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Língua Portuguesa I

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A LÍNGUA PORTUGUESA EM MOÇAMBIQUE: CASO DO DISTRITO MONTEPUEZ

Pricila Jhon: 708220970

Curso: Licenciatura em Ensino de Português


Disciplina: Língua Portuguesa I
Ano de Frequência: 1º ano

Docente: dr: Fernando Manuel Samuel Safo


Chicumule

Tete, Julho de 2022

Folha de Feedback
Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota do
Subtotal
máxima tutor
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 2.0
objectivos
Conteúdo
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
Análise e  Articulação e domínio
discussão
2.0
do discurso

1
académico (expressão
escrita cuidada,
coerência / coesão
textual)
 Revisão bibliográfica
nacional e
internacionais 2.0
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.0
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
gerais
Formatação paragrafo, 1.0
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
Bibliográficas citações e
citações/referências 4.0
bibliográficas
bibliografia

2
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
Introdução........................................................................................................................................3
Objectivos........................................................................................................................................3
Metodologia.....................................................................................................................................3
Origem da língua portuguesa...........................................................................................................4
Evolução Do Português...................................................................................................................4
Estudiosos definem a evolução do português em quatro fases:.......................................................5
Normas Portuguesas (NP)................................................................................................................5
Português Brasileiro.........................................................................................................................6
Características Do Português Do Brasil..........................................................................................7
Português na África e na Ásia.........................................................................................................7
Português na África.........................................................................................................................7
Países africanos com a Língua Portuguesa como idioma oficial.....................................................8
Português na Ásia..........................................................................................................................10
Português em Moçambique...........................................................................................................11
Factores de variação do Português em Moçambique....................................................................11
A variação sociolinguística em Moçambique................................................................................11
Características Do Português Moçambicano.................................................................................13
Instabilidade no uso dos pronomes objecto...................................................................................13
Construção com nem em início de frase........................................................................................13
Redobro no português de Moçambique.........................................................................................14
Pronúncia do português em Moçambique.....................................................................................15
Português língua segunda ou estrangeira.......................................................................................15
A língua portuguesa em Moçambique: O caso do distrito de Montepuez.....................................16
Componente fonética.....................................................................................................................17
Variação fonético-fonológica........................................................................................................17
Variação sintáctica.........................................................................................................................18
Variação semântica........................................................................................................................18
Conclusão......................................................................................................................................20
Referências bibliográficas.............................................................................................................21

4
Introdução
O presente trabalho, pretende-se trazer exemplos de variação do português falado no seu distrito
Montepuez, província de Cabo Del Gado, portanto o trabalho abordara também dos conteúdos
relacionados a língua portuguesa, da sua origem, evolução e do português falado a nível da África e
Ásia, do português brasileiro. Sobretudo A língua portuguesa é originária do latim vulgar. É adoptada
por cerca de 230 milhões de pessoas, sendo o oitavo idioma mais falado no planeta. Está presente em
quatro continentes. Além do Brasil, o português também é o idioma de Angola, Cabo Verde, Guiné
Bissau, Moçambique, São Tome e Príncipe e, claro, Portugal. As normas portuguesas são usualmente
elaboradas pelas Comissões Técnicas Portuguesas de Normalização (CT), de cujo trabalho resulta um
anteprojecto de Norma segundo critérios definidos, e a enviar ao ONS para apreciação

Objectivos
Abordar uma sistemática da língua portuguesa ( A língua portuguesa em Moçambique: O caso do
distrito de Montepuez).
Metodologia
Durante a elaboração deste trabalho tomamos em conta os dois contextos de realização em que as
consoantes [b], [d] e [g] podem ocorrer: um em posição inicial como exemplo: botão, dentro, gato outro
em posição medial como é o caso de: pombo, pedra, engolir. Na elaboração deste trabalho, foi
necessária a consulta de obras de Linguística de Português e da língua Emakhuwa, concretamente, de
Cunha e Cintra (2002), Mateus et al. (2003), Faria et al. (1996), Ngunga e Faquir (2011) Gallisson e
Coste (1983) e NELIMO (2009). Importa salientar que nem todos os que falam as línguas bantu
cometem estes erros e nem todos os moçambicanos apresentam estas dificuldades.

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Origem da língua portuguesa

Segundo Rosa (2011) a língua portuguesa é originária do latim vulgar. É adotada por cerca de 230
milhões de pessoas, sendo o oitavo idioma mais falado no planeta. Está presente em quatro continentes.
Além do Brasil, o português também é o idioma de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique,
São Tome e Príncipe e, claro, Portugal.
A língua portuguesa é uma língua neolatina, formada da mistura de muito latim vulgar e mais a
influência árabe e das tribos que viviam na região.
Sua origem está altamente conectada a outra língua (o galego), mas, o português é uma língua própria e
independente.
Apesar da influência dos tempos tê-la alterado, adicionando vocábulos franceses, ingleses, espanhóis,
ela ainda tem sua identidade única, sem a força que tinha no seu ápice, quando era quase tão difundida
como agora é o inglês.
Segundo Perini (2004) no oeste da Península Ibérica, na Europa Ocidental, encontram-se Portugal e
Espanha. Ambos eram domínio do Império Romano a mais de 2000 anos, e estes conquistadores
falavam latim, uma língua que eles impuseram aos conquistados. Mas não o latim culto usado pelas
pessoas cultas de Roma e escrito pelos poetas e magistrados, mas o popular latim vulgar, falado pela
população em geral. Isto aconteceu porque a população local entrou em contato com soldados e outras
pessoas
incultas, não magistrados.

