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Processo de Cicatrização de Feridas

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1

República De Angola
Ministério Da Educação
“Colégio Mandumbo”

TRABALHO DE TÉCNICAS DE ENFERMAGEM

PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO DE
FERIDAS

GRUPO Nº 4
SALA: 14
CLASSE: 12º
TURNO: TARDE
CURSO: ENFERMAGEM GERAL

DOCENTE:
____________________________

LUANDA, Maio de 2022


2

República De Angola
Ministério Da Educação
“Colégio Mandumbo”

TRABALHO DE TÉCNICAS DE ENFERMAGEM

LUANDA, Maio de 2022


3

INTEGRANTES DO GRUPO

NOME COMPLETO CLASSIFICAÇÃO


Andreza da Costa

Ândria Vieira

Ardamara dos Santos

Josevânia de Carvalho

Lucrécia Gonçalves

Ludmila José

Mafuta Ndobaxi

Julieta Quiala

Maria João

Tabita Panzo
4

ÍNDICE

1-INTRODUÇÃO.................................................................................................5
2-FUNDAMENTOS TEÓRICOS
2.1- A PELE.........................................................................................................6
2.1.1-Epiderme ou Extracto Córneo....................................................................6
2.1.2-Derme........................................................................................................ 6
2.1.3-Tela Subcutânea........................................................................................6
2.1.4-Funções da Pele........................................................................................7
2.2-O PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO............................................................8
2.2.1- 1. Inflamatória ou Exsudativa:...................................................................8
2.2.2- 2. Proliferativa ou Granulação:..................................................................9
2.2.2- 3. Maturação ou Remodelamento ou Reparativa:.....................................9
2.3-TIPOS DE CICATRIZAÇÃO........................................................................10
2.3.1- 1. Cicatrização por primeira intenção ou imediata (União primária)........10
2.3.2- 2. Cicatrização por segunda intenção ou mediata (Contração e
Epitelização)......................................................................................................10
2.3.3- 3. Cicatrização por terceira intenção.......................................................10
2.3.4-Fatores que Interferem no Processo de Cicatrização..............................11
2.3.4.1-Fatores Sistémicos................................................................................11
2.3.4.2-Fatores Locais.......................................................................................11
2.4-O QUE SÃO FERIDAS................................................................................12
2.4.1-Classificação das Feridas........................................................................12
2.4.1.1- Quanto à evolução ou tempo de existência.........................................12
2.4.1.2- Agente Causal......................................................................................13
2.4.1.3- Presença de infecção ou grau de contaminação.................................13
2.4.1.4- Quanto ao comprometimento tecidual.................................................14
2.4.1.5- Quanto ao tipo de tecido......................................................................14
2.5-LESÕES POR PRESSÃO, UM DOS TIPOS MAIS COMUNS DE FERIDAS
.......................................................................................................................... 14
2.6-LESÕES POR PRESSÃO E A COVID-19..................................................17
3-CONCLUSÃO................................................................................................20
4-REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA..................................................................21
5

1-INTRODUÇÃO

Falar sobre feridas é um assunto complexo visto que, para entender e


tratar correctamente os diversos tipos de lesões, exige uma série de
conhecimentos sobre a pele, fisiologia tegumentar, processo de cicatrização,
comorbidades pré-existentes, tipos de curativos e, coberturas que podem ser
utilizados.

Por isso, apresentaremos neste Trabalho assuntos pertinentes e


relevantes para o entendimento dos tipos de feridas mais comuns vistas na
prática clínica e o processo de cicatrização.
6

2.1- A PELE

O tegumento ou pele é o maior órgão do corpo humano, cobre toda a


superfície corporal e pesa aproximadamente 15% da massa de um indivíduo.
Possui cerca de 2,2 m2 de extensão e uma espessura que varia de
aproximadamente 1,25 a 3 mm, dependendo da região anatómica, função,
sexo e idade da pessoa.

É composta por duas camadas que são a epiderme ou extracto córneo e


a derme.

2.1.1-Epiderme ou Extracto Córneo

Constituída por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, formado


por células mortas. É a camada mais externa e superficial, possui anexos como
o folículo piloso, as glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas e unhas.
Apresenta músculos lisos para erecção dos pelos e terminações nervosas
sensitivas associadas.

2.1.2-Derme

É a camada logo abaixo e sustenta a epiderme. É constituída por


elementos fibrilares como colágeno e elastina e outros elementos de matriz
extracelular como proteínas estruturais, glicosaminoglicanos, íons e água de
solvatação. É a camada da pele que confere elasticidade e resistência à tração.
Os melanócitos presentes nessa camada produzem a melanina que confere
cor à pele e proteção contra a radiação solar.

