Manual de Gastro
Manual de Gastro
Manual de Gastro
MANUAL DE GASTRO
ÍNDICE
DOENÇAS DO ESÔFAGO
Esôfago: Tubo formado por 2/3 de músculo liso e 1/3 de músculo estriado (parte inicial).
Esclerodermia - ataca os 2/3 inferiores (esôfago torácico): disfagia de condução (paciente fica
“entalado”), reduz pressão do EEI
• EEI:
o Para o endoscopista= Linha z
o Para o patologista= Entre o epitélio pavimentoso e colunar simples (epitélio de
transição)
o Para o Cirurgião: 2 cm acima e 2 cm para baixo do início do estômago
DISTÚRBIOS MOTORES
Peristalse: surge do sistema nervoso autônomo que se localiza em todo o trato gastrointestinal
Os dois exames podem ser normais uma vez que o EED é episódico
• Tratamento:
o Nitratos, antagonista de Ca
o Miotomia longitudinal: último caso
Acalásia:
Pacientes comem devagar, bebem grandes quantidades de água e podem até contorcer o corpo
para ajudar o alimento a “descer”
Acalásia é uma lesão pré-maligna, sendo o carcinoma escamoso o tipo histológico mais comum.
Diante da suspeita de acalásia, deve-se sempre fazer biópsia do esôfago distal e da cárdia (excluir
malignidade).
• Diagnóstico:
o Esofagografia baritada: bário é usado porque adere melhor à parede
▪ Estenose gradual associada a dilatação a montante acima: sinal do bico
de pássaro ou sinal da chama de vela ou sinal da ponta do lápis
Obs.: esse exame sugere, mas não avalia a atividade motora que é o protótipo da acalásia
Acalásia é o contrário da DRGE; quando se trata demais uma, pode gerar a outra. Por isso
algumas literaturas defendem a fundoplicatura como profilaxia.
DISTÚRBIOS INFLAMATÓRIOS
• Tratamento:
o Medidas comportamentais: antirrefluxo
▪ Dieta, perda de peso, aumento da elevação da cabeceira, não comer 2-
3 horas antes de deitar, eliminar alimentos que pessoalmente causem
sintomas
o Tratamento farmacológico:
▪ Inibidor de bomba de prótons (IBP): omeprazol 20 mg; panto 40 mg;
esome 40 mg; lanso 30 mg
▪ Objetivo: reduzir acidez; duração: 8 semanas
Paciente recorrente: melhora com o inibidor, mas retornam os sintomas quando para. Mantem
IBP ad eternum.
DRGE na pediatria: medidas não farmacológicas (aumentar frequência das mamadas, posição
ereta após alimentação, etc). Casos persistentes: bloqueadores do receptor H2 de histamina. IBP
são controversos.
Fundoplicatura de Nissen (360º): faz-se quando > 60% de atividade peristáltica. Evita-se se < 60%
de atividade peristáltica; < 30 mmHg no esôfago distal→ fundoplicatura parcial
DISTÚRBIOS OBSTRUTIVOS
BENIGNOS
• Obstrução extrínseca:
o Etiologia:
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o Diagnóstico:
▪ Esofagografia baritada: tumor benigno de camada muscular, sem
modificações no aspecto da mucosa
▪ Endoscopia: compressão extrínseca (mucosa normal)
MALIGNOS
OUTRAS DESORDENS
• Hérnias de hiato:
o Complicações: encarceramento e estrangulamento→ dor torácica aguda,
disfagia e sensação de massa mediastínica.
o Tratamento:
▪ Mista ou paraesofagiana: indicação cirúrgica mesmo que
assintomáticas (evitar complicações)
▪ Hérnia tipo 1: cirúrgica somente se houver sintomas
Toda úlcera esofágica deve ser biopsiada em 2 locais: bordas (maior positividade para herpes);
centro (CMV)
DOENÇAS DO ESTÔMAGO
• Noções gerais:
➢ Produção ácida:
o Fundo: célula parietal→ bomba de H+
▪ Estímulos:
• Nervo vago: acetilcolina é liberada sob influência pela visão do
alimento, olfato e paladar.
o Secreção ácida noturna
o Atua sobre receptores muscarínicos
• Gastrina: produzidas pelas células G
o Estímulos: aumento do pH, presença de peptídeos e
aminoácidos dietéticos e distensão gástrica
o Inibição: redução do pH
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➢ Proteção:
o Barreira pela mucosa gástrica: mantida pelas prostaglandinas
• Patogênese:
o Relaxamentos transitórios frequentes do EEI*
o EEI com tônus basal baixo
o Desestruturação anatômica (hérnia de hiato)
• Clínica:
o Pirose + regurgitação
o Geralmente não causa disfagia, se houver, pensar em complicação (estenose
péptica, adenocarcinoma)
• Diagnóstico:
o Clínico
▪ Prova terapêutica de supressão ácida: IBP 4-12 semanas
o EDA: > 45 anos ou sinais de alarme
o pHmetria de 24 horas: padrão ouro
▪ Confirmação: > 7% das medidas são < 4
o Impedanciometria esofágica: exame novo com maior especificidade e
sensibilidade. Pode se tornar o padrão ouro
• Fisiopatologia:
o Desbalanço entre os fatores de proteção e agressão (ácido clorídrico)
▪ Fatores facilitadores:
• H. pylori: causa infecção no antro (inibindo células D)→
aumenta gastrina
Urease: enzima presente na bactéria que produz meio alcalino em volta do bacilo. Converte ureia
em bicarbonato e amônia.
• Clínica:
o Dispepsia: queimação, plenitude, saciedade precoce
▪ Gástrica: piora logo com a alimentação
▪ Duodenal: piora 2-3 h após
• Diagnóstico:
o EDA: > 45 anos ou com sinais de alarme (perda ponderal, anemia, sangramento,
vômitos recorrentes, disfagia, massa abdominal, adenopatia, história familiar
de ca gástrico e gastrectomia parcial prévia).
▪ Realiza-se biópsia se houver úlcera gástrica (descartar neoplasia)
▪ Não faz biópsia de úlcera duodenal: raro ter câncer
▪ Classificação Sakita:
• A: ativa
• H: healing (em cicatrização)
• S: scar (cicatrizada)
Controle de cura 8-12 semanas após a primeira EDA (coincide com o término do tratamento)
- Testes invasivos: teste rápido da urease* (suspender ATB, IBP e bismuto 1 semana antes);
Histopatologia; cultura (menos empregado)
- Testes não invasivos: sorologia (baixa sensibilidade e não podem ser usados para controle de
cura, pois permanecem positivos após anos de cura); teste respiratório da ureia (eleição para
controle de cura; realizar 4 semanas após término do tratamento ATB e duas semanas após IBP);
pesquisa do antígeno fecal.
Após tratamento, repete EDA para investigar úlcera gástrica (confirmar que uma neoplasia não
passou despercebida)
90% da população tem H. pylori, só é indicação de erradicação se: úlcera péptica; linfoma MALT
(sem indicação cirúrgica imediata. SÓ ERRADICA HP!!); dispepsia funcional; Ca gástrico.
• CAO (Pyloripac): Claritromicina (500 mg 2x/dia); Amoxicilina (1g 2x/dia); Omeprazol (20
mg 2 x/dia). Por 14 dias.
o Após tratamento do HP: controle de cura (≥ 4 semanas após término e não usar
sorologia)
o Refratariedade: omeprazol + sal de bismuto + amoxicilina + furazolidona
• Metronidazol: cepas brasileiras não respondem
o Cirúrgico: quase não é realizado
▪ Como diminuir a acidez:
• Hipercloridria: vagotomia ou antrectomia
▪ Se úlcera gástrica: gastrectomia (retirar sempre a porção que contém a
úlcera)
• Tipo 1: antrectomia + reconstrução a Billroth 1
• Tipo 2 e 3: vagotomia troncular + antrectomia + reconstrução
(Billroth 2*)
• Tipo 4: gastrectomia subtotal + reconstrução em Y de Roux
▪ Se úlcera duodenal: vagotomia troncular + piloroplastia
Vagotomia troncular: secção total no nervo vago, incluindo ramos celíaco e hepático. Perda do
relaxamento receptivo (esvaziamento rápido de líquidos); contrações antrais retardam a
trituração de alimentos (retardo de esvaziamento de sólidos). Retenção gástrica corrigida por
piloroplastia ou antrectomia.
Úlcera péptica perfurada (peritonite): ulcerorrafia com “patch” de Graham + manutenção dos
IBP. Antrectomia + vagotomia não é recomendada pelo risco de deiscência.
▪ Reconstrução do trânsito:
• Billroth I (gastroduodenostomia)
• Billroth II (gastrojenunostomia + alça aferente): duodeno não
consegue chegar, então liga o jejuno
▪ Indicações:
• Refratariedade/recidiva: Não cicatrização em cerca de 8-12
semanas de tratamento ou sua recidiva após o término.
o Confirmar antes: erradicação do H. pylori; uso de
AINE’s; biópsias repetidas de úlceras gástricas,
dosagem de gastrina de jejum (excluir gastrinoma)
• Complicação aguda: perfuração, obstrução, hemorragia
refratária
• Complicações:
o Síndrome de Dumping: alimento direto ao duodeno (não tem mais piloro):
derramamento
▪ Classificação
• Precoce (15-20 min): problema mecânico
o Distensão intestinal
▪ Gastrointestinal: dor, náusea, diarreia...
▪ Vasomotores: taquicardia, palpitação, rubor
• Tardio (2-3 horas): hiperinsulinemia→ hipoglicemia
▪ Tratamento: dietético (evita-se alimentos ricos em carboidratos,
proteínas. Pequenas refeições com grandes frequências)
• Octreotide (via SC)
• Acarbose: dumping tardio refratário
o Gastrite por refluxo biliar (alcalina): mais comum em BII
▪ Clínica:
• Dor contínua, sem melhora com vômito (bilioso)
▪ Tratamento:
• Transformar BII em Y de Roux
• Colestiramina: ajuda, mas não resolve. É um quelante da bile.