EVOLUÇÃO DO PORTUGUÊS
Segundo Albuquerque (2011) gradualmente, a comunicação linguística foi-se alterando, e, em vez de se
falar de facto latim, as modificações da expressão impuseram a consciência de que se tinha passado de
facto a falar à "maneira românica", isto é, romanice ou romance (falar vulgar e misto, também
designado romanço). Nos escritos administrativos e notariais impôs-se um conjunto de fórmulas que
identificamos como latim bárbaro. A base latina recolhe também, na constituição da nossa língua,
elementos celtas, gregos e hebreus, aos quais se juntaram, mais tarde, os germânicos e os árabes.
Podemos considerar três fases na evolução da língua portuguesa: proto-histórica, até ao séc. XIII
(ainda muito ligada, na escrita, ao latim bárbaro), arcaica, até ao séc. XVI (onde se destaca, nos séculos
XIV e XV, o galaico-português, autonomizando-se posteriormente o português em relação ao galego)

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e moderna, com a publicação das primeiras gramáticas, de Fernão de Oliveira, 1536, e João de
Barros, 1540, e com a proliferação das obras literárias que a consagraram, e entre as quais se
contam Os Lusíadas.
Consideram-se características formais da língua portuguesa, na sua fonação, os fenómenos de nasalação
(queda de consoantes latinas que dão origem aos ditongos nasais, ex. -ão e -ãe, e a vogais do mesmo
timbre, ex. panes>pães), vocalização (queda de consoantes latinas que dão origem a vogais, ex.
regnu>reino) e palatalização (grupos de consoantes latinas que resultam nos grupos ch- e -lh-, ex.
pluvia>chuva).
Estudiosos definem a evolução do português em quatro fases:
 Português arcaico: do século XIII ao final do século XIV
 Português arcaico médio: da 1.ª metade do século XV à 1.ª metade do século XVI.
 Português moderno: da 2.ª metade do século XVI ao final do século XVII.
 Português contemporâneo: do início do século XVIII aos dias atuais.
Normas Portuguesas (NP)
As normas portuguesas são usualmente elaboradas pelas Comissões Técnicas Portuguesas de
Normalização (CT), de cujo trabalho resulta um anteprojecto de Norma segundo critérios definidos, e a
enviar ao ONS para apreciação, da qual poderá resultar um dos seguintes caminhos:
1. Aprovação como NP sem inquérito público – Quando se trata da versão portuguesa de norma
regional e internacional.
2. Aprovação como projecto de norma (prNP) – Que será sujeita a inquérito público com a
duração de 45 dias para recolha de opiniões das partes interessadas.
3. Devolução para reformulação.
Uma vez terminado o processo, com a norma devidamente revista, esta é enviada ao Instituto Português
da Qualidade (IPQ) que a aprova e a homologa como Norma Portuguesa.
A aprovação como NP de uma EN pode ser efectuada por tradução ou por adopção. No entanto, até à
versão portuguesa, estão disponíveis as versões oficiais do CEN (inglês, francês ou alemão). As normas
adoptadas são publicitadas na Lista Mensal de Normas (publicação do IPQ).
A elaboração de normas portuguesas deve seguir o "acordo de standstill" definido em acordo com o
CEN/CENELEC e segundo o qual não podem desenvolver-se trabalhos ao nível de um país, sobre
normas a criar no âmbito europeu.

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Português Brasileiro
Segundo Albuquerque (2011) Português brasileiro (abreviado como pt-BR) é o termo utilizado para
classificar a variante da língua portuguesa falada pelos mais de 213 milhões de brasileiros que vivem
dentro e fora do Brasil. A grande população brasileira, quando comparada com a dos demais países
lusófonos, implica que o português brasileiro seja a variante do português mais falada, lida e escrita do
mundo, 14 vezes mais que a variante do país de origem, Portugal.
Há várias diferenças entre o português europeu e o português brasileiro, especialmente
no vocabulário, pronúncia e sintaxe, principalmente nas variedades vernáculas; nos textos formais as
diferenças também existem, mas são bem menores. Devido à forte influência que o português brasileiro
sofreu de outros idiomas, especialmente do tupi, a diferença entre a linguagem escrita e a falada se
tornou bem maior do que a do português europeu.[3] O estabelecimento do Acordo Ortográfico de 1990,
já em vigor no Brasil desde 1 de janeiro de 2009, visou a unificação da grafia das duas variantes da
língua portuguesa, criando uma ortografia comum que garantiria uma grafia única para 98% das
palavras.
Segundo Albuquerque (2011) devido à importância do Brasil no Mercosul e na UNASUL, esta variante
é ensinada nos países da América do Sul e nos principais parceiros econômicos do Brasil. Também há
falantes de português brasileiro como língua materna nos países onde há grandes comunidades
brasileiras, particularmente nos Estados Unidos, Japão e em diversos países da Europa,
como Portugal, Alemanha, Reino Unido, França e Espanha. De facto, é a variação da língua portuguesa
mais estudada no mundo. No Japão, nos Estados Unidos, e, sobretudo, na América Latina, é ensinada a
variante brasileira para estudantes estrangeiros da língua portuguesa.
Dialetalismos portugueses
Há outros brasileirismos aparentes que não passam de formas dialectais portuguesas, oriundas das
regiões que forneceram os colonos portugueses que foram antepassados de parte significativa da
população do Brasil, como os Açores e as várias províncias portuguesas. O resultado foi prosa em vez
de conversa ou salvar por saudar (ou dar a salvação, como ainda se diz em algumas regiões de
Portugal).