2.1.3-Tela Subcutânea

A tela subcutânea, antigamente denominada hipoderme é formada


principalmente por tecido conjuntivo frouxo e gordura, contém glândulas
sudoríferas, vasos sanguíneos superficiais, vasos linfáticos e nervos cutâneos.
As estruturas neurovasculares seguem na tela subcutânea, distribuindo apenas
seus ramos terminais para a pele.

É responsável pela maior parte do reservatório de gordura do corpo,


assim sua espessura varia muito, dependendo do estado nutricional da pessoa.
É variável de indivíduo a indivíduo e de acordo com sua localização. Funciona
como reservatório energético, isolante térmico, modelador da superfície
corporal e protege contra choques mecânicos.
7

Fig.1-A pele e algumas de suas estruturas especializadas


Imagem / Reprodução: MOORE, 2014,p.54

2.1.4-Funções da Pele

 Protecção: proteger o organismo de ameaças externas como agentes


químicos, físicos, microorganismos, corpos estranhos e impede a
desidratação por perda de água e electrólitos.

 Sensorial: possui inúmeras terminações nervosas responsáveis por


sensações tácteis, frio e calor. A sensibilidade possibilita a identificação
de potenciais perigos e auxilia a evitar traumas.

 Termorregulação: a pele auxilia na conservação da temperatura


corporal de acordo com a necessidade. O processo envolve a acção de
nervos, vasos sanguíneos e glândulas. Em situações de calor, os vasos
dilatam para direccionar o fluxo sanguíneo para a periferia corporal, as
glândulas sudoríparas secretam suor que ao evapor, promove a perda
de calor excessivo. Já em situações de frio, os vasos se contraem para
direccionar o fluxo sanguíneo para o interior do corpo enquanto a
erecção dos pelos, que provoca arrepios, gera calor para aquecer o
corpo.

 Excreção: a excreção do suor auxilia no equilíbrio electrolítico corporal e


hidratação enquanto a excreção de sebo auxilia na integridade e
flexibilidade da pele.
8

 Metabolismo: a síntese de vitamina D na pele exposta ao sol é


essencial ao metabolismo de cálcio e fósforo responsáveis pela na
mineralização de ossos e dentes.

 Absorção: há várias substâncias como medicamentos e outras, como


pesticidas, que são capazes de transpor a epiderme, chegar à corrente
sanguínea e causar efeitos sistêmicos.

2.2-O PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO

O processo de cicatrização é um conjunto de processos complexos e


interdependentes cuja finalidade é restaurar os tecidos lesados. Ele segue uma
sequência específica, com três fases dependentes umas das outras e
sobrepostas, isto é, sem definição precisa de quando termina uma fase e
começa a outra.

A cicatrização envolve diversos eventos celulares e bioquímicos. O tempo


desse processo é variável porque depende da extensão da ferida, idade, sexo,
condição de saúde do paciente, presença de infecção local, vascularização da
região afectada, nutrição adequada do paciente, dentre outros factores.

Fig.2-Fases do Processo de Cicatrização

2.2.1- 1. Inflamatória ou Exsudativa:

É uma reacção local não específica que ocorre em resposta a danos


teciduais que se inicia logo após ocorrer a lesão ou trauma e é caracterizada
pela presença de rubor (coloração avermelhada), dor, calor local e edema
(inchaço da região lesada). Pode durar aproximadamente 72 h e é
caracterizada por aumento da permeabilidade capilar, migração de leucócitos
para o local da ferida e liberação de mediadores químicos. Exsudação é a
perda de líquido, com alto teor de proteínas séricas e leucócitos, células de
defesa do organismo, pela ferida.
9

2.2.2- 2. Proliferativa ou Granulação:

Inicia-se durante a fase inflamatória e é caracterizada por intensa


actividade celular local. Essa fase pode durar por um período de 1 a 14 dias.
Ocorrem processos como neovascularização, formação de novos vasos
sanguíneos locais, síntese de colagénio e epitelização, formação de nova
camada epitelial. Durante essa fase há diminuição da actividade inflamatória,
mas a ferida permanece vermelha e edemaciada (inchada). É também
chamada de fase fibroblástica.