Mas o problema da gastrite por refluxo é causada por todo
• Técnicas:
o Úlcera duodenal: duodenostomia ou
piloroduodenotomia + sutura do leito ulceroso
▪ Instáveis: piloroplastia + vagotomia troncular
o Úlcera gástrica: ressecção em cunha
o Perfuração:
▪ Duodenal: rafia e proteção com o omento (tampão de Graham) +/-
instalação de dreno
▪ Úlcera gástrica
• 1: gastrectomia distal + BI
• 2 e 3: rafia simples. Pode incluir terapia definitiva de supressão
ácida. Erradicação obrigatória HP.
• Etiologia:
o H. pylori
o Autoimune (anemia perniciosa): anticorpos anticelula parietal* e antifator
intrínseco (mais específico). Fator de risco para o adenocarcinoma gástrico
• Formas raras:
o Gastrite flegmonosa: processo infeccioso purulento, relacionado aos
estafilococos e estreptococos.
▪ Epidemiologia: etilistas desnutridos e/ou infecções graves
disseminadas
▪ Clínica: dor abdominal aguda na região superior + febre + sinais de
peritonite (com líquido ascítico purulento e amilase normal)
• Curso fulminante, pouco responsivo ao tratamento clínico→
cirurgia como único recurso
▪ Diagnóstico e tratamento: laparotomia
o Doença de Menetrier: etiologia desconhecida
▪ Fisiopatologia: aumento das pregas da mucosa gástrica (semelhante às
circunvoluções cerebrais)→ proliferação das células produtoras de
muco e perda das células principais e parietais→ suco gástrico rico em
muco e com hipocloridria
▪ Epidemiologia: homens, 50 anos
▪ Clínica: dor epigástrica*, sangramentos (erosões superficiais), perda de
peso, diarreia e anemia ferropriva crônica.
▪ Diagnóstico: endoscopia + biópsia
▪ Tratamento: não há específico→ erradicação HP, gastrectomia
o Gastrite granulomatosa: formação granulomatosa de origem idiopática ou
associada a doenças generalizadas.
o Gastrite eosinofílica: idiopática. Eosinófilos invadem mucosa e camada
muscular.
▪ Clínica: motilidade antral prejudicada→ retenção gástrica
• Náuseas, vômitos e dor abdominal
▪ Tratamento: corticoterapia, eventual piloroplastia
o Gastrite linfocítica: idiopática, pode haver associação com doença celíaca
▪ EDA: mucosa espessada com pequenos nódulos com depressão central
▪ Assintomáticos
o “Estomago em melancia” ou ectasia vascular antral: dobras eritematosas e
ricos angiomatosos lineares convergindo para o piloro.
▪ Epidemiologia: mulher > 70 anos com anemia ferropriva e sangramento
crônico; cirróticos.
OUTRAS DESORDENS
• Etiologia:
o AINE
o Lesão aguda de mucosa gástrica: curso de uma doença grave, mecanismo de
injúria não é totalmente conhecido (participação de isquemia da mucosa)
▪ Fatores de risco: coagulopatia, ventilação mecânica > 48 h, TCE,
grandes queimados, sepse
• Todos devem receber profilaxia: IBP via oral/ enteral ou venosa
▪ Fator de proteção: nutrição enteral
▪ Manejo:
• Sangramento ativo: IBP contínuo + sucralfato suspensão
(oral/enteral)
o EDA após estabilização do quadro (primeiras 24 horas)
o Gastropatia alcoólica: mecanismo não elucidado
▪ EDA: hemorragias subepiteliais puntiformes, com aspecto endoscópico
de “sangue sob envoltório plástico” com edema de mucosa
▪ Tratamento: IBP + sucralfato
• Tratamento:
o Tranquilizar o paciente de sua benignidade: psicoterapia
o Alterações na dieta
o Erradicação do HP
o IBP ou bloqueador H2 + domperidona (procinético)
25% dos casos de SZE fazem parte da Neoplasia Endócrina Múltipla tipo 1 (NEM-1): distúrbios
da paratireoide e hipófise associadas. Hiperparatireoidismo (hipercalcemia); adenoma
hipofisário (não funcionante ou prolactinoma); tumor endócrino pancreático (gastrinoma*)
• Diagnóstico:
o Clínico: sintomas incomuns de úlcera péptica
o Laboratorial:
▪ Dosagem sérica de gastrina (comprovar que a hipergastrinemia é por
causa primária)
Tumor ainda não localizado pelos métodos acima: injeção intra-arterial seletiva de secretina,
com coleta de sangue na região irrigada por este vaso (gastrina aumentada na região do
tumor).
• Tratamento:
o Procura e extração cirúrgica do gastrinoma
▪ Cuidadoso inventário da cavidade abdominal à procura de lesões
secundárias
• Duodenotomia em todos os pacientes: parece aumentar as
taxas de detecção das lesões
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CÂNCER GÁSTRICO
• Subtipos:
o Adenocarcinoma (95%)
▪ Fatores de risco:
• Anemia perniciosa: produz anticorpo que ataca a célula parietal
(hipocloridria→ favorece metaplasia intestinal)
• Gastrite crônica atrófica
• História familiar
• Tabagismo
• Pólipo adenomatoso
▪ Classificação histológica de Lauren:
• Intestinal: diferenciado (estrutura glandular); disseminação
Hematogênica; homens/ idosos.
• Difuso: indiferenciado (células em anel de sinete);
disseminação linfática; jovens.
▪ Classificação macroscópica: Borrmann
• I: polipoide
• II: ulcerado bordos nítidos
• III: ulcerado bordos não nítidos
• IV: infiltrante (linite plástica: infiltra
todo órgão)
• V: nenhum dos demais
▪ Clinica:
• Assintomático: não comum
• Dispepsia: emagrecimento, anemia, odino/disfagia
• Síndromes paraneoplásicas: nefrótica, acantose nigricans,
leser-trelat
o Não relacionada ao tamanho do tumor, mas a alguma
substância produzida por ele
• Doença avançada
o Nódulo Supraclavicular E (Virchow)
o Nódulo axilar E (Irish)
o Nódulo umbilical (Sister Mary Joseph)
o Ovários (Krukenberg)
o Plateleira retal (Blumer)
▪ Diagnóstico:
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▪ Tratamento:
• Tratamento: igual
o Pode-se tentar terapia endoscópica na presença dos requisitos abaixo:
▪ Lesão limitada à mucosa
▪ Não ulcerado
▪ SEM linfonodo/ sem invasão linfovascular
▪ < 2 cm
R0: margens livres; R1: margem macroscópica; R2: margens micro e macro comprometidas, não
se consegue nem fazer a retirada da lesão.
Linfadenectomia a D2: retirada dos linfonodos locais + linfonodos ao redor da vascularização (a.
hepática, gástrica E, celíaca, esplênica)
o Linfoma
o Tumor estromal (GIST)
DIARREIA
Aumento do conteúdo líquido das vezes que normalmente leva ao aumento do número de
evacuações (> 3 vezes/dia; > 250 g/dia)
ALTA: delgado
BAIXA: cólon
• Volume menor
• 8-10 evacuações/24 h
• Tenesmo/ urgência fecal: patognomônico de lesão do reto
• Invasiva
• Muco/ pus/ sangue (disenteria): diarreia inflamatória (invasiva)→ febre e elementos
anormais nas fezes positivos
• Crônica: > 4 semanas
o Investigação com exames complementares sempre indicada: hemograma, EPF
(3 amostras com pesquisa de ameba e Giardia), EAF e gordura fecal
SÍNDROMES DISABSORTIVAS
Definição: conjunto de sinais e sintomas devido a não digestão para absorver ou a não absorção
para digerir.
- na presença de gordura, a vesícula contrai liberando os sais biliares. No íleo distal ocorre
reabsorção de 95% (recirculação entero-hepática de sais biliares).
- quando se tem esteatorreia, ocorre perda de cálcio associada → oxalato absorvido em excesso
compensatória→ cálculo renal
Amilase: quebra o carboidrato até dissacarídeo (que vai ser quebrado novamente por alguma
dissacaridase específica). Quando há excesso de açúcar, ocorre fermentação pelas
microbiotas→ produção de hidrogênio. Teste da exalação do hidrogênio diagnostica.
• Abordagem diagnóstica:
o Existe mesmo disabsorção:
▪ Teste quantitativo de gordura fecal (> 7 g/dia): padrão ouro
▪ Teste qualitativo: exame microscópico corado pelo SUDAN III – informa
apenas se existe um excesso grosseiro de gordura nas fezes
• Exame inicial de Screening diante da suspeita
• Duas lâminas de fezes: uma com adição de álcool etílico
(detectar triglicérides) e outra com ácido acético (detectar
ácidos graxos livres) antes de usar corante
▪ Teste semiquantitativo: esteatócrito
o Se confirmada, qual a causa (individualizar)?
▪ D-xilose urinária
• > 5 g após ingestão de 25 g: absorveu→ mucosa normal→
doença pancreática (lembrar que se trata de um paciente
doente, logo após excluir doença da mucosa, sugere-se doença
pancreática como causadora)
o Teste da secretina: cateter posicionado no duodeno
(próximo à saída do canal pancreático) para coleta de
secreções pancreáticas após estimulação por meio da
injeção de secretina (estimula bicarbonato) e/ou
colecistoquinina (estimula liberação de tripsina,
amilase e lipase)
o Origem pancreática: lipase < 10% do normal
▪ Causas:
• Adultos: pancreatite crônica alcoólica
• Epidemiologia:
o Homens aprox. 50 anos
o 1/3 casos: zona rural (agente do solo)
o 2/3 dos casos: história de exposição ao solo ou animais
• Fisiopatologia: presença de macrófago no intestino delgado devido a presença do
agente Tropheryma whipplei – proliferação bastante lenta
• Quadro clínico:
o Esteatorreia, emagrecimento, dor abdominal
o Artralgia/artrite
o Alteração neurológica: mioarritmia oculomastigatória (patognomônico)
• Diagnóstico: biópsia (macrófagos PAS +) – lesões difusas e específicas (sempre
aparecem na biópsia)
o Coleta de líquor para realização de PCR: investigar acometimento do SNC (40%)
• Tratamento: quando não tratada, é fatal. Mas tem resposta dramática ao tratamento.
o Ceftriaxone 1g IV de 12/12 h, por 2 semanas: fase de ataque
o SMZ/TMP 800/160 mg VO 12/12 h (Bactrim): 1 ano (erradicação total do m/o)
▪ Seguido de acompanhamento com repetição semestral da biópsia de
delgado e da pesquisa de bactéria no líquor por no mínimo 1 ano
• Fisiopatologia: linfócito
Aveia não contem gliadina, o problema está na sua contaminação pelos outros grãos durante a
coleta.