Neologismos
Há palavras novas (neologismos, que designam novos objetos, invenções, técnicas, etc) que têm uma
formação distinta da que se verificou em Portugal. São exemplos ônibus por oposição
a autocarro, trem por oposição a comboio, ou bonde por oposição a eléctrico.

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Outros exemplos são gol (pt golo, do inglês goal), esporte (pt desporto (obs.: desporto se usa no Brasil,
mas é, na atualidade, incomum), do inglês sport), xampu (pt champô, do inglês shampoo).

CARACTERÍSTICAS DO PORTUGUÊS DO BRASIL


Segundo Perini (2004) a vinda da língua portuguesa para o Brasil não se deu, como vimos, em um só
momento. Ela se deu durante todo o período de colonização entrando em relação constante com outras
línguas. Por outro lado, o povoamento do Brasil se fez com a vinda de portugueses de todas regiões de
Portugal. Desse modo, sua vinda para o Brasil traz para esse novo espaço as diversas variedades do
português de Portugal. Estas variedades se instalarão em lugares diferentes do Brasil mas, em muitos
casos, elas convivem num mesmo espaço, como no Rio de Janeiro, por exemplo.
O português do Brasil vai, com o tempo, apresentar um conjunto de características não encontráveis,
em geral, no português de Portugal, da mesma maneira que o português, em diversas outras regiões do
mundo, terá características também específicas, em virtude das condições novas em que a língua passou
a funcionar. Há que se considerar que, se levamos em conta a língua escrita, vamos encontrar uma
maior proximidade entre o português do Brasil, assim como o de outras regiões do mundo, com o
português de Portugal, já que a língua escrita está mais sujeita à normatização da língua efetivada
através das gramáticas normativas, dicionários e outros instrumentos reguladores da língua. Na língua
oral o processo de incorporação de características específicas se faz de modo mais rápido.
Português na África e na Ásia
Português na África
A colonização da África por Portugal se deu, como no Brasil, por meio das grandes navegações e da
ocupação das Ilhas Canárias no início do século XIV. Em 1415 os portugueses, de forma violenta,
conquistaram Ceuta, e em 1460 Diogo Gomes ocupa Cabo Verde, seguindo-se a ocupação das ilhas no
século XV. Esta ocupação perdurou até o século XIX.
No final do século XV Portugal estabeleceu nos portos do litoral oeste africano suas feitorias, e
Bartolomeu Dias iniciou a colonização da costa oriental da África, quando dobrou o Cabo da Boa
Esperança. A partir de então, e em meados do século seguinte, ingleses, franceses e holandeses também
invadiram estas áreas, expulsando os portugueses das zonas costeiras. Portugal, no entanto, manteve
algumas antigas colônias, como Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau, Angola
e Moçambique.
Foi em Angola e Moçambique que a Língua Portuguesa se manteve como língua falada de maneira
mais forte. Contudo, muitas línguas (dialetos) nativas se mantém nestes locais, ao lado da língua

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portuguesa. O falar português é bastante semelhante ao de Portugal, já que não houve uma substituição
da língua nativa pela língua portuguesa e sim uma “adesão” a esta nova língua que pela força da
colonização acabou fazendo com que se tornasse língua oficial nestes países. O português falado nos
países africanos possui apenas alguns traços próprios, como arcaísmos, dialetalismos, etc,
semelhantemente ao que aconteceu no Brasil. De uma maneira geral, a influência das línguas negras foi
muito leve, abrangendo apenas o léxico local.
Nos demais países o português falado não foi aderido como em Angola e Moçambique, nestes outros,
apesar de ser língua oficial, ele é utilizado apenas na administração, no ensino, na imprensa e em
relações com outros países. No cotidiano se usa as línguas nacionais (crioulos). Nestes países é maior
também a influência das línguas locais sobre o português, o que causa um maior distanciamento entre o
português por eles utilizado, e o português europeu, falado em Portugal.
Países africanos com a Língua Portuguesa como idioma oficial
Angola: Estimativas indicam que 70% da população fale uma das línguas nativas como primeira ou
segunda língua, porém é o Português a língua oficial da Angola. Além dele, Angola possui em torno de
11 grupos linguísticos principais, que são divididos em cerca de 90 dialetos. O português acabou
facilitando a comunicação entre estes grupos, e sofreu algumas modificações dando origem aos
chamados crioulos, uma mistura entre o português europeu e as línguas nativas, denominados
popularmente como pequeno português.
Cabo Verde: O português como língua oficial é utilizado em documentações oficiais e administrativas,
nos meios de comunicação e na escolarização. Nos demais contextos de comunicação utiliza-se o cabo-
verdiano, uma mesclagem entre o português arcaico e as línguas africanas. Este crioulo divide-se em
dois dialetos, o das ilhas Barlavento e o das ilhas Sotavento (norte e sul, respectivamente).
Guiné-Bissau: O crioulo falado em Guiné-Bissau possui dois dialetos, um em Bissau, e outro em
Cacheu, ao norte. O Português, no entanto, não é considerado língua materna, já que menos de 15% da
população tem o domínio da língua portuguesa.
Moçambique: Lá o português tem o status de língua oficial, e é falado como segunda língua por uma
parte da população. A grande maioria das pessoas que tem o português como língua materna mora nas
áreas urbanas. De modo geral, na maior parte do país, a população fala línguas do grupo bantu.
São Tomé e Príncipe: Além do português, em São Tomé são faladas línguas locais, tais quais, o forro,
o angolar, o tonga e o monco. Em Príncipe, fala-se o monco ou principense, um outro crioulo de base
portuguesa, mas com acréscimos de línguas indo-européias. O crioulo cabo-verdiano também é

