Acolhimento À População Transgênero Na Unidade Básica de Saúde Corrigido
Acolhimento À População Transgênero Na Unidade Básica de Saúde Corrigido
Acolhimento À População Transgênero Na Unidade Básica de Saúde Corrigido
Umuarama, PR
2022
AMANDA SIHNEL CORTEZ DA SILVA
NATHALIA HEVELLYN SCHERER
PAULA MOSCOVITS QUEIROZ
TAZIANE MARA DA SILVA
Umuarama, PR
2022
AMANDA SIHNEL CORTEZ DA SILVA
NATHALIA HEVELLYN SCHERER
PAULA MOSCOVITS QUEIROZ
TAZIANE MARA DA SILVA
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradecemos a Deus que nos oportunizou chegar até aqui
com força de vontade e permaneceu ao nosso lado, conduzindo-nos para superar
todos os obstáculos e desafios.
Agradecemos também às nossas famílias que nos proporcionaram base,
apoio, incentivo e paciência durante todo esse processo, auxiliando-nos nas
adversidades e compreendendo nossa ausência em prol de um sonho.
Ao nosso orientador Jorge Antonio Vieira, somos gratas por ter embarcado
nesse projeto conosco na luta contra o preconceito, buscando a inclusão dos que
precisam ter voz para lutarem por suas existências em autoafirmações; e por todo o
tempo disponibilizado para garantir a viabilidade desse projeto.
Um agradecimento especial a nossa professora Danielle Barreto que, na
matéria de Relação Médico-Paciente, nos apresentou cientificamente o tema da
sexualidade garantindo-nos informação acerca do assunto e respondendo às
dúvidas que surgiam mesmo fora do ambiente acadêmico.
E a todos aqueles que lutam contra qualquer forma de preconceito. Sejam
resistência!
“Devemos não somente nos defender, mas também nos afirmar, e nos afirmar não
somente enquanto identidades, mas enquanto força criativa”.
RESUMO
A expressão identitária composta pela população transgênero, representada por
pessoas com incongruência entre a identidade de gênero e o sexo de nascimento,
tem assegurada constitucionalmente e através do Conselho Federal de Medicina,
direito integral à saúde. Não obstante o âmbito legislativo salvaguarde essa garantia,
é recorrente o desmazelo dirigido a essa população no contexto das Unidades
Básicas de Saúde. Destarte, é oportuno destacar que a problemática não é uma
circunstância ocasional, mas um desdobramento dos padrões históricos da violência
estrutural que marginaliza as vivências identitárias, suscitando adversidades na
qualidade de vida. Diante dessa projeção, é imperioso que profissionais da saúde se
revistam do conhecimento atinente ao assunto, uma vez que a compreensão do
referencial biopsicossocial é um passo inicial e decisivo na implementação de
medidas para extirpação ou minimização dessa excludente assistencial à população
transgênero. Com efeito, o projeto tem por escopo propiciar ciclos informativos para
equipes de saúde da Atenção Básica de Umuarama, intencionando, dessa forma,
prosperar humanização à população trans nesse cenário. A adoção da intervenção
dar-se-á em ambiente de infraestrutura propícia, em formato de dois encontros de
mesa-redonda, visando sensibilizar gestores das UBSs e 12º Regional de Saúde do
Paraná concernente aos serviços prestados ao público transgênero, especialmente
no que se refere ao acolhimento desse setor. Nesse ínterim, objetiva-se explicitar
informações referentes às definições, histórico, tratamento, legislação, além de
elucidar dados sobre a saúde da população trans, epidemiologia, fluxogramas,
acolhimento, procedimentos e saúde mental. Findo os encontros, serão realizadas
avaliações orais e/ou devolutivas de questionários ao público-alvo, ambicionando
monitorar a qualidade da ação proposta. Com fulcro nesse influxo, o projeto anseia
pela conscientização quanto às questões emergentes da população trans, instituindo
um vínculo entre a experiência desse público e o conhecimento sobre termos e
prerrogativas que certifiquem o direito à saúde desse público através da Atenção
Primária à Saúde.
Palavras-chave: Acolhimento. Atenção Primária. Humanização. Transgênero.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 7
2. JUSTIFICATIVA......................................................................................................9
3. OBJETIVOS.......................................................................................................... 10
4. REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................11
5. METODOLOGIA....................................................................................................17
6. RESULTADOS ESPERADOS...............................................................................20
7. CRONOGRAMA....................................................................................................21
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 23
7
1. INTRODUÇÃO
A resolução 2.265 do Conselho Federal de Medicina - CFM (2019) discorre
sobre cuidados específicos às pessoas com incongruências de gêneros, mais
conhecidas como transgênero, que representam um grupo de pessoas com não
paridade entre sua identidade de gênero com o sexo de nascimento, incluindo nessa
compreensão transexuais, travestis e outras expressões identitárias. Na saúde, a
resolução supracitada ainda esclarece que a atenção integral a essa população
deve contemplar suas necessidades, garantindo acessibilidade sem discriminação
às atenções básicas, promovendo acolhimento, acompanhamento, procedimentos
clínicos, além de atenção especializada com cuidados específicos, contemplando
também a hormonioterapia e cuidados cirúrgicos conforme preconizado em Projeto
Terapêutico Singular (PTS) norteado por diretrizes vigentes.