“Jura que é celíaca, mas antitransglutaminase IgA veio negativa, dosa o IgA. Se ele vier abaixo,
já diagnostica a deficiência de IgA associada”
Quem tem autoanticorpo positivo + dermatite herpetiforme= não precisa de biópsia para o
diagnóstico
• Diagnóstico:
o Suspeição clínica→ autoanticorpo positivo (antitransglutaminase IgA*)
o Biópsia duodenal: positiva (atrofia de vilosidades e hiperplasia de criptas
revelada pela cromoendoscopia)
Espera-se que após 3-12 meses de dieta sem glúten os autoanticorpos se tornem indetectáveis.
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Idiopáticas/sistêmicas
• Epidemiologia
o Incidência bimodal: adultos jovens – idosos
o História família positiva
o Judeus
o Crohn: mutação gene NOD 2 /CARD 15, mulheres
o RCU: homens
o Cigarro:
▪ Favorece DC e protege contra RCU
• Anatomopatologia:
o Retocolite ulcerativa:
▪ Limitada ao retocólon
▪ Limitado à mucosa
▪ Progressão ascendente e contínua
• Retossigmoide (50%)
• Colite esquerda (30%)
• Pancolite (20%)
• Geralmente poupa o ânus: “rolha no ânus”
* Não estão associadas à atividade da doença (pode aparecer durante remissão da doença). Mas
na prática a atividade inflamatória ainda estaria elevada.
• Diagnóstico:
o Endoscopia + biópsia
o RCU: retossigmoidoscopia
o DC: trânsito de delgado + ileocolonoscopia
o Autoanticorpos: podem positivar nos 2
▪ ASCA: DC (60%).
▪ p-ANCA: Retocolite (70%); NC→ não Crohn
Cirúrgico:
• Intratabilidade clínica
• Displasia de alto grau/câncer
• Hemorragia grave (RCU)
• Megacólon tóxico refratário (RCU)
• Fístulas intratáveis (DC)
• Obstrução intestinal: indicação mais comum da DC
RCU:
DC:
Síndrome do intestino curto: ocorre quando se tem ressecções acima de 40-50% do delgado.
Ocorre comprometimento do equilíbrio nutricional, necessitando de tratamento de suporte.
COLITE PSEUDOMEMBRANOSA
• Fisiopatologia:
o Antibioticoterapia (ampicilina, cefalosporinas, clindamicina,
fluoroquinolonas)*→ alteração da microflora colônica (destruição de
bacteroides)→ exposição a esporos do C. difficile e colonização→ toxina A
(Enterotoxina) e toxina B (citotoxina)→ lesão inflamatória da mucosa
• Fatores de risco:
o ≥ 65 anos
o Comorbidades graves
o Uso de múltiplos antibióticos ou de uso prolongado
o Cirurgia GI prévia
o Alimentação por sonda enteral
o Uso de IBP ou QT
o Crianças e adultos com baixos títulos de anticorpos antitoxina A
• Manifestações clínicas:
o Desconfiar em todos pacientes que desenvolverem sintomas até 6 semanas
após início de antibioticoterapia
▪ Varia de desde diarreia não invasiva* (diarreia aquosa profusa + dor
abdominal) a colite fulminante (febre, leucocitose, dor abdominal e
diarreia invasiva) – pode se apresentar com desidratação importante,
taquicardia, megacólon tóxico e perfuração
o 7 formas clínicas possíveis
▪ Assintomáticos (2/3): possuem níveis protetores de IgG contra a toxina
A
▪ Diarreia sem colite: diarreia leve às vezes com cólicas discretas. Toxinas
encontradas nas fezes, mas a retossigmoidoscopia é normal. Pode
haver febre e leucocitose leve. Interrupção do ATB muitas vezes já é o
suficiente.
• Diagnóstico diferencial: diarreia osmótica (não apresenta
leucócitos nas fezes, jejum oral traz melhora clínica)
▪ Colite com ou sem pseudomembrana: manifestações sistêmicas graves
(astenia, cólicas aliviadas pelas evacuações, hiporexia, diarreia aquosa
profusa, desidratação, febre baixa e leucocitose)
• Retossigmoidoscopia:
o Com pseudomembrana: pseudomembrana formada
por placas esbranquiçadas ou amareladas
o Sem: eritema difuso ou em placas sem
pseudomembrana
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• Epidemiologia:
o Patologia mais comum da Gastroenterologia
o 3M: 1 H
o Mais comum em jovens
o Relacionada a uma prevalência aumentada de comorbidades psiquiátricas
(depressão, síndrome do pânico)
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• Fisiopatologia: desconhecida
o Alteração de 3 mecanismos fisiológicos: alteração da motilidade,
hipersensibilidade visceral, processamento sensorial alterado no SNC
o Associação com gastroenterite bacteriana (casos de internação*)
• Manifestações clínicas: cólica abdominal aliviada pelas evacuações
o Dor ou desconforto abdominal recorrente
o Alteração do hábito intestinal: diarreia e/ou constipação
o Outros sintomas gastrointestinais: distensão abdominal, flatulência, RGE,
disfagia, náuseas, vômitos, saciedade precoce e dor torácica não cardíaca
o Sintomas Extraintestinais: disfunção sexual, dispaurenia, dismenorreia,
lombalgia, cefaleia crônica, disfunção psicossocial.
• Diagnóstico:
o Síndrome clínica típica
▪ Critérios de Roma IV (2016)
• Dor abdominal recorrente (pelo menos 1 x por semana) durante
3 meses, associada a 1 ou mais dos seguintes:
o Relação com evacuação
o Mudança na frequência das evacuações
o Mudança na forma das fezes (aparência geral)
o Exclusão de outras causas: exames complementares de acordo com cada caso
▪ Sinais de alerta sugestivos de outras causas:
• Hematoquezia: história familiar de câncer, doença inflamatória
intestinal ou doença celíaca
• Perda ponderal: febre recorrente
• Anemia: diarreia crônica intensa
Na ausência de sinais de alerta + critérios de Roma IV: alguns autores sugerem que exames
podem ser dispensados.
• Tratamento:
o Suporte psicossocial: assegurar benignidade; medidas comportamentais
o Mudanças dietéticas: evitar cafeína, alimentos gordurosos e ricos em
carboidratos pouco absorvíveis.
o Tratamento farmacológico: casos graves e refratários. Deve-se pautar no
sintoma predominante. Medida adjuvante e não curativa.
▪ Antiespasmódico: escopolamina
▪ Antidiarreico: loperamida (imosec) ou difenoxilato (lomotil). Apenas de
forma profilática.
▪ Anticonstipantes: laxantes osmóticos: lactulose e sorbitol – efeitos
colaterais de flatulência e distensão abdominal. Polietilenoglicol 3350
não apresenta este inconveniente.
▪ Antagonista do receptor 5-HT3 de serotonina: ondansetron (reduz a
hipersensibilidade e motilidade do tubo digestivo)
▪ Psicotrópicos: queixas de dor abdominal predominante.
o Psicoterapia
TUMOR CARCINOIDE
• Epidemiologia:
o Raros: 4-6 casos por 100.000 pessoas/ano
o Fator de risco: história familiar positiva em parente de primeiro grau. Sem
etiologia conhecida.
o Localização mais comum:
▪ 2/3 no tubo digestivo
▪ 1/3 na árvore broncopulmonar
▪ Sabiston (literatura cirúrgica): apêndice é o lugar mais comum; outras
fontes de literatura clínica citam o íleo terminal.
• Classificação WHO:
o 1: bem diferenciado, baixo índice proliferativo (< 2%), < 2 cm, confinado à
mucosa e submucosa
o 2: bem diferenciado, alto índice proliferativo (> 2%), localmente invasivo
o 3: pouco diferenciado, índice proliferativo extremamente alto (>15%), grande
tamanho e metástase ao diagnóstico.
• Manifestações clínicas
o Tumores geralmente assintomáticos
o Manifestações locorregionais a depender do tamanho e localização
o Neoplasia sincrônica (5-10%): câncer de cólon* → Screening a depender da
faixa etária e fatores de risco
o Síndrome carcinoide (<10%): manifestação mais clássica
▪ Carcinoides de intestino delgado com metástases hepáticas*
▪ Fisiopatologia:
• Serotonina e demais substâncias sofrem efeito de primeira
passagem ao passar pelo fígado, sendo degradadas. Na
presença de metástases hepáticas, essas substancias podem
atingir a circulação sistêmica.
• Tumores cuja drenagem não é feita pela circulação porta
hepática: tumores extra abdominais
▪ Manifestações:
• Flashing cutâneo (80%): eritematoso* (sensação de calor
associada), violáceo, persistente, vermelho brilhante. Pode ser
espontâneo ou provocado (estresse físico e mental, álcool,
condimentos picantes e uso de certas drogas – pentagastrina*).
Tratamento: octreotide
• Diarreia (30-80%): explosiva + cólica abdominal. Causada pela
serotonina
• Lesão cardíaca (10-70%): endomiocardiofibrose (lado direito*)
• Asma (< 25%)
• Diagnóstico:
o Síndrome carcinoide: dosagem de CgA no sangue e ácido 5-hidroxi-indolacético
(5-HIAA) na urina de 24 horas (> 6 mg/dia)
▪ CgA: encontrada no interior das vesículas secretórias de todas as células
neuroendócrinas (marcador genérico dos tumores neuroendócrinos)
▪ 5-HIAA: produto da metabolização da serotonina pelo fígado e
circulação pulmonar
o Localização dos tumores:
▪ Cintilografia para receptores de somatostatina (células
neuroendócrinas expressam receptores de somatostatina em sua
superfície)
▪ PET scan utilizando 5-HTP marcado com carbono 11: método de
imagem mais sensível
o Delineamento da anatomia das lesões: exames de imagem convencionais
o Biópsia confirmatória
▪ Análise histopatológica do tumor: imuno-histoquímica para
cromogranina A (CgA), enolase neurônio-específica (NSE), sinaptofisina
e serotonina.
