dimitri. — Faz
gestos com as mãos. — E eu nem sabia que você tinha ficado com ela. Soube
quando fui até a casa de Dominic, foi quando eu percebi tudo, e ela me
contou.
— Contou o quê? — pergunto.
— Que vocês já tiveram algo, apenas sexo — responde.
— Ah, Benjamin, o que tivemos foi mais do que sexo. Você não sabe de
nada — digo impaciente.
— Posso não saber de tudo, mas o que eu sei é que ela não te quer mais.
— Me olha.
— Ela me quer, sim. Só está confusa — murmuro.
— Alicia não está confusa, Dimitri. Ela apenas sabe que foi apenas mais
uma para você. — Aponta para mim.
— Ela não foi mais uma para mim, ela sabe disso — falo, entredentes.
— Se ela soubesse, com certeza ela estaria com você, agora. — Se
levanta da cadeira.
— Fique longe dela, Benjamin. — Me levanto, apontando o dedo para
ele.
— Vai fazer o que se eu não me afastar dela? — me desafia.
— Não será nada bom. — Trinco o maxilar.
— Cara, deixa de ser ridículo. Isso não é uma competição, Dimitri.
— É, sim! — afirmo.
— Não é, não! Não para mim — fala sério. — Você já teve sua vez.
— Agora a vez é sua? — Dou um sorriso, irônico.
— É! E eu vou fazer o que você não fez — diz.
Em milésimos de segundos agarro seu colarinho e o prenso na parede.
— Vai fazer o que, seu idiota? — Rosno.
— Dá valor a ela, uma coisa que você não foi capaz de fazer — fala sem
fôlego. — Vou amá-la, valorizá-la. Ela merece mais do que isso. Não um
playboyzinho como você, que adora ter mulheres aos seus pés na hora que
você quiser.
— Você está brincando com a sorte. — Rosno. — Posso te demitir.
— Ah, é? Me demite. Será que seus irmãos vão concordar com isso? Eu
acho que não. — Tosse quando aperto mais seu colarinho. — Isso com
certeza não é um motivo plausível para eu ser demitido. Eu sou um ótimo
advogado, nunca deixei nenhum de vocês na mão.
Respiro fundo e largo seu colarinho, me afastando dele. Passo a mão no
rosto, sentindo meu sangue ferver.
— Dimitri, eu sou seu amigo, porra. Que caralho está acontecendo? —
Ele se exalta. — Eu não sou seu inimigo.
O olho sentindo a raiva se esvair em todo meu corpo. Eu não consigo
pensar ou me sentir conformado ao saber que Alicia está com outro, ao invés
de mim.
— Você a ama. — Me olha.
— Não — respondo.
— Você a ama, sim. E isso te apavora. — Seus olhos verdes me fitam.
— Você não quer amá-la, porque se você amar Alicia, sua vida de solteiro
vai acabar e ficará preso a uma só mulher.
Passo a mão no rosto.
— É difícil não a amar — murmura.
— Você a ama? — Meneio a cabeça, sentindo meu sangue ferver.
— Tenho sentimento mais forte por ela, mais que amizade — ele
responde. — E vou fazer de tudo por ela.
— Você realmente não tem amor à sua vida, não é? — falo, entredentes.
— Fique longe de Alicia.
— Eu ficarei longe dela, se ela chegar até mim e dizer para me manter
distante. Do contrário, a farei se apaixonar por mim. — Meu sangue ferve. —
Se você não a quer, fique longe dela. Ela já sofreu demais por você, não
merece continuar sofrendo por alguém que só a quer na cama.
— Ela vai ficar comigo! — Praticamente grito.
— Bom, ela terá que escolher, não é? Mas antes disso, farei de tudo por
ela. — Me olha, sério.
— Vamos ver com quem ela vai ficar. — Sorrio, com raiva.
Ele anda até a porta, mas antes de sair, diz:
— Alicia não é um troféu, ou uma conquista, Dimitri, ela é uma mulher
que merece ter um homem que a valorize. E se você quiser realmente ficar
com ela, terá que mudar seu estilo de vida e rever seus conceitos, porque a
verdade, Dimitri... — Ele me olha sério. — É que você não merece Alicia.
Benjamin sai da minha sala e solto um grito alto, passando minhas mãos
pela minha mesa derrubando tudo pelo chão, sem me importar se quebrou
algo. Porra! Mil vezes porra!
Rapidamente paro, ofegante, e paraliso no lugar. Porra! Eu a amo. Como
não percebi isso antes?
Puta que pariu, Dimitri! Você é um tapado de merda, que merece uma
surra. Parabéns, seu idiota! Você fodeu com tudo. Meu inconsciente zomba
de mim, esse filho da puta.
Eu poderia me socar agora mesmo, eu mereço. Mereço qualquer castigo
por ter feito Alicia sofrer por minha causa. Caio na cadeira, ainda
processando tudo. Que merda cara. Eu sou completamente idiota. Burro.
Retardado. Aquele sorriso dela, aquele olhar... nossa, eu a amo. E isso agora
está me consumindo. Minha consciência agora está pesada. Porra, como eu
tratei aquela mulher como uma segunda opção? Como não a tratei como
merecia? Simplesmente, a tratei como tratei todas as mulheres que não tinha
compromisso, e meu erro foi esse. Não ver o mulherão que estava ao meu
lado.
Meu Deus! Ela sentia o cheiro de outras mulheres em mim, via manchas
de batom, conversas no celular...? Meu Deus, o que Alicia passou ao meu
lado foi... ai, minha nossa. Como eu fui capaz de fazer isso? Estava tão
empenhado em não me apaixonar por ela, que acabei fazendo merda. Estou
me sentindo o pior cabra safado que existe nesse mundo. Me sinto um lixo,
um idiota por ter feito isso com ela.
Minha consciência pesa, e não é nada leve. É um peso gigante que está
sobre mim e isso está me deixando em um desespero enorme. Eu preciso
fazer alguma coisa, para ontem. Com urgência. De imediato. Eu não posso
deixar Alicia se envolver com o Benjamin, não que ele seja um homem ruim,
ele é um rapaz bom, honesto e respeitador, ao contrário de mim. Alicia tem
que ficar comigo, nascemos para ficarmos juntos. Descobri isso um pouco
tarde e posso recuperar tudo antes que eu a perca de vez. Não posso vacilar.
Tenho que mudar meu estilo de vida para poder ficar exclusivamente com
ela. Estou disposto a abrir mão da minha vida de solteiro para ficar apenas
com ela. Eu sei que vou precisar lutar, Alicia é uma mulher forte e decidida.
Não vai ser fácil, mas não vou deixar de lutar até ela estar ao meu lado, me
amando.
Toda vez que vou até à copa, vejo Alicia e Benjamin conversando aos
risos, e meu sangue ferve. Me sinto incomodado toda vez que a vejo saindo
toda bonita da casa do meu irmão, para sair com ele. Isso tudo está me
deixando angustiado, mal-humorado e irritado.
Era para ela estar comigo, sair comigo, aquele sorriso que preenche meu
peito, era para ser para mim, e não para ele. E, por que não é? Porque eu sou
um idiota que não soube valorizar o mulherão que estava ao meu lado.
Benjamin estava certo em tudo que falou. Eu fui um idiota com ela, e quero
fazer o certo agora.
Antes que eu possa tomar qualquer atitude, meus irmãos entram em meu
escritório e sentam.
— Que bagunça é essa nesse escritório? Passou algum tornado aqui? —
Dominic me olha.
Vejo vários papéis jogados no chão, o computador com a tela quebrada,
também no chão... a fúria que tive há poucos minutos foi grande.
— Alguma novidade sobre a loja em Londres? — Mudo de assunto e
olho para eles.
Meus irmãos me olham, desconfiados, mas resolvem não falar sobre.
— Talvez você tenha que ir — Demétrio fala. — Não posso ir, Manuela
pode entrar em trabalho de parto a qualquer momento.
— E eu tenho que ficar para dar suporte à dona Flor, que fará a cirurgia
amanhã. — Dominic meneia a cabeça.
— Ela vai mesmo fazer a cirurgia? — O olho.
— Vai. Valentina tem que ir para a clínica, mas ela vai sair mais cedo
todos os dias. E eu ficarei trabalhando em casa, só vou vir aqui quando for
algo bastante necessário — Dom avisa.
— Deu artrose mesmo? — pergunto a Dom.
— Foi feita uma radiografia e uma ressonância, e Valentina disse que
deu osteoartrose ou gonartrose. Ambos se referem ao desgaste da cartilagem
do joelho. — Assinto, compreendendo. — Após a cirurgia, ela vai fazer
fisioterapia com a Valentina, na clínica, fará uma dieta para perda de peso e
praticar exercícios físicos.
— E ela já se decidiu sobre morar aqui? — Demétrio pergunta.
— Já está tudo certo. Nessa próxima semana Valentina vai até o Rio,
buscar as coisas dela. Já falei com Tavares sobre o apartamento, para ser
vendido, enquanto Valentina resolve sobre as contas. Vai ficar na cobertura
por uma semana, enquanto resolve tudo isso — Dom explica.
— Ah, sim. — Assinto.
— Alicia se ofereceu para cuidar de Lorena junto com Clarisse,
enquanto eu cuido de dona Flor. — Ele nos olha. — Se vocês concordarem,
Alicia pode trabalhar de casa.
— Claro! Dona Flor precisa de alguém com ela o tempo todo para se
locomover, e Alicia para ajudá-la no banho. E também tem Lorena — digo.
— É. Valentina queria levar Lorena para não dar tanto trabalho, mas ela
vai entrar em semana de provas. Então está fora de cogitação — Dom fala.
— Por mim, ela trabalha em casa. — Dou de ombros. — Coloca tudo no
MacBook, e à noite ela nos avisa qualquer problema.
— Pois é. E dona Flor, vai querer ir ao baile? — Demétrio pergunta.
— Ela quer ir, por isso adiantamos a cirurgia para amanhã. Ela ficará
com os pontos por alguns dias e repouso absoluto. Já contratei uma
enfermeira para qualquer circunstância, e ela ficará boa a tempo de ir ao baile
— Dom responde.
— É bom uma mesa perto para ela, assim não anda muito — digo.
— Sim. Pensei nisso, mais tarde falarei com Valentina sobre esses
detalhes — Dominic murmura. — Acho que vou embora. Dona Flor vai para
a clínica amanhã logo cedo, vou ver o que precisa.
Saio da minha sala, e dou de cara com Dimitri saindo de sua sala, junto
com seus irmãos. Seus olhos azuis me fitam, e sinto meu coração acelerar.
Toda vez é isso. Preciso esquecer Dimitri, preciso seguir em frente
— Eu já ia na sua sala. — Dominic se aproxima. — Estou indo para
casa arrumar as coisas com Valentina para a cirurgia de amanhã da dona Flor.
— Han... Você quer que eu vá agora também? — pergunto.
— Você pode levar tudo que precisa para casa, e trabalhar por lá — diz.
— Então vou recolher as coisas. Acho que vou precisar de umas duas
caixas de papelão e consigo colocar todos os papéis e outras coisas que vou
precisar — digo.
— Eu consigo as caixas — Dimitri diz.
— Obrigada. — Agradeço, com um sorriso.
Ele assente e se retira.
— Preciso ir, Manuela tem uma consulta — Demétrio avisa. —
Qualquer coisa vocês me avisam.
Ele se despede de nós e sai do corredor indo até o elevador. Dom avisa
que me esperará lá embaixo e eu resolvo ir para minha sala, começar a
organizar tudo. Escuto alguém bater na porta. Vou até ela e a abro.
— Oi! — Benjamin sorri. — Queria te ver, antes de você passar um
tempo fora da empresa. — Ele entra na sala.
Fecho a porta e ele para no meio da sala.
— Hoje eu vou sair mais cedo, e só volto para a empresa em duas
semanas. — Ando até minha mesa.
— Eu quero te fazer um convite. — Escuto-o falar.
Levanto meu rosto, e o olho. Benjamin é tão lindo, chama muita
atenção. Seus cabelos castanhos cor de chocolate perfeitamente penteados,
combinam com seus olhos verdes. O charme a mais são os óculos de grau,
que o deixam mais lindo. Lembro-me bem do seu porte físico quando foi à
casa de Dominic para o churrasco. Sua camisa de gola V mostrou bem que
ele pratica exercícios físicos, e os braços tatuados.
— Pode fazer. — Dou um sorriso de lado.
Ele coloca as mãos nos bolsos da calça social e me fita, prensando os
lábios.
— É... quero te convidar para jantar, de novo. — Sorri de lado.
— Quando? — pergunto, largando os papéis em cima da mesa.
— Quando você quiser, e estiver disponível — fala.
— Bom, eu só vou poder sair mesmo, quando tia Flor estiver melhor.
Mas eu aceito seu convite para jantarmos. — Sorrio.
Ele assente, sorrindo. Benjamin olha o vaso e me olha.
— Ganhou? — Aponta para as flores.
Contorno a mesa e o olho.
— Então..., eu pensei que você tinha me dado. — Ele franze a testa. —
Semana passada um entregador de uma floricultura aqui perto, mandou me
entregar. E foi anônimo.
Ele coça a barba.
— Eu não mandei essas flores. Não faria sentido fazer isso, eu mesmo
poderia te dar, sem rodeios. — Dá de ombros. — Não foi o Dimitri?
— Aquele idiota? Ele não dá flores — murmuro.
Ele assente, me analisando. Viro meu corpo e começo a arrumar minhas
coisas em cima da mesa.
— Então quem poderia ter sido? — pergunta, se aproximando.
— Não sei quem foi — respondo.
— Alicia, eu consegui... — Dimitri para na porta e nos fita.
Dimitri olha para Benjamin e me fita, bastante sério. Vejo o quanto
Benjamin fica desconfortável e me olha.
— A gente vai se falando por mensagens. — Benjamin se aproxima e
beija minha bochecha.
Dou um sorriso para ele e o vejo cumprimentar Dimitri apenas com um
aceno e sai da minha sala. Termino de arrumar minhas coisas em cima da
mesa, e sinto Dimitri se aproximar e ficar ao meu lado. Ele põe as duas caixas
grandes de papelão em cima da mesa. Encaixotamos todas as minhas coisas,
eu só vou levar o que realmente preciso. Depois de tudo encaixotado,
descemos para o hall do prédio e encontramos Dominic me esperando. Ele
retira o telefone do bolso e atende.
— Oi, meu anjo, já estou saindo, e Alicia vai comigo. — Faz uma pausa
e sua feição muda completamente, para uma extremamente preocupada. —
Cazzo! [vii]Tudo bem. Vamos resolver isso quando eu chegar. — Outra pausa.
— Sem estresse, meu anjo. Em poucos minutos eu chego.
— O que houve? — Dimitri pergunta.
— Quando chegar em casa você vai saber o problema que nos espera —
Dom diz, sério.
Após chegarmos em casa e Dimitri colocar as caixas próximas da
escada. Uma mulher loira de olhos azuis se levanta do sofá, parecendo uma
perua de tão vulgar que essa mulher é. Ela anda até nós, pisando com seus
saltos agulha no piso de madeira, mascando chiclete, totalmente debochada.
Ela me olha de cima a baixo, e volta seu olhar para os trigêmeos que estão
atrás de mim e abre um largo sorriso.
— Olá, cuginetti[viii]. Estava com saudades de vocês.
Capítulo 10
Fito o teto deitado no sofá, com Alicia deitada em meu peito, ainda nus,
após transarmos no sofá. Acaricio seu ombro, vendo nossas pernas cruzadas.
— Seu coração está batendo forte — murmura.
Aliso seus cabelos e dou um beijo em sua cabeça. Alicia levanta seu
rosto, e me fita com seus olhos escuros. Retiro alguns fios de cabelos do seu
rosto, me dando uma visão perfeita dela. Alicia é muito linda. Ela apoia seu
queixo em meu peito e acaricia minha barba.
— Alicia, naquele dia que você me disse sobre ter cuidado com o que eu
falo... — Ela meneia a cabeça. — Como era sua vida com seus pais?
Ela prensa os lábios e coloca algumas mexas de cabelo atrás da orelha.
— Era complicado. Meu pai era o braço direito do traficante do morro
— suspira —, e minha mãe, era uma desempregada, que adorava ganhar as
coisas do meu pai. Meu pai nunca quis saber de trabalhar, a vida dele foi no
morro e no tráfico. Meu pai sempre gostou de ter as coisas fáceis, e minha
mãe de ganhar coisas boas, sem precisar trabalhar. — Me olha. — Eu sempre
discutia isso com ela, pedia para ela arrumar um trabalho digno e se sustentar,
mas meu pai negava, dizendo que ela não precisava, porque ele já dava de
tudo para nós.
— E você? — Acaricio suas costas.
— Nunca quis nada, até poder sair para trabalhar. Quando eu era nova,
tudo que eu tive veio do dinheiro do tráfico. Mas a partir do momento que
percebi que podia me virar, eu não quis mais nada. — Faz uma pausa. — Eu
comecei com manicure antes dos meus dezoito anos. Pedi dinheiro
emprestado aos pais de Valentina e a tia Flor, para comprar os materiais e
começar aos poucos. Comecei a fazer as unhas de muitas mulheres do morro,
aos poucos fui comprando itens de cabelo, depilação... e assim foi. —
Assinto. — Sempre fui estudiosa, e todo dia eu tirava um tempo de duas
horas para estudar.
Ela se levanta e fica sentada no sofá, puxa meu blazer para cobrir sua
nudez.
— Um dia, meu pai brigou comigo, dizendo que eu não precisava
trabalhar, e eu rebati. Minha mãe sempre ficou calada, concordava com tudo
que ele dizia. Nesse dia ele gritou comigo, quebrou todas as minhas coisas
para eu não trabalhar antes do tempo, e minha mãe ficou lixando as unhas,
sentada no sofá. — Ela desvia seu olhar do meu, e fita o chão. — Nesse dia
eu explodi, gritei, falei que iria sair de casa, ficar longe deles e do tráfico.
Ela solta um soluço, e me aproximo, me sentando ao seu lado. Retiro
seus cabelos dos ombros, para poder olhá-la.
— Eu tinha feito minhas malas, com as poucas coisas que eu tinha, para
ir embora, sem rumo algum, eu só queria ficar longe de tudo aquilo que me
fazia mal. — Enxuga as lágrimas. — Meu pai logo saiu de casa, para resolver
alguns problemas, apenas ficando eu e minha mãe. Ao chegar na sala, ela
nem se manifestou ao me ver pronta para ir embora. Ela nunca demonstrou
nada por mim, não seria nesse dia que seria diferente. Chorei, implorei para
ela ir comigo, mas ela recusou, alegando que não queria ter uma vida
miserável ao meu lado.
Lágrimas caem em seu rosto, e eu as limpo com meu polegar.
— Isso me magoou tanto, que eu tive certeza de que ela nunca me
considerou como filha. Ela nunca sentiu amor materno por mim, e aquilo me
causou raiva. — Ela suspira, com o queixo trêmulo. — Então eu desejei sua
morte, gritei, berrei falando isso, e foi aí que ela começou a discutir comigo.