Em cômpar a diretriz, a Constituição Federal (1988), prevê como direito de
todo cidadão acesso à saúde, sendo dever do Estado garantir políticas sociais e
econômicas que reduzam doenças e agravos. No entanto, a saúde da população
transgênero tem sido negligenciada, por falta de capacitação profissional,
compreensão de manejo assistencial e integrativo, falta de recursos municipais nas
Unidades Básicas de Saúde, além de um contexto de desconhecimento sobre esse
grupo minoritário em âmbito geral (BENEVIDES; NOGUEIRA, 2020).
Associado a esse problema, as autoras supracitadas ainda esclarecem que
essa população sofre constante violência tanto que o Brasil foi elevado ao topo da
lista mundial em números de assassinatos contendo população trans no ano de
2020. Toda essa violência estrutural, junto à transfobia, marginalização e
vulnerabilidade são resultados da patologização das vivências identitárias até a nona
edição da Classificação Internacional de Doenças (CID); da compreensão
biologizante dos gêneros por uma lógica hetero-cis-normativa associado à falta de
discussão acerca do tema; a interferência religiosa no Estado, que deveria ser laico,
com uma política antitrans; dificuldade de acesso às Delegacias da Mulher e a falta
de denúncia formal gerando ausência de notificações e de dados que eximem o
Estado de sua responsabilidade de pautar medidas de segurança; e favorecem sua
omissão diante da violação desses direitos humanos, gerando consequências para
qualidade de vida dessa população como falta de apoio familiar e social, bem como
sofrimento psíquico.
8
2. JUSTIFICATIVA
Corroborando com o contexto já exposto, a pesquisa realizada por Velho
(2020) para a construção de um protocolo de cuidado de acordo com a demanda em
saúde da população Trans, demonstra que a maior lacuna da promoção de saúde
na Atenção Básica é encontrada no acolhimento e na humanização, pontuando
estes, como fatores cruciais para integralidade do cuidado, ressaltando também a
urgência na implementação de práticas diferenciadas e específicas direcionadas às
pessoas trans, de acordo com as suas singularidades.
A política Nacional de Humanização (PNH), publicada no ano de 2003, aponta
a humanização como um meio de incorporação de dessemelhanças nos
mecanismos de coordenação e de cuidados à saúde, já o acolhimento se apresenta
como um dos pilares das diretrizes da PNH com objetivo da construção coletiva de
vínculos que contenham em seu cerne confiança, engajamento e vinculação entre
serviços de saúde e seus usuários (BRASIL, 2013a).
Destarte, é possível interpretar que, as singularidades e especificidades
relacionadas à população trans devem ser abarcadas no processo de construção de
práticas de saúde, entretanto, previamente a estas, é imprescindível o que o autor
supracitado aponta de escuta qualificada, ou seja, buscar conhecer as populações
trans, entender os contextos aos quais estão inseridos, suas vulnerabilidades,
compreender as demandas e as particularidades envolvidas nas subjetividades
trans, para que sejam instituídas práticas de saúde de fato efetivas, especialmente
na Atenção Básica, que se configura como porta de entrada para tais cuidados.
Nesse sentido, torna-se crucial a informação e o conhecimento dos integrantes da
equipe de saúde a respeito da realidade da população trans para a implementação
de ações de saúde direcionadas e consentâneas, visando garantir o direito de
acesso à saúde.
10
3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
O presente projeto tem como objetivo central promover ciclos informativos
para equipes de saúde municipais da Atenção Básica, visando contribuir para
desenvolvimento de ações humanizantes à população trans na Atenção Primária à
Saúde.
4. REFERENCIAL TEÓRICO
Visando melhor contextualizar a temática, cumpre observar preliminarmente
os aspectos conceituais e teóricos sobre a diversidade identitária e sexual
(LGBTQIAPN+). Com efeito, conforme exprimem Lemos e Carvalho (2020), gênero
pertine a particularização sociocultural, não exclusivamente biológica, da dicotomia
homem ou mulher, influído de acordo com o papel social e identidade sexual de
cada indivíduo. Por sua vez, identidade de gênero caracteriza-se por uma
identificação social, seja homem, mulher ou o que melhor lhe convier, podendo ou
não concordar com o sexo de seu nascimento. No que diz respeito, a orientação
sexual é correlata a atração afetivo-sexual por outrem. Por seu turno, o termo
cisgênero atine a pessoas cujo gênero é o mesmo daquele qualificado durante o
nascimento, ou seja, é a conformidade entre identidade de gênero e o sexo
biológico. É importante ressaltar também que Abdo (2004) define a orientação
sexual como sendo a atração física e sexual a determinado sexo. Atenta-se que
nesse cenário não é incluso o contexto do intercurso sexual com o qual o indivíduo
realiza a prática.