• Tratamento:
o Controle do tumor: tentar ressecar o máximo de doença possível, fazendo
debulking ou citorredução do tumor.
▪ Assintomáticos e descobertos ao acaso: ressecção
▪ Gástricos invasivos: gastrectomia + linfadenectomia
▪ Retais > 2 cm: ressecção do reto
▪ Carcinoides de apêndice:
• Ponta: apendicectomia
• Base, >2 cm, invade o meso do apêndice: hemicolectomia
direita
o Controle da síndrome carcinoide: multimodal, envolvendo debulking
▪ Fases iniciais: mudança do estilo de vida (evitar fatores
desencadeantes)
• Abordagem de sintomas individualmente
▪ Suplementação de niacina: TODOS os casos. Utilizam 60% do triptofano
para produção de serotonina→ deficiência de niacina ou vitamina B3
(tem o triptofano como precursor)
• Hipovitaminose B3: manifesta-se como pelagra (DDD:
dermatite, diarreia, demência)
▪ Análogos da somatostatina (octreotide): inibe atividade das células
neuroendócrinas (diminui a síntese hormonal e exerce efeitos
• Epidemiologia:
o Homens 20-30 anos de idade
• Anatomia:
o Apêndice no quadrante inferior direito, no encontro do 1/3 lateral com os 2/3
mediais da linha imaginária que vai da crista ilíaca ao umbigo (ponto de Mc
Burney)
• Fisiopatologia:
o Obstrução: fecalito*, hiperplasia linfoide (origem infecciosa), neoplasias,
áscaris... 12 horas
o Distensão e proliferação bacteriana: B. fragiles; E. coli (inflamação) 48 horas
o Diminuição do suprimento arterial (necrose da parede do apêndice)
o Perfuração
▪ Abscesso
▪ Peritonite difusa
Dor na FID devido ao envolvimento do peritônio parietal, causando dor à descompressão brusca
(Sinal de Blumberg) - somente no ponto de Mc Burney
• Clínica:
o Dor abdominal inespecífica inicial (mesogastro→ FID após 12 horas)
o Anorexia: náuseas, vômitos, febre baixa
o Complicação
▪ Plastrão: massa palpável, formação de abscesso periapendicular
▪ Peritonite difusa (abdome em tábua): febre elevada, sepse
o Sinais clássicos:
▪ Sinal de Blumberg: descompressão dolorosa (irritação peritoneal)
▪ Sinal de Rovsing: dor na FID após compressão da FIE
▪ Sinal de Dunphy: dor na FID que piora com a tosse
▪ Sinal do obturador: dor hipogástrica com a rotação interna da coxa
direita flexionada
▪ Sinal do psoas: dor à extensão da coxa direita com o paciente em
decúbito esquerdo
▪ Sinal de Lenander: temperatura retal > T axilar em pelo menos 1ºC
• Situações especiais:
o Crianças: febre alta, letargia, vômitos intensos e episódios diarreicos mais
frequentes, progressão inflamatória mais rápida (maior taxa de perfuração:
omento maior é imaturo, incapaz de conter a perfuração). Maior
morbimortalidade.
o Idoso: doença é mais grave. Temperatura menos elevada e dor abdominal mais
insidiosa→ diagnóstico mais tardio→ perfuração→ mortalidade (maior do que
na criança)
o Gestante: urgência cirúrgica extrauterina mais comum (dois primeiros
trimestres*). Diagnóstico tardio: sintomas se confundem com os fisiológicos da
gestação.
▪ Apendicectomia: laparoscópica (mais bem indicada no 2º trimestre),
demais períodos, abordagem aberta
o Pacientes com AIDS: a depender da imunossupressão outras causas podem
predispor→ obstrução por LNH e sarcoma de Kaposi; infecção direta do órgão
por CMV ou Cryptosporidium. Devido às queixas abdominais crônicas da doença
propriamente dita, diagnóstico pode ser tardio também.
• Diagnóstico: Clínico
o Dúvida: USG (crianças e gestantes) ou TC (padrão ouro)
▪ USG: apêndice não compressível pelo transdutor, ≥ 7 mm de diâmetro,
presença de apendicolito, interrupção da ecogenicidade da submucosa
e massa ou líquido periapendicular.
▪ TC: inflamação periapendicular (abscesso, coleção líquida, edema,
fleimão, borramento da gordura mesentérica); espessamento do
apêndice
• Tratamento:
Tumor carcinoide: células enterocromafins. Raro, por volta dos 40 anos. Adenocarcinoma
mucinoso*→ tratamento: < 1cm = apendicectomia; > 1 cm: hemicolectomia direita associada.
Pode haver mucocele: distensão apendicular por acúmulo de material mucinoso devido a
obstrução do orifício apendicular (< 2cm – cistos de retenção). Quando maiores, podem indicar
presença de adenocarcinoma mucinoso subjacente.
• Fisiopatologia:
o Menos fibras: aumenta a pressão intraluminal→ pulsão em zona frágil
(penetração das artérias)
o Ocorre invaginação das camadas do intestino umas pelas outras
o Divertículo verdadeiro ou de Meckel: possui todas as camadas da parede
intestinal
▪ Mais frequente anomalia do aparelho digestivo
▪ Íleo*
▪ Anemia ferropriva + HDB (pode ser copiosa) até os 10-30 anos de idade
▪ Diverticulite (10-20%)→ peritonite ou obstrução intestinal (intuscepção
ou volvo ileal em volta do divertículo)
▪ Diagnóstico: cintilografia
▪ Tratamento: para casos sintomáticos ou achado ocasionalmente
• Ressecção do divertículo + segmento ileal adjacente
• Características:
o Mais comum no sigmoide*, podem ser encontrados em qualquer região do
cólon
o Acomete idosos
• Clínica: maioria assintomática
o Pode haver desconforto abdominal em baixo ventre, associado a alterações no
hábito intestinal
o Sintomas gastrointestinais podem revelar a coexistência de SII
• Diagnóstico: geralmente acidental
o Colonoscopia
o Clister opaco
• Tratamento:
o Aumentar a ingesta de fibras, cereais, frutas e vegetais, água
o Antiespasmódicos/ analgésicos: não usar opiáceos pois aumentam a pressão
colônica
• Complicações:
o Diverticulite*: mais comum
▪ Cólon esquerdo (sigmoide)
▪ Causa: obstrução (fecalito)
• Gera acúmulo de secreção e proliferação bacteriana→
microperfuração (abscesso pericólico) e formação de fistulas
(colovesical*)
▪ Clínica: “apendicite à esquerda no idoso”
• Dor localizada na FIE (insidiosa)
• Diarreia/constipação
• Febre
▪ Diagnóstico:
• Clínico
o DD: carcinoma de cólon, doença inflamatória intestinal
e diverticulite
• Dúvida (quadro mais pronunciado de diverticulite)→ TC revela
sigmoide com paredes espessadas, presença de abscesso
peridiverticulares, fístulas e coleções líquidas intra-abdominais
• EVITAR COLONO E CLISTER PARA DIAGNÓSTICO: pode gerar
lesões iatrogênicas
o Não esquecer: colono após 4-6 semanas após
resolução do quadro inflamatório (para excluir câncer
de retossigmoide): “resfria a doença primeiro”
▪ Complicações:
• Abscesso*: mais comum.
• Peritonite: mais grave.
• Fístula: mais comum é a colovesical (infecção urinária +
pneumatúria). Intervenção cirúrgica necessária, mas não
emergencial! (controle infeccioso primeiro)
• Obstrução (delgado*): aderências ao abscesso
o Drenagem nasogástrica descompressiva + ATB
o Cirurgia se obstruções totais refratárias
Classificação (Hinchey)
▪ Tratamento:
• Sem complicação: melhora em 48-72 horas, alta + completa
ATB oral em casa
o Suporte (dieta líquida sem resíduos) + ATB (7-10 dias):
Clavulin, cipro + MTZ
Se febre, leucocitose com desvio ou peritonite: internação + jejum + hidratação venosa + ATB
parenteral. Opiáceos aumento a pressão intracolônica → CI
Outras causas de HDB: angiodisplasia colônica (ceco*, > 65 anos); câncer colorretal;
hemorroidas; pólipos; divertículo de Meckel (mais comum em < 30 anos; seguido de pólipos
juvenis)
HEMORRAGIA DIGESTIVA
HD ALTA HD BAIXA
Ângulo de Treitz Acima Abaixo
(duodenojejunal)
Clínica Hematêmese, melena Hematoquezia, enterorragia
Frequência 85-90% 10-15%
Causas Úlceras, varizes > 50 anos: divertículo,
angiodisplasia, CA
Jovens: DII, Meckel
Sangramento refratário após reposição volêmica: candidatos a cirurgia sem tempo hábil
(localizar sítio sangrante)→ colectomia segmentar + anastomose primária.
Obs.: não adianta localizar a presença de divertículos, pólipos, etc sem provar que uma dessas
lesões está sangrando (pode haver coexistência delas com o sítio)
Preparo adequado do cólon ou sem preparo (sangramento interrompido nas últimas horas ou
de menor monta)
Após estabilização do quadro, deve ser realizado dentro de 4-12 horas do episódio hemorrágico.
Hemorragia de delgado: angiodisplasia (50-75% dos casos). Conduta diagnóstica começa pela
enteroscopia (gastroduodenal), Enteróclise (exame baritado, por injeção de cateter
nasoduodenal) e cintilografia do divertículo de Meckel. Cápsula endoscópica pode auxiliar no
sangramento obscuro (contém câmara em miniatura e é recuperada pelas fezes)
PÓLIPOS ADENOMATOSOS
Adenoma já um fator de risco para câncer (determinado pelo tamanho, tipo histológico e grau
de displasia), mas existem outros fatores que aumentam essa chance.