Arrastei minhas malas para fora de casa, escutando-a gritar comigo. Foi
quando tudo aconteceu, estava tendo troca de tiros no morro, e um dos tiros a
acertou.
Ela desaba em meus braços e eu a conforto, sentindo um aperto grande
em meu peito, por ela estar assim.
— Eu desmoronei, o arrependimento bateu na hora, e implorei para ela
viver, mas foi em vão, ela morreu em meus braços, toda suja de sangue. —
Chora descontroladamente em meus braços. — E eu não pude fazer nada por
ela.
Beijo sua cabeça, sentindo-a me apertar.
— Dois dias depois do enterro dela, meu pai estava sendo procurado
pela polícia federal. Quando cheguei em casa, ele tinha ido embora, deixando
apenas um bilhete, que um dia ele iria voltar, para ser o pai que nunca foi.
Ela suspira, ainda abraçada a mim.
— E até hoje ele nunca me procurou. — Ela se afasta e me olha, com os
olhos vermelhos. — Nunca recebi uma ligação, uma carta. Nada. E não
espero nada, a partir daquele dia eu não quis mais saber dele. Tive o apoio
dos pais de Valentina, que na época ainda eram vivos, e me acolheram. Me
deram tudo que eu precisava, mesmo sem ter muitas condições.
— Você não tem interesse de saber como ele está? — A olho, colocando
seus cabelos para trás.
— Não. Não tenho interesse algum. Ele me abandonou na hora que mais
precisei dele. Ele poderia ter feito uma coisa, ter se entregado para a policial
federal, mas ele não fez. E não sei se depois disso ele se entregou, porque eu
não tenho notícias e nem quero — responde, enxugando suas lágrimas.
— Eu sinto muito, Alicia. Por tudo isso que você passou. — Ela me
olha.
— Eu consegui viver, me virar para ter meus trocados, mas eu nunca
quis ceder ao tráfico. Nunca quis essa vida para mim. — Suspira.
Capítulo 13
Saio da cozinha, após beber água e comer uma fruta. Coloco meus fones
Bluetooth e ao chegar na sala, vejo Dominic entrando pela porta que dá
acesso ao jardim, com roupa de ginástica. Ele me olha e vem até mim.
— Bom dia! Vai correr? — pergunta.
Assinto e termino de descer as escadas.
— Sim. Você já correu? — Me aproximo dele.
— Já. Mudou o horário? — Me olha.
— Ah, é, vou dar uma testada essa semana, para ver como me saio
correndo de manhã cedo e trabalhar depois — digo.
— Muito bom. Me dá mais energia para enfrentar o trabalho e os
problemas. — Sorri.
— Vou ver como me saio. — Sorrio.
— Quer companhia? Eu aguento correr de novo, e ainda está bem cedo.
Valentina e Lorena ainda dormem. Posso ir, se quiser — sugere.
Dou de ombros.
— Vamos, então. — Ele assente.
Deixo meus fones no sofá e saímos da sua casa e começamos a correr
por dentro do condomínio, que é muito grande. Enorme, na verdade.
— Então, quer conversar? — Dominic puxa assunto.
— Sobre? — O olho.
— Você e o Dimitri. — Respiro fundo um pouco ofegante.
— Dimitri quer tentar me reconquistar, mas não estou criando
esperanças — digo.
— Aham! Ele conversou comigo a respeito — diz.
— Foi? — Ele assente, ofegante.
— É, ele conversou. Alicia, eu vou ser bem sincero com você. Já temos
uma certa intimidade, e podemos falar qualquer coisa um com o outro. —
Assinto, em concordância. — Dimitri é um idiota, eu disse isso a ele. Disse
que ele está perdendo uma grande mulher. Dimitri está vacilando muito. Ele
nunca foi de namorar, sempre foi centrado no que queria, e era apenas sexo.
— Sim. Todas as vezes ele deixou isso claro — digo, magoada.
— Vejo o quanto as atitudes do meu irmão lhe fizeram mal. — Dominic
para de correr e ficamos ofegantes, por nosso pequeno intervalo. — Alicia, se
Dimitri fizer mais alguma merda, pode me dizer, que eu mesmo falarei com
ele.
— Você já tem problemas demais para resolver, Dominic. Não precisa
se envolver nisso. — Toco seu braço.
— Eu preciso me envolver, Alicia. Você é a melhor amiga da minha
mulher, a tem como irmã e minha filha como sobrinha, claro que preciso me
envolver. Você não é apenas amiga de Valentina, você já é parte da família, e
Dimitri precisa parar de fazer merda. Sou irmão dele, mas se for preciso dar
uns esporros nele para acordar, eu dou. Você não merece ser tratada dessa
forma por ele. — Suspiro e coloco as mãos na cintura.
— Bom, temos que ver como ele vai agir a partir de agora. — Dou de
ombros.
— Se você não se sentir confortável, você pode voltar para o Brasil, ou
se quiser pode ir para Nova York, trabalhar na sede de lá. Lá tem o Miguel e
a Hannah, assim você não irá ficar sozinha. — Dominic me fita, com seus
olhos tão azuis, idênticos aos de Dimitri. — Posso ver algum apartamento
para você, até se estabilizar
— Ah, Dom, você é o melhor cunhado que eu poderia ter. — Sorrimos.
— Mas não precisa, agradeço imensamente pelo convite de trabalhar na sede
oficial, que está sendo um grande aprendizado para mim. Confesso que é o
melhor trabalho que eu já tive, mas estou bem aqui, não se preocupe. Caso
venha a ocorrer algum mal-entendido que prejudique a todos, com certeza eu
vou para Nova York. Mas enquanto tudo estiver normal, podendo ir levando
a cada dia, quero continuar aqui.
— Certo. Você que sabe. Mas você pode falar qualquer coisa comigo.
Sabe que além de ser seu patrão e cunhado, sou seu amigo para todas as
horas. De qualquer forma, sou eternamente grato por ter ajudado Valentina a
pensar melhor e ficar comigo.
— Não precisa me agradecer. Quero o bem dela, sempre desejei que ela
encontrasse alguém que a amasse de verdade. Valentina era imatura, só vivia
para cuidar da filha, e ficou com medo, talvez pensou na filha também, de
como seria quando todos vissem que ela não é sua filha. Depois que
Valentina perdeu os pais, ela não quis se envolver emocionalmente com
ninguém, vivia em função de Lorena, cuidando, zelando... A vida foi dura
para ela.
— Concordo com você. Por isso eu lhe dei tempo. Eu tinha esperanças
de que ela voltaria para mim, ela só precisava de um empurrãozinho. Estava
insegura com diversas coisas, sempre notei isso. Aos poucos fui conversando,
abrindo seus olhos, mas eu entendi quando recusou meu pedido. Valentina
poderia ser madura em questão de ter que se virar sozinha e cuidar de sua
filha pequena, que precisava dela a todo momento, mas com sentimentos...
Não era tão madura assim. Era nova, estava começando a viver mais depois
que começou a ficar comigo, dei muitas oportunidades para ela... Ficou com
medo da sociedade crucificar ela e Lorena. Nunca me importei com opiniões
alheias, mas eu entendo o lado dela.
— Você tem razão. Finalmente abriu os olhos e voltou para você. —
Sorrio.
— Sim. Não consigo ver minha vida sem elas, Alicia. Elas duas são o
meu mundo. Minha vida. Faço tudo por elas. Meu amor por Valentina cresce
mais a cada dia. Conviver com ela, está sendo incrível. Você não sabe como
me sinto quando Lorena me chama de pai. — Fica um pouco emocionado. —
Fico tão feliz, Alicia, é uma alegria que mal cabe dentro de mim, sabe?! —
Assinto, emocionada vendo seus olhos marejados. — É algo forte demais,
que nunca pensei que iria sentir. Quando ela me chama de papai, me dá até
vontade de chorar, de tanta emoção. Lorena é uma criança extremamente
inteligente e amável. Ela demonstra facilmente quando gosta de alguém, e
comigo é um grude. Adora quando eu a coloco para dormir, quando lhe conto
alguma história, quando saio com ela...
Sorrio, limpando o cantinho dos meus olhos.
— Eu vejo isso. Ela fica o tempo todo com você.
— É. Eu amo isso. Amo ter esse relacionamento com ela. Sei que no
futuro, seremos grandes amigos. Sei que ela poderá me contar qualquer coisa.
— Com certeza. Acho linda essa união de vocês. — Ele sorri.
— É sim. Perfeita! — Sorrio, vendo-o feliz demais.
Guardo alguns papéis dentro de algumas pastas e guardo em um
pequeno armário dentro do escritório de Dominic e volto para a mesa.
Analiso alguns gráficos, anoto algumas coisas em alguns papéis, quando
alguém bate na porta e a abre.
Levanto minha cabeça e vejo Dimitri entrar.
— Oi! — Sorri de lado. — Perguntei a Clarisse onde estava e ela me
disse que você estava aqui.
— Estou finalizando alguns gráficos — digo. — O que foi?
— Está terminando? — Se aproxima da mesa, com as mãos nos bolsos.
— Uhum. Por quê? — O olho.
Dimitri passa a mão na nuca e apoia a mão na mesa, me olhando.
— Quero te levar a uma sorveteria — diz.
Franzo a testa.
— Mas já é quase de noite — falo.
— Podemos sair de lá, e jantar em algum lugar. O que acha? — Me fita,
com um sorriso.
Suspiro e fito seus olhos azuis, sentindo-me um pouco nervosa. Dimitri
tem um sorriso lindo de lado, o que o deixa mais lindo. Vejo em seus olhos o
quanto está ansioso em saber minha resposta. Devo ir? Ou é ruim eu ir? É só
uma sorveteria, não é? Nada de mais.
— Tudo bem, eu vou. — Ele abre um sorriso lindo. — Só tenho que
esperar Valentina ou Dominic chegar para poder sair. Tia Flor pode precisar
de mim.
— Ah, eu liguei para Dominic, e ele me disse que já está a caminho
junto com Valentina e Lorena. Então você já pode ir se trocando. — Se
apressa em falar. — Eu vou em casa trocar de roupa e venho te buscar.
— Tá bem! — Dou um sorriso.
Dimitri sai do escritório apressado e suspiro, voltando minha atenção
aos papéis na mesa. Guardo todos eles em uma pasta, desligo o computador e
saio do escritório, fechando a porta. Ando pelo corredor e vejo tia Flor
fazendo crochê sentada no sofá, com a perna da recente cirurgia que foi feita
no joelho, esticada na mesinha de centro.
— A senhora quer alguma coisa, tia? — Me aproximo dela.
Tia Flor me olha e nega.
— Não, querida. Clarisse acabou de levar a minha xícara com meu café
preto. — Sorri.
Assinto.
— Valentina e Dominic estão chegando e eu vou subir. Vou sair com o
Dimitri — digo.
Tia Flor para de fazer seu crochê e me olha preocupada.
— Tem certeza, minha filha? Eu não quero você com o coração mais
partido do que já está — diz.
Suspiro e me sento ao seu lado.
— Ah, tia, ele quer tentar me reconquistar. Insistiu nisso, o que posso
fazer é deixar, mas sem criar grandes expectativas — murmuro.
Tia Flor segura minha mão e me olha.
— Não quero lhe ver triste, tá bem? — Assinto. — Agora vá se arrumar,
para não atrasar.
Levanto-me do sofá e subo para meu quarto, me arrumar. Tomo um
banho rápido, dou uma escovada rápida em meus cabelos e vou para o closet.
Opto por uma jardineira jeans, com um suéter e coturnos. Faço uma
maquiagem leve, coloco alguns acessórios e estou pronta. Pego minha bolsa
colocando o necessário e saio do quarto, vendo algumas mensagens no
celular. Desço as escadas guardando o celular na bolsa, vendo Dimitri em pé,
mexendo no seu celular, com uma roupa formal. Uma jaqueta de couro,
camisa, calça jeans e sapatênis.
Dimitri sente a minha presença e levanta a cabeça e me olha. Seus olhos
azuis me fitam, e sinto meu coração bater forte toda vez que ele me olha sexy
dessa forma. Dimitri guarda seu telefone no bolso da calça e vem até mim,
com um sorriso.
— Você está linda! — diz, me analisando.
— Obrigada! — Agradeço, com um sorriso.
— Vamos? Valentina e Dominic acabaram de chegar, e já levaram dona
Flor lá para o jardim — fala e eu assinto.
Capítulo 15
Tia Flor está quase cem por cento boa, se recuperando perfeitamente da
cirurgia. Já retirou os pontos e está fazendo fisioterapia com Valentina na
clínica e em casa. Já Dominic contratou um professor de educação física para
ajudar tia Flor a perder peso, como o médico havia pedido. Voltei para a
empresa trabalhando todos os dias, como antes, mas volto sempre mais cedo,
e tem dias que Dominic me pede para trabalhar em casa, quando Valentina
tem muitos pacientes na clínica, para tia Flor não ficar muito tempo sozinha,
claro que Clarisse ajuda muito, o que facilita para todos nós.
Recolho alguns papéis na mesa, pego minha bolsa e saio da sala. Vejo
Morgana falar com o rapaz que me trouxe flores no mês passado, com outro
buquê nas mãos. Morgana me olha e acena para mim.
— Oi! — A cumprimento.
— Esse rapaz tem encomenda para te entregar — informa.
Olho o rapaz, que me dá um leve aceno. Pego o grande buquê de rosas
vermelhas de sua mão, e agradeço. Ele se despede e se retira.
— E aí, de quem é? — Morgana me olha, curiosa.
— Será que dessa vez veio um bilhete? — Olho o buquê, andando de
volta até minha sala.
O coloco em cima da mesa, retirando minha bolsa do ombro, vendo um
pequeno bilhete no meio das rosas. Morgana se aproxima, quando pego o
pequeno envelope, retiro o papel de dentro e leio.
Quando Dimitri disse que teria seguranças à minha disposição, não sabia
que estava falando tão sério, pensava que era coisa de momento, e que não
iria levar tão a sério o que ele mesmo disse, mero engano. Estou de pé, em
frente à casa da minha amiga, vendo Dimitri com as mãos nos bolsos, vestido
de terno com óculos de sol, encostado no seu esportivo preto, todo sexy e
gostoso, com mais dois carros com seguranças vestidos de ternos.
— Sério, Dimitri? — Cruzo os braços.
Dimitri desencosta do carro, vindo até mim, retirando seus óculos de sol,
me deixando de pernas bambas. Seus olhos azuis analisam meu corpo de
cima a baixo, parando um tempinho no meu pequeno decote da minha blusa
de seda e fita meus olhos, com um sorriso de lado, deixando-o mais lindo do
que já é. Merda! Bonito e gostoso desse jeito deveria ser um pecado.
— Bom dia, morena! — Puxa minha cintura e beija meus lábios.
Mal tenho tempo para racionar, quando Dimitri enfia sua língua me
dando um beijo delicioso, sem se importar com os seguranças presentes.
Puxo sua gravata retribuindo o beijo, ansiando mais por ele. Dimitri puxa
mais minha cintura, apertando-me, deixando nossos corpos mais colados do
que já estão. Dimitri morde meu lábio, me dá um selinho e fita meus olhos.
Ergue sua mão e afasta alguns fios de cabelo do meu rosto, balançados pelo
vento frio e forte.
— Como você está? Dormiu bem? — Acaricia meu rosto.
Assinto e solto sua gravata. Fito seus seguranças que estão alheios
olhando alguma casa e fito os olhos azuis de Dimitri.
— E esses seguranças, Dimitri? — Ergo a sobrancelha.
Dimitri revira os olhos.
— Eu falei sério a respeito deles, morena. — Me fita. — Sua segurança
está em primeiro lugar.
Bufo e reviro os olhos. Me afasto dele e ando em direção ao seu carro,
caríssimo. Escuto seus passos atrás de mim e entro, fechando a porta com
força. Coloco o cinto, vendo-o entrar no carro, todo elegante. Ele dá partida e
permaneço calada, com raiva.
— Não faz bico — diz, divertido.
O olho com raiva.
— Por quê?
— Está com raiva por causa dos seguranças? — Coloca sua mão em
minha coxa.
— Estou. Você sabe que eu não gosto disso. — Tiro sua mão da minha
coxa.
— Mas você gostando ou não, terá seguranças para onde você for. —
Põe sua mão de volta na minha coxa.
Viro meu rosto e fico calada o caminho todo, apenas o escutando
cantarolar uma música que toca no rádio e faz carinho em minha coxa com a
sua mão. O grande prédio da Vintage Essence logo aparece, retiro o cinto
segurando minha bolsa e abro a porta assim que Dimitri estaciona. Saio do
carro escutando Dimitri pedir para esperá-lo. Ignorando-o, subo os degraus
que levam até a grande porta de vidro.
— Ei! — Dimitri segura meu braço. — Me espera.
Giro meu corpo e fito seu rosto.
— Esperar para quê? — Cerro os olhos.
— Para entrar comigo. — Retira os óculos de sol, pendurando-o no
bolso do paletó. — Somos namorados, e quero andar ao seu lado, segurando
sua mão.
— Estamos em ambiente de trabalho. — Passo pelas portas de vidro,
acenando para os dois seguranças presentes. Ando até o elevador, sentindo a
mão de Dimitri na base da minha coluna.
— Mas isso não impediu a gente de fazer umas sacanagens na empresa
do Rio — sussurra em meu ouvido, me fazendo respirar fundo.
As portas do elevador se abrem e eu entro, Dimitri aperta o botão para
fechar as portas e me encosta na parede. Antes que eu fale qualquer coisa, ele
me beija. Puxa minha cintura, fazendo nossos corpos se colarem. Solto minha
bolsa no chão e o puxo para mais perto, enfiando minha língua em sua boca.
Dimitri levanta minha coxa, se esfregando em mim, enfiando sua mão por
dentro da minha saia, em direção à minha bunda.
— Dimitri... — sussurro em seus lábios.
Dimitri volta a me beijar com vontade, tirando todo meu fôlego e afundo
meus dedos em seus cabelos, gemendo baixinho em sua boca. Dimitri aperta
minha bunda e desfaz nosso beijo. Com a respiração ofegante, pego minha
bolsa do chão, vendo no painel que o elevador vai parar no meu andar.
Dimitri passa o seu polegar em meus lábios, limpando minha boca e fito os
seus, melados com o meu gloss.
— Bom trabalho, morena. — Dá um beijo casto, com um sorriso safado.
— Pense em mim.
— Digo o mesmo — sussurro, fitando seus olhos azuis.
— Eu sempre estou pensando em você, amor. — Olha meu decote e fita
meus olhos.
As portas do elevador se abrem e ele se afasta de mim, para eu passar.
Respiro fundo e saio do elevador com as pernas bambas. Viro-me e o vejo
com seu polegar em seus lábios, com um sorrisinho safado no rosto, e antes
das portas se fecharem, ele pisca o olho. Me encosto na parede, sentindo
minhas pernas bambas e meu coração acelerado.
— Minha nossa — murmuro, ofegante.
Suspiro e abro um sorriso, vendo que o bilhete foi escrito por ele, porque
eu conheço essa letra e o seu cheiro está no papel. Pego um bombom, abro a
embalagem e levo o bombom até a boca, desfrutando do delicioso chocolate
trufado, que eu amo. Solto um gemido de satisfação, saboreando.