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bastante falado nas duas ilhas, tendo sido trazido ao país no século XX por milhares de emigrantes
cabo-verdianos. O português utilizado nestas ilhas possui traços do português arcaico, tanto na
pronúncia, quanto na norma escrita. Este é o português falado popularmente, enquanto que por políticos
e pela alta sociedade, é utilizado o português europeu.
Português na Ásia
A língua portuguesa é oficial nas terras que os portugueses povoaram e/ou colonizaram a partir do
século XV, momento em que se deu a expansão marítima por meio das grandes navegações. Tal
expansão chegou à Ásia, progressivamente ocupando a Índia, a Costa do Coramendel, o Ceilão, o reino
do Pegú, as Ilhas Samatra, a China, até chegar ao Japão. No século XVI a língua portuguesa era falada
desde Madeira até o Japão, e os portugueses, por sua vez, se mantiveram senhores do comércio do
oriente por quase um século.
A língua portuguesa se instalou nestas localidades, de modo que acabou servindo como meio de
comunicação entre os nativos asiáticos e os demais países que foram em busca de explorar as riquezas
do oriente: França, Inglaterra e Holanda.
Muitos tratados, documentos, acordos, etc, foram escritos em língua portuguesa, já que os governantes
das maiores potências européias da época perceberam que esta seria a língua mais adequada para
fazerem as devidas negociações que os levariam a apropriar-se do direito de explorar tais terras.
Durante os séculos XVI, XVII e XVIII a língua portuguesa foi utilizada para fins políticos,
especialmente na costa do Oceano Índico devido à invasão portuguesa. Influenciou, pois, várias línguas
orientais como os da Índia, o suaíli, malaio, indonésio, bengali, japonês, os vários do Ceilão, o tétum de
Timor, o africâner da África do Sul, etc.
Apesar de vir se extinguindo cada vez mais do continente asiático, o português é falado em Timor
Leste, Goa, Damão na Índia e Macau na China. Há ainda um crioulo português em Malaca, na
Malásia e outros crioulos na Índia e Sri Lanka. Contudo, vale ressaltar que atualmente o
português só é utilizado em pontos isolados da Ásia. Vejamos abaixo alguns dos principais:
Timor Leste: até 1975 este território permaneceu sob a administração de Portugal, porém foi invadido e
incorporado ao território da Indonésia. Uma parcela da população domina o português, e a língua
local éo Tetum. Apesar de ter como língua oficial o português, é o Tetum a língua falada pela maior
parte da população. Esta língua contém, porém, muitas influências da língua portuguesa.
Macau: Até 1999 esteve sob a administração de Portugal, porém faz parte do território chinês. Em
Macau o Português é língua oficial, ao lado do chinês, porém só é utilizado pela administração e por

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uma pequena minoria da população que o domina. Ruas, placas, sinais de trânsito, cartazes, são escritos
nos dois idiomas, e alguns meios de comunicação permanecem utilizando a língua portuguesa.
Oficialmente, o Português ainda é tido como língua principal.
Goa: Até 1961 esteve sob a administração de Portugal, porém é parte do território indiano. O
português vem sendo substituido pelo inglês e pelo konkani, que já é língua oficial.
Português em Moçambique
Moçambique é um país africano, localizado na África Austral, que tem pouco mais de vinte milhões de
habitantes, socioculturalmente divididos em várias etnias, cada uma delas caracterizada por uma
diversidade linguística extensa. Não é conveniente, nesse contexto, discutir a situação linguística de
Moçambique sem fazer alusão à situação linguística em nível continental. Sendo assim, África possui
quatro grandes famílias de línguas: (a) Níger-congo formado por 1,436 línguas; (b) afroasiático com
371 línguas; (c) Nilo-sahariano com 196 línguas e (d) khoisan com cerca de 35 línguas.
Factores de variação do Português em Moçambique
A variação sociolinguística em Moçambique
Segundo Rougé (2008) as variações em língua portuguesa em Moçambique abrangem as dimensões,
que incluem aspectos fonético-fonológicos, morfo-sintácticos, semântico-pragmáticos e retóricos.
Apresentamos, em seguida, alguns exemplos dessa variação, que marcam o estado de ‘nativização’ do
português em Moçambique. Um factor evidente que dá um aspecto único ao português falado em
Moçambique é a variação do sotaque que, muitas vezes, surge em conexão com uma transferência de
propriedades das línguas maternas moçambicanas.