• Tipos
o Não-neoplásicos: hiperplásicos (diminutos, sésseis), hamartomatosos (juvenis
e Peutz-Jeghers), inflamatórios
▪ Hamartosos juvenis: pedunculados e grandes, crianças < 5 anos até 20
anos. Esporádicos e únicos ou associados à síndrome hereditária da
polipose juvenil. Tendência ao sangramento, intuscepção e prolapso do
pólipo pelo reto. Peutz Jeghers possui as mesmas características
macroscópicas.
o Neoplásicos (possuem transformação epitelial): adenoma (benigno),
adenocarcinoma (maligno)
Melanosis coli: presença de melanina no cólon→ pigmentação de onça pintada. Causa: uso
abusivo de laxativos.
• Manifestações clínicas:
o Maioria assintomático
o Hematoquezia é a queixa mais comum
• Diagnóstico:
o Exames radiológicos (clister opaco) e endoscópico (sigmoidoscopia flexível,
colonoscopia)
Pólipos adenomatosos podem ser múltiplos (sincrônicos) e podem coexistir com câncer →
COLONOSCOPIA OBRIGATÓRIA em TODOS os casos (mesmo se a lesão tiver sido diagnosticada
por sigmoidoscopia flexível)
Pólipo hiperplásico: segundo colorretal mais comum, não sofre alterações malignas.
COLONOSCOPIA NÃO É MANDATÓRIA!
ADENOMATOSO→ investigação exaustiva para malignidade (in situ não oferece risco de
recidiva; pólipo maligno: invasivo, penetra submucosa)
• Indicação:
o Parente de primeiro grau de pacientes com adenoma colorretal se:
▪ Adenoma colorretal avançado (> 1 cm, viloso) e foi diagnosticado antes
dos 60 anos)
▪ Irmão ou irmã quando um de seus pais teve câncer colorretal em
qualquer idade
Múltiplos pólipos > 1 cm, displasia de alto grau, histologia vilosa: cirurgia imediata
Demais casos, evita-se realização na infância, realizar por volta dos 20 anos.
Variantes:
• Polipose Juvenil familiar (PJF): pólipos Hamartosos, pedunculados, 1-3 cm, propensos
ao sangramento.
o Manifesta-se na infância ou adolescência
o Hematoquezia e anemia ferropriva
o Alguns adquirem focos adenomatosos→ adenocarcinoma colorretal
• Fatores de risco:
o Síndrome de polipose familiar
o Síndrome de Lynch: síndrome de câncer colorretal hereditário não polipose
(CCHNP)
▪ Câncer colorretal precoce: 35-45 anos (risco maior a partir dos 21
anos)
▪ Cólon direito ou ceco
▪ Lynch I: predisposição apena de câncer colorretal
▪ Lynch II: câncer colorretal e tumores ginecológicos (endométrio* e
ovário). Outros carcinomas podem ocorrer (gástrico, delgado,
hepatobiliar, próstata, pelve renal e ureter)
• Manchas café com leite são comuns
• Variantes Muir-Torres: múltiplos cistos sebáceos ou tumores
sebáceos malignos.
▪ CD:
• Colonoscopia bianual a partir dos 21-25 anos e anual após 40
anos
• EDA: a cada 2-3 anos, a partir de 3035 anos (rastreio câncer
gástrico)
• Exame pélvico: 1-3 anos, a partir dos 18 anos
• US transvaginal e biópsia de endométrio anuais: a partir dos
25 anos
o Esporádica (75%): origina-se de um pólipo adenomatoso esporádico
▪ História de câncer colorretal esporádica: risco 1,7 vezes maior
o Dieta rica em calorias e gorduras, carboidratos refinados, carne vermelha
o Obesidade→ hiperinsulinemia→ aumento de IGF-I→ crescimento de células
da mucosa colônica
o Diabetes mellitus tipo 2 e acromegalia
o Tabagismo
o Doença inflamatória intestinal
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Direitos Autorais Reservados Lei 9.610/98
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• Fatores protetores:
o Ingesta de grande quantidade de frutas e vegetais (parece reduzir)
o Fibras: acelera o transito intestinal, reduzem o contato do epitélio com os
carcinogênios
o Exercícios físicos regulares e controle da obesidade
• Tipos:
o Esporádico (mais comum): sem ligação hereditária
▪ Idade/ história familiar/ DII/ dieta/ hábitos de vida
o Hereditário associado a pólipos: PAF
o Hereditário não-polipose: Síndrome de Lynch
• Prevenção e rastreamento (esporádico): a partir dos 50 anos até os 75 anos
o Colonoscopia* a cada 10 anos; ou
o Colonoscopia virtual (TC helicoidal tridimensional) a cada 5 anos; ou
o Retossigmoidoscopia a cada 5 anos
Se houver história familiar de câncer esporádico: paciente < 60 anos ou 2 parentes de primeiro
grau acometidos→ COLONO a partir dos 40 anos ou 10 anos a menos do que o diagnóstico do
câncer em parente mais jovem. Repetir COLONO a cada 5 anos!! Se parente > 60 anos, rastreio
igual à população em geral.
Métodos que avaliam sangue nas fezes: pesquisa de sangue oculto (3 amostras anualmente) ou
teste de DNA de uma amostra de fezes (a cada 5 anos – período ainda não estabelecido). SE
POSITIVOS = COLONOSCOPIA
• Patogenia:
o Mucosa do cólon não possui vasos linfáticos→ tumor só é considerado
invasivo quando alcança a submucosa (ultrapassa a muscular da mucosa)
o Disseminação:
▪ Locorregional
▪ Vasos linfáticos para linfonodos regionais
▪ Através da veia porta do fígado
▪ Para toda cavidade peritoneal, pulmões e ossos
• Clínica:
o Assintomático nas fases precoces
o Cólon direito (mais comum): anemia ferropriva, massa palpável
o Cólon esquerdo: alteração do hábito intestinal
o Reto: hematoquezia (mais comum), tenesmo
o Complicações das metástases:
▪ Hepatomegalia dolorosa
▪ Ascite carcinomatosa
▪ Sangramentos vaginais
▪ Comprometimento pulmonar e ósseo
• Diagnóstico
o Desconfiar em todos pacientes (idosos*): sangramento retal + dor abdominal +
modificações dos hábitos intestinais + emagrecimento + ANEMIA FERROPRIVA
o Toque retal
o Colonoscopia (tumor sincrônico) + biópsia: padrão ouro
o CEA= acompanhamento, valor prognóstico (> 10 ng/ml: doença avançada)
Clister opaco (exame contrastado do cólon): tumores mais avançados → sinal da “maça
mordida”
• Estadiamento:
o Cólon:
▪ Ressecção com margem de segurança (5 cm) + linfadenectomia (pelo
menos 12 devem ser ressecados)
▪ QT adjuvante (se N positivo)
o Reto:
Margem de segurança: 2 cm
Se redução importante do tumor com QT + RT neo pode ser realizada RAB em tumores entre 2-5
da margem anal
Tumor móvel, < 4 cm, ocupar menos de 40% da circunferência da parede do reto, apresentar em
estágio T1, dentro de 6 cm da margem anal, sem envolvimento linfonodal (US transanal ou RM):
excisão local transanal pode ser realizada
• Seguimento pós-operatório:
o Consulta médica e dosagem do CEA: 3-6 meses por 2 anos, depois a cada 6
meses até completar 5 anos
▪ CEA: aumento > 10 ou duas elevações persistentes→ recidiva
▪ Se exames tradicionais (TC e colono) não detectarem→ PET-TC
o Colonoscopia: após 1 ano. Se negativa, repetir em 3 anos e depois a cada 5 anos.
▪ Encontrar pólipo→ remover e repetir em 1 ano
▪ Ca obstrutivo e não permitia avaliação do cólon: colono em 6 meses
após a cirurgia
o Retossigmoidoscopia flexível: pacientes submetidos a RAP. Após 1 mês e
trimestral até completar 2 anos.
o TC de tórax, abdome e pelve: anualmente em pacientes com alto risco de
recidiva
• Irrigação:
MACROVASCULAR
• Etiologia: aterosclerose
• Clínica:
o Angina mesentérica desencadeada pela alimentação→ evita comer (medo)→
perda de peso
▪ 15-30 minutos após a alimentação
▪ Dura 1-3 horas (consumo de oxigênio aumentado pela digestão)
o Sinais sistêmicos de aterosclerose (angina, claudicação)
• Diagnóstico:
o Angiografia mesentérica: oclusão de > 50% de pelo menos 2 artérias principais
(na presença de história clínica compatível)
• Tratamento:
o Revascularização (cirurgia/stent): não há superioridade comprovada
▪ Cirúrgico: menor taxa de reoclusão
Como existem causas muito mais comuns de abdome agudo, não se suspeita incialmente de
infarto intestinal→ “o paciente é tratado conservadoramente, enquanto o intestino morre.”
• Etiologia:
o Embolia (50%): FA, IAM recente
▪ Mais comum na artéria mesentérica superior
o Vasoconstricção (20%): isquemia não oclusiva: sepse, digital, cocaína
o Trombose arterial (15%): ateroesclerose (coronárias, cerebrais, MMII)
o Trombose venosa (5%): hipercoagulabilidade
• Clínica:
o Dor abdominal intensa, desproporcional ao exame físico
o Sintomas gastrointestinais inespecíficos
o Sinal de Lenander reverso: T retal < T axilar→ metabolismo anaeróbico
(acidose metabólica)
o Irritação peritoneal (tardio)
o Peristalse normal ou aumentada mesmo diante de infarto grave no início do
processo isquêmico
• Diagnóstico:
o Angiografia mesentérica: revela obstrução abrupto do contraste
Qualquer abdome agudo que evolua com acidose metabólica significa isquemia intestinal até
que se prove o contrário
MICROVASCULAR
ISQUEMIA COLÔNICA (Colite isquêmica): tipo mais comum de doença vascular intestinal (70-
75%), idosos* (mais doenças vasculares)
OBSTRUÇÃO INTESTINAL
• Fisiopatologia e clínica:
o Parada de eliminação de gases e fezes
o Peristalse de luta: timbre metálico
o Dor em cólica
o Distensão
Quanto mais distal a obstrução maior a distensão; quanto mais proximal, mais vômitos precoces
(alcalose metabólica)
• Classificação:
o Funcional: comprometimento da função motora
Obstrução em alça fechada: oclusão em 2 pontos simultaneamente. Causa mais comum: válvula
ileocecal competente. Progridem mais rapidamente para o estrangulamento.