2.2.2- 3. Maturação ou Remodelamento ou Reparativa:

Essa fase tem início por volta do 3º dia e pode durar até 6 meses. Ocorre
diminuição da quantidade de fibroblastos, reorganização das fibras de
colagénio e diminuição do rubor tecidual. O tecido cicatricial previamente
formado sofre remodelação, e o alinhamento das fibras é reorganizado para
aumentar a resistência do tecido e diminuir a espessura da cicatriz, reduzindo a
deformidade.

Fig.3-Fases da cicatrização e deposição dos componentes da matriz cicatricial ao longo do


tempo
Imagem / Adaptado de Isaac et al.2010
10

2.3-TIPOS DE CICATRIZAÇÃO

2.3.1- 1. Cicatrização por primeira intenção ou imediata (União primária)

 Incisão limpa em que as bordas estão aproximadas;

 Existe pouca perda de tecido;

 Pouco ou nenhum exsudato

 O edema é mínimo, não há infecção ou corpo estranho;

 O fechamento é relativamente rápido, de início com fibrina e formação


de colágeno, prosseguindo à medida que ocorre impermeabilização da
ferida;

 O fechamento total acontece em 48h, impedindo a instalação de


bactérias;

 O tecido de granulação não é visível, e a mobilização da lesão é


pequena;

 É o tipo de cicatrização cirúrgica.

2.3.2- 2. Cicatrização por segunda intenção ou mediata (Contração e


Epitelização)

 É aquela que permanece aberta;

 Onde existe uma perda significante de tecido e onde as fases de


cicatrização são bastante marcadas;

 Resposta inflamatória bastante evidente, com necessidade maior de


tecido de granulação, com epitelização visível;

 Há necessidade de um grande fortalecimento e um grande processo de


contração;

 A cicatrização acontece tardiamente, muitas vezes com infecção


associada, formação de tecido de granulação e posterior epitelização.

2.3.3- 3. Cicatrização por terceira intenção

 Ferida que fica aberta por um tempo determinado;

 Ela ficará aberta só enquanto estiver com uma infecção real e depois ela
irá se fechar.
11

2.3.4-Fatores que Interferem no Processo de Cicatrização

Há vários factores que podem interferir no processo de cicatrização e que,


por sua vez, podem ser divididos em factores sistémicos e factores locais.

2.3.4.1-Fatores Sistémicos

 Estado nutricional: deficiências nutricionais que afectem directamente


a síntese de colagénio podem dificultar o processo de cicatrização;

 Perfusão e oxigenação dos tecidos: doenças que alteram o fluxo


sanguíneo normal podem afectar a distribuição dos nutrientes para as
células, assim como dos componentes do sistema imunológico;

 Medicamentos e radioterapia: corticosteroides, quimioterápicos e


radioterapia prejudicam a cicatrização de feridas porque diminuem a
resposta imunológica adequada, interferem na síntese proteica ou na
divisão celular, afectando directamente a produção do colágeno;

 Idade: o envelhecimento reduz a elasticidade e a resistência dos


tecidos, o que dificulta a cicatrização das feridas;

 Hiperatividade: a hiperatividade dificulta a aproximação das bordas da


ferida, e o repouso favorece a cicatrização;

 Doenças: doenças crónicas, doenças autoimunes, anemia e transtornos


hematológicos causam incompetência das veias e aumentam o risco de
infecção, o que contribui para diminuir a resistência do organismo aos
agentes patológicos e dificultam a cicatrização.

2.3.4.2-Fatores Locais

 Localização da ferida: áreas mais vascularizadas, de menor mobilidade


e tensão possibilitam cicatrização mais rápida do que regiões menos
irrigadas ou de maior tensão e mobilidade (exemplos, cotovelos,
nádegas, joelhos);

 Sangramento: o acúmulo de sangue favorece a aglutinação de células


mortas que necessitam de remoção, além de ocasionar hematomas e
isquemia, produzindo dor e retardando o processo de cicatrização;

 Edema e obstrução linfática: dificultam a cicatrização porque


diminuem o fluxo sanguíneo e o metabolismo tecidual, facilitando o
acúmulo de catabólitos e produzindo inflamação;

 Infecção: a colonização de uma ferida não deve ser confundida com


infecção. Ocorre colonização quando a ferida se mantém livre de tecido
necrótico e/ou material estranho e é controlada pela ação de neutrófilos
12

e macrófagos. A infecção é caracterizada pela alta concentração


bacteriana, comprometimento local do tecido (escara, necrose ou corpo
estranho) e comprometimento do estado geral do paciente;

 Existência de corpo estranho: implantes, válvulas artificiais, materiais


de curativo ou outro corpo estranho qualquer, tendem a retardar o
processo de cicatrização, por serem inertes.