— Acertei, então. — Escuto a voz de Dimitri.
Levanto meu olhar, vendo-o parado com as mãos nos bolsos com um
sorriso nos lábios.
— É. — Sorrio.
Dimitri fecha a porta e vem até mim, se escora na mesa com as mãos
nos bolsos e me olha com um sorriso bonito.
— Eu sei que o seu favorito é trufado — comenta, me olhando. —
Todos aí são iguais.
— Obrigada. Vou até comer devagar, porque está gostoso. — Sorrio, um
pouco de boca cheia.
— Pode comer de uma vez. Comprarei mais. — Retira as mãos dos
bolsos, e acaricia meu rosto.
Engulo o chocolate vendo-o se agachar para ficar na minha altura.
Dimitri retira alguns fios de cabelo dos meus ombros, acompanhando o
movimento das mãos.
— O baile da empresa é em três dias. — Me fita. — Você vai comigo?
— O Benjamin tinha me convidado e eu aceitei. — O olho.
— Sim, eu sei. Mas ficará chato, não acha? Nós estamos namorando, e
ficará estranho você ir com ele.
Suspiro.
— Eu quero muito ir com você, e te assumir publicamente como minha
namorada. — Ele segura minhas mãos. — Entrar com você, te exibir como
minha namorada, minha parceira, alguém com quem quero casar, ter filhos...
Engulo em seco, sentindo meu coração acelerado.
— Fala com ele, e diz que vai comigo. — Seus olhos azuis me fitam.
— Vai ficar chato, Dimitri — murmuro. — Ele já tinha me convidado,
não posso fazer isso com ele três dias antes, só porque estamos namorando.
Eu o considero muito, e se eu fizer isso seria uma falta de consideração
enorme por ele.
— É sério isso? — Dimitri se levanta. — Cara, ele é apaixonado por
você!
— Mas eu não tenho culpa de nada. — Me levanto da cadeira.
— Então para de dar esperanças para ele! — Me olha, aflito.
— Eu não estou dando esperanças, Dimitri. Benjamin pode estar
gostando de mim além da amizade, mas eu não. Eu deixei isso claro, que não
estava pronta para um relacionamento — explico.
— Mas ele está determinado a te conquistar. — Passa a mão no rosto.
O vejo andar pela minha sala, pensativo.
— Está com medo dele conseguir? — O olho.
— Claro que estou! — Me fita. — Eu vacilei com você, errei diversas
vezes. Ele não. — Faz gestos com as mãos. — Benjamin é o tipo namorado
perfeito, que nunca errou e nunca vai errar.
— Você está com ciúme. — Sorrio, sentindo meu coração bater forte.
— Estou. Cazzo! — Passa a mão no rosto. — Porque eu tenho medo de
falar algo, e te machucar, fazer algo...
— O que exatamente? Sair com outra? — pergunto, receosa.
— Não, claro que não. Eu prometi a você que não iria sair com mais
ninguém, e eu vou cumprir essa promessa. — Um alívio percorre meu corpo.
— Estou falando de qualquer coisinha te machucar e você desistir de mim.
Eu sei que só faço merda, mas agora estou disposto a mudar. Mudar por você,
para você.
Sinto meus olhos marejados.
— Eu te amo, Alicia, e tenho medo de perder você para Benjamin ou
para qualquer outro homem. — Ele se aproxima de mim. — Porque ele e
qualquer outro homem vai fazer o que eu não fiz: te valorizar, te amar e te
respeitar. Porque você merece mais. E eu quero te dar mais, quero ser esse
homem para você. E ser fiel a você.
Ele fica diante de mim, e vejo desespero em seus olhos.
— Eu nunca amei alguém, nunca senti um sentimento tão forte, como
sinto por você. Me arrependo todo os dias pelo que te fiz passar. E quero me
redimir todos os dias te mimando, te amando e te respeitando. — Faz uma
pausa, ofegante. — Eu sei o que muitos falam: “Sortudo é o homem que terá
Alicia ao seu lado.” Porra, eu quero ser esse homem sortudo. Eu quero me
sentir sortudo por estar ao seu lado, Alicia.
— Dimitri, respira. — Peço, tocando seu rosto.
Ele fecha os olhos e beija minha mão, carinhosamente.
— Você não vai entender o tamanho do meu desespero. — Ele respira
fundo. — Mas será no seu tempo. E espero que um dia, você diga que me
ama de novo. E eu vou lutar com todas as armas que eu tenho, para você me
dizer essas três palavras.
Ele beija minha testa e sai da sala, me deixando tonta.
Com as mãos nos bolsos, espero Alicia descer. Acho que ela nem está
pronta ainda, e Benjamin a qualquer momento vai chegar para buscá-la. Não
vou mentir que estou triste por ela não ir comigo. Queria muito exibi-la como
minha namorada, minha parceira. Mostrar que estou comprometido e que sou
apenas de uma mulher. Escuto zoada de saltos no piso sofisticado de madeira
da casa do meu irmão, vindo do primeiro andar, e giro meu corpo, no exato
momento em que uma rainha começa a descer as escadas.
— Puta merda! — sussurro, vidrado nela.
Desço meu olhar sentindo meu coração acelerado. O vestido com total
transparência deixa à mostra suas coxas grossas, sua barriga reta com a
cintura fina e os seios apertados pelo top, levantando-os. Seus cabelos estão
grandes e lisos, deixando-a mais sexy e tentadora. Ela tem um sorriso lindo
nos lábios, pintados de um vermelho vivo, que estão convidativos demais.
Minha nossa. Alicia está perfeita, linda demais.
Alicia desce as escadas e fica diante de mim. Porra! Ela está gostosa
demais. Um desejo insano de agarrá-la me bate, mas me contenho.
— Caralho! Você está gostosa demais. — A olho de cima a baixo. —
Minha nossa!
— Gostou? — Ela gira o corpo.
Um gemido abafado sai da minha garganta, vendo sua bunda naquele
shortinho curtinho, deixando-a empinada. Ela coloca seus cabelos para trás,
me deixando vê-la melhor. Ela finalmente está usando o conjunto de brinco e
colar que lhe dei no Natal, do ano passado.
Me aproximo dela, mordendo o lábio.
— Nem venha, senhor D’Saints. — Se afasta com um sorriso. — Temos
que ir a um baile. Não temos tempo para sacanagens.
Faço bico com carinha de pidão.
— Você está gostoso de smoking. — Me olha de cima a baixo.
— Estou? — Dou um sorriso.
— Demais. — Morde o lábio, me fazendo desejá-la ainda mais. — Mas
deixaremos isso para depois. — Se aproxima de mim. — Vamos?
Franzo a testa.
— Você está esperando o Benjamin — digo.
— Não. Não vou mais com o Benjamin. Depois eu explico. — Me olha.
— Então iremos juntos? — Sorrio, me aproximando dela.
— Sim, namorado. — Ela sorri, fazendo-me sorrir. — Vamos juntos.
Abro um grande sorriso e seguro sua mão. Meu irmão vem com minha
cunhada, prontos, após se despedir de Lorena, que ficará com Clarisse e
Sophie.
Conduzo Alicia até a SUV, entramos e fecho a porta. Pela janela fumê
do carro vejo meus irmãos entrando nos outros carros, junto com Hannah,
Miguel, dona Flor e meus pais.
Aperto o botão da divisória do carro que sobe para nos dar privacidade e
meu motorista dá partida. Me aproximo de Alicia, passando minha mão em
sua coxa. Ela ofega e me olha, cheia de desejo.
— Eu já disse que você está linda? — Me aproximo mais dela.
Alicia assente, mordendo o lábio. Olho seus lábios, e sinto uma vontade
enorme de beijá-los, que involuntariamente mordo o meu. Para a minha
surpresa, ela puxa minha nuca e me beija. Puxo sua cintura trazendo-a para
meu colo, ela sobe seu vestido para se sentar melhor em meu colo e puxa
meu corpo. Nosso beijo é delicioso, cheio de desejo e tesão. Meu pau pulsa
dentro da cueca para fodê-la aqui nesse carro. Todo o caminho foi assim, nos
beijando, famintos um pelo outro.
— Você se prepare, morena. — Mordo seu lábio. — Mais tarde vou te
pegar de jeito. Vamos foder muito, que você vai precisar de uma pomada de
assadura.
Sinto o carro parando, e pela janela com a película escura, vejo vários
fotógrafos esperando para sairmos, e tirar diversas fotos. Escuto Simon dizer
que após Manu e Demétrio saírem será a nossa vez. Alicia sai do meu colo e
se organiza. Vejo seu batom intacto, para o meu alívio.
Thomas, o meu outro segurança, sai do carro e abre a porta para
sairmos. Vou primeiro, e ajudo Alicia a descer do carro com seu salto enorme
e fino. Vários flashes caem sobre nós e passamos pelo mar de repórteres,
perguntando sobre nosso relacionamento, e eu apenas respondo:
— Eu e Alicia Albuquerque, estamos sim, namorando.
Thomas e Simon nos dão cobertura para entrarmos no evento, para o
tapete vermelho. Após várias fotos junto dela, que com certeza vão fazer
sucesso, entramos para dentro do evento.
Num site de fofoca circulam fotos minha e de Alicia, de hoje mais cedo,
nos degraus da empresa nos beijando, com o seguinte título: O amor está no
ar. Hoje foi visto um dos casais mais queridos de Paris. Alicia Albuquerque e
Dimitri D’Saints foram vistos aos beijos nos degraus da empresa Vintage
Essence. Que beijo foi esse?
Sorrio, vendo como ficamos bem nas fotos em diversos ângulos.
Recolho alguns papéis em cima da mesa, quando escuto o telefone da sala
tocar.
— Oi, Morgana.
— Dimitri, Sebastian Torres está aqui e deseja falar com você.
— Pode mandá-lo entrar.
Finalizo a ligação, e não demora muito até Sebastian entrar, vestido de
terno, todo elegante. Me levanto com um sorriso nos lábios.
— Olá, Sebastian. Como vai? — Aperto sua mão.
— Vou bem, Dimitri — fala em italiano. — Me desculpe por ter ido
embora do baile anual, recebi uma mensagem importante, e tive que sair.
Aponto para a cadeira, e ele se acomoda. Contorno a mesa e sento-me na
minha cadeira, apoiando minhas mãos sobre a mesa.
— Eu te procurei. Minha namorada estava ansiosa para te conhecer —
digo.
— Alicia, não é? — Assinto. — Deve ser gente boa, para você querer
me apresentá-la.
— É sim. O amor da minha vida. — Sorrio, feliz. — Estávamos
passando por um tempo ruim, e agora aos poucos estamos construindo nossa
relação.
— Fico feliz. Vocês formam um belo casal — ele diz, e vejo sinceridade
em seus olhos.
— Obrigado. — Faço uma pausa. — O que te traz aqui?
— Eu... — Somos interrompidos, por Morgana que entra na minha sala
de uma vez.
— Morgana, você sabe que odeio ser interrompido... — Me interrompe.
— Dimitri, você não vai gostar nada disso. — Vem até a mesa,
completamente nervosa. — Me desculpe interromper, você sabe que eu não
sou disso. — Me entrega o iPad. — Mas isso aqui é muito mais importante.
Pego o iPad de sua mão, achando sua reação totalmente estranha e
preocupante, mas quando vejo o que se passa na tela do iPad, meu coração
gela e minhas mãos ficam trêmulas, minha boca fica seca, e eu só consigo
pensar em Alicia.
— O que foi, Dimitri? Você está pálido. — Sebastian me fita, aflito. —
Alguma coisa aconteceu com a... Alicia?
Verifico a hora em meu relógio de pulso, vendo que tenho vinte minutos
de intervalo. Dá tempo de fazer um xixi rápido e comprar uma garrafinha de
suco na copa, para esperar até o almoço. Pego meu celular e saio da minha
sala, acenando para Morgana, que está ao telefone. Ela devolve o aceno com
um sorriso e sigo para o banheiro, faço meu xixi e vou para o elevador para
subir até a copa.
Passo direto para comprar o suco, sentindo olhares estranhos sobre mim.
Franzo a testa, mas não dou importância. Retiro meu cartão e passo na
maquineta, fazendo o pagamento. O rapaz agradece e ando pela copa,
sentindo vários olhares direcionados para mim, todos com os celulares na
mão.
Uma mulher para na minha frente, me olhando de cima a baixo, com o
celular na mão.
— Você não tem vergonha na cara, não? — Me fita.
— Do que você está falando? — Franzo a testa.
— Você é mesmo uma interesseira. Um oportunista, vagabunda! — Me
olha com um sorriso cínico.
— Olha, não sei o que está acontecendo, mas eu exijo respeito. —
Aponto para ela, sem me importar que estamos tomando a atenção de todos.
— Você exigindo respeito? — Ela solta uma gargalhada, que me
incomoda. — Você deveria ter vergonha de ir para a cama com o chefe.
Abro a boca para rebatê-la, mas sou impedida quando ela estende seu
telefone para que eu veja. Pego o telefone de sua mão, e quando vejo o que
tem na tela, um soluço escapa dos meus lábios. O vídeo mostra um momento
íntimo e explícito meu e de Dimitri em seu quarto. O vídeo tem duração de
dez minutos, e passa diversas cenas, momentos nossos, que deveriam ser
apenas nosso. O vídeo mostra explicitamente meu corpo nu, toda minha
nudez. Sinto lágrimas ao ver o título: Olha como ela conseguiu o emprego na
empresa dos irmãos D’Saints. É mesmo uma vagabunda.
Olho para a mulher, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Minha
visão está totalmente embaçada, mas consigo ver os olhares sobre mim,
escuto alguns risos de deboche, e olhares de pena. Estou me sentindo tão
vulnerável, sem chão, em pânico. Solto soluços sôfregos, sabendo que um
vídeo íntimo meu está circulando por toda empresa. Todos viram. Alguns
estão rindo de mim, outros com pena. Todos viram meu corpo, minha
intimidade, meu momento. Violaram minha intimidade. Me sinto perdida.
Minha cabeça gira em trezentos e sessenta graus.
— Você deveria pedir demissão e ir embora de volta para o Brasil. Seu
lugar não é aqui — a mulher fala, enojada.
— E-eu n-não... — Um soluço escapa da minha boca.
— Alicia! — Escuto alguém falar.
Viro meu rosto vendo Benjamin vindo apressado até mim.
— Ben... — Eu choro, soluçando. — V-você viu?
Ele me olha com pena e assente.
— Ai, meu Deus! — Coloco minhas mãos no rosto, chorando
descontrolada.
Sinto seus braços me abraçarem, quando escuto um berro no meio da
copa.
— EU QUERO ESSA MERDA FORA DO CELULAR DE TODO
MUNDO, AGORA!
Levanto meu rosto, vendo Dimitri vindo em minha direção, totalmente
transtornado, fora de si. Me puxa dos braços de Benjamin, abraço sua cintura,
e choro dolorosamente.
— Quero saber quem compartilhou essa merda! — Dimitri grita.
Vejo Morgana chorando quieta e se aproxima de mim. Dimitri aproveita
que eu me afasto e pega o celular da minha mão.
— De quem é essa merda de telefone? — Dimitri olha todo mundo
sério.
— Meu, senhor. — A mulher que me ofendeu responde, mansa.
— Ah, é seu? — Dimitri sorri, sem humor. Totalmente frio. — Como
conseguiu esse vídeo?
A mulher fica muda.
— Bora! Responda! — Dimitri exige. — Porque isso é um momento
íntimo meu com minha namorada, que foi violado. Sabe que você pode ser
processada, não é?
— Mas não é apenas eu que tenho esse vídeo. Toda empresa recebeu,
está circulando em todos os celulares — a mulher responde.
— De onde veio esse caralho? — Dimitri a olha, furioso.
— Veio de um site de fofoca. — A mulher o olha.
— Você compartilhou isso? — Dimitri mostra o telefone. A mulher
nega rapidamente. — Se eu souber, saiba que será processada. — Dimitri gira
seu corpo, fitando todos na copa. — Isso serve para todos vocês. Se eu souber
que alguém aqui compartilhou esse vídeo, além de receber a demissão na
mesa de vocês, também serão processados. Estou avisando.
Morgana me aperta a ela, e eu choro silenciosamente.
— O QUE TEM ESSA PORRA DE VÍDEO? — Dimitri grita. — É um
vídeo íntimo com minha namorada. Minha. Namorada. Um momento que
deveria ser apenas nosso, todos estão vendo e rindo da cara dela. Vocês são
tão cruéis, tão desumanos. Vocês deveriam acolhê-la, e não ficar rindo dela.
Porque tudo que eu fiz com ela, vocês fazem com outras pessoas. — Dimitri
berra, para todos escutarem.
Vejo Dominic e Demétrio chegando na copa, transtornados, vindo até
nós. Meu namorado fita o advogado da empresa.
— Benjamin, eu quero que resolva isso. — Benjamin assente. — Quero
uma ordem para ontem para tirar esse vídeo do ar, e processar todas as
pessoas envolvidas. Tanto o proprietário do vídeo, quanto as pessoas que
compartilharam.
— Farei agora mesmo. — Benjamin sai da copa correndo.
— Eu quero ir embora — sussurro, chorando.
Dimitri me olha, com os olhos marejados e vem até mim.
— Vamos, amor. — Me abraça e anda comigo.
Capítulo 24
Há três dias estou trancada dentro do quarto, sem falar com ninguém.
Passei dia e noite trancada, com vergonha de tudo que aconteceu. Dimitri
bateu na porta diversas vezes para falar comigo, implorando, mas eu queria
ficar sozinha. Só quem entrou foi Valentina, que trouxe minha comida e
conversou comigo. Serafina sente que não estou bem, e ficou ao meu lado,
deitada comigo. Vi as mensagens de Dimitri em meu celular, para saber como
eu estava, mas eu não o respondi. Eu sei que ele está sofrendo com tudo isso,
ele também foi violado, mas eu precisava de um tempo para mim. Em suas
mensagens, ele disse que o vídeo foi retirado do ar e que o juiz está a par de
tudo.
Eu mal comi, e vejo claramente que estou mais magra, com olheiras
profundas e ultimamente me sentindo enjoada e vomitando com frequência.
Minha crise de ansiedade voltou com força total, fazia muito tempo que eu
não tinha, mas nesse tempo, eu pensei com clareza e sei quem realmente fez
esse vídeo e colocou na internet. E hoje essa pessoa vai me pagar.
Me levanto da cama e ando até o closet. Retiro meu vestido e visto um
short jeans e uma blusa, pego meu celular em cima da cama e saio do quarto.
Desço as escadas, vendo todos os meus amigos me olharem com surpresa.
Dimitri rapidamente se levanta do sofá.
— Ei. — Ele sorri para mim. — É tão bom te ver.
Engulo em seco e dou um sorriso forçado e sigo para a porta. Escuto-o
me chamar, mas o ignoro. Ele puxa meu braço e me olha.
— Onde você vai? — Me fita, com seus olhos azuis.
— Me solta. — Sacudo meu braço, soltando-me do aperto dos seus
dedos.
Ando em direção à casa de Dimitri, vendo Enzo de pé.
— Quero que filme tudo. — Entrego meu celular a ele.