• Investigação:
• Tratamento:
DOENÇAS DO PÂNCREAS
• Anatomia:
o Órgão retroperitoneal
o VASCULARIZAÇÃO: tronco celíaco; a. mesentérica superior
Tumor endócrino mais comum: insulinoma (benigno em 90%)→ conduta: enucleação do nódulo
• Funções:
o Exócrina: “suco pancreático”. Células acinares.
▪ Liberação:
• Acidez e alimento→ chegam ao duodeno, estimulando a
secreção de secretina e CCK (colecistoquinina)→ estimula o
pâncreas a liberar: bicarbonato e pró-enzimas; relaxar esfíncter
de Oddi.
o Amilase e lipase já são produzidas na forma ativa
o Tripsinogênio ao chegar no intestino por meio da ação
da enteroquinase se converte em tripsina e está ativa
praticamente todas as demais enzimas.
Lipase oral + IBP: ao chegar no duodeno com ambiente menos ácido, tem sua ação
potencializada.
Fase cefálica: Estímulo olfatórios e visuais→ sinais colinérgicos via vagal (acetilcolina, VIP e fator
liberador de gastrina).
Fase intestinal: manutenção da secreção durante todo o processo digestório. Quimo induz
produção de secretina (estimula secreção hidroeletrolítica rica em bicarbonato) e CCK (secreção
de enzimas)
Fosfolipase A e lipase: digestão da gordura; ácidos graxos liberados formam complexos com o
cálcio→ hipocalcemia; elastase: lesão tecidual e ruptura da parede vascular.
• Etiologia:
o Litíase biliar*
o Álcool
o Medicamento: ácido Valproico
o Hipertrigliceridemia: > 1000
o Pós CPRE (até 12%)
o Trauma (crianças): “criança andando de bicicleta”
▪ Uma das mais graves para se tratar
o Autoimune: aumento de IgG 4
o Picada de escorpião: Tytius trinitatis
• Clínica:
o Dor contínua “em barra”
o Náuseas e vômitos
o Icterícia leve
o Sinais semiológicos:
▪ Cullen: periumbilical
▪ Grey Turner: flancos
▪ Fox: base do pênis
Detalhes dos sinais: não são patognomônicos. Causa: hemorragia retroperitoneal. Raros, mas
indicam maior gravidade.
• Exames inespecíficos:
o Leucocitose
o Aumento de PCR: sinal de gravidade
o Hiperglicemia
o Hipocalcemia: saponificação do cálcio circulante pelos ácidos graxos liberados
o Aumento de TGO e TGP
o Amilase aumenta 2-12 h após o início dos sintomas e decai em 3 dias.
Detalhes TGO/TGP:
- TGO: prognóstico
Edematosa:
- ≤ 4 semanas: coleção fluida aguda peripancreática. CD: expectante
- > 4 semanas: pseudocisto. CD: expectante
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Necrosante:
- ≤ 4 semanas: coleção necrótica aguda intra e/ou extrapancreática. CD: expectante
- > 4 semanas: coleção necrótica organizada (WON). CD: expectante
> 4 semanas: coleções estão encapsuladas (pseudocisto e WON)
Obs.: não se faz ATB profilático em paciente com necrose→ infecção fúngica
• Imipenem ou cipro/metronidazol
Quando: postergar ao máximo (geralmente de 14-21 dias) mesmo com o paciente grave para a
ressecção ser mais anatômica (se operar antes, encontrará uma “zona” abdominal).
• Pseudocisto:
o Lesão cística + comum
o Parede de debris inflamatórios, não é revestido por epitélio
o Surge depois de 4 semanas
o Suspeita: massa palpável no epigástrio
▪ Pode ser confundido com fleimão pancreático: massa
inflamatória
o Também aparece na crônica
o Conduta:
▪ Expectante por 6 semanas
▪ Intervir se:
• Compressão de estruturas
• Rotura (ascite)
• Hemorragia por pseudoaneurisma (hemossucus)
➢ Neoplasia cística serosa: massa bem delimitada e esponjosa, constituída por pequenos
cistos (aspecto em favo de mel). Lesão benigna.
PANCREATITE CRÔNICA
• Anatomopatologia: calcificação
• Etiologia:
o Álcool
• Clínica:
o Tríade clássica: esteatorreia, diabetes, calcificação pancreática
o Outros achados: dor abdominal, emagrecimento, icterícia
• Diagnóstico:
o Laboratório: gordura fecal, elastase fecal
o Exames de imagem (o que eu preciso saber?)
▪ US- EDA: melhor para fase inicial
▪ TC ou RNM? Equivalentes, TC é mais usada pelo custo e
disponibilidade
▪ CPRE: usada quando há CI a TC ou RNM
• Obrigatória antes de se operar alguém com pancreatite
crônica
▪ Padrão-ouro: histologia, mas não faz
• Indicação: afastar neoplasia
• Tratamento:
o Clínico:
▪ Cessar tabagismo/etilismo
▪ Dieta pobre em gordura
▪ Enzimas pancreáticas + IBP
▪ Analgesia escalonada: começa o analgésico em dose plena e
intervalos regulares (analgésico→ + AINE→ + amitriptilina→
opioide)
▪ Insulina
o Cirúrgico: tratamento clínico refratário ou complicação
o Complicação:
▪ Trombose da veia esplênica: drenagem do baço prejudicada
(esplenomegalia) e varizes de fundo gástrico
Hipertensão portal segmentar: varizes em fundo gástrico + esplenomegalia. Não tem varizes
esofagianas. CD: esplenectomia
CÂNCER DE PÂNCREAS
• Diagnóstico:
o Laboratório: CA 19.9
o Exames de imagem:
▪ TC de abdome
▪ USG endoscópico
o Biópsia:
▪ Transduodenal
▪ Percutânea
• Estadiamento:
o T4: invasão de artérias→ irressecável
o M1: irressecável
• Tratamento: na maioria das vezes é paliativo
o Curativo (T3/N0-1/ M0)
▪ Cirurgia (só 20% dos casos)
• Tumor na cabeça: Whipple
• Corpo/cauda: Child
▪ Linfadenectomia: estendida não parece melhorar recidiva
▪ QT adjuvante?
• SIM: Gencitabina + Capecitabina
o Paliativo (T4/ N? / M1)
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INSULINOMAS
• Epidemiologia:
o 8% associado a NEM1: tumor de pâncreas (insulinoma/gastrinoma) +
hiperparatireoidismo primário + tumor hipofisário (prolactinoma)
• Patologia e fisiopatologia:
o Insulinomas: únicos, encapsulados, vascularizados, geralmente
pequenos
• Manifestações clínicas: decorrentes da hipoglicemia
o Neuropsiquiátricos ou neuroglipênicos: perda da consciência, confusão
mental, etc.
o Adrenérgicos: taquicardia, sudorese, etc.
• Diagnóstico:
o Tríade de Whipple: sintomas hipoglicêmicos + glicemia < 50 + alívio dos
sintomas após administração de glicose
o Dosagem do peptídeo C e pró-insulina: diagnóstico diferencial da
hipoglicemia desencadeada por insulina exógena (alta insulina + baixo
peptídeo C)
o Exames de imagem
▪ TC/RNM→ USG endoscópica→ USG intraoperatória
• Tratamento: sempre cirúrgico
o Laparotomia + palpação/USG peroperatória de pâncreas
o Enucleação sem necessidade de ressecção pancreática
• Clínica e diagnóstica:
GLUCAGONOMA:
• Clínica:
o Dermatite específica (eritema migratório necrolítico, doloroso e
pruriginoso) + intolerância à glicose + anemia
o Perda ponderal relevante
o Metástase para o fígado
• Tratamento:
o Melhora dos sintomas
o Octreotide
o Ressecção da maior quantidade possível de tumor mesmo na presença
de metástase (embolização da artéria hepática + QT)
• Clínica:
o Esteatorreia + DM + colelitíase
HEPATOLOGIA
FISIOLOGIA E ANATOMIA
FUNÇÕES DO FÍGADO
Fenômeno da primeira passagem hepática: passa primeiro pelo fígado para depois
passar pela via sistêmica
Notificação compulsória
• AGUDA: todos os vírus. Sinais e sintomas clínicos, por definição, não ultrapassam
6 meses.
• CRÔNICA: vírus B e C
• FULMINANTE: presença de encefalopatia nas primeiras 8 semanas do início do
quadro de hepatite. Todos vírus causam, o que menos causa é o vírus C.
FASES CLÍNICAS:
• Sorologia:
o Anti-HEV IgM ou presença de IgG associada (aguda)
o Somente IgG: crônica
Gestante indiana contrair hepatite E tem risco grande de hepatite fulminante (20%)
HEPATITE B: vírus de DNA, com diversos antígenos (múltiplos anticorpos são gerados)
• Vacinação:
o Universal da criança: logo após o nascimento (12h*) monovalente; a
partir do 2º mês 3 doses da pentavalente (DTP/ HB/ Hib) com intervalo
de 60 dias em cada aplicação = total de 4 doses
o Universal de adultos e idosos não previamente vacinados: 3 doses da
vacina monovalente (penta não pode ser usada em > 7 anos) nos tempos
0, 1 e 6 meses.
▪ Não é necessária triagem antes da vacinação (exceto adultos
sabidamente que componham grupos de alto risco)
• Sorologia:
o Antígeno s (superfície) – HBsAg: anticorpo Anti-HBS
▪ HBsAg produzido em grande quantidade durante a replicação
viral: marca a presença do HBV no corpo.