2.4-O QUE SÃO FERIDAS

As feridas ocorrem quando há uma perda de continuidade ou da


integridade da pele e/ou do tecido celular subcutâneo que podem chegar
inclusive a camadas mais profundas como músculos, tendões e ossos,
dependendo da gravidade do ferimento.

Conforme a intensidade do trauma, a ferida pode ser considerada


superficial, quando afecta apenas as estruturas da superfície, ou grave, quando
envolve vasos sanguíneos mais calibrosos, músculos, nervos, fáscias, tendões,
ligamentos ou ossos.

2.4.1-Classificação das Feridas

Existem diversas classificações para os diferentes tipos de feridas que


podem ser quanto ao tempo de existência, agente causal, presença de
infecção ou grau de contaminação, comprometimento tecidual e tipo de tecido.

2.4.1.1- Quanto à evolução ou tempo de existência

Feridas Agudas: caracterizam-se por terem início repentino e curta duração,


além de grande possibilidade de responder rapidamente ao tratamento e
apresentar cicatrização sem complicações. Uma ferida cirúrgica é considerada
uma lesão aguda;

Feridas Crônicas: são definidas como úlceras e possuem cicatrização lenta,


de longa duração, que apresentaram complicações no processo e sequência
ordenada da reparação tecidual, podendo ser recorrentes, classificadas em:

 Úlceras Vasculares que podem ser úlceras venosas, úlceras arteriais


ou úlceras mistas quando há a presença de lesões venosa e arterial
associadas;

 Úlceras por Pressão / Lesões por Pressão;

 Úlceras Tropicais: exemplo, Leishmaniose tegumentar.


13

2.4.1.2- Agente Causal

Lesões Cirúrgicas: produzidas por um instrumento cortante, limpas, com


bordas ajustáveis e passíveis de reconstrução;

Lesões Traumáticas: provocadas acidentalmente por diversos agentes que


por sua vez podem ser:

➙ Mecânicos

 Lacerantes: lesões produzidas por tração ou rasgo tecidual que resulta


em pequena abertura da pele, possuem margens irregulares e com mais
de um ângulo;

 Perfurantes: lesões produzidas por objetos que levam a pequenas


aberturas na pele, normalmente são mais profundidade que a abertura
da lesão em si;

 Contusas: produzidas por objeto rombo (objeto sem ponta) e


caracterizadas por traumatismo das partes moles, hemorragia e edema.

➙ Químicas (por iodo, cosméticos, ácido sulfúrico, etc.);

➙ Físicas (frio, calor, radiação).

Lesões Ulcerativas: são lesões escavadas, circunscritas na pele, formadas


pela morte e expulsão do tecido, resultantes de traumatismo ou doenças
relacionadas com o impedimento do suprimento sanguíneo, que podem ser
decorrentes de pressão, alterações vasculares ou complicações do Diabetes
Mellitus.

2.4.1.3- Presença de infecção ou grau de contaminação

Limpa: não apresentam sinais de infecção e ocorrem em condições assépticas


e a probabilidade de infecção é baixa;

Limpa Contaminada: apresentam contaminação grosseira, como em casos de


acidente doméstico ou em situações cirúrgicas em que houve contacto com o
trato genital, por exemplo, porém a situação ainda é controlada.

Contaminada: feridas acidentais com mais de 6 horas de trauma, onde a ferida


entrou em contacto com fezes ou urina, por exemplo. No ambiente cirúrgico,
uma ferida é considerada contaminada quando a técnica asséptica não foi
devidamente respeitada.

Infectada / Inflamada: são aquelas que apresentam os sinais abaixo citados:


14

 Aumento ou alteração da exsudação;

 Tecido de granulação friável e brilhante (que sangra facilmente);

 Aumento do odor;

 Aumento da dor;

 Edema local.

2.4.1.4- Quanto ao comprometimento tecidual

A avaliação do tamanho de uma ferida pode fornecer valores que se


alteram durante o processo de cicatrização. No estágio inicial, à medida que se
remove os tecidos desvitalizados, a ferida parece aumentar de tamanho e
profundidade. Isso ocorre por que a real extensão da ferida estava mascarada
pelo tecido necrótico ou esfacelo.