Ele assente e pega meu celular. Entro na casa de Dimitri procurando
pela vagabunda da Francesca. Logo ela aparece na sala e quando me vê, fica
branca. Dou um sorriso vingativo e vou até ela, que tenta correr de mim, mas
falha com sucesso. Puxo seus cabelos e a arrasto para fora da casa, vendo
Enzo segurar meu celular filmando tudo.
— Sua louca! — Francesca grita, assim que a solto.
— Você gosta de gravar vídeos e colocar na internet, não é? — Ela
empalidece. — Agora você quem vai ser filmada.
Voo para cima dela, puxando seus cabelos, com força total. Ela grita e
tenta se desvencilhar de mim, mas não consegue. Acerto um tapa na cara, e
minhas unhas rasgam sua pele.
— Você acabou com minha vida, sua vagabunda! — Dou-lhe outro tapa.
— Você me fez passar vergonha, violou a minha intimidade!
Ela grita e consegue se afastar de mim, arrumando os cabelos
completamente fora de si.
— Eu mandei você se afastar de Dimitri — fala entredentes.
— Sim, lembro-me bem disso. — Dou um sorriso sarcástico. — Mas eu
não me afastei e nem vou me afastar.
Parto para cima dela, e começo a rasgar sua roupa, cheia de raiva, ódio e
fúria. Não sei onde consegui tanta força para rasgar seu vestido e seu sutiã.
Ela fica completamente nua, e sorrio por atingir meu objetivo.
— Não faz isso — implora, tentando se cobrir.
— Quando você me filmou e colocou na internet, não pensou nisso. —
A olho. — Você nem se importou. Por que eu vou me importar com você?
Puxo seus cabelos, fazendo-a cair no chão e fico em cima dela, dando
tapas certeiros no seu rosto. Arranco alguns fios de seus cabelos, sentindo a
raiva e o ódio me consumir por completo.
— Agora, seu vídeo vai circular na internet. E você vai provar do seu
próprio veneno, sua vadia desgraçada. — Puxo seus cabelos.
Ela grita tentando me afastar, mas sinto mãos em minha cintura, me
puxando para longe dela.
— Para, Alicia. Chega! — Dimitri pede, me segurando, mantendo-me
de costas para ele.
— Eu não fiz um terço do que quero fazer com essa vagabunda
dissimulada. — Afundo minhas unhas em seus braços.
— Não adianta, que você fazendo isso não vai me fazer soltá-la — diz,
mantendo-me presa em seus braços. — Daqui a pouco a polícia chega e você
vai acabar sendo presa.
Francesca se levanta, cobrindo seus seios. Nathaniel pega meu telefone
das mãos de Enzo e me olha.
— Eu não vou deixar você se rebaixar desse jeito. — Me fita. — Você é
melhor que isso, Alicia. Fazendo isso você será igual a ela.
— Tio... — Francesca sussurra.
— Nem um pio, Francesca. — A voz de Nathaniel sai fria como gelo, e
a fez estremecer. — Calada!
— Eu mandei Alicia se afastar dele — Francesca fala, me dando mais
raiva. — Não o quero com ela!
— Calada, Francesca! — Nathaniel se aproxima dela, pegando seu
vestido no chão totalmente rasgado. — Mandei ficar calada.
— Pai, na minha casa ela não fica mais — Dimitri diz. — Ela vai pegar
as coisas dela e vai embora agora mesmo.
— O quê? — Francesca o olha.
— Minha consideração tem um certo limite, e você ultrapassou todos
eles. Meus tios que me perdoem, mas aqui você não fica mais — meu
namorado fala.
— Por causa dessa aí? — Francesca aponta para mim. — Ela não te
merece. Você deve ficar comigo! Eu amo você.
— Você não ama a si mesma, Francesca — Nathaniel fala rudemente.
— Você usou meus filhos, os enganaram. Você deveria ter vergonha de tudo
que você fez. — Ela se encolhe. — Dimitri está com Alicia e meus outros
dois filhos muito bem-casados. Você deveria seguir sua vida, e deixar todos
nós em paz.
Francesca olha para Dimitri.
— Eu fiz isso por nós — murmura.
— Nós? Não existe nós, nunca existiu! — Dimitri responde. — Entre e
vá pegar suas coisas, que você vai embora agora!
Ela engole em seco, segurando sua roupa rasgada, que mal cobre sua
nudez e passa por nós. Seguro seu braço, fazendo-a me fitar.
— O processo vem, Francesca.
Saímos do carro afobados, após nos agarrarmos por todo o caminho até
Simon estacionar a SUV em frente ao hotel que estamos hospedados. Dimitri
segura minha mão e vamos a passos largos até o elevador, que tem um casal
prestes a entrar. Nós os cumprimentamos e entramos no elevador em silêncio.
Logo chegamos no nosso andar e saímos, andando pelo corredor até o nosso
quarto. Dimitri passa o cartão-chave no leitor da porta, e logo entramos, joga
o cartão sei lá onde e ataca minha boca.
Solto minha bolsa, a escuto cair no chão e Dimitri move seus pés me
levando até a parede mais próxima. Sinto sua mão em minha coxa, subindo
para dentro do meu vestido, de encontro à minha intimidade.
— Molhadinha... — Dimitri sussurra em meus lábios.
Levo minhas mãos até os botões de sua camisa, e puxo, arrebentando
todos os botões, com muita pressa.
— Ainda bem que você necessita de mim, como eu necessito de você.
— Ele sorri.
Termino de arrebentar todos os botões e tiro a camisa do seu corpo,
jogando-a no chão do quarto. Desafivelo seu cinto e abro sua calça, descendo
o zíper. Ele mesmo retira seus sapatos com os próprios pés e me ajoelho a sua
frente, tirando sua calça junto com a cueca, e seu pau salta, apontando para
mim.
Mordo o lábio vendo-o todo babado e duro, muito duro. Levo minhas
mãos até sua ereção, sentindo-a quente e pulsante. Levanto meu olhar e vejo
Dimitri com olhar ofegante, e o olhando, coloco seu pau em minha boca.
Dimitri morde o lábio, soltando um grunhido. Chupo seu pau como chupo um
pirulito, sentindo seu gosto delicioso.
Sinto suas mãos em meus cabelos, prendendo-os entre os dedos,
forçando seu quadril, enfiando seu pau em minha boca. Levo minhas mãos
até seu saco e o estimulo, escutando gemidos de Dimitri, nada baixos.
— Puta merda! Ahh! — Rosna. — Me chupa gostoso... Isso... Assim
mesmo...
Lambo todo seu pau e volto a chupá-lo com gosto, porque eu chupo por
prazer e não por agradar, chupá-lo me excita muito. Me inclino e o levo todo
em minha boca, fazendo a garganta profunda. Dimitri solta um gemido alto e
retira seu pau da minha boca, fazendo minha saliva escorrer. Me puxa para
cima, e procura o zíper do meu vestido. Retira do meu corpo e me vê
completamente nua para ele, ficando apenas com os enormes saltos.
— Nossa... Gostosa demais. — Morde o lábio.
Dimitri me empurra, me encostando na parede e abocanha meus peitos.
Solto um gemido, afundando meus dedos em seus cabelos, que estão
completamente bagunçados. Dimitri larga um seio e vai para outro, faminto.
Desço meu olhar e vejo um par de olhos extremamente azuis me fitando,
cheios de desejo. Ele larga meu seio após se lambuzar inteiro e vai descendo,
beijando minha barriga até chegar na minha boceta.
Segura minha coxa e a coloca em seu ombro e sem mais delongas, ele
cai de boca, me fazendo revirar os olhos e ofegar. Seguro seus cabelos me
contorcendo de prazer. Nossa..., Dimitri sabe chupar cara, puta merda! Ele
faz porque gosta, ama. E o jeito que ele me chupa, mostra o quanto está
faminto e ansioso.
— Ahh! — Jogo a cabeça para trás.
Dimitri chupa meu clitóris de um jeito tão gostoso, que faz meu orgasmo
ficar mais próximo. Me penetra com dois dedos atingindo meu ponto G,
enquanto chupa meu clitóris, me fazendo gemer alto, alto mesmo. Há dias
que não fazemos nada, e tudo será descontado hoje, e estou louca de tesão
acumulado.
— Dimitri... — Ofego, sentindo sua língua em toda minha boceta.
Minha respiração fica entrecortada, quando o orgasmo vem forte e
intenso. Gemo, jogando a cabeça para trás, puxando seus cabelos com força,
sentindo meu corpo tremer. Olho para baixo, vendo-o se deliciar de todo meu
gozo, com um sorriso cínico nos lábios.
Mordo o lábio, assim que ele se levanta ataca minha boca, fazendo-me
sentir meu próprio gosto.
— Vou te comer assim, em pé, com esses malditos saltos. — Sua voz sai
rouca.
Dimitri levanta uma perna minha, segurando-a e com a outra mão ele
segura seu pau, direcionando em minha entrada, e em uma estocada firme ele
entra de vez, me fazendo revirar os olhos. Dimitri não perde tempo e começa
a bombear dentro de mim, sem piedade, me fazendo senti-lo por completo.
Afundo meus dedos em seus cabelos, gemendo alto e bem no seu ouvido, o
que lhe dá mais incentivo, porque ele vai mais fundo e forte.
— Cazzo! — Trinca os dentes.
Envolve seus dedos em meu pescoço, encostando minha cabeça na
parede. Dimitri aperta meu pescoço de um jeito delicioso, que faz meu ventre
se contrair. Ataca minha boca, em um beijo selvagem, que me deixa sem ar.
— Senti muita falta disso aqui. — Morde meu lábio. — De estar dentro
de você, foder essa boceta com gosto, porque ela foi feita especialmente para
mim.
— Nossa... — Reviro os olhos.
— Sente o quanto meu pau entra fundo em você — sussurra em meus
lábios, com sua mão em volta do meu pescoço. — Sente como ele entra e sai
gostoso.
— Sim... — Solto um gemido. — Eu sinto, e é delicioso.
— Isso. — Vai mais fundo. — Sente o quanto eu te preencho, e que
você foi feita para mim.
Solto um gemido, sentindo meu orgasmo próximo. Desço minhas mãos
pelas suas costas e afundo minhas unhas em sua bunda, o trazendo mais para
mim, querendo tudo dele. Ele solta meu pescoço e afunda seu rosto nele, me
chupando, lambendo e mordiscando. Mordo o lábio, sentindo suor escorrer
pelos nossos corpos, de tão intenso e gostoso que está. Solto um gemido alto
sentindo o orgasmo me consumir, deixando minha visão turva e as pernas
bambas.
Me seguro forte nele, assim que ele me coloca em seus braços e anda
comigo até a cama. Sai de dentro de mim e beija meus lábios, descendo até
meu pescoço, de um jeito carinhoso, mas eu não quero carinho, não hoje. Eu
preciso dele, como preciso de ar, com intensidade. Me sento na cama, e o
empurro, deitando-o na cama. Subo em cima dele, e o coloco dentro de mim.
— Ah, caralho! — Joga a cabeça para trás.
Apoio meus braços em seu peito e dou tudo de mim, montando-o com
gosto, com prazer. Seus dedos afundam em minha carne, soltando gemidos
excitantes. Rebolo gostoso nele, gemendo sentindo suas mãos em meus
peitos, me estimulando. Desço minha mão e envolvo meus dedos em seu
pescoço, sabendo que ele também gosta disso. Desço com mais força,
deixando seu pau tocar em meu ponto mais sensível dentro de mim.
— Porra! — Ele me fita. — Merda, eu vou gozar.
Rebolo mais rápido, sentindo seu pau inchar dentro de mim, e logo os
jatos me preenchem. Dimitri solta um gemido animalesco, enquanto goza
dentro de mim.
Desabo em cima dele, que me abraça, e me coloca na cama, beijando
meus lábios, carinhosamente.
Impossível não o amar.
Sento-me na cadeira por cima dos meus calcanhares, com uma xícara de
chá na mão. Apoio meu braço no encosto do sofá, vendo a piscina da minha
casa. Já é de noite, e as luzes iluminam todo o jardim, deixando-o mais lindo.
Serafina vem até mim, sobe no sofá e se deita em meu colo, à procura de
carinho. Acaricio seus pelos brancos e dou um gole no chá, repensando tudo
que aconteceu.
Meu pai, depois de anos resolveu aparecer e dizer que agora é um bom
pai. Devo acreditar que se tornou uma boa pessoa? Que ele deixou o tráfico
de lado? Que é uma pessoa decente? São várias e várias perguntas que vêm à
minha cabeça. Antes, minha única preocupação era Dimitri, com medo de ele
nunca ter mudado, mas ele mudou e é completamente meu. Agora, minha
preocupação é o meu pai, que diz ser uma pessoa boa e honesta.
Desde que ele foi embora, me deixando desamparada, sem rumo algum,
decidi seguir em frente, comecei a trabalhar, fiz meu curso pagando com o
meu trabalho e consegui viver bem, sem ajuda de ninguém da minha família.
A família dos meus pais, sempre foi distante, e eu nunca soube de nenhum
deles. A única família que me amparou, foram os pais da Valentina e Miguel.
Nunca mais soube dele, após alguns meses que vi a notícia dele ser o
traficante mais procurado do Brasil, por roubar milhões em bancos. Depois
disso, nunca mais tive notícias, e fiquei feliz por não saber mais de nada. Eu
realmente queria o tráfico longe da casa onde eu morava, mas eu não queria
que ele tivesse ido embora, mas fazer o quê? Ele foi porque quis. Mas e se ele
realmente mudou? Se o que ele me disse, for verdade?
São vários “e se”.
Minha cabeça está a ponto de explodir. Sinto meu bebê se mexendo em
minha barriga, e sorrio, acariciando-a. Nunca sonhei que iria ser mãe antes
dos meus trinta anos. Eu tinha algo planejado; namoro, noivado, casamento,
aproveitar casamento e só depois os filhos. Essa era a minha meta. Mas tudo
é no tempo de Deus, e ele me concedeu esse milagre que está em minha
barriga.
Minha gravidez é de alto risco, tenho pré-eclâmpsia, todo cuidado é
pouco. Dimitri fica em casa comigo, e só vai para a empresa quando é
necessário. Ele quer estar comigo, porque eu posso precisar de ir ao hospital.
Estou adorando esse seu lado preocupado e cuidadoso. Ele mudou cem por
cento. Não vi mais safadeza dele com outras mulheres, no início eu procurava
algo em seu celular e não achava nada. Ele mesmo me dava a senha para eu
acessar seu celular para ver que ele não escondia mais nada de mim.
Dimitri está se doando cem por cento à nossa relação, se dedicando,
mostrando que está mudando. Ele tinha me pedido uma fase de teste, e eu lhe
dei. Eu realmente não criei expectativas, deixei rolar, e ele mudou por mim,
por nós, e isso me deixa feliz. O nosso relacionamento foi para outro patamar
quando descobrimos que iríamos ser pais.
Eu amo Dimitri, com todas as minhas forças, mas ainda não disse a ele,
e no fundo estou insegura em lhe dizer isso agora, e Dimitri não me cobra.
Mas em qualquer oportunidade ele diz que me ama, e vejo sinceridade em
seus olhos azuis tão profundos.
Mês passado fomos a uma loja de bebês e compramos várias coisinhas
para o nosso menino, que ainda não decidimos o nome. Combinamos de
colocarmos o nome só quando o virmos pela primeira vez. Dou um gole no
chá, vendo Dimitri passar pela porta que dá acesso ao jardim, falando ao
telefone. Ele passa o olhar pelo local, e nossos olhares se encontram, ele vem
em minha direção, passando a mão no cabelo andando até mim.
— Ok. Vou amanhã, sim. Irei falar com a clínica que minha mulher está
sendo acompanhada, para solicitar uma enfermeira, para ficar aqui com ela.
— Faz uma pausa e se senta na poltrona ao meu lado. — Certo. Às onze
estarei lá. Boa noite.
— Vai sair amanhã? — pergunto, e tomo um gole do chá.
Ele assente e coloca o celular na mesinha de vidro.
— Vou precisar ir a um almoço de negócios, inadiável. — Me fita. — E
como não quero te deixar sozinha, vou solicitar uma enfermeira para ficar
com você enquanto eu estiver fora.
Assinto, não podendo discordar. Não posso ficar sozinha. Dou um gole
no chá, acariciando Serafina que se espreguiça em meu colo.
— Você está pensativa. — Dimitri me olha. — O que foi? É sobre seu
p... Fernando?
Assinto.
— São coisas que não saem da minha cabeça. Estou com muita dúvida.
— Suspiro, e coloco a caneca na mesinha de vidro ao lado do sofá. — Não
sei se ele está falando a verdade, se está mentindo... Eu realmente estou no
escuro, Dimitri.
Ele levanta e se senta ao meu lado, me puxando mais para ele.
— Por que não conversa com ele? — O olho, arqueando a sobrancelha.
— Amor, ontem eu discordei de tudo, porque ele abordou tudo de uma
maneira apressada, que te deixou estressada. E estou muito preocupado com a
sua gestação. Rezo dia e noite para não perder vocês dois na hora do parto. —
Seus olhos azuis me fitam, aflitos. — Eu apenas quis cuidar de você naquele
momento, para você não ser internada com a pressão alta, como mês passado.
— Ele passa a mão na nuca. — Mas eu vejo que ele quer realmente conversar
com você. Vejo sinceridade nos olhos dele.
— Você acha? — murmuro.
Serafina sai do meu colo e vai para o de Dimitri, se aconchegando nele.
— Acho não, tenho certeza, meu amor. — Ele acaricia meus cabelos. —
Vocês deveriam conversar. Sei que tem muito rancor de tudo, e isso não faz
bem a você. Converse com ele, tente entender o seu lado, e se acertem. Vocês
merecem isso. Sei que a vida que ele decidiu seguir foi totalmente errada,
mas foi como ele disse, fez para te dar uma vida boa. Entende o que quero
dizer?
Assinto e deito minha cabeça em seu peito.
— Ele lhe deu o cartão, ligue para ele e converse. Se quiser pode chamá-
lo até aqui, não irei me intrometer. Deixarei vocês bem à vontade, ficarei no
escritório ou em algum cômodo distante. Mas ele tem que me garantir que
não a fará se exaltar. — O olho. — Não aconselho você sair, não quero você
fazendo esforço, ele é que tem que vir. Você quer conversar com ele?
Respiro fundo e assinto.
— No fundo, eu sei que preciso dessa conversa. Pode ser que seja a
nossa última, ou uma conversa que nos fará ficar unidos, como nunca
ficamos.
— Sim, concordo. Se quiser, posso pegar o cartão para você. — Dimitri
me olha.
— Ele está aqui, dentro da capa do meu celular. — Pego meu celular em
cima da mesinha, retiro a capa e pego o cartão.
— Você quer ligar agora? — Dimitri acaricia meu ombro. — Se quiser,
posso ficar aqui com você.
Assinto e desbloqueio meu celular, digito o número dele com os dedos
trêmulos e levo o telefone até o ouvido. Dimitri segura minha mão e escuto o
telefone chamar e por fim ser atendido.
— Sebastian Torres falando.
Suspiro, com as mãos trêmulas.
— Oi..., É... Alicia.