Entre os traços que mostram este tipo de transferências incluem-se os seguintes:


O sistema fonológico do emakhuwa só contém oclusivas surdas e, por isso, não contempla uma
distinção fonológica entre oclusivas sonoras e surdas, como o português faz.
Ex. (PE)/bola/…(PM) /bola/….(emakhuwa) /pola/
(PE) /burro/…(PM) /burro/….(emakhuwa) /purro/
Traços lexicais: surgem através de empréstimos lexicais das línguas maternas no português falado em
algumas zonas de Moçambique:
Ex. Dumba-nengue, palavra de origem ronga, língua moçambicana, que literalmente significa ‘confie
nas suas pernas’, uma expressão usada em referência a um tipo de mercado informal, na zona sul de
Moçambique. A palavra é uma combinação de «kudumba», ‘confiar’ e «nengue», ‘pé/perna’. Indica o

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fato de que os mercados informais são ilegais e, por isso, os vendedores têm que fugir constantemente
da polícia, confiando nas suas pernas.
Ex. Tchova-xitaduma, que literalmente significa ‘vá empurrando, que vai pegar’, usada em referência a
um tipo de carroça que é empurrada por um homem. A palavra é uma combinação de «ku-tchova»,
‘empurrar’, e «ku-duma», ‘o pegar de um motor’ (COSTA, 2006).
Ex. Tchungamoio, que literalmente significa ‘aperta coração’ isto é, palavra usada no
PM para significar mercado informal, mercado repleto de malfeitores, oportunistas e saqueadores de
bolsas das senhoras desatentas. Esta palavra é transferida para o PM, em toda a cidade da Beira, zona
centro de Moçambique.
Ex. Mukhero, que significa ‘contrabando’ – ‘ fuga ao fisco na importação e exportação de mercadorias.
Trata-se de um mercado informal, realizado nas fronteiras dos países vizinhos de Moçambique. Esta
palavra entrou no PM por via da língua changana. O termo mukhero designa uma prática exercida pelos
residentes das vilas fronteiriças e consiste no transporte de mercadorias em pequenas quantidades,
tantas vezes quantas as necessárias de e para cada um dos lados da fronteira com a condescendência das
autoridades alfandegárias. O indivíduo que pratica o mukhero é designado de mukherista
CARACTERÍSTICAS DO PORTUGUÊS MOÇAMBICANO
O português moçambicano é caracterizado pelas seguintes formas:
Instabilidade no uso dos pronomes objecto
O português de Moçambique está a atravessar uma fase de grande instabilidade no que diz respeito ao
uso dos pronomes objecto.
Quanto à colocação do pronome na frase, observa-se às vezes uma tendência para a anteposição do
pronome relativamente ao verbo, como no português do Brasil (“Eh, pá, você me está a insultar, ou
quê?”) e às vezes uma tendência para a posposição do pronome em situações em que tal não
aconteceria nem no português europeu nem no português brasileiro (“Como ela chama-se?”).

De um modo geral, em Moçambique, a população é bilíngue no contexto das língu


as bantu moçambicanas, que são cerca de vinte, cada uma possuindo normalmente certo número
de dialectos. Às vezes, existem falantes de duas línguas ou mais línguas dentro do mesmo grupo
linguístico. Entretanto, para fins educativos, as comunidades são consideradas e definidas como
linguisticamente homogéneas, dado que, de um modo geral, há uma língua que é o principal meio de
comunicação local e, no caso de programas de educação bilíngue, é a língua usada como meio de