Feridas com perda parcial de tecido (superficiais): são aquelas que


acometem a epiderme e uma parte da derme permanece, ocorrendo o
processo de regeneração, com proliferação epitelial e migração, sem ocorrer
perda da função;

Ferida com perda total de tecido (profundas): ocorre destruição


completa da epiderme e derme, podendo inclusive envolver as camadas mais
profundas assim como o subcutâneo, fáscia, músculos e ossos.

2.4.1.5- Quanto ao tipo de tecido

A lesão pode ser classificada em relação ao tipo de tecido presente como


viável ou inviável.

Tecido Viável: corresponde ao tecido de granulação ou epitelização;

2.5-LESÕES POR PRESSÃO, UM DOS TIPOS MAIS COMUNS DE


FERIDAS

As feridas resultantes de pressão, conhecidas como Lesões por


Pressão, são lesões resultantes da pressão entre proeminências ósseas sobre
partes moles em uma superfície dura, o que leva à isquemia local e à falta de
nutrientes, acarretando necrose tecidual, o que constitui importante
problema de saúde pública.

A denominação desse tipo de lesão tem passado por mudanças ao longo


do tempo. Inicialmente, eram chamadas de úlceras de decúbito, úlceras de
15

acamado, escaras, escaras de decúbito, úlceras de pressão e úlceras por


pressão. Em abril de 2016, o National Pressure Injury Advisory Panel
(NPIAP) anunciou a mudança da terminologia úlcera por pressão para lesão
por pressão. De acordo com os especialistas participantes do Consenso do
NPIAP, a adoção do termo lesão por pressão foi justificada por descrever de
forma mais precisa esse tipo de lesão, tanto na pele intacta quanto na
ulcerada.

As lesões por pressão são um grave problema para pessoas que


apresentem qualquer condição que limite sua capacidade de mudar de
posição seja por factores situacionais, intrínsecos ou extrínsecos. Essa
condição normalmente acomete pacientes acamados, idosos e cadeirantes ou
pessoas com mobilidade reduzida. Qualquer pessoa que passe muito tempo
em uma única posição, sem alívio da pressão sobre a parte pressionada da
superfície corpórea, apresenta risco para desenvolver uma lesão por pressão

A natureza do tecido, bem como suas estruturas de suporte, isto é, vasos


sanguíneos, fluido intersticial e colágeno, irão determinar a tolerância do tecido
à pressão que podem levar a um processo isquêmico local. Além do mais,
outros factores como nutrição, perfusão, comorbidades e condição do tecido
mole, irão contribuir para a formação de lesão por pressão.

Alguns pacientes estão mais susceptíveis à ocorrência de lesões por


pressão, seja por apresentarem idade avançada, baixo peso corporal,
obesidade e imunidade deficiente, condições que incrementam esse risco.
Idade avançada e baixa imunidade favorecem a fragilidade da pele, o que a
torna mais propensa a danos. No baixo peso corporal, há déficit de tecidos
como músculos e gordura, que funcionam como amortecedores e ajudam a
distribuir a pressão sob as proeminências ósseas e diminuem a pressão
exercida sobre a pele. Em pacientes obesos há sobrecarga de pressão sobre
estas proeminências, o que acelera o dano tecidual.

Observa-se uma predominância das lesões por pressão na região


posterior, visto que, a maioria dos pacientes permanece em posição supina ou
decúbito dorsal (deitado de barriga para cima). As áreas mais afectadas são
normalmente as regiões isquiática, sacroccígea e calcânea e, também as
regiões laterais como trocantérica e maléolos laterais. Vide figuras
esquemáticas abaixo.
16
17

2.6-LESÕES POR PRESSÃO E A COVID-19

A pandemia de COVID-19, dentre tantos outros problemas ainda trouxe


consigo mais um agravante, o aumento da ocorrência das lesões por
pressão. Entretanto, observa-se uma mudança no padrão de lesões, a
predominância do padrão de lesão por pressão em pacientes com COVID-19,
passou da região posterior para a região anterior.
18

Isso se deve ao fato de que, os pacientes com COVID-19, são mantidos


em posição prona ou decúbito ventral (de barriga para baixo ou de bruços),
durante longos períodos de tempo, o que favorece o aparecimento de lesões
por pressão na região anterior do corpo. É comum surgirem lesões na testa,
nariz, bochechas, queixo, clavículas, ombros, cotovelos, peito, tórax, genitália,
ossos pélvicos anteriores, joelhos, parte dorsais dos pés e dedos. A orientação
é que esses pacientes fiquem em posição pronada pelo menos por 4 horas por
dia, dividas em 2 sessões de 2 horas.