Escuto sua respiração funda.
— Oi, filha. Fico feliz que tenha ligado.
— Estou atrapalhando?
— Não, querida. Você nunca me atrapalharia.
— É... eu liguei para podermos conversar.
— Nossa. Que notícia boa, querida. Fico muito feliz. Quando você quer
conversar? Estou livre amanhã pela tarde, umas quatro horas. Se quiser,
conversamos amanhã.
— Amanhã? Às quatro horas? — Olho Dimitri, que assente, acariciando
minha mão. — Pode ser. Mas você pode vir aqui em casa? Eu não posso
fazer muito esforço.
— Claro. Claro que eu vou, querida. E Dimitri? Ele concordou?
— Foi ele que me encorajou a te ligar
— Ah, sim, fico feliz.
Dimitri me pede o celular e lhe entrego.
— Como vai, Fernando? É Dimitri... Vou bem. Bom, quero combinar
algo com você. Não quero minha mulher exaltada com sei lá o que você vai
falar. Peço que seja maleável com as palavras, Alicia está sentimental,
sensível e não pode se alterar devido a sua gravidez de risco. — Faz uma
pausa. — Me garante isso, não é?... Certo. Obrigado, Fernando. Até amanhã.
Dimitri finaliza a ligação e me olha.
— Pronto, meu amor. — Beija minha testa. — Vai ficar tudo bem.
Assisto uma série na tv, passando o tempo. Dimitri ainda não chegou, e
ele disse que iria chegar antes do Fernando. Vejo a hora em meu relógio,
vendo que ainda tem meia hora para Dimitri chegar.
— Aqui está seu lanche. — Antônia se aproxima com uma tigelinha em
mãos.
— Obrigada, Antônia. — Agradeço e pego a tigelinha de suas mãos.
Ela se retira e me deixa sozinha. Como minhas frutinhas de toda a tarde,
esperando Dimitri. Vejo Rebeka, a enfermeira entrando na sala, com o
medidor de pressão nas mãos. Senta ao meu lado e afere.
— Está sentindo alguma coisa? — Ela retira o aferidor do meu braço
— Só muita dor de cabeça, e a visão um pouco turva. — A olho.
Ela verifica a hora em seu relógio de pulso.
— Já está na hora de tomar seus remédios. Vou pegá-los. — Me olha.
Assinto, ela se levanta e vai buscar meus remédios quando Dimitri passa
pela porta retirando sua gravata com uma aparência cansada. Vem até mim,
se inclina, e beija minha testa e minha barriga.
— Você está bem? Sentiu alguma coisa? — Seus olhos azuis me fitam.
— Estou bem. Apenas dor de cabeça, e esses pés mais inchados a cada
dia. — Bufo.
Ele acaricia meu rosto.
— O Fernando já ligou? — pergunta, se sentando ao meu lado.
Nego com a cabeça.
— Ele não ligou — respondo, e coloco um pedaço de fruta na boca. —
Mas ele disse que iria chegar às quatros horas, tenho que esperar.
Rebeka aparece com os remédios e um copo d’água.
— Boa tarde, senhor D’Saints. — Ela o cumprimenta, com um sorriso
simpático.
— Boa tarde, Rebeka. Minha mulher esteve bem? — Dimitri a olha.
— Dimitri, eu já disse que não senti nada. — O olho.
— Mas eu não acredito. Você pode ter sentido algo, e não vai querer me
dizer para eu não ficar preocupado. — Ele segura minha mão e fita Rebeka.
— Ela se sentiu mal?
— Não, senhor. Só a pressão que deu alta, mas aqui estão os remédios
que ela deve tomar. — Ela me entrega alguns comprimidos e ingiro com a
água.
— Certo. Obrigado, Rebeka. Se quiser, já pode ir. — Dimitri se levanta
do sofá.
— Eu prefiro ficar até à noite, se não for incômodo. — Ela o olha.
— Algum problema? Você me disse que ela está bem — Dimitri fala,
preocupado. — A gravidez dela é de risco, Rebeka. E você sabe disso. Todo
cuidado é pouco. Atenção cem por cento nela.
— Sim, eu sei disso. Mas eu apenas quero ficar, para cumprir meu
horário — Rebeka fala. — Fique despreocupado, senhor D’Saints.
— Não dá para ficar, Rebeka. Minha mulher precisa de atenção
redobrada — meu namorado diz. — Ela tem pré-eclâmpsia. Preciso soletrar?
Você estudou sobre isso, sabe a gravidade da situação.
— Dimitri, se acalma. — Seguro sua mão, fazendo-o me fitar. — Deixa
de ficar assim, está me estressando. Já dissemos que estou bem, não me senti
mal.
Ele suspira.
— Eu fico preocupado. — Passa a mão no rosto.
— Desculpe interromper, mas o Sebastian Torres acabou de chegar — a
empregada avisa.
Dimitri assente, e a empregada vai até à porta para recebê-lo. Sinto
minhas mãos trêmulas e meu coração acelerado, de ansiedade. Rebeka se
retira, indo em direção ao corredor. A porta é aberta e Fernando passa por ela,
acenando para a empregada que sorri para ele e fecha a porta. Fernando me
olha e abre os botões do paletó.
— Olá, Fernando. — Meu namorado o cumprimenta.
Fernando estende a mão e meu namorado aperta.
— Olá, Dimitri. — Dimitri acena e Fernando me olha.
Engulo em seco, e vejo o quão meu pai é bonito. Não aparenta ter a
idade que tem. Seus cabelos estão um pouco grisalhos, a barba da mesma
maneira, e ele fica mais jovem ainda de terno. Me pareço demais com ele,
principalmente o formato dos olhos, grandes, expressivos e escuros. Pele no
mesmo tom, e lembro-me de como seu cabelo era bem preto, que brilhava,
assim como o meu.
Meu pai suspira e se aproxima mais.
— Oi! Como você está? — Sorri de lado.
— Vou bem — respondo, tentando controlar meu nervosismo.
— Fernando, eu vou deixar vocês a sós. — Fernando olha Dimitri. —
Estarei no escritório, e não quero interromper. Mas faça o que me prometeu.
— Pode deixar, Dimitri. Não vou deixar Alicia estressada, e se exaltar
— meu pai fala. — Apenas quero me acertar com minha filha.
— Onde quer conversar, amor? — Dimitri me olha.
— Estou me sentindo um pouco enjoada, mas acho que lá fora, será
melhor para mim. Ar fresco vai me fazer sentir melhor — respondo.
Ele assente e me ajuda a levantar.
— Quer ajuda? — Fernando pergunta, me olhando.
— Eu a levo — Dimitri murmura.
Capítulo 34
Vejo Alicia sair do closet, colocando seu cardigã, e sorrio ao ver sua
barriga grande com meu meninão dentro, crescendo. Estava esperando-a
terminar de se arrumar, para jantarmos fora com o Fernando, sua mulher e
seu filho. Eu preferia que eles viessem para cá, para Alicia ficar tranquila sem
fazer esforço, mas ela quer sair um pouco, já está em casa há alguns meses e
isso a está deixando entediada.
Eu a entendo, o médico disse que ela deveria ficar de repouso, e ela já
está estressada. Alicia sempre foi bem ativa, e com a gravidez e essa maldita
pré-eclâmpsia, está deixando Alicia num tédio, que só Jesus na causa. Eu que
lute para aguentar os surtos repentinos da minha mulher. Estou nervoso pra
caralho, bastante preocupado, tem noite que eu nem durmo, apenas velando
seu sono e com medo de ela sentir algo.
Estou com grandes olheiras, um cansaço fora do normal, tudo por causa
das noites mal dormidas. Só vou à empresa quando é algo extremamente
necessário, que precise mesmo da minha presença. Até documentos são
enviados para mim, via motoboy, porque eu não quero deixar Alicia sozinha
um minuto.
— Você acha que está boa essa minha roupa? — Ela me olha.
Assinto, com um sorriso. Ela veste um vestido folgadinho, com o
cardigã por cima e rasteirinha de dedo. Seus cabelos estão soltos, e uma
maquiagem bem leve realça sua beleza.
— Está linda, meu amor. — Caminho até ela. — Você sempre está
linda. — Ela sorri, tímida.
— Está pronta? — Ela assente.
— Vou só pegar minha bolsa — fala.
Caminha até a cama, pega sua bolsinha tiracolo e vem até mim. Eu pego
a bolsa de sua mão e a penduro em meu ombro, vendo Alicia com um sorriso.
— Quê? — Franzo a testa.
— Saiba que está lindo, todo playboy, usando uma bolsinha dourada
pendurada no ombro. — Gargalha.
Cerro os olhos e acabo sorrindo. Minha roupa está normal. Uma camisa
de botões com as mangas dobradas nos cotovelos, calça jeans e tênis.
Supernormal, para um jantar com meu sogro em um dos restaurantes mais
sofisticados de Paris.
— Não estou playboy. — Faço uma careta.
— Não mais. Agora você é um homem de uma mulher só. — Pisca o
olho.
— Com toda certeza. — Sorrio, orgulhoso. É claro.
Saímos do nosso quarto, e descemos as escadas, vendo Simon e Thomas
nos esperando, ambos vestidos com roupas casuais para um jantar tranquilo,
eles ficarão à paisana, um pouco distante da nossa mesa, para fazer nossa
segurança, enquanto jantamos, tranquilamente. Aceno para eles, que
caminham para fora de casa. Simon abre a porta da SUV preta e permito que
Alicia entre primeiro e se acomode para eu poder entrar e seguirmos para o
restaurante.
Vejo Dimitri sair do closet, terminando de colocar seu paletó azul royal
e ajeitar suas abotoaduras. Ele está um gato assim. Ele fica gostoso demais de
terno, e quando é azul desse jeito, seus olhos ficam em destaque. Dimitri
levanta seus olhos azuis e abre um sorriso de lado. Nossa..., ele é tão...
gostoso.
— Posso saber por que você está me secando, mocinha? — Cerra os
olhos.
Fecho o livro e mordo de leve minha unha, com um sorriso de lado.
— Já falei alguma vez como você fica lindo e gostoso de terno? —
Coloco meu livro em cima da cama.
— Todas às vezes você diz, amor. Mas qual a diferença de hoje? — Se
aproxima.
Seus passos são calmos e seus olhos transmitem puro desejo. Senta na
beirada da cama, abre mais seu paletó calmamente, de um jeito extremamente
sexy.
— Porque, ternos azuis, deixam você mais gato. — Fico de joelho na
cama e me aproximo mais dele. — Fica um gato. Gostoso demais.
Dimitri fita minha boca e meus olhos.
— Com tesão, morena? — Segura minha nuca e aproxima meu rosto do
seu.
— Muita. Você esqueceu de mim durante esses meses, e estou com
tesão acumulado. — Mordo seu lábio.
— Não esqueci de você, morena. Apenas estou preocupado para pensar
em sexo. — Seus olhos azuis me fitam.
— Vai me dizer que não sentiu vontade de transar durante esses meses?
Que não ficou de pau duro? — Dimitri respira fundo.
— Sim, amor. Passei esses malditos meses de pau duro, querendo te
foder de todas as maneiras possíveis. — Morde meu lábio. — Ver você nua,
tomando banho... Hum... Esses peitões aqui... — Beija meu pescoço. — Está
sendo uma tentação para mim, morena.
— Se não estivesse tão atrasado, poderia te chupar gostoso. — Mordo
sua orelha e Dimitri solta um gemido baixo. — Você poderia chegar mais
cedo, para realizar um desejo de uma grávida, não é?
— Com toda certeza, meu amor. — Segura minha nuca e beija meus
lábios. — Pode ter certeza de que vou chegar cedo para realizar seus desejos,
mas agora eu preciso ir.
Faço beicinho e ele beija meus lábios com um sorriso.
— Cátia já enviou uma mensagem? — Se levanta da cama.
— Já. Disse que em vinte minutos ela chega com o Eric — respondo,
sentando-me na cama.
— Tem certeza de que quer ficar na casa de Valentina mesmo? —
pergunta, preocupado.
— Rebeka vai para lá também, Dimitri. Vou me entreter com Lorena,
Damien e Eric. Valentina, Cátia e tia Flor me farão companhia. Não se
preocupe. — Levanto-me da cama.
— Me preocupo, sim. Está pronta? — Me olha.
Assinto e Dimitri pega minha bolsa com tudo que vou precisar e
descemos as escadas, vendo Rebeka trajando sua roupa branca de enfermeira,
nos esperando. Caminhamos para fora da casa e vamos até a casa da minha
amiga, que está descendo as escadas.
— Valentina, por favor, qualquer coisa, qualquer mal-estar, tontura...
Me ligue. — Dimitri pede.
— Pode deixar, Dimitri. — Minha amiga vem até nós. — Ela não está
nem doida de esconder qualquer coisa que estiver sentido. Ficarei de olho.
— Obrigado, cunhada. — Dimitri me fita. — Cuidado, amor. Fique
longe de escadas, de lugares escorregadios...
— Tá, senhor paranoico. — Seguro seu rosto e beijo seus lábios. —
Pode ir tranquilo.
Ele assente e beija meus lábios.
— Por favor — sussurra me deixando com dó, de tanto que está
preocupado. — Prometo que volto logo para cuidar de você.
Vejo Lorena, Damien e Eric brincando na beira da piscina, aproveitando
a tarde. Tenho certeza de que vão se dar bem. Me levanto da cadeira,
ajeitando meu vestido folgado.
— Vai aonde? — Valentina me fita.
— Beber água — respondo.
— Eu vou buscar para você. — Se levanta.
— Eu vou, amiga. Preciso andar um pouco, para o sangue circular. Não
aguento mais ficar sentada. Meus pés estão muito inchados. — Ela me fita
com seus olhos ímpares e assente.
Me afasto dela e caminho para dentro da sua casa, andando até a
cozinha. Abro a geladeira para retirar a garrafa e pego um copo e o encho,
vendo algumas coxinhas em um recipiente de vidro em cima da ilha. Mordo o
lábio. Adoro coxinha.
— Uma coxinha não me fará mal — murmuro.
Largo o copo vazio na ilha, abro a tampa de vidro e tiro de lá uma
coxinha e levo até a boca, mordendo. Saboreio o gostinho delicioso dela
soltando um gemido, sentindo o quanto está delicioso. Minha amiga sempre
gosta de ter comidas brasileiras em casa, o que Dominic adora, sempre pede
para ela fazer algumas coisas, e ela faz com maior gosto para seu marido.
Termino de comer a coxinha, antes que alguém veja e tampo o recipiente.
Coloco a garrafa de volta na geladeira e saio da cozinha, vendo Manuela
entrar na casa da minha amiga, com Alessandro nos braços.
— Ei, gravidinha. — Sorri para mim. — Como você está?
Nos abraçamos e beijo a cabeça de Alessandro que sorri para mim, com
os dedos na boca, todo babado.
— Cansada de ficar sentada. E você? — A olho.
— Muito bem! Cadê o pessoal? — Ajeita Alessandro melhor nos
braços.
— Valentina, tia Flor e Cátia estão lá atrás, vendo os meninos na
piscina. Vamos até eles. — A chamo.
Caminhamos para a área externa, e nos sentamos para conversar, e dura
toda a tarde. Quando está anoitecendo, Dimitri chega com seus irmãos. Como
sempre, Dimitri questiona todo mundo se eu fiquei bem, com sua paranoia.
Ele dispensa Rebeka e minha amiga me chama para ficar para o jantar.
— Seu pai mandou um beijo para você. — Cátia me olha. — Uma pena
não estar aqui. Ele teve alguns problemas na empresa e teve que voltar para o
Canadá.
— Quando ele volta? — pergunto, colocando a almofada em meu colo.
— Amanhã. Ele vai pegar o voo hoje à noite, deve chegar logo cedo —
responde.
— Amor, não quer tomar banho para jantar? — Dimitri pergunta,
chegando na sala.
Peço licença à Cátia e sigo com Dimitri para um quarto no térreo e
entramos. Vou até o banheiro, retiro minha roupa e me olho no espelho. Bom,
não estou nada bonita. Estou mais inchada que tudo e isso está me
preocupando muito. Dimitri para na porta e me olha.
— Pensei que já estava no banho. — Se aproxima. — Algum problema,
amor?
— Estou me achando inchada demais. — Me olho no espelho.
Sinto minha visão turva e vejo estrelinhas, me apoiando na pia.
— Ei! Ficou tonta, não foi? — Suspiro, sentindo suas mãos em volta de
mim. — Venha, vou dar um banho em você.
Ele retira sua roupa em tempo recorde, me segurando, me leva até o box.
Liga o chuveiro e faz me apoiar nele e me dá banho, lavando todo meu corpo
esfregando a esponja com o sabonete líquido. Após o banho, ele enxuga todo
meu corpo com cuidado e me veste com o roupão, me leva de volta para o
quarto e me sento na cama, colocando os pés para cima.
Dimitri volta para o banheiro, para tomar um banho rápido e volta para o
quarto, vestindo uma bermuda cáqui sem camisa, mostrando todos os seus
músculos. Senta na beirada da cama e segura minha mão.
— Você está cuidando tão bem de mim. — O olho.
Dimitri me fita, e me dá um sorriso de lado.
— Quem ama cuida — responde, fazendo carinho em minha mão.
Suspiro e fecho os olhos por um momento e o fito.
— Eu também amo você — confesso, sentindo meu coração bater forte.
Os olhos azuis de Dimitri me fitam arregalados e ele se aproxima mais
de mim. Olha em meus olhos por longos segundos, processando a
informação.
— Repete. — Pede, emocionado.
— Eu amo você. — Repito, com um sorriso.
Dimitri abre um largo sorriso com os olhos marejados.
— Pensei que nunca iria escutar isso, de novo. — Me olha, emocionado.
— Quis te fazer sofrer um pouco. — Rimos, e sinto meus olhos
marejados. — Mas eu te amo desde que te vi na empresa.
Ele se aproxima mais de mim, segura meu rosto e me beija. Um beijo
lento e carinhoso, mostrando o quanto me ama e que cuida de mim. Dimitri
me dá um selinho e acaricia meu rosto.
— Eu te amo muito, amor. Muito mesmo. — Uma lágrima escorre em
seu rosto. — Me perdoa por tudo que eu fiz, prometo ser um homem melhor
para você.
Acaricio seu rosto, pegando sua lágrima com meu polegar.
— Eu te perdoei faz tempo, Dimitri. Você que ainda não notou.
Rebeka fez todos os exames em Alicia que o médico pediu para ser feito
com urgência. Não demorou muito e vários funcionários foram ajudá-la a
realizar os exames. É só dá um empurrãozinho e tudo dá certo. Foram feitos
exames de urina, sangue, ecografia e cardiotocografia, onde podemos escutar
o coração do nosso menino, o que nos alivia em saber que ele está bem, mas
não deixo de lado a preocupação que estou por Alicia. Como era de se
esperar, o dono da clínica liga rapidamente para mim me pedindo desculpas
pelo ocorrido e que a clínica está passando por algumas alterações,
cronogramas..., enfim.
O meu humor não está dos melhores. Eu nunca estive com um mau
humor tão insuportável, que nem eu estou me aguentando. Estou agoniado,
preocupado, com dor de cabeça, vendo Alicia sentir dor e não podendo fazer
nada. Absolutamente nada.