Inserto nessa miríade de sentidos, a população transgênero, de acordo com
Magalhães e Saliba (2022), pertine a pessoas que vivem os papéis de gênero de
maneira não convencional, transitando entre os gêneros. Difere dessa terminologia,
segundo aduzem Lemos e Carvalho (2020), o contexto envolvendo a
transexualidade, que abarca indivíduos que destoam a identidade do gênero
daquela designada no nascimento, empenhando-se, dessa forma, em realizar a
transição para o gênero oposto, mediante intervenção médica, seja a redesignação
sexual ou a feminilização ou masculinização.
Outros conceitos pertinentes às identificações de gêneros são as populações
crossdresser, travesti e drag queens ou transformistas. Ao tratar do assunto,
Magalhães e Saliba (2022) explicam que os crossdresser abrangem um grupo de
pessoas que vestem roupagens convencionadas como sendo proeminentemente
imputadas ao sexo oposto, objetivando experienciarem, de forma temporária, a
essência de diferentes gêneros. A terminologia travesti inclui pessoas que nascem
com o sexo masculino, embora tenham a identidade de gênero feminina,
desenvolvendo atribuições distintas daquelas impostas pela sociedade. Ademais,
drag queens, também denominadas transformistas, é associado a homens que se
revestem de trajes tidos como femininos, tencionando uma apresentação artística.
12
existentes para que esta população seja bem atendida como preconiza a legislação
atual, assegurando equidade em saúde, justiça social e o fim da exclusão social por
meio da reorganização dos serviços, caminhando ao acesso universal e proteção
social em saúde (MENDES, 2012).
17
5. METODOLOGIA
5.1 LOCAL DA INTERVENÇÃO
A execução das sessões de mesa-redonda vislumbrado pelo presente
projeto poderá ocorrer no Campus Sede da Universidade Paranaense (UNIPAR),
localizada na Praça Mascarenhas de Moraes, na zona III da cidade de Umuarama,
Paraná, Brasil ou nas dependências da Prefeitura Municipal de Umuarama também
situada em Umuarama-Pr, ou ainda em estabelecimentos a ser definidos pela 12º
Regional de Saúde do Paraná, a serem definidos posteriormente. Ambos os locais
possuem boa infraestrutura contando com salas e auditório para receber todo o
público previsto, contendo equipamentos de multimídia caso haja necessidade.
6. RESULTADOS ESPERADOS
Neste projeto de intervenção tem-se por intento alavancar a promoção de
informações para as equipes de saúde da Atenção Básica, com o intuito de fornecer
subsídios para o desenvolvimento de ações voltadas à humanização do atendimento
à população trans e disponibilizar informações relevantes para conduta clínica na
Atenção Primária à Saúde.
Tenciona-se, dessa forma, que esta intervenção oportunize sensibilização
quanto às questões emergentes da população trans, proporcionando um maior
conhecimento sobre termos e conceitos, leis que contemplem as normativas
referente aos atendimentos desse público, visando uma reflexão crítica do contexto
de saúde de cada unidade e atendimento prestado, para que novas formas de
atendimento em saúde sejam pensadas e implementadas para que de fato
aperfeiçoem o ingresso desta população à Atenção Primária à Saúde, gerando
respeito, empatia, acolhimento, inclusão e ações de saúde.
Tem-se a necessidade de que este público, hoje considerado marginalizado
em diversos segmentos de saúde, possam ser acolhidos, analisados,
contextualizados e compreendidos em suas subjetividades pelas equipes de saúde,
visando concretizar a implementação dos princípios e diretrizes do SUS:
universalidade, integralidade e equidade estendidos à população trans.
21
7. CRONOGRAMA
Mês / Atividade Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Reunião com x x x
Secretaria de
Saúde do
Município de
Umuarama-Pr e
12º Regional de
Sáude do
Paraná
Contato e x
reunião com a
equipe de
organização de
dramatização
Seleção de x
material
audiovisual
Confecção de x x
material e slides
Leitura e x x
resumo de
material
bibliográfico
Revisão de x x x x x
etapas em
elaboração
Elaboração de x x
material
impresso
Convite aos x
profissionais de
saúde da
Atenção Básica
Intervenção x
Elaboração de x
relatório final
22
REFERÊNCIAS
ABDO, Carmelita Helena Najjar. Descobrimento Sexual do Brasil. São Paulo:
Summus, 2004.
LIM, Fidelindo; HSU, Richard. Nursing Students’ Attitudes Toward Lesbian, Gay,
Bisexual, and Transgender Persons: an Integrative Review. Nursing Education
Perspectives, Wanshigton, v. 37, n. 3, p.144-152, mai. 2016. Disponível em:
<https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27405195/>. Acesso em: 30 ago. 2022.