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ensino nas primeiras classes. Os contextos urbanos são linguisticamente heterogéneos devido à
afluência de falantes de diversas línguas nos mesmos locais.
Além disso, há grande instabilidade na escolha das formas de acusativo e dativo. Por influência da
estrutura das línguas bantas, a tendência é cada vez mais usar sempre lhe(s) quando o pronome refere
pessoas, independentemente de se usar com um verbo transitivo directo ou não: “A Ermelinda já
chegou da Beira; encontrei-lhe ontem à noite na rua”.
Construção com nem em início de frase
Ao contrário do que acontece noutras variantes do português, nas frase iniciadas com nem, com o
sentido de “nem sequer”, coloca-se um não antes do verbo: “estava teso, nem dinheiro para beber uma
cerveja não tinha”. A construção também é usada pelos moçambicanos que têm o português como
língua materna.
Redobro no português de Moçambique
Segundo Albuquerque (2011) em português, usa-se o redobro de nomes e adjectivos (“ele é doido
doido” ou “isto é que é medronho medronho”), de quantificadores, em frases negativas (“não gosto
muito muito”, “não é assim tanto tanto…”) ou de formas verbais, para formar nomes (chupa-chupa).
Em Moçambique, há algumas destas formas com redobro de forma verbal para formar nomes que não
são utilizadas no português europeu. Dois exemplos de que me lembro são ganho-ganho, que significa
trabalho remunerado monetariamente, por oposição aos sistemas de ajuda mútua, e mata-mata, para
referir o jogo infantil que em Portugal se chama apenas mata.
Finalmente, outro uso muito moçambicano do redobro é o que se faz com numerais, quando se fala de
preços, para significar “cada um”:
– A como está a folha de abóbora?
– Está (a) mil mil (=mil meticais [antigos] cada molho). ou
– A como estão os cigarros? [em Moçambique, vendem-se na rua cigarros avulsos]
– Quinhentos quinhentos (=cinquenta centavos cada).
Particularidades da voz passiva
Por influência da estrutura das línguas bantas, fazem-se, com muita frequência, frases passivas cujo
sujeito é o objecto indirecto das frases activas que lhes correspondem. Diz-se, por exemplo, que
“aquela associação de camponeses agora foi dada insumos por uma ONG suíça” ou que “nós fomos
pedidos estar lá às 15 horas”.

14
Trata-se de uma tendência muito forte, que se começa a observar também nas novas gerações de
moçambicanos de língua materna portuguesa. É provável, portanto, que se venha a afirmar como
característica do português de Moçambique.
Pronúncia do português em Moçambique
Português língua materna
Segundo Rosa (2011) a pronúncia dos moçambicanos de língua materna portuguesa da 1ª geração (isto
é, os que já tinham o português como língua materna na altura da independência) é muito parecida com
a do português europeu, muitas vezes indistinguível. Dois traços que podem às vezes caracterizar o
sotaque desses moçambicanos são a pronúncia “dura” de d e g entre vogais (ou seja, pronunciar da
mesma forma os dois dd de dado ou os dois gg de gago) e pronunciar como um j o s entre vogais
quando este liga duas palavras (ou seja, pronunciar “’tás a fazer” [tàjafazer] em vês de [tàzafazer]) [o
que também pode acontecer, aliás, em algumas zonas de Portugal]. Os rr são sempre vibrantes
alveolares e nunca guturais.
A mesma pronúncia muito próxima da pronúncia europeia mantém-se entre as elites de língua materna
portuguesa das gerações seguintes (normalmente em pessoas com pais de língua materna portuguesa) e
sobretudo em Maputo, que é onde há maior percentagem de falantes de português como língua materna
ou de nível elevado como língua segunda.
Há muitos casos, porém, em que os moçambicanos que agora têm o português como língua materna
não têm pais de língua materna portuguesa, mas antes que utilizam o português como língua de
comunicação entre eles (por exemplo, pai chuabo, mãe maconde) e que, muitas vezes, vivem num meio
onde o português é falado como língua de comunicação. Nestes casos, há fortes influências da
pronúncia da língua da zona onde a pessoa vive e a sua pronúncia é muito parecida com a das pessoas
da zona que falam o português como língua segunda ou estrangeira.
Português língua segunda ou estrangeira
É muito difícil fazer uma descrição unificada da pronúncia do português como segunda língua ou
língua estrangeira, porque essa pronúncia difere, naturalmente, de região para região, em função da
língua materna das pessoas. Há, porém, alguns traços comuns a muitas línguas bantas (alguns a todas) ,
que posso aqui apontar:
• Ausência de encontros consonânticos típicos da pronúncia europeia ou impossibilidade de ocorrência
no fim da palavra de determinadas consoantes. Neste sentido, muitos moçambicanos falam “como” os
brasileiros ou os espanhóis – para dizer stress, pneu ou afta, por exemplo, introduzem uma vogal entre

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as consoantes: e também pode acontecer introduzirem um som vocálico, por exemplo, entre o s e o n da
sequência mas nada…
• A e e abertos: em geral, não há, nas línguas bantas, vogais fechadas e muito menos ee mudos, o que
faz com que o [â] se pronuncie [á] e o e átono se pronuncie [i] ou [ê].
• Troca de [l] por [r], e das consoantes surdas [p], [t] e [k] pelas sonoras correspondentes [b], [d] e [g] e
vice-versa. Em muitas línguas, as versões surdas e sonoras das oclusivas não são entendidas como sons
diferentes, mas como variantes do mesmo som, consoante os sons que têm antes ou depois. Um
exemplo extremo deste fenómeno é pronunciar [progo] a palavra bloco, como eu uma vez ouvi.

A língua portuguesa em Moçambique: O caso do distrito de Montepuez.