Volto para a sala de espera, vendo Alicia passar a mão na barriga de
olhos fechados e suspirando.
— Aqui, amor. — Me aproximo dela.
Alicia me fita e pega o copo d’água da minha mão e ingere em um gole
só.
— Aliviou a dor? — Seguro sua mão e me sento ao seu lado.
— Não — responde e encosta a cabeça na parede.
Suspiro e fecho os olhos, abaixando a cabeça rezando silenciosamente
para que tudo fique bem com ela e nosso filho. Não posso perdê-los. De
maneira alguma. Não sei o que será de mim se eu os perder.
Apoio minha mão sobre a sua onde tem a sua aliança de noivado e
acaricio sua mão, encostando minha cabeça na parede, esperando os exames
ficarem prontos. Sinto meu celular vibrar dentro do bolso e retiro-o de dentro,
vendo o nome da minha cunhada na tela.
— Oi, Valentina!
— Alicia está bem? Já fez os exames?
— Já sim. Estamos esperando os resultados saírem.
— Ela ainda sente dores? Porque não é normal, Dimitri. Estou muito
preocupada com ela.
— Infelizmente não posso fazer nada, Valentina. — Seguro forte a mão
de Alicia. — Estou bastante preocupado também.
— Já entrou em contato com o Fernando? Soube que ele chega hoje em
Paris. Ele pediu para qualquer novidade ligar para ele.
Verifico a hora em meu relógio.
— Ele já deve ter aterrissado. Vou ligar para ele.
— Qualquer coisa me liga.
Me despeço e ligo para Fernando, que me atende no terceiro toque.
— Fala, Dimitri.
— Oi, Fernando. Já aterrissou?
— Já, sim. Estou a caminho da sua casa, porque preciso falar com
minha filha. E não dá para ser pelo telefone.
— Não estamos em casa. Estou na clínica com ela, porque desde ontem
Alicia está sentindo algumas dores e o médico mandou realizar alguns
exames, agora estamos aguardando.
— Me passe a localização dessa clínica que vou mudar meu percurso
agora mesmo e vou até aí.
— Mandarei por mensagem.
Finalizo a ligação e envio a localização da clínica para ele, quando
Rebeka aparece com alguns envelopes em mãos.
— Os resultados saíram. Vamos voltar para a outra clínica.
Ajudo Alicia a se levantar devagar e caminho com ela para o carro.
Thomas abre a porta, entramos com calma e seguimos para a outra clínica. Só
essa perda de tempo está me deixando totalmente estressado.
— Essa porra era para ser tudo em um lugar só. Tudo só para atrapalhar,
esse caralho. — Dou um murro no banco.
— Vai ficar tudo bem. — Alicia me olha, e segura minha mão. — Fica
calmo.
Me inclino e beijo sua testa, com as mãos trêmulas. Porra, estou
nervoso pra caralho. Thomas estaciona o carro no estacionamento da clínica.
Desço primeiro e ajudo Alicia a descer.
— Vou entrando, para agilizar — Rebeka avisa e eu assinto, vendo-a
sair do carro às pressas, indo para a clínica.
Deixo Alicia em pé, parada, encostada no carro, contorno o carro e pego
sua bolsa. Mas quando volto para perto de Alicia, meu coração gela.
— Olá, priminho. — Francesca nos olha, com uma arma apontada para
Alicia.
Thomas rapidamente tira sua arma do coldre e aponta para Francesca.
Francesca tem os olhos fixos em mim. Ela está totalmente diferente. Sua pele
está horrível, totalmente desidratada. Os cabelos loiros bagunçados e
quebradiços amarrados em um rabo de cavalo e uma roupa horrorosa, rasgada
e suja.
— Onde conseguiu essa arma? — pergunto, ficando na frente de Alicia,
que segura forte minha jaqueta de couro.
— Onde eu consegui? Vende armas em vários lugares, cuginetto. —
Estala a língua. — Mas eu conheço alguém que me vendeu por um preço bem
bacana.
— Se prostituindo, você quis dizer. — Dou um sorriso amargo, sentindo
meu coração bater forte. — Porque tio Rafael e tia Pietra nem te dão mais
nada.
Francesca dá de ombros, ainda mantendo a arma apontada para mim e
Alicia.
— Saia da frente dela. — Francesca me fita. — Meu assunto é com essa
vagamunda desgraçada.
— Francesca, me deixe em paz. — Alicia a olha, se apoiando no carro.
Alicia faz uma careta e suspira. Merda! Isso não está nada bom.
— Está com medinho agora, sua piranha? Quando me bateu se garantiu
toda. — Francesca trinca os dentes. — Saia de trás dele e me enfrente,
vagabunda.
— Francesca, eu preciso levar Alicia para a clínica. Ela está grávida...
— Foda-se! Esse pirralho não vai viver mesmo. Muito menos essa
desgraçada que te roubou de mim. — Me fita, com os olhos vermelhos. —
Para que tanta preocupação, amor? É comigo que você vai ficar e não com
ela. É comigo que você terá filhos. Não está vendo que ela é uma doente que
nem consegue ter uma gravidez saudável? Ainda quer continuar com essa
pobretona que só quer seu dinheiro?
— Abaixe essa arma, Francesca. — Thomas se aproxima, ainda mirando
a arma nela. — Será melhor para todo mundo.
— Eu lhe dou um bom dinheiro para ir embora agora, Francesca. Você
terá o luxo que sempre teve. Apenas nos deixe em paz. — Peço, com medo.
— Você pode ir agora, que não farei nenhuma denúncia contra você,
ninguém da família vai saber, nem mesmo seus pais. Tudo pode ficar bem, se
você colaborar e ir embora.
Francesca gargalha, ainda com a arma em mãos. Eu só consigo pensar
que ela pode atirar em Alicia e posso perdê-la junto com nosso filho. Isso não
pode acontecer. Não pode. Não pode.
— Você ainda não entendeu que eu não vou embora sem você, amor. —
Francesca me fita. — Ou você vai comigo, ou vou matar essa piranha na sua
frente, junto com seu filhinho bastardinho de merda.
Trinco os dentes e dou um passo à frente. De repente, Fernando aparece
e aponta a arma para a cabeça de Francesca, que vacila um pouco, surpresa.
Fernando está atrás de Francesca e fala bem perto do seu ouvido.
— Abaixe sua arma agora, Francesca — Fernando diz friamente. — Ou
estouro seus miolos, sua vagabunda. Deixe a minha filha e o marido dela em
paz, ou mato você aqui e agora.
Francesca ri, ainda com a arma mirada em Alicia. Sinto meu coração
bater forte demais, com medo de que ela faça algo para minha mulher e meu
filho. De onde Fernando saiu?
— Abaixe a arma, Francesca. — Peço, sentindo minhas mãos trêmulas.
— Seu fim não será nada bom.
— Você tem duas opções, Francesca. — Fernando empurra a arma na
sua cabeça.
— Você não teria coragem. — Francesca ri, revirando os olhos.
— Você acha que eu não tenho? Você realmente não me conhece,
boneca — Fernando diz, frio. — Eu não tenho nada a perder, Francesca.
Você tem. Se eu te matar aqui e agora, nada vai acontecer comigo. Já com
você... — Fernando sorri, fazendo Francesca trincar os dentes. — Dimitri não
vai ficar com você. Você não vê o quanto ele ama minha filha e vivem muito
bem? Você acha que terá isso com ele? Nunca terá o que eles têm.
— Vou ter sim. — Francesca trinca os dentes.
— Não mesmo. — Nego com a cabeça.
— Por que você acha isso? Eu vou viver e vamos viver juntinhos, amor.
É para você estar comigo! E não com essazinha. Eu amo você. Ela não te
ama, Dimitri. Ela só quer saber do seu dinheiro, como a amiguinha dela fez
com seu irmão. Se casou com ele e fez com que Dominic passasse tudo para
o nome dela e da pirralhada defeituosa, igual à mãe.
Uma raiva me consome e acabo me alterando.
— Não. Minha cunhada ama meu irmão, é totalmente diferente,
Francesca. Você não sabe o que é amor. Você nunca amou ninguém. Não
ama nem a si mesma! Você é uma doente. Precisa internar e se tratar! Eu não
amo você, e nunca vou amar ...
Francesca solta um grito de raiva e aperta o gatilho em direção à Alicia,
me coloco na sua frente com uma rapidez surreal, sendo acertado pela bala e
acabo escutando mais outro disparo.
Solto um grito bem alto, vendo Dimitri cair no chão atingido pela bala e
pelo meu pai ter atirado na cabeça de Francesca que cai morta no chão com
os olhos vidrados em mim e Dimitri, sem vida. Me ajoelho no chão com
lágrimas nos olhos, vendo que a bala atingiu a barriga de Dimitri, e vejo
muito sangue sujar sua roupa.
— Amor... — Minha voz sai embargada. — Vai ficar tudo bem.
Ele assente e suspira.
— Thomas, chama alguém logo! — Peço, agoniada.
Vejo meu pai olhar friamente para Francesca no chão, morta por ele, e
guarda sua arma por dentro do paletó e vem até mim.
— Você está bem? — Me analisa preocupado, e assinto.
— Ele levou um tiro, pai. — Lágrimas escorrem em meu rosto e fito os
olhos azuis do amor da minha vida. — Você vai ficar bem, meu amor.
— Fernando... Leve-a para dentro... — Dimitri faz uma pausa e uma
careta. — Ela está passando mal... Está com dores... Precisa voltar para o
médico...
— Não. Não vou sair do seu lado — falo apressada, passando a mão em
seus cabelos.
— Amor..., você precisa... — O interrompo.
— Não vou sair do seu lado — digo, sentindo lágrimas descerem pelo
meu rosto.
— Eu vou ficar bem, amor. — Faz uma pausa, engolindo em seco. —
Mas você está...
— Não vou sair do seu lado. — Repito e passo minhas mãos em seu
rosto.
Ele ergue a mão e limpa as lágrimas do meu rosto.
— Eu amo você, morena. — Me fita com seus olhos azuis. — Te amo
muito.
— Eu amo você, Dimitri — confesso, emocionada.
Uma lágrima solitária escorre em seu rosto e limpo com meu polegar.
Fito seus olhos azuis com a minha vista embaçada.
— Senhora, peço que se afaste. — Um enfermeiro se aproxima com
mais duas pessoas.
Olho Dimitri que assente.
— Vai ficar tudo bem... — Dimitri fita meu pai. — Fica com ela... —
Faz uma pausa. — Não saia de perto dela nem por um segundo, Fernando.
Meu pai assente. Os enfermeiros colocam Dimitri em uma maca e
entram dentro da clínica, fazendo os procedimentos necessários. Vejo várias
pessoas no local, vendo Francesca morta no chão. Thomas se aproxima
falando ao telefone e fito meu pai, nervosa.
— Você pode se prejudicar... — falo, com medo.
Meu pai me abraça e beija minha cabeça.
— Vai ficar tudo bem, meu amor. — Apoia seu queixo em minha
cabeça. Vejo os olhos mortos de Francesca ainda abertos, e fecho os meus. —
Vai ficar tudo bem. Vamos entrar.
Ele me puxa, me impossibilitando de olhar Francesca e entramos na
clínica, vendo Rebeka vir até nós, preocupada. Meu pai me coloca sentada
numa poltrona e a dor volta com força total.
— Eu já entreguei os exames ao médico — Rebeka informa. — Ele teve
que dispensar uma paciente para dar prioridade a você.
Passo a mão na barriga, suspirando.
— O Dimitri vai ficar bem? — pergunto, preocupada.
— Vai. Ele vai ficar bem — Rebeka afirma.
Meu médico aparece na sala me procurando e ao me ver, vem até nós.
— Alicia, você precisa entrar em trabalho de parto agora. Sua pré-
eclâmpsia evoluiu para a síndrome de hellp.
Sinto minha cabeça girar. Pisco os olhos, tentando processar a
informação.
— O quê? Mas não está na hora... — Gaguejo, nervosa. — Ainda é
prematuro...
— Você e o bebê correm risco de vida, Alicia. O bebê tem que nascer
agora e não pode esperar até amanhã. — O meu médico me olha.
— M-mas... eu nem trouxe a mala com as roupinhas dele... — Meus
olhos ficam marejados.
— Alicia. — Rebeka me olha, aflita. — Ele não vai usar roupa na UTIN.
— Precisamos ir agora para a sala e fazer esse parto. — O médico me
fita, extremamente preocupado.
Capítulo 39
Alicia é trazida para a sala de cirurgia para ter meu neto em um parto
cesáreo. Vejo os médicos e enfermeiros preparando tudo para realizar o parto
e a anestesista aplica a peridural em Alicia. Tudo é preparado com cautela e
certa rapidez, para fazer o quanto antes o parto da minha filha. Depois de
alguns longos minutos, o parto inicia e me mantenho ao lado da minha filha,
segurando sua mão, tentando lhe passar conforto. Sei que Alicia está nervosa
tanto pelo parto quanto por Dimitri que está em outra sala de cirurgia.
Fecho os olhos por um momento, vendo o olhar da minha menina de
desespero vendo aquela louca com a arma apontada para ela e Dimitri. Já faz
um bom tempo que atirei em alguém para matar. Eu tive que fazer isso, eu
não podia deixar aquela louca matar minha filha e meu neto. Estava com a
arma no coldre, e por que não fazer? Não pensei duas vezes ao sacar a arma e
apontar para a cabeça de Francesca. Sabia muito bem da existência das
câmeras de segurança no estacionamento da clínica, mas toquei o foda-se e
fiz sem pensar duas vezes.
Estava disposto a assumir as consequências.
Minha filha e meu neto estavam em perigo, em risco, junto com Dimitri,
que estava disposto a levar o tiro por ela. O admiro demais por isso, ele ama
demais a minha filha e estou tranquilo com isso, sei que ele não a fará mais
sofrer. A vida deles é importante demais para mim. Também vi o desespero
da minha filha ao ver o que eu tinha feito. Sei que não foi pelo fato de eu ter
matado alguém, e sim, pelas consequências que eu poderia ter depois. Mas
para meu alívio, o segurança de Dimitri me deu um olhar de “Fique
tranquilo, que vamos resolver. Você não será o culpado pela morte dela”.
Suspirei aliviado, ainda abraçado com a minha filha que desviou seu olhar de
Francesca e afundou seu rosto em meu peito.
Sei que não fui um bom pai, na verdade, fui um péssimo pai. Um bom
pai abandona sua filha quando ela mais precisa? A deixa desamparada? Não
mesmo. Admito que fui um pai horrível para ela, e me arrependo disso
amargamente. A cada dia eu sofro por tudo que a fiz passar. Me sinto um
covarde. Eu tinha prometido que a protegeria e que cuidaria dela assim que a
peguei nos braços pela primeira vez, e falhei. Errei demais com ela, e eu não
merecia seu perdão. Minha filha tem um coração de ouro, ela é incrível. O
oposto da sua mãe, que não se importava com ninguém, além de si mesma.
Ela já era um pouco egoísta antes de engravidar, mas depois que
engravidou... mudou completamente. A mulher que eu amei, se tornou uma
pessoa que eu desconhecia totalmente. Se tornou mais egoísta, arrogante... e
vê-la olhar nossa filha como se ela fosse um lixo, me doía. O olhar de
desprezo que ela dava para Alicia..., me sentia mal com tudo isso.
Eu vi o seu desespero quando soube que ela estava grávida, de início eu
pensei que ela estivesse nervosa, é claro. Mero engano...
[...]
— Fernando. — Cibele entra em meu quarto.
Largo a Caneta em cima do caderno, vendo-a nervosa ao extremo. Me
deixando bastante preocupado.
— O que foi, amor? Algum problema? — Me levanto da cadeira.
Cibele passa as mãos em seus cabelos, com lágrimas nos olhos,
andando de um lado para o outro, completamente fora de si, nervosa. Ela me
fita com os olhos vermelhos.
— Fala. O que foi? — pergunto preocupado.
Ela suspira e limpa o rosto com o dorso da mão.
— Estou grávida!
Sinto meu coração bater rápido demais em meu peito e sinto minhas
mãos trêmulas. Meus olhos rapidamente ficam marejados, pela tamanha
felicidade. Uma descarga elétrica passa por todo meu corpo e vibro. Grito
bem alto, completamente feliz. Corro até o amor da minha vida e a puxo
para um abraço, agradecendo repetidas vezes pela notícia. Eu sempre sonhei
em ser pai, e ele acaba de ser realizado.
— PORRA! Que notícia maravilhosa. — Puxo seu rosto e beijo seus
lábios.
Sinto que ela não retribui e me afasto, para olhar em seu rosto. Não
vejo emoção alguma, nem um brilhozinho diferente em seus olhos eu vejo.
Cibele me olha diferente, como nunca tinha me olhado. Me afasto mais um
pouco.
— O que foi? Você não está feliz? — Engulo em seco.
— Não — responde, sem emoção.
— Por quê? Você está grávida, meu amor. Um serzinho está dentro de
você, nosso filho.
Cibele permanece me encarando e não demonstra nenhuma emoção.
— Você deve estar em choque. — Sorrio, nervoso. — É normal, amor.
Eu sei que é aterrorizante no início, principalmente quando vem assim, de
surpresa...
— Não estou em choque, Fernando. — Ela me corta, rude. — Você não
está vendo que eu não estou nem um pouco feliz com essa notícia?
— Mas amor..., é o nosso sonho sermos pais. — A olho, sem entender.
— Não. Esse é o seu sonho, não o meu — diz, com ignorância. — Eu
nunca disse que quero ser mãe. Isso nunca saiu da minha boca. Já você, fica
igual um tabacudo, sonhando, se iludindo que um dia eu poderia carregar
um filho seu. Mas você pediu tanto ao seu Deus, que ele concedeu seu
pedido, mas ele não pensou em mim. Eu. Não. Quero. Ser. Mãe.
Pisco os olhos, vendo uma mulher totalmente diferente à minha frente.
Não a reconheço. Não sei quem é essa mulher que estou vendo.
— O que você quer dizer com isso? — Engulo em seco.
Ergue a sobrancelha, sem paciência.
— Estou dizendo que vou tirar. Comprei no caminho o remédio para
tomar e abortar.
— O QUÊ? VOCÊ ESTÁ LOUCA? — Grito, horrorizado. — Você não
vai tirar, Cibele. Eu não vou deixar!
— Você não manda em mim, Fernando! Eu vou tirar, sim. Eu não quero
esse feto dentro de mim. Nunca quis. Agora que eu não quero mesmo! — Me
olha, com raiva.
— Você não vai tirar, Cibele. Eu não vou deixar você fazer isso com
meu filho. — Lágrimas escorrem em meu rosto. — Você não pode fazer isso!
— Não só posso, como vou! O corpo é meu, e faço dele o que bem
entender — rebate, com raiva.
— Foda-se! Eu não vou deixar. — Tomo a sacolinha de sua mão, com o
veneno dentro. — Isso aqui vai para o lixo.
Ela ri sem humor.
— Querido, vende tantos desses por aí. Superfácil de achar. — Meneia
a cabeça.
Largo a sacola em cima da cama e passo as mãos em meus cabelos,
desesperado e aflito.
— Cibele, não faz isso. — Eu choro. — É meu filho. Nosso filho. Um
serzinho que está dentro de você. Não faz isso! Estou te implorando. Pensa
bem.
— Não tenho o que pensar, Fernando. Eu não vou ter essa criança! —
Bate o pé no chão. — Nunca quis ser mãe, Fernando. E isso não vai mudar
agora. Eu vou ficar feia, com estrias, celulites...
— É com isso que você está pensando? — A olho, com raiva. — Você
nem está pensando que vai matar uma vida, Cibele?
— Vida? Esse feto nem está formado para ter vida, Fernando. — Ela ri,
me olhando. — Você é tão obcecado em ser pai, que já começa a se iludir, de
novo. — Revira os olhos.
— Por favor, Cibele. Eu faço qualquer coisa, mas não tira — imploro,
chorando.
Cibele me fita com seus olhos escuros e bufa.
— Tá. Eu gero esse feto, se você comprar todos os cremes para estrias,
celulites... — Eu a corto.
— Compro, faço qualquer coisa, só para você não o tirar — falo
apressado, passando a mão no cabelo.
Cibele dá de ombros.
— Tudo bem. — Se aproxima de mim. — Mas saiba de uma coisa,
Fernando. — Me fita, séria. — Eu não vou ter nenhum vínculo com essa
criança. Não terei nenhum afeto por ele ou ela. Não o amarei. Será
insignificante para mim. Posso amar você, continuar com você, mas essa
criança... não terei vínculo algum.
Engulo em seco, vendo a mulher fria e sem coração na minha frente.
— Só peço que o amamente, até a idade que o médico exigir. — Peço,
sentindo lágrimas escorrerem em meu rosto.
Dá de ombros sem muita importância.
— Pode registrá-lo sozinho. Não quero o meu nome como mãe na
certidão de nascimento. Irei amamentá-lo até o tempo certo e fim de papo.
Você cuidará dele sozinho.
— Você não é a mulher por quem eu me apaixonei — digo. — Nem de
longe.
— Sempre fui eu mesma, Fernando. Você que estava cego. — Entorta a
boca.
Assinto, prensando os lábios.
— Realmente. Você sempre foi a mesma pessoa, eu que me iludi. — A
olho, incrédulo.
— Posso ir? — Faz cara de paisagem.
— Promete que não vai tirar? — pergunto, nervoso.
Cibele bufa e revira os olhos.
— Se você cumprir com sua parte, eu não tiro. — Se vira e vai embora.
Sento-me na cama, exausto. Pego a sacolinha em minhas mãos e retiro
o remédio. Remédio não, veneno. Essa porra é um veneno, um maldito
veneno que mata inocentes que não pediram para vir ao mundo. Suspiro,
sentindo meu queixo trêmulo. Farei de tudo pelo meu filho ou filha. Não vou
deixar faltar nada, terá de tudo. Assumirei essa responsabilidade sozinho.
Farei das minhas “tripas ao coração” para ser um bom pai. Nunca vai
passar fome, porque isso eu posso garantir. Nem que eu entre para o tráfico
para mantê-lo, e não passar necessidade. Serei o melhor pai que essa
criança terá.
[...]
Prometi à minha filha que serei um pai que ela nunca teve e essa
promessa eu vou cumprir. Olho a médica retirar meu neto da barriga de
Alicia e lágrimas escorrem pelo meu rosto, vendo meu netinho nos braços de
uma médica. Olho minha filha que chora silenciosamente ao ver seu filho nos
braços da médica, ainda todo meladinho de secreção e sangue.
— Estou tão feliz, filha. Tão feliz por você. — Beijo a testa da minha
filha, sentindo meu queixo trêmulo. — Você foi muito forte, uma guerreira.
Alicia sorri para mim com os olhos marejados, me afasto um pouco
vendo Alicia virar o rosto, vendo a médica com seu filho.
— Moça, deixe-me ver meu filho. — Ela pede, com a voz embargada.
A médica se vira com meu netinho nos braços e fico emocionado
demais. Ele é perfeito. Pequenininho, meu neto.
— Deixe-me pegá-lo. — Alicia pede, emocionada.
— Não pode, senhora. Preciso levá-lo à UTIN agora mesmo — a médica
informa.
— O quê? Não vou poder pegá-lo? — Lágrimas escorrem no rosto da
minha filha.
— Sinto muito, senhora. — A mulher sai cabisbaixa, levando meu neto
nos braços.
Alicia chora alto e me parte o coração vê-la dessa forma. Seguro suas
mãos, vendo-a chorar, enquanto ela vê seu filho se distanciando nos braços
da médica. Seus olhos escuros me olham, banhados de lágrimas.
— Eu só queria pegar meu filho. — Lágrimas escorrem em seu rosto. —
Meu menino. Eu nem pude vê-lo direito.
— Não fique assim. — Engulo o choro. — Ele precisa de cuidados
agora.
Alicia solta um soluço sôfrego e mais lágrimas escorrem em seu rosto.
— Mas eu só queria pegá-lo pela primeira vez...
Capítulo 40
Hoje pela manhã fui ver meu menino com Dimitri na UTIN e me
emocionei muito. Queria tanto pegá-lo em meus braços, lhe dar um cheiro...,
mas ainda não posso. Chorei demais vendo-o através da parede de vidro. Tão
pequenino e lindo. Giovani Albuquerque D’Saints é perfeito. Uma junção
perfeita de mim e Dimitri. A médica disse que estão tomando todos os
cuidados necessários para o nosso filho crescer bem e saudável, mas ver meu
filho apenas através de um vidro me parte o coração. Morro de medo de
receber uma notícia de que ele teve uma piora. Tudo me assusta: os apitos
dos monitores, a incerteza de quando poderemos levá-lo para casa, e
principalmente, o medo de não ser forte o suficiente pelo meu filho e pelo
Dimitri, que ainda está se recuperando. Tenho que aceitar que não posso fazer
nada, a não ser estar ali, todos os dias, mesmo vendo meu filho furado, com
sonda e entubado.
O que me mais dói, é pensar que o meu menino ficará sozinho quando
eu voltar para o quarto, sozinho sem ninguém para abraçá-lo, com alarmes,
sendo furado, barulhos, luzes... Eu e Dimitri choramos muito, rezamos juntos
o tempo todo, para que o nosso menino fique saudável e saia logo da UTIN.
Assim que me levam para o quarto, me sinto totalmente vazia. Ontem
recebi um kit mãe de UTI, com uma chavezinha de um armário e instruções
para higienização. Quando o encontrei para o primeiro toque, foi outra
criança que pari. O bebê que encontrei tinha uma sonda até o estômago,
oxímetro, eletrodos no peito, e um cateter maior que sua mãozinha. Chorei
demais, me desmanchei vendo meu menino naquela situação e não pude fazer
nada. Eu tinha até tirado uma foto dele, para poder vê-lo todos os dias,
enquanto eu não estivesse perto dele. Depois descobri que é proibido, mas
graça a Deus eu tinha conseguido tirar a foto, antes que alguém visse.
Os tios de Dimitri vieram nos ver, e infelizmente para enterrar a única
filha deles. Me sinto péssima com toda essa situação. Sei que Francesca
aprontou demais, só deu desgosto para eles, mas era filha. Rafael e Pietra
estão arrasados com tudo. Toda a situação foi exposta em todos os
noticiários, e onde nossa família anda, os repórteres vão atrás de qualquer
informação. Nunca temos sossego.
Soubemos que meu pai não levou a culpa pela morte de Francesca.
Simon e Thomas tomaram a frente da situação, e onde tudo aconteceu, tinha
um ponto cego da câmera, onde não podiam nos ver. Então Thomas assumiu
que matou Francesca, por legítima defesa. Não deu em nada para ele, porque
ele é segurança, tem porte de arma e ele faz exatamente isso, proteger a
pessoa que o contratou. Graças a Deus meu pai não se prejudicou.
— Está bem quietinha, morena. — Dimitri me olha.
Suspiro.
— Pensando em tudo que aconteceu — murmuro.
— Em que exatamente? — Ele se aproxima de mim.
— Francesca. Por mais que ela tenha feito muita merda conosco, e só ter
dado dor de cabeça aos pais, é uma vida. Seus tios perderam uma filha —
digo.
Dimitri se senta ao meu lado. Recebemos alta e estamos recolhendo
nossas coisas para irmos embora, e isso me parte o coração, porque meu
menino ainda não pode ir.
— É complicado, meu amor. — Dimitri beija minha testa. — Francesca
estava mentalmente doente, isso era claro. E não podíamos fazer nada.
Assinto e o abraço, deitando minha cabeça em seu peito.
— Não estou pronta para ir embora. — Minha voz sai embargada. —
Nosso menino vai ficar sozinho aqui, sem ninguém... Eu não quero deixá-lo
sozinho.
Dimitri me abraça mais e respira fundo.
— Também não quero ir, amor. Me sinto mal por deixar nosso menino,
mas não podemos ficar.
Desço as escadas de casa, vendo minha morena olhando algo no celular,
com uma carinha triste. Vou até ela e me sento ao seu lado, puxando seu
corpo para deitar em meu peito, vendo junto com ela a foto do nosso menino
na UTIN. Alicia passa o dorso da mão em seu rosto, limpando sua lágrima
solitária que escorre em seu rosto. Meu menino... sinto meus olhos arderem.
— Não vejo a hora de tê-lo em meus braços — sussurra.
Acaricio seu ombro e beijo sua cabeça, vendo a foto do nosso menino.
— Sim, meu amor. Eu também — murmuro.
Vejo a porta da minha casa ser aberta e meus irmãos passam por ela,
junto com minhas cunhadas, e meus sobrinhos.
— Tio Dim. O senhor tá melhor? — Lorena vem até mim.
— Estou melhor sim, principessa. — Sorrio, passando o dedo em seu
nariz, fazendo-a sorrir.
— E aí, fratello. — Dominic aperta minha mão. — E a barriga,
melhorou?
— Melhorando. Às vezes sinto algumas dores e tomo um analgésico —
respondo.
— E você, amiga? Teve notícias do Giovani? — Valentina pergunta a
sua amiga.
Alicia nega com a cabeça.
Semana passada recebemos uma notícia que nos abalou. Nosso pequeno
teve uma parada respiratória e uma distensão no abdome. Ficamos arrasados,
angustiados, choramos demais e passamos a noite em claro no hospital para
receber uma notícia boa depois de tanta angústia e desespero. Tenho duas
preocupações, Alicia e meu filho. Alicia ainda está sendo acompanhada pelo
médico por causa de sua pressão, que ainda não voltou ao normal. O médico
nos disse que algumas mulheres conseguem voltar após algumas semanas
após o parto, e há casos que a mulher se torna hipertensa para o resto da vida,
e isso me preocupa. Não a quero doente para o resto da vida, sem poder
comer as coisas que ela tanto gosta, com medo de que a pressão vai subir.
Alicia anda deprimida demais, mal quer comer, só quer ficar na cama ou
nos cantos da casa, sozinha, cabisbaixa. Às vezes a pego chorando dentro do
quartinho do nosso filho e isso me parte o coração. Eu fico triste pra caralho,
às vezes também choro. Sou pai, amo meu filho, e não vejo a hora de tê-lo
em meus braços.
— O Fernando disse que quer falar com você. Ele disse quando vem? —
pergunto a Alicia.
— Não — murmura.
Valentina e Manu a olham, preocupadas. Alicia anda tão deprimida, que
parte meu coração. As meninas já tentaram animá-la, inclusive Lorena, uma
criança tão gentil e doce, veio todos os dias para ficar com sua tia e lhe fazer
companhia, mas não surtiu efeito algum. Odeio vê-la dessa forma.
— Vamos andar pelo jardim. — Manu se levanta com Alessandro nos
braços.
Valentina puxa Alicia que se levanta e vai com elas e Lorena para o
jardim da nossa casa. Passo a mão no rosto.
— Ela está tão deprimida — Demétrio comenta.
— Muito. Vocês não têm noção — murmuro, cabisbaixo.
— Você tem feito algo para ela se animar um pouco? — Dominic me
olha.
— De tudo, Dom. Já fiz de tudo, e nada funcionou. Ela só vai se animar
quando o nosso filho estiver aqui em casa, em nossos braços, saudável —
digo.
— Passei por uma situação bem parecida. Embora seja diferente, eu
entendo sua dor — Demétrio murmura. — Eu e Manu ficamos arrasados com
a perda do nosso primeiro filho. É uma sensação... terrível.
— Meu sobrinho é forte. Ele vai sair dessa. Ainda vamos vê-lo correndo
com nossos filhos e os primos pelas nossas casas. — Dominic me olha. —
Giovani é um D’Saints. Ele é forte. Temos que ter fé, irmão.
Assinto, sentindo meus olhos marejados.
— Eu tenho muito medo dele não sobreviver. — Lágrimas escorrem em
meu rosto e minha voz sai embargada. — Rezo dia e noite para ele ser forte.
Não sei o que será de mim se ele não conseguir sobreviver.
Enxugo minhas lágrimas, sentindo meu peito doer.
— Fico em pânico quando o nosso telefone toca, achando que pode ser
do hospital... dando a pior notícia. — Minha voz sai embargada. — Não
consigo dormir, preocupado, e vendo Alicia no estado que está... me doí,
porque eu não posso fazer nada a respeito. Fico desesperado pensando mil e
uma coisas ao mesmo tempo. — Olho meus irmãos com a vista embaçada. —
Quando o vejo na UTIN... parte meu coração. Vê-lo naquele estado... me
deixa tão... — Um soluço escapa dos meus lábios. — Eu só penso que ele
pode...
— Não fale isso — Demétrio me repreende. — Nem por um segundo,
Dimitri! Você tem que ser forte, tem que ser forte para sua mulher e seu filho.
Alicia já está do jeito que está, vocês precisam ser fortes e ter fé.
— Giovani vai sobreviver, Dimitri. Estamos rezando para que ele saia
logo da UTIN e venha para casa. — Dominic me conforta.
Assinto, enxugando minhas lágrimas.
Termino de tomar meu suco de laranja e a babá vem com Giovani nos
braços, chorando e me entrega. Estico meus braços e o pego.
— Meu menino tá com fome, é? — Faço uma vozinha melosa.
Giovani para de chorar e me olha, com seus olhões azuis. Ele é a cara de
Dimitri meu pai. Eu que lute quando estiver mais velho. Seus olhos são tão
azuis como os do pai. Grandes, expressivos e claros. Não tem como não olhar
para Giovani e não ver Dimitri. Recentemente, minha sogra me mostrou o
álbum de fotos de Dimitri e pude comparar. A semelhança entre eles é
gritante. Ajeito Giovani melhor em meus braços, coloco meu peito para fora e
meu menino vai até ele, faminto. Acaricio seu cabelo, vendo-o chupar meu
peito, se alimentando.
Vejo Valentina entrar no quarto, com uma malinha na mão. Ela deixa a
mala no canto da parede.
— Adivinha quem chegou. — Me olha com um sorriso.
— Quem? — Franzo a testa.
— Sua madrinha surpresa!
Valentina vai até à porta e abre-a mais e vejo Helena passar por ela.
Abro a boca chocada. Helena trabalhou por alguns anos com Valentina no
Rustic Coffee em Ipanema, e a gente se tornou amigas desde então.
— Não acredito! — Arregalo os olhos.
— Eu disse que vinha, sua piranha. — Helena sorri, largando sua bolsa
no sofá do quarto.
Me levanto da cadeira, segurando Giovani em meus braços, que não
larga meu peito e a abraço. Eu sabia que Helena iria vir, só não sabia que ela
é minha madrinha de casamento surpresa, que fará par com Benjamin.
— Nossa, que saudades. — Sorrio. — Você chegou hoje?
— Acabei de chegar. O motorista do marido de Valentina foi me buscar
no aeroporto. — Helena me olha. — Vocês têm que ver como está a entrada
do condomínio, cheio de repórteres querendo entrar.
— Sim, Theo me disse, e falou que a segurança do condomínio triplicou
— Valentina comenta.
Helena assente e fita Giovani, mamando.
— Oh, que coisinha mais linda. E esses olhos? Minha nossa! Ele vai ser
a cópia cem por cento de Dimitri. — Helena ri, nos fazendo sorrir. — Os
olhos dele são bem azuis e claros, né? Igual aos do pai.
— Pois é. O que puxou de mim, foi os cabelos escuros. — Sorrio,
olhando meu menino me olhar, criando aquela conexão surreal que existe
entre mãe e filho.
— Você fica lá em casa durante esses dias, Helena. Nada de ir para um
hotel. — Valentina olha Helena. — Temos quartos de sobra.
— Quem tem amiga rica é outra coisa. — Helena pisca o olho, e
sorrimos.
Dou um gole no café, vendo meus irmãos falarem com o pessoal que vai
cortar nossos cabelos e ajeitar nossas barbas. Dou uma olhada pela janela,
vendo que o jardim da minha casa está totalmente equipado com várias coisas
para o casamento acontecer mais tarde. Várias pessoas andam de um lado
para o outro, empenhados em fazer seu trabalho.
— Você está aéreo, fratello. — Dominic se senta na cadeira.
— Não é nada, apenas ansioso. — Dou um gole no café.
— Helena chegou — Demétrio comenta, vindo até a mesa pegar uma
maçã.
— Quem é Helena mesmo? — Franzo a testa.
— Ela trabalhou alguns anos com Valentina, no café do Rafael — Dom
responde eu assinto, após me lembrar.
— Rafael já chegou? — pergunto, e coloco um pedaço de bolo na boca.
— Ele disse que está hospedado no hotel de Aaron com a esposa e o
filho — meu irmão mais velho responde.
Assinto.
— Desculpem atrapalhar, mas precisamos começar a preparar o noivo o
quanto antes. — O rapaz que foi contratado nos olha.
Termino meu café e me levanto da cadeira, para me sentar em uma outra
apropriada para o rapaz cortar meu cabelo e fazer a barba.
— Como você quer o corte? — pergunta o rapaz.
— Quero um pouco baixo nas laterais e um pouco alto no topo —
respondo.
— E a barba? — pergunta.
— Nem rala e nem cheia demais.
Passo um bom tempo na cadeira, com o rapaz cortando meu cabelo e
aparando minha barba. Às vezes mandava mensagem para Alicia
perguntando do nosso menino. Ele tem que ficar com ela durante o tempo
que ela está se arrumando, para poder dar de mamar. A babá já tinha separado
o leite de Alicia em um recipiente para quando a cerimônia estiver
acontecendo e Giovani ficar com fome, a babá dar a mamadeira a ele, e poder
tomar o leite tranquilo.
Após cortar meu cabelo e a barba, o pessoal do spa monta uma cama
equipada no quarto, para eu poder receber massagens e hidratar a pele, que
nem precisa. Mas as minhas cunhadas falaram que tudo isso está incluído no
pacote dos noivos. Depois de horas deitado, recebendo massagens e ter
hidratado o rosto, me levanto da cama, quando escuto alguém bater na porta
do quarto.
Demétrio abre a porta e vejo Fernando de pé, já pronto para a cerimônia,
nos olhando.
— Entra, Fernando. — Peço.