▪ Surgimento do anti-HBS geralmente elimina o HBsAg→ cura da
hepatite e aquisição de imunidade duradoura
o Antígeno c (HBcAg): Anti-HBC
▪ HBcAg se localiza no centro do vírus, não sendo secretado para o
plasma, mas ainda assim determina a formação do anticorpo Anti-
HBC.
▪ Anti-HBC: Principal marcador da infecção pelo vírus B (ativa ou
curada). Não é neutralizante, sua presença não indica cura da
infecção. Sua presença indica que já houve contato com o vírus
(imunização pelo vírus e não vacinal)
o Antígeno e (HBeAg)- localizado no core viral: anti-HBE em resposta as
partículas liberadas pelo vírus
▪ É secretado durante a fase de replicação viral
▪ HBeAg significa alta viremia e a formação de anti-HBE negativa o
antígeno, reduzindo a infectividade.
• Fases:
o Incubação (4-6 semanas): HBsAg + e HBeAg +
o Início dos sintomas: anti HBC- IgM, aumento de aminotransferases
o Prodrômica: HBsAg; HBeAg; Anti-HBC-IgM +
o Ictérica (30%) e convalescência: HBsAg em declínio; HBeAg; Anti-HBC
IgM e anti-HBS
o Final da convalescência: anti-HBS (cura sorológica)
Hepatite aguda: anti HBc IgM e HBsAg → marcadores mais importantes
Todo paciente HBsAg+ que reside ou esteve em área endêmica para o vírus D deve
realizar exames para a pesquisa desse agente.
Hepatite fulminante: 5%
Superinfecção: vírus B cronificado + infecção aguda por vírus D → grande replicação do
agente delta. Risco de hepatite fulminante na ordem de 20%. Mais frequento do que a
coinfecção.
Coinfecção: HBsAg + /Anti – Hbc IgM + /Anti-HDV total +
Superinfecção: HBsAg +/ Anti – Hbc IgG + / Anti-HDV total +
• Tratamento:
o Alfapeguinterferon + Tenofovir ou entecavir por 48 semanas (pode
repetir por mais 48 semanas se necessário: dano hepático sustentado)
HEPATITE C: 80% cronifica→ 30% cirrose→ 10% carcinoma hepatocelular; quase nunca
fulmina.
Vírus de RNA altamente mutante. Existem 7 genótipos (Brasil: 1*, 2, 3)
40% dos casos não se sabe a forma de contágio → só descobre depois da cirrose ou
câncer
Contraindica-se o aleitamento somente se houver presença de fissuras.
Cronificação do HBV: após fase de cura, ocorre novo episódio de replicação viral (HBeAg)
– fase de reativação (reversão ou mutação) → por conseguinte, todo paciente que evolui
para fase de soroconversão deve ser monitorizado com dosagens seriadas da carga viral
(HBV-DNA) a cada 6 meses.
• Classificação:
o Etiologia
o Estágios de fibrose e grau do processo inflamatório: Escore de Knodell-
Ishak e Escore de Metavir
• Quadro clínico: oligossintomática
• Diagnóstico: suspeição geralmente se dá por meio de exames complementares
a partir da detecção de alterações no hepatograma ou positividade dos
marcadores sorológicos das hepatites virais.
o Dosagem sérica de aminotransferases: mais importante para
diagnóstico e acompanhamento
▪ Aumento menos pronunciado do que nas hepatites agudas
(entre 70-300), mas podem apresentar valores flutuantes.
▪ Hepatites virais: TGP> TGO. Inversão desse padrão sugere fibrose
ou concomitância de lesão por álcool
o Biópsia: melhor exame para predizer o prognóstico
HBV CRÔNICA
• Abordagem inicial:
o Identificar etiologia e fatores de risco
o Exame físico a procura de estigmas de disfunção
o Sorologias: HAV, HCV, HIV, HDV
• Esquemas:
o Alfapeguinterona, Tenofovir e entecavir.
HCV CRÔNICA: Chance aumentada de LNH de células B.
• Classificação:
o Surgimento de encefalopatia dentro de 8 semanas após o início da
doença, em pacientes SEM hepatopatia prévia
o Encefalopatia dentro de 2 semanas após o início da icterícia, em
pacientes COM hepatopatia prévia
ANATOMIA
• Sinusoide: conduz o sangue das circulações porta e sistêmica para a veia centrolobular
o Altamente frenestrados e desprovidos de membrana basal: passagem de
substâncias a serem metabolizadas→ alcançando o espaço de disse
• Espaço de disse: fenda entre o sinusoide e o hepatócito, interstício lobular. É onde se
inicia a cirrose hepática.
o Célula estrelada: silenciada em pessoas normais. Na agressão hepática crônica,
ocorre ativação→ síntese de matriz extracelular→ obliteração das fenestras
(capilarização do sinusoide)→ indução à fibrose do espaço de disse→ perda das
microvilosidades. “A culpa é das estrelas”
▪ Função primordial de armazenar vitamina A
• Espaços porta
• Veias centrolobulares
Todas as veias abdominais drenam para a veia porta; menos a veia porta que drena
para cava inferior
Hipertensão porta: sangue tem dificuldade de ir para o fígado. Retorna para VC e depois
para o pulmão. Surge então os atalhos: circulação colateral (sangue foge do fígado para
conseguir chegar ao pulmão).
FISIOPATOLOGIA
MANIFESTAÇÕES
LABORATÓRIO
Biópsia apesar de confirmar o diagnóstico, é dispensável em casos muito sugestivos pela clínica
e exames complementares.
• USG + alfafetoproteína
AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE:
• Child-Pugh* (tem que saber com detalhes): BEATA (bilirrubina; encefalopatia; albumina;
TAP; ascite)
o Grau A: 5-6 pontos
o Grau B: 7-9 pontos
o Grau C: ≥ 10 pontos
PRINCIPAIS ETIOLOGIAS
• Vírus: B ou C
• Alcoolismo (doença hepática gordurosa alcoólica)
o Questionários de abuso de álcool: CAGE (2 respostas positivas confirmam) /
AUDIT
Quem faz hepatite alcoólica é o metabolito do álcool (acetaldeido) que aparece em bebedores
crônicos (6 anos bebendo bem: “hepatite da faculdade de medicina”)
o Cirrose hepática
o Diagnóstico: DE EXCLUSÃO!!
▪ Esteatose por imagem (comum): USG* ou biópsia*
• Biópsia só é indicada em casos com maior chance de evolução
para cirrose
▪ Excluir álcool e outras causas de Esteatose (HCV, Wilson)
Podem apresentar autoanticorpos em baixo título. Nesse caso, a diferenciação com autoimune
é pela biópsia.
o Tratamento:
▪ Dieta + exercício
▪ Glitazona: problema é o ganho de peso
▪ Vitamina E
• Doenças de depósito: desordens genéticas
o Doença de Wilson (cobre): autossômica recessiva
▪ Fisiopatologia: mutação ATP7B que atrapalha a excreção de cobre para
bile (hepática)
• Fígado para se livrar do excesso do cobre, forma uma proteína
(ceruloplasmina). Se a pessoa não consegue excretar, ocorre
queda da ceruloplasmina→ circulação do metal na forma
livre→ acúmulo no parênquima hepático e em outros tecidos
(SNC*)
▪ Manifestações:
• Doença hepática (crianças): aguda/ crônica/ cirrose
• Neurológicas (adultos): alteração do movimento, distúrbio
psiquiátrico
• Anel de Kayser-Fleisher: anel amarronzado ao redor da íris
Pode fazer teste genético, mas é pouco empregado devido a diversidade de alterações que pode
se apresentar.
▪ Manifestações:
• Início: insidioso com sinais inespecíficos (astenia, artralgia,
letargia, queda da libido, impotência sexual, amenorreia)
• Aumento da saturação de transferrina/ aumento da ferritina
“Diabético bronzeado”
Dor abdominal
▪ Diagnóstico:
• Suspeita clínica
Suspeita: regra dos 3 A’s – astenia crônica imotivada, artralgia, aminotransferases elevadas
• Fosfatase alcalina
• Anticorpo antimitocôndria (AMA) aumentadas - 95%,
específico
• Biopsia hepática não é obrigatória, mas ajuda no estadiamento
▪ Tratamento:
• Ácido ursodesoxicólico (atrasa a progressão da doença) /
transplante
o Colchicina/metotrexate: segunda opção para
tratamento das manifestações clínicas, mas possuem
muitos efeitos colaterais
• Prurido: colestiramina, Ondansetrona, sertralina
▪ Prognóstico: ruim
• Frequente evolução para falência hepática na ausência de
tratamento
o Hepatite autoimune: hepatite de interface (infiltrado inflamatório concentrado
no espaço porta, formando uma linha de frente. Hepatócitos mais periféricos
vão sendo destruídos progressivamente na direção centrolobular)
▪ Epidemiologia:
• Mulheres jovens ou crianças
▪ Fisiopatologia: IgG
• Agressão autoimune contra o fígado
o Tipo1: FAN, antimúsculo liso
o Tipo 2: anti- LMK 1
o Tipo 3: anti-LKM (forma mais agressiva)
▪ Manifestações:
• Assintomático
• Doença hepática: aguda (40%)/ crônica/ cirrose
• Mulheres: amenorreia, hirsutismo, acne
• Manifestações extra-hepáticas de autoimunidade
▪ Laboratório:
• Função hepática alterada
• Hipergamaglobulinemia (>2,5)
• Anticorpos específicos
▪ Diagnóstico: excluir hepatite viral
• Biópsia é sempre indicada na suspeita
o Achado: hepatite de interface (não patognomônico)
• Escore simplificado
o 6 pontos: provável
o 7 pontos: definitivo
▪ Tratamento:
• Grave: Prednisona + azatioprina
o Repetir biópsia hepática após 18 meses de
tratamento→ remissão completa: suspende a
medicação
• Leve ou assintomática: monitorização
• Progressivo: transplante
ETIOLOGIAS DE CIRROSE
V: vírus B/C
I: infiltração gordurosa: álcool e não álcool (metabólica) – 20%
D: depósito: cobre (Wilson), ferro (hemocromatose)
A: autoimune: colangite biliar primária, hepatite
ANATOMIA
Ducto pancreático principal + ducto colédoco: desembocam na ampola de Vater ou papila maior
do duodeno (2ª porção do duodeno)
Esfíncter de Oddi: abraça a ampola de Vater, controlando a saída da bile (lenta e quando
necessária)
Colestase: acolia fecal, colúria e prurido. Ocasionada pela compressão das vias biliares (ex.
câncer de cabeça de pâncreas)
Triângulo de Calot: delimitado pela borda hepática, ducto hepático comum e ducto cístico.