Segundo Perini (2004) um dos grandes assuntos que tem preocupado a Sociolinguística é a questão dos
usos linguísticos, tendo em conta que as comunidades linguísticas são eminentemente heterogêneas,
havendo, portanto, um leque de possibilidades dentro do repertório da comunidade. Pretendo, neste
artigo, apresentar os resultados de um estudo sobre usos linguísticos num contexto multilingue, em
Montepuez, uma cidade da província de Cabo Delgado, tomando como referência o ambiente caseiro.
Segundo Firmino (1989:99), “os falantes de Emakhuwa tendem a ensurdecer as oclusivas bilabial e
linguodental [b] e [d], respectivamente, realizando-as, portanto, como [p] e [t], respectivamente. Na
referida língua aquelas oclusivas sonoras não existem embora nela ocorram sons próximos de [p] e [t] -
oclusivas surdas – que se distinguem das outras no vozeamento. Daí a tendência para o ensurdecimento
de [b] e [d]”.
Na cidade de Montepuez, província de Cabo Delgado, existe uma comunidade, na qual há falantes de
várias línguas, das quais se destacam Português, Emakhuwa, Shimakonde, Shingoni, Kiswahili e
Kimwani. O interesse pelo estudo dos usos linguísticos em ambientes domésticos de Montepuez
emerge da pergunta “Quem fala que língua a quem e quando?” em contextos caracterizados por um
multilinguismo alargado e relativamente estável2 (FISHMAN, 1965).
Portanto, são apenas os falantes da língua Emakhuwa que apresentam estas dificuldades de pronúncia
das consoantes em estudo. Segundo se disse anteriormente, com este trabalho de investigação,
pretendemos estudar os factores que influenciam o ensurdecimento das consoantes sonoras [b], [d] e
[g], tendo sido, neste caso, utilizada a pesquisa explicativa com base em análise de corpora, sem deixar
de lado a pesquisa bibliográfica.

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Para Joshua Fishman, a seleção habitual de uma forma linguística está longe de ser uma questão
aleatória ou deliberada de inclinação momentânea, pois ela é governada por fatores de controle.
Inspirado pela pergunta formulada em Fishman (1965), procurei saber que língua ou línguas usavam os
residentes de Montepuez nas suas interações em ambientes caseiros. Com esta pergunta, procurarei
explicar as opções linguísticas de que se serviam os habitantes de Montepuez em ambientes domésticos
de interação, tendo em conta as funções associadas às línguas.

Componente fonética
A fonética de língua Emakwua no distrito de Montepuez quando falam creche, por exemplo, sai
“crenche.” Ainda eles trocam o “t” pelo “d”.
“Em vez de falarem Tete, sai Dede, ocorre a troca do ‘b’ pelo ‘p’. Pancada vira bancada”, diz. Para
Jeco, é preciso respeitar e valorizar essas diferentes falas. “Elas criam a beleza linguística, um mosaico
cultural.”
Variação fonético-fonológica
É uma característica das diferenças na pronunciação de palavras que variam de língua para língua, de
variedade para variedade. Pode ainda ser causada por influências de outras línguas, 96 ainda que deva
considerar que “os valores fonológicos são abstrações que se originam das relações que os sons físicos
mantêm dentro do sistema da língua”.
Segundo Perini (2004) no caso de Moçambique muitas formas de variação fonético-fonológica no
português são resultado da influência das línguas maternas de origem bantu espalhadas um pouco pelo
país. É através da variação fonética que percebemos se o falante nasceu no norte ou no sul do país.
Vejamos algumas variações fonéticas encontradas nas províncias de Nampula, Cabo Delgado, Niassa e
Zambézia todas localizadas a norte de Moçambique locais onde predomina a língua makhuwa:
(19) Troca da consoante sonora pela consoante surda:
a) A troca de [d] por [t] : dedo= [teto]; dado=[tato]
b) A troca de [b] por [p]: bebé, bebe = [pepe]; banana =[panana]; bater =[pater]
c) Troca de [g] por [k]: galo [kalo]; golo [kolo]; pingar [bikari]
Componente sintáctica
Para além da variação morfológica que vimos em 3.1.2, o PM apresenta variação a nível sintáctico.
Pesquisas de Dias. Mostram que há vários casos de variação se compararmos com o PE. Vejamos
alguns exemplos de Gonçalves.

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(23) Desvios ao PE a)
“Eles elogiaram a uma pessoa.” (PM) vs “Eles elogiaram uma pessoa.” (PE) b) “Elogiaram-lhe muito.”
(PM) vs “Elogiaram-na muito.” (PE) Os exemplos de Gonçalves provêm de um corpus oral, fato que
nos leva a crer que há diferenças entre a escrita e a fala.
O que acontece em muitos casos é a transferência da fala para a escrita, fato que leva ao distanciamento
em relação à norma-padrão. Vejamos outros exemplos de Gonçalves (2001b, p.986):
(24) a) “Recebi ϕ telefonema”(PM) vs “Recebi um telefonema.”(PE) b) “Todas ϕ pessoas chegaram”
(PM) vs “Todas as pessoas chegaram”(PE) Aqui nota-se a ausência de artigos nas frases do PM, que
são exigidos pela normapadrão europeia. c) “A participação não era assim tão grande que no futebol.”
vs “A participação não era assim tão grande como no futebol.” (PE) d) “O homem era forte que batia
toda gente.” vs “O homem era tão forte que batia toda gente.” (PE)
Componente sintáctica de verbos auxiliares:
 Ottuna - ‘querer’
 Opheela -‘desejar’
 Osuwela - ‘saber’
 Ohererya -‘tentar’
 Ohaana - ‘dever’
 Orowa ‘ir’
 Onni ‘costumar’
 Omala ‘acabar’
 Opacerya ‘começar’
 Orewya ‘poder’

Componente semântica
A semântica é o estudo do significado de palavras e da interpretação de frases. O significado pode
variar segundo variáveis: linguísticas, geográficas e sociais. Por exemplo, uma única palavra pode ter
significados diferentes em duas comunidades linguísticas. Por exemplo, as unidades lexicais chapa e
camisola têm significados diferentes dependendo do lugar geográfico. A unidade lexical chapa, 39 para
além dos significados conhecidos na LP significa “transporte semi-coletivo de passageiros.”