Ele assente e entra no quarto, um pouco nervoso.
— Eu quero falar com você. Na verdade, com vocês três a sós — ele
diz.
Dominic pede para o pessoal sair do quarto por alguns minutos e fecha a
porta, ficando nós quatro no quarto. Vejo Fernando um pouco sério e
nervoso.
— O que foi, Fernando? É algo sério? — pergunto, me aproximando.
Fernando suspira e assente.
— Sim, Dimitri. É algo que venho pensando nas últimas semanas. —
Engole em seco.
— Pode falar. — Peço.
Fernando me conta tudo nos mínimos detalhes, e não sei bem como
Alicia vai reagir a isso.
Estou prestes a ver Alicia subir no altar e se casar com outro homem, e
isso não está me deixando nem um pouco confortável. Há alguns anos eu fui
até o altar e me casei com uma mulher, achando que ela me amava. Mero
engano. Quando conheci Amélia, a vi como um anjo, era linda, uma visão
perfeita para meus olhos. Uma negra linda, de chamar atenção de muitos
homens. Curvas generosas e os cabelos afro que combinava perfeitamente
com ela. Logo que a vi, me encantei. Estávamos em um bar em Chicago,
tínhamos levado um cano por nossos acompanhantes não terem ido ao bar.
Estava sentado no balcão, bebendo meu terceiro copo de uísque, quando ela
apareceu toda elegante se sentando no banquinho ao meu lado. Não tinha
como não ver Amélia, era impossível não a notar. Sua presença chamava
muita atenção. Amélia pediu gentilmente um gim ao garçom e foi quando
nossos olhares se encontraram.
[...]
— Bebendo sozinho? — A moça me olha, apoiando seus braços no
balcão e cruzando a perna.
Dou de ombros e ergo o copo.
— Levei um cano. E você? Uma moça tão bonita bebendo sozinha. — A
olho e dou um gole no uísque.
Ela sorri e me olha.
— Levei um cano também de um carinha, de última hora. — Meneia a
cabeça.
— O rapaz perdeu uma bela mulher — digo com um sorriso. — Qual o
seu nome?
— Amélia Simpson. E você?
— Benjamin Lennox. — Estendo minha mão e ela aperta, com um
sorriso.
— Conheço esse sobrenome de algum lugar. — Franze a testa.
Dou um gole no uísque e coloco meu copo no balcão.
— Muitos da minha família são formados em advocacia — digo.
— Ah, está explicado. Bem que eu desconfiava, passei essa semana por
um dos escritórios de Advocacia Lennox, por isso liguei o seu sobrenome ao
escritório. — Me olha. — Você é daqui mesmo?
— Sim, e você?
O garçom coloca o copo de gim no balcão e ela agradece, levando-o até
os lábios, dando um gole no gim.
— Não, sou de Seattle, estou aqui para visitar meus pais — responde,
passando seu indicador na borda do seu copo, mantendo seus olhos em mim.
— Posso me juntar a você? Se não for muito incômodo, é claro.
— Será um prazer. — Sorrio.
Amélia me dá um sorriso cheio de promessas e dou um gole no meu
uísque, mantendo meus olhos nela.
[...]
Simon estaciona o carro e vejo Alicia suspirar, nervosa. Seguro sua mão
e seus olhos escuros me fitam. Dou um sorriso para ela, lhe passando
conforto. Thomas abre a porta do carro e ajudo minha esposa a sair, toda
elegante. No carro detrás do nosso desce meu sobrinho com sua mãe e sua
nora. Giovani desce, colocando seus óculos de sol e me olha.
— Nervoso, filho? — Ando até ele, segurando a mão da sua mãe.
— Um pouco, pai. Mas logo deve passar. — Passa a mão no cabelo,
alinhando-os por causa do vento forte.
Giovani encosta no carro e cruza os braços. Alicia vai até Cátia falar
com ela e me aproximo do meu filho.
— Por que está tão calado? — Me encosto no carro ao seu lado.
— Pensando. — Faz uma pausa, olhando o céu. — Se um dia serei igual
ao senhor. — Ele me olha. — Sabe que te admiro muito, não é? Pela
dedicação de ter montado a empresa junto com meus tios, e a luta para a
empresa ficar no topo e estar entre uma das melhores.
— Do que você tem medo? — Coloco as mãos nos bolsos e o olho.
Meu filho suspira e olha novamente o céu.
— De não ser tão bom como você é. Você comanda aquela empresa
com meus tios de olhos fechados. E eu não quero te decepcionar.
— Você não vai me decepcionar, filho. Você está estudando muito, se
dedicando. Eu tenho certeza de que você será melhor do que eu.
— O senhor acha? — Giovani me olha. — Eu não quero ser melhor.
— Mas você vai ser! E eu quero que você seja melhor do que eu. —
Desencosto do carro e fico de frente para ele. — Você faz parte da nova
geração D’Saints, meu filho. Você e seus primos vão subir ainda mais a
empresa, eu tenho certeza. Porque eu sei da sua capacidade, sei da capacidade
de Lorena e Alessandro, que também estão se dedicando totalmente. Também
tem a Maria Liz que quer ser modelo, se inspira muito na sua tia Manuela, e
Túlio se inspira nos seus avós, para se tornar um grande arquiteto.
Meu filho respira fundo e suspira.
— Preciso muito do seu apoio, pai. — Giovani me olha. — Não quero te
decepcionar.
— E isso você já tem, filho, meu total apoio. — Aperto seu ombro. —
Mas por que isso de não me decepcionar? Por que está assim?
— Tenho medo de errar e afundar a empresa — murmura, pensativo. —
Você é foda, pai. Porra, você é foda! E quero ser como você. Você comanda
a empresa de olhos fechados.
— Você não vai errar em nada, porque você é inteligente. Estou aqui
para você, filho. Qualquer dúvida, estou aqui. Sou seu pai, mas também sou
seu amigo, seu parceiro, seu conselheiro... sou o que você precisar, Giovani.
— Meu filho assente. — Deixe de ficar pensando nisso e foque em ser um
CEO invejado por muitos.
— Como você? — Giovani sorri de lado.
— Não. Melhor do que eu. — Olho em seus olhos. — Foque nisso,
Giovani. Não fique pensando nisso. Ok?
Meu filho assente e vejo Thomas se aproximando.
— Já está na hora, Dimitri — avisa.
Assinto e vejo minha mulher se aproximando com o pessoal. Estendo
minha mão para Alicia que a segura, passo meu braço por cima do ombro do
meu filho e seguimos pela calçada. Admito que estou bastante ansioso.
Ficamos parados bem próximo, para não ter erro. Passamos apenas dois
minutos contadinhos, e logo o portão do presídio é aberto e meu sogro passa
por ele, ajeitando a mochila nas costas. Alicia solta um soluço e lágrimas
escorrem pelo seu rosto. Fernando anda pela calçada e ao notar nossa
presença, levanta o rosto e nos olha. Meu sogro não sabia que iríamos vir
buscá-lo depois de anos, preso. Ele tinha ficado triste quando dissemos que
não poderíamos vir, mas a verdade é que já tínhamos tudo programado para
vir buscá-lo.
Fernando nos olha, completamente emocionado. Junta suas duas mãos
no rosto e lágrimas escorrem pelo seu rosto. Anda até nós com passos calmos
e nos olha. Fernando está bem diferente, seu cabelo está grisalho, a barba está
um pouco grande. Meu sogro está mais magro e um pouco abatido. Foram
alguns anos dentro do presídio, e graças a Deus ele conseguiu sair antes, por
bom comportamento. Fernando se arrependeu de todos os seus crimes e ficou
totalmente longe de brigas e confusões dentro do presídio para poder
conseguir sair o quanto antes, claro que Tavares fez de tudo para ele não
pegar muitos anos.
Fernando larga a mochila no chão e solta um soluço ao olhar sua
mulher, filho, nora, Alicia, Giovani e a mim.
— Meu Deus! — Lágrimas escorrem em seu rosto. — V-vocês...
vieram.
Cátia vai até ele e os dois se abraçam forte, chorando. Vejo Alicia
limpando o cantinho dos olhos, bastante emocionada. Cátia se afasta um
pouco e olha seu marido, muito emocionada. Nossa..., Cátia o ama de
verdade, esperou Fernando sair da cadeia por todos esses anos, sem traí-lo. É
muito amor, sincero e verdadeiro. Eles se beijam e se abraçam novamente.
— Meu amor... obrigado por tudo — Fernando fala com a voz trêmula.
Cátia enxuga seu rosto, analisando seu marido e Fernando olha Eric que
tem um largo sorriso nos lábios. Fernando prensa seus lábios e lágrimas
escorrem pelo seu rosto.
— Minha nossa! Meu Deus, você cresceu, meu filho. Oh, meu Deus,
que saudade de você, meu menino. — Fernando vai até Eric e os dois se
abraçam.
Pisco os olhos, um pouco emocionado pela cena, um reencontro e tanto.
Meu sobrinho chora baixinho ainda abraçado ao pai, completamente felizes
com esse reencontro. Eles se afastam um pouco e se olham.
— Ah, meu velho, que saudades de você. — Eric prensa os lábios, com
o queixo trêmulo. — Senti muito sua falta, pai. Demais.
— Ai, meu filho, você não sabe como senti saudades de você por todos
esses anos. — Fernando enxuga as lágrimas de Eric. — Você cresceu, está
adulto, um homem. Meu Deus! Você é a cópia da sua mãe.
Ambos sorriem, emocionados.
— Pai, quero que você conheça Mia, minha noiva. — Eric puxa Mia que
sorri para seu sogro.
— Oh, minha querida. Muito prazer em lhe conhecer. — Fernando a
abraça. — Desculpe por ser nessas circunstâncias...
— Que circunstâncias? — Mia olha para seu sogro com carinho. — O
senhor está livre, agora é um homem livre. Não tem coisa melhor.
Fernando assente com um sorriso.
— É um prazer enorme em conhecer o senhor. — Mia segura suas mãos.
— Estava bastante ansiosa por esse dia.
— Você é uma moça muito bonita e educada. Vou adorar conhecê-la
melhor. — Fernando sorri.
— Digo o mesmo. — Mia sorri para o seu sogro.
Fernando se afasta e finalmente olha para Alicia, que chora
silenciosamente ao ver o pai tão de perto. Alicia solta minha mão e vai até ele
e se joga em seus braços. Alicia chora, e Fernando a abraça apertado,
morrendo de saudades. Fernando gira seus corpos e ambos sorriem, felizes.
— Minha menina. Que saudade de você, meu tesouro. — Fernando a
coloca no chão e fita minha esposa. — Meu Deus! Você continua do mesmo
jeito. Não mudou nada. Como pode?
Sorrimos e Alicia enxuga suas lágrimas.
— Você está linda, minha filha. Meu Deus, que saudade de você! —
Fernando chora silenciosamente.
— Ah, pai... estava morrendo de saudade, eu ainda estou, na verdade. —
Alicia passa suas mãos nos cabelos do seu pai. — Esperei tanto por esse dia.
Rezei tanto para esse dia chegar logo e finalmente chegou, e agora você é um
homem livre.
Fernando enxuga suas lágrimas e assente.
— Também rezei dia e noite para sair desse presídio e ficar com a minha
família. Finalmente eu sou um homem livre — Fernando fala, emocionado.
Alicia assente e Fernando olha Giovani e suspira. Ele se afasta um
pouco e prensa os lábios ao ver meu filho, que tem algumas lágrimas em seu
rosto, também emocionado.
— Você deve ser o Giovani. — Fernando morde o lábio, reprimindo o
choro. — Eu sou seu avô.
Meu filho vai até seu avô e lhe abraça apertado, vejo Alicia limpando
seu rosto, ainda chorando. Passo meu braço em seu ombro, puxando-a mais
para mim, que se aconchega em meus braços. Vejo meu filho ainda abraçado
com seu avô e isso me deixa bastante emocionado. Giovani sempre quis
conhecer o Fernando, vivia falando o tempo inteiro e agora finalmente o
conhece.
— Meu garotão. — Fernando olha Giovani. — Meu Deus... finalmente
estou diante do meu primeiro neto. Você está grande, a cópia do seu pai. Vi
você bem pequeno, com poucos meses de vida.
Meu filho sorri.
— A mamãe me mostrou uma foto que estou com o senhor no colo.
Fernando assente com um sorriso.
— Sim. Tem diversas fotos, trouxe comigo também, para me lembrar
que eu não poderia abaixar a cabeça, porque eu sabia que tinha uma família
aqui fora me esperando. — Fernando analisa meu filho. — Olhando você, eu
vejo seu pai. A semelhança é enorme, até a voz é idêntica.
— Mamãe também diz isso. — Giovani sorri e Fernando assente com
um sorriso. — Estou muito feliz em te conhecer, vô.
O queixo de Fernando fica trêmulo e lágrimas escorrem em seu rosto e
Fernando me olha emocionado.
— Ele me chamou de vô. Esperei tanto por isso. — Fernando abraça
meu filho. — Estou tão feliz em te conhecer, Giovani.
— Também estou muito feliz em conhecer o senhor. — Meu filho o
olha. — Muito mesmo, estava ansioso.
— Fico feliz por isso. Contei dias, horas... para conhecer você e voltar
para a minha família. — Fernando me olha.
Aceno com um sorriso, feliz por tê-lo de volta. Fernando respira fundo e
acaba desabando novamente e eu o abraço. Sinto seu corpo trêmulo, enquanto
chora em meus braços.
— Eu nem sei como te agradecer, Dimitri, por tudo que você fez. — Se
afasta e me olha. — Obrigado por ter cuidado da minha família, enquanto
estive fora.
— Não precisa me agradecer, Fernando. Você é meu sogro, todos aqui
são a minha família também, e eu sempre coloco a família em primeiro lugar.
Sempre. E você sabe muito bem disso. — Fernando assente. — Nunca que eu
iria deixar a Cátia e o Eric desamparados. Jamais. Fiz o que prometi a você,
cuidei de seu filho e da sua esposa. Hoje, seu filho é um dos escritores mais
famosos, além de já ter recebido diversas indicações, com milhares de livros
vendidos pelo mundo. Sua esposa tem um bom cargo na minha empresa,
cuidei para que nenhum dos dois passassem necessidades.
Fernando me olha com os olhos marejados.
— Muito obrigado, Dimitri. Muito obrigado. — Me abraça forte e se
afasta para me olhar. — Eu nem sei como te agradecer.
— Não quero seu agradecimento. Quero que a partir de agora, você seja
um homem limpo, honesto e livre. É só isso que eu quero.
— Sim, serei. — Assente, emocionado.
— Vamos para casa? — Alicia o olha.
— Esperei muito por isso. — Fernando sorri.
“Estou em paz.
A felicidade mal cabe dentro de mim.
Pensei que nunca encontraria uma mulher para passar o resto da vida ao
meu lado e construir uma família.
Eu achei!
Minha família é perfeita. Não troco por nada, são tudo para mim.
Agora vem uma nova geração.
Os Herdeiros D’Saints.”
Fim!
Dominic | Trilogia D’Saints - Livro I
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Valentina Mendes, uma moça dedicada e estudiosa, estudante de
fisioterapia, mora com sua tia em um dos morros mais perigosos do Rio de
Janeiro. Perdeu seus pais ainda jovem, o que a levou a abrir mão da sua
juventude para trabalhar e ter o que comer. Sempre dedicada e trabalhadora,
sempre se esforçou para conciliar trabalho, faculdade e cuidar da sua filha,
que foi gerada em um relacionamento que não teve futuro. Dominic D'Saints,
o irmão mais velho dos trigêmeos, um italiano sexy, cafajeste e bonito,
chama atenção por onde passa. Bilionário e de uma aparência de um deus
grego, as mulheres se jogam em seus braços, para garantir apenas uma noite.
Em uma viagem ao Rio de Janeiro, para abrir a nova filial da Vintage
Essence, uma das empresas de perfumes mais lucrativas, ele procura uma
mulher que se enquadre nos padrões exigidos para ser a garota propaganda do
lançamento do novo perfume, e Valentina é uma das selecionadas na seleção
para garota propaganda da Vintage Essence. Quando bate seus olhos em
Valentina, sua vida muda completamente. Aqueles lindos olhos ímpares, faz
com que seu coração bata mais forte e uma vontade imensa de tê-la por perto,
aflora. Dominic é um homem que sabe o que quer, e ele a quer.
Um D’Saints não é de desistir facilmente, e Dominic fará de tudo para ter
Valentina o mais perto possível.
Será que Valentina vai ceder aos encantos de Dominic?
Instagram
https://www.instagram.com/autora_alissiakhalyne/
Facebook
https://www.facebook.com/autoraalissiakhalyne.3/
Agradecimentos
Quero agradecer primeiramente a Deus, ao meu esposo, minha mãe,
minha amiga, família, amigos, parceiras e betas, e claro, aos meus leitores.
Não posso deixar de fora Carina Barreira, que revisou essa trilogia, que ficou
impecável.
Finalmente consegui concluir a Trilogia D’Saints, mas com uma dor
enorme no coração. Me apeguei demais a esses trigêmeos. Foram muitas
noites em claro escrevendo, pensando no que colocar nos livros para eles
estarem perfeitos para vocês. Escrever a trilogia não foi fácil, teve muitas
situações que foram reais, e por isso, precisei de todo o meu autocontrole.
Senti coisas que já fazia um bom tempo que não sentia.
A Trilogia D’Saints traz temas reais: relacionamento abusivo, crises de
ansiedade, pai idiota que resolveu voltar..., tudo isso e muito mais são fatos
verídicos.
Escrever um livro não é fácil, principalmente quando a autora passou
por quase tudo que foi descrito no livro. Por mais que sejam situações
passadas, é ruim ter que relembrar e reviver aquelas mesmas situações para
poder descrever e pôr no livro. Esses trigêmeos têm meu coração.
É realmente difícil. Antes de publicar na Amazon, eu achava fácil
escrever um livro, mero engano. Depois que comecei a colocar na Amazon,
vi o tamanho da responsabilidade, e ela é grande. Além de escrever, você tem
que estudar cidades, comidas típicas, clima..., tudo para poder entregar algo
certo para vocês. E eu gosto de fazer isso. Amo escrever.
Agora vem uma nova geração que estou ansiosa demais para escrever,
que são os Herdeiros D’Saints.
Agradeço demais a quem leu, avaliou e gostou dos meus livros, é
importante demais. Fiquei surpresa pela quantidade de pessoas que vieram
até mim, dizer que amou os livros. Confesso que até chorei, de tanta emoção.
Sou uma autora nova, escrevo há 3 anos, mas profissionalmente só há alguns
meses. Quero escrever mais livros incríveis para vocês lerem e gostarem.
Muito obrigada, amores! De verdade.
Que venha a geração Os Herdeiros D’Saints.
[i] Irmão;
[ii] Morena;
[iii] Boa tarde. Olá. (Francês);
[iv] Bom dia. Olá. Oi. (Francês);
[v] Obrigado (a);
[vi] Adeus (Francês);
[vii] Porra. Merda. Caralho;
[viii] Primos;
[ix] Prima;
[x] Eu não mereço isso;
[xi] Mulher;
[xii] Menina;
[xiii] Mas que porra!
[xiv] Está bem.