Dentro dele passa a artéria cística a qual irriga a vesícula. Deve ser ligada na colecistectomia.
• Tipos de cálculos:
o Cálculo amarelo: o mais comum (80%)
o Cálculo preto: formados na vesícula
o Cálculo marrom: se forma na via biliar principal
Cálculo de colesterol: lipídio é insolúvel. Nem todos formam, pois a junção dele com sais biliares
e lecitina compõem um complexo solúvel (micelas). Ou seja, condições que reduzem sais biliares
são fatores de risco (torna a bile supersaturada em colesterol).
- Pretos: hemólise→ aumenta BI que penetra nos hepatócitos→ BD. Bile contem
betaglucoronidase (reconverte em BI→ insolúvel→ liga-se ao cálcio biliar)
• Fatores de risco:
o Predisposição genética
o Dismotilidade vesicular: colestase, hipertrigliceridemia, NPT (vesículas em
repouso)
o Dieta hipercalórica: não existem evidências
o Estrógeno (estimula a síntese de colesterol) e progesterona (reduz a
contratilidade da vesícula) – sexo feminino e uso de ACO.
o Idade
o Obesidade e emagrecimento significativo
o Anemia hemolítica
o Cirrose
o Infecções
o Doença de Chron e ressecção ileal: menor reabsorção de sais biliares
▪ Aumenta sais biliares no trato digestivo, impedindo a ligação da
bilirrubina ao cálcio. Logo essa será reabsorvida livre→ pool de BI.
o Clofibrato: antilipêmico (aumento a excreção biliar de colesterol)
Fatores protetores: dieta pobre em carboidratos, rica em frutas e verduras, prática de atividade
física. Consumo regular de cafeína e vitamina C.
Lama biliar: massa fluida depositada na vesícula, produzindo ecos de baixa densidade.
Considerada um precursor da litíase. Fatores de risco: ceftriaxona, octreotide, perda rápida de
peso, jejum prolongado, NPT.
• Clínica:
o Geralmente assintomático (achado acidental à USG)
o “Cólica biliar” (15%): por definição deve durar no máximo 6 horas (se passar
disso: pensar em colecistite)
▪ Obstrução transitória do ducto cístico ou infundíbulo→ contração
vigorosa da musculatura lisa da vesícula tenta expulsar o cálculo→ dor
▪ Dor aguda contínua em hipocôndrio direito com irradiação para
escápula
▪ Desencadeada após alimentação
▪ Associada a sintomas GI
o + NADA
• Diagnóstico:
o USG abdominal (imagem hiperecoica + sombra acústica): primeiro a ser
realizado. Melhor para ver vias biliares.
o TC: ganha da USG na avaliação do colédoco.
• Tratamento:
o Colecistectomia Videolaparoscópica:
▪ Casos sintomáticos
• Clínica:
o Dor abdominal > 6 horas + febre + Murphy positivo (interrupção súbita da
inspiração forçada durante à compressão do ponto cístico)
o Sem icterícia: obstrução é no cístico, não há comprometimento do fluxo biliar.
• Laboratório:
o Leucocitose neutrofílica + bilirrubinas normais
• Diagnóstico:
o USG de abdome: Cálculo impactado com parede espessada (>3 mm) + “Murphy
sonográfico” – compressão do ponto cístico com o transdutor = FECHA O
DIAGNÓSTICO
▪ Halo hipoecoico: líquido ao redor da vesícula (inflamação)
o Padrão-ouro: cintilografia biliar – ausência de contraste na VB (define a
obstrução)
▪ No caso de negatividade do USG e suspeita clínica importante, esse
exame tem maior sensibilidade.
• Tratamento:
o Medidas gerais (suspensão provisória da dieta oral) + antibioticoterapia (E. coli,
Klebsiella, enterococo)
▪ Clavulim ou ceftriaxona/ciprofloxacino + metronidazol
• Colecistite aguda não complicada: suspender em 24 horas após
a cirurgia
o Colecistectomia laparoscópica precoce (em 72 horas* – 1 semana)
o Casos graves (sem condições de cirurgia): colecistostomia percutânea
(drenagem)
▪ Se sinais de sepse, realizar colecistectomia mesmo sem condições
cirúrgicas.
• Complicações:
o Perfuração:
▪ Livre: peritonite (febre e leucocitose): cirurgia de emergência
▪ Localizada: bloqueada (abscesso)- avaliar colecistostomia
▪ Fístula: entre a vesícula e duodeno→ escoamento da bile com o cálculo
(melhora da colecistite aguda)→ impactação do íleo distal
Íleo biliar (obstrução intestinal por cálculo no íleo terminal): cálculo ectópico + pneumobilia +
obstrução do delgado (alças de delgado distendidas + níveis hidroaéreos). CD: enterotomia
proximal com retirada do cálculo impactado + colecistectomia (chance de recorrência)
COLEDOCOLITÍASE: cálculo no colédoco. Geralmente secundária a colelitíase (< 2 anos após uma
colecistectomia). Primário (10%, estase biliar, castanho)
• Clínica:
o Icterícia flutuante (ocorre escoamento quando o cálculo se movimenta)
o Vesícula não palpável
• Diagnóstico:
o USG: 1º passo. Não é um bom exame para visualização do colédoco, mas ajuda
a avaliar se tem cálculo na vesícula e dilatação das vias biliares.
o Confirma: CPRE (diagnóstico e terapêutico, invasivo: só se faz na certeza de
coledocolitíase), colangioRNM (não invasivo)
- Risco alto: icterícia flutuante, USG: cálculo no colédoco, bilirrubina > 4 mg/Dl→ CPRE
Todo paciente com alguma suspeita de coledocolitíase, submetido à colecistectomia, deve ser
submetido a uma colangiografia transoperatória durante o procedimento.
Dreno de Kher (dreno em T): favorece escoamento, impede estenose e fistulização. Obrigatório
na coledocotomia.
COLANGITE AGUDA: obstrução (tumor, estenose, cálculo) + infecção (E. coli, Klebsiella,
enterococos, B. fragilis)
• Condições associadas:
o Coledocolitíase (60%)
o Tumores malignos ou estenoses benignas
o Anastomose bilioentérica
o Procedimentos invasivos
o Obstrução por corpo estranho ou parasitas
• Tipos:
o “Não” grave: tríade de Charcot (febre com calafrio + icterícia + dor abdominal)
Há leucocitose neutrofílica!
• Tratamento:
o ATB (mesmo esquema de colecistite aguda: ampi + genta +/- metronidazol) +
drenagem biliar
▪ Não grave: drenagem eletiva (pode tentar estabilizar um pouco o
paciente)
▪ Grave: drenagem imediata (endoscópica*)
• Coleta de hemoculturas + hidratação venosa generosa + coleta
de laboratório/gasometria + ATB + transferência CTI
ABSCESSO HEPÁTICO
• Etiologia:
o Polimicrobiana: E. coli, enterococos, Klebsiella, Proteus vulgares.
o Amebiana (E. histolytica): ingestão de cistos→ trofozoítos (forma infectante).
Maioria não apresenta amebíase intestinal.
▪ Diagnóstico: sorologia para ameba
▪ Tratamento: metronidazol 7-10 dias
o Diferentes vias: via trato biliar, iatrogênica, artéria hepática.
• Manifestações clínicas:
o Insidioso: febre intermitente e dor abdominal difusa (hipocôndrio direito),
leucocitose com desvio a esquerda
▪ Icterícia é pouco frequente!!
o Hepatomegalia
o Pode haver manifestações pulmonares
o Casos agudos: processos abdominais graves
• Diagnóstico:
o TC de abdome: de escolha, USG costuma ser o primeiro a ser realizado.
o RX de abdome: gás intra-hepático ou na veia porta
o Hemoculturas: positivas em 50-60% dos casos, Polimicrobiana
• Tratamento: ATB endovenoso (4-6 semanas) + drenagem percutânea guiada por USG
o Cobrir gram negativos e anaeróbios
COLANGITE ESCLEROSANTE
• Clínica:
o Homens jovens
o Doença insidiosa: fadiga progressiva, dor no quadrante superior direito, prurido,
icterícia.
o Estase da bile→ colangite bacteriana
TUMORES HEPÁTICOS
BENIGNOS
MALIGNOS
TUMORES PERIAMPULARES
• Clínica:
o Colestase
o Icterícia permanente e progressiva
o Vesícula de Courvoisier: palpável e indolor
TUMORES DE KLATSKIN
Obstrução biliar alta, acima do cístico, justificando síndrome colestática clássica na ausência de
dilatação do colédoco
• Clínica:
o Icterícia
o Vesícula impalpável
• Diagnóstico:
o USG: dilatação das vias biliares intra-hepáticas + vesícula murcha
• Classificação de Bismuth: evolução do tumor ao longo da região peri-hilar
o Tipo I: hepático comum
o Tipo II: junção dos hepáticos
o Tipo IIIa: hepático direito
o Tipo IIIb: hepático esquerdo
o Tipo IV: ambos os hepáticos
• Fatores de risco:
o Colelitíase crônica, principalmente se associada a cálculos grandes, > 3 cm
o Fístulas colecistoentéricas
o Vesículas em porcelana
o Pólipos adenomatosos
o Colecistite xantogranulomatosa
o Infecção por Salmonella typhi: patógeno que pode persistir por anos na mucosa
da vesícula biliar→ inflamação crônica e evolução para displasia/neoplasia
Doença de Caroli: desordem genética, caracterizada pela formação de múltiplos cistos biliares
intra-hepáticos. Associa-se a fibrose hepática congênita.