A porção posterior dos pulmões é a parte mais eficaz para transferir


oxigénio para a circulação sanguínea de uma pessoa. Quando o paciente está
deitado de costas, essa parte dos pulmões recebe muito sangue, mas não
recebe oxigénio suficiente. O posicionamento em decúbito ventral fornece
melhor ventilação à parte posterior dos pulmões.

Fig.6-Paciente em posição pronada | Imagem / Reprodução: Universidade Federal Fluminense

As lesões por pressão em pacientes com COVID-19 desenvolvem-se da


mesma maneira que em pacientes com mobilidade reduzida, porém de forma
mais rápida e agressiva. Essas lesões apresentam como característica atingir
grandes extensões e em planos mais profundos. As causas podem ser
atribuídas ao processo inflamatório disseminado pelo vírus, que afecta vasos
sanguíneos e provoca vasculite e, em conjunto com os danos pulmonares,
compromete o suprimento de oxigénio para os tecidos. Some-se a isso a
pressão exercida sobre as proeminências ósseas, o dano tecidual ocorre de
maneira acelerada.

E as consequências da pandemia não param por aí, também os


profissionais que cuidam dos doentes por COVID-19 têm apresentado lesões
de pele devido ao uso intensivo de equipamentos de protecção individual
(EPI’s), durante longas horas de trabalho sem remoção dos equipamentos. O
motivo é o uso constante de EPI’s como máscaras N-95 e óculos de protecção,
necessários para os profissionais que prestam assistência directa aos
pacientes com COVID-19 ou mesmo casos suspeitos.
19

Há estudos que relatam o uso de EPI’s por 8 horas ininterruptas ou mais,


em que o profissional não retira o equipamento por medo de contaminação. Os
profissionais mantêm o equipamento até o fim de seus plantões pois, o
momento da desparamentação, tem sido o momento mais crítico e com maior
risco para o profissional.

Ainda não há estudos suficientes sobre o tema com medidas que


orientem e protejam o profissional a fim de evitar o desenvolvimento de lesões
devido ao uso de EPI’s no entanto, são recomendadas medidas com base nos
protocolos voltados para os pacientes em uso de ventilação não invasiva,
baseados nas forças mecânicas que causam lesões por pressão, pressão e
cisalhamento.

As principais recomendações descritas para evitar lesões por pressão


decorrentes do uso de EPI’s, são os cuidados com a pele, como hidratação,
aplicação de produtos protectores que permitam a vedação do equipamento de
protecção individual e diminuam a intensidade da pressão.
20

3-CONCLUSÃO

Em suma para consertar o estrago, reconstruindo a região do corpo em


ruínas, os organismos vivos accionam um dos mais instigantes mecanismos
biológicos, a cicatrização. Sem ela, toda ferida seria uma brecha fatal, servindo
de entrada para micróbios e de saída para o sangue.

Entretanto a cicatrização de feridas consiste em uma perfeita e


coordenada cascata de eventos celulares e moleculares que interagem para
que ocorra a repavimentação e a reconstituição do tecido. Tal evento é um
processo dinâmico que envolve fenómenos bioquímicos e fisiológicos que se
comportem de forma harmoniosa a fim de garantir a restauração tissular.
21

4-REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

SILVA, Cassilei de Carvalho; CARVALHO, Áurea Ribeiro. Guia Prático


de CURATIVOS & COBERTURAS. Contagem: Própria, 2021. 122 p.

UFF, Universidade Federal Fluminense. Posicionar Paciente (lateral


e prona a cada 2h) e covid 19. Disponível em:
http://nepae.uff.br/2020/05/01/10014761-posicionar-paciente-lateral-e-
prona-a-cada-2h-e-covid-19/. Acesso em: 27 fev. 2021.

VITACARE. Lesão por pressão em pacientes com Covid-19: quais


protocolos seguir e quais cuidados a equipe de saúde deve tomar.
Disponível em: https://www.vitacare.com.br/blog/lesao-por-pressao-em-
pacientes-com-covid-19-quais-protocolos-seguir-e-quais-cuidados-a-
equipe-de-saude-deve-tomar. Acesso em: 27 fev. 2021.

ATUAL, Revista Enfermagem. COVID –19: MEDIDAS DE


PREVENÇÃO DE LESÃO POR PRESSÃO OCASIONADAS POR
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL EM PROFISSIONAIS
DA SAÚDE. Disponível em:
https://revistaenfermagematual.com.br/index.php/revista/article/view/
768/684. Acesso em: 27 fev. 2021.

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