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No contexto de Montepuez, o caso do Português, que é usado em domínios informais como casa
contraria esta pressuposição. Embora, no contexto moçambicano, a língua portuguesa seja
eminentemente uma língua H, dado o seu estatuto de língua oficial, tendo em conta os resultados do
presente estudo, pode assumir-se que também é usada em domínios informais, podendo, portanto
funcionar como uma língua L.
Shimakonde: ng’avanga vs vang’avanga “cão vs cães”
♦ Não há correlação entre o género e a noção sexual ou qualquer outra categoria semântica claramente
definida;
Segundo Rougé (2008) estes resultados permitem-me aferir ainda que, no contexto multilingue de
Montepuez, o estudo do uso da língua High e da língua Low não é necessariamente e/ou mutuamente
excludente. Por conseguinte, e tendo em conta os resultados de estudos similares a pertinência da
revisão da dicotomia que envolve as noções língua High e língua Low no estudo das escolhas
linguísticas sobretudo em contextos multilingues surge como um desafio da Sociolinguística na
atualidade. Por outro lado, os resultados do presente estudo obrigam também a uma reavaliação do
conceito de “língua materna” que, segundo o senso comum, e tendo em conta o contexto de
Moçambique, remete apenas às línguas moçambicanas de origem bantu, encarando o Português como
uma língua exógena, como se não tivesse falantes nativos em Moçambique e como se não fosse usado
nos domínios mais baixos de interação social em que os falantes se engajam.

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Conclusão
Ao longo deste trabalho foi feita abordagem do estudo sobre a língua portuguesa em Moçambique: O
caso do distrito de Montepuez, por tanto o que se pretende é moçambicanizar o português, publicar
dicionários, gramáticas e manuais escolares que refletem a realidade moçambicana. É necessário que as
LB moçambicanas sejam ensinadas nos locais onde elas ocorrem para que não percamos a nossa
identidade. no PM, as palavras katla (ato de pegar ou som emitido pelas algemas quando são trancadas
nos pulsos), bipar (falsa chamada), bang-bang (som do disparo), xicorocoro (carro lata velha), tchapo-
tchapo (ser rápido), tchin-tchin resultaram de onomatopeias e, a partir delas, modificou-se o seu valor
semântico. Por exemplo, katla significa “namorar”, bipar significa “provocar alguém”, etc. As
condições sociolinguísticas e históricas de Moçambique não permitiram que surgisse um pidgin nem
um crioulo, tal como aconteceu na Guiné-Bissau, em Cabo Verde e em São Tomé e Príncipe. O
português não conseguiu se impôr por causa da extensão territorial e pelo pouco número de portugueses
presentes no país. Para além disso, a estabilidade e o isolamento dos diferentes grupos étnicos
perpetuou o uso das LB de forma mais plena. O crescente número de unidades lexicais não
dicionarizados sensibiliza-nos na necessidade de criação de dicionário do português de Moçambique,
instrumento que não frustrará aos consulentes moçambicanos. A frequência dos moçambicanismos nos
meios de comunicação, mesmo de forma sutil dá-nos a certeza de que este instrumento faz falta no
cotidiano, principalmente na sala de aula. Terminamos a apresentação da pesquisa desejando que as
ideias aqui colocadas sirvam de reflexão para a mudança de políticas linguísticas vigentes em
Moçambique bem como o reconhecimento da variedade do português em uso no país.

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Referências bibliográficas
ALBUQUERQUE, D. B. (2011). O português de Timor Leste: contribuições para o estudo de uma
variedade emergente. In Revista Papia. nº 21, v.1,. p. 65-82.
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ALKMIM, T. M. (2001). Sociolinguística. Introdução à linguística: domínios e fronteiras. v. 1. São
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COSERIU, E. (1979). Teoria da linguagem e linguística geral. São Paulo,.
COSTA, A. F. (2006). Rupturas estruturais do português e línguas bantu em Angola: para uma
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CRYSTAL, D. (2005). A revolução da linguagem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,.
DIAS, H. N. (1991). Os empréstimos lexicais das línguas bantu no português. In: Actas do simpósio
nacional sobre a língua portuguesa em África. Lisboa, Portugal
PERINI, M. (2004). A língua do Brasil amanha e outros mistérios. São Paulo: Parábola, Brasil.
ROSA, M. C. (2011). Introdução à morfologia. 6 ed. São Paulo: Contexto, Brasil.
ROUGÉ, J. - L. (2008). A inexistência de crioulo no Brasil. África no Brasil: a formação da língua
portuguesa. São Paulo: Brasil, Contexto